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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES CAES ―CEL PM NELSON FREIRE TERRA‖ CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS II /2009 Cap PM Walter Nyakas Junior DESASTRES HUMANOS: NECESSIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO DOS DANOS AMBIENTAIS PELA POLÍCIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO São Paulo 2009

DESASTRES HUMANOS: NECESSIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO DOS DANOS AMBIENTAIS PELA POLÍCIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES

CAES ―CEL PM NELSON FREIRE TERRA‖

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS II /2009

Cap PM Walter Nyakas Junior

DESASTRES HUMANOS: NECESSIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO DOS

DANOS AMBIENTAIS PELA POLÍCIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

São Paulo

2009

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Cap PM Walter Nyakas Junior

DESASTRES HUMANOS: NECESSIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO DOS

DANOS AMBIENTAIS PELA POLÍCIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Monografia apresentada ao Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, como parte dos requisitos para a aprovação no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais.

Coronel PM Luiz Massao Kita – Orientador

São Paulo

2009

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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES

CAES ―CEL PM NELSON FREIRE TERRA‖

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS II /2009

Cap PM Walter Nyakas Junior

DESASTRES HUMANOS: NECESSIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO DOS

DANOS AMBIENTAIS PELA POLÍCIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Monografia apresentada no Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, como parte dos requisitos para a aprovação no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais.

( ) Recomendamos disponibilizar para pesquisa

( ) Não recomendamos disponibilizar para pesquisa

( ) Recomendamos a publicação

( ) Não recomendamos a publicação

São Paulo, _______ de _____________________ de 2009.

_____________________________________

Cel PM Luiz Massao Kita

_____________________________________

Cel PM Leonardo Torres Ribeiro

_____________________________________

Engenheiro Eduardo Kenzo Ogawa

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Esse trabalho é dedicado: À minha amada esposa Tânia e a minha adorável filha Giulia, por servirem de alicerce a minha profissão e a minha vida. Aos meus pais, pelo esforço material e moral de me conduzirem profissionalmente a uma carreira dignificante.

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Agradecimento

Aos meus pais que sempre me conduziram para o caminho do conhecimento, sendo meus maiores exemplos na formação da minha querida filha. Ao Grande Arquiteto do Universo, criador de todos os recursos naturais, que me permitiu exercer esta nobre missão de zelar por uma melhor qualidade de vida de toda a humanidade. Ao Coronel PM Luiz Massao Kita, pelas sábias orientações nos momentos de dúvida. Ao Coronel PM Ronaldo Severo Ramos, pelo incentivo ao estudo e exemplo de profissional comprometido com a Corporação. Aos policiais militares, oficiais, praças e temporários, da ativa, reserva e reformados do Comando de Policiamento Ambiental e da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Estado de São Paulo, pelo apoio na elaboração desta obra. Ao Comando do CAES, instrutores, professores e demais integrantes dessa digna casa de ensino, pelos conhecimentos que foram transmitidos.

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―Todo aquele que vem a mim, ouve as minhas

palavras e as pratica, eu mostrarei a quem é semelhante.

É semelhante a um homem que, edificando sua casa,

cavou, abriu profunda vala e lançou os alicerces sobre a

rocha e vindo a enchente, arrojou-se o rio contra ela e não

a pôde abalar, por ter sido bem construída. Mas o que

ouve e não pratica é semelhante a um homem que

edificou sua casa sobre a terra, sem alicerces e,

arrojando-se o rio contra ela, foi grande a ruína daquela

casa.‖

Citação Bíblica

Evangelho de Lucas 6.47-49

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Resumo

DESASTRES HUMANOS: NECESSIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO DOS DANOS AMBIENTAIS PELA POLÍCIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO é um trabalho que tem como objetivo analisar se a Polícia Ambiental do Estado de São Paulo, quando acionada para apoiar o Sistema Estadual de Defesa Civil, em atendimento às ocorrências caracterizadas como desastres humanos ou antropogênicos, além das ações de socorro e de assistência, adota medidas repressivas quanto à responsabilização dos autores dos danos ambientais. A Polícia Militar, por meio da Polícia Ambiental como parte integrante do Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais (SEAQUA), além de ser órgão setorial do Sistema Estadual de Defesa Civil deve atender harmonicamente aos dois sistemas. A metodologia baseou-se no método de pesquisa exploratória e descritiva, hipotético em nível de pesquisa dedutivo, utilizando-se de dados qualitativos obtidos com pesquisas bibliográficas, consulta a monografias, sites da internet e publicações pertinentes. Após os levantamentos realizados, concluiu-se que a Polícia Ambiental adota as providências de sua competência quando acionada, mas detectou-se que há necessidade de normatização interna tanto para acionamento, quanto para comunicação à Defesa Civil das ocorrências em andamento e das atendidas, além da implementação de cursos existentes e de outras medidas.

Palavras-chave: Polícia Militar. Desastres. Defesa Civil. Polícia Ambiental.

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Abstract

HUMAN DISASTERS: NECESSITY TO IMPUTE THE RESPONSIBILITY TO ENVIRONMENTAL DAMAGE FROM THE ENVIRONMENTAL POLICE OF THE STATE OF SÃO PAULO is a work that has an objective to analyze if the environmental state of São Paulo, when activated to support the State’s System of Civil Defense, when attending the happenings classified as damage caused by human or anthropogenic, besides the actions of help and assistance, adopt repressive methods like making the authors of environmental damage responsible for their actions. The Military Police, through the Environmental Police as part of the State’s System of Administration of Environmental Quality, Protection, Control and Environmental Progress and adequate use of Natural Resources (SEAQUA), besides being the necessary sector of the State’s System of Civil Defense, it must attend harmoniously both systems. The methodology was based on the exploratory and descriptive research method, hypothetical in level of deductive research, using qualitative data achieved from bibliographic searches, monographic references, internet and pertinent publications. After all the facts collecting we concluded that the Environment Police adopts the pertinent actions when necessary, but we also detected that there is a necessity of internal policy standard not only to accomplish a request but also in order to inform the Civil Defense all the happenings which are going on and which are concluded, besides given courses and other policies.

Word-keys: Military Police. Disasters. Civil Defense. Environmental Police.

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Lista de Abreviaturas e Siglas

AIA - Área de Interesse Ambiental AIA - Auto de Infração Ambiental APA - Área de Proteção Ambiental APP - Área de Preservação Permanente AVADAN - Avaliação de Danos BO - Boletim de Ocorrência BOPM-TC - Boletim de Ocorrência Policial-Militar de Termo

Circunstanciado BOPM-TC PAmb - Boletim de Ocorrência Policial-Militar de Termo

Circunstanciado Policial Ambiental BPAmb - Batalhão de Polícia Militar Ambiental CBRN CCB CEDEC

- Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais - Comando do Corpo de Bombeiros - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil

CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental C.E. - Constituição do Estado de São Paulo C.F. - Constituição Federal Cia - Companhia Cia Pamb - Companhia Policial Ambiental Cmt - Comandante Cmt Cia - Comandante de Companhia Cmt de BPAmb - Comandante de Batalhão Ambiental Cmt Pol Amb - Comandante do Policiamento Ambiental CODAR - Codificação de Desastres, Ameaças e Riscos COMDEC - Coordenadoria Municipal de Defesa Civil CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente CONDEC - Conselho Nacional de Defesa Civil CORDEC - Coordenadoria Regional de Defesa Civil CONSEMA - Conselho Estadual de Meio Ambiente CNCG-PM/BM - Conselho Nacional de Comandantes Gerais de Polícias

Militares e Corpos de Bombeiros Militares CPAmb - Comando de Policiamento Ambiental CPRv - Comando de Policiamento Rodoviário CVS - Centro de Vigilância Sanitária DAIA - Departamento de Análise de Impactos Ambientais DER - Departamento de Estadas de Rodagem EIA/RIMA - Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto no

Meio Ambiente FEHIDRO - Fundo Estadual de Recursos Hídricos FF - Fundação Florestal GEACAP - Grupo Especial para Assuntos de Calamidades Públicas GT - Gabinete de Treinamento IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IF - Instituto Florestal IG - Instituto Geológico INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

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IPEM - Instituto de Pesos e Medidas IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas JECRIM - Juizado Especial Criminal Km² - Quilômetros Quadrados L.F. - Lei Federal Lei Est. - Lei Estadual MAM - Mapa de Ameaças Múltiplas MMA - Ministério do Meio Ambiente NUDEC - Núcleo Comunitário de Defesa Civil ONG - Organização Não Governamental ONU - Organização das Nações Unidas OPM - Organização Policial-Militar OPMAmb - Organização Policial-Militar Ambiental OPMs - Organizações Policiais Militares PESM - Parque Estadual da Serra do Mar PMESP - Polícia Militar do Estado de São Paulo PNDC - Política Nacional de Defesa Civil PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PPA - Plano Plurianual PPDC - Plano Preventivo de Defesa Civil RAC REDEC

- Relatório de Análise Crítica - Regional de Defesa Civil

SEAQUA - Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais

SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente SIGAM - Sistema Integrado de Gestão Ambiental SINDEC - Sistema Nacional de Defesa Civil SIRGH - Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos

Hídricos SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente SMA - Secretaria Estadual do Meio Ambiente SSP - Secretaria Estadual da Segurança Pública Web - Rede de Computadores Interligados WWW - World Wide Web (rede de alcance mundial)

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Sumário

Introdução ................................................................................................................ 14

1 A Política Nacional do Meio Ambiente e a Política Nacional de Defesa Civil ......... 19

1.1 A Política Nacional de Meio Ambiente ............................................................... 19

1.1.1 Gestão do Patrimônio Ambiental Brasileiro ...................................................... 21

1.1.2 Sistema Nacional do Meio Ambiente ................................................................ 23

1.2 A Política Nacional de Defesa Civil .................................................................... 25

1.2.1 O Sistema Nacional de Defesa Civil ................................................................. 28

1.2.2 Conceituação e Classificação Geral dos Desastres e Danos: .......................... 29

1.2.2.1 Desastre ........................................................................................................ 29

1.2.2.1.1 Desastres Naturais ..................................................................................... 31

1.2.2.1.2 Desastres Humanos ou Antropogênicos .................................................... 35

1.2.2.1.3 Desastres Mistos ........................................................................................ 36

1.2.2.2 Dano Ambiental ............................................................................................. 37

1.3 Pontos de Tangência das Políticas Nacionais de Meio Ambiente e de Defesa

Civil .......................................................................................................................... 38

2 A Tutela do Meio Ambiente ............................................................................. 40

2.1 A Proteção Constitucional do Meio Ambiente .................................................... 40

2.2 As Esferas do Direito Ambiental .......................................................................... 42

2.2.1 A Esfera Administrativa .................................................................................... 42

2.2.2 A Esfera Civil .................................................................................................... 45

2.2.2.1 Fundamentos da Responsabilidade Civil ...................................................... 45

2.2.3 A Esfera Penal ................................................................................................. 47

2.2.3.1 Responsabilidade Penal das Pessoas Jurídicas ........................................... 49

2.2.3.2 Poder de Polícia Ambiental ........................................................................... 49

3 A Polícia Ambiental no Sistema Estadual de Meio Ambiente ...................... 51

3.1 Gestão do Patrimônio Ambiental Estadual ......................................................... 51

3.2 Sistema Estadual do Meio Ambiente ................................................................. 52

3.2.1O Policiamento Ambiental Paulista....................................................................56

3.2.1.1 A Proteção Ambiental no Planejamento Estratégico da PMESP...................60

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4 A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil como Gestora do Sistema

Estadual de Defesa Civil ......................................................................................... 62

4.1 Breve Histórico da Defesa Civil .......................................................................... 62

4.2 Estrutura da Defesa Civil do Estado de São Paulo ............................................ 64

4.3 Conceito de Defesa Civil adotado no Estado de São Paulo .............................. 70

4.4 Fases................................................................................................................... 71

4.4.1 Fase Preventiva ............................................................................................... 72

4.4.2 Fase de Socorro ............................................................................................... 74

4.4.3 Fase Assistencial ............................................................................................. 75

4.4.4 Fase Recuperativa ........................................................................................... 75

5 Desastres Humanos e seus Efeitos ................................................................ 78

5.1 Codificação de Ocorrências ............................................................................... 78

5.2 Desastres de Natureza Tecnológica Relacionados com Produtos Perigosos .... 79

5.3 Desastres de Natureza Social Relacionados com Ecossistemas Urbanos e

Rurais ........................................................................................................................ 87

5.3.1 Incêndios Urbanos e Rurais ............................................................................. 86

5.3.1.1 A Operação Mata-Fogo ................................................................................. 91

5.4 Desastres Relacionados com a Destruição Intencional da Flora e da Fauna e

Desastres Relacionados com a Depredação do Solo por Desmatamento Sem

Controle e ou Má Gestão Agropecuária .................................................................... 97

6 Metodologia Adotada na Pesquisa ................................................................. 97

6.1 Pesquisa Qualitativa ............................................................................................ 97

6.1.1 Pesquisa de Opinião Dirigida ao Efetivo do Policiamento Ambiental ............... 98

6.1.2 Pesquisa de Opinião Dirigida aos Coordenadores Regionais de Defesa Civil .....

........................................................................................................................... 99

7 Propostas ........................................................................................................ 103

7.1 Propostas .......................................................................................................... 103

7.1.1 Proposta da Elaboração de Nota de Instrução, no Âmbito da Polícia Militar,

Normatizando o Atendimento de Ocorrências de Defesa Civil ................................ 103

7.1.2 Inserção de Matérias de Cunho Ambiental nos Seminários de Defesa Civil e

Nos Cursos de Transportes de Produtos Perigosos, além de Matérias de Defesa

Civil nos Cursos de Especialização em Policiamento Ambiental ............................ 105

7.1.3 Participação de Oficiais do Policiamento Ambiental como Coordenadores e

Coordenadores Adjuntos de Defesa Civil ................................................................ 105

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7.1.4 Participação do Policiamento Ambiental na Comissão de Estudos e Prevenção

de Acidentes no Transporte Terrestres de Produtos Perigosos .............................. 106

7.1.5 Estabelecimento de Procedimentos Operacionais Padrão para Atendimento de

Ocorrências com Vazamento de Produtos Perigosos, no Âmbito do Policiamento

Ambiental ................................................................................................................ 108

Conclusão .............................................................................................................. 109

Referências Bibliográficas ................................................................................... 111

Apêndice A – Questionário de Pesquisa Dirigida ao Efetivo do Policiamento

Ambiental ............................................................................................................... 114

Apêndice B – Questionário de Pesquisa Dirigida aos Coordenadores Regionais

de Defesa Civil ....................................................................................................... 116

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Introdução

O tema proposto, ―Desastres humanos: necessidade de responsabilização

dos danos ambientais pela Polícia Ambiental do Estado de São Paulo‖, busca inserir

definitivamente a Polícia Ambiental no Sistema Estadual de Defesa Civil, como uma

das ferramentas de responsabilização pelos danos ambientais causados pela ação

ou omissão do homem em um desastre.

