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CURSO DO PROF. DAMSIO A DISTNCIA
MDULO I
DIREITO PROCESSUAL PENAL
__________________________________________________________________
Praa Almeida Jnior, 72 Liberdade So Paulo SP CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 Fax: (11) 3277.8834 www.damasio.com.br
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
1. PRINCPIOS GERAIS INFORMADORES DO PROCESSO
1.1. Princpio da Imparcialidade do Juiz
O Juiz situa-se entre as partes e acima delas (carter substitutivo).
Para assegurar sua imparcialidade, a CF estipula garantias (art. 95) e
vedaes (art. 95, par. n.) e probe tribunais de exceo (art. 5., XXXVII).
1.2. Princpio da Igualdade Processual
As partes devem ter, em juzo, as mesmas oportunidades de fazerem
valer suas razes.
No processo penal, esse princpio sofre alguma atenuao, devido ao
princpio constitucional do favor rei, segundo o qual o acusado goza de
alguma prevalncia e contraste com a pretenso punitiva.
1.3. Princpio do Contraditrio
identificado na doutrina pelo binmio cincia e participao.
O Juiz coloca-se eqidistante das partes, s podendo dizer que o direito
preexistente foi devidamente aplicado ao caso concreto se, ouvida uma parte,
for dado outra o direito de manifestar-se em seguida.
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1.4. Princpio da Ampla Defesa
Implica o dever do Estado de proporcionar a todo acusado a mais
completa defesa, seja pessoal, seja tcnica (art. 5., LV, da CF/88), seja o de
prestar assistncia jurdica integral e gratuita aos necessitados (art. 5.,
LXXIV, CF).
Decorre a obrigatoriedade de se observar a ordem natural do processo,
de modo que a defesa se manifeste sempre em ltimo lugar.
1.5. Princpio da Disponibilidade e da Indisponibilidade
Disponibilidade a liberdade que as pessoas tm de exercer ou no seus
direitos.
No processo penal, prevalece o princpio da indisponibilidade, pelo fato
do crime ser considerado uma leso irreparvel ao interesse coletivo.
Decorre algumas regras, tais como:
impossibilidade de a autoridade policial arquivar o inqurito policial
(art. 17 do CPP);
o Ministrio Pblico no pode desistir da ao (art. 42 do CPP), nem
do recurso interposto (art. 576 do CPP).
A CF abranda essa regra, ao permitir a transao em infraes de menor
potencial ofensivo. E tambm nos casos de ao penal privada e ao penal
condicionada representao ou requisio do Ministro da Justia.
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1.6. Princpio da Verdade Material ou da Manifestao das Provas
caracterstico do processo penal.
Consiste no dever de o Magistrado esgotar todas as possibilidades para
se alcanar a verdade real dos fatos, para servir de fundamento na sentena.
Regra: o que no est nos autos, no est no mundo.
1.7. Princpio da Publicidade
uma garantia de independncia, imparcialidade, autoridade e
responsabilidade do Juiz.
Exceo: casos em que o decoro ou o interesse social aconselham que
eles no sejam divulgados.
1.8. Princpio do Duplo Grau de Jurisdio
Consiste na possibilidade de reviso, por via de recurso, das causas j
julgadas pelo Juiz de primeiro grau.
No tratado de forma expressa em nenhum texto legal, nem na
Constituio. Decorre da prpria estrutura atribuda ao Poder Judicirio pela
CF.
1.9. Princpio do Juiz Natural
Previsto no art. 5., LIII, da CF/88, que dispe que ningum ser
sentenciado seno pelo Juiz competente.
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Juiz natural , portanto, aquele previamente conhecido, segundo regras
objetivas de competncia estabelecidas anteriormente infrao penal,investido de garantias que lhe assegurem absoluta independncia e
imparcialidade.
Decorre tambm a proibio de criao de tribunais de exceo, art. 5.,
XXXVII, CF.
1.10. Princpio do Estado de Inocncia
Ningum ser considerado culpado at o trnsito em julgado da sentena
penal condenatria (art. 5., LVII, da CF/88).
Desdobra-se em trs aspectos:
prova: deve ser valorada em favor do acusado quando houver dvida;
instruo processual: inverte-se o nus da prova, i. e., o ru no
precisa provar que inocente, mas sim a acusao precisa fazer prova
de que ele culpado;
no curso do processo: trata-se de entendimento expresso na Smula
n. 9/STJ: A exigncia da priso provisria, para apelar, no ofende a
garantia constitucional da presuno de inocncia.
1.11. Princpio do favor rei
A dvida sempre beneficia o acusado.
Alguns recursos so exclusivos da defesa (protesto por novo jri e
embargos infringentes).
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S cabe ao recisria penal em favor do ru (reviso criminal).
Consultando as indicaes bibliogrficas, estudar os seguintes pontos:
1.12. Princpio da Ao ou Demanda
1.13. Princpio da Oficialidade
1.14. Princpio da Oficiosidade
1.15. Princpio da Verdade Formal ou Dispositivo
1.16. Princpio do Impulso Oficial
1.17. Princpio da Persuaso Racional do Juiz
1.18. Princpio da Motivao das Decises Judiciais
1.19. Princpio Lealdade Processual
1.20. Princpio da Economia Processual
1.21. Princpio do Promotor Natural
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2. PRINCPIOS INFORMADORES DO PROCESSO PENAL
2.1. Princpio da Verdade Real
2.2. Princpio da Legalidade
2.3. Princpio da Autoritariedade
2.4. Princpio da Indisponibilidade
2.5. Princpio da Iniciativa das Partes
2.6. Princpio ne eat judex ultra petita partium
2.7. Princpio da Identidade Fsica do Juiz
2.8. Princpio do Devido Processo Legal
2.9. Princpio da Inadmissibilidade das Provas Obtidas por Meios
Ilcitos
2.10. Princpio da Brevidade Processual
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MDULO II
DIREITO PROCESSUAL PENAL
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
1. EFICCIA DA LEI PROCESSUAL NO TEMPO
A lei processual aplicar-se- desde logo, sem prejuzo dos atos realizados
sob a vigncia da lei anterior (art. 2. do CPP).
Vige, no processo penal, o princpio da aplicao imediata, com a
ressalva de que os atos anteriores sero preservados.
2. EFICCIA DA LEI PROCESSUAL NO ESPAO
A lei processual penal aplica-se a todas as infraes penais cometidas em
territrio brasileiro, sem prejuzo das convenes, tratados e regras de Direito
Internacional.
Algumas excees territorialidade do CPP:
Cdigo Processual Militar;
Cdigo Eleitoral;
Lei de Txicos;
Lei de Imprensa;
Lei dos Juizados Especiais Criminais.
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3. IMUNIDADES
3.1. Imunidades Diplomticas
Quem comete crime no Brasil responde por ele no Brasil. Como exceo
a essa regra, temos: Chefe de Governo Estrangeiro, Embaixadores e seus
familiares, funcionrios estrangeiros de embaixadas etc.
Admite-se a renncia garantia da imunidade diplomtica.
3.2. Imunidades Parlamentares
So de duas espcies:
material (absoluta): alcana os Deputados Federais e Senadores,
garantindo-lhes a inviolabilidade por suas palavras, opinies e votos.
Para alguns, trata-se de causa de excluso de ilicitude, para outros,
causa funcional de iseno de pena. irrenuncivel. Estende-se
tambm aos Vereadores se o crime foi praticado no exerccio do
mandato e na circunscrio do Municpio;
processual, formal ou relativa: consiste na garantia de no ser preso,
salvo por flagrantes de crime inafianvel. Alcana os Deputados
Estaduais, mas no alcana os Vereadores.
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4. INTERPRETAO DA LEI PROCESSUAL PENAL
4.1. Espcies
4.1.1. Quanto ao sujeito que elabora
Autntica ou legislativa: feita pelo prprio rgo encarregado da
elaborao da lei. Pode ser:
contextual: feita pelo prprio texto legal;
posterior: feita aps a entrada em vigor da lei.
Doutrinria ou cientfica: feita pelos estudiosos e doutores do
Direito. Obs.: as exposies de motivo constituem forma de
interpretao doutrinria, uma vez que no so leis.
Judicial: feita pelos rgos jurisdicionais.
4.1.2. Quanto aos meios empregados
Gramatical, literal ou sinttica: leva-se em conta o sentido literal das
palavras.
Lgica ou teleolgica: busca-se a vontade da lei, atendendo-se aos
seus fins e sua posio dentro do ordenamento jurdico.
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4.1.3. Quanto ao resultado
Declarativa: h perfeita correspondncia entre a palavra da lei e sua
vontade.
Restritiva: a interpretao vai restringir o seu significado, pois a lei
disse mais do que queria.
Extensiva: a interpretao vai ampliar o seu significado, pois a lei
disse menos do que queria.
4.2. Interpretao da Norma Processual Penal
A lei processual admite interpretao extensiva, pois no contm
dispositivo versando sobre direito de punir.
Excees: tratando-se de dispositivos restritivos da liberdade pessoal
(priso em flagrante), o texto dever ser rigorosamente interpretado. O mesmo
quando se tratar de regras de natureza mista.
