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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
0
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
SUPERINTENDÊNCIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SUED
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ – UENP
CAMPUS DE JACAREZINHO – PARANÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
ARTIGO FINAL
JOGOS COOPERATIVOS: POSSIBILIDADES DE UMA PRÁTICA
EDUCATIVA
ITAMBARACÁ 2009/2010
1
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
SUPERINTENDÊNCIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SUED
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ – UENP
CAMPUS DE JACAREZINHO – PARANÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
FÁTIMA TEREZINHA DE GRANDE FERIATO
JOGOS COOPERATIVOS: POSSÍBILIDADES DE UMA PRÁTICA
EDUCATIVA
Artigo Final referente a implementação do Projeto de pesquisa e Unidade Didática apresentado como requisito para o cumprimento das atividades previstas no Programa de Desenvolvimento Educacional PDE
ITAMBARACÁ 2009/2010
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JOGOS COOPERATIVOS: POSSILIDADES DE UMA PRÁTICA EDUCATIVA.
Autora: Fátima Terezinha de Grande Feriato1
Orientadora: Maria Lúcia Vinha2
Resumo
A Educação Física escolar é muitas vezes influenciada pelo esporte competitivo visando ao rendimento, evidenciando a competição como elemento norteador de sua existência, valorizando o aspecto competitivo e consequentemente a exclusão e agressividade nas aulas. Este artigo busca dar novo direcionamento aos conteúdos propostos, num desafio para superar a dimensão meramente motriz e imprimir uma visão social e cultural através dos Jogos Cooperativos como um recurso disponível para as aulas, por apresentarem uma alternativa aos jogos formais baseados em atitudes de sempre ganhar ou perder. Essa alternativa busca proporcionar aos alunos a oportunidade de vivenciar e experimentar mudanças comportamentais, valorizando a cultura corporal do movimento, visando à melhoria do processo ensino aprendizagem. A pesquisa foi desenvolvida durante as aulas, através de atividades de caráter cooperativo para alunos da 5ª série durante o segundo semestre do ano letivo. Os resultados observados indicam uma melhora significativa no relacionamento dos alunos, aumento da participação nas aulas, diminuição da individualidade exagerada e inclusão dos menos habilidosos. Portanto conclui-se que a pedagogia da cooperação é uma prática possível, pois através desta pode-se trabalhar uma forma diferenciada e reflexiva de prática corporal, permitindo ao aluno uma visão crítica sobre a competição e a cooperação.
Palavras-chave: Cooperação; inclusão; competição.
1 Professora PDE 2009 formada pela Faculdade Estadual de Educação Física de Jacarezinho, Pós
Graduada em Educação Física Escolar. 2 Professora Maria Lúcia Vinha Doutora em Educação pela USP, professora de Didática Geral no
Curso de Licenciatura em Educação Física na UENP - Jacarezinho e líder do Grupo de Pesquisa "Criatividade e Ludicidade".
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Abstract
The school physical education is many times influenced by competitive sports aiming the progress, having as evidence the competition as a guiding element of its existence, valorizing the competitive aspect and therefore the exclusion and aggression in the classroom. This article aims to give new direction to the proposed content, in a challenge to get over a dimension that is only relative to movement and still a social and culture vision through cooperative games as an available resource for classes, for presenting an alternative to formal games based on attitudes of always winning or losing. This alternative seeks to provide to the students the opportunity to live and experiment behavior changes, enhancing the body culture of the movement, aimed the improvement of the process teaching learning. The research was developed during class, through activities of a cooperative character for fifth grade students during the second semester of the academic year. The obtained results indicate a significant improvement in the relationship of students, increase class participation, reduction of excessive individuality and inclusion of less skilled. Therefore it is concluded that the pedagogical cooperation is possible to be used, because through this you can work a different and reflective form of body practice, allowing students a critical view about competition and cooperation.
Keywords: cooperation, inclusion, competition.
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1- INTRODUÇÃO
Durante um longo período a Educação Física Escolar se respaldou em
conceitos biológicos, construção de corpos fortes e saudáveis, aulas esportivizadas
e seletivas, valorizando o esporte com caráter competitivo.
A Educação Física faz parte do projeto geral de escolarização devendo estar
articulada ao Projeto Político Pedagógico da escola, tendo seu próprio objeto de
estudo perante a cultura corporal do movimento, possibilitando aos alunos o acesso
ao conhecimento produzido pela humanidade, relacionando-os às práticas corporais
e ao contexto histórico, dando oportunidade a todos para que desenvolvam suas
potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando ao seu
aprimoramento como seres humanos.
Frente a todo este contexto e observando minha própria prática pedagógica
foi que surgiu a motivação para a elaboração deste artigo, buscando novas
alternativas e mudanças na abordagem metodológica, em face às transformações
que a disciplina vem passando, para que provoque no aluno um novo olhar e
pensamento crítico sobre a cooperação e a competição.
Como possibilidade e em contraponto a essa competitividade exagerada,
busca-se enfatizar os Jogos Cooperativos como alternativa para minimizar essa
situação, pois através destes surge uma forma diferenciada e reflexiva de prática
corporal, que busca mostrar novos caminhos e mudanças para a ressignificação
das aulas.