A Polícia Ambiental é o órgão especializado da Polícia Militar do Estado de

São Paulo responsável pela salvaguarda dos recursos naturais, fazendo parte do

Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e

Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais

(SEAQUA), além de órgão setorial do Sistema Estadual de Defesa Civil.

É sabido que quase a totalidade das ocorrências de defesa civil traz danos

ao meio ambiente, que, por vezes, deixam seus autores impunes por deficiências de

integração dos sistemas. Esta lacuna, possivelmente, decorre da cultura

assistencialista que os órgãos de emergência impõem quando do atendimento de

um desastre.

Por esta razão, torna-se polêmico este tema, pois conceitos arraigados

contrapõem-se com a realidade atual, mas a discussão não tem por objetivo afrontar

qualquer consideração estabelecida, e sim tentar despertar um novo prisma.

A abordagem deste trabalho será de ampliar a visão dos atores que

compõem o Sistema Estadual de Defesa Civil e o SEAQUA, fazendo com que não

se afastem em buscar a responsabilização daqueles que causaram danos

ambientais, com o fito de prevenir novos eventos.

O autor tem a convicção que, nos atendimentos de desastres, os sistemas

devem focar, prioritariamente, as ações de socorro e de assistência, e,

historicamente fazem-no, pois o objetivo é de mitigar os danos, mas devem reunir,

aproveitando o princípio da oportunidade, elementos que individualize o

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responsável, ou os responsáveis pelo sinistro, quer sejam pessoas físicas ou

jurídicas.

Observa-se que a globalização deu início a uma competição entre vários

países, visando à assunção de lideranças e a posições de destaque no contexto

mundial, dentre eles, o Brasil, em especial o Estado de São Paulo.

Essa incessante busca tem apresentado avanços em determinadas áreas

para a humanidade, mas resultados negativos em outras, por meio de alterações

significativas no meio ambiente, acarretando diversos danos ambientais.

Timidamente, a política de desenvolvimento sustentável vem freando as

irresponsáveis inovações técnico-industriais, que têm como alvo somente o ganho

financeiro. Consequentemente, mudanças climáticas e grandes acidentes

tecnológicos vêm sendo observados em todo o planeta, exigindo uma preparação

dos governos e da população para uma pronta resposta.

Urge o aprimoramento das estruturas de defesas civis, pois desastres

naturais e humanos têm-se intensificado, como visto no final do ano de 2008, no

Estado de Santa Catarina, vitimando diversas pessoas e trazendo prejuízos

materiais, humanos e ambientais incalculáveis.

Nos casos de desastres naturais, é praticamente impossível responsabilizar

seus causadores originários, diretos ou indiretos, pois a ação decorre diretamente da

―fúria‖ da natureza, diferente de outro tipo de desastre, com conseqüências por

vezes tão graves quanto os naturais, classificados como desastres humanos ou

antropogênicos, que têm como origem a ação ou a omissão do homem, passíveis de

individualização e de responsabilização.

Conceitualmente, as estruturas de defesas civis preocupam-se com medidas

de prevenção, socorro, assistência e recuperação em casos de desastres, mas

sendo coordenadora de um sistema, não deve distanciar-se da busca pela

responsabilização de seus causadores, nos casos de desastres humanos ou

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antropogênicos, podendo valer-se dos mecanismos existentes (órgãos setoriais),

dentre eles, a Polícia Ambiental.

Minha experiência profissional, como Chefe do Centro de Gerenciamento de

Emergências (CGE) da Coordenadoria de Defesa Civil do Estado de São Paulo nos

anos de 2001 a 2004, e atualmente oficial do Comando de Policiamento Ambiental

(CPAmb), levou a identificar a deficiência e a buscar propostas de aperfeiçoamento.

O tema foi submetido à apreciação do Comandante do Policiamento

Ambiental do Estado de São Paulo, Coronel PM Ronaldo Severo Ramos e ao

Coordenador Estadual de Defesa Civil e Exmo Secretário Chefe da Casa Militar do

Governador, Coronel PM Luiz Massao Kita, que o aprovaram, inclusive este se

propondo a ser meu orientador.

A delimitação cronológica do estudo abrange o período de 2006 a 2008. A

delimitação espacial restringe-se às unidades operacionais do Policiamento

Ambiental do Estado de São Paulo e à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do

Estado de São Paulo (CEDEC).

O objetivo desta obra é a de analisar se a Polícia Ambiental do Estado de

São Paulo, quando acionada para apoiar o Sistema Estadual de Defesa Civil, em

atendimento às ocorrências, caracterizadas como desastres humanos ou

antropogênicos, além das ações de socorro e assistência, adota medidas

repressivas quanto à responsabilização dos autores dos danos ambientais.

O problema estudado neste trabalho é se a Polícia Ambiental do Estado de

São Paulo, como órgão setorial do Sistema Estadual de Defesa Civil, desempenha

sua incumbência constitucional de proteger o meio ambiente, responsabilizando os

autores dos danos ambientais, originários da ação ou da omissão humana, em

especial, nas ocorrências típicas de defesa civil.

A justificativa para esta pesquisa prende-se ao fato que, atualmente, a

preocupação com o meio ambiente vem crescendo, em virtude da aceleração das

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modificações climáticas que estudos revelavam. Previsões catastróficas fazem-se

presentes em trabalhos científicos e em diversos fóruns que tratam do assunto.

O Sistema Estadual de Defesa Civil existe para fazer frente a catástrofes ou

evitá-las, sendo composto por diversos órgãos cada qual com suas atribuições. A

Polícia Ambiental, como órgão setorial do Sistema Estadual de Defesa Civil e,

constitucionalmente, incumbida da proteção dos recursos naturais, deve agir quando

este for degradado.

O ineditismo e a importância do tema contribuirão para que haja uma

integração entre as partes que compõem o Sistema Estadual de Defesa Civil e a

Polícia Ambiental, pois parte-se da premissa de que os sistemas não podem ser

compreendidos em análise separada das partes, trazendo, conseqüentemente, um

ganho ambiental a todos.

As hipóteses levantadas apontam que, doutrinariamente, o Sistema Estadual

de Defesa Civil tem como foco principal o assistencialismo e o socorro, distanciando-

se da busca pela responsabilização dos danos ambientais decorrentes do desastre

humano, deixando de acionar para este fim as instituições que fazem parte do

sistema e que tenham a atribuição para tal, neste estudo em particular a Polícia

Ambiental do Estado de São Paulo.

A Polícia Ambiental, nesta mesma seara, quando acionada para atendimento

de uma ocorrência de defesa civil, busca somente prestar as necessárias

assistências, integrando-se aos demais órgãos de emergência, caracterizando

aquela ocorrência somente como uma ocorrência de defesa civil e deixando o seu

papel repressivo normalmente de lado.

Analisando as doutrinas e os currículos de cursos de ambas as instituições,

observa-se que este tema não é abordado com profundidade, consequentemente

seus integrantes mantêm-se alienados da importância da responsabilização destes

atos, como forma de prevenir novos eventos desastrosos.

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O número reduzido de ocorrências desta natureza pode ser um fator que

leva os sistemas agirem em desconformidade com as respectivas atribuições

funcionais.

A metodologia baseou-se no método exploratório e descritivo, hipotético em

nível dedutivo, utilizando-se de dados qualitativos obtidos com pesquisas

bibliográficas, consulta a monografias, sites da internet e publicações pertinentes.

Foram realizadas entrevistas a atores de expressão ligados ao tema,

coordenadores regionais de defesa civil, policiais ambientais em nível gerencial, tudo

com a finalidade de obter informações significativas ao estudo.

Para a análise, foram utilizados dados quantitativos, conceituais e históricos,

provenientes de fontes primárias e secundárias.

Este trabalho foi estruturado em sete capítulos: o primeiro, acerca da Política

Nacional do Meio Ambiente e da Política Nacional de Defesa Civil; o segundo, sobre

a Tutela do Meio Ambiente; o terceiro, sobre a Polícia Ambiental no Sistema

Estadual de Meio Ambiente; o quarto trata da Coordenadoria Estadual de Defesa

Civil como gestora do Sistema Estadual de Defesa Civil; o quinto trata sobre os

desastres humanos e seus efeitos; o sexto trata sobre a metodologia aplicada a

pesquisa; o sétimo são as propostas e considerações. Além dos capítulos, há ainda

apêndices com modelo dos questionários aplicados na pesquisa.

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1 A Política Nacional do Meio Ambiente e a Política Nacional de Defesa Civil

1.1 A Política Nacional de Meio Ambiente

Em 1972, foi realizada em Estocolmo, a Conferência das Nações Unidas

sobre o Meio Ambiente Humano, com a participação de 113 países, que foi resultado

de uma proposta da Suécia à Organização das Nações Unidas (ONU), no final da

década de 60, preocupada com o crescimento econômico e o processo de

industrialização predatória.

A proposta sueca era de uma discussão internacional de caráter

socioeconômico, porque alegava que crescimento populacional, nos países menos

desenvolvidos, estava funcionando como vetor de pressão sobre os recursos

naturais.

A conferência apresentou, como principais resultados, a criação do

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Declaração sobre

Meio Ambiente Humano, conhecida como Declaração de Estocolmo, trazendo 26

princípios que norteavam o processo decisório das questões ambientais.

O Brasil, liderando os demais países do bloco chamado ―Terceiro Mundo‖,

passou a questionar a postura dos países ricos, que, após terem atingido o

desenvolvimento industrial às custas das explorações desregradas dos recursos

naturais, impunham aos menos desenvolvidos restrições ambientais severas.

A comunidade internacional passou a criticar a postura brasileira, o governo,

como forma de neutralizar esta reação, institui a Secretaria Especial do Meio

Ambiente (SEMA), por meio do Decreto n° 73.030, de 30 de outubro de 1973.

A SEMA estava vinculada ao Ministério do Interior e era presidida pelo

emérito ambientalista Paulo Nogueira Neto, agraciado, em 2008 com a medalha

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comemorativa do Cinqüentenário do Policiamento Ambiental do Estado de São

Paulo, em razão de seu reconhecimento no que tange às questões ambientais.

A legislação brasileira despertou para o ambientalismo, surgindo iniciativas e

leis que demonstram esta diferença perante os demais países.

Apesar de todo esforço de avançar na temática ambiental, as leis

apresentavam-se esparsas e, na maioria das vezes, transferia ao cidadão a

responsabilidade de acionar o Estado, frente aos desmandos contra a natureza. O

cidadão, quase sempre impotente e desproporcionalmente menos abastado

financeiramente, calava-se frente ao poderio econômico.

Somente na década de 1980, a situação começou a mudar, surgindo em 31

de agosto de 1981, a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente.

A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) surgiu com o objetivo de

servir de norte para os gestores dos recursos naturais, criada pela Lei nº. 6.938, de

31 de agosto de 1981, com fundamentação nos incisos VI e VII do artigo 23 da

Constituição Federal (C.F.).

Ficou estabelecido que a União, Estados, Distrito Federal e Municípios têm

competência comum para proteger o meio ambiente e combater a poluição em

qualquer de suas formas, preservarem as florestas, a fauna e a flora, garantindo a

todos o direito de direito de tê-lo ecologicamente equilibrado.

A Lei nº. 6.938/81 trouxe alguns conceitos que foram adotados por diversos

doutrinadores ambientais, conforme Ribeiro discorre abaixo:

Essa Lei contempla alguns conceitos de importância para a sua aplicação e interpretação das normas existentes sobre o assunto e nos dá sustentação ao trabalho.

1

1 RIBEIRO, Leonardo Torres. Os mananciais paulistas sob a égide de Segurança Pública: A PM de São Paulo e a preservação da ordem ambiental. São Paulo. Monografia (Curso Superior de Polícia) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, 2008, p. 35.

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21

Estes consagrados conceitos dão sustentação para a atividade operacional

do policiamento ambiental, pois depende de respaldo normativo para as suas ações.

1.1.1 Gestão do Patrimônio Ambiental Brasileiro

A gestão do patrimônio ambiental brasileiro é uma das mais complexas

tarefas, devido à dimensão do território nacional, à diversidade climática e pelo Brasil

deter a maior biodiversidade do planeta.

O Brasil tem uma área aproximada de 8,5 milhões km², ocupando a quinta

posição mundial em extensão territorial e correspondendo quase à metade da

América do Sul, possuindo um misto de zonas climáticas que incluem o trópico

úmido no norte, o semi-árido no nordeste e áreas temperadas no sul, contribuindo

para o desenvolvimento de biomas.

O Brasil possui uma costa marinha de 3,5 milhões km² com uma variedade

de ecossistemas que incluem recifes de corais, dunas, manguezais, lagoas,

estuários e pântanos. A diversidade de biomas reflete a riqueza da flora e da fauna

brasileiras, tornando-as as mais diversas do mundo.

De acordo com dados disponibilizados pela Diretoria do Programa Nacional

de Conservação da Diversidade Biológica:

O Brasil é o país com a maior biodiversidade do mundo, contando com um número estimado de mais de 20% do número total de espécies do planeta. Diversas espécies de plantas de importância econômica mundial são originárias do Brasil, destacando-se dentre elas o abacaxi, o amendoim, a castanha do Brasil (também conhecida como castanha do Pará), a mandioca, o caju e a carnaúba. O Brasil abriga o maior número de primatas com 55 espécies, o que corresponde a 24% do total mundial; de anfíbios com 516 espécies; e de animais vertebrados com 3.010 espécies de vertebrados vulneráveis, ou em perigo de extinção.

2

2 Informação disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/sbf/chm/capa/index.html> Acesso em: 08

de abr. 2009.

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22

A PNMA assume papel complexo e fundamental, como mecanismo de

gestão de todo esse patrimônio ambiental, por meio de seus objetivos e princípios

estabelecidos:

Art. 2º A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, a melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendendo aos seguintes princípios: I- ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o Meio Ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. II- racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar. III- planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais. IV- proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas. V- controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras. VI- incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais. VII- acompanhamento do estado da qualidade ambiental. VIII- recuperação de áreas degradadas. IX- proteção de áreas ameaçadas de degradação. X- educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação de comunidade, objetivando capacitá-la para a participação ativa na defesa do Meio Ambiente.

3

Todos correlacionam-se com a ação governamental para a preservação

ambiental, para o uso racional do solo,e do subsolo e da água, para a criação de

áreas de preservação permanente, para a intensificação do combate à degradação

ambiental e, principalmente, para a promoção da educação ambiental em todos os

níveis de governo.

É importante destacar que, alinhado com os princípios fundamentais

estabelecidos pela C.F., a PNMA também estabelece a proteção à dignidade da vida

humana como prioridade.

Além dos objetivos estabelecidos pela PNMA, seu texto esboça a imposição

de penalidades ao degradador ou poluidor, tendo, como conseqüência desta

previsão punitiva e de medidas para sua implementação, outras normas de

significância maior, como por exemplo, a chamada Lei dos Crimes Ambientais, a Lei

nº 9.605/98.

