31
Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas MELHORIA NO PROCESSO DE TORNEAMENTO SEM A UTILIZAÇÃO DE FLUIDO REFRIGERANTE Fábio Tracci Itatiba – São Paulo – Brasil Novembro de 2005

Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

  • Upload
    vonhan

  • View
    219

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

Curso de Engenharia Mecânica

Automação de Sistemas

MELHORIA NO PROCESSO DE TORNEAMENTO SEM A

UTILIZAÇÃO DE FLUIDO REFRIGERANTE

Fábio Tracci

Itatiba – São Paulo – Brasil

Novembro de 2005

Page 2: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

ii

Curso de Engenharia Mecânica

Automação de Sistemas

MELHORIA NO PROCESSO DE TORNEAMENTO SEM A

UTILIZAÇÃO DE FLUIDO REFRIGERANTE

Fábio Tracci

Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Engenharia Mecânica – Automação de Sistemas da Universidade São Francisco, sob a orientação do Prof. Dr. Fernando César Gentile, como exigência parcial para conclusão do curso de graduação. Orientador : Prof. Dr. Fernando César Gentile

Itatiba – São Paulo – Brasil

Novembro de 2005

Page 3: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

iii

Melhoria no Processo de Torneamento sem a utilizaçã o do Fluido

Refrigerante

Fábio Tracci

Monografia defendida e aprovada em 30 de novembro de 2005 pela Banca

Examinadora assim constituída:

Prof Dr Fernando César Gentile

USF – Universidade São Francisco – Itatiba – SP.

Profa Dra Mírian de Lourdes Noronha Motta Melo

USF – Universidade São Francisco – Itatiba – SP.

Prof Mário Monteiro

USF – Universidade São Francisco – Itatiba – SP.

Page 4: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

iv

.Agradecimentos

Agradeço primeiramente ao Professor Fernando César Gentile, meu orientador, que acreditou

em mim e incentivou-me para a conclusão deste trabalho.

Alguns experimentos realizados no laboratório da Universidade e vários “esclarecimentos”

não teriam sido possíveis sem a colaboração de Celso de Godoy.

Eu agradeço fraternalmente a todos.

Page 5: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

v

Sumário

Resumo .....................................................................................................................................vi

1 Introdução .......................................................................................................................... 1 1.1 Objetivo......................................................................................................................... 1

2 Revisão Bibliográfica......................................................................................................... 2 2.1 Torneamento.................................................................................................................. 3 2.2 Materiais para Ferramenta............................................................................................. 4

2.2.1 Metal duro ..............................................................................................................4 2.3 Desgaste da Ferramenta ................................................................................................ 5

2.3.1 Desgaste da Ferramenta de Metal Duro .................................................................6 2.4 Fluidos de Corte ............................................................................................................ 7

3 Metodologia Experimental.............................................................................................. 10 3.1 Determinação da Ferramenta de Corte e do Material Utilizado.................................. 10 3.2 Dimensões do Corpo de Prova e Características da Ferramenta................................. 12 3.3 Definição dos Experimentos ....................................................................................... 12

4 Resultados e Discussão .................................................................................................... 15 4.1 Experimento Desenvolvido com as velocidades de 500, 1000 e 1600 RPM.............. 15 4.2 Experimento desenvolvido com as velocidades de 1000 e 1600 RPM....................... 17 4.3 Experimento realizado com a velocidade de 1000 RPM ............................................ 19

5 Conclusão.......................................................................................................................... 24

Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 25

Page 6: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

vi

Resumo

Para os processos de usinagem dos materiais utilizados nas industrias, utiliza-se uma

grande quantidade de fluido refrigerante visando obter produtos com maior qualidade e

propriedades mecânicas mais adequadas, tentando assim conseguir uma ascensão no mercado

atual. Entretanto, ao longo dos anos desvantagens foram surgindo com o uso excessivo dos

fluidos, resultando no aumento dos gastos das empresas e trazendo malefícios ao meio

ambiente e ao trabalhador. Um estudo foi desenvolvido para diminuir a quantidade utilizada

de fluido refrigerante, tendo em vista que 20% dos gatos de uma empresa de usinagem são

provenientes dos fluidos. Tentando assim, melhorar as condições de trabalho nas industrias

diminuindo as doenças geradas pelo processo devido a inalação dos fluidos por parte dos

trabalhadores e consequentemente reduzir os males causados ao meio ambiente. Para este

projeto de pesquisa ensaios foram desenvolvidos em um torno universal, usinando um aço

1045 laminado em operação de desbaste, nas velocidades de 500, 1000 e 1600 RPM, com um

avanço de 0,048 e 0,094 mm e profundidade de corte de 2 mm, utilizando uma ferramenta de

metal duro. Verificou-se que na maioria dos resultados obtidos consegue-se um melhor

acabamento superficial quando se usina sem a utilização do fluido refrigerante embora

aumente o desgaste da pastilha comparando-se com a operação de usinagem com a presença

do fluido refrigerante.