5. ANALOGIA
Consiste em aplicar, a uma hiptese no regulada por lei, disposio
relativa a um caso semelhante.
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5.1. Fundamento
Ubi eadem ratio, ibi eadem jus (onde h a mesma razo, aplica-se o
mesmo Direito).
5.2. Natureza Jurdica
Forma de auto-integrao da lei, ou seja, forma de supresso de lacunas.
5.3. Distino
Analogia: inexiste norma reguladora para o caso concreto, devendo
ser aplicada norma que trata de hiptese semelhante.
Interpretao extensiva: existe norma reguladora do caso concreto,
mas esta no menciona expressamente sua eficcia.
Interpretao analgica: a norma, aps uma enumerao casustica,
traz uma formulao genrica. A norma regula o caso de modo
expresso, embora genericamente.
5.4. Espcies de Analogia
In bonam partem em benefcio do agente.
In malam partem em prejuzo do agente.
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6. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL
de onde provm o Direito.
6.1. Espcies
Material ou de produo: aquela que cria o Direito.
Formal ou de cognio: aquela que revela o Direito. Pode ser:
imediata: lei;
mediata: costumes e princpios gerais do Direito.
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
1. INQURITO POLICIAL
1.1. Conceito
o conjunto de diligncias investigatrias realizadas pela polcia
judiciria visando a apurao do crime e sua respectiva autoria.
1.2. Natureza Jurdica
O inqurito policial procedimento persecutrio de carter
administrativo e natureza inquisitiva instaurado pela autoridade policial.
um procedimento, pois uma seqncia de atos voltados a uma
finalidade.
Persecutrio porque persegue a satisfao dojus puniendi.
Persecuo a atividade estatal por meio da qual se busca a punio ecomea oficialmente com a instaurao do inqurito policial. Tambm
conhecido como informatio delicti.
1.3. Finalidade
Segundo leitura dos arts. 4. e 12 do CPP, conclui-se que o inqurito visaa apurao da existncia de infrao penal e a respectiva autoria para fornecer
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ao titular da ao penal elementos mnimos para que este possa ingressar em
juzo.
A apurao da infrao penal consiste em colher informaes a respeito
do fato criminoso. Apurar a autoria consiste em a autoridade policial
desenvolver a necessria atividade visando descobrir, conhecer o verdadeiro
autor da infrao penal.
1.4. Jurisdio e Competncia
O art. 4., caput, do CPP usava inadequadamente o termo jurisdio.
A Lei n. 9.043, de 9.5.1995, trocou o termo jurisdio por
circunscrio (limites territoriais dentro dos quais a polcia realiza suas
funes).
O pargrafo nico do citado artigo dispe que: a competncia definida
neste artigo no excluir a de autoridades administrativas, a quem por lei seja
cometida a mesma funo. Porm, a autoridade policial no tem competncia,
mas sim atribuies.
O termo jurisdio designa a atividade por meio da qual o Estado, emsubstituio s partes, declara a preexistente vontade da lei ao caso concreto.
O termo competncia deve ser entendido como poder conferido a
algum para conhecer determinados assuntos, no se confundindo com
competncia jurisdicional, que a medida concreta do Poder Jurisdicional.
A atribuio para presidir o inqurito policial conferida aos Delegados
de Polcia, com rarssimas excees (art. 144, 1. e 4., da CF/88), conforme
as normas de organizao policial dos Estados. A atribuio pode ser fixada,
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quer pelo lugar da consumao da infrao (ratione loci), quer pela natureza da
mesma (ratione materiae).
A autoridade policial, em regra, no poder praticar qualquer ato fora
dos limites de sua circunscrio, sendo necessrio:
se for em outro pas: carta rogatria;
se for em outra comarca: carta precatria;
se for no DF ou em circunscrio diferente, mas dentro da mesma
comarca, no precisa de nenhuma carta (art. 22 do CPP).
1.5. Autoridade Competente para Lavratura do Auto de Priso em
Flagrante
O flagrante deve ser lavrado no local em que se efetivou a priso. No
havendo Delegado de Polcia, na circunscrio mais prxima (arts. 290 e 308,
ambos do CPP). Concludo, o flagrante ser enviado ao juzo competente, ou
seja, devem os atos subseqentes ao da priso serem praticados pela autoridade
do local em que o crime se consumou.
Obs.: tem-se entendido que a falta de atribuio de competncia da
autoridade policial no invalida os seus atos, ainda que se tratem de priso em
flagrante, pois a Polcia, ao exercer a atividade jurisdicional, no se submete
competncia jurisdicional ratione loci. O inqurito policial pea meramente
informativa, cujos vcios no contaminam a ao penal (jurisprudncia STF e
STJ).
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O art. 5., LIII, da CF/88 no se aplica s autoridades policiais, visto que
estas no processam nem sentenciam. No foi adotado pelo referido artigoconstitucional o princpio do Delegado de Polcia Natural.
1.6. Inquritos Extrapoliciais (art. 4., par. n., do CPP)
Em regra, os inquritos policiais so presididos por Delegado de Polcia
de Carreira (art. 144, 4., da CF/88), mas o art. 4., par. n., do CPP deixa
claro que o inqurito realizado pela polcia judiciria no a nica forma de
investigao criminal.
Excepcionalmente, portanto, h casos em que so presididos por outros
que no o Delegado de Polcia de Carreira. Ex.:
Inqurito judicial por crime falimentar (presidido pelo Juiz);
Comisses Parlamentares de Inqurito (art. 58, 3., da CF/88);
Crime cometido nas dependncias da Cmara dos Deputados ou do
Senado Federal (Smula n. 397 do STF O poder de polcia da
Cmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime
cometido nas suas dependncias, compreende, consoante oregimento, a priso em flagrante do acusado e a realizao do
inqurito);
Inqurito civil pblico (presidido pelo representante do MP; tem a
finalidade de promover a ao civil pblica, art. 129, III, da CF/88);
Inqurito policial militar.
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1.7. Valor Probatrio do Inqurito Policial
O inqurito policial tem contedo informativo, visa apenas fornecer
elementos necessrios para a propositura da ao penal.
Tem valor probatrio relativo, pois os elementos de informao no so
colhidos sob a gide do contraditrio e da ampla defesa, tampouco na presena
do Juiz de Direito.
1.8. Dispensabilidade do Inqurito Policial
O inqurito policial uma pea til, porm no imprescindvel. No
fase obrigatria da persecuo penal. Poder ser dispensado sempre que o MP
ou ofendido tiver elementos suficientes para promover a ao penal.
No art. 12 do CPP a expresso sempre que uma condio.
O art. 27 do CPP refere-se delatio criminis postulatria, onde qualquer
um do povo poder fornecer, por escrito, informaes sobre o fato e a autoria,
indicando o tempo, o lugar e os elementos de convico, demonstrando que
quando as informaes forem suficientes no necessrio o inqurito policial.
Segundo o art. 39, 5., do CPP, o rgo do MP dispensar o inqurito
se forem apresentados elementos suficientes para a propositura da ao.
O art. 46, 1., do CPP nos alerta para mais uma hiptese de
dispensabilidade do inqurito policial.
1.9. Caractersticas do Inqurito Policial
procedimento escrito: conforme demonstra o art. 9. do CPP;
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procedimento sigiloso (art. 20 do CPP): uma garantia para o
indiciado, resguardando-se, assim, seu estado de inocncia (art. 5.,LVII, da CF/88). O sigilo no alcana o advogado (Lei n. 8.906/94,
art. 7., XIII a XV, e 1., do Estatuto da OAB);
procedimento inquisitivo: no h acusao, no h contraditrio; no
pode ser argida suspeio da autoridade policial (art. 107 do CPP). O
art. 14 do CPP diz que a autoridade policial poder indeferir qualquer
pedido de diligncia. O art. 184 do CPP trata de uma diligncia que
no pode ser indeferida, o exame de corpo de delito;
oficiosidade: esse princpio se funda no princpio da obrigatoriedade
ou legalidade. Sendo um crime de ao penal pblica incondicionada,
a autoridade tem o dever de promover o inqurito policial ex officio,
independente de qualquer espcie de provocao;
oficialidade: o inqurito policial dirigido por rgos pblicos
oficiais, no caso, a autoridade policial. uma atividade investigatria
feita por rgos oficiais;
indisponibilidade: uma vez instaurado, no pode ser arquivado pela
autoridade policial (art. 17 do CPP), indisponvel;
autoritariedade: presidido por uma autoridade pblica. Trata-se de
exigncia constitucional (art. 144, 4., da CF/88).
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1.10. Incomunicabilidade
Destinada a impedir que a comunicao do preso com terceiros venha a
prejudicar o desenvolvimento da investigao.
Mediante despacho fundamentado pelo Juiz a partir da representao da
autoridade policial ou de requerimento do MP, poder ser decretada a
incomunicabilidade do indiciado pelo prazo de at 3 dias, por convenincia da
investigao ou interesse da sociedade (art. 21 do CPP).
Somente o Juiz pode decretar a incomunicabilidade . O despacho ser
fundamentado. A incomunicabilidade no poder ultrapassar 3 dias.
decretada por representao da autoridade ou requerimento do MP. No
alcana o advogado.