Fazendo parte constante das aulas de Educação Física, os Jogos
Cooperativos estimulam a participação, buscam a inclusão e integração da maioria
dos alunos, evitando a seletividade e exclusão dos menos habilidosos. Essa
possibilidade configura-se como importante ferramenta do professor que pretende
quebrar a hegemonia das aulas exageradamente esportivizadas e competitivas,
melhorando o ambiente escolar, tornando-o mais cooperativo e inclusivo.
Nesse sentido, A Educação Física Escolar configura-se como um importante
componente curricular, trabalhando o corpo em movimento, desenvolvendo
habilidades motoras num grande repertório de atividades corporais que auxiliam no
processo cognitivo, psicológico e afetivo, com foco no desenvolvimento da cultura do
movimento corporal.
5
Assim, a Educação Física escolar contemporânea, segundo os estudiosos
da área, passa por transformações e deve estar fundamentada na reflexão sobre as
necessidades de ensino e aprendizagem do momento, possibilitando aos alunos o
acesso ao conhecimento produzido ao longo dos tempos, relacionando-os às
práticas corporais e ao contexto histórico.
Faz-se necessário ressaltar que o conteúdo esporte não deve ser excluído
das aulas, mesmo porque faz parte da cultura dos nossos alunos, mas sim
trabalhado de maneira diferenciada buscando discutir novas possibilidades,
flexibilização das regras, organização coletiva, respeitando os limites de cada um.
Dessa maneira a Educação Física garante o papel de intervenção no processo de
escolarização e ensino aprendizagem com sucesso.
2 – DESENVOLVIMENTO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
a) O desenvolvimento da corporeidade humana
Na história do desenvolvimento da humanidade o homem primitivo não tinha
a postura física do homem contemporâneo, já que andava em posição de quatro
apoios, passando depois, com a evolução, a andar ereto.
Em razão da relação homem/natureza houve a grande transformação da
espécie humana em virtude dos desafios que iam ocorrendo e pela própria questão
da sobrevivência, foi-se construindo uma nova maneira de se movimentar, isto é, em
pé.
Conforme a necessidade e os desafios que apareciam, esse movimento foi
sendo aperfeiçoado através do relacionamento interpessoal, já que uns aprendiam
com os outros. Esta atividade corporal foi sendo desenvolvida ao longo dos tempos,
sendo construída pela própria humanidade, fazendo parte do conhecimento
adquirido, o qual compõe a cultura corporal que deve nortear a disciplina de
Educação Física Escolar.
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Paralela a esta construção da cultura corporal, o homem foi desenvolvendo
outras atividades para superar os desafios impostos pela natureza como a fome, a
falta de água, tempestades, entre outros.
A compreensão da historicidade da cultura corporal é muito importante para
o desenvolvimento da prática pedagógica nos dias de hoje. Os alunos têm o direito
de saber que o homem moderno não nasceu correndo, pulando, equilibrando-se,
jogando e atirando, mas que isso se deu em função das dificuldades e desafios que
iam ocorrendo.
Portanto, esse saber e conhecimento sobre o desenvolvimento da
corporeidade do homem na história da humanidade têm como função compreender
que esta produção é transitória e inacabada. O professor deve incentivar o aluno a
produzir diferentes práticas corporais que posteriormente poderão ser
sistematizadas. Nesse sentido, coloca-se:
A expectativa da Educação Física, que tem como objeto de estudo a reflexão sobre a cultura corporal, contribui para a afirmação dos interesses de classe das camadas populares, na medida em desenvolve uma reflexão pedagógica sobre os valores como solidariedade substituindo individualismo, cooperação confrontando a disputa, distribuição em confronto com apropriação, sobretudo enfatizando a liberdade de expressão dos movimentos – a emancipação – negando a dominação e submissão do homem pelo homem. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 40).
A partir deste conhecimento adquirido pelo aluno é que se conseguirá
desenvolver movimentos sistematizados e transformá-los em diferentes atividades e
produções como o jogo, a ginástica, o esporte, a dança ou a luta.
A Educação Física sempre esteve presente na escola de diferentes formas,
conceitos e significados. Passou por várias transformações, como, de uma simples
ginástica, com função higienista, até como uma função crítico emancipadora,
objetivando conhecer e desenvolver a cultura corporal do movimento, através dos
jogos e brincadeiras, esporte, dança, ginástica e lutas.
Nesta perspectiva, busca-se enfatizar os jogos cooperativos como uma
alternativa para desenvolver vários aspectos como a socialização e a inclusão,
construindo um espaço para mudanças entre o mundo interno e externo.
7
Considerando-se que os jogos cooperativos estão situados no âmbito do lúdico,
pode-se afirmar que:
Numa abordagem mais abrangente, o lúdico poderia, então, ser ocasião de se lidar com a segurança e o incerto, o medo e a coragem, a perda e o ganho, o prazer e desprazer, o sério e o cômico, a objetividade e a subjetividade, enfim, uma oportunidade de ensinar e aprender sobre a vida, entendida como um grande jogo em que, como em todos os demais estão
presentes objetivos, regras e papéis. (EMERIQUE, 2004, p. 4).
