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Da “téchne” ao dom: Um diálogo entre Longino e Drummond. Luiz Roberto Zanotti Hoje em dia, o termo “poética” 1 vem sendo usado pelas mais diversas áreas do conhecimento humano com um significado que não vai muito além de “teoria”. No entanto; no decorrer deste ensaio, ele é considerado como uma teoria geral de poesia que define a poesia, suas várias ramificações e subdivisões, formas e recursos técnicos, bem como discute os princípios que a regem e que a distinguem de outras atividades criativas (Princeton Encyclopaedia of Poetry and Poetics, 1974, p. 636). Dentro desta descrição, já podemos notar a existência, daquilo que poderíamos chamar de duas correntes de “artes poéticas”: uma que está mais focada, e portanto dá mais valor a sua definição, que chamamos de uma arte prescritiva; e uma que se preocupa mais com a sua discussão, a arte descritiva. Sejam prescritivas, descritivas ou um meio termo entre as duas vertentes, podemos observar que as artes poéticas antigas ressoam nas obras posteriores, às vezes se somando, enquanto em outras buscam uma absoluta contradição. Segundo Abrahms 2 , elas podem ser classificadas como teoria mimética - a arte como imitação de aspectos do universo – que está 1 Usaremos durante este ensaio os termos “poética” e “arte poética” indistintamente como sinônimos. 2 Esta classificação diz a respeito da orientação que um autor dá para a sua obra como um todo (ABRAHMS, ...) 1

Da Téchne Ao Dom- Vfinal

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Em nosso ensaio Uma das possibilidades desta relação dialética entre as poéticas antigas e atuais está na comparação entre a arte poética Do Sublime de Longino, que estudiosos acreditam que seja datada do séc. I d.c. e uma das diversas artes poéticas escritas por Drummond, Procura da Poesia , publicada no livro A rosa do povo em 1945. Essas duas artes, apesar de quase vinte séculos de diferença, parecem compartilhar de uma poética prescritiva, que define a suma importância da “téchne”, do método; sem o qual não se pode atingir ao sublime, ao que se pode designar como uma verdadeira criação literária aliada à grandeza da concepção e emoção; as duas artes, no entanto; não eliminam o dom, a genialidade inata, que é o outro lado da moeda para se produzir uma obra de arte.

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Da “téchne” ao dom: Um diálogo entre Longino e Drummond.

Luiz Roberto Zanotti

Hoje em dia, o termo “poética”1 vem sendo usado pelas mais diversas áreas do

conhecimento humano com um significado que não vai muito além de “teoria”. No entanto;

no decorrer deste ensaio, ele é considerado como uma teoria geral de poesia que define a

poesia, suas várias ramificações e subdivisões, formas e recursos técnicos, bem como

discute os princípios que  a regem  e que a distinguem de outras atividades criativas

(Princeton Encyclopaedia  of Poetry and Poetics, 1974, p. 636). Dentro desta descrição, já

podemos notar a existência, daquilo que poderíamos chamar de duas correntes de “artes

poéticas”: uma que está mais focada, e portanto dá mais valor a sua definição, que

chamamos de uma arte prescritiva; e uma que se preocupa mais com a sua discussão, a arte

descritiva.

Sejam prescritivas, descritivas ou um meio termo entre as duas vertentes, podemos

observar que as artes poéticas antigas ressoam nas obras posteriores, às vezes se somando,

enquanto em outras buscam uma absoluta contradição. Segundo Abrahms2, elas podem ser

classificadas como teoria mimética - a arte como imitação de aspectos do universo – que

está presente em Aristóteles; teoria pragmática - onde o poema é analisado como algo feito

para surtir determinados efeitos nos leitores – que pode ser encontrada em Horácio; teoria

expressiva – com a obra de arte sendo considerada como resultante do processo criativo que

opera sob o impulso do sentimento e concretiza as percepções, sentimentos e pensamentos

do poeta – poética de Longino; ou ainda a teoria objetiva - com a obra de arte como

entidade autônoma, julgada somente por critérios intrínsecos a seu modo de ser –

encontrada em Landino.

Apesar dessa classificação buscar uma perfeita distinção entre as varias formas que

as poéticas podem assumir, não podemos ser ingênuos em acreditar que essas teorias são

mutuamente exclusivas, e o que Abrahms parece sugerir é que o elemento básico para a

classificação, é o elemento dominante dentro de uma poética.