O Prof. Fernando Capez entende que a incomunicabilidade no foi
recepcionada pela nova ordem constitucional. O art. 21 do CPP foi revogado
pela CF de 1988, pois em seu art. 136, 3., IV, probe a incomunicabilidade
durante o estado de defesa. Logo, se a CF probe o mais, tambm probe o
menos. Em sentido contrrio: o Prof. Damsio de Jesus entende que a
proibio est relacionada com crimes polticos ocorridos durante o estado de
defesa.
Predomina o entendimento de que o art. 21 do CPP inconstitucional.
Porm, nos concursos, devemos consider-lo constitucional.
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1.11. Notitia Criminis
1.11.1. Conceito
o conhecimento, espontneo ou provocado, de um fato aparentemente
delituoso pela autoridade policial.
1.11.2. Espcies
Notitia Criminis de cognio direta, imediata, espontnea: ocorre
quando a autoridade policial toma conhecimento direto da infrao
penal por meio de suas atividades rotineiras. Ex.: policiamento,
imprensa, pelo encontro do corpo de delito ou at pela delao
annima. A delao annima (apcrifa) chamada de notitia criminis
inqualificada;
Notitia Criminis de cognio indireta, mediata: quando a autoridade
policial toma conhecimento por meio de alguma comunicao oficial.
Tambm chamada de notitia criminis de cognio provocada ou
qualificada, quando a autoridade policial toma conhecimento do fatopor requisio do MP ou autoridade policial. Sendo a comunicao
feita por meio de algum ato jurdico de comunicao formal do delito,
temos como exemplo a delactio crimini que o requerimento feito
pela vtima ou por qualquer um do povo, contendo a narrao do fato
com todas as circunstncias, a individualizao do suspeito e a
indicao das provas. subscrita pelo requerente (notitia criminis
qualificada).
A delactio criminis se divide em:
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- simples: s comunica o fato;
- postulatria: alm de comunicar o fato, postula providncias.
Notitia Criminis de cognio coercitiva: ocorre com a priso em
flagrante, em que a notcia ocorre com a apresentao do autor.
1.12. Incio do Inqurito Policial
1.12.1. Nos crimes de ao pblica incondicionada
de ofcio, mediante portaria ou por despacho do Delegado de Polcia,
que dever conter o esclarecimento das circunstncias conhecidas e a
capitulao legal da infrao. Necessrio sempre para a instaurao
do inqurito policial, a existncia de justa causa.
por requisio do Juiz (art. 40 do CPP) ou Promotor de Justia (art.
129, VIII, da CF/88 e art. 5., II, do CPP). A autoridade policial no
pode se recusar a instaurar o inqurito, pois a requisio tem natureza
de determinao, de ordem, muito embora inexista subordinao
hierrquica.
pela delactio criminis, quando a comunicao de um crime feita
pela vtima ou qualquer um do povo. Caso a autoridade policial
indefira a instaurao de inqurito, caber recurso ao Secretrio de
Estado dos Negcios da Segurana Pblica ou ao Delegado Geral de
Polcia (art. 5., 2., do CPP). A delactio criminis mera faculdade
conferida ao cidado de colaborar com a atividade repressiva do
Estado. Contudo, h algumas pessoas que, em razo do seu cargo ouda sua funo, esto obrigadas a notificar no desempenho de suas
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atividades (art. 66, I e II, da LCP; art. 45 da Lei n. 6.538/78; arts. 104
e 105 da Lei de Falncias).
1.12.2. Nos crimes de ao pblica condicionada
por representao do ofendido ou de seu representante legal. A
representao simples manifestao de vontade da vtima ou de seu
representante legal, no h exigncia formal para a sua elaborao.
requisio do Ministro da Justia, que deve ser encaminhada ao chefe
do MP, o qual poder, desde logo, oferecer a denncia ou requisitar
diligncias polcia.
1.12.3. Nos crimes de ao privada
Requerimento do ofendido, de seu representante legal ou sucessores,
conforme disposto no art. 5., 5., do CPP c.c. os arts. 30 e 31 tambm do
CPP.
Para o Prof. Fernando Capez, o art. 35 do CPP no foi recepcionado pela
CF/88, tendo em vista o art. 226, 5., da CF/88, podendo a mulher casada
requerer a instaurao do inqurito policial independentemente de outorga
marital.
O art. 19 do CPP dispe que, nos crime em que no couber ao pblica,
os autos do inqurito sero remetidos ao juzo competente.
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Obs. 1: O inqurito policial tambm pode comear mediante auto de priso em
flagrante nos trs casos. Nos crimes de ao pblica condicionada e de aoprivada, o ofendido dever ratificar o flagrante at a entrega da nota de culpa
(24h).
Obs. 2: A autoridade policial no poder instaurar o inqurito policial se no
houver justa causa. Porm, o desconhecimento da autoria ou a possibilidade dosujeito ter agido sob a proteo de alguma excludente da ilicitude no impede a
instaurao do inqurito.
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DIREITO PROCESSUAL PENALInqurito Policial
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Inqurito Policial
1. PROVIDNCIAS DA AUTORIDADE POLICIAL
O inqurito policial no tem um procedimento rgido, ou seja, uma
seqncia imutvel de atos. O art. 6. do CPP traz a seqncia (roteiro) pela
qual normalmente se procede.
1.1. Primeira Providncia
Dirigir-se ao local do crime e preservar o estado de coisas at a chegada
da percia. Qualquer alterao no estado de coisas pode comprometer as provas
a serem produzidas.
O art. 169 do CPP cuida da chamada percia de local (esta a regra).
Exceo: acidente automobilstico em que os veculos devem ser deslocados
com a finalidade de desobstruir a via pblica (Lei n. 5.970/73).
1.2. Segunda Providncia
Apreender os objetos e instrumentos do crime aps liberao pela percia
(art. 11 do CPP instrumentos e objetos do crime apreendidos sero anexados
ao inqurito policial).
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Para essa apreenso, necessria uma diligncia denominada busca e
apreenso, que pode consistir em busca e apreenso domiciliar. Pode serrealizada em qualquer dia, porm devem ser respeitadas as garantias de
inviolabilidade domiciliar (art. 5., XI, da CF/88).
noite, s se pode entrar no domiclio alheio em quatro situaes:
a convite do morador;
flagrante delito;
para prestar socorro;
em caso de desastre.
E durante o dia:
as quatro situaes acima citadas;
mediante prvia autorizao judicial, corporificada em instrumento
denominado mandado de busca e apreenso.
Antes, a autoridade policial no precisava de autorizao judicial, porm,
mesmo com esta, no podia entrar noite. Aplicava-se o art. 172 do CPC
por analogia, contudo, em dezembro de 1994, esse artigo teve sua redao
alterada. No mais possvel sua aplicao.
Critrio fsico: dia o perodo que medeia entre o romper da aurora e o
crepsculo solar; entre o nascer e o pr-do-sol; das 6 s 18h.
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Domiclio (art. 150, 4., do CP) qualquer compartimento habitado;
aposento ocupado por habitao coletiva; compartimento no aberto aopblico, onde algum exerce profisso ou atividade. Ex.: quarto de hotel,
motel.
Escritrio de advogado, na parte aberta ao pblico, no domiclio, mas
sua sala .
Balco de bar domiclio, portanto, na anlise da Lei n. 9.437/97, bastao registro de arma, e no o porte.
Automvel no domiclio.
A busca pessoal aquela feita na prpria pessoa. Independe de mandado,
bastando a fundada suspeita. Pode ser realizada a qualquer dia e a qualquer
hora, salvo se a pessoa estiver em seu domiclio.
1.3. Terceira Providncia
Ouvir o ofendido e as testemunhas.
Podem ser conduzidos coercitivamente se o ofendido ou a testemunha
desatenderem ao mandado (princpio da autoritariedade art. 201, par. n., do
CPP). O ofendido e testemunha podem cometer crime de desobedincia (art.
219 do CPP e art. 330 do CP).
A testemunha tem o dever de falar a verdade, sob pena de crime de falso
testemunho (art. 342 do CP). O ofendido, mesmo mentindo, no comete crime
de falso testemunho. No caso do representante do MP e do Magistrado como
testemunhas, estes podem marcar antecipadamente dia e hora para sua oitiva.
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1.4. Quarta Providncia
Indiciamento: consiste na suspeita oficial acerca de algum, ou seja,
na imputao a algum, em inqurito, da prtica de ilcito penal,
sempre que houver razoveis indcios de sua autoria. o rascunho
da denncia (Pitombo). um ato abstrato, um juzo de valor da
autoridade policial que vai reconhecer algum como principal
suspeito. O ato seguinte a identificao criminal.
Entendimento do STF: Aps a edio do texto constitucional
promulgado em 5.10.1988, o identificado civilmente no ser
submetido identificao criminal, salvo excees que a lei ainda no
fixou.
1.5. Quinta Providncia
Reproduo simulada dos fatos (reconstituio). H duas limitaes:
no pode atentar contra a moral e os bons costumes;
no pode atentar contra o direito de defesa.
Se o indiciado, portanto, nega a autoria de um crime, ele no ser
obrigado a realizar a reconstituio ou realiz-la de forma diferente do que
afirmou.