PALAVRAS-CHAVE: Usinagem, Torneamento, Fluido Refrigerante, Qualidade

Page 7: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

1

1 INTRODUÇÃO

A usinagem é um dos processos de conformação dos materiais mais utilizados nas

industrias em geral. Ao longo dos anos, estudos foram desenvolvidos com o intuito de se

obter um melhor acabamento superficial na peça, proporcionando uma melhora na qualidade

obtida nos processos de usinagem.

O fluido refrigerante foi uma das maneiras encontradas para se obter um melhor

acabamento e, conseqüentemente, conseguindo ótimos resultados para se obter uma vida mais

longa das ferramentas utilizadas nos processos. Porém algumas desvantagens foram surgindo

ao longo dos anos com a utilização excessiva dos fluidos, comprometendo, assim, o ambiente

de trabalho e aumentando os custos da empresa.

Com o surgimento de doenças aos trabalhadores, malefícios trazidos ao meio ambiente e

devido a elevados custos causados pelos fluidos refrigerantes, surgiu a necessidade de estudos

serem desenvolvidos para se obter uma melhora nos processos com a diminuição dos fluidos.

1.1 Objetivo

Este projeto de pesquisa tem como objetivo levantar as condições mais favoráveis de

usinagem, quando se elimina o fluido refrigerante em um processo de torneamento cilíndrico

de desbaste que se utiliza uma ferramenta de metal duro para usinar um aço ABNT 1045.

Visando obter um ótimo acabamento superficial com propriedades mecânicas adequadas sem

que comprometa a vida útil da ferramenta e gerando uma diminuição no custo do processo.

Page 8: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

2

2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA

A usinagem pode ser entendida como uma operação mecânica pela qual se da forma a

matéria-prima. Um conjunto de propriedades de usinagem de um material em relação a outro

é denominado usinabilidade, ou seja, o grau de dificuldade de se usinar um determinado

material. As propriedades de usinagem de um material são dadas pela vida da ferramenta, o

acabamento superficial da peça, os esforços de corte, a temperatura de corte, a produtividade e

as características do cavaco.[1]

A usinabilidade depende do estado metalúrgico da peça, da dureza, das propriedades

mecânicas do material, de sua composição química, das operações anteriores efetuadas sobre

o material e do eventual encruamento. Não depende somente das condições do material, mas

também das condições de usinagem, das características da ferramenta, das condições de

refrigeração e dos tipos de trabalhos executados pela ferramenta.[1]

Diversos estudos são realizados para se obter melhores condições de usinagem e para

melhorar a vida da peça que está sendo usinada, tanto superficialmente como para uma vida

mais longa.

O processo de usinagem possibilita atingir esses objetivos tendo como conseqüência o

acabamento de superfícies de peças fundidas ou conformadas mecanicamente, de modo a

obter-se melhor aspecto superficial e dimensões mais precisas; obtenção de peculiaridades,

impossíveis de conseguir pelos processos convencionais; fabricações seriadas de peças, a um

custo mais baixo; fabricação de uma ou poucas peças, praticamente de qualquer forma, a

partir de um bloco de material metálico.[2]

Nas operações de usinagem, uma certa quantidade do material das peças é retirado

pela ação de uma ferramenta, denominada ferramenta de corte, produzindo o cavaco, material

retirado devido aos esforços feito pela ferramenta. O numero de operações de usinagem é

muito grande, assim como é grande a variedade de máquinas e ferramentas disponíveis. De

um modo geral as operações de usinagem são, torneamento, aplainamento, furação,

mandrilamento, fresamento, serramento, brochamento, roscamento, retificação, e outros.

Page 9: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

3

2.1 Torneamento

O torneamento é a operação da qual um sólido indefinido é feito girar ao redor do eixo

da máquina operatriz que executa o trabalho de usinagem, ao mesmo tempo que uma

ferramenta de corte lhe retira material perifericamente, de modo a transforma-lo numa peça

bem definida, tanto em relação a forma como as dimensões.[2]

A Figura 2.1 representa as principais partes de um torno e seus movimentos. O torno

representado é chamado torno mecânico, paralelo ou universal, é o tipo mais comum e presta-

se a um grande número de operações de usinagem. O torno é constituído de uma base maciça

e rígida, para resistir a deformações e vibrações resultantes das operações de usinagem. A

peça a ser usinada é fixada numa placa de castanhas, suportada pela árvore principal que faz

parte do cabeçote fixo. A árvore principal é dotado de um movimento de rotação contínuo que

se transfere a peça, e assim sendo, é submetida a ação de uma ou várias ferramentas, de modo

a ter material arrancado. A árvore deve ser capaz de girar com velocidades periféricas

diferentes, as quais são estabelecidas em função do diâmetro das peças sob usinagem, do tipo

de acabamento desejado, do tipo de operação planejada (desbaste, acabamento etc), e do tipo

de material empregado.[2]

