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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
A UTILIZAÇÃO DA MÍDIA (VÍDEO) EM SALA DE AULA: A TV PENDRIVE.
Autor: Eliseu Engelmann1
Orientador: Marcos Luis Ehrhardt2
Resumo
A escola deve acompanhar as modificações da sociedade quando elas trabalham a favor do progresso do ensino. Isto ocorre também com relação à utilização da mídia (TV Pendrive) em sala de aula, tecnologia que permite ao professor passar vídeos, imagens, fotos ou textos em slides na tela de uma TV, por meio de um pendrive (dispositivo “USB” de armazenamento de dados). Observase que o ensino de História e de outras disciplinas poderia aproveitar muito esta tecnologia. Vídeos, imagens, textos ou fotos, quando agregados aos conteúdos, enriquecem o estudo dos conteúdos, ou seja, incentivam, instigam os alunos, que passarão dos atos de somente ler, escrever, contar para os atos de aprender a raciocinar, refletir, pensar, tirar conclusões e resolver problemas. Os recursos tecnológicos podem auxiliar no desenvolvimento e no aprimoramento do ensinoaprendizagem do aluno, e o professor terá ao seu alcance um expediente facilitador na assimilação de conteúdos e habilidades programados e planejados.
Palavraschave: TV pendrive; multimídia; História; tecnologia.
1 Introdução
A aula tradicional tem se mostrado, por diversas vezes, ineficiente
quando se observa a fixação do conteúdo pelo aluno. Isto ocorre tendo em vista que
estes seres estão vivenciando uma nova era, a era tecnológica, em que os mesmos
1 Professor de História da Rede Pública Estadual/Toledo/PR, participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Graduado em Filosofia pela Unioeste de Toledo.2 Professor da UNIOESTE, orientadora no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, durante o período de 20082009.
cresceram vendo nas telas de computadores ou de televisores informações
cercadas de novos métodos, armadilhas, sistemas e estratégias de persuasão de
seus leitores ou telespectadores. Desta forma, a figura tradicional do professor não
mais se mostra hábil para convencimento dos estudantes de que o que expõe em
um simples quadro de giz, em livros didáticos, em textos impressos ou em simples
aula expositiva é também relevante para suas vidas.
Diante deste novo cenário escolar, a escola, como centro formador
das pessoas que é visto, deve se adaptar às novas tecnologias, até porque elas não
vêm a prejudicar o aprendizado. No mínimo, só podem contribuir, já que os alunos
são diferentes entre si, tendo cada um sua maneira particular de apreender o
conteúdo e as mídias contribuem na diversificação de exploração dos mesmos. A
sala de aula, então, passa a disponibilizar aos alunos os conteúdos na forma escrita,
em imagens, vídeos, sons, estimulando todos os sentidos do ser humano que está
em processo de aprendizagem e contribuindo para a mesma.
Tendo em vista esta nova necessidade, as escolas estaduais
paranaenses oferecem ao professor as TV Pendrives, nas quais podese exibir
imagens, textos, vídeos e sons. Mas, em que pese ser uma ótima ferramenta ao
educador, muito deles não sabem aproveitálo em beneficio da compreensão do
conteúdo. Desta forma, surgiu um preconceito quanto à mídia em sala de aula, pois
muitos docentes utilizavamna de forma a simplesmente “preencher” o tempo em
sala de aula. Entretanto, tal situação não pode permanecer e, por isto, percebese
que os professorado necessita de instrução acerca das maneiras possíveis de se
utilizar a TV Pendrive em prol dos ensinamentos.
Neste artigo, pretendese expor as diversas formas de utilização de
um vídeo em sala de aula, especificamente quanto às aulas de História, tendo em
vista ser esta uma disciplina que propicia grandes chances de manejo da mídia para
despertar a curiosidade do aluno sobre a matéria. Assim, o texto narra a
problemática da utilização do vídeo; as formas de exposição e seus efeitos; o porquê
da utilização, o porém colocado de que a tecnologia, ainda que funcional, não é a
solução de todos os problemas educacionais; falta de preparação dos professores
para agregar a tecnologia à aula.
