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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FITOTECNIA CULTURAS ANUAIS PARA SISTEMAS AGROFLORESTAIS COM GUANANDI EM VÁRZEA E TERRAÇO FLUVIAL Antonio Carlos Pries Devide Discente Revisão de literatura para qualificação para o nível de Doutorado no Curso de Pós-Graduação em Fitotecnia - Área de Concentração Agroecologia. Prof. PhD Raul de Lucena Duarte Ribeiro. Tema: Culturas anuais para sistemas agroflorestais. Seropédica, 13-05-2013

CULTURAS ANUAIS PARA SISTEMAS ...importância das culturas anuais está na geração de renda em um ciclo curto. A mandioca e araruta, também, pelo resgate histórico, pois a euforbiácea

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FITOTECNIA

CULTURAS ANUAIS PARA SISTEMAS AGROFLORESTAIS COM

GUANANDI EM VÁRZEA E TERRAÇO FLUVIAL

Antonio Carlos Pries Devide

Discente

Revisão de literatura para qualificação para o nível

de Doutorado no Curso de Pós-Graduação em

Fitotecnia - Área de Concentração Agroecologia.

Prof. PhD Raul de Lucena Duarte Ribeiro.

Tema: Culturas anuais para sistemas agroflorestais.

Seropédica,

13-05-2013

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ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO 3

2 REVISÃO DE LITERATURA 5

2.1 Sistemas Agroflorestais 5

2.2 Caracterização do Vale do Rio Paraíba do Sul 9

2.3 O Guanandi (Calophyllum braziliense) 10

3 CULTURAS ANUAIS EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS: Estado da

arte

11

4 CARACTERIZAÇÃO DE CULTURAS ANUAIS PARA SISTEMAS

AGROFLORESTAIS COM GUANANDI

14

4.1 Culturas Anuais Convencionais 14

4.1.1 Mandioca (Manihot esculenta) 14

4.1.2 Taro (Colocasia esculenta) 17

4.1.3 Gengibre (Zingiber officinale) 19

4.1.4 Açafrão (Curcuma longa) 19

4.2 Culturas Anuais Não Convencionais 20

4.2.1 Araruta (Marantha arundinacea) 20

4.2.2 Taioba (Xanthossoma spp.) 21

4.2.3 Mangarito (Xanthosoma mafaffa) 22

4.2.4 Ariá (Maranta lutea) 24

4.2.5 Inhame (Dioscorea alata) 25

4.2.6 Ora pro nóbis (Pereskia aculata ) 26

4.2.7 Major gomes (Talinun paniculatam) 27

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 28

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 28

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RESUMO

A Mata Atlântica é um complexo de ecossistemas com elevada diversidade biológica; um

dos biomas mais ameaçados do mundo pelas agressões às florestas; uma das cinco regiões do

planeta de maior prioridade para a conservação. Em Pindamonhangaba, SP, vem sendo realizado

experimentos de conversão agroflorestal de áreas de plantio de Guanandi (Calophyllum braziliense)

em várzeas e terraços fluviais. O objetivo desse trabalho é buscar alternativas menos impactantes,

rentáveis e com potencial de contribuição à conservação ambiental, mediante a seleção de culturas

anuais adaptadas regionalmente para compor os sistemas agroflorestais (SAFs). Os SAFs estão

ajudando a restaurar a Mata Atlântica resgatando a vocação agrícola da Fazenda Coruputuba. Essa

revisão bibliográfica contém relatos de experiências com culturas anuais em SAFs, como subsídio

ao planejamento agroflorestal focado no consórcio com o guanandi. Apresenta a caracterização

física da região, dos mecanismos de adaptação do guanandi à inundação do solo - ênfase na

ecofisiologia - e aborda o estado da arte do emprego de culturas anuais em SAFs em diversas

regiões, principalmente, porque são escassos os relatos do manejo agroflorestal no Vale do Paraíba.

Por fim, são elencadas algumas espécies para compor os sistemas em desenvolvimento. Na várzea,

é possível introduzir o taro, taioba e o inhame, com segurança. No terraço, a mandioca, araruta,

açafrão, ariá, mangarito, gengibre e inhame são recomendáveis para associação com guanandi. Ora-

pro-nóbis e major-gomes são rústicas e adaptam-se aos dois ambientes. Major-gomes é espontânea

no estrato rasteiro em povoamentos agroflorestais de anjico e guanandi, na Fazenda Coruputuba. O

cultivo das espécies deve ser feito em sucessão, ocupando diferentes estádios do sistema.

Inicialmente, com espécies heliófitas, como a mandioca, em rotação com espécies tolerantes ao

sombreamento (ariá, mangarito, araruta, açafrão). Esse trabalho é apenas uma revisão e não

pretende restringir a escolha de outras espécies que não relacionadas consideradas importantes para

a funcionalidade dos SAFs, como a batata-doce (Ipomoea batatas), feijões (Vigna unghiculata,

Cajanus cajan), dentre outras.

Palavras chave: agricultura orgânica, agroecologia, segurança alimentar, Mata Atlântica, Vale do

Paraíba.

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1 INTRODUÇÃO

A Mata Atlântica é um complexo de ecossistemas com elevada diversidade biológica; um

dos biomas mais ameaçados do mundo pelas agressões nas florestas. O Corredor da Serra do Mar

está entre as cinco regiões do planeta de maior prioridade para a conservação (hotspots) (LINO et

al., 2007). São mais de 20 mil espécies nativas brasileiras catalogadas (AYRES et al., 2005); porém,

raros são os relatos científicos sobre a utilização dessas espécies em projetos de reflorestamento

comercial, favorecendo com que se priorize o uso de exóticas (BUTTERFIELD e FISHER, 1994).

A região Sudeste do Brasil está inserida no bioma Mata Atlântica onde se concentra o

consumo de madeiras nativas, atualmente, provenientes da floresta amazônica. Da totalidade das

plantações florestais comerciais no estado de São Paulo até o ano 2000, 79,4% era composta de

Eucalyptus spp. e 20,6% de Pinnus sp. (KRONKA et al. 2003) para papel e celulose. No Vale do

Paraíba do Sul a produção do eucalipto atingiu níveis críticos em diversos municípios, exacerbando

diferenças sociais e problemas ambientais. Por outro lado, o crescente desmatamento das florestas

tropicais e a diminuição da oferta de produtos aumentam a demanda por madeiras nobres,

favorecendo empreendimentos particulares com o plantio de espécies nativas de alto valor

comercial (PIOTTO, 2010), trazendo consigo diversos benefícios ambientais (NAVARRO, 2007) e

um incremento no valor da produção florestal.

Em Pindamonhangaba, SP, na Fazenda Coruputuba, localizada no eixo Rio-São Paulo

(22º54‟23,7”S 045º 23‟13,1”W, 517m), desde o ano 2006 empreendedores tradicionais de papel e

celulose plantaram o Guanandi na várzea e terraço fluvial (terra alta). No ano 2011, deu-se início ao

projeto de pesquisa “Biodiversidade na produção agroflorestal de guanandi (Calophyllum

braziliense)”, instalando dois experimentos para a conversão dessas áreas em sistemas

agroflorestais (SAFs), reduzindo os riscos econômicos e possíveis impactos à qualidade da água e à

conservação dos habitats naturais, avaliando o efeito da diversificação de cultivos no

desenvolvimento do guanandi nos dois ambientes.

Nesse projeto, foram instalados dois experimentos contendo o guanandi solteiro e

consorciado com culturas anuais e em SAFs. Os plantios de guanandi foram realizados no ano de

2007 (várzea) no espaçamento 3x3m, em rotação com arroz irrigado; e no ano de 2008 (terraço) no

espaçamento 3x2m em rotação ao eucalipto.

Foram demarcadas em blocos ao acaso em cada ambiente 24 parcelas de quatro linhas de

guanandi contendo oito plantas na linha e oito repetições. A diversificação de cultivos foi analisada

através de três tratamentos: 1. Guanandi solteiro; 2. Guanandi consorciado com cultura anual; 3.

Guanandi em sistema agroflorestal. Em jul./2011 foram introduzidas espécies consortes adaptadas a

cada ambiente, tendo em comum: bananeira BRS Conquista e palmeira juçara (Euterpe edulis).

Para a diversidade arbustiva dos SAFs, na várzea foram manejadas as leguminosas: sesbânia

(Sesbania virgata) e paquinha (Aeschynomene rudis), e flemíngia (Flemingia macrophylla)

introduzida em 2012 substituindo à paquinha. Inicialmente, foi cultivada a medicinal artemísia

(Artemisia annua), que não se adaptou, sendo substituída no ano de 2012 por taro (Colocasia

esculenta). No terraço, plantou-se o guandu (Cajanus cajan) com mandioca „ouro‟ IAC 6-01,

realizando a rotação com araruta (Marantha arundinaceae) no ano de 2012. As espécies florestais

selecionadas ocorrem naturalmente nos dois ambientes: sangra d‟água (Croton urucurana), aroeira

(Schinus terebinthifolius), mamica-de-porca (Zantoxylum rhoifolium), ingá (Inga uruguensis),

embirussú (Pseudobombax grandiflorum), suinã (Erythrina verna), ipê-amarelo-do-brejo (Tabebuia

serratifolia), anjico preto (Anadenanthera colubrina), pinha-do-brejo (Talauma ovata), cutieira

(Joannesia princeps), urucum (Bixa oleraceae) e guapuruvú (Schiozolobium parahyba). A

importância das culturas anuais está na geração de renda em um ciclo curto. A mandioca e araruta,

também, pelo resgate histórico, pois a euforbiácea foi substituída nos anos 1980 pela cultura do

eucalipto, e a araruta praticamente extinta no Vale do Paraíba.

Com a introdução de árvores e arbustos, pretende-se intensificar a ciclagem de nutrientes e

obter a cobertura perene do solo, aumentando a biodiversidade e avaliando se haverá melhores

condições para o desenvolvimento do guanandi que é considerado secundária tardia. Assim, os

sistemas agroflorestais podem se tornar uma das melhores opções para se diversificar a renda, pois

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se baseiam no consórcio de espécies anuais e lenhosas perenes, compatibilizando a produção de

madeira e de alimentos, fixando a mão de obra no campo.

Os sistemas agroflorestais agregam benefícios para a biologia da conservação contribuindo

para a biodiversidade, reabilitam áreas degradadas protegendo os solos e bacias hidrográficas da

erosão, aumentam o sequestro de carbono em comparação às áreas degradadas e pastagens (MÉIER

et al., 2011).

Entretanto, os SAFs nem sempre revelam sustentabilidade econômica, sendo fundamental

pesquisas econômicas incorporando também a valoração ecológica. A venda de serviços ambientais

poderia corrigir distorções econômicas dos SAFs tornando a atividade mais atrativa aos produtores

rurais (CAMPELLO et al., 2007). Na Costa Rica, um dos mais avançados sistemas nacionais de

pagamento para serviços ambientais (PES), criado no ano de 1996 através do fundo de

financiamento florestal nacional (FONAFIFO), recebe a coleta seletiva de imposto sobre o consumo

de hidrocarbonetos, sendo parte designada por lei para subsidiar atividades florestais. No ano de

2002, estenderam essa aplicação para os sistemas agroflorestais e silvipastoris, de acordo com o

número de árvores instaladas por hectare. Nos Estados Unidos, a aceitação dos sistemas

agroflorestais ainda é baixa, exceto onde programas de conservação do governo fornecem subsídios

aos produtores (FAO, 2003).

Como vantagem do sistema agroflorestal, HILDRETH (2008) destaca a atenuação de

problemas ambientais através de vários mecanismos, atraindo cada vez mais participantes

interessados em reproduzir a transformação dos benefícios ecológicos em benefícios econômicos,

através do aumento da produtividade agrícola e florestal, já percebida em propriedades mais

avançadas no desenvolvimento agroflorestal.

Na região do Vale do Paraíba do Sul, ainda não há referências sobre o manejo do guanandi

em locais periodicamente inundáveis. Com os SAFs, pretende-se reduzir os custos de produção

através de receitas com culturas agrícolas e espécies frutíferas ao longo dos anos, até que o

guanandi atinja o ponto de corte. Os SAFs visam eliminar os insumos externos através da adubação

verde e da ciclagem de nutrientes, reduzindo os custos de produção, conservando o ambiente. A

crise econômica elevou os preços dos adubos e commodities no ano de 2009, declinando e

retomando o crescimento. Os fertilizantes sintéticos nitrogenados ainda têm um impacto muito

superior no efeito estufa, porque são os principais emissores do óxido nitroso, que possui densidade

superior a do CO2.

Apesar de se tratar de uma técnica muito antiga, apenas nos últimos vinte anos é que ocorreu

um incremento significativo na utilização da adubação verde no Brasil, principalmente, devido à

expansão do sistema de plantio direto (DAROLT & SKORA NETO, 2002) e ao agravo do nível de

degradação dos solos pela erosão (DORAN & PARKIN, 1994).

As culturas anuais são importantes para os sistemas agroflorestais e a seleção, neste

trabalho, levou em consideração a adaptabilidade ao local do estudo e ao sistema em

desenvolvimento. Dentre as características desejáveis, estão a rusticidade, a tolerância ao

alagamento e ao sombreamento.

O objetivo deste trabalho é registrar experiências na seleção de culturas anuais em sistemas

agroflorestais com o guanandi, como subsídio à produção agroflorestal nos ambientes de várzea e

terraço fluvial. Contém a caracterização física da região, revisão sobre os mecanismos de adaptação

do guanandi à inundação do solo, com ênfase na ecofisiologia, e o estado da arte de culturas anuais

em sistemas agroflorestais em diversas regiões do mundo relacionando algumas espécies utilizadas

ou que podem vir a ser testadas nos sistemas em desenvolvimento, com base em revisão

bibliográfica.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Sistemas Agroflorestais

O uso e manejo da terra quando árvores e arbustos são utilizados em associações com

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cultivos agrícolas e/ou animais em uma mesma área, de maneira simultânea ou em sequência

temporal, são denominados genericamente de sistemas agroflorestais (SAFs) (DUBOIS, 1996).

A primeira definição da qual se tem registro sobre os SAFs surgiu com ENGEL (1969),

citado por TITO et al., (2011), como sendo um conjunto de componentes unidos ou relacionados de

tal maneira que formam uma entidade ou um todo. Outras conotações surgiram e especificidades se

destacaram, mas de maneira geral as agroflorestas são consideradas como sendo o consórcio de

espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas de maneira natural ou planejada pelo homem, ocupando

os mesmos espaços, de maneira simultânea ou alternada no tempo, manejadas conforme a

finalidade pretendida com o sistema.

