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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Faculdade de Comunicação e Artes- FCA, Graduação em Publicidade e Propaganda
Gabriel Henrique Caputo
Isabela Ferreira Fontana
Italo de Lana Silva
Leandro Rodrigues Pereira
Priscilla Veazey Meira
CYNTILANTE PRODUÇÕES: Um estudo sobre o Teatro Musical Mineiro
Belo Horizonte Novembro de 2012
1
Gabriel Henrique Caputo
Isabela Ferreira Fontana
Italo de Lana Silva
Leandro Rodrigues Pereira
Priscilla Veazey Meira
CYNTILANTE PRODUÇÕES: Um estudo sobre o Teatro Musical Mineiro
Trabalho apresentado à disciplina
de Teoria e Pesquisa de Mercado e
Opinião do curso de Publicidade e
Propaganda da Pontifícia
Universidade Católica de Minas
Gerais.
Orientadora: Professora Lúcia
Lamounier Sena
Belo Horizonte Novembro de 2012
2
“As atenções voltaram-se para esse tipo de entretenimento e os musicais começaram a se tornar mais populares: vinham cerca de dois musicais por ano e havia duas grandes produtoras no segmento. Hoje, existem muitos produtores atuantes em teatro musical. Em 2012, teremos cerca de oito musicais somente em São Paulo. Estamos vivendo bons tempos, mas ainda tem muito pela frente, pois o brasileiro está se apaixonando cada vez mais pelo gênero e se interessando mais. Com isso, o mercado cresce e novos produtores começam a surgir. As produções também começam a ter maior porte e se tornam mais diversificadas, para todos os tipos de público. Isso é muito positivo. Esse mercado deve crescer cada vez mais no país e as empresas apoiarem cada vez mais essa arte.” ( MARQUES, Ricardo)
3
RESUMO
Este estudo de caso aborda a importância da patrocínio e apoio cultural das
empresas da iniciativa privada para a realização dos espetáculos da Cyntilante
Produções, produtora mineira especializada em Teatro Musical, detalhando e
esclarecendo definições sobre o teatro musical, como modalidade cultural, sua presença
e crescimento no Brasil, sobretudo em Belo Horizonte, e também explicar sobre
responsabilidade cultural das empresas e por fim buscar compreender estratégias de
comunicação para a capitação de recursos pela produtora perante a iniciativa privada.
Palavras Chaves: Cyntilante produções. Patrocínio Cultural. Responsabilidade Cultural.
Teatro Musical Mineiro. Broadway Theatre. Apoio Cultura. Fernando Bustamante.
4
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
IMAGEM 1 – Divulgação FIT BH.......................................................................................13
IMAGEM 2 – Cena do Musical “A Chorus Line"................................................................14
IMAGEM 3 – Musical “The Lion King”……………………………………………………….15
IMAGEM 4 – Musical “O Fantasma da Ópera"................................................................17
IMAGEM 5 – Musical “Um Violinista no Telhado".............................................................18
IMAGEM 6 – Musical “Milton Nascimento: Nada Será Como Antes”...............................18
IMAGEM 7 – Prêmio “Ato Musical”...................................................................................19
IMAGEM 8 – Musicais Mineiros........................................................................................21
IMAGEM 9 – Divulgação musical “Cabaret” em Belo Horizonte......................................22
IMAGEM 10 – Cyntilante Produções...............................................................................23
IMAGEM 11 – O diretor e produtor Fernando Bustamante..............................................24
IMAGEM 12 – Musicais Cyntilante Produções.................................................................25
IMAGEM 13 – Intervenções Teatrais Cyntilante Produções.............................................27
IMAGEM 14 – Reportagem “A Pequena Sereia” na Veja BH...........................................28
IMAGEM 15 – Reportagens sobre o C.A.M.A..................................................................29
IMAGEM 16 – Musical “Eu Não Sou Cachorro Não”.......................................................30
IMAGEM 17 – “A Criação do Homem” na Capela Sistina e o Mecenato Cultural..........34
IMAGEM 18 – Broadway Avenue em Nova York.............................................................35
IMAGEM 19 – Website musical “A Família Addams"......................................................38
IMAGEM 20 – Banco Bradesco patrocina “Cirque du Soleil"..........................................39
5
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Distribuição média dos gastos familiares.......................................................10
TABELA 2 – Distribuição das despesas segundo média mensal familiar...........................44
TABELA 3 – Gasto percentual com Lazer e Cultura por faixas etárias.............................45
TABELA 4 – Gasto monetário com Lazer e Cultura por faixas etária................................46
TABELA 5 – Gasto destinado à educação por faixa etária................................................47
TABELA 6 – Relação do aumento do passivo por faixa etária...........................................47
TABELA 7 – Relação da diminuição do passivo por faixa etária.......................................47
TABELA 8 – No de empresas investidoras e não-investidoras em cultura no Brasil.......49
TABELA 9 – Crescimento do número de empresas investidoras em cultura....................50
TABELA 10 – Estudo de gastos anuais com cultura pelo empresariado brasileiro...........51
TABELA 11 – Projetos culturais que recebem incentivo financeiro de empresas..............51
TABELA 12 – Investimento em cultura pelas empresas brasileiras públicas e privadas...52
TABELA 13 – Número de projetos culturais patrocinados pelo empresariado brasileiro..52.
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LISTA DE SIGLAS
CAL – Casa de Artes Laranjeiras
C.A.M.A. – Centro de Atividades Musicais e Artísticas
ECUM – Encontro Mundial das Artes Cênicas
ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing
FIT – Festival Internacional de Teatro de Palco e Rua
FJP – Fundação Joao Pinheiro
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IR – Imposto de Renda
NYFA – New York Film Academy
PIB – Produto Interno Bruto
Rio- SP – Rio de Janeiro – São Paulo
RJ – Rio de Janeiro
T4F – Time For Fun
TV – Televisão
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
7
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................08
2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO MERCADO E APRESENTAÇÃO DOS DADOS DE
BASE SECUNDÁRIA.............................................................................................09 2.1 Por que o entretenimento?.................................................................................09 2.2 . O Mercado de teatro no Brasil............................................................................11
2.2.1 Breve histórico e influências.............................................................................11 2.2.2 Adesão do Público e Panorama Atual ..............................................................11 2.2.3 O mercado de teatro em Minas Gerais.............................................................12 2.3 O Segmento de Mercado: Teatro Musical...........................................................13 2.3.1 Características do gênero.................................................................................13 2.3.2 Como veio ao Brasil..........................................................................................15 2.3.3 Adesão do público Brasileiro e panorama atual.............................................16 2.3.4 O Teatro Musical em Minas Gerais...................................................................20 2.4 A Empresa: Cyntilante Produções......................................................................24 2.4.1 Histórico..............................................................................................................24 2.4.2 Serviços prestados............................................................................................25 2.4.3 Presença nas mídias..........................................................................................27 2.4.4 Variáveis de mercado........................................................................................31 2.5 O Investimento Cultural no Brasil.....................................................................33
2.5.1 Porque investir na cultura................................................................................34 2.5.2 O patrocínio cultural no Brasil........................................................................34 2.5.3 Crescimento dos patrocinadores no Brasil.................................................. 37 2.6 Conclusões gerais sobre o mercado................................................................ 36 3. SEGMENTAÇÃO DE PÚBLICO...........................................................................41 3.1 Análise referencial de estudos na área da segmentação de público.............41 3.2 Análise estatística em segmentação de público..............................................43 3.2.1. Compreensão do target do entretenimento.................................................43 3.2.2. Compreensão do empresariado brasileiro...................................................48 4. LEVANTAMENTO DE DADOS PRIMÁRIOS- PESQUISAS DE OPINIÃO...........54 4.1 Dados técnicos do projeto.................................................................................54 4.2 Apresentação dos Resultados...........................................................................55 4.2.1 Público-alvo......................................................................................................55 4.2.2 Diretrizes de Comunicação.............................................................................56 4.2.2.1 Bloco I – Identificação de conceitos e investimento cultural...................56 4.2.2.2 Bloco II – Hipóteses sobre a capitação de patrocínios..............................58 4.2.2.3 Bloco III – O teatro musical ..........................................................................60 4.2.2.4 Bloco IV – Sugestão de campanha...............................................................61 4.3 Observações gerais sobre o roteiro de entrevista ...........................................62 5. CONCLUSÃO..........................................................................................................63 REFERÊNCIAS.............................................................................................................64 APÊNDICE....................................................................................................................66 GLOSSÁRIO.................................................................................................................71
8
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa foi desenvolvida na cidade de Belo Horizonte com o intuito de
identificar dados sobre o m8ercado do gênero de teatro musical em Minas Gerais e Belo
Horizonte e descobrir como esse segmento tem crescido na cidade. Queremos
compreender as dificuldades encontradas para o crescimento mais significativo desse
cenário, tomando-se por base o baixo interesse das empresas em patrocinar ou até
mesmo o apoio do governo em todas suas esferas em apoiar os espetáculos musicais de
Minas Gerais.
Para entender mais sobre este problema, estudamos a atuação das produtoras
artísticas no cenário teatral mineiro. No Brasil, a cultura para muitos é entendida como
privilégios para pessoas de alta renda. Mesmo o brasileiro tendo à oportunidade de
assistir espetáculos gratuitos que são realizados graças a Lei de Incentivo a cultura. A
questão é a sociedade aderir às artes cênicas como costume.
Nosso objeto de estudo será o entendimento desse mercado através de uma
pesquisa de base secundária e, também, uma pesquisa direta e focada sobre a empresa
Cyntilante Produções, empresa que já atua no mercado belo-horizontino desde 2005.
Tendo como propósito final a elaboração de uma campanha publicitária de
conscientização ao envolvimento da iniciativa pública e privada no investimento do
cenário cultural mineiro.
9
2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO MERCADO E APRESENTAÇÃO DOS DADOS DE BASE
SECUNDÁRIA.
Para uma correta compreensão da empresa Cyntilante Produções, buscou-se fazer
um levantamento do dados de base secundária desde noções gerais do entretenimento
como um ambiente/mercado macro onde a Cyntilante está inserida, direcionando para
uma compreensão do que é o Teatro Musical, desse mercado no Brasil e por fim em
Minas Gerais. Buscou-se também compreensão do patrocínio cultural no Brasil, bem
como das leis que incentivam esse tipo de ação de patrocínio.
2.1 Por que o entretenimento?
Nota-se claramente que, o entretenimento e a cultura no Brasil vêm sendo aplicado
cada vez mais, com mais investimentos principalmente por empresas, juntamente com
leis de incentivo para o desenvolvimento de atividades artísticas e culturais. É importante
ressaltar que, investir em entretenimento tornou-se uma atitude de grande importância
social agregando valores positivos, principalmente para crianças e adolescentes em
situação de risco social e constante assédio do tráfico de drogas, além de aliviar danos
causados pela pobreza.
Dentre inúmeras opções de entretenimento e lazer existentes hoje, as que
apresentam maior demanda são as que oferecem maior diversão e que sua realização
seja em menor tempo. Outro aspecto, apontado pelo website Cultura e Mercado, é de
que, com a flexibilidade e possibilidades de férias fragmentadas durante o ano, a busca
por opções de entretenimento torna-se cada vez mais frequente e apresenta grande
contribuição tanto para o visitante como para o receptor que por isso, tem mais chances
de oportunidades de emprego.
Pode-se dizer que as opções consideradas mais convencionais de entretenimento
são os parques, circos, shows, teatros, cinema, passeios, jogos, festas, Shopping Center,
TV, rádio, páginas de internet, jornais e revistas. No entanto, com o crescimento relevante
de investimentos e o comprovado sucesso, também lojas, lanchonetes, escolas,
universidades, hospitais, o próprio ambiente de trabalho e até mesmo igrejas e cemitérios,
estão preocupando-se em expandir cada vez mais neste sentido, visando alcançar
múltiplos aspectos positivos que o entretenimento propõe.
10
Segundo dados apontados pelo consultor de entretenimento Michael J. Wolf, foi
comprovado que o homem contemporâneo está disposto a gastar cada vez mais para ter
tempo livre para seu próprio conforto e entretenimento. Mais do que isso, segundo
levantamento do IBGE, o gasto com cultura, entretenimento e lazer tem crescido mais que
o gasto saúde ou vestuário.
De acordo com um levantamento feito pela TNS InterScience constatou-se que,
76% da classe média alta está concentrada no grupo A2 e o restante, 24%, no A1.
Entretanto, por conta da mudança de consumo, muitos se percebem como classe B. As
pessoas destes estratos sociais têm aproximadamente 36 anos e renda média familiar de
R$ 8,3 mil. A amostra é igualmente representada por casados e solteiros. Quase a
totalidade viaja a cada seis meses dentro do Brasil, 90% e para o exterior, 15% deles.
TABELA 1: DISTRIBUIÇÃO DOS GASTOS FAMILIARES
Tipo de gasto Porcentagem da renda
Alimentação 19%
Vestuário 13%
Lazer 12%
Moradia 11%
Educação 11%
Viagens 10%
Automóveis 10%
Investimentos 7%
Eletroeletrônicos 6%
Tabela 1: Distribuição média percentual dos gastos familiares | Fonte: Creci-SP
Por fim, buscamos ter uma compreensão correta do que se diz a respeito à cultura.
José Márcio Barros e José Oliveira Júnior (2011) tratam a cultura como um processo
dinâmico, um processo tal qual sugerido pela antropologia onde o homem atribui sentidos
ao mundo estabelecendo códigos através dos quais organizam-se pessoas, grupos e
sociedades. José Márcio Barros e José Oliveira Júnior (2011) organizam as atividades
culturais nas seguintes áreas artísticas: música, artesanato, dança, teatro, manifestações
tradicionais populares, artes plásticas, literatura, patrimônio, conservação e restauração,
11
gestão cultural, fotografia, cinema, circo e vídeo.
2.2 O Mercado de teatro no Brasil
Buscou-se fazer análise do teatro no brasil. Histórico resumido, principais
influencias, adesão e receptividade do público, formação de plateias, festivais teatrais e
por fim, um recorte sobre o teatro no estado de Minas Gerais.
2.2.1 Breve histórico e influências
Segundo o portal “Artes Cênicas” do website “Brasil.gov”, o teatro brasileiro surgiu
quando Portugal começou a fazer do Brasil sua colônia no século XVI. Os Jesuítas, com o
intuito de catequizar os índios, trouxeram não só a nova religião católica, mas também
uma cultura diferente, em que se incluía a literatura e o teatro. Aliada aos rituais festivos e
danças indígenas, a primeira forma de teatro que os brasileiros conheceram foi a dos
portugueses, que tinha um caráter pedagógico baseado na Bíblia. Nessa época, o maior
responsável pelo ensinamento do teatro, bem como pela autoria das peças, foi Padre
Anchieta.
O teatro realmente nacional só veio se estabilizar em meados do século XIX,
quando o Romantismo teve seu início. O portal “Artes Cênicas” aponta Martins Pena foi
um dos responsáveis pôr isso, através de suas comédias de costumes. Outros nomes de
destaque da época foram: O dramaturgo Artur Azevedo, o ator e empresário teatral João
Caetano e, na literatura, o escritor Machado de Assis. O website ainda destaca também
uma grande influência estrangeira no teatro brasileiro dessa época, dentre nomes mais
citados estavam os de Molière, Voltaire, Maffei, Goldoni e Metastásio.
Por fim, no portal “Artes Cênicas”, relata que com o Golpe Militar em 1964, as
dificuldades aumentam para os diretores e atores de teatro. A censura faz com que muitos
artistas tenham de abandonar os palcos e exilar-se em outros países. Restava às
gerações futuras manterem vivas as raízes já firmadas, e dar um novo rumo ao novo
estilo de teatro que estaria para surgir.