2 A tecnologia do vídeo na TV Pendrive em aulas de História
Na aula tradicional, o professor faz uma aula expositiva,
demonstrando “seu saber”. Nesta, os alunos podem ficar extremamente
impressionados com o conhecimento do professor, porém, o contrário também pode
acontecer e a aula será extremamente “chata”, desinteressante e cansativa. É claro
que aqui, quanto ao conhecimento do professor e desconhecimento do aluno,
postamse as críticas do educador Paulo Freire, no sentido de que
na “visão “bancária” da educação, o “saber” é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. Doação que se funda numa das manifestações instrumentais da ideologia da opressão – a absolutização da ignorância, que constitui o que chamamos de alienação da ignorância, segundo a qual esta se encontra sempre no outro. 3
Os diversos métodos de ensinar têm duas faces, a positiva e
negativa. Se o professor não souber usar os recursos para fazer a mediação com os
conteúdos, o aluno não aproveitará a atividade proposta. Este problema ocorre
principalmente quando estes recursos são inovadores, como é o caso da TV Pen
drive, presente na maioria das salas de aula paranaenses e utilizada para exibição
de slides e vídeos.
Destacase o fato de que o vídeo modifica substancialmente a
relação pedagógica com o aluno. Este e a televisão, estão intimamente
relacionados, porque o aluno fica muito tempo realizando atividades extraclasse
pautadas nestes instrumentos de mídia (internet, tv e computador). Quando chega
na escola, ele já esta íntimo destes equipamentos e com a linguagem apresentada.
Segundo José Manuel Moran:
Antes da criança chegar à escola, já passou por processos de educação importantes: pelo familiar e pela mídia eletrônica. No ambiente familiar, mais ou menos rico cultural e emocionalmente, a criança vai desenvolvendo as suas conexões cerebrais, os seus roteiros mentais, emocionais e suas linguagens. [...]. A criança também é educada pela mídia, principalmente pela televisão. Aprende a informarse, a conhecer os outros, o mundo, a si mesmo –
3 FREIRE, 1987
a sentir, a fantasiar, a relaxar, vendo, ouvindo, “tocando” as pessoas na tela, que lhe mostram como viver, ser feliz e infeliz, amar e odiar. 4
Quando a escola coloca à disposição dos alunos a tecnologia, essa
deve estar ligada à realidade sócioeconômica dos alunos. Entretanto, a escola deve
saber que nem todos os alunos têm a sua disposição um computador e uma internet
em suas casas. Por isso, toda ação desenvolvida, referente aos conhecimentos
tecnológicos junto aos alunos deve levar em consideração essa defasagem na
comunidade e propiciar a todos a inclusão, de uma forma ou de outra. Litwin5
assevera que é
(...) necessário reconhecer que não todos se encontram nas mesmas condições de acesso à tecnologia. Hoje em dia, a alfabetização digital é um requisito cultural, pelo que há de se fazer, tanto o possível como o impossível para diminuir a brecha digital que promova a inclusão e a democratização do conhecimento.
A inclusão digital é assunto fértil e rende várias discussões. Isto se
deve em parte pelo fato de a mesma ter influências de alguns fatores mundiais, tal
como o capitalismo e sua influência no mercado de trabalho, campo a que estarão
sujeitos os alunos após o término de suas fases escolares. É exigência das
empresas, mantenedoras da mãodeobra, que o empregado esteja preparado e em
consonância com o mundo globalizado e minado de tecnologias. Virgínia Fontes6
aponta que:
“(...) a expansão do capitalismo conviveu com todas as formas mencionadas de segregação e de exclusão. Ao generalizarse e universalizarse a mercantilização da vida social, consolidouse um espaço de pertencimento comum o próprio mercado , para cuja formação contribuíram procedimentos de inclusão forçada e de exclusão interna que se tornaram, de alguma forma, ‘naturalizados’”.
