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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009...da leitura, da pesquisa e do debate, o educando poderá adquirir mais conhecimento, sanar deficiências de leitura e escrita, melhorando assim

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

USO DA INTERNET COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA ENSINAR

LÍNGUA PORTUGUESA

Autor: Vanda Maria Mascarello1

Orientador: Roousevelt da Rocha Junior

Resumo

Neste artigo vamos apresentar um contexto sobre o uso das novas tecnologias como mais uma ferramenta pedagógica importante para auxiliar alunos e professores a melhorar a leitura, a escrita e a interpretação. Nosso objetivo foi utilizar o laboratório de informática, a Internet, como recurso pedagógico em atividades que possibilitem aos alunos, a pesquisa e leitura de textos sobre os mais variados temas, de diferentes gêneros. Visa também contribuir na formação de leitores com capacidade de análise e espírito crítico. Instrumentalizar os alunos quanto ao uso do computador enquanto ferramenta pedagógica. Utilizar as tecnologias, a Internet, para ampliar sua visão de mundo, assim como desconstruir/reconstruir idéias e sentido. Também apresentamos como foi aplicado o projeto PDE, na 8ª série do ensino fundamental, na cidade de Curitiba – PR. A utilização da sala de informática, a Internet, como suporte do ensino de Língua Portuguesa, bem como resultados do trabalho desenvolvido por estes alunos.

Palavras-chave: Tecnologias. Leitura. Interpretação. Produção de texto.

1 Formada em Letras – Português Inglês e Pós-Graduação em Educação de Jovens e Adultos.

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Abstract

In this article we present a background on the use of new technologies as a more important teaching tool to help students and teachers to improve reading, writing and interpretation. Our goal was to use the computer lab, the Internet as an educational resource on activities that allow students, research and books on various subjects of different genders. Also contributing in the formation of readers capable of analysis and critical thinking. Prepare students for the use of the computer as a pedagogical tool. Using the technology, the Internet, to broaden their world view, and deconstruct / reconstruct ideas and direction. Also present was applied to the PDE project, in the 8th grade in the city of Curitiba - PR. The use of the computer room, the Internet, to support the teaching of Portuguese as well as results of work undertaken by these students. Keywords: Technology. Reading. Interpretation. Text production.

1 Introdução

O sistema educacional brasileiro, especialmente no Paraná, tenta

acompanhar o avanço tecnológico inserindo a informática em sua rotina como uma

nova ferramenta pedagógica para produção de conhecimento nas escolas. Isso faz

surgir uma nova perspectiva de trabalho para nós educadores. Faz-se necessário

descobrir novos métodos e técnicas, mais eficientes, para trabalhar com alunos

fazendo uso do computador. Nesse sentido, a utilização de computadores como

suporte no ensino de Língua Portuguesa, pode contribuir para o aprimoramento do

processo ensino-aprendizagem.

Mesmo com o bom desempenho das Escolas do Paraná, no resultado do

IDEB (Índice de Desenvolvimento Brasileiro), em relação ao resto do País, ainda há

muito que fazer para melhorar a educação básica. Segundo as Diretrizes

Curriculares do Estado do Paraná, para a SEED (Secretaria de Estado e Educação)

não é um resultado ideal. São inúmeros os programas do Governo que servem de

suporte para o alcance de metas melhores. Um desses recursos pedagógicos

colocados à disposição dos professores é o Laboratório de Informática instalado em

todas as escolas públicas do Paraná.

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A intenção deste projeto de pesquisa é estudar os conteúdos estruturantes

de Língua Portuguesa indicados nas Diretrizes Curriculares Estaduais, utilizando o

Laboratório de Informática como recurso pedagógico, em atividades que possibilitem

aos alunos da 8ª série da E. E. D. Orione, a leitura de textos de gêneros variados,

melhorando a compreensão dos mesmos, formando leitores com mais capacidade

de análise, espírito crítico e que sejam melhores escritores. Essas habilidades

quando bem trabalhadas influenciam na vida do aluno e da comunidade. Por meio

da leitura, da pesquisa e do debate, o educando poderá adquirir mais conhecimento,

sanar deficiências de leitura e escrita, melhorando assim a qualidade de vida.

Essa escolha também se deve ao fato de que trabalhar com tecnologia na

sala de aula é um desafio para esta professora pesquisadora. Após visita a alguns

blogs na rede de computadores nos decidimos definitivamente por esta pesquisa, ou

seja, a tecnologia a serviço da educação especialmente no recurso citado. Durante

nossos longos 25 anos de vida profissional dedicados ao ensino de Língua

Portuguesa em escolas públicas, observamos que nós professores preparamos

aulas pouco interessantes fazendo com que o aluno acabe achando as aulas muito

monótonas. Usar a tecnologia para nós significa ter um recurso a mais, onde o aluno

deixa de ser passivo para ser ele o construtor do seu próprio saber, numa atitude de

aprender a aprender.