1 Usaremos durante este ensaio os termos “poética” e “arte poética” indistintamente como sinônimos.2 Esta classificação diz a respeito da orientação que um autor dá para a sua obra como um todo (ABRAHMS, ...)

1

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Em nosso ensaio Uma das possibilidades desta relação dialética entre as poéticas

antigas e atuais está na comparação entre a arte poética Do Sublime de Longino, que

estudiosos acreditam que seja datada do séc. I d.c. e uma das diversas artes poéticas escritas

por Drummond, Procura da Poesia3, publicada no livro A rosa do povo em 1945. Essas

duas artes, apesar de quase vinte séculos de diferença, parecem compartilhar de uma

poética prescritiva, que define a suma importância da “téchne”, do método; sem o qual não

se pode atingir ao sublime, ao que se pode designar como uma verdadeira criação literária

aliada à grandeza da concepção e emoção; as duas artes, no entanto; não eliminam o dom, a

genialidade inata, que é o outro lado da moeda para se produzir uma obra de arte.

Desta forma, as duas poéticas prescrevem que o método e o dom sozinhos são

insuficientes; e portanto é o poeta que mediando as duas propriedades vai produzir a obra

de arte; o que nos permite inferir que estas duas poéticas - como representativas do

conjunto da obra desses dois autores – têm uma predominância para a orientação dentro de

uma arte poética expressiva.

O “sublime” de Longino4 pode ser considerado como um conceito anti-clássico e

está associado à grandiosidade, enlevação e transcendência. Esse conceito vai ser de grande

importância na passagem do neoclassicismo para o romantismo, ocupando um local central

na estética do século XVIII. Longino inicia a sua poética, criticando o mestre da retórica

Cecílio, pois julgava a sua obra insuficiente no que diz respeito à essência da arte, uma vez

que seu trabalho, não tinha, além de ter definido o assunto, mostrado “como” e por quais

métodos pode ser obtido. Cecílio teria se limitado a mostrar através de exemplos o que vem

a ser o sublime, sem mostrar como a própria natureza chagaria a determinada elevação.

Assim, em seu tratado, Longino não pretende nem definir o sublime -uma qualidade

inefável -, nem apresentá-lo; e sim identificar as suas fontes, que estão divididas em dois

grupos de capacidades, as que dizem respeito ao gênio inato: certa elevação do espírito

3 Para um trabalho mais extenso seria interessante a utilização de mais do que arte poética drummondiana, pois conforme Sergio Buarque de Holanda(1996, p.563), o poeta aborda um mesmo motivo de varias formas distintas e não raro de forma divergente, num esforço de exaustiva elucidação. Para Marlene Correia (p.42), “Procura da Poesia” e “Consideração do Poema”, ambos situados no espaço-tempo de A rosa do povo, causa um impacto no leitor, visto que um parece negar incontinenti algumas proposições do outro, e o obriga a deter-se, retroceder e empreender a releitura dialógica de ambos, que atente para a concordância/discordância entre ambos.4 Apesar da autoria de Do sublime ser ainda discutida, e podendo ter a autoria de Cassius Longinus, Dionysius Longinus ou até mesmo Dionysius de Halicarnassus, entre outros, adotaremos Longino como o autor “anônimo” do tratado.

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para se poder formular elevadas concepções; o afeto veemente e cheio de entusiasmo, capaz

de provocar paixões inspiradas; e as capacidades ligadas à fontes praticas tais como: certa

disposição das figuras de pensamento e de dicção, que seriam uma espécie de desvios

provenientes da imaginação e criatividade; formular de forma nobre; e compor de forma

magnífica, dignificante e elevada (Longino5, VIII-1).

O sublime aparece como a principal virtude literária, como o eco da grandeza do

espírito, o poder moral e imaginativo do escritor presente no seu trabalho, trazendo pela

primeira vez a importância das qualidades inatas do escritor (dom) e não somente às da sua

arte (“téchne”). Longino constata ainda, que na criação da arte existe natureza e técnica e

que é preciso pensar neste encontro, o que esta de acordo com Pigeaud, que na introdução á

Do Sublime (), fala que o autor encontra a evidentemente a questão da fronteira, da

passagem entre o inato e o adquirido, entre o dom e a técnica, avatar da oposição entre

physis e nômos, a natureza e a norma, o dom biológico e a regra. Longino elabora a sua

questão teórica de como podemos estimular os dons naturais para a obtenção do sublime:

