Upload
arnoldo-rachadel-neto
View
40
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Aula 00
Noes de Direito Tributrio p/ TRF-4 - Tcnico Judicirio (Administrativa)
Professor: Aluisio Neto
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 124
AULA 00: Aula Demonstrativa
SUMRIO PGINA Apresentao Inicial 01 Contedo do Curso 03 Cronograma do Curso e Informaes Adicionais 04 Informaes sobre o concurso e os cargos 09 Competncia Tributria 10 Definio 10 Caractersticas 14 Competncia Legislativa 29 Classificao da Competncia tributria 50 Bitributao e Bis in idem 68 Competncia exclusiva do presidente da repblica em matria tributria
72
Questes Propostas 74 Outras Questes 114 Gabarito 123 Bibliografia 124 Ol, amigo concurseiro e futuro servidor do TRF da 4 Regio!
Como todos j sabem, foi lanado recentemente o edital para a realizao do
concurso do Tribunal Regional da 4 regio, que compreende os Estados de
Santa Catarina, Paran e Rio Grande do Sul. Sero oferecidas vagas para os
cargos de Analista Judicirio e de Tcnico Judicirio. Esse mais um grande e
timo concurso do ano de 2014, e tenho certeza que voc vai querer agarrar
essa chance.
E com muito prazer e satisfao que ministro mais este curso on-line no
site Estratgia, voltado para o concurso para o cargo de Tcnico Judicirio
rea Administrativa SEM ESPECIALIDADE do Tribunal Regional Federal da 4 Regio, cargo que exige apenas comprovante de concluso de
Ensino Mdio ou equivalente, devidamente reconhecido por rgo
competente para tal.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 124
O cargo de Tcnico, em qualquer das suas especialidades (inclusive o sem
especialidade), tem remunerao Inicial, na classe A/Padro 01, de R$
5.007,82.
O curso visa trazer at voc o conhecimento necessrio para fazer uma boa
prova quanto disciplina Direito Tributrio, que engloba um contedo
bastante extenso e de extrema importncia para a sua prova e,
principalmente, para a sua aprovao. Vamos detonar geral as questes que
vierem. Sem pena da banca! Vamos para cima da FCC!
Como veremos logo adiante, o contedo, alm de grande, trata de assuntos
os mais variados possveis: desde a competncia tributria, que veremos na
aula de hoje e que todo candidato ao cargo de fiscal j est acostumado, at
temas como a suspenso da exigibilidade do crdito tributrio.
$VVLPFRPHoDUSUDYDOHURVHVWXGRVRXDSURIXQGDURTXHMiIRLHVWXGDGRpde fundamental importncia para lograr xito em um concurso da rea Fiscal,
ainda mais to difcil, concorrido e disputado quanto o de Analista Judicirio
do TRF 4 Regio. Gente de todo canto do Brasil ir invadir as cidades da
Regio Sul do nosso Brasil, em especial Florianpolis, Porto Alegre e Curitiba
atrs da sua to sonhada vaga!
Certamente a concorrncia ser da melhor qualidade possvel. E voc, amigo
concurseiro, tem que estar preparado para enfrentar um certame que exigir
bastante conhecimento, e de disciplinas as mais variadas possveis.
Vamos ao contedo do nosso curso, muito embora ele j tenha sido
apresentado anteriormente. Em frente!
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 124
Contedo do curso
O contedo a ser visto no nosso curso ser o expressamente previsto no
edital regulador do concurso, o edital n 01, de 2014, e conter os seguintes
temas:
x Competncia Tributria. x Princpios Constitucionais Tributrios. x Imunidades Tributrias. x Obrigao Tributria Principal e Acessria / Fato Gerador da Obrigao
Tributria / Sujeio Ativa e Passiva. Solidariedade. Capacidade
Tributria/ Domiclio Tributrio.
x Responsabilidade solidria, responsabilidade de terceiros, responsabilidade por infraes.
x Crdito Tributrio. Conceito / Constituio do Crdito Tributrio / Lanamento. Modalidades de Lanamento / Hipteses de alterao do
lanamento.
x Suspenso e excluso do crdito tributrio. x Extino do Crdito tributrio. x Garantias e Privilgios do Crdito Tributrio. x Impostos da Unio.
No prximo item, veremos o nosso cronograma de aulas e algumas outras
informaes! Vamos em frente!
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 124
Cronograma do Curso e Informaes Adicionais
Feitas as apresentaes iniciais, vamos ao que interessa: como ser o nosso
curso on-line, carga horria, assuntos a serem abordados, entre outros.
Como veremos logo adiante, o contedo a ser apresentado no curso, alm
de extenso, trata de assuntos variados: competncia tributria, impostos de
competncia dos entes polticos, domiclio tributrio, entre outros.
Diante do grande contedo a ser estudado, indispensvel a
objetividade no trato da matria a ser estudada. E a isso o que se
prope o curso. Espero trazer a matria direito tributrio da forma mais
objetiva e clara possvel, na esperana de poder ajud-lo na sua preparao
para esse certame, que bastante atrativo, tanto em termos profissionais
quanto em termos remuneratrios. Sempre que possvel, utilizaremos
grficos, figuras e outros recursos didticos para o melhor aprendizado e
memorizao da matria proposta na aula.
Alm disso, complementares o texto da aula com vrias decises
jurisprudenciais adotadas pelos tribunais superiores do nosso pas (STF e
STJ), complementando o contedo e o aprendizado com temas que podem
vir a ser cobrados em prova. Cada vez mais as decises dos tribunais
superiores so cobradas em prova. E voc no pode deixar escapar nada,
ou ento a FCC pode surpreender voc, tenha certeza disso.
Teremos ainda muitas questes comentadas e propostas relativas ao tema,
cobradas pela FCC, principalmente, e por outras bancas, para
complementao do aprendizado sempre que necessrio.
Nosso curso ser organizado em dez aulas, j contando essa aula
demonstrativa, divididas da seguinte forma:
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 124
Aula 00 Competncia Tributria -
Aula 01 Princpios Constitucionais Tributrios 1/06/2014
Aula 02 Imunidades Tributrias 06/06/2014
Aula 03
Obrigao Tributria Principal e Acessria / Fato Gerador da Obrigao Tributria / Sujeio Ativa e Passiva. Solidariedade.
Capacidade Tributria/ Domiclio Tributrio
12/06/2014
Aula 04 Responsabilidade solidria, responsabilidade de terceiros, responsabilidade por infraes.
18/06/2014
Aula 05
Crdito Tributrio. Conceito / Constituio do Crdito Tributrio / Lanamento. Modalidades de Lanamento / Hipteses de alterao do
lanamento
24/06/2014
Aula 06 Suspenso e excluso do crdito tributrio. 1/07/2014
Aula 07 Extino do Crdito tributrio 08/07/2014
Aula 08 Garantias e Privilgios do Crdito Tributrio 15/07/2014
Aula 09 Impostos da Unio 20/07/2014
Cada aula ser disponibilizada no site conforme cronograma acima. Cada
aula ser composta pelo contedo proposto acima e por uma lista de
questes acompanhada do respectivo gabarito, que auxiliaro na
memorizao e fixao dos pontos mais importantes e que devem ser
levados para a prova. Para tanto, trarei questes de provas de concursos
anteriores.
Nosso curso contar ainda com uma serie de questes comentadas ao final,
para que voc possa ver onde errou em cada situao apresentada pela
banca.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 124
Tentei elaborar as aulas abordando os assuntos da forma mais simples
possvel. Evitei ao mximo utilizar rigores e termos tcnicos desnecessrios,
contudo, sem deixar de abordar os temas relevantes e principais para a
prova. Entretanto, essa abordagem exige, de algum modo, o uso de alguns
termos e expresses tributrias, para no deixar as aulas por demais
superficiais. Espero cumprir o objetivo e receber as crticas construtivas ao
final, acompanhado de um perdo, se possvel, j que, como todo bom
humano, tambm falho. -
Ao final das nossas prximas nove aulas, espero prepar-lo para fazer uma
boa prova de direito tributrio, abordando os temas e assuntos mais
importantes e que estaro presentes na sua prova. Fico na esperana de
poder contribuir com o pouco do meu conhecimento para a sua aprovao
nesse concorrido certame.
Antes de iniciarmos essa aula demonstrativa, peo um pequeno espao para
fazer uma rpida apresentao pessoal e contar um pouco da minha histria
como concurseiro.
0HXQRPHp$OXLVLRGH$QGUDGH/LPD1HWRVRXSHUQDPEXFDQRGDJHPDapaixonado por meu Estado e por tudo que nasce nele ou dele provm. Falo
oxnte, mainha, Ricifi e cumpadre, como todo bom e autntico
pernambucano. Tenho muito orgulho de dizer que pertencem minha terra
o Galo da Madrugada, a praia de Porto de Galinhas, o frevo que s
cantado l, Olinda, Petrolina, Capiba, Lampio, Luiz Gonzaga e tantos outros
cones que identificam Pernambuco em qualquer lugar do nosso imenso
%UD]LO]mR &RQWR 32 anos de idade e sou Engenheiro Eltrico de Telecomunicaes, formado pela Escola Politcnica da Universidade de
Pernambuco, tendo concludo o curso no fim do ano de 2006.
