DEII íntegra decisão PJ Nestlé-Garoto

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SENTENA N. /2007 CLASSE 1900: AO ORDINRIA OUTRAS PROCESSO: 2005.34.00.015042-8 AUTOR: NESTL BRASIL LTDA. E OUTRO RU: CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONMICA CADE SENTENA Vistos etc. Peo vnia ao Ilustre representante do Ministrio Pblico Federal para transcrever o relato que fez do presente processo (fls. 3.719/3.727): Trata-se de Ao Ordinria, com pedido de tutela antecipada, ajuizada por NESTL BRASIL LTDA. E CHOCOLATES GAROTO S.A. contra o CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONMICA CADE objetivando a anulao da deciso do CADE que desaprovou a compra de ativos da Garoto pela Nestl, determinando a desconstituio da operao, estabelecendo critrios e prazos para tal. Sustentam que o art. 54, 6, 7 e 8, da Lei n 8.884/94 prev que o CADE tem prazo de 60 (sessenta) dias para apreciar o ato de concentrao, sob pena de aprovao automtica, prazo esse que s suspenso quando da necessidade de mais esclarecimentos e de documentos imprescindveis anlise do processo. De modo que, como no caso o julgamento ocorreu apenas 411 dias aps a entrada dos autos do Ato de Concentrao no CADE, a operao teria de ser aprovada por decurso de prazo, nos termos da Lei. Aduzem que a maior parte dos ofcios enviados solicitando informaes sobre o cumprimento do Acordo de Previso de Reversibilidade da Operao APRO, sobre dados do mercado enviados s concorrentes, dentre outros, no servem para suspender o prazo legal de sessenta dias, tendo em vista o no cumprimento do requisito legal da imprescindibilidade para a anlise da operao, caracterizando-se o decurso de prazo. Alegam tambm a contagem de prazo realizada pelo Conselheiro do Relator no condiz nem mesmo com a regra de Processo Civil que determina a excluso do dia do incio da contagem do prazo e a incluso do dia do trmino do prazo. Afirmam que no procede a alegao do CADE de que a matria de decurso de prazo no poderia ser apreciada no pedido de reapreciao por j ter precludo, uma vez que se trata de questo de ordem pblica, de modo que cabia ao CADE reconhecer ex-officio a aprovao por decurso de prazo, como j havia feito em diversos outros casos.

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Argumentam que deveria ser reconhecido o decurso de prazo tambm no que se refere ao pedido de reapreciao do ato de concentrao, tendo em vista que desde o seu protocolo at o julgamento se passaram mais de seis meses sem que houvesse nenhuma causa suspensiva do prazo de sessenta dias. Aduzem que o prazo para anlise do pedido de reapreciao deve ser o mesmo para a anlise do ato de concentrao, pois, embora a legislao pertinente nada aponte sobre o tema, deve ser feita uma interpretao sistmica das leis antitruste. Sustentam a nulidade do julgamento do CADE diante da ofensa ao contraditrio e a existncia de cerceamento de defesa, uma vez que as partes foram impedidas de se manifestar sobre todos os atos e fatos do processo. Isso porque algumas informaes foram mantidas em sigilo at mesmo para os autores, o que configura cerceamento defesa. Alegam que, sem ter acesso aos dados do processo utilizados pelo CADE para concluir sobre sua participao de mercado, ficaram impedidos de contestar tais dados e, assim, a concluso do Conselho. O acesso e a contestao de tais dados era essencial, tendo em vista que os dados apresentados pelas autoras e os dados encontrados pelo CADE so bastante discrepantes e foram fundamentais na determinao de desconstituio da operao. Outra ofensa ao contraditrio e ampla defesa foi a juntada de documentos posteriormente ao julgamento do pedido de reapreciao. Aduzem que vrios dias aps a sesso de julgamento ocorrida em 05/10/2004, em que se decidiu o mrito do pedido de reapreciao, foram juntados diversos documentos, estudos e pareceres relativos ao processo, tanto pelas autoras quanto por concorrentes, de modo que sobre estes no puderam se manifestar, demonstrando outro cerceamento de defesa. Os referidos documentos foram claramente utilizados em alguns votos proferidos nessa sesso e constituem o que o Regimento Interno do CADE considera como fato ou documento novo apresentado posteriormente sada do Conselheiro Relator, o que invalidaria o voto deste, permitindo que o seu substituto votasse em seu lugar. Destacam que o sistema processual vigente determina que se d vista parte para se manifestar sobre qualquer documento juntado aos autos, independentemente de sua utilizao ou no pelo julgador. Ressaltam que o voto do Conselheiro Relator no poderia subsistir para o pedido de reapreciao, no s pela existncia dos documentos acima apontados, mas tambm porque outros fatos como a audincia pblica realizada em Vitria/ES e outras audincias realizadas no CADE tanto com as autoras quanto com concorrentes agregaram novas informaes ao processo, constituindo fato novo que no passou pela anlise do Relator que no mais se encontrava no rgo. Alegam que restaram patentes as novidades trazidas por essas audincias, tendo

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em vista que um dos Conselheiros, que inclusive votou pela inexistncia de fato novo, argumentou que os dados colhidos nessas audincias teriam sido essenciais para sua compreenso e formao de seu convencimento. Argumentam ter havido ilegalidade no voto do Conselheiro Relator, tendo em vista que no foram devidamente fundamentados os motivos para a rejeio da proposta apresentada no pedido de reapreciao. A gravidade da ilegalidade exsurgiria da constatao que todos os demais rgos que analisaram a operao opinaram pela aprovao da operao com restries, ou seja, de acordo com o que fora proposto ao Conselho no pedido de reapreciao. Sustentam que o STJ tem acolhido a teoria do fato consumado que determina que em determinados casos, devido ao considervel transcurso de tempo, no seria mais possvel desconstituir situaes jurdicas, diante dos graves inconvenientes que isso poderia ocasionar tanto para o beneficiado quanto para terceiros. Alegam que essa teoria deveria ser aplicada ao caso, tendo em vista que a adquirente j fez muitos investimentos na adquirida, gerando muitos empregos diretos e indiretos, trazendo diversos benefcios econmicos e sociais populao, de modo que a desconstituio da operao traria diversos prejuzos, comprometendo os interesses tutelados pela ordem jurdica vigente. Aduzem que a deciso do CADE de no aceitar o plano de desinvestimento apresentado no pedido de reapreciao ofende os princpios constitucionais da livre iniciativa, da razoabilidade e da proporcionalidade, alm do que a determinao de desfazimento total da operao configurando excesso de proibio. Alegam que o CADE em toda a sua histria sempre prezou pelo mnimo de interveno possvel, procurando manter as operaes com a adoo de medidas compotamentais e estruturais razoveis, repudiando solues drsticas como a tomada no presente caso. A deciso impugnada contrariou a prtica administrativa, alm de ter sido desproporcional e desarrazoada, principalmente diante do longo tempo decorrido desde a efetivao desconstituio. Por fim, postulam a aprovao automtica do ato de concentrao ou, caso tal pedido seja rejeitado, a decretao de nulidade da deciso do CADE, a fim de que este profira novo julgamento com a observncia das garantias constitucionais, ou, ento, o acolhimento da teoria do fato consumado com o conseqente reconhecimento das autoras aprovao do ato de concentrao, tornando sem efeito a deciso que o rejeitou. Em 27/03/2005 o Sindicato dos Trabalhadores em Alimentao e Afins no Esprito Santo SINDIALIMENTAO veio aos autos para informar que move ao civil pblica contra as autoras e o ru do presente processo perante a 12 Vara Federal da operao at a determinao de

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de Vitria Seo Judiciria do Estado do Esprito Santo, de modo que aquele juzo estaria prevento para apreciar a presente lide. Informa ainda que a referida causa est suspensa tendo em vista que o CADE ajuizou exceo de incompetncia em razo do lugar. Na deciso de 30/05/2005 atestou-se no haver como analisar a ocorrncia ou no de preveno, tendo em vista que o SINDIALIMENTAO juntou aos autos apenas cpia da inicial da ao e impresses de consultas via Internet, os quais no produzem qualquer efeito legal. Decidiu, ainda, indeferir o pedido de vistas do CADE para se manifestar sobre a medida de urgncia e deferir medida acautelatria para sustar o transcurso dos prazos da deciso do CADE ora impugnada at que se possa formar juzo preliminar mais consistente sobre a legitimidade e a legalidade das exigncias daquela autarquia. Advertiu, porm, que os autores no devem agir de forma a impedir o cumprimento da deciso ora impugnada, sob pena de multa por litigncia de m-f. Em 30/06/2005, o juiz federal substituto da 12 Vara Federal de Vitria da Seo Judiciria do Esprito Santo rejeitou a exceo de incompetncia apresentada pelo CADE, mantendo o processamento da ao em seu juzo. Em sua contestao, apresentada em 01/08/2005, o CADE argumentou que no cabvel o pedido de aprovao automtica da operao por decurso de prazo. Isso porque a determinao legal tem o objetivo de punir a inrcia da Administrao Pblica, o que no ocorreu no caso, pois, pelo contrrio, o CADE a todo tempo diligenciou no sentido de instruir da melhor forma possvel o processo que, se deve ressaltar, de altssima complexidade. No se pode afirmar que houve inrcia do Poder Pblico, pois esta inclui no s a deciso final, mas tambm todos os atos necessrios para a tomada dessa deciso, o que resta patente, num ato de concentrao de mais de setenta volumes, que o que o Conselho sempre se esforou para preparar o julgamento para que este fosse o mais justo e preciso possvel, realizando audincias pblicas com as partes e interessados, analisando infindveis pareceres e enviando ofcios para obter esclarecimentos sobe questes econmicas e de mercado. Diz que a questo da imprescindibilidade ou no das diligncias efetuadas pelo CADE, que suspenderam o prazo definido na lei antitruste nunca foi questionada pelas autoras durante todo o trmite do ato de concentrao. Ressalta que todos os ofcios so referendados em sesso plenria de modo que pde sempre saber da existncia dos mesmos, tendo tido a oportunidade de impugn-los, o que nunca o fez. No entanto, vem agora, diante da deciso administrativa desfavorvel, discutir tal questo que nunca demonstrou incomodar durante o procedimento administrativo.