(...) se examinarmos a natureza, embora quase sempre siga leis próprias nas emoções

elevadas, não costuma ser tão fortuita e totalmente sem método (...), compete ao método

estabelecer âmbito e conveniência (...), os gênios correm perigo maior, pois se às vezes

precisam de espora, muitas outras, de freio.(II,2)

A(s) arte(s) poética(s) de Drummond, um dos artífices do Modernismo no Brasil,

vai ser criada6 dentro de idéias que já eram vitoriosas sobre as concepções românticas,

parnasianas e realistas, e que num segundo momento, conforme Aschar (2000) se distingue

pela mistura de estilos, em que se combinam o elevado e o banal, o grave e o grotesco, com

aplicação da linguagem vulgar a assuntos sérios, e vice versa, a renovação da temática

existencial, ou seja, a busca de novos registros para temas como o tempo, o amor e a morte,

a elaboração de imagens surpreendentes, envolvimento do escritor nas questões sociais, e a

reflexão da poesia sobre a própria poesia.

5 As referencias à Longino são todas do livro Do Sublime e identificadas pelo algarismo romano que identifica a ordem do discurso.6 É interessante notar que poética, que vem grego poien (fazer, criar) é o estudo da criação poética em si mesma (KOSHIYAMA apud BOSI,2003)

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Estes novos registros se aproximam da poética de Longino, ao recusar a simples

imitação da realidade, sendo que a metapoética drummondiana, como pode ser verificado

nos metapoemas “Procura da poesia”, “Consideração do poema”, “Poesia”, “O lutador” e

“Segredo”, encontra-se, na maior parte das vezes intrinsecamente relacionada à confessada

luta do escritor com as palavras na busca de expressão (AGUILLERA, 2002, p.196).

Como vimos, “Procura da Poesia” faz parte de um dos mais discutido e apreciado

livro da poesia moderna brasileira A rosa do povo, livro onde Drummond além de mostrar a

sua preocupação social numa época sombria que foi a ditadura de Vargas, apresenta o seu

entendimento sobre “o que é” e “como escrever poesia”. Esse procedimento traz uma

grande semelhança com a poética de Longino, no que diz respeito às capacidades

necessárias para se criar o sublime; pois, também para o poeta mineiro, a poesia deve ser

encontrada na relação dicotômica entre a Cultura e a Natureza, pois, ao mesmo tempo que é

a linguagem de certos instantes -sem duvida os mais densos e importantes da existência e o

que denota a importância da inspiração-, ela é feita com palavras, com o compromisso com

a linguagem, o que significa dizer que se baseia num método.

Logo no início de Procura da Poesia, é interessante notar, a prescrição negativa de

Drummond a respeito da utilização de temas cotidianos na criação da poesia, pois assim

como toda poesia moderna, a sua obra tem um forte apelo à utilização de temas do dia a

dia e à utilização da expressão verbal cotidiana transcrita para o plano das artes. Mas,

apesar desta “utilização”, ele parece surpreender ao relatar que o fato simples de falar das

coisas do dia a dia não pode ser confundido com a verdadeira poesia:

Não faças versos sobre acontecimentos.

Não há criação nem morte perante a poesia.

Diante dela, a vida é um sol estático,

não aquece nem ilumina.

As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.

Não faças poesia com o corpo,

esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica7.

7 Todas as poesias de “Procura da Poesia” foram retiradas do livro A rosa do povo conforme bibliografia.

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Drummond não está na busca de relatar o ritmo cotidiano da vida e morte, do calor e

da luz, da confusão e tumulto, mas sim, como apresenta Costa Lima através do verso

“Come, braço mecânico, alimenta-te, mão de papel, é tempo de comida8”, indicar o tempo

de gasto, de corrosão, a partir da qual sua obra será ladrilhada (COSTA LIMA, 1995,

p.131):

Corrosão, como a empregaremos, não se confunde com derrotismo o ou absenteísmo. Ao

contrário, no contexto drummondiano ela aparece como a maneira de assumir a História,

de se por com ela em relação aberta. É deste modo que a vida não aparece para o poeta

mineiro como jogo fortuito, passível de prazeres desligados do acúmulo dos outros

instantes. Ela não é tampouco cinza compacta, chão de chumbo. Ao invés dessas

hipóteses, a corrosão que a cada instante vida contrai há de ser tratada ou como escavação

ou como cega destinação para um fim ignorado. Em qualquer dos dois casos — ou seja,

quer no participante quer no de aparência absenteísta — o semblante da História é algo de

permanente corroer, O princípio-corrosão por conseguinte, a raiz que irradia da percepção

do que é contemporâneo (ibid).

