24
Da acção aos valores. Da acção aos valores. A teoria para poder analisar A teoria para poder analisar a prática. a prática. 1. 1. A nossa acção é motivada por valores. Consciente ou A nossa acção é motivada por valores. Consciente ou inconscientemente, movemo-nos porque inconscientemente, movemo-nos porque desejamos e desejamos e queremos queremos algo que nos parece desejável. algo que nos parece desejável. 2. 2. Os valores Os valores orientam orientam a nossa acção e as nossas a nossa acção e as nossas escolhas, os nossos juízos sobre nós, os outros e o escolhas, os nossos juízos sobre nós, os outros e o mundo. mundo.

Da acção aos valores1

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Da acção aos valores1

Da acção aos valores.Da acção aos valores.A teoria para poder analisar A teoria para poder analisar

a prática.a prática.

1.1. A nossa acção é motivada por valores. Consciente ou A nossa acção é motivada por valores. Consciente ou inconscientemente, movemo-nos porque inconscientemente, movemo-nos porque desejamos e desejamos e

queremosqueremos algo que nos parece desejável. algo que nos parece desejável.2.2. Os valores Os valores orientam orientam a nossa acção e as nossas a nossa acção e as nossas

escolhas, os nossos juízos sobre nós, os outros e o escolhas, os nossos juízos sobre nós, os outros e o mundo.mundo.

Page 2: Da acção aos valores1

O que são os valores:O que são os valores:

• Os valores não são ideias, porque as ideias definem-se intelectualmente, enquanto os valores implicam a nossa afectividade, emoção e preferências.

• Honra: ideia. Se apenas a definirmos, valor se desejarmos que as nossas acções tenham essa qualidade.

• Os valores são qualidades que atribuímos às coisas, acções, pessoas.

• Por isso não valem apenas por si, têm que ter um suporte onde são aplicados.

Page 3: Da acção aos valores1

Juízos de facto e juízos de Juízos de facto e juízos de valor:valor:

• Juízos de facto são descritivos das propriedades objectivas de uma coisa, acção ou pessoa.

• Têm valor de verdade independente do sujeito.

• Exemplo. Isto é uma pintura a óleo de Gauguin,pintada em 1888 e intitulada “Les Alychamps

Page 4: Da acção aos valores1

Juízos de facto e juízos de Juízos de facto e juízos de valor:valor:

• Os juízos de valor são normativos, dizem-nos como devemos avaliar as coisas.

• Se têm valor de verdade? Talvez sim, talvez não. Não são independentes das nossas crenças e gostos. Há quem defenda contudo que são independentes dos nossos gostos.

• Exemplo: Este quadro é muito expressivo, gosto do jogo de claro/escuro.

Page 5: Da acção aos valores1

Tipos de valores e critérios Tipos de valores e critérios valorativos.valorativos.

• Valores estéticos: Exemplo: Prefiro a pintura figurativa à abstracta. Porquê?

• Para emitir um juízo de valor temos critérios valorativos. Estes servem para fazermos uma hierarquização dos valores e determinar as nossas preferências. São padrões de avaliação, regras de procedimento. Mas também nos servem para justificar as nossas preferências, para as explicar.

Page 6: Da acção aos valores1

Tipos de valores:Tipos de valores:

• Há valores Absolutos e valores Relativos. Os valores absolutos são independentes das épocas e das pessoas. Os valores relativos dependem da cultura, da época e da pessoa.

• Há valores meio: Que não têm valor em si, mas têm valor como meio para atingir outros valores. Por exemplo: o dinheiro (Têm valor extrínseco)

• Há valores que valem por si, a amizade ou a liberdade. Que são um fim em si e não o meio para atingir através deles outros valores. (Têm valor intrínseco)

Page 7: Da acção aos valores1

Tipos de valores, segundo a Tipos de valores, segundo a taxinomia de Max Sheller:taxinomia de Max Sheller:

capaz - incapaz1.Valores úteis caro - barato

abundante -escasso necessário -supérfluo

são - doente selecto -vulgar

1.Valores vitais enérgico -inerte forte -débil

Page 8: Da acção aos valores1

Tipos de valores segundo a Tipos de valores segundo a taxinomia de Max Shellertaxinomia de Max Sheller

• conhecimento -erro• Intelectuais exacto -aproximado• evidente - provável•• bom -mau

• 3. Valores bondoso -ardiloso Espirituais Morais justo -injusto

• escrupuloso -desleixado• leal -desleal •

belo -feio• Estéticos gracioso -tosco• elegante -deselegante• harmonioso -desarmonioso•• sagrado -profano• 4. Valores divino -demoníaco• religiosos supremo -derivado• milagroso -mecânico

Page 9: Da acção aos valores1

Duas teorias sobre os valores: Duas teorias sobre os valores: subjectivismo subjectivismo e objectivismo.e objectivismo.

• Teoria subjectivista• TESE: Os juízos de valor são subjectivos.• ARGUMENTO:. Não existe um padrão objectivo de Bom ou de

Belo. Daí ser impossível justificar racionalmente porque devo gostar mais de Bach ou de Tony Carreira. Estes autores são bons para alguém que gosta deles mas não possuem um valor intrínseco. Outro exemplo: Pode ser preferível, por vezes mentir ,a dizer sempre a verdade.