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Os atos processuais no podem estar sujeitos impugnao indefinidamente, por uma medida de segurana jurdica, de modo que h sim a precluso. Esta atinge mesmo o pedido de aprovao por decurso de prazo, pois foi efetuado apenas quando do pedido de reapreciao. Aduz que a anlise da prescindibilidade das diligncias deve ser efetuada apenas pelo julgador, diante da subjetividade do conceito de imprescindvel, de modo que qualquer deciso sobre o tema adentra o mrito do ato administrativo, interferindo na discricionariedade que a lei atribuiu ao Conselho, o que inconstitucional. Do seu ponto de vista, no h que se questionar sobre a possibilidade de haver instruo no CADE, pois a lei explicitamente permite isso e no se pode privar um rgo judicante da prerrogativa de instruir um processo, ou seja, de arrecadar todos os elementos necessrios formao de seu convencimento, que deve ser consistente e fundamentado. Argumenta que tambm no h que se falar em decurso de prazo para julgamento do pedido de reapreciao, tendo em vista que a lei em nenhum momento menciona qualquer prazo para julgamento deste. A questo de legalidade estrita, de modo que a Administrao Pblica s pode fazer aquilo que a lei expressamente autoriza. No se pode sequer dizer que se tratava de um novo ato, uma vez que se assim fosse, careceria de todas as formalidades legais. Nega que houve utilizao de dados secretos para a formao do convencimento dos julgadores. A concluso a que chegou a SEAE est no seu parecer que pblico, de modo que sobre ele as autoras sempre puderam se manifestar, no sendo obrigado ao julgador abrir vistas para manifestao sobre parecer meramente opinativo. O objetivo de tal alegao procurar impingir ao rgo julgador a utilizao dos dados preferveis pelas autoras, quais sejam os da Consultoria ACNielsen, os quais j foram sim muitas vezes utilizados pelo CADE, o que, entretanto, no o obriga a utilizar nesse caso. Alega que no h qualquer cerceamento de defesa ou ofensa ao contraditrio com a juntada posterior ao julgamento de determinados documentos. Os pareceres da Procuradoria do CADE e do Ministrio Pblico Federal relativo a esse ponto aduziram que no houve qualquer problema, tendo em vista que no se observa qualquer influncia dos referidos documentos nos votos dos Conselheiros. Aduz que no h qualquer problema em terem sido juntadas dezenas de documentos aps o voto do ex-Conselheiro Thompson Andrade, relator do processo, uma vez que pareceres, estudos e memoriais no so verdadeiramente documentos, no constituindo fato novo ou elemento de prova. Sustenta que a audincia pblica no fato novo, pois o sentido de fato novo existente no art. 10 da Resoluo n 15/98 do CADE no o de instruo, prova,

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de modo que a audincia foi apenas mais um dos elementos de convico do Conselheiro Lus Scaloppe, no havendo nem mesmo contradio no fato de este utilizar em seu voto a audincia e ao mesmo tempo dizer que no houve fatos novos no processo. Afirma que o voto do Conselheiro Thompson Andrade, no que se refere ao mrito do pedido de reapreciao, foi devidamente fundamentado, baseando-se em exame tcnico-econmico para concluir pela insuficincia do plano de desinvestimento para superar os problemas apontados quando da deciso do ato de concentrao. Ressalta, ainda, que o julgador no est obrigado a responder todas as alegaes das partes detalhadamente, bastando que encontre motivos suficientes para fundamentar a deciso. Aduz que, no que se refere alegao de inconstitucionalidade da deciso, as autoras no apontaram de que forma a deciso do Conselho teria extrapolado os campos da razoabilidade e da proporcionalidade, corrompendo a livre iniciativa. A interferncia do CADE na esfera privada tem o objetivo claro de reprimir o abuso econmico que vise dominao do mercado. A livre iniciativa deve ser interpretada em conjunto com todos os demais elementos do art. 170 da Constituio, no podendo, portanto, se sobrepor livre concorrncia, defesa do consumidor, dentre outros bens jurdicos presentes no referido dispositivo. preciso notar, ainda, que a mnima interveno deve ser pautada pelos parmetros estabelecidos na Constituio Federal, de modo que atribudo ao CADE a competncia de fazer essa adequao quando da anlise dos atos de concentrao. Argumenta que no se aplica ao caso a teoria do fato consumado, uma vez que o art. 54, 7, da Lei n 8.884/94 determina que os atos de concentrao s podem ter eficcia aps a aprovao pelo CADE. A deciso do Conselho no determina a nulidade da operao, mas sim a sua desaprovao, impedindo, assim, que produza efeitos. Ademais, no houve inrcia da Administrao Pblica e tambm foi formulado um Acordo de Preservao de Reversibilidade da Operao, que teve a funo de assegurar todas as condies para a reversibilidade da operao. Postula o julgamento antecipado da lide e a improcedncia total dos pedidos. Em 29/08/2005, o Juiz deu-se por competente para o julgamento do processo, entendendo no haver nada, no que diz respeito ao objeto e causa de pedir desta causa e da Ao Civil Pblica ajuizada pelo SINDIALIMENTAO, que impea que as aes sejam julgadas independentemente (fls. 3.616/3.617). Dessa deciso o SINDIALIMENTAO interps agravo de instrumento (fls. 3.622/3.634). Em 19/09/2005 as autoras apresentaram rplica contestao do CADE (fls. 3.638/3.716).

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Aps solicitao formal, vieram os autos ao Ministrio Pblico Federal em 26/09/2005. O Parecer concluiu sugerindo (fls. 3.746): Em face do exposto, o MINISTRIO PBLICO FEDERAL requer a juntada de cpia da petio de agravo, bem como a reconsiderao da liminar, opinando: a) pela determinao de juntada de ndice completo do processo administrativo e de cpia de todos os despachos e ofcios cujas diligncias ou solicitaes foram objeto de impugnao neste processo; b) que, na forma do art. 125, inciso IV, do CPC, se concite as partes a negociarem um acordo, visando a melhor soluo ao interesse pblico; c) no caso de insucesso da conciliao, pela procedncia parcial da demanda, apenas para a contagem do prazo durante as diligncias relativas a apurao de eventual descumprimento do APRO. Sobre referido parecer ambas as partes se manifestaram. Tambm concordaram com o julgamento antecipado da lide apresentando, ao final, razes finais. o relatrio. DECIDO. Preliminarmente cumpre a este juzo agradecer a generosidade das partes e do Ministrio Pblico que gentilmente remeteram por correio eletrnico as cpias digitalizadas das principais peas que produziram nestes autos. Deve-se assinalar, ainda em preliminar, que a sindicabilidade dos atos administrativos, inclusive em seu mrito, plenamente vivel e juridicamente aceita quando ameacem ou lesem direitos individuais. Tal decorre do Art. 5, inciso XXXV, da Constituio Federal. Sabendo-se, contudo, que os aspectos formais precedem os materiais, cumpre analisar, primeiramente, as questes referentes obedincia ou no ao devido processo legal em mbito administrativo. Esta foi a tnica maior da defesa da NESTL. Analisemos suas alegaes no pela ordem em que foram deduzidas, mas pela relevncia dos fatos trazidos apreciao judicial. MOTIVAO DEFICIENTE DO VOTO DO RELATOR A tese de que o voto do relator teria motivao deficiente adentra, sim, o mrito administrativo da questo. Sobretudo, no entanto, no convence. que embora sucinto, ou mesmo at lacnico, o voto se reporta a todo o procedimento administrativo bem como aos pareceres da Secretaria de Direito Econmico do Ministrio da Justia (SDE) e Secretaria de Acompanhamento Econmico do Ministrio da Fazenda (SAE), que integram as razes da deciso.