2.2.2 Adesão do Público e Panorama Atual
“No Brasil, infelizmente, algumas pessoas costumam dizer que cultura é privilégio
de ricos. Estamos caminhando para uma plateia mais diversificada e crítica”. Observa
12
Carla Lins – professora de Artes Cênicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) em 2010 em uma matéria postada no blog “O Bar de Papo”. Lins confirma a
presença de pessoas das mais variadas classes sociais em eventos teatrais em todo o
país. Afirma que estamos progredindo, “a plateia está aprendendo não só a assistir
espetáculos, mas como se faz teatro”. Atualmente o artista sobe no palco com a cobrança
de uma plateia mais atenta e exigente.
A Promoção de festivais e popularização do teatro, como exemplo, Juiz de Fora -
MG, que por alguns anos abraça esta causa, dá possibilidade a todos os seus cidadãos
assistir diversos estilos teatrais, julgamento e formatação do espetáculo (montagens de
cenários, iluminação e etc.) com preços acessíveis e até mesmo gratuitamente. Isso
ocasiona um maior conhecimento à plateia, deixando-a familiarizada com os atos e
interpretações.
O ex-Secretário de Cultura, e também organizador do FACE (Festival de Artes
Cênicas) de Conselheiro Lafayete, o Sr Geraldo Lafayette afirma também na matéria
postada no blog “O Bar do Papo”, publicada em 2010, que poucas são as pessoas que
possuem olhar técnico num espetáculo, no entanto, encontramos algumas “figuras
carimbadas”, que possuem uma visão crítica, tais como artistas, diretores, produtores e
agora algumas pessoas que pagam seus ingressos. “Não é por causa de dinheiro, o
teatro está ao alcance de todos com preços bem interessantes, o que falta é a plateia
aderir às artes cênicas como um costume”, Lafayette acrescenta.
2.2.3 Mercado do Teatro em Minas Gerais
O Teatro Mineiro, segundo publicado na edição online do Jornal “O Tempo”, hoje é
considerado um dos mais importantes do Brasil. Isso se confirma com a quantidade de
espetáculos de outros estados que fazem suas estreias aqui. Na verdade Minas Gerais se
tornou um termômetro para a produção de artes cênicas. Além da qualidade dos
profissionais aqui do estado, minas exporta uma quantidade significativa de atores para o
eixo Rio – São Paulo, onde estão localizadas as grandes produtoras novelísticas
brasileiras. O teatro mineiro tem uma participação efetiva no cenário nacional. O website
do Encontro Mundial das Artes Cênicas (ECUM) relata que, em Minas, há peças que
batem recordes de público, além de profissionais premiados em todo o circuito brasileiro.
O website ainda informa que Minas Gerais, através de sua capital, recebe diversos
festivais importantíssimos para a produção cultural mineira, como a Campanha Anual de
Popularização do Teatro e da Dança, o FIT, e o próprio ECUM, que é realizado de dois em
13
dois anos.
IMAGEM 10: Divulgação do FIT, Festival Internacional de Teatro, 2012 | Disponível em: http://www.zoocomunicacao.com.br/blog/category/fit-bh/
Outro evento já tradicional em Belo Horizonte é o FIT, Festival Internacional de
Teatro Palco e Rua de Belo Horizonte. O FIT é realizado pela prefeitura em parceria com
a Fundação Municipal da Cultura e segundo seu website, 38 grupos artísticos de
diferentes países já tiveram presença no evento, que no ano de 2012 realizou sua 11ª
edição. O foco do evento é reforçar o teatro de rua em sua programação, dessa forma,
acreditam seus idealizadores, despertar a atenção do belo-horizontino para as inúmeras
possibilidades de apropriação coletiva do espaço público e quebrar barreiras para a
difusão cultural.
2.3 O Segmento de Mercado: Teatro Musical
Levantamento de características e definições sobre a modalidade cultural do Teatro
Musical para assim entendermos sua penetrância no mercado brasileiro. Como chegou ao
Brasil, como se encontra hoje perante o público, receptividade do público e por fim,
recorte específico para o entendimento dessa modalidade cultural no estado de Minas
Gerais e Belo Horizonte.
2.3.1 Características do gênero
O Teatro musical, como descreve Michael Kantor, em seu livro “Broadway: The
14
American Musical” é uma forma de teatro que combina interpretação, música, dança e
diálogos falados. É similar à ópera e ao cabaré, no entanto existem aspectos particulares
que diferenciam o Musical dessas outras expressões artísticas. Existem três componentes
para um musical: A música, interpretação teatral e o enredo. O enredo de um musical
refere-se à parte falada (não cantada) da peça; entretanto, o "enredo" pode também se
referir à parte dramática do espetáculo. Interpretação teatral se relaciona as performances
de dança, encenação e canto. A música e a letra juntas formam o escopo do musical; as
letras e o enredo são frequentemente impressos como um livreto. A música é o grande
diferencial desse gênero teatral e tem o papel de contar a história, não apenas de ser um
apêndice, e sim a linguagem predominante pelo qual a história será contada/cantada,
dessa forma Teatro Musical e Teatro Musicado são coisas distintas.
IMAGEM 2: Cena do musical “A Chorus Line”. Elenco do Revival de 2007 na Broadway. | Disponível em: http://cerritosink.blogspot.com.br/2011/01/chorus-line-january.html
Kantor descreve a origem desse gênero de teatro ao relatar suas influências. O
teatro musical tem sua influencia no "Vaudeville Inglês" (que era uma espécie de show de
variedades) e nos "Menestrel Shows", a junção dessas características foi feita em Nova
York no final do século 19. Até hoje Nova York é o grande polo de produção de musicais,
pelos conhecidos espetáculos da Broadway. Nos Estados Unidos outras produções locais
ainda ganham destaque, produções da Broadway entram em turbe e isso faz desse o país
de maior produção em Teatro Musical e uma fonte de inspiração com padrão de qualidade
agregado. Michael Kantor, em seu livro “Broadway: The American Musical” ainda cita Na
West End, em Londres como um segundo pólo de produção em Teatro Musical, sendo
conhecida como a Broadway Européia. Kantor ainda comenta, que o processo de
globalização decorrente na década de 90, gerou fortes influencias no Teatro Musical
15
através das franquias. Hoje em dia, as franchises, as franquias internacionais, são uma
extensão de musicais da Broadway e também da West End, ao proporem montagens em
países como: Alemanha, Argentina, Austrália, França, Itália e até mesmo no Brasil.
IMAGEM 3: O musical “The Lion King” (“O Rei Leão”), montado originalmente na Broadway em 1997 já teve franquias do musical em Tóquio, Londres, Toronto, Los Angeles, Syidney, Seol, Paris, Madri e estreia no Brasil em 2013 . | Disponível em: http://www.tumblr.com/tagged/the-lion-king-broadway
2.3.2 Como veio ao Brasil
Segundo publicação do Centro Cultural Banco do Brasil, “O Teatro Através da
História” (1994), o teatro musical no Brasil se originou, mais precisamente, por volta de
1859, com a fundação do Alcazar Lírico por artistas franceses, no Teatro Ginásio do Rio
de Janeiro. O espetáculo chamou-se “As Surpresas do Sr. José da Piedade", de
Justiniano de Figueiredo Novaes. Inovando as peças teatrais, transformando-as em
operetas e ações curtas, todas de caráter satírico de inspiração do Vaudeville Inglês, o
teatro musicado tornou mais acessível o teatro ao grande público.
Composto de diversas influências nascia assim o teatro de revista brasileiro,
gênero de espetáculo característico do Rio de Janeiro. Nesta primeira fase, a publicação
do Centro Cultural Banco do Brasil conta que o teatro de revista, como era chamado, não
exigia uma linha narrativa, os artistas deviam estar aptos a fazer performances diferentes
esferas artísticas e seguir a regra de ela ser obrigatoriamente elegante e bonita, e ele
alegre e malandro, colocando um toque de sátira em cada frase e em cada nova
seqüência do espetáculo. O teatro de revista brasileiro se caracterizou como um veículo
de difusão de modos e costumes, um retrato sociológico da época, com peças alegres,
falas irônicas e de duplo sentido, e finalmente canções "apimentadas" e hinos picarescos,
16
gênero do qual Arthur Azevedo mais se apropriou para criar os enredos de suas peças de
teatro de revista.
Com ele se deu o apogeu das paródias burletas do teatro. A linguagem é marcada
pela valorização do texto em relação à encenação e a dança, com uma crítica de
costumes apimentada e cheia de versos e personagens alegóricos. Nas revistas
apresentadas ao início de cada ano, apresentava-se o resumo cômico do ano anterior, as
cenas curtas eram representadas por um grupo de personagens que falavam sobre os
acontecimentos reais enquanto andavam pelas ruas do Rio de Janeiro, os teatros, o
jóquei ou mesmo na imprensa, à procura de alguma coisa que revelasse o humor.
2.3.3 Adesão do público brasileiro e panorama atual
Segundo mostrado no website “Cultura e Mercado”, o Teatro Musical possui um
terreno fértil para o crescimento no Brasil. Em 1999, quando a franquia de "Rent" estreou
no Brasil montada nos moldes da Broadway o Teatro Musical viveu um "boom" que tem
perdurado até hoje, sendo assim, o Brasil já é considerado o terceiro país que mais se
produz musicais. O sucesso, segundo o produtor Charles Möeller é em resultado de um
mercado que tem emplacado em função da adesão do público, os brasileiros hoje, já
somam o segundo maior publico de turistas na Broadway.
Segundo informações da edição online do jornal “O Tempo”, montagens cada vez
mais ousadas chegam ao eixo Rio-SP, algumas delas são produções autorais e inéditas,
sendo que a maioria ainda são as franquias internacionais, que tem ganhado o
reconhecimento internacional devido à qualidade dos artistas brasileiros. O musical abriu
espaço para um entretenimento seguro e que assegurou o sucesso do gênero que já
perdura por mais de uma década no país, de acordo com o produtor Charles Möeller, um
dos mais importante dos Brasil, segundo o jornal “O Tempo”, após de um período no
teatro brasileiro nas décadas de 80 e 90 onde se predominou o teatro de
experimentalismo que afastou o público do teatro, por esse focar-se mais na pesquisa do
ator e não na adesão do público. Segundo o portal da revista “Meio e Mensagem”, o
faturamento da Aventura Produções, produtora de “Hair”, “Um Violinista no Telhado” e
“Mágico de Oz” tem estimativa de elevar seu faturamento de R$ 37 milhões, do ano
passado, 2011, para significativos R$ 52 milhões, de acordo com seus projetos para o
longo do ano de 2012.
Atualmente uma das maiores produtoras no país é a T4F (Time For Fun), que
trouxe montagens de franquias de musicais como "O Fantasma da Ópera", "A Bela e a
17
Fera", "Cats", "Mamma Mia" e o mais recente: "A Família Addams", cuja temporada em
cartaz já se estende pela segunda vez em São Paulo e como já tem temporada agendada
no Rio de Janeiro em 2013. Em entrevista à Meio e Mensagem, Stephanie Mayo, diretora
de Family Entertainment da T4F, diz que em 2001, eles iniciaram esse mercado no Brasil.
Stephanie comenta que a T4F contribuiu para a formação de uma equipe técnica
capacitada, de artistas talentosos ao longo dos onze anos de produções formamos
talentos comentando também que o acesso aos musicais se democratizou, com a
inserção da nova classe média, o público aumentou e não o Teatro Musical no Brasil
passou a não ser algo mais somente da elite. A diretora também comenta na mesma
entrevista a “Meio e Mensagem” que a T4F que para escolha dos títulos que ganharão
versões no Brasil, são feitas pesquisa para entendimento do público brasileiro e sua
recepção ao possível espetáculo.
IMAGEM 4: Capa do CD da versão brasileira de “O Fantasma da Ópera”,protagonizado por Saulo Vasconcelos e Kiara Sasso, dois grandes nomes do Teatro Musical Brasileiro. Foi produzido pela T4F em 2005 | Disponível em: http://www.tumblr.com/tagged/saulo-vasconcelos
Nesse crescimento, surgiram também mais produções nacionais, produções
criadas à partir do zero, como é mencionado em reportagem da revista “Meio e
Mensagem”, abril de 2012, sobre o crescimento do Teatro Musical no Brasil. Outras
produtoras têm investido no gênero, como a XYZ Live, Kabuki Produções, Tumura
Produções, Chaim Produções, Geo Eventos, 4Act, Aventura Produções e a MB (dos
produtores Charles Möeller e Cláudio Botelho). Essas produtoras têm comprado as
franquias internacionais, como "Cabaret", "Hair", "Priscilla: A Rainha do Deserto",
"Godspell" e "Um Violinista no Telhado". Ou investido em composições próprias, como em
“Tim Maia- Vale Tudo” e o recente “Milton Nascimento-Nada Será Como Antes” e o
público tem sido receptivo em ambos os casos. O diretor geral de eventos da Geo
18
Eventos, Leonardo Ganem, afirma em entrevista a revista Meio e Mensagem, que o
crescimento do Teatro Musical vem de alguns anos já e é impulsionando pela classe C,
fomentando assim o mercado e possibilitando o surgimento de novas produtoras.
IMAGEM 5: Musical ¨Um Violinista no Telhado”, protagonizado pelo ator global José Mayer, produzido pela Aventura Produções.| Disponível em: http://www.unibes.org.br/noticias.php?id=54
IMAGEM 6: Musical ¨Milton Nascimento: Nada Será Como Antes”, musical inédito e não franqueado produzido pela dupla Charles Möeller e Cláudio Botelho | Disponível em: http://vejario.abril.com.br/arte-e-cultura/veja-rio-recomenda/veja-rio-recomenda-699440.shtml
Escolas de formação em Teatro Musical também tem surgido no Brasil. O
TeenBroadway, dirigido e fundado por Maiza Tempesta, com 15 anos de existência, foi o
pioneiro no Brasil, segundo consta no website da escola, a oferecer cursos que lecionam
canto, dança e interpretação. A fundadora Maiza Tempesta, que é atriz, cantora e
19
bailarina, percebeu na época da formação do grupo, segundo informações do website, a
ausência de um espaço no Brasil de uma escola que fornecesse uma formação
profissionalizante em Teatro Musical justo quando começava-se esboçar o cenário
nacional para a entrada das grandes produções de franquias de musicais. Além do
TeenBroadway há ainda no Brasil, segundo o blog “Bê a Broadway” , o CAL (Centro de
Artes Laranjeiras- RJ), Escola de Atores Wolf Maya (SP), Casa de Artes OperÁria (SP),
SENAC (SP), Espaço 10x21 (SP), Oficina de Menestreis (SP), 4 Act Performing Arts (SP),
OPSIS Casa de Artes Dramáticas (SP), Voz Plena (RJ), ABTM (Academia Brasileira de
Teatro Musical- SP) e Escola de Teatro Musical de Brasília (DF).
O website brasileiro “Mr. Zieg”, especialista em trazer comentários, notícias e
artigos sobre Teatro Musical no Brasil e no Mundo, aponta que a grande adesão do
público brasileiro tem fomentado o grande número de produções no país, só em 2012,
foram 18 espetáculos que lotaram os principais teatros no eixo Rio-SP, sem mencionar os
musicais que excursionaram, por algumas capitais. Esse “boom” do gênero foi favorável
para o surgimento de cursos profissionalizantes em Teatro Musical, a construção de novos
teatros, bem como a reforma de outros, para que pudessem estar mais bem preparados
para atenderem as especificidades da produção de uma musical e também uma
premiação exclusiva para o gênero.