Segundo Adam Schaff, atualmente podemos observar uma divisão
clara – algo parecido com a incultura das massas e a cultura de um número ainda
reduzido de pessoas iniciadas na ciência dos computadores – entre as que
conhecem e as que desconhecem o funcionamento dos computadores7. Diante
deste cenário, a sociedade, guiada por suas instituições maiores, exige que as
escolas participem da preparação do indivíduo, colocando a sua disposição os
4 MORAN, 20075 LITWIN, 20096 FONTES, 1996, p. 197 SCHAFF, 1990, p. 49
instrumentos que lhe propiciem o preparo adequado a este novo mercado, a que
todos pertencem. A instituição que propicia educação formal (pois existem muitas
modalidades de educação) à população é considerada uma etapa da formação do
indivíduo para sua existência e atuação no mercado, independente qual seja a área
deste mercado. Assim, a tecnologia é exigida do futuro trabalhador, ainda em
formação neste período escolar, pois a mesma será crucial a sua boa atuação e
permanência no mercado. A discussão limitase, então, na definição do caráter
desta tecnologia no ambiente escolar, que não deve servir somente à mera
formação mercadológica, mas à formação pessoal do aluno.
Outro fator importante está relacionado à importância que muitas
escolas dão à tecnologia como solução de todos os problemas da instituição e da
própria educação. Segundo Litwin, não se deve:
(...) colocar a tecnologia como uma solução mágica de todos os problemas, nem concebêla em relação causal com o êxito futuro. Não se converte, por simples introdução, no caminho mais direto e efetivo para alcançar a qualidade educativa. Distinguir as boas propostas educativas no uso das tecnologias de outras que se vinculam mais aos negócios, reconhecer o valor pedagógico das diferentes propostas, em resumo: alcances, limites e possibilidades nos fazem desenrolar o fio do novelo que nasce nos sonhos bemintencionados de muitos e atravessa um longo caminho até chegar, com sentido educativo, à sala de aula de todos. 8
Portanto, o professor deve também selecionar as tecnologias úteis
para o processo ensinoaprendizagem. Fazer uso deliberado e inconseqüente da
mídia em sala de aula pode inverter o resultado final desejado pelo educador,
prejudicando o andamento da classe e não realizando o plano de aula delineado.
O alemão Dieter Prokop9 investiga o feitio de compreensão do
produto televisivo, indo além da manipulação da consciência. Analisa a situação do
espectador como uma tensão constante entre “fascinação” e “tédio” diante do
aparelho. Podemos considerar, dessa forma, que o espectador (aluno) também
vivencia essa situação de deslumbramento ao iniciar um vídeo, podendo ocorrer o
contrário, de fastio (aborrecimento) em caso de não agrado, compreensão ou
percepção da importância do conteúdo proposto.
8 LITWIN, 20099 PROKOP apud BITTENCOURT, 2009, p. 156
Quando não há uma preparação e um encaminhamento por parte do
professor devida da aula, o aluno, ao assistir um vídeo, automaticamente relacionará
a aula ao lazer, um passatempo, uma “embolação” ou “tapaburaco”. Não é esse o
procedimento correto na utilização dessa ferramenta de interação com os
conteúdos. As várias formas de aprender estão intimamente relacionadas à
capacidade do professor interagir com seus alunos. José Manuel Moran10 exalta que
este novo professor (que se alia às tecnologias) “será um professor que desenvolve
situações instigantes, desafios, solução de problemas e jogos, combinando a
flexibilidade dos espaços e tempos individuais com os colaborativos grupais”, o que
proporciona o estímulo às formas visuais, auditivas ou sinestésicas de
aprendizagem.
O vídeo pode ajudar o professor em seu planejamento e sua relação
pedagógica com o ambiente escolar. Para exemplificar, ao trabalhar o tema “O
Feudalismo”, o professor se refere, geralmente, a esse período da História,
descrevendo e relatando os seus aspectos fundamentais, como a formação do
feudalismo, a sociedade feudal e sua economia, a cultura, a relação social, os seus
castelos. Partindo do aspecto da arquitetura medieval tomamos o caso dos castelos.
