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Contratos Conceito: É um negócio jurídico bilateral e como tal instituto deve resguardar o consentimento livre das partes (sem vícios do negócio jurídico), capacidade das partes, forma prescrita em lei e ter um objeto lícito, possível e determinável. Princípios: Existe o supra-princípio, adotado em geral para todos os atos jurídicos, qual seja o da Dignidade da Pessoa Humana. Existem ainda os princípios clássicos, que devem ser observados. Dentre eles, encontramos o princípio da liberdade contratual (autonomia de vontade) , estabelecendo a liberdade entre as partes para contratar com quem quiser o que quiser e quando quiser, desde que observado os requisitos necessários do negócio jurídico. Ainda, temos que falar do princípio da obrigatoriedade do contrato , o qual faz lei entre as partes contratantes (pacta sunt servanda), sendo limitado pelo princípio da equivalência material, ressaltando a relativização deste princípio com o advento dos contratos de adesão. Ademais, nos princípios clássicos, temos o princípio da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato , que estipula, como regra geral, que os contratos fazem efeitos inter partis, podendo, excepcionalmente, afetar um terceiro (ex.: convenções coletivas de trabalho, contrato de seguro). Quanto aos princípios sociais dos contratos, devemos analisar preliminarmente o princípio da função social do contrato , estabelecendo que todo contrato deve tomar os devidos cuidados com o interesse coletivo, não apenas o individualista, cabendo ao juiz analisar cada caso em concreto. Nesse caso, deve-se tomar cuidado ao realizar propostas que podem trazer defeitos no negócio jurídico, tal como no estado de perigo, onde a pessoa, para ajudar, emite uma declaração de vontade para salvaguardar direito próprio, ou até mesmo se aproveitando da inexperiência ou necessidade da outra parte. Não menos importante, temos o princípio da Boa-Fé Objetiva . Neste princípio, leva-se em consideração o zelo e a lealdade do

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Page 1: Contratos - Resumo

Contratos

Conceito:

É um negócio jurídico bilateral e como tal instituto deve resguardar o consentimento livre das partes (sem vícios do negócio jurídico), capacidade das partes, forma prescrita em lei e ter um objeto lícito, possível e determinável.

Princípios:

Existe o supra-princípio, adotado em geral para todos os atos jurídicos, qual seja o da Dignidade da Pessoa Humana.

Existem ainda os princípios clássicos, que devem ser observados. Dentre eles, encontramos o princípio da liberdade contratual (autonomia de vontade), estabelecendo a liberdade entre as partes para contratar com quem quiser o que quiser e quando quiser, desde que observado os requisitos necessários do negócio jurídico. Ainda, temos que falar do princípio da obrigatoriedade do contrato, o qual faz lei entre as partes contratantes (pacta sunt servanda), sendo limitado pelo princípio da equivalência material, ressaltando a relativização deste princípio com o advento dos contratos de adesão. Ademais, nos princípios clássicos, temos o princípio da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato, que estipula, como regra geral, que os contratos fazem efeitos inter partis, podendo, excepcionalmente, afetar um terceiro (ex.: convenções coletivas de trabalho, contrato de seguro).

Quanto aos princípios sociais dos contratos, devemos analisar preliminarmente o princípio da função social do contrato, estabelecendo que todo contrato deve tomar os devidos cuidados com o interesse coletivo, não apenas o individualista, cabendo ao juiz analisar cada caso em concreto. Nesse caso, deve-se tomar cuidado ao realizar propostas que podem trazer defeitos no negócio jurídico, tal como no estado de perigo, onde a pessoa, para ajudar, emite uma declaração de vontade para salvaguardar direito próprio, ou até mesmo se aproveitando da inexperiência ou necessidade da outra parte.

Não menos importante, temos o princípio da Boa-Fé Objetiva. Neste princípio, leva-se em consideração o zelo e a lealdade do que se espera do homem comum pelo pactuado entre os contratantes durante todo seu período, até depois de extinto (fase pré e pós-contratual). É, inclusive, uma função limitadora do exercício de determinados direitos subjetivos, vez que limita os considerados ilícitos (abuso de poder), encontrados em desacordo com o fim econômico, social, o de boa-fé ou os até os bons costumes. Vislumbra-se ainda, do princípio em apreço, o princípio da Boa-Fé subjetiva, que de maneira simplória se relaciona ao estado de consciência do agente, de estar se comportando de acordo com o Direito ou, como responsável pelo cumprimento ou não, dos deveres decorrentes das obrigações principais assumidas pelas partes.

Outrossim, o princípio do consensualismo resguarda o aperfeiçoamento do acordo de vontade, sendo desnecessária a formalidade (em regra, os contratos são consensuais), sendo considerada como exceção, estando presente nos contratos formais e reais.