O jogo como processo de mediação oferece a possibilidade de elaboração
de atividades adequadas, observando as peculiaridades e características de cada
aluno culminando com o desenvolvimento de sujeitos criativos, solidários e capazes
de mediar e resolver as situações que ocorrem no seu cotidiano.
Utilizando o conteúdo ―Jogos e Brincadeiras‖, nas aulas, propõe-se aos
alunos a ampliação das possibilidades de seu desenvolvimento motor, afetivo e
cultural, pois as atividades sugerem, além do movimento e da criatividade,
sentimento de alegria, tristeza e a construção da própria personalidade. Isto se
justifica porque ―o jogo satisfaz necessidades das crianças, especialmente a
necessidade de ―ação‖. Para entender o avanço da criança no seu desenvolvimento,
o professor deve conhecer as motivações, tendências e incentivos que a colocam
em ação‖. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 66).
Assim, faz-se necessário valorizar nas aulas, o grupo, o que compreende a
cooperação, a solidariedade, o respeito às individualidades presentes nos seres
humanos, já que o jogo é uma atividade coletiva.
Parece claro que os jogos e as brincadeiras assumiram uma função
educativa e deve ser trabalhados na escola como conteúdo capaz de auxiliar na
construção de uma sociedade mais solidária. Através dos jogos cooperativos é
possível desenvolver experiências reais de cooperação e solidariedade com a ajuda
dos alunos.
Realizando atividades e jogos cooperativos na escola, é possível resgatar o
papel de socialização da disciplina na escola, minimizando as práticas que
estimulam o individualismo.
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b) Jogos Cooperativos: origem e evolução
A origem dos Jogos Cooperativos surgiu da preocupação com a excessiva
valorização da competição na sociedade, praticamente em todos os aspectos da
vida social como se fosse uma norma a ser seguida por todos.
Sobre a sistematização dos Jogos Cooperativos, Soler (2003, p. 19) afirma
que ―com toda certeza, os Jogos Cooperativos sempre existiram, mas começaram a
ser sistematizados na década de 1950 nos Estados Unidos.‖
O jogo cooperativo segundo Orlick (1982, apud Soler, 2003, p. 19) não é
algo novo, já que ―começou há milhares de anos, quando membros das
comunidades tribais se uniam para celebrar a vida‖.
A nossa cultura enfatiza que o jogo é sinônimo de competição ou vice-versa,
mas esta concepção pode ser mudada e temos como alternativa as atividades que
busquem a cooperação entre os sujeitos. Na nossa sociedade fomos condicionados
a competir que é característica da sociedade capitalista.
Segundo consta nos livros, os jogos surgiram há muito tempo atrás, antes
mesmo de o homem ter aparecido na terra e podem ter sido manifestados
primeiramente através dos animais.
Os jogos surgiram em diferentes épocas e formas em várias partes do
mundo. Um exemplo típico era com os povos indígenas na Austrália onde eram
celebrados com objetivos religiosos como forma de expressão corporal.
Outro grande exemplo de jogos da antiguidade são os Jogos Olímpicos na
Grécia Antiga que tinham como objetivo homenagear os Deuses daquela época.
Quando realizados, eram tão importantes que conseguiam paralisar até mesmo as
guerras entre os povos.
O jogo faz parte então da vida do homem inicialmente como alternativa de
sobrevivência e posteriormente no desenvolvimento da civilização e na escola como
conteúdo educacional da cultura corporal.
A Educação Física instiga os alunos através de suas atividades, à
aprendizagem, através de movimentos corporais que geralmente causam alegria e
prazer. O professor deve ter um conhecimento histórico da motricidade humana,
pois se não conhecesse o passado, não entenderia o futuro. Essa compreensão vai
9
possibilitar entender o porquê da disciplina na escola e sua relação com o processo
ensino-aprendizagem.
c) O desenvolvimento Social
O desenvolvimento social é muito importante em todos os aspectos da vida,
no que se refere à criança e seu sucesso ou o fracasso de seu relacionamento
interpessoal e seu envolvimento no âmbito escolar.
Quando as crianças chegam à quinta série do Ensino Fundamental se
deparam com muitas mudanças: novos colegas, mudança de trajeto e espaço físico,
aumentam o número de disciplinas e de professores, das tarefas e cobranças das
atividades. Também ocorre a identificação com o grupo, troca de experiências
através de inúmeras atividades, dentre elas, os jogos, que representam uma das
alternativas deste processo.
Nesse sentido Marcelino (1990, p.26) enfatiza a importância da
especificidade dessa faixa etária, que deve ser considerada em toda sua
complexidade. Acredita que precisam ser levadas em conta, no processo de
aprendizagem, a criança e sua cultura, tanto considerando os conteúdos quanto a
forma.
Durante a evolução histórica da humanidade, podemos constatar que o ser
humano nasce motivado a aprender, explorar o mundo, adquirir conhecimento,
relacionar-se com pessoas, beneficiando-se de todo este aprendizado para sua
sobrevivência.