Apesar de ser formado em Engenharia, nunca cheguei a exercer a profisso,
nem mesmo como estagirio. O motivo simples: virei concurseiro ainda no
6 perodo da faculdade, em 2004. Estava muito longe para desistir e
comHoDU XP FXUVR PHQRU H PHQRV GLItFLO HQWmR D VROXomR IRL DFDEDU R
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 124
que eu j fazia e conseguir meu diploma. Desde ento, vivi quase que
apenas para os concursos. E no me arrependi um s segundo disso.
Felizmente tomei a deciso e o rumo certo para a minha vida. Sempre digo
que engenharia muito bonita, desafiadora, mas nunca seria feliz como
engenheiro. Parabns aos que a adotaram como profisso!
&RPRKDYLDGLWRFRPHFHLPLQKDFDUUHLUDGHFRQFXUVHLURHPFRPRconcurso do MPU. Desde ento fiz concurso para os mais variados cargos e
rgos, como, por exemplo, INCRA, ANTT, UFPE, ANTAQ, AFTM-Natal,
AFTM-Teresina, DNIT, SERPRO, MP-PE, TJ-PE, TRE-PB, IBGE, MPU
(novamente), Petrobras, STN, CGU, MDIC, MTE e finalmente para a RFB. Sei
que essa lista poderia ter mais rgos, mas no consegui lembrar todos
eles. E certamente ainda existem muitos outros. -
Consegui ser aprovado pela primeira vez e exercer o cargo apenas em
2006, como Tcnico em Redes, do SERPRO. Ainda em 2006, fui aprovado
para o cargo de Tcnico Ministerial Administrativo, do Ministrio Pblico de Pernambuco, ficando no rgo at o inicio de 2009, quando fui novamente
aprovado em outro concurso pblico. Dessa vez, para o cargo de Analista de
Comrcio Exterior (ACE), do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e
Comrcio Exterior (MDIC), deixando minha querida e bela Recife e indo
morar em Braslia, a capital de todos os brasileiros. Fui aprovado tambm
para os cargos de Tcnico em Infra-estrutura de Transportes Terrestres, da
ANTT; Analista, da Petrobras; e Auditor Fiscal de Tributos Municipais, da
Prefeitura de Natal, mas no cheguei a assumir em nenhum deles.
Atualmente exero o cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil
(AFRFB), tendo sido aprovado no ltimo concurso realizado em 2009, na
posio 245. Estou lotado atualmente na Delegacia da Receita Federal em
Feira de Santana, no belssimo Estado da Bahia.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 124
Posso dizer, sem receio, que hoje sou realizado profissionalmente e
bastante satisfeito com meu trabalho e por ser servidor pblico, ainda mais
de um rgo to vital para o meu pas e para os brasileiros. Sei que esse
ser o sentimento a ser percebido por todos vocs, amigos e alunos, ao se
tornarem servidores federais, em breve.
Ao passar para AFRFB, consegui, em trs anos, alcanar meu objetivo
traado em janeiro de 2007, quando acabei a faculdade definitivamente e
decidi estudar exclusivamente para a Receita Federal. Deixei de lado a
WiWLFD ID]HU WRGRVTXHDEULUHP4XDQGR UHVROYL HVWXGDUDSHQDVSDUD um concurso, estabelecendo foco e disciplina, comecei a ser aprovado, trocando
R TXDVH SHOR DWp TXH HQILP &RP LVVR ganhei tranquilidade e estabilidade para seguir o caminho que levaria at a to sonhada vaga no
cargo de AFRFB.
Assim, deixo minha experincia como concurseiro de longas datas,
aconselhando a todos estabelecer um foco, acreditarem que vai d certo e
estudar. Estudar muito! Grandes conquistas exigem grandes preos. E
tenho certeza que ao final da empreitada, tudo valer a pena! Assim como
valeu para mim. Todo centavo ou minuto investido retornar. E com a
diferena de ter uma bela quantia no contracheque todo ms.
Aps essa apresentao, vamos a algumas informaes sobre o concurso e
finalmente ao que realmente interessa: o nosso curso on-line e como ele
ser organizado.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 124
Informaes sobre o concurso e o cargo
Nesse item da aula trarei algumas informaes importantes e bsicas sobre
o concurso que teremos pela frente. So elas:
x Banca: Fundao Carlos Chagas; x Quantidade de vagas: Cadastro de Reserva; x Entre outros requisitos para investidura no cargo, temos o
comprovante de concluso de Ensino Mdio ou equivalente,
devidamente reconhecido por rgo
x competente para tal.; x $V LQVFULo}HV VHUmR UHDOL]DGDV H[FOXVLYDPHQWH YLD ,QWHUQHW QR
perodo de 10h do dia 21/05/2014 s 14h do dia 13/06/2014 (horrio
de Braslia), e no endereo Eletrnico do Concurso
www.concursosfcc.com.br;
x Taxa de Inscrio: R$ 78,00; x Data das provas objetivas: 27 de julho de 2014; x Carga Horria: 40 horas semanais; x Remunerao Inicial (Classe A/Padro 01): R$ 5.007,82; x A seleo ser composta por duas provas objetivas, de conhecimentos
gerais e especficos, e por uma redao:
Terminada essa conversa inicial, vamos nossa aula demonstrativa. Nesta,
trarei a competncia tributria, uma tema bastante solicitado e muito
importante para o entendimento de outros temas dentro do direito
tributrio. Nessa nossa aula demonstrativa veremos um pouco do que ser
o nosso curso. Feitos os esclarecimentos, vamos aula! Bons estudos!
Grande abrao e tudo de bom!
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 124
Competncia Tributria
Nessa aula demonstrativa estudaremos os seguintes tpicos relativos
competncia tributria dos Entes Federativos previstos na Constituio
Federal de 1988:
Definio;
Competncia Legislativa e sua classificao;
Caractersticas da Competncia tributria;
Classificao da Competncia Tributria;
%LWULEXWDomRH%LVLQLGHP; Competncia Exclusiva do Presidente da Repblica em matria
tributria.
Definio
A competncia tributria pode ser definida como o poder conferido pela
Constituio Federal de 1988 (CF/88) Unio, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municpios (e somente estes entes federativos, tambm
conhecidos como pessoas polticas) para que instituam os tributos nela
previstos, atendendo ao processo legislativo contido no texto constitucional.
Ou seja, somente estes quatro entes possuem o poder de instituir,
legislar, fiscalizar e cobrar tributos, uma vez que possuem a titularidade plena
conferida pela Carta de 1988. Somente eles possuem a competncia
legislativa, gnero ao qual pertence a competncia tributria.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 124
Os territrios, ainda pertencentes Unio, no possuem competncia
tributria, j que so apenas entes administrativos, e no entes polticos.
Atualmente, no h nenhum territrio federal, existindo apenas territrios
estaduais, como Fernando de Noronha, pertencente ao Estado de
Pernambuco. Guarde bem: os territrios no possuem competncia tributria!
Do mesmo modo que os territrios, tambm no possuem competncia
tributria outras pessoas jurdicas alm dos entes polticos. Logo, inexiste
atribuio de competncia tributria a autarquias, empresas pblicas,
sociedades de economia mista e fundaes pblicas.
Cada Ente Federativo, em razo da competncia tributria a ele conferida,
poder instituir os tributos expressamente outorgados no texto constitucional,
possuindo cada um deles poderes exclusivos (sendo, assim, indelegvel
a funo de instituir e legislar sobre tributos), no podendo, exceto nos
casos expressamente previstos na CF/88, serem invadidos pela competncia
tributria atribuda a outro Ente.
Se um ente competente para instituir um tributo, ele competente tambm
para isentar, fiscalizar, arrecadar, conceder remisses, parcelamentos, entre
outros institutos. Cada um no seu quadrado, Virgulino! Se o IPVA, um dos
impostos estaduais que veremos na nossa aula 13, foi conferido ao Estado de
Pernambuco, somente esse ente pode legislar sobre ele, e nos pontos que
entender necessrio. Claro, sem ir de encontro ao que prev os ditames
estabelecidos na CF/88.
Ao definir a competncia tributria, a CF/88 delimitou o campo de incidncia
de cada tributo a ser criado pelos entes federativos, impedindo a invaso da
competncia de um ente pelos demais, como comentei. a velha histria:
dentro do seu quadrado, faa o que quiser e at a onde a CF/88 deixar. S
no venha mexer no espao do outro, por favor. Vamos em frente!
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 124
Um ponto muito importante que costuma pegar candidatos
menos desatentos e bastante cobrado em provas: a CF/88 NO
CRIA NENHUM TRIBUTO, APENAS OUTORGA COMPETNCIA
PARA QUE CADA ENTE, POR MEIO DE SUAS PRPRIAS LEIS
INTERNAS, CRIEM OS TRIBUTOS PREVISTOS EXCLUSIVAMENTE
EM SUA COMPETNCIA TRIBUTRIA CONSTITUCIONAL.
A competncia tributria , assim, a aptido privativa constitucionalmente
conferida para criar tributos, decorrendo diretamente do princpio do
federalismo, em que cada ente possui competncias que lhes so prprias.
Somente o ente competente para criar ou instituir determinado tributo por
meio de sua legislao interna tambm competente para editar normativos
regulando o tributo, ressalvados os casos previstos na prpria CF/88, como,
por exemplo, a definio de normas gerais sobre os tributos, a serem
editadas pela Unio por meio de lei complementar (artigo 146, III, da CF/88).
Essa previso ser vista mais adiante no curso.
Vou falar mais uma vez para voc nem ousar ser pego em uma questo de
prova por ai: a CF/88 no cria qualquer tributo! Ela tambm no regula
nenhum deles, nem mesmo os da Unio. No estabelece alquotas, nem
contribuintes, nem fatos geradores, nada! Ela apenas confere (outorga)
competncia tributria a cada um dos entes polticos!