Esta negativa de assumir um mero fato cotidiano como poesia, também se apresenta

na obra de Longino: “Mas a propósito de todas as coisas desse tipo poderíamos dizer isso: o

que é útil e mesmo necessário ao homem está ao seu alcance, mas o que ele admira sempre

é o inesperado” (XXXV,5). Aqui a “cotidianidade” pode ser confundida com o que “está

em seu alcance”, e o inesperado na construção da poesia não tem a finalidade persuadir, e

sim de trazer novos. O choque suspende o julgamento e faz-nos sair de nós mesmos,

mergulha-nos no êxtase, nos tira o fôlego, de emoção e de surpresa (PIGEAUD apud

LONGINO, 1996, p.37).

Com relação à emoção, Longino ao criticar Cecílio pelo fato deste ter omitido a

emoção em sua poética, não deixa de advertir que a inclusão da emoção como uma das

possibilidades de se obter o sublime; não significa de forma alguma, que o sublime e o

patético devam andar sempre juntos como se fosse uma regra geral. Para ele, algumas

emoções estão separadas do sublime e são totalmente sem grandeza, tais como a pena, o

sofrimento e os temores (VIII,2). Estas emoções tão reais, tão “miméticas” não são uma

8 Verso do poema “Nosso Tempo”

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garantia de se atingir o sublime, com o que concorda Drummond ao apresentar as sua

prescrições poéticas:

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou dor no escuro

são indiferentes.

Não me reveles teus sentimentos,

que se prevalecem de equívoco e tentam a longa viagem.

O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

A simples emoção, sem o apoio do dom e do método, não pode ser considerada

sublime, pois como Antonio Candido define a poética drummondiana deste período:

Para ele (o poeta), a experiência não é autêntica em si mas na medida em que pode ser

refeita no universo do verbo. A idéia só existe como palavra, porque só recebe vida, isto é,

significado, graças à escolha de uma palavra que a designa e à posição desta na estrutura do

poema. O trabalho poético produz uma espécie de volta ou refluxo da palavra sobre a idéia,

que então ganha uma segunda natureza, uma segunda inteligibilidade. Tanto assim, que o

poema é geralmente feito com o lugar-comum (...). Nas mãos do poeta o lugar- comum se

torna revelação, graças à palavra na qual se encarnou(CANDIDO, 2004, p.92).

Longino concorda com Drummond ao ressaltar a importância da liberdade no

sentido de se formular outras inteligibilidades, novos sentidos para o lugar comum, para a

“mesmisse” do pensamento:

Hoje em dia, porém, (...) desde a infância nos educam para uma escravidão; só falta

enfaixarem-nos, desde os mais tenros pensamentos, nos mesmos costumes e cogitações; por

não termos provado a mais bela e fecunda fonte de facúndia, refiro-me a liberdade, não

passamos de bajuladores geniais. (...) a razão é que a falta da liberdade de palavra efervece

imediatamente e ele sente-se como um preso, acostumado aos murros no rosto(XLIV, 3 e 4)

Esta “mesmisse” causada pela escravidão do pensamento parece estar de acordo

com a consciência de rebanho preconizada por Nietzshe (2001, p.201), para quem: “(...) o

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pensamento consciente não faz parte propriamente da existência individual do homem, mas

antes daquilo que nele é natureza de comunidade e de rebanho”.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.

O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.

Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

Assim, para Drummond a “mesmisse” do lugar comum tem que aparecer como algo

novo dentro de uma poesia, deve ser enunciado de uma forma muito mais clara e

renovadora, como o preparo de “uma canção que faça acordar os homens e adormecer as

crianças” (DRUMMOND apud BRAYER, 1978) ou ainda:

Entendo que a poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto

rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor de cotovelo, falta de dinheiro ou

momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos

trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação.

Até os poetas se armam, e um poeta desarmado é, mesmo, um ser à mercê de inspirações

fáceis, dócil às modas e compromissos (DRUMMOND apud BRAYER, 1978, p.101).

Para Emanuel de Moraes (MORAES apud BRAYER, 1978, p.101), a palavra

drummoniana, longe do lugar comum, se apresenta como um instrumento de luta e mostra o

seu posicionamento no mundo e na arte, sua função social, escolhido que foi o caminho, a

profissão do poeta, passa a depender dessa luta para se realizar.