2 Fundamentação Teórica

As novas tecnologias estão inseridas em todos os segmentos da atividade

humana. Com isso surge uma nova forma de letramento. O letramento digital que

exige do indivíduo o domínio de informações e habilidades que devem ser

trabalhadas com urgência nas escolas. É preciso ofertar essa formação aos nossos

alunos para que possam ser inseridos na sociedade, no mundo do trabalho.

Segundo as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná “é no ambiente

escolar que o aluno aprende a ter voz e fazer uso da palavra”. É na escola que o

aluno deve encontrar espaço para as práticas de leitura, interpretação e escrita. É

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por meio da leitura, da interpretação dessas leituras, da interpretação das ideologias

das mídias, jornais e revistas que vamos avançar um pouco mais.

Pesquisas evidenciam que 13,9 milhões de estudantes acessam a Internet e

24,1% dos usuários da Internet entre 10 a 17 anos de idade, utilizaram a rede pelo

menos uma vez por dia (IBGE, 2005). É inevitável o uso do computador e,

recentemente, computador significa apenas um meio para ter acesso a Internet e

tudo que essa rede oferece ao usuário.

O homem do século XXI pensa, age, faz uso da linguagem, relaciona-se

com os outros e consigo mesmo, de modos muito diferentes dos de seus

predecessores. Assim, é vital para o docente atual entender que a subjetividade está

sendo influenciada pela Internet, e como essa interação discente x Internet está

alterando a visão de mundo. Somente a partir daí, poderá ser possível orientá-lo,

talvez mais que ensiná-lo a como entender a si mesmo, é preciso construir um ser

preparado para o futuro como cidadão e profissional.

Defrontamo-nos com novas possibilidades, desafios e incertezas no

processo de ensino-aprendizagem. O desafio é: como ensinar com essas

tecnologias que vão se tornando cada vez mais sofisticadas, mais desafiadoras? As

modificações ocorridas no mundo vêm exigindo novos conceitos e resultados

educacionais para uma formação capaz de lidar com o cenário que hora se

configura. Não podemos ver a Internet como solução mágica para modificar

profundamente a relação pedagógica, mas ela pode facilitar como nunca antes, a

pesquisa individual e grupal, o intercâmbio de professores com professores, de

alunos com alunos, de professores com alunos.

Estamos em pleno desenvolvimento da era digital; “Revolução Digital”. A

Internet revolucionou a comunicação, sendo um mecanismo de divulgação mundial

da informação, interação de indivíduos de todas as partes do mundo. Muitas

mudanças aconteceram e vão continuar acontecendo em todas as áreas,

principalmente na comunicação e na linguagem. A escola não poderá ficar de fora

dessas transformações.

Como meio de comunicação, a Internet contribui para interligar pessoas no mundo todo, possibilitando discussões sobre os mais diferentes assuntos. Diminui distâncias de tempo, espaço e custos. As tecnologias especialmente aquelas relacionadas à linguagem e à comunicação, são forças autodeterminadas, capazes de formatar grandes mudanças nas

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estruturas e processos macrossociais, bem como nas capacidades cognitivas individuais dos seres humanos. (WARSCHAUER, 2003, p.179)

Essas mudanças atingem diretamente a escola. Nos PCNs volume 2,

dedicados a Língua Portuguesa, também se verifica que: "Não se trata de ensinar a

falar a „fala correta', mas sim as falas adequadas ao contexto de uso" (1997, p. 20).

Por isso, cabe refletir sobre os direitos dos alunos, considerar suas necessidades

humanas e históricas, inserir essas necessidades no processo de aprendizagem e

ajudá-los a identificar o contexto e qual a linguagem mais adequada para cada

momento. No andamento do trabalho percebemos que os alunos entendem bem

que:

A língua é uma entidade viva, dinâmica. É o código utilizado pelo indivíduo

para se comunicar com seus semelhantes, trocar informações, difundir suas ideias e

conceitos. Novos gêneros discursivos emergem como o chat, e-mail, blog, etc.

Apesar de todos esses recursos a escrita ainda é uma das partes mais essenciais do

processo de comunicação. Hoje as universidades incluíram no currículo dos cursos

de exatas, a disciplina de Língua Portuguesa. Foi comprovado que muitos alunos

não conseguem resolver problemas de matemática por não saber interpretar o texto.

A língua está em ebulição constante. E ainda bem, porque a petrificação

linguística é a morte letárgica do idioma. „A linguagem é por excelência, uma

atividade do espírito, e a vida espiritual consiste em um progresso constante de

aprendizagem‟. (HAUY, 1987, p. 73).