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1.6. Sexta Providncia
Encerramento do inqurito policial com o relatrio, que a narrao
objetiva das diligncias feitas pela autoridade. A autoridade somente pode
fornecer a classificao jurdica do fato e essa classificao no vincula o MP.
2. INTERROGATRIO
2.1. Primeira Observao
O interrogatrio extrajudicial ser assinado pelo Delegado de Polcia,
pelo escrivo, pelo indiciado e por duas testemunhas (testemunhas
instrumentrias: so aquelas que, em vez de deporem sobre os fatos, depem
sobre a regularidade do procedimento. Espcies: testemunhas de leitura).
2.2. Segunda Observao
O interrogatrio extrajudicial tem valor probatrio relativo e s valer se
confirmado por outros elementos de prova.
2.3. Terceira Observao
A CF consagrou o direito de silncio ao indiciado. A autoridade policial,
portanto, deve inform-lo desse direito (art. 5., LXIII, da CF), no podendo
mais adverti-lo de que seu silncio poder prejudicar sua prpria defesa,conforme art. 186 do CPP, j que este no foi recepcionado pela CF.
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2.4. Quarta Observao
A autoridade policial no precisa intimar o defensor do indiciado para
acompanhar o ato, muito menos nomear um defensor.
2.5. Quinta Observao
Embora tenha o direito de permanecer calado, o indiciado dever atender intimao e comparecer ao ato. Cabe conduo coercitiva do indiciado que
no queira comparecer.
2.6. Sexta Observao
Interrogatrio do indiciado menor (dos 18 aos 21 anos), relativamente
incapaz no CPP: a autoridade dever nomear um curador. Se no nomear
curador no inqurito policial, nada acontecer, pois esta mera pea
informativa, cujos vcios no afetam a ao penal. Como sano haver a
perda da credibilidade do contraditrio.
No caso de priso em flagrante, poder haver relaxamento por vcio
formal. Se o interrogatrio for judicial, haver nulidade (art. 564, III, c, do
CPP). A idade considerada a do dia do interrogatrio (tempus regit actum).
O interrogatrio extrajudicial tem valor probatrio relativo e depende de
confirmao por prova produzida sob o crivo do contraditrio.
Qualquer pessoa pode ser nomeada curador, que no necessita ser um
advogado, bastando para tanto ser maior e capaz. A jurisprudncia faz, no
entanto, uma restrio em relao aos policiais, pois estes tm interesse na
investigao.
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3. PRAZO PARA ENCERRAMENTO DO INQURITO POLICIAL
Deve ser encerrado no prazo de 30 dias a partir da instaurao
(recebimento da notitia criminis), se o indiciado estiver solto. No terminado o
inqurito no prazo de 30 dias, bastar que a autoridade policial requeira a
prorrogao por mais 30 dias. Se o indiciado estiver preso, o prazo ser de 10
dias, contados da data da efetivao da priso, e no se admitir qualquerprorrogao.
O prazo de Direito Processual (conta-se a partir do primeiro dia til
seguinte). O decurso no acarretar a perda do direito de punir, apenas o
relaxamento da priso. A jurisprudncia tem entendido, no entanto, que,
embora se trate de prazo processual, como se cuida da restrio da liberdade,
deve ser contado conforme o Direito Penal (conta-se o dia do comeo e exclui-se o do final). um prazo processual que se conta como penal.
Obs.: Se o inqurito estiver tramitando perante a Justia Federal, o prazo
ser de 15 dias, prorrogvel por mais 15 se o indiciado estiver preso. Se o
indiciado estiver solto, o prazo de 30 dias, com a possibilidade de
prorrogao por mais 30 dias.
No caso de crime previsto na Lei de Txicos, o prazo para concluso do
inqurito com o indiciado preso ser de 5 dias se o crime estiver previsto nos
arts. 15, 16 e 17, e de 10 dias se previsto nos arts. 12, 13 e 14.
No caso de crimes contra a economia popular, o prazo de 10 dias,
estando o indiciado preso ou no.
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4. ARQUIVAMENTO
S pode ser determinado pelo Juiz se houver pedido do MP. Se o Juiz
discordar do pedido de arquivamento, ele aplicar o disposto no art. 28 do
CPP, ou seja, remeter os autos ao Procurador-Geral de Justia, que pode:
designar outro Promotor de Justia para oferecer a denncia
(princpio da independncia funcional). O Promotor de Justia
designado no pode recusar-se, pois quem est denunciando o
Procurador-Geral; e aquele estar apenas executando (trata-se de
delegao);
devolver os autos para diligncias complementares;
insistir no arquivamento. Nesse caso, o Poder Judicirio no poderdiscordar do arquivamento.
Arquivado o inqurito policial, no poder ser promovida a ao privada
subsidiria da pblica, nem recurso contra deciso que determinou o
arquivamento. Isso porque, arquivado o inqurito, s poder ser reaberto comnovas provas (Smula n. 524 do STF). O ofendido no pode iniciar a ao por
meio de ao privada.
Excees (recurso contra deciso de arquivamento):
em casos de crime contra a economia popular, caber recurso de
ofcio;
em casos de jogo do bicho e mendicncia, caber recurso em sentido
estrito.
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Se o tribunal der provimento a esses recursos, o inqurito policial ser
remetido ao Procurador-Geral de Justia.
Se o Promotor de Justia requerer a devoluo dos autos polcia para
diligncias complementares, o Juiz dever, caso discorde, aplicar, por
analogia, o art. 28 do CPP, e no determinar a volta dos autos ao Promotor de
Justia para promover a denncia. Se assim fizer, caber correio parcial.
No existe arquivamento em ao privada, pois o pedido dearquivamento feito pela vtima significa renncia (extino da punibilidade).
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CURSO DO PROF. DAMSIO A DISTNCIA
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
1. DA AO PENAL
1.1. Conceito
Ao penal o instrumento pelo qual o Estado busca, por intermdio de
seu representante, a imposio de uma sano para o acusado de ato praticado
e tipificado como crime ou contraveno na legislao penal ptria.
1.2. Classificao
Segundo o art. 100 do CP, que traa diretrizes bsicas sobre a
classificao da ao penal, esta pode ser ao penal pblica ou ao penal de
iniciativa privada.
1.2.1. Ao penal pblica
A ao penal pblica tem como titular exclusivo (legitimidade ativa) o
MP (art. 129, I, da CF/88). Para identificao da matria includa no rol de
legitimidade exclusiva do MP, deve-se observar a lei penal. Se o artigo ou as
disposies finais do captulo nada mencionar ou mencionar as expresses
somente se procede mediante representao ou somente se procede
mediante requisio do Ministro da Justia, somente o rgo Ministerial
poder propor a denncia (pea inicial de toda a ao penal pblica). Vale
lembrar que, apesar de a matria constar no rol de legitimidade exclusiva do
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MP, ante a sua inrcia (MP no oferece a denncia no prazo legal), pode o
ofendido ou seu representante legal ingressar com ao penal de iniciativaprivada subsidiria da pblica (art. 5., LIX, da CF/88).
A ao penal pblica subdivide-se em ao penal pblica incondicionada
e ao penal pblica condicionada.
a) Ao penal pblica incondicionada
O MP independe de qualquer condio para agir. Quando o artigo de lei
nada mencionar, trata-se de ao penal pblica incondicionada. regra no
Direito Penal brasileiro.
b) Ao penal pblica condicionada
Apesar de o MP ser o titular de tal ao (somente ele pode oferecer a
denncia), depende de certas condies de procedibilidade para ingressar em
juzo. Sem estas condies, o MP no pode oferecer a denncia.
A condio exigida por lei pode ser a representao do ofendido ou a
requisio do Ministro da Justia.
Representao do ofendido: Representao a manifestao do
ofendido ou de seu representante legal, autorizando o MP a ingressar
com a ao penal respectiva.
Se o artigo ou as disposies finais do captulo mencionar a
expresso somente se procede mediante representao, deve oofendido ou seu representante legal representar ao MP para que este
possa ingressar em juzo. A representao no exige formalidades,
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deve apenas expressar, de maneira inequvoca, a vontade da vtima de
ver seu ofensor processado. Pode ser dirigida ao MP, ao Juiz deDireito ou autoridade policial (art. 39 do CPP). Pode ser escrita
(regra) ou oral, sendo que, neste caso, deve ser reduzida a termo.
A representao tem natureza jurdica de condio de
procedibilidade.
A vtima (ou seu representante legal) tem o prazo de seis mesesda data do conhecimento da autoria (e no do crime) para ofertar sua
representao (art. 38 do CPP). Tal prazo contado da oferta da
representao e no do ingresso do MP com a ao penal, podendo o
MP oferecer a denncia aps os seis meses. Tal prazo no corre contra
o menor de 18 anos, ou seja, aps completar 18 anos, a vtima ter
seis meses para representar ao MP. Em qualquer caso, tal prazo de
direito material (segue as regras do art. 10 do CP computa-se o dia
do comeo e no se prorroga no ltimo dia).