Figura 2.1 Torno Universal [2]

Page 10: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

4

2.2 Materiais para Ferramenta

Não existe uma classificação geral de materiais para ferramentas, eles são agrupados tais

como aço-carbono, sem elementos de liga ou com baixos teores de liga; aços rápidos; ligas

fundidas; metal duro e materiais cerâmicos. Os mais usados são os aços rápidos e o metal

duro, embora as ligas fundidas encontrem aplicações em certos setores onde se procura um

material mais duro que o aço rápido e menos frágil ou mais tenaz que o metal duro. Outros

materiais para ferramentas que poderiam ainda ser considerados são o diamante e os cermet,

estes últimos um misto de metal e material cerâmico . Ambos tem emprego limitado a casos

muitos especiais, inclusive com resultados práticos discutíveis.[3]

É obvio que a seleção de um material para ser utilizado em uma ferramenta de corte

depende de uma série de fatores, entre os quais podem ser mencionados os seguintes[4]:

- Material a ser usinado, natureza da operação de usinagem;

- Condição da máquina operatriz, forma e dimensões da própria ferramenta;

- Custo do material para a ferramenta;

- Emprego de refrigeração ou lubrificação;

Os materiais para ferramenta que constituem os grupos mais importantes são os aços

rápidos e o metal duro. O aço rápido reúne uma serie de requisitos, como alta dureza a frio e a

elevadas temperaturas, tenacidade e além de poder ser forjado, laminado e usinado. O metal

duro que se aplica na maioria das operações de usinagem de praticamente todas as ligas

metálicas conhecidas e o torna o material de usinagem mais importante, devido a combinação

de dureza a temperatura ambiente, dureza a quente, resistência ao desgaste e tenacidade.

2.2.1 Metal duro

É um produto criado a partir da metalurgia do pó, designado também usualmente

como carboneto de tungstênio sinterizado e um elemento aglomerante ou ligador, que se

trata de um metal do grupo do ferro, usualmente o cobalto, cuja função é aglomerar as

partículas duras dos carbonetos, sendo responsável pela tenacidade do material.[4]

As características gerais do metal duro como a dureza, tanto a temperatura ambiente

como a elevadas temperaturas, e a resistência a ruptura transversal, dado este que se utiliza

para avaliar a tenacidade, são as propriedades fundamentais que se exigem do metal duro

quando aplicado em ferramenta de corte. Outras características que são normalmente

controladas, pois afetam a capacidade de corte do material, são a porosidade e

Page 11: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

5

microestrutura, esta última tanto no que se refere ao tamanho de grão quanto a compressão,

a resistência ao choque, a resistência mecânica a quente.[3]

Para seleção do metal duro para uma determinada aplicação de usinagem está

relacionado com o tipo de material a ser usinado e com o tipo de cavaco que se forma

durante o processo.

Os cavacos contínuos, devido ao fato de se formarem em velocidades de corte maiores

e conseqüentemente a temperaturas de corte maior, e terem um contato mais longo com a

superfície de saída da ferramenta, originam uma soldagem e um desgaste maior nesta

superfície, a formação de cratera é bem maior que no caso dos cavacos de ruptura. O

fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando meios de evitá-lo ou

meios de desenvolver tipos de metal duro que resistam melhor a ação da produzição de

cavaco. [4]

2.3 Desgaste da Ferramenta

Considera-se como desgaste das ferramentas as quebras, trincas, sulcos distribuídos

em formas de pente e as deformações plásticas, que ocorrem no gume cortante durante a

usinagem.[1]

A ruptura da ponta ou da aresta cortante da ferramenta é originada pelas ações de

grandes forças de usinagem devido ao ângulo da ponta, material de corte quebradiço, corte

interrompido e parada instantânea do movimento de corte sem a retirada da ferramenta da

peça.[1]

As pequenas quebras da aresta cortante aparecem quando o material da peça

apresenta incrustações duras. Isto se da no emprego de pastilhas de material cerâmico e de

carbonetos duros, os quais são sensíveis a bruscas solicitações locais. Por outro lado,

ferramentas tenazes, com menos resistência a compressão, são menos sensíveis a quebra.

Porém essas ferramentas deixam reconhecer uma deformação na superfície de saída, ou

seja, na zona de contato cavaco-ferramenta, quando solicitadas a grandes esforços de corte,

alem de apresentarem uma vida inferior as anteriores.[3]

As trincas originadas pela variação de temperatura se formam principalmente nas

pastilhas de carboneto pouco tenazes. Dois fatores contribuem para a formação dessas

trincas:

Page 12: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

6

- Variações bruscas de temperatura

- Solda da pastilha no cabo da ferramenta

Durante a usinagem se desenvolve uma grande quantidade de calor, que é dissipada

em parte pela ferramenta. A região da ferramenta, na qual a temperatura é mais alta, pois

esta em contato com o cavaco. Em conseqüência disso, a ferramenta se dilata e se deforma

desigualmente. Nas ferramentas de metal duro este fato ainda se agrava, pois o coeficiente

de dilatação do metal duro é a metade do material de suporte.