Como dizia Paulo Freire, “A educação sozinha não transforma a sociedade,

sem ela tampouco, a sociedade muda”. Essa afirmação nos faz refletir como

poderemos contribuir para identificar a importância do ensino de Língua Portuguesa

na era da Informação e entender que as variações linguísticas, como as provocadas

pelo uso da Internet na escrita, mesmo sendo consideradas por alguns negativas ao

ensino de Língua Portuguesa culta, podem ser analisadas interpretadas e

compreendidas não somente pelos pesquisadores mas, também pelos próprios

alunos em sala de aula.

As reflexões sobre este tema são úteis para os profissionais de ensino em

geral, escolas e instituições de pesquisas educacionais que buscam alternativas ou

outros pontos de vista para contornar as dificuldades e transformações que a escrita

vem sofrendo, com o estilo de linguagem usado na Internet.

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Cada época tem tido uma forma própria de comunicar-se: “os sons e sinais

foram diferentes em cada época. O tambor, o fogo, as bandeiras o bilhete, o

telefone, o telégrafo, o celular e agora a Internet. O homem continua a inventar”.

(BENEDITO, 2003, p. 191)

O século XXI não foge à regra de qualquer outra época. As necessidades de

comunicação têm sido muitas, o ritmo de vida é muito rápido, e o homem continua a

inventar sempre o material que faz avançar os seus sonhos, aperfeiçoando e indo

mais além, de descoberta em descoberta. E assim o homo sapiens está a converter-

se em homo digitalis com a introdução, na vida diária, dos computadores, da Internet

e dos telemóveis. (BENEDITO, 2003, p. 191)

Questiona-se se a tecnologia realmente ajuda no processo educativo ensino-

aprendizagem. Muitos dizem que sim, outros advogam que não. Mas o fato é que os

jovens adotaram essas tecnologias e fazem uso constante delas.

No que se refere a Língua Portuguesa o uso do „internetês’ em ambientes

virtuais pode influenciar no ensino aprendizagem da norma padrão da Língua

Portuguesa? Só o tempo poderá comprovar isso, porém não há como retroceder e o

aluno usa o internetês para se comunicar principalmente entre si.

Um ponto positivo sobre o uso de meios digitais nas salas de aulas, é

mostrar aos estudantes as diferenças existentes em cada uma das linguagens que

utilizamos. A linguagem de um livro impresso é diferente daquela usada em um

vídeo, por exemplo. Do mesmo modo, não podemos confundir o que é feito para o

meio digital com o que se destina à publicação em papel. Muitas pessoas afirmam

categoricamente que a linguagem da Internet, com suas abreviações e símbolos,

atrapalha a escrita, mas é preciso perceber que ela é apenas uma outra linguagem,

destinada portanto, a outras situações de uso que não as que acontecem na sala de

aula. O aluno deve entender isso e utilizá-la apenas naquele meio.

Essa variante realmente existe? Estaria essa língua do mundo virtual prestes

a invadir de vez o mundo real e influenciar o modo de falar de pessoas que sequer

se sentaram à frente de um microcomputador? Poderia esse tipo de linguagem

acarretar a modificação da norma culta de nosso idioma? Estaríamos a caminho da

perda da nossa identidade linguística por causa da Internet?

Resistir aos “dialetos das relações virtuais”, por exemplo, não vai impedir

que os jovens os usem. Muito mais eficaz é trazer essa parte da realidade para sala

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de aula, contextualizar esse evento e dar aos aspectos diversificados da língua oral

e escrita seu papel na história, naquele momento. Em primeiro lugar, a língua

utilizada pelos internautas, salvo algumas exceções, não teria uma utilidade prática

no mundo real e a abreviação de certas palavras talvez seja adotada futuramente,

em virtude da evolução da língua escrita e da constante busca de agilidade no

processo de comunicação.

Ao refletir sobre o impacto da Internet no ensino da Língua Portuguesa,

tomou-se como base as Diretrizes e os PCNs: ..."a finalidade do ensino de Língua

Portuguesa é a expansão das possibilidades do uso da linguagem. As capacidades

a serem desenvolvidas estão relacionadas à quatro habilidades linguísticas básicas:

falar, escutar, ler e escrever" (PCN-LP, 1997, p. 30). Essas habilidades quando

desenvolvidas deveriam auxiliar na possibilidade de interagir em diferentes

ambientes sociais, utilizando-se tanto da linguagem oral quanto da escrita de forma

significativa e coerente, possibilitando o êxito em sua forma de se comunicar. Cabe

agora analisar até que ponto a Internet está impactando no desenvolvimento dessas

habilidades linguísticas associadas à capacidade e socialização.

