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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
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Autores: Senoir Campigotto Beltrame Meri Frotscher KramerNRE: Cascavel – PRDisciplina: História ( ) Ensino Fundamental ( X ) Ensino MédioDisciplina de relação interdisciplinar 1: Língua PortuguesaDisciplina de relação interdisciplinar 2: GeografiaConteúdo estruturante: Relações de poderConteúdo específico: Escravidão NegraTítulo: Ensino de história e a escravidão negra no Paraná
Oficina 1: Escravidão negra no Paraná
Fonte:http://www.diaadia.pr.gov.br/projetofolhas/livreto/linguaportuguesa.php
A Lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, instituiu, em seu artigo 26-A, a
obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos
de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares. Apesar da obrigatoriedade da
inclusão de História e Cultura Afrobrasileira no conteúdo de sala de aula e de sua
1
abordagem na historiografia paranaense, percebe-se que o material disponível para
trabalho em sala de aula ainda é bastante limitado.
Por isso o interesse em desenvolver este FOLHAS, com o intuito de que os
alunos tenham acesso a atividades construídas a partir de referenciais bibliográficos e
pesquisas sobre a história de populações afrodescendentes no Paraná. Neste sentido, o
objetivo é tirá-las da invisibilidade. Além disso, espera-se discutir sobre realidades
atuais e que se referem à luta por direitos de populações afrodescendentes, em especial
o direito à terra e ao reconhecimento de sua história. Trata-se de partir do presente para
a análise do passado. No caso abordado, pretende-se aproximar da história das
populações afrodescendentes no Paraná e perceber as implicações políticas, culturais e
sociais que tais movimentos históricos promoveram no Brasil.
A história da presença de escravos de origem africana se inicia com a fundação
em 1648 de Paranaguá, no litoral, o primeiro núcleo populacional português instalado
na região, em decorrência da descoberta de ouro nas redondezas. Não tardou muito e o
metal precioso foi também descoberto serra acima, nos campos de Curitiba. Os
colonos, vindos principalmente de núcleos setentrionais da capitania de São Paulo,
trouxeram possivelmente os primeiros escravos negros para trabalhar na extração e
lavagem do metal.
De acordo com Gutiérrez:
Dados permanentes sobre os escravos apareceram na segunda metade do século XVIII, com a elaboração sistemática de recenseamentos, as chamadas listas nominativas de habitantes. Em 1798, no primeiro quadro global reunindo informações de Antonina, Guaratuba, Paranaguá, Castro, Curitiba, Lapa e São José dos Pinhais, isto é, de todas as localidades então existentes, foram relacionados 4.273 cativos dentro de uma população de 20.999 pessoas (GUTIÉRREZ, 2006, p.02).
A população escrava no Paraná no séc. XIX desenvolveu-se em duas áreas
interligadas entre si: o litoral voltado à agricultura de subsistência e o planalto,
dirigindo-se a Sorocaba para venda e a distribuição.
A população escrava existente no período de 1789-1830 cresceu no litoral
(Antonina) e noutras localidades situadas no planalto, como Castro. Este crescimento se
deveu, possivelmente, à maior frequência nestas vilas de engenhocas de açúcar e
fazendas de gado.
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ATIVIDADES
01 – O Paraná, apesar do percentual baixo de cativos, nunca superando um quarto da população total, foi também uma sociedade escravista. A presença da mão-de-obra escrava estava ligada aos usos dados à terra. Explique tal afirmação através da consulta do texto a seguir: GUTIÉRREZ, Horácio. Donos de terras e escravos no Paraná: padrões e hierarquias nas primeiras décadas do século XIX. 2006. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-90742006000100005&script=sci_arttext
a)Discuta com os colegas e, depois, apresente a sua conclusão de forma escrita.
02- Faça em grupo um estudo comparativo com base nas informações apresentadas no texto acima citado, referentes à distribuição da terra e dos escravos no estado do Paraná e no texto de “Estrutura da posse de cativos no Paraná e em Minas Gerais (1872-1875)”, disponível no site:http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_338.pdf
Organize as informações em cartazes. Solicite auxílio de seu (sua) professor (a)
Oficina 2 : Os escravos negros vistos pelos viajantes
Uma forma de termos acesso representações da vida cotidiana das populações
negras são os relatos de viajantes que percorreram o Brasil em diversos momentos, os
quais também contribuem para a recuperação do conhecimento histórico e etnográfico.