• Os juízos de valor expressam os gostos do sujeito e não um valor real do objecto.

• Argumento a favor (empírico): sobre o mesmo objecto pode haver inúmeros juízos de valor.

Page 10: Da acção aos valores1

Consequências:Consequências:

• Os juízos de valor são relativos e não absolutos. Daí não haver juízos de valor Verdadeiros ou falsos.

• São relativos às pessoas, como as pessoas são influenciadas pela educação e a cultura onde se inserem podemos concluir que também dependem da cultura.

Page 11: Da acção aos valores1

Teoria objectivista:Teoria objectivista:

• TESE: Os Juízos de valor são objectivos.• Argumento: há valores absolutos que

transcendem as pessoas, isto é que são independentes de gostarmos ou não.

• Os objectos têm valor independentemente do gosto das pessoas.

• Há determinadas acções e objectos que têm um valor em si.

Page 12: Da acção aos valores1

Argumento:Argumento:

• Este quadro de Chagall tem valor em si. Isto é, tem qualidades técnicas, de composição e equilíbrio que são próprias desta pintura. Daí que os juízos de valor possam ser Verdadeiros ou falsos.

Page 13: Da acção aos valores1

Teoria complementarTeoria complementar::

• Haverá uma possibilidade de considerar que há uma subjectividade comum, uma forma de sentir em relação aos valores morais, que é universal. Daí o valor da justiça, da dignidade humana ser um valor absoluto porque é próprio da humanidade.

Page 14: Da acção aos valores1

Exemplo:Exemplo:

• “É errado e condenável matar inocentes ou infringir-lhes sofrimento”

• Este juízo tem valor de verdade, isto é, seja qual for a circunstância ou a pessoa é verdadeiro.

Page 15: Da acção aos valores1

A diversidade cultural e os valores:A diversidade cultural e os valores:

• . O Etnocentrismo: considera que existem padrões culturais superiores que devem ser aplicados a toda a diversidade.

• Pode conduzir ao preconceito e racismo, xenofobia e situações de conflito.

• .

Page 16: Da acção aos valores1

O Relativismo cultural:O Relativismo cultural:

• A posição relativista: considera que não existem padrões , não há portanto culturas boas e más. Todos os juízos morais são relativos.

• Não podemos, por isso, condenar as práticas de outras culturas.

• Conduz à tolerância e à coesão social.

Page 17: Da acção aos valores1

O argumento da diversidade O argumento da diversidade cultural:cultural:

• Culturas diferentes têm códigos morais diferentes.

• Logo, não há uma verdade objectiva da moralidade, certo e errado são questões de opinião.

Page 18: Da acção aos valores1

Argumentos a favor:Argumentos a favor:

• Os juízos de valor são verdadeiros no seio de uma determinada cultura, e só aí ganham sentido.

• A excisão é uma prática justificada para controle da natalidade e segurança das famílias.

Page 19: Da acção aos valores1

Argumentos contra o relativismo Argumentos contra o relativismo cultural (Obecção1)cultural (Obecção1)

• Objecção: a indiferença. O considerar que tudo é cultura e que portanto todos os actos são legítimos, tornamos impossível a discussão da diversidade de valores.

Page 20: Da acção aos valores1

Argumento contra o relativismo cultural Argumento contra o relativismo cultural (Objecção 2):(Objecção 2):

• Do ponto de vista lógico este argumento não é sólido. Porque as pessoas podem acreditar em diferentes crenças, e ter juízos de valor diferentes acerca do certo e do errado, mas isso não significa que o certo e o errado dependam do que as pessoas acreditam.

Page 21: Da acção aos valores1

Objecção 2Objecção 2

• Pelo facto de não sabermos o melhor não significa que não exista. Os relativistas confundem a diversidade de opiniões com a inexistência da verdade. Se formos relativistas então não há valores morais absolutos. Assim todos as regras morais são possíveis e nenhuma é melhor que outra. Isso não significa que não há moral, significa apenas que ela não é única, que há diferentes regras e princípios consoante as sociedades.Pelo facto de não sabermos que há vida em Andrómeda, não quer dizer que não haja uma verdade sobre isso.

Page 22: Da acção aos valores1

Objecção 3Objecção 3

• Se aceitarmos esta posição como correcta devemos aceitar como válidos todo o tipo de práticas. Parece-nos que há certas práticas que não devem ser aceites.

1 As culturas evoluem: É certo que algumas sociedades evoluem: por exemplo a escravatura tinha um valor positivo e era uma prática na América do Norte e hoje é uma aberração. Se as sociedades evoluem é porque compreendem que certas práticas são más e que é melhor substitui-las por outras mais conformes à natureza humana. A ciência ajudou a perceber que todos somos iguais.

Page 23: Da acção aos valores1

Outro argumento Objecção 4:Outro argumento Objecção 4:

• Há revoltas dentro das sociedades. No seio de uma certa cultura muitas pessoas mais informadas não concordam com certas práticas, nem sempre há unanimidade, e há desvios à norma. Portanto muitos costumes não são livremente aceites mas são impostos pela inércia da tradição.

Page 24: Da acção aos valores1

O relativismo cultural pode O relativismo cultural pode conduzir-nos ao relativismo moralconduzir-nos ao relativismo moral