Por sua vez, a competncia tributria est DIRETAMENTE RELACIONADA
COMPETNCIA LEGISLATIVA, QUAL SEJA, O PODER DE EDITAR LEIS.
Todo e qualquer tributo deve ser criado por meio de lei ou instrumento
normativo que faa as vezes de lei, tendo a mesma fora normativa desta.
Assim, a competncia est relacionada a uma caracterstica de natureza
poltica, uma vez que existe o poder de editar leis definidoras do tributo.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 124
Por fim, temos que a destinao legal a ser dada ao produto da
arrecadao tributria no altera, em nenhuma hiptese, a
competncia tributria atribuda a um ente poltico. Expliquemos
melhor.
A CF/88, em seus artigos 157 a 159, definiu a repartio das competncias
tributrias, dispondo que o produto da arrecadao dos entes maiores seja
distribudo com os entes menores. Assim, por exemplo, temos que o produto
total da arrecadao do imposto sobre a renda (IR) pago pelos servidores
pblicos estaduais e municipais ser destinado aos cofres estaduais ou
municipais, respectivamente, no cabendo nenhum centavo sequer Unio,
ainda que sendo este um imposto previsto em sua competncia tributria.
Ainda que diante dessa situao, toda e qualquer regulao legal de matria
relativa ao IR ser de competncia tributria exclusiva da Unio, nada sendo
WRPDGRSHORVGHPDLVHQWHV Assim, a competncia tributria independe da forma como se dar a
repartio da respectiva receita do tributo.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 124
Competncia Legislativa e sua Classificao
A competncia tributria est diretamente relacionada competncia
legislativa do Ente ao qual a CF/88 outorgou poderes para instituir os tributos
nela previstos.
A competncia legislativa abrange, entre outras competncias, a competncia
tributria, uma vez que somente por meio de lei em sentido estrito que
podero ser CRIADOS os tributos, tendo em vista o princpio da legalidade, a
ser visto em aula posterior do nosso curso. Esse princpio, quanto criao
ou extino de tributos, no comporta excees.
Veja o que nos diz o artigo 6 do CTN, caro aluno:
$UW A atribuio constitucional de competncia tributria compreende a competncia legislativa plena,
ressalvadas as limitaes contidas na Constituio
Federal, nas Constituies dos Estados e nas Leis Orgnicas
do Distrito Federal e dos Municpios, e observado o disposto
nesta Lei.
Pargrafo nico. Os tributos cuja receita seja distribuda, no
todo ou em parte, a outras pessoas jurdicas de direito pblico
pertencer competncia legislativa daquela a que tenham
VLGRDWULEXtGRV*ULIRVQRVVR Antes de prosseguirmos, vamos ver o que dispe o pargrafo nico do artigo
6, transcrito acima. Esse pargrafo nos diz que, mesmo que determinada
receita tributria obtida por meio da arrecadao de determinado tributo seja
repartida com outro ente poltico, em nada ser alterada a competncia
tributria.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 124
Por exemplo, o artigo 157, III, da CF/88 nos diz que pertencem aos
municpios cinquenta por cento do produto da arrecadao do imposto do
Estado sobre a propriedade de veculos automotores licenciados em seus
territrios. Embora essa receita seja repartida com os Municpios, a
competncia tributria para a instituio e cobrana do IPVA sempre
pertencer os Estados e ao Distrito Federal. Nada transferido ao Municpio
que receber parcela da arrecadao do IPVA.
Visto isso, vamos em frente com o nosso assunto!
Observao importante relativa competncia legislativa, contudo, deve ser
feita. A competncia legislativa bem mais ampla do que a competncia
tributria, uma vez que esta est relacionada ao poder de instituir tributos,
enquanto aquela, ao de editar leis em todas as matrias em que o ente
detm o poder de legislar, inclusive o relativo ao direito tributrio.
A competncia para legislar sobre direito tributrio genrica, sendo
prevista no artigo 24 da CF/88, podendo dispor sobre a instituio de
tributos, obrigaes acessrias, isenes tributrias, regimes diferenciados de
tributao, entre outros. Enquanto isso, a competncia tributria para
instituir tributos especfica, relacionada apenas a esse poder, e
conferida de maneira exclusiva aos entes polticos da nossa federao, dentro
dos campos de incidncia de cada tributo previsto na CF/88.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 124
Separe bem os conceitos, caro aluno. A competncia para legislar sobre
direito tributrio diferente da competncia tributria. Enquanto o
primeiro se traduz na possibilidade de os entes polticos editarem leis que
regulam tributos e relaes jurdicas a eles relativas, a competncia tributria
se refere ao poder de instituir tributos previstos na CF/88, e outorgados
exclusiva e expressamente a cada um dos entes polticos da nossa federao.
O artigo 24 da CF/88 nos diz o seguinte:
$UWCompete Unio, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributrio, financeiro, penitencirio, econmico e
XUEDQtVWLFR*ULIRVQRVVR Veja que a competncia legislativa concorrente, sendo (ou podendo ser)
exercida por todos os Entes polticos, inclusive os Municpios, que no so
citados expressamente no texto do artigo 24. Os Municpios, quanto ao poder
de legislar sobre assuntos tributrios, tem sua competncia legislativa
tributria prevista no artigo 30, III, da CF/88.
$UW&RPSHWHDos Municpios: (...)
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competncia,
bem como aplicar suas rendas, sem prejuzo da
obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos
SUD]RVIL[DGRVHPOHL Por sua vez, cada ente ir legislao sobre os tributos presentes em sua
competncia tributria. Por sua vez, a competncia tributria somente pode
ser exercida por aquele expressamente determinado na CF/88.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 124
(ESAF/SEFAZ-MG/Auditor Fiscal da Receita Estadual/2005) Sobre a
competncia para legislar sobre Direito Tributrio, assinale a opo correta.
a) Somente a Unio pode legislar a respeito.
b) O Estado pode legislar a respeito, mas estar sujeito s regras gerais que
a Unio expedir sobre a matria em lei federal.
c) Nessa matria, o Estado goza de competncia legislativa exclusiva.
d) Tanto o Estado como a Unio podem legislar livremente a respeito, mas,
em caso de conflito entre as disposies normativas, prevalecer
invariavelmente a legislao federal.
e) A competncia para legislar, no caso, concorrente, sendo que somente a
Unio pode legislar sobre normas gerais, estando vedada a legislao
suplementar por parte do Estado.
Alternativa a) Incorreta. A competncia legislativa para legislar sobre
direito tributrio concorrente, dispondo que todos os entes polticos,
respeitando os limites impostos na CF/88, podem legislar sobre a matria.
Unio cabe apenas a definio de normas gerais, as quais podero vir a ser
institudas pelos Estados e pelo DF caso esta no exera a sua competncia
constitucionalmente prevista.
Alternativa b) Correta. A edio de normas gerais pela Unio deve ser
realizada por meio de lei complementar expedida por esse ente poltico,
conforme nos diz o artigo 146, III, da CF/88, a ser visto em aula posterior.
Porm, um HUURTXHSRGHULDWHUVLGRVHQWLGRSHORFDQGLGDWRpRGHTXHQHPsempre os Estados esto sujeitos ao que determinam as leis de normas
gerais da Unio, uma vez que esta, em alguns casos, pode no chegar a
editar a referida lei, o que no impedir o Estado ou o DF de editar leis
prprias para regular o tema no mbito do seu territrio, conforme nos diz o
artigo 24, 3. Entretanto, a questo, sob certo ponto de vista, correto.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 124
$UW Compete Unio, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
(...)
1 - No mbito da legislao concorrente, a
competncia da Unio limitar-se- a estabelecer
normas gerais.
2 - A competncia da Unio para legislar sobre normas
gerais no exclui a competncia suplementar dos Estados.
3 - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
exercero a competncia legislativa plena, para atender a
suas peculiaridades.
4 - A supervenincia de lei federal sobre normas gerais
VXVSHQGHDHILFiFLDGDOHLHVWDGXDOQRTXHOKHIRUFRQWUiULR Alternativa c) Incorreta. Nenhum ente goza de competncia legislativa
exclusiva em matria de direito tributrio. Entretanto, quanto a alguns temas
desse ramo do direito, como a instituio de emprstimos compulsrios pela
Unio, h sim competncias legislativas exclusivas, diferente da competncia
exclusiva em matria de direito tributrio.
Alternativa d) Incorreta. No existe hierarquia entre leis federais,
estaduais e municipais, sendo cada uma autnoma na matria ao qual esto
afetas. A hierarquia no se verificada nem mesmo entre leis ordinrias e
complementares, que se diferenciam apenas em razo da matria que
regulam (aspecto material) e no quorum de aprovao (aspecto formal).
Logo, eventual conflito de competncia, caso no sanado, dever ser levado
apreciao do STJ, guardio das leis do nosso ordenamento jurdico.
Alternativa e) Incorreta. Ainda que existindo lei de normas gerais, os
Estados podero livremente editar leis para suplementar a legislao federal
e atender s suas peculiaridades, conforme o artigo 24, 2.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 124
Antes de prosseguirmos com os pargrafos do artigo 24, temos que estudar,
sucintamente, as classificaes da competncia legislativa, que poder ser:
a) EXCLUSIVA;
b) PRIVATIVA;
c) CONCORRENTE;
d) SUPLEMENTAR;
e) COMUM;
f) RESIDUAL; ou
g) LOCAL.