A aula de Educação Física é uma ótima oportunidade de programar várias
estratégias pedagógicas, mostrando a necessidade de jogar uns com os outros,
superar desafios em grupos, compartilhar sucessos, vencer juntos e superar o
individualismo. O confronto pode ser minimizado, melhorando o relacionamento
interpessoal, diminuindo a agressividade e o fracasso individual.
d) A importância do lúdico nas aulas
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No universo escolar, principalmente na segunda fase da educação
fundamental, a Educação Física, muitas vezes, é tida como uma disciplina nova ou
como sinônimo de ―jogar bola‖, mas é um rico espaço para o encontro humano com
condições de abordar com outro enfoque a cultura corporal. Nessa perspectiva
aparece o jogo, como um elemento lúdico da cultura de um modo mais leve, mais
espontâneo, mais criativo. O jogo estimula o brincar, a valorização do lúdico e
desenvolve aspectos referentes à autoconfiança e autoconhecimento.
Segundo Romera (2003, p. 80,) através de uma maior introdução de
conteúdos lúdicos nas aulas, o professor desse componente curricular estará
proporcionando um ambiente de socialização, cooperação e autoconhecimento a
seus alunos, onde a criatividade se encontre presente no cotidiano da escola,
transformando esse espaço em um lugar de encontro humano. Isto se justifica
porque as crianças trazem consigo suas bagagens culturais que são componentes
da cultura infantil, muitas vezes deixados de lado e esquecidos. Senão vejamos:
―Uma pedagogia educacional que valorize o lúdico encontra-se estreitamente
vinculada à valorização do momento presente, jamais abrindo mão do prazer que
deve acompanhar o saber.‖ (ROMERA, 2003, p. 81).
Os elementos lúdicos aqui mencionados podem transformar a Educação
Física atrelada demasiadamente ao esporte e à competição e assim resgatar a
oportunidade dos alunos de conhecerem a si mesmos, demonstrando seus
sentimentos e emoções. A valorização do lúdico abre espaço para uma enorme
gama de práticas corporais como elementos norteadores da ludicidade com um
objetivo a ser alcançado.
A Educação Física é uma disciplina que está inserida no contexto escolar, e
que os alunos geralmente gostam, e neste contexto, é importante que os docentes a
utilizem para introduzir a cooperação como um dos elementos norteadores,
desenvolvendo atividades em que o aluno tenha oportunidade de se conhecer e
conhecer o outro, objetivando um desenvolvimento completo e harmonioso.
Os Jogos Cooperativos são capazes de realizar uma modificação no
comportamento competitivo, invertendo a lógica competitiva para a lógica que
privilegia a cooperação e a tolerância. Cooperar, significa agir em conjunto com o
outro para resolver um problema ou alcançar um mesmo objetivo. A cooperação
aparece no lado oposto da competição, onde cada um busca ser melhor que o outro.
11
e) Competir ou cooperar?
Alguns autores afirmam que a competição é o outro lado da brincadeira,
sendo que a atividade lúdica produz um corpo feliz; enquanto a competição cobra
rendimento, resultados, vitórias, tirando dessa forma o prazer de realizar uma
atividade sem ter um vencedor.
Existem novas alternativas para se jogar, estimulando o encontro, como nos
orienta Brotto (2002, passim) ao afirmar que ―Jogar e viver é uma oportunidade
criativa para o encontro com a gente mesmo, com os outros e com o todo‖.
Soler (2003, p. 26, apud Brotto, 1997, passim) afirma que através do jogo
diminuímos a distância que nos separa das outras pessoas. Assim, fica claro que
não devemos nos deixar levar pelo mito de que o ser humano é competitivo por
natureza, pois é a estrutura social que nos leva a competir ou cooperar.
As definições dos termos ―Cooperação e competição‖, segundo Soler (2003,
p. 23, apud Brotto 1999, passim) colaboram no esclarecimento das questões aqui
abordadas: a Cooperação é definida como um processo de interação social, em que
os objetivos são comuns, as ações são compartilhadas e os benefícios são
distribuídos para todos; a competição é definida como um processo de interação
social, em que os objetivos são mutuamente exclusivos, as ações são isoladas ou
em oposição às outras e os benefícios são concentrados somente para alguns.
Vivenciar os Jogos Cooperativos no ambiente escolar do dia-a-dia como
uma prática co-educativa pode propiciar uma modificação no comportamento dos
alunos mudando a lógica de ser sempre o melhor, considerando o outro como
parceiro e não como rival, possibilitando o jogar pelo prazer, o que se relaciona com
a ludicidade.
Os Jogos Cooperativos nasceram da necessidade que temos de viver juntos, pois desde cedo nos ensinaram que jogo é sinônimo de competição, e que competição é sinônimo de jogo. Hoje sabemos que isso é apenas um mito, pois um jogo, para ser interessante e desafiador, não precisa ser jogado como se estivéssemos numa guerra. Enfim, temos alternativas, e uma delas é o jogo cooperativo. (SOLER, 2003, p.15).