Os sistemas são elaborados conforme a estratégia do agricultor para obter a produção

agrícola nos estádios iniciais, conservando a floresta (CALDEIRA, 2011), recuperando áreas

degradadas, melhorando a fertilidade e a estrutura do solo, preservando a biodiversidade

(PENEIREIRO, 1999).

Há SAFs baseados em consórcios de espécies comerciais, aproveitando melhor o espaço e

os recursos disponíveis (luz, água e nutrientes), reproduzindo a lógica de sucessão florestal

(PENEIREIRO, 2007). Porém, na Europa e em outras regiões, os SAFs são planejados para

maximizar os benefícios econômicos. A conservação ambiental baseia-se em aleias de monocultura

silvicultural consorciando cultivos de grãos em faixas. Entretanto, é fundamental o manejo apoiado

em princípios agroecológicos, tais como a sucessão natural, que pressupõe a biodiversidade e a

ciclagem de nutrientes por meio da cobertura permanente do solo, atuando sempre no sentido de

aumentar a quantidade e a qualidade de vida consolidada (GÖTSH, 1995).

Os quintais agroflorestais ou homegardens são uma modalidade a parte e se destacam por

marcar com precisão a influência ancestral de uso do solo (WIESUN et al., 2006). NAIR &

KUMAR (2006) pesquisaram a distribuição global dos homegardens pelo mundo, estando presentes

em um grande número de variações nas Ilhas do Pacífico e na América Central, em maior

frequência (Figura 1).

Figura 1. Distribuição global de homegardens (quintais agroflorestais).

No Brasil, os sistemas agroflorestais existentes são chamados de regenerativo análogo, que

simula a sucessão natural; o silvibananeiro, que prioriza a bananeira como cultura âncora, mais

frequente nos sistemas na Serra do Mar; a cabruca, com o cacau na capoeira; o silvipastoril, baseado

no consórcio de criações animais com árvores nativas espontâneas ou introduzidas de maneira

planejada – expande-se rapidamente sob a epígrafe de „integração lavoura-pecuária-floresta‟, e os

sistemas multiestratos, com espécies em um arranjo similar ao da sucessão natural de tal modo que

todo o espaço vertical seja ocupado.

Para DUBOIS (1996), os SAFs classificam-se de três formas distintas quanto à

funcionalidade e estruturação:

Silviagrícola ou agrossilvicultura: combinam árvores com espécies agrícolas;

Silvipastoril: combinam árvores com pastos e animais;

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Agrossilvipastoril: combinam o consórcio de animais com o manejo silviagrícola.

Nos sistemas regenerativos, os consórcios são planejados prevendo-se o desenvolvimento

simultâneo de espécies pioneiras, secundárias e climácicas. A intervenção baseia-se em práticas de

manejo, tais como a capina seletiva, raleamento e poda, que aceleram a sucessão natural e permitem

aos produtores controlarem plantas indesejáveis do início do ciclo, selecionando as mais vigorosas e

funcionais, permitindo a entrada de luz em maior intensidade, reduzindo a competição

interespecífica, aumentando o estoque de carbono e nutrientes do solo via serapilheira formada

pelos resíduos da poda.

Nos sistemas agroflorestais sucessionais, na região amazônica, os consórcios se

estabeleceram combinando-se plantas similares, realizando o corte das espécies menos vigorosas

(PENEIREIRO, 2007). A poda estimula a atividade fotossintética do estrato inferior, que cresce.

PENEIREIRO (2007) registrou as considerações de Ernst Götsch sobre os padrões de luminosidade

das florestas naturais: para o estrato emergente a cobertura ideal é de 15-25%, no estrato alto de 25-

50%, para o médio de 40-60%, o baixo 70-90% e o rasteiro 100%.

VIVAN (1998) descreve o sistema agroflorestal baseado na sucessão natural e na

biodiversidade da floresta nativa, como âncoras do Sistema Regenerativo Análogo (SAFRA). Esse

modelo se baseia nos processos naturais e na sucessão vegetal. Porém, as árvores em consórcios

podem reduzir o rendimento dos cultivos devido à competição por luz, principalmente, sendo

fundamental a seleção de espécies florestais para a poda na época adequada (DUBOIS et al., 1996).

Neste sistema multiestrato, as culturas anuais e semiperenes são plantadas no espaçamento

recomendado para o cultivo isolado, as arbóreas são preferencialmente inseridas em alta densidade

por meio de semeadura direta com o raleamento e seleção das plantas mais vigorosas, enquanto

àquelas colhidas e/ou cortadas intensificam a reciclagem de nutrientes.

A poda acelera a disponibilidade de nutrientes, luz e água ao sistema favorecendo a evolução

da comunidade vegetal. Nas podas parciais retira-se de 30 a 60 % da copa das árvores e nas totais,

cortam-se árvores rentes ao solo ou à altura do peito, dependendo da finalidade, geralmente no

início da estação chuvosa, possibilitando vigora rebrota que acelera a reciclagem de nutrientes

(TAVARES et al., 2006).

No Brasil, o aspecto regional é determinante no arranjo e composição dos SAFs,

demandando a escolha das espécies com base ecofisiológica, resultando em um manejo

regionalizado, com sítios de diversidade amplificada pela ação humana específica a cada bioma.

Como exemplo, populações ribeirinhas na região amazônica praticam o manejo agroflorestal

nas várzeas respeitando as características do ambiente. Os produtores selecionaram espécies

adaptadas à inundação do solo (NODA et al., 2001; CASTRO et al., 2009) e esse sistema passou a

ter importante papel na segurança alimentar da população, contendo o impacto da expansão humana

sob a floresta; ou seja, em áreas periurbanas se produz alimentos preservando a floresta do corte

raso para a pecuária extensiva.

Registros antropogênicos da era pré-colombiana na Bacia Amazônica estão presentes em

diversos sítios arqueológicos chamados de Terra Preta de Índio (TPI) ou Anthropogenic Dark Earth,

descritas no ano de 1866 no livro intitulado Brazil, the Home for Southerners (DUNN, 1866). Além

de artefatos cerâmicos, os solos apresentam propriedades físicas e químicas especiais que lhes

conferem a cor escura, razão do nome, com elevados níveis de fertilidade (Figura 2). As práticas de

manejo do solo afetaram de maneira significativa a quantidade, a composição e as proporções de

substâncias húmicas (CUNHA et al., 2009).

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Figura 2. Terra Preta de Índio e Solo da Região Amazônica (REZENDE et al., 2011).

Nas TPI foram observados arranjos funcionais com espécies florestais inseridas em alta

densidade em sistema multiestratificado, demonstrando que ali existia numerosa população

indígena, que desenvolveu um modelo de subsistência baseado na caça, pesca, extrativismo e no

cultivo agroflorestal, incluindo espécies anuais como a mandioca (Manihot esculenta) e a araruta

(Marantha arundinaceae), em consórcio com essências florestais. A presença de vestígios de

cerâmica nas TPI indica que essas áreas foram enriquecidas com minerais, carvão e plantas com o

mais alto grau de domesticação, além de espécies selvagens ou incipientemente domesticadas

(DUNN, 1866; MAJOR et al., 2005), trazidas ou espontâneas.

Esses sítios estão entre os „hotspots‟ de diversidade devido à elevada densidade de plantas

em relação às áreas adjacentes e o notável endemismo (HECKENBERGER et al., 2003); estão em

risco porque os agricultores preferem cultivar nos solos de TPI (MAJOR et al., 2005), vistos nos

plantios de espécies conhecidas como mais exigentes.

Os castanhais têm origem do plantio sistemático feito por índios da era pré-colombiana. Ao

longo de trilhas, percebe-se uma diversidade de espécies frutíferas. A aparência que se tem é que

conforme surgem os sítios arqueológicos ao longo dos rios, novas ilhas de diversidade funcional são

descobertas, com a dispersão adensada da castanheira (Berthollethia excelsia) semelhante a um

sistema agroflorestal (MILLER & NAIR, 2006).

A maioria dos sítios arqueológicos estão situados nas margens dos rios Purus, Madeira,

Juruá, Solimões e Amazonas (KERN et al., 2003) e cerca de 80% dessas áreas têm entre dois e

cinco hectares. Nos estados do Pará e do Amazonas foram identificadas áreas de 350 ha (BALLIET,

2007), com horizonte antrópico variando de 10 a 200 cm de espessura. A maioria situa-se na faixa

de 30-60 cm, sendo essas variações (espessura e características morfológicas, físicas e químicas do

solo) relacionadas ao padrão de uso ancestral (PESSOA Jr. et al., 2012).

Outro exemplo do regionalismo agroflorestal, no Centro-Oeste brasileiro entre os Cerrados e

a Floresta Amazônica, os índios Kayapós realizavam o zoneamento agrícola; em ilhas de vegetação

no cerrado e em clareiras na mata, usando o fogo para estimular a caça, realizavam adubação de

determinadas plantas pelo uso das cinzas, vegetação, terra de cupinzeiro e introduziam agentes de

controle de formigas cortadeiras (POSEY, 1985). Desenvolveram o conhecimento de mais de 120

espécies identificadas em ilhas de vegetação. Ao menos 90, reconhecidas como efetivamente

domesticadas. Nas aldeias, há pomares e hortas medicinais; plantas manufatureiras são cultivadas

em roças distantes de 5 a 10km; nas trilhas, em clareiras naturais ou onde se derrubam árvores para

a coleta de madeira ou de mel, cultivam plantas anuais consorciadas próximas de rochas basálticas

(POSEY, 1985). Essas práticas criaram uma diversidade de estágios de sucessão de grande

complexidade.

No estado da Bahia, a produção de cacau agroflorestal é feita na floresta natural (cabruca)

(MOÇO et al., 2008); forma eficaz de combate ao fungo „vassoura de bruxa‟ - doença que limitou a

lavoura na década de 1980 devido à ausência de resistência. O cacau chegou a ocupar 600 mil

hectares de Mata Atlântica, desde o século XIX. O remanescente natural de mata atual é de 7% mas

quase 70% do cacau (6.800 km²) ainda se mantém como cabruca. Ainda que a diversidade seja

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menor, comparando-se ao ambiente natural, o sistema é menos nocivo do que o desmatamento para

a pecuária e suporta níveis de resiliência elevados, mantendo a biodiversidade e a produtividade.

Um ecossistema de cabruca funciona como corredor de fauna conectando habitats e como

trampolim quando isolado. Essas áreas, quando abandonadas, assumem a forma da floresta nativa

em pouco tempo.

No Sul do Brasil, no Paraná, os faxinais foram reconhecidos por marcar a posse comum da

terra, contendo consórcios de erva-mate (Ilex paraguaiensis), araucária (Araucaria angustifolia) e

criações animais no sub-bosque (BARRETO e SAHR, 2007). Entretanto, cada família tem o

domínio das áreas utilizadas no cultivo de culturas anuais marcando a soberania alimentar.

Ainda no Sul, o manejo da bracatinga (Mimosa scabrella) é responsável pela maior parte da

renda familiar em assentamentos rurais no planalto norte catarinense (STEENBOCK, 2011).

Embora a legislação considere essas florestas nativas, os bracatingais foram construídos pelo

homem e o manejo mantém o banco de sementes e de plântulas garantindo a rápida colonização do

solo, com significativo acréscimo de fertilidade após a sucessão secundária (STEENBOCK, 2011).

A bracatinga como espécie dominante produz lenha, carvão, tábuas e escoras.

Outro manejo baseado na sucessão natural para restaurar a fertilidade do solo é a coivara,

origem indígena ainda praticada por comunidades tradicionais no Brasil. No Vale do Ribeira,

MARTINS (2005) descreve clareiras abertas na floresta, seguida do uso do fogo e o

estabelecimento de uma comunidade diversificada de plantas, incluindo espécies anuais. Ao

declinar a fertilidade, a área retorna ao pousio por um período de 10 a 15 anos. Nas coivaras, a

domesticação foi direcionada para espécies alimentares: mandioca (Manihot esculenta), batata-doce

(Ipomoea batatas), taioba (Xanthosma sp), ariá (Maranta lutea), araruta (Maranta arundinacea) e

inhame (Dioscorea alata), dentre outras, cuja parte comestível são os órgãos subterrâneos, ao

contrário do que prevaleceu na região de clima temperado e no mediterrâneo, onde cereais e

leguminosas formaram a base da dieta (MARTINS, 2005).

Dentre as modificações ambientais dos sistemas agroflorestais, muitos agricultores preferem

desenvolver seus plantios utilizando a cobertura das árvores para proteção de flutuações extremas

do microclima. Plantando árvores, reduz a temperatura, a velocidade dos ventos, evaporação e

exposição à luz solar, interceptam o granizo e as chuvas fortes (ALTIERI & NICHOLLS, 2008).

No Instituto de Permacultura Cerrado, há um projeto de policultivo em terras secas que

promove a combinação dos seguintes cultivos: espécies forrageiras resistentes à seca, como

Opuntia, que garante a produção mesmo sob o fenômeno el Niño; árvores leguminosas como

Gliricidia e Leucaena, e feijão de porco (Canavalia ensiformis) para fixar o N e produzir biomassa;

Cajanus cajan para alimentação humana e cultivos de ciclo curto resistentes à seca, como a

mamoneira (Ricinus communis) o cultivo comercial intercalado ao milho e feijão caupi (ALTIERI

& NICHOLLS, 2008).

Nas Serras da Mantiqueira e do Mar, há sistemas autóctones contendo a araucária em meio a

bananais e pastagens extensivas. É tradicional a coleta (extração) do pinhão, porém, raros são os

relatos do plantio da araucária, pelo receio de caracterizar a área protegida, pois o pinheiro é

ameaçado de extinção. Com a palmeira juçara (Euterpe edulis) há projetos em andamento

fomentando o plantio para o aproveitamento dos frutos para polpa e artesanato, ao invés do abate

para obtenção do palmito.

A recomposição das matas ciliares e da reserva legal com sistemas agroflorestais é um

instrumento de restauração ambiental. Na Fazenda Coruputuba, em Pindamonhangaba, o cultivo do

guanandi está formando um corredor de fauna. A distribuição de mudas e a dispersão sementes

expandem os plantios na bacia hidrográfica, inclusive em altitudes mais elevadas (700-800m), onde

o guanandi revela desenvolvimento diferenciado do solo inundável (DEVIDE, 2011). Os sistemas

agroflorestais podem ajudar a ligar as matas das Serras da Mantiqueira e da Bocaina ao Vale do

Paraíba. A região é considerada „hotspot‟, com a fauna e flora em acelerado processo de extinção.

Com essas diferenças ambientais, é necessário selecionar espécies para cada local, adaptadas à

inundação da várzea e à seca nos terraços fluviais.