A competncia exclusiva aquela que somente pode ser exercida por um
ente especfico determinado na CF/88, impossibilitando qualquer tipo de
delegao para outro ente, bem como tambm a impossibilidade de edio de
legislao suplementar. Com a competncia exclusiva, todos os demais entes
ao qual esta no foi conferida ficam excludos do poder de legislar sobre
determinado assunto.
Esses casos esto previstos, por exemplo, no artigo 21 da Carta Federal, que
confere Unio o poder, dentre outros, de emitir moeda e administrar as
reservas cambiais do pas, no podendo essas atribuies ser delegadas pela
Unio a outros entes polticos.
$UW&RPSHWHj8QLmR VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do Pas e fiscalizar as
operaes de natureza financeira, especialmente as de
crdito, cmbio e capitalizao, bem como as de seguros e de
SUHYLGrQFLDSULYDGD
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 124
A competncia privativa aquela conferida apenas a um Ente poltico, mas
que pode vir a ser delegada ou suplementada pelos demais, sendo uma
amenizao da competncia exclusiva. Como exemplo, temos o artigo 22 da
CF/88, dispondo que compete Unio legislar sobre seguridade social,
podendo lei complementar federal autorizar os Estados e o Distrito federal (e
apenas estes) a legislar sobre questes especficas quanto s matrias
relativas seguridade social.
$UW&RPSHWHSULYDWLYDPHQWHj8QLmROHJLVODUVREUH I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
agrrio, martimo, aeronutico, espacial e do trabalho; (...)
XXIII - VHJXULGDGHVRFLDO A competncia concorrente se refere possibilidade de mais de um Ente
poltico legislar sobre o mesmo assunto, podendo a edio de leis a ele
relativa ser realizada ao mesmo tempo e com a mesma fora legislativa
quanto aos seus subordinados. Um exemplo dessa competncia a relativa
ao direito tributrio, contida no artigo 24, I, da CF/88.
$UW&RPSHWHj8QLmRDRV(VWDGRVHDR Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
(...)
I - direito tributrio, financeiro, penitencirio, econmico e
urbanstico;
(...)
IV - FXVWDVGRVVHUYLoRVIRUHQVHV ( p WmR EDJXQoDGR DVVLP SURIHVVRU" 9LUJXOLQR SRU IDYRU H[SOLTXH LVVR DL melhor. s chegar e legislar sobre o que der na telha, desde que esteja
QHVVHWDOGHDUWLJR"
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 124
Todos os entes podem legislar sobre direito tributrio, genericamente falando.
O que no pode a Unio e o Estado de Pernambuco, por exemplo, legislar
sobre uma iseno relativa ao Imposto de renda, um dos impostos previstos
na competncia tributria da Unio, e que veremos na aula 12. Cada macaco
comendo banana que d no seu galho, por favor!
Por sua vez, como veremos adiante aos estudarmos os 1 a 4 do artigo
24, a competncia da Unio, em matria de legislao concorrente, ficar
limitada a edio de normais gerais, no excluindo a competncia
suplementar dos Estados. Espere um pouco apenas. Vamos ver agora essa tal
competncia suplementar.
A competncia suplementar relativa possibilidade dos Estados e do
Distrito Federal editarem normas que detalhem as normas gerais editadas
pela Unio, bem como preenchendo as ausncias normativas desta, conforme
preveem os 2 e 3 do artigo 24 da CF/88, a serem vistos logo adiante.
Alm da competncia suplementar dos Estados e do DF, temos ainda o que
consta no artigo 30 da CF/88, mais especificamente em seu inciso II,
atribuindo aos Municpios o poder de suplementar a legislao federal e a dos
Estados nas matrias que especfica:
$UW&RPSHWHDRV0XQLFtSLRV I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislao federal e a estadual no que
couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competncia, bem
como aplicar suas rendas, sem prejuzo da obrigatoriedade de
prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em
OHL*ULIRVQRVVR
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 124
Ou seja, com exceo da Unio, que edita as normas gerais, todos os demais
entes polticos possuem competncia suplementar. So eles que iro dispor
sobre aquilo que a lei federal no dispuser, e desde que no ultrapassem os
limites por esta estabelecidos.
A competncia local a contida no inciso I do artigo 30 acima, prevista
para os Municpios e para o Distrito Federal (no exerccio de sua competncia
municipal). Cabe apenas a esses entes dispor sobre os assuntos de interesse
local, como abertura e fechamento do comrcio, leis de postura municipal,
entre outras. Como exemplo, veja o que nos diz a Smula 645 do STF:
e FRPSHWHQWH R Punicpio para fixar o horrio de IXQFLRQDPHQWRGHHVWDEHOHFLPHQWRFRPHUFLDO
Por fim, temos a competncia residual ou implcita, conferida aos Estados
e ao Distrito Federal (este, no exerccio de sua competncia estadual),
prevista no artigo 25, 1, da CF/88:
$UW 1 - So reservadas aos Estados as competncias que no
OKHVVHMDPYHGDGDVSRUHVWD&RQVWLWXLomR Assim, tudo o que no for expressamente previsto como de competncia da
Unio ou dos Municpios, ser dos Estados, podendo ser livremente exercidas
por esses entes polticos, atendidas as limitaes da CF/88.
Vamos finalmente ao artigo 24? Ele muito importante para o estudo do
tema dessa aula de hoje. Aprenda com cuidado, muito embora esse tema
seja visto tambm em direito constitucional. Caso j tenha visto, basta pular
para o prximo item da aula, que relativo s caractersticas da competncia
tributria. Vamos em frente!
Quanto ao artigo 24, temos o que nos dizem seus 1 a 4:
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 124
- No mbito da legislao concorrente, a competncia da Unio limitar-se- a estabelecer normas gerais.
2 - A competncia da Unio para legislar sobre normas
gerais no exclui a competncia suplementar dos Estados.
3 - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
exercero a competncia legislativa plena, para atender a suas
peculiaridades.
4 - A supervenincia de lei federal sobre normas gerais
VXVSHQGHDHILFiFLDGDOHLHVWDGXDOQRTXHOKHIRUFRQWUiULR O 1 j foi estudado por ns, prevendo a competncia da Unio quanto
competncia concorrente (no confunda com outra espcie), que ser
limitada a apenas estabelecer normas gerais. Essa competncia a que
ocorre, por exemplo, quanto ao ISS, quando a Unio editou a lei
complementar n 116, de 2003, dispondo sobre as normas gerais relativas ao
imposto e de observncia obrigatria por todos os Municpios e pelo Distrito
Federal ao editarem suas leis internas relativas ao imposto.
Cabe lei de normas gerais tributrias, a ser editada pela Unio, entre outros
temas, e relativamente aos impostos, definir a base de clculo, os
contribuintes e os fatos geradores. Assim, atente bem: no ser a lei de
normais gerais que fixar as alquotas do(s) imposto(s) nela regulado(s), mas
sim as leis internas de cada ente competente para instituir o tributo
respectivo. De onde tirei isso? Do artigo 146, III, da CF/88. Veja a sua
redao, que contempla ainda outros temas:
$UW&DEHjOHLFRPSlementar: (...) III - estabelecer normas gerais em matria de legislao
tributria, especialmente sobre:
a) definio de tributos e de suas espcies, bem como, em
relao aos impostos discriminados nesta Constituio, a
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 124
dos respectivos fatos geradores, bases de clculo e
contribuintes;
b) obrigao, lanamento, crdito, prescrio e decadncia
tributrios;
c) adequado tratamento tributrio ao ato cooperativo
praticado pelas sociedades cooperativas.
d) definio de tratamento diferenciado e favorecido para as
microempresas e para as empresas de pequeno porte,
inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do
imposto previsto no art. 155, II, das contribuies previstas
no art. 195, I e 12 e 13, e da contribuio a que se
refere o art. 239
Como tambm vimos, a competncia suplementar dos Estados no pode ser
afastada pela competncia da Unio para legislar sobre normas gerais.
Quanto ao ISS, novamente, o Distrito Federal, por exemplo, livre para
estabelecer regras suplementares s previstas na LC n 116/03, inclusive
suprindo eventuais lacunas deixadas pela lei federal. O que no pode inovar
ou criar disposies diferentes das previstas na lei de normas gerais.
Se a lei complementar diz que apenas determinadas situaes do origem
possibilidade de cobrana do ISS, o Municpio no poder estipular outras no
previstas na norma geral. Tambm, se a lei complementar determinou que
apenas o prestado do servio a pessoa eleita para pagar o imposto
(contribuinte), no poder a lei ampliar essa possibilidade pessoas
diferentes.
Por outro lado, havendo lacunas na lei de normas gerais editadas pela Unio,
cabe aos Estados e a o Distrito Federal suplementar a lei federal para atender
s suas peculiaridades. Essa a previso do 2.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 124
A previso do 3, por sua vez, muito importante, uma vez que confere
atribuies maiores aos Estados e ao Distrito Federal. Caso determinado
assunto que deveria ser regulamentado por lei de normas gerais da Unio no
venha a ser tratado, a competncia dos Estados e do Distrito Federal, antes
suplementar, passa a ser plena, uma vez que inexistiro normas gerais
nacionais.