O canto não é a natureza

nem os homens em sociedade.

Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.

A poesia (não tires poesia das coisas)

elide sujeito e objeto.

O poeta lembrar que o canto, no sentido de poesia, não é nem Natureza, que pode

ser analisado no sentido de dom, nem tampouco Sociedade, que assume o sentido de téchne

ou de método, o que está de acordo com Longino, quando este prescreve:

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(...) como na maioria dos casos, a impecabilidade se deve a correção da arte, enquanto o

sublime, embora não mantenha um plano uniforme, é fruto da genialidade, convém, em

tudo, pedir a arte que ajude a natureza, pois talvez consista a perfeição numa aliança estreita

de ambas (XXXVI,4).

Desta forma, a poesia não está nem na Natureza e nem na Sociedade, e sim no meio

do caminho entre o dom e a “téchne”, ou entre a luta de Drummond entre a emoção e a

razão, poeta do conflito e da ambigüidade, da guerra contínua, que segundo José Castello

(2007, p.195) um poeta partido ao meio:

De um lado, as palavras – e com elas, as idéias, a tradição poética, as teorias, o

pensamento; de outro, as coisas, isto é, os elementos que se conectam com o real,

sentimentos, paixões, os objetos do cotidiano. Drummond escreve entre um “Eu todo

retorcido” e a busca de um “sentimento do mundo”. Assim é a poesia de Drummond, em

dupla face, uma coisa e ao mesmo tempo seu contrário.

Após as primeiras três estrofes e parte da quarta construídas num paralelismo

negativista, aparece um primeiro verso afirmativo “ a poesia ( não tire poesia das coisas)

elide sujeito e objeto”, onde “não tire poesia das coisas” está relacionada ao fato da poesia

ser algo que se contem a si mesmo, um misto de conteúdo – continente. Para Drummond a

poesia não pode ser vista como finalidade, como mero atributo circunstancial: “Não acho

que a poesia seja meio para se comunicar qualquer coisa, senão que ela própria é algo que

se comunica”(DRUMMOND apud SANT’ANNA, 1992, p.195).

Este sentido “não utilitário” da poesia, da poesia não como um meio, e sim como a

própria “coisa”, de uma poesia não como algo que fala sobre qualquer assunto, mas uma

forma que é ela mesma, aquilo sobre a qual ela versa; está intimamente ligada ao que

Longino chama de imagens ou aparições, a poesia aparecendo concretamente aos “olhos”

do auditório:

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(...) se o nome aparição é comumente atribuído a toda espécie de pensamento que se

apresenta, engendrando a palavra, agora o sentido que prevalece é esse: quando o que tu

dizes sob efeito do entusiasmo e da paixão, tu crês vê-lo e tu o colocas sob os olhos do

auditório.(XV,1)

Seguindo este raciocínio de uma poesia definida como “poesia”, podemos ainda

notar que em relação à quarta estrofe de “Procura da Poesia” que a elisão (“elidir”) do

sujeito e objeto busca deixar clara a posição da supressão do cogito cartesiano em sua

relação sujeito-objeto, que vai trabalhar a Teoria do Conhecimento de forma que o sujeito

deve buscar o conhecimento de uma maneira “objetiva”, através de uma exterioridade

absoluta e livre de interferências subjetivas (ou uma subjetividade absoluta livre de

interferências objetivas).Esta postura existencialista de Drummond parece próxima do

conceito heideggeriano de ser-no-mundo que traz uma nova relação espacial e funcional

entre o ser e o mundo, diferente da relação de contenção (como a relação da água com o

copo), ou associado à uma posição de manipulação, transformação ou de interpretação do

mundo. (HEIDEGGER, 2001, p.92)

Sant’Anna (1992, p.195) explica esta elisão através de algumas categorias de

objetos que Bachelard apresenta no seu estudo A Poética do Espaço e que nomina como

“objetos que se abrem”, “objetos-sujeitos” e “objetos-mistos”, cuja função é “guardarem”

outros objetos, espaços que condensam outros espaços.Seguindo a linha proposta pelo

crítico e poeta brasileiro, e dentro da proposta bachelardiana dos devaneios materiais,

podemos muito bem entender esta “fusão”, através da imaginação material do fogo íntimo,

onde aparece de maneira clara a elisão na dialética fundamental do sujeito e do objeto. “O

ser amante quer, então, ser puro e ardente, único e universal, dramático e fiel; e por fim,

instantâneo e permanente” (Bachelard, 1999, p.163), ou ainda em relação ao elemento terra

e suas cavernas, no sentido bachelardiano de “se perder”, no medo de se perder, perder a

nós mesmos, a obliteração da relação sujeito e objeto (Bachelard, 2003, p.163).