Um vídeo, mostrando os diversos castelos de várias épocas, identificando técnicas
de construção estilos, funções, transformações na sociedade, contatos com outros
povos, etc., pode servir de suporte para a ampliação dos conhecimentos do aluno.
O vídeo será valorizado com a sua introdução como meio de fixação.
É importante, contudo, que o professor tenha conhecimento amplo sobre o assunto,
pois o aluno poderá criar várias perguntas antes da avaliação final. Dentro desta
temática, ainda, afirmase que há várias formas de se trabalhar com mídia em sala
de aula, em que o vídeo não só reforça, não é apenas ilustrativo. Os alunos,
assistindo ao filme com um roteiro ou atividade a cumprir, podem chegar a
conclusões muito mais profundas do que somente com uma aula expositiva, por
exemplo. As práticas com a TV Pendrive são variadas e dependem da escolha
subjetiva, calcada em situações, requisitos e situações reais dos alunos em
10 MORAN, 2005, p. 13
específico, para que surtam o efeito máximo desejado pela boa didática e prática
pedagógica.
Litwin11 destaca que “a tecnologia posta à disposição dos estudantes
tem por objetivo desenvolver as possibilidades individuais, tanto cognitivas como
estéticas, através das múltiplas utilizações que o docente pode realizar nos espaços
de interação grupal”. Com a tecnologia à disposição dos estudantes, há, portanto,
maior exigência em relação à prática pedagógica.
Com todos os recursos disponíveis, para muitas escolas, a
tecnologia pode parecer a solução de todos os problemas. Ledo engano! A
sociedade tecnológica está em franco desenvolvimento e o caminho correto a ser
percorrido tem que compreender a exigência de ensinar primeiro o professor, porque
nem todos têm conhecimentos suficientes para interagir com os alunos. Porém há
uma grande maioria que tem pavor de lidar com esses meios. Não basta colocar à
disposição dos professores, da equipe pedagógica e dos alunos uma enorme
quantidade de computadores, se os planejamentos da escola, como um todo, não
contemplam a verdadeira prioridade que as tecnologias oferecem, qual seja, a de
utilização eficiente como auxílio na transmissão dos conteúdos, de maneira mais
atualizada, globalizada, abrangente e rápida.
Assim sendo, justificase a necessidade de discussão a respeito das
TVPendrive e o uso de mídias em sala de aula, quanto mais aos estudos de
História, pois, caso estas tecnologias não sejam bem utilizadas, geraríamos um
efeito contrário, em que as mesmas seriam rechaçadas do contexto escolar, pois
nem alunos, nem professores teriam se adequado a elas. E, então, estaríamos
perdendo uma grande oportunidade de melhorias e adequação do processo escolar
ao mercado, mas não só com um objetivo de formar futuros trabalhadores, como de,
principalmente, desenvolver um novo cidadão, que saiba se aliar às tecnologias em
prol de sua melhor qualidade de vida social.
11 Apud SANTOS, 2009.
3 O uso da tecnologia em sala de aula: histórico e professores despreparados
Qualquer professor que hoje ministre aulas no ensino público no
Paraná passou, ou passa, pelo questionamento de como usar a tecnologia da
informática e da mídia (TV Pendrive) em sala de aula. É uma técnica inovadora nas
escolas públicas atuais e, como toda novidade, traz incertezas e medos em sua
aplicabilidade perante os alunos de hoje, tão ávidos pelo que se passa no mundo
(são os chamados “nativos digitais”, por Prensky12). O mesmo autor coloca os
professores como aqueles que chegaram à era digital como imigrantes digitais, e
desta forma, “suas habilidades estão limitadas às tecnologias tradicionais”13 e ainda
estão se adaptando à nova realidade da escola. Esta é uma nova mudança do
mundo escolar, que está constantemente em transformação quanto às pedagogias e
didáticas de ensino.