Apesar da permissão legal ao manejo agroflorestal sustentável como estratégia de

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restauração ecológica (BRASIL, 2006; SÃO PAULO, 2010), os órgãos de fiscalização e

licenciamento nem sempre possuem informações técnico-científicas que possibilitem editar normas

e rotinas operacionais para o licenciamento do manejo (DARONCO et al., 2012). A importância

dessa pesquisa é reunir informações do manejo agroflorestal do guanandi para subsidiar a

restauração de matas ciliares no Vale do Paraíba do Sul. O objetivo é reproduzir um sistema

sustentável de baixo uso de insumos externos, com adubação verde, culturas anuais e frutíferas

adaptadas, e obter rendimento com o corte seletivo do guanandi para madeira de lei.

2.2 Caracterização do Vale do Paraíba do Sul

As várzeas do rio Paraíba do Sul somam cerca de 50mil hectares e de seus afluentes, 15mil.

Foram sistematizadas há mais de 50 anos com diques marginais que delimitam 41 áreas protegidas

contra inundações periódicas denominadas polders. A atividade agrícola é praticada há muitos anos,

porém, adaptada ao calendário agrícola e às espécies ao risco de inundação. Os solos são

sistematizados, os cursos d‟água retificados e a irrigação na época seca feita por meio desses

polders.

A formação dos solos de várzea é influenciada pela morfologia da rede de drenagem de

áreas situadas à montante das várzeas. Esses solos apresentam textura muito variável, de arenosa a

muito argilosa, sendo as águas fundamentais nos processos de formação. Durante enxurradas, a

elevada precipitação ocasiona a saturação do perfil do solo, remove os nutrientes e modifica as

relações físico-químicas. Na época seca, a massa dos solos argilosos; geralmente com estrutura

maciça nos horizontes subsuperficiais; se contrai, surgindo trincas verticais que cisalham as raízes

das plantas. Quando retornam as chuvas, essas mesmas trincas permitem a infiltração da água no

perfil do solo acentuando a remoção de bases e sedimentos finos (silte, argila e ácidos orgânicos). É

comum haver entre os horizontes permeável e imperfeitamente permeável canais subsuperficiais

que acentuam a remoção dos minerais móveis. Nota-se com frequência a deposição de minerais

fitotóxicos, como Fe e Al, na superfície das raízes das plantas.

Já os terraços que beiram os rios, ribeirões e várzeas, costumam apresentar solos pouco

desenvolvidos com textura arenosa, frágil agregação, baixos teores de matéria orgânica e reduzida

capacidade de retenção dos nutrientes. Apesar de bem drenados, a pouca umidade retida na

estiagem prolongada de inverno entre Abril e Agosto, limitam o desenvolvimento das espécies

cultivadas, demandando a irrigação. Pela facilidade em mecanizar, esses solos estão ocupados com

diversas atividades produtivas: culturas agrícolas anuais e perenes, capineiras para o rebanho

leiteiro, povoamentos florestais (eucalipto), criações animais e ocupações urbanas e industriais, que

cada vez mais avançam sob esse ambiente. A remoção da vegetação que recobre esses solos

favorece a degradação acentuada da matéria orgânica em um curto espaço de tempo, resultando na

intensa lavagem dos solos pela ação das chuvas torrenciais nos meses de verão.

Assim, várzeas, cabeceiras de drenagem e áreas adjacentes aos cursos d‟água deveriam ser

destinadas à preservação permanente e não ocupadas com moradias, indústrias, extração mineral

(areia e argila) e produção agropecuária, como ocorre no eixo Rio-São Paulo. À medida que as

cidades crescem, essas áreas tornam-se imprescindíveis na defesa da área urbana contra inundações

(TAVARES e SILVA, 2008).

O manejo conservacionista do solo é uma alternativa menos impactante para a produção de

alimentos, uma vez que empreendimentos agropecuários estão consolidados há dezenas de anos em

todo o Vale do Paraíba. Os sistemas agroflorestais são uma das formas mais sustentáveis de uso dos

recursos naturais e neste contexto a centenária Fazenda Coruputuba, em Pindamonhangaba, SP, está

convertendo plantios comerciais de guanandi em sistemas agroflorestais.

2.3 O Guanandi (Calophyllum braziliense)

O Guanandi pertence à família Clusiaceae, é nativa e apresenta diversas aplicações, sendo

considerada a primeira árvore produtora de madeira de lei do Brasil, declarada monopólio do

Estado brasileiro por meio da Decisão nº07 do Imperador Dom Pedro II, destinado ao Ministério da

Marinha, em 07 de Janeiro, de 1835. A exploração predatória quase o levou à extinção e populações

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remanescentes estão cada vez mais em risco, pela pressão sob habitats dessa espécie (áreas

inundáveis) e à extração ilegal da madeira até os dias atuais.

O plantio do guanandi é realizado após a colheita dos frutos da árvore, sendo bastante

apreciado pela fauna, principalmente por morcegos, que realizam a despolpa dos frutos. A

germinação ocorre entorno dos 50 dias após o semeio, estando presente em todas as bacias

brasileiras em diferentes fitofisionomias, preferindo ambientes ciliares, sob solos sujeitos à

inundação temporária ou brejosos (TONIATO et al., 1998; KAWAGUCHI e KAGEYAMA, 2001;

SOUZA, 2007). Germina após até três meses de submersão, embora não germine nessa condição; as

sementes não são fotoblásticas e suas plântulas crescem normalmente tanto em solo inundado ou

drenado (MARQUES e JOLY, 2000¹; MARQUES e JOLY, 2000²). Para FLORES (2007), o

guanandi se adapta melhor em solos suave ondulados, aluviais ou com elevados teores de argila,

úmidos, saturados e ácidos (pH 4.5 a 6.0), ricos em Fe e Al, e com baixos teores de P e K.

OLIVEIRA & JOLY (2010) o tratam como espécie típica de áreas inundáveis, ocorrendo desde a

América Central até a costa Sudeste do Brasil, presente na Floresta Amazônica e Atlântica,

incluindo restingas e planícies costeiras da região, e nas florestas pantanosas formadas nas

depressões dos Cerrados. Trata-se de espécie secundária/intermediária tardia, porém, ocorrem

guanandizais quase puros em condições pioneiras no litoral paranaense (CARVALHO, 1996, citado

por ANGELI et al., 2006).

Apesar da importância das florestas em áreas inundáveis como corredor ecológico e banco

de material genético, para garantir a conservação de muitas espécies e contribuir positivamente para

a manutenção da biodiversidade (SOUZA et al., 2007), estas áreas estão sofrendo intensa

devastação, desaparecendo sem que se conheça sua importância para a proteção dos recursos

hídricos e seus aspectos ecológicos (TORRES et al., 1994). A ocupação agrícola das várzeas e a

construção de usinas hidrelétricas (IVANAUSKAS et al., 1997), além de outros fatores de

degradação, como o uso do fogo e a expansão imobiliária, industrial e a extração mineral de areia e

argila, contribuem para a redução dessas formações florestais. Estudos específicos, principalmente

no estado de São Paulo, têm se intensificado nos últimos 20 anos, propiciando um considerável

aumento do conhecimento sobre a dinâmica dessas formações, conforme estudos de TORRES et al.

(1994), IVANAUSKAS et al. (1997), TONIATO et al. (1998) e ROCHA et al. (2005).

Porém, já se sabe que a saturação do solo induz uma série de alterações ecofisiológicas nos

vegetais, devido à rápida redução na disponibilidade de oxigênio às raízes (PIMENTA et al., 1998).

A tolerância ao alagamento tem sido estudada com ênfase nos diferentes mecanismos de adaptação,

que incluem mudanças morfológicas, anatômicas e fisiológicas. OLIVEIRA e JOLY (2010)

constataram que o alagamento limitou o desenvolvimento da parte aérea, a expansão e produção de

área foliar nova em mudas de guanandi; que desenvolveu lenticelas hipertróficas, poucas raízes

adventícias, reduziu a condutância estomática e a taxa fotossintética, devido à baixa concentração

de clorofilas nas folhas. PIMENTA et al. (1998), descreveram a hipertrofia das lenticelas e de

caules, a formação de aerênquimas e o enraizamento adventício como formas de adaptação de

algumas espécies de plantas ao efeito da baixa oxigenação das raízes submersas, permitindo a

produção energética em níveis mínimos para a sobrevivência vegetal.

Apesar de tolerante ao alagamento e potencial recurso florestal; atingindo altura de 20 a 30

m e tronco com 40 a 60 cm de diâmetro; o crescimento do guanandi é lento em comparação a

espécies florestais convencionais; mas no solo saturado seu crescimento é mantido, ainda que mais

lento (DEVIDE et al., 2011). SALVADOR et al. (1992), observaram após 30 meses do plantio, nas

condições de Paraibuna, no Vale do Paraíba paulista, revelou altura de 1,20m sob as bordas do

reflorestamento, com sombreamento parcial e solo úmido a encharcado por períodos que variaram

entre três e quatro meses ao ano. Em Promissão (SP), o guanandi a pleno sol em uma gradação de

umidade, apresentou desenvolvimento decrescente conforme aumentou a saturação hídrica do solo,

partindo de 2,42m de altura no solo drenado a 1,50m no brejo (SALVADOR et al., 1992). Nas

melhores condições a percentagem de falhas foi de 5,0% ao passo que sob inundação, atingiu 25%

de perdas.

Nas folhas glabras e coriáceas do guanandi, medindo de 10 a 13 cm de comprimento por 5 a

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6 cm de largura, com nervuras secundárias numerosas, paralelas e muito próximas uma das outras,

há canais e cavidades secretoras esquizógenas, também, presentes em outros tecidos na família

Clusiacea, conforme descrito por CRONQUIST (1981) e citado por GASPAROTTO Jr. et al.

(2005). Os metabólitos de importância medicinal nas folhas do guanandi, somadas aos canais

secretores, promovem o acúmulo de metabólitos secundários, tais como xantonas e cumarinas

(GASPAROTTO Jr. et al., 2005), já confirmadas com efeitos crioprotetor, antisecretor e anti-úlcera

da fração obtida da casca do guanandi (SEM et a., 2009; SARTORI et al., 1999). SILVA et al.

(2001) comprovaram atividade anti-analgésica e anti-inflamatória do extrato das folhas e

GASPAROTTO Jr. et al. (2005), a atividade moluscicida de uma cumarina, apresentando a mesma

intensa atividade frente a Biophalaria glabrata, vetor da Esquistossomose Mansônica no Brasil. No

ano de 1992, um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer reportou uma uma

cumarina isolada do gênero Calophyllum sp. muito ativa frente ao vírus HIV-1 e feito preventivo

anticâncer. Popularmente, no Brasil, o guanandi é utilizado no tratamento do reumatismo, varicoses,

hemorroidas e úlceras crônicas. Percebe-se grande aplicabilidade na área médica, além do

reconhecido emprego como madeira de lei.

O emprego do gênero Calophyllum sp. em sistemas agroflorestais é destacado em diversas

partes do mundo: na Costa Rica (REDONDO-BRENES e MONTAGINI, 2006), em ilhas do

pacífico (FRIDAY e OKANO, 2006; FRIDAY e OGASHI, 2011) e na Amazônia brasileira

(SCHROTH et al., 2002). Em relação às pragas e doenças, MORAES et al. (2011) registraram

danos do besouro da ambrosia (Premnobius cavipennis), abrindo galerias e orifícios com manchas

ao redor causadas por fungos introduzidos pelos besouros na madeira.

3 CULTURAS ANUAIS EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS: Estado da arte

A seleção de culturas anuais para compor os sistemas agroflorestais é de grande importância

para permitir a geração de renda logo no primeiro ano, reduzindo os custos da implantação do

sistema, possibilitando obter rendimento futuro com a rotação de espécies mais adaptadas ao

sombreamento. A sucessão vegetal na agrofloresta demanda obrigatoriamente a sucessão de

cultivos, podendo alternar espécies heliófitas anuais na implantação do sistema por outras tolerantes

ao sombreamento.

Os sistemas agroflorestais são praticados em quintais domésticos em todo o mundo, sendo

de grande importância para a agrobiodiversidade e segurança alimentar de famílias de agricultores,

com possibilidade de obtenção de renda extra através da comercialização de excedentes (VIA

CAMPESINA, 2011).

Segundo a FAO, as culturas tuberosas tropicais alimentam mais de 400 mil pessoas nas

ilhas do Pacífico, dentre elas se destacam: taro (Colocasia esculenta), taro gigante do brejo

(Cyrtosperma chamissonis), taro gigante (Alocasia macrorhhiza), taioba (Xanthosoma

sagittifolium), mandioca (Manihot esculenta), batata-doce (Ipomoea batatas) e inhame (Dioscorea

spp.), sendo estas os principais componentes da dieta de populações, particularmente, da maioria da

população rural que ainda permanece nesses arquipélagos (FAO, sem data). Além dessas espécies,

NAIR & KUMAR (2006) destacam Dioscorea alata (inhame gigante) e Dioscorea esculenta

(inhame doce).

Os homegardens ficaram conhecidos no Brasil como quintais agroflorestais. A partir de

origens pré-históricas e provavelmente dispersas. Esses sistemas se espalharam gradualmente para

muitas regiões úmidas no Sul e Sudeste da Ásia, incluindo Java (Indonésia), Filipinas, Tailândia, Sri

Lanka, Índia e Bangladesh. Têm destaque as espécies: coco (Cocos nucifera), pimenta preta (Piper

nigrum), gengibre (Zingiber officinale), cana de açúcar (Saccharum officinarum) e diversas

leguminosas cultivadas para obtenção de grãos (WIESUM, 2006).

Uma das características da colonização da Amazônia foi à introdução de um número de

árvores de frutos exóticos, tais como laranjas, limões (Citrus aurantifolia), limão doce (Citrus

limetta), biribás (Rollinia mucosa), manga (Mangifera indica), banana, mamão (Carica papaya),

goiaba (Psidium guajava), abacate (Persea americana), abiu (Pouteria caimito), genipapo (Genipa

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americana) e biribá. No século XIX, essas árvores de frutas exóticas tinham sido totalmente

incorporadas aos quintais agroflorestais ao longo do rio Amazonas. Assim como o maracujá-açu

(Passiflora quadrangularis), cabaça (Crescentia cujete) e laranjeiras também circundavam o

entorno de habitações indígenas, incluindo as espécies nativas mais comuns: açaí (Euterpe

oleracea), palmeiras bacaba (Oenocarpus bacaba), tucumã (Astrocaryum vulgare), variedade de

Anonáceas, bacuri (Platonia insignis), castanha brasileira (Bertholletia excelsa), cacau e

seringueiras (MILLER, 2006). Nessa região MILLER (2006) se refere à mandioca como a principal

cultura anual utilizada nos sistemas agroflorestais.