Assim compreendida, a poesia é uma procura que se realiza enquanto procura, é um

composto sujeito-objeto resultante do conflito inicial Eu versus Mundo. E como tal, ela se

ergue como um produto autônomo, acabado, valido por si mesmo. (SANT’ANNA, 1992,

p.195)

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A seguir, “Procura da Poesia” volta a seu paralelismo de uma prescrição negativa, e

a realçar a busca do sublime, que nesta poética que pode ser vista como a própria busca da

verdade:

Não dramatizes, não invoques,

não indagues. Não percas tempo em mentir.

Não te aborreças.

Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,

vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família

desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Nessa estrofe, Drummond vai tratar da inutilidade do lirismo exacerbado, que fez

com que Bandeira se declarasse na sua arte poética “Poética e Lirismo” estar farto do

lirismo comedido, comportado e de repartição pública; um lirismo rebuscado e fútil que

Longino vai usar as palavras de Platão para criticar:

Aqueles, diz ele, que não experimentaram a razão e a virtude, sempre metidos em

banquetes e quejando deleites, são puxados por assim dizer, para baixo; por isso vagueiam

vida em fora, sem jamais erguerem os olhos para a verdade(...)(Platão in Longino,

XIII,1)”

Longino complementa a sua reprimenda com relação à utilização de palavras

“ornamentais” para atingir o sublime, pois para ele, este excessivo embelezamento do estilo

é o caminho mais curto para o malogro:

(...) nada é grande quando haja grandeza em desprezá-lo; por exemplo, riquezas, honrarias,

fama, realeza, tudo mais que apresenta uma exterioridade teatral, ao sensato não pareceriam

bens superiores, (...) mais ou menos assim se deve examinar se os passos elevados em verso

e prosa não têm uma aparência de uma grandeza semelhante, a que se tenha juntado grande

soma de elementos forjados ao acaso, removidos os quais, aliás, eles se revelam ocos,

havendo mais nobreza em desprezar do que em admirar. (VII,1)

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Desta maneira, o sublime, a grandiosidade para ambos os poetas não coaduna com

os “banquetes” e sim com àqueles que conheceram a razão e a virtude e tem a capacidade

de se desprender de si e constituir um outro corpo, essencial, desvencilhado do acessório,

do não significante, do tumulto confuso.

O poeta mineiro vai ainda além, ao retornar à sua preocupação com o tempo

“corrosivo”, numa consciência espaço-temporal, que segundo Affonso Romano de

Sant’Anna (1992, p.144) vinha se dilatando já nos primeiros escritos e nesta fase se

expande amplamente sobre a cidade, o pais, o mundo:

Seus poemas são depositórios vocabulares de um período da Historia, documento critico de

uma época. Por isso, não há de se estranhar que na expansão da consciência temporal viesse

inserido o germe da destruição, que compromete e impulsiona a consciência em transito

(ibid).

Finalizando o primeiro movimento do poema, Drummond continua aludindo a seu

repertorio de mais constantes; ordenando ao tu, desdobramento do eu, que não faça versos

sobre eles “Não recomponhas tua sepultada e merencória infância”, o que como já vimos

aparenta num primeiro momento, contradizer a sua própria obra (memórias, cotidiano, etc).

Segundo Marlene Correia (CORREIA, 2002, p.41): “Essa intertextualidade paradoxal e

dramática mobiliza a expectativa do leitor, inseguro diante desta “pedra no meio do

caminho” entre ele e o poema, que lhe lança o desafio de um entendimento adequado do

paradoxo”.

Não recomponhas

tua sepultada e merencória infância.

Não osciles entre o espelho e a

memória em dissipação.

Que se dissipou, não era poesia.

Que se partiu, cristal não era.

Após neste primeiro movimento na procura da poesia, onde Drummond trata de

alertar para a problemática da suficiência poética em relação aos assuntos a serem

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abordados e da profunda necessidade do dom; o poeta retorna num segundo movimento do

poema, à sua busca pela poesia, afirmando que o traço definidor da poesia – a poeticidade

propriamente dita – radica no nível material e sua especifica manipulação do “reino das

palavras”, para Marlene Correia (ibid) este procedimento: “(...) convence mais eficazmente

o leitor, antes submetido à difícil prova da perplexidade, solucionado-lhe o impasse e

devolvendo-lhe a distensão”:

Penetra surdamente no reino das palavras.

