DECLARAÇÃO DO EVENTO PARALELO DA SOCIEDADE CIVIL DA CPLP

SOBRE O DIREITO HUMANO A ALIMENTAÇÃO ADEQUADA Decorreu no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano, no dia 17 de Julho de 2012, inserido nos eventos paralelos alusivos à IX Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP, o Evento Paralelo da Sociedade Civil com o Lema: A CPLP e o desafio da Alimentação Adequada e Saudável como um Direito Humano, promovido pela Rede de Organizações de Soberania Alimentar (ROSA), que contou com a participação de membros do Governo de Moçambique, organismos das Nações Unidas em especial a FAO, da REDSAN-CPLP e da Academia. O Lema do Evento paralelo da Sociedade Civil está em alinhamento com o Lema da Cimeira de Chefes de Estado da CPLP e do Governo “A CPLP e os Desafios da Seguranca Alimentar e Nutricional como um Direito Humano” e sobretudo com a visão da Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP (ESAN – CPLP). Ao final das discussões, nós representantes da Sociedade Civil e individualidades presentes ao Evento, Reiterando a natureza central do DHAA na implementação de políticas de desenvolvimento, a sua realização efectiva deve ser operada; Tendo em conta que a maioria dos Estados da CPLP ainda não aprovaram a legislação, politicas e quadros institucionais adequados, que consideram os conceitos holísticos e os princípios de SAN e DHAA; Reafirmando regozijo pela aprovação da Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP (ESAN – CPLP), cuja visão é “uma Comunidade de países com um capital humano saudável e activo, livre da fome e da pobreza, num quadro de realização progressiva do direito humano a Alimentação Adequada e respeito pela soberania nacional; Em total apoio aos esforços dos Governos dos Estados membros da CPLP na luta contra a fome e malnutrição; Convencidos da necessidade de fortalecimento da sociedade civil incluindo os grupos vulneráveis, do sector privado e academia de todas as forças vivas da sociedade a todos os níveis para uma implementação harmoniosa da legislação e das políticas vista a necessidade de abertura para a a participação comunitária na tomada de decisão sobre SAN, Soberania Alimentar e DHAA; Reconhecendo o papel da mulher especialmente a rural na garantia da SAN,

Soberania Alimentar e e DHAA; Convocando uma mobilização social a todos os níveis em prol da SAN e DHAA; Realçando a oportunidade que se ergue com a criação do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP (CONSAN - CPLP); Congratulando-nos a criação do Observatório de Direito Humano à Alimentação Adequada CPLP, e dos observatórios nacionais nos estados membros; Alertando para o risco de agravamento dos indicadores de SAN em virtude do aumento dos preços dos produtos alimentares, da crise financeira internacional e de uma amálgama de soluções inadequadas gerando pobreza, exclusão social e violação aos níveis nacional e internacional; Propondo a integração da SAN o DHAA na LEGISLAÇÃO, POLÍTICAS e Constituições de cada estado membro; Reiterando a necessidade de investir com prioridade na SAN e DHAA, com enfoque na cadeia de valores; Apelando aos Governos da CPLP para olharem mais para o direito do uso e aproveitamento da terra, crédito e seguro agrícola ao pequeno agricultor; Apelando aos Chefes de Estado da CPLP, membros da União Africana, para cumprirem com a Declaração de Maputo sobre o orçamento Geral do Estado alocado a Agricultura; Apelando para adopcao de Modelos de produção mais sustentáveis; Reflectindo sobre as políticas e reforma agrária em curso nos nossos países; Ressaltando a importância da ratificação das Convencoes relativas a Seguranca Alimentar Nutricional, Soberania Alimenia e Direito a Alimentacao Adequada PIDESC; Apelando aos Chefes de Estado e de Governo para dar mais atenção à SAN e DHAA; Apelando para a harmonização da definição Segurança Alimentar Nutricional e Direito a Alimentação Adequada; Compromissos

1. Os Estados devem aprovar a legislação sobre o DHAA, politicas estruturantes que assegurem a sua realização;

2. Criação dos Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional e quadros

institucionais adequados, garantindo assento institucionalizado e direito ao voto aos membros da Sociedade Civil;

3. Aprovação da Estratégia da CPLP e seu Plano de Acção;

4. Aprovação e revisão das politicas, Estratégias e programas nacionais a luz do

DHAA e Soberania Alimentar com participação activa da sociedade civil, incluindo a ractificacao do PIDESC;

5. Garantir o Direito do Uso e Aproveitamento da terra, crédito e seguro agrícola aos pequenos agricultores;

6. Garantir o aumento da despesa pública no sector agrario no minimo de 10%

7. Criação de um fundo da CPLP para apoio e engajamento da sociedade civil nas actividades da CPLP;

8. Garantir a recolha e documentação de dados quantitativos e qualitativos ligados a SAN desagregados por género;

9. Garantir a participação efectiva, informada e institucionalizada da mulher nos processos e órgãos de tomada de decisão;

10. Estabelecimento de um sistema de informação e monitoria da ESAN-CPLP com a participação da sociedade civil;

11. Criação de um mecanismo de monitoria e resposta concreta, rápida e adequada aos indicadores críticos da situação da insegurança alimentar ao nivel dos países da CPLP;

12. Criação de um Observatório de Direito Humano à Alimentação Adequada CPLP, e dos observatórios nacionais nos estados membros;

13. Garantir investimento público para a operacionalização das Estratégias de SAN e DHAA, da investigação com enfoque na cadeia de valores;

14. Adopção de Modelos de produção mais sustentáveis, livres de agrotóxicos e de organismos geneticamente modificados;

15. Fortalecimento da interlocução entre a REDSAN-CPLP e o CFS-FAO, como forma de estabelecer acções comuns na construção de agenda politica em defesa da soberania e segurança alimentar e nutricional nos países da CPLP;

16. Apoiar o intercâmbio de experiências entre as organizações da sociedade civil no intuito de fortalecer a elaboração de propostas de SAN no âmbito nacional e regional;

17. Ampliação de estratégias capazes de promover entre as populações que vivem no meio rural e nas cidades, com o objetivo de fortalecer ações de governança de SAN desde o âmbito local ate o regional e internacional; e

18. Saudamos a criação do Fórum das Mulheres Rurais da CPLP onde Moçambique assumirá a responsabilidade de avançar com o seu estabelecimento.

Maputo, 17 de julho de 2012