94
1 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO Ismael Buboltz LOGÍSTICA REVERSA APLICADA À SAÚDE: A REALIDADE HOSPITALAR FRENTE ÀS IMPOSIÇÕES DE ADEQUAÇÃO Santa Cruz do Sul, Junho de 2011

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

1

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

Ismael Buboltz

LOGÍSTICA REVERSA APLICADA À SAÚDE: A REALIDADE HOSPITALAR

FRENTE ÀS IMPOSIÇÕES DE ADEQUAÇÃO

Santa Cruz do Sul, Junho de 2011

Page 2: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

2

Ismael Buboltz

LOGÍSTICA REVERSA APLICADA À SAÚDE: A REALIDADE HOSPITALAR

FRENTE ÀS IMPOSIÇÕES DE ADEQUAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação da disciplina de Estágio Supervisionado III e como requisito para obtenção do título de Bacharel em Administração.

Orientador: Prof. Rafael Frederico Henn

Santa Cruz do Sul, Junho de 2011

Page 3: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

3

AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que de alguma forma doaram

um pouco de si para que a conclusão deste trabalho se tornasse possível:

À Deus, por acreditar que nossa existência pressupõe uma outra infinitamente

superior. À minha família e amigos por acrescentar razão e beleza aos meus dias. E

em especial, agradeço ao professor orientador, Sr. Rafael Frederico Henn, pela

sabedoria transmitida, pela inspiração e pelo encorajamento na realização deste

trabalho sempre com uma simpatia contagiante.

Page 4: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

4

RESUMO

Questões como gestão sócio-ambiental, sustentabilidade, consciência ambiental e

responsabilidade social são termos empregados atualmente nas organizações,

tornando-se um papel crescente na gestão empresarial. Seguindo esse mesmo

raciocínio, encontra-se a logística reversa: uma ferramenta imprescindível para as

empresas que desejam tornar-se ambientalmente responsáveis, através do

gerenciamento eficaz e eficiente de seus resíduos de produção. Mudanças se fazem

presentes nas empresas e pressões constantes como legislação, clientes,

necessidade de reduzir custos e coordenação de funções aceleram o

desenvolvimento de um novo conceito de organização. Um dos setores que possui

atualmente a maior quantidade em termo de volume de resíduos gerados são os

hospitais. Sua situação complica a medida que a variedade de materiais

descartados é grande e que em sua maioria encontra-se infectada, tornando-se

assim um problema ao meio ambiente, clientes e funcionários. A gama de resíduos

exige dos órgãos de descarte métodos e procedimentos específicos para tratamento

e destinação final de resíduos. O gerenciamento de resíduos influi positivamente na

organização acarretando um melhor aproveitamento do lixo gerado, qualidade nos

serviços, melhor aproveitamento de recursos financeiros, vantagem competitiva e

principalmente, proteção ambiental, que por sua vez reflete em saúde e bem-estar

ao homem. Este estudo objetiva apresentar um conjunto de reflexões a cerca da

logística reversa nas organizações hospitalares apresentando uma análise das

atuais situações da área da saúde e seu gerenciamento de resíduos.

Palavras-chave: logística reversa, gestão sócio-ambiental, resíduos hospitalares,

responsabilidade ambiental e social, sustentabilidade.

Page 5: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

5

ABSTRACT

Themes like Environmental and Occupational Health and Safety Management,

sustainable, environment conscience and social responsibility are words used

nowadays in Business Company receiving emphasis on Business Management.

According to this induction we can find the reverse logistic meaning: an

indispensable tool used in the organizations that want to turn it environment

responsible through an efficient managing of residues that became from the

production process. Changes are part of the companies and there’s also pressure

derived from legislation, costumers, cost reduction and co-ordination of activities.

These elements accelerate the development of a new concept of business. A sector

that haves today the most mass cubage of residues are the hospitals. Its situation

gets complicated according the variety of material rejected and the pathology

founded in the stuff, turning it a problem to the environmental, customers and

employees. The residues kinds demand from companies of discard e recycling

special methods and operating for treatment and final destination. The stuff

management gets positively flow in by the better way of residues advantage, quality

service and good use of financial resource, competitive advantage and mainly

environmental protection - that reflect in health and human wealth. The present study

objects show some elements and reflections about the reverse logistic in hospitals

pointing an analysis from the health real situation and the residues management.

Words-key: reverse logistic, environmental and occupational health and safety

management, hospitals residues, environmental and social responsibility,

sustainable.

Page 6: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

6

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1: Reciclagem de papel ............................................................................... 48

Ilustração 2: Reciclagem de metal ............................................................................... 48

Ilustração 3: Reciclagem de vidro ................................................................................ 49

Ilustração 4: Reciclagem de plástico ............................................................................ 49

Ilustração 5: Bombonas para armazenamento temporário .......................................... 62

Ilustração 6: Depósito de infectantes ........................................................................... 65

Ilustração 7: Carrinho usado no transporte interno ...................................................... 66

Page 7: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

7

LISTA DE TEBELAS

Tabela 1: Fontes geradoras de resíduos ...................................................................... 23

Tabela 2: Classificação dos resíduos comuns .............................................................. 26

Tabela 3: Resumo dos métodos e tratamentos e disposição final ................................ 36

Tabela 4: Produto químico por local de geração ........................................................... 40

Tabela 5: Meia-vida e decaimento de elementos radioativos ....................................... 42

Page 8: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

8

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CENEM Comissão Nacional de Energia Nuclear

CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

EPI Equipamento de Proteção Individual

FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental

FUNASA Fundação Nacional de Saúde

GRSS S Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial

MS Ministério da Saúde

NR Norma Regulamentadora

Ph símbolo para “potencial hidrogeniônico”

RDC Resolução da Diretoria Colegiada

REFORSUS Reforço à Reorganização do Sistema Único de Saúde

RSS Resíduos Sólidos de Saúde

RSSS Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde

SESMT Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do

Trabalho

Page 9: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12

1. APRESENTAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO.................................................................... 13

1.1 Histórico .................................................................................................................. 13

1.2 Missão ..................................................................................................................... 16

1.3 Visão ....................................................................................................................... 16

1.4 Valores .................................................................................................................... 16

1.5 Área de atuação ...................................................................................................... 17

1.6 Localização e estrutura física ................................................................................. 17

1.7 Quadro funcional ..................................................................................................... 17

2. JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 19

3. OBJETIVOS ............................................................................................................. 21

3.1 Geral........................................................................................................................ 21

3.2 Específicos .............................................................................................................. 21

4. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 22

4.1 Resíduos hospitalares: disposições gerais .............................................................. 22

4.1.1 Etapas no manejo do RSSS ................................................................................. 24

4.1.2 Classificação dos resíduos sólidos ....................................................................... 24

4.1.3 Fontes geradoras de resíduos .............................................................................. 27

4.1.4 Segregação e acondicionamento ......................................................................... 29

4.1.5 Coleta interna ....................................................................................................... 32

4.1.6 Transporte interno ................................................................................................ 32

Page 10: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

10

4.1.7 Armazenamento de resíduos ............................................................................... 33

4.1.7.1 Armazenamento temporário .............................................................................. 33

4.1.7.2 Armazenamento externo ................................................................................... 33

4.1.8 Coleta e transporte externo .................................................................................. 34

4.2 Logística .................................................................................................................. 35

4.2.1 Logística reversa .................................................................................................. 36

4.2.2 Logística reversa hospitalar .................................................................................. 38

4.2.3 Tratamento e disposição do RSSS ...................................................................... 40

4.2.3.1 Tratamento de resíduos do grupo A .................................................................. 44

4.2.3.1.1 Autoclave ........................................................................................................ 45

4.2.3.1.2 Microondas ..................................................................................................... 45

4.2.3.1.3 Tratamento químico........................................................................................ 45

4.2.3.1.4 Ionização ........................................................................................................ 46

4.2.3.1.5 Incineração ..................................................................................................... 46

4.2.3.2 Tratamento de resíduos do grupo B .................................................................. 47

4.2.3.3 Tratamento de resíduos do grupo C .................................................................. 48

4.2.3.4 Tratamento de resíduos do grupo D .................................................................. 49

4.2.3.4.1 Reciclagem ..................................................................................................... 50

4.2.3.4.2 Compostagem ................................................................................................ 52

4.2.3.5 Tratamento de resíduos do grupo E .................................................................. 52

4.3 Gestão sócio ambiental ........................................................................................... 53

5. METODOLOGIA ....................................................................................................... 57

6. COLETA DE DADOS ............................................................................................... 60

6.1 A realidade do hospital em estudo .......................................................................... 60

6.2 Classificação adotada pelo hospital ........................................................................ 61

6.2.1 Grupo A: resíduos biológicos ............................................................................... 61

6.2.2 Grupo B: resíduos químicos ................................................................................. 62

Page 11: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

11

6.2.3 Grupo C: rejeitos radioativos ................................................................................ 62

6.2.4 Grupo D: resíduos comuns ................................................................................... 62

6.2.5 Grupo E: objetos perfurocortantes ....................................................................... 63

6.3 Tratamento preliminar empregado .......................................................................... 64

6.4 Formas de acondicionamento e identificação ......................................................... 64

6.5 Local de armazenamento externo .......................................................................... 65

6.6 Descrição do transporte interno e externo .............................................................. 66

6.7 Treinamento de pessoal .......................................................................................... 66

6.8 Tratamento e destinação final ................................................................................. 67

7. ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS E SUGESTÕES .......................................... 69

8. CONCLUSÃO ........................................................................................................... 75

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 78

10. ANEXOS ................................................................................................................. 82

Anexo A: Organograma ................................................................................................. 83

Anexo B: Simbologia de resíduos de saúde ................................................................. 84

Anexo C: Questionário aplicado às empresas .............................................................. 86

Anexo D: Relação de empresas contatadas para questionário .................................... 87

Anexo E: Contato estabelecido via e-mail com empresas coletoras de resíduos ........ 89

Anexo F: Fontes geradoras de resíduos no Hospital Beneficente Monte Alverne ........ 90

Anexo G: Imagens externas do Hospital Beneficente Monte Alverne .......................... 91

Anexo H: Utensílios e ferramentas utilizadas na coleta de resíduos ............................ 92

Anexo I: Depósito de infectantes .................................................................................. 93

Anexo J: Equipamento de proteção individual - EPI ..................................................... 94

Page 12: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

12

INTRODUÇÃO

A logística é de suma importância para a sobrevivência e correto

funcionamento de qualquer empresa, independente do segmento. Porém em um

hospital a logística desempenha um papel ainda mais importante, pois está

relacionada a vidas humanas.

O estágio supervisionado III foi realizado com intuito de desenvolver um

estudo na área de logística do Hospital Beneficente Monte Alverne. Visa-se adequá-

lo à tendência do sistema de logística reversa a fim de possibilitar uma correta e

eficaz gestão de materiais e medicamentos no interior da entidade.

Sabe-se que o conceito de logística reversa está em evolução e encontra-se

em fase de implementação em muitas organizações. As empresas sofrem

gradativamente com a pressão da legislação ambiental e caminham lentamente na

execução de ações que tragam sustentabilidade para as futuras gerações. Porém,

quando tratamos desta questão de um ponto de vista mais operacional essa

consciência está para muitos no plano conceitual.

Uma vez que aliadas às questões ambientais encontra-se a necessidade de

reduzir custos e que um correto controle acarreta qualidade e melhor

aproveitamento de recursos financeiros, o presente estudo dar-se-á neste sentido.

Para trabalhar com a temática do problema apresentado, o trabalho está

organizado da seguinte forma, além desta introdução: capítulo 1- Apresentação da

organização; capítulo 2- Justificativa; capítulo 3- Objetivos; Capítulo 4- Revisão de

literatura; Capítulo 5- Metodologia; Capítulo 6- Coleta de dados; Capítulo 7- Análise

dos dados coletados e sugestões; Capítulo 8- Conclusão; Capítulo 9- Referências

bibliográficas e Capítulo 10- Anexos.

Page 13: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

13

1. APRESENTAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

Situado na Rua Doutor Pedro Eggler, nº 600, no distrito de Monte Alverne,

município de Santa Cruz do Sul encontra-se o Hospital Beneficente Monte Alverne:

uma entidade civil, filantrópica, de direito privado, sem fins lucrativos, que se rege

pelo Estatuto Social e pela legislação aplicável. É uma associação formada por 28

sócios fundada em 01 de julho de 1929 comemorando, portanto, seu 82º

aniversário.

A entidade tem por objetivo social prestar assistência médico-hospitalar e de

atendimento a maternidade, sem qualquer restrição; inclusive gratuita às pessoas

carentes, com prioridade a crianças e adolescentes, idosos e pessoas portadoras

de deficiência. O hospital possui 35 leitos e atende à clínica médica geral, cirurgias,

pediatria, ginecologia e obstetrícia. A entidade conta com uma área total de

11.289,71 m2, 28 funcionários e 2 médicos clínicos gerais. Dos 35 leitos, 26 são

destinados ao atendimento SUS e os demais para convênios.

O Hospital não estabelece nenhum limite quantitativo. Atende 100% da

demanda, em sua maioria agricultores de pequeno porte, totalizando segundo o

ultimo censo em média 10.000 habitantes na localidade de Monte Alverne. O

atendimento se estende a distritos circunvizinhos, bem como os municípios de

Sinimbu e Venâncio Aires. Presta também serviços a pacientes que vêm

encaminhados através do gestor local SUS quando faltam leitos nos hospitais mais

próximos.

1.1 Histórico

Em 15 de novembro de 1886, numa cidadezinha do interior da Suíça

chamada Interlakem, nasce Dr. Pedro Eggler, o percussor que mais tarde faria

grandes mudanças na área da saúde no interior do Rio Grande do Sul.

Page 14: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

14

Desde cedo Eggler já demonstrava interesse pela medicina. Foi para Londres

na Inglaterra, onde trabalhou por quatro anos em um grande hospital alemão.

Retornou à Suíça e estudou com o famoso professor Theodor Emil Kocher.

Em 1913 veio ao Brasil, para a cidade de Feliz no interior do Rio Grande do

Sul. Em solo brasileiro conheceu Elsa Thophern, com quem casou-se dois anos

mais tarde vindo a fixar residência em Riothal. O casal teve seis filhos, cinco

meninas e um menino.

A princípio, Dr. Eggler instalou uma clínica para atendimento no Hotel Engler

(atualmente no local funciona uma agropecuária), sendo que em 1917 construiu sua

própria clínica. Essa clínica de dois pisos abrigava seu consultório e alguns quartos

no primeiro andar.

Os doentes vinham de longe se tratar com ele. Segundo relatos de Dona

Célia Ullmann, vinham caravanas de municípios como: Santa Maria e Cachoeira do

Sul para procurarem assistência médica. Os pacientes que aqui faleciam eram

sepultados no cemitério local, explicação essa para a grande diversidade de

sobrenomes de famílias de outras regiões. Também era chamado para atender em

vários municípios da região. Primeiro ia a cavalo, depois de automóvel.

Provavelmente o esforço físico excessivo, debaixo de sol e chuva, o tenha

levado a morte aos 60 anos de idade – em 24 de maio de 1947. Mais tarde a rua

central de Monte Alverne, a antiga Riothal, ganhou seu nome.

Foi em 1917 que o médico suíço, Dr. Pedro Eggler construiu a sua clínica em

Monte Alverne, distrito de Santa Cruz do Sul. Dr. Eggler foi um líder e benfeitor que

lançou a semente da assistência médica na localidade, preocupado com a saúde de

sua população. Visando melhorar o atendimento, anos depois, em 1º de julho de

1929, foi fundada a Sociedade Beneficente Riothal com base na clínica reformulada.

Em 18 de março de 1957 esta mesma entidade mudou seu nome para

Hospital Beneficente Monte Alverne, nome esse que o hospital preserva até hoje.

Essa sociedade foi presidida pelo Senhor Arthur Muller e teve como vice Miguel

Weiss. A intenção de remodelar o hospital foi cogitada, porém a Sociedade não

obteve êxito devido aos conflitos mundiais da época.

Page 15: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

15

Mais uma vez, em 1963, acentuadas as necessidades de melhorias no

hospital existente, outro impulso foi lançado visando a construção de um novo

prédio. Assim, a diretoria (presidente Sr. Arthur Muller) foi em busca de recursos

junto aos governos federal, estadual e municipal, e encaminhou à entidades da

Alemanha (Evangelische Entwicklungshilfe e Brot Für die Welt) solicitação de sua

colaboração.

Em 6 de junho de 1966 foi enviada planta à Alemanha com o plano elaborado

em três vias. A resposta veio cinco meses mais tarde. A comunidade de Riothal foi

contemplada com 533 mil marcos e a obra avaliada em 737.867 marcos. Em

seguida, agora no mês de janeiro de 1967, o pastor trouxe a notícia de que para

cada mil cruzeiros que receberem de nossa gente, o povo alemão ajudaria com mais

3 mil.

A presidência do hospital contava ainda com Padre Álvaro Aloísio Lenhard,

Altair Ullmann, Guilherme Ullmann e o Pastor Heinrich Bockius. Além deles, houve

colaboração na coordenação da construção do hospital as seguintes pessoas: Dr.

Ruben Weiss, Dr. Percy Schreck, Guilherme Voos, Odilon Mohr e Arlindo Schünke,

bem como os demais 1.030 sócios que a sociedade possuía na época.