No início da educação no Brasil, o plano de instrução era baseado
numa formação humanista e acrítica, em que víamos jesuítas, principalmente,
lecionando a cultura geral, enciclopédica e alheia à realidade da vida de Colônia,
segundo Veiga14. Após muito tempo sem mudanças no ensino, por volta somente de
1930, iniciouse a influência da Pedagogia Tradicional, que deu à Didática uma
centralização no intelecto, sendo que a mesma passou a ser compreendida como
um conjunto de regras que norteiam os professores e estes deveriam ser autônomos
em relação à política e à sociedade. Como outra etapa, temse a influência da
Pedagogia Nova, em que “o ensino é concebido como um processo de pesquisa”15
acentuandose o “caráter práticotécnico do processo ensinoaprendizagem, onde
teoria e prática são justapostas.”16. Depois, centrouse, através das influências
pragmatistas, nos procedimentos metodológicos em detrimento, até mesmo, do
conhecimento, em que não se frisava o contexto políticosocial. A Pedagogia
Tecnicista também se fez presente quanto à sua influência na Didática, tanto que o
12 Apud PERECIN, ___, p. 02.13 Ib, ibdem, p. 02.14 VEIGA, 1996, p. 26.15 Ib, ibdem, p. 26.16 Ib, ibdem, p. 31.
planejamento didático formal foi altamente valorizado nesta época (pós1964),
exaltando o formalismo do ensino. Já hoje, temse uma educação centrada na
questão da formação do homem, conforme Veiga17. E é assim, ao clarificar o papel
sóciopolítico do ensino, que a escola tem buscado se aprimorar. Dentro deste
contexto, entretanto, não se pode esquecer da força externa do mercado sobre os
ideais educacionais. Ele tem força determinante sobre o Estado e, portanto, sobre as
escolas por ele administradas, o que leva a esta instituição uma tecnologia
alicerçada no objetivo de formação mercadológica, o que deve ser evitado. Portanto,
a educação centrada no homem deve ser prioritária e, assim, impor que a
tecnologia, ainda que não “neutra”, seja paradoxalmente usada em nosso favor.
Desta feita, o professor precisa se atualizar constantemente e deve
aplicar didaticamente estas novidades ao ensino, para que tudo se transforme
conjuntamente. Quanto à nova tecnologia da Tv Pendrive, muitos professores não
sabem, não querem ou têm medo de usála, por falta de conhecimento. Quanto a
isto, vejamos o alerta de Karling, de que “por melhores que sejam os recursos, se o
professor não os utilizar com habilidade e criatividade, pouco valor terão. Para saber
utilizálos, é preciso imaginação e treino”. 18
Os professores ainda não estão capacitados totalmente para o uso
da “pedagogia da tecnologia”, já que abrir mão de todo o aparato técnico sem ligálo
ao que se passa em sala de aula, pode fazer com que os alunos se distraiam e não
se focalize os conteúdos propostos. Como hoje os alunos exigem mais da aula e de
seus ministradores, estes têm de estimular os vários sentidos do estudante, e não
mais só a audição. A TV Pendrive vem para auxiliar neste ponto.
Os professores das mais variadas disciplinas têm uma variada e
ampla gama de opções de multimídias, como os vídeos, textos, imagens, fotos,
entre outros que podem auxiliálo nas mais diversas atividades de trabalho dos
conteúdos em sala de aula. O estudo dos conteúdos das variadas disciplinas por
meio da exposição oral por parte do professor, tão somente, para alguns alunos é
tedioso, pois não é suficientemente interessante, nem melhor do que ele tem acesso