Nas centenas de sítios arqueológicos da região amazônica, onde se encontram as terras

pretas de índio, observam-se com frequência arranjos funcionais contendo espécies florestais

inseridas em sistema multiestratificado com elevada densidade, demonstrando que na Bacia

Amazônica havia numerosa população indígena, que desenvolveu um modelo de subsistência

baseado na caça, pesca, extrativismo vegetal e no cultivo agrícola, incluindo diversidade de espécies

anuais, destacando a mandioca (Manihot esculenta) e a araruta (Marantha arundinaceae), sendo os

consórcios elaborados com essências florestais selecionadas de maneira proposital. Essas áreas

foram enriquecidas com plantas com o mais alto grau de domesticação, havendo espécies selvagens

ou incipientemente domesticadas, trazidas ou vindas espontaneamente, formando pomares no

entorno das ocupações (MILLER & NAIR, 2006).

Nos sistemas agroflorestais baseados na coivara, a domesticação foi direcionada para

espécies de ciclo longo, tais como a mandioca (Manihot esculenta), batata-doce (Ipomoea batatas),

taioba (Xanthosma sp), ariá (Maranta lutea), araruta (Maranta arundinacea) e o inhame (Dioscorea

alata), dentre outras menos frequentes, cuja parte comestível são, em geral, os órgãos subterrâneos,

ao contrário do que prevaleceu na região de clima temperado e mediterrâneo, onde as plantas anuais

de ciclo curto, tais como os cereais e diversas leguminosas, formaram a base da dieta das

populações colonizadoras (MARTINS, 2005; FELTRAN-BARBIERI, 2010).

No Kerala, Índia; chamado de a “Meca” da agrofloresta dos trópicos úmidos, devido à

amplitude das pesquisas sobre o uso de espécies florestais com múltiplos propósitos, por mais de 25

anos ininterruptos; os estudos demonstraram o potencial dos sistemas agroflorestais para a produção

sustentável de alimentos, abrangendo diversos aspectos, tais como: formas de elaboração dos

sistemas e sua dinâmica, riqueza de espécies, interações que ocorrem abaixo do nível do solo,

ciclagem de nutrientes, manejo do estande agroflorestal, sequestro de carbono, propriedades

múltiplas das madeiras (madeira de lei, combustível) e aspectos socioeconômicos. Essa atenção se

deve à habilidade dos sistemas agroflorestais em contribuir para a melhoria da qualidade ambiental,

conservando a agrobiodiversidade, e para a ciclagem de nutrientes (KUMAR, 2011).

Dentre os sistremas agroflorestais pesquisados na África, LOSE et al. (2003) cita a

experiência do cultivo solteiro de mandioca e em consórcio com milho (Zea mays) sob três arranjos:

aléias anuais com Cajanus cajan e aléias perenes com Gliricidia sepium, Flemingia macrophylla,

Parkia biglobosa e Millettia thonningii. Observaram que o consórcio com C. cajan reduziu a

densidade e o peso de raiz em relação ao sistema com árvores perenes, que por sua vez, também,

teve efeito prejudicial sobre o crescimento da euforbiácea nas linhas adjacentes. No entanto, o

rendimento global foi positivo quando computou-se a área total.

No Planalto Central do Vietnã, as terras cultivadas com mandioca estão situadas na maioria

das vezes em terreno íngreme. Em muitos locais, os agricultores adotam modelos agroflorestais

como alternativa de conservação do solo, consorciando as seguintes culturas: arroz, milho,

mandioca e feijão, com árvores. Um desses modelos envolveu a espécie Litsea glutinosa

(Lauraceae) e mandioca. Litsea é uma espécie local polivalente encontrada na floresta semidecídua

no Planalto Central. A maioria da biomassa (tronco, casca, folhas e galhos) pode ser utilizada ou

vendida no mercado para produção de diferentes produtos (HUY, 2010).

No Sul da Índia, após três anos de estudos com sistemas agroflorestais observou-se aumento

no rendimento de madeira do eucalipto no consórcio de mandioca + amendoim e a redução de

rendimento da fitomassa da folhagem da leucena no consórcio com mandioca foi incrementada

quando se adicionou a leguminosa anual. As arbóreas reduziram a produtividade da mandioca e de

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vagens por duas safras consecutivas, mas em termos de fertilidade (GOSH et al., 1989).

É importante selecionar espécies arbóreas com baixa competitividade radicular e/ou árvores

que apresentem interações de raízes positivas e complementares para os sistemas agroflorestais. Na

Índia, avaliou-se a magnitude da competição radicular no consórcio do coqueiro aos 17 anos de

idade com árvores de usos múltiplos de três anos de idade [Vateria indica (Dipterocarpaceae),

Ailanthus triphysa (Simaroubaceae) ou Grevillea robusta (Proteaceae)] e Kaempferia galanga; uma

planta herbácea medicinal da família Zingiberácea; revelou que houve interferência na absorção de 32

P aplicado na palmácea. Linhas simples das arbóreas são mais recomendáveis para a recuperação

do 32

P pelo coqueiro, presumivelmente porque a densidade radicular aumenta no subsolo. A

absorção de 32

P foi geralmente maior quanto mais próximo das árvores, possivelmente, devido à

maior concentração de raízes superficiais (KUMAR et al., 1999).

Na Tailândia, dentre as espécies arbóreas testadas para o consórcio com a mandioca, as mais

adequadas foram: Eucalyptus camaldulensis, Cassia siamea e Acacia auriculiformis. E.

camaldulensis se destacou pela possibilidade de obtenção de postes, lenha, madeira e cavacos

(chips) após cinco anos de cultivo. A produção média da mandioca em consórcio foi de 1.667kg rai-

¹, porém, a safra de milho foi muito baixa: apenas 58 kg em duas parcelas (KHEMNARK, 1994).

O consórcio de árvores e culturas agrícolas pode ser importante alternativa para promover a

restauração florestal em pequenas propriedades rurais. Na região Oeste do estado de São Paulo,

avaliou-se o consórcio de diversidade florestal nativa e mandioca, plantada nas entrelinhas do

reflorestamento, em zona ripária. Além de não haver diferenças entre os tratamentos com relação às

variáveis dendrométricas e mortalidade das mudas florestais, a lavoura gerou receita extra de 32%

do custo total do sistema em apenas uma safra, fazendo com que o custo total da restauração fosse

diminuído em 19% quando comparado com o reflorestamento convencional (DARONCO, 2012).

Na República dos Camarões, HAUSER et al. (2000) verificaram que o rendimento de raízes

de mandioca, também, não foi afetado pelo consórcio com aleias de Senna spectabilis em sistema

de plantio direto (HAUSER et al., 2000).

ALTIERI & NICHOLLS (2008) relataram que nas zonas baixas tropicais com clima úmido e

quente, e em ambientes mais secos, como no Nordeste brasileiro, o cultivo de babaçu (Orbignya

phalerata) em áreas de pastoreio proporciona sombra para o gado, enquanto sua introdução em

áreas agrícolas melhorou o microclima e reduziu a perda de solo e água, beneficiando as culturas de

mandioca, arroz, milho e até mesmo da bananeira.

Na Ilha de Java, os produtores rurais desenvolveram seus sistemas agroflorestais com base

no objetivo econômico (lucro líquido e redução de riscos ambientais), sendo os serviços ambientais

um fator secundário.

Há uma ampla diversidade de sistemas agroflorestais no mundo, tendo sido indentificadas as

seguintes culturas agrícolas: Manihot esculenta, Ipomoea batata, Arachis hypogaea, Glycine max,

Capsicum annuum, Solanum aculeatissimum, Solanum melongena, Lycopersicon esculentum, Vigna

unguilata, Cucumis sativus, Ipomoea aquática e Phaseolus vulgaris; dentre as perenes: Musa

paradisiaca, Carica papaya e Ananas comosus, Coffea arabica, Cocos nucifera, Eugenia

aromática; e dentre as florestais: Cinnamomum burmanii, Aleurites molucana, Arenga pinnata,

Areca catechu, Vanilla mexicana, Durio zibethinus, Mangifera indica, Artocarpus heterophyllus,

Persea americana e Citrus aurantium; Gliricidia sepium, Erythrina subumbrans, Toona sureni e

Tectona grandis (WIJAYANTO, 2011). As associações mais comuns entre árvores e arbustos com

culturas arbóreas incluíram: Dacryodes edulis (75,5%), Pterocarpus santa linoides (66,5%),

Vernonia amyigdalina (74%), Pterocarpus soyanxii (77,5%), Citrus sinensis (88,5%), Musa spp

(85,5%), Chrysophyllum albidum (70%), Carica papaya (86,2%) Kola spp. (67,5%), Newbouldia

leavis (89%) Irvigia gabonensis (64%), Treculia africana (46,5%), Phukenatia conophora (43,5%)

e Ocimum gratisimum (47,5%). Dentre as espécies que dominam nos campos, destacam-se:

Pentaclethra macrophylla (59,5%), Cajanus cajan (55%), Spondias mombin (46%), Brachystegia

spp. (49%), Eleais guinensis (62,5%), Chlorophora excelsa (91%), Myristica monadora (42,5%) e

Garcinia kola (45,5%). A produção de inhame predomina em consórcio nos sistemas agroflorestais

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(69,5%), além de mandioca (56,5%), caupi (58,5%) e vegetais folhosos (68,5%) (WIJAYANTO,

2011).

A seleção de culturas anuais para compor os SAFs com o guanandi levou em consideração

as adaptações ecofisiológicas ao solo inundável, que é o ambiente mais restritivo. Para este

trabalho, foram selecionadas culturas anuais com características de tolerância à inundação do solo,

devido o reduzindo o teor de oxigênio, ocasionando modificações no metabolismo e adaptações

estruturais dos tecidos; e à seca, que ocorre de maneira proeminente nos terraços durante os meses

de inverno.

4 CARACTERIZAÇÃO DE CULTURAS ANUAIS PARA O CONSÓRCIO COM GUANANDI

(Calophyllum braziliense)

4.1 Culturas anuais convencionais

4.1.1 Mandioca – Manihot esculenta

A mandioca de mesa, conhecida por aipim ou macaxeira, pertence à família Euphorbiaceae e

contém menos de 100 ppm de HCN na polpa crua das raízes. Dentre as culturas hortícolas, é uma

das mais rústicas, adaptando-se a solos ácidos nas diversas regiões brasileiras. O ciclo longo e sem

“picos” de demanda de nutrientes, associação com fungos micorrízicos e a capacidade em regular a

taxa de crescimento, mantendo adequados níveis de nutrientes nos diferentes órgãos e tecidos, faz

dessa espécie a cultura alimentícia mais popular no Brasil. Por tudo isso é possível recomendá-la

como cultura chave para a transição agroecológica de unidades convencionais em orgânicas

(DEVIDE e CASTRO, 2010). No Vale do Paraíba, os plantios tem se estendido em terraços fluviais

e nas várzeas drenadas em solos com elevado teor de matéria orgânica (turfa), neste caso, sendo

obrigatório o plantio em camalhões.

A mandioca é uma planta heliófila, perene, arbustiva, tolerante à seca com ampla adaptação às mais

variadas condições de clima e solo. A parte mais importante da planta são as raízes tuberosas, ricas

em amido, utilizadas na alimentação humana e animal ou como matéria-prima para diversas

indústrias, tais como a farmacêutica, alimentícia, têxtil, papeleira, entre outras (LORENZI, 2003).

Entretanto, CLERCK &. NEGREROS-CASTILLO (2000) relataram a presença da mandioca em

9% de 80 homegardens multiestrato analisados na Zona Maia, no México, sendo cultivada para fins

alimentares com 94% de sombreamento, atingindo até 3,0 m de altura abaixo do dossel das árvores

e colheita realizada o ano todo, com um valor agregado de $0.7 kg-¹.

Na Amazônia, DUFOUR (1990) relatou o cultivo da mandioca nas áreas centrais dos

homegardens com amendoim (Arachis hypogaea), banana, coca (Erythroxylum coca), diversidade

arbórea, tais como ingá (Inga sp.), caimito (Pouteria caimito) e pupunha (Bactris gassipaes).

Originária do Brasil foi disseminada pelos portugueses e espanhóis por toda América,

chegando a outros continentes, especialmente África e Ásia, que se tornaram os maiores produtores.

A produção mundial é de aproximadamente 140 mi de toneladas, sendo o sexto produto alimentar

da humanidade em volume, depois do trigo, arroz, milho, batata e cevada (LORENZI, 1998). No

Brasil, a cadeia produtiva (incluindo a mandioca para indústria) emprega duas mil pessoas, com um

consumo per capita de raízes in natura de 51 kg hab-1

ano-1

, que supera a média mundial (17 kg hab-

1 ano

-1) (FAO, 2007).

As variedades cultivadas com fins industriais são chamadas de mandioca amarga, tóxica ou

brava por apresentarem altas concentrações de ácido cianídrico (> 200 ppm de HCN) nas raízes e

são colhidas tardiamente (9 a 24 meses), enquanto a mandioca de mesa é precoce (de 7 a 12 meses),

em razão da qualidade culinária (LORENZI, 1998; LORENZI, 2003).

A seleção de variedades de mandioca de mesa para o cultivo na região Centro-Sul do Brasil

tem buscado genótipos produtivos, raízes uniformes, cilíndricas ou cônicas, resistentes à bacteriose,

adequadas à mecanização e com alto valor nutricional (ricos em carotenóides pró-vitamínicos A e

baixo teor cianogênico), além de boas características culinárias e sensoriais (polpa amarela,

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cozimento rápido e sabor agradável) (VALLE et al., 2009).

Para o consumo humano, a variedade mais plantada no estado de São Paulo é a IAC 576-70

conhecida popularmente como „amarelinha‟ ou „cinco-sete-meia‟, também, expressiva na

agricultura periurbana (LORENZI, 2003). Foi obtida por cruzamento entre IAC 14-18, de raízes

brancas, selecionado no IAC, com o SRT 797 – ouro-do-vale, de raízes amarelas, coletado de

agricultores rurais, no ano de 1970 e lançada em 1984 (SILVEIRA, 2012), sendo rapidamente aceita

por produtores e consumidores por suas características agronômicas e culinárias, tais como alta

produtividade, resistência à bacteriose, primeira ramificação à meia altura com angulação de 45º

favorecendo sistemas consorciados e facilitando os tratos culturais, raízes uniformes e superficiais

que facilitam a colheita, formato cilíndrico, tamanho adequado às exigências dos consumidores e

polpa cozida de cor amarelada, excelente fonte de vitamina A (CARVALHO et al., 2005). No ano de

2000, obteve-se a nova variedade IAC 6-01 „ouro‟. A mandioca comum, com raízes brancas, tem 20

unidades internacionais (UI) (sistema mundial de medidas para quantificar vitaminas) de vitamina A

por 100 gramas de raízes frescas, enquanto a variedade 576-70 tem cerca de 220 UI. Para comparar,

a necessidade diária de um adulto é de 2.000 UI. A IAC 6-01, que foi desenvolvida a partir do

cruzamento da SRT 1221 (vassourinha-amarela) com a IAC 576-70, tem quase quatro vezes mais

vitamina A que a 576-70, ou mais precisamente 800 UI (SILVEIRA, 2012).