IMAGEM 7: Premio Ato Musical, uma iniciativa de reconhecimento aos profissionais do Teatro Musical brasileiro.| Disponível em: http://macproducao.com.br/
O Ato Musical será a primeira premiação focada no Teatro Musical brasileiro,
prometendo ser uma versão dos Tony Awards que acontece na Broadway Americana. Em
entrevista para o Mr. Zieg, a diretora de produção do evento, Ana Carolina Medeiros,
juntamente com Ricardo Marques, idealizador do evento, contaram que a ideia de propor
uma premiação vem de um processo que já dura há três anos, onde se percebeu o
crescimento significativo do gênero e surgiu então a vontade de valorizar o Teatro Musical
Brasileiro e seus profissionais envolvidos formando assim uma opinião crítica
20
especializada, um elo entre os produtores visando a formação de “um público mais
assíduo que estimule a produção de espetáculos de altíssima qualidade”.
O website Mr. Zieg também apresenta outro marco para a consolidação da
produção de Teatro Musical no Brasil. A New York Film Academy (NYFA), que hoje é uma
das instituições mais renomadas, segundo o website da NYFA, em formação nas áreas de
cinema, teatro musical, fotografia e animação digital, presente em várias cidades com
Nova York, Los Angeles, Orlando, Londres, Paris, Florença, Pequim e Abu Dabhi, em
parceria com a CAL trará ao Rio de Janeiro, no início de 2013 dois de seus workshops de
curta duração, a saber : “Filmaking” e “Musical Theather”. O curso “Musical Theather”,
segundo o portal Mr. Zieg, será um curso prático e intensivo onde os alunos poderão
aprimorar suas habilidades em teatro musical com um corpo docente profissional da
Broadway.
2.3.4 O Teatro musical em Minas Gerais/BH
Se no eixo Rio-SP o cenário é cada vez mais promissor, ele ainda apresenta-se
tímido em Belo Horizonte e em todo o estado de Minas Gerais, segundo apontado pela
edição online do jornal “O Tempo”. Os festivais culturais que promovem, arte, música,
dança e outras manifestações artísticas são cada vez mais comuns na cidade como o
Festival Internacional de Teatro, Palco e Rua (FIT-BH), o Festival Internacional de Teatro
de Bonecos, o Festival Internacional de Dança (FID), o Festival Internacional de Corais
(FIC). Além desses, a Campanha de Popularização do Teatro e da Dança acontece nos
meses de janeiro e março, quando dezenas de peças teatrais são oferecidas a preços
populares à população, levando um grande número de pessoas aos teatros da capital
mineira.
No campo específico dos musicais, Minas Gerais, tem seus fortes alicerces nos
espetáculos da Cyntilante Produções, nosso objeto de estudo, e de nomes como Pedro
Paulo Cava e do ator e músico Maurício Tizumba. Esses profissionais da área vêem um
terreno promissor a ser explorado na cidade, porém com entraves técnicos e financeiros
para serem superados.
21
IMAGEM 8: Musicais mineiros: “Os Saltimbancos” (Carlos Gradim e Fundação Clóvis Salgado-esquerda), “Morte e Vida Severina (Pedro Paula Cava-direita) e “Pluft, O Fantasminha (Copas Produções- abaixo). | Disponível em :http://silviaespeschit.blogspot.com.br/2011/09/morte-e-vidaseverina.html ,http://www.agendab h.com br/cinema_detalhes.php?CodE ve=5 089, http:/ /www .Facebook.com/photo.php?fbid=2879826133697&set=pb.1801361745.2207 52000 0.135 28647 03&typ e=3&theater
Como apontado no jornal “O Tempo” o já tradicional diretor Pedro Paulo Cava tem
produzido teatro na cidade já um bom tempo e tem se atentado também para o gênero
musical, prova disso é que seu musical "Mulheres de Hollanda" com repertório da obra de
Chico Buarque já teve três montagens e recentemente produziu "Morte e Vida Severina”.
Pedro é dono do “Teatro da Cidade” e sendo assim seus musicais costumam fazer longas
temporadas. Seus musicais têm uma temática mais política e uma linguagem brasileira,
esses fatores são determinantes para Pedro e com isso ele não o demonstra interesse em
produzir musicais como os produzidos em Rio e SP, nos moldes da Broadway, além do
fato, que o diretor alega que a cidade não tem caixa para produzir tais musicais.
Pedro Paulo Cava ainda em entrevista ao jornal “O Tempo” afirma que o Palácio
das Artes, através da Fundação Clóvis Salgado, é uma dos teatros com maior propensão
para sustentar esse tipo de produções. No entanto, a direção do Palácio das Artes
22
defende que a casa fora projetada para o caro lírico, sendo assim, vários projetos acabam
sendo vetados, ainda assim, fora produzido, no Palácio das Artes, o musical "Os
Saltimbancos" em parceria com o diretor e produtor Carlos Gradim. A produção foi orçada
em R$ 500 mil. Na mesma entrevista para o jornal “O Tempo” o diretor e coordenador da
Cyntilante Produções, Fernando Bustamante, informa que o foco para que se tenha um
espetáculo musical de qualidade e visibilidade seja através de um caminho alternativo que
mescle o know-how e técnica dos musicais da Broadway aliado a composições próprias e
inéditas, de preferência com o uso da cultura brasileira, e não limitar a produção pela não
capacidade das produtoras mineiras comprarem franquias ou produzirem novos
espetáculos de maneira intuitiva e sem técnica.
Há ainda uma abertura da cidade em receber turnês como foi o caso desse ano em
que se recebeu "Beatles num Céu de Diamantes” (RJ) no Palácio das Artes, “Tim Maia-
Vale Tudo” (SP) no SESC Palladium e musicais estrelados pela atriz Claúdia Raia:
"Pernas Para o Ar" (2010-SP), no Palácio das Artes e "Cabaret" (2012-SP) no SESC
Palladium. Workshops e oficinas de Teatro Musical também tem sido realizados em Belo
Horizonte, como o “Teen Broadway”, workshops com Daniel Monteiro, Reiner Tenente e
Brie Cassil.
IMAGEM 9: Divulgação da turnê do musical “Cabaret”, com a atriz Cláudia Raia, em Belo Horizonte. Foram seis apresentações em Março de 2012.| Disponível em: http://www.facebook.com/photo. php?fbid=245648025526356&set=pb.147864298638063.2207520000.1352893007&type=3&theater
23
Atualmente em Belo Horizonte as seguintes empresas trabalham com esse
segmento: Copas Produções Artísticas, Cyntilante Produções, Giramundo, Teatro de
Bonecos, Grupo Galpão, Grupo Oriundo de Teatro e Grupo Primeiro Ato, além de
produtores independentes. Há duas escolas de teatro musical, a saber: Centro de Artes
Savassi- CASA e o Centro de Atividades Musicais e Artísticas – CAMA
2.4 A Empresa: Cyntilante Produções
Todo levantamento de dados anterior nos permitiu uma contextualização correta
para a compreensão do nosso objeto de estudo escolhido, a produtora de espetáculos
musicais Cyntilante Produções.
A escolha se deu pois o grupo, após pesquisar em bases de dados secundárias,
identificou na Cyntilante Produções um potencial criativo interessante para o Teatro
Musical mineiro e brasileiro, sendo a Cyntilante a produtora, pelo que podemos constatar
em nossas pesquisas, a produtora de espetáculos de Teatro Musical com maior
visibilidade dentro do mercado mineiro.
2.4.1 História
IMAGEM 10: Marca da Cyntilante Produções. | Disponível em: http://cyntilanteproducoes.blogspot.com.br/
Fernando Bustamante, ator, professor e diretor da Cyntilante Produções, é de Volta
Redonda- RJ e está em Belo Horizonte desde o momento que iniciou sua graduação em
Artes Cênicas pela UFMG. Bustamante percebeu na cidade uma lacuna existente no que
dizia a respeito da produção de espetáculos na cidade e além de estar no mercado como
ator, se tornou produtor autônomo de espetáculos.
24
IMAGEM 11: O diretor da Cyntilante Produções, Fernando Bustamante | Disponível em: http://www.facebook.com/#!/photo.phpfbid=10150436506228560&set=a.435040688559.210411.522278559&type=3&theater
A Cyntilante Produções foi formalmente fundada em 2005, com a junção dos sócios
Cynthia Dias e Fernando Bustamante, a sociedade veio por ocasião da produção do
espetáculo "Lampiãozinho e Maria Bonitinha", onde se percebeu a necessidade de
formaliza-se como uma empresa para entrar em projetos e dar mais visibilidade e
credibilidade aos seus espetáculos. Com a formação da Cyntilante como uma empresa foi
possível uma profissionalização maior da empresa e dos atores e demais artistas que
estavam já associados com os espetáculos que Bustamante produzia como autônomo,
sendo esses incorporados ao repertório e casting da Cyntilante.
Na época da fundação, o foco da Cyntilante ainda não estava na produção de
musicais, era apenas uma produtora de teatro com a especificidade de produzir teatro
infantil. Em meio à pesquisa do teatro infantil, a Cyntilante esbarrou no teatro musical,
pois a musicalidade veio como uma forma lúdica de levar à arte para a criança. A
pesquisa no teatro musical veio só em 2009 quando Bustamante começou a estudar o
papel da música no teatro através do projeto "Uma Noite na Broadway" na UFMG, do qual
foi convidado para ser o coordenador. Desde então, o Teatro Musical entrou na vida da
Cyntilante Produções como esse sendo seu foco principal de trabalho. Os espetáculos
que já existiam no repertório da empresa foram reciclados e ganharam uma roupagem
com apropriação de todo o know-how de produção dos grandes musicais americanos,
com o padrão Broadway de qualidade. Hoje, segundo o blog e website da empresa, a
Cyntilante é conhecida por seus musicais em Belo Horizonte, sendo seus profissionais
requisitados para outros espetáculos, e também presente em todo o território nacional por
25
meio de turnês e participações em festivais.
2.4.2 Serviços Prestados
IMAGEM 12: Musicais da Cyntilante Produções. Acima: “A Pequena Sereia” (esquerda) e “Lampiãozinho e Maria Bonitinha” (direita), abaixo: “Os Saltimbancos” (esquerda) e “ O Menino Poeta” (direita) | Disponível
em: http://cyntilanteproducoes.blogspot.com.br/ O maior produto da Cyntilante são seus musicais. Seu repertório hoje inclui:
A Arca de Vinícius: Já foi montado após a formalização da Cyntilante como empresa.
Esse musical é uma continuidade do trabalho na área de teatro Biográfico e Musical
(muito presente no Brasil nas décadas de 70, 80) voltada para a infância e juventude. O
musical é uma homenagem ao poeta Vinícius de Moraes, usando seu repertório para
construir a história.
A Pequena Sereia: É a galinha dos ovos de ouro da empresa, sendo sucesso de público
e ganhador de cinco prêmios, segundo consta no website da Cyntilante Produções. Foi
produzido por Bustamante em 2001 e reciclado em 2009 com a versão estendida após a
participação dos atores da Cyntilante no projeto "Uma Noite na Broadway". O musical,
inspirado na produção homônima da Broadway, apresenta-se semestralmente na cidade e
viaja em muitas turnês.
Eu Não Sou Cachorro Não: Com estreia prevista para 2 de novembro, o musical é
primeiro adulto da produtora. O repertório do musical está na música brega brasileira das
décadas de 70 e 80, musicas de artistas como Waldick Soriano, Nelson Ned, Wando e
26
Odair José contam a trágica história de Roberto Rock e sua banda, The Funeráveis, após
o um terrível acidente. O musical é permeado por muito suspense e drama.
Lampiãozinho e Maria Bonitinha: É o grande marco da Cyntilante. Antes mesmo de ser
encenada, a história dos insetos inspirada na vida dos cangaceiros do nordeste, o texto
ganhou primeiro lugar no Premio Nacional de Dramaturgia 2004, região Sudeste. Ao longo
do tempo em que foi apresentado, agregou 19 prêmios. Em setembro de 2012, cumpriu
turnê no Nordeste, passando por cidades e território em que a história é contada.
O Menino Poeta: Musical mais recente da Cyntilante produzido em parceria com a TW
Comunicação. O musical é feito a partir da musicalização dos poemas de Henriqueta
Lisboa e já tem grande adesão do público, segundo o website da Cyntilante Produções e
viajado pelo interior do estado.
Os Saltimbancos: O musical de Chico Buarque também foi incorporado à Cyntilante,
antes era produzido somente pelo diretor Fernando Bustamante. O espetáculo foi
reciclado após a reformulação técnica dos espetáculos da companhia e é vencedor de
dois prêmios, segundo o website da Cyntilante Produções.
Além dos musicais há também o espetáculo "Sou Pequena, Mas Não Sou
Pedaço… O Máximo de Mulher num Mínimo de Espaço!" que é um grande sucesso da
companhia e não se trata de um musical e sim de uma divertida comédia. É estrelado pela
atriz e humorista Eunice Bráulio e dirigido por Maurício Canguçu, referência no teatro
mineiro.
A Cyntilante também oferece serviços de intervenção teatral em festas infantis,
escolas e empresas. Com sua reestruturação técnica focada no Teatro Musical, a
empresa tem estado presente em festas de aniversário da capital mineira como
personagens das grandes histórias infantis. Os atores vão caracterizados como essas
personagens e cantam e levam entretenimento aos convidados. Oferecem-se ainda
apresentações de seus musicais fechadas para escolas públicas e particulares.
27
IMAGEM 13: Intervenções teatrais em festas de aniversário da Cyntilante Produções: “Peter Pan”
(esquerda) e “O Mágico de Oz” (direita) | Disponível em: http://cyntilanteproducoes.blogspot.com.br/
2.4.3 Presença nas Mídias
Segunda entrevista concedida ao grupo em 30 de agosto de 2012, o diretor da
Cyntilante Produções, Fernando Bustamante, afirma que a produtora tem um investimento
considerável em mídias para a divulgação de seus espetáculos e assim chamar atenção
do público para os eventos realizados. O diretor entende que o público quer ver aquilo
que é bem divulgado e entendível e por isso suas estratégias para divulgação dos
espetáculos estão em tornar seus musicais, um evento imperdível. O espetáculo “A
Pequena Sereia”, por exemplo, tem um nome, segundo Bustamante, comercial e que é
atrativo ao público, no entanto, só isso não é o suficiente para que o evento seja um
sucesso de público, sendo assim a Cyntilante investe em “mídias poderosas”, como o
diretor as chama, para fazer a divulgação, como inserção em rádio, jornal, revista e TV. O
que Bustamante explica, é que as produtoras mineiras não têm costume de fazer esse
investimento nessas mídias de custo elevado e que na Cyntilante Produções, a produção
é pensada também numa divulgação eficiente que gere respaldo ao espetáculo e faça
dele uma excelente atração de entretenimento e imperdível, o diretor chega até comentar
que muitas vezes, pela divulgação, as pessoas chegam a associar os espetáculos da
Cyntilante Produções como vindas de fora da cidade.
28
IMAGEM 14: Matéria da revista Veja BH em 5/09/2012 sobre o musical “A Pequena Sereia” | Disponível em:
http://cyntilanteproducoes.blogspot.com.br/
A Cyntilante Produções também está presente na ambiente virtual. A produtora
mantém um site oficial (http://www.cyntilante.com.br) em que são apresentados equipe,
principais trabalhos, presença na mídia com acervo de matérias sobre seus espetáculos,
serviços prestados, agenda e contato. O blog
(http://www.cyntilanteproducoes.blogspot.com.br) é um ponto de contato direto do público,
aberto a comentários, e que é constantemente atualizado com matérias relacionadas à
produtora, turnês dos musicais pelo país, eventos realizados, com destaque inclusive para
as intervenções teatrais em festas de aniversários que ocorrem em uma freqüência
considerável pelo que pode ser percebido pelas postagens no blog. A Cyntilante ainda
possui uma fanpage na rede social facebook
(http://www.facebook.com/#!/CyntilanteProducoes?fref=ts) mantendo outro meio de
comunicação e contato com o público. Outro meio usado para divulgação dos espetáculos
da Cyntilante Produções é o site de compras coletivas “Peixe Urbano” por meio do qual a
produtora oferece ingressos promocionais para seus espetáculos como uma forma de
atrair mais público. A Cyntilante Produções também mantém um canal de vídeos no
29
“YouTube” (http://www.youtube.com/user/nandobusta) onde apresenta um pequeno
portifólio, em vídeos, de seus espetáculos e também vídeos de intervenções teatrais em
festas de aniversário.