Se a vtima for menor de 18 anos, somente seu representante
legal pode oferecer a representao. Se maior de 18 e menor de 21
anos, tanto ela como seu representante legal, com prazos
independentes (Smula n. 594 do STF), podem oferecer arepresentao e, caso haja conflito entre os interesses de ambos,
prevalece a vontade de quem quer representar.
Se houver conflito entre o interesse do ofendido e o do seu
representante legal, ser nomeado um curador especial, que verificar
a possibilidade ou no da representao.
Segundo o art. 25 do CPP, pode o ofendido retratar-se (ou seja,
desistir da representao) at o oferecimento da denncia.
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Pode haver a retratao da retratao (a pessoa retira a
representao e depois a oferece de novo sempre dentro dos seismeses da data do conhecimento da autoria).
A representao no vincula (obriga) o MP a ingressar com a
ao; o MP s oferecer a denncia se vislumbrar a materialidade do
crime e os indcios de autoria (poder pedir o arquivamento do feito).
A requisio autorizao para a persecuo penal de um fato eno depessoas (eficcia objetiva).
Requisio do Ministro da Justia: Requisio o ato poltico e
discricionrio pelo qual o Ministro da Justia autoriza o MP a propor
a ao penal pblica nas hipteses legais.
Se o artigo ou as disposies finais do captulo mencionar a
expresso somente se procede mediante requisio do Ministro da
Justia, para que o MP possa oferecer a denncia, necessria a
requisio do Ministro. Tem natureza jurdica de condio de
procedibilidade e, como a representao, no vincula o MP a oferecer a
denncia (pode requerer o arquivamento).
A requisio autorizao para a persecuo penal de um fato eno depessoas (eficcia objetiva).
O Ministro da Justia no tem prazo para oferecer a requisio,
quer seja, pode oferec-la a qualquer tempo (no se sujeita aos seis
meses de prazo como na representao).
A lei silencia sobre a possibilidade de representao. Sobre o
assunto, a doutrina apresenta duas orientaes:
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segundo o Prof. Damsio de Jesus, entre outros, deve-se aplicar a
analogia representao (art. 25 do CPP), sendo, portanto, possvela retratao;
segundo outra parte da doutrina, a requisio irretratvel, pois o
art. 25 do CPP no prev tal possibilidade.
2. PRINCPIOS DA AO PENAL PBLICA
2.1. Princpio da Oficialidade
Somente o MP pode oferecer a denncia (art. 129, I, da CF/88). Esse
princpio extinguiu o chamado procedimento judicialiforme, tambm chamado
de jurisdio sem ao (nas contravenes penais - art. 26 do CPP; nas
leses corporais culposas e no homicdio culposo). Nesses casos, o Juiz, por
meio de portaria, iniciava a ao penal (no havia denncia por parte do MP).
2.2. Princpio da Obrigatoriedade
O MP tem o dever, e no a faculdade, de ingressar com a ao penal
pblica, quando identificar a hiptese de atuao, ou seja, se o MP concluir
que houve um fato tpico e ilcito. Como o rgo Ministerial tem o dever de
ingressar com a ao penal pblica, o pedido de arquivamento deve ser
motivado (art. 28 do CPP). Esse princpio foi mitigado (restrito) com a entrada
em vigor da Lei n. 9.099/95 (arts. 74 e 76). Antes de oferecer a denncia, o MP
pode oferecer a transao (um acordo) com o autor do fato (princpio da
discricionariedade regrada).
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2.3. Princpio da Indisponibilidade da Ao Penal Pblica
Depois de proposta a ao, o MP no pode dela desistir (art. 42 do CPP).
O art. 564, III, d, do CPP prev que o MP deve manifestar-se sobre todos os
termos da ao penal pblica. Tambm foi mitigado pela Lei n. 9.099/95
(somente em crimes de menor potencial ofensivos e nas contravenes penais -
art. 89). O MP pode celebrar a transao com o ru.
2.4. Princpio da Indivisibilidade
O MP no pode escolher, dentre os indiciados, qual vai processar.
Decorre do princpio da obrigatoriedade.
2.5. Princpio da Intranscendncia
A ao penal no pode passar da pessoa do autor e do partcipe. Somente
estes podem ser processados (no pode ser contra os pais ou representante
legal do autor ou partcipe).
Tanto a ao penal pblica incondicionada como a condicionada se
norteiam por tais princpios. Quando se tratar, porm, de ao penal pblica
condicionada, deve ser observada a representao do ofendido ou a requisio
do Ministro da Justia (condies de procedibilidade).
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CURSO DO PROF. DAMSIO A DISTNCIA
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
1. AO PENAL PRIVADA
1.1. Conceito
a ao proposta pelo ofendido ou seu representante legal.
1.2. Substituio processual
O Estado o titular exclusivo do direito de punir. Nas hipteses de ao
penal privada, ele transfere ao particular a iniciativa da ao penal, mas no o
direito de punir. O ofendido, portanto, em nome prprio, defende interesse
alheio (legitimao extraordinria). Na ao penal pblica, ocorre legitimao
ordinria porque o Estado soberano, por meio do MP, que movimenta essa
ao.
1.3. Espcies de Ao Penal Privada
Ao penal exclusivamente privada: aquela proposta pelo ofendido
ou seu representante legal e, no caso de morte do ofendido, o direito
de oferecer queixa ou prosseguir na ao passar ao cnjuge, ao
ascendente, ao descendente ou ao irmo (art. 31 do CPP).
Ao penal privada personalssima: aquela que s pode serpromovida nica e exclusivamente pelo ofendido. Ex.: adultrio (art.
240 do CP), induzimento a erro essencial (art. 236 do CP).
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Ao penal privada subsidiria da pblica: aquela proposta pelo
ofendido ou por seu representante legal na hiptese de inrcia do MPem oferecer a denncia.
1.4. Prazo
Em regra, o prazo para o oferecimento da queixa de 6 meses a partir do
conhecimento da autoria. Esse um prazo decadencial, pois seu decurso leva
extino do direito de queixa. A decadncia no extingue o direito de punir (o
que leva tal direito extino a prescrio e no a decadncia). A decadncia
extingue o direito de ao (queixa) e o direito de representao.
A decadncia um prazo de direito material contado de acordo com o
CP. O prazo decadencial para o oferecimento da queixa interrompe-se com o
seu oferecimento, e no com o seu recebimento. O recebimento interrompe a
prescrio. O prazo decadencial no se prorroga caso termine num domingo ou
feriado. Inclui-se o dia do comeo e exclui-se o do fim. No caso da ao
privada subsidiria da pblica, o prazo decadencial de 6 meses tambm,
contudo, conta-se a partir do encerramento do prazo para oferecimento da
denncia.
A decadncia do direito de queixa subsidiria no extingue a
punibilidade, s extingue o direito de ao, portanto, o MP pode oferecer a
denncia a qualquer tempo. A ao privada subsidiria da pblica conserva sua
parte pblica.
1.5. Princpios da Ao Penal Privada
1.5.1. Princpio da convenincia ou oportunidade
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O ofendido tem a faculdade, no o dever de propor a ao penal.
1.5.2. Princpio da disponibilidade
O ofendido pode desistir ou abandonar a ao penal privada. O perdo
do ofendido depende da aceitao da outra parte. A desistncia com a
aceitao do ofendido equivale ao perdo.
1.5.3. Princpio da indivisibilidade
O ofendido obrigado a incluir na queixa todos os ofensores. O ofendido
no obrigado a entrar com queixa, mas, se o fizer, obrigado a interpor
contra todos (art. 48 do CPP). Ainda, segundo o princpio da indivisibilidade, a
extino da punibilidade alcana todos os querelados.
1.6. Denncia e Queixa
1.6.1. Requisitos da denncia
Endereamento da denncia: o endereamento equivocado
caracteriza mera irregularidade. O que causa nulidade no o
endereamento errado, mas sim o Juiz incompetente remeter ao Juiz
competente antes de receb-la.
Descrio completa dos fatos: todas as circunstncias. Mais
importante, pois, no processo penal, o ru se defenderdos fatos,
sendo irrelevante a classificao jurdica destes. O que limita a
sentena so os fatos. A narrao incompleta dos mesmos pode ou
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no acarretar a nulidade da denncia. S haver nulidade se a
deficincia inviabilizar o exerccio do direito de defesa. Na hiptesede concurso de agentes (co-autoria e participao), necessria a
descrio da conduta de cada um. Excees:
crimes de autoria coletiva (praticados por multido);
delitos societrios (diretores se escondem atrs da pessoa jurdica).
Classificao jurdica dos fatos: no essencial, pois o ru se
defende dos fatos e no da acusao jurdica (juria novit curia o
Juiz conhece o direito). Art. 383 do CPP emendatio libeli: corrigir
a acusao. O Juiz no pode receber a denncia e, nesse momento,
dar uma classificao jurdica diversa, porque a fase correta para
isso a sentena; o recebimento uma deciso de mera prelibao,
sem o exame aprofundado da prova; no h prova produzida pelo
crivo do contraditrio. O recebimento com classificao diversa
recebimento parcial e, portanto, dele cabe recurso.
Qualificao do denunciado: individualizar quem est sendo
acusado. No havendo dados para a qualificao do acusado, a
denncia dever oferecer seus dados fsicos (traos caractersticos),
desde que possvel sua caracterizao.