Uma vez considerada como cultura hortícola, é essencial que seu cultivo seja realizado em

solos férteis, estruturados, bem drenados e ricos em matéria orgânica visando garantir a qualidade

sensorial das raízes e atender às exigências do mercado consumidor. A mandioca de mesa é plantada

no Vale do Paraíba paulista tradicionalmente após as operações de aração e gradagem. Os

produtores não realizam irrigações ou adubações regulares, o plantio é feito em solos ácidos, em

rotação com pastagem ou em policulturas. Além disso, a época de plantio coincidente com as mais

altas taxas de precipitação pluvial, associada ao desenvolvimento lento das plantas nos três

primeiros meses (VIÉGAS, 1976), amplos espaçamentos de plantio para a colheita de raízes de

mesa e reduzida área foliar no início e no final do ciclo, predispõe à erosão do solo, resultando na

perda da capacidade de reter a umidade e nutrientes através da mineralização da matéria orgânica,

resultando na lixiviação e infestação por vegetação espontânea indesejável (DEVIDE et al., 2009).

Há relatos de que as perdas de solo na cultura da mandioca no Brasil superam 11 t ha-¹ ano-1

(MARGOLIS & CAMPOS FILHO, 1981).

Por este motivo, o solo deve ser manejado com base na conservação. O plantio em nível e o

terraceamento das glebas são práticas comuns, mas pode-se também optar pela consorciação de

culturas, dentre os arranjos em aleias ou em sistema agroflorestal, antecipando o plantio (maio-

junho) ou adotando a técnica do plantio direto (SPD), que já vem sendo realizado por produtores de

São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Além dos benefícios que o SPD pode oferecer, a rotação

de culturas favorece o aproveitamento dos resíduos de adubação de cultura anterior.

Quanto à nutrição, devido à alta produção de matéria seca obtida pela mandioca, esta extrai

grandes quantidades de nutrientes, sendo a seguinte ordem decrescente de demanda:

K>N>Ca>P>Mg>S. O potássio atua na fotossíntese, favorecendo o status energético necessário

para a produção de ATP, mantém o turgor das células e regula a abertura e fechamento dos

estômatos, o que é essencial para que tenha bom rendimento mesmo sob estresse hídrico. O

potássio, também, promove a absorção de água, regula a translocação de nutrientes, incrementa a

absorção de N e a síntese de proteínas, participando da síntese de amido nas folhas e

desempenhando função essencial no transporte de carboidratos da parte aérea para as raízes

(MEURER, 2006). Na carência de K, pode ocorrer excessiva produção de parte aérea e baixo

rendimento de raízes. Em cultivos para alta produtividade não se pode dispensar a adubação

potássica (LORENZI, 2003).

O nitrogênio é um dos elementos minerais requeridos em maior quantidade e o que mais

limita o crescimento da mandioca, sendo o componente básico de proteínas, ácidos nucléicos e

outros compostos essenciais, como o HCN (LORENZI, 2003). O cálcio, afeta o desenvolvimento da

mandioca quando em excesso, parecendo exercer influência negativa sobre o teor de amido e,

quando em deficiente, provocando atrofia e morte do broto terminal.

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O fósforo participa dos fosfolipídios, nucleoproteínas, ácidos nucléicos, enzimas envolvidas

no transporte de energia e da síntese de carboidratos. Entretanto, a interação do P com constituintes

do solo, como o Al, Fe e Ca, sua ocorrência em formas orgânicas e a lenta difusão na solução do

solo, deixam o P menos disponível na rizosfera. Adsorvido em colóides do solo, o P fica não-

disponível em compostos de baixa solubilidade, contribuir para a produção vegetal (ARAÚJO e

MACHADO, 2006).

Segundo LORENZI (2003), as grossas raízes absorventes da mandioca são pouco

ramificadas e pouco eficientes na absorção de fósforo, embora essa característica negativa seja

compensada por meio de associação micorrízica natural. Nessa simbiose, as plantas fornecem

carboidratos aos fungos e estes colonizam inter e intracelularmente as células corticais, de onde

estendem uma rede de hifas para fora da rizosfera, ampliando o volume de solo explorado pela

planta (ARAÚJO e MACHADO, 2006). Mesmo pouco exigido, a deficiência no solo reduz o

potencial produtivo da mandioca e a resposta à aplicação do nutriente é linear.

O magnésio é o principal constituinte das clorofilas e ativador de enzimas relacionadas ao

metabolismo energético. Sua presença aumenta a eficiência da absorção de P pelas raízes e o

enxofre desempenha importante papel na estrutura das proteínas, com funções metabólicas que

determinam aumentos de rendimento e qualidade das raízes (CONCEIÇÃO, 1981; LORENZI,

2003). Para VALLE et al. (2009), o cozimento insatisfatório das raízes tem elevada correlação

positiva com os teores de Ca e Mg do solo, enquanto raízes com cozimento satisfatório apresentam

maiores concentrações de P, K, Mn, Zn e Cu.

No ano de 2008, a produtividade média de mandioca de mesa no estado de São Paulo foi de

15,6 t ha-1

. No Vale do Paraíba paulista, a terceira maior bacia leiteira do estado (CODIVAP, 2006),

os municípios vinculados ao EDR (Escritório de Desenvolvimento Regional) de Pindamonhangaba

ocupam o sexto lugar na produção de raízes de mesa, com destaque para São José dos Campos. O

plantio ocupou no ano de 2008 uma área de 227 ha (IEA, 2009), caracterizando a importância da

cultura para a segurança alimentar de agricultores familiares.

Sendo o Vale do Paraíba uma bacia leiteira, predominando pastagens em solos

intemperizados, resultando normalmente em baixa produtividade, a mandioca, além de se tornar

importante fonte de carboidratos para alimentação humana, também, pode ser utilizada na

alimentação do rebanho, contribuindo na composição da renda dessas unidades. A planta pode ser

utilizada na dieta dos animais de diversas formas: folhagem e raiz fresca; feno da parte aérea

(folhagem triturada e seca ao sol); raspa integral ou farinha integral (pedaços de raiz secos ao sol);

raspa residual (subproduto da raiz triturada, retirado o amido); farelo de farinha de mesa

(subproduto da fabricação da incluindo as raízes e a parte aérea, farinha de mesa); farinha de

varredura e a silagem de mandioca (mandioca integral triturada e ensilada) (ALMEIDA e

FERREIRA FILHO, 2005). A parte aérea da mandioca possui a maior quantidade de fibras, sendo

mais indicada para os ruminantes, enquanto as raízes são recomendadas para os monogástricos

(LORENZI, 2003), sendo capaz de substituir total ou parcialmente o milho, sendo que as ramas

fornecem, além de proteínas, vitaminas, beta-caroteno e quantidade razoável de minerais, tais como:

Fe, Zn e Cu (SAMPAIO et al., 1994). Apenas 20 % de caule e ramos de mandioca são

reaproveitados para o plantio, restando, desse modo, significante quantidade de material de alto

valor nutricional que pode ser administrada para o rebanho ou retornar para o solo, aumentando o

aporte de matéria orgânica. Estima-se anualmente no Brasil que 15 mi de toneladas de ramas de

mandioca são deixadas no campo (ALMEIDA e FERREIRA FILHO, 2005).

4.1.2 Taro – Colocasia esculenta

O taro (Colocasia esculenta) é originado no norte da Índia Oriental e na Ásia (IVANCIC,

1992) e gradualmente foi difundido por todo o mundo. Estudos citológicos e arqueológicos indicam

que tenha se originado da Península Indo-Malásia, há 50 mil anos atrás (WHITE & O‟CONNELL,

1982). Essas evidências indicam o uso humano dessas plantas nas Ilhas Solomon há mais de 28 mil

anos (LOY et al., 1992), com grande importância para a segurança alimentar da população

residente. Estima-se que de 1100 DC a 1650 DC a população havaiana tenha atingido cerca de 400

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mil pessoas (30, 49, 56) dispersas pelas ilhas do Pacífico. No auge da produção de taro, as áreas de

cultivo estendiam-se por mais de 31 quilômetros quadrados. Porém, grande parte da população

sucumbiu às sucessivas ondas de doenças trazidas por colonizadores, que substituíram o cultivo do

taro por culturas exóticas, tais como o arroz e a cana-de-açúcar, competindo pelo mesmo local e,

também, a depressão durante a segunda guerra mundial (CHO et al., 2007).

O taro é encontrado em maior escala em Ilhas do Pacífico, mas Nova Zelândia, Austrália,

partes do sudeste da Europa e o Oeste da África (Nigéria, Gana, Camarões e Costa do Marfim)

estão produzindo o taro em larga escala. Nas ilhas do Pacífico, a produção é mantida por pequenos

agricultores em sistema familiar (CHO et al., 2007).

Conhecido como „inhame‟ no Brasil, é a principal hortaliça da família Aracea, juntamente

com a taioba, e compreende 100 gêneros e mais de 1.500 espécies (CHO et al., 2007). O taro é uma

planta herbácea que atinge até dois metros de altura. As folhas são verde-escuro e têm limbo com

formato de coração. Os pecíolos podem ser arroxeados ou verdes. A parte utilizada é composta de

um rizoma central esférico, rodeado por vários rebentos laterais menores revestidos por uma

película fibrosa e pequenas raízes. Geralmente a cor da polpa do taro é branca, mas há registros de

rizomas de diversas cores: amarelos, rosas, roxos e creme. A planta não produz sementes, talvez

pela propagação vegetativa contínua e o ciclo de cultivo varia de cinco a doze meses, dependendo

da variedade e das condições do ambiente (SOUZA & REZENDE, 2001).

No Brasil, o taro é dividido em dois grupos conforme a coloração da túnica, branca ou roxa.

Apesar da grande plasticidade fenotípica, as variedades comerciais são a „japonês‟ e „chinesinho‟. A

„macaquinho‟ tem se destacado na região Sudeste pela uniformidade dos rizomas, redondos e pouco

menores e boa qualidade culinária.

No Havaí há diversidade de genótipos obtida por cruzamento. O híbrido BC99-6 (UH–

CTAHR) é promissor pelos seguintes motivos: produtividade, resistência às doenças e pragas,

qualidade culinária e padrão comercial para uso industrial (CHO et al., 2007).

O taro é considerada uma planta tipicamente tropical de clima quente e úmido com ao

menos 1.800 mm de precipitação pluvial ao ano distribuída de maneira uniforme e temperatura

entre 25 e 30 ºC. Desenvolve-se melhor em solos de textura arenosa, facilitando a emergência e o

desenvolvimento dos rizomas. É exigente em umidade, mas o terreno não pode ser encharcado,

apesar da capacidade de crescer mesmo sob excesso de água no solo, elevada temperatura e habitat

sombreado, característicos das florestas tropicais (IMBERT et al., 2004). Cresce bem sob clima

tropical Af (floresta sempre úmida), Am (moções) e Aw (tropical com inverno seco) e subtropical

Cfa (tropical úmido continental). No Pacífico, prefere solos úmidos e bem drenados com pH entre

5,5-7,8 havendo variedades que são cultivadas em solos inundáveis.

Nas ilhas do Pacífico, as plantas produtoras de tubérculos e rizomas são as principais fontes

de carboidratos da população. O taro, conhecido como „kalo‟ no Havaí, é uma das culturas mais

antigas e consumidas (CHO et al., 2007), assim como na ilha de Samoa, onde se desenvolve o

melhoramento genético (SIVAN & LIYANAGE, 1980). Nessa região, etnovariedades foram

mantidas por produtores em aldeias e resgatadas, sendo agrupadas com base no grau de variação

morfológica (NOYER et al., 2003; KREIKE et al., 2004). A nomenclatura local e histórias

associadas com cada cultivar sugeriram três fontes de diversidade: introduções (38%), mutações

somáticas (15%) e recombinações sexuais (48%). A manutenção do modelo tradicional de produção

favorece a ampliação da base genética do taro, havendo 96 formas selvagens analisadas por AFLP e

comprovadamente, 11 escaparam da domesticação (CAILLON et al., 2006).

Essa plasticidade e adaptação tem possibilitado seu emprego em sistemas agroflorestais, em

cultivos consorciados entre faixas de espécies arbustivas e arbóreas (alley cropping). GONDIM et

al. (2007) destacaram a plasticidade anatômica da lâmina foliar do taro „Japonês‟ quando submetido

a diferentes intensidades de sombreamento. Na Zona da Mata mineira, é possível associar culturas

de maior porte com o taro, desde que o sombreamento tenha intensidade de até 18%, em qualquer

fase do ciclo, sem causar diminuição significativa na produção de rizomas, porém, a medida que

aumenta a intensidade obtém-se maior quantidade de fitomassa na parte aérea e rizomas-mãe de

maior peso em detrimento da produtividade dos rizomas-filho (GONDIM et al., 2007). Em relação

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ao acúmulo de nutrientes no cultivo a pleno sol, os dois nutrientes mais exportados pelo taro

„Japonês‟ foram N e K, com 133 e 206 kg ha-1

, respectivamente (PUIATTI et al. 1992; SEDIYAMA

et al., 2009). PUIATTI et al. (2004) destacam que para o plantio podem ser utilizados rizomas de

qualquer tamanho, entretanto, o rizoma-mãe produz filhos maiores, sendo a cultura responsiva ao

manejo orgânico.

O taro esteve presente em 14% de 80 homegardens multiestrato analisados na Zona Maia, no

México. Cultivado para fins alimentares com 94% de sombreamento, atingiu até 1,5 m de altura

abaixo do dossel das árvores, com colheita realizada de Março a Abril (CLERCK &. NEGREROS-

CASTILLO, 2000). Na Amazônia, DUFOUR (1990) relatou o cultivo do taro (Dioscorea trifida

macrocarpa) nas áreas centrais dos homegardens junto com amendoim (Arachis hypogaea),

banana, coca (Erythroxylum coca) e arbóreas como ingá (Inga sp.), caimito (Pouteria caimito) e

pupunha (Bactris gassipaes).