As telas dos computadores, ou melhor, a Internet é a forma mais prática de

se ter ideias, editar, modificar, revisar, recuperar e escrever textos. Uma nova forma

de ler e escrever está posta e não há como retroceder. Cabe às autoridades por

meio de políticas públicas, garantir aparelhos nas escolas e, ao professor cabe

proporcionar aos alunos essa nova forma de ler e escrever a repensar conceitos,

rever gêneros, estilos e códigos. Ao professor cabe orientar escolhas entre o infinito

número de informações ofertadas pela Internet. O professor deverá conhecer a

natureza dos textos virtuais e orientar essa nova forma de ler e escrever. A

textualidade eletrônica vai além das margens do texto tradicional. Textos de todos os

gêneros são lidos no mesmo suporte: o computador.

O mundo eletrônico nos dá condições de produzir em novas técnicas, com

novas relações e com uma nova forma de difusão da escrita, com mecanismos

diferenciados para um texto não linear. “O texto se tornou uma galáxia de

significantes e não uma estrutura de significados”. (FREITAS, 2006). O hipertexto

vem alterar as propostas curriculares para o ensino da leitura e escrita, ampliando as

práticas de ensino-aprendizagem. Ensinar hoje é antes de tudo gerenciar, organizar

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e selecionar as informações para transformá-las em conhecimento e sabedoria, em

um contexto rico de comunicação.

São novos processos de produção e construção (hiper) textual que,

certamente, nos levam a reler, a repensar os conceitos de texto, a repensar

trabalhos de análises e interpretações textuais, em nível micro ou macro, envolvendo

as noções de coesão/coerência, etc., e as implicações didático-pedagógicas no

ensino/aprendizagem da oralidade, da leitura e da escrita. (FREITAS & COSTA,

2005, p. 37)

A noção de gêneros na construção de programas de Língua Portuguesa

encontra referências nas diretrizes curriculares paranaense do Ensino Fundamental

e Médio a partir de 2005. Em várias passagens, o gênero é apontado como objeto

de ensino dos eixos do uso da língua materna em leitura e produção. É o

instrumento mais favorável que o conceito de tipo (descrição, dissertação e

narração) para o trabalho com textos escritos e orais.

Os gêneros textuais são instrumentos favoráveis para o aprendizado de leitura e escrita, pois possibilitam contato com a produção e a circulação de textos orais e escritos, e com a significação delas decorrente, transformando situações escolares em situações de comunicação. Os saberes construídos pelos alunos através da experiência em outros contextos direcionam a escolha do tema e dos gêneros que compõem a publicação e sua abordagem. A prática dos usos sociais da linguagem e a compreensão do sentido dos textos que circulam na sociedade auxiliam na ressignificação do mundo, além de possibilitar sua participação política e cidadã. Como resultados há maior fluência e autonomia na leitura e na escrita, contextualização e leitura do mundo, suporte à construção da identidade e reconciliação com a trajetória de vida. (BAKHTIN, 2003b, p.321).

Do ponto de vista dos gêneros discursivos há uma adaptação de alguns

gêneros existentes no meio virtual e o desenvolvimento de outros. A variedade da

Língua Portuguesa dos ambientes virtuais começou a ser constituída a partir de

pressões decorrentes da tecnologia utilizada. Além de gerar novas demandas, as

ferramentas digitais modificam procedimentos consagrados na disciplina.

A língua deve ser vista como uma atividade socio-histórico cultural. Os

gêneros são formas textuais que servem para facilitar ao usuário o entendimento, e

agir conforme seu meio e seu tempo.

Independente do grau de complexidade das variações linguísticas, elas

existem e precisam ser abordadas no início do Ensino Fundamental para ajudar a

criança a assimilar os diferentes estilos de comunicação oral ou escrita, formal ou

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informal, e mais recentemente, o „dialeto virtual‟. Segundo a Lei de Diretrizes e

Bases, Art. 32°, Inciso I a IV descreve como objetivos a serem alcançados:

I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

Hoje o indivíduo, além de ter todas essas habilidades com leitura,

interpretação e escrita, deve ter habilidades com os aparelhos de informática e da

linguagem virtual na Internet. Como fazer com que o aluno alcance esses objetivos?

Muitos desses objetivos são muito particulares do indivíduo e não dependem do

professor, nem da escola, mas depende da vontade individual, do meio em que vive,

de fatores neurológicos escolas equipadas, professores capacitados e outros. Os

registros do pensamento e do conhecimento se sofisticou, rompeu limites. Mais do

que um navegador das telas, o aluno e o professor devem ser exploradores de

conhecimento, interligando as informações e construindo seu conjunto de saberes,

definindo a escrita de seus textos.