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TEORIA DO FATO CONSUMADO Outro argumento da NESTL que no convence diz respeito aplicao da teoria do fato consumado. A existncia do Acordo de Preservao de Reversibilidade da Operao APRO tem justamente esta funo: garantir que as condies da empresa adquirida no sejam modificadas a tal ponto que se consume a operao realizada. A existncia do APRO deve garantir e vem garantindo que a operao poder ser desfeita se assim determinar o Conselho ou, no presente caso, este Juzo. Raciocinar de outra forma levaria este Juzo a crer que foi induzido a erro ao deferir a antecipao da tutela, posto que arrimado em contra-cautela inidnea o que, ao que conste at o momento, no o caso. Ao CADE, no mbito deste autos inclusive, cabe zelar pelo cumprimento do APRO. UTILIZAO DE DADOS SECRETOS Melhor sorte comea a colher a NESTL com as alegaes de nulidade do procedimento administrativo no que tange utilizao de dados secretos ou sigilosos a embasar a deciso do CADE. Ora, muito embora se admita a existncia de dados sigilosos em um procedimento como o que aqui se impugna, tal no deve ser a regra e nem muito menos o fundamento ou um dos fundamentos basilares da deciso. Alm disso, como se trata de exceo aos princpios gerais (com razes constitucionais) da publicidade dos procedimentos administrativos e da ampla defesa, tais procedimentos deveriam ter previso explcita e detalhada em lei, em sentido estrito, o que no ocorre no caso. A Lei n 8.884/94, embora mencione dados e procedimentos sigilosos no detalha e nem regula o uso de tais dados e tais procedimentos, a ponto de permitir sua utilizao da forma exageradamente discricionria empregada pelo CADE. Alm de ofender os princpios gerais constitucionais da ampla defesa e publicidade, tal procedimento enseja indevidas e inoportunas manipulaes. DILAO PROBATRIA INOPORTUNA JUNTADA DE DE DOCUMENTOS E REALIZAO DE AUDINCIA Outra mcula do procedimento, que importou em violao aos princpios do contraditrio e da ampla defesa, merecendo, assim, repulsa judicial, ocorreu com a juntada dos documentos que compem o 2 e 3 volumes e mais um apartado confidencial dos autos do pedido de reapreciao, efetivada somente depois do seu julgamento (doc. 21). Conforme alegado na inicial e se pode observar dos autos, nos dias 7 e 13 de outubro de 2004, isto , respectivamente, dois e oito dias aps a sesso de julgamento ocorrida no dia 5/10/2004 e que decidiu o mrito do pedido de

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reapreciao, foram juntadas aos autos centenas e centenas de folhas contendo documentos, estudos e pareceres relativos ao processo em referncia. A par de alguns deles terem sido apresentados pelas prprias Autoras, certo que em sua grande maioria foram encaminhados pela oponente Kraft Foods Brasil S.A.(LACTA concorrente das autoras) e outros terceiros, inclusive a partir de solicitaes de conselheiros do CADE, o que os caracterizam como documentos novos a invalidar o voto do Conselheiro Relator que deixou o CADE antes da apresentao de tais documentos. (fls.45) A argumentao da autora impressiona (fls. 45/48): Ocorre que, ao ensejo de audincias de instruo realizadas aps a apresentao do pedido de reapreciao, acabaram por ser acostados aos autos diversos elementos encaminhados por solicitao dos Conselheiros presentes em tais atos, documentos esses, sobre os quais, reprise-se, as Autoras NESTL/GAROTO no puderam se manifestar, dando causa ocorrncia de grave ofensa ao princpio do contraditrio. Tais documentos consistiram, por exemplo, em: - 28 pginas de informaes sobre a flexibilidade das linhas de fabricao de chocolates (fls. 839-840 e 852-877), enviadas pela Kraft Foods Brasil S.A. no dia 04 de outubro, em atendimento solicitao do Conselheiro Luiz Carlos Prado; - 2 tabelas e 1 grfico com dados acerca da representatividade do segmento caixas de variedades no mercado de chocolate (fls. 841-842), fornecidos pela Kraft Foods Brasil S.A. no dia 04 de outubro, em atendimento solicitao do Conselheiro Roberto Pfeiffer; - Dados de pesquisas do instituto ACNielsen e da consultoria Ipsos Novaction com informaes sobre importncia das marcas guarda-chuva (fls. 843-847), fornecidos pela Kraft Foods Brasil S.A. no dia 04 de outubro, em atendimento solicitao do Conselheiro Ricardo Cueva; - Dados do instituto ACNielsen sobre faturamento no mercado relevante de chocolates no ano de 2003 (fls. 847-849), fornecidos pela Kraft Foods Brasil S.A. no dia 04 de outubro, em atendimento solicitao do Conselheiro Ricardo Cueva; e, - Nota tcnica com simulaes econmicas sobre possveis solues para a operao (fls. 886-894), fornecidos pela Kraft Foods Brasil S.A. no dia 04 de outubro, em atendimento solicitao do Conselheiro Ricardo Cueva; - Estudo de Avaliao Econmico-Financeira dos Ativos Propostos para Venda (autuado em apartado confidencial), fornecido pela Singular Assessoria Financeira no dia 28 de setembro, em atendimento solicitao do Conselheiro Luis Fernando Vasconcelos, secundada por outros conselheiros presentes. certo que esses novos dados, estudos e pareceres, alm de outros, apresentados nas diversas audincias realizadas com representantes e consultores das Autoras e

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de terceiros (Kraft Foods, Masterfoods e Cadbury), e levados aos autos somente aps o julgamento do pedido de reapreciao, serviram para a anlise do plano de desinvestimento proposto pelas Requerentes, tendo inclusive, alguns deles, nitidamente sido utilizados nos votos proferidos nesta sesso, conforme se verifica na tabela juntada em anexo. (doc. 37) Desses documentos no tiveram acesso nem as Autoras e, mais grave ainda, nem mesmo o Conselheiro Luiz Scaloppe - que naquele instante processual estava com vista dos autos, conforme expressamente declarou (doc. 18), indicando, ainda, que poderia ter revisto seu voto proferido na exceo de fato novo, se no lhes tivessem sonegado o acesso a esses documentos. Essa nulidade h de ser aqui reconhecida, tornando insubsistente o julgamento do pedido de reapreciao, por violao aos princpios do contraditrio e da ampla defesa. Como conseqncia dessa nulidade, considerando que desde a data daquele julgamento no houve qualquer causa que justificasse a suspenso do prazo para deliberao previsto no art. 54, 6, o pedido de reapreciao h de ser considerado aprovado por decurso de prazo ou, alternativamente, h de ser determinado a realizao de novo julgamento, aps sanada a nulidade. Ao refutar tais alegaes o CADE (seguido pelo Ministrio Pblico Federal) aduz, s fls. 3.385, que: A priori, cumpre observar que tal argumento j fora explorado pela Nestl em sede de Embargos de Declarao no CADE, no qual a Procuradoria do CADE exps seu posicionamento no Parecer ProCADE n 130/2005 (ANEXO VI), reforado pelo Parecer do Ministrio Pblico Federal atuante nesta Autarquia (ANEXO II), in litteris: Alm disso, se documentos, estudos e pareceres foram para os autos aps o julgamento do pedido de reapreciao, constituem meras ilaes as afirmaes das embargantes de que trs dos Conselheiros deles se utilizaram na fundamentao de seus votos, na parte em que fizeram anlises sobre o plano de desinvestimento apresentado. Pela leitura dos votos proferidos pelos Conselheiros Rigato, Prado e Pfeiffer, possvel constatar que em nenhum momento qualquer um deles se reporta a documentos, estudos ou pareceres juntados aos autos. A fundamentao dos seus votos, pelo que se pode ver, resulta de um conjunto de elementos existentes no processo, no tendo esta ou aquela prova especificamente definido a tendncia de cada pronunciamento. Ora, se o CADE no se manifestou sobre documentos que ele mesmo requisitou, isto, s por si, j uma ofensa ao devido processo legal. Se eram dispensveis tais documentos, por que requisit-los? Se eram necessrios, por que no foram devidamente analisados e valorados?

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Veja-se que no se trata, como afirma o CADE de mero oferecimento de memoriais, pareceres e estudos por quem no parte no processo administrativo. Foram documentos requisitados pelo CADE. E mais: aquelas requisies tiveram (ou no) o condo de suspender prazo fatal para o CADE. A NESTL alega, ainda, que seria nulo, ainda, o julgamento do pedido de reapreciao porque aps o voto do Conselheiro-Relator Thompson rejeitando o pedido de reapreciao na 326 sesso ordinria de 14 de julho de 2004, sobrevieram fatos novos que inquestionavelmente tornaram insubsistente aquele voto proferido, nos termos do art. 17-A do Regimento Interno do CADE Resoluo CADE n. 12/98 (fls. 49). Veja-se (fls. 49): De fato, aps o voto do Relator, pediu vista dos autos o Conselheiro Luiz Scaloppe. Posteriormente, antes de proferir seu voto, esse Conselheiro trouxe homologao do Plenrio despacho de indicao de realizao de audincia pblica, aprovada por maioria em 01/09/2004. Aps a realizao daquela audincia pblica em Vitria/ES em 02/09/2004, sob a presidncia do Conselheiro Scaloppe, bem como de outras audincias reservadas, concedidas tanto s Autoras como a empresas oponentes, das quais participaram os demais Conselheiros, acabaram proporcionando a juntada de documentos novos conforme j mencionado anteriormente. Tanto assim, que na assentada de 05/10/04 o d. Representante do Ministrio Pblico Federal junto ao CADE suscitou exceo de fato novo. Indicou o membro do Parquet a insubsistncia do voto do ex-Conselheiro Thompson Andrade, tendo em vista a existncia de fatos novos nos autos, decorrentes daquela audincia pblica realizada pelo Conselheiro Luiz Alberto Esteves Scaloppe. O CADE refuta tais alegaes nos seguintes termos (fls. 3.388/3.390): Proferido o voto do relator Conselheiro Thompson Andrade, no Pedido de Reapreciao, pediu vista do processo o Conselheiro Luiz Alberto Scaloppe. Os demais Conselheiros optaram por no votar sobre o mrito, aguardando o voto vista. Nesse nterim, encerraram-se os mandatos e alterou-se a composio do Conselho, tendo assumido quatro novos integrantes, entre eles a atual Presidente, que havia sido parecerista no caso e, portanto, encontrava-se impedida. Foi sorteado novo Relator para o caso, o Conselheiro Ricardo Cueva, o qual no votaria sobre matria j decidida pelo relator anterior, o Conselheiro Thompson Andrade.