Quando os viajantes percorreram o território paranaense, registraram o cotidiano
da população, dando visibilidade às diversas atividades de trabalho realizadas, inclusive
as dos negros. Estes relatos nos permitem refletir sobre as imagens construídas pelos
viajantes que passaram pelo Paraná e sobre que realidades sociais são construídas a
partir destes textos. Neste sentido, atentamos para as considerações de Roger Chartier,
segundo o qual o objetivo da história cultural é, segundo Chartier, “identificar o modo
como em diferentes lugares e momentos uma realidade social é construída, pensada,
dada a ler” (1990, p. 16).
Os viajantes aqui selecionados tinham por objetivo geral inventariar as riquezas
naturais e perceber as potencialidades econômicas das áreas visitadas. Um deles é
Thomas Plantagenet Bigg-Wither, um engenheiro civil inglês que veio para o Brasil aos
26 anos de idade, permanecendo aqui de junho de 1872 a abril de 1875. Veio como
membro de uma expedição denominada Paraná and Mato Grosso Survey Expedition.
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Outro viajante do qual utilizaremos seus relatos é Johan Jakob von Tschudi,
nascido na Suíça em 1818, naturalista que visitou a América do Sul por três vezes. Na
terceira delas se estabeleceu no Brasil como Embaixador Extraordinário da Suíça, tendo
por missão avaliar as condições dos imigrantes suíços e austríacos nas colônias de
imigrantes no Brasil. Foi durante essa viagem que passou pelo Paraná,
aproximadamente em 1860, deixando suas impressões sobre o que testemunhava.
Outro viajante é Robert Avé-Lallemant, médico alemão que em 1858
empreendeu viagem pelo Paraná. Auguste de Saint-Hilaire, um botânico francês,
visitou entre 1816 e 1822 diversas regiões do Brasil, entre elas o Paraná, em 1820,
quando ainda era a 5ª Comarca de São Paulo.
A complexidade do trabalho está em compreender estas temporalidades e os
relatos destes viajantes a partir das condições de sua produção à época.
ATIVIDADES
01- Analise os três trechos de relatos sobre o Paraná, observando a sua importância como fonte de pesquisa. Perceba de que forma se relatam as impressões sobre os negros, seus modos de viver e costumes.
Relato de Johann Jakob Von Tschudi.No pátio em que se encontra a casa-grande existem em geral dois edifícios compridos, de construção primitiva, as chamadas senzalas ou habitações dos negros, onde os homens são alojados separadamente das mulheres. Ao longo dessas construções estão as tarimbas, cerca de 3 pés acima do chão, e no centro um corredor bastante largo e alguns fogões primitivos, nos quais os negros preparam às vezes um ou outro prato simples ao voltar do trabalho. As senzalas ficam abertas até as 10 horas da noite, havendo até lá, um convívio misto nas mesmas. A um sinal dado por uma campainha, os homens e as mulheres se retiram, cada qual para sua habitação, e o guarda as fecha a chave, abrindo-as na manhã seguinte, uma hora antes de iniciar-se a tarefa diária. As crianças menores dormem com as mães, as maiores possuem suas tarimbas individuais, dormindo em geral duas crianças em cada uma. Os negros casados vivem em recintos menores, devidamente separados. (p.56)
Relato de Robert Avé-Lallemant Sobre os habitantes da Curitiba de 1858: "Quanto ao que se vê na população, parece ser bastante mestiçada e em toda parte aparecem linhas nítidas de genealogia indígena e africana na multidão, se se pode chamar de multidão os poucos milhares de habitantes de Curitiba". (p.73).