Internet é fácil de aprender, é uma tecnologia nova, interessante, você a

domina em pouco tempo, o difícil é lidar com a questão da formação humana, que

se tornou um desafio cujas tecnologias não conseguem dar conta.

O objetivo básico a ser atingido usando as novas tecnologias seria o de se

poder ensinar mais, mais rapidamente e melhor. Em se tratando de computadores,

que é uma das mais sofisticadas ferramentas que podem vir a auxiliar o trabalho

docente, há que se prever, não somente a simples compra de um computador, mas

dos softwares, dos periféricos, como impressora, scanner, data show e

retroprojetores, bem como dos suprimentos, tais como cartuchos de tinta preta e

colorida, disquetes, papel para impressão, transparências, etc. Assim, não basta

apenas levar os computadores para as salas de aula, são necessários conjuntos de

softwares dedicados, além dos periféricos, e mais, de pessoal especializado para a

manutenção das máquinas e divulgação do ensino com novas técnicas que vão

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surgindo a cada instante na área de Informática, isto sem se falar da necessidade de

treinamento dos docentes.

Brito nos alerta que:

Cabe a nós educadores usarmos o computador de forma planejada na escola, de modo a possibilitar modificações na forma de atuar em sala de aula e no ensino de modo geral. A aprendizagem é referência para a autonomia intelectual do sujeito. A criatividade, o senso crítico, a informação, a capacidade de solucionar problemas depende do aprendizado intra e extraescolar. (2006, p.98)

Embora a escola não seja o único lugar que se educa, o professor precisa

orientar o aluno a adquirir informação e formação social, política e ideológica.

Somente a leitura dos mais variados textos, e uma profunda análise dos mesmos

poderá fazer com que o aluno compreenda e reconheça todos os elementos que um

texto manipula, suas entrelinhas e as reais intenções de cada um. As intenções

uniformizadoras voltadas para o consumo, ideologias que estão implícitas nos textos

e que só com muita leitura haverá o maior aprofundamento desses conceitos. A

escola precisa se transformar num espaço de desenvolvimento das múltiplas

atividades de aprendizagem.

Segundo Frantz,

A escola tem, portanto, um compromisso maior que é propiciar ao sujeito o desenvolvimento de sua capacidade de leitura do mundo. Assim, uma educação que se queira libertadora, humanizante e transformadora passa, necessariamente pelo caminho da leitura. Da mesma forma, na organização de uma sociedade mais justa e democrática, que vise ampliar as oportunidades de acesso ao saber, não se pode desconhecer a importante contribuição política da leitura. (2001, p. 21).

O objetivo do Ensino Fundamental é oferecer aos futuros jovens a

possibilidade não somente de aquisição do conhecimento acumulado ao longo de

milênios, mas também desenvolver neles a habilidade de lidar com um grande

acervo de informações online, ter flexibilidade de se abrir para o novo a todo o

momento, confiar na sua criatividade e visão de futuro, e incorporar o „como

aprender‟ como um processo para toda a vida. Tanto a leitura como a escrita não

são inatas no aluno, são habilidades que se desenvolvem durante todo o período

escolar, aliás, durante toda a vida.

Petrine diz que:

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Esse universo em constante mutação está afetando não só as estruturas, sociais, mas também as familiares. A abertura do mercado de trabalho para as mulheres retirou do lar a orientadora que as crianças tinham para disciplinar suas impulsividades. (2005, p. 21)

Também destaca essa mudança no sistema familiar:

Educar, ensinar ler, escrever e interpretar não é uma atividade pontual exige

metodologias adequadas habilidade do professor, vontade do aluno e tempo. O

professor deve aproveitar todas as ferramentas disponíveis e entre elas está a

Internet.

Se a mudança é inevitável, cabe a nós reinventar nossa visão de ensino da

Língua Materna de forma a ajudar os futuros leitores, alternativas para evitar o

estresse cognitivo, que é a grande barreira na ânsia pelo saber. Espera-se que haja

essa ânsia, pelo saber e que possamos encontrar formas didático-pedagógicas para

auxiliar nesse novo processo de criação de textos e interação oral-escrita, via

Internet. (COSTA, 2005, p. 41)

Portanto, fica claro que o uso que se faz da Internet poderá ser favorável ou

desfavorável. Cabe aos pais e professores-orientadores, alertar para as ciladas da

Internet, porque apesar de aprenderem a manuseá-la sozinhos, a maioria das

crianças não tem maturidade para descobrir por si mesma as manipulações

utilizadas pelo marketing ou serem capazes de controlar a compulsividade pelo

entretenimento.