Veja o que decidiu o STF em seu RE 607546 AgR/PR, de 23 de agosto de
2011:
$QWH D RPLVVmR GR legislador federal em estabelecer as normas gerais pertinentes ao imposto sobre a doao de bens
mveis, os Estados-membros podem fazer uso de sua
competncia legislativa plena com fulcro no art. 24, 3, da
&RQVWLWXLomRHDUWGR$'&7 Observe ainda o AI 167.777 AgR/SP, de 04 de maro de 1997; e a ADI
2.355/PR, de 19 de junho de 2002, respectivamente:
0RVWUD-se constitucional a disciplina do Imposto sobre Propriedade de Veculos Automotores mediante norma local.
Deixando a Unio de editar normas gerais, exerce a unidade
da federao a competncia legislativa plena - 3 do artigo
24, do corpo permanente da Carta de 1988 -, sendo que, com
a entrada em vigor do sistema tributrio nacional, abriu-se
Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios, a via
da edio de leis necessrias respectiva aplicao - 3 do
artigo 34 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias
GD&DUWDGH /HL HVWDGXDO TXH GHWHUPLQD TXH RV PXQLFtSLRV GHYHUmRaplicar, diretamente, nas reas indgenas localizadas em seus
respectivos territrios, parcela (50%) do ICMS a eles
distribuda - transgresso clusula constitucional da no-
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 124
afetao da receita oriunda de impostos (cf, art. 167, iv) e ao
postulado da autonomia municipal (cf, art. 30, iii) - vedao
constitucional que impede, ressalvadas as excees previstas
na prpria constituio, a vinculao, a rgo, fundo ou
despesa, do produto da arrecadao de impostos -
inviabilidade de o estado-membro impor, ao municpio, a
destinao de recursos e rendas que a este pertencem por
direito prprio - ingerncia estadual indevida em tema de
H[FOXVLYRLQWHUHVVHGRPXQLFtSLR Por sua vez, a Smula STF 69 nos diz que:
$ FRQVWLWXLomR HVWDGXDO QmR SRGH HVWDEHOHFHU OLPLWH SDUD Raumento de tributos municipais
Observe, por fim, que a edio de normas pelos Estados e pelo Distrito
Federal, na falta de normas gerais da Unio, ser apenas para atender s
suas peculiaridades, e no para impor algo aos demais Entes. A lei do IPVA de
Pernambuco, por exemplo, ser vlida apenas para o territrio do Estado,
ainda que dispondo sobre todos os elementos do tributo, j que, at o
momento, no h lei de normais gerais editada pela Unio. Essa lei, contudo,
no pode ser aplicada, regra geral, ao Estado da Paraba, por exemplo
(poderia se houvesse a celebrao de acordo prevendo a extraterritorialidade
da lei pernambucana no territrio do Estado da Paraba, o que no o caso).
Por fim, temos a supervenincia de lei federal quando j existente lei estadual
ou distrital. A lei federal, ao sobrevir, ir SUSPENDER A EFICCIA da lei
estadual ou distrital no que lhe for contrria. Os dispositivos no conflitantes
com a lei federal permanecero em vigor, paralelamente a esta. Sendo
revogada a lei federal, a lei estadual ou distrital volta a ter fora normativa
novamente. Atente bem: a lei federal no ir revogar a lei estadual, uma vez
que no h hierarquia entre leis federais e estaduais. H APENAS A
SUSPENSO DOS EFEITOS DA LEI ESTADUAL ENQUANTO PERDURAR NO
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 124
TEMPO A LEI FEDERAL. Veja uma questo para fixar bem o tema que
acabamos de visualizar.
(FCC/Auditor Fiscal/2010) Em matria de competncia para a instituio
de impostos, correto afirmar-se que:
a) os Municpios dos Territrios Federais so competentes para instituir seus
prprios impostos, tal como nos Estados.
b) nos Territrios Federais compete aos Estados dos quais foram
desmembrados a instituio dos impostos estaduais.
c) compete aos Territrios Federais a instituio de seus impostos, tanto
estaduais quanto municipais.
d) os Estados podem instituir impostos extraordinrios e temporrios, com
arrecadao vinculada a fins especficos.
e) os Municpios podem instituir novos impostos, alm daqueles
expressamente previstos na Constituio Federal.
Alternativa a) Correta. Os territrios federais no possuem autonomia
poltica nem financeira, no sendo um dos entes polticos presentes na
constituio da nossa federao. Assim, no podem instituir tributos,
cabendo esse papel Unio, e desde que o territrio no seja dividido em
municpios, diante do qual resta afastada a competncia tributria da mesma
quanto instituio desses tributos. Por sua vez, os municpios presentes
nos territrios federais possuem total autonomia, assim como os demais
municpios presentes nos Estados, quanto instituio e cobrana dos
impostos de competncia municipal.
Alternativa b) Incorreta. Nos territrios federais, esse papel cabe Unio,
uma vez que o territrio no possui competncia para a instituio de
tributos estaduais nem municipais.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 124
Alternativa c) Incorreta. Em nenhum caso ser competncia dos
territrios federais a instituio de tributos. Esse papel caber
exclusivamente Unio, caso o territrio no seja dividido em municpios.
Caso sim, caber a cada municpio a instituio dos tributos municipais e
Unio apenas os estaduais.
Alternativa d) Incorreta. Cabe apenas Unio a instituio de impostos
extraordinrios, e mesmo assim apenas em casos de guerra externa,
iminente ou declarada, conforme o artigo 154, II, da CF/88. No h a
previso de impostos temporrios no nosso atual ordenamento jurdico.
Alternativa e) Incorreta. Somente a Unio possui competncia residual
quanto a criao de impostos e contribuies. Esse tema ser visto mais
adiante em nosso curso.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 124
Caractersticas da Competncia Tributria
A competncia tributria possui caractersticas muito importantes e que
devem ser bem memorizadas por voc, caro aluno. De acordo com a melhor
doutrina, e conforme o que solicitado em provas de direito tributrio, a
competncia tributria pode ser classificada como:
Indelegvel;
Imprescritvel;
Facultativa;
Irrenuncivel;
Inaltervel.
Vamos a cada uma delas:
Indelegvel a competncia atribuda pela CF/88, e somente por esta, no pode ser transferida a nenhum outro Ente federativo, seja por
qual for o meio ou acordo. Uma vez atribuda a competncia tributria
aos Municpios para a instituio, por exemplo, do Imposto sobre
Operaes de Qualquer Natureza - ISS (Artigo 156, III, da CF/88),
somente o Municpio poder institu-lo (ou no, caso no queira), no
SRGHQGRD8QLmRHRV(VWDGRVHR')IXUWDUDFRPSHWrQFLDPXQLFLSDO, muito embora o DF tambm possua a competncia para a instituio do
ISS.
Por sua vez, a caracterstica da indelegabilidade nada tem a ver
com a possibilidade de atribuio das funes de arrecadar ou
fiscalizar tributos, ou de executar leis, servios, atos ou decises
administrativas em matria tributria, do ente competente para a
instituio do tributo para outra pessoa jurdica de direito pblico.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 124
As funes de arrecadar e fiscalizar tributos esto compreendidos na
chamada capacidade tributria ativa, a qual oriunda da competncia
tributria. A capacidade tributria ser estudada com mais detalhes em aula
posterior.
Observe que tudo aquilo que est presente na capacidade tributria ativa est
presente tambm dentro da competncia tributria. Desse modo, todo ente
que possui a competncia tributria, possui tambm a capacidade tributria
ativa. O contrrio, como veremos mais adiante, nem sempre possvel, j
que uma pessoa jurdica de direito pblico pode ter a capacidade tributria
ativa sem necessariamente ter a competncia tributria.
Determinado ente federativo municipal (o Municpio de So Paulo, por
exemplo) poder instituir o imposto sobre a propriedade predial e territorial
urbana (IPTU), definir os elementos que definem e caracterizam o tributo,
proceder sua fiscalizao e, por consequncia, sua arrecadao. Se ele
institui, ele tambm possui a competncia tributria para arrecadar e
fiscalizar, bem como de executar leis, atos, servios ou decises
administrativas em matria tributria relativa a esse tributo. O mesmo vale
para os demais tributos previstos na sua competncia tributria.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 124
Porm, nada impede que o determinado ente atribua, a outra pessoa jurdica
de direito pblico, as funes descritas acima, EXCETO A DE INSTITUIR
O TRIBUTO, que, como vimos, indelegvel.
3R[D SURIHVVRU 0DV R VHQKRU DFDERX GH GL]HU TXH XP HQWH Qmo pode instituir tributo pertencente competncia tributria de outro ente, mas pode
ID]HUWXGRPDLVUHODWLYRDRWULEXWR$VVLPILFDGLItFLOHQWHQGHU , caro aluno. Mas isso mesmo. Exceto quanto funo de instituir tributos,
todas as demais funes podem ser delegadas a OUTRO ENTE DE DIREITO
PBLICO. Atente bem. Tudo isso no foi eu que inventei, est tudo no CTN.
Veja:
$UW $ FRPSHWrQFLD WULEXWiULD p LQGHOHJiYHO VDOYRatribuio das funes de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou
de executar leis, servios, atos ou decises administrativas
em matria tributria, conferida por uma pessoa jurdica de
direito pblico a outra, nos termos do 3 do artigo 18 da
&RQVWLWXLomR A competncia tributria permaneceu intocvel, como determina a CF/88.
Tudo o mais pertence capacidade tributria ativa, essa, sim, DELEGVEL.