Relatos de August de Saint-Hilaire
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Em algumas passagens, o viajante chega a ser entusiástico, ao mostrar o quanto amenas eram as condições de vida dos escravos, nas províncias do Sul: O proprietário estava ausente no momento de minha chegada, mas fui muito bem acolhido por seus escravos. Suas maneiras corteses e o contentamento que traziam estampado na face haviam feito com que eu os tomasse inicialmente por homens livres. Mas tratava-se de escravos, que me fizeram os maiores elogios ao seu amo. Depois disso já não me surpreendia vê-los tão satisfeitos e tão prontos a servir. (p.42)
02- Para ter mais subsídios para a análise da questão, pesquise nos livros citados ou na Internet sobre os relatos dos viajantes:SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem pela Comarca de Curitiba. Curitiba: Fundação Cultural, 1995. 182p. (tradução: Cassiana Lacerda Carollo)AVÉ-LALLEMANT, Robert. 1858. Viagem pelo Paraná. Curitiba: Farol do Saber, 1995. VON TSCHUDI, Johann Jakob. Viagem às províncias do Rio de Janeiro e São Paulo. Belo Horizonte - Itatiaia; São Paulo-EDUSP, 1980.
03 – Estabeleça uma relação entre estas biografias e os trechos de relatos de viagem, sendo marcados pelo registro e caracterização da beleza natural, do patrimônio histórico e cultural do estado do paraná, pelas tradições e costumes, pelos hábitos alimentares dos negros que aqui moravam., verificando os interesses implícitos durante as viagens . Apresente estes dados em forma de texto argumentativo.Solicite auxílio de seu (sua) professor (a). Apresente as atividades para o seu (sua) professor (a) e os seus colegas de sala de aula.
04 – Com o auxílio do professor, compare o trecho de Saint-Hilaire com o autor Gomes, que tratam da história da escravidão no Sul do Brasil:
“Era também nesse longo dia de penoso e extenuante trabalho que os cativos, castigados pelo sol escaldante, pelos espinhos dos arbustos de café ou pelo chicote dos feitores truculentos, procuravam formas diversas de socialização. O castigo era uma realidade que rondava. Mas aproveitando uma fugidia frouxidão na vigilância, conversavam a respeito de seu cotidiano, alimentando sonhos de melhores dias. Ao escurecer, quase às 19h nos dias de verão, preparavam-se para voltar à fazenda. Novamente formavam fila em frente ao terreiro e reuniam-se aos que tinham permanecido trabalhando na sede da fazenda. Retornariam às senzalas. A jornada de trabalho podia continuar madrugada adentro na separação e ensacamento dos grãos de café colhidos. À noite, em torno das pequenas fogueiras que mantinham - nunca apagavam as brasas! - no interior das senzalas, o cansaço dominava absoluto”. (p.01)GOMES, Flávio. Historiador e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Publicado no jornal Folha de São Paulo. [2010].
a) Elabore um texto de opinião com o objetivo de analisar se o autor Gomes concorda com as impressões de Saint-Hilaire sobre uma suposta “escravidão amena” no Paraná.
Estes relatos revelam discursos próprios da época em que foram escritos e,
portanto, devem ser analisados como fontes históricas. Foram construídos através de
uma percepção própria daquela realidade e do contexto histórico no qual viveram e
viviam naquele momento. Segundo Moreira: “Tais homens produziram registros de
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viagens condicionados pelos mais diversos interesses. Estas fontes são de grande valia
[...]. Desse modo, a análise crítica das escritas de viagem se faz necessária e válida”
(2010, p. 7).
Assim, para que ocorra uma análise crítica dos relatos dos viajantes, é preciso
que o professor possibilite uma diversidade de leituras levando em consideração a
situação em que se as mesmas se produzem. Mas para que isto ocorra deve ser
oportunizado o desenvolvimento de habilidades como: reflexão, análise, interação com
o texto, previsões e hipóteses a respeito do texto, levantadas pelos alunos antes da
leitura e confirmadas após a mesma. E que utilizem de estratégias (seleção, antecipação,
inferência, relações intelectuais) imprescindíveis à “leitura das entrelinhas”, de modo
que os sentidos vão sendo construídos interativamente pelo aluno com base nas
informações que o autor coloca no texto e com base nas informações que o próprio
leitor mobiliza a partir de suas experiências anteriores a leitura realizada, tornando-se
autor, pois isso ocorre quando o que ele produz torna-se interpretável e possibilita a
produção de novos sentidos.