A escola de formação artística mantida pelo diretor, C.A.M.A (Centro de Atividades
Musicais e Artísticas) foi destaque na revista “Veja BH". Na edição de 26 de setembro de
2012, é comentada sobre a rotina de preparação dos jovens artistas, a iniciativa de
Fernando Bustamante a frente do C.A.M.A e da Cyntilante Produções e também sobre o
teatro musical mineiro. O C.A.M.A. também já foi assunto de do jornal “Hoje em Dia” de,
onde o diretor falava da busca por novos talentos no mercado mineiro.
IMAGEM 15: Da esquerda para a direita: matérias sobre o C.A.M.A.(Centro de Atividades Musicais e Artísticas) na revista Veja BH e jornal Hoje Em Dia | Disponível em: http://www.hojeemdia.com.br/ e http://vejabh.abril.com.br/
A Cyntilante Produções também está presente em programas televisivos como, por
exemplo, o programa “Arte no Ar” onde conta-se um pouco da história da produtora, sobre
a criação do C.A.M.A., e artistas da produtora mostram seu trabalho. Às vésperas de mais
uma temporada do musical “A Pequena Sereia”, a Cyntilante Produções divulgou o
musical no programa “Revista BHNews”, no programa, o diretor Fernando Bustamante,
juntamente com o preparador vocal Beto Sorolli e a protagonista do musical, Raíssa
Alves, contaram sobre o espetáculo e convidaram o público a ir assistir ao musical.
30
IMAGEM 16: O mais novo musical da Cyntilante Produções “Eu Não Sou Cachorro Não” | Disponível em: http://www.cachorronaomusicalbrega.com.br/p/fotos.html
Para seu mais recente musical, “Eu Não Sou Cachorro Não”, Fernando
Bustamante, comenta na entrevista concedida ao grupo em 30 de agosto de 2012, que
acredita que o nome do espetáculo é comercial, no entanto, crê que apenas isso não é o
suficiente e por isso, julgou necessário convidar a atriz e cantora Tania Alves acreditando
que a atriz agrega valor ao espetáculo considerando-se o público que a Cyntilante visa
atingir.
Recentemente, o musical “Eu Não Sou Cachorro Não” ganhou, como apresentado
no blog da Cyntilante, um destaque considerável na mídia. Em cartaz desde 02 de
novembro, no Teatro Dom Silvério, onde acontece o espetáculo, já pode ser visto um
banner de divulgação. O musical é o primeiro da produtora a te rum website próprio,
http://www.cachorronaomusicalbrega.com.br/, onde é apresentado, elenco, sinopse,
músicas, apoiadores e agenda. O blog da Cyntilante Produções apresenta links e
matérias impressas scaneadas que saíram nos jornais “Hoje em Dia”, “O Tempo”, “Super
Notícia”, “Jornal Pampulha” e “Estado de Minas” e na revista “Veja BH”, divulgando o
musical, além de divulgação no “Guia Vá ao Teatro” promovido pelo SINPARC (Sindicato
dos Produtores de Artes Cênicas de Minas Gerais), do qual “Eu Não Sou Cachorro Não” é
capa. O musical também foi anunciado na Rádio “Guarani” e foi destaque do programa
“Globo Horizonte” de 04/11/12 onde o diretor Fernando Bustamante conta sobre o
processo de produção do musical, juntamente com o autor Leo Mendonza e a atriz Tania
Alves, intermeado por trechos e representações cênico musicais do espetáculo.
31
2.4.4 Variáveis de Mercado
Com o crescimento da empresa e sua reestruturação técnica focada nos musicais,
que foi aceita pelo público como um aspecto de identidade da Cyntilante Produções,
houve a necessidade de fazer novos espetáculos, sendo para isso necessário, novos
integrantes na empresa, para compor um casting (grupo de atores disponíveis à
determinada empresa) diversificado que permita a criação com personagens de diferentes
perfis e uma possibilidade de manter um repertório que propicie a montagem paralela dos
espetáculos. Até então, o casting da Cyntilante era limitado a um único elenco que fazia
diferentes espetáculos/personagens e com profissionais que já estavam na casa há dez
anos e não estavam mais aptos a fazer determinados perfis de personagens, como uma
criança, por exemplo. A empresa tendo reconhecimento e recebendo convites para se
apresentar no interior de Minas Gerais e fora do estado, pedia que mais profissionais
fossem contratados.
Em entrevista concedida ao grupo, Bustamante afirma que a dificuldade encontrada
foi que não havia profissionais tão capacitados, para o Teatro Musical, em Belo Horizonte.
O problema verificado foi na formação do ator: Na cidade existem escolas
profissionalizantes de teatro, mas nem uma com o foco do teatro musical, mesma questão
para as escolas de canto onde o foco é no popular ou no erudito e não tem o meio termo
do repertório do teatro musical. Analisando essa questão, nasceu um projeto da criação
de uma escola profissionalizante em teatro musical que funcionaria como um braço direto
da Cyntilante Produções. Na época, o projeto recebeu o apoio do Governo do Estado,
sendo esse o pontapé definitivo para o início do C.A.M.A. (Centro de Atividades Musicais
e Artísticas).
Hoje, o C.A.M.A. já está na sua terceira turma de formação de performers de teatro
musical e conta com cerca de 80 alunos que estudam por dois anos e meio (entre os
módulos básico, intermediário e avançado) interpretação, canto, dança e teoria. O
C.A.M.A hoje é mantido por si só, sem o apoio, que no início, tinha do governo. Esse
apoio quer seja do estado ou da iniciativa privada, ainda é necessário, pois muito além de
uma questão comercial, a escola cumpre, segundo Fernando Bustamante, um papel que
educação artística, visto que ela é a única que oferece essa formação na cidade.
Atualmente, muitos alunos, ainda não formados, do C.A.M.A tem participado de
montagens de musicais da própria Cyntilante e também de outras produtoras na cidade.
Essa falta de profissionais qualificados não é só percebida pela Cyntilante, mas é uma
carência do mercado artístico da cidade.
32
Outra dificuldade encontrada pela Cyntilante Produções é falta do investimento na
cultura. O jornal “O Tempo” apresenta o Brasil hoje como terceiro país no mundo em
produção de musicais, porém tem esse fenômeno somente no eixo Rio-SP e parte disso
está relacionado com o pouco patrocínio e colaboração do governo e iniciativa privada.
Segundo a entrevista de Fernando Bustamante, para “O Tempo” é necessário que a
iniciativa privada acredite no gênero, pois se trata de uma linguagem cara, para produzir
"A Pequena Sereia- Versão Estendida" o custo da Cyntilante foi em torno de R$ 200 mil
custeados pela própria produtora já que os patrocínios e apoios à Cyntilante são
esporádicos. Bustamante demonstra desejo de fomentar o gênero, é grande, até porque o
público pede, no entanto, o custo para se produzir é alto e sem o apoio de algum órgão
público e/ou privado, a realização de novos espetáculos fica mais vagarosa.
Em entrevista cedida ao grupo no dia 30 de agosto de 2012, Bustamante também
pondera que apesar da falta de investimento, esse não é um fator que impede as
produções da Cyntilante até porque a empresa tem caráter de produtora e não de uma
companhia que depende do apoio do governo. O produtor busca desmistificar que não se
produzem musicais em Belo Horizonte por falta do investimento, esse é apenas um
obstáculo, um fator limitante e que pode deixar a produção mais lenta. O pode impedir é a
não qualificação profissional, Bustamante acredita que não adianta ter dinheiro e ter que
chamar atores de fora para que se tenha um espetáculo vivo e de qualidade.
A Cyntilante prepara-se para a estreia de seu musical exclusivo "Eu Não Sou
Cachorro Não", que explora o repertório brega da música popular brasileira das décadas
de 70 e 80. A pré-estreia já ocorreu no final de agosto e Bustamante relata que suas
dificuldades para a montagem desse espetáculo continuam concentradas na relação de
qualificação profissional e falta de investimento. A falta de um apoio financeiro atrasou um
projeto já pronto e desenvolvido em três anos, só agora, em novembro de 2012, que o
musical se concretizará e chegará aos palcos mineiros. Como foi custeado pela própria
produtora, seu pagamento será mais demorado, e, portanto, seu lucro, virá de maneira
mais tímida, a princípio.
Ainda segundo informações cedidas na entrevista com o Bustamante, pode-se
perceber que no âmbito da qualificação profissional a dificuldade esteve desde o processo
da audição, onde mais uma vez, o diretor pode constatar a carência de profissionais aptos
para esse tipo de teatro em Belo Horizonte, e o tempo hábil para montagem do
espetáculo, segundo o diretor, é limitado. A relação profissional assumida por um artista
deve ser, conta Bustamante, de muita dedicação, pois não é possível “ensinar” o artista a
dominar as áreas, e sim trabalhar com o material artístico disponível do elenco. Para o
33
Teatro Musical essa relação profissional que se exige dos profissionais é importante até
mesmo sobre o ponto de vista econômico, visto que os ensaios e o processo de
montagem são muito mais intensos e o tempo para essa preparação é menor, pois muitos
atores estão envolvidos e mais tempo de ensaio significa uma produção mais cara,
sobretudo para uma produção sem patrocínio e apoio nenhum.
Fernando Bustamante então afirma na entrevista concedida ao grupo que o
processo da Cyntilante Produções, e conseqüentemente do C.A.M.A., é de "baixo para
cima". É necessário sim conseguir o envolvimento da iniciativa pública e privada através
de apoio e patrocínio, aproveitando a abertura da Lei de Incentivo à Cultura. O diretor
pondera que para que o investidor queira aprovar um projeto, esse projeto deve ter um
respaldo técnico de qualidade, que crie um mecanismo compensatório para a empresa
que terá seu nome associado.
Logo, baseado nas informações coletadas com o diretor da Cyntilante Produções,
Fernando Bustamante, em entrevista concedia ao grupo, ao jornal “O Tempo” e ao
programa “Arte no Ar”, é perceptível que desde quando a empresa passou a ter seu foco
no Teatro Musical, duas são as variáveis que influenciam a atividade da produtora. A
primeira variável diz a respeito de recursos financeiros, pois caso não haja um
investimento externo, seja por patrocinadores da esfera pública ou privada, a capitação de
recursos para os espetáculos é feita pela própria produtora, o que pode tornar mais lento
o projeto de um espetáculo devido o alto custo das produções. Outra variável encontrada
vai tangente aos recursos humanos, pois ainda há poucos profissionais qualificados para
o exercício pleno de um papel em musical, poucos são os artistas em Belo Horizonte, que
têm uma noção, mínima que seja nas três áreas de base- interpretação, canto e dança-
exigidas no teatro musical, essa falta de qualificação profissional é outro agravante que
torna a produção de um espetáculo mais custosa, sobretudo se esta produção é realizada
através de autofinanciamento. Essas variáveis não impedem a atuação da Cyntilante
Produções, como empresa, no mercado de Teatro Musical em Belo Horizonte e Minas
Gerias, no entanto, acarreta em estagnação no âmbito dos espetáculos, que poderiam ter
um maior investimento na produção, com mais temporadas em cartaz e possíveis turnês.
2.5 O Investimento Cultural no Brasil
Entendendo-se que a falta de patrocínio é um fator limitante para a produção de
Teatro Musical em Minas Gerais, e também da Cyntilante Produções, segundo
informações, do diretor Fernando Bustamante, em entrevista ao jornal “O Tempo”, julgou-
34
se necessário fazer-se um levantamento de razoes para o investimento na cultura, como
essas ações de patrocínio ocorrem no Brasil e também na própria Broadway americana.
Buscamos compreender leis de incentivo a cultura e como eles tem contribuindo para o
Teatro Musical brasileiro apresentando exemplos reais onde o patrocínio ocorreu por meio
dessas leis.
2.5.1 Porque investir na cultura
O patrocínio à arte e cultura não é algo recente dos séculos XX e XXI, como é
relatado no livro “História da Arte Italiana” de Argan, em artistas como Michelangelo e Da
Vinci já recebiam o chamado “mecenato”, que nada mais era do que uma ajuda de custo
das classes mais ricas para a que esses artistas produzissem suas obras.
IMAGEM 17: “A Criação do Homem”- Michelangelo, uma das obras que compõem a Capela Sistina (Vaticano), que teve suas pinturas e esculturas patrocinadas pelo mecenas renascentistas. | Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br/feito20.html#sistina
A cultura é um aspecto importante de constituição e identificação de um povo
sendo essa uma oportunidade para a promoção da cidadania, sendo assim, quando a
iniciativa privada se compromete a incentivá-la contribui para o bem coletivo e agrega
valores positivos à sua marca. O Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia afirma em
seu website institucional que os motivos para este tipo de investimento são inúmeros,
englobando desde a importância social que esta atitude gera até a diferenciação que
perante a concorrência no mercado.
2.5.2 O Patrocínio Cultural no Brasil
Para entendermos um pouco sobre o patrocínio cultural no Brasil, sobretudo se
35
objetivamos entender como ele pode beneficiar o Teatro Musical precisamos entender
como esse tipo de patrocínio ocorre nos Estados Unidos.
Segundo Kantor, em seu livro “Broadway: The American Musical”, o alto nível e
índice de produções em teatro musical nos EUA, dão-se, sobretudo pelos espetáculos
produzidos dentro do circuito Broadway em Nova York. Kantor relata que as produções
são custeadas pelos próprios produtores e idealizadores do projeto desde o início da
década de 1910, quando o Teatro Musical surgiu como um gênero com características
próprias. A iniciativa privada, quando solicitada através de patrocínios começou a investir
nesses produtores. O autor ainda conta que hoje a Broadway é uma marca, uma grife que
confere credibilidade às produções que estão a ela associadas. Estar em cartaz em algum
teatro do circuito Broadway hoje é atingir o ápice que pode ser auxiliado através do apoio
dos patrocinadores, visto que atualmente a Broadway configurou-se em uma intensa
indústria do entretenimento e por isso, requer suportes financeiros. O governo e /ou
demais instituições públicas e ministérios de cunho sociocultural não são mantenedores e
ou investidores do entretenimento nos EUA e nem oferecem benesses às empresas que o
fazem. O investimento ocorre, segundo dados apontados por Kantor, pois a iniciativa
privada fomenta o teatro musical por acreditar e ver nessa indústria como uma grande
oportunidade de investimento e /ou associação de marca.
IMAGEM 18: A Avenida Broadway em Nova York, pólo da produção de Teatro Musical. O nome já está associado a superproduções musicais de sucesso | Disponível em: http://www.hollywoodreporter.com/news/hurricane-irene-broadway-shows-will-228340
Diferentemente dos EUA, no Brasil ainda é arriscado, segundo o jornal “O Tempo”,
em sua edição online, dizer que a iniciativa privada acredite de fato na indústria cultural,
não só do teatro musical, mas todo o conjunto de manifestações artísticas e culturais
brasileiras como uma boa oportunidade de investimento, nos EUA, já existe uma cultura,
como apontado por Kantor, que ainda não existe no Brasil. No entanto, o Brasil, tem uma
36
grande vantagem em relação aos EUA que compensa essa carência da iniciativa privada
em apoiar espetáculos culturais.
