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CONTRATOS EM ESPÉCIECONTRATOS EM ESPÉCIE
1717
DIREITO CIVILDIREITO CIVIL
Sílvio de Salvo Venosa
Sílvio de Salvo Venosa
17. TRANSPORTE
V. III 22
17.1. Conceito. Origens:
– o contrato de transporte é o negócio pelo qual um sujeito se obriga, mediante remuneração, a
entregar coisa em outro local ou a percorrer um itinerário para uma pessoa;
– a definição legal do contrato de trabalho encontra-se no art. 730 do Código;
17. TRANSPORTE
V. III 33
– a relação de transporte acessória de outro negócio, como na venda em que o vendedor obriga-se a entregar a coisa no domicílio do comprador, a responsabilidade do vendedor regula-se pelas normas da compra e venda;
– a importância dos transportes para as antigas cidades gregas, principalmente o transporte marítimo;
17. TRANSPORTE
V. III 44
– no Direito Romano, ganha importância a Lex Rhodia de iactu, de origem grega, que regulou os casos de avaria marítima e lançamento ao mar dos bens transportados na hipótese de perigo de naufrágio;
– a disciplina dos transportes no atual Código Civil, introduzindo capítulo com normas sobre o transporte em geral (arts. 730 a 733), de pessoas (arts. 734 a 742) e de coisas (arts. 743 a 756).
17. TRANSPORTE
V. III 55
17.2. Natureza jurídica:
– o contrato de transporte apresenta princípios próprios, embora alguns comuns a outros negócios contratuais;
– a afinidade do contrato de transporte com o depósito está presente no
art. 751 do atual Código Civil;
– a natureza do contrato de transporte é de negócio bilateral, consensual, oneroso, típico conforme o atual
Código, de duração, comutativo, não formal.
17. TRANSPORTE
V. III 66
17.2.1. Espécies:
– o conceito de transporte é unitário: o transporte é de pessoas
ou de coisas;
– a diferença resultante da natureza do objeto do contrato, pois
sempre haverá a finalidade de deslocação de um local para outro.
17. TRANSPORTE
V. III 77
17.3. Sujeitos:
– são partes no contrato de transporte de coisas o remetente e o
transportador ou o remetente e o comissário de transporte;
– o destinatário possui certos direitos e obrigações perante o
transportador, mas não é parte no contrato, salvo se for o próprio expedidor;
17. TRANSPORTE
V. III 88
– remetente, expedidor ou carregador é quem entrega a coisa ao transportador para ser deslocada;
– transportador ou condutor é aquele que se obriga a entregar a coisa, que também o será no transporte de passageiros;
17. TRANSPORTE
V. III 99
– destinatário ou consignatário é a pessoa designada para receber a coisa, e nem sempre será seu dono, não tendo nessa situação poder de disposição;
– o comissário de transportes é o que se obriga, mediante remuneração, a transportar a mercadoria, por intermédio do transportador.
17. TRANSPORTE
V. III 1010
17.4. Objeto:
– o objeto do transporte de coisa é a mercadoria a ser deslocada; no transporte de passageiro, é o deslocamento deste para o ponto indicado;
– a carga deve ser apresentada ao transportador embalada convenientemente, de conformidade com sua natureza (art. 746);
– o transportador terá a obrigação de recusar a coisa cujo transporte ou comercialização não sejam permitidos (art. 747).
17. TRANSPORTE
V. III 1111
17.5. Frete:
– o porte ou frete é o preço do transporte de coisas pago ao transportador, constituindo elemento essencial
no contrato;
– a exceptio non adimpleti contractus autoriza o transportador a não
realizar o transporte, se não pago o frete, salvo se estabelecido que seria pago no destino;
– passagem é o termo que geralmente se utiliza para o bilhete do passageiro.
17. TRANSPORTE
V. III 1212
17.6. Obrigações das partes. Vistoria e protesto. Responsabilidade do transportador:
– são obrigações do transportador:
I) receber, transportar e entregar a coisa com diligência;
II) emitir conhecimento de transporte conforme a natureza do contrato;
17. TRANSPORTE
V. III 1313
III) seguir o itinerário ajustado, salvo impedimento por caso fortuito ou força maior, quando oferecer perigo ou estiver impedido;
IV) aceitar variação de destino pelo destinatário, conforme condições ajustadas;
V) permitir o desembarque em trânsito da mercadoria a quem se apresente com o conhecimento.
17. TRANSPORTE
V. III 1414
– as hipóteses em que o transportador pode recusar mercadoria, dispostas no art. 756 do Código Civil;
– o transportador responde objetivamente por perdas e avarias na coisa, desde que não se atribua o risco ao remetente;
– no Decreto Legislativo no 2.681, de 7 de dezembro de 1912, a responsabilidade objetiva das estradas de ferro;
17. TRANSPORTE
V. III 1515
– no transporte aéreo, as legislações nacional (Lei no 7.565/86, Código Brasileiro de Aeronáutica) e internacional mantêm a responsabilidade objetiva, tarifando e limitando, porém, o valor da indenização;
17. TRANSPORTE
V. III 1616
– é direito do consignatário fazer protesto contra o transportador, com anotação no conhecimento de transporte ou em outro instrumento que o substitua;
– o protesto pode ser feito em separado, com ciência do transportador ou de quem o represente; pelo Cartório de Títulos e Documentos e pelo protesto judicial (arts. 867 ss do CPC);
17. TRANSPORTE
V. III 1717
– a jurisprudência tem admitido como válida a vistoria feita por autoridades alfandegárias e administrativas;
– sempre que a vistoria for realizada extrajudicialmente, deve o transportador ser notificado para que compareça, sob pena de nulidade;
– quando o protesto for necessário, sua ausência implicará decadência do direito contra o transportador;
17. TRANSPORTE
V. III 1818
– se houver atraso na entrega da mercadoria, o destinatário deverá promover o protesto, nos termos do art. 756 do CPC; se houve perda da coisa, não há necessidade de protesto;
– entre os deveres do consignatário, estão o de entregar o conhecimento ao transportador, a fim de que possa retirar a mercadoria; pagar o frete, se assim convencionado, bem como taxa de armazenagem, se o depósito se prolongar por sua inércia.