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Classificação dos Contratos:

Os contratos se classificam em: unilaterais (consomem com uma única manifestação de vontades); bilaterais ou sinalagmáticos (duas ou mais manifestações de vontade, com reciprocidade de direitos e obrigações); plurilaterais (participam mais de duas partes); gratuitos ou benéficos (apenas uma das partes obtém vantagens); onerosos (ambos contratantes obtém proveito correspondente a um ônus); comutativos (prestações são certas, determinadas e conhecidas); aleatórios (contratos bilaterais e onerosos em que uma das partes, pelo menos, não pode antever as vantagens que receberá em troca da prestação fornecida); nominados (em designação própria, com tipos de regulamentação específica da lei); inominados (não tem designação própria, sendo criados e avençados pelas partes); consensuais (se perfazem pelo simples acordo, independente da entrega das coisas); solenes (devem observar as formas prescritas em lei); não solenes (não devem observar a prescrição legal); reais (além do consentimento, se perfaz com a entrega da coisa); principais (os que existem por si só); acessórios (existência depende de um contrato principal); pessoais (celebrados em atenção às qualidades pessoais de um dos contratantes); impessoais (cujas prestações podem ser cumpridas indiferentemente, pelo obrigado ou por terceiro).

Modalidade de Contratos:

Preliminarmente, cumpre expor sobre o contrato de adesão. Este é um contrato o qual tem cláusulas pré-dispostas que a parte não pode alterar, assim como os contratos paritários, prevalecendo apenas à vontade de uma das partes. Se existir cláusulas em contrário ou ambíguo, valerá a mais benéfica para o aderente.

Outrossim, temos o contrato-tipo ou contrato de massa, em série ou por formulário, assemelhando-se em partes ao contrato de adesão, vez que as cláusulas também são pré-dispostas. Todavia, neste tipo de contrato, os contratantes e contratados são conhecidos previamente desde o início, diferente do contrato de adesão que você não sabe quem irá aderir. Ainda, as cláusulas não são impostas de forma absoluta, existindo lacunas para que sejam preenchidas de acordo com a vontade das partes.

Ressalta-se a importância do conceito de contrato individual (que só tem a vontade individual das partes, fazendo efeito inter partis) e o contrato coletivo (realizado através de pessoas jurídicas de direito privado em defesa de uma parte, sendo seu efeito estendido a todos que participam da pessoa jurídica, como no caso de sindicatos e acordos coletivos).

Neste diapasão, temos ainda o contrato coativo, qual seja ele imposto, geralmente por uma concessionária de serviços públicos, em que as partes são obrigadas a contratar, sendo sempre prevalecido o poder público sobre o particular (ex.: licitação).

Por fim, temos o contrato dirigido ou regulamentado. Neste o Estado interfere em vários setores da economia, pois se trata de interesse coletivo, delimitando assim a vontade particular das partes. Se existir alguma cláusula conflitante valerá a de maior interesse para as partes.

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Formação dos contratos:

A formação do contrato dar-se-á pelo consenso das partes, manifestada através de qualquer forma (gestos, escrito, tacitamente (quando a lei não exigir que seja expressa), gestos, etc). Deve-se tomar cuidado quanto ao silêncio de uma das partes, vez que pode importar a anuência de determinado ato, caso não seja expresso à anuência de outra forma e as circunstâncias permitirem que a anuência ocorra desta forma.

A primeira fase da formação, denominada de negociação preliminar ou tratativa, é o momento que ocorre conversas sobre o objeto em que os contratantes desejam contratar, sendo somente ideias, mesmo que minutadas, não vinculando as partes, devendo ser realizadas sempre respeitando o princípio da boa-fé objetiva.

Na segunda fase, da proposta (oferta ou solicitação), é um negócio jurídico unilateral do qual vincula quando chega ao conhecimento do aceitante – oblato – com as informações suficientemente necessárias devendo ser obedecida. A proposta pode ser feito para pessoa determinada ou não, sendo que se a proposta tiver reserva de direito para retratar, pode-se assim o fazer. Em caso de óbito do policitante, cabe aos herdeiros e o curador responder juridicamente pelos atos, respondendo aqueles na medida de sua herança.

A terceira e última fase é a da aceitação, que não tem forma própria (não solene), pode ser expressa ou tacitamente, não tendo requisitos especiais, salvo quando expresso legalmente.

A formação pode ocorrer de duas formas: entre presentes e entre ausente. Na primeira, ocorre a teoria da ignição – basta a exteriorização de vontade do oblato. Já na segunda, é necessário definir o tempo e o lugar em que se forma o contrato.