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O Conselheiro Scaloppe, que tinha o processo em vista, manifesta inteno de realizar audincia pblica na cidade de Vila Velha-ES, para conhecer o local da fbrica. Em sesso do Conselho, autoriza-se a realizao da audincia pblica no Esprito Santo. O processo retorna mesa em 05/10/2004. Abre-se discusso no Plenrio para saber se a audincia pblica constitua fato novo, passvel de invalidar o voto do Conselheiro Thompson j proferido, com base no artigo 17-A, do Regimento Interno do CADE (Resoluo n 12/1998 (Anexo III): Art. 17-A- O voto j proferido por conselheiro que termine o seu mandato e venha a ser substitudo por outro ser considerado subsistente, exceto quando fatos ou provas novos relevantes e capazes de, por si s, modificar significativamente o contexto decisrio, supervenientes ao voto j proferido, vierem a integrar os autos em razo de diligncia realizada por algum dos membros do Plenrio. 1- Compete ao Plenrio, ouvida a Procuradoria-Geral, decidir sobre a ocorrncia de exceo prevista na hiptese acima, devendo o Conselheiro que estiver com vista dos autos relatar a deciso sobre esta questo, aps o que ser dada continuidade ao julgamento. 2- Na hiptese do voto anteriormente proferido ser considerado subsistente, o Conselheiro que vier a substituir o Conselheiro cujo mandato terminou no votar. 3- Caso o Plenrio decida, excepcionalmente, pela insubsistncia do voto anteriormente proferido, dever votar o Conselheiro que substituiu aquele cujo mandato terminou, podendo ratificar ou no o voto anterior. O Conselho decide pela negativa; entendeu que a audincia pblica realizada pelo Conselheiro Scaloppe apenas tinha alcanado ele prprio - o que, alis, este afirmou em seu voto s fls. 1658/1689 dos presentes autos (cf. transcrio abaixo): Creio haver mantido saneados os autos, razo para a advertncia de que no foram anexadas quaisquer peas novas aos autos, exceo do relatrio formal da audincia pblica, NA QUAL NO CONSTA NENHUM FATO NOVO. (fls. 1659) (...) A outro momento, quando houve a tentativa, agora das Requerentes (Nestl/Garoto), tambm aquiescida pelo novo Relator, de fazer juntar aos autos um pedido de declarao de decurso de prazo, a refutei veementemente por extempornea, assim discusso preclusa, portanto mandando devolver as peas ao mesmo Conselheiro. Alm de serem claros expedientes para instalaes de uma confuso no processo, essas sim, foram tentativas que produziriam o chamado fato novo. No as permiti bem como indeferi todas as demais peties de mesmo cunho.

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(...) A audincia pblica amplia a insero das empresas, consumidores e trabalhadores na compreenso de questo to complexa como a que estamos para julgar, nos permite melhor compreender os efeitos que nossa deciso produzir no mercado, na cidade e nos empregos. Ela permite que se elucide a todos fatos e mecnicas processuais to desconhecidos do pblico, dos especialistas da comunicao e de muitos profissionais do Direito e da Economia. Ela contribui para se desfazer o vu das aparncias. Estou certssimo que a minha insistncia faz consolidar este instituto e, vaticino, ser plenamente utilizado nesta causa. As concluses sobre os esclarecimentos que eu obtive dos personagens e entidades convidados e confirmados em audincia pblica pertencem subjetividade deste julgador. So elucidaes sobre dvidas que circundavam a formao da minha concluso do que seja legal e mais justo para esse caso. (fls.1665/1666) Ora, h algo de errado a. Um dos conselheiros do CADE manifesta inteno de realizar audincia pblica na cidade de Vila Velha-ES, para conhecer o local da fbrica (!!!). Em sesso do Conselho, autoriza-se a realizao da audincia pblica no Esprito Santo. Audincia pblica s para um Conselheiro do CADE conhecer uma fbrica? Uma audincia pblica que no fato novo no processo?Concluses sobre os esclarecimentos que pertencem subjetividade deste julgador (rectius: conselheiro)? Ora, as decises de um colegiado se formam, justamente, pela soma das concluses e convices sobre o que seja legal e mais justo para o caso de cada um dos julgadores. A soma dessas concluses e convices, pertencentes a cada uma das subjetividades de cada um dos julgadores que ir resultar na deciso do colegiado. E, de resto, aquelas afirmaes serviram apenas para afastar a questo incidental levantada pelo Ministrio Pblico junto ao CADE, como se v do voto do Conselheiro, tambm transcrito pelas autoras na inicial (fls. 50): Eu venho, em funo disso, dizer que com a audincia pblica, sem querer antes me antecipar, que realizei, deu-me tranqilidade para julgar ... Vi a audincia pblica como vital para poder obter esclarecimentos pblicos, o que entendo fundamentais para que eu tenha tranqilidade sobre as conseqncias sociais e econmicas em lanar meu voto ... ... ela permite que se elucide a todos os fatos e mecanismos processuais to desconhecidos do pblico, dos especialistas da comunicao e de muitos profissionais at mesmo de direito e economia que aqui no trabalham. ela, essa audincia pblica, contribui para desfazer o vu das aparncias e ela me ajudou

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nisso e me deu essa tranqilidade desse voto ... (Transcrio oficial da 30 Sesso Extraordinria do CADE realizada em 05/10/04.). Tambm aqui o devido processo legal foi desrespeitado. A audincia pblica era fato novo e, portanto, deveria ter sido respeitado o artigo 17-A, do Regimento Interno do CADE Resoluo n 12/1998. Todos os fatos acima demonstram que no foi observado o devido processo legal no caso sob julgamento. Cada uma de tais circunstncias - utilizao de dados secretos e dilao probatria inoportuna (juntada de documentos e realizao de audincia) isoladamente, seriam suficientes para anular todo o procedimento administrativo. O PRAZO PARA A DECISO ADMINISTRATIVA ART. 54, 6 E 7 DA LEI N 8.884/94 Mas no s. A questo atinente ao prazo para a deciso administrativa , indubitavelmente, a mais relevante. Isto por que os pargrafos 6 e 7 da Lei n 8.884/94 cominam, ao descumprimento do prazo pela Administrao, a conseqncia mais drstica: 6 Aps receber o parecer tcnico da Seae, que ser emitido em at trinta dias, a SDE manifestar-se- em igual prazo, e em seguida encaminhar o processo devidamente instrudo ao Plenrio do Cade, que deliberar no prazo de sessenta dias. 7 A eficcia dos atos de que trata este artigo condiciona-se sua aprovao, caso em que retroagir data de sua realizao; no tendo sido apreciados pelo Cade no prazo estabelecido no pargrafo anterior, sero automaticamente considerados aprovados. Autoras, ru e Ministrio Pblico entretiveram-se longamente com a diviso e classificao das diligncias determinadas pelo CADE em grupos. A Autora, na inicial, assim props o debate (fls. 26/38): No entanto, o prazo despendido para a deliberao substancialmente maior, pois, objetivamente considerados, os ofcios (diligncias) que, segundo o Relator, teriam suspendido o prazo legal no eram imprescindveis. O entendimento do Relator consignado na citada certido sucumbe at mesmo a uma anlise superficial do objetivo de cada um deles, eis que facilmente se identifica que, em sua maioria, sequer cuidavam de diligncias necessrias, que dir imprescindveis para a anlise do caso. Os citados ofcios, para facilitar a compreenso da questo, poderiam ser classificados em 7 (sete) diferentes Grupos, a seguir apontados: (i) Ofcios dirigidos Cia Brasileira de Distribuio e s Lojas Americanas, solicitando manifestao acerca dos efeitos concorrenciais da operao;

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(ii) Prescindveis porque no foram respondidos e seriam meras opinies de duas empresas varejistas. (iii) Ofcios solicitando esclarecimentos das Requerente e de terceiros sobre denncias de descumprimento do Acordo de Preservao de Reversibilidade da Operao - APRO; Prescindveis porque a questo no relativa ao ato de concentrao em si. (iv) Ofcios requisitando a apresentao de verso pblica de documentos que continham informaes confidenciais que j estavam em poder do CADE; Prescindveis porque os dados, em sua verso completa, j constavam dos autos. (v) Ofcio comunicando a requisio do tcnico da SDE que estava auxiliando o Conselheiro-Relator; Prescindvel porque ofcio de mero expediente, de natureza burocrtica e funcional. (vi) Ofcio solicitando a Kraft Foods, terceiro com interesse econmico na reprovao do ato de concentrao, estudos e anlises que j haviam sido apresentados pelas Autoras; Prescindvel porque os estudos e anlises seriam meramente opinativos. (vii) Ofcios solicitando informaes que no receberam qualquer meno na deciso. Prescindveis porque ignorados na anlise do CADE. (viii) Ofcios facultando manifestao das Autoras sobre documentos juntados pela Kraft Foods Brasil S/A. Prescindveis porque sequer obrigatria a resposta. Para maior clareza, e nos termos da classificao acima, veja-se, a seguir, cada um dos ofcios dos grupos indicados. GRUPO (i): 01. Ofcios CADE n 494/03 e 495/03, de 28/02/03 Fls. dos autos: 1914/1915 Destinatrios: Companhia Brasileira de Distribuio e Lojas Americanas Incio da suposta suspenso de prazo: 28/02/03 (sexta-feira) Final da suposta suspenso de prazo: 24/03/03 (segunda-feira) Nmero de dias que teria sido suspenso o prazo: 25 dias 02. Ofcios CADE n 807/03 e 808/03, de 03/04/03 Fls. dos autos: 2053/2055 Destinatrios: Companhia Brasileira de Distribuio e Lojas Americanas Objeto: reiteram ofcios anteriores solicitando manifestao acerca dos possveis efeitos anticoncorrenciais decorrentes da operao. Incio da suposta suspenso de prazo: 03 de abril de 2003