As solicitações tiveram sucesso. Os recursos, principalmente da Alemanha,

graças ao dinamismo do Pastor Heinrich, foram suficientes.

Em 10 de dezembro de 1967 foi inaugurado um dos mais modernos hospitais

da região, com 1.600 m2 de área construída e equipamentos dos mais modernos da

época. Na data, centenas de automóveis, caminhonetas, ônibus e outras viaturas

deram aspecto diferente à Vila de Monte Alverne, fazendo afluir milhares de pessoas

dos mais diferentes recantos. Autoridades também se fizeram presentes,

inaugurando assim o prédio que levou 11 meses para ser edificado. A sede do 3º

distrito vestiu-se de gala para o dia máximo de sua história, pois o hospital atendido

por bons médicos agora levará a fama de Monte Alverne para bem longe.

A solenidade de inauguração iniciou às 10:30 horas. Houve também

celebração de missa pelo Padre Álvaro Lenhardt (vigário da localidade) e culto pelo

Pastor Heinrich Bockius. Ao som da garbosa Banda Marcial do “Nosso Regimento”,

o vereador Arno Frantz iniciou ato inaugural com a saudação oficial.

Page 16: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

16

Finalmente, foi aberta a fita simbólica pelo prefeito Orlando Baumhardt e Dr.

Karl Kaempf, sendo que as autoridades, convidados e populares tiveram

oportunidade de percorrer as dependências do novo prédio, que causou em todos a

mais viva impressão. Após o ato, um suculento churrasco foi servido aos visitantes

numa agradável área arborizada nos fundos do hospital.

1.2 Missão

A missão é o propósito ou a razão de existir da organização. A missão do

Hospital Beneficente Monte Alverne é proporcionar à comunidade regional um

atendimento de saúde humanizado e de excelência, visando a qualidade de vida,

oferecendo soluções em serviços, tecnologia e recursos humanos de forma

integrada, buscando o crescimento do hospital como instituição auto-sustentável.

1.3 Visão

A visão equivale à capacidade da empresa de idealizar condições diferentes e

melhores formas de alcançá-las. A empresa visa ser a organização preferencial pela

excelência dos serviços prestados em saúde na região de Monte Alverne e distritos

circunvizinhos.

1.4 Valores

Os valores, de acordo com Gobe (2000), compreendem todas as crenças ou

conjunto de leis que norteiam o dia-a-dia da empresa. Os valores em que o Hospital

Beneficente Monte Alverne acredita são citados a seguir:

� Satisfação dos públicos de relacionamento: humanização e ética;

� Ações conscientes: saúde e segurança dos nossos públicos e a

preservação do meio ambiente;

� Utilização de recursos atualizados: aprimoramento das ferramentas de

gestão e tecnologia;

Page 17: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

17

� Desenvolvimento do capital humano: capacitação e melhoria contínua

para satisfação dos públicos de relacionamento.

� Engajamento do corpo clínico: relação e parcerias que garantam um

trabalho de forma integrada e sistêmica.

1.5 Área de atuação

A empresa atua em Monte Alverne, distrito de Santa Cruz do Sul.

1.6 Localização e estrutura física

A empresa localiza-se na Rua Doutor Pedro Eggler, nº 600 no distrito de

Monte Alverne, Santa Cruz do Sul. O hospital possui 35 leitos e atende à clínica

médica geral, cirurgias, pediatria, ginecologia e obstetrícia. A entidade conta com

uma área total de 11.289,71 m2. Dos 35 leitos, 26 são destinados ao atendimento

SUS e os demais para convênios.

1.7 Quadro funcional

A empresa possui no total 28 funcionários que atuam nas dependências da

entidade. Possui ainda serviços terceirizados que totalizam um quadro de 3 (três)

colaboradores, conforme conta em anexo (ANEXO A).

O responsável imediato pelo hospital é o presidente da entidade, uma vez que

o hospital é representado por uma diretoria. Os membros dessa diretoria não

exercem outra função na entidade e nem mesmo recebem remuneração pela

mesma.

Nos assuntos corporativo-administrativos a representante legal da entidade é

a administradora (porém a mesma não possui formação nessa área). Ela é a

intermediação da diretoria com o restante do hospital. É de sua responsabilidade o

controle de gastos financeiros, funcionários, materiais, compra e venda, permitindo o

correto e bom funcionamento do hospital.

Page 18: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

18

A entidade possui uma enfermeira chefe que supervisiona os demais técnicos

de enfermagem. A enfermeira responde pelos serviços e procedimentos de

enfermagem, bem como dos profissionais que nela atuam. Os técnicos de

enfermagem atuam diretamente no atendimento aos clientes, tornando-se assim a

linha hierárquica de maior importância no hospital.

Os auxiliares administrativos atuam em conjunto com a administradora. Os

mesmos trabalham na recepção e atendimento aos clientes. Fica também a seu

cargo rotinas de escritório, estatísticas, pagamentos, baixas e altas, contato entre

hospitais, confecção de laudos, faturamentos, etc.

Os funcionários de serviços gerais respondem principalmente pela limpeza da

entidade. São os responsáveis pela conservação da estrutura física do hospital,

desde serviços de limpeza, jardinagem e camareira.

A copa e cozinha atuam juntas com a nutricionista no serviço de nutrição e

dietética no Hospital Beneficente Monte Alverne. De acordo com o paciente, a dieta

é formulada e o alimento entregue aos pacientes.

Na lavanderia faz-se a lavagem, secagem e armazenamento da roupa de

cama utilizada pelos pacientes. Uma atividade que é indispensável aos hospitais,

pois um quesito de extrema importância nesses locais é a higienização.

Page 19: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

19

2. JUSTIFICATIVA

Constata-se uma crescente preocupação por parte das organizações no que

diz respeito à consciência ambiental e responsabilidade social. Tal situação se dá

devido fiscalização de órgãos ambientais, necessidade de reduzir custos,

coordenação de funções e competição face a concorrência devido diferenciação de

mercado.

A logística atua como papel fundamental na gestão empresarial como um

todo, pois permite um gerenciamento eficiente e eficaz. Empresas são induzidas a

prestarem serviços de qualidade. A concorrência e os clientes exigem que a

empresa seja também responsável ambientalmente pelas ações que desempenha.

Obedecendo a este critério, sabe-se que educação ambiental é responsabilidade de

toda sociedade, inclusive empresas.

Atuando neste sentido, encontra-se a logística reversa, que com a

globalização vem ocupando espaço significativo e impondo mudanças no fluxo

reverso de logística, partindo do ponto de consumo até seu ponto de origem. A

mesma ainda é tratada com baixa prioridade devido seu baixo volume, explicação

essa, para o fato deste processo ser em muitas empresas terceirizado.

Na área hospitalar, no que diz respeito à logística reversa destaca-se o

crescente aumento nos resíduos gerados que causam problemas ambientais e

agridem a saúde de funcionários. Também conhecida como RSS - Resíduos Sólidos

de Saúde, esse material descartado necessita processos específicos de tratamento

para que suas propriedades físicas, químicas e biológicas sejam anuladas sem

causar danos ao meio ambiente.

Atualmente os problemas enfrentados pelas organizações hospitalares dizem

respeito à (1) legislação - que através de fiscalização constante impõe métodos

específicos de descarte, muitas vezes não condizentes com a realidade de trabalho;

(2) necessidade de reduzir custos – uma vez que hospitais trabalham com verbas

limitadas e (3) coordenação de funções – uma vez que é necessário um trabalho de

equipe para desempenhar tal papel, bem como um treinamento ou adequação aos

novos padrões de manuseio e descarte de materiais e medicamentos.

Page 20: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

20

Tal situação não haveria de ser diferente com o Hospital Beneficente Monte

Alverne, uma entidade que sofre constante pressão por parte de órgãos ambientais

e que busca administrar esse problema com verbas, muitas vezes insuficientes e

limitadas, provenientes da Prefeitura Municipal. Sem contar a questão da

responsabilidade social, pois a empresa visa contribuir para a sociedade como uma

empresa responsável na preservação do meio ambiente, uma vez que o principal

objetivo da organização é a saúde e o bem-estar da população em geral.

Sendo assim, o presente estágio busca apresentar melhorias e soluções para

que a organização venha a atender às exigências de mercado de forma que também

seja um fator de vantagem e diferenciação para as empresas adeptas do processo

de logística reversa na área da saúde.

Page 21: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

21

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Desenvolver estudo na área de logística reversa aplicada à saúde,

apontando/diagnosticando possíveis falhas e sugerindo melhorias.

3.2 Objetivos específicos

• Averiguar conformidade com a legislação ambiental vigente e relacioná-la

quanto a sua aplicabilidade nos hospitais;

• Analisar a maneira correta de descarte do lixo hospitalar;

• Identificar viabilidade financeira, retorno, vantagens e desvantagens que a

implementação do processo de logística reversa traz às organizações;

• Apontar riscos causados ao meio ambiente e colaboradores em caso de

ineficácia do serviço;

• Apresentar proposta de solução para empresa otimizando seus resultados.

Page 22: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

22

4. REVISÃO DE LITERATURA

Consta a seguir revisão de literatura para embasamento do assunto estudado

como norteamento na busca pelos objetivos almejados.

4.1 Resíduos hospitalares: disposições gerais

Segundo o conceito do Ministério da Saúde do Brasil, os danos causados ao

meio ambiente afetam toda a sociedade, cujo modelo de organização –

individualista, consumista e descartável – dificulta o entendimento, por parte de cada

cidadão, da sua parcela de responsabilidade diante dos problemas ambientais.

Desse modo, é preciso observar a situação do ponto de vista coletivo e institucional.

Tal situação não haveria de ser diferente com os hospitais. Os mesmos

tornaram-se grandes geradores de resíduos. Com o início da assistência hospitalar,

certamente houve início a geração de Resíduos de Serviço de Saúde (RSS),

entretanto, somente há pouco mais de uma década estes vêm se tornando um

assunto bastante discutido, devido ao grande desenvolvimento ocorrido no campo

de infecção hospitalar e do meio ambiente (RIBEIRO FILHO, 2000).

Segundo Mozachi (2007), o problema do lixo é um assunto polêmico e de

difícil dimensionamento no nosso país, onde cerca de 90% do total recolhido é

lançado a céu aberto nos conhecidos lixões. Considerando que menos de 10% do

volume total dos resíduos sólidos hospitalares produzidos são constituídos de lixo

infeccioso, a classificação prévia na fonte produtora deverá reduzir o volume

atualmente destinado a valas sépticas.

Atualmente, no Brasil, existe uma enorme preocupação com os grandes

geradores de resíduos de maior risco para o meio ambiente, havendo intensificação

da fiscalização e exigência no cumprimento de normas e leis existentes há mais de

uma década. O principal enfoque é a responsabilização dos geradores por todo o

processo de gestão dos resíduos de serviço de saúde, desde geração até a

destinação final.

A resolução nº 5, de 05 de agosto de 1993, do Conselho Nacional de Meio

Ambiente (CONAMA), define resíduos sólidos como:

Page 23: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

23

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos, nesta definição, os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento à rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível. (CONAMA, 1993).

Um Plano de Gerenciamento de RSSS (Resíduos Sólidos de Serviço de

Saúde) é conforme Mozachi (2007) um instrumento que tem por finalidade

estabelecer cada etapa deste processo de gestão de resíduos: classificação,

segregação (separação), acondicionamento, coleta interna e externa, transporte,

armazenamento, tratamento e disposição final, além do manejo seguro e uso de

Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

O objetivo de um programa efetivo de gerenciamento de resíduos infecciosos

é promover proteção à saúde pública e ao meio ambiente, devido os riscos

apresentados pelos mesmos.

Conforme Formaggia (1999), alguns requisitos, como os citados abaixo, são

primários e devem ser obedecidos por qualquer estabelecimento gerador deste tipo

de resíduo:

• Higiene e limpeza devem ser consideradas palavras de ordem do

estabelecimento de serviço de saúde;

• Todos profissionais do estabelecimento devem estar conscientizados de sua

responsabilidade, conhecer corretamente todos os procedimentos do

manuseio, coleta e transporte de RSSS. Devem conhecer símbolos gráficos

ou padrões de cores adotados, existência ou não de segregação, horários e

percurso de coleta de resíduos;

• No caso de hospitais, o gerenciamento de RSSS deve ser avaliado e

acompanhado pela CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar),

particularmente no que se refere à programação de treinamentos para

profissionais de setores de higiene e limpeza, e pela conscientização geral do

staff do hospital no que concerne à problemática dos RSSS.

Page 24: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

24

4.1.1 Etapas do manejo do RSSS

De acordo com Mozachi (2007) em seu Manual do Ambiente Hospitalar as

etapas do sistema de manejo dos resíduos sólidos do serviço de saúde são:

1) Caracterizar os resíduos gerados;

2) Classificar os resíduos segundo legislação vigente;

3) Implantar sistema de manejo interno, que compreende geração, segregação,

acondicionamento, identificação, tratamento preliminar, coleta e transporte

interno, armazenamento temporário e externo. Além de higienização e

segurança ocupacional;

4) Acompanhar as fases do manejo realizadas fora do estabelecimento de

saúde, como a coleta e transporte externo, que geralmente são realizadas por

outras instituições, mas que continuam sendo de responsabilidade do

estabelecimento gerador.

4.1.2 Classificação dos resíduos sólidos

Quanto à classificação dos resíduos sólidos, encontramos sobreposição de

algumas delas, emitidas por alguns órgãos oficiais que dificultam o enquadramento

dos referidos resíduos.

A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), de setembro de 1987,

que avalia o risco potencial ao meio ambiente e à saúde pública, conhecida como a

NBR 10.004 - Resíduos Sólidos – estabelece 3 (três) classes, conforme

apresentadas a seguir, e não contempla os rejeitos radioativos, considerando ser de

competência exclusiva do CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear):

- Resíduos de Classe I – Perigosos: Podem apresentar riscos à saúde pública

e ao meio ambiente em função de suas propriedades físico-químicas e infecto-

contagiosas. Devem apresentar também, ao menos uma das características a

seguir: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou patogenicidade.

Page 25: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

25

- Resíduos de Classe II – Não-Inertes: Aqueles que não se enquadram nas

classificações de resíduos de classe I ou III. Apresentam propriedades tais como

combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água.

- Resíduos de Classe III – Inertes: Quaisquer resíduos que submetidos a um

contato estático ou dinâmico com água, não tendo nenhum de seus componentes

solubilizados e concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água.

A ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, após amplo e polêmico

debate, em dezembro de 2004 publicou a RDC nº 306, resolução que busca

harmonizar questões de saúde e meio ambiente, conciliando suas próprias

determinações com as do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente. A partir

desta resolução foi resolvido o principal ponto de conflito: a classificação dos

resíduos sólidos dos serviços de saúde. Os resíduos são divididos em 5 grupos,

sendo:

Grupo A: resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por

suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de

infecção. Subdivide-se em:

A1 – Resíduos que necessitam de tratamento específico: Culturas e estoques

de microrganismos; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados;

meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura

de culturas. Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas

por contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e

aquelas oriundas de coleta incompleta. Sobras de amostras de laboratório contendo

sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de

assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.

A2 – Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes

de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de

microorganismos, bem como suas forrações, cadáveres de animais suspeitos de

serem portadores de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de

disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anátomo-patológico ou

confirmação diagnóstica.

Page 26: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

26

A3 – Resíduos que necessitam de tratamento específico: peças anatômicas

(membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso

menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional

menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido

requisição pelo paciente ou familiares.

A4 – Resíduos que não necessitam de tratamento: kits de linhas arteriais,

endovenosas e dialisadores, quando descartados. Filtros de ar e gases aspirados de

área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de

pesquisa, entre outros similares. Sobras de amostras de laboratório e seus

recipientes contendo fezes, urina e secreções. Resíduos de tecido adiposo

proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia

plástica que gere este tipo de resíduo. Recipientes e materiais resultantes do

processo de assistência à saúde, que não contenha sangue ou líquidos corpóreos

na forma livre. Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes

de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação

diagnóstica. Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.

Grupo B: resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar

risco à saúde pública ou ao meio ambiente: antimicrobianos, hormônios sintéticos,

quimioterápicos e materiais descartáveis por eles contaminados. Medicamentos

vencidos, contaminados, interditados, parcialmente utilizados e demais

medicamentos impróprios para consumo. Objetos perfurocortantes contaminados

com quimioterápico ou outro produto químico perigoso. Mercúrio e outros resíduos

de metais pesados. Saneantes e domissanitários. Líquidos reveladores e fixadores

de filmes (centro de imagem). Efluentes de equipamentos automatizados utilizados

em análises clínicas. Contempla ainda quaisquer resíduos do Grupo D, comuns,

com risco de estarem contaminados por agente químico.

Grupo C: quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que

contenham radionuclídeos (átomos que emitem radiação) e para os quais a

reutilização é imprópria ou não prevista. São enquadrados neste grupo, todos os

resíduos dos grupos A, B e D contaminados com radionuclídeos, provenientes de

laboratório de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia.

Page 27: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

27

Estes resíduos quando gerados, devem ser identificados com o símbolo

internacional de substância radioativa, separados de acordo com a natureza física

do material, do elemento radioativo presente e o tempo de decaimento necessário

para atingir o limite de eliminação, de acordo com a NE 605 da Comissão Nacional

de Energia Nuclear (CNEN). Devido suas características de periculosidade, é

também aconselhável que os resíduos sejam manejados por pessoal capacitado.