Na chegada do século XX inaugurou-se uma fase de explosão da informação,
redimensionando o papel da escrita e da leitura nas sociedades modernas. Para Trindade
(2010, p. 4) “O papel da escrita na formação do sujeito é muito mais profundo do que se
pensa. É a porta de entrada para a cultura, saber tecnológico, científico, erudito,etc.”
De acordo com a mesma autora sobre a leitura,
É através da leitura e interpretação de textos que compreendemos os direitos e os deveres reservados às pessoas dentro da sociedade, que é possível apropriar-se de bens culturais, que se preserva e dissemina-se a história e os hábitos de um povo ou povos e como conseqüência, é também através da escrita e da leitura que são transmitidos valores, sociais, morais e culturais de uma geração a outra (TRINDADE, 2010, p. 5).
A leitura e a escrita são fatos históricos, construídos passo a passo, num
trabalho concentrado, construindo assim o caminho para a descoberta, para a
decodificação das letras e poder formar a sua história. E aprender a ler (e a escrever) é
complexo e demanda um conjunto de procedimentos de análise, reflexão, estratégias,
objetivos, estudo, tempo, propósitos.
E estes conhecimentos irão auxiliá-lo a reflexão e a escuta, fazendo a mediação
com o texto lido fazendo a analogia com o passado e a situação presente. E o mais
6
importante, que você se perceba como sujeito histórico, político e social do mundo, que
recebe as influências do meio e interage com elas.
ATIVIDADES
01- a) Acesse o site e observe as informações sobre a linguagem escrita e a leitura.( Peça auxílio, ao professor de Português)http://www.educacional.com.br/articulistas/outrosEducacao_artigo.asp?artigo=artigo0069http://www.presencapedagogica.com.br/capa6/artigos/31.pdfhttp://www.filologia.org.br/ixsenefil/anais/17.htm
a) Elabore um cartaz com as informações sobre a linguagem escrita e a leitura, colocando sua conclusão. Exponha no mural da escola. Faça uma
b) Com base no texto “A maioria dos cientistas viajantes utilizava o desenho com o objetivo de acrescentar informações ao que estava sendo relatado nos diários de viagem e os espécimes que estavam sendo coletados. Nos trabalhos dos artistas viajantes acontecia o contrário: era a escrita que acrescentava informações ao que era retratado pelo viajante[...] Ao analisarmos uma imagem produzida por artistas viajantes, devemos considerar vários aspectos, tais como a formação do artista viajante, a forma como ele produziu seu trabalho e as possibilidades técnicas com as quais podia contar, as influências estéticas européias, bem como outras influências, que podiam ser científicas ou morais[...]. Não podemos considerar a obra como isolada do contexto em que ela foi produzida”a) Responda: Os relatos de viagem são relatos da realidade daquela época? Como devem ser lidos hoje? O que se deve atentar ao se analisar este tipo de fonte? Solicite auxílio de seu (sua) professor (a). Apresente as atividades para o seu (sua) professor (a) e os seus colegas de sala de aula.
Oficina 3: Remanescentes de quilombos no Paraná
Segundo Cruz e Salles,
desde a década de 90, diversos fatos têm dado visibilidade à questão quilombola no Paraná. Desde a campanha em apoio a comunidade do Paiol de Telha – organizada pela CPT (Comissão Pastoral da Terra), APP- Sindicato, ACNAP (Associação Cultural de Negritudes e Ação Popular) – e demais entidades do movimento social negro e também das publicações de trabalhos acadêmicos sobre as Comunidades de Sutil e Santa Cruz (Ponta Grossa tem se tornado público o conhecimento sobre a existência de quilombos no Paraná (CRUZ; SALLES, 2010, p.01).
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A legislação vigente reconhece o direito à terra a remanescentes de quilombolas.
Ela está assegurada na Constituição Brasileira de 1988, através do seu artigo 68: “Aos
remanescentes das comunidades de quilombos que estejam ocupando suas terras é
reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos
respectivos”.