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Final da suposta suspenso de prazo: 23 de abril de 2003 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 21 dias Os ofcios acima listados, sequer foram respondidos e a ausncia dessa resposta no impediu a anlise e julgamento do ato de concentrao, revelando no serem as informaes pedidas imprescindveis. Alm disso, envolviam mera opinio de empresas varejistas, longe de serem classificadas como imprescindveis, sendo certo que se essa opinio sobre os possveis impactos da operao pudesse ser considerada esclarecimento imprescindvel, isso significaria que o CADE no teria competncia tcnica para a anlise desses impactos e, conseqentemente, para julgar o prprio ato de concentrao. Por fim, se as solicitadas opinies de terceiros que sequer foram apresentadas, fossem imprescindveis para a anlise do processo, as Autoras poderiam ser prejudicadas por empresas que, se eventualmente se opusessem operao, poderiam tambm tumultuar e prolongar ao mximo o processo. GRUPO (ii): 01. Ofcio CADE n 708/03, de 26/03/03 Fls. dos autos: 05 do Volume Denncias de descumprimento do APRO Destinatrio: Nestl Brasil Ltda. Objeto: solicita manifestao acerca das denncias de descumprimento do APRO Incio da suposta suspenso de prazo: 26/03/03 (quarta-feira) Final da suposta suspenso de prazo: 15/04/03 (tera-feira) Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 21 dias 02. Ofcio CADE n 0979/03, de 17/04/03 Fls. dos autos: 2072 Destinatrio: Distribuidores de Alimentos Ltda. Objeto: solicita manifestao sobre natureza e extenso das supostas alteraes que teriam ocorrido na poltica de distribuio dos produtos Garoto com objetivo de apurar eventual descumprimento do APRO Incio da suposta suspenso de prazo: 17/04/03 Final da suposta suspenso de prazo: 30/04/03 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 14 dias 03. Ofcio CADE n 1289, de 27/05/03 Fls. dos autos: 147 do volume Denncias de descumprimento do APRO Destinatrio: Nestl Brasil Ltda. Objeto: solicita manifestao acerca de denncias de descumprimento do APRO Incio da suposta suspenso de prazo: 27/05/03 Final da suposta suspenso de prazo: 16/06/03

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Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 21 dias 04. Ofcio CADE n 1605, de 27/06/03 Fls. dos autos: 167 do volume Denncias de descumprimento do APRO Destinatrio: Jotac Representaes e Distribuies Ltda. Objeto: solicita manifestao sobre resposta da Nestl denncia de descumprimento do APRO Incio da suposta suspenso de prazo: 27/06/03 Final da suposta suspenso de prazo: 28/07/03 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 32 dias Observao especfica desse ofcio: No caso o objetivo do ofcio era apenas a manifestao de terceiro sobre a resposta das Autoras denncia de descumprimento do APRO e o prprio ofcio no considera imprescindvel a manifestao pois assinala que a empresa pode manifestar-se, caso julgue oportuno; Houve pedido de dilao de prazo por parte do terceiro, indicando, mais uma vez, que o CADE admitiu a interferncia de pessoa alheia ao caso no curso da deliberao sobre o ato de concentrao, e por uma razo absolutamente estranha aos autos. 05. Ofcio CADE n 1839, de 30/07/03 Fls. dos autos: 3069 Destinatrio: Nestl Brasil Ltda. Objeto: agenda audincia com Sr. Ivan Zurita e solicita manifestao acerca das denncias de descumprimento do APRO Incio da suposta suspenso de prazo: 30/07/03 Final da suposta suspenso de prazo: 11/08/03 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 13 dias 06. Ofcio CADE n 1929, de 08/08/03 Fls. dos autos: 241 do volume Denncias de descumprimento do APRO Destinatrio: Nestl Brasil Ltda. Objeto: solicita manifestao sobre da denncia feita pela Kraft Foods Brasil S/A alegando descumprimento do APRO Incio da suposta suspenso de prazo: 08/08/03 Final da suposta suspenso de prazo: 15/08/03 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 08 dias 07. Ofcio CADE n 2178, de 09/09/03 Fls. dos autos: 313 do volume Denncias de descumprimento do APRO Destinatrio: Nestl Brasil Ltda.

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Objeto: solicita manifestao acerca das denncias da Kraft Foods Brasil S/A de descumprimento do APRO e do requerimento do Ministrio Pblico Federal. Incio da suposta suspenso de prazo: 09/09/03 Final da suposta suspenso de prazo: 25/09/03 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 17 dias Os ofcios deste grupo tratam de questo paralela, autnoma, externa ao processo e sem qualquer influncia na anlise do ato de concentrao, pois eventual descumprimento do APRO no poderia repercutir na avaliao do ato de concentrao, e vice-versa. De fato, o APRO possui objeto distinto do processo principal (ato de concentrao). Esclarecimentos de denncias de descumprimento do APRO no constituem matria prpria do processo que analisa o ato de concentrao. Trata-se de questo subjacente e autnoma, analisada em separado e em autos prprios. Observe-se que a operao poderia ter sido aprovada sem restries pelo CADE e, independentemente disso, a empresa ter sido punida por desrespeitar o APRO. Da mesma forma, cumpridas todas as condies impostas pelo APRO, o ato de concentrao poderia, ainda assim, no ser aprovado. Alis, a situao dos autos justamente essa. O Conselheiro-Relator, inclusive, reconheceu que questes relativos a APRO so alheias aos autos principais quando determinou o desentranhamento (despacho de fls. 3403, de 14 de agosto de 2003 doc. 36) das infundadas denncias de violao do APRO. Em concluso, nenhum dos ofcios do Grupo (ii), porque relativos a matria estranha ao mrito do ato de concentrao, tm o efeito de suspender a fluncia do prazo de que trata o 8 do art. 54 da Lei 8884/94. GRUPO (iii): 01. Ofcio CADE n 0737/03, de 27/03/03 Fls. dos autos: 2047 Destinatrio: Nestl Brasil Ltda. Objeto: em razo de pedido da Kraft Foods Brasil S/A solicita Nestl sua manifestao sobre a possibilidade de atendimento do pedido de vista e cpia dos documentos apresentados pelas Requerentes na Audincia Pblica ocorrida no Plenrio do CAE em 20 de maro de 2003, inclusive aqueles para os quais se solicitou confidencialidade. Incio da suposta suspenso de prazo: 27/03/03 Final da suposta suspenso de prazo: 07/04/03 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 12 dias Observao especfica desse ofcio:

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A autorizao, ou no, das Autoras para que terceiros pudessem ter vista de documentos juntados aos autos, alguns deles confidenciais, certamente no pode ser considerada imprescindvel para a anlise do caso. Ao relator caberia decidir e no remeter parte a conduo da questo. 02. Ofcio CADE n 1237, de 20/05/03 Fls. dos autos: 2171 Destinatrio: Kraft Foods Brasil S/A Objeto: solicita verso pblica de estudos juntados. Incio da suposta suspenso de prazo: 20/05/03 Final da suposta suspenso de prazo: 30/05/03 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 11 dias 03. Ofcio CADE n 1421, de 10/06/03 Fls. dos autos: 2579 Destinatrio: Nestl Brasil Ltda. Objeto: solicita verso pblica dos estudos apresentados Incio da suposta suspenso de prazo: 10/06/03 Final da suposta suspenso de prazo: 24/06/03 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 15 dias 04. Ofcio CADE n 1989, de 20/08/03 Fls. dos autos: 3866 Destinatrio: Nestl Brasil Ltda. Objeto: solicita verso pblica do relatrio Trevisan Incio da suposta suspenso de prazo: 20 de agosto de 2003 Final da suposta suspenso de prazo: 05 de setembro de 2003 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 17 dias Com relao aqueles ofcios do Grupo (iii), que solicitavam verses pblicas de documentos, as informaes necessrias, embora confidenciais, j estavam em poder do Conselheiro-Relator, que delas podia dispor para formar seu convencimento. Nenhum esclarecimento ou documento novo integrou os autos. As Autoras/terceiros apenas entregaram a verso pblica de alguns documentos, que uma cpia literal do que j havia sido entregue ao Relator, com a nica finalidade de omitir dados confidenciais, permitindo que terceiros tivessem acesso ao documento. Essa verso pblica, ento, somente se destina a possibilitar que terceiros tenham acesso aos dados, o que, definitivamente, no era imprescindvel para a soluo da demanda. No tem, pois, qualquer utilidade para a anlise do Relator ou dos demais conselheiros que se utilizam dos dados da verso confidencial, mais completas e esclarecedoras que as chamadas verses pblicas.