no extrassala. Devese, então, estimular a curiosidade dos mesmos com uma
17 Ib, Ibdem, p. 38.18 KARLING, 1991, p. 254.
demonstração didática e metodologicamente estudada de multimídias na TV Pen
drive da classe. Percebese que, quando o professor revela interesse pelo assunto e
traz novos materiais para o convívio com o aluno, o estudante sentese instigado e
começa a responder, efetivamente, aos estímulos do professor. É aplicando novos
métodos de ensino e alterando o foco para o aluno, retirandoo do professor, como
único ator no “cenário”, que a relação alunoprofessor cada vez mais se torna
interessante e motivadora. E é esta modificação quanto às práticas de ensino que
pode assustar os professores, pois, nem mesmo, sabem aliar o antigo processo de
ensinar, calcado só na exposição, às novas tecnologias, mormente as mídias, tal
qual as que podem ser utilizadas na TvPen Drive. Stahl19 pondera que:
(...) os professores precisam entender que a entrada da sociedade na era da informação exige habilidades que não têm sido desenvolvidas na escola, e que a capacidade das novas tecnologias de propiciar aquisição de conhecimento individual e independente, implica num currículo mais flexível, desafia o currículo tradicional e a filosofia educacional predominante, e depende deles a condução das mudanças necessárias.
Segundo José Manuel Moran20, especialista em projetos inovadores
na educação presencial e à distância, quanto à metodologia, o vídeo na sala de aula
deve obedecer a vários critérios de aplicabilidade aos alunos, alertando quanto às
diversas etapas de compreensão do método e seu uso. Para ele, existem várias
propostas de utilização do vídeo para introduzir um novo assunto, despertar a
curiosidade, motivar ou ainda fixar e desenvolver uma nova forma de estudar, como:
vídeo como ilustração, sensibilização, simulação, produção, conteúdo de ensino,
avaliação, espelho, integração/suporte.
Mudar paradigmas é algo conflitante, mas necessário, neste caso. A
adequação da escola ao meio em que está inserida deve ocorrer, porém isto deve
se dar cautelosamente quanto ao modo de fazer, sendo que a tecnologia pode ser
benéfica e muito, se didaticamente bem aplicada, especialmente ao estudo da
História. Adam Schaff21 profetiza: “O certo é que quanto mais sabemos sobre a
realidade, mais claro será o horizonte da nossa ignorância.”
19 STAHL, ___, p. 0620 MORAN, 2007.21 SCHAFF, 1990, p.149.
4 Projeto de implementação pedagógica
Nas atividades realizadas com alunos, foram implementadas duas
formas de repassar um conteúdo. Na primeira, um texto que se referia à peste negra
e suas consequências foi aplicado para que os alunos o lessem em grupo. Após a
leitura, aplicouse um questionário com atividades referentes ao assunto com
objetivo de fixação do aprendido.
Em um segundo momento desta primeira forma de implementar o
conteúdo, foi passado um vídeo referente à peste negra e suas consequências e,
depois, foi feita nova avaliação. A conclusão desta primeira forma foi muito positiva
porque os alunos conseguiram relacionar o texto com o vídeo, o que proporcionou
uma maior compreensão do conteúdo proposto.
Numa segunda forma de implementar o conteúdo, foi utilizado um
vídeo referente à arquitetura gótica e românica do período feudal. Depois que os
alunos assistiram o vídeo, tiveram que responder a um questionário para
compreender o conteúdo que estava inserido no vídeo. Ao terminar esta fase, um
texto do mesmo conteúdo foi passado aos alunos para que pudessem ler em grupo
e, depois, analisar as diferenças entre o vídeo e o texto. Também foi entregue um
questionário referente ao texto para que os alunos pudessem fixar o conteúdo.
Utilizandome de algumas das diferentes formas de se apresentar
um vídeo em sala de aula, percebi que ambas foram produtivas. Tanto a primeira
atividade quanto a segunda forma de trabalhar texto e vídeos são muito
interessantes, pois é um meio de fixar o conteúdo com maior compreensão, além de
abarcar os diversos tipos de aprendizagem existentes (visual, auditiva, sensitiva,
entre outros). É evidente que o trabalho do professor é muito mais intenso, porque
todas as aulas devem ser preparadas com maior cuidado para que os alunos
realmente tenham maior entendimento do conteúdo e que tudo não passe de
simples “enfeite” da aula.