2.3.1 Desgaste da Ferramenta de Metal Duro

Este desgaste é o resultado da ação de vários fenômenos distintos, dependendo da

natureza do material usinado e das condições de usinagem, predominará uma ou outra das

componentes do desgaste sobre as demais.

O conhecimento do mecanismo do desgaste é de grande interesse para o técnico, pois

permitirá uma seleção criteriosa das ferramentas mais indicadas e das condições de

usinagem. O comportamento do desgaste de uma ferramenta é melhor entendido com a

verificação da Figura 2.2 de desgate-velocidade de corte.

A figura 2.2 distingue seis componentes do desgaste de uma ferramenta e sugere um

diagrama que fornece informações qualitativas acerca da participação relativa de cada

componente no desgaste total, em velocidades de corte crescente.

Figura 2.2 Diagrama de velocidade de corte pelo desgaste da ferramenta

Em velocidades de corte baixas, o desgaste das ferramentas de metal duro é

relativamente elevado por causa do cisalhamento da aresta postiça de corte. Em velocidades

Page 13: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

7

de cortes maiores, o desgaste é causado principalmente pelos fatores cuja intensidade depende

da temperatura de corte, tais como a abrasão mecânica, a difusão intermetálica e a oxidação.

A aresta postiça de corte é constituída de partículas do material usinado que se

acumulam na superfície de saída da ferramenta. Esta aresta altera as relações geométricas da

formação do cavaco, desempenhando a função de aresta cortante. Isso só é possível graça ao

forte encruamento das partículas do material que constituem a aresta postiça de corte. O

desgaste da superfície de folga de uma ferramenta após um tempo de usinagem constante

varia em função da velocidade de corte. Distinguem-se duas regiões de formação da aresta

postiça:

a) região na qual as dimensões da aresta postiça crescem com o aumento da

velocidade de corte;

b) região em que as dimensões da aresta postiça diminuem com o aumento da

velocidade de corte.

Estas duas regiões distintas podem ser constatadas não somente através do desgaste da

ferramenta e das dimensões da aresta postiça, como também através do aspecto do cavaco

formado.[3]

A formação da aresta postiça não depende da ferramenta, mais sim do material usinado.

Diversos estudos comprovam, que o mecanismo de formação e do desaparecimento da aresta

postiça esta ligado a temperatura de corte. Uma maneira encontrada para se conseguir

trabalhar a altas velocidades sem que as elevadas temperaturas apareçam, é a utilização de

fluidos refrigerantes ou de corte.

2.4 Fluidos de Corte

São utilizados nos processos de usinagem dos metais, com o fim de lhe conferir alguma

melhoria.

A melhoria por sua vez pode ter caráter funcional ou econômico. A melhoria funcional

são aquelas que facilitam o processo, conferindo a este um desempenho melhor. Entre estas

melhorias:[3]

- Redução do coeficiente de atrito entre a ferramenta e o cavaco;

- Expulsão do cavaco da região de corte;

Page 14: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

8

- Refrigeração da ferramenta;

- Refrigeração da peça em usinagem;

- Melhor acabamento superficial da peça;

- Refrigeração da máquina-ferramenta.

As melhorias de caráter econômico são aquelas que induzem a um processo de

usinagem mais econômico. Entre estas melhorias:[3]

- Redução do consumo de energia de corte;

- Redução do custo da ferramenta na operação;

- Impedimento da corrosão da peça em usinagem.

Várias operações de corte, tem sua eficiência melhorada pelo uso de fluidos de corte,

com significativo aumento da produtividade e da qualidade das peças fabricadas. Os efeitos

nas operações de fabricação dependem das características próprias dos fluidos de corte e das

quantidades utilizadas, alem dos parâmetros relativos as condições de usinagem.

Recentemente, tanto os efeitos quanto a eficiência estão sendo intensamente avaliados

também pelo aspecto do impacto ambiental resultante da sua utilização.

Em contrapartida aos vários fatores positivos inerentes ao processo de usinagem

utilizando fluidos de corte, estes, apresentam-se como um dos principais agentes nocivos ao

homem e ao meio ambiente. Por esta razão, grandes esforços estão sendo realizados para

reduzir ou eliminar esta fonte de agressão. O desenvolvimento de formas não nocivas de

produção passa a ser fundamental importância para a humanidade, uma vez que este

procedimento ajudará a conter os atuais níveis de poluição mundial. As alternativas

tecnológicas experimentais, tem como finalidade otimizar o desempenho destes fluidos e

reduzir a sua influência negativa.