3 BRASIL. Política Nacional de Defesa Civil. Ministério da Integração Nacional. 1 Ed. Brasília:

Imprensa Nacional, 2000, p 1

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23

1.1.2 Sistema Nacional do Meio Ambiente

Em decorrência da PNMA, ficou instituído o Sistema Nacional do Meio

Ambiente (SISNAMA), constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Estados,

do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, além de fundações instituídas

pelo poder público, responsáveis pela proteção e pela melhoria da qualidade

ambiental.

Da mesma forma que acontece nas diversas esferas governamentais, as

entidades integrantes do SISNAMA, estão estruturadas da seguinte forma:

órgão superior: composto pelo Conselho de Governo, com a função

principal de assessorar a Presidência da República na elaboração das

medidas e das ações governamentais direcionadas para o meio

ambiente e para os recursos naturais.

órgão consultivo e deliberativo: é o órgão que reúne membros da área

governamental, que tenham uma interface com a proteção ambiental

ou não, segmentos da sociedade civil, tendo sua denominação de

Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.

O CONAMA é órgão deliberativo nas questões de normas e padrões

ambientais compatíveis à sadia qualidade de vida, além de ter como finalidade o

assessoramento do Conselho de Governo, podendo propor diretrizes de políticas

governamentais para o meio ambiente.

Sua composição tem representatividade de vários ministérios, secretarias

estaduais de meio ambiente, sociedade civil composta pelo segmento empresarial e

de organizações não governamentais (ONG), que estejam diretamente ligadas às

questões ambientais.

As polícias militares do Brasil, atualmente, estão representadas no CONAMA

pela Polícia Ambiental do Estado de São Paulo, ocupando a vaga do Conselho

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Nacional de Comandantes Gerais de Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros

Militares (CNCG – PM/BM).

A participação do policiamento ambiental de São Paulo tem demonstrado a

real necessidade de integrar este fórum, pois ativamente tem defendido posições

das demais polícias ambientais, nas discussões de regulamentações de normas que

influenciam diretamente as ações de fiscalização.

Neste ano, o Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo foi eleito pelos

demais segmentos da sociedade civil para compor as Câmaras Técnicas de

Biodiversidade e de Gestão de Biomas Territoriais, em sinal de respeito e de

confiança na sua capacidade técnica.

Nas Câmaras Técnicas são levadas a discussões, assuntos de cunho

extremamente técnicos, a fim de que se façam ajustes para que o seu conteúdo seja

apresentado na plenária do CONAMA para deliberação, conforme se vê a seguir:

órgão central: a este órgão cabe o planejamento, a coordenação, a

supervisão e o controle, na qualidade de órgão federal, da PNMA e as

diretrizes governamentais para o meio ambiente, hoje é ocupado pelo

Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia

Legal (MMA);

órgãos executores, como o próprio nome descreve, são os órgãos

que desempenham o papel fiscalizador, atualmente assumem esta

função o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes de

Conservação da Biodiversidade;

órgãos seccionais são os órgãos ou entidades estaduais responsáveis

pelo desenvolvimento de ações e pelo controle das degradações que

atentem contra o meio ambiente.

As secretarias de meio ambiente dos estados e as polícias ambientais

encontram-se neste segmento, pois desenvolvem significativas ações de fiscalização

e serão tratados em apartado neste trabalho.

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25

órgãos locais: compostos por órgãos ou entidades municipais,

responsáveis pelo controle e pela fiscalização de atividades capazes

de provocar degradação ambiental, nas suas respectivas jurisdições.

No município de São Paulo, é composto principalmente pela

Secretaria do Verde e do Meio Ambiente.

1.2 A Política Nacional de Defesa Civil

As alterações climáticas no mundo produziram nos últimos anos desastres

naturais mais intensos e numerosos. Este país, como os demais, frequentemente, é

atingido pelos desarranjos da natureza.

A competição econômica e tecnológica entre a população, aliada à ausência

de padrões de segurança, vem agravando as vulnerabilidades dos ecossistemas,

provocando desastres de proporções elevadas.

O crescimento populacional de algumas regiões, intensificados pelos

movimentos migratórios internos, trouxe o desordenamento urbano como

conseqüência, criando bolsões de pobreza no entorno de algumas cidades,

contribuindo diretamente com a degradação ambiental.

O uso e a ocupação do solo, de maneira desregrada, levaram a população a

ocupar áreas de risco, provocando adensamentos humanos mais frágeis e

susceptíveis a fatores sociais externos, criando um ambiente propício ao surgimento

de colapsos e de desastres.

A Defesa Civil surge neste mosaico de situações para dar respostas a todos

estes componentes que afetam a sociedade e o meio em que vivem, buscando

minimizar seus efeitos.

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26

Coube à União legislar sobre defesa civil, conforme previsto no artigo 22,

inciso XXVIII, da C.F., sendo que, em sua decorrência, surge o Decreto nº 895, de

16 de agosto de 1993, dispondo sobre a organização do Sistema Nacional de

Defesa Civil (SINDEC).

O Conselho Nacional de Defesa Civil (CONDEC), em sua consonância,

editou, em 12 de dezembro de 1994, a Resolução nº 002, em que aprovou a Política

Nacional de Defesa Civil (PNDC).

A PNDC estabeleceu diretrizes, planos e programas prioritários para o

desenvolvimento de ações de redução de desastres em todo o país, bem como a

prestação de socorro e de assistência às populações afetadas por desastres.

Seguindo os preceitos constitucionais de garantia ao cidadão ao direito à

vida e à incolumidade, a PNDC elegeu este como finalidade da Defesa Civil, da

mesma forma que foi estabelecido pela PNMA.

Para nortear suas ações, foi instituído como objetivo geral da Defesa Civil, a

redução de desastres, optando-se pela ação ―reduzir‖, pois concluiu-se que seria

uma pretensão inatingível adotar a ação ―eliminar‖, em razão de não depender

somente de fatores internos e previsíveis.

Além deste objetivo, foram elencados outros mais específicos:

promover a defesa permanente contra desastres naturais ou

provocados pelo homem; (grifo do autor)

prevenir ou minimizar danos, socorrer e assistir populações atingidas,

reabilitar e recuperar áreas deterioradas por desastres;

atuar na iminência ou em situações de desastres e

promover a articulação e a coordenação do Sistema Nacional de

Defesa Civil (SINDEC), em todo o território nacional.

Desta forma, a Defesa Civil estabeleceu para si extrema responsabilidade,

colocando-se à frente da coordenação e da articulação de um sistema de grandeza

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nacional, cabendo a defesa permanente contra desastres naturais ou contra aqueles

provocados pelo homem.

A partir do estabelecimento deste rol de objetivos, uma questão deve

suscitar-se: esta defesa permanente deve ser feita somente com ações preventivas?

Em 2003, o Sr Philip Tamminga, porta-voz da Federação Internacional da

Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, concede uma entrevista, na BBC Brasil,

com o título: ―Brasil é o país das Américas mais afetado por desastres.‖ 4

Reforça que a condicionante da dimensão territorial, aliada às desigualdades

sociais, coloca o Brasil como o mais vulnerável a desastres das Américas.

Em 2007, na cidade de Brasília, o Sr Lélio Bringel Calheiros, coordenador

geral de cursos da Secretaria Nacional de Defesa Civil (SEDEC), em exposição à

Conferência Geral sobre Desastres para Prefeitos, Dirigentes de Instituições

Públicas e Privadas e Líderes Comunitários afirmou o seguinte:

O Brasil, devido ao seu tamanho geográfico, às condições climáticas e fisiográficas e ao grau de desenvolvimento, está sujeito, diariamente, a um número elevado de desastres e situações de emergência, que provocam muitas mortes, feridos, incapacidades físicas, temporárias e definitivas, além de causar quantiosos danos às propriedades, bens, serviços, à produção agrícola, à pecuária e também, de forma muito clara, profundos efeitos e conseqüências desastrosas ao meio ambiente. Considera-se importante concluir neste grupo, como desastres de evolução lenta, os desmatamentos florestais e os garimpos, de tremenda agressão e destruição ambiental.

5

Em entrevista realizada com o Sr. Lélio, em 15 de abril de 2009, destaca-se

o seguinte:

[...] a Polícia Ambiental exerce um papel importante dentro do Sistema Nacional de Defesa Civil, pois os danos ambientais estão presentes em

4 Informação disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2003/07/030717_cruzvermla>.

Acesso em: 30 de mar. 2009. 5 CALHEIROS, Lélio Bringel. Conferência Geral sobre Desastres. Ministério da Integração

Nacional. Brasília, 2007, introdução.

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28

quase todos os desastres, devendo aqueles que os causaram serem responsabilizados.

(informação verbal)

6

A preocupação com a degradação ambiental é alçada como um dos

importantes resultados de desastres que atingem este país.

1.2.1 O Sistema Nacional de Defesa Civil

O Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC) atua na redução de

desastres, em todo território nacional, e teve sua estrutura alterada pelo Decreto nº

5.376, de 17 de fevereiro de 2005, ficando composto da seguinte forma:

órgão superior: Conselho Nacional de Defesa Civil (CONDEC),

responsável pela formulação e deliberação de políticas e diretrizes do

sistema;

órgão central: Secretaria Nacional de Defesa Civil, responsável pela

articulação, coordenação e supervisão técnica do sistema;

órgãos regionais: as Coordenadorias Regionais de Defesa Civil

(CORDEC), ou órgãos correspondentes, localizadas nas cinco

macrorregiões geográficas do Brasil e responsáveis pela articulação e

pela coordenação do sistema em nível regional;

órgãos estaduais: Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil (CEDEC)

ou órgãos correspondentes, Coordenadoria de Defesa Civil do Distrito

Federal ou órgão correspondente, inclusive as suas regionais,

responsáveis pela articulação e pela coordenação do sistema em nível

estadual;

órgãos municipais: Coordenadorias Municipais de Defesa Civil

(COMDEC) ou órgãos correspondentes e Núcleos Comunitários de

Defesa Civil (NUDEC), ou entidades correspondentes, responsáveis

pela articulação e pela coordenação do sistema em nível municipal;

6 Entrevista realizada em 15 de abril de 2009 com Sr Lélio Bringel Calheiros, na sede da Secretaria

Nacional de Defesa Civil em Brasília.

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29

órgãos setoriais: os órgãos da administração pública federal, estadual,

municipal e do Distrito Federal, que se articulam com os órgãos de

coordenação, com o objetivo de garantir atuação sistêmica e

órgãos de apoio: órgãos públicos e entidades privadas, associações de

voluntários, clubes de serviços, organizações não governamentais e

associações de classe e comunitárias, que apóiam os demais órgãos

integrantes do sistema.

Dias Filho discorre, em sua monografia, sobre o seguinte:

Não existe hierarquia formal no Sistema Nacional de Defesa Civil e assim um funcionamento harmônico das estruturas federal, estaduais e municipais; não são emanadas ordens e sim regras de procedimentos, respeitando a autonomia dos entes federados, competindo à União legislar exclusivamente sobre Defesa Civil, conforme disposto no inciso XXVIII, do artigo 22 da Constituição Federal.

7

Desta forma, a Polícia Militar do Estado de São Paulo, por meio da

Secretaria de Segurança, faz parte dos órgãos setoriais do Sistema Nacional de

Defesa Civil e interage harmonicamente com os demais órgãos do sistema.

1.2.2 Conceituação e Classificação Geral dos Desastres e Danos:

1.2.2.1 Desastres

Conforme a PNDC, desastres caracterizam-se como resultado de eventos

adversos, naturais ou provocado pelo homem, sobre um ecossistema vulnerável,

causando danos humanos, materiais e ambientais e conseqüentes prejuízos

econômicos e sociais.

7 DIAS FILHO, Luiz. Integração de núcleos de Defesa Civil em escolas com as atividades de

polícia comunitária. São Paulo. Monografia (Curso Superior de Polícia) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, 2004, p. 31.

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30

Sua grandeza está diretamente relacionada às proporções dos eventos

adversos, aliado à vulnerabilidade do meio, tendo sua quantificação firmada,

avaliando-se os danos e os prejuízos.

Nota-se que o legislador trouxe, em uma mesma ordem de grandeza, os três

grandes grupos de resultados danosos: o humano, o material e o ambiental, não

estabelecendo priorização entre eles.

Sobre a classificação dos desastres, Borges, em sua monografia, defende

isto:

Embora clássica, a classificação dos desastres quanto à tipologia em naturais, humanos e mistos, vem sendo contestada por autores modernos, que tendem a rotular todos os desastres como mistos, mas ainda permanece em vigor a classificação clássica estabelecida. Os desastres são classificados quanto: - à intensidade; - à evolução;

- à origem. 8

Da mesma forma, a PNDC classifica os desastres obedecendo aos critérios

citados por Borges.

Apesar das três classificações apresentadas e de sua importância, abordar-

se-á somente sua a classificação dos desastres quanto à origem.

Analisando as gêneses dos agentes causadores dos desastres, elas

classificam-se assim:

naturais;

humanos ou antropogênicos e

mistos.

8 BORGES, Elizeu Eclair Teixeira. Proposta de uma coletânea para sistematização dos

procedimentos básicos do coordenador regional de Defesa Civil. São Paulo. Monografia (Curso Superior de Polícia) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, 2000, p.36.

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31

1.2.2.1.1 Desastres Naturais

Conforme a PNDC, são aqueles resultantes de fatores externos que atuam

independentemente da ação humana.

Grande parte dos desastres que atingem nosso o Brasil atualmente é

decorrente de eventos desta natureza, particularmente daqueles relacionados à

geodinâmica terrestre interna e externa com relação direta com as alterações

climáticas (estiagens severas, precipitações pluviométricas acentuadas,

intensificações dos regimes de ventos, movimentações gravitacionais de massas e

outros).

Entre 21 e 23 de novembro de 2008, a região do Vale do Itajaí, no Estado de

Santa Catarina, foi atingida por este tipo de desastre, em que, neste período, choveu

600 milímetros, aumentando os níveis pluviométricos acumulados no mês de agosto

daquele ano.

Fonte: Revista Época, nº 550, 2008. Ilustração 1 Capa: ― É possível evitar tragédias como esta?‖.

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32

Sua conseqüência foi uma situação histórica de desastre, registrando

inundações generalizadas, movimentos de massas de diversos tipos, levando

destruições em todos os níveis e inúmeras mortes.

Houve uma mobilização nacional para minimizar o sofrimento do povo

catarinense, com remessa de contingentes de diversos Estados para auxiliar no

socorro. O Governo do Estado de São Paulo deslocou efetivos da Polícia Militar, da

Defesa Civil e de outros técnicos para auxiliar no atendimento à emergência.

A população brasileira articulou-se em campanhas de arrecadação de

donativos àquelas vítimas, mas uma pergunta ficou no ar: ―É possível evitar

tragédias como esta?‖

O editorial da revista Época, acima ilustrada, questionou se alguém deixou

de fazer algo que deveria ser feito, remetendo subliminarmente ao poder público a

responsabilidade.