12
O jogo não deve ser considerado necessariamente como um duelo onde
deve haver vencedor e perdedor. A escola e a sociedade, na maioria das vezes,
enaltecem os vencedores, as melhores notas, o melhor aluno e a Educação,
consequentemente não ensina seus alunos a gostarem do ato de jogar, de brincar e
sim, a vencer.
No nosso dia-a-dia também é necessário uns ajudarem os outros, o homem
vive em sociedade e se relaciona com o outro e viver coletivamente torna-se uma
necessidade.
No jogo da vida também é necessário a ajuda mútua, a participação em conjunto, numa verdadeira interação. Percebe-se que o ―time‖ da sociedade, na maioria das vezes, é desunido, é ―cada um jogando por si‖ e não pela coletividade. (BREGOLATO, 2005, p. 69).
O jogo é parte integrante da vida do ser humano e implica na necessidade
de viver tendo como função lúdica ser espontâneo, poder errar, tentar novamente,
recriar e ser autêntico.
O jogo, segundo alguns autores, oferece muitas possibilidades de incentivar
o desenvolvimento do ser humano em várias dimensões: facilita o desenvolvimento
da linguagem, aumenta o conteúdo do pensamento infantil, cria a oportunidade de
expressar seus afetos e emoções além de integrar a criança em atividades motoras,
auditivas, visuais e táteis.
Na vida dos alunos, a escola torna-se um ambiente para aprender, ensinar,
conhecer, trocar experiências, enfim, um local de muitas relações sociais. Dentro
desta realidade, as aulas de Educação Física podem ser abordadas como um
vínculo direcionado para a cooperação, podendo fazer a diferença no espaço
escolar dependendo do enfoque e da maneira que for desenvolvida pelo professor.
Principalmente nas quintas séries onde o brincar e o lúdico ainda são importantes,
essas atividades poderão promover atitudes diferentes nos alunos no sentido de
ajudar no crescimento individual e social e de combater a violência, a exclusão e o
desinteresse.
Na faixa etária entre 11 e 12 anos, segundo autores como Valadares e
Araújo (1999, p. 8) os jogos tornam-se mais coletivos e menos individuais, uma vez
13
que a criança já possui noção do que seja a cooperação e esforço grupal e exige a
utilização de regras definidas durante uma determinada atividade e observa os
membros do grupo para verificar se os mesmos estão seguindo-as corretamente. O
não cumprimento das regras pré-estabelecidas gera grandes discussões surgindo
um forte sentimento de competição. O acontecimento de perder torna-se intolerável
para alguns, dando origem à frustração e, até mesmo, agressões.
O professor tem a difícil missão de despertar o espírito de cooperação e
solidariedade no sentido de alcançar metas comuns. Com essa ajuda necessária o
aluno precisa aprender a vencer sem ridicularizar o outro, criando um clima de
cooperação e respeito mútuo. Nesse ambiente mais harmonioso o aluno sente-se
seguro emocionalmente e tende a aceitar com mais naturalidade o fato de ganhar ou
perder fazendo parte do próprio contexto do jogo, pois o jogo supõe relação social,
contribuindo para formação de atitudes como respeito mútuo, obediência às regras,
senso de responsabilidade, iniciativa pessoal e grupal.
Quais são as alternativas para jogar? Baseado em Orlich (apud Brotto 1999
p. 65), os jogos competitivos e os jogos cooperativos tem características bem
diferentes. Os Jogos Competitivos são apresentados da seguinte forma:
- São divertidos apenas para alguns.
- A maioria tem um sentimento de derrota.
- Alguns são excluídos por sua falta de habilidade.
- Aprende-se a ser desconfiado.
- Os perdedores ficam de fora do jogo e simplesmente se tornam
observadores.
- Os jogadores não se solidarizam e ficam felizes quando alguma coisa de
―ruim‖ acontece aos outros.
- Pouca tolerância à derrota desenvolve em alguns jogadores um sentimento
de desistência em face às dificuldades.
- Poucos se tornam bem sucedidos.
Como são apresentados os Jogos Cooperativos:
- São divertidos para todos.
- Todos têm um sentimento de vitória.
- Há mistura de grupos que brincam juntos criando alto nível de aceitação
mútua.
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- Todos participam e ninguém é rejeitado ou excluído.
- Os jogadores aprendem a ter um senso de unidade e a compartilhar o
sucesso.
- Desenvolvem autoconfiança porque todos são bem aceitos.
- A habilidade de perseverar face às dificuldades é fortalecida.
- Para cada um o jogo é um caminho de co-evolução.
A necessidade de competir em quase tudo interfere na capacidade dos
alunos de participarem de atividades cooperativas para resolver problemas. A noção
de cooperação pode em longo prazo contribuir para superar essa tendência em
crianças excessivamente competitivas.
Alguns países como a China já utilizam os esportes dando ênfase para
valores diferentes da competição e sim valores como comportamento cooperativo e
coletivo. Participar com qualquer nível de habilidade já é considerado importante,
utilizando como lema, primeiro a amizade e depois a competição.
Pode-se pensar em aplicar a ―competição cooperativa‖ com a intenção de
considerar os competidores ou adversários mais importantes, para isso é necessário
observar a estrutura e a intenção do jogo humanizando assim a competição.