Em quatro grandes vales dos principais rios do Havaí, em ilhas do Pacífico, a produção do

taro é realizada até os dias atuais em condições de inundação, respondendo por dois terços da

produção anual da região. O taro normalmente floresce na Melanésia, já na Polinésia, para os

cruzamentos intervarietais, a indução tem que ser feita com giberilina (500 ppm). A inflorescência

em forma de espata é emitida da porção central da planta (HARLEY et al., 2010). A produção do

taro (Colocasia esculenta) e taro gigante do brejo (Cyrtospenna chamissonis) sob solos

antropogêncios no atol da Micronésia (área de 3,2 mil km²), Filipinas, Polinésia, Ilhas Fiji, Papua

Nova Guiné, datam da era pré-histórica (MATTHEWS et al., 2012). No interior das maiores ilhas,

em região com água isenta de sais, o cultivo é rodeado ou entremeado com culturas perenes e a

floresta (Calophyllum inophyllum, Cocos nucifera, Musa sp., Pandanus sp.) formando barreira

contra os ventos salinos (MANNER, 1980). O taro gigante é uma planta pré-histórica cultivada em

menor escala em todas as ilhas (HATHER, 2000).

O crescimento inicial do taro é lento, porém, sofre incremento após um a dois meses do

plantio, atingindo o ápice entre cinco a seis meses após o plantio. A produtividade de rizomas está

diretamente relacionada com a área foliar, estimada por meio do índice de área foliar (IAF), sendo a

taxa máxima obtida aos cinco meses de idade, decrescendo até a maturação. O taro pode ser colhido

a partir de seis meses permanecendo no campo por até 12 meses, dependendo da variedade e do

sistema de produção, principalmente do manejo da água (HARLEY et al., sem data).

Nas ilhas do Pacífico e Ásia a adubação é preconizada em pré-plantio ou em cobertura, de

maneira parcelada a partir do estádio de duas folhas até os cinco meses de idade. No Havaí, há todo

tipo e escala de cultivo, desde vasos até extensas planícies com tabuleiros irrigados com taro.

O rizoma do taro é um alimento rico em carboidratos na forma de amido para energia. Do

amido total, 99% apresentam-se na forma de pequenos grânulos, menores que os da batata,

possibilitando recomendá-lo para pessoas com má digestão. Também, é fonte de potássio e fibras. O

consumo regular garante quantidades suficientes de ferro e cálcio e suas folhas são excelentes

fontes de carotenóides pro-vitamínicos A, vitaminas (riboflavina e tiamina) (CHO et al., 2007).

Entretanto, na família Araceae há muitas plantas venenosas. O taro apresenta em seus

tecidos uma protease vinculada aos cristais de oxalato de cálcio na forma de ráfides afiadas,

necessitando que seja seco ou cozido previamente ao consumo a fim de eliminar essas substâncias

(MATTEWS et al., 2012).

Dentre os problemas que afetam essa cultura no Havaí, foi diagnosticada a ferrugem de

folhas (causada por Phytophthora colocasiae), a podridão de rebentos, o caracol, pulgão de raiz e

nematóides de galha, sendo o melhoramento o meio de se buscar resistência através das variedades

havaianas.

A Faculdade de Agricultura Tropical e Recursos Humanos (CTAHR), a Cooperativa de

Serviço de Extensão (CTAHR), a Universidade do Havaí e o PAR – Permanent Agriculture

Resources são os principais articuladores do resgate do taro nas ilhas do Pacífico. Publicações do

CTAHR podem ser encontradas no site <http://www.ctahr.hawaii.edu/freepubs> e do PAR, focado

em culturas específicas para sistemas agroflorestais, divulgadas em: <http://agroforestry.net/scps>.

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4.1.3 Gengibre – Zingiber officinale

O gengibre é uma planta da família das Zingiberaceae com origem incerta, sendo

considerada uma cultura indígena dos trópicos, possivelmente nativa do Sudeste da Ásia, tendo sido

primeiro cultivada na Índia e na China, e depois introduzida no Mediterrâneo e disseminada por

todo o mundo. As Ilhas Fiji e Havaí, se destacam no cultivo do gengibre (VALENZUELA, 2011),

dentre outras ilhas dos arquipélagos do Pacífico. É uma das culturas mais importantes em

Bangladesh (BBS, 2010).

O gengibre é frequentemente plantado em sistemas agroflorestais, entre coqueiros, árvores

frutíferas, consorciado com culturas de ciclo curto, tais como abóbora (Momordica charantia) e

diversidade de feijões no continente indiano, Ásia e diversas ilhas do Pacífico (FAY BEL, 2009;

VALENZUELA, 2011). Sua adaptação aos SAFs se deve à moderada tolerância à sombra. Na

Austrália, desenvolve-se ampla cadeia de processamento para o mercado orgânico, abastecendo os

países europeus, com destaque para Inglaterra e Alemanha (FAY BELL, 2009).

O plantio do gengibre em rotação ou em consórcio com leguminosas para adubação verde

tem sido incentivado para conservar as propriedades do solo, obtendo-se parte do nitrogênio

orgânico requerido pela cultura, além de combater os nematoides, que provocam sérios danos aos

rizomas e inviabilizam a produção (MARCHIORI, 2008). Dentre as leguminosas utilizadas nesse

sistema, se destacam o feijão guandu (Cajanus cajan), caupi (Vigna unghiculata), soja (Glyxine

max) e a crotalária (Crotalaria sp.) (VALENZUELA, 2011).

BHUIYAN et al. (2012) verificaram aumento no rendimento com a diminuição dos níveis de luz,

obtendo-se rendimento máximo sob sombra parcial no consórcio coco+goiaba e o maior

crescimento sob coco+limão. Nas Filipinas, é tradicional o consórcio de gengibre com outras

espécies, tais como feijão mungo (Vigna radiata), batata-doce (Ipomoea batatas), repolho (Brassica

oleraceae), milho-doce (Zea mays) e as espécies florestais Alianthus triphysa (para trabalhos em

madeira) e palmeiras (Areca catechu) (VALENZUELA, 2011). CLERCK &. NEGREROS-

CASTILLO (2000) destacaram o gengibre em 25% de 80 homegardens multiestrato pesquisados na

Zona Maia, no México, como cultura promissora para o sub-bosque, por tolerar até 98% de

sombreamento ocupando o estrato baixo de 0,6 a 1,5 m de altura abaixo do dossel das árvores,

cultivada para fins medicinais, alimentares e condimentares, sendo a colheita obtida todo ano, com

um valor de $2.0 kg-¹.

O rendimento de gengibre em consórcio com álamo (Populus deltoides G-3 „Marsh‟)

superou os valores obtidos com a cultura solteira, na Índia. Todavia, houve queda de produtividade

quando a árvore estava plantada no espaçamento reduzido (menor que 5 x 3 m), resultando em mais

de 53% de sombra. Nesse estudo, JASWAL et al. (1993) recomendam o consórcio do gengibre com

álamo desde que este tenha sido plantado no espaçamento de 5 x 4 m ou maior. Observaram-se

reduções mais drásticas do comprimento dos rizomas, rendimento por planta e por hectare quanto

mais próximo o gengibre estava do álamo. Entretanto, o rendimento do açafrão foi ligeiramente

superior, ao do gengibre, provando ser mais adaptado ao sistema agroflorestal. Entre as distâncias

do álamo, JASWAL et al. (1993) preconizam os espaçamentos de 5 × 4 m para o consórcio com o

gengibre. No Havaí, WILKINSON & ELEVITCH (2000) preconizam o cultivo do gengibre em

sistemas agroflorestais.

O Fusarium (Fusarium sp.) é a doença que infecta o rizoma durante os estágios de pós

colheita. Os sintomas envolvem a descoloração vascular e a seca do rizoma em estádio avançado ou

após o plantio através do amarelecimento da planta jovem, interrompendo o desenvolvimento.

O gengibre pode ser estocado com outras espécies, tais como mandioca, cebola, batata,

abóbora, batata-doce, taro e inhame, que necessitam de 13 - 18º C e 85-95% de umidade relativa

(VALENZUELA, 2011).

4.1.4 Açafrão - Curcuma longa

O açafrão (Curcuma longa), uma das especiarias mais antigas do sub-continente indiano

(BBS, 2010). Do açafrão, obtém-se um pó colorido exclusivo e versátil, combinando propriedades

do aroma e corante. Essas espécies são amplamente cultivadas em sistemas agroflorestais no

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continente indiano, Ásia e diversas ilhas do Pacífico (JASWAL, 1993; FAY BEL, 2009;

VALENZUELA, 2011).

O açafrão é amplamente cultivado em sistemas agroflorestais no continente indiano, Ásia e

diversas ilhas do Pacífico (JASWAL, 1993; FAY BEL, 2009; VALENZUELA, 2011), sendo que sua

adaptação se deve à tolerância à sombra; assim como o gengibre; consorciado com coqueiros,

árvores frutíferas, culturas de ciclo curto, tais como abóbora (Momordica charantia) e diversidade

de feijões.

JASWAL et al. (1993) recomendam o consórcio do açafrão com álamo (Populus deltoides

G-3 „Marsh‟), espécie nativa da América do Norte muito comum em sistemas agroflorestais. Em

comparação ao cultivo solteiro a sobrevivência foi inversamente correlacionada à intensidade da

luz, com reduções do comprimento dos rizomas, no rendimento por planta e por hectare quanto

mais próximo o açafrão estava do álamo. Nesse sistema, o rendimento do açafrão superou o

gengibre, por ser mais rústico e adaptado ao sistema agroflorestal. Entre as distâncias do álamo,

JASWAL et al. (1993) preconizam os espaçamentos de 5 × 5 m com o açafrão. No Havaí, o cultivo

do açafrão, também, é preconizado em sistemas agroflorestais (WILKINSON & ELEVITCH,

2000).

4.2 Culturas anuais não convencionais

4.2.1 Araruta – Marantha arundinaceae

A araruta, Maranta arundinacea, pertence à família Amarantaceae, que contempla famílias

de plantas tropicais, tais como a banana, gengibre, cúrcuma e o açafrão indiano, além de espécies

ornamentais, tais como helicônias, estrelitzia, alpínias, dentre outras.

Originária da América do Sul de toda a região costeira, das Guianas ao Rio de Janeiro, o

nome araruta derivou-se da tribo Aruak de índios que habitavam do Amazonas à região do Caribe.

Cultivavam e extraíam o amido utilizado para engrossar sopas, tratar diarréia, fortificar parturientes

e como purificador do sangue (NEVES, et al., 2005). DUFOUR (1990), relatou o cultivo da araruta

(Maranta ruiziana) nas áreas centrais dos homegardens junto com batata-doce (Ipomoea sp.),

pimentas (Capsicum annuum), banana, coca (Erythroxylum coca) e arbóreas, como ingá (Inga sp.),

caimito (Pouteria caimito) e pupunha (Bactris gassipaes).

A araruta é uma planta herbácea perene comum nas florestas tropicais que forma rizomas.

Cresce formando touceiras que chegam a 1,2 m de altura. As folhas alternadas têm a forma de lança,

com longos pecíolos e um pulvino bastante proeminente na base que possibilita movimentos

diuturnos às folhas, fechadas e eretas ao entardecer. Desenvolve-se melhor em regiões de

temperatura média mensal maior do que 22ºC com boa distribuição de chuvas, preferindo solos

arenosos e profundos ricos em matéria orgânica, que favorecem o desenvolvimento dos rizomas.

A araruta é rústica, resistente e altamente micorrizada, sendo essa associação uma das

explicações para sua rusticidade e resistência. COELHO (2003) mostra que cerca de 80% das raízes

da araruta são micorrizadas.

Em regiões tropicais e equatoriais, o cultivo é realizado o ano inteiro, desde que haja

umidade para seu desenvolvimento; em regiões frias, o cultivo é restrito à época quente do ano. No

Havaí, WILKINSON & ELEVITCH (2000) preconizam o cultivo da araruta em sistemas

agroflorestais. CLERCK &. NEGREROS-CASTILLO (2000) citaram a araruta em apenas 3% dos

homegardens encontrados na Zona Maia, no México, porém, como cultura promissora para o sub-

bosque, por tolerar até 93% de sombreamento ocupando o estrato de 0,6 a 1,0 m de altura abaixo do

dossel das árvores, cultivada para fins medicinais, alimentares e como ferramenta doméstica, sendo

a colheita obtida entre Janeiro e Maio.

Plantada a partir dos rizomas inteiros ou das extremidades finas de rizomas grandes, pode-se

aproveitar, também, a brotação dos rizomas que ficam no solo por ocasião da colheita. Cerca de 2,0

a 3,0 toneladas de rizomas são usados para plantar um hectare no espaçamento de 0,8-1,0 m entre as

leiras e de 0,4-0,5 m entre plantas. O plantio pode ser realizado em linhas duplas, distantes 0,5 m na

linha e 0,8-1,0 m nas ruas (BRASIL, 2010).

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A araruta cresce lentamente até os 90 dias, aumentando rapidamente nos meses seguintes até

atingir o máximo desenvolvimento de rizomas e folhagem 240 dias após o plantio (COELHO,

2003). Isto possibilita o consórcio com plantas de ciclo curto, tais como feijão, milho e leguminosas

para adubação verde. A crotalária proporcionou condições ótimas para o excelente desenvolvimento

da araruta, que chegam a produzir entre 20 e 23 toneladas de rizomas por hectre, atingindo 30 t ha-1

O cultivo demanda a correção da acidez do solo com antecedência, buscando pH entre 5.8 e

6.3, sendo eficiente no aproveitamento da adubação residual de culturas anteriores. Em solos

pobres, recomenda-se utilizar esterco curtido ou composto na proporção de um quilo por metro de

leira.

A colheita da araruta é realizada entre 9 e 10 meses após o plantio, quando as plantas

apresentam as folhas amareladas e secas, tombadas sobre o solo. Os tratos culturais consistem de

capinas e amontoas, que podem ser manuais ou mecanizadas. É bastante tolerante a pragas e

doenças, sendo os nematóides do gênero Meloidogyne causadores de danos aos rizomas (BRASIL,

2010).

A obtenção do polvilho da araruta dá-se através da trituração dos rizomas, obtendo-se massa

fibrosa contendo o amido. Peneirada e lavada para separação da fibra, segue decantação do amido

ou fécula. A fécula é seca e peneirada para confecção de bolos e biscoitos ou do mingau de araruta,

sendo a fibra utilizada na alimentação de animais. O amido da araruta tem características e

qualidades consideradas inigualáveis, como leveza, alta digestibilidade e ausência de glúten, o que a

torna recomendável para pessoas que apresentam intolerância alimentar a esta proteína.

O plantio escasso e a dificuldade para obtenção do polvilho puro fizeram a indústria

alimentícia abandonar a comercialização da araruta, que praticamente desapareceu do mercado. O

resgate de culturas tradicionais é importante por possibilitar a disseminação dos rizomas evitando

com que essa espécie desapareça, pois depende do replantio anual para a manutenção do material

propagativo.