Lá estão os poemas que esperam ser escritos.

Estão paralisados, mas não há desespero,

há calma e frescura na superfície intacta.

Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.

Nesta estrofe encontramos um paradoxo, pois se as palavras estão mudas, o poeta

está surdo e não há nenhum movimento, como poderemos “colher” os poemas que

repousam calma e frescamente? Para Antonio Candido a solução está na inspiração:

O trabalho necessário a isto é grande parte do que chamamos inspiração. Consiste na

capacidade de manipular as palavras neutras, “em estado de dicionário” (que podem servir

para compor uma frase técnica, uma indicação prática ou um verso) e quebrar o seu estado

de neutralidade pelo discernimento do sentido que adquirem quando combinadas, segundo

uma sintaxe especiaL Inicialmente, é preciso rejeitar os sistemas convencionais, que limitam

e mesmo esterilizam a descoberta dos sentidos possíveis (CANDIDO, 2004, p.92).

De forme semelhante, Longino na sua busca pelo sublime, concorda que a

inspiração é chave para a colheita dos poemas (e portanto do sublime):

(...) educar as almas em direção ao grande e torná-las prenhes, se pode assim dizer, de uma

exaltação genuína. (...) De que maneira dirás? Escrevi em algum lugar: o sublime é o eco da

grandeza da alma. Disso decorre que mesmo sem voz seja admirado às vezes o pensamento

totalmente nu, em si mesmo, pela própria grandeza da alma (...)(IX, 1 e 2)

onde a ligação entre o sublime e a inspiração se apresenta na forma de um eco, pois:

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Uma vez que o eco é aquilo que ressoa sem expressão. O sublime pode ser aquilo que não

se diz, que não se enuncia, mas que se pode ter contato. Essa admiração bruta é o encontro

com o pensamento nu, o pensamento em si mesmo, o grande pensamento. Pode-se ouvi-lo,

de alguma forma, ressoar no silencio. Ele tem força suficiente para se fazer ouvir sem voz,

por sua própria grandeza. (PIGEAUD apud LONGINO, 1996, p. 19).

Após mostrar a importância da imaginação na utilização das palavras no sentido de

suas relações umas com as outras, da necessidade de se ordenar estruturas; da forma de

associação de vocábulos que transforma o lugar-comum em revelação, o poeta se refere à

percepção imediata da estrutura em que podem ser ordenados . Segundo Antonio Candido

(2004, p.93): E nós percebemos que a germinação do poema como um todo é o que guia

nessa aventura órfica:

Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.

Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.

Espera que cada um se realize e consume

com seu poder de palavra

e seu poder de silêncio.

Não forces o poema a desprender-se do limbo.

Não colhas no chão o poema que se perdeu.

Não adules o poema. Aceita-o

como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada

no espaço.

Ainda seguindo Antonio Candido (ibid):

(...) o poema é, para além das palavras, uma conquista do inexprimível que elas não contêm

e diante do qual devem capitular, mas que pode manifestar-se como sugestão misteriosa nas

ressonâncias que elas despertam, uma vez combinadas adequadamente; e que, indo perder-se nas

áreas de silêncio que as cercam e se insinuam entre elas, são uma propriedade do poema no seu

todo. A obsessão mallarmeana da palavra como violação de um estado absoluto, que seria a não-

palavra, a pagina branca, mas que ao mesmo tempo é nosso único recurso para o naufrágio no nada,

se insinua neste poema decisivo e explica o recolhimento, a cautela com que o poeta segue na busca

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do equilíbrio precário e maravilhoso, o arranjo da estrutura poética, que só ser obtido ao fim de um

empenho de toda a personalidade.

Para fazer frente a toda essa forma (espaço) inexprimivel e torná-la definitiva e

concentrada, Drummond mais uma vez vai recorrer a um tempo que também não pode ser

contabilizado, pois é um tempo de convivência, um tempo de paciência, que encontra eco

na arte poética de Horácio, para quem, não se deve contrariar Minerva, a deusa da

sabedoria: “Se (...) escrever algo, sujeite-os aos ouvidos do crítico Mécio, aos de seu pai e

aos meus e retenha-os por oito anos, guardando os pergaminhos; o que você não tiver

publicado poderá ser destruído; a palavra lançada não sabe voltar atrás”.(HORACIO, 1992,

p.67)

Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma

tem mil faces secretas sob a face neutra

e te pergunta, sem interesse pela resposta,

pobre ou terrível que lhe deres:

Trouxeste a chave?