Alguns dados de pesquisa cientifica relacionados ao meio ambiente, concluíram que a

maioria dos problemas de poluição, são provenientes dos descuidos tecnológicos, de falta de

soluções no processo de fabricação e da conduta humana. Em muitos casos, os processos de

fabricação não são adequadamente limpos e produzem substâncias que poluem o ar, água e

solo.[6]

Page 15: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

9

Os lubrificantes e refrigerantes usados no corte representam até 20% do custo de

fabricação[6]. Por isso, devem ser analisados o uso exagerado destes fluidos e o método

conveniente de aplicação, para o emprego de formas adequadas de utilização e o incentivo da

reciclagem. Por desconhecimento de técnicas de aplicação e manuseio, muitas indústrias

ainda aplicam fluidos de corte em excesso, quando o uso poderia ser reduzido ou mesmo

eliminado.

Page 16: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

10

3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL

Para este projeto de pesquisa ensaios foram desenvolvidos em um Torno Universal de

marca Romi Tormax, modelo 20A com 1,5 metros de barramento entre pontos e que opera em

uma faixa de velocidade de 50 à 2500 RPM (conforme mostra figura 3.1), localizado no

laboratório da Universidade São Francisco.

Figura 3.1 – Torno Universal (Oficina Mecânica – USF)

Após analise em revisão bibliográfica definiu-se a ferramenta e o material a ser usinado

ao longo deste projeto de pesquisa conforme descrito abaixo.

3.1 Determinação da Ferramenta de Corte e do Material

Utilizado

Analisando o tipo de material para ferramenta, os possíveis tipos de desgaste e os

fluidos refrigerantes, verificou-se que a melhor condição de torneamento, na maioria dos

procedimentos é obtido com a utilização de uma ferramenta de metal duro, devido ser o

material mais importante na área de usinagem. Pois comparando entre os demais em função,

principalmente da velocidade de corte, nota-se independentemente do tipo de liga usinada que

Page 17: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

11

o metal duro é o material para ferramenta mais eficiente, pois possibilita velocidades de corte

mais elevadas como mostra a figura 3.2

Figura 3.2 Rendimento da ferramenta em função das velocidades de corte [3]

Foi verificado também que os desgastes das ferramentas de metal duro se dá em dois

casos, a baixas velocidades onde o desgaste é elevado por causa do cisalhamento da aresta

postiça de corte e a altas velocidades, causado pela temperatura elevada e abrasão mecânica.

Ficou definido então, que a ferramenta de metal duro é a mais propicia para o

desenvolvimento do projeto, e que tal ferramenta exposta a temperaturas elevadas tem um

desgaste significativo, e estas são atingidas quando entram em contato com matérias de

grande dureza. Assim sendo será utilizado um aço 1045, para que quando exposto aos

esforços necessários, não se obtenha temperaturas muito elevadas e se consiga eliminar a

quantidade de fluido refrigerante utilizada na operação para que se obtenha sucesso neste

projeto.

Page 18: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

12

3.2 Dimensões do Corpo de Prova e Caracter ísticas da

Ferramenta

Neste projeto de pesquisa foi utilizado para o processo de torneamento o material Aço

ABNT 1045 temperado na forma de barra cilíndrica com diâmetro de 38 mm (1 ½”), por um

comprimento de 400 mm. O diâmetro da barra foi mantido ao longo deste projeto para que

seja utilizado a mesma velocidade de corte, uma vez que a velocidade de corte está interligada

diretamente com o diâmetro da peça conforme mostra a fórmula da velocidade de corte.

Vc= π . ∅ . Velocidade (RPM)/1000

Para estes ensaios foi utilizada uma ferramenta de Metal Duro P200 da Seco Tolls

conforme características descritas abaixo:

- Máxima Profundidade de Corte de 2,5 mm;

- Para um avanço de 0,2 mm utilizar uma velocidade de 205 mm/min;

- Vida Útil da ferramenta de 20 minutos (para os parâmetros acima).

3.3 Definição dos Experimentos

Para este projeto de pesquisa foram desenvolvidos três experimentos. O primeiro

experimento foi realizado com velocidades de corte de 500, 1000 e 1600 RPM, escolhidas

para se analisar os resultados quando se usina com uma faixa de velocidade baixa, média e

alta. Foi considerado um avanço de 0,048 mm e 0,094 mm para cada uma das velocidades

escolhidas e, foi utilizada uma profundidade de corte de 2 mm para que não se tivesse um

grande esforço entre a superfície da peça e da ferramenta, sendo que para todas as variáveis

descritas acima foi considerando a usinagem com e sem o fluido de corte. Para este

experimento a barra de Metal Duro foi dividida em doze partes iguais conseguindo assim

ensaiar todas as combinações com os parâmetros descritos acima (conforme tabela 3.1),

visando verificar o melhor acabamento superficial. Após a primeira parte deste experimento,

uma das três velocidades de corte foi eliminada levando-se em conta apenas a análise do

acabamento superficial sem a utilização de nenhum equipamento de medida para que se

conseguisse desenvolver ensaios controlados e mais específicos com as outras duas

velocidades.