Através do esporte orientado pela competição cooperativa é possível
incentivar a inclusão de todos, proporcionando às crianças meios para observarem
os outros e si mesmas como seres totalmente importantes.
A intenção principal deste desafio de realizar metas comuns é construir elos
que diminuam os caminhos e que nos aproximemos mais das pessoas. Para isso é
importante que mudemos nossas atividades praticadas no nosso dia-a-dia no
trabalho, na família e na comunidade. Assim, é possível sonhar com as
possibilidades oriundas do espectro cooperativo, o que vem ao encontro da seguinte
questão: Será que as brincadeiras e jogos que se realizam nas aulas, correspondem
a uma verdadeira contribuição para a construção de um mundo melhor?
A Educação Física é uma atividade dinâmica que contribui na formação
ampla do sujeito em seu aspecto social, bem como no desenvolvimento de seu lado
individual, através de oportunidades lúdicas que proporcionam equilíbrio entre o
corpo e o espaço, além de manter elementos terapêuticos sejam eles emocionais ou
físicos. Assim, constata-se que o surgimento da Educação Física se deu desde os
tempos primitivos, quando o homem necessitava correr dos animais predadores,
pularem para pegar alimentos, carregar pesos e arremessar objetos para caçar. Aos
15
poucos, o homem percebeu que sua preparação física garantia melhores condições
de vida, tanto para trabalhar, interagir e se divertir.
Nas práticas esportivas, nos jogos recreativos ou nos jogos com disputa, os
participantes aprendem a lidar com sentimentos de perda, frustração, ansiedade,
paciência, respeito ao próximo, além de ter que aprender a esperar sua vez.
O trabalho pedagógico desenvolvido pela Educação Física deve estar
voltado para a construção da cidadania dos sujeitos, formando elementos críticos e
participativos no meio social em que estão inseridos. Seu objetivo principal deve ser
de que o aluno adquira a qualificação sócio-histórico-cultural necessária para
promover o desenvolvimento de uma racionalidade crítica, autônoma e participativa,
pois muitas vezes sem perceber, ao trabalhar conteúdos como jogos e brincadeiras
o esporte tem reforçado valores como individualidade e competitividade que são
refletidos no ambiente escolar.
Essa prática pedagógica deve tomar novo rumo sendo repensada, pois
durante a vida escolar são repassados muitos valores que influenciam os alunos no
modo como vivem na sociedade. Torna-se importante que a disciplina se desvincule
do modelo muito enraizado na prática esportiva e na aptidão física, e
consequentemente focado na competição, para uma postura crítica, tendo como
objeto de estudo a cultura corporal e a reflexão sobre o conhecimento
historicamente produzido como prática transformadora do saber escolar.
As interações entre as pessoas estão estruturadas nos processos sociais,
que trazem inclusos valores que têm sido fomentados pela cultura. Dentre os vários
processos sociais básicos, salientam-se a ―competição‖, o ―conflito‖ e a
―cooperação‖. Cada um deles se relaciona com os outros e, na maioria das vezes,
as situações sociais incluem mais do que um desses processos.
f) A importância dos jogos nas aulas
Com base nas leituras realizadas fica claro o importante significado do jogo
na vida da criança, pois dão a elas a rica experiência dos processos. Enquanto
jogam, as crianças estão vivenciando um processo de interação, de desafio, de
busca por um sentido. Os jogos ensinam a cooperação até quando envolvem a
16
competição porque um sempre precisa do outro para jogar, sendo pura socialização,
onde encontram maneiras de lidar com suas diferenças e enfrentar desafios. Outro
fator importante no jogo é a possibilidade de inventar e modificar as regras que
podem ser combinadas entre os alunos durante o jogo. A invenção de novas regras
ensina que na sociedade a realidade também pode ser construída, o brincar é ao
mesmo tempo legado e construção cultural.
O desafio desta proposta é estimular e desenvolver alternativas de
complexidade onde cada educando mostre suas próprias capacidades e habilidades,
valorizando a participação de cada indivíduo dentro de suas potencialidades
objetivando um trabalho conjunto e solidário.
Ao professor caberá a responsabilidade de intervir, contribuindo para que
haja a integração dos direitos e deveres, deixando clara a importância da
cooperação durante as atividades propostas, estimulando mais a recreação, a
ludicidade, a riqueza das brincadeiras e a satisfação que o jogo proporciona.
Com a intencionalidade dessa mudança de comportamento poderemos
transformar nossos pensamentos, idéias e atitudes do nosso dia-a-dia tornando-nos
mais estruturados na sociedade e preparados para sermos cidadãos conscientes.
A Educação Física sempre foi e será influenciada pelo ato de ―vencer
sempre‖, mas não deve ser referência para os professores face às mudanças que
vêm ocorrendo com a disciplina e os novos paradigmas buscados atualmente.
Os Jogos Cooperativos devem ser implementados de forma gradativa e
adequados na escola como uma alternativa a mais. A realidade dos alunos é fator
importante nesse início de processo para não gerar conflitos, observando as
potencialidades e limitações de cada aluno, evidenciando suas qualidades e não
seus erros servindo como motivação e melhoria da autoconfiança.