4.2.2 Taioba - Xanthosoma spp.

A taioba é tipicamente plantada em quintais domésticos no Sudeste brasileiro, sendo

também conhecida em alguns países do Caribe como 'malangá'. Seu uso é bastante difundido

interior do estado de Minas Gerais e no Rio de Janeiro, participando de importantes pratos da

culinária regional. Os rizomas; assim como o taro (Colocasia esculenta); são utilizados na

alimentação, mas o que representa uma iguaria são as folhas refogadas, pois cruas contém efeito

tóxico inerente ao ácido oxálico (oxalato de cálcio), que causa irritação na mucosa da garganta, com

sensação de asfixia (BRASIL, 2010).

A taioba distingue-se de variedades selvagens pela incisão natural das folhas até o pecíolo e

pela coloração verde do ponto de inserção dos pecíolos nas folhas. Planta da família Araceae, é

originária do Brasil tropical e equatorial, sendo uma planta herbácea perene, que pode atingir de 1,5

a 2,0 m de altura. Entretanto, com o corte das folhas para alimentação a deixa em torno de 0,8-1,0 m

de altura.

O rizoma principal é graúdo e apresenta brotações laterais em número reduzido, se

comparada ao taro. No Brasil, a variabilidade deve-se à seleção e manutenção de variedades locais,

podendo ser cultivada em ampla faixa de condições ambientais, preferindo o clima quente e úmido.

Épocas secas e frias prejudicam a cultura, que prefere acima de 25ºC, perdendo as folhas e entrando

em dormência quando a temperatura cai abaixo de 20ºC.

Os solos devem ser ricos em matéria orgânica, adaptando-se muito bem a solos de baixada,

mesmo sujeitos ao encharcamento. Quando necessário, efetuar a correção da acidez do solo

aplicando a quantidade buscando elevar o pH entre 5,8 e 6,3.

A adubação deve se basear nos níveis de nutrientes do solo, utilizando-se no plantio adubo

fosfatado e parte do adubo nitrogenado e potássico, além da adubação orgânica. Em cobertura, aos

25-30 dias, aplicar fontes nitrogenadas e, conforme o manejo, potássica com matéria orgânica. A

cada 20-30 dias do corte de folhas realizando adubação nitrogenada na dose de 40 kg de N ha-1

.

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No preparo do solo, deve-se ter cautela na adoção de práticas conservacionistas, efetuando o

enleiramento e a adubação nos prazos determinados. A época de plantio em regiões tropicais e

equatoriais é realizada o ano inteiro, e em regiões subtropicais ou tropicais de altitude, é restrito à

época mais quente (setembro-outubro a março-abril), permanecendo a cultura em dormência

durante o período frio e/ou seco do ano (BRASIL, 2010).

A propagação é feita por rizomas diretamente no local definitivo. O espaçamento deve ser de

0,8-1,0 m entre as leiras e de 0,4-0,5 m entre plantas nas leiras. É comum o uso de linhas duplas,

distantes 0,5 m entre si e 0,8-1,0 m nas ruas (entrelinhas).

Os tratos culturais consistem de capina manual, devendo irrigar conforme a necessidade, não

havendo recomendações específicas para a taioba, lembrando que em geral ela é cultivada no

período chuvoso, permanecendo dormente no período seco do ano.

A taioba é bastante tolerante às pragas e doenças. A broca Tarophagus proserpina constrói

galerias nos rizomas inviabilizando-os para o consumo. Quanto às doenças fúngicas, há relatos de

ataque de Colletotrichum gloeosporioides causando manchas elípticas nas folhas, e a doenças

bacterianas, Xanthomonas campestris causando necrose marginal nas folhas, estas em geral

somente em fase de senescência. Os nematóides do gênero Meloidogyne podem causar danos aos

rizomas.

A colheita é realizada por meio do corte das folhas entre 60 e 75 dias após o plantio, assim

que apresentem tamanho de 30 a 40 cm de comprimento, fazendo-se novas colheitas sempre que as

folhas atingem este tamanho. Após o corte, as folhas são lavadas em água corrente e de boa

qualidade e amarradas formando maços, com 6 a 8 folhas. O manuseio deve ser feito em local

sombreado. O rendimento pode chegar a 6,0 t ha-1

e no caso do uso de rizomas, a colheita é feita aos

7 e 8 meses de idade e para aumentar a produção de rizomas, deve-se evitar a colheita das folhas. A

produtividade pode atingir mais de 20 t ha-1

(BRASIL, 2010).

4.2.3 Mangarito – Xanthosoma mafaffa

O mangarito, também conhecido como mangará, pertence à família Araceae, juntamente

com o taro (Colocasia esculenta) e a taioba (Xanthosoma sagittifolium). Originário da região

centro-americana, que engloba as Américas Central e do Sul, pode ser encontrado no México,

Venezuela, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Porto Rico, Peru e Brasil originária do Brasil Central

(AZEVEDO FILHO, 2012).

É uma planta nativa relacionada com a dieta dos índios americanos, através do consumo de

rizomas relativamente pequenos de paladar particularmente especial amplamente utilizado por

nossos ancestrais e hoje em dia está praticamente extinto (BRASIL, 2010). É fonte de carboidratos

no cultivo de subsistência com importância étnica, cultural e econômica (ZÁRATE, 2005).

DUFOUR (1990) relatou o cultivo do mangarito (Xanthosoma mafaffa) em homegardens

juntamente com as seguintes culturas: batata-doce (Ipomoea sp.), pimentas (Capsicum annuum),

banana, coca (Erythroxylum coca) e arbóreas, como ingá (Inga sp.), caimito (Pouteria caimito) e

pupunha (Bactris gassipaes), onde a regeneração da floresta é mais lenta, preferindo solos ricos em

cinzas (possivelmente TPI) e bem drenados.

A variabilidade genética ocorre de acordo com a região, havendo rizomas de coloração

interna branca, amarela e arroxeada. O mangarito se desenvolve em regiões tropicais úmidas,

podendo ser cultivado em regiões mais frias no verão. Assim como as demais espécies da família

Araceae, o mangarito permanece dormente durante o período frio e/ou seco do ano, preferindo solos

profundos, bem drenados, não compactados e com alto teor de matéria orgânica. Para solos pobres

em matéria orgânica, sugere-se o emprego de esterco curtido ou composto orgânico na base de 1 a 5

kg por metro de leira (AZEVEDO FILHO, 2012).

Alguns trabalhos revelaram o efeito crescente da adubação orgânica (AZEVEDO FILHO,

2012), do espaçamento (ROCHA et al., 2011; ZARATE et al., 2013) e tamanho do rizoma-semente

no rendimento do mangarito. LEITE el al. (2007) verificaram que a entomofauna não foi

influenciada por essas variáveis possibilitando o manejo integrado de praga. Porém, constataram o

maior ataque de Aphis sp. (Hemiptera: Aphididae) no mangarito que recebeu a maior dose de

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esterco bovino curtido (40 t ha-1

), possivelmente devido à teoria da trofobiose (CHABOUSSOU,

1987) explicando a maior quantidade de açúcares e aminoácidos solúveis no limbo foliar atraindo

mais pragas e resultando no maior ataque de Tetranychus spp. (Acari: Tetranychidae).

Por outro lado, LEITE et al. (2007) notaram a maior presença de aranhas (predadoras) em

folhas de plantas de mangarito originadas de rizomas “neto” com 3-7g em relação aos demais

propágulos (rizomas-mãe com 50-60g e rizomas-filho com 8-12g). LEITE et al. (2007) consideram

que a maior quantidade de reservas do material propagativo, provavelmente proporciona plantas

mais vigorosas que atraem mais as pragas.

No estado de São Paulo, MONTEIRO & PERESSIN (1997) estudaram dois tamanhos de

rizoma-semente (grande e pequeno, 5 e 2 g, respectivamente) em três épocas de plantio (início,

meado e fim de outubro) sem irrigação, em Serra Negra, com solo aluvial a produtividade média foi

de 17,1 t ha-1

; em Monte Alegre do Sul, que alcançou 10,2 t ha-1

em um Podzólico Vermelho-

Amarelo, sendo que nos dois locais as produções decresceram na medida em que se atrasou o

plantio; e em Itu, em um Podzólico Vermelho-Amarelo, que não produziu por deficiência hídrica.

Em geral, os rizomas-semente do tipo „grande‟ superaram os pequenos em termos de rendimento,

observando-se interações entre o tamanho dos rizomas-semente e a época de plantio (MONTEIRO

& PERESSIN, 1997). Ainda em Monte Alegre, o cultivo orgânico irrigado resultou em rendimento

comercial de 15 t ha-1

e total de 18,5 t ha-1

. A produção de rizomas secundários com diâmetro acima

de 20 mm foi obtida com o uso de rizomas-semente do tamanho de 16-20 mm sem notar-se o efeito

do espaçamento (15, 20 e 25 cm entre plantas por 25 cm entre linhas, resultando nas respectivas

populações: 266, 200 e 160 mil plantas no número e produtividade dos rizomas (AZEVEDO

FILHO, 2012).

Os rizomas de mangarito se desenvolvem no solo, sendo necessária a correção da acidez

com base na análise química. Como não há recomendação específica para o mangarito, sugere-se

utilizar o taro como cultura de referência. Em regiões tropicais e equatoriais, o plantio do

mangarido é realizado o ano todo e em regiões mais frias, concentrado na época mais quente do

ano. O espaçamento recomendado é de 0,3 a 0,5 m entre as leiras e de 0,2 a 0,3 m entre plantas nas

leiras.

O mangarito é bastante tolerante às pragas e doenças, podendo ocorrer danos onde haja

nematóides do gênero Meloidogyne. A colheita é realizada quando as folhas amarelam e secam

cerca de 6 a 8 meses após plantio. A produtividade pode atingir até 10 t ha-1

em cultivos mais

adensados.

ROCHA et al. (2011) avaliaram a resposta do mangarito em função do número de fileiras no

canteiro, correspondendo a 99.000 plantas ha-1

e 132.000 plantas ha-1

) com o espaçamento entre

plantas de 15 cm; a forma de adição de cama de frango ao solo: 10 t ha-1

incorporada ou em

cobertura; 5 t ha-1

incorporada e 5 t ha-1

em cobertura e sem adubação). Constataram maiores

rendimentos em massa fresca de rizoma-mãe (1,48 t ha-1

) e filho (3,32 t ha-1

) e massa seca do

rizoma-mãe (0,37 t ha-1

) incorporando-se a cama de frango ao solo e cultivando o mangarito com

quatro fileiras (25 cm entre linhas). Em Dourados, MS, ZÁRATE et al. (2006) observaram maior

rendimento com três fileiras no canteiro e 15 cm entre plantas, provenientes de rizomas-semente

secundários de 3,0 g com irrigação suplementar.

Para ZARATE et al. (2006), a amontoa não traz efeito sendo o melhor espaçamento entre

plantas de 20 cm superando 17,5 e 15 cm, respectivamente, em 22,05 e 38,37% de rizomas-mãe;

19,63 e 44,41% de rizomas-comerciais e 6,72 e 50,00% de rizomas-filhos não-comerciais, para as

densidades respectivas de 150.744, 175.984 e 132.000 plantas ha-1

. Utilizaram rizomas com peso

médio superior a 3,0 g e/ou diâmetro em torno de 8 mm em plantio direto com o ápice para cima e

colheita realizada 232 dias após.

SILVA et al., (2011), avaliaram o mangarito em Montes Claros, MG em sistema irrigado

obtendo maior rendimento (10,5 t ha-¹) de rizoma mãe (55g) e rizoma filho 1 (10 g) em função do

tamanho do rizoma-semente, não recomendando o uso de rizoma filho 2 (5 g) como propágulo.

ÁVILA et al., 2012 estudaram a fécula de mangarito para elaboração de filmes

biodegradávei, que à base de amido, respondem por 85 a 90% do mercado total dos materiais

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biodegradáveis. Além de renovável e biodegradável, o amido tem baixo custo, alta disponibilidade e

propriedades de formar filmes e espumas. As dimensões do mangarito são vantajosas para a

moagem em moinho de facas. O rizoma filho é um produto amiláceo altamente energético

constituído principalmente de fécula (91,4g/100g base seca), não se oxida em contato com o ar o

que o torna adequado como matéria-prima amilácea. A fécula dos rizomas apresenta elevada

temperatura de empastamento, estabilidade agitação mecânica frente ao calor e tendência à

retrogradação, indicando seu uso em indústrias de adesivos e alimentos.

4.2.4 Ariá - Maranta lutea (Calathea allouia)

O gênero Calathea spp. tem mais de 100 espécies descritas, principalmente na América

tropical. A ária é uma das espécies desse gênero amplamente cultivada na bacia amazônica desde

antes da era pré-colombiana.

A ária é uma planta perene adaptada à sombra, que favorece seu crescimento, formando

touceiras que podem chegar a 1,0 m de altura, desenvolvendo raízes tuberosas de formado ovóide

ou cilíndrico com 2 a 8 cm de comprimento e 2 a 4 cm de diâmetro a partir da diferenciação da

ponta das raízes de absorção, que são fibrosas.

As raízes tuberosas contêm de 13 a 15% de amido e 6,6% de proteínas (na matéria seca) e

dos aminoácidos, constatou-se apenas a deficiência de cistina, porém, com elevados níveis dos

demais aminoácidos, principalmente os essenciais.

As folhas têm uma base envolvente formando pseudocaules curtos; os pecíolos são longos e

estriados, as lâminas foliares são elípticas medindo de 20 a 60 x 5 a 20 cm. As flores são brancas,

cerca de 2 a 5 cm de comprimento, com um estaminódio e ovário trilocular.

Raros são os relatos de floração. A reprodução se dá por meio de propagação vegetativa via

rizoma, que pode ser armazenado em um local fresco e seco até o transplante. BUENO & WEIGEL

(1983) verificaram que os rizomas podem permanecer por até dez semanas em ambiente aberto e

ventilado, perdendo cerca de 29 % da massa após dez semanas. O método ideal de armazenamento

dos tubérculos é em cestos de fibras vegetais revestidos por fora com folhas secas, saco plástico

com furos ou sacos de estopa.

O ciclo produtivo até a colheita é de 14 meses, dependendo do clima. A escassez de água

reduz o ciclo e leva à queda de rendimento. Solos muito argilosos prejudicam o desenvolvimento

dos rizomas, sendo ideal àqueles de textura média. Nos solos arenosos da região amazônica o

crescimento é deficiente, possivelmente devido à baixa fertilidade natural dessas terras.

A ariá está presente em Porto Rico, Antilhas, Guianas, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru

e Brasil, onde acredita-se ser a sua origem, com registros da introdução na Índia, Sri Lanka,

Malásia, Indonésia e Filipinas.