Page 19: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

13

Tabela 3.1 – Parâmetros utilizados no primeiro experimento

Sendo definidas as duas velocidades de corte que se obteve o melhor acabamento

superficial deu-se inicio ao segundo experimento, onde serão desenvolvidos três ensaios com

cada parâmetro (os mesmos parâmetros utilizados no primeiro experimento), para que se

possam obter conclusões mais precisas. Para este ensaio em específico, foi analisada as

condições de eliminação do cavaco e o acabamento superficial da peça, sendo o acabamento

superficial medido através de um rugosimetro elétrico da marca Perthem modelo Perthometer

M2Pi. (conforme figura 3.3)

Figura 3.3 – Rugosimetro Elétrico (Laboratório de Metalografia USF).

Page 20: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

14

Para se definir qual a melhor velocidade de corte após os ensaios descritos acima, para

que posteriormente possa ser verificado o desgaste da ferramenta em questão, retiram-se três

medidas de rugosidade para cada parâmetro, calcula-se a média aritmética para que se

verifique qual será o melhor acabamento superficial para as duas velocidades em análise,

sendo que para estas medições o rugosimetro foi configurado para medir um comprimento de

7,5 mm.

Após verificar qual foi a velocidade que obteve o melhor acabamento superficial para

os experimentos descritos acima, um último experimento foi desenvolvido para verificar a

possibilidade de se eliminar o fluido refrigerante. Para este experimento foram usinadas duas

barras cilíndricas, uma usinada com fluido e outra sem o fluido. A melhor condição de

usinagem será verificada após analise no processo de torneamento, na medição da rugosidade

da peça devido a este projeto de pesquisa visar um ótimo acabamento superficial e na análise

do desgaste da ferramenta, que foi verificada através de uma lupa da Sandvik para medição de

desgaste de ferramentas com capacidade de medição de 0,1 mm (conforme figura 3.4).

Figura 3.4 Lupa com escala para medição de desgaste de ferramenta

Page 21: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

15

4 RESULTADOS E DISCUSSÀO

Após os ensaios desenvolvidos foram obtidos os resultados sobre as melhores condições

de usinagem partindo da metodologia proposta neste projeto de pesquisa, segue abaixo a

descrição dos resultados dos três experimentos realizados.

4.1 Experimento Desenvolvido com as veloci dades de 500,

1000 e 1600 RPM

Este experimento foi elaborado com três velocidades de corte diferentes e envolvendo

os parâmetros conforme tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Parâmetros utilizados no primeiro experimento

Segue abaixo os resultados obtidos após realização de cada experimento:

- 500 RPM - Quando se usina nesta velocidade com as condições impostas neste

projeto, verifica-se que não existe diferença quanto a formação do cavaco com ou sem fluido

refrigerante, onde para um avanço de 0.048 mm se obtém um cavaco quebradiço e para um

avanço de 0.094 mm obtém um cavaco contínuo. Já para o acabamento superficial da peça,

Page 22: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

16

nota-se uma mudança quando se usina com ou sem fluido, obtendo um melhor acabamento

com a utilização do fluido refrigerante, embora ainda não se consiga um bom acabamento

superficial. Verificou-se também que para a operação com avanço de 0.094 mm a utilização

do fluido ajuda na remoção do cavaco obtendo uma melhora no processo de usinagem quando

se compara com a operação sem a utilização do fluido refrigerante.

Para esta velocidade de trabalho verificou-se que se consegue um melhor acabamento

superficial quando se usina com um avanço de 0.048 mm.

- 1000 RPM - Neste caso, obtém-se as a formação de um cavaco contínuo tanto

quando se usina com ou sem o fluido embora quando não se utiliza o fluido refrigerante temos

um cavaco amarelo e azulado devido ao não resfriamento do processo. Ainda observou-se que

o acabamento superficial obtido é melhor que a 500 RPM. Entretanto não existe uma

alteração significativa no acabamento superficial quando utiliza ou não o fluido refrigerante,

embora para um avanço de 0.048 mm obtém-se um acabamento superficial melhor sem a

utilização do fluido refrigerante.

1600 RPM – Para esta velocidade de corte verificou-se a presença de um cavaco

inteiriço em forma de espiral sendo que quando se usina sem o fluido refrigerante tem-se um

cavaco azulado para os dois avanços em questão.

Verificou-se também que aparentemente se consegue um bom acabamento superficial

com e sem a utilização do fluido.