Grupo D: resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico

à saúde ou ao meio ambiente. Suas características são similares às dos resíduos

domiciliares: papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos. Peças

descartáveis de vestuário. Resto alimentar de pacientes. Material utilizado em anti-

sepsia e hemostasia de venóclises – punção. Equipo de soro e outros similares não

classificados como A1 ou A4. Resíduos de gesso provenientes de assistência à

saúde. Sobras de alimentos e do preparo de alimentos. Resto alimentar de refeitório.

Resíduos provenientes das áreas administrativas. Resíduos de varrição, flores,

podas de jardins.

Grupo E: materiais perfurocortantes ou escarificantes: objetos e instrumentos

contendo cantos, bordas, pontas ou protuberâncias rígidas e agudas, capazes de

cortar ou perfurar. Lâminas de barbear, agulhas, escalpes, brocas, limas

endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, tubos capilares, lancetas,

ampolas de vidro, micropipetas, lâminas e lamínulas, espátulas. Todos os utensílios

de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sangüínea e placas de

Petri) e outros similares.

4.1.3 Fontes geradoras de resíduos

Soares (1997) estabelece o conceito de leito ocupado, por ser o leito a

unidade de referência do hospital. Valores como 4,57 Kg de resíduos/leito

ocupado/dia foram descritos (3,35 Kg de resíduos comum e 1,22 Kg de resíduos

hospitalares). É importante ressaltar que esses valores podem variar para mais ou

para menos, dependendo das características do hospital e do serviço por ele

prestado.

Page 28: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

28

Outro índice utilizado leva em conta a quantidade de resíduos gerados e sua

relação com o número de funcionários do hospital ou estabelecimento de saúde. A

seguir (Tabela 1) ilustra-se uma possível situação de identificação dos resíduos

gerados de acordo com os locais e modalidades de atendimento, porém recomenda-

se que cada unidade faça sua própria avaliação (MOZACHI, 2001).

Tabela 01: Fontes Geradoras de Resíduos

FONTES GERADORAS DE RESÍDUOS

FONTE GERADORA RISCO BIOLÓGICO

RISCO QUÍMICO

RISCO RADIOATIVO

RESÍDUOS COMUNS

NOS HOSPITAIS

AMBULATÓRIO X X X X

AUTÓPSIA X X X X

CENTRO CIRÚRGICO X X X X

ISOLAMENTO X X X X

MEDICINA INTERNA X X X X

RADIOLOGIA X X X X

UTI X X X X

URGÊNCIA/EMERGÊNCIA X X X

NOS LABORATÓRIOS

BIOQUÍMICA X X X X

COLETA X X X X

HEMATOLOGIA X X X X

MEDICINA NUCLEAR X X X X

MICROBIOLOGIA X X X X

PATOLOGIA CLÍNICA X X X X

NOS DEMAIS SETORES

ADMINISTRAÇÃO X

ALMOXARIFADO X X

ÁREA DE CIRCULAÇÃO X

BANCO DE SANGUE X X X

Page 29: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

29

CENTRAL DE ESTERELIZAÇÃO

X X

COZINHA/COPA X

FARMÁCIA INTERNA X X

LAVANDERIA X X

Fonte: BRASIL, 2001.

4.1.4 Segregação e acondicionamento

De acordo com o Manual do Ambiente Hospitalar de 2007 que serve de

referência para as atividades realizadas nos hospitais brasileiros, segregação e

acondicionamento são processos que consistem em separar e selecionar os

resíduos segundo a classificação adotada na fonte de geração, sendo fundamental a

capacitação do pessoal responsável.

A segregação objetiva: minimizar a contaminação de resíduos hospitalares;

permitir a adoção de procedimentos específicos como manejo e tratamento de cada

grupo de resíduos; reduzir riscos à saúde e prevenir acidentes ocasionados pela

inadequada separação e acondicionamento dos perfurocortantes. Visa também

diminuir custos no manejo de resíduos e proporcionar a recuperação do lixo

reciclável gerado nos serviços de saúde, contribuindo com a preservação do meio

ambiente.

O acondicionamento dos Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde serve como

barreira física, reduzindo os riscos de contaminação, facilitando a coleta, o

armazenamento e o transporte. O acondicionamento deve observar regras e

recomendações específicas e ser supervisionado de forma rigorosa. Para

acondicionar corretamente os resíduos segregados, os sacos e/ou recipientes

devem ser impermeáveis, resistentes à punctura (fáceis de abrir), ruptura e

vazamentos.

Conforme a NBR 7.500 da ABNT (Associação Brasileira de Normas

Técnicas), símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de

materiais - os resíduos com risco biológico, Grupo A, devem ser segregados em

saco plástico branco leitoso, resistente, impermeável, devidamente identificado com

Page 30: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

30

o rótulo de fundo branco, desenho e contorno preto, contendo o símbolo universal de

substância infectante. Sugere-se a inscrição “Risco Biológico”.

Os objetos perfurocortantes com resíduos de risco biológico devem ser

acondicionados em recipientes rígidos, preenchidos somente até 2/3 de seu volume

ou capacidade. Os perfurocortantes, uma vez colocados em seus recipientes, não

devem ser removidos por razão alguma. Nas situações emergenciais em que não se

disponha de recipientes específicos para perfurocortantes, estes devem ser

colocados em latas com tampa ou embalagens plásticas e, em seguida, colocados

em sacos plásticos brancos etiquetados com a inscrição “Risco Biológico”.

Conforme a mesma norma da ABNT, os resíduos do Grupo B devem ser

identificados com rótulos de fundo branco e contornos pretos, contendo o símbolo

universal de substância tóxica. Sugere-se a inscrição “Risco Químico”.

Os objetos perfurocortantes contaminados com resíduos químicos devem ser

acondicionados em recipientes rígidos, preenchidos somente até 2/3 de seu volume

ou capacidade. Os recipientes devem ser colocados em sacos plásticos brancos e

etiquetados com símbolo universal de substância tóxica e com as inscrições “Risco

Químico” e “Perfurocortantes”.

Os resíduos químicos líquidos devem ser acondicionados com sua

embalagem original, dentro de recipiente inquebrável, envolvido em saco branco

leitoso, etiquetados com o símbolo universal de substância tóxica e com a inscrição

“Risco Químico”. Caso não possua mais sua embalagem original, aconselha-se

acondicionar em garrafas plásticas rígidas, resistentes e estanques, com tampa

rosqueada, etiquetado com as informações necessárias para identificação do

produto e proceder como se estivesse na embalagem original.

Os rejeitos radioativos, Grupo C, devem ser manejados e armazenados por

pessoal capacitado, devido à sua alta periculosidade. Esses resíduos devem ser

acondicionados de acordo com a norma CNEN NE 6.05 para eliminação da

radioatividade. Os rejeitos radioativos deverão ser coletados em recipientes

blindados e identificados com rótulos contendo o símbolo universal da substância

radioativa, e escrito “Rejeito Radioativo”, contendo a inscrição em fundo branco,

desenho e contornos pretos.

Page 31: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

31

Os resíduos comuns, Grupo D, podem ser acondicionados em sacos plásticos

comuns, de qualquer cor. Caso os resíduos sejam reciclados deverão ser

acondicionados em local de geração, em recipientes específicos para cada tipo de

material reciclável. Para facilitar a segregação, é conveniente instalar recipientes

especiais de cores diferentes nos locais de geração de resíduos. Esta prática facilita

a reciclagem porque os materiais estarão mais limpos e, conseqüentemente, com

maior potencial de reaproveitamento.

Os resíduos comuns devem ser acondicionados em sacos plásticos

impermeáveis na cor preta e devem ser manejados de acordo com as normas dos

serviços de limpeza urbana local.

A seguir encontra-se tabela de Classificação dos Resíduos Comuns:

Tabela 02: Classificação dos Resíduos Comuns

CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS COMUNS

VIDRO Os resíduos de vidro reciclável devem ser depositados em recipiente

adequado, na cor verde, exclusivo para este tipo de resíduo e não

deve ser preenchido com mais de ¾ de seu volume. Recipientes de

vidro que tenham sido usados para armazenar produtos químicos só

podem ser descartados como vidro reciclável se tiverem passado por

processo de descontaminação.

PLÁSTICO Os resíduos de plástico reciclável devem ser depositados em

recipientes adequados, na cor vermelha.

METAIS Os metais recicláveis devem ser depositados em recipiente próprio, na

cor amarela.

PAPÉIS Os papéis recicláveis devem ser depositados em recipiente próprio, na

cor azul.

ORGÂNICOS Os resíduos orgânicos (sobras de alimentos, frutas, legumes, flores,

podas de jardinagem, etc.) devem ser separados nas próprias fontes

geradoras e acondicionados em recipiente próprio na cor marrom.

Fonte: BRASIL, 2001.

Page 32: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

32

4.1.5 Coleta interna

Mozachi (2007) divide a coleta interna em dois níveis:

Coleta Interna I: consiste na remoção dos recipientes do local de geração dos

resíduos para o local de armazenamento temporário (sala de resíduos);

Coleta Interna II: neste nível os resíduos são transportados do local de

armazenamento temporário para o local de armazenamento interno.

Às vezes esta operação é realizada diretamente de I para II, principalmente

em hospitais menores com a disposição do armazenamento externo.

A coleta deve ser realizada por pessoal treinado e, devidamente provido de

EPI (Equipamento de Proteção Individual). A equipe deve ser imunizada contra

tétano, hepatite e outras doenças determinadas pelo Serviço Especializado de

Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). As características dos

equipamentos de proteção devem estar de acordo com o tipo de resíduo coletado e

com o procedimento realizado, bem como com as normas de medicina e segurança

do trabalho (NR6).

No caso de ocorrer acidente durante o manejo de resíduos, como, por

exemplo, o rompimento de um saco plástico ou derramamento, a primeira

providência a ser tomada é a remoção do material do local. Logo após, deve-se

realizar a limpeza com desinfecção e notificar o ocorrido à chefia do setor.

4.1.6 Transporte interno

Mozachi (2007) explica que o transporte interno dos resíduos sólidos de

saúde deve ser executado em rotas específicas, planejadas e utilizando o itinerário

de menor percurso entre as fontes geradoras.

Deve-se evitar o rompimento de sacos plásticos, além de esforço excessivo e

acidentes. Os resíduos devem ser transportados devidamente acondicionados em

seus recipientes, em carrinhos de coleta exclusivos para esse fim e exclusivos para

o transporte de um determinado grupo de resíduos.

Page 33: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

33

As rotas do transporte interno devem evitar horários e locais de grande fluxo

de pessoas e outros transportes ou serviços do estabelecimento de saúde, evitando

riscos adicionais de acidentes.

4.1.7 Armazenamento de resíduos

Armazenamento consiste na estocagem dos resíduos de forma segura em

locais apropriados do estabelecimento (MOZACHI, 2007). Divide-se em:

4.1.7.1 Armazenamento temporário

Consiste no armazenamento temporário e visa manter os resíduos em

condições seguras até o momento mais adequado para a realização da coleta

interna. É recomendável que cada unidade geradora de um estabelecimento de

saúde tenha ao menos um local interno apropriado para armazenamento temporário

de resíduos.

A partir dessas salas, os resíduos devem ser recolhidos em horários

estabelecidos e levados para o local de armazenamento externo, onde aguardarão a

coleta externa. Os resíduos de diferentes grupos podem ficar armazenados em

conjunto no local de armazenamento temporário, desde que devidamente

acondicionados e identificados nos carros de transporte ou em compartimentos

separados. O local de armazenamento temporário é facultativo para os pequenos

geradores. Nesse caso, os resíduos gerados podem ser encaminhados diretamente

para o local de armazenamento externo.

4.1.7.2 Armazenamento externo

O armazenamento externo consiste na guarda dos resíduos sólidos de saúde

no próprio estabelecimento até a coleta externa. Neste local, os resíduos devem

estar separados de acordo com o grupo a que pertencem, para evitar mistura e/ou

possibilitar focos de contaminação.

Page 34: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

34

4.1.8 Coleta e transporte externo

De acordo com Mozachi (2007), a coleta externa dos resíduos dos grupos A e

D deve ser preferencialmente diária, sendo admissível sua realização, no mínimo,

três vezes por semana, evitando assim, o armazenamento por um tempo superior a

dois dias, o que aumentaria o risco de contaminação ambiental e proliferação de

vetores e odores desagradáveis.

O INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia Normatização e Qualidade

Industrial) é o órgão responsável pela fiscalização do transporte de produtos

perigosos. Nos casos do transporte dos resíduos do grupo C, o órgão normatizador

é o CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear).

Os estabelecimentos, de acordo com a infra-estrutura e disponibilidade local,

podem realizar o próprio transporte externo ou terceirizar essa atividade. Os

responsáveis pela coleta externa dos resíduos sólidos do serviço de saúde, segundo

Mozachi (2007), devem considerar os seguintes fatores: roteiro, freqüência, horário;

características dos meios de transporte; carga e descarga; manutenção e

desinfecção de equipamentos e utensílios; medidas de segurança; capacitação do

pessoal envolvido e exigências legais, tais como licenciamento, responsabilidade

técnica, etc.

No transporte externo deve ser utilizado o roteiro mais curto possível,

evitando vias e horários de maior trânsito, com o propósito de reduzis os efeitos

negativos em caso de acidente e derramamentos.

Existe um dado alarmante em relação à coleta no Brasil. Conforme dados do

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2003, cerca de 4.000

toneladas de resíduos do serviço de saúde são produzidas diariamente. A pesquisa

teve como censo 5.507 municípios brasileiros. O estudo aponta que apenas 14%

(779 municípios) disseram tratar o lixo de saúde adequadamente, seguindo o que

determinam as resoluções nº 5/93 e nº 283/2001 do CONAMA (Conselho Nacional

do Meio Ambiente).

A pesquisa ainda acrescenta que 22% das cidades (1.193 municípios)

admitiram jogar os resíduos no ambiente sem nem sequer tratá-los, e outros 2.041

municípios (37%) nem coletam o lixo de saúde de forma diferenciada, como

Page 35: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

35

determina a legislação. Há ainda 1.557 municípios (28%) que disseram queimar o

lixo a céu aberto ou dar outras destinações consideradas inadequadas, como valas

sépticas.

4.2 Logística

O processo de globalização tem implicações não só econômicas, mas

também sociais, tecnológicas, culturais e políticas. Nesse contexto, o sistema

produtor de bens e serviços, de forma geral, enfrenta novos desafios na produção e

igualmente na distribuição desses bens e serviços. Como decorrência desses

condicionantes, nos últimos anos, a logística tem assumido um papel fundamental

na gestão empresarial como um todo.

É crescente na literatura especializada em operações e serviços prestados à

comunidade, a importância atribuída à logística como elemento fundamental ao

gerenciamento eficiente e eficaz no suprimento de mercadorias. A mesma envolve a

gestão de fluxos correlatos de produtos, informações e de recursos financeiros, que

vão desde o fornecedor inicial ao consumidor final.

Os conceitos em torno da logística são diversos, mas o conceito principal

aponta a logística como sendo o processo de gerenciar estrategicamente a

aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados

(e os fluxos de informações correlatas) através da organização e seus canais de

marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades, presente e futura, através

do atendimento dos pedidos a baixo custo. (CRISTOPHER, 2007).

Para Novaes (2001), a logística consiste no processo de planejar,

implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos,

bem como os serviços e informações associados, cobrindo desde o ponto de origem

até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor.

Dias (1993), analisa logística como sendo a responsável pela movimentação

de materiais e produtos, através da utilização de equipamentos, mão-de-obra e

instalações, de tal forma que o consumidor tenha acesso ao produto na hora e com

o menor custo que lhe convenha.

Page 36: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

36

4.2.1 Logística reversa

Uma área oriunda da ênfase dada a questões ecológicas, quer pela pressão

dos governos e comunidades locais, ou pela adoção de novas posturas estratégicas

pelas empresas que ganha importância crescente em negócios lucrativos e

sustentáveis é a logística reversa.

Segundo Pires (2000), esse conceito está inserido dentro da logística e

proporciona um caminho inverso de materiais nas organizações, ou seja, vai do

ponto de consumo ao ponto de origem.

Assim, segundo o autor, na ótica da logística reversa podem-se ter duas

frentes a respeito dos produtos: uma refere-se ao fluxo de retorno de produtos que

foram entregues com algum tipo de problema e necessitam de reparos ou consertos,

e a outra visão refere-se ao fluxo de retorno dos produtos para reciclagem, novo uso

ou reutilização parcial ou total.

De maneira sucinta, logística reversa é o processo logístico de retirar

produtos novos ou usados de seu ponto inicial na cadeia de suprimento, como

devolução de clientes, inventário excedente ou mercadoria obsoleta, e redistribuí-los

usando regras de gerenciamento de materiais que maximizem o valor dos itens no

final de sua vida útil original. Esse processo refere-se às atividades de recolher,

desmontar e processar produtos usados, bem como partes de produtos ou materiais

para garantir uma recuperação sustentável e benéfica ao meio ambiente.