Mais uma vez repito: a capacidade tributria se refere, como falamos
anteriormente, ao poder de arrecadar, fiscalizar e cobrar tributos, bem como
ao de executar leis, servios, atos ou decises administrativas em relao
exao tributria, podendo ser exercida pelo ente que institui o tributo ou por
outras pessoas jurdicas de direito pblico, desde que por delegao. o que
chamamos de capacidade tributria ativa, estando relacionada natureza
administrativa.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 124
Veja essas duas assertivas sobre o tema que acabamos de ver. Elas falam
sobre a possibilidade de delegao de competncia a outros entes.
(ESAF/RFB/AFRFB/2005) A competncia tributria indelegvel,
salvo atribuio das funes de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de
executar leis, servios, atos ou decises administrativas em matria
tributria, conferida por uma pessoa jurdica de direito pblico a
outra.
Conforme vimos, a delegao relativa CAPACIDADE TRIBUTRIA, E NO
COMPETNCIA TRIBUTRIA, ESSA, INDELEGVEL. Ainda que o item tivesse
tratado da capacidade tributria, essa pode compreender outros assuntos, e
no apenas a funo de arrecadao de tributos, conforme o artigo 7 do
CTN.
Assim, resta correta a assertiva apresentada.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 124
(CESPE/2011/EBC/Analista - Advocacia) Somente lcita a
delegao de competncia tributria a pessoa jurdica de direito
privado se a funo ou encargo referir-se a arrecadao de tributos.
Vale a mesma explicao dada acima, uma vez que possvel a delegao da
funo ou encargo de arrecadar os tributos, mas no da competncia
tributria. Por sua vez, foi bem o legislador ao definir que a competncia
tributria indelegvel. Assim, resta incorreta a assertiva apresentada.
Atente bem para um ponto importante: todo ente que possui competncia
tributria possui tambm a capacidade tributria, mas o inverso nem
sempre verdadeiro, apenas se estivermos falando da prpria pessoa
jurdica que instituiu o tributo (aquela que a titular da competncia
tributria).
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 124
A atribuio da capacidade tributria, por sua vez, sempre feita por meio de
lei, razo pelo qual no pode ser feita por outro ato normativo diferente desse
ou que no faa s vezes deste. Essa atribuio encontra vrios exemplos no
texto constitucional, os quais veremos quando estivermos estudando a
capacidade tributria ativa.
Para ilustrao, segue o que consta no artigo 153, 4, III, da CF/88, relativo
ao Imposto Territorial Rural (ITR), de competncia da Unio, mas que pode
vir a ser cobrado e fiscalizado pelos Municpios que assim optarem:
2LPSRVWRSUHYLVWRQRLQFLVR9,GRFDSXW (ITR): (...)
III - ser fiscalizado e cobrado pelos Municpios que assim
optarem, na forma da lei, desde que no implique reduo do
LPSRVWRRXTXDOTXHURXWUDIRUPDGHUHQ~QFLDILVFDO A Unio o ente que sempre editar as leis e normativos relativos ao
imposto, no conferindo ao Municpio nenhuma competncia legislativa
quanto a esse tributo federal. Eventuais questionamentos quanto cobrana
ou no do ITR, por exemplo, continuaro sob a competncia da Unio. Aos
Municpios cabe apenas fiscalizar e cobrar, apenas isso, ou seja, possuem
apenas a capacidade tributria ativa. E a Unio? Possui a competncia
tributria.
Um dos tributos da Unio que repartido com os Estados e com os Municpios
o imposto de renda cobrado na fonte dos respectivos servidores desses
entes polticos, a quem cabe 100% da arrecadao. Ou seja, o imposto de
renda devido pelos servidores efetivos do Estado do Piau, por exemplo, ter
sua arrecadao totalmente destinada aos cofres desse ente poltico,
conforme previso do artigo 158, I, da CF/88:
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 124
$UW3HUWHQFHPDRV(VWDGRVHDR'LVWULWR)HGHUDO I - o produto da arrecadao do imposto da Unio sobre
renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte,
sobre rendimentos pagos, a qualquer ttulo, por eles, suas
autarquias e pelas fundaes que institurem e
PDQWLYHUHP Uma vez que possuem a totalidade do produto da arrecadao, esses entes
possuiro tambm a capacidade tributria ativa, conferida pela Unio. Essa
previso est diretamente relacionada ao que determina o 1 do artigo 7
do CTN:
$DWULEXLomRFRPSUHHQGHDVJDUDQWLDVHRVSULYLOpJLRVprocessuais que competem pessoa jurdica de direito
S~EOLFRTXHDFRQIHULU Ou seja, sempre que o ente possuidor da competncia tributria delegar a
sua capacidade tributria ativa, ele tambm ir conferir ao delegatrio as
garantias e os privilgios processuais que possui quanto ao tributo. Veja
ainda o que nos diz a Smula 447 do STJ:
6~PXOD: Os Estados e o Distrito Federal so partes legtimas na ao
de restituio de imposto de renda retido na fonte proposta
SRUVHXVVHUYLGRUHV
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 124
(FCC/TC-MT/Procurador do Estado/2011) Sobre competncia tributria
e capacidade tributria ativa, correto afirmar:
(A) A competncia tributria delegvel por lei.
(B) A capacidade tributria ativa indica o sujeito ativo da obrigao tributria
principal.
(C) O Cdigo Tributrio Nacional fixa as competncias tributrias.
(D) A capacidade tributria ativa exclusiva do ente poltico definido na
Constituio Federal.
(E) Somente o ente poltico competente para instituir o tributo pode ser
titular da capacidade tributria ativa.
Alternativa a) Incorreta. A competncia tributria sempre indelegvel,
somente podendo ser delegada a capacidade tributria ativa, conforme
determina o artigo 7 do CTN.
Alternativa b) Correta. Conforme veremos em aula posterior, o sujeito
ativo da relao tributria o ente competente para exigir o tributo devido,
que poder ser tanto a prpria pessoa jurdica de direito pblico que instituiu
o tributo (Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios) quanto as demais
pessoas jurdicas de direito pblico que tenham recebido delegao da
capacidade tributria ativa. Assim, a capacidade tributria ativa indica o
sujeito ativo da obrigao tributria principal, que a obrigao de pagar
tributo ou penalidade pecuniria, conforme o artigo 113, 1, do CTN, a ser
visto em aula posterior do nosso curso.
Alternativa c) Incorreta. Quem fixa as competncias tributrias a CF/88
em seu captulo I do ttulo VI da CF/88 destinado ao Sistema Tributrio
Nacional, e no o CTN.
Alternativa d) Incorreta. A competncia tributria que exclusiva das
pessoas polticas determinadas na CF/88, podendo, por outro lado, a
capacidade tributria ativa ser delegada a outras pessoas jurdicas de direito
pblico, conforme o artigo 7 do CTN.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 124
Alternativa e) Incorreta. A competncia tributria indelegvel, salvo
atribuio das funes de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis,
servios, atos ou decises administrativas em matria tributria, conferida
por uma pessoa jurdica de direito pblico a outra, conforme o artigo 7 do
CTN. Logo, outra pessoa jurdica de direito pblico tambm pode ser titular da
capacidade tributria ativa, alm daquele que possui a competncia
tributria.
(VHRHQWHTXHGHOHJRXDFDSDFLGDGHWULEXWiULDDWLYDTXLVHUesta de volta, Virgulino? Tem como reaver? 2XSHUGHXSDUDVHPSUH" Com certeza h como reaver, futuro servidor. E fcil igual a tomar gua de
coco debaixo de um guarda-sol em Porto de Galinhas. O artigo 7, 2, do
CTN, diz o seguinte:
$DWULEXLomRSRGHVHU revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurdica de direito pblico
que a tenha conferido Na hora que o ente quiser pegar de volta a sua capacidade tributria, s
editar um ato unilateral e pronto, est devolvida. E nem adianta aquele que
recebeu chorar nada. O ATO UNILATERAL, ou seja, de vontade nica do
ente poltico que concedeu, REVOGANDO o ato anterior de delegao.
Um exemplo dessa delegao seria a conferida pela Unio aos Municpios no
que diz respeito ao imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR),
conferindo a estes entes polticos as funes, entre outras, de arrecadar e
fiscalizar os tributos de competncia da Unio, regra geral. Procuradoria da
Fazenda Nacional, rgo integrante da estrutura da Unio, por sua vez, cabe
a cobrana dos tributos por meio da execuo fiscal, exercendo outra parte
da capacidade tributria ativa da Unio, ente de direito pblico. Os
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 124
municpios, assim, possuiro a capacidade tributria ativa, enquanto a Unio,
a competncia tributria. Tudo tranquilo at aqui, Virgulino?
Veja ainda o que diz o artigo 84 do CTN sobre esse assunto de delegabilidade
da capacidade tributria ativa:
$UW $ lei federal pode cometer aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municpios o encargo de
arrecadar os impostos de competncia da Unio cujo
produto lhes seja distribudo no todo ou em parte.
Pargrafo nico. O disposto neste artigo, aplica-se
arrecadao dos impostos de competncia dos Estados, cujo
produto estes venham a distribuir, no todo ou em parte, aos
UHVSHFWLYRV0XQLFtSLRV (Grifos nosso) Ou seja, caso determinado tributo federal venha a ser repartido, no todo ou
em parte, com um dos demais entes da federao, a Unio poder editar lei
cometendo o encargo da funo de arrecadar o tributo ao respectivo ente. O
mesmo vale para os Estados em relao aos seus Municpios, no caso de
haver repartio das respectivas receitas oriundas da arrecadao dos
tributos estaduais.