17. TRANSPORTE
V. III 1919
17.7. Transporte de pessoas no Código atual:
– a responsabilidade objetiva do transportador, disciplinada no art. 734
do Código, no tocante ao transporte de pessoas;
– a responsabilidade do transportador por acidente com passageiro
não é nem mesmo elidida por culpa de terceiro, contra o qual terá ele
ação regressiva (art. 735);
17. TRANSPORTE
V. III 2020
– o parágrafo único do art. 734 dispõe ser lícito ao transportador exigir a declaração do valor da bagagem a fim de fixar o limite da indenização;
– o atraso ou a mudança de itinerário contratado faz emergir a responsabilidade do transportador, salvo motivo de força maior (art. 737);
– o art. 738 dispõe que a pessoa transportada deve sujeitar-se às normas estabelecidas pelo transportador, abstendo-se de quaisquer atos que causem incômodo ou prejuízo aos passageiros;
17. TRANSPORTE
V. III 2121
– o parágrafo único do art. 738 acrescenta a responsabilidade civil gerada pela não-sujeição às normas estabelecidas pelo transportador;
– o transportador não pode recusar passageiro, salvo as hipóteses previstas nos regulamentos, ou se as condições de higiene ou de saúde do interessado o justificarem (art. 739);
– o art. 740 do Código concede o direito ao passageiro de rescindir o contrato de transporte;
17. TRANSPORTE
V. III 2222
– o art. 740, § 2o especifica que o passageiro não terá direito a reembolso do valor da passagem se deixar de embarcar, “salvo se provado que outra pessoa haja sido transportada em seu lugar”;
– o § 1o aduz que: “Ao passageiro é facultado desistir do transporte, mesmo depois de iniciada a viagem, sendo-lhe devida a restituição do valor correspondente ao trecho não utilizado, desde que provado que outra pessoa haja sido transportada em seu lugar”;
17. TRANSPORTE
V. III 2323
– o contrato de transporte encerra uma obrigação de resultado, de cunho objetivo, cabendo ao transportador levar o passageiro ao seu destino (art. 741);
– o direito procedimental de retenção sobre a bagagem do passageiro, que poderá ser alegado também como matéria de defesa, enquanto não pago o valor da passagem (art. 742).
17. TRANSPORTE
V. III 2424
17.7.1. Transporte gratuito:
– somente deve ser considerado transporte gratuito aquele totalmente
desinteressado, sem direito algum à retribuição pecuniária;
– como transporte benévolo ou amistoso, não pode se apresentar agregado a outro contrato oneroso ou como acessório de uma prestação de serviços (art. 736).
17. TRANSPORTE
V. III 2525
17.8. Transporte de coisas no atual Código:
– a obrigação de incolumidade presente em todo o contrato de transporte (art.
749);
– a responsabilidade do transportador será limitada ao valor constante do
conhecimento (art. 750);
– a coisa estiver depositada ou guardada nos armazéns do transportador, aguardando o transporte, regulada pelas disposições relativas ao depósito
(art. 751);
17. TRANSPORTE
V. III 2626
– deve constar do conhecimento de embarque a “cláusula de aviso”, isto é, a obrigação de o transportador informar a chegada das mercadorias (art. 752);
– salvo motivo de força maior, o transportador responde pela perda ou deterioração da coisa (art. 753);
– se o impedimento perdurar sem motivo imputável ao transportador e sem instruções do remetente, poderá aquele depositar a coisa em juízo ou vendê-la (art. 753, § 1o).
17. TRANSPORTE
V. III 2727
17.9. Conhecimento:
– conhecimento de transporte, conhecimento de frete ou conhecimento
de carga é o documento que o transportador emite no
recebimento da mercadoria;
– em todas as suas modalidades, o conhecimento de transporte goza dos
princípios cambiários de literalidade, autonomia e cartularidade, como título de crédito representativo de mercadoria.
17. TRANSPORTE
V. III 2828
17.10. Bilhete de passagem:
– o bilhete de passagem, emitido pelo transportador ou seu mandatário,
é prova do contrato de transporte de pessoas;
– o Código Brasileiro de Aeronáutica exige a emissão do bilhete de
passagem e sua entrega ao passageiro, estipulando seus requisitos essenciais: lugar e data da emissão, pontos de partida e destino e nome dos transportadores (art. 227).
17. TRANSPORTE
V. III 2929
17.11. Particularidades do transporte aéreo:
– o transporte aéreo nacional é regulado atualmente pelo citado Código Brasileiro de Aeronáutica
(Lei no 7.656/86);
– vários diplomas cuidam do transporte internacional, com destaque
para a Convenção de Varsóvia, ratificada pelo Brasil, em 2-5-31, e promulgada pelo Decreto no 20.704/31;
17. TRANSPORTE
V. III 3030
– como o Código Aeronáutico, Lei no 7.565/86, é posterior à Convenção de Varsóvia, aplica-se a lei mais recente no que conflitar com a antiga norma internacional; o entendimento diverso na jurisprudência.