Segundo dados da Fundação João Pinheiro, houve um crescimento significativo
do número de projeto culturais patrocinados no período de 1990 a 1997. A pesquisa indica
que o fomentador desse crescimento foi devido a instituição da Lei Federal de Incentivo à
Cultura (Lei n. 8.313/91- Lei Rouanet) e também da Lei n. 8.685/93 (Lei do Audiovisual).
Segundo o que consta no website do Ministério da Cultura a Lei Rouanet, em vigor desde
23 de dezembro de 1991, diz a respeito em seu enunciado que é a lei que institui políticas
públicas para a cultura nacional visando a promoção, proteção e valorização das
expressões culturais nacionais. O grande destaque da Lei Rouanet são os incentivos
fiscais dados como benesses a empresas da iniciativa privada (pessoas jurídicas) e
também a cidadãos simples (pessoas físicas), na prática, quando há o envolvimento de
uma pessoa física ou jurídica em patrocínios culturais por meio da Lei Rouanet, parte do
imposto de renda (IR) que essa pessoa/empresa deveria pagar é revertido, em valor
correspondente, ao que essa pessoa financiou em investidos artísticos e culturais. Pela
Lei, 6% do IR de pessoas físicas e 4% de pessoas jurídicas podem ser revertidos em
patrocínio cultural.
As empresas então passaram a encontrar uma justificativa plausível para o
investimento no segmento cultural. Na pesquisa realizada pela Fundação João Pinheiro é
mostrado que empresas tradicionalmente investidoras intensificaram suas ações de
patrocínio a partir da modernização e desburocratização destas leis, e outras novas
empresas passaram a investir, segundo informações que a pesquisa levantou com os
próprios empresários e proprietários. Dessa forma, as taxas de investimento das
empresas em cultura como apresentado na pesquisa da Fundação Joao Pinheiro tem
crescido de maneira significativa, como por exemplo, em 1995, os valores dos projetos
efetivamente patrocinados por intermédio dessas leis superaram aqueles relativos aos
projetos que não se beneficiaram da Lei Rouanet e nos anos de 1996 e 1997 essa
mesma lei viabilizou 83,5% dos projetos culturais no Brasil, produzidos durante esse
período. Além da Lei Rouanet e da Lei Audiovisual já citadas, a pesquisa aponta outras 12
leis estaduais e 17 leis municipais nas capitais brasileiras que se encontram em
funcionamento que favorecem o patrocínio à cultura no Brasil.
Em suma, é possível concluir pelos dados fornecidos da FJP, que embora não se
tenha um cultura de investimento em cultura voluntária como ocorre nos EUA, no Brasil
temos o viés das leis de incentivo a cultura, que funcionam como um canal para que
recursos de pessoas físicas e jurídicas possam financiar projetos artísticos e culturais. O
37
governo brasileiro atua então como um mediador entre o empresariado brasileiro e os
produtores culturais através das leis visando benesses a ambas as partes.
2.5.3 Crescimento dos Patrocinadores no Brasil
Segundo pesquisa realizada pela FJP a produção cultural brasileira movimentou,
em 1997, cerca de 6,5 bilhões de reais. Isto corresponde a aproximadamente 1% do PIB
brasileiro, além disso, para cada milhão de reais gastos em cultura, o país gera 160
postos de trabalho diretos e indiretos. Sobre essa ótica, investir na cultura também traz
aspectos mais concretos como geração de novos empregos e renda.
O Ministério da Cultura fez uma análise sobre os investimentos em cultura
realizados por empresas privadas e públicas. O resultado apresentado foi que entre
empresas privadas, estatais, bancos e holdings consultadas, foi que, em primeiro lugar,
53% dessas empresas tem marketing cultural como meio preferencial de ação de
comunicação com o mercado consumidor. Sendo um total de 111 firmas consultadas a
prioridade é voltar suas ações de patrocínio associadas a música, audiovisual, patrimônio
histórico, artes cênicas e produção editorial. A pesquisa da FJP também aponta para o
papel crucial das leis de incentivo à cultura, quer sejam elas no âmbito federal, estadual
e/ou municipal, para o crescimento do número de projetos culturais que, no período de
1990 a 1997, foram financiados por empresas. Não amostragem das 111 empresas
analisadas, o investimento cultural chegou 604 milhões de reais. O crescimento dos
gastos, nesse período, passou de 33 milhões, em 1990, para 147 milhões em 1997, o que
representa uma ampliação efetiva de cerca de 350% no período. Crescente também foi o
número de empresas que passaram a adotar o mecenato cultural como forma de
marketing e ação publicitária, algo em torno 267%, levando-se em conta as respostas das
111 empresas ao questionário aplicado pela Fundação João Pinheiro, FJP: ele vai de 27,
em 1990, para 99 em 1997.
Podemos ver esse quadro de investimento das empresas que tem crescido em
prática. No musical “A Família Addams” produzido pelo T4F há uma grande gama de
patrocinadores envolvidos que ajudam no custeio do espetáculo, que foi orçado, segundo
o website Mr. Zieg em R$ 25 milhões. Segundo o website do musical, através da Lei de
Incentivo a Cultura, as empresas Vivo, Renault, Cielo e Todeschini aturam como co-
patrocinadores do espetáculo, sendo seu principal patrocinador o Banco Bradesco,
através da Bradesco Seguros juntamente com os Cartões American Express.
38
IMAGEM 19: Home page do website do musical, produzido pela T4F, “A Família Addams” | Disponível em: http://www.afamiliaaddams.com.br/
O Banco Bradesco, já tem experiência com patrocínio cultural, como mostra uma
pesquisa realizada pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) em SP.
Sendo responsável desde 2007 pela vinda do canadense Cirque du Soleil ao Brasil. Já
somam-se quatro turnês da trupe canadense financiadas pelo Bradesco, mais uma vez
em parceria com os Cartões American Express. O patrocínio do banco aos espetáculos
do Cirque du Soleil reforça e humanizam a marca Bradesco, segundo dados da mesma
pesquisa feita pela ESPM, comprovando assim benefícios e valores associados quando o
empresariado opta por patrocinar a arte e cultura.
Segundo a pesquisa realizada por Rosilene Marcelino para a ESPM, o Cirque du
Soleil tem um valor cultural muito forte popularmente, e ao ser associado ao Banco
Bradesco, confere status para os clientes do banco que tem vantagens na compra dos
ingressos ou pelo simples fato de esses clientes estarem vinculados a um serviço de
banco que patrocina um espetáculo de alto valor agregado. O Banco Bradesco mantém
um hotsite, “Bradesco Cultural” onde apresenta as diferentes formas de incentivo à cultura
que o banco apóia, dizendo que “em vez de escolher uma só forma de cultura, o
Bradesco apóia o conjunto delas, porque cultura brasileira é completa.”
39
IMAGEM 20: Anúncio veiculado em revista em 2006 quando o Banco Bradesco patrocinou a primeira turnê brasileira do Cirque Du Soleil, com o espetáculo Saltimbanco.| Disponível em: http://neogamabbh.com.br/pt/news/stories/35
Em entrevista à revista Meio e Mensagem, João Paulo Affonseca, vice presidente
da XYZ Live, que em parceira com a Kabuki Produções está trazendo a versão brasileira
do musical “Shrek”, conta que o mercado de Teatro Musical está crescendo de maneira
significativa ano a ano e que no caso de patrocinadores, esses são responsáveis por uma
estrutura sólida devido ao alto custo da produção. “Shrek- O Musical”, que está na fase de
ensaios, conta com o patrocínio do Bradesco Seguros como principal cota, e também a
Nestlé.
2.6 Conclusões gerais do mercado
O entretenimento é uma excelente forma de investimento, segundo o website
“Cultura e Mercado”, utilizada hoje em dia pelas empresas. A cultura tem uma forte
identificação com a sociedade, sendo um aspecto importante e integrador, como sugerido
por José Márcio Barros e José Oliveira Júnior (2001). É perceptível, que o Teatro Musical
tem encontrado, segundo a revista “Meio e Mensagem” um terreno fértil no brasil já que o
público tem sido receptivo, a revista ainda comenta que esse crescimento tem gerado
demanda para a reforma de novos teatros, escolas profissionalizantes e até premiações.
O cenário em Minas Gerais, como apresentado pelo jornal “O Tempo”, ainda está se
desenvolvendo, mas com promessas de ascensão. A Cyntilante Produções, como consta
em seu site, é uma das poucas produtoras mineiras que se especializaram nesse
segmento artístico, e encontra dificuldades, segundo dito pelo diretor, Fernando
40
Bustamante, em entrevista concedida ao grupo, na qualificação profissional e no que diz a
respeito de apoiadores e patrocinadores.
O empresariado brasileiro, sobretudo as grandes empresas, segundo dados da
FJP, tem acreditado que o patrocínio cultural é uma excelente maneira de gerar
visibilidade a sua marca e também, como visto em pesquisa realizada pela ESPM,
humanizar sua marca. As leis de incentivo a cultura, em todas as suas instancias
(municipal, estadual e nacional), tem facilitado a chegada desses recursos por parte da
iniciativa privada às produtoras, que precisam de uma grande capitação para custear o
preço elevado das produções em Teatro Musical, Percebe-se então como oportunidade,
desenvolver uma campanha para a Cyntilante Produções que busque a capitaçao de
recursos, perante a iniciativa privada, utilizando-se do viés das leis de incentivo à cultura,
para que a produção de Teatro Musical mineiro continue.
41
3. SEGMENTAÇÃO DE PÚBLICO
Buscou-se uma compreensão geral do público consumidor de Teatro Musical, e
consequentemente da Cyntilante Produções, valendo-se de análise referencial de estudos
na área da segmentação de público e sua aplicabilidade para entendimento
mercadológico do Teatro Musical e também da análise de dados estatísticos.
3.1 Análise Referencial de estudos na área da Segmentação de Público e sua aplicabilidade para entendimento mercadológico do Teatro Musical Zygmunt Bauman discute em “Vida para o Consumo” as relações humanas de
acordo com o mercado consumidor, buscando explicara maneira pela qual as relações
humanas e comportamentais entre as pessoas são reconstruídas através de uma nova
organização social baseada relações de consumo. Bauman apresenta essa cultura
consumista como uma maneira em que a sociedade se organiza e comporta e que se
dirige a seus membros (utilizando-se do termo “interpela”, proposto por Louis Althusser)
na condição de consumidores. Essa sociedade avalia seus membros segundo sua
prontidão, adequação e desempenho consumista, sendo esse um fator de estratificação e
segmentação das relações sociais. Esse raciocínio proposto por Bauman.
James Engel, Roger Blackwell e Paul Miniard (2005) apresentam teorias que
discutem a relevância dos indivíduos para os programas de marketing, alegando que o
comportamento dos indivíduos está relacionado aos valores sejam eles sociais, religiosos,
culturais, mas, sobretudo os valores pessoais que de fato exercem uma influenciam no
consumo do indivíduo, termo que eles preferem usar ao invés de referir-se, como comum
em outras bibliografias, a pessoa como consumidor. Na segmentação por classe social,
status e renda, o que Engel, Blackwell e Miniard propõem é que o estilo de vida, e
conseqüentemente o comportamento e personalidade dos indivíduos são variáveis
importantes de serem analisadas para que possamos identificar segmentos de mercado
essenciais avaliando, assim, como a comunicação, através de ações de marketing e
campanhas publicitárias, pode se apropriar desse conhecimento de maneira a despertar
no indivíduo um desejo de consumo eficaz, e que através da linha de comunicação
escolhida esse indivíduo entenda “este produto/anúncio é para mim”.
Engel, Blackwell e Miniard usam de elementos da teoria psicanalítica, teoria
sociopsciológica e do chamado fator traço para entender a personalidade do indivíduo e
como essas teorias podem influenciar na sua escolha através de seus comportamento e
42
estilo de vida. Outro argumento pelos autores de “Comportamento do Consumidor”
levantado diz a respeito da personalidade de marca, que se refere à comunicação dos
atributos do produto/serviço e às percepções desses atributos recebidos pelos indivíduos
sobre marcas específicas, segundo Engel, Blackwell e Miniard as marcas têm três
dimensões: seus atributos físicos, que diz a respeito do funcional e objetivo, seus
atributos financiais, que dizem a respeito das conseqüências do uso de uma marca e por
fim, os atributos de caracterização, que dizem respeito à forma pela qual uma
“personalidade” da marca é percebida pelos consumidores. Quando os consumidores
compram produtos, eles frequentemente querem mais do que atributos funcionais e
tangíveis proporcionados pelos produtos, buscando assim uma boa experiência e
resposta emocional do uso do produto e benefícios hedonistas do consumo.
Os estudos dos autores de “Comportamento do Consumidor” se relacionam com a
perspectiva de Bauman na discussão sobre a Cultura Consumista, pois o argumentos de
Engel, Blackwell e Miniard sobre personalidade e valores do indivíduo são entendidos
pela lógica de uma cultura. Por sua vez Bauman aponta uma relação pode ser entendida
com um mecanismo de afirmação e pertencimento pelo qual o individuo dentro de uma
estrutura socialmente vinculada ao consumo. Afinal, quando fala de valores individuais
que influenciam o consumo, Engel, Blackwell e Miniard, dizem que esses valores sofrem
influencia do contexto em que se insere. Baumann aponta como um dos pontos principais
num processo de identificação desse contexto é a inserção e pertencimento, em que é
possível perceber que a relação do “estar a frente” é um fator determinante dentro da
organização da sociedade como um ambiente de consumo.
Segundo Bauman, a conformação do sujeito em mercadoria pode ser explicada
pelo fato de que todas as relações só podem ser empreendidas a partir do consumo e as
leis do próprio mercado, nada fora deles. Diante de uma sociedade de consumo
desenfreado, a necessidade da notabilidade e mobilidade é constante e cada vez mais
identidades são recriadas, moldadas e transformadas, deixando sua própria identidade
em prol do desejo de se parecer com o que é “melhor” e não pela necessidade em si,
tornando-se assim, um consumidor falho, o que foca sempre na notoriedade sobre si
como um lugar de significação intensa. Estabelecendo uma relação entre a perspectiva de
Bauman e Engel, Blackwell e Miniard, buscamos assim compreender o mercado do teatro
musical, agrupado no macroambiente do entretenimento, lazer e cultura, no Brasil,
também está relacionado a um determinado segmento de público. Objetivamos uma
compreensão de fatores que influenciem o consumo desse segmento, tendo por premissa
o enunciado desses autores, como por exemplo, a variável educação pode ser um fator
43
determinante para que um indivíduo entenda o lazer e cultura são produtos destinados a
ele. Como sugerido por Bauman, entender também como esse processo de identificação
parte de uma premissa de pertencimento e aceitação social devido à existência de uma
sociedade de consumo na qual seus valores e padrões estão relacionados com hábitos de
consumo. No caso de uma empresa, que é nosso objeto de estudo as manifestações
artístico-culturais e o patrocínio cultural é necessário para que elas permaneçam em plena
atividade, para ser aceita e inserida ela deve demonstrar determinados valores que estão
sendo ditados pela cultura consumista, por exemplo, sustentabilidade, responsabilidade
social e apoio a cultura. Não se limitando a isso, entender também o que é, em termos do
indivíduo, como essas relações comportamentais humanas se refletem no consumo
familiar e por faixas- etárias.