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GRUPO (iv) 01. Ofcio CADE n 2541, de 20/11/03 Fls. dos autos: 4263 Destinatrio: SDE Objeto: Relator comunica participao de servidor da SDE em audincia j realizada anteriormente (14/10/03) Incio da suposta suspenso de prazo: 20/11/03 Final da suposta suspenso de prazo: 08/12/03 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 19 dias O nico ofcio deste grupo cuida de comunicao feita pelo Conselheiro-Relator SDE de que utilizou da ajuda tcnica de um dos servidores daquele rgo durante a realizao de uma audincia e que pretende continuar a contar ocasionalmente com o referido servidor. Trata-se de providncia de carter administrativofuncional sem qualquer pertinncia anlise do ato de concentrao e muito menos imprescindvel a essa anlise. GRUPO (v) 01. Ofcio CADE n 1136, de 08/05/03 Fls. dos autos: 2100 Destinatrio: Kraft Foods Brasil S/A Objeto: solicitava que esse terceiro apresentasse: (i) descrio da metodologia dos estudos PEM da IPSOS; (ii) anlise dos efeitos de simulao de comportamento rivais e cooperativos de preos; (iii) estimativa de custos de distribuio; (iv) estudo sobre as eficincias que podem ser geradas por uma operao como a aquisio da Garoto pela Nestl. Incio da suposta suspenso de prazo: 08/05/03 Final da suposta suspenso de prazo: 12/08/03 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 97 dias No que diz respeito ao nico ofcio do Grupo (v), o interesse econmico da Kraft na reprovao da operao, alm de ser visto com ressalvas, confere a qualquer manifestao sua carter meramente opinativo, no sendo imprescindvel para a anlise do ato de concentrao. Cumpre observar ainda, em relao diligncia em anlise, que iniciado o prazo de 30 dias em 09/05/03, ele expirou em 09/06/03 (segunda-feira). Contudo, a Kraft no o respondeu no prazo fixado e, somente no dia 02/07/03, apresentou pedido de prorrogao. A par de ser insustentvel a suspenso do prazo em razo dessa diligncia, certo que do dia 10/06/03 at 01/07/03 (22 dias) no houve qualquer razo para que o prazo para deliberao estivesse suspenso, mesmo que por absurdo se entendesse ser a diligncia imprescindvel.

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Os sucessivos pleitos de dilao de prazo apresentados por terceiro alheio aos autos, pedidos esses feitos, inclusive, quando j expirado o prazo concedido pelo CADE, jamais poderiam justificar a suspenso do prazo legal, sob pena de se permitir que estes terceiros conduzam o processo, atribuindo-se-lhes mais poder que o prprio Relator!!! Demais disso, todas essas informaes e anlises j haviam sido fornecidas pelas Requerentes, a saber: os esclarecimentos sobre a metodologia dos estudos PEM da IPSOS foram prestados por dois representantes do prprio instituto de pesquisa em audincia realizada em 15.05.2003; a anlise dos efeitos de simulao de comportamento rivais e cooperativos de preos foi apresentada pela Nestl ao CADE na audincia realizada no Plenrio em 20.03.2003 e na forma de pareceres da Profa. Elizabeth Farina e da LCA Consultores juntados aos autos naquele mesmo ms; informaes detalhadas sobre custos de distribuio foram fornecidas pela Nestl SEAE, em 21 de junho de 2002, na sua resposta ao Ofcio SEAE n. 1945; relatrio de consultoria independente atestando as eficincias efetivamente geradas pela aquisio da Garoto pela Nestl tambm apresentado na audincia realizada no Plenrio, em 20.03.2003, e na forma de pareceres juntados aos autos, Dessa forma, o objetivo do ofcio no era obter esclarecimentos imprescindveis para a anlise do processo, j constantes dos autos, mas sim receber estudos de um terceiro confessadamente interessado economicamente na rejeio do ato de concentrao. A propsito dessa solicitao, que mais parece uma curiosidade sobre o que pensaria terceiro a respeito dos estudos apresentados pela NESTL, no a solicitao imprescindvel anlise do caso. Impossvel cogitar que a deliberao sobre o ato de concentrao fique condicionada boa vontade de terceiros ou, no caso, m vontade de um concorrente, cujo interesse era claramente o de postergar ao mximo o processo (podendo, enquanto isto, beneficiar-se da vulnerabilidade da Garoto). Tanto isso verdade que o ofcio em referncia veio a ser atendido pela Kraft somente depois de vrios e intempestivos pedidos de dilao de prazo, quando j decorridos mais de 90 dias da data em que solicitadas as informaes. Aceitar essa diligncia como causa suspensiva do prazo para deliberao significaria que o Conselheiro-Relator atestaria sua incompetncia tcnica para julgar os esclarecimentos e informaes prestadas pelas Autoras, tendo que recorrer a uma ilegal delegao de competncia a um terceiro (absolutamente parcial, diga-se de passagem) para fazer aquilo que lhe competia. GRUPO (vi)

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01. Ofcio CADE n 2386, de 17/10/03 Fls. dos autos: 4024 Destinatrio: ACNielsen Objeto: solicita dados de evoluo de preos no mercado de chocolates nos ltimos 3 anos Incio da suposta suspenso de prazo: 17/10/03 Final da suposta suspenso de prazo: 03/11/03 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 18 dias 02. Ofcio CADE n 2459, de 04/11/03 Fls. dos autos: 4253 Destinatrio: Nestl Brasil Ltda. Objeto: solicita dados de evoluo de preos mdios no mercado de chocolates nos ltimos 3 anos Incio da suposta suspenso de prazo: 04/11/03 Final da suposta suspenso de prazo: 24/11/03 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 21 dias 03. Ofcio CADE n 2549, de 25/11/03 Fls. dos autos: 4265 Destinatrio: Nestl Brasil Ltda. Objeto: solicita srie de preos deflacionados pelos ndices IGP, INPC e INPC-A Incio da suposta suspenso de prazo: 25/11/03 Final da suposta suspenso de prazo: 04/11/03 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 09 dias 04. Ofcio CADE n 2649, de 09/12/03 Fls. dos autos: 4554 Destinatrio: Kraft Foods Brasil S/A Objeto: solicita srie de preos deflacionados pelos ndices IGP, INPC e INPC-A Incio da suposta suspenso de prazo: 09/12/03 Final da suposta suspenso de prazo: 19/12/03 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 11 dias Quanto aos ofcios do Grupo (vi), sua irrelevncia sobressai porque as informaes pedidas no mereceram qualquer considerao na deciso proferida, no sendo aptos para suspender o decurso do prazo. Do contrrio, as Autoras estariam diante da absurda hiptese de serem apenadas pela excessiva demora do rgo, justificada pelo pedido de informaes inteis. GRUPO (vii) 01. Ofcio CADE n 2723/03, de 18/12/03 Fls. dos autos 4612

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Destinatrio: Nestl Brasil Ltda. Objeto: concede prazo para a Nestl se manifestar, caso entenda oportuno, sobre documentos juntados pela Kraft Foods Brasil S/A Incio da suposta suspenso de prazo: 18/12/03 Trmino da suposta suspenso de prazo:15/01/04 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 28 dias 02. Ofcio CADE n 051, de 15/01/2004 Fls. dos autos 4873 Objeto: concede prazo para a Nestl se manifestar, caso entenda oportuno, sobre documentos juntados pela Kraft Foods Brasil S/A Incio da suposta suspenso de prazo: 15/01/04 Trmino da suposta suspenso de prazo: 30/01/04 Nmero de dias em que teria sido suspenso o prazo: 16 dias Os ofcios acima mencionados apenas facultaram Nestl manifestar-se sobre documentos juntados por terceiro. Vale dizer, justamente por ser facultativa, ou seja, vinculada ao juzo de oportunidade das Autoras, a manifestao em nada interferiria na anlise do caso. O prprio Relator classificou a resposta da Nestl como sendo prescindvel, na medida em que sua ausncia no impediria a anlise e julgamento do caso. No restam dvidas, assim, que todos os 21 ofcios anteriormente analisados no podem ser qualificados como imprescindveis e, portanto, no suspenderam o prazo legal de que trata o 6 do art. 54 da Lei 8.884/94. No ponto, a manifestao da professora Odete Medauar no j citado parecer (Anexo I), verbis: No esta a condio de grande parte das diligncias solicitadas pelo ConselheiroRelator Thompson, o qual pretendia qualificar a todas como imprescindveis, o que fere frontalmente a lei e as regras de interpretao. A consulente elencou, com pertinncia e razo, inmeras diligncias desnecessrias, algumas at sem a obteno de resposta, o que no impediu a deciso: a) ofcios no respondidos e reiterados a duas cadeias de comrcio varejista; b) ofcios sobre o descumprimento do APRO questo autnoma do objeto do ato de concentrao; c) ofcios solicitando verso pblica de documentos j juntados, o que no representa motivo de suspenso, porque o Conselheiro j dispunha dos documentos originais; d) ofcio formalizando a participao de tcnico da SDE, o qual j vinha trabalhando h mais de um ms, disposio do Conselheiro-Relator; e) ofcio solicitando estudos de terceiro (Kraft Foods), que j tinham sido apresentados pelas Requerentes. Se tais diligncias desnecessrias fogem qualificao legal, as suspenses decorrentes deixam de ser computadas como causa de descontinuidade na contagem do prazo de sessenta dias.