Embora seja cultivada em pequena escala por produtores familiares tradicionais e

populações indígenas, estando disseminada por toda bacia amazônia, comercializada em feiras

livres e nos mercados de Manaus, Belém, Porto Velho, Santarém, Tefé e Benjamin Constant, no

Brasil e em Iquitos, na Amazônia peruana, SOUZA & NODA (sem data) destacam que em

levantamentos de campo, a ariá foi encontrada em apenas 12% das propriedades

visitadas no estado do Amazonas, estando praticamente extinta nessa região. Não existem registos bibliográficos sobre a utilização de cultivares geneticamente

destinados à exploração comercial. Nos últimos 15 anos, o INPA tem realizado pesquisas e

distribuído materiais reprodutivos para os agricultores da região. Devido à pouca importância

econômica, a ariá não recebeu atenção devida das pesquisas e a bibliografia é escassa. No Brasil, os

recursos genéticos são mantidos in situ pelos produtores e pelo INPA e outra coleção foi introduzida

nos Estados unidos através do USDA e Mayaguez Institute of Tropical Agriculture, em Porto Rico,

para ampliar a base genética da coleção.

Os relatos atuais da cultura são disponibilizados pelo INPA e a FAO por meio dos

respectivos links: <http://www.inpa.gov.br/cpca/areas/hortalicas.html> e

<http://www.fao.org/docrep/t0646e/T0646E0n.htm>. Com base em programas governamentais,

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identificou-se uma certa variabilidade genética nos materiais introduzidos no INPA, particularmente

quanto ao tamanho do tubérculo e características morfológicas.

Atualmente, o cultivo da ariá é voltado para a subsistência, geralmente em consórcio com

mandioca, banana e árvores frutíferas. Em Porto Rico, é cultivada à sombra das árvores de café e

em associação com espécies lenhosas, devido à necessidade do sombreamento total ou parcial para

o bom desenvolvimento vegetativo.

A ariá é uma cultura antagônica ao nematóide Meloidogyne incognita, devido às secreções

radiculares que prejudicam a penetração, reprodução e eclosão das larvas. Larvas de coleópteros e

lepidópteros causam lesões nos rizomas, enquanto o ácaro ataca as folhas levando as plantas à

morte.

A produtividade é variável, podendo ser quadruplicada sob fertilização orgânica. O

espaçamento preconizado é de 0,6 m entre linhas e 0,45 a 0,80 m entre plantas. No INPA, em

Manaus, a distânica adotada é de 1 m entre linhas e 0,50 m entre plantas, sendo indicados os

plantios adensados.

A água suplementar é uma condição necessária para obter-se rendimento comercial, entorno

de 15 t ha-¹ e rizomas uniformes. A produtividade por planta é de 100 a 2.200 g em solo leve.

Adicionando-se matéria orgânica, o rendimento chega a 936 g planta-¹. A colheita se faz cavando ao

redor da planta para facilitar a remoção sem danificar os rizomas.

Para o plantio, a imersão dos rizomas em água quente a 48°C por 10 minutos aumentou a

germinação em 24%. O fotoperíodo tem influência acentuada sobre o início da tuberização,

favorecida por dias longos. Já temperaturas noturnas de 10° C reduziram o crescimento das plantas

e inibiu a tuberização. Em Porto Rico, o plantio de novembro a dezembro não resultou em

dormência e a tuberization foi elevada na semeadura a pleno sol. A ariá é muito sensível à falta de

água e a maior disponibilidade antecipa e estimula o desenvolvimento dos rizomas.

O futuro da cultura da ariá vai depender da evolução da própria agricultura, sendo

improvável seu lugar em monocultura, com um uso intensivo de insumos para obter-se rendimentos

elevados. A solução para a sua sobrevivência pode se dar no âmbito da agricultura tradicional

indígenacom técnicas agrícolas tradicionais. A ariá é um vegetal especialmente recomendado para

uso em sistemas agroflorestais, onde suas limitações agronômicas, do ponto de vista da

monocultura convencional (exigência em sombra e método de propagação), são transformadas em

vantagens (FAO, 1994).

4.2.5 Inhame (Cará) - Dioscorea alata

Inhame ou cará, no Centro-sul do Brasil, agrupa um grande número de espécies do gênero

Dioscoreacea. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o nome comum adotado é cará, enquanto o

termo inhame é utilizado para plantas do gênero Colocasia spp. Já na região Nordeste, maior

produtora e consumidora do país, utiliza-se o termo inhame.

Devido à confusão de termos regionais, decidiu-se no I Congresso de Inhame e Taro, no ano

de 2002, a padronização da terminologia. Desde então, denomina-se de inhame o gênero Dioscorea

spp. e taro o gênero Colocasia spp. (CARMO, 2002 apud BRASIL, 2010).

As espécies de inhame cultivadas no Brasil tiveram como centro de origem os continentes

africano e asiático. Trata-se de uma planta herbácea trepadeira, com tubérculos subterrâneos e

aéreos em algumas espécies. Possui caule volúvel, folhas estreitas em forma de ponta de faca ou

cordadas.

Segundo o MAPA (2010) existe diversidade de espécies, sendo as principais: aricana -

Dioscorea cayenensis, com vários subtipos: Cará-da-Costa, Cará Tabica, Cará Negro e Cará

Espinho Freire. D. alata é asiática possuindo os subtipos: Cará São Tomé, Cará Mandioca, Cará

Flórida, Roxo de Ihéus e Cará Sorocaba. Cultivares são subdivididas em tipo espinho: Cará Espinho

Freire, Cará Barbados, Cará da Costa e tipo sem espinho: Cará Flórida, Cará Negro, Cará São Tomé.

Bastante produtivo, o inhame rende até 40 t ha-1

de tubérculos de película escura, polpa

branca e enxuta, formato cilíndrico e alongado e caule com 2-4 m de comprimento, com boa

aceitação comercial (MAPA, 2010).

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Planta de clima tropical, o inhame desenvolve-se bem em regiões quentes e úmidas, porém,

não tolera o frio e a geada. O plantio é realizado em covas altas (matumbos) ou camalhões no

espaçamento respectivo de 1,20m entre fileiras por 0,80m entre plantas e de 0,40 a 0,60 m por 1,00

a 1,20 m entre fileiras. No alto dos camalhões plantam-se os tubérculos a 5-8 cm de profundidade,

cobrindo-os com terra.

Normalmente, o inhame aproveita o efeito residual dos fertilizantes utilizados nas culturas

anteriores. Mas MONTEIRO & PERESSIN (1996) recomendam adubação de 50 a 100 kg ha-1

de

P2O5 e 40 a 100 kg ha-1

de K2O, conforme a disponibilidade dos nutrientes no solo, além de 50 kg

ha-1

de N em duas aplicações, no plantio e 30 dias após a germinação, complementando com 10 a

12 t ha-1

de esterco de curral curtido incorporado ao solo ou 3,0 t ha-1

de esterco de aves (BRASIL,

2010).

Após o brotamento, deve-se tutorar a cultura com varas de bambu ou madeira roliça com 2,0

m de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. O espaçamento é de 0,4 a 0,6m entre plantas utilizando

uma vara para duas plantas. O inhame necessita de capinas e amontoas ao longo do ciclo e

cobertura morta em torno da planta.

O armazenamento das túberas deve realizado em ambiente arejado e escuro para forçar o

entumescimento das gemas. Tem grande importância a qualidade do material propagativo, pois, o

inhame é afetado por requeima, mosaico, antracnose e casca preta (nematoides), que podem estar

veiculados no rizoma-semente. Dentre as pragas, a formiga saúva (Atta sp), cupim de solo e lagartas

desfolhadeiras atacam o inhame.

A colheita é realizada de 180 a 210 dias de idade, com ponto indicado quando as plantas

amarelecem e as folhas e os ramos secam, resultando em produtividade de 20 a 40 t ha-1

(BRASIL,

2010).

O cultivo agroflorestal do inhame (Dioscorea mafaffa) em homegardens foi identificado

como tradicional por DUFOUR (1990), que relatou o consórcio com diversidade de espécies:

batata-doce (Ipomoea sp.), pimentas (Capsicum annuum), banana, coca (Erythroxylum coca), ingá

(Inga sp.), caimito (Pouteria caimito) e pupunha (Bactris gassipaes), preferindo a terra preta de

índio e bem drenados.

4.2.6 Ora-pro-nóbis - Pereskia aculata

Ora-pro-nóbis é uma planta da família das Cactáceas cujo nome deriva do latim,

significando rogai por nós. Acredita-se que o nome popular foi dado por negros escravos que faziam

a colheita da planta do quintal de um padre, enquanto este balbuciava suas orações em latim, a ora–

pro-nobis.

Foi uma das únicas culturas da família cactacea com folha desenvolvida originária das Américas

com presença nativa desde a Flórida ao Brasil. É amplamente disseminada em Minas Gerais,

conhecida como lobrobó, onde desde o ano de 1997 acontece o Festival do Ora-Pro-Nóbis, na

cidade de Sabará, no bairro Pompéu, onde nasceu e mantém raízes culturais. Durante o festival são

ministradas oficinas técnicas para melhorar a produtividade e o consumo da espécie, sendo o angu

com frango caipira coberto com ora-pro-nóbis

(<http://tecnicoemagropecuaria.blogspot.com/2011_02_01_archive.html>) um dos pratos favoritos.

Planta perene trepadeira cresce também sem a presença de tutor. Suas folhas suculentas

lanceoladas e flores pequenas e brancas são utilizadas na culinária. Os frutos são pequenas bagas

amarelas e no caule há acúleos (falsos espinhos), em aglomerados nos ramos mais velhos.

Além da alimentação das folhas, a planta pode ser utilizada como ornamental e cultivada

para fins da produção de mel, com floração rica em pólen e néctar entre os meses de Janeiro e Abril.

As variedades são tradicionais e como não há estudos específicos para cultura é importante

que sejam selecionadas cultivares que apresentem vantagens para o consumo. As plantas

comestíveis são apenas àquelas que produzem flores brancas com miolo alaranjado e folhas

pequenas.

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Ora-pro-nóbis é uma planta rústica resistente à seca, própria de clima tropical e subtropical.

Adapta-se a diversos tipos de solo e não é exigente em fertilidade. A época de plantio se dá no início

do período chuvoso, apesar de tolerante à seca já estabelecida.

A multiplicação é realizada por meio de propagação vegetativa utilizando partes da região

intermediária do caule, localizada entre as partes mais tenras e lenhosas, que apresenta melhor

pegamento, com estacas de 20 cm de comprimento. Após estarem enraizadas, são transplantadas

para local definitivo, cujo espaçamento é variável dependendo da finalidade: ornamental, produção

de néctar, alimentar, cerca viva. Para a produção de folhas para consumo, deve-se utilizar o

espaçamento de 1,0 a 1,3 m entre fileiras e 0,4 a 0,6 m entre plantas.

É pouco exigente em adubações, porém necessita de um bom nível de matéria orgânica no

solo para a produção satisfatória de folhas. Sugere-se adubação orgânica a cada dois meses. Para

facilitar os tratos culturais e a colheita das folhas, deve selecionar hastes vigorosas, realizar podas

de condução e formação de acordo com o desenvolvimento dos ramos laterais, desbastando quando

a colheita ficar difícil. O rebaixamento da parte aérea pode ser realizado a 0,6m de altura retirando-

se todos os ramos doentes, secos e laterais.

Na seca, para que continue produzindo é necessário irrigar. Para manter a planta bem

conduzida e com maior produção de folhas deve-se realizar a poda de três em três meses deixando

os ramos de 1,2 a 1,5m de comprimento.

Até o momento, não há registros de pragas e doenças na cultura, a não ser besouros

desfolhadores (vaquinhas e idiamins).

A colheita inicia-se de 2 a 3 meses após o plantio, retirando-se as folhas com 7 a 9 cm de

comprimento, evitando concentrar a extração em um único ramo. Deve utilizar luvas para evitar

ferimentos pelos acúleos, destacando as folhas com o pecíolo. O rendimento varia de 2,5 a 5,0 t ha-1

(BRASIL, 2010).

4.2.7 Major gomes – Talinun paniculatam

Espécie ruderal pertencente à família Portulacaceae. Ocorre notadamente em áreas

antrópicas, abaixo do dossel de árvores centenárias, nos cantos de calçadas, beiras de estradas e sub-

bosque de florestas abertas (KINUPP, 2007). Essa família possui outras espécies, a beldroega

(Portulaceae oleraceae), popular e consumida refogada. Às vezes, o major gomes é chamado de

beldroegão, devido à similaridade das folhas da beldroega, porém, são bem maiores. Ambas

espécies são herbáceas anuais ou bianuais, germinam, crescem, produzem flores e frutos e fenecem

dentro de um ou dois anos, como a maioria das plantas ruderais (PALEAGRI, 2012).

Suas folhas e ramos são consumidos em saladas, preferencialmente cozidos, refogados,

utilizados também na composição de pães, bolos salgados, dentre outros pratos.

O major-gomes é uma planta rústica que tolera períodos de seca prolongados, devido

anatomia do sistema radicular adaptado para armazenar água e nutrientes. Porém, não se desenvolve

a pleno sol.

Os teores de proteínas das folhas e ramos apicais são elevados (21,85%), apresentando

consideráveis níveis minerais (base seca): Fe (180 mg 100g-1

); Mg (1.310 mg/100g-1

); Ca (1.120

g/100g-1

) (JORGE et al., 1991). CORREA & PENA (1984), apud KINUPP (2007) citam que a raiz

tuberosa é utilizada pela medicina popular com ação antiescorbútica. A colheita é realizada o ano

todo, em regime extrativista.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentre as plantas anuais pesquisadas com peculiaridades ecofisiológicas que possibilitam

recomendá-las para cada ambiente (várzea e/ou terraço fluvial), ou ambos, nota-se oferta maior

daquelas não adaptadas ao alagamento.

Na várzea, é possível introduzir o taro, taioba e o inhame, com segurança. No terraço,

mandioca, araruta, açafrão, ariá, mangarito, gengibre e inhame. Ora-pro-nóbis e major-gomes

adaptam-se a ambos locais, sendo que major-gomes é espontânea na Fazenda Coruputuba,

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ocupando o estrato rasteiro de povoamentos de anjico e guanandi.

O cultivo pode ser feito de maneira simultânea ou em sucessão, ocupando os diferentes

estádios do sistema com espécies diferentes, inicialmente utilizando àquelas que demandam mais

luz realizando a rotação com outras mais tolerantes ao sombreamento.

Esse trabalho é apenas uma revisão e não pretende restringir outras espécies, também

importantes para a funcionalidade dos sistemas agroflorestais, tais como a batata-doce (Ipomoea

batatas) e feijões (Vigna unghiculata, Cajanus cajan), dentre outras.

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