Caberá ao professor a missão de criar um clima saudável e favorável nas
aulas prevalecendo a interação, a inclusão e a solidariedade, diminuindo assim a
seletividade e a exclusão dos menos habilidosos. Regras e normas devem ser pré-
estabelecidas em conjunto com os alunos antes do início do processo.
Tornar os alunos mais amigos e cooperativos através do diálogo, ouvindo a
idéia do colega é um dos pontos importantes para tentar solucionar os pontos
divergentes que ocorrem, propondo mudanças de atitudes e comportamentos
através de atividades cooperativas onde nem todos aceitarão que o ―vencer‖ seja
substituído pelo ―vencemos‖. A inclusão dos Jogos Cooperativos será de forma
17
gradativa na escola começando inicialmente pelas 5ª séries onde ainda predominam
o lazer e a brincadeira como principais objetivos e progressivamente nas demais
séries onde a competição já está mais presente no cotidiano.
O professor de Educação Física deverá servir de elo para mostrar ao aluno
como ele poderá superar contradições e injustiças sociais integrando-se
positivamente nas atividades desenvolvidas dentro do processo ensino-
aprendizagem.
A simples prática corporal não deve ser o eixo norteador das atividades, pois
a Educação Física através de seus conteúdos estruturantes propostos nas Diretrizes
Curriculares oferece muitas oportunidades para ensinar aos alunos a terem uma
visão crítica da sociedade.
Os conteúdos propostos serão desenvolvidos dentro de uma perspectiva de
cooperação: no esporte destacar o espírito de equipe ao invés das habilidades
individuais; nas atividades rítmicas respeitar a diversidade cultural; utilizar a
ginástica como fator de saúde respeitando os limites de cada um e finalmente o jogo
propriamente dito incentivando a cooperação, a inclusão e a ludicidade buscando o
envolvimento de todos e minimizando a competitividade exagerada.
3 – METODOLOGIA E IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA
Esta pesquisa teve por objetivo propor e evidenciar nas aulas de Educação
Física, os Jogos Cooperativos como uma possibilidade, apresentando mudanças de
paradigmas com o intuito de melhorar os relacionamentos, como prática constante
no fazer escolar, articulada à cultura corporal.
O trabalho foi direcionado a alunos das 5ª séries, turmas B e C do período
vespertino do Colégio Estadual Marcílio Dias-Ensino Fundamental, Médio e Normal
da cidade de Itambaracá.
O início dos trabalhos deu-se através da apresentação do tema proposto
para os alunos, especificando o objetivo principal e ações que iriam ocorrer durante
o desenvolvimento das atividades ao longo do semestre.
18
Buscou-se despertar a curiosidade dos alunos sobre o tema e a participação
efetiva dos mesmos como colaboradores nas ações propostas visando alcançar os
objetivos.
Ao iniciar a implementação do Projeto foi realizada uma discussão de alguns
conceitos relacionados aos Jogos Cooperativos como: cooperação, competição
coletividade, individualidade e inclusão. O objetivo da discussão foi verificar o
entendimento dos alunos sobre o tema proposto, desafiando-os a mostrar o que já
sabem (senso comum) e a partir daí para o conhecimento elaborado, trabalhando
com conceitos fundamentados na prática.
Para evidenciar e mostrar o tema cooperação foi apresentado um recorte do
filme ―Vida de Inseto‖ que se trata do trabalho em grupo realizado pelas formigas
para alcançar um objetivo que foi proposto. Esta ação possibilitou um debate sobre
os pontos positivos que foram propostos e podem ser incluídos nas aulas. Através
deste recorte do filme ficou evidente a importância da coletividade e cooperação,
conduzindo os alunos à reflexão acerca do tema, sensibilizando-os e mobilizando-os
a repensarem suas atitudes nos jogos e brincadeiras, deixando fluir propostas de
trabalhos para o dia a dia das atividades sugeridas.
Como coleta de informações foi aplicado um questionário com perguntas
sobre as aulas de Educação Física com relação à participação dos alunos, as
atividades realizadas, possíveis mudanças e a inclusão. O objetivo do questionário
foi avaliar o real significado das aulas de Educação Física para os alunos e seus
anseios, haja vista que a partir dela muitas outras ações são colocadas em prática.
Durante o segundo semestre de 2010, uma vez por semana foram
ministradas aulas com atividades envolvendo cooperação, objetivando estimular a
participação, a inclusão e a integração de todos nas atividades propostas. No
princípio não foi fácil a aceitação dos alunos nas atividades envolvendo cooperação,
principalmente por parte dos meninos e quando se tratava de esportes. Era muito
comum ouvir ―mais assim não tem graça jogar‖ ou ―hoje vamos jogar com as regras
normais?‖
Várias atividades foram realizadas envolvendo jogos, brincadeiras, esportes
e danças e aos poucos o comportamento dos alunos foi se modificando,
aumentando a participação. Outro fator que contribuiu para aceitação e efetivação
do tema foi aproveitar a bagagem cultural dos alunos, propondo mudanças,
ressignificação das regras e um planejamento integrado e participativo. Ao término
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de cada aula realizávamos discussões e conversas sobre as atividades, os pontos
positivos e negativos e possíveis mudanças.