Rol de testemunhas: a denncia o momento oportuno para se
arrolarem testemunhas, sob pena de precluso. Perdida essa
oportunidade, depender de consentimento do Juiz.
Pedido de condenao: no se exige formula sacramental (peo a
condenao), basta que fique implcita essa vontade. A falta
acarreta mera irregularidade.
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Nome, cargo e posio funcional: s haver nulidade quando essa
falta inviabilizar por completo a identificao da autoria da denncia.
Assinatura.
Denncia alternativa a descrio alternativa de fatos, de maneira que,
no comprovado o primeiro fato, pede-se a condenao do segundo
subsidiariamente (princpio da eventualidade). A denncia alternativa inepta,
pois inviabiliza o direito de defesa. Segundo a Smula n. 1 das mesas de
Processo Penal da USP, a denncia alternativa no deve ser aceita.
1.6.2. Requisitos da queixa
So os mesmos requisitos da denncia, acrescidos do art. 44 do CPP. Na
procurao, devem constar o fato criminoso e o autor, caso contrrio o
advogado estar cometendo um crime.
1.7. Causas de Rejeio da Denncia ou Queixa
1.7.1. Quando o fato narrado evidentemente no constituir crime
O Juiz s rejeitar a denncia quando da leitura do fato concluir que este
atpico ou que est acobertado com causa de excluso de ilicitude. Nesse
caso, falta uma condio da ao. H uma verdadeira impossibilidade jurdica
do pedido. O art. 43, I, do CPP faz coisa julgada material (no pode ser
oferecida a denncia de novo).
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1.7.2. Quando j estiver extinta a punibilidade do agente
Falta uma condio da ao, que o interesse de agir. Faz coisa julgada
material (art. 43, II, do CPP).
1.7.3. Ilegitimidade de parte
Implica rejeio in limine (art. 43, III, do CPP).
1.7.4. Quando faltar condio de procedibilidade
Ex.: entra com denncia sem representao (art. 43, III, 2. parte, do
CPP).
1.7.5. Quando faltar justa causa para a denncia
preciso um mnimo de lastro probatrio (art. 648, I, do CPP).
1.8. Renncia
a abdicao do direito de oferecer queixa ou representao. S ser
possvel renunciar a uma ao penal privada ou a uma ao penal pblica
condicionada, tendo em vista que o MP jamais poder renunciar qualquer ao
pblica.
A renncia unilateral, ou seja, no depende da aceitao do ru, sendocausa extintiva da punibilidade. A renncia, no entanto, extraprocessual, ou
seja, s poder existir renncia antes da propositura da ao.
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Existem duas formas de renncia:
expressa: quando houver uma declarao assinada pela vtima;
tcita: quando a vtima praticar ato incompatvel com a vontade de
processar (ex.: o casamento da vtima com o agressor).
A renncia concedida a um ru estende-se a todos, ou seja, quando
houver vrios rus, caso haja renncia a um deles, haver, obrigatoriamente,
renuncia a todos.
No caso de dupla titularidade, a renncia de um no significa a renncia
do outro.
No se deve confundir renncia com desistncia, tendo em vista que
aquela ocorre antes da propositura da ao e esta depois da propositura da
ao. A nica situao de desistncia da ao est prevista no art. 522 do CPP.
1.9. Perdo do Ofendido
S ser possvel na ao penal privada, tendo em vista que o MP jamais
poder perdoar o ofendido. O perdo obsta o prosseguimento da ao,
causando a extino da punibilidade. S haver o perdo aps o incio da ao,
pois, tecnicamente, o perdo antes da ao seria a renncia. O limite para ser
dado o perdo o trnsito em julgado final.
Existem duas formas de perdo:
expresso: quando houver uma declarao assinada pelo querelante;
tcito: quando o querelante praticar ato incompatvel com a vontade
de processar.
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O perdo bilateral, ou seja, depender sempre da aceitao do
querelado. Caso no haja aceitao, o processo prosseguir. A aceitao do rupoder ser:
expressa: quando houver uma declarao assinada pelo querelado;
tcita: se o querelado no se manifestar em trs dias.
O perdo concedido a um co-ru estende-se a todos, entretanto, se algum
dos co-rus no o aceitar, o processo seguir para ele. possvel o perdo
parcial (p. ex.: perdoar por um crime e no perdoar por outro), sendo uma
posio doutrinria sem previso legal.
No caso de dupla titularidade, o perdo concedido por um, havendo
oposio do outro, no produzir efeitos.
1.10. Perempo
Significa a morte da ao penal privada em razo da negligncia do
querelante.
So hipteses de perempo:
quando o querelante deixa de promover o andamento do processo por
30 dias seguidos, a perempo automtica;
quando morre o querelante e nenhum sucessor aparece para dar
prosseguimento ao. O sucessor ter 60 dias para dar seguimento
ao processo;
quando o querelante deixa de comparecer a ato em que deveria
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pessoalmente estar presente;
quando o querelante deixa de pedir a condenao do querelado nas
alegaes finais;
quando o querelante pessoa jurdica que se extingue sem deixar
sucessor;
quando morre o querelante na ao penal privada personalssima.
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CURSO DO PROF. DAMSIO A DISTNCIA
MDULO VII
DIREITO PROCESSUAL PENAL
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1/2
DIREITO PROCESSUAL PENAL
1. AO CIVIL EX DELICTO
Ao Civil ex delicto a ao cvel que pode ser proposta pelo ofendido,
seu representante legal ou seus herdeiros em razo da ocorrncia de um delito.Sua finalidade a obteno da reparao do dano. Est disposta nos arts. 63 a
67 do CPP. proposta no juzo cvel contra o autor do crime ou seu
responsvel civil.
Dispe o par. n. do art. 64 do CPP, in verbis: Intentada a ao penal, o
Juiz da ao civil poder suspender o curso desta, at o julgamento definitivo
daquela.
Se a ao penal, portanto, ainda estiver em curso, a vtima poder entrar
com a ao civil no juzo cvel para requerer a indenizao. Como poder
ocorrer, no entanto, o conflito de decises, o Juiz da ao civil poder
suspender o curso dessa ao at julgamento final da ao penal.
Em regra, a absolvio do ru no juzo criminal no impede a ao civilde indenizao, que poder ser proposta quando no tiver sido categoricamente
reconhecida a inexistncia material do fato. Tambm no impediro a
propositura da ao civil:
o despacho de arquivamento do inqurito ou das peas de informao;
a deciso que julgar extinta a punibilidade;
a sentena absolutria que decidir que o fato imputado no constitui
crime.
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2/2
No cabe ao civil:
quando o Juiz criminal reconhecer a inexistncia do fato;
quando o Juiz criminal reconhecer que o sujeito no participou do
fato;
quando o Juiz criminal reconhecer uma causa excludente da
antijuricidade (legtima defesa, estado de necessidade, exerccio
regular de direito ou estrito cumprimento do dever legal). Nesta
hiptese, entretanto, pode haver exceo em que caiba ao civil nos
casos previstos nos arts. 1.519 e 1.520 do CC (estado de necessidade
agressivo quando h ofensa a um inocente) e no art. 1.540 do CC
(legtima defesa real com aberratio ictus, ou seja, erro de alvo
cometido pelo agente do crime).
1.2. Execuo Civil
A sentena penal condenatria, com trnsito em julgado, poder ser
executada no juzo cvel, mas como o Juiz criminal no fixa o quantum,
necessrio que se faa a liquidao da sentena. Quando o titular do direito
reparao do dano for pobre (art. 32, 1. e 2., do CPP), a execuo da
sentena condenatria (art. 63 do CPP) ou a ao civil (art. 64 do CPP) ser
promovida, a seu requerimento, pelo MP.
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CURSO DO PROF. DAMSIO A DISTNCIA
MDULO VIII
DIREITO PROCESSUAL PENALJurisdio e Competncia
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Jurisdio e Competncia
1. PRINCPIOS GERAIS DA JURISDIO
Jurisdio a funo por meio da qual o Estado-Juiz aplica o Direito ao
caso concreto.
Caractersticas:
Inrcia: a jurisdio no age de ofcio, depende de provocao das
partes, pois, caso contrrio, sua imparcialidade ficaria abalada, ne
procedat iudex ex oficio.
Indelegabilidade: a jurisdio no pode ser delegada a nenhum outro
rgo. O Judicirio um Poder Constitudo, que recebeu sua funo
do Poder Constituinte, previsto na CF/88. No se pode delegar o que
se recebeu por delegao, dellegatur dellegare non potest.
Investidura: apenas aquele legalmente investido no exerccio dafuno jurisdicional que pode exerc-la.
Inevitabilidade: consiste em sujeio do ru ao processo e sujeio de
ambas as partes deciso.
Inafastabilidade ou indeclinabilidade: a lei no pode excluir a
apreciao de leso ao Direito. O legislador no pode produzir leis
restringindo o acesso ao Judicirio e o prprio Judicirio no pode
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deixar de julgar, no pode declinar de sua funo. Est expresso na
CF/88 no art. 5., inc. XXXV.