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Dessa forma, a partir da anlise dos ofcios constantes da certido emitida pelo CADE, conclui-se indubitavelmente que o prazo legal de 60 (sessenta) dias estatudo no pargrafo 6 do artigo 54 da Lei n. 8.884/94 expirou em 28 de abril de 2003, ou seja, exatamente 282 (duzentos e oitenta e dois) dias antes, portanto, da data do julgamento do Ato de Concentrao (ocorrido em 04/02/2004), o que fica evidenciado no grfico em anexo (Anexo III) em que se explicita dia a dia todas os eventos ocorridos desde a chegada dos autos no CADE at o seu julgamento. Inquestionvel, portanto, que a operao j havia sido aprovada por decurso de prazo, nos termos do art. 54, 6 e 7, da Lei n 8.884/94, sendo nulas as decises proferidas pelo Ru que rejeitaram tanto o Ato de Concentrao quanto o pedido de reapreciao. O CADE impugna tais alegaes, basicamente, alegando a precluso de tal argio, vez que no foram alegadas no curso do procedimento administrativo bem como o fato de que ponderar e definir o que vem a ser uma providncia til, importante ou imprescindvel para a formao de seu convencimento algo que somente o julgador poder qualificar. (fls. 3.365) Ora, precluso no ocorreu. At por que no h esta previso na lei que trata do procedimento administrativo. Alm disso, como se ver mais adiante, o ato em si de determinao da diligncia estava eivado de nulidade. Por fim, a pretensa precluso administrativa no induz, por bvio, precluso judicial. O Ministrio Pblico assim tratou a questo atinente ao decurso do prazo (fls. 3.733/3.735): Com efeito, suspender o prazo processual ou procedimental significa deter sua contagem at que o impedimento termine. No caso em debate, no se est a discutir o prazo para cumprimento das diligncias consideradas imprescindveis pelo CADE, mas sim o efeito suspensivo por elas causado. Ou seja, a contagem da suspenso deve incluir o dia do ato suspensivo devendo ser retomada a contagem apenas no primeiro dia til aps o prazo consignado para a realizao da diligncia, por aplicao analgica do art. 179 do Cdigo de Processo Civil (Art. 179. A supervenincia de frias suspender o curso do prazo; o que lhe sobejar recomear a correr do primeiro dia til seguinte ao termo das frias.). Por outro lado, h que se reconhecer a razo do CADE ao afirmar que a questo acerca da prescindibilidade ou no da diligncia est afeta ao mrito administrativo. De fato, cabe ao rgo judicante, ainda que administrativo, a presidncia do processo. Se fora considerada a necessidade de instruo excepcional do processo o que denota uma certa falha nas fases anteriores est na alada do administrador-julgador definir quais elementos seriam necessrios perfeita compreenso da causa.

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Assim, uma vez regularmente determinada a diligncia de instruo, incide a hiptese de suspenso prevista na lei. Se pretender definir quais dados o rgo judicante poder ou no ter acesso significa uma intromisso em sua competncia administrativa, substituindo-se a valorao dos Conselheiros do CADE pela das autoras. Ao se analisar a prescindiblidade ou no da diligncia, o rgo judicante administrativo est proferindo um juzo de valor sobre os autos, considerando que o seu convencimento somente tomar ares de definitividade aps a realizao da diligncia instrutria. prova destinada Adminsitrao-Juza, e cabe a ela definir quais so os elementos de fato que precedem a sua anlise. Por certo, a diligncia pode ou no lograr sucesso. De outro lado, a ausncia de resposta tambm pode contribuir formao do convencimento do julgador. No caso concreto isso foi to verdade que reiteradamente foram solicitados mais dados, de modo ao se construir um quadro ftico a partir do qual se pudesse proferir um slido julgamento sobre a questo. Da surge a dvida: tudo que o CADE decidir como sendo imprescindvel ser tomado como causa de suspenso? Creio que no. O controle das diligncias instrutrias do processo administrativo ser dado a partir da sua objetiva vinculao com a matria em anlise no processo. O juzo de essencialidade da diligncia s ser vlido e, portanto, insindicvel, quando houver um liame lgico entre a requisio/diligncia e sua finalidade instrutria. Vislumbra-se claramente o liame lgico entre a diligncia requisitada e a instruo no caso dos ofcios dos Grupos (i), (v), (vi) e (vii), visto que buscam obter maiores informaes e opinies junto aos agentes de mercado. Quaisquer alegaes de desnecessidade de tais diligncias envolveriam uma reviso do juzo subjetivo do CADE de correlao entre meios e fins. Da pertinncia e imprescidibilidade, do ponto de vista da discricionariedade do CADE, da participao de agentes privados na instruo do processo, decorre a necessidade de obteno de dados devidamente formatados a dar mxima eficcia manifestao dos terceiros. Coerente, assim, o vinculo lgico entre a solicitao de verso pblica de documentos Grupo (iii) e a instruo do processo. Igualmente, a requisio de servidor para prestar esclarecimentos tcnicos no processo - Grupo (iv) tambm diligncia vinculada instruo, no sendo devida intromisso na convenincia e oportunidade do administrador-julgador. Por outro lado, o CADE no demonstrou de que modo a apurao de fatos acerca de eventual descumprimento do APRO se vincula com a instruo do Ato de Concentrao.

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certo que o cumprimento do APRO pressuposto de eficcia da no autorizao do ato de concentrao. Entretanto, a prejudicialidade no proporciona, por si s, o vnculo entre a diligncia e a formao do convencimento do julgador, do ponto de vista instrutrio. Por tais razes, em princpio, no se vislumbra motivo vlido para suspenso do prazo legal de deliberao no decurso das diligncias referidas no Grupo (ii). Merecem ser acolhidas as ponderaes do Douto Ministrio Pblico no que tange apurao de fatos acerca de eventual descumprimento do APRO. Contudo, melhor sorte no colhe seu parecer no que tange requisio de servidor para prestar esclarecimentos tcnicos no processo - grupo (iv). A requisio de servidores assunto interno, burocrtico da administrao e no pode influir em contagem de prazo que tem conseqncia to sria. Embora didtica e interessante, a classificao apresentada pelas autoras e toda a discusso que em torno dela se estabeleceu torna-se desnecessria para o exame de uma questo que precede aquela que motivou a discusso das partes e do Parquet. Como bem salientaram o Ministrio Pblico e o CADE a questo acerca da prescindibilidade ou no da diligncia est afeta ao mrito administrativo. Cabe, sim, ao rgo administrativo, a presidncia do processo. Est na alada do administrador definir quais elementos seriam necessrios perfeita compreenso da causa. Trata-se, contudo, no se pode esquecer, de procedimento administrativo. A ele aplica-se, subsidiariamente, a Lei n 9.784/99 que, entre outros dispositivos, traz o do artigo 50: Art. 50. Os atos administrativos devero ser motivados, com indicao dos fatos e dos fundamentos jurdicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; Ora, bvio que a determinao de uma diligncia que suspende o curso de um prazo fatal, cujo descumprimento favorece o Administrado, afeta direitos ou interesses. As diligncias teriam de ser motivadas, portanto. A inicial trouxe elucidativa razo de veto a projeto de lei que eliminava a grave conseqncia (fls. 15): Nas razes do veto lanadas no despacho presidencial (doc. 28) ficou explicitada a importncia Administrao desse mecanismo de sano para pela eventual morosidade jurdica da Pblica, necessrio (...) trazer segurana

comunidade empresarial no que se refere notificao de atos de concentrao, que, no raras vezes, envolvem operaes de elevadssimo vulto. As empresas

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requerentes estariam sujeitas a grande incerteza, caso houvesse a possibilidade de se ficar esperando ad infinitum uma deciso do rgo julgador. Contudo, na contestao que se colhe a melhor smula do que seria de se esperar do CADE. do prprio representante judicial do CADE a seguinte afirmao (fls. 3.355): A finalidade de tal dispositivo, evidentemente, zelar pela eficincia da Administrao Pblica, penalizando a inrcia da autarquia (CADE) atravs da supresso de sua competncia, quando demonstrada sua inao. Assim, o que a lei visa a evitar que a Administrao se omita ou protele o cumprimento de seus atos e atribuies, sem justificativa. (Aqui, quem grifou fui eu) Veja-se que toda a tnica da defesa do CADE, em relao imprescindibilidade das diligncias que teriam suspendido o curso do processo estriba-se em premissas falsas (fls. 3.365/3.366). Trata-se aqui de uma questo interpretativa, dada a subjetividade do conceito de imprescindvel, o que cabe, nica e exclusivamente ao julgador. Ponderar e definir o que vem a ser uma providncia til, importante ou imprescindvel para a formao de seu convencimento algo que somente o julgador poder qualificar, tendo a lei lhe conferido a faculdade de aferir o imprescindvel, com base em sua avaliao dos elementos do caso concreto. (Eu grifei). Pretender adentrar no mrito do ato administrativo - da escolha do julgador, seria interferir no seu poder de livre valorao e convico, ou seja privar o CADE da discricionariedade que lhe foi atribuda, o que no se pode admitir, sob pena de privar esta autarquia da prpria competncia que lhe inerente. Neste aspecto, cumpre salientar que incumbe ao Poder Judicirio, na fiscalizao dos atos administrativos, avaliar to somente a legalidade dos mesmos, imiscuir-se no mrito seria, conforme restar demonstrado, ato inconstitucional. (os enfticos negrito e sublinhado so do original). ... Pelo princpio da livre convico motivada (art. 131 do CPC), que rege a atividade do Juiz e tambm a dos Conselheiros do CADE no desempenho de funo administrativo-judicante, todas as diligncias solicitadas tiveram sua razo de ser, subsumindo-se ao conceito, inevitavelmente subjetivo, de imprescindvel. Pode at ser que as diligncias tivessem sua razo de ser. Ao CADE competia, a cada diligncia, contudo, especialmente atento grave conseqncia do decurso do prazo, motivar e fundamentar a diligncia.