Stock (1998) define a logística reversa como o processo de planejamento,

implementação e controle da eficiência e custo efetivo do fluxo de matérias-primas,

estoques em processo, produtos acabados e as informações correspondentes do

ponto de consumo para o ponto de origem com o propósito de recapturar o valor ou

destinar à apropriada disposição:

Em uma perspectiva de logística de negócios, o termo refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma, separação e remanufatura. (STOCK, 1998, p.20)

Leite (2003) complementa afirmando que os materiais podem ser

recondicionados, desde que haja justificativa econômica, ou reciclados, se não

Page 37: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

37

houver possibilidade de recuperação. Essas alternativas geram materiais

reaproveitados que entram no sistema logístico direto.

Entendemos a logística reversa como área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, de retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros. (LEITE, 2003, p.17).

Bowersox e Closs (2001) apresentam nessa mesma linha de raciocínio a idéia

de “Apoio ao Ciclo de Vida” como um dos objetivos operacionais da logística

moderna referindo-se ao prolongamento da logística além do fluxo dos materiais e a

necessidade de considerar os fluxos reversos de produtos em geral. Existe um

conceito mais amplo que é o “ciclo de vida”, onde a vida de um produto, do ponto de

vista logístico, não termina com sua entrega ao cliente.

Nesse sentido, Pires e Musetti (2000) comentam que a natureza do processo

de logística reversa depende do tipo de material e do motivo pelo qual este entra no

sistema. Os materiais podem ser divididos em dois grupos: produtos e embalagens.

No caso de produtos, os fluxos de logística reversa dar-se-ão pela necessidade de

reparo, reciclagem, ou porque simplesmente os clientes os retornam ao ponto de

origem.

Em CLM – Council of Logistic Management (1993) a logística reversa é

tratada como um amplo termo relacionado às habilidades e atividades envolvidas no

gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduos de produtos e

embalagens.

Sendo assim, a logística reversa, por meio de sistemas operacionais

diferentes em cada categoria de fluxos reversos, objetiva tornar possível o retorno

dos bens ou de seus materiais constituintes ao ciclo produtivo ou de negócios.

Leite (2003) complementa dizendo que o processo agrega valor econômico,

ecológico, legal e de localização ao planejar redes reversas e as respectivas

informações, operacionalizando o fluxo desde a coleta dos bens de pós-consumo ou

de pós-venda, por meio de processamentos logísticos de consolidação, separação e

seleção, até a reintegração ao ciclo.

Page 38: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

38

Lacerda (2002) observa que o escopo e a escala das atividades de

reciclagem e reaproveitamento de produtos e embalagens têm aumentado

consideravelmente nos últimos anos devido questões ambientais, concorrência

(diferenciação por serviço) e redução de custo.

Por fim, pode-se destacar que a gestão ambiental merece espaço dentro das

organizações devido sua iniciativa, porém esta gestão abrange instrumentos de

monitoramento, controle, taxações, imposições, subsídios, divulgação, obras e

ações, além de treinamento e conscientização (MEYER, 2000).

4.2.2 Logística reversa hospitalar

Em se tratando de saúde, a gestão ambiental e a logística reversa merecem

atenção especial, uma vez que os rejeitos descartados diariamente pelos hospitais

são em grande volume e inclui-se o fato destes materiais estarem contaminados e

apresentarem risco aos colaboradores e ao meio ambiente. Neste sentido, a

logística reversa aplicada ao setor hospitalar é de suma importância, uma vez que

os resíduos do serviço de saúde não podem ser descartados de qualquer maneira.

Aliado a este fato está a legislação e órgãos públicos que fiscalizam as entidades

garantindo o cumprimento das normas.

Sabe-se que as instituições, principalmente públicas mantidas pelo governo,

tendem a trabalhar com verbas e orçamentos limitados. Desse modo, a logística

reversa trabalha com o aproveitamento de resíduos, no qual muitas organizações se

sustentam com a venda de material reciclado. Essa situação acarreta uma

otimização de recursos e torna a logística reversa uma ferramenta para diminuição

destes custos operacionais. Conseqüentemente, o conhecimento sobre o assunto

nos possibilita avançar na busca de otimização de recursos e tornar a organização

mais competitiva, ou no mínimo fazer mais com os recursos disponíveis. Busca-se

neste processo proteção de colaboradores, preservação da saúde pública e de

recursos naturais junto ao meio ambiente.

Em relação a logística reversa, ao tratamento e disposição final de resíduos

sólidos do serviço de saúde, há controvérsias entre as políticas e legislações

vigentes. Isso se dá pelo fato de as esferas políticas, econômicas, sociais e

Page 39: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

39

relacionadas ao meio ambiente defenderem interesses particulares. Não há uma

padronização no tratamento dos resíduos. O tratamento final de resíduos dá-se de

acordo com a classificação dos mesmos, sendo os órgãos específicos de cada

grupo de resíduos que ditarão a correta maneira de disposição final do material.

Dessa maneira, a organização, devido a falta de orientação e por não ter certeza da

melhor maneira de descarte, muitas vezes não destina corretamente seus resíduos

provenientes do serviço de saúde.

De acordo com Blenkharn (2007), em um recente estudo realizado na

Inglaterra, identificou-se que um enorme montante de resíduos não vinha sendo

segregado no país e que mesmo com a implantação da regularização de resíduos

sólidos de saúde grande parte vinha sendo descartada de maneira irregular. No

Brasil, de acordo com Bottiglieri (1997), em grandes hospitais há uma variância de

1,0 a 6,5 toneladas/dia (dependendo do número de leitos) de resíduos e demonstra

que esse serviço vem sendo terceirizado na maioria dos hospitais.

Esse é outro problema que afeta as entidades: a maioria dos hospitais, devido

alto custo terceiriza o processo, mas não dispõe de absoluta certeza quanto a

correta disposição final dos resíduos gerados pela organização. As empresas

responsáveis pela coleta, transporte e disposição final de resíduos, necessitam de

licença na FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental – mas o seu simples

registro junto ao órgão não garante que a contratada desempenhe seu serviço de

acordo com a legislação. Motivo este, para os inquéritos civis em andamento que

averiguam as empresas portadoras deste serviço.

Cabe ressaltar que de acordo com o Decreto de Resíduos Sólidos, em seu

artigo oitavo, a coleta, o transporte, o tratamento, o processamento e destinação

final dos resíduos sólidos de estabelecimentos industriais, comerciais e de prestação

de serviços, inclusive de saúde, são de responsabilidade da fonte geradora. Nesse

caso, é preciso uma parceria entre hospitais e empresas de coleta e transporte de

resíduos para que ambos estejam dentro das normas, protegendo o meio ambiente

e atendendo a legislação vigente.

Recentemente também foi aprovada uma lei (nº 12.305 de 02 de agosto de

2010) que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Algumas novidades

apresentadas por esta lei prometem mudar profundamente a forma de agir dos

Page 40: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

40

órgãos públicos, do setor produtivo e da sociedade brasileira como um todo em

relação ao gerenciamento dos resíduos sólidos, sejam eles perigosos ou não.

Apesar de depender ainda de regulamentação para ter plena eficácia,

algumas obrigações criadas pela nova lei merecem destaque pelo impacto que elas

causarão, destacando-se a que obriga os órgãos públicos federais, estaduais e

municipais a elaborarem Planos de Resíduos Sólidos, que serão compostos pelo

diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos; metas e ações para redução,

reutilização e sua eliminação; criação de novas normas técnicas sobre o assunto,

entre outros. Além disso, os setores produtivos geradores de resíduos sólidos,

incluindo os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços (hospitais, por

exemplo) e até mesmo as micro e pequenas empresas, terão que elaborar seus

planos de gerenciamento de resíduos sólidos.

Assim sendo, o presente estudo estaria se antecipando às possíveis normas

que entrarão em rigor, tornando o estabelecimento legalmente incluso no plano de

gerenciamento de resíduos sólidos.

4.2.3 Tratamento e disposição final do RSSS

A disposição final é entendida por Leite (2003) como o último local de destino

para o qual são enviados produtos, materiais e resíduos em geral sem condições de

revalorização.

Tradicionalmente, são considerados ‘disposições finais seguras’, sob o ponto de vista ecológico, os aterros sanitários tecnicamente controlados, nos quais os resíduos sólidos de diversas naturezas são ‘estocados’ entre camadas de terra, para que ocorra sua absorção natural, ou são incinerados, obtendo-se revalorização pela queima e pela extração de sua energia residual. A disposição final não controlada, constituída pela deposição desses resíduos em lixões não controlados e pelo despejo em córregos, rios, terrenos, acarreta poluição ambiental. (LEITE, 2003, pg. 7)

O aterro sanitário é um sistema de disposição do lixo projetado para esse fim,

no qual são utilizadas técnicas de engenharia sanitária visando evitar a

contaminação de lençóis freáticos e a degradação ambiental nas regiões vizinhas.

Page 41: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

41

De acordo com Leite (2003), a disposição de lixo em aterros tem custos

diretos considerados baixos quando comparados aos sistemas de incineração e

compostagem, mas, por outro lado, originam outros custos e problemas de natureza

social e ecológica.

O tratamento de resíduos de serviço de saúde é definido como o “conjunto de

unidades, processos e procedimentos que alteram as características físicas, físico-

químicas, químicas ou biológicas dos resíduos e conduzem a minimização do risco à

saúde pública e à qualidade do meio ambiente”. (CONAMA nº 283/01, BRASIL,

2001).

As estratégias de tratamento devem levar em conta: redução na fonte de

resíduos gerados; redução do desperdício de matérias-primas e modificação de

processos existentes de forma a minimizar os riscos.

Existem vários procedimentos de tratamento de resíduos sólidos do serviço

de saúde, associados aos diferentes grupos de resíduos.

Para efeito de tratamento, merecem destaques os resíduos de Grupo A (risco

biológico), do Grupo B (risco químico) e do Grupo C (rejeitos radioativos). Cada um

desses grupos de resíduos tem características próprias, o que implica em

tratamentos distintos e específicos.

Tabela 03: Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde

RESUMO DOS MÉTODOS DE TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL

Métodos de Tratamento

GRUPOS DE RSSS PROCESSO

Grupo A Biológico

Grupo B Químico

Grupo C Radioativo

Redução Volume

Eficiência Desinfecção

Impacto Ambiental

Custo Operação

Capacidade Tratamento

Incineração X X Alta Alta Baixo Alto Sem limites

Autoclave X Baixa Alta Baixo Médio Média Baixa

Tratamento Químico

X Baixa Incompleta Médio Médio Média Alta

Microondas X Baixa Alta Baixo Alto Muito Baixa

Decaimento X

Fonte: BRASIL, 2002

Page 42: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

42

Segundo Mozachi (2007), no caso de haverem resíduos que possuam

características que os enquadrem em mais de um grupo, o tratamento deve

compatibilizar-se com as exigências de cada grupo. Por exemplo, resíduos de risco

biológico contaminados com rejeitos radioativos deverão ser tratados, inicialmente,

como rejeitos radioativos e, posteriormente (após o tempo de decaimento), como

resíduos com risco biológico. Resíduos com risco biológico contaminado com

resíduos de risco químico devem ser tratados como resíduos com risco químico.

Segundo dados de 2000 obtidos através do IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística), o mercado brasileiro de serviços de Resíduos Sólidos do

Serviço de Saúde modificou-se bastante ao longo dos anos. Na década de 90

poucos resíduos hospitalares eram tratados. Os que o faziam utilizavam-se de

incineradores, autoclaves ou aterro sanitário, porém a grande maioria (80% das

fontes geradores de resíduos) destinava seu lixo a aterros sanitários.

Em várias cidades brasileiras as prefeituras assumiram a destinação dos

resíduos, apesar de não ser sua atribuição legal. Havia também prestadores de

serviços na destinação de resíduos de saúde, porém mais restritos ao eixo São

Paulo – Minas Gerais e com pouca abrangência.

No final da década de 90 e início da próxima década houve uma série de

mudanças. Houve ano eleitoral, dificuldades econômicas e edição de novas

resoluções referente ao destino dos resíduos (Resolução CONAMA 316/02 e

283/01). A partir daí os hospitais e prefeituras não tinham mais recursos para montar

sistemas próprios de tratamento de resíduos e os serviços terceirizados começaram

a aparecer. Essa tendência continua ainda hoje, por todo o país, principalmente

próximo às capitais, seguem se instalando novas empresas prestadoras de serviço

nessa área.

A legislação ambiental brasileira vem seguindo a legislação européia em uma

série de características. Portanto, olhando para as novas leis da comunidade

européia pode-se ter uma idéia do que virá no Brasil. Outro fator importante a

considerar são os grupos de interesse, que seguem exercendo pressões sobre

órgãos legislativos.

Page 43: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

43

Um indicativo forte é o combate europeu aos aterros. Partindo do princípio

que aterros representam um risco contínuo, que dificilmente uma impermeabilização

de aterro sanitário dura mais de vinte anos, e que os custos da manutenção de um

aterro por centenas de anos, com renovação da camada impermeabilizante a cada

20 anos, são altíssimos. O Conselho da União Européia editou a Diretiva

1999/31/CE proibindo a colocação de qualquer tipo de lixo em aterro sem tratamento

prévio a partir de 2005. Como tratamento prévio a legislação européia entende um

processo que altera características biológicas, químicas, físicas e físico-químicas

dos resíduos. Devido a essa definição na Europa, bem como nos EUA, a

autoclavagem e microondas não são consideradas formas de tratamento completas.

A forma de tratamento mais escolhida varia entre os diferentes países

europeus. No entanto há uma predominância clara da incineração, e países

deficientes nesta tecnologia, como a Áustria, por exemplo, buscam se atualizar.

De acordo com a ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza

Pública e Resíduos Especiais (2007), 68% dos Resíduos de Serviço de Saúde

gerados no Brasil não são tratados, sendo que na Região Sul (Rio Grande do Sul,

Santa Catarina e Paraná) este percentual chega a 75%.

Conforme Teixeira (2006) existem métodos de disposição no solo que são

recomendáveis sanitária e tecnicamente para a destinação final de resíduos. Os

principais métodos utilizados são descritos a seguir:

- Aterro Sanitário: segundo a NBR 8.419/1992, aterro sanitário é “a técnica de

disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde

pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que

utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área

possível e reluzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de

terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se

necessário“;

- Aterro Industrial: é o método de disposição de resíduos no solo mais

apropriado para os resíduos químicos perigosos. É construído segundo padrões

rígidos de engenharia, de forma a não causar danos ao meio ambiente, à saúde

pública e à sua segurança.

Page 44: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

44

- Vala Séptica: é o método de destinação final específico para o aterramento

da fração infectante dos RSS. Consiste em valas escavadas em local isolado no

aterro, revestidas por material impermeável (normalmente mantas sintéticas) que

recebem os resíduos de saúde e logo após uma cobertura de solo. Devem ser

executadas em locais onde o nível freático seja mais profundo. Nas valas sépticas

os resíduos dispostos não são compactados, diminuindo, assim, sua vida útil em

comparação a de um aterro sanitário.

Conforme o Ministério da Saúde (Projeto REFOSUS, Brasil, 2002), para

selecionar o tipo de tratamento e destinação final mais adequada dos resíduos deve-

se avaliar:

• Impacto ambiental;

• Custos de instalação e manutenção;

• Capacidade do equipamento e;

• Fatores de segurança;

4.2.3.1 Tratamento de resíduos do grupo A

Geralmente, em estabelecimentos de saúde, o termo ‘tratamento’ está

associado aos resíduos de risco biológico (Grupo A) e existem dificuldades para

estabelecer critérios para definir o melhor tratamento, sendo que a segregação

(separação) pode ser encarada como parte integrante do processo.

Busca-se nestes tratamentos a redução de agentes biológicos, o que se

consegue com a desinfecção – eliminação da maioria dos microorganismos

patogênicos, exceto os esporos bacterianos de superfícies contaminadas.

Para Mozachi (2007) os tratamentos podem ser assim apresentados:

• Desinfecção que pode ser realizada pelos métodos de autoclave,

microondas, tratamento químico, radiação, ionizante;

• Destruição térmica que pode ser por meio de incineração, pirólise

(decomposição a altas temperaturas) e plasma (estado gasoso);

Page 45: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

45

4.2.3.1.1 Autoclave

Consiste em submeter os resíduos biológicos a um tratamento térmico, sob

determinadas condições de pressão, em uma câmara selada, por tempo

determinado e com prévia extração do ar presente.

Vantagens: facilita a operação; baixo custo operacional com manutenção

simples e barata.

Desvantagens: geração de odores desagradáveis e aerossóis; baixa ou

nenhuma redução do volume dos resíduos tratados e não adequado para resíduos

anatômicos.

4.2.3.1.2 Microondas

Consiste em submeter os resíduos biológicos, previamente triturados e

envolvidos com vapor, à vibração eletromagnética de alta freqüência, até alcançar e

manter a temperatura de 100ºC. Baseia-se na ação do calor produzido pelos

geradores de radiação magnética de alta freqüência. Esse método apresenta

vantagens e desvantagens, como consta a seguir:

Vantagens: Operação contínua, descaracterização e redução de volume

quando utilizada trituração;

Desvantagens: Custo operacional alto em relação aos demais métodos;

capacidade de operação limitada e risco de emissão de aerossóis, vapores tóxicos e

radiação.