O professor precisa ter a partir de agora uma mudança de postura perante

seus alunos e perante o conhecimento. Cada um de nós vai, de alguma forma,

confrontar-se com a necessidade de reorganizar o processo de preparar aulas, de

ensinar, depois de tanta invenção tecnológica. Educar é um processo complexo, não

é somente ter idéias, ensinar também é lidar com toda essa gama de sensações,

que ajudem a nos equilibrarmos e a viver com confiança.

O que ficou claro é que a maioria dos professores da escola não teve

nenhuma experiência com computador e pouco o utiliza nas atividades que

desenvolve.

Partindo da proposta dos PCNs, observa-se, na prática, grandes dificuldades

na hora de introduzir as novas tecnologias na escola. Uma das principais

dificuldades encontra-se no despreparo dos professores, tornando fundamental a

formação de docentes que possam acompanhar, qualitativamente, esta evolução.

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Porém a incorporação das inovações tecnológicas só tem sentido se contribuir para

a melhoria da qualidade do ensino. A simples presença de novas tecnologias na

escola não é, por si só, garantia de maior qualidade na educação, pois a aparente

modernidade pode mascarar um ensino tradicional baseado na recepção e na

memorização de informações.

O governo federal proporcionou muitos projetos tipo: Portal do professor,

Portal do aluno, Rádio Escola, Proinfo e outros, mas ainda assim foram poucos os

professores que se inseriram nesses projetos. Em 2004, o MEC lançou o site

domínio público onde existem milhares de obras para se trabalhar com computador

na sala de aula.

Integrar as tecnologias aos projetos inovadores na escola é a parte mais

difícil. O mundo das tecnologias envolve muitos grupos empresariais que pensam e

querem ganhar dinheiro. Temos muitas ambiguidades no uso das tecnologias.

Então, como sociedade nós avançamos muito sob o ponto de vista tecnológico mas

pouco, sob o ponto de vista da formação humana. Tornou-se um desafio se

comunicar de uma forma coerente numa sociedade em que predomina o marketing,

as meias verdades.

A avaliação que eu faço de todo esse processo de ensinar e aprender com a

ajuda da Internet, de forma mais participativa é que, vemos que os alunos ficam

mais motivados. Se estão motivados, apresentam trabalhos mais criativos, creio que

eles aprendem mais. Eles mostram mais interesse e curiosidade, mas não são

todos, alguns vão sempre a reboque, há alunos que se escoram no grupo, outros

fazem apenas recorte e cola. Isso acontece em qualquer situação de ensino. Hoje o

aluno só participa do que lhe interessa.

Nesse projeto em especial foi fácil lidar com o computador, o difícil foi fazer

com que os alunos lessem com atenção e realmente selecionassem os assuntos

importantes, para depois acrescentá-los ao seu próprio conhecimento. Essa parte foi

a mais difícil. O aluno com ou sem computador é disperso, apesar de que numa

turma de 40 alunos 50% aproveitou muito bem as aulas na sala de informática. A

motivação aumentou, foram estimulados a produzir algo concreto, algo que pode ser

apresentado. O mais difícil de conseguir foi uma leitura dinâmica, com habilidade de

selecionar dentre tantas informações aquela que seria mais adequada e correta para

escrever seus próprios textos.

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3 Metodologia

O tema escolhido foi ‘Meio ambiente‟

Foi feita a problematização oral sobre o tema, pesquisa, levantamento de

dados e hipóteses a partir do conhecimento do educando, como:

O que causa a poluição das águas, do ar e da terra?

Segundo o texto, quais as regiões das florestas brasileiras mais

devastadas hoje?

Relacione algumas causas da destruição da biodiversidade?

Quais os maiores problemas das grandes cidades, onde vive a maioria

da população, em relação à poluição?

Segundo o texto, os países ricos não se comprometem com o problema

do meio ambiente, e os pobres, por sua vez, também não fazem muito

para amenizar o problema. Na sua opinião, o que os governantes de

países, tanto pobres quanto ricos, deveriam fazer para amenizar a

situação do meio ambiente?

Os conteúdos:

pesquisa de textos na Internet, leitura dos mesmos, análise lingüística e

produção de textos orais e escritos com o uso da Internet.

Encaminhamento da leitura

Os alunos fizeram uma reflexão, após assistir filmes apresentados no

youtube, sobre o meio ambiente, lixo, desperdício, reciclagem, etc. Pesquisaram

notícias, textos e imagens sobre o assunto na Internet e socializaram no blog da

turma. (8e blogspot.com).