Após os primeiros testes terem sido desenvolvidos (conforme figura 4.1) verificou-se

que para uma velocidade de 500 RPM obtém-se um acabamento superficial ruim comparando

com as outras duas velocidades. Ficou definido então para este projeto de pesquisa que a

velocidade de 500 RPM seria descartada devido ao acabamento superficial não satisfazer aos

parâmetros do projeto e para que ensaios específicos possam ser desenvolvidos com as

velocidades de 1000 RPM e 1600 RPM.

Page 23: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

17

Figura 4.1 – Barra usinada a 500, 1000 e 1600 RPM

4.2 Experimento desenvolvido com as veloci dades de 1000 e

1600 RPM

Para os ensaios específicos envolvendo as velocidades de 1000 e 1600 RPM ficou

definido (conforme descrito na metodologia experimental) que para cada parâmetro seria

realizado três experimentos para que se consiga melhores resultados, para um melhor controle

do resultado. Portanto foram utilizadas duas barras de aço (uma para cada velocidade)

conforme mostram as figuras a 4.2 e 4.3 com os parâmetros já definido na metodologia

experimental (Conforme Tabela 4.2)

Figura 4.2 – Barra usinada a 1600 RPM Figura 4.3 – Barra usinada a 1000 RPM

Page 24: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

18

Tabela 4.2 – Parâmetros utilizados no segundo experimento

Para este experimento, verificou-se que quando se realizavam os testes sem a presença

do fluido refrigerante havia dificuldade na remoção do cavaco tanto para a velocidade de

1000 RPM quanto para a velocidade de 1600 RPM e também ocorria a mesmo com a

mudança do avanço de 0.048 mm para 0.094 mm. Afetando assim o acabamento superficial

do produto, conforme mostra a figura 4.4. E já com o fluido refrigerante se conseguia eliminar

o cavaco com mais facilidade não comprometendo assim o acabamento superficial.

Figura 4.4 – Região da barra com a interferência do cavaco no acabamento superficial.

Após os testes terem sido desenvolvidos, realizou-se o experimento de medição de

rugosidade das duas barras para que se definisse qual seria a melhor velocidade juntamente

Page 25: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

19

com o avanço que teriam um melhor acabamento superficial para que no próximo

experimento fosse definido o desgaste da pastilha de corte.

A tabela 4.3 mostra os valores de rugosidade, Ra (média dos valores de rugosidades)

que foram medidos através do rugosimetro, sendo que para as linhas que estão em amarelo

teve a interferência do cavaco na medição.

Tabela 4.3 – Medidas de rugosidade do Aço 1045

Velocidade de 1000 RPM Velocidade de 1600 RPM

Avanço (mm) Nº Ra (Rugosidade-microns) Avanço (mm) Nº Ra (Rugosidade-microns)

1 1,59 1 1,18

2 0,91 2 1,09

3 0,85 3 1,70

4 0,84 4 0,84

5 0,98 5 3,48

0,048

6 0,93

0,048

6 0,70

7 0,58 7 0,78

8 0,51 8 0,65

9 0,52 9 0,76

10 0,47 10 0,64

11 0,67 11 0,99

0,094

12 0,56

0,094

12 0,90

Analisando os valores obtidos no experimento verificou-se que o melhor acabamento

superficial se dá quando se utiliza uma velocidade de corte de 1000 RPM com um avanço de

0.094 mm. Esta análise foi elaborada levando em conta o menor índice marcado pelo

rugosimetro, sendo que o rugosimetro mostra os valores médios de rugosidade da peça, e

também foram analisados os valores de rugosidade quando se usina com e sem a presença do

fluido refrigerante.

4.3 Experimento realizado com a velocidade de 1000 RPM

Após a definição dos parâmetros conforme descrito no item 4.2 um último experimento

foi desenvolvido para que se analisa-se o desgaste da ferramenta utilizada quando se usina

sem a presença do fluido refrigerante.

Segue a tabela 4.4 com a descrição dos parâmetros utilizados para o experimento de

usinagem com a velocidade de 1000 RPM.

Page 26: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

20

Tabela 4.4 – Parâmetros utilizados no terceiro experimento

Para este experimento utilizaram-se duas barras, em que as duas barras (conforme

figuras 4.4 e 4.5) seriam usinadas com a velocidade de 1000 RPM, avanço de 0.094 mm e

profundidade de corte de 2 mm, sendo uma usinada com a presença do fluido e a outra sem a

presença do fluido, isto para que se pudessem ser comparadas os experimentos quando se

utiliza ou não o fluido.

Figura 4.4 – Barra usinada sem fluido Figura 4.5 – Barra usinada com fluido

Para a usinagem da barra com a presença do fluido refrigerante verificou-se que a

presença do fluido é importante para a remoção do cavaco (conforme figura 4.6), sendo que

para estes parâmetros obtém-se um cavaco em forma de espiral.