Relatos históricos comprovam que aquela região havia sido afetada em 1983

e 1984 por inundações, resultando diversas mortes de pessoas que ocupavam áreas

de preservação permanente (APP), às margens dos rios, principalmente o rio Itajaí-

Açu:

Sensibilizados com a tragédia e preocupados em retornar àquelas áreas de

risco, inadvertidamente a passaram a ocupar regiões mais elevadas, desmatando as

encostas dos morros e ocupando novamente APP.

Verifica-se que o problema é recorrente, onde o homem desafia a natureza e

invade áreas que originalmente deveriam permanecer intocadas, conforme podemos

comprovar-se, analisando a capa da revista a seguir:

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Fonte: Revista Veja nº 770, 1983. Ilustração 2 Capa: ―O País Socorre o Sul – A Enchente do Século‖.

Entrevistado o geólogo Jair Santoro, profissional destacado para chefiar uma

das equipes do Instituto Geológico de São Paulo na recente tragédia em Santa

Catarina, constatou por meio de relatório, o seguinte:

[...] a tragédia se agravou, principalmente devido à ocupação urbana e maior concentração populacional nas encostas e pelo grande volume de chuva ocorrido.

(informação verbal)

9

A revista Época destacou esta problemática, elencando algumas soluções

para a tragédia, dentre elas:

9 Entrevista realizada em 08 de maio de 2009 com o Geólogo Jair Santoro, na sede do Instituto

Geológico em São Paulo.

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Fonte: Revista Época, nº 550, p.50, 2008. Ilustração 3 Conclusão nº2.

A matéria trouxe também a informação que o Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais (INPE) e a entidade ambientalista SOS Mata Atlântica

apontaram que o Estado de Santa Catarina foi o campeão de desmatamento da

Mata Atlântica entre 2000 e 2005.

Fonte: Polícia Ambiental de Santa Catarina, 2008.

Ilustração 4 Desastre em Santa Catarina

Esta tragédia trouxe ensinamentos aos brasileiros que os danos decorrentes

de desastres naturais podem ser minimizados, se não se contribuir de forma

perversa, por meio de intervenções imprudentes no meio ambiente.

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35

1.2.2.1.2 Desastres Humanos ou Antropogênicos

Estes tipos de desastres são resultantes dos riscos do desenvolvimento

tecnológico, industriais e comerciais sem critérios de segurança, além do

crescimento demográfico desvinculado da necessária infra-estrutura.

Segundo a PNDC, desastres antropogênicos, são aqueles provocados pelas

ações ou por omissões humanas. Relacionam-se com a atuação do próprio homem,

enquanto agente e autor, podendo produzir situações capazes de gerar grandes

danos à natureza, aos habitat humanos e ao próprio homem, enquanto espécie.

Em função de suas causas primárias, os desastres secundários às ações ou

omissões humanas são classificados da seguinte forma:

desastres humanos de natureza tecnológica;

desastres humanos de natureza social e

desastres humanos de natureza biológica.

Os desastres humanos de natureza tecnológica são resultados indesejáveis

do desenvolvimento tecnológico e industrial, sem critérios de segurança contra

desastres. Também estão relacionados ao intenso incremento demográfico das

cidades, sem o correspondente desenvolvimento de uma infra-estrutura de serviços

básicos compatível.

Os desastres humanos de natureza social são decorrentes de desequilíbrios

sociais, econômicos, políticos e culturais, bem como do relacionamento

desarmonioso do homem com os ecossistemas urbanos e rurais.

Os desastres humanos de natureza biológica são conseqüência de

deficiências nos sistemas públicos de saúde, muitas vezes agravadas pelo

subdesenvolvimento populacional e por desequilíbrios ecológicos.

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36

Dentro desse estudo, abordam-se adiante as principais ocorrências no

Estado de São Paulo, decorrentes de desastres humanos ou antropogênicos, que

tenham relação direta às atividades de proteção ambiental que compete ao

policiamento ambiental.

Castro afirma o seguinte:

Os riscos relacionados com estes desastres tendem a crescer de importância e a redução dos mesmos exige um esforço concentrado de planejamento estratégico, de regulamentação e de disciplinação no cumprimento das normas de segurança e de proteção ambiental estabelecidas.

10

Denota-se, portanto, a preocupação com o estrito cumprimento das normas

de segurança e daquelas pertinentes à proteção ambiental, consequentemente

sujeitando seus violadores as sanções estabelecidas.

1.2.2.1.3 Desastres Mistos

Existe uma convergência de qualificar a grande maioria dos desastres como

mistos, partindo da premissa conceitual de desastre entendido como o resultado de

um evento adverso e um ecossistema vulnerável.

Conceitualmente são considerados aqueles desastres que resultam da

somatização de eventos naturais e de ações antrópicas, que por seus efeitos

globais, acabam por alterar drasticamente os ecossistemas naturais, afetando

grandes extensões do meio ambiente.

Castro os conceitua-os da seguinte forma:

São os que ocorrem quando ações e omissões humanas contribuem para intensificar, complicar e agravar fenômenos naturais. Caracterizam-se, também, quando fenômenos adversos de origem natural provocam

10

CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Desastres Humanos- Natureza Social II, Ministério da Integração Nacional, Secretaria Nacional de Defesa Civil, ano 2007, p.6.

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desastres, por atuarem em ambientes alterados e degradados pelo homem.

11

Neste tipo de desastre o fator humano está presente para o agravamento

dos danos.

1.2.2.2 Dano Ambiental

Para a PNDC, dano é conceituado como a medida que define a intensidade

ou severidade da lesão resultante de um acidente ou evento adverso.

Perda humana, material ou ambiental, física ou funcional, que pode resultar,

caso seja perdido o controle sobre o risco. Intensidade das perdas humanas,

materiais ou ambientais induzidas às pessoas, comunidades, instituições,

instalações e ou ecossistemas, como conseqüência de um desastre.

A noção de dano assenta-se classicamente no prejuízo resultante de uma

lesão a direito, aniquilamento ou alteração de um bem jurídico.

Paulo Bessa Antunes ensina que ―dano é o prejuízo (uma alteração negativa

da situação jurídica, material ou moral) causado a alguém por um terceiro que se vê

obrigado ao ressarcimento.‖ 12.

Ao cogitar-se o dano ambiental, tem-se em vista a destruição ou lesão ao

meio ambiente, ou seja, a própria compreensão de poluição ambiental.

11

CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Segurança Global da População. Brasília. Ministério da Integração Nacional, Secretaria Nacional de Defesa Civil, ano 2007, p.19. 12

ANTUNES, Paulo Bessa. Direito Ambiental. 4. ed. rev., ampl. e atualiz. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000, p. 156 e 157.

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38

1.3 Pontos de Tangência das Políticas Nacionais de Meio Ambiente e de Defesa

Civil

Após discorrer-se sobre a PNMA e a PNDC, verifica-se que a proteção

ambiental apresenta-se como ponto de tangência entre as políticas nacionais

apresentadas, permeando as duas normas desde suas concepções.

Inovou a PNDC, quando, dentre suas condicionantes destacou isto:

Há uma importante interação entre: Desenvolvimento sustentável

Redução de desastres Proteção ambiental

Bem-estar social13

Desta forma, fica claro que a política governamental sobre este tema não

dissocia o bem-estar social e desenvolvimento, por meio de um programa de

redução de desastres, buscando um equilíbrio ecológico, sob a égide da proteção

ambiental.

Foi além a PNDC, quando estabeleceu, de forma explícita, sua preocupação

da necessária integração com as políticas de proteção ambiental, reservando duas,

dentre suas diretrizes, para tratar exclusivamente sobre o assunto:

Diretriz nº 4: Promover a ordenação do espaço urbano, objetivando diminuir a ocupação desordenada de áreas de riscos de desastres, com a finalidade de reduzir as vulnerabilidades das áreas urbanas aos escorregamentos, alagamentos e outros desastres.

O ordenamento urbano é um ponto sensível nas políticas ambientais, em

razão das pressões que os grandes centros sofrem, diante da falta de políticas

públicas, principalmente de cunho social. O déficit habitacional é o fator que mais

contribui com esta questão, trazendo diversas conseqüências negativas à

sociedade.

Diretriz nº 9: Promover a integração da Política Nacional de Defesa Civil com as demais políticas nacionais, especialmente com as políticas

13

Política Nacional de Defesa Civil. Ministério da Integração Nacional. Brasília, 2007, p.4.

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39

nacionais de desenvolvimento social e econômico e com as políticas de proteção ambiental.

Nesta diretriz, fica explícita a intenção da PNDC em integrar-se com as

demais políticas nacionais, dando destaque especial às políticas de

desenvolvimento social e novamente de proteção ambiental.

Para Dário Jr (1998, apud NETO, 2007. p14):

As ações de Defesa Civil têm capacidade de suscitar a discussão a respeito dos temas de segurança, em conjunto com as mais diversas entidades, cuja educação ambiental aparece como pano de fundo. Assim, trazer à tona a questão ambiental, desde as abordagens mais complexas como a ocupação desordenada do espaço urbano e a correta utilização econômica dos recursos naturais, até as abordagens mais simples, porém não menos importantes como a participação individual na questão do destino do lixo urbano e a utilização individual racional dos bens públicos, configura um trabalho que vem suprir algumas carências visíveis em diversos setores. Assim sendo, as atividades de Defesa Civil devem envolver as questões sociais, ambientais, culturais e políticas em seus trabalhos, principalmente os relacionados à prevenção de desastres.

14

Pertinente à posição do autor acima, pois consegue fazer com que fique

lúcida a abrangência das questões de defesa civil, não podendo ser encarada

isoladamente, devido a sua complexidade e pelos reflexos nas demais áreas.

Devido as suas atribuições e sua operacionalidade, está a Polícia Militar,

presente em ambas as políticas nacionais, desempenhando seu papel como órgãos

setoriais dos sistemas.

14

NETO, Mauro Cerri. Aspectos Jurídicos das Atividades de Defesa Civil. Brasília. Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional de Defesa Civil, 2007, p14.

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40

2 A Tutela do Meio Ambiente

Conforme apontado no capítulo anterior, a proteção ambiental apresenta-se

como ponto de tangência entre a PNMA e a PNDC, sendo que nesta intersecção

está a Polícia Militar, fazendo cumprir os objetivos de ambas, por meio de seus

vários segmentos.

A proteção ambiental é uma das vertentes da competência constitucional

atribuída à Polícia Militar na preservação da ordem pública, visando a resguardar a

salubridade pública.

Por vezes, para a preservação da ordem pública, exige-se da autoridade a

responsabilização dos atos que se apresentam em desconformidade com as normas

vigentes. Para melhor entendimento dessa responsabilização, oportuno faz-se

apresentar sob quais esferas de responsabilização o autor dos danos ao meio

ambiente estará sujeito, além das previsões constitucionais desta proteção.

2.1 A Proteção Constitucional do Meio Ambiente

A Carta Magna recepcionou vários instrumentos da PNMA e de diversas

legislações, denotando que a sociedade brasileira consciente da importância do

tema conseguiu sensibilizar os legisladores constituintes a defender os recursos

naturais nacionais.

Antes da sua promulgação, todos os bens ambientais eram de propriedade

da União e por ela eram geridos. A partir do novo texto, houve a distribuição desta

competência, ficando à União, aos Estados e aos Municípios a incumbência por esta

preservação, remetendo a todos a obrigação de cuidar dos nossos patrimônios

ambientais nacionais.

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41

Coube ao poder público, conforme a C.F., em seu artigo 225, com o escopo

de assegurar a efetividade desse direito:

preservar os ecossistemas, as espécies, a integridade do patrimônio

genético do País;

definir os espaços territoriais, nas unidades da Federação, a serem

protegidos;

exigir estudo prévio de impacto ambiental, para instalação de obra ou

atividade potencialmente causadora de significativa degradação

ambiental, devendo ser dada publicidade;

controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, de

métodos e de substâncias que comportem risco para a vida,para a

qualidade de vida e para o meio ambiente;

promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e

proteger a fauna e a flora.

A Carta Magna deu um passo a frente ao responsabilizar, no citado artigo,

aquele que explorar recursos minerais, ficando obrigado a recuperar o meio

ambiente degradado e aos infratores de condutas e de atividades lesivas ao meio

ambiente, sejam pessoas físicas ou jurídicas, sujeitando-os às sanções penais e

administrativas, independentemente da obrigação de reparação civil.

Verifica-se, assim, na Constituição Federal, a base do caminho das vias da

reparação por degradação ambiental, pois ela assumiu uma postura coerente ao

desenvolver a idéia da objetivação da responsabilidade em relação ao dano

ambiental.

A responsabilização dos danos ao meio ambiente também tem previsão

específica na Constituição Paulista, que estabeleceu sanções aos seus causadores:

Artigo 195 - As condutas e atividades lesivas ao Meio Ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, com aplicação de multas diárias e progressivas no caso de continuidade da infração ou reincidência, incluídas a redução do nível de

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42

atividade e a interdição, independentemente da obrigação dos infratores de reparação aos danos causados.

15

Destaca-se, neste artigo, a abrangência da responsabilização penal e

administrativa, alcançando as pessoas jurídicas na mesma proporção das pessoas

físicas.

2.2 As Esferas do Direito Ambiental

O descumprimento de uma obrigação ou de um dever jurídico pode dar

ensejo a diversos tipos de responsabilidade. O tipo de responsabilidade a que está

sujeito o infrator variará conforme a natureza jurídica da sanção, prevista no

ordenamento jurídico para ser aplicada a cada caso.

Desta forma, a responsabilidade poderá ser civil, penal, administrativa,

consoante haja previsão de sanções de cada um desses tipos para o mesmo

comportamento a ser apenado. Isso ocorre porque as diversas espécies de

responsabilidade visam a finalidades distintas e, por isso, são autônomas: a

aplicação de uma independe da aplicação da outra.

Após esta breve introdução, apresenta-se uma abordagem das esferas de

responsabilização que estão sujeitos os degradadores do nosso meio ambiente.

2.2.1 A Esfera Administrativa

A aplicação de sanções administrativas resulta na instauração do respectivo

procedimento administrativo punitivo, tendo assegurado aos acusados o

15

SÃO PAULO (Estado), Constituição (1989). Constituição do Estado de São Paulo. Informação disponível em < http://www.legislacao.sp.gov.br >. Acesso em: 14 de jun. 2009.

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43

contraditório e a ampla defesa, com a observância do devido processo legal, sob

pena de nulidade da punição imposta, nos termos do art. 5o, LV, da C.F.

As infrações administrativas e as respectivas sanções devem ter previsão

legal. As legislações federal, estadual e municipal definem cada qual, no âmbito de

sua competência, as infrações às normas de proteção ambiental e as respectivas

sanções.

A Lei dos Crimes Ambientais, que estabelece as sanções penais derivadas

de condutas e atividades que lesam ao meio ambiente, como também, define, no art.

70, que infração administrativa ambiental é toda ação ou omissão que viola as

regras jurídicas de uso, gozo, proteção e recuperação do meio ambiente.

Há previsão na Lei n° 9.605/98 das seguintes sanções administrativas:

advertência; multa simples; multa diária; apreensão dos animais, produtos e

subprodutos da fauna e da flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos

de qualquer natureza utilizados na infração; destruição ou inutilização do produto;

embargo de obra ou atividade; demolição de obra; suspensão parcial ou total de

atividades; restritiva de direitos.