Os estudos de Engel, Blackwell e Miniard permitem um entendimento, no âmbito da
personalidade de marca, para qu se possa conseguirmensurar o valor de determinadas
marcas como uma variável de impacto para o indivíduo consumidor quando consideramos
que valores essa marca tem agregada e oferece um benefício tangível ao consumidor. As
bases de dados, por serem análises quantitativas, podem não oferecer com exatidão
quais seriam esses valores percebidos pelo consumidor e que tipo de benefícios é
oferecido ao consumidor pela marca, porém nos auxiliam de forma a ver um panorama de
quem é esse público que queremos comunicar e buscar uma eficácia na comunicação ao
nos apresentar um cenário e contexto em que estão inseridos esses consumidores e
empresas. A compreensão dessas variáveis é um fator determinando para um
mapeamento da população que “consome arte e cultura” e também de possíveis
patrocinadores da iniciativa privada, sobretudo se validada por inferências feitas a partir
do levantamento de dados iniciais da pesquisa relacionados com análises demográficas e
de bases de dados estatísticas.
3. 2. Análise estatística em segmentação de público
Compreensão do público-alvo da Cyntilante Produções por meio de dados
demográficos e estatísticos como indicadores para uma interpretação que possibilite
traçar um perfil do consumo de entretenimento, lazer e cultura pela família brasileira.
3. 2. 1. Compreensão do target do entretenimento
Buscou-se compreender quais seriam as possíveis variáveis de “consumo do
44
entretenimento”. Segundo apresentado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
IBGE, a maior parte dos gastos, em percentual, da receita da família brasileira é destinado
ao consumo direto de base: Produtos e serviços que são prioridades de consumo,
independente do valor, segundo dizem os economista em “Fundamentos de Economia, de
Vasconcelos et. Al, (2004) caracterizam-se como bens essenciais de procura inelástica,
ou seja, invariável, tais como alimentação, habitação, transporte e vestuário.
Tabela 2: Distribuição das despesas segundo média mensal familiar
Tabela 2: Distribuição das despesas monetária e não monetária segundo média mensal familiar, por faixa etária, em porcentagem. | Fonte: Censo IBGE 2008-2009.
A tabela 2, feita a partir de dados do último senso do IBGE (2008-2009), em relação
ao perfil das despesas no Brasil, mostra a distribuição em percentual da quantia destinada
45
aos diversos setores de produção e/ou serviços. Embora apresente dados de diferentes
segmentos de consumo, julga-se necessário apresentar dados tao diversos, para que de
fato seja possível compreender o peso do que é prioridade de consumo para a família
brasileira, em relaçao à gastos com lazer e cultura. É perceptível que alimentação
(16,1%), habitação (29,2%), transporte (16%) e vestuário (4,5%) juntos ocupem uma
parcela significativa (65,8%) da receita familiar brasileira. Sendo assim, os dados da
tabela 2, fornecidos pelo IBGE, são concordantes com os estudos dos economistas,
afirmados por Vasconcelos et. al em “Fundamentos de Economia”, que alimentação,
habitação, transporte e vestuário, esses são os produtos e serviços prioritários no
orçamento familiar, sofrendo pouca alteração na procura em relação o preço.
Em contrapartida, a parcela, segundo esses mesmos dados do IBGE destinada a
lazer e cultura, é significantemente menor, em alguns casos, quando nos permitimos uma
análise mais detalhada, observando esse consumo por diferentes faixas etárias percebe-
se que nem 2% da renda mensal é destinada ao lazer e cultura. A tabela 3, feita a partir
de um recorte da tabela 2, retrata esse aspecto.
Tabela 3- Gasto percentual com Lazer e Cultura por faixas etárias
Faixa etária
/ Segmento
10-19 anos 20-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos 60-69 anos 70 anos ou
mais
Lazer e
Cultura
2,0% 2,3% 1,7% 1,8% 1,6% 1,3% 1,2%
Tabela 3: Gasto médio destinado à cultura e lazer por faixa etária em percentual segundo a renda familiar. | Fonte: Censo IBGE 2008-2009.
Segundo os dados da tabela 3, vemos que percentualmente, o público jovem é o
que mais destina sua renda a produtos de entretenimento, considerando-se que os
maiores percentuais da tabela, 2,3% e 2,0%, correspondem respectivamente, a pessoas
na faixa etária de 10-19 anos e 20-29 anos. No entanto, segundo dados apresentados no
IBGE, também do censo de 2008-2009, que levam em conta o valor monetário gasto pela
família brasileira em sua renda, apontam que as populações de 10-19 anos e 20-29 anos,
não são as que mais gastam, em valor monetário, com esse segmento de mercado. A
tabela 4, elaborada através de dados do IBGE, ilustra esse fato.
46
Tabela 4- Gasto monetário com Lazer e Cultura por faixas etária.
Faixa etária
/ Segmento
10-19 anos 20-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos 60-69 anos 70 anos ou
mais
Lazer e
Cultura
R$28,16 R$37,03 R$42,42 R$52,44 R$48,88 R$37,41 R$37,41
Tabela 4: Gasto médio destinado à cultura e lazer por faixa etária em valor monetário segundo a renda familiar. | Fonte: Censo IBGE 2008-2009.
Os dados apontados na tabela 4 nos despertaram atenção pelo fato de as faixas
etárias que têm maior despesa monetária com lazer e cultura, R$52,44 e R$48,88,
correspondem respectivamente às faixas etárias de 40-49 anos e 50-59 anos. Se
analisarmos a tabela 3, essas faixas etárias correspondem ao 3º e 5º lugar,
respectivamente, no ranking do gasto percentual do valor da renda mensal. As faixas
etárias 10-19 e 20-29 que na tabela 3 lideram o ranking ficam, respectivamente, em 5º e
6º lugar. Outro fator interessante é que a faixa etária de 30-39 anos sempre corresponde a
um termo intermediário em ambas as tabelas. Na tabela 3, ocupa o 4º lugar (1,7%) e na
tabela 4, ocupa o 3º lugar (R$42,42). Pode-se concluir pelos dados apresentados nas
tabelas 3 e 4 que o público jovem separa mais da sua renda, em percentual, com lazer e
cultura, no entanto, o valor gasto é menor, o que nos leva a inferir que esse público então
programações mais baratas e que tenham o beneficio de meia-entrada. No geral, pode-se
dizer que embora haja uma predominância do público jovem, um perfil mais adulto
também é interessado em cultura e lazer, pois embora não gaste tanto em percentual,
gasta um valor monetário significativo.
O fator educação também é outra variável importante de ser analisada para
compreensão da população que destina sua verba em cultura e lazer. Entendemos que o
grau de instrução da pessoa, através da educaçao, influencia diretamente em uma
propenssao ou não para assistir eventos culturais como o Teatro Musical. A tabela 5,
formulada a partir de dados do censo do IBGE 2008-2009, mostra que percentualmente
jovens de 10-19 anos tem maior gasto, 5,6%, com a educação, seguido em segundo lugar
por adultos de 30-39 anos.
47
Tabela 5: Gasto destinado à educação por faixa etária
Faixa etária
/ Segmento
10-19 anos 20-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos 60-69 anos 70 anos ou
mais
Lazer e
Cultura
5,6% 2,1% 3,1% 2,7% 2,7% 1,7% 0,9%
Tabela 5: Gasto médio destinado à educação e instrução por faixa etária em percentual segundo a renda familiar. | Fonte: Censo IBGE 2008-2009. Ambos os recortes de faixa-etária (10-19 anos e 30-39 anos) tem importante
participação de gastos com lazer e cultura, como demonstrado anteriormente nas tabelas
3 e 4. Cruzando esses dados com os da tabela 5 pode-se inferir que há uma relação
direta com o nível de educação com a propensão de gastos com cultura e lazer.
Sendo então cultura e lazer gastos não prioritários da família brasileira, é
importante analisarmos outras variáveis que possam exercer influência sobre esse
consumo. Considera-se a relação entre aumento do ativo e diminuição do passivo um
fator pertinente. As tabelas 6 e 7 são feitas a partir dos dados fornecidos do IBGE e nos
fornece esse panorama.
Tabela 6: Relação do aumento do passivo por faixa etária
Faixa etária
/ Segmento
10-19 anos 20-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos 60-69 anos 70 anos ou
mais
Lazer e
Cultura
2,2% 5,8% 7,4% 5,9% 5,4% 5,5% 3,3%
Tabela 6: Relação do aumento do passivo por faixa etária em percentual segundo a renda familiar.Fonte: Censo IBGE 2008-2009.
Tabela 7: Relação da diminuição do passivo por faixa etária
Faixa etária
/ Segmento
10-19 anos 20-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos 60-69 anos 70 anos ou
mais
Lazer e
Cultura
0,6% 1,5% 2,4% 2,3% 2,0% 1,9% 1,7%
Tabela 7: Relação da diminuição do passivo por faixa etária em percentual segundo a renda familiar. Fonte: Censo IBGE 2008-2009.
O aumento do ativo diz a respeito de uma maior quantidade de ativos financeiro
48
entrando e, consequentemente, incrementando a renda familiar. As faixas etárias de 30-39
anos e 40-49 anos lideram o ranking segundo a tabela 6, o que talvez possa explicar o
porquê dessas faixas etárias serem as que mais gastam com cultura, lazer e outros
segmentos que não são prioritários para a família brasileira. Os jovens (10-19 anos e 20-
29 anos) estão localizados nessa tabela respectivamente em 5º e 3º lugar, o que pode
sugerir o porquê dessas faixas etárias terem um gasto percentual alto, quando
analisamos pretensão de gastos à cultura e lazer.
Vemos também que essa argumentação com relação ao aumento do passivo são
confirmadas pelos dados que vemos na tabela 7, que dizem a respeito da diminuição do
passivo, que pode ser definido como a diminuição dos dividendos referentes a receita
familiar. Mais uma vez as faixas etárias de 30-39 anos e 40-49 anos lideram o ranking. Já
os mais jovens (10-19 anos e 20-29 anos) ocupam o 5º e 6º lugar, o que pode mostrar
porque essas faixas etárias, apesar de terem um gasto percentual alto, seu gasto
monetário é mais reduzido quando analisamos a pretensão de gastos a lazer e cultura.
Pode então definir-se como público para cultura e lazer, segundo dados do censo
do IBGE em 2008-2009, é constituído majoritariamente por jovens de 10-19 anos, com
boa educação que embora destinem uma parte representativa de sua renda para esse
fim, buscam opções mais econômicas e utilizar do benefício de meia-entrada. Há sim a
predominância dos jovens, mas há uma pulverização na classe adulta (30-70 anos ou
mais) que embora não tenham um gasto percentual alto com cultura e lazer em ralação
aos gastos prioritários, ainda destinam parte significativamente de seus ativos financeiros
a esse fim.
3. 2. 2. Compreensão do Empresariado Brasileiro
Justifica-se uma análise do empresariado brasileiro para que seja possível traçar
uma análise amostral condizente que permita a compreensão da propensão da iniciativa
privada em financiar espetáculos. Os dados do estudo feito pelo Ministério da Cultura do
Brasil juntamente com a FJP mostram o percentual empresariado interessado em investir
em cultura no Brasil. A tabela 8, retirada da pesquisa realizada pela FJP, nos mostra que
os setores que mais têm afinidade com o patrocínio e apoio cultural, em percentual, são
grandes empresas como mineração, telecomunicações, edição e impressão, indústrias de
papel e celulose, com 100% desse padrão de afinidade com o patrocino cultural e outros
setores importantes como o de recursos de água, gás e energia elétrica, financeiro,
serviços de transporte, e indústria química e petroquímica, também tem grande
49
significância. Percebe-se então que grande parte dos investidores e patrocinadores da
iniciativa privada brasileira concentra-se em empresas de grande porte, o que pode
explicar o porquê de elas normalmente estarem associadas á grandes projetos culturais.
Partimos então do pressuposto de Engel, Blackwell e Miniard tentando agregar valores á
essas empresas que patrocinam a cultura, como uma forma de promover uma boa
personalidade de marca em relação ao consumidor.
Tabela 8: Número de empresas investidoras e não-investidoras em cultura no Brasil.
Tabela 8: Número de empresas amostradas investidoras e não-investidoras em cultura, por ramo de atividade econômica no Brasil. | Fonte: FJP e CEHC
O número de investidores do segmento cultural tem apresentado um crescimento
importante no período de 1990 a 1997. A pesquisa da Fundação João Pinheiro, nos
confirma isso através da tabela 9, em que é perceptível um salto de mais de 300% em
relação ao ano inicial, 1990, onde apenas 27 empresas eram investidoras em cultura. No
50
ano de 1997, quando se encerrou a pesquisa da Fundação, 99 empresas investiram em
cultura. O que nos leva a inferir que se há esse crescimento significativo, a possibilidade
de angariar patrocinadores para os projetos da Cyntilante Produções pode ser otimista.
Tabela 9: Crescimento do número de empresas investidoras em cultura
Tabela 9: Crescimento do número de empresas investidoras em cultura durante os anos de 1990-1997.| Fonte: Fundação João Pinheiro 1990-1997.
Outro dado pertinente, e também otimista, pode ser analisado através da tabela 10.
Os valores apresentados nessa tabela, segundo pesquisa da Fundação João Pinheiro,
correspondem aos gastos anuais com a cultura e sua respectiva taxa de crescimento.
Como pode ser visto no site do Ministério da Cultura, a Lei Roaunet, descrita no
levantamento de dados iniciais, foi instituída em 1991. Esta lei pode ser o principal fator
que justifica esse crescimento, como propõe os analistas da pesquisa da Fundação João
Pinheiro. Em 1990, um ano antes de a Lei Roaunet entrar em vigor, os gastos com
investimento cultural da empresas como um todo, eram num total de R$ 32802,00,
considerando uma taxa de crescimento nula, em 1997 o valor sobe para R$ 147433,00,
com uma taxa de crescimento de 19%. Conseqüentemente, mas não obrigatoriamente, se
aumenta o número de valor gasto com investimento cultural, o número de projetos
beneficiados também aumenta. A tabela 11 nos mostra essa panorama com base em
dados da Fundação João Pinheiro, por meio dela é possível ver que de 92 projetos
artístico-culturais financiados pelo empresariado brasileiro em 1990, o que totalizam em
apenas 3,8% dos projetos culturais do país financiados, passam a configurar num quadro
otimista de 772 projetos financiados, num total de já 30% de projetos dessa natureza
financiados pela iniciativa do empresariado brasileiro, acreditando os analistas da
pesquisa da Fundação João Pinheiro esse crescimento estar ligado com a instituição da
51
Lei de Incentivo á Cultura- Lei Rouanet, que fora instituída em dezembro de 1991.
Tabela 10: Estudo de gastos anuais com cultura pelo empresariado brasileiro.
Tabela 10: Estudo de gastos anuais com cultura pelo empresariado brasileiro (valores em R$ 1000,00 em 1996). | Fonte: FJP1990-1997.
Tabela 11 : Projetos culturais que recebem incentivo financeiro de empresas
Tabela 11 : Levantamento de projetos culturais que recebem incentivo financeiro de empresas durante os anos de 1990-1997. | Fonte: FJP1990-1997
É necessário também que se analise se essa taxa de crescimento é acompanhada
em que setores empresariais. Na tabela 12, retirada de estudos e pesquisa realizada pela
FJP, é possível identificar que nos anos de 1990 a 1997 predominou-se sim o
investimento das empresas da iniciativa pública sobre as empresas da iniciativa privada.
Em 1990 o quadro era de R$ 24.755,06 gasto pela iniciativa pública contra R$8.027,84
52
da iniciativa privada. No entanto, embora ainda não dominante, a iniciativa privada
acompanhou o crescimento da iniciativa pública e passou a ser mais ativa no investimento
cultural segundo nos mostra a pesquisa da FJP. Os valores para o ano de 1997, ainda
mostram que a iniciativa pública está a frente, com o investimento médio de R$
77.004,00, no entanto a iniciativa priva já está investindo representativos R$ 70.428,65.