O artigo 215, por sua vez, prevê que “o Estado garantirá a todos, o pleno
exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional e apoiará e
incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”. Nesse sentido,
estabelece em seu § 1º que “o Estado protegerá as manifestações das culturas
populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do
processo civilizatório nacional”. Já o artigo 216, ao referir-se ao patrimônio cultural
brasileiro, dispõe, em seu § 5º: “Ficam tombados todos os documentos e os sítios
detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos”.
Tal legislação representa um avanço na História do país, no que se refere aos
aspectos de reconhecimento dos direitos culturais (art. 215 e 216) e direitos fundiários
(art. 68). (MALCHER, 2006, p. 17). Mencionar quilombos no cenário político atual é
falar de uma luta política e de um processo de afirmação identitária.
A emenda à Constituição Nº 6, de 1999, assegura aos remanescentes dos
quilombos o direito de propriedade sobre as terras que ocupam e garante a preservação
de suas comunidades. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos
termos do § 3º art. 60 da Constituição Federal, promulgaram a seguinte Emenda ao
texto constitucional: Art. 1º O Capítulo VIII do Título VIII da Constituição Federal
passa a denominar - se "d os Índios e das Comunidades Remanescentes dos
Quilombos". Art. 2º Adicione-se ao Capítulo VIII do Título VIII da Constituição
Federal o art. 232-A, com a seguinte redação: Art. 232-A. É reconhecido aos
remanescentes dos quilombos o direito de propriedade definitiva sobre as terras que
ocupam, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos, na forma da lei, bem como
proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
ATIVIDADES
01- Acesse o site:http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./natural/index.html&conteudo=./natural/artigos/emenda.html. Em grupo, discutam a importância desta emenda.
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02- A partir da leitura desses artigos, uma indagação pode ser feita. Teriam os "remanescentes das comunidades dos quilombos" conquistado um reconhecimento propriamente étnico, no sentido de assegurar, via artigo 68, um espaço político da diferença? 03- Pesquise em grupo na internet e em reportagens da imprensa sobre as comunidades remanescentes de quilombolas no Brasil. Solicite auxílio de seu (sua) professor (a).
Fiabani (2005) afirma que as áreas de quilombos são espaços onde os grupos
desenvolveram práticas de reprodução do seu ethos, modo de vida, o que permitiria a
tomada da questão de direitos à terra e de afirmação das diferenças. Os quilombos eram
lugares de refúgio para escravos fugidos de seus donos e remanescentes de quilombos
são áreas que restaram desses quilombos.
Sabia que no estado do Paraná, por exemplo, a população de remanescentes de
quilombolas está distribuída em mais ou menos 100 comunidades, sendo que somente
36 possuem certificado pela Fundação Cultural Palmares?
ATIVIDADES
01- Pesquise na internet como se obtém a certificação de uma comunidade quilombola e o que isto significa. 02 - Pesquise em jornais e na Internet onde estão localizados remanescentes de quilombos no Paraná e quais são reconhecidas enquanto tal. Sugestão de sites:http://quilombospr.blogspot.com/2009/07/historico-das-comunidades-quilombolas.html.http://terradedireitos.org.br/biblioteca/noticias/comunidade-quilombola-paiol-de-telha-ocupa-sede-do-incra/http://redepuxirao.blogspot.com/2010/02/carta-de-apoio-aos-povos-indigenas-do.htmlhttp://www.bemparana.com.br/metropole/index.php/category/adrianopolis/page/2/03 - Como vivem esses descendentes de quilombolas no Paraná?04- A legislação brasileira reconhece a dívida social e histórica que o Estado brasileiro possui com essas populações, como a convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário desde 2003, e os artigos 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), e a Constituição Federal de 1988. Em grupo, pesquise e analise a importância das lutas dos movimentos negros para a conquista destes direitos. 05- Discuta qual a importância da luta das comunidades remanescentes de quilombolas? Solicite auxílio de seu (sua) professor (a) e organize os resultados das pesquisas no mural da escola e no site escolar.
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A luta pelos direitos de posse de terra dos remanescentes de quilombos tem dado
maior visibilidade à presença de afrodescendentes no Paraná e no Brasil em geral, e,
inclusive, mudado as formas como essas populações se identificam. Todo este contexto
histórico, cultural e social sobre presença negra no Paraná pode e deve ser conectado ao
ensino de história, através de atividades de pesquisa.