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O professor apresentou dados interessantes para debate e contextualização

como o apresentado abaixo:

Atividade Quantidade (em litros)

1 descarga no WC 10 a 16

1 minuto de chuveiro 15

1 tanque de água 150

1 lavagem de mãos 3 a 5

1 lavagem com máquina de lavar 150

Escovar os dentes com água corrente 11

Lavagem de automóvel com mangueira 100

QUADRO 1 - CONSUMO DE ÁGUA POR ATIVIDADE

FONTE: Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Educação & Instituto Brasileiro de Defesa do Meio Ambiente.

salgada - 97%

geleiras inacessíveis - 2%

água doce 1%

GRÁFICO 1 – ÁGUA EXISTENTE NO PLANETA

O volume total de água na Terra não aumenta e nem diminui, é sempre o

mesmo. A água ocupa aproximadamente 70% da superfície do nosso planeta.

Mas 97,5% da água do planeta é salgada. Da parcela de água doce 68,9%

encontra-se nas geleiras, calotas polares ou em regiões montanhosas, 29,9% em

água subterrâneas, 0,9% compõe a umidade do solo e dos pântanos e apenas 0,3%

constitui a porção superficial de água doce presente em rios e lagos.

A água doce não está distribuída uniformemente pelo globo. Sua distribuição

depende essencialmente dos ecossistemas que compõem o território de cada país.

Segundo o Programa Hidrológico Internacional da Organização das Nações Unidas

para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), na América do Sul encontra-se 26%

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do total de água doce disponível no planeta e apenas 6% da população mundial,

enquanto o continente asiático possui 36% de água e abriga 60% da população

mundial.

O consumo diário de água é muito variável ao redor do globo. Além da

disponibilidade do local, o consumo médio de água está fortemente relacionado com

o desenvolvimento do país e com o nível de renda das pessoas. Uma pessoa

necessita de, pelo menos, 40 litros de água por dia para beber, tomar banho,

escovar os dentes, lavar as mãos, cozinhar etc. Dados da ONU, porém apontam que

um europeu, que tem em seu território 8% da água doce no mundo, consome em

média 150 litros de água por dia. Já um indiano, consome 25 litros por dia.

Segundo a estimativa da Unesco, se continuarmos com o ritmo atual de

crescimento demográfico e não estabelecermos um consumo sustentável de água,

em 2025 o consumo humano pode chegar a 90%, restando apenas 10% para outros

seres vivos do planeta. (BRASIL, 2005, p. 29-30).

a) A partir dos dados expressos no gráfico e no texto, o que você pode

mudar em seus hábitos no sentido de contribuir para o consumo

sustentável da água?

b) Que soluções coletivas podem ser encontradas pela comunidade?

c) De acordo com o texto, quais são as perspectivas para 2025, em relação

ao consumo da água?

d) Que diferenças há nos dados expressos no gráfico e no texto sobre a

quantidade de água?

Os alunos farão uma pesquisa no bairro de sua cidade e deverão escrever

um relatório sobre:

a) Pesquise entre as pessoas mais antigas como era o bairro a 20, 50

anos? Histórico e desenvolvimento do bairro, ruas, matas, córregos, rios,

fábricas.

b) Mudanças ambientais significativas, para melhor ou para pior, desde que

foi fundado o bairro ou cidade. Como eram as propriedades?

Aproveitando-se da pesquisa sugerida, faça um relatório sobre como é a

situação do meio ambiente em seu bairro hoje? Pesquisar na prefeitura.

c) Saneamento básico. Qual a situação do bairro? Tem rede de esgoto?

Água tratada?

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d) Fazer o relatório e divulgar os dados na sala de aula e postar no blog que

foi criado.

A partir disso fizemos a contextualização oral dos textos produzidos. Depois

os alunos escreveram textos a respeito do que foi apresentado, para os colegas e

enviaram os textos por email para o professor. Fizemos um levantamento de idéias

explícitas e implícitas do texto apresentado observando a relação entre o vivido o

pesquisado e o lido. A discussão a respeito do tema, levou os alunos a perceber a

ideologia dos textos, a que gênero pertencem, a organização o vocabulário etc. e

como resultado desse estudo partir para atitudes concretas no seu dia a dia.

A turma juntamente com o professor fez um estudo da organização do texto,

dos elementos gramaticais usados nos diferentes gêneros como; coesão, coerência,

função e organização textual e elementos de retomada e substituição, organização

dos parágrafos, seleção de informações, vocabulário e recursos de linguagem.

Com relação a produção de texto, primeiramente o aluno fez a escolha do

gênero e assunto dentro do tema escolhido, a intenção e a finalidade de uma

produção, seleção de informações, extraídas das experiências, memória e pesquisa,

orientação das idéias do aluno após leitura dos textos sobre o tema. Organização

dos parágrafos, usar uma linguagem dentro da norma culta, vocabulário, pontuação,

interlocutor e outros elementos para a construção de um texto usando a Internet.

A avaliação deve ser processual, com retomadas e reestruturação individual

e em grupo sob a orientação do professor, deve ser diagnóstica para identificar os

conteúdos aprendidos e observar a participação de cada um durante o andamento

projeto.