Mas mesmo com o domínio da paciência para se obter esta forma no espaço - a

configuração objetiva que encerra o sentido global para que cada palavra contribuiu pela

sua posição – o poeta tem que se ver frente a frente ás mil faces das palavras que:

Como entidades isoladas, as palavras espreitam o poeta e podem armar-lhe tocaias. Ele

então as propicia, renunciando ao sentimento bruto, à grafia espontânea da emoção, que

arrisca confundi-las num jorro indiscriminado; elas capitulam e deixam-se colher na rede

que as organizará na unidade total do poema. Obra difícil perigosa, pois essa exploração

depende da sabedoria do poeta, único juiz no ato de arranjá-las. (CANDIDO, 2004, p. 94).

Essa obra perigosa só pode ter êxito, se como já vimos, for usada a chave da

inspiração, única possibilidade para se adentrar no reino das palavras e obter o sublime:

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(...) as mais das vezes o pensamento e a linguagem se implicam mutuamente,(...) a escolha

dos vocábulos próprios e magníficos maravilha e fascina os ouvintes e constitui a máxima

preocupação de todo orador e todo escritor, porque florindo de per si, depara aos discursos,

como esculturas belíssimas (...). Realmente a beleza das palavras é a luz do próprio

pensamento. (XXX, 1)

Finalmente, Drummond vai alertar que a poesia é frágil e relativa, pois as palavras

estão prontas a cada instante para escapar ao comando e se recolherem à ausência de

significado poético, ao limbo do quotidiano, onde são veículos sem dignidade especial. Ele

também adverte da possibilidade delas permanecerem no universo inicial do sonho e do

inconsciente, onde se encontravam e tornar infrutífero o trabalho de colheita do poeta,

avaliando-o como quem falhou, a quem não soube dispô-las na unidade expressiva.”O gelo

do malogro, na fímbria entre a deliberação e o acaso, passa nos versos finais deste poema,

um dos mais admiráveis da literatura contemporânea. (CANDIDO, 2004, p.94)

Repara:

ermas de melodia e conceito

elas se refugiaram na noite, as palavras.

Ainda úmidas e impregnadas de sono,

rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

Para trazer um pouco de luz para os últimos versos recorremos novamente

imaginação bachelardina, ao comparar o “rio difícil” à figura de um calabouço: “O

calabouço é um pesadelo e o pesadelo é um calabouço” (B, 2003, p.172), e ainda dentro

desta imagem de calabouço e de rios subterrâneos é fácil imaginar a presença do frio ( do

gelo do malogro), que trabalha como uma das maiores proibições da mente humana, pois

enquanto o calor faz nascer imagens, não se pode imaginar no frio, pois o frio cadavérico é

um obstáculo às imagens (B, 2003, ps.204, 207).

Finalmente nesta comparação entre as artes poéticas, podemos notar, que a mesma

preocupação que Drummond apresenta com este fio tênue - que separa a conquista de um

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espaço elegantemente preenchido pelas palavras e a frieza de palavras ermas de melodia e

conceito – pode ser encontrada em Longino:

(...) Difere Cícero de Demóstenes nas passagens grandiosas. Este, com efeito, eleva-se

ordinariamente a um sublime alcantilado. Cícero se espalha.O nosso orador (Cícero), visto

como, por assim dizer, queima e juntamente despedaça tudo com a sua violência e mais a

sua rapidez, o seu arroubo, o seu engenho, pode ser comparado a um tufão ou um raio;

Cícero, creio, é como uma queimada alastrada, que grassa por toda parte, devoradora, de

fogo abundante e duradouro, sempre a arder, distribuindo aqui e acolá e realimentando a

espaços (Longino, XII,4)

Assim, sendo partindo da comparação dos fragmentos de uma poética antiga com a arte poética de Drummond pudemos verificar a importância dada por ambos autores no que tange a problemática dialética entre o dom e a téchne. ... mos.....etc.) a fim de mostrar qual a importância que esta compartilhação de uma poética expressiva por parte de Longino e Drummond tem para a atual poesia/poética brasileira.

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