Page 27: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

21

Figura 4.6 – Foto do processo de torneamento com utilização de fluido refrigerante

Verificou-se que para o processo de usinagem sem a presença do fluido refrigerante

tem-se dificuldade para a remoção do cavaco. No início do experimento o cavaco estava

saindo continuo e conseqüentemente prejudicava o processo e o acabamento superficial do

produto, devido a necessidade da ajuda manual para a remoção do cavaco conforme mostra a

figura 4.7

Figura 4.7 – Foto do início do processo de torneamento sem utilização de fluido refrigerante

Após aproximadamente 30 segudos de usinagem o cavaco começou a sair em forma de

espiral, facilitando o processo de usinagem. Verificou-se que o cavaco era parecido com o

cavaco observado no processo quando se utiliza o fluido refrigerante (conforme figura 4.8 e

4.9) entretanto com a cor amarelada, devida a ausência do fluido.

Page 28: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

22

Figura 4.8 – Cavaco (com fluido) Figura 4.9 – Cavaco (sem fluido)

Finalizados os experimentos de usinagem com e sem a presença do fluido refrigerante,

verificou-se o acabamento superficial das barras através de medições com o rugosimetro.

Comparando-se os processos de usinagem com e sem o fluido refrigerante, constatou que se

obtém um melhor acabamento superficial quando se usina sem a presença do fluido

refrigerante na velocidade de 1000 RPM e com avanço de 0.094 mm.

Após analisado o acabamento superficial das duas barras, verificou-se o desgaste das

pastilhas de metal através de uma lupa com escala, específica para medições de desgaste de

ferramenta.

Constatou-se, que para as operações de usinagem com a presença do fluido

refrigerante num período de 2 minutos de usinagem não se obteve desgaste da pastilha

conforme mostra figura 4.10. Para a operação de usinagem sem a presença do fluido

verificou-se a presença de uma trinca na ferramenta causada pela abrasão mecânica formada

entre a região de contato do cavaco e da peça conforme mostra figura 4.11, denominado

desgaste por abrasão.

Page 29: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

23

Figura 4.10 – Pastilha de Metal Duro após operação de torneamento com fluido refrigerante.

Figura 4.11 – Pastilha de Metal Duro após operação de torneamento sem fluido refrigerante.

Page 30: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

24

5 CONCLUSÃO

Após todos os experimentos desenvolvidos conforme descrito na metodologia

experimental, pode-se concluir que:

- Para uma velocidade de corte de 500 RPM não se conseguiu um bom

acabamento superficial usinando com uma profundidade de corte de 2 mm e

com os avanços de 0,047 e 0,098mm com e sem a presença do fluido

refrigerante. Isto, devido a profundidade de corte não ser apropriada para uma

operação de desbaste em baixa velocidade para estes parâmetros utilizados.

- Para uma velocidade de corte de 1600 RPM conseguiu-se um ótimo

acabamento superficial, entretanto conforme definido em metodologia

experimental não foi analisado o desgaste da ferramenta para esta velocidade,

tendo em vista que com a velocidade de 1000 RPM conseguiu um melhor

acabamento superficial.

- Para o processo de tornamento de desbaste do aço 1045 temperado com uma

velocidade de corte de 1000 RPM, um avanço de 0.094 mm e profundidade de

corte de 2 mm constatou-se que não foi possível eliminar o fluido refrigerante

devido a ferramenta sofrer um desgaste elevado por abrasão mecânica na forma

de lascamento (conforme figura 4.11), causado pela presença de carboneto no

processo, uma vez que com a eliminação do fluido refrigerante não ocorre o

resfriamento dos materiais, aumentando assim a temperatura de corte e

conseqüentemente se eleva a abrasão entre a ferramenta e a peça que está sendo

usinada. Para que se consiga eliminar o desgaste por abrasão é necessário

diminuir a velocidade de corte ou utilizar um ferramenta de corte com maior

resistência ao desgaste. Verificou-se ainda, que para estes parâmetros

consegue-se um acabamento superficial melhor quando se usina sem o fluido

refrigerante que com a presença do fluido.

Page 31: Curso de Engenharia Mecânica Automação de Sistemas ...lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/384.pdf · fenômeno de formação de cratera tem sido estudado, procurando

25

Referências Bibliográficas

1] Diniz,E.A; Marcondes,F.C; Coppeni,N.L. Tecnologia da Usinagem dos Materiais

2º edição ArtLiber, set.2000.

2] Chiaverini, Vicenti. Tecnologia Mecânica

1º edição Volume I Mcgraw-Hill.

3] Ferraressi, Dino. Fundamentos de Usinagem dos Materiais

Volume I Edgar Blucher Ltda.

4] Chiaverini, Vicenti Materiais para Ferramenta

Metalurgia ABM São Paulo.

6] MM Julho/2003. Tendências, utilização e aspectos ecológicos

C.A.D.Ramos e E.S.Costa. II Congresso Nacional de engenharia mecânica (Conem 2002)