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Se o CADE se pretende (como diz a lei n 8.884/94 com tcnica duvidosa) um rgo judicante, deve observar a boa tcnica jurdica e processual que norteia a atividade judicante. Ao julgador no dado, sob a desculpa de que os termos so subjetivos, decidir ao seu talante o que ou no imprescindvel, necessrio, til ou seja o que for, sem indicar, claramente, os motivos e fundamentos do que decide. Poder de livre valorao e convico, discricionariedade, no so palavras mgicas que servem a abrir as portas do arbtrio. O Brasil pode orgulhar-se, mesmo em nvel internacional, de sua excelente processualstica. Na doutrina do processo civil, podemos destacar os seguintes ensinamentos, por tudo aqui cabveis: A motivao do juiz imprescindvel quando se defere ou indefere uma prova sob argumento de o fato ser, ou no, controvertido e pertinente, e de o fato ou a prova ser, ou no, relevante (LUIZ GUILHERME MARINONI, Manual do Processo de Conhecimento, 4 edio, Editora Revista dos Tribunais, p. 458) Toda prova impe ao juiz o dever de relacion-la com o fato que deseja evidenciar. Isso ocorre, com maior clareza, no caso da prova de um fato essencial, mas tambm est presente quando se pensa na prova de um fato indicirio, uma vez que, antes de o juiz poder raciocinar a partir do fato indicirio para o fato esencial, deve concluir a respeito da relao entre a prova indiciria e o indcio (fato indicirio). (LUIZ GUILHERME MARINONI, Manual do Processo de Conhecimento, 4 edio, Editora Revista dos Tribunais, p. 464) falsa, assim, a premissa de que parte o CADE para concluir que Alm de destinatrio e investigador, o Conselheiro do CADE responsvel pela valorao dos elementos carreados aos autos, de modo a formar sua certeza ou convico a respeito dos fatos, no se vinculando a quaisquer elementos, nem mesmo aos produzidos por ele mesmo. Ao contrrio do que afirma, a formao da convico dos Conselheiros NO livre. A deciso que determina a realizao de diligncia esclarecimentos e juntada de documentos deve necessariamente ser fundamentada e motivada de forma tal que se possa perquirir se foi baseada neste ou naquele argumento e, especialmente, se ou no imprescindvel. Do contrrio, ser nula. No suspender o curso do processo. Veja-se o que diz a boa doutrina de Humberto Theodoro Jnior sobre os sistemas de valorao da prova: A prova se destina a produzir a certeza ou convico do julgador a respeito dos fatos litigiosos. Mas, ao manipular os meios de prova para formar seu convencimento, o juiz no pode agir arbitrariamente; deve, ao contrrio, observar

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um mtodo ou sistema. Trs so os sistemas conhecidos na histria do direito processual: a) o critrio legal; b) o da livre convico; c) o da persuaso racional. O critrio legal est totalmente superado. (...) O sistema da livre convico o oposto do critrio da prova legal. O que deve prevalecer a ntima convico do juiz, que soberano para investigar a verdade e apreciar as provas. No h nenhuma regra que condicione essa pesquisa, tanto quanto os meios de prova, como ao mtodo de avaliao. Vai ao extremo de permitir o convencimento extra-autos e contrrio prova das partes. Peca o sistema, que encontrou defensores entre os povos germnicos, portanto, por excessos, que chegam mesmo a conflitar com o princpio bsico do contraditrio, que nenhum direito processual moderno pode desprezar. O sistema da persuaso racional fruto da mais atualizada compreenso da atividade jurisdicional. Mereceu consagrao nos Cdigos Napolenicos e prevalece entre ns, como orientao doutrinria e legislativa. Enquanto no livre convencimento o juiz pode julgar sem atentar, necessariamente, para a prova dos autos, recorrendo a mtodos que escapam ao controle das partes, no sistema da persuaso racional, o julgamento deve ser fruto de uma operao lgica armada com base nos elementos de convico existentes no processo. Sem a rigidez da prova legal, em que o valor de cada prova previamente fixado na lei, o juiz, atendo-se apenas s provas do processo, formar seu convencimento com liberdade e segundo a conscincia formada. Embora seja livre o exame das provas, no h arbitrariedade, porque a concluso deve ligar-se logicamente apreciao jurdica daquilo que restou demonstrado nos autos. E o juiz no pode fugir aos meios cientficos que regulam as provas e sua produo, nem tampouco s regras da lgica e da experincia. (HUMBERTO THEODORO JNIOR, Curso de Direito Processual Civil, 39 edio, Vol. I, Editora Forense, pp. 378, 379) A imprescindibilidade da diligncia, assim, de qualquer diligncia, para induzir suspenso do 8, teria de ser demonstrada em motivao lgica e racional. Tratase de manipulao da prova. Formao embrionria do que vir a ser a deciso final. E isto demonstrao lgica e racional da imprescindibilidade da prova perfeitamente possvel, apesar da aparente subjetividade do termo. Advogados e juzes lidam com isso todos os dias, de forma cientfica, aos milhares, pelo Brasil

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afora, quando decidem e agravam para pedir a reforma ou manuteno de decises que deferem ou indeferem provas. E os Tribunais analisam e julgam tais pedidos, com base em critrios tcnicos. Cientficos. Isto a cincia do direito. Note-se que no se est falando de despachos de mero expediente, mas de deciso que tem uma grave conseqncia: suspender o curso de prazo fatal. O artigo 54 da Lei n 8.884/94 traz uma grande preocupao com a forma do processo de atuao do CADE, e de modo especial com os prazos. Comina penas para o descumprimento de prazos, tanto pelos particulares quanto pelo prprio Conselho. A suspenso do curso do processo, portanto, no pode ser vista como algo que cabe, nica e exclusivamente ao julgador (conselheiro do CADE). algo que no pode decorrer de qualquer diligncia, mas somente daquelas imprescindveis anlise do processo. Embora com forte subjetividade, a palavra , sobretudo, forte. No se utilizou til nem necessria, conveniente nem oportuna, mas imprescindvel. A Lei n 9.784/99, que regula o processo administrativo no mbito da Administrao Pblica Federal e aplica-se subsidiariamente aos processos do CADE, tambm tem especial zelo pelo cumprimento dos prazos, obrigando, sempre, que eventuais descumprimentos ou dilaes sejam justificados ou motivados. Veja-se, a propsito: Art. 24. Inexistindo disposio especfica, os atos do rgo ou autoridade responsvel pelo processo e dos administrados que dele participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo motivo de fora maior. Pargrafo nico. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado at o dobro, mediante comprovada justificao. De forma enftica: Art. 67. Salvo motivo de fora maior devidamente comprovado, os prazos processuais no se suspendem. A orientao legislativa vai encontrar sua raiz derradeira no texto constitucional, que em seu artigo 37 estatui: Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia e, tambm, ao seguinte: A nica concluso compatvel com o princpio da eficincia o de que a regra seja o cumprimento do prazo, sua suspenso a exceo. E o excepcional deve ser justificado, motivado. Tal no ocorreu com as diligncias determinadas pelo CADE. Expediram-se ofcios solicitando as mais diversas e variadas informaes, algumas prescindveis, outras

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no; foram determinadas inmeras diligncias que levaram um procedimento destinado a durar 60 dias aos 411 dias (mais de um ano). E nunca se pensou em justificar, motivar, arrazoar a imprescindibilidade de tantas e tantas diligncias. ociosa, assim, a esta altura, a discusso sobre qual diligncia teria sido ou no imprescindvel. Todas elas so nulas. Sua determinao imotivada afrontou o devido processo legal tipificado no artigo 50, inciso I, da Lei n 9.784/99. Aquelas diligncias no geraram, portanto, a conseqncia do 8 do art. 54, da Lei 8.884/94. No se suspendeu, por um s dia, o curso do prazo do 7. Por fora do artigo 54, 7, o ato de concentrao est aprovado. Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido das autoras e DECLARO aprovado automaticamente o ato de concentrao submetido apreciao do CADE em 15.3.2002, em virtude de haver decorrido o prazo previsto no art. 54, 7, da Lei 8.884/94, sem que tivesse havido deciso da autarquia, tornando sem efeito a deciso de desconstituio da mesma operao. Condeno o CADE a reembolsar s autoras as custas processuais e a pagar-lhes honorrios advocatcios, que arbitro em 10% (dez por cento) do valor atribudo causa. P.R.I. Braslia, 16 de maro de 2007. ITAGIBA CATTA PRETA NETO Juiz Federal da 4. Vara/DF

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