Utilizar o vídeo para introduzir um assunto pode ser essencial para
turmas que necessitem do “lúdico”/visual para despertar interesse. Assim, o
professor, sabedor das características dos alunos de determinado grupo, deve exibir
o vídeo anteriormente ao conteúdo escrito ou expositivo, caso este seja
desinteressante à turma em um primeiro momento. Se os estudantes são dispersos
e não se prendem à aula tradicional, com a exposição oral do professor, por
exemplo, um vídeo na Tv Pen drive pode ser mais chamativo e corretamente
didático. Assim, desperta o interesse no aluno e o mestre consegue, então, centrálo
e concentrálo naquilo que se pretende ensinar em momentos posteriores.
De forma inversa, o vídeo como mídia posterior ao já consolidado
aprendizado pode ser essencial em uma aula que se pretenda apresentar uma
crítica diferenciada a certo conteúdo ou outra visão dele, para enaltecer o espírito
questionador do aluno, por exemplo. Pode ser utilizado, ainda, para frisar o assunto
ou expôlo de modo a atingir as outras espécies de aprendizado existentes entre os
estudantes, saneando assim qualquer falha que tenha ficado no processo ensino
aprendizagem.
Assim sendo, procurei me utilizar do vídeo das mais variadas
formas: como introdução, como fixação e como comparativo a outros textos. Ambas
foram hábeis, pois se avaliou, primeiramente, a turma, o conteúdo e a probabilidade
em a atividade concretizarse eficientemente. Então, após o devido planejamento,
em consonância com o conteúdo a ser estudado, preparei o material, desde o vídeo
até os questionamentos, podendo, então, auferir os resultados destas atividades, os
quais se sagraram positivos.
A crítica que se pode realizar é a referente ao tempo que os
professores não possuem para planejamento adequado de suas aulas. Quando
muito, os professores preparam suas aulas baseadas nos livros didáticos ou em
planejamentos de anos anteriores, eis que suas horasatividade são insuficientes ao
real enquadramento de cada plano de aula às condições específicas de turmas
específicas e particulares. Não é que não exista a preocupação ou vontade em se
“modernizar” o ensino. Faltam o incentivo, a devida preparação e horas suficientes à
pesquisa e idealização da aula. Este olhar diferenciado para cada turma exige
preparo didático, alguma experiência e paciência na pesquisa de vídeos adequados
e “certeiros”, o que não se disponibiliza, não se estimula nem se ensina aos
professores.
Referências
BITTENCOURT , Circe (org.). O saber histórico em sala de aula. 11 ed. São Paulo: Contexto 2009.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido, 1987. Disponível em: <http://www.consultapopular.org.br/formacao/realidadebrasileira/obrasdopaulofreire/PedagogiadoOprimido.Freire.pdf>. Acesso em 21 mar 2010.
KARLING, Argemiro Aluísio. A didática necessária. São Paulo: Ibrasa, 1991.
LITWIN, Edith. Entrevista com Edith Litwin. 2009. Disponível em: http://www.educador.com.br/entrevistas/educadoreducar2009/entrevistacomedithlitwin/>. Acesso 19 ago 2009. MORAN, José Manuel. O vídeo na sala de aula. 2007. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/vidsal.htm>. Acesso em 19 ago 2009.
MORAN, José Manuel. As múltiplas formas de aprender. 2005. Disponível em: <www.eca.usp.br/prof/moran/positivo.pdf>. Acesso em 16 nov 2009.
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SANTOS, Michele Aparecida Andrade dos. Os Desafios da escola decorrentes da Revolução Tecnológica. Disponível em: < http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=1579>. Acesso em 18 out 2009.
SCHAFF, Adam. A sociedade Informática. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1990.
STAHL, Marimar M. Formação de professores para uso das novas tecnologias de comunicação e informação. Disponível em <http://www.mvirtual.com.br/pedagogia/tecnologia/prof_nitcs.doc>. Acesso 05 abr 2009.
VEIGA, Ilma P. A. (coord.). Repensando a didática. 12ª Ed. São Paulo: Papirus, 1996.