Para isso, analisando sobre o momento (tempo), existe uma discussão entre 4 teorias: teoria da informação ou cognição (é perfeito o contrato quando o proponente toma conhecimento da aceitação); teoria da recepção (se torna perfeito quando o proponente recebe a resposta, mesmo que não leia); teoria da declaração ou agnição (momento em que o oblato declara a aceitação) e a teoria da expedição (no instante que a aceitação é expedida). Esta última é a teoria adotada pelo Código Civil para a formação de contratos entre ausente, mas de forma mitigada, ou seja, existem casos em que ela não será utilizada (art. 433 e 434 do CC). São elas: inexistência da aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante; se o proponente houver se comprometido a esperar a resposta; ou se não chegar no prazo convencionado. Neste último caso, se feita fora do prazo com adições, restrições ou modificações, importará nova proposta.

Já no lugar da formação dos contratos, reputa-se celebrado no lugar em que foi proposto, mas podem as partes eleger o foro competente (princípio da liberdade contratual – autonomia da vontade).

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Estipulação em favor de terceiro:

Ocorre quando uma pessoa pactua com outra sobre concessão de benefício em favor de um terceiro, não parte do contrato, tornando estes terceiros, embora estranhos, credores do promitente (Separações judiciais, que inserem cláusulas em favor dos filhos).

Tanto quem estipula como o terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação, sendo que, no caso do terceiro, deve ficar sujeito às condições e normas do contrato (se for permitido). O estipulante pode substituir o terceiro designado no contrato, independente da sua anuência e da do outro contratante, podendo ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade (testamento).

Promessa de fato de terceiro:

Quem prometeu fato de terceiro responderá por perdas e danos quando este não executar a obrigação. Neste sentido, o único vinculado é o que promete. Se houvesse a concordância, nenhuma obrigação haveria para o que prometeu. É tão óbvio que chega a ser irrisório. Contudo, não se deve confundir com o contrato de mandato por faltar ao que promete a representação. Cabe ressaltar que, uma vez que o terceiro é o cônjuge do promitente, e este se recusa a prestar a obrigação, não existirá a responsabilidade do outro, exigindo-se a verificação do regime de comunhão de bens dos cônjuges, vez que, se for de patrimônio separado, poderá cobrar de quem prometeu (Ex: Adalberto Cunhas Barroso de Mello Pinto promete ao amigo que sua mulher vai dar uma casa para ele, mas ele não deu o imóvel. Posto isso, o amigo não poderá exigir a obrigação deste indivíduo de nome grande, tendo em vista que sua exigência atingiria o patrimônio de terceiro, qual seja a da mulher. Contudo, se o regime de bens fosse separado entre Adalberto e sua esposa, aquele poderia pagar com a sua parte).

Vícios Redibitórios:

São defeitos ocultos em coisas recebidas em virtude de contrato comutativo que torna imprópria ao uso ao qual se destina ou lhe diminuam o valor, tendo o adquirente a opção de ficar com a coisa e reclamar o abatimento do preço (neste caso, através da Ação quanti minoris ou Ação Estimatória).

Para a caracterização dos vícios redibitórios, deve existir o defeito oculto de difícil percepção imediata que exista desde o momento da celebração do contrato e perdure até a reclamação. Além disso, os defeitos devem ser desconhecidos pelo adquirente e grave. Neste caso, cabe a ação redibitória a qual rescinde o contrato e pleiteia a devolução do preço gasto. Caberá também tal ação no caso de perecimento da coisa em razão do defeito oculto, ressaltando-se que o alienante responderá, mesmo que ignore o vício.

O prazo decadencial do adquirente para propor a ação, independente de qual seja é de 30 dias se a coisa for móvel e de 01 ano se for imóvel, contado da entrega efetiva. Contudo, se

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o objeto da contratação já estava na posse, conta-se da alienação, reduzido à metade. Vale acrescentar que as partes podem ampliar tais prazos se expresso no contrato (comum com contratos de venda de veículos, onde a garantia é de anos). A parte pode ter um prazo maior, entretanto, após tomar conhecimento do vício redibitório, deverá denunciá-lo ao alienante nos trinta dias subsequentes.

Ademais, é permitida a renúncia expressa ou tácita do direito de exigir a garantia, vez que o vício redibitório fundamenta-se no princípio da garantia, que deve ser dada por quem entrega uma coisa.

Por fim, é de suma importância salientar que o vício redibitório defere do erro, tendo em vista que neste é recebido um objeto no lugar de outro enquanto naquele o negócio é viciado, mas não a coisa. No vício redibitório a coisa é a desejada, mas se desconhece o seu defeito (ex.: compra a vassoura nimbus 2001 e descobre que é uma vassoura comum do mundo dos trouxas).

Eis o resumo.

Pindamonhangaba, 13 de abril de 2015

Henrique Sperduti Rezende