4.2.3.1.3 Tratamento químico

Dá-se por meio do uso de desinfetante. Leva-se em consideração: tipo de

microorganismos, grau de contaminação e tipo; concentração e quantidade de

desinfetante; além de temperatura, grau de mistura e duração do contato do

desinfetante com os resíduos. Baseia-se na ação de produtos químicos, associados

a outros fatores como temperatura, trituração e controle de pH. O objetivo de seu

Page 46: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

46

uso é a eliminação de microorganismos, porém estes produtos podem sofrer

inativação por matérias orgânicas e/ou diluição.

Vantagens: custo operacional baixo; baixo investimento inicial para o caso de

tratamento local e possibilidade de realização na geração (para tratamento local).

Desvantagens: ineficaz contra patogênicos resistentes ao desinfetante

utilizado; não há redução do volume (a não ser que exista trituração) e necessidade

de cuidados adicionais com efluentes gerados.

4.2.3.1.4 Ionização

Neste processo, os resíduos são submetidos à ação de raios gama,

utilizando-se uma fonte radioativa que destrói os microorganismos. Este processo é

mais comumente utilizado na esterilização de produtos farmacêuticos e alimentares,

com pouca utilização no tratamento do RSSS (Resíduos Sólidos do Serviço de

Saúde). Porém há um detalhe importante: no fim da vida útil do equipamento, a fonte

de irradiação se torna rejeito radioativo de alta periculosidade, causando problemas

quanto à sua disposição final.

Vantagens: alta eficiência e grande poder de penetração da radiação.

Desvantagens: Complexidade de operação para manutenção das condições

de segurança e alto custo de instalação.

4.2.3.1.5 Incineração

Consiste em destruir os resíduos mediante um processo de combustão

(800ºC a 1.200ºC) no qual os resíduos são reduzidos a cinzas. Vários tipos de

tratamento utilizam combustão dos resíduos sob condições específicas, como forma

de desinfecção. Porém, esse método gera emissão de gases tóxicos que devem ser

previamente tratados (lavagem, química, ciclones ou precipitadores eletroestáticos,

filtros, etc.).

Page 47: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

47

Vantagens: alta eficiência na destruição; redução no volume (80 a 95%) dos

resíduos tratados e especialmente vantajoso para o tratamento dos resíduos

anatomopatológicos, devido ao alto nível de descaracterização dos resíduos.

Desvantagens: custo operacional e de manutenção elevados, principalmente

em função do sistema de tratamento de gases; necessidade de manutenção

constante; risco de contaminação do ar por dioxinas e outros compostos perigosos

presentes nos efluentes gasosos; custo elevado no monitoramento das emissões

gasosas; contra-indicado caso não exista volume de resíduos suficientes para

utilização do incinerador de forma contínua; não se aplicam aos rejeitos radioativos,

recipientes pressurizados, vidros e as cinzas resultantes da queima são

classificados como resíduo perigoso, classe I, devido aos altos níveis de metais

pesados.

É importante salientar que o tratamento por incineração não deve ser

confundido com a queima de resíduos. A simples queima de resíduos a céu aberto,

ou em equipamentos precários, não apresenta condições adequadas para

degradação térmica e desinfecção: temperatura, tempo, tratamento dos gases

gerados, etc.

4.2.3.2 Tratamento de resíduos do grupo B

Um estabelecimento de saúde utiliza diariamente um grande número de

produtos químicos como solventes, detergentes, medicamentos, metais, etc.

Tabela 04: Tratamento de Resíduos Grupo B

PRODUTO QUÍMICO POR LOCAL DE GERAÇÃO

COZINHA LAVANDERIA LIMPEZA LABORATÓRIO RADIOLOGIA SANITÁRIOS

Detergentes Detergentes Detergentes Metais Metais Desinfetantes

Óleos Óleos Desinfetantes Soluções químicas Detergentes

Graxas Graxas Oxidantes Reagentes químicos Medicamentos

Fonte: CONAMA, resolução nº 5/93)

“Os resíduos químicos deverão ser submetidos a tratamento e disposição

finais específicos” (CONAMA, Nº5/93), pois seu lançamento junto com os efluentes

Page 48: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

48

líquidos gera poluição, provoca efeitos graves nos organismos vivos que compõem o

ecossistema e prejudica a saúde das pessoas expostas a essas substâncias.

Mozachi (2007) em seu Manual do Ambiente Hospitalar apresenta algumas

propostas para redução dos riscos associados ao Grupo B:

• Substituição de produtos químicos perigosos; substituição de

equipamentos clássicos por eletrônicos e substituição de métodos

químicos por físicos;

• Considerar se o vendedor/fabricante é preocupado com o meio ambiente e

se aceita a devolução dos produtos não utilizados ou recicláveis;

• Informar o usuário sobre as características e manuseio dos produtos;

• Observar validade na compra e no decorrer da estocagem, mantendo uma

compra centralizada com controle de fluxo de caixa e destino do produto;

• Realizar compras em menores quantidades de produtos instáveis,

interferindo no uso em quantidades exatas (limpeza);

• Reciclar a prata do material radiológico;

• Compostar resíduos de cozinha não-contaminados;

• Reutilizar material de vidro e plástico após desinfecção apropriada;

• Devolver tubos de aerossóis ao fabricante para recarga do conteúdo.

4.2.3.3 Tratamento dos resíduos do grupo C

O único tratamento capaz de eliminar as características de periculosidade é o

armazenamento para decaimento de sua radioatividade, que varia de acordo com a

meia-vida de cada elemento radioativo. Meia-vida é o tempo necessário para que o

elemento radioativo perca metade de seus radioisótopos (núcleos atômicos que

emitem energia). Quanto menor a meia-vida, mais rapidamente o elemento tem sua

periculosidade reduzida (Mozachi, 2007, pg. 702).

Page 49: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

49

Depois do decaimento (tratamento com mais de um processo), qualquer

referência à radioatividade (símbolo e inscrição) deve ser descaracterizada, e os

resíduos podem ser encaminhados para disposição final, ou tratamento conforme

seu novo enquadramento (Grupo A, B ou D). Para ilustração da complexidade do

tratamento (Tabela 5), Mozachi (2007) apresenta alguns tempos de decaimento,

meia-vida e tempo de segurança de alguns elementos radioativos:

Tabela 05: Meia-vida e decaimento de elementos radioativos

MEIA-VIDA MÉDIA E DECAIMENTO DE RADIOATIVIDADE DE ALGUNS ELEMENTOS

RADIOATIVOS

Isótopos Meia-Vida Tempo de Segurança

Horas Dias Anos Horas Dias Anos

Tc99 Tecnécio 6 60

Ga67 Gálio 3,26 32,6

I130 Iodo 8,0 80,0

I125 Iodo 60,20 602,0

Cr51Cromo 27,80 278,0

Fe59 Ferro 45,60 456,0

Si90 Silício 27,70 277,0

Cs137 Césio 30,0 300,0

Am241 Amerício 458,0 4.580

Fonte: BRASIL, 2002

4.2.3.4 Tratamento de resíduos do grupo D

Como os resíduos de serviço de saúde do Grupo D (comuns) têm

características similares as dos resíduos domiciliares, não são considerados

resíduos perigosos, nem são exigidos sistemas de tratamento específicos. No

entanto, é recomendável alguma forma de valorização destes resíduos, prolongando

o tempo de vida útil dos materiais que os compõem.

Page 50: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

50

De acordo com Mozachi (2007), para que se viabilize a valorização dos

resíduos é fundamental que se realize a separação dos diferentes tipos de resíduos

comuns, o que deve ser feito no momento da geração.

A valorização apresenta diversos benefícios, como redução da poluição, economia de matérias-primas e redução de custos, além de possibilitar rendimentos extras com a comercialização de materiais. Entre estes processos acham-se a reciclagem dos diversos resíduos, inclusive a compostagem de matéria orgânica. (MOZACHI 2007, pg. 703).

4.2.3.4.1 Reciclagem

A reciclagem proporcionada pela segregação e coleta seletiva dos resíduos é

muito importante no processo de gerenciamento dos RSSS – Resíduos Sólidos do

Serviço de Saúde. Conforme Leite (2003), reciclagem é o canal reverso da

revalorização, em que os materiais constituintes dos produtos descartados são

extraídos industrialmente, transformando-se em matérias-primas secundárias ou

recicladas que serão reincorporadas á fabricação de novos produtos. Muitos

materiais podem ser reciclados e os exemplos mais comuns são o papel, o vidro, o

metal e o plástico.

As maiores vantagens da reciclagem são a minimização da utilização de

fontes naturais, muitas vezes não renováveis; e a minimização da quantidade de

resíduos que necessitam tratamento final, como aterramento, ou incineração. Os

quadros a seguir mostram as principais fontes de cada tipo de material reciclável:

papel, metal, plástico, vidro e outros.

Ilustração 01: Reciclagem de Papel

PAPEL

Reciclável Não-Reciclável

Papel branco (computador, caderno, sulfite,

fotocópias - não brilhante, papéis sem

etiquetas, selos, clipes, grampos e fitas

colantes); Papel de jornal; Papel colorido

(revistas); Papelão; Papel misturado (não-

sujo).

Papel brilhante/ espelhado/ laminado:

parafinado, aluminizado, betumado (carbono),

vegetal, papel de fax (brilhante), papel de

fotografia, papel de bala. Papel sujo (papel

higiênico, guardanapo, fraldas descartáveis,

toco de cigarro).

Fonte: Adaptado de Mozachi, 2007, pg. 703

Page 51: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

51

Ilustração 02: Reciclagem de Metal

METAL

Reciclável Não-Reciclável

- Aço leve (latas): latas de folhas-de-flandres

(extrato de tomate, sardinha, salsichas, leite

em pó, compota); Latas de folha cromada

(tampa de lata de tinta); Latas de folhas não

revestidas (lata de óleo comestível).

- Aço pesado (barras): sucatas de ferro, de

cobre, de metais não-ferrosos (não atraídos

por ímã), de alumínio (lata, panela).

Miudezas (arame, prego, tampinhas, tubo de

pasta dental).

Esponja de aço;

Filtros de ar de veículos;

Fonte: Adaptado de Mozachi, 2007, pg. 704

Ilustração 03: Reciclagem de Vidro

VIDRO

Reciclável Não-Reciclável

Garrafas e copos (cacos): marrom, verde e

incolor. Frascos: remédios, produtos de

limpeza. Potes: molhos, condimentos e

alimentos.

Vidros planos (janela), vidro tipo pirex, cristal,

lâmpadas, objetos ornamentais, espelhos,

formas, travessas e panelas de vídeo

temperado, tubos de TV.

Fonte: Adaptado de Mozachi, 2007, pg. 704

Ilustração 04: Reciclagem de Plástico

PLÁSTICO

Reciclável Não-Reciclável

PVC: canos d’água, equipamento médico-

cirúrgico. PET: garrafas em geral. PEAD:

sacos de leite, embalagens de suco, álcool,

água sanitária, detergente, baldes,

bombonas, frascos de produtos de limpeza.

Cabos de panela, tomadas de eletricidade,

baquelite (usado em alguns equipamentos

elétricos), poliuretanos e poliacetatos de

etileno vinil (Ex: solas de sapatos).

Page 52: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

52

PEBD: sacos de arroz, açúcar, feijão, sacolas

de supermercado, embalagem de biscoitos,

etc. PP: embalagens de iogurte, detergente,

potes de margarina, etc.

Fonte: Adaptado de Mozachi, 2007, pg. 704

Outros materiais não-recicláveis: louça, porcelana, celofane, retalhos de

tecido e carpete, isopor, espuma, estopa e borracha.

Opções de reciclagem dos variados materiais aumentam diariamente,

portanto é recomendável buscar quais são oferecidas em cada localidade. Os

materiais orgânicos, especificamente os restos de alimentos, podem ser utilizados

para a nutrição de animais, desde que respeitadas as normas sanitárias que exigem,

entre outras coisas, a fervura (100ºC) do material por pelo menos meia hora.

4.2.3.4.2 Compostagem

A compostagem consiste, segundo Mozachi (2007) na decomposição de

origem animal e vegetal pela ação de microorganismos, com a vantagem de não ser

necessária a adição de qualquer forma de energia ou substância. A compostagem

anaeróbica se dá pela ação de microorganismos que vivem sem necessidade de

oxigênio, em baixa temperatura, com a desvantagem de gerar fortes odores e de ser

lenta. Já a aeróbica, mais indicada para resíduos do grupo D, é proporcionada por

organismos dependentes de oxigênio, gerando temperaturas de até 70ºC, com

odores mais fracos e um menor tempo de decomposição.

O resultado desta fermentação é a transformação de parte de massa de

resíduos em húmus que podem ser aproveitados na agricultura.

4.2.3.5 Tratamento de resíduos do grupo E

Os resíduos perfurocortantes contaminados com agente biológico Classe de

Risco 4, microorganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação

ou causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou

cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido, devem ser submetidos a

Page 53: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

53

tratamento, utilizando-se processo físico ou outros processos que vierem a ser

validados para obtenção de redução ou eliminação da carga microbiana, em

equipamento compatível com Nível III de Inativação Microbiana.

Dependendo da concentração e volume residual de contaminação por

substâncias químicas perigosas, estes resíduos devem ser submetidos ao mesmo

tratamento dado à substância contaminante. Os resíduos contaminados com

radionuclídeos (átomos com núcleos instáveis que emitem radiação) devem ser

submetidos ao mesmo tempo de decaimento do material que o contaminou.

As seringas e agulhas utilizadas em processos de assistência à saúde,

inclusive as usadas na coleta laboratorial de amostra de pacientes e os demais

resíduos perfurocortantes não necessitam de tratamento.

4.3. Gestão sócio ambiental

A crescente pressão da opinião pública em relação à atuação das

organizações, bem como as expectativas dos seus clientes, influem a mudar o

pensamento das empresas a respeito das suas responsabilidades (GUIA EXAME,

2005, pg. 28).

Há muita discussão a respeito do que significa “responsabilidade sócio

ambiental”, bem como quais são os comportamentos esperados das organizações

responsáveis.

O termo diverge entre especialistas em meio ambiente, mas pode ser

caracterizado como uma organização que visa ordenar as atividades

humanas para que estas originem o menor impacto possível sobre o meio.

Esta organização vai desde a escolha das melhores técnicas até o

cumprimento da legislação e a alocação correta de recursos humanos e

financeiros. (ASHLEY, 2003, pg. 3).

Segundo Mclntosh et al. (2001), as empresas deixaram de ser apenas

entidades econômicas, somente com preocupações financeiras e legais, e passaram

a considerar que a sua atuação tem desdobramentos que não podem ser ignorados.

Qualquer negócio é uma entidade econômica, social e ambiental. Para o autor, as

empresas não podem mais ser uma instituição sem rosto que não faz nada além de

Page 54: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

54

vender o produto certo ao preço certo. Estas devem assumir posturas claras de

responsabilidade social e ambiental, buscando uma compreensão de que apenas

com governos, sociedade civil e organizações trabalhando em conjunto, será

possível construir comunidades sustentáveis.

Certo (2003) afirma que as empresas incorporam cada vez mais ações de

responsabilidade social em seus planejamentos estratégicos e hoje é uma obrigação

administrativa tomar atitudes que protejam e promovam o bem-estar da sociedade,

tanto quanto os interesses da empresa.

Capra (1996) discerne de Certo, afirmando que a questão é mais política. O

grande desafio do século XXI é da mudança no sistema de valores que está por trás

da economia global, de modo a torná-lo compatível com as exigências da dignidade

humana e da sustentabilidade ecológica.

Por sua vez, Lewis (2005) afirma que responsabilidade social empresarial

implica em sobrevivência no mercado ou não, uma vez que a sociedade, cada vez

mais, cobra das organizações privadas a adoção de políticas socialmente saudáveis.

Afirma ainda, que as empresas que investem no desenvolvimento social e seguem

esta tendência, mesmo sob o ponto de vista apenas mercadológico, estão

construindo benefícios abrangentes, melhorando a qualidade de vida da população e

gerando sua própria aceitação social.

Para May, Lustosa e Vinha (2003) essa postura proativa das empresas passa

a ser capaz de desencadear um processo em cadeia, no qual todos eles são co-

responsáveis pela geração de novos produtos e processos, permitindo que novos

passos sejam dados em direção ao desenvolvimento sustentável. Em complemento,

Capra (1996) exprime de maneira eloqüente a idéia de afirmar que embora

possamos discernir partes individuais em qualquer sistema, essas partes não são

isoladas e a natureza do todo é sempre diferente da mera soma de suas partes.

Os autores Melo Neto e Froes (1999) consideram a existência de duas

dimensões de responsabilidade social nas empresas: uma interna e outra externa.

A responsabilidade social interna tem foco nas pessoas, pois está relacionada

à motivação dos empregados e seus dependentes na criação de um ambiente de

Page 55: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

55

trabalho que contribua para o seu bem-estar. A externa está voltada à comunidade

mais próxima da empresa ou do local de sua atuação.

De acordo com Moura e Bitencourt (2006) os conhecimentos estão

relacionados ao “saber”. As habilidades correspondem ao “saber fazer” e as atitudes

estão vinculadas ao “saber agir”. As autoras afirmam ainda que esses três aspectos

se complementam e se articulam de forma sistêmica.