Tabela 12 : Investimento em cultura pelas empresas brasileiras públicas e privadas
Tabela 12 : Investimento em cultura pelas empresas brasileiras públicas e privadas durante os anos de 1990-1997. | Fonte: FJP1990-1997
Tabela 13 : Número de projetos culturais patrocinados pelo empresariado brasileiro
Tabela 13 : Levantamento do número de projetos culturais patrocinados pelo empresariado brasileiro durante os anos de 1990-1997. | Fonte: FJP1990-1997
Outro dado importante pode ser observado na tabela 13, retirada de pesquisa e
análise da FJP sobre o patrocínio cultural. Vemos algo interessante: Se na tabela 12 o
que percebemos é um investimento maior da iniciativa pública em relação a iniciativa
privada, nessa tabela 13 o panorama mostra que mais projeto são apoiados pela iniciativa
privada. O número de projetos é variado a cada ano apresentado na tabela, no entanto na
53
maioria dos anos, é a iniciativa privada que tem uma maior pulverização do seu
investimento, podendo garantir assim uma diversidade maior de projetos tornando-se
produtos artístico-culturais concretos, á exemplo temos o ano de 1997 onde 378 projetos
foram financiados pela iniciativa pública, e a iniciativa privada investiu em outros 394
projetos. Esse crescimento da participação da iniciativa privada em quase igual
importância á participação das empresas públicas fomentam a argumentação de propor-
se o patrocínio cultural da iniciativa privada, através do recurso legal da Lei Rouanet de
Incentivo a Cultura, como uma alternativa para a concretização de eventuais projetos
culturais da Cyntilante Produções e assim continuar-se a produção de Teatro Musical em
Belo Horizonte.
Os dados encontrados estão defasados pois há pouca pesquisa realizada
buscando essa compreensão empírica do patrocínio cultural e responsabilidade cultural
das empresas. No entanto, os dados encontrados da FJP continuam sendo pertinentes
pois apresentam uma análise do crescimento do patrocínio cultural bem pontual de
quando entrou em vigor a Lei Roaunet, uma das principais no que diz a respeito de leis de
incentivo à cultura.
4. LEVANTAMENTO DE DADOS PRIMÁRIOS- PESQUISAS DE OPINIÃO
Buscou-se então o levantamento de dados de base primárias através de
entrevistas realizadas com produtores culturais atuantes no mercado mineiro e também
54
empresários da iniciativa privada que tenham, ou não o costume de realizar ações de
patrocínio cultural.
4. 1. Dados Técnicos do Projeto
PESQUISA CYNTILANTE PRODUÇÕES
Data início do projeto:
Agosto/2012
Data Término do projeto:
Novembro/2012
Componentes do Grupo Responsáveis pelo
Projeto:
Gabriel Caputo, Isabela Fontana, Italo Lana, Leandro
Rodrigues, Priscilla Veazey
Tema: Cyntilante Produções | “Patrocínio Cultural: Uma alternativa para o Teatro
Musical mineiro”
Fato Principal: Propor uma campanha institucional para a Cyntilante Produções que
vise a capitação de recursos para seus espetáculos.
Objetivo da comunicação: Promover o estímulo do patrocínio cultural através de
estratégias sensibilizadoras da iniciativa privada com esclarecimento das vantagens
sobre leis federais, estaduais e municipais que estimulam esse tipo de patrocínio.
55
Objetivos da Pesquisa:
. Entender percepções, conceitos e representações do empresariado com relação ao
patrocínio cultural à grupos teatrais;
. Avaliar estratégias e esforços das produtoras mineiras ao realizar o projeto de um espetáculo;
. Com relação ao empresariado: Identificar como uma empresa pode estar associada ao público por meio do meio patrocínio cultura;
. Com relação aos produtores culturais: Levantar sugestões para a elaboração de uma campanha para a capitação de patrocinadores.
Metodologia
Técnica Amostra Pré-
teste
Perfil dos
Respondentes Período de Realização
Entrevistas individuais em profundidade
4 entrevistados (4 entrevistados finais foram entrevistados posteriormente)
Homens e Mulheres
30 a 76 anos
Produtores Culturais
ou Empresários da
iniciativa privada
23 a 26 de outubro/2012
Este relatório busca compreender as contribuições específicas do pré-teste em
relação ao objetivo da comunicação e dos conceitos da campanha a ser realizada,
tomando-se como premissa a validade das entrevistas realizadas nessa primeira parte
como uma amostragem do mercado através de análises exploratórias pertinentes das
entrevistas concedidas ao grupo.
4. 2. Apresentação dos Resultados
Análise das respostas obtidas nas entrevistas analisadas organizadas por seções e
blocos de perguntas.
4. 2. 1 Público-alvo
Buscou-se entrevistar dois públicos distintos, empresariado da iniciativa pública e
produtores culturais, para uma compreensão mais ampla do mercado cultural belo-
horizontino e como a questão do patrocínio cultural, responsabilidade cultural das
empresas, crescimento da produção em Teatro Musical no Brasil e também, mais
especificamente em Belo Horizonte, a fim de avaliar a experiência e vivencia desses
56
públicos com o tema.
Com a realização da pesquisa com o público alvo, pode-se perceber que, em
termos gerais, o empresariado tem pouco conhecimento sobre o que de fato é o teatro
musical e também da existência dessa modalidade cultural em Belo Horizonte. Com os
produtores culturais entrevistados, o que foi percebido é que, a capitação de recursos
mediante a iniciativa privada ainda é difícil. Tanto o empresariado quanto os produtores
culturais tinham conhecimento das leis de incentivo a cultura e expressam pontos
importantes sobre a validade dessas leis.
4. 2. 2 Diretrizes de Comunicação
Aqui são Apresentadas algumas conclusões das entrevistas e organizadas por
blocos de perguntas para tornar mais clara a compreensão das abordagens necessárias
na campanha.
4.2.2.1 Bloco I – Identificação de Conceitos sobre Patrocínio e Investimento Cultural
É perceptível que em geral, o público entrevistado têm o entendimento sobre a
responsabilidade cultural da empresas, e como esse impedimento costuma ser atrelado a
uma participação de responsabilidade também social, gerando impactos significativos nas
empresas em que estão inseridos. Dos empresários entrevistados nem todos têm uma
prática regular de patrocínio cultural, no entanto, fazem observações de como essas
ações de patrocínio são pertinentes para comunidade, tal qual apontado por um dos
entrevistados.
2. Muitas pessoas têm falado sobre o a responsabilidade cultural das empresas.
Você já ouviu falar sobre esse tema? O que você pensa sobre esse assunto?
“Tal qual a sustentabilidade é uma palavra do século XXI e que as empresas tem
se apropriado disso para ter uma boa imagem perante a sociedade, a
responsabilidade cultural também deve ser uma dessas palavras do século XXI”
Os entrevistados têm conhecimento sobre as leis (Rouanet, federais, estaduais e
municipais) que viabilizam e tornam mais interessante para o empresário o patrocínio e
discursam sobre os pontos positivos e negativos dessas leis. Foi inclusive apontado para
57
o grupo que a Lei Rouanet está em trâmite devido à questão da inclusão da contrapartida
de 20% de financiamento da própria empresa. ok Outro fato apontado foi a existência de
um movimento de produtores culturais pedindo para ser retirado os 20% da contrapartida
da lei estadual. Como pode ser visto nos recorte de falas de dois diferentes entrevistados
abaixo:
4. Tem-se comentado sobre os pontos positivos e negativos da Lei Rouanet e
demais leis de incentivo à cultura no Brasil. Qual a sua opinião a respeito dessa
lei?
“(…) virou um vício das empresas em só patrocinar quando tem isenção de
impostos e quando eu tenho que dar alguma coisa com recursos próprios a
empresa desiste do patrocínio (...)”
“(…) os pensamentos sobre essa lei são muitos e até controversos. Eu a vejo como
necessária, pois é difícil o artista continuar seu trabalho somente por lucro de
bilheterias e nem o governo tem condições de ser responsável por uma produção
tão numerosa de um país tão extenso. (...) somos a favor dos 20% da contrapartida
das empresas e fazemos questão de dar em dinheiro mesmo, não em auxiliar com
transporte, lanches ou material gráfico, pois acreditamos que isso não contribui de
fato com o projeto, o que contribui, é o dinheiro. Ser responsável é ser participativo
e usar a lei de maneira responsável, não só marketing cultural”
De maneira geral, pode-se perceber que em Belo Horizonte, há conhecimento por
parte do empresariado e dos produtores culturais sobre a responsabilidade cultural das
empresas e como as leis de incentivo à cultura têm atuado como um mecanismo
facilitador, apesar de haver uma grande discussão ainda sobre reformulações na lei. Os
patrocínios em Minas Gerais ainda são um tanto quanto tímidos, como podemos ver no
exemplo abaixo:
B) Para o produtor cultural: Atualmente, você, como produtor cultural, tem costume de ter
seus projetos culturais patrocinados pela iniciativa privada? Com qual freqüência isso
é feito e que segmentos de empresas geralmente fornecem patrocínio?
58
“(...) Nós nunca tivemos patrocínio institucional, tivemos apoio, pois a palavra
patrocínio agrega um valor financeiro considerável e não é isso o que geralmente tem
acontecido, e sim apoios financeiros esporádicos (...)”
Dessa forma, esse conhecimento nos faz pensar em estratégias que visem uma
correta compreensão das empresas e seu papel social e cultural e aproveitar do
mecanismo das leis de cultura, para incentivar produções culturais e artísticas em Minas
Gerais. Essa estratégia deve agregar valor à empresa que faz a ação de patrocínio,
valorizar o produto da empresa Cyntilante Produções e esclarecer as leis de incentivos,
em suas diferentes vertentes, para o empresariado.
4.2.2.2 Bloco II – Hipóteses sobre a capitação de Patrocínio
Nas entrevistas realizadas foi possível perceber que as empresas têm um papel
importante em relação à cultura que vai desde o apoio financeiro, o acompanhamento,
difusão e o estabelecimento de relações entre os profissionais. ok Questiona-se a
participação das empresas no apoio à cultura, que esse apoio só é feito pelas grandes
empresas e não é feito com foco no eixo Rio-SP e que ainda algumas empresas não tem
feito de maneira responsável, sendo então apontado pelos entrevistados que falta uma
conscientização geral das empresas e seu papel na difusão cultural, a exemplo do
apontado por um dos entrevistados:
6. Comente a seguinte frase:
“As grandes empresas estão fazendo um bom trabalho em apoiar grandes
iniciativas de promoção da arte e cultura no Brasil.”
Estimule ao entrevistado a afirmar, negar ou refutar essa frase dando justificativas.
Quais são as variáveis necessárias a serem mudadas para que essa frase seja um
fato?
“(…) muito delicado falar que não cresce o incentivo, porque eu acho que o
incentivo tem crescido, acho que ele está resolvendo parte do problema de difusão
da cultura, mas acho também que não são completamente eficientes. Tanto é que o
próprio governo federal já tem repensado, já existem outros projetos que são
59
diretamente financiados pelo governo, ou seja, não passa pela iniciativa privada
(...)”
O retorno de uma ação de patrocínio cultural, para o empresariado, como já
pensávamos, traz sim, segundo apurado na pesquisa, benefícios de divulgação e
reconhecimento de marca para a empresa, mas também nos faz contemplar outros
retornos interessantes para o empresariado brasileiro, como apontado pelo recorte de um
dos entrevistados abaixo:
7. A) Para o empresariado: A partir da sua experiência, como empresário atuante
no mercado mineiro, conte sobre as principais situações em que sua empresa
esteve envolvida com ações de patrocínio cultural pensando nos retornos dessas
ações?
“Temos retornos de qualidade de ver como a percepção de qualidade do que a
ArcelorMittal se propõe a fazer pela comunidade, e não apenas de reconhecimento
de marca, um conceito de reputação, de ver o impacto das iniciativas culturais e
sociais que acreditamos na comunidade”
Sendo assim, acreditamos que uma boa estratégia de comunicação para capitação
de recursos para a Cyntilante Produções, está em propor um mecanismo final de
gratificação simbólica como uma forma de reconhecimento ao apoio dado aos seus
projetos. É necessário propor algo que traga um retorno para seu produto ou marca e que
expresse o vínculo da empresa patrocinadora do projeto com algo de impacto positivo
para a sociedade e desenvolvimento da cultura e arte no Brasil e que isso fosse divulgado
internamente, para que a empresa se sentisse motivada e orgulhosa de sua contribuição,
e externamente, para que se crie uma reputação positiva do público com a empresa e
reconhecimento de marca.
Outro aspecto importante levantado diz a respeito da preocupação que os
empresários têm em conhecer o projeto, e contemplar produtores com projetos que
qualidade e que sigam diretrizes e normas pré-definidas pela própria empresa. Os
produtores também buscam levar, quando tem um bom contato de indicação, em alguns
casos, projetos que dialoguem com o público correspondente à empresa. Dessa forma,
entendemos que um aspecto importante a ser abordado em nossa campanha é uma
relação coerente entre projeto proposto pela Cyntilante Produções que seja alinhado aos
60
ideais e lema de uma empresa e coerente com o público que essa empresa se propõe
atingir, sendo esse público um possível público para os espetáculos da produtora.
4.2.2.3 Bloco III– O Teatro Musical
Foi percebido também que há pouco conhecimento do crescimento do Teatro
Musical Brasileiro e conseqüentemente desse surgimento de modalidade cultural em Belo
Horizonte. Esse desconhecimento está relacionado até mesmo pelo fato de um
conhecimento raso do empresariado do que é, de fato, o teatro musical. Foi perceptível
durante as entrevistas o conceito de Teatro Musical ainda estava ligado ao senso comum
de superproduções da Broadway, e como vimos no primeiro levantamento de dados, essa
modalidade cultural vai além dessas definições, o que nos alerta para o fato de que
convêm explicar ao empresariado, quando o projeto for ser apresentado, uma pouco
sobre o gênero e assim valorizar mais o projeto, facilitando o patrocínio.
9. A) Para o empresariado: Muitas pessoas têm falado sobre o crescimento do
teatro musical brasileiro. Você já ouviu falar sobre esse tema? O que você pensa
sobre esse assunto?
“Musical... Isso é um recorte muito do eixo Rio-SP, essas grandes produções no
estilo Broadway estão apenas nesses locais, isso não tem sido a realidade de
Minas Gerias, que é muito voltado para o teatro de pesquisa”
Os produtores apontaram que o mercado para o Teatro Musical em Belo Horizonte
é promissor mais ainda é necessário que o público se acostume com algumas
particularidades do gênero como a duração dos espetáculos, por exemplo, e também que
o empresariado mineiro se acostume com uma planilha menos modesta de gastos e
estejam dispostos a investir quantias maiores já que as produções têm um custo mais
elevado. Entre os benefícios de essa modalidade cultural estar se desenvolvendo está a
geração de empregos para as mais diversas classes artísticas, por se tratar de um
segmento artístico completo. O que é algo interessante para as empresas, que já tem o
entendimento de que a valorização da classe artística e da cultura é uma
responsabilidade também delas. Abaixo temo o recorte de fala de um dos entrevistados:
10. B) Para o produtor cultural: Você tem conhecimento que há empresas
61
especializadas nesse segmento em Belo Horizonte? O que você analisa o
surgimento dessa modalidade cultural de produtoras em Belo Horizonte?