ATIVIDADES
01- Hoje, inaugura-se uma espécie de demanda político-social ou nova pauta na política nacional, por conta do reconhecimento do direito à terra dos descendentes de quilombolas.
a)Em grupo de 4 alunos, analisem o texto abaixo, da antropóloga Ilka Boaventura Leite.
“O quilombo constitui questão relevante desde os primeiros focos de resistência dos africanos ao escravismo colonial, reaparece no Brasil/República com a Frente Negra Brasileira (1930/40) e retorna à cena política no final dos anos 70, durante a redemocratização do país. Trata-se, portanto, de uma questão persistente, tendo na atualidade importante dimensão na luta dos afrodescendentes. Falar dos quilombos e dos quilombolas no cenário político atual é, portanto, falar de uma luta política e, consequentemente, uma reflexão científica em processo de construção. Nos últimos vinte anos, os descendentes de africanos, chamados negros, em todo o território nacional, organizados em Associações Quilombolas, reivindicam o direito à permanência e ao reconhecimento legal de posse das terras ocupadas e cultivadas para moradia e sustento, bem como o livre exercício de suas práticas, crenças e valores considerados em sua especificidade. Tudo isto se esclarece quando entra em cena a noção de quilombo como forma de organização, de luta, de espaço conquistado e mantido através de gerações. O quilombo, então, na atualidade, significa para esta parcela da sociedade brasileira, sobretudo, um direito a ser reconhecido e não propriamente e apenas um passado a ser rememorado”.
a)Defina o que é quilombo e quem são os quilombolas.c) Quais as ações e políticas de reconhecimento que estão sendo realizadas?
Se acharem necessário acessem o site para o aprofundamento sobre o tema:http://www.nuer.ufsc.br/artigos/osquilombos.htmLeiam o texto: Os quilombos no Brasil: questões conceituais e normativas de Ilka Boaventura Leite.
Vejamos agora, esta mobilização situada num espaço geográfico, ou seja, onde
estão localizadas no estado do Paraná as comunidades dos remanescentes de quilombos.
A questão da luta pelos direitos de território dos remanescentes de quilombos
nos remete à problemática da construção de territorialidades negras nos espaços urbanos
e rurais no Brasil.
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Diz-se que, hoje, o conceito de território [...] é fundamentalmente um espaço
definido e delimitado por e a partir de relações de poder. (SOUZA (1995) apud
DIRETRIZES CURRICULARES DE ENSINO BÁSICO - GEOGRAFIA, p. 63).
Uma das formas mais expressivas de resistência contra a escravidão foi a dos
quilombos (aldeias constituídas por escravos fugitivos, os quais podiam viver ali
conforme a sua cultura e em liberdade), e neste espaço, poderiam sentir-se “livres” e
hoje lutam pela efetivação de seu direito de propriedade sobre as terras que ocupam e,
desta forma garantindo a preservação de suas comunidades .
Claro que você conhece o mapa do nosso Estado. Mas você sabe que também
aqui há comunidades remanescentes de quilombolas? Estas Comunidades
Remanescentes de Quilombos e Comunidades Negras Tradicionais Identificadas pelo
Grupo de Trabalho Clóvis Moura estão representadas no mapa do Paraná.
Fonte:http://www.diaadia.pr.gov.br/dedi/cec/arquivos/File/mapaquilombos.pdf
Tem habilidade de trabalhar com a linguagem cartográfica? Sabe o que é isto?
Pois bem, por intermédio da ação de mapear, e não de cópias ou pinturas de
mapas, dá-se um verdadeiro passo metodológico para o aprendizado de cartografia. Para
isto temos que conhecer os quatro elementos principais: título, escala, coordenadas
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geográficas e legenda. Esses elementos asseguram a leitura e a interpretação precisas
das informações nele contidas.
De acordo com Francischett (2000) a linguagem dos mapas, constitui-se como
principal chave para o pensamento crítico sobre o espaço e que a utilização de mapas é
um processo de ir e vir, do concreto ao abstrato, da imagem para o significado. É um
trabalho que se desenvolve da etapa de representação dos espaços em que vivemos,
conhecemos e experimentamos até a interpretação de realidades não conhecidas e que
exigem maior abstração.