Outro fator estritamente ligado à gestão ambiental diz respeito ao

desenvolvimento sustentável. Segundo Becker (2002), o desenvolvimento

sustentável compreende atender às necessidades das gerações presentes sem

comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem as suas próprias.

Melo Neto (1999), destaca que quando as empresas perceberam a

importância da preservação ambiental, e começaram a utilizar tecnologias limpas,

produtos e energias renováveis, não poluentes, naturais, contribuirão para assegurar

um futuro mais promissor para a humanidade e para as gerações futuras.

De acordo com Sachs (1993) é preciso planejar o desenvolvimento

sustentável, considerando simultaneamente cinco dimensões, entre elas o da

sustentabilidade ecológica. O autor aconselha desenvolver os seguintes

mecanismos:

• Intensificação do uso de recursos potenciais dos vários ecossistemas, com o

menor prejuízo aos sistemas de sustentação da vida para propósitos

socialmente válidos;

• Utilização de recursos renováveis e/ou abundantes e ambientalmente

inofensivos, limitando o consumo de recursos facilmente esgotáveis;

• Redução de resíduos de poluição, conservando e reciclando energia e

recursos;

• Autolimitação do consumo material pelos países ricos e camadas sociais mais

abastadas espalhadas pelo mundo;

• Intensificação de pesquisas que busquem tecnologias limpas; e

• Definição de normas para uma correta proteção ambiental.

Page 56: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

56

O World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), uma

associação global formada por companhias que visam a sustentabilidade, defende

que devemos nos esforçar para que o atendimento das necessidades de uma

população mundial em constante crescimento não comprometa as necessidades

ambientais, sociais e humanas de nossos descendentes. Sua crença é que

organizações que perseguem a meta do desenvolvimento sustentável se tornarão

mais competitivas, resistentes a choques, mais ágeis em um mundo em constantes

mudanças e com maior facilidade em atrair e reter clientes e melhores empregados.

Pode também melhorar suas relações com governos, reguladores, bancos,

seguradoras e mercados financeiros.

A obtenção de vantagens competitivas em relação aos concorrentes é um

objetivo estratégico de empresas de sucesso. Conforme Damodaram (2001) o

retorno do negócio é um dos componentes desta posição competitiva porque afeta

seu acesso a fontes de capital, tanto de terceiros como próprio, bem como seu fluxo

de caixa. Conseqüentemente, tem impacto direto no valor da empresa.

Um valor negativo na imagem institucional da empresa pode acarretar

problemas comerciais que também afetarão seus fluxos de caixa futuros. Trata-se

de um investimento importante para a perenidade da organização.

Damodaram (2001) defende ainda que pode haver um gasto adicional em

marketing ou não, que poderia se fazer necessário para minimizar ou reverter os

efeitos dos danos causados à imagem da empresa.

Page 57: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

57

5. METODOLOGIA

A pesquisa científica, segundo Silva e Menezes (2000), desenvolve-se

mediante a formulação adequada do problema proposto a pesquisa. A mesma,

objetiva pôr em discussão possíveis soluções para ampliar as perspectivas do

problema.

Segundo Marconi e Lakatos (2008), para um problema ser considerado válido

deverão ser observados, no tocante aos aspectos de valoração, questões como a

viabilidade (pode ser resolvido por meio da pesquisa?), relevância (deve ser capaz

de trazer conhecimentos novos), novidade (deve estar adequado ao estágio atual da

evolução científica), ser exeqüível (pode chegar a uma conclusão válida) e,

oportunidade (permite atender a interesses particulares e gerais).

Conforme Roesch (1996), a coleta e a análise dos dados é a etapa mais

importante no estágio, sendo que a entrevista e o questionário são os métodos mais

utilizados.

Desse modo, para o presente estudo utilizou-se a constatação de Yin (2005),

que utiliza o estudo de caso como ferramenta de pesquisa exploratória, descritiva e

explanatória:

(...) uma investigação científica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos; enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados e, como resultado, baseia-se em várias fontes de evidência (...) e beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e análise dos dados. (YIN, 2005, p. 32-33).

Segundo Yin (2005), os dados para os estudos de caso podem vir de seis

fontes: documentos, registros em arquivo, entrevistas, observação direta,

observação participante e artefatos físicos.

Os dados primários foram coletados através de observação in loco e

questionário estruturado com as empresas prestadoras do serviço de coleta e

disposição final de resíduos sólidos do serviço de saúde. Os dados secundários

Page 58: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

58

foram obtidos através de pesquisas através de relatórios da empresa, bem como

normas e legislação que cercam o assunto.

O Estudo de Caso, como estratégia de pesquisa, permite o estudo de

fenômenos em profundidade dentro do seu contexto. É especialmente adequado ao

estudo de processos e explora fenômenos com base em vários ângulos (ROESCH,

1996). Assim, por meio deste método de estudo de caso, os objetivos e as questões

do problema estabelecido podem ser atendidos de forma satisfatória, dentro das

limitações impostas e permitindo avaliar como melhorar as expansões de interesse

social.

A fim de atender aos objetivos do trabalho, um questionário foi aplicado com

08 (oito) empresas de recolhimento de resíduos sólidos do serviço de saúde (vide

ANEXO D) presentes no estado do Rio Grande do Sul. As empresas foram assim

escolhidas devido sua proximidade com o hospital em estudo e reconhecimento das

mesmas perante demais instituições de saúde.

O questionário on-line foi enviado, juntamente com uma introdução do

assunto (ANEXO E), via e-mail para as organizações que serviram de amostra. Para

Marconi e Lakatos (2008), a amostra compreende uma parcela conveniente

selecionada do universo (população), caracterizando-se num subconjunto do

universo.

Foram elaboradas perguntas abertas e fechadas, bem como uma pergunta

com série de respostas, na qual o questionado pode escolher a que corresponde a

sua idéia. Por envolver particularidades e interpretações individuais, o método

qualitativo de pesquisa foi utilizado. A partir da extração do raciocínio dos

entrevistados, possibilitou-se um aperfeiçoamento e desenvolvimento de novas

idéias, descobertas e interpretações.

A aplicação do questionário deu-se de forma direta, uma vez que foi

preenchido pelos próprios entrevistados. Desse modo, permitiu às pessoas

exprimirem livremente suas atitudes e opiniões relevantes para o entendimento dos

seus comportamentos.

Page 59: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

59

Do total de 8 (oito) empresas, apenas 2 (duas) responderam à pesquisa. As

demais, dentro do prazo de um mês e após contatos telefônicos e via e-mail, não se

pronunciaram. Atribui-se ao fato ocorrido, a hipótese de que empresas trabalhem de

maneira a não obedecer à legislação vigente, operando com possíveis

irregularidades.

Em uma busca na internet, percebe-se o grande número de processos

ambientais que organizações de transporte e tratamento de resíduos respondem

judicialmente. Sem mencionar o fato de a fiscalização ambiental no Brasil ter

também suas falhas, devido principalmente ao tamanho do território que abrange e a

falta de funcionários, permitindo desta forma, o funcionamento de organizações que

agridem, através de suas atividades, o meio ambiente.

Page 60: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

60

6. COLETA DE DADOS

Conforme mencionado anteriormente, a coleta de dados deu-se por

intermédio de observação in loco no interior da entidade para fins de visualização do

processo de geração, segregação, acondicionamento e destinação de resíduos

sólidos hospitalares. Em relação à constatação, quanto a destinação final dos

resíduos, optou-se por realizar um questionário estruturado com empresa

terceirizada contratada para tal serviço.

Outro meio utilizado de coleta de dados foi o Plano de Gerenciamento de

Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS) elaborados para a entidade por uma

empresa que presta consultoria, denominada Bios Consultoria Ambiental.

Esta empresa atua em Santa Cruz do Sul e oferece um serviço abrangente de

gestão ambiental, contando com o apoio de uma equipe formada por biólogo,

paisagista, geólogo, engenheiro ambiental e advogado especialista em meio

ambiente.

O gerenciamento do RSSS constitui-se segundo a RDC 306 de 2004

(resolução da ANVISA) em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e

implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o

objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados,

um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos

trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio

ambiente.

6.1. A realidade do hospital em estudo

O Hospital Beneficente Monte Alverne é um hospital geral com internações,

serviço de ambulatório, urgência/emergência, pequenas cirurgias, pediatria e

obstetrícia. O referido hospital não realiza exames complementares com

diagnósticos que geram maior quantidade de resíduos, pois este serviço no interior

da entidade é terceirizado. Os resíduos provenientes do laboratório de análises

clínicas são pequenos, pois apenas há coleta e preparação do material colhido que

Page 61: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

61

é enviado para análise detalhada e confecção do exame por escrito no centro de

Santa Cruz do Sul.

Sendo assim, os resíduos gerados no hospital provêm do laboratório

terceirizado que apenas realiza parte de suas funções, dos próprios quartos de

internação, bloco cirúrgico, unidades ambulatoriais, posto de enfermagem, farmácia

interna, sala de curativos, necrotério, banheiros, lavanderia, copa, cozinha,

consultórios médicos, administração e serviço de jardinagem.

6.2 Classificação adotada pelo hospital

A classificação de resíduos sólidos adotada pelo Hospital Beneficente Monte

Alverne é proveniente da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária e

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente, por ser esta a forma de

classificação adotada pelos demais serviços de saúde e por estar de acordo com a

legislação vigente (RDC nº 306 de dezembro de 2004).

6.2.1 Grupo A: resíduos biológicos

Os resíduos biológicos produzidos no Hospital Beneficente Monte Alverne

são: sangue e hemoderivados, excreção e líquidos orgânicos, tecidos, órgãos, fetos

e peças anatômicas, resíduos advindos da área de isolamento, resíduos de unidade

de atendimento ambulatorial, recipientes e materiais contaminados com resíduos

biológicos e resíduos de sanitários de unidade de internação e de enfermaria.

De acordo com a empresa Bios Consultoria Ambiental, considerando a

capacidade do hospital, a totalidade dos resíduos gerados deste grupo representa

uma média de 1,28 Kg/dia e 9 Kg/semana.

Estes resíduos não recebem tratamento para redução de carga microbiana na

entidade pelo fato de a mesma não dispor de máquinas e aparelhos destinados a

este fim, devido alto custo destes equipamentos e principalmente por falta de uma

maior cobrança das autoridades a empresa continua enviando seus resíduos a

terceiros que se responsabilizam pelo correto descarte.

Page 62: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

62

6.2.2 Grupo B: resíduos químicos

Este grupo constitui-se de resíduos farmacêuticos, como medicamentos

vencidos, contaminados ou não utilizados.

Conforme empresa de consultoria, os resíduos gerados neste grupo

apresentam no Hospital Beneficente Monte Alverne um total médio de 0,5 Kg/dia e

3,51Kg/semana e assim como os resíduos do Grupo A são destinados ao

armazenamento temporário em bombonas para serem recolhidos pelas empresas

de coleta e disposição final de resíduos.

Ilustração 5: Bombonas para armazenamento temporário.

Fonte: tirada pelo autor.

6.2.3 Grupo C: rejeitos radioativos

Devido seu alto custo de manutenção e tendo em vista a relação custo versus

demanda, a entidade não possui mais aparelho de raio-X ou outro aparelho que

produza algum tipo de rejeito radioativo.

6.2.4 Grupo D: resíduos comuns

Compreendem todos os demais resíduos que não sejam provenientes de

quarto de isolamento, como lixo seco e resíduos orgânicos provenientes da

alimentação, posto de enfermagem, administração, entre outros.

Como exemplos, pode-se citar papel de uso sanitário e fraldas, absorventes

higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentares de pacientes,

Page 63: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

63

materiais utilizados em anti-sepsia e punção, sobras de alimentos e seu preparo,

restos alimentares do refeitório, resíduos provenientes da área administrativa, bem

como de varrição, flores e podas no jardim.

Os resíduos produzidos no hospital são manuseados pelos responsáveis da

limpeza e auxiliares de enfermagem. As pessoas que manuseiam os resíduos

utilizam EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) como: calça, camisa com

manga 2/3, de tecido resistente, luvas de PVC antiderrapante com cano longo e

gorro.

Conforme cálculos da consultoria ambiental os resíduos deste grupo, no

interior da entidade correspondem em média 4,7 Kg/dia e 33 Kg/semana.

Diferentemente dos demais grupos, estes por sua vez possuem uma

destinação específica: papéis e papelões são vendidos a grupos de reciclagem e os

demais resíduos, como metal, vidro e plásticos são separados para serem reciclados

pela empresa que presta serviço de recolhimento à Prefeitura de Santa Cruz do Sul.

Os resíduos orgânicos, oriundos da cozinha do hospital, bem como das

folhagens, folhas e galhos provenientes das podas no jardim são despejados na

horta mantida pela entidade afim de que ocorra a compostagem. Tal medida visa

melhorar a qualidade das hortaliças através de um adubo orgânico, preservando

dessa maneira o solo e o meio ambiente.

Materiais como lâmpadas florescentes, baterias e pilhas são devolvidas às

lojas de venda destes materiais, com o intuito das mesmas darem o correto destino

a esses produtos.

6.2.5 Grupo E: objetos perfurocortantes

Os resíduos perfurocortantes produzidos pela unidade de saúde são: agulhas,

lâminas de barbear, bisturi, escalpes, vidros quebrados, lancetas, ampolas de vidro,

espátulas e demais vidros quebrados no laboratório (pipetas, tubos, de coleta

sangüínea e placas de Petri).

Em relação ao manuseio, nos resíduos armazenados em sacos plásticos,

toma-se o cuidado de preencher os sacos até 2/3 de sua capacidade, retirando-se o

Page 64: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

64

excesso de ar, amarrando-o fortemente e retirando-o da fonte geradora. A

quantidade destes resíduos gerados no Hospital Beneficente Monte Alverne

representa uma média de 7 Kg/dia e 49 Kg/semana.

Esses resíduos, assim como os do Grupo A e B não sofrem nenhum processo

de desinfecção na unidade de saúde, apenas aguardam a vinda da empresa

responsável pelo recolhimento e destinação final dos resíduos sólidos de saúde.

6.3 Tratamento preliminar empregado

Todos os resíduos produzidos no hospital são separados e identificados de

acordo com a sua classificação:

- Resíduos secos não infectantes;

- Resíduos biológicos (Grupo A);

- Resíduos químicos (Grupo B);

- Resíduos orgânicos não infectantes (Grupo D);

- Resíduos perfurocortantes (Grupo E).

6.4 Formas de acondicionamento e identificação

Os resíduos são acondicionados em sacos plásticos resistentes à ruptura e

vazamento. Os resíduos do Grupo A e B são acondicionados em recipientes rígidos

e estanques antes de serem transportados em sacos plásticos e identificados.

Quanto às cores dos sacos plásticos a serem usados, as mesmas seguem a

NBR vigente, ou seja, saco branco leitoso, resistente, impermeável, devidamente

identificado com rótulo de fundo branco, desenho e contorno preto contendo os

símbolos universais.

O lixo é separado diariamente pela manhã na fonte geradora e sempre fora

do horário de visita, distribuição de roupas, medicamentos e refeições. O transporte

Page 65: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

65

interno é feito separadamente, de acordo com o grupo de resíduos e em recipientes

específicos a cada grupo.

6.5. Local de armazenamento externo

Os resíduos produzidos no Hospital Beneficente Monte Alverne são

armazenados em prédio existente separado do hospital, próprio para este fim e de

fácil acesso à coleta externa. A entidade não possui localização para permanência e

circulação direta de pessoas no local de armazenagem.

O abrigo de resíduos é de aproximadamente 5 x 4 metros (vide ilustração 6).

Neste local encontra-se também um refrigerador freezer usado para guardar

resíduos de fácil putrefação (Resíduos do Grupo A) que são armazenados até a

coleta e destinação final. O abrigo possui frase de identificação de risco na porta,

revestimento de piso cerâmico, parede lisa pintada e entrada de luz, sendo que o

mesmo não possui entrada de água e ralo para escoamento de líquido em caso de

vazamento. Tal situação já está sendo corrigida, pois segundo informações da

consultoria faz-se necessário encanamento para entrada de água, instalação de

uma pia, ralo com declive e uma caixa de contenção para que, em caso de

acidentes ou vazamentos, estes resíduos não sejam lançados diretamente na rede

de esgoto.

Ilustração 6: Depósito de infectantes.

Fonte: tirada pelo autor.

Page 66: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

66

6.6 Descrição do transporte interno e externo

Os resíduos produzidos no Hospital Beneficente Monte Alverne são

transportados internamente em um carrinho fechado, próprio para este fim, até o

local onde os resíduos são armazenados. (conforme ilustração 7).

Ilustração 7: Carrinho usado no transporte interno.

Fonte: tirada pelo autor.

O transporte externo, ou seja, do local de armazenamento até o local de

destino final, é feito por caminhão da empresa contratada que recolhe os resíduos

produzidos pelo hospital de 15 (quinze) em 15 (quinze) dias.

6.7 Treinamento de pessoal

Os funcionários do Hospital Beneficente Monte Alverne envolvidos

diretamente com o manejo de resíduos são capacitados na admissão e conhecem o

sistema adotado, a prática de segregação de resíduos, reconhecem os símbolos

padrões de cores, bem como a localização do abrigo de restritos. Os 5 funcionários

envolvidos nesta atividade também são orientados sobre a importância da utilização

correta de equipamentos de proteção individual (uniforme, luvas, sapatos), bem

como a necessidade de mantê-los em perfeita higiene e estado de conservação.