Veja agora uma questo cobrada no ltimo concurso da RFB para o cargo de
ATRFB.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 124
(FCC/ISS-SP/Auditor Fiscal Tributrio/2012) Municpio Deixa pra L,
no conseguindo, hipoteticamente, exercer sua competncia constitucional
tributria para instituir o ITBI no seu territrio, celebrou acordo com o Estado
federado em que se localiza, para que esse Estado passasse a exercer, em
seu lugar, a competncia constitucional para instituir o referido imposto em
seu territrio municipal e, ainda, para que exercesse as funes de fiscalizar e
arrecadar esse tributo, recebendo, em contrapartida, um pagamento fixo
anual, a ttulo de "retribuio compensatria". Relativamente a essa situao,
o Municpio Deixa pra L
(A) no pode delegar sua competncia tributria, nem suas funes de
arrecadar e de fiscalizar tributos de sua competncia tributria a qualquer
outra pessoa jurdica de direito pblico, mas pode delegar as funes de
arrecadao s instituies bancrias pblicas e privadas.
(B) pode delegar sua competncia tributria e suas funes de arrecadar e de
fiscalizar tributos a outra pessoa jurdica de direito pblico.
(C) no pode delegar sua competncia tributria a qualquer outra pessoa
jurdica de direito pblico, embora possa delegar as funes de arrecadar e de
fiscalizar tributos de sua competncia tributria.
(D) no pode delegar sua competncia tributria, nem suas funes de
fiscalizar tributos a qualquer outra pessoa jurdica de direito pblico, embora
possa delegar suas funes de arrecadar tributos de sua competncia
tributria.
(E) no pode delegar sua competncia tributria, nem suas funes de
arrecadar e de fiscalizar tributos de sua competncia tributria a qualquer
outra pessoa jurdica de direito pblico.
A competncia tributria indelegvel, conforme regra presente no artigo 7
do CTN, o que no impede a delegao, por parte do Municpio de Deixa Pra
L, das funes de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis,
servios, atos ou decises administrativas em matria tributria, conferida
por essa pessoa jurdica de direito pblico a outra. Ainda que a delegao se
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 124
der por meio de acordo entre os Municpios, aquele ser plenamente
inconstitucional.
Logo, o Municpio de Deixa Pra L no pode delegar sua competncia
tributria a qualquer outra pessoa jurdica de direito pblico, embora possa
delegar as funes de arrecadar e de fiscalizar tributos de sua competncia
tributriaRTXHWRUQDFRUUHWDDDOWHUQDWLYDFJDEDULWRGDTXHVWmR
(ESAF/RFB/ATRFB/2012) Analise as proposies a seguir e assinale a
opo correta.
I. Se a Constituio atribuir Unio a competncia para instituir certa taxa e
determinar que 100% de sua arrecadao pertencer aos Estados ou ao
Distrito Federal, caber, segundo as regras de competncia previstas no
Cdigo Tributrio Nacional, a essas unidades federativas a competncia para
regular a arrecadao do tributo.
II. Embora seja indelegvel a competncia tributria, uma pessoa jurdica de
direito pblico pode atribuir a outra as funes de arrecadar e fiscalizar
tributos.
III. permitido, sem que tal seja considerado delegao de competncia,
cometer a uma sociedade annima privada o encargo de arrecadar impostos.
a) As duas primeiras afirmaes so corretas, e errada a outra.
b) A primeira correta, sendo erradas as demais.
c) As trs so corretas.
d) A primeira errada, sendo corretas as demais.
e) As trs so erradas.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 124
Item I) Incorreto. A repartio, total ou parcial, da arrecadao de
determinado tributo com outro ente no importa na delegao da
competncia tributria, uma vez que esta, como vimos, indelegvel no que
diz respeito instituio e regulao do tributo. Assim, ainda que a Unio
repasse 100% do produto da arrecadao da referida taxa, em nada
alterada a sua competncia tributria, que permanece intocada. O mesmo
acontece para o caso do ITR, em que a Unio, nos casos em que o Municpio
opta pela sua fiscalizao e arrecadao, repassa 100% do produto da
arrecadao do imposto, conforme artigo 153, 4, III, da CF/88.
Item II) Correta. A delegao da capacidade tributria ativa, ao contrrio
da competncia tributria, delegvel a outra pessoa jurdica de direito
pblico, conforme determina o artigo 7 do CTN. Esse artigo nos diz que a
competncia tributria indelegvel, salvo atribuio das funes de
arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, servios, atos ou decises
administrativas em matria tributria, conferida por uma pessoa jurdica de
direito pblico a outra.
Item III) Correta. Essa a previso do artigo 7, 3, do CTN, que nos diz
que no constitui delegao de competncia o cometimento, a pessoas de
direito privado, do encargo ou da funo de arrecadar tributos.
Assim, resta como correta a alternativa "d", gabarito da questo. Veja agora
uma questo cobrada no concurso para o cargo de Auditor Fiscal do Municpio
de So Paulo, realizado no incio de 2012.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 124
(CESPE/SEFAZ-ES/Auditor Fiscal da Receita Estadual/2013) O
cometimento a pessoa de direito privado, como os bancos, do encargo de
arrecadar tributos:
A) constitui ato de delegao de competncia, de acordo com a legislao
tributria vigente.
B) constitui delegao da capacidade tributria passiva.
C) constitui ato legal em que se atribui apenas a capacidade de arrecadar,
no cabendo fiscalizao ou cobrana do tributo.
D) no pode ser revogado unilateralmente.
E) pode ser anulado, e no revogado, visto que a revogao tem de ser feita
por mtuo consentimento
Questo simples, que versou sobre a delegao da capacidade tributria
ativa. De acordo com o artigo 7 do CTN, a competncia tributria
indelegvel, salvo atribuio das funes de arrecadar ou fiscalizar tributos,
ou de executar leis, servios, atos ou decises administrativas em matria
tributria, conferida por uma pessoa jurdica de direito pblico a outra. Ou
seja, o nosso CODEX ptrio somente admite a delegao da capacidade
tributria ativa, jamais da competncia tributria.
Entretanto, essa delegao somente pode ser feita a pessoas jurdicas de
direito pblico, sendo vedada a delegao, ainda que da capacidade tributria
ativa, a pessoas jurdicas de direito privado.
Por sua vez, o 3 do mesmo artigo 7 do CTN estabelece que no constitui
delegao de competncia o cometimento, a pessoas de direito privado, do
encargo ou da funo de arrecadar tributos. Entre essas pessoas jurdicas de
direito privado, por exemplo, temos os bancos comercias, que possuem a
atribuio de arrecadar os valores pagos pelos sujeitos passivos, sendo um
ato perfeitamente legal, no sendo delegada nem a competncia tributria
nem a capacidade tributria ativa.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 124
( HVVH DWR GH GHOHJDomR GD IXQomR GH DUUHFDGDU WULEXWRV FRQIHULGD jVpessoas de direito privado, pode ser revogado pelo ente competente,
SURIHVVRU" Perfeitamente. Pode ser revogado a qualquer tempo pelo ente concedente.
Essa a previso do 2 do artigo 7 do CTN, que estabelece que a
atribuio pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa
jurdica de direito pblico que a tenha conferido.
Logo, o cometimento a pessoa de direito privado, como os bancos, do
encargo de arrecadar tributos constitui ato legal em que se atribui apenas a
capacidade de arrecadar, no cabendo fiscalizao ou cobrana do tributo,
que somente pode ser realizado por pessoas jurdicas de direito pblico.
Assim, resta como correta a alternativa "c", gabarito da questo.
Vamos ver agora outra caracterstica da competncia tributria: a
imprescritibilidade.
Imprescritvel E caso determinado ente municipal no se utilize do seu poder de instituir um tributo, professor? A sociedade no poder
ficar sem os recursos oriundos da arrecadao do ISS, por exemplo.
2XWUR HQWH SRGHUi ID]HU LVVR" Certamente no. Infelizmente a VRFLHGDGH HP TXHVWmR LUi ILFDU VHP XP WURFDGLQKR D PDLV QRoramento. O no exerccio da competncia tributria no permite que
outro ente, diverso daquele a quem a CF/88 atribuiu a competncia
tributria, venha a se utilizar de tal prerrogativa. Cabe ao Ente
escolhido pela CF/88 utilizar ou no a competncia tributria a ele
atribuda expressamente em seu texto, PODENDO EXERCE5NA HORA QUE O DER NA TELHA (GHRQGHRVHQKRUWLURXLVVRSURIHVVRU"'RXWULQD"
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 124
Quem nos diz isso o pai do direito tributrio (a CF/88 a me - - pais, sempre em segundo plano...): nosso querido CTN (Cdigo
Tributrio Nacional). Seu artigo 8 nos diz o seguinte:
Art. 8 O no-exerccio da competncia tributria no a defere a pessoa jurdica de direito pblico diversa daquela
a que a Constituio a tenha atribudo.*ULIRVQRVVR Pernambuco, tu ainda no instituiu o IPVA nas tuas terras, cabra da peste! J que tu no o fez, eu vou fazer issoGLVVHR(VWDGRGD3DUDtEDLQGLJQDGR1DPHVPDKRUD3HUQDPEXFRUHWUXFRXLargue de besteira, homi! Voc no estudou competncia tributria, no? S eu posso fazer isso aqui nas minhas
bandas. E nenhum caboclo mais 3DUDtED ILFRX FDODGD H IRL HVWXGDU SHODVaulas do Virgulino...