ATIVIDADES
01 – Acesse o site http://www.projetopresente.com.br/formacao/Geo_formacao.pdf( Peça auxílio, ao professor de Geografia)a) Todo bom mapa deve conter quatro elementos principais. Quais são estes elementos que asseguram a leitura e a interpretação precisas das informações contidas num mapa.b) Ler mapas significa, portanto, dominar a linguagem cartográfica. Preparar o aluno para essa leitura deve passar por preocupações metodológicas tão sérias quanto as de se ensinar a ler e escrever, a contar e fazer cálculos matemáticos. Justifique esta afirmação.02- Acesse o site:http://www.diaadia.pr.gov.br/dedi/cec/arquivos/File/mapaquilombos.pdf E verifique neste mapa as Comunidades remanescentes de quilombos e comunidades negras tradicionais identificadas pelo grupo de trabalho Clóvis Moura.Faça a interpretação do mapa.b) Faça uma lista destas comunidades e complete o quadro abaixo. Verifique que atividades econômicas são exercidas. Pesquise, através da Internet, livros, jornais, fotos que retratam estas comunidades. Nome da comunidade remanescente quilombola. Localização. Que atividades econômicas exercem. Tem certificação: Fundação Cultural Palmares?c) Localizem-nas em um mapa. Não esqueçam dos quatro elementos principaisd) Se em seu município ou perto dele há uma comunidade de descendentes de quilombolas, faça uma vista e desenvolva um projeto de pesquisa com orientação de seu professor. e) Organizem um mural com atividades realizadas
ESSES TRABALHOS, QUE FORAM REALIZADOS NESTE FOLHAS, PODEM SER APRESENTADOS NUMA EXPOSIÇÃO PARA TODA COMUNIDADE ESCOLAR.
REFERÊNCIAS:
12
AVÉ-LALLEMANT, Robert. 1858. Viagem pelo interior do Paraná. Curitiba, Farol do saber, 1995.
BIGG-WITHER, Thomas P. Novo caminho no Brasil meridional: a província do Paraná. Curitiba, Universidade Federal do Paraná, 1974.
FIABANI, Adelmir (2005).Mato Palhoça e Pilão. Expressão Popular, São Paulo.
FRANCISCHETT, Mafalda Nesi. A Cartografia no Ensino da Geografia. Francisco Beltrão: Grafit, 2000. 148 p.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completa. 20.ed. São Paulo:Autores Associados: Cortez, 1987.
CHARTIER, Roger. Introdução. Por uma sociologia histórica das práticas culturais. In: _____. A História Cultural entre práticas e representações. Col. Memória e sociedade. Trad. Maria Manuela Galhardo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990, p. 13-28.
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CRUZ, Cassius Marcelus; SALLES, Jefferson de Oliveira. Quilombos e conflitos sócio-abientais no Paraná.[2010]. Disponível em:http://www.justicaambiental.org.br/_justicaambiental/pagina.php?id=1760 Acesso em: 20 fev; 2010.
GUTIÉRREZ, Horacio. Donos de terras e escravos no Paraná: padrões e hierarquias nas primeiras décadas do século XIX. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-90742006000100005&script=sci_arttext . Acesso em: 20 abr.2010.
MARCONDES, Gracita Gruber; ABREU, Alcioly Therezinha Gruber. Escravidão e Trabalho. Guarapuava:Unicentro, 1991.
MOREIRA, Bruno Alessandro Gusmão. Os Relatos dos Viajantes Estrangeiros no Brasil Oitocentista: possibilidades Historiográficas. [2010]. Disponível em: http://www.uesc.br/eventos/cicloshistoricos/anais/bruno_alessandro_gusmao_moreira.pdf. Acesso em 16 abr.2010.
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13
MALCHER, Maria Albenize Farias (2006). A Geografia da Territorialidade Quilombola na Microrregião de Tomé-açu: o caso da ARQUINEC – Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos Nova Esperança de Concórdia do Pará. Belém: CEFET. (Trabalho de Conclusão de Curso)
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