Essa experiência, Programa de Desenvolvimento Educacional, (PDE) nos

fez perceber que mais do que um navegador das telas, o aluno e o professor devem

ser exploradores de conhecimento, interligando as informações e construindo seu

conjunto de saberes. Encontrar maneiras de incorporar essas atitudes no aluno. Eles

querem ver resultados. Por isso, é importante que os alunos pesquisem e que criem

páginas e postem a sua produção textual.

Apesar de termos só 20 computadores na sala de informática conseguimos

dividir a turma e trabalhar mais horários. A dificuldade maior não foi lidar com o

computador, mas, na escrita dos textos, por falta de seriedade na hora da pesquisa

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e falta de concentração. Mesmo com essas dificuldades, disciplina, concentração os

alunos avançaram e foram melhorando os textos a cada semana. Há uma

necessidade urgente de equipar as escolas com mais computadores. Na maioria dos

colégios as salas de informática são trancadas a sete chaves e os professores tem

muita dificuldade para trabalhar sua disciplina com auxílio do computador.

As estratégias de ação referentes à implementação do projeto foram

alcançadas, visto que ler escrever e interpretar é um aprendizado contínuo. O nosso

papel como professor da turma foi estimular a leitura. Os alunos leitores foram

capazes de posicionar-se consciente e criticamente diante do problema que os

textos pesquisados na Internet apresentaram e conseguiram compará-los à

realidade em que vivem.

Foi possível constatar por meio das atividades no computador, com a leitura

e a pesquisa, a infinita possibilidade de interagir, fazer interferências. Perceberam

que é por meio da leitura que adquirem mais vocabulário e enriquecem seu universo

sobre um determinado assunto.

As produções textuais foram coerentes e coesas levando em consideração a

idade série dos alunos. Desenvolveram habilidades de pesquisa e reescrita de textos

no computador digitando textos e enviando-os a nós por e-mail.

Nas primeiras ações da implementação do projeto na escola, pretendíamos

fazê-los entender que sem leitura não há conhecimento. Diante disso, o sistema

educacional tenta acompanhar esse avanço tecnológico, inserindo a informática em

sua rotina como uma nova ferramenta para a produção de conhecimento. Isso faz

surgir uma nova perspectiva de trabalho para educandos e educadores, contudo faz-

se necessário descobrir novos métodos e técnicas mais eficientes para trabalhar

com os alunos fazendo uso do computador.

Durante os quase 15 anos que o aluno leva para concluir o ensino

Fundamental e Médio, tanto ele como o professor devem vislumbrar a formação de

um leitor com proficiência, leitores capazes de se posicionar consciente e

criticamente diante dos textos. Formar sujeitos capazes de interferir decisivamente

nas práticas sociais e contemporâneas da sociedade da qual faz parte. Foi esse o

nosso objetivo.

Nós professores sabemos que a mudança deverá ser gradativa. A maioria

dos professores não se sente à vontade para desenvolver um trabalho, utilizando o

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laboratório de informática. Não nos sentimos seguros frente a esses recursos e não

conhecemos metodologias que fundamentem a nossa prática diante dessa nova

forma de trabalhar com as disciplinas, na sala. Há necessidade de mais

capacitações nessa área e há também resistência por parte de muitos professores,

na utilização das novas tecnologias especialmente o uso da Internet. Outro entrave e

a superlotação das salas de aula. No Paraná as escolas foram equipadas com 20

computadores na sala de informática e as turmas são de 40 ou mais.

Esse trabalho de pesquisa, leitura, com auxílio das tecnologias deu sua

contribuição para a educação dos alunos da 8º série da Escola E. D. Orione, pois só

usaram a sala de informática nas horas aula, do projeto.

Participar do PDE nos trouxe a consciência de como as tecnologias podem

ser úteis na preparação das aulas. Apesar do computador não resolver os problemas

antigos ele é um instrumento valioso de inovação no processo ensino aprendizagem.

É preciso que o professor se insira nesse processo e utilize esse instrumento

oferecido pela tecnologia. É necessário capacitar o professor. O que parecia futuro já

é realidade na sala de aula. Muitos não levam seus alunos na sala de informática,

pois os alunos sabem mais que o professor nessa área.

Mas, como falamos acima: Os mecanismos com uso da Internet são fáceis

de aprender, é uma tecnologia fantástica, os alunos a dominam em pouco tempo,

mas, a questão da formação humana é um desafio que as tecnologias não

conseguem dar conta. O que não se pode fazer de forma alguma é excluir a criança

do direito de conhecer e usar as ferramentas que serão seu "amigo" ou "inimigo" no

futuro – a Internet.

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