O Decreto n° 6.514, de 22 de julho de 2008, foi publicado regulamentando a

Lei dos Crimes Ambientais, revogando o Decreto n° 3.179, de 21 de setembro de

1999, dispondo sobre as infrações e as sanções administrativas ao meio ambiente,

estabelecendo o processo administrativo federal para apuração das infrações.

No Estado de São Paulo, está sob análise da Consultoria Jurídica da

Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SMA) uma proposta de regulamentação do

Decreto n° 6.514/08, sendo que atualmente está em vigência a Resolução SMA

37/05.

A Polícia Ambiental no Estado de São Paulo lavra autos de infrações

ambientais (AIA), em decorrência de outra resolução da SMA em que lhe confere

poderes para tal.

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44

O processo administrativo punitivo instaura-se com base na lavratura de um

auto de infração, representação ou peça informativa equivalente em que se

indiquem o infrator, o fato constitutivo da infração e local, hora e data de sua

ocorrência.

Deve conter a disposição legal ou regulamentar em que se fundamenta a

autuação, a penalidade a ser aplicada e, quando for o caso, o prazo para a correção

da irregularidade e a assinatura da autoridade que lavrou o auto de infração, ou

peça equivalente, ou do autor da representação.

Uma vez instaurado o processo pela autoridade competente, com ciência ao

indiciado, passa-se à fase da instrução, para elucidação dos fatos, produção das

provas da acusação e da defesa. Abre-se ao imputado vista dos autos do processo,

para a defesa, com ou sem advogado, a seu critério, podendo produzir as provas

que entender cabíveis.

Encerrada a instrução, a autoridade processante elabora o relatório, que são

submetidos à autoridade competente para julgamento, que pode acolher ou não a

proposta do relatório, aplicando a sanção proposta ou outra, ou absolvendo o

imputado. Da aplicação da pena cabe recurso para a autoridade administrativa

superior à que a tenha imposto.

No Estado, os recursos são encaminhados a Comissões de Julgamentos em

1° e 2° Instância, composta por oficiais do policiamento ambiental e funcionários da

Secretaria do Meio Ambiente. Por meio do quadro abaixo pode-se verificar a

quantidade de autuações impostas pelo policiamento ambiental a infratores nos

anos de 2006 a 2008, bem como seus valores:

Tabela 1 Autuações impostas pelo Policiamento Ambiental – 2006/2008

Ano 2006 2007 2008

Quantidade de AIA 9.765 12.315 11.663

Valores de multas R$22.284.904,51 R$33.127.999,64 R$34.321.840,18

Fonte: Comando de Policiamento Ambiental de São Paulo.

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45

2.2.2 A Esfera Civil

A responsabilidade decorre de uma conduta humana e tem como intenção

impor a uma pessoa uma obrigação de ressarcir os danos sofridos por alguém. A

responsabilidade, na área cível, concretiza-se no cumprimento de uma obrigação de

fazer ou não fazer e no pagamento de condenação em dinheiro, sendo comum sua

reversão em ações que previnam ou reparem os prejuízos.

A obrigação compõe-se, normalmente, de dois elementos: o débito e a

responsabilidade. O débito pertence exclusivamente ao Direito Privado, enquanto

que a responsabilidade envolve, também, o campo do Direito Público.

A responsabilidade visa à reconstituição da situação existente antes da

ocorrência do fato causador do dano. Nesse condão, é que se tenta demonstrar que

qualquer tipo de dano ambiental deve ser recomposto em qualquer circunstância,

pois o prejuízo transcende o interesse individual.

2.2.2.1 Fundamentos da Responsabilidade Civil

São consideradas bases da responsabilidade civil a culpa ou o risco. Na

teoria da culpa, é necessária a verificação do elemento subjetivo do agente, ou seja,

que ele tenha atuado com negligência, imprudência ou imperícia. Na teoria do risco,

é suficiente a demonstração primária do nexo de causalidade pelo exercício da

atividade perigosa, sem se cogitar do aspecto subjetivo da conduta do agente.

No Brasil, a responsabilidade subjetiva é a regra geral no dever de indenizar.

Ela está fundamentada na noção de um comportamento em contrariedade ao direito

de ação ou de omissão que venham a causar dano, existindo liame causal entre um

e outro.

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46

A responsabilidade objetiva tornou-se exceção. Apesar de que sua

importância vem crescendo à medida que a vida moderna apresenta inúmeros casos

em que a indenização individual, fundada na idéia de culpa, não traz solução aos

problemas.

Freitas diz que, [...] foi no âmbito dos atos praticados pelo Estado que a

responsabilidade objetiva alcançou maior desenvolvimento.16

Além desta abordagem, necessário faz-se discorrer um pouco sobre os

pressupostos da responsabilidade civil.

O dano aparece como elemento fundamental para a existência da

responsabilidade civil, pois é um prejuízo resultante de uma lesão a um direito.

Desta forma, o dano constitui-se em prejuízo, suportado pela vítima no seu

patrimônio, seja jurídico ou moral, em virtude de ato, fato ou omissão de outrem.

Presente deve estar o fato causador do dano, e por último, deve haver uma

relação de causa e efeito entre o dano e a ação do agente, ou seja, o nexo causal. A

constatação da existência de nexo de causalidade entre o dano e a ação do agente

é um dos aspectos mais controversos em matéria de responsabilidade civil.

O Ministério Público tem legitimidade para propor ação nesta esfera,

conforme a Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, que disciplina a ação civil pública,

além da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público n° 8.625, de 12 de fevereiro de

1993.

Não rara as vezes em que o policiamento ambiental comunica o Ministério

Público, por meio de oficio, sobre danos ao meio ambiente decorrentes de ações

delituosas.

16

FREITAS, Vladimir Passos de. A Constituição Federal e a efetividade das normas ambientais. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2000, p. 168.

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47

2.2.3 A Esfera Penal

O surgimento da responsabilidade penal decorre de ação ou da omissão de

um individuo que, ao violar uma norma penal, pratica crime ou contravenção penal.

Silva defende que:

Os crimes constituem-se ofensas graves a bens e interesses jurídicos de grande valor, de que resultam danos ou perigos próximos, de onde as duas categorias de crime – de dano e de perigo, a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, acumulada ou não com multa.

17

As contravenções penais referem-se a condutas a que a lei comina sanção

de menor monta, prisão simples ou multa. A lei é que vai apresentar o que é

contravenção e o que é crime.

Na atualidade observa-se uma grande tendência no campo penal para

descriminar os fatos, isto em termos gerais e não especificamente, para ilícitos

ambientais.

Freitas defende o seguinte:

O Meio Ambiente é bem jurídico de difícil, por vezes impossível, reparação. O sujeito passivo não é um indivíduo, como no estelionato ou nas lesões corporais. É toda a coletividade. O alcance é maior. Tudo deve ser feito para criminalizar as condutas nocivas, a fim de que o bem jurídico, que na maioria das vezes é de valor incalculável, seja protegido.

18

No Brasil, também cabe ao Ministério Público a propositura da ação penal

pertinente, conforme previsão do Código de Processo Penal, pois as infrações

penais contra o meio ambiente são de natureza pública incondicionada. Aplicam-se,

entretanto, as disposições previstas no art. 89 da Lei n° 9.099/95, aos crimes de

menor potencial ofensivo, nos termos expressos dos artigos 27 e 28 da Lei n° 9.605,

de 1998.

17

SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. 3 ed, ver. ampl. São Paulo: Editora Malheiros, 2000, p. 271. 18

FREITAS, op.cit., p. 198.

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48

A Polícia Ambiental no Estado de São Paulo está oficialmente autorizada a

elaborar termos circunstanciados, nos casos abrangidos pela Lei n° 9.099/95, de

acordo com a Resolução SSP 403/2001, fundamentado pelo Provimento n° 758 do

Conselho Superior da Magistratura de São Paulo.

Este instrumento tem-se mostrado eficiente na condução das ocorrências

tornando-as mais céleres dos que as tradicionalmente conduzidas aos distritos

policiais.

Apesar disso, recentemente, o atual Secretário Estadual de Segurança

Pública anunciou que em breve irá revogar o poder da Polícia Militar de elaborar os

termos circunstanciados, devido à pressão política da Polícia Civil.

Segue, abaixo, um quadro demonstrativo de elaboração de termos

circunstanciados pelo policiamento ambiental do ano de 2006 a 2008:

Tabela 2 Elaboração de Termos Circunstanciados – 2006/2008

Ano 2006 2007 2008

Quantidade 3.263 4.549 5.178

Fonte: Comando de Policiamento Ambiental de São Paulo.

A Lei dos Juizados Especiais fez com que o sistema processual penal no

Brasil se alterasse. Particularmente às infrações penais ambientais, verifica-se que

várias dessas sujeitam-se à Lei n° 9.099/95, com ampliação da competência pela Lei

n° 10.259/01, visto que a maioria tem pena máxima não superior a dois anos, ou

multa. Portanto, ou são passíveis de transação, ou admitem suspensão do processo.

Freitas defende o seguinte:

Resultantes das inovações dos princípios insculpidos no art. 2o, da Lei n°

9.099/95, dogmas processuais sedimentados há décadas foram modificados, sendo apresentado um novo processo orientado por critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, almejando, sempre que possível a conciliação e a transação.

19

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49

A sociedade tem percebido a importância da aplicação da nova lei, pois atos

que outrora se apresentavam morosos tornaram-se mais ágeis.

2.2.3.1 Responsabilidade Penal das Pessoas Jurídicas

O legislador tornou expressa a responsabilidade penal das pessoas

jurídicas, consoante se verifica no art. 3º da Lei n° 9.605/98:

Art. 3.o

As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

20

A inovação trouxe ao Direito Penal brasileiro uma modificação de caráter,

pois este sempre se apoiava no subjetivismo da responsabilidade.

Houve uma evolução mundial, principalmente entre as nações mais

desenvolvidas que passaram a punir penalmente as pessoas jurídicas nos crimes

contra a ordem econômica e nos praticados contra o meio ambiente, sendo que, no

Brasil, os primeiros passos estão sendo dados com as primeiras condenações.

2.2.3.2 Poder de Polícia Ambiental

A noção de poder de polícia, na doutrina brasileira, assenta-se na definição

legal existente na Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1.966, que estabeleceu Código

Tributário Nacional:

19

FREITAS, op.cit., p. 215. 20

BRASIL. Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil.htm>Acesso em: 5 de jun.2009.

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50

Art. 78 Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do poder público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

21

Investida deste poder, a Polícia Militar do Estado de São Paulo desenvolve

suas atividades de segurança pública, mas desenvolve outra modalidade de poder

de polícia de forma mais específica, o poder de polícia ambiental.

Sobre este conceito, necessário faz-se transcrever a citação do

Desembargador Lazzarini:

Enfim, o poder de polícia ambiental é um excelente instrumento jurídico com que podemos contar para tornar efetiva a norma constitucional do artigo 225 da Constituição da República, ou seja, para que todos, de fato, tenham direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, razão de impor-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

22

Podem exercer este poder os funcionários de órgãos ambientais integrantes

SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, sendo que a polícia

ambiental faz uso deste em suas atividades cotidianas.

Investida deste poder, a polícia ambiental, detentora destes mecanismos

legais apresentados, pode servir para o Sistema Estadual de Defesa Civil de

facilitador para ações preventivas, em que se busque não somente a integridade

material ou ambiental, mas, acima destas, a preservação da vida, dentro de um

contexto de segurança global da população.

21

BRASIL. Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS> Acesso em: 01 de jun 2009. 22

LAZZARINI, Álvaro. Aspectos administrativos do direito ambiental. Força Policial n°4. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo (IMESP), 1994, p.71.

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51

3 A Polícia Ambiental no Sistema Estadual de Meio Ambiente

3.1 Gestão do Patrimônio Ambiental Estadual

A Mata Atlântica cobria originalmente 1,4 milhões de km² ao longo da porção

leste do Brasil, sendo que com a intensa ocupação humana, iniciada a partir da zona

costeira, essa floresta perdeu espaço para a urbanização.

Atualmente, 3.406 municípios, inclusive São Paulo, estão sobre a área

original deste bioma. Fragmentada, a Mata Atlântica ainda tem enorme importância

social e ambiental para aproximadamente 70% da população brasileira. Essa

cobertura vegetal regula o fluxo dos mananciais, influencia o clima, protege as

encostas das serras e abriga enorme biodiversidade.

A Serra do Mar e a Serra da Cantareira são exemplos significativos deste

bioma próximos à capital, onde a população pode imaginar como era a cobertura

original do Estado. Iniciativas do Governo do Estado de São Paulo estão em

andamento, buscando a preservação e a revitalização destas áreas com atuação

expressiva do policiamento ambiental de São Paulo, juntamente com outros órgãos.

O Governador do Estado de São Paulo, José Serra, engajado com as

questões ambientais, no início da sua gestão, estabeleceu um marco importante

para a área ambiental, quando lançou um pacote de medidas intitulado de ―21

Projetos Ambientais Estratégicos‖.

Estes projetos estão inclusos no Plano Plurianual (PPA) do Governo e foram

forjados após exaustivos estudos de técnicos da SMA, sob os reflexos do

aquecimento global, o desenvolvimento sustentável e a gestão eficiente do meio

ambiente.

Na cerimônia de anúncio dos projetos, em 02 de abril de 2007, o

Governador, em seu discurso, destacou a participação da polícia ambiental nas

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52

ações e reforçou a necessidade de punições dos infratores ambientais: ―Se não há

fiscalização e punição, as coisas não são cumpridas.‖ 23

Os projetos foram delineados e estabelecidos em diversas vertentes das

questões ambientais, sendo que cada projeto tem objetivos e metas próprias,

funcionando, na sua grande maioria, com envolvimento de diversos órgãos públicos

estaduais e municipais, além de participação das entidades civis.

A polícia ambiental assume uma importante posição no desenvolvimento

destes projetos, alinhada com as políticas governamentais, de acordo com o PPA,

participando diretamente da sua grande maioria, sendo reconhecida sua importância

pelos demais atores deste processo.

3.2 Sistema Estadual do Meio Ambiente

A Constituição Paulista estabeleceu, no artigo 193, como obrigação do

Estado, a criação de um sistema de gestão do patrimônio ambiental paulista, com o

objetivo de integrar ações dos órgãos e entidades públicas, além da coletividade na

defesa ambiental, estabelecendo finalidades.

Em obediência ao preceito constitucional, depois de decorridos oito anos da

promulgação da Constituição Paulista, foi estabelecida a Política Estadual de Meio

Ambiente, seus objetivos, mecanismos de formulação e aplicação.

Dela constituiu-se o Sistema Estadual de Administração da Qualidade

Ambiental, Proteção, Controle e Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso

Adequado dos Recursos Naturais (SEAQUA), por meio da Lei Estadual Nº 9.509, de

20 de março de 1997.

23

Informação disponível em: <http://www.pickupau.org.br/mundo/projeto> Acesso em: 01 de mai.2009.