O capital humano envolvido na higienização, coleta e armazenamento, realiza

anualmente exames periódicos para evitar uma possível contaminação.

Page 67: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

67

Toda a rotina do hospital está elaborada visando melhor segregação e menor

produção de resíduos possível. Há lixeiras com identificação para o

acondicionamento de resíduos em todos os setores do hospital, sendo que as

mesmas visam a correta segregação dos diferentes tipos de resíduos por parte de

funcionários, pacientes e visitantes.

Freqüentemente ocorrem reuniões no interior da entidade com funcionários

onde os mesmos recebem orientações sobre a importância do correto manejo,

classificação, armazenamento, destino final dos resíduos e orientação sobre

biosegurança. Além disso, os funcionários poderão opinar e auxiliar na elaboração

de estratégias que visem a diminuição e correta segregação dos resíduos

produzidos.

6.8 Tratamento e destinação final

Os resíduos biológicos (Grupo A), resíduos químicos (Grupo B) e

perfurocortantes (Grupo E), são recolhidos pela empresa contratada e conduzidos

até o aterro para resíduos perigosos ou incinerados.

De acordo com informações contidas em relatórios da organização, a

empresa responsável pelo recolhimento e destinação final dos resíduos do serviço

de saúde do Hospital Beneficente Monte Alverne, após triagem do material, utiliza o

processo de incineração para redução de volume.

O processo segundo Albuquerque (2000) consiste em submeter os resíduos a

altas temperaturas – entre 800º a 1.200º C – para que ocorra a redução de peso e

volume através da combustão controlada, proporcionando assim, uma redução em

mais de 98% no peso dos resíduos e completa extinção de qualquer matéria

orgânica ou biológica presente nos resíduos sem causar danos ao meio ambiente.

Cabe ressaltar que esse ponto de vista é defendido por profissionais de empresas

de recolhimento, havendo, segundo autores ligados à biologia, determinadas

limitações.

Após utilização do incinerador (que necessita ser licenciado junto a FEPAM –

Fundação Estadual de Proteção Ambiental), o material incinerado passa por um

Page 68: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

68

processo de controle de emissões, realizado a partir de um equipamento

denominado “Lavador de Gases”. Este equipamento retém o material particulado

que possa escapar a queima, permitindo a liberação na atmosfera somente de vapor

d’água. Os gases gerados recebem um jato de água para resfriamento e que após

este processo recebe uma dosagem de cal virgem para decantação do material e

sulfato de alumínio para correção do Ph.

O resultado desse conjunto de processos resulta em um lodo que é retirado

do fundo dos tanques para que juntamente com as cinzas resultantes da incineração

possa ser enviado a um aterro sanitário industrial devidamente licenciado pelos

órgãos ambientais. Esta etapa, conforme resolução nº 237/97 do CONAMA, consiste

na disposição de resíduos no solo, previamente preparado para recebê-lo,

obedecendo a critérios técnicos de construção e operação e com licenciamento

ambiental.

Os resíduos secos não infectantes e resíduos orgânicos não infectantes

(Grupo D) são transportados com veículo que recolhe resíduos domiciliares. O

transporte é feito até a usina de reciclagem da Prefeitura Municipal de Santa Cruz do

Sul ou aterro licenciado.

Importante salientar, que parte dos resíduos orgânicos gerados é utilizado na

adubação da horta e jardim da entidade. Cascas de frutas, restos de alimentos e

folhas das árvores tornam-se uma medida saudável e econômica no processo de

fertilização do solo.

Page 69: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

69

7. ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS E SUGESTÕES

As respostas obtidas através dos questionários enviados às empresas de

coleta e destinação final de resíduos foram monossilábicas e bastante restritas.

Maiores informações não se fizeram possíveis, pois as empresas em estudo não

expõem totalmente e com total clareza as atividades e funções que desempenham.

Também como um possível empecilho, consta apenas a visão da empresa sobre

assuntos e processos, ou seja, tem-se o ponto de vista de profissionais ligados a

área de administração e engenharia, não havendo a percepção e interpretação por

profissionais de áreas como biologia e direito.

A primeira questão propunha identificar quais os métodos utilizados pelas

empresas no tratamento dos resíduos sólidos do serviço de saúde. Das duas

empresas que atenderam à pesquisa, uma utiliza o método de incineração e outra o

método da autoclave.

A incineração, conforme mencionado anteriormente, consiste num processo

complexo, de custo elevado e altamente poluidor. Segundo o site Greenpeace –

ONG relacionada ao meio ambiente e desenvolvimento sustentável - disponível no

endereço www.greenpeace.org.br, a incineração não é a solução. Esse processo

gera mais resíduos tóxicos e torna-se uma ameaça para a saúde pública e o

ambiente.

Nenhum processo de incineração é 100% eficaz. Segundo a ONG, esse

método emite gases tóxicos na atmosfera através de metais pesados (chumbo,

cádmio, arsênio, mercúrio e cromo que não são eliminados totalmente e são

transferidos para as cinzas que acabam posteriormente aterradas), poluentes

provenientes da combustão incompleta e emissão de novas substâncias químicas

formadas durante o processo através da combinação de elementos (dioxinas e

furanos).

Aliados a estes elementos e como conseqüências deste método encontram-

se danos a saúde e ao meio ambiente como: aumento nas taxas de câncer, doenças

respiratórias, anomalias reprodutivas (como má formação fetal) e danos

neurológicos.

Page 70: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

70

No processo de esterilização que utiliza a autoclave, o vapor do resíduo é

transformado em confetes desinfetados. A tecnologia de esterilização a vapor trata

os resíduos combinando o sistema de trituração, vapor e pressão. Nesse caso,

ocorre a destruição das bactérias através da termocoagulação das proteínas

citoplasmáticas. Como empecilho, cita-se o fato de esse processo não se aplicar a

todos os tipos e tamanhos de resíduos e a geração de odores desagradáveis.

No sistema de autoclavagem segundo Eleutério, Hamada e Padim (2008),

não existe uma quantidade expressiva de emissão de gases, contudo o resíduo

tratado por não ter seu volume reduzido, ou ainda, com uma pequena redução,

representará um problema sério quando da sua disposição final, vindo a contribuir

com o já expressivo volume gerado pelo lixo doméstico que superlota os aterros

municipais. Além disso, mesmo desinfetado, este resíduo poderá gerar o chorume

(composição com alta concentração de DBO – Demanda Biológica de Oxigênio),

pois sua constituição não foi alterada, somente sua patogenicidade.

Ambientalmente falando, atribui-se a este método a possível emissão de

gases aerossóis que poluem o ar. Os aerossóis podem apresentar inúmeras

substâncias químicas como ácidos (nitratos e sulfatos), compostos orgânicos,

silicones e óxidos metálicos em sua composição. Além da afetar a visibilidade,

causar danos a materiais, fauna e flora, esses compostos podem causar sérios

danos a saúde.

Entre os dois métodos, o que apresenta menor impacto ambiental é a

autoclave, porém o mesmo inspira melhorias através do investimento em tecnologias

limpas de produção, que eliminem os resíduos tóxicos. Exemplo: redução,

reutilização e reciclagem de resíduos.

Sabe-se que os resíduos, após seu tratamento e após sua parcial desinfecção

e redução, são encaminhados a aterros ou valas sépticas. Alguns especialistas

recomendam depositar as cinzas em aterros equipados com um revestimento de

plástico comum, como forma de prevenir lixiviações (extração de substância através

da dissolução num líquido) para o lençol freático. Mesmo assim, todos os

revestimentos feitos em aterros podem eventualmente sofrer vazamentos.

Page 71: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

71

Outros questionamentos às empresas estudadas tratavam do método de

tratamento de resíduos. Apesar de as empresas afirmarem que através de um único

processo de tratamento é possível trabalhar com todas as classificações de lixo

hospitalar, essa resposta não atende aos objetivos, pois refere discrepâncias em

relação ao encontrado na bibliografia. Cada RSSS necessita condições especiais de

tratamento, tendo em vista sua patogenicidade, concentração química e

concentração de radionuclídeos. Esta última (Classe C) que necessita ser

encaminhada ao CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear - não é recolhida

por parte das duas empresas em estudo. Observa-se então uma lacuna a ser

preenchida por parte das organizações de destinação final de resíduos.

Nesse mesmo sentido, as organizações utilizam aterro industrial para

destinação final do material que recolhem, havendo treinamento por parte de todos

os envolvidos nas atividades: engenheiros ambientais, técnicos e motoristas. As

empresas citam também a fiscalização constante de órgãos competentes como a

FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental - no controle das atividades, e

aconselham solicitar estes documentos de licença na escolha de terceirizados na

prestação de serviços de recolhimento. Faz-se necessária uma pesquisa, em vários

sentidos (legais, ambientais, custos, qualidade, eficiência) na escolha da

organização, bem como o acompanhamento contínuo das atividades da empresa

contratada.

Observou-se também algumas dúvidas por parte das terceirizadas em relação

a escolha da classificação e órgãos norteadores para suas atividades. Como forma

de atender as duas instituições normativas, seguem-se as classificações do

CONAMA/ANVISA (Conselho Nacional do Meio Ambiente/ Agência Nacional de

Vigilância Sanitária) e da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). As

organizações acreditam que as duas formas estão corretas, pois classificam os

resíduos Classe I em A, B e E, que após o tratamento resultam em resíduos de

Classe II.

Numa visão geral e ampla, envolvendo atividades de (1) empresas geradores

de resíduos, (2) empresas terceirizadas, (3) meio ambiente, (4) governo e (5)

Page 72: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

72

sociedade, aponto alguns tópicos e questões importantes que necessitam reflexão

por parte desse sistema:

Questões ambientais: existe uma clara tendência de que a legislação

ambiental caminhe no sentido de tornar as empresas cada vez mais responsáveis

por todo ciclo de vida de seus produtos. Isto significa ser legalmente responsável

pelo seu destino após a entrega dos produtos aos clientes e do impacto que estes

produzem no meio ambiente.

Um segundo aspecto diz respeito ao aumento de consciência ecológica dos

consumidores que esperam que as empresas reduzam os impactos negativos de

sua atividade ao meio ambiente. Isto tem gerado ações por parte de algumas

empresas que visam comunicar ao público uma imagem institucional

“ecologicamente correta”.

Questões legais: atualmente verifica-se que algumas instituições apenas se

adaptam às imposições legais, sem haver necessariamente a preocupação com o

meio ambiente. A legislação, através de resoluções do governo, tem o propósito não

de apenas criar e impor a legislação, mas também fiscalizar e garantir o seu

cumprimento. Esta situação muitas vezes não ocorre, permitindo que algumas

instituições mal intencionadas operem na inconformidade.

Nesse sentido, para que haja a conformidade legal, todo gerador de resíduos

hospitalares deve elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de

Saúde – PGRSS, um documento que aponta e descreve as ações relativas ao

manejo de resíduos sólidos, observadas as suas características, no âmbito dos

estabelecimentos.

Redução de custo: as iniciativas relacionadas à logística reversa têm trazido

consideráveis retornos para as empresas. Economias com a utilização de

embalagens retornáveis ou com o reaproveitamento de materiais para produção têm

trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas. Além disto, os

esforços em desenvolvimento e melhorias nos processos de logística reversa podem

produzir também retornos consideráveis, que justificam os investimentos realizados.

Page 73: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

73

Uma das formas de explicar o constante aumento no interesse e utilização da

logística reversa seria entender a sua capacidade em contribuir com a administração

financeira e como a sua aplicação pode melhorar os resultados financeiros de uma

organização. É preciso lançar mão de uma visão unicamente financeira da logística,

olhando não apenas o curto prazo, mas sim os retornos que as medidas tomadas no

presente trarão num futuro.

Não se pode mais buscar estratégias que apenas garantam a sobrevivência

imediata. A longo prazo o alvo deve ser o crescimento, desenolvimento e a

conquista de novas e maiores fatias de mercado. Tal situação representa um desafio

que, para ser vencido, exige maiores esforços, internos e externos à organização,

uma vez que os clientes são mais exigentes e desejam um maior nível de serviço a

preços decrescentes. A logística pode contribuir em muito para melhorar a

performance da empresa como um todo e, em especial, seus resultados financeiros.

Riscos: como toda atividade que envolve resíduos e lixo, riscos encontram-se

embutidos. Impactos ocorrem no meio ambiente, bem como interferências ocorrem

na imagem da organização, no bem-estar e saúde humana, tanto do funcionário

como da comunidade em geral.

Sustentabilidade: a sustentabilidade relaciona-se a favorecer, cuidar,

conservar o uso sustentável de recursos para suprir as necessidades da geração

presente sem afetar a possibilidade das gerações futuras de suprir as suas. O

Desenvolvimento por sua vez caracteriza-se pelo processo dinâmico de melhora,

implicando em mudanças, evolução e crescimento da habilidade de sustentar. Cabe

então o investimento em tecnologias limpas de produção para garantirmos um

desenvolvimento contínuo de atividades. Hospitais, conhecidos por cuidar da saúde,

tendem a incentivar alternativas sustentáveis para cumprir seu propósito de

tratamento de doenças e incentivo ao bem-estar.

Treinamento e mudança de cultura organizacional: por ser um assunto

recente e que aos poucos vem se consolidando nas organizações, a logística

reversa, mais do que treinar, necessita formar. A consciência ambiental precisa ser

enraizada nas pessoas através da informação e treinamento para que a nível de

Page 74: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

74

organização, questões como sustentabilidade e correto uso de recursos, reflitam em

melhorias contínuas.

Em relação ao hospital em estudo verifica-se que o mesmo encontra-se em

concordância com questões legais e ambientais, atuando de forma a obedecer à

legislação e a proteger ao meio ambiente – pelo menos no interior da entidade -

havendo o repasse de resíduos que agridem o meio ambiente para empresas

terceirizadas. Tal fato não se justifica, uma vez que o próprio hospital é responsável

pelo lixo que produz, ou seja, há a conservação de um lado do processo, porém na

outra ponta não há como garantir que o mesmo ocorra.

O fator redução de custo ainda não pode ser notado na organização. O valor

pago aos profissionais para recolhimento dos resíduos é alto tendo em vista o

serviço que prestam, bem como dos materiais e ferramentas de uso diário

necessárias para o processo de segregação, acondicionamento e transporte interno

(mesmo a Vigilância Sanitária cedendo alguns materiais). Conforme citado, faz-se

necessário também um espaço físico, devidamente capacitado e planejado, de

modo a atender às exigências, demandando também custos mensais de

manutenção.

Entende-se que nessa fase de implementação da logística reversa nas

organizações, existem apenas gastos que até o momento não oferecem retornos

que justificam os investimentos realizados. Porém, essa situação tende a melhorar a

longo prazo com o surgimento ou implementação de novas estratégias e

tecnologias.

Ao término, sugere-se ao Hospital Beneficente Monte Alverne, como forma de

garantir o correto funcionamento do processo e preservação sustentável do meio

ambiente, acompanhar o trabalho das organizações ou exigir relatórios mensais por

parte das empresas terceirizadas responsáveis pela destinação final de resíduos.

Somente assim, os hospitais poderiam ter uma real noção do destino de seu lixo

hospitalar e verificar a também conformidade das organizações contratadas.

Page 75: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

75

8. CONCLUSÃO

Ao término do trabalho, pode-se concluir que a Logística desempenha um

papel fundamental na gestão empresarial como um todo, resultando num

gerenciamento eficiente e eficaz. Igualmente de suma importância nas organizações

e que se bem implantada traz retornos às entidades, a Logística Reversa é um

sistema relativamente novo nas instituições de saúde, porém que aos poucos sofre

mudanças de implantação, devido principalmente a questões ambientais, políticas,

questões sociais e econômicas, bem como da constante necessidade de redução de

custos e aumento da concorrência proveniente da diferenciação. Tais fatores têm

pressionado as empresas a se adaptarem ao novo modelo de gestão de resíduos

que resulta em ações de sustentabilidade para as futuras gerações e proteção ao

meio ambiente.

Esses conceitos encontram-se ainda em fase de implementação. Idéias

precisam ser amadurecidas e padronizações efetuadas para garantir o correto

funcionamento dos processos. Efetivamente no país não existe nenhuma legislação

que abranja a questão da logística reversa. O que existe são resoluções, como do

CONAMA, ANVISA e ABNT que norteiam o manuseio, segregação, armazenamento

e processo de destinação final de resíduos hospitalares. As normas e resoluções

encontram-se sobrepostas resultando numa falta de padronização e

consequentemente uma incorreta interpretação das informações por parte de

empresas geradoras de resíduos e das responsáveis pelo seu tratamento e

disposição final.