“(…) Ele é em potencial um grande gerador de empregos para bailarinos, cantor,
ator, músicos. Então o fato do musical ter crescido, até em BH, em uma proporção
infinitas vezes menor do que a gente vê em outros locais, é uma luz no fim do túnel
para quem sai de faculdades e ficam restritos em cantar, por exemplo, em um
casamento, pois não existe um mercado que de um emprego para essas pessoas
que saem de uma universidade de música. As operas produzidas aqui são quatro
ou cinco vezes no ano, e isso não consegue suprir a quantidade de gente que se
forma nas escolas. (...)”
4.2.2.4 Bloco IV – Sugestão de Campanha
Como já cogitávamos, a ação de patrocínio tem que levar um benefício claro, já
durante o momento da apresentação do projeto, à empresa que se dispõe a viabilizar o
projeto, como pode ser visto na fala de um dos entrevistados abaixo:
13. A) Para o empresariado: Vamos imaginar que você vai ser o responsável por
aprovar uma campanha para apoiar o Teatro Musical mineiro, com uma forma de
manifestação cultural, e conseqüentemente de associar a empresa com o patrocínio
cultural. Que aspectos seriam importantes para que os produtores o convencessem do
projeto? Qual seria o tema central e estratégias de comunicação válidas?
"(...) a forma que o produtor teria para nos convencer do projeto teria que ter algum
retorno para o comércio, como por exemplo, patrocínio dos lojistas emprestando os
figurinos sendo assim feito a publicidade das lojas. Poderia ser um evento que pode
ser útil por bairros que tenha um cunho comercial preciso, pode ser a Savassi, o Barro
Preto.”
Sobre a mesma pergunta, outro critério foi apontado como importante, pelo
empresariado sobre o que seria um projeto em Teatro Musical válido:
“ (...) Hoje, o foco da nossa empresa está em Teatro infantil e sobretudo em um
projeto que valorize a diversidade cultural brasileiro, acho que deveríamos em
62
investir com coisas com mais a cara da nossa cultura, algo mais brasileiro mesmo
e não apenas importar musicais internacionais. E é claro, um produto que preze
pela qualidade e que seja um produtor que tenha know-how para produzir musical”
A fala acima destacada é pertinente, embora seja uma opinião de um
empresário em específico, um viés facilitador já que a Cyntilante Produções busca
desenvolver musicais com temática que valorizem a cultura brasileira, como “Arca de
Vinícius”, “Saltimbancos”, “Lampiãozinho e Maria Bonitinha” e “Eu Não Sou Cachorro
Não”, e também musicais infantis. Além disso, foi uma das primeiras a focar no gênero em
Belo Horizonte e hoje só produz musicais. Dessa forma acreditamos que um forte
argumento de convencimento para o empresariado está em falar do histórico e
conseqüentemente da credibilidade da Cyntilante Produções, bem como de seu diretor
Fernando Bustamante, e também agregar como estratégia de comunicação essa
preocupação com valorização da cultura brasileira nos musicais da Cyntilante, como se
disséssemos ao público que eles vão valorizar a cultura brasileira através de uma
produtora que tem em seus projetos uma clara valorização da de arte e cultura brasileira.
4. 3 Observações gerais sobre o roteiro de entrevista
Notou-se que o roteiro foi bem coerente e facilitou muito a entrevista para o
entrevistador e principalmente ao entrevistado. A organização em blocos por assunto, e
uma seqüência lógica da ordem das perguntas possibilitou que o entrevistado pudesse
discursar de maneira organizada sobre o tema proposto na pesquisa. ok Cogitou-se fazer
da pergunta 4 (Bloco I) a segunda questão do questionário, já que logo na primeira
questão o entrevistado, geralmente, costumava se referir às leis de incentivo, no entanto,
viu-se que era importante, voltar nessa questão e solicitar que o entrevistado enumerasse
pontos positivos e negativos da lei após já ter comentado sobre os assuntos propostos
nas questões 2 e 3 (também do Bloco I).
Pela particularidade de encontrar perfis que de fato contribuíssem para a pesquisa,
julgou-se pertinente oferecer uma pequena lembrança em expressão de gratidão do
grupo pela disponibilidade da entrevista.
63
5. CONCLUSÃO
Após levantamento de dados secundários e primários e uma análise de
segmentação de mercado focada no Teatro Musical brasileiro, e direcionando as
informações coletadas para uma compreensão correta do contexto mercadológico em que
a Cyntilante Produções está inserida pode-se concluir que as pesquisa feitas foram de
vital importância para traçar-se uma estratégia de comunicação que busque fazer com
que a empresa cresça e conseqüentemente, o Teatro Musical mineiro.
A realidade da Cyntilante Produções, e dos demais produtores culturais atuantes
no mercado mineiro entrevistados, é a mesma dos grandes produtores do eixo Rio-SP: Há
um interesse em investir no Teatro Musical como modalidade cultural, no entanto, o alto
custo de produção, ensaios, turnês e temporadas dos espetáculos musicais requer um
auxílio extra que não venha diretamente do produtor cultural sendo então necessário o
apoio das empresas da iniciativa privada e também do governo para que esses
espetáculos de fato aconteçam e que o Teatro Musical ganhe um espaço cada vez maior
no cenário cultural brasileiro. A diferença é que o eixo Rio-SP dá grande visibilidade aos
patrocinadores e por isso torna-se vantajoso apoiar grandes projetos nessas localidades,
em Minas Gerais, como percebido pelas entrevistas, o apoio é ainda feito em planilhas
muito humildes.
Entender quem é o empresariado brasileiro, como está organizado, quais
empresas costumam patrocinar e o que patrocinaram foi importante para que
desenvolvêssemos diretrizes de campanha e de comunicação para a Cyntilante
Produções. A empresa escolhida, tem uma linha criativa de produção artística de seus
espetáculos em Teatro Musical, que nos oferece um reason-why muito interessante a ser
apresentado para o empresariado brasileiro no momento da capitação de recursos.
O Teatro Musical mineiro ainda caminha a passos curtos, a Cyntilante Produções,
como percebemos em nossas pesquisas, tem apostado no segmento. As empresas,
pouco sabem sobre a existência dessa modalidade em Minas Gerais. As estratégias e
diretrizes de comunicação foram criadas tomando-se por base essa realidade
apresentada, segundo o direcionamento que os dados coletados apontavam nos
mostrando a eficácia que tem o conhecimento do mercado, por meio de pesquisa, ao se
pensar em uma campanha.
64
REFERÊNCIAS
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BARROS, José Márcio ; JÚNIOR, José Oliveira. Pensar e Agir com a Cultura: Desafios da gestão cultural. Belo Horizonte: Observatório da Diversidade Cultural, 2011.
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KANTOR, Michael. Broadway: The American Musical. New York, Bulfinch Press, NY.2004.
MINIARD, Paul; ENGEL, James F.; BLACKWELL, Roger D. . Comportamento do Consumidor. 9. ed.São Paulo: Thomson, 2005.
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Programa Arte no Ar: Cyntilante Produções - 21 abril 2012
Programa Revista BHNews: A Pequena Sereia – 30 setembro 2012
Programa Globo Horizonte: Eu Não Sou Cachorro Não – 04 novembro 2012
Entrevista com Fernando Bustamante concedida ao grupo, realizada em 30 de agosto de
2012.
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65
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http://www.meioemensagem.com.br/home/marketing/noticias/2012/03/16/O-melhor-ano-
dos-musicais-no-Brasil.html
http://www.teenbroadway.com.br/#!about/c1j4r
66
APÊNDICE A- ROTEIRO DE ENTREVISTA
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Tema: Patrocínio cultural da iniciativa Privada à grupos teatrais.
Objetivos:
. Entender percepções, conceitos e representações do empresariado com relação ao
patrocínio cultural à grupos teatrais;
. Avaliar estratégias e esforços das produtoras mineiras ao realizar o projeto de um
espetáculo;
. Para o empresariado: Identificar como uma empresa pode estar associada ao público
por meio do meio patrocínio cultura
. Para as produtoras: Levantar sugestões para a elaboração de uma campanha para a
capitação de patrocinadores
Perfil do Entrevistado: Coletar dados elementares: Nome, sexo, idade e profissão
Apresentação do entrevistador e dos objetivos da pesquisa com esclarecimento
das regras da entrevistas e argumentação sobre gravação.
“Olá, sou estudante de Publicidade e Propaganda da Faculdade PUC Minas e,
juntamente com um grupo de mais quatro componentes, estamos fazendo um trabalho de
pesquisa sobre a responsabilidade cultural das empresas no que diz respeito ao
patrocínio de espetáculos. Estamos fazendo uma análise com empresários e com
produtores culturais atuantes no mercado mineiro para buscar compreender sobre o tema
através da sua experiência como empresário/produtor cultural auxiliado pelo nosso roteiro
de perguntas. Gostaria de poder gravar esta entrevista para que fique mais fácil depois a
análise das informações coletadas na entrevista de hoje. Essa gravação não será
divulgada, é apenas um referencial facilitador”
Bloco I: Identificação de Conceitos sobre Patrocínio e Investimento Cultural
1.
A) Para o empresariado: Atualmente, você, como empresariado da iniciativa
67
pública, tem costume em realizar ações de patrocínio a arte, cultura, esporte,
eventos, ideias sustentáveis, projetos sociais? Com qual freqüência isso é feito e
que segmentos são apoiados geralmente? Quais são os critérios para esse
patrocínio, aqui nessa empresa?
B) Para o produtor cultural: Atualmente, você, como produtor cultural, tem costume
de ter seus projetos culturais patrocinados pela iniciativa privada? Com qual
freqüência isso é feito e que segmentos de empresas geralmente fornecem
patrocínio?
2. Muitas pessoas têm falado sobre o a responsabilidade cultural das
empresas. Você já ouviu falar sobre esse tema? O que você pensa sobre esse
assunto?
3. O que uma empresa deve fazer para a sociedade, em termos gerais,
considerá-la culturalmente responsável?
4. Tem-se comentado sobre os pontos positivos e negativos da Lei Rouanet e
demais leis de incentivo à cultura no Brasil. Qual a sua opinião a respeito dessa
lei?
Bloco II: Hipóteses sobre a capitação de patrocínio
5. Solicite ao entrevistado que complete a seguinte frase:
“Em termos de cultura, as empresas devem ter total responsabilidade por
___________”
6. Comente a seguinte frase:
“As grandes empresas estão fazendo um bom trabalho em apoiar grandes
iniciativas de promoção da arte e cultura no Brasil.”
Estimule ao entrevistado a afirmar, negar ou refutar essa frase dando justificativas.
68
Quais são as variáveis necessárias a serem mudadas para que essa frase seja um
fato?
7.
A) Para o empresariado: A partir da sua experiência, como empresário atuante no
mercado mineiro, conte sobre as principais situações em que sua empresa esteve
envolvida com ações de patrocínio cultural pensando nos retornos dessas ações?
B) Para produtores culturais: A partir da sua experiência, como produtor cultural
atuante no mercado mineiro, quais são as principais dificuldades das empresas para
se fazerem acreditar que ao comunicarem com seu público através do patrocínio
cultural vão agregar valores e atributos positivos em relação a sua empresa?
8.
A) Para o empresariado: Como tem sido a abordagem, dos produtores culturais quanto
à solicitação de patrocínios e/ou investimento? Muito desses projetos tem sido
aprovados? Quais são as dificuldades para esses projetos serem aprovados?
B) Para o produtor cultural: Como tem sido a abordagem, perante o empresariado,
quanto à solicitação de patrocínio e/ou investimento em seus projetos? Geralmente, a
resposta do empresariado é positiva e esses projetos têm sido aprovados?
Bloco III: O Teatro Musical
9.
A) Para o empresariado: Muitas pessoas têm falado sobre o crescimento do teatro
musical brasileiro. Você já ouviu falar sobre esse tema? O que você pensa sobre
esse assunto?
B) Para o produtor cultural: Muitas pessoas têm falado sobre o crescimento do
teatro musical brasileiro. O que você pensa sobre esse assunto? O que disso é
comentado em meio a seu ambiente e rotina de trabalho?
69
10.
A) Para o empresariado: Você tem conhecimento que há empresas especializadas
nesse segmento em Belo Horizonte ? O que você pensa sobre o investimento
nessa modalidade cultural?
B) Para o produtor cultural: Você tem conhecimento que há empresas
especializadas nesse segmento em Belo Horizonte? O que você analisa o
surgimento dessa modalidade cultural de produtoras em Belo Horizonte?
11.
A) Para o empresariado: Você já patrocinou algum projeto de Teatro Musical? À
quais produtoras/companhias se destinou o patrocínio? E se não , por quais
motivos?
B) Para o produtor cultural: Você já teve algum projeto de Teatro Musical
patrocinado? Quem foram os patrocinadores?
12. Para o produtor cultural apenas: Pensando no público belo-horizontino, você
acha que é o Teatro Musical é uma modalidade que vale a pena o retorno no
investimento?
Bloco IV: Sugestão de Campanha
13.
A) Para o empresariado: Vamos imaginar que você vai ser o responsável por aprovar
uma campanha para apoiar o Teatro Musical mineiro, com uma forma de manifestação
cultural, e conseqüentemente de associar a empresa com o patrocínio cultural. Que
aspectos seriam importantes para que os produtores, o convencesse do projeto? Qual
seriam o tema central e estratégias de comunicação válidas?
B) Para o produtor cultural: Vamos imaginar que você está com um projeto que visa a
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promoção do Teatro Musical Mineiro e está buscando o apoio, perante o
empresariado da iniciativa privada para aprovar esse projeto e conseqüentemente,
uma campanha que associe a empresa com o patrocínio cultural. Que aspectos
seriam importantes para que para convencer as empresas do projeto? Qual seriam o
tema central e estratégias de comunicação válidas?
Finalizar com agradecimentos e solicitação de uma fala final do entrevistado por algo que
não foi abordada ainda na entrevista e que ele julgue pertinente ressaltar.
Encerrar: Entregar lembrança em nome do grupo
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GLOSSÁRIO
Brie Cassil – Performer em Teatro Musical americana, atuando em musicais da Broadway
como “Rent”, “The Cure” e “On Broadway”. Ministrou workshop em Belo Horizonte.
Broadway – Avenida principal que corta a ilha de Manhattan em Nova York, conhecida por
sua grande quantidade de teatros com espetáculos musicais no chamado Theatre District.
Casting – Como é chamado a relação de atores em um musical, elenco.
Daniel Monteiro – Performer em Teatro Musical brasileiro atuando em musicais com “A
Bela e a Fera”, “Cats”e “Cabaret”. Ministrou workshops de dança em Belo Horizonte.
Fanpage – Páginas na rede social facebook, onde os usuários podem receber
atualizações constantes de determinada empresa/personalidade/campanha, se assinarem
“curtirem” a página.
Franchise – Como são chamadas as franquias internacionais de musicais da Broadway.
Hotsite – Sites usados pelas empresas para a divulgação de eventos e/ou promoções.
Know- how – “Saber fazer”, expressão usado para indicar competência técnica e/ou
intelectual de realizar e executar alguma tarefa.
Performer – Termo usado para designar os artistas no Teatro Musical, indicando que esse
artista domina ou tem noções dos três pilares do Teatro Musical: canto, dança e
interpretação.
Reason- why – Termo publicitário para designar justificativas que validam a promessa de
uma determinada campanha.
Reiner Tenente – Performer em Teatro Musical brasileiro atuando em musicais como “Tim
Mais- Vale Tudo” e “Rock In Rio”. Ministrou workshops em Belo Horizonte.
Revival – Como são chamadas as remontagens de musicais na Broadway que fizeram
sucesso.
Tony Awards – Premiação de Teatro Musical da Broadway americana. Corresponde ao
“Oscar” para os musicais.
Workshops – Oficinas que oferecem cursos de capacitação profissional de curta duração