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53

O SEAQUA buscando direcionar a Política Estadual do Meio Ambiente

estabeleceu como objetivo o seguinte:

Artigo 6º - O Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais (SEAQUA) tem por objetivo organizar, coordenar e integrar as ações de órgãos e entidades da administração direta, indireta e fundacional instituídas pelo poder público, assegurada a participação da coletividade, para a execução da Política Estadual do Meio Ambiente visando à proteção, controle e desenvolvimento do meio ambiente e uso sustentável dos recursos naturais, nos termos do artigo 193 da Constituição do Estado.

24

A possibilidade de participação da população na elaboração das diretrizes

de defesa ambiental do Estado sedimentou que esta temática transcende a

imposição estatal, necessitando do envolvimento de todos os segmentos sociais.

O SEAQUA foi estruturado da seguinte forma:

Artigo 7º - Os órgãos e entidades da administração direta, indireta e fundacional do Estado e dos Municípios instituídos pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, administração de recursos naturais, bem como as voltadas para manutenção e recuperação da qualidade de vida constituirão o Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental (SEAQUA), integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), que será assim estruturado: l - vetado; ll - órgão central: a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SMA), com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar, controlar, como Órgão estadual, a Política Estadual do Meio Ambiente, bem como as diretrizes governamentais fixadas para a administração da qualidade ambiental; lll - órgãos executores: os instituídos pelo Poder Público Estadual com a finalidade de executar e fazer executar, como órgão estadual, a política e diretrizes governamentais fixadas para a administração da qualidade ambiental; IV - órgãos setoriais: os órgãos ou entidades integrantes da administração estadual direta, indireta e fundacional, cujas atividades estejam associadas às de proteção da qualidade ambiental e de vida ou àqueles de disciplinamento de uso dos recursos ambientais e aqueles responsáveis por controlar a produção, comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, qualidade de vida e o meio ambiente; V - órgãos locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização ambiental nas suas respectivas áreas de atuação.

24

SÃO PAULO. Lei Estadual nº 9.509, de 20 de março de 1997. Dispõe sobre a Política Estadual do Meio ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Disponível: http://www.sigam.ambiente.sp.gov.br/Sigam2/legisla%C3%A7%C3%A3o%20ambiental/lei%20est%201997_09509.pd > Acesso em: 28 de mai.2009.

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54

A Constituição do Estado de São Paulo integrou a polícia ambiental no

SEAQUA, em seu artigo 195, parágrafo único, dizendo isto:

O sistema de proteção e desenvolvimento do meio ambiente será integrado pela Polícia Militar mediante suas unidades de policiamento florestal e de mananciais, incumbidas da preservação e da repressão das infrações cometidas contra o meio ambiente, sem prejuízo dos corpos de fiscalização dos demais órgãos especializados.

25

O Decreto Estadual nº 46.263, de 09 de novembro de 2001, alterou

denominação de policiamento florestal e de mananciais para polícia ambiental, tendo

em vista que as atividades de fiscalização desenvolvidas não se limitam somente às

florestas e aos mananciais.

Mele afirmou o seguinte:

A expressão repressão, mencionada na Constituição, possuía inicialmente o objetivo de permitir ao policiamento florestal a execução de atos de polícia judiciária com relação aos crimes praticados contra o meio ambiente; porém, tal intento não foi possível concretizar devido às restrições previstas na Constituição Federal, em razão de as polícias militares só poderem executar atividades de polícia judiciária nos crimes propriamente militares. A expressão repressão se direciona, então à repressão administrativa que é levada a termo na fiscalização do policiamento florestal, com autuações contra aqueles que cometem danos ambientais.

26

A polícia ambiental está inserida no rol dos órgãos setoriais que compõe o

SEAQUA, juntamente com a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental

(CETESB), parceira em diversas ações conjuntas, responsável pelo controle, pela

fiscalização, pelo monitoramento e pelo licenciamento de atividades geradoras de

poluição, com a preocupação fundamental de preservar e de recuperar a qualidade

das águas, do ar e do solo.

Recentemente foi alterada a denominação do órgão para Companhia

Ambiental do Estado de São Paulo, por meio da Lei n° 13.542, de 08 de maio de

25

SÃO PAULO (Estado), Constituição (1989). Constituição do Estado de São Paulo.Informação disponível em < http://www.legislacao.sp.gov.br >. Acesso em: 14 de jun. 2009. 26

MELE, João Leonardo. Ordenamento histórico jurídico da proteção do Meio Ambiente natural e criação do manual de fiscalização dos recursos naturais. São Paulo Monografia (Curso Superior de Polícia) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, 1999, p 144.

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55

2009, mas mantendo a sigla CETESB, transformando-a no único órgão licenciador e

fiscalizador do Sistema Estadual de Meio Ambiente.

Importante destacar que a nova lei não exclui a competência de outros

órgãos da Secretaria do Meio Ambiente e dos demais órgãos integrantes do

SEAQUA e do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos de São

Paulo (SIGRH), especialmente na fiscalização preventiva e repressiva de infrações à

legislação ambiental, de proteção de mananciais.

Desta feita, continua o policiamento ambiental na sua missão de proteção

aos recursos naturais paulistas.

Dentro da estrutura do SEAQUA figura o Conselho Estadual do Meio

Ambiente (CONSEMA), instituído como órgão normativo e recursal, não meramente

consultivo, cabendo-lhe a propositura, o acompanhamento e a avaliação da política

ambiental, estabelecendo normas, critérios e padrões para licenciamento de

atividades potencialmente poluidoras e o controle e a manutenção da qualidade

ambiental.

Faz parte da rotina do CONSEMA a análise de estudo de impacto ambiental

relatório de impacto no meio ambiente (EIA/RIMA) de grandes obras que tragam

interferências ao meio ambiente.

Criado em 1983, por decreto do Governador Montoro e diretamente

subordinado ao seu gabinete, o CONSEMA serviu de embrião para a formação da

SMA a qual está hoje integrado.

A SMA disponibiliza, em sua página da rede mundial de computadores, o

histórico da concepção e das atribuições do CONSEMA:

O CONSEMA foi concebido no contexto em que a discussão social de assuntos ambientais tornou-se urgente. Problemas como a poluição de Cubatão, que em 1983 apresentava níveis assustadores, a ameaça à sobrevivência da Floresta Atlântica da Serra do Mar, o ingresso da cidade de São Paulo no triste ranking das cidades mais poluídas do mundo e o início das obras para a construção de usinas nucleares na bela região que,

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56

anos depois, se transformaria na Estação Ecológica da Juréia-Itatins, começavam a alarmar uma sociedade antes quase que alienada das questões ambientais. Estes problemas caracterizaram-se como os primeiros desafios enfrentados pelo Conselho, que nasceu para atender os anseios da sociedade e para introduzir definitivamente a política ambiental no cenário político do Estado.

27

Pode-se observar que, mesmo antes do surgimento de uma Política

Estadual do Meio Ambiente, as autoridades paulistas revelaram sua preocupação e

deram destaque às questões ambientais com a criação do CONSEMA.

A polícia ambiental, por meio de seu Comandante ocupa assento no referido

conselho, participando ativamente das discussões que tenham relação com as

atividades desenvolvidas pela instituição.

Este fórum tem alçado a polícia ambiental a ser reconhecida como a

principal instituição no Estado engajada na defesa do meio ambiente, pois não existe

no território paulista outro contingente de funcionários deste porte, destacado

exclusivamente para defesa dos recursos naturais.

3.2.1 O Policiamento Ambiental Paulista

O surgimento da polícia ambiental remonta o século passado, quando um

tenente da Força Pública chamado Odilon Spínola Neto, foi designado para

comandar um pequeno contingente de policiais com a responsabilidade de proteger

as florestas paulistas.

Discorre Mele o seguinte:

Em 13 de maio de 1949, a Secretaria de Agricultura, percebendo a necessidade de atribuir estas atividades de proteção ao meio ambiente a um órgão mais específico e mais especializado, solicitou ao Governo do Estado que tal Órgão deveria emergir da Força Pública. Foi assim que em 14 de dezembro de 1949, o 1°Tenente PM Odilon Spínola Neto,

27

Informação disponível em:< http://www.ambiente.sp.gov.br/consemaIntro.php > Acesso em: 12 de abr.2009.

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57

comandando 5 (cinco) Segundos- Sargentos, 4(quatro) Cabos e 18( dezoito) Soldados iniciava as primeiras atividades de fiscalização florestal do Estado de São Paulo.

28

Sua denominação a época era Polícia Florestal e de Mananciais, sendo que

sua concepção e forma de atuação, muito assemelhavam-se aos que hoje

desenvolve as atribuições de guarda-parques.

O Código Florestal de 1934 foi quem alavancou a criação deste contingente

especializado, pois nele estava prevista a possibilidade de criação de serviços de

proteção das florestas. O Estado de São Paulo saiu à frente dos demais, criando em

14 de dezembro de 1949, o primeiro contingente de policiais na América Latina,

voltados à proteção do meio ambiente.

Além da previsão constitucional, o Decreto Federal nº 88.777, de 30 de

setembro de 1983, estabeleceu no seu artigo 2º, item 27, o conceito de policiamento

ostensivo, apontando como seus tipos, a cargo das polícias militares, dentre outros:

policiamento ostensivo geral, urbano e rural e

policiamento florestal e de mananciais.

Atualmente, o policiamento ambiental conta com um efetivo aproximado de

2.200 homens, distribuídos no Estado em 114 organizações policiais militares

(OPM).

Fato é que a PMESP, por intermédio de sua unidade de policiamento

ambiental, é responsável pelo policiamento ostensivo-preventivo de proteção do

meio ambiente, contribuindo para uma boa qualidade ambiental, além das atividades

de proteção das pessoas que vivem no campo, por meio do patrulhamento rural.

Iniciativas de modernização vêm sendo adotadas pelo Comando de

Policiamento Ambiental (CPAmb), a fim de suprir deficiências humanas e materiais,

por meio de soluções tecnológicas.

28

MELE, João Leonardo. Segurança Ambiental e Segurança Pública – São Paulo. Revista Segurança Ambiental,- Editora Lótus, 2004, p. 28.

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58

Fiscalização aérea, monitoramento por imagens de satélites, parcerias com

iniciativa privada, são exemplos que vem alcançando os objetivos estabelecidos,

além de forte investimento em campanhas educativas.

A capacitação profissional do efetivo, por meio de diversos cursos de

especialização, vem aprimorando o serviço prestado à população.

A atividade de fiscalização ambiental é umas das mais técnicas e

abrangentes que a Corporação desenvolve, em razão da multidisciplinaridade dos

assuntos, exigindo permanente atualização profissional.

Os cursos de especialização em policiamento ambiental, além das matérias

voltadas a técnicas de fiscalização, dão ênfase em seus currículos das matérias

voltadas às legislações vigentes, conforme se observa abaixo:

ÁREA Nº ROL DE MATÉRIAS carga horária

A

S

S

U

N

T

O

S

01 Ecologia, Educação Socioambiental e Políticas Ambientais 11

02 Introdução ao Estudo do Direito Ambiental Brasileiro 26

03 Direito Ambiental da Flora 18

04 Direito Ambiental dos Animais 19

05 Direito Ambiental da Fauna Ictiológica 19

06 Direito Ambiental dos Recursos Hidricos e Minerais 18

07 Doutrina e Técnicas de Policiamento Ambiental e Rural 72

SOMA DA CARGA HORÁRIA DAS MATÉRIAS CURRICULARES: 183

A DISPOSIÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR 02

TOTAL: 185

Fonte: Comando de Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo. Ilustração 5 Quadro Curricular do Curso de Especialização de Oficiais em Policiamento Ambiental.

Observa-se que não consta do rol de matérias., nem de seus planos

didáticos, assuntos sobre danos ambientais decorrentes de desastres humanos ou

antropogênicos, nem, noções de Defesa Civil, além de temas relacionados com

ocorrências desta natureza.

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59

Após pesquisa de polícia comparada sobre o assunto, verifica-se que o

policiamento ambiental do Estado do Rio Grande do Sul possui, no currículo do

curso de especialização em gestão de policiamento ambiental, matérias sobre

transporte de produtos perigosos, produtos tóxicos e incêndios florestais, além de

outros, conforme quadro abaixo:

Módulo nº de ordem

Matérias Carga/h

Básico 1 Geografia do Estado 20

2 Estudo do Meio Ambiente 20

3 Direito Ambiental 30

4 Tiro Prático policial 20

Gestão I 5 Poluição Ambiental 25

6 Preservação Florestal 25

7 Proteção à Fauna 25

8 Pesca 25

Gestão II 9 Incêndio Florestal 10

10 Educação Ambiental 10

11 Recursos Hídricos 5

12 Resíduos Sólidos 5

13 Mineração 20

14 Direito Urbanístico 10

15 Produtos Tóxicos 5

16 Unidades de Conservação 5

17 Produtos Perigosos 10

18 Natação e Salvamento 20

Operacional 19 Administração de Operações 20

20 Técnica Marinheiro de Convés 10

21 Exercício Prático 10

CARGA-HORÁRIA TOTAL 360

Fonte: Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Ilustração 6 Quadro Curricular do Curso de Especialização em Policiamento Ambiental.

É intenção do comando do segmento especializado em policiamento

ambiental daquele Estado incluir, na grade curricular dos seus cursos, matéria

relacionada com Defesa Civil, motivado pelo aumento de ocorrências desta natureza

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60

na região Sul do país, conforme informações em 28 de abril de 2009, do Cap PM

Facin, oficial da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, ratificadas em viagem de

polícia comparada realizada naquele Estado.

3.2.1.1 A Proteção Ambiental no Planejamento Estratégico da PMESP

O Plano Plurianual do Governo do Estado de São Paulo (PPA) 2008-2011

estabeleceu como diretrizes fundamentais:

redução das desigualdades sociais e melhoria da qualidade de vida

da população;

geração de emprego, de renda e preservação dos recursos naturais;

garantia da segurança pública e promoção dos direitos humanos.

A PMESP, alinhada com o PPA, estabeleceu em seu planejamento

estratégico 2008-2011, a proteção ambiental como um dos itens de importância. O

Comando da Corporação remeteu esta missão ao policiamento ambiental para

desenvolver ações nesta área, conforme segue:

Diretrizes Finais Os pontos fundamentais na execução dos projetos estratégicos são a participações ativas das organizações não governamentais; o envolvimento dos municípios, e a atuação da Polícia Militar Ambiental, para punir os infratores. A polícia ambiental integrada às políticas governamentais desenvolverá plano específico de fiscalização junto aos projetos ambientais estratégicos, envidando esforços para sua concretização, representando a responsabilidade ambiental da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

29

Fica claro, que a polícia ambiental assume a responsabilidade de interagir

com os demais órgãos e com as entidades ambientais, em nome da PMESP,

demonstrando a preocupação da Corporação com esta temática.

29

Informação disponível em:< http://www.intranet.polmil.sp.gov.br/planejamento_estrategico2008.pdf > Acesso em: 12 de abr.2009.