Aderncia ao territrio: a jurisdio reflexo do poder soberano do
Estado, atua dentro do territrio nacional. Para a jurisdio atuar em
outro pas, preciso que o outro pas a aceite. Ex.: carta rogatria.
1.1. Competncia
Competncia a medida da jurisdio, a quantidade de jurisdio cujo
exerccio atribudo por lei a um rgo ou grupo de rgos. Os arts. 69 e ss.
do CPP estabelecem os critrios de competncia. So eles:
I o lugar da infrao;
II o domiclio ou residncia do ru;
III a natureza da infrao;
IV a distribuio;
V a conexo ou continncia;
VI a preveno;
VII a prerrogativa de funo.
Obs.: a conexo e a continncia no so critrios de fixao de
competncia, so critrios de modificao de competncia.
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1.2. Determinao da Competncia Foro Competente
Foro o territrio dentro do qual determinado rgo judicial exerce sua
parcela de jurisdio.
mbito Estadual 1. instncia comarca e 2. instncia TJ/TACrim.
mbito Federal 1. instncia seo ou subseo judiciria e 2.
instncia TRF.
1.2.1.Competncia pelo lugar da infrao (art. 69, I, do CPP)
Usa-se como regra, para fixar a competncia, o lugar da infrao. O CPP,
no art. 70, utilizou o local onde ocorreu a consumao ou, no caso de tentativa,
o lugar em que foi praticado o ltimo ato de execuo. O domiclio do ru
um critrio subsidirio que s ser utilizado se for impossvel determinar o
lugar da infrao.
Ateno! No confundir:
Art. 4. do CP Tempo do crime, teoria da atividade considera-se praticado
o crime no momento da ao ou omisso, ainda que outro seja o momento do
resultado. Importante para identificar a lei penal aplicvel ao caso, a idade do
agente ao tempo da infrao etc.
Art. 6. do CP Lugar do crime, teoria da ubiqidade considera-se praticado
o crime no lugar em que ocorreu a ao ou omisso, bem como onde se
produziu ou deveria produzir-se o resultado. Importante para identificar se a lei
penal brasileira ser aplicada ao fato criminoso. Se a ao ou o resultado
ocorreram aqui no Brasil, a lei penal ptria ser aplicada.
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Art. 70 do CPP Lugar do crime para a fixao da competncia, teoria do
resultado, o local da consumao ser o foro competente para iniciar a ao penal.
1.2.2. Casos especiais
a) Estelionato mediante a emisso de cheque sem fundo (art. 171, 2.,VI, do CP)
O crime se consuma quando o banco sacado recusa o pagamento. O foro
competente ser o do banco sacado que recusou o pagamento do cheque.
esse o entendimento das Smulas n. 521 do STF e n. 244 do STJ (1.2.2001).
b) Estelionato (art. 171, caput, CP)
Foro competente: local do prejuzo. Ex.: Adonilza encontra uma folha de
cheque na rua, vai at uma loja e faz uma compra, fazendo-se passar por titular
do cheque, o lojista enganado entrega a mercadoria. O foro competente para a
ao penal ser o do local do prejuzo Smula n. 48 do STJ.
c) Crimes qualificados pelo resultado (Ex.: art. 129, 2., V, leso
corporal qualificada pelo resultado aborto)
O local da consumao do resultado agravador ser o foro competente
para a propositura da ao penal.
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d) Falso testemunho praticado mediante precatria
O foro competente ser o Juzo deprecado. O local onde ocorreu a oitiva
da testemunha ser o competente.e) Homicdio doloso consumado
A jurisprudncia entende que o foro competente ser o do local da ao e
no do resultado, pois, dessa forma, o ru ser julgado pelos seus pares, alm
de facilitar a produo de provas, j que as testemunhas que no residem na
mesma comarca onde se processa a ao no tm obrigao de comparecer.
f) Crime de extorso mediante seqestro
Crime permanente, sua fase consumativa se prolonga no tempo. Est
consumado o crime com a privao da liberdade por tempo juridicamente
relevante. Ex.: um empresrio seqestrado em So Paulo levado paracativeiro em Campinas, depois o cativeiro mudado para Americana. A
consumao desse crime ocorreu em todos esse lugares. A competncia, nesse
caso, fixa-se pela preveno .
g) Crime que se consuma na divisa entre duas cidades
O foro competente ser qualquer uma das cidades; fixa-se pela preveno.
h) Tentativa
O foro competente ser o do ltimo lugar da execuo, onde ocorreu o
ltimo ato.
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i) Crimes a distncia, iter criminis ocorre entre dois pases
Ex.: execuo no Brasil e consumao em outro pas, ou execuo em
outro pas e consumao no Brasil. Foro competente ser o lugar do ltimo ato
de execuo ou o lugar onde o crime se consumou ou deveria ocorrer a
consumao.
Ex. 1: terrorista envia carta-bomba da Argentina para explodir em So
Paulo, sendo que a exploso no vem a acontecer. O foro competente parapropor a ao ser So Paulo.
Ex. 2: brasileiro mata empresrio em Nova York. A execuo e a
consumao do crime ocorreram no exterior, entretanto ser julgado pelas leis
brasileiras em razo da extraterritorialidade da lei penal. O foro competente
para processar a ao ser a Capital do Estado do ltimo domiclio do ru. Se o
ru nunca teve domiclio no Brasil, ser processada a ao no DF.
j) Crime praticado a bordo de embarcao
Embarcao nacional pblica: em qualquer lugar que esteja e ocorrer o
crime, este ser julgado perante as leis ptrias. Se a embarcao for nacional
privada, quando se encontrar no mar territorial ou em alto mar, os crimes a
bordo ocorridos sero julgados pela lei nacional. O foro competente para
propor a ao ser o local do porto nacional onde ocorreu o primeiro
atracamento aps o crime ou o porto de onde a embarcao saiu do Brasil para
o exterior. Para os crimes cometidos a bordo de aeronave, utiliza-se a mesma
regra da embarcao, sendo que o foro competente para propor a ao ser o
local do aeroporto onde ocorreu o primeiro pouso aps o crime ou o aeroportode onde saiu a aeronave antes do crime.
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l) Crimes de competncia da Lei n. 9.099/95
A doutrina diverge quanto ao foro competente para processar a ao.
1. corrente: Prof. Ada Pellegrini Grinover foro competente ser o local da
ao, teoria da atividade.
2. corrente: Prof. Mirabete foro competente ser o local da ao ou do
resultado, teoria da ubiqidade.
3. corrente: Prof. Tourinho foro competente ser o local do resultado, teoria
do resultado.
Como a competncia relativa, pode-se usar qualquer uma delas.
1.2.3. Domiclio ou residncia critrio subsidirio
Conforme o art. 72 do CPP, no sendo conhecido o lugar da infrao, a
competncia regular-se- pelo domiclio ou residncia do ru. Ex.: uma
passageira de um nibus que fazia o percurso So Paulo/Bahia, ao
desembarcar, percebe que teve sua carteira furtada. O nibus esteve o tempo
todo em trnsito, no h como precisar o local da infrao. A ao ser
proposta no local do domiclio ou residncia do ru. Se o ru tiver mais de um
domiclio, conforme o art. 72, 1., do CPP, a competncia firmar-se- pela
preveno, e caso o ru no tenha domiclio certo, ou seja ignorado seu
paradeiro, ser competente o Juiz que primeiro tomou conhecimento do fato.
Na ao penal privada, o ofendido poder preferir o foro do domiclio ou
residncia do ru, mesmo quando conhecido o lugar da infrao. O critrio
optativo, de acordo com o art. 73 do CPP.
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1.3. Natureza da Infrao
Conforme a natureza do delito, a ao ser julgada por uma determinada
justia competente.
Organizao da Justia Penal:
Especial Eleitoral (art. 121 da CF/88) e Militar (art. 124 da CF/88).
Comum Federal e Estadual (a Justia Estadual tambm conhecidacomo residual; para ela resta o que no for da competncia das
Justias Eleitoral, Militar e Federal).
1.3.1. Justia Eleitoral
STF (Braslia)
Tribunal Superior Eleitoral (Braslia)
Tribunal Regional Eleitoral (capital do Estado)
Juiz Eleitoral (Juzes de Direito da Justia Estadual)
Tem competncia para julgar:
crimes eleitorais definidos no Cdigo Eleitoral;
crimes eleitorais previstos nas leis extravagantes.
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1.3.2. Justia Militar
Superior Tribunal Militar (Braslia 2. instncia) e Auditorias
Militares (1. instncia).
Estadual: Tribunal de Justia Militar ou Tribunal de Justia (para os
Estados que no possuem TJM 2. instncia) e Auditorias Militares
(1. instncia).
Sero Julgados pela Justia Militar Federal:
civis que pratiquem crime definido como militar;
integrantes das foras armadas (Exrcito, Marinha e Aeronutica) que
pratiquem crime definido como militar.
Sero julgados pela Justia Militar Estadual (art. 125, 4., da CF/88):
os policiais militares e os bombeiros militares, nos crimes definidos em lei
como militares.
Smula n. 53 do STJ: Compete Justia Comum Estadual processar ejulgar civil acusado de prtica de crime contra instituies militares estaduais.
Crimes Militares:
Propriamente militar ou prprio aqueles definidos no Cdigo Penal
Militar (Dec.-lei n. 1.001/69), sem equivalente na justia penal
comum. Ex.: motim, dormir em servio, insubordinao.
Impropriamente militar ou imprprio aqueles crimes definidos na
legislao militar com equivalente na lei penal comum. Ex.: estupro,
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roubo, furto. Se o crime for praticado pelo militar em servio, ser
utilizado o CPM, se o militar no estiver em servio, ser utilizado oCP.
A Lei n. 9.299/96 alterou a competncia da Justia Militar. Alguns
crimes que eram da Justia Militar passaram para a competncia da Justia
Comum. Antes dessa lei, os crimes praticados por militar fora do servio, mascom arma da corporao, eram definidos como crimes militares; agora, se o
militar estiver fora do servio, com ou sem a arma da corporao, ser julgado
pela Justia Comum Estadual. Os crimes dolosos contra a vida praticados por
militar contra civil durante o servio tambm passaram a ser da competncia
da Justia Comum, julgados pelo Tribunal do Jri. Se o militar em servio
pratica crime definido apenas no CP, ser julgado pela Justia Comum. Ex.:
abuso de autoridade Lei n. 4.898/65.
Smula n. 6 do STJ: Compete Justia Comum Estadual processar e
julgar delito decorrente de acidentes de trnsito envolvendo viatura militar,
salvo se autor e vtima forem policiais militares em situao de atividade.
Smula n. 75 do STJ: Compete Justia Comum Estadual processar e
julgar o policial militar acusado de facilitao de fuga de preso em
estabelecimento penitencirio.
Smula n. 78 do STJ: O policial militar ser julgado pela Justia Militar
Estadual de seu Estado, ainda que o crime seja praticado em outro Estado.
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1.3.3. Justia Federal
Compete Justia Federal processar e julgar os casos previstos no art.
109 da CF/88. O art. 109, IV, da CF/88 trata das infraes penais praticadas
em detrimento de bens ou interesses da Unio. Conforme a Smula n. 38 do
STJ, as contravenes praticadas em detrimento de bens ou interesses da
Unio sero julgadas pela Justia Comum Estadual. Crimes praticados contra
funcionrio pblico federal, quando relacionados com o exerccio da funo,
so julgados pela Justia Federal, conforme a Smula n. 147 do STJ. Os
crimes de trfico de entorpecentes e de crianas, se internacionais, sero da
competncia da Justia Federal; se internos, a competncia da Justia
Comum. Tambm compete Justia Federal processar e julgar os crimes a
distncia previstos em tratado ou conveno internacional e os crimes
praticados a bordo de navio ou aeronave (Ateno! No o foro competente,
mas a Justia competente). As embarcaes de pequeno porte so decompetncia da Justia Comum.
1.3.4. Observaes finais
A natureza da infrao, portanto, serve para fixar a competncia.
Existindo mais de um Juzo igualmente competente, a competncia ser
determinada pela preveno ou pela distribuio. Ocorre a preveno quando um
Juzo, antecipando-se aos demais, pratica algum ato processual ou medida
relativa ao processo. Ex.: decretao de priso preventiva, determinao de busca
e apreenso. No havendo a preveno, usa-se a distribuio, que o sorteio da
ao perante os Juzes competentes, determinando qual atuar no processo.
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CURSO DO PROF. DAMSIO A DISTNCIA
MDULO IX
DIREITO PROCESSUAL PENAL
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
1. JURISDIO E COMPETNCIA
1.1. Conexo e Continncia
A conexo e a continncia (art. 69, inc. V, do CPP) so critrios de
modificao da competncia e no de fixao.
O art. 76 do CPP estabelece quando a competncia ser determinada pela
conexo. Haver conexo quando existir um liame subjetivo (entre as pessoas)
ou objetivo (entre os delitos) unindo duas ou mais infraes penais. Nesse
caso, as aes sero reunidas e julgadas em conjunto,simultaneus processus.
A conexo pode ser:
Art. 76, inc. I, do CPP intersubjetiva quando as infraes
houverem sido praticadas:
ao mesmo tempo, por vrias pessoas reunidas;
por vrias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar;
por vrias pessoas, umas contra as outras (reciprocidade).
Art. 76, inc. II, do CPP objetiva quando as infraes houverem
sido praticadas:
para facilitar ou ocultar outras;
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para consegui r impunidade ou vantagem em relao a
qualquer delas.
A conexo objetiva conseqencial compreende os casos acima descritos,
e a conexo objetiva teleolgica aquela que ocorre quando um crime
praticado para facilitar ou assegurar a execuo de outro crime.
Art. 76, inc. III, do CPP instrumental ou probatria:
quando a prova de uma infrao ou qualquer de suas circunstncias
elementares influir na prova de outra infrao; tem fins probatrios.
O art. 77 do CPP estabelece quando a competncia ser determinada pela
continncia.
A continncia pode ser:
Art. 77, inc. I, do CPP subjetiva quando duas ou mais pessoas
forem acusadas pela mesma infrao, configurando-se concurso de
agentes. Ateno! na conexo intersubjetiva so duas infraes, na
continncia subjetiva h apenas uma infrao.
Art. 77, inc. II, do CPP objetiva nos casos dos artigos:
art. 70, 1. parte, do CP concurso formal;
art. 73, parte final, do CP aberratio ictus (erro na execuo);
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art. 74, parte final, do CP aberratio criminis (resultado diverso
do pretendido).
O art. 78 do CPP determina qual o foro prevalente em caso de conexo e
continncia:
I Competncia do Jri e de outro rgo da jurisdio comum:
prevalecer a competncia do Jri. Obs.: se o crime for eleitoral e doloso
contra a vida, os processos sero julgados separadamente, no haver a reunio
de processos, pois a competncia de ambos fixada na CF/88.
II Concurso de jurisdies de mesma categoria:
prepondera o local da infrao qual for cominada pena mais grave
(recluso > deteno > priso simples. Se a pena mxima for igual,usa-se a que tem a maior pena mnima);
sendo iguais as penas, prevalece o local onde foi praticado o maior
nmero de crimes;
se nenhum desses casos fixar a competncia, utiliza-se o critrio da
preveno (ver mdulo VIII, item 1.3.4).
III Concurso entre jurisdies diversas: prevalece a mais graduada.
Ex.: TJ e Juiz singular prevalece o TJ. Se a conexo for entre crime de
competncia da Justia Estadual e da Justia Federal, para o Prof. TOURINHO
so jurisdies de mesma categoria; para a jurisprudncia, a Justia Federal
especial em relao Justia Estadual. A Smula n. 122 do STJ decidiu a
questo, determinando que: Compete Justia Federal o processo e
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julgamento unificado dos crimes conexos de competncia federal e estadual,
no se aplicando a regra do art. 78, inc. II, a, do CPP.
IV Concurso entre Jurisdio Comum e Jurisdio Especial (Militar e
Eleitoral): prevalecer a Especial.
No sero reunidos os processos para julgamento em conjunto nos casos
do art. 79 do CPP:
I concurso entre jurisdio comum e militar Smula n. 90 do STJ
Compete Justia Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prtica
de crime militar, e Comum pela prtica do crime comum simultneo quele.
II concurso entre Justia Comum e Justia da Infncia e Juventude.
1. Supervenincia de doena mental a um dos co-rus;
2. Co-ru revel que no possa ser julgado revelia (infrao
inafianvel, no comparece no Tribunal do Jri, citao por edital) e na ciso
do julgamento durante a sesso plenria do Jri (art. 461 do CPP).
O art. 80 do CPP determina os casos em que a separao dos processos
facultativa, apesar da conexo e continncia:
se as vrias infraes forem praticadas em diferentes condies de
tempo e lugar;
se excessivo o nmero de acusados ou para evitar o prolongamento do
tempo de priso provisria;
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se, por outro motivo relevante, o juiz julgar conveniente a separao
(o juiz tem discricionariedade para determinar isso).
1.2. Perpetuao da Competncia (Perpetuatio Jurisdicionis art.
81 do CPP)
A vis atractiva, efeito principal da conexo e continncia, desloca para a
competncia de um mesmo julgador os crimes conexos aos de sua
competncia. Se o juiz ou o Tribunal absolver ou desclassificar o crime de sua
competncia, continuar competente para o julgamento das demais infraes.
Ex.: concurso de agentes juiz e escrivo cometem crime de furto. Os dois
sero julgados pelo TJ vis atractiva. Se o juiz for absolvido, o escrivo
continua a ser julgado pelo TJ.
Exceo: no Jri, se o juiz desclassificar, impronunciar ou absolver o
acusado, de maneira que exclua a competncia do Jri, remeter o processo ao
juiz competente (art. 81, par. n., do CPP).
Os crimes conexos ao do Tribunal do Jri, no dolosos contra a vida,
sero julgados pelo Juiz Presidente e no pelos jurados (posio predominante
da jurisprudncia).
1.3. Art. 82, CPP Avocao de Processos
Se, mesmo ocorrendo conexo ou continncia, foram instaurados vrios
processos, a autoridade prevalente deve avocar para si os processos que
corram perante outros juze