O término das ações da pesquisa no final do semestre ocorreu com a
realização de uma gincana cooperativa envolvendo as duas turmas, com atividades
para integração dos alunos. As turmas foram divididas em grupos e realizaram
atividades visando à cooperação e o trabalho coletivo. Após o término da gincana
houve uma confraternização envolvendo todos os grupos participantes.
A finalização da pesquisa com a realização da gincana cooperativa
envolvendo todos os alunos comprovou a mudança de atitude dos mesmos com
relação à competição e cooperação.
Trabalhar a cooperação nas aulas de Educação Física através das mais
variadas atividades constitui-se num material pedagógico e pode ser utilizado como
fim formativo, com objetivos pré-estabelecidos para subsidiar a prática docente.
Na escola, é função da Educação Física tratar pedagogicamente da cultura
corporal como área do conhecimento. No processo ensino-aprendizagem, a função
do professor é muito importante, pois é ele que através das atividades vai direcionar
a construção e o desenvolvimento do conhecimento no educando.
4 - CONCLUSÃO
A Educação Física tem como característica atividades realizadas com os
indivíduos através de movimentos corporais, objetivando desenvolver as qualidades
físicas e sociais de quem as realizam. É, portanto muito importante para o processo
de formação integral do ser humano. Então, os movimentos ensinados nas aulas de
Educação Física devem respeitar a individualidade do aluno, estimulando a
criatividade pessoal.
Logo, o professor de Educação Física deve assumir sua função de preparar
aulas com atividades físicas, exercícios e jogos adequados para cada faixa etária,
observando as características individuais dos alunos, dando-lhes condições para
realizar seus movimentos espontaneamente de acordo com suas habilidades e com
sucesso em suas ações.
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Analisando o desenvolvimento das atividades, o comportamento e a
participação dos alunos nas aulas percebeu-se uma significativa melhora no
relacionamento culminando com a inclusão, mostrando a importância das atividades
que envolvem cooperação na escola, objetivando a diminuição de atitudes
agressivas, a competitividade exagerada fomentando a integração, interação e
cooperação buscando propiciar um ambiente menos tenso e mais harmonioso.
Entende-se que os professores de Educação Física, juntamente com os
demais professores da escola devam promover ações que maximizem a difusão
deste tipo de prática no ambiente escolar, buscando mudanças de comportamento e
atitudes positivas dos educandos. Através dessas ações o professor não será mais
simplesmente transmissor de conteúdos, mas, um agente formador de cidadãos
conscientes, favorecendo a construção do processo de ensino e aprendizagem.
O professor poderá através da vivência cooperativa nas mais diversas
atividades envolvendo jogos, brincadeiras, danças e esportes, difundir valores
importantes para os alunos e deixar transparecer que o importante é a oportunidade
de desenvolver suas potencialidades ajudando-se mutuamente.
Assim sendo, para transformar práticas tradicionais enraizadas em atitudes
de sempre ganhar ou perder, valorizando a competitividade e a individualidade é
necessário que o professor de Educação Física utilize com mais frequência os Jogos
Cooperativos, como alternativa eficiente, garantindo a inclusão, a participação dos
alunos, respeito à corporeidade e o caráter lúdico nas atividades.
Este trabalho também proporcionou um diálogo maior entre os alunos e o
professor, favorecendo a construção do processo de ensino e aprendizagem.
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5 - REFERÊNCIAS
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2005. p. 69. BROTTO, F, O. Jogos Cooperativos: o jogo e o esporte como exercício de convivência. 2 Edição. Santos, SP Projeto Cooperação, 2002. p. 65. ______. Se o importante é competir o fundamental é cooperar. Santos, SP:
Projeto Cooperação. Re-Novada, 1999. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. São
Paulo: Cortez, 1992. p. 40 - 66. EMERIQUE, Paulo Sergio. Aprender e ensinar por meio do lúdico. Dinâmica lúdica: novos olhares. São Paulo: Manole, 2004. p. 4. MARCELINO, Nelson Carvalho. (Org). Lúdico, educação e educação física. 2. Ed
–Ijuí: Ed. Unijuí, 2003. p.26. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Educação Física para os anos finais de Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. Curitiba: SEED, 2009. ROMERA, Liana Abraão. Lúdico, Educação e Humanização: uma experiência de trabalho. 2 ed.—Ijuí: Ed. Unijuí, 2003 p. 73-99. In: MARCELINO, Nelson Carvalho Org). Lúdico, educação e educação física. 2.ed.— Ijuí : Ed. Unijuí, 2003.p. 80- 81.
SOLER, R. Jogos cooperativos. 2. Ed. Rio de Janeiro, RJ: Sprint, 2003. p.19 - 26 - 23. VALADARES. S.; ARAÚJO, R. Educação Física no cotidiano escolar. 3. Ed. Belo Horizonte. MG: Editora Fapi Ltda, 1999. p. 8.