Page 61: DESASTRES  HUMANOS:  NECESSIDADE  DE  RESPONSABILIZAÇÃO  DOS  DANOS AMBIENTAIS PELA POLÍCIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

61

É reconhecida a atribuição do policiamento ambiental, em impor sanções,

àqueles de infringirem os ordenamentos jurídicos, desta feita não pode a polícia

ambiental furtar-se em agir diante de qualquer agressão aos bens ambientais, em

qualquer situação que seja.

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4 A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil como Gestora do Sistema

Estadual de Defesa Civil

4.1 Breve Histórico da Defesa Civil

Na I Guerra Mundial houve uma mudança significativa nos métodos de

combate, os alvos passaram a ser locais que dificultassem o abastecimento das

tropas inimigas, como indústrias, estradas, aeroportos e portos. Esta tática fazia com

que o inimigo se apresentasse para o combate fragilizado, pois reduzia sua

capacidade de suprimentos.

O número de vítimas civis aumentou significativamente, mesmo não estando

diretamente envolvidas na guerra. Este novo cenário fez com que países

desenvolvidos criassem órgãos de proteção dos civis.

Em 1942, durante a II Guerra Mundial, como conseqüência do ataque

japonês à base de Pearl Harbour, surgiu no Brasil, o Serviço de Defesa Passiva

Antiaérea, sob supervisão do Ministério da Aeronáutica.

Somente em 1943, surge a denominação deste serviço denominado Defesa

Civil, mas com os mesmos objetivos e finalidades anteriores, agora subordinados ao

Ministério da Justiça.

Entre as guerras, as estruturas montadas para proteger os civis ficavam

ociosas, sendo que começaram a atuar no atendimento de vítimas atingidas por

desastres naturais, tais como maremotos, furacões, inundações e incêndios. O

campo de atuação das estruturas de defesas civis foi ampliado, países

desenvolvidos investiram nas suas estruturas, formando-as de forma multidisciplinar.

Fica claro que o atendimento de uma emergência tem a concepção

multidisciplinar, em razão da complexidade dos resultados danosos que tendem a

apresentar.

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63

Kita discorre, em sua monografia, o seguinte:

Outra característica marcante é a participação de várias instituições nas atividades com caráter de defesa civil, independentemente de serem vinculadas ao governo ou emanadas da própria comunidade.

30

Da mesma forma, nos demais países da América Latina, as estruturas de

defesas civis surgiram para o enfrentamento de desastres, em decorrência da

freqüência que ocorriam.

Desde a sua criação, a Defesa Civil estruturou-se obedecendo aos modelos

militares, cujo perfil começou a ser modificado na década de 60, quando do

enfrentamento das secas e de inundações que assolaram o país, foi criado um

Grupo Especial para Assuntos de Calamidades Públicas (GEACAP), por meio do

Decreto nº 67.347, de 05 de outubro de 1970, estando este diretamente ligado ao

Ministério do Interior.

Somente em 1979 a estrutura atual do sistema no âmbito federal consolidou-

se com a criação da Secretaria Nacional de Defesa Civil (SEDEC), por meio do

Decreto Federal nº 83.839/79, sendo inserida no Ministério do Interior, com a

finalidade de apoiar o GEACAP.

A população paulista sentia a ausência de um sistema que coordenasse as

ações de emergências, necessidade sentida nos anos de 1967 e 1969, quando o

município de Caraguatatuba, foi assolado por intensas chuvas e por conseqüentes

escorregamentos de encostas.

Nestas ocasiões o socorro foi feito de maneira improvisada, deixando visível

a falta de sintonia dos órgãos envolvidos, ficando latente a necessidade da criação

de um órgão coordenador das ações.

30

KITA, Luiz Massao. A Polícia Militar no processo de operacionalização das coordenadorias municipais de Defesa Civil. São Paulo. Monografia (Curso Superior de Polícia) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, 2005, p 24.

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64

São Paulo, em 1974, após o incêndio do edifício Joelma, que vitimou várias

pessoas, criou-se, na Secretaria de Economia e Planejamento, com o objetivo de

elaborar estudos sobre medidas de prevenção de incêndios. Iniciativa adotada em

1972, após o incêndio do Edifício Andraus, mas sem sucesso, apesar ter sido criada

a 1° Comissão de Defesa Civil.

Neste grupo, em 1974, a Casa Militar sugeriu a criação de um Sistema

Estadual de Defesa Civil, sendo que em 1976, esta idéia foi concretizada, ficando

incumbida a ela esta nobre e árdua missão.

4.2 Estrutura da Defesa Civil do Estado de São Paulo

Na gestão do Governador Mário Covas o Sistema Estadual de Defesa Civil

foi reorganizado, por meio do Decreto Estadual n° 40.151/95, perdurando o modelo

até hoje, sendo reforçadas suas atribuições no Decreto Estadual n° 48.526, de 04 de

março de 2004, que reorganizou a Casa Militar do Gabinete do Governador.

A Polícia Militar, por meio da SSP, está inserida como órgão setorial no

Sistema Estadual de Defesa Civil, por meio do Decreto Estadual n° 40.151/95

estabelece o seguinte:

Artigo 12 – Às Secretarias de Estado, por intermédio de seus Órgãos e entidades vinculadas, e em articulação com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, entre outras atividades, cabe: I – Secretaria da Segurança Pública: a) coordenar as ações do Sistema de Segurança Pública e a atuação das Polícias Civil e Militar, visando à preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio nas áreas em situações de desastres; b) garantir a segurança operacional da CEDEC, dentro e fora dos abrigos e acampamentos, assim como nas áreas em situações de desastres; c) neutralizar qualquer indício de agitação da ordem pública quando da realização dos trabalhos de Defesa Civil, nas áreas em situações de desastres; d) executar as atividades de busca e salvamento nas atividades de Defesa Civil, empregando o efetivo do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado; e) incentivar, em conjunto com a CEDEC, a implantação e a implementação de cursos e palestras de capacitação operacional para voluntários, em apoio aos municípios envolvidos em operações sazonais de Defesa Civil,

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65

por meio das unidades especializadas da Polícia Militar (Comando do Corpo de Bombeiros e Comando de Polícia Florestal e de Mananciais); f) manter informado, diariamente, o Centro de Operações da CEDEC sobre as ocorrências e operações relacionadas com Defesa Civil atendidas e/ou executadas pelas unidades operacionais da Polícia Militar (Comando de Policiamento Metropolitano – CPM, Comando de Policiamento do Interior – CPI e Comando do Corpo de Bombeiros – CCB), por meio dos seus respectivos Centros de Operações (Centro de Operações da Polícia Militar – COPOM, Centro de Comunicações do Interior – CCI e Centro de Operações do Bombeiro – COBOM).

31

Fica claro que é atribuição da Polícia Militar, por meio de suas OPM, manter

contato permanente com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), da

Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC), comunicando as ocorrências e as

operações de Defesa Civil executadas ou em andamento.

Conforme informações do Capitão PM Kasai, Diretor da Divisão de

Gerenciamento de Emergências da CEDEC:

Não existe uma sistematização quanto a esta comunicação, sendo que na grande maioria das vezes o CGE é comunicado tardiamente sobre as ocorrências, até mesmo ficando sabendo destas por meio da mídia, ficando prejudicada a articulação com demais órgãos do sistema. Em grande parte das ocorrências o policiamento territorial e bombeiros são acionados, não sendo comum o acionamento do Policiamento Ambiental. Acredito ser importante a inserção de matérias sobre responsabilização de danos ambientais nos diversos cursos, pois acho que grande parte dos integrantes da Defesa Civil não possuem este conhecimento.

32

Destaca-se, no Decreto Estadual n° 40.151/95, o investimento nas

atividades conjuntas de capacitação operacional, mediante o Comando do Corpo de

Bombeiros e do Comando de Policiamento Ambiental.

A CEDEC, conforme Decreto Estadual n° 48.526/04, é um dos

departamentos ligados à Casa Militar do Governador, tendo em sua estrutura,

divisões e núcleos voltados ao gerenciamento de emergências, comunicação social,

convênios e de planejamento, legislação e ensino de Defesa Civil.

31

SÃO PAULO. Decreto Estadual nº 40.151, de 16 de junho de 1995. Dispõe sobre a reorganização do Sistema Estadual de Defesa Civil do Estado. Diário Oficial do Estado. Disponível em < http://www.imesp.com.br >. Acesso em: 14 de jul. 2009. 32

Entrevista realizada em 07 de julho de 2009 com o Capitão PM Tôni Kasai, Diretor da Divisão de Gerenciamento de Emergências da CEDEC em São Paulo.

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66

Todas as divisões e núcleos têm sua importância no sistema, mas a Divisão

de Gerenciamento de Emergências é a primeira a ter contato com o evento

desastroso, tendo como atribuições estabelecidas da seguinte forma:

Artigo 16 – A Divisão de Gerenciamento de Emergências tem as seguintes atribuições: I – por meio do Núcleo de Gerenciamento de Emergências: a) manter o Centro de Gerenciamento de Emergências, em funcionamento ininterrupto, para a captação e o processamento de dados relativos a desastres que possam necessitar da prestação de serviços da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil; b) manter contato permanente com os órgãos do Sistema Estadual de Defesa Civil para apoio no atendimento de emergências; c) promover a coordenação do apoio operacional às emergências, ofertado por outros órgãos e entidades da administração direta e indireta e entidades civis; d) analisar e monitorar os planos estabelecidos pelo Sistema Estadual de Defesa Civil, em conjunto com a Divisão de Planejamento, Legislação e Ensino de Defesa Civil; e) administrar a rede de emergência do Sistema Estadual de Defesa Civil; f) prover o serviço de previsão meteorológica e g) receber, controlar e processar os relatórios das ações emergenciais.

33

Ao Núcleo de Gerenciamento de Emergências recai a responsabilidade de

manter em funcionamento ininterrupto o CGE, assessorando o Coordenador

Estadual de Defesa Civil, com os dados das ocorrências.

Dentre suas atribuições mais significativas está a promoção da coordenação

do apoio operacional às emergências, deste modo assume relevante papel de

coordenação, ficando sob sua responsabilidade esta interação dos órgãos que

compõem o Sistema de Defesa Civil.

Para Kita (2008, apud SARAIVA, p.85),

[...] a Defesa Civil têm a prerrogativa de coordenar ações multidisciplinares nas questões de Segurança Pública, que envolvem a Policia Militar de forma geral, a Polícia Ambiental, o Corpo de Bombeiros, o SAMU e outras instituições que ficam sob minha tutela.

34

33

SÃO PAULO. Decreto Estadual nº 48.526, de 4 de março de 2004. Reorganiza a Casa Militar do Governador e dá outras providências. Disponível <<http://www.legislacao.sp.gov.br >> Acesso em: 07 de jul. 2009. 34

SARAIVA, André. Defesa Civil Somos Todos Nós. Revista Meio Ambiente Industrial. Editora Tocalino. São Paulo, 2008, p.85.

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67

Reforça o Coordenador Estadual de Defesa Civil o papel de coordenador

que a CEDEC assume perante aos demais órgãos componentes do sistema.

Como forma de registro das ocorrências, o CGE gera um histórico do evento,

por meio dos chamados informativos ou relatos, em que o encarregado de equipe

dará ciência ao oficial de operações, que adotará as providências cabíveis.

Os relatos são confeccionados para ocorrências de maior gravidade, ficando

o informativo apenas para registros de ocorrências menos relevantes.

Apesar da falta de um banco de dados sistematizado no CGE, segue abaixo,

um quadro demonstrando a quantidade de ocorrências registradas, no período de

2006 a 2008, bem como suas naturezas:

N A T U R E Z A 2006 2007 2008

Acidente Aéreo 006 009 003

Acidente com Raio 012 012 013

Acidente Ferroviário 004 005 002

Acidente Rodoviário / Trânsito 018 005 009

Acidente Rodoviário / Trânsito com PP 022 019 005

Incêndio 049 030 005

Chuvas 314 185 137

Outros (Explosão Ambiental, Acidente com Embarcações, Desabamento,

Erosão, Maré Alta, etc.)

047 034 009

TOTAL 472 299 183

Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil. Ilustração 7 Quadro de Registro de Ocorrências do CGE.

Nota-se a tendência de grande redução no registro das ocorrências no

período avaliado, principalmente em comparação a outros órgãos que atendem

emergência (Corpo de Bombeiros, CETESB, Polícia Rodoviária Estadual e Polícia

Ambiental).

Conforme constatado no CGE, in loco, em 22 de maio de 2009, diariamente,

são feitos contatos telefônicos com diversos órgãos de emergências da capital e

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interior, conforme relação abaixo, com a finalidade de verificar as condições

meteorológicas e as ocorrências de vulto.

Centro de Operações da Polícia Militar;

Centro de Operações do Corpo de Bombeiros;

CETESB;

Comando de Policiamento Rodoviário;

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de São Paulo;

2° Seção do Estado Maior da Polícia Militar;

Centro de Operações da Polícia Civil;

Companhia de Engenharia de Tráfego e

Todos os Centros de Operações do Corpo de Bombeiros da Grande

São Paulo e Interior do Estado.

Pode-se observar, que o policiamento ambiental não faz parte dos órgãos

que são contatados pelo CGE, apesar de contar com um serviço de permanência

que funciona no Comando de Policiamento Ambiental de forma ininterrupta, por meio

do telefone (11) 5082-33-30, além de uma linha disponibilizada pela SMA para

atendimento de emergências e de denúncias (0800 11 35 60).

Também são emitidos, diariamente, boletins meteorológicos para os órgãos

elencados anteriormente, além das coordenadorias regionais de defesa civil

(REDEC).

O Estado de São Paulo é dividido em coordenadorias regionais de defesa

civil, estando estas subordinadas diretamente a CEDEC. Atualmente o Estado

possui quatro coordenadorias regionais de defesa civil na região metropolitana, além

de outras quinze distribuídas no interior.

Os coordenadores regionais são nomeados por ato do Chefe da Casa

Militar, sendo que dentre eles encontram-se diversos profissionais, distribuídos entre

civis, oficiais do Corpo de Bombeiros e do policiamento territorial, não possuindo a

polícia ambiental nenhum representante nesta função.

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69

Por um trabalho intenso de conscientização da CEDEC junto às prefeituras,

todos os municípios do Estado possuem suas coordenadorias municipais de defesa

civil (COMDEC), nem todas bem estruturadas. As COMDEC assumem uma

importância dentro do sistema, pois darão o primeiro enfrentamento a situação

adversa.

A COMDEC da cidade de São Paulo é a mais estruturada no Estado,

estando a sua frente como coordenador o Coronel da Reserva PM Orlando

Rodrigues de Camargo Filho, sendo que, em entrevista, discorre o seguinte:

[...] acredito que a Defesa Civil deveria dar maior atenção a responsabilização dos danos ambientais nas ocorrências, pois são frequentes. O problema é que os integrantes da Defesa Civil desconhecem quais são os mecanismos existentes, nem qual o papel da polícia ambiental no sistema.

(informação verbal)

35

A distribuição geográfica das REDEC segue a ilustração abaixo:

Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil. Ilustração 8 Mapa de Distribuição das Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil.