Outro agravante nesse processo é o fato de resíduos sólidos produzidos em

hospitais, devido sua patogenidade e condições infecto-contagiosas, não poderem

receber a mesma destinação que os demais lixos domiciliares, o que dificulta ainda

mais a correta destinação final dos resíduos sólidos do serviço de saúde por

demandar uma especial e particular maneira de descarte. Explicação essa, para a

terceirização desse processo por grande maioria das empresas que se iludem

quanto às responsabilidades envolvidos e custos atrelados. Os hospitais que

terceirizam esse processo pensam se esquivar da responsabilidade pelo lixo gerado

e consideram um bom negócio devido custo envolvido, porém, na prática, nenhum

Page 76: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

76

hospital pode garantir que seu lixo esteja tomando a correta destinação e que seu

dinheiro esteja sendo bem investido. Sem contar o fato de que os meios utilizados

para redução de carga de resíduos e disposição final, como por exemplo, a

incineração, não resultam em uma proteção eficiente ao meio ambiente, por lançar

na atmosfera gases tóxicos resultantes da combustão. Um incorreto ou ineficiente

gerenciamento de resíduos pode contaminar o solo, o ar e a água, gerando

prejuízos para a saúde humana e incontáveis alterações negativas no meio

ambiente.

Em se tratando de entidades de saúde, o manuseio do lixo hospitalar

necessita de cuidados especiais tanto da administração hospitalar quanto das

autoridades municipais, desde a sua produção até a destinação final. Os resíduos

merecem uma atenção especial em todas as fases em decorrência dos riscos graves

e imediatos que podem oferecer ao meio ambiente e à saúde do trabalhador.

Por falar em trabalhador, esse é outro ponto chave no processo de

segregação, acondicionamento e tratamento do lixo hospitalar. É preciso que os

profissionais recebam treinamento, uma vez que a mudança não é gerenciável e que

o princípio ambiental não está arraigado nas organizações. Como afirma Salomão

et. al (2004), o objetivo primordial da segregação não é apenas diminuir a

quantidade de resíduos infectantes que necessitam de tratamento para sua

disposição final, mas, sobretudo, desenvolver a cultura organizacional de segurança

e não desperdício.

"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois

passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que

eu caminhe, jamais a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso:

para que eu não deixe de caminhar". EDUARDO GALEANO, 1994, pg, 310.

As condições do atual momento demandam a busca de uma utopia, de uma

civilização fantástica e ideal. A definição de utopia é o termo perfeito para

encerramento deste estudo: um mundo ideal, possível tanto no futuro quanto no

presente, porém em paralelo. Consiste em idealizar não apenas um lugar, mas uma

vida, um futuro, numa visão contrária ao mundo real. O utopismo é um modo

absurdamente otimista de ver as coisas do jeito que gostaríamos que elas fossem.

Page 77: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

77

Em estudos futuros, sugere-se averiguar outros métodos e tecnologias que

alcancem resultados eficientes, bem como a identificação dos impactos que esses

métodos possam causar ao meio ambiente. Aponta-se também como objeto de

pesquisas futuras a questão dos resíduos nucleares, devido principalmente sua falta

de dados e informações, bem como a falta de empresas terceirizadas que prestem

esse tipo de serviço. Dessa forma poderemos obter uma visão mais completa das

reais condições a fim de beneficiar organizações, governo, sociedade e

principalmente, o meio ambiente.

Page 78: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

78

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR12809. Citações em

documentos: Apresentação. Resíduos de serviços de saúde; ABNT, Rio de Janeiro,

1993;

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais. Disponível em: < http://www.abrelpe.org.br/ >. Acesso em 27 de Março de

2011.

ALBUQUERQUE, Rosângela. Logística reversa dos resíduos de saúde. Disponível

em: <http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/logistica-reversa-dos-

residuos-de-saude/43973/>. Acesso em 13 de Maio de 2011.

ASHLEY, Patrícia. Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo:

Saraiva, 2003;

BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento,

organização e logística empresarial. 4. ed Porto Alegre: Bookman, 2001. 531 p;

BECKER, Dizimar Fermiano. Sustentabilidade: um novo (velho) paradigma de

desenvolvimento regional. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2002;

BOWERSOX, Donald J. CLOSS, David J. Logística empresarial: o processo de

integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001.

BRASIL, Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 283 de 12

de julho de 2001;

CAPRA, Frijot. Teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos.

São Paulo: Cultrix, 1996;

CERTO, Samuel C. Administração moderna. 9º Edição. São Paulo: Prentice Hall,

2003;

CLM – Council of Logistics Management. Disponível em:

<http://www.schiefer.com.br/logistica/ >. Acesso em 26 de Agosto de 2010;

Page 79: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

79

CHRISTOPHER, Martin. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos:

estratégias para a redução de custos e melhoria dos serviços. São Paulo: Pioneira,

1997;

DAMODARAN, Aswath. Avaliação de investimentos: ferramentas e técnicas para a

determinação de valor de qualquer ativo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001;

DIAS, M. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Editora

Atlas, 1993;

DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa. 2. edição. São Paulo: Atlas, 1999.

169 p;

DORNIER, Philippe-Pierre. Logística e operações globais: texto e casos. São Paulo:

Atlas, 2000. 721 p;

ELEUTÉRIO, J. P. de L. HAMADA, J. PADIM, A. F. Gerenciamento eficaz no

tratamento dos resíduos de serviços de saúde - Estudo de duas tecnologias

térmicas. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. Rio

de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008.

FORMAGGIA, Denise Maria. Desafio para o saneamento ambiental no terceiro

milênio. Rio de Janeiro: ABES, 1999;

GALEANO, Eduardo. Las pala palavras andantes. Uruguai: Siglo XXI, 1994;

GREENPEACE. Disponível em: <www.greenpeace.org.br>. Acesso em 15 de Maio

de 2011.

GUIA EXAME. Boa cidadania corporativa. São Paulo: Editora Abril, dezembro de

2005. 106 p;

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/>. Acesso em 27 de Março de 2011.

LACERDA, Leonardo. Logística reversa: uma visão sobre os conceitos básicos e as

práticas operacionais. COPPEAD, UFRJ, 2002. Disponível em:

<http://www.cel.coppead.ufrj.br/fs-public.htm> Acesso em 21 de Abril de 2011.

Page 80: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

80

LEITE, P. R. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo.

Pearson Education, 2006;

LEWIS, Sandra Barbon. Responsabilidade jurídica e social da empresa. Petrópolis:

Vozes, 2005;

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E.M.; Técnicas de pesquisa: planejamento e

execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e

interpretação de dados, 7º edição. São Paulo: Atlas, 2008.

MAY, Peter; LUSTOSA, Maria Cecília; VINHA, Valéria. Economia do meio ambiente:

teoria e prática. 3º edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003;

MCINTOSH, Malcolm. Cidadania corporativa: estratégias bem-sucedidas para

empresas responsáveis. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001;

MELO NETO, Francisco Paulo de; FROES, César. Responsabilidade social e

cidadania empresarial: administração do terceiro setor. Rio de Janeiro: Qualitymark,

1999.

MEYER M. M. Gestão ambiental no setor mineral: um estudo de caso. 2000.

Dissertação (Mestrado em engenharia da produção) – Universidade Federal de

Santa Catarina, Florianópolis.

MOURA, Maria. BITENCOURT, Claudia. A articulação entre estratégia e o

desenvolvimento de competências gerenciais. São Paulo: RAE-Eletrônica, 2006;

MOZACHI, Nelson. O hospital: manual do ambiente hospitalar. Curitiba: Manual

Real, 2007;

NOVAES, Antônio G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição:

estratégia, operação e avaliação. Rio de Janeiro: Campus, 2001;

PIRES, Silvio R. I. Gestão da cadeia de suprimentos (Supply chain management):

conceitos, estratégias , práticas e casos. São Paulo: Atlas, 2004.

Page 81: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

81

RIBEIRO FILHO, V. O. Gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. São

Paulo: Atheneu, 2000;

ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de estágio do curso de administração:

guia para pesquisas, projetos, estágios e trabalhos de conclusão de curso. São

Paulo: Atlas, 1996.

ROGERS, D S. e TIBBEN-LEMBCKE, R S. 1999, Going backwards: reverse

logistics trends and practices. Conteúdo disponível em:

<http://equinox.unr.edu/homepage/logis/reverse.pdf>. Acesso em 29 de Agosto de

2010;

SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI. São Paulo: Nobel, 1993;

SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de

dissertação. Florianópolis: LED/UFSC, 2000. 118p;

SOARES, Iede. Diagnóstico da produção de resíduos de serviço de saúde.

Congresso brasileiro de engenharia sanitária e ambiental. Foz do Iguaçú, 1997;

STOCK, James R. Reverse logistics programs. Council of Logistics Management,

Illinois, 1998;

TEIXEIRA, G. P. A Gestão dos resíduos de serviços de saúde no município de Juiz

de Fora – MG. GABES/MA – Seção Maranhão da ABES. VIII SEMINÁRIO

NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS. Responsabilidade Sócio-ambiental. Tema III

– Resíduos Sólidos – Gerenciamento/Manejo. 2006

UNIVERSIDADEDE SANTA CRUZ DO SUL. Normas para apresentação de

trabalhos acadêmicos. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2006.

WORLD BUSINESS COUNCIL FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT. Disponível

em < http://www.wbcsd.org/ >. Acesso em 22 de abril de 2011;

YIN, R. K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. Tradução de Daniel Grassi. 3º

edição. Porto Alegre: Bookman, 2005.

Page 82: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

82

ANEXOS

Page 83: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

83

ANEXO A: Organograma

Page 84: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

84

ANEXO B: Simbologia dos resíduos de saúde

GRUPO A: Risco Biológico GRUPO B: Risco Químico

GRUPO C: Material Radioativo GRUPO E: Coletor de Materiais Perfurocortantes

GRUPO D: Resíduos Comuns

Page 85: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

85

ANEXO C: Questionário aplicado às empresas.

QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO PARA EMPRESAS DE COLETA,

TRANSPORTE E DISPOSIÇÃO FINAL DE SERVIÇOS DE SAÚDE.

1) Tendo em vista que os RSSS (Resíduos Sólidos do Serviço de Saúde)

possuem disposições finais e processos específicos de tratamento, gostaria por

gentileza de saber os métodos que a empresa dispõe para tratamento de resíduos

hospitalares: (Assinale com “x”).

( ) Incineração ( ) Decaimento

( ) Autoclave ( ) Ionização

( ) Tratamento Químico ( ) Reciclagem

( ) Microondas ( ) Compostagem

2) A empresa possui método de tratamento para todos os resíduos? Em caso

de não ter, qual o procedimento adotado?

3) Qual a região de abrangência da empresa, quantidade de hospitais que

atende e qual a média mensal de resíduos recolhidos?

4) Como se dá a avaliação e controle das atividades desempenhadas pela

empresa? Existe algum órgão que controle ou fiscalize a organização prestadora do

serviço de coleta, transporte e disposição final de resíduos?

5) Em relação à classificação dos resíduos sólidos oriundos do serviço de

saúde, qual a forma de segregação adotada pela empresa? A organização utiliza

como órgão de norteamento para estas atividades a ABNT (Classificação de

Resíduos em Classe I, II e III) ou do CONAMA/ANVISA (Classificação em Grupos A,

B, C, D e E)?

6) De acordo com resoluções do CONAMA e ABNT os resíduos de GRUPO C

(substâncias radioativas que contém radionuclídeos) devem ser destinados a um

órgão específico para tratamento - o chamado CNEN. Como se dá o processo de

repasse destas substâncias a este órgão? Quais medidas e cuidados devem ser

tomados?

Page 86: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

86

7) Onde são depositados os resíduos hospitalares que não apresentam riscos

ao meio ambiente? Os mesmos são destinados a valas sépticas, lixões ou passam

por algum outro processo?

8) Em se tratando do transporte, qual a orientação que a empresa recebe em

caso de contaminação ou vazamento durante a movimentação de resíduos? Em

caso desse acontecimento, de que maneira a empresa procede?

9) Quais os principais riscos que a incorreta disposição final de resíduos

causa ao meio ambiente? E que danos podem acarretar a saúde do

colaborador/funcionário?

10) O que hospitais e demais organizações de saúde precisam avaliar para

saber se uma empresa prestadora de serviço de coleta de resíduos de saúde é

confiável?

11) A empresa autoriza a divulgação e citação de seu nome referente ao

presente estudo? (Assinale com “x”).

( ) Sim ( ) Não

12) Espaço livre para um observações ou possível comentário da empresa:

Page 87: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

87

ANEXO D: Relação de empresas contatadas para questionário.

1) Conesul Soluções Ambientais

Endereço: Avenida Independência, 860, 2º andar. Santa Cruz do Sul/ RS

Telefone: (51) 21072107. Responsáveis: Stefânia, Maiquel.

E-mail: [email protected]; supervisã[email protected];

Site: http://www.conesulrs.com.br/

2) Ambinew Coleta de Lixo Séptico Ltda.

Endereço: Rua Professor Cristiano Schmidt, 423. Santa Cruz do Sul/ RS

Telefone: (51) 81599001 ou (51) 81251882

E-mail: [email protected]

3) Aborgama do Brasil Ltda.

Endereço: Av. Cristóvão Colombo, 2360, Bairro Floresta, Porto Alegre/ RS

Telefone: (51) 30723602 ou (51) 30723603. Responsável: Flávia.

E-mail: [email protected]

Site: http://www.aborgamadobrasil.com.br/

4) Ambientuus Tecnologia Ambiental Ltda

Endereço: Rua Euclides Gomes de Oliveira, 60 e 70. Cachoeirinha/ RS

Telefone: (51) 3364-8688 ou (51) 3365-2254

E-mail: contato estabelecido pelo formulário presente no site da empresa.

Site: http://www.ambientuus.com.br/

Page 88: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

88

5) Telemonte Coleta e Transporte Ltda

Endereço: Arthur Renner, 502. Montenegro/ RS

Telefone: (51) 3632 2048

E-mail: [email protected]

Site: http://www.telemonte.com.br/

6) Via Norte Coleta e Transporte de Resíduos Ltda.

Endereço: Rua Dr. Gelson Ribeiro, 283, sala 2. Passo Fundo/ RS

Telefone: (54) 3312 0744. Responsável: Rudi

E-mail: [email protected]

Site: http://www.vianorteresiduos.com.br/

7) Ecolog Serviços Ambientais

Endereço: BR 471, Km 121, s/nº. Bairro Independência. Santa Cruz do Sul/RS

Telefone: (51) 30562395. Responsáveis: Jeane, Diego.

E-mail: [email protected]

Site: http://www.ecologambiental.com.br/

8) RTM Resíduos Especiais Ltda.

Endereço: Av. Borges de Medeiros, 1699. Santa Maria/ RS

Telefone: (55) 30256098 ou (55) 3025-5538. Responsáveis: Thiago, Áureo.

E-mail: [email protected]; [email protected];

Site: http://rtmambiental.com.br/

Page 89: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

89

ANEXO E: Contato estabelecido via e-mail com empresas coletoras de resíduos

Boa tarde,

Permita apresentar-me: meu nome é Ismael Buboltz, possuo 22 anos e sou

estudante de Administração da UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul/RS.

Estou desenvolvendo um trabalho em minha universidade (Trabalho de

Conclusão de Curso) que retrata o serviço desempenhado por sua empresa:

recolhimento de resíduos que por sua vez engloba o assunto “logística reversa

aplicada à área da saúde” – tema central de meu estudo.

Para tanto, gostaria encarecidamente e com todo respeito, verificar se a

empresa poderia responder ao questionário em anexo. Informo que se a mesma

não quiser divulgar seu nome, assim o farei.

Acredito ser uma grande chance de divulgar o trabalho de sua empresa para

a região e comunidade acadêmica, uma vez que nós, estudantes de Administração,

precisamos nos preocupar acerca da destinação final de resíduos produzidos por

nossas organizações. O objetivo deste estudo é verificar quais os serviços

oferecidos pelas organizações da região sul, verificando qual a diferenciação

existente entre as empresas.

Deixo à disposição meu telefone e contato da universidade para verificarem a

veridicidade do trabalho.

Qualquer dúvida estou à disposição.

Desde já o meu muito obrigado.

• Ismael Buboltz – estudante

[email protected]; [email protected];

Telefone: (51) 3704 1167, (51) 98211537 ou (51) 3704 1082

• UNISC – Dpto. de Administração. Com Prof. Rafael Frederico Henn

[email protected]; [email protected];

Telefone: (51) 3717 7362

Page 90: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

90

ANEXO F: Fontes geradoras de resíduos no Hospital Beneficente Monte Alverne

Quartos/Berçário/Banheiro Copa/ Cozinha

Bloco Cirúrgico/ Ambulatório/Emergência Enfermagem

Administração Jardim

Page 91: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

91

ANEXO G: Imagens externas do Hospital Beneficente Monte Alverne

Fachada Vista lateral

Estacionamento Horta

Depósito de Infectantes Lavanderia

Page 92: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

92

ANEXO H: Utensílios e ferramentas utilizados na coleta de resíduos

Lixeiras identificadas Caixas para perfurocortantes

Lixeira resíduos químicos Lixeiras para papel, plástico e lixo orgânico

Carrinho para transporte interno Tambores para maiores volumes

Page 93: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

93

ANEXO I: Depósito de infectantes

Depósito de Infectantes Identificação na porta

Freezer para peças anatômicas Placenta acondicionada no freezer

Lixo reciclável Perfurocortantes contaminados

Page 94: CURSO DE ADMINISTRAÇÃO · 2018-05-11 · Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito para avaliação

94

ANEXO J: Equipamentos de Proteção Individual - EPI

Fonte: Inteligência Ambiental

Equipamentos de proteção individual: calça, camisa (de preferência com

manga 2/3) de tecido resistente, luvas de PVC antiderrapante com cano longo,

máscara e gorro.