Quer dizer ento que o direito dos entes polticos institurem os tributos previstos em sua competncia tributria no est sujeito decadncia,
Virgulino"3HUIHLWR IXWXURVHUYLGRU2VLPSOHV IDWRGHQmR WHUH[HUFLGRQmRfaz com que o ente poltico perca seu direito de, a qualquer momento, vir a
criar qualquer tributo previsto na CF/88. A competncia tributria no
prescreve! Ela incaducvel!
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 124
O no exerccio da competncia tributria no a defere, em nenhuma
hiptese, a outro ente que no a detenha. Por sua vez, cabe apenas ao ente
competente definir o momento de exerccio (ou no) da competncia a ele
atribuda, caracterstica relacionada facultatividade, a ser visto agora. A
Unio no poder cobrar nenhum tributo de competncia dos Estados, ainda
que estes no tenham exercido a sua competncia tributria conferida pela
CF/88.
Assim, restam incorretas as assertivas apresentadas. Vamos a mais uma
caracterstica muito importante da competncia tributria? Em frente!
Facultativa decorre diretamente da caracterstica anterior: cabe ao Ente munido da competncia tributria atribuda pela CF/88 definir dia,
hora, lugar e prazo para instituir o tributo a ele conferido. Ou escolher
no exerc-la. o que acontece, por exemplo, para o imposto sobre
grandes fortunas (IFG), atribudo pela CF/88 Unio, mas que jamais
chegou a ser institudo. Por qu? Bem...vamos continuar a aula. -
Essa faculdade atualmente, no entanto, pode ter algumas
consequncias se olharmos sobre a tica da responsabilidade na gesto
fiscal, conforme nos diz o artigo 11 da Lei Complementar n 101, de
2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), e relativamente aos impostos:
$UW Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gesto fiscal a instituio, previso
e efetiva arrecadao de todos os tributos da
competncia constitucional do ente da Federao.
Pargrafo nico. vedada a realizao de transferncias
voluntrias para o ente que no observe o disposto no
caput, no que se refere aos impostos*ULIRVQRVVR Irrenuncivel 8PDYH]TXHQHQKXPRXWURHQWHSRGHXVXIUXLUGD
competncia a outro ente atribuda, nenhum ente pode renunciar do
seu poder de instituir um tributo constitucionalmente previsto para a
sua competncia tributria. Por exemplo, Pernambuco no pode um dia
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 124
dizer (L VDEH GH XPD FRLVD: no quero instituir o IPVA, nem tenho interesse em instituir um dia. Isso d um trabalho danado e ainda tenho
que chamar Auditores para fiscalizar, fazer concursos peridicos de 20
em 20 anos... Sabe do que mais: quem quiser, pode instituir ele e
cobrar aqui no meu WHUULWyULR )LTXHP j YRQWDGH Calma, Querido Estado, isso no possvel. O jeito fazer concurso mesmo.
Por sua vez, a caracterstica da irrenunciabilidade est diretamente
relacionada ao princpio da indisponibilidade do interesse pblico.
Inaltervel Uma vez atribuda a competncia tributria, esta no poder ser alterada por vontade de um Ente poltico, por leis por ele
PHVPR HGLWDGDV ( R YRFiEXOR DOWHUDGD DEUDQJH WDQWR D GLPLQXLomR(que seria a renncia, vista acima) quanto o aumento do campo da
competncia. Somente por reforma constitucional, repito, poder a
competncia tributria ser alterada, e desde que no prejudique a
autonomia financeira do ente.
(QWHQGLSURIHVVRU6RPHQWHRXWUDRUGHPFRQVWLWXFLRQDOHQWmRSRGHULDalterar a competncia WULEXWiULDDWXDOeLVVR" Calma, caro aluno. Tambm no seja to radical, muito menos ir para
as ruas e pedir uma nova constituio s para poder ver se a
competncia tributria pode ser mesmo alterada.
A competncia tributria atual pode ser alterada sim, desde que pelo
poder constituinte derivado, aquele visto em direito constitucional e que
possui o poder de criar emendas CF/88. Caso voc tenha um livrinho
com a CF/88 antes de 17 de maro de 1993, ano da publicao da
Emenda Constitucional n 03/93, ver que a competncia tributria dos
Estados e do DF, alm dos impostos previstos atualmente, previa ainda
mais um: o Adicional ao Imposto sobre a Renda (AIR); enquanto que
para os Municpios, era previsto ainda o Imposto sobre Vendas a Varejo
de Combustveis Lquidos e Gasosos (IVVC).
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 124
Entendeu? Poder, pode. O que no poder a deciso de aumentar a
competncia tributria atribuda pela CF/88 ser realizada
unilateralmente por qualquer dos Entes. Tem que est bonitinha na
CF/88, do jeito que o legislador constituinte determinar.
Outro ponto muito importante, e que deve ser atentado: as
competncias tributrias esto estabelecidas no texto da Carta Magna
de forma bastante rgida, no podendo ser modificadas livremente pelo
constituinte derivado. Jamais a alterao na competncia tributria
pode se dar em detrimento da autonomia financeira de um ente em
benefcio dos demais. Seria o caso, por exemplo, de uma reforma na
Constituio Federal vir a suprimir o ISS do campo de incidncia dos
Municpios e do Distrito Federal, seja pela abolio do tributo, seja pela
transferncia deste, por exemplo, aos Estados (O DF no seria
prejudicado, uma vez que, em tese, passaria o ISS dele para ele
mesmo. -).
Segue um quadro resumo para melhor memorizao:
Em relao capacidade tributria, temos ainda o que dispem os 1 a 3
do artigo 7 do CTN, que possuem a seguinte redao:
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 124
$DWULEXLomR FRPSUHHQGHDVJDUDQWLDV H RVSULYLOpJLRVprocessuais que competem pessoa jurdica de direito
pblico que a conferir.
2 A atribuio pode ser revogada, a qualquer tempo, por
ato unilateral da pessoa jurdica de direito pblico que a
tenha conferido.
3 No constitui delegao de competncia o cometimento,
a pessoas de direito privado, do encargo ou da funo de
DUUHFDGDUWULEXWRV Quanto ao 1, a atribuio da capacidade tributria leva consigo todas as
garantias e privilgios processuais que competem pessoa jurdica de direito
pblico que a conferir.
Por exemplo, ao conferir a capacidade tributria ativa aos Municpios para
arrecadar e fiscalizar o imposto sobre a propriedade territorial rural, regra
geral, todas as garantias e os privilgios processuais que pertencem Unio
so conferidos aos Municpios.
Por sua vez, o 2 nos diz que toda atribuio de capacidade tributria
poder ser revogada, e a QUALQUER TEMPO pela pessoa jurdica que a tenha
conferido. Esse ato unilateral, e independe da vontade ou aceitao da
pessoa que tenha recebido a capacidade tributria.
Repeti esses pargrafos, primeiramente, para que voc possa tentar
memoriz-los mais uma vez e, segundo, porque, aps tudo que ns
dissemos, vem o STJ e edita a seguinte Smula:
6~PXOD : A Confederao Nacional da Agricultura (CNA) tem legitimidade ativa para a cobrana da
FRQWULEXLomRVLQGLFDOUXUDO
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 49 de 124
A CNA uma pessoa jurdica de direito privado, o que leva embora tudo o
que ns vimos? No. apenas uma deciso isolada da Corte Superior,
dispondo que uma pessoa jurdica de direito privado pode ser sujeito ativo da
uma relao tributria, ou seja, possuidor de capacidade tributria ativa.
Desse modo, no esquea essa smula ao responder suas questes sobre a
capacidade tributria ativa.
Se a questo nada pedir ou falar expressamente sobre essa Smula, ou o
entendimento sumulado do STJ, nem se lembre dela quando for responder
uma questo de prova que venha a solicitar se a capacidade tributria pode
ser delegada a pessoa jurdica de direito privado. Se solicitar, lembre-se dela
com carinho, e seja cauteloso ao responder a questo apresentada. -
Por fim, a simples funo de arrecadar tributos no se configura como uma
delegao da capacidade tributria. Por exemplo, a funo atribuda aos
bancos de arrecadar os tributos dos entes polticos no constitui delegao.
H apenas a simples funo ou encargo de arrecadar tributos. Tanto assim
que, qualquer restituio ou compensao por pagamento a maior ser feita,
SEMPRE, junto ao ente competente para instituir e cobrar o tributo. Observe
ainda que, fora desses casos, no pode haver delegao a pessoa de direito
privado de nenhuma outra atribuio relacionada competncia tributria,
como, por exemplo, da funo de fiscalizar os tributos.
Direito Tributrio para o TRF 4 Regio
Tcnico Judicirio - Teoria e exerccios comentados
Prof. Aluisio Neto Aula 00
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 50 de 124
Classificao da Competncia tributria
Vejamos agora a classificao da competncia tributria, a qual pode ser:
x COMUM; x CUMULATIVA; x EXCLUSIVA; x EXTRAORDINRIA; e x RESIDUAL.
A competncia comum aquela que pode ser exercida por todos os
Entes, indiferentemente, tambm chamada de competncia concorrente, j
que os vrios entes podem exerc-la ao mesmo tempo, sem que haja
invaso da competncia de um pelos demais. Essa competncia est
intimamente relacionada instituio de tributos denominados de
vinculados, em que h a uma contraprestao do Estado junto ao sujeito
passivo para a arrecadao desses.
Essa competncia est presente quanto