Todo o sistema depende de aprimoramentos, diante de novas

circunstâncias, desta forma o atual Governo Estadual instituiu na CEDEC, por meio

35

Entrevista realizada em 06 de maio de 2009 com o Cel Res PM Orlando Rodrigues de Camargo Filho, coordenador da COMDEC/SP, em São Paulo.

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70

do Decreto n° 53.417, de 11 de setembro de 2008, o Comitê para Estudos das

Ameaças Naturais e Tecnológicas (CEANTEC), com o seguinte propósito:

promover a adoção e a difusão de doutrinas e técnicas de comando

como ferramentas de gerenciamento em casos de risco, ameaça ou

desastre, naturais ou provocados pelo homem;

fomentar a implementação de sistema de integração de dados de

interesse da cedec;

promover a realização de estudos para a análise das ameaças

naturais e tecnológicas; e

adotar medidas para a elaboração e atualização do mapa estadual

de ameaças naturais e tecnológicas.

A polícia ambiental participou, neste ano, de uma reunião do CEANTEC,

representando a SSP, o que demonstra a relação de suas atividades com os

propósitos da CEDEC.

4.3 Conceito de Defesa Civil adotado no Estado de São Paulo

A Coordenadoria de Defesa Civil do Estado de São Paulo (CEDEC),

seguindo a doutrina da SEDEC, recepcionou a definição adotada na esfera federal:

Defesa civil é o conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas destinadas a evitar ou minimizar os desastres, preservar o moral da população e restabelecer a normalidade social.

36

Fica claro como objetivo da CEDEC que todos os esforços têm que ser

despendidos a fim de evitar os desastres, mas ocorrendo, ações devem ser

adotadas para que seus efeitos sejam suavizados.

36

NETO, Mauro Cerri. Aspectos Jurídicos das Atividades de Defesa Civil. Brasília. Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional de Defesa Civil. 2007, p 12.

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71

Analisando o conceito adotado, verifica-se que a Defesa Civil vem-se

distanciando da essência da sua criação, vista somente como um órgão voltado a

emergências, aproximando-se cada vez mais das ações preventivas.

4.4 Fases

Sob o aspecto conceitual de defesa civil, fica claro que suas ações se

desenvolvem em quatro fases: a preventiva, a de socorro, a assistencial e de

recuperação.

Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil. Ilustração 9 Fases de Defesa Civil.

Scachetti afirma o seguinte:

Para fins de estudos doutrinários, a defesa civil desenvolve-se em quatro fases, porém não se deve perder a noção de sua abrangência e amplitude de ação, que na prática, extrapola em muito qualquer tipo de tentativa de compartimentação de ações. Elas, na prática, evoluem necessariamente conforme os desdobramentos e conseqüências de um evento adverso, sua abrangência, gravidade e duração.

37

Percebe-se que estas fases são dinâmicas e contínuas, funcionando em

círculos, passa-se da prevenção a recuperação, adotando medidas recuperativas

como forma de prevenir novo desastre.

37

SCACHETTI, Eliane Nikoluk. O Papel da Polícia Militar no sistema de Defesa Civil como potencial de articulação no interesse da ordem pública. São Paulo. Monografia (Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, 2004, p 33.

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72

4.4.1 Fase Preventiva

A prevenção assume na defesa civil o papel de maior importância, porque

busca prevenir a ocorrência de desastres naturais ou humanos e, caso ocorram,

persegue a minimização de seus efeitos. No Estado de São Paulo, têm-se por meio

da CEDEC, exemplos de ações preventivas que são consagradas, os planos

preventivos e de contingência.

Dias Filho discorre, em sua monografia, o seguinte:

A busca da prevenção é o objetivo primordial da defesa civil; desenvolver cursos, treinamentos e difundir informações às pessoas que compõem os sistemas de defesa civil e à população em geral têm prioridade absoluta nesta fase, sendo proposto pelo SINDEC a realização de projetos de desenvolvimento institucional, desenvolvimento de recursos humanos; desenvolvimento científico e tecnológico; mudança cultural; motivação e articulação empresarial; informações e estudos epidemiológicos sobre desastres; monitorização, alerta e alarme; planejamento operacional e de contingência; planejamento de proteção de populações contra riscos de desastres focais; mobilização e aparelhamento logístico.

38

A CEDEC anualmente desenvolve cursos em diversos municípios do Estado,

tendo como finalidade, a capacitação dos integrantes do Sistema Estadual de

Defesa Civil para o enfrentamento dos desastres.

Segue, abaixo, um quadro demonstrativo das ações educacionais

desenvolvidas pela CEDEC nos anos de 2006 a 2008:

Tabela 3 Ações Educacionais Desenvolvidas pela CEDEC – 2006/2008

Cursos 2006 2007 2008

Quantidade 30 22 23

Público Atingido 1421 1050 1484

Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil.

38

DIAS FILHO, Luiz. Integração de núcleos de Defesa Civil em escolas com as atividades de polícia comunitária. São Paulo. Monografia (Curso Superior de Polícia) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, 2004, p 24.

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73

Conforme currículo, abaixo fornecido pela CEDEC, referente aos assuntos

ministrados nos seminários de defesa civil, verifica-se que não se aborda, em

nenhuma de suas matérias, a questão da responsabilização dos danos em situações

de desastres, bem como o papel da polícia ambiental no Sistema Estadual de

Defesa Civil.

1° Dia 2° Dia

MATÉRIA / ATIVIDADE MATÉRIA / ATIVIDADE

Solenidade de Abertura Construção de Cenários de Riscos

Histórico e Estrutura da Defesa Civil Construção de Cenários de Riscos

Atuação do Apoio Técnico da

Coordenadoria Estadual de Defesa Civil Construção de Cenários de Riscos

Atuação do Apoio Técnico da

Coordenadoria Estadual de Defesa Civil Construção de Cenários de Riscos

Boletins Meteorológicos Plano Municipal de Defesa Civil

Criação da Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil Plano Municipal de Defesa Civil

Decretação de Situação de Emergência e

Estado de Calamidade Pública

Apresentação de Proposta do Plano Municipal de Defesa

Civil

Preenchimento de formulários Apresentação de Proposta do Plano Municipal de Defesa

Civil

Formalização de Convênios Encerramento

Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil. Ilustração 10 Quadro Curricular do Seminário de Defesa Civil.

Da mesma forma, em entrevista com o Dr. Lélio Bringel Calheiros,

coordenador dos cursos da SEDEC, informou que

[...] a matéria sobre a responsabilidade dos danos ambientais em ocorrências de defesa civil não é abordada nos seus cursos, apesar de acreditar que seja de fundamental importância. Comprometo-me a sugeri-los para uma nova grade curricular que está sendo desenvolvida.

39

39

Entrevista realizada em 15 de abril de 2009 com Sr Lélio Bringel Calheiros, na sede da Secretaria Nacional de Defesa Civil em Brasília.

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Em pesquisa dirigida aos coordenadores regionais de defesa civil e

comandantes de companhia de policiamento ambiental, verifica-se ser consenso a

importância do tema a ser abordado nos diversos cursos, pois o desconhecimento

dos integrantes da defesa civil, sobre esta questão, foi apontado como o grande

causador das desconformidades.

4.4.2 Fase de Socorro

Nesta fase, o objetivo é o socorro às vítimas, em que os mais variados

órgãos de emergências atuam, cada qual desempenhando seu papel.

Todos os esforços devem ser direcionados a esta fase, pois vidas estão em

risco, além de bens materiais e ambientais.

A coordenação assume um papel importante nesta fase, pois, sem uma

centralização de ações, pode haver um descompasso no atendimento da

emergência. Nesta fase as instituições ligadas às secretarias de segurança e saúde

prestam apoio essencial durante o socorro.

Fonte: 4°Batalhão de Polícia Ambiental. Ilustração11 Polícia Ambiental em atendimento no município de Fernando Prestes/SP.

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A polícia ambiental, nesta fase, sempre que acionada apoia o Sistema

Estadual de Defesa Civil, pois é prioritária, conforme se pode observar na ilustração

acima, em que o município de Fernando Prestes foi atingido por uma intensa chuva

no ano de 2007.

A CEDEC por determinação do Governador do Estado, nos últimos tempos,

vem socorrendo outros Estados atingidos por desastres, como Santa Catarina e

Maranhão.

4.4.3 Fase Assistencial

Concomitante ao socorro, inicia-se a fase de assistência. Neste momento, as

atividades de logísticas são intensas, buscam-se abrigos, suprimentos de alimentos

e água, roupas, etc.

Além da logística, incluem-se nesta fase, as ações de promoção social e de

recuperação da saúde. Os municípios inicialmente devem suprir a necessidade dos

atingidos, cabendo ao Estado e à União o apoio complementar.

4.4.4 Fase Recuperativa

Nesta fase, evidenciam-se os conceitos de reabilitação dos cenários de

desastres e a reconstrução, conforme a doutrina nacional.

Importante destacar que a fase de recuperação deve ser balizada por

estudos técnicos, pois não se pode simplesmente construir de novo o que foi

destruído, sem qualquer parâmetro, porque, assim, torna-se a obra vulnerável a

novos eventos.

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Nessa fase, a União e o Estado também agem supletivamente em relação

aos municípios, amparando-os com obras preventivas e recuperativas. A CEDEC

tem investido muito nesta fase, gerenciando diversas obras de recuperação:

Tabela 4 Quantidade de Obras e Valores – 2006/2008

Obras 2006 2007 2008

Quantidade 33 79 46

Valores R$ 3.569.533,76 R$ 11.120.750,00 R$ 9.975.000,00

Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil.

O AVADAN é a peça que dará início a outros procedimentos, tais como

decretações de situação de emergências ou estado de calamidade, bem como de

solicitação de materiais ou obras.

Sabe-se que a função da Defesa Civil é de minimizar os efeitos do desastre,

mas o questionamento faz-se quando seu agente se deparar com o cometimento de

alguma irregularidade quando da realização da avaliação dos danos.

Sobre a temática, Marcondes discorre o seguinte:

Estando o agente de defesa civil investido de autoridade e, portanto, da responsabilidade de servidor público, por força da função, ou não, quando tomar conhecimento de fato ou atividade que configurem dano ao meio ambiente, nos termos da Lei n° 7.347/85, deverá comunicar ao Ministério Público para as providências relativas a propositura da ou das ações. [...] Agindo desta forma, estará o agente de defesa civil, além de cumprindo sua obrigação legal, também contribuindo para que o meio ambiente seja preservado e, em última análise, atingindo seu objetivo imediato, que é o de evitar as catástrofes que o desrespeito à natureza, cometido por pessoas inescrupulosas, possa causar.

40

40

MARCONDES, Clodomir Ramos. Defesa Civil. São Paulo.Imprensa Oficial do Estado. 2° Edição

(ampliada), 2003, p. 81.

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Coaduna-se com a posição de Marcondes, em razão da sua experiência

profissional como Coordenador Estadual Adjunto de Defesa Civil e como

Comandante do Policiamento Ambiental, pois sabemos que qualquer um do povo

pode adotar providências diante de irregularidades, mas o servidor público tem o

dever de agir.

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5 Desastres Humanos e seus Efeitos

O desenvolvimento econômico alcançado, a partir da Revolução Industrial,

passou a causar um impacto mais significativo sobre o meio ambiente, devido à

exploração desordenada dos recursos naturais e ao despejo aleatório de resíduos

na natureza.

Os riscos, gerados pela industrialização, pela ganância econômica e pelo

desenvolvimento de novas tecnologias, ameaçam a segurança e a qualidade de vida

das pessoas. Destes riscos, infelizmente, decorrem desastres causados pelo

homem, quer seja por sua ação ou omissão.

Neste sentido, faz-se uma abordagem dos principais tipos de desastres

humanos e suas codificações que ocorrem no Estado, limitados àqueles que tenham

interface com as atividades de proteção ambiental desenvolvidas pela polícia

ambiental.

5.1 Codificação de Ocorrências

Buscando integrar os bancos de dados existentes nos diversos órgãos que

compõem o Sistema de Defesa Civil, além de padronizar a nomenclatura

relacionada a desastres, ameaças e riscos, foi criada uma codificação de

ocorrências de natureza de defesa civil (CODAR).

O CODAR relaciona, de forma abrangente, os tipos de desastres que podem

atingir o país, desde desastres naturais de origem sideral a desastres humanos

causados por doenças, obedecendo a uma codificação alfabética e numérica, tendo

cada qual um significado.

Para efeito de estudo deste trabalho ficar-se-á limitado àqueles classificados

como desastres humanos, elegem-se ainda para análise os que estão diretamente

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relacionados às atividades de fiscalização do policiamento ambiental, e que são

mais freqüentes no Estado de São Paulo, de acordo com codificação alfabética e

numérica abaixo:

Classificação CODAR

Alfabético NNumérico

Desastres Humanos CODAR-H CODAR-2

Desastres Humanos de Natureza

Tecnológica

CODAR-HT CODAR-21

Desastres Humanos de Natureza

Social

CODAR-HS CODAR-22

Desastres Humanos de Natureza

Biológica

CODAR-HB CODAR-23

Fonte: Política Nacional de Meio Ambiente. Ilustração 12 Codificação de Desastres.

5.2 Desastres de Natureza Tecnológica relacionados com Produtos Perigosos

Estes desastres são os relacionados com produtos envolvendo riscos de

intoxicações externas, explosões e contaminações com produtos químicos ou

radioativos.

Os chamados produtos perigosos nada mais são do que produtos

resultantes de processos químicos, dentre estes estão os que emitem radiação, ou

seja, energia nuclear.

A química desempenha papel fundamental para o desenvolvimento da

humanidade, mas em razão da sua constante aplicação, tem sido causadora de

grandes danos ambientais. Os resultados deste tipo de desastre irão variar de

acordo com a quantidade de produto perigoso extravasado, aliado ao patrimônio

ambiental atingido.

O acionamento ágil dos órgãos de emergência, aliados aos mecanismos e

aos métodos de contenção do produto, é fator preponderante para a limitação dos

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danos. É dever do causador do acidente químico envidar todos os esforços para

minimizar seus efeitos, respondendo objetivamente sobre os resultados que, por

ventura, ocorram.

Almeida defende o seguinte:

Também é verdade que os produtos químicos criados sinteticamente são a base da maior parte dos problemas ambientais. O crescimento da quantidade de produtos químicos manufaturados, armazenados e transportados pelo mundo inteiro, tem contribuído sensivelmente para pôr em risco o ser humano, o meio ambiente e o patrimônio. O vazamento de produtos no meio ambiente tem sido ocasionado por falhas humanas e materiais, falhas nos processos produtivos, danos nas instalações industriais causados por acidentes naturais – fortes tormentas, abalos sísmicos, descargas elétricas atmosféricas, inundações, escorregamentos de encostas, atentados terroristas e outros.

41

É bem verdade que, se medidas de proteção e de responsabilização fossem

adotadas na proporção em que aumenta a utilização dos produtos perigosos, não se

teriam frequentes danos ao meio ambiente.

Em razão da precariedade das vias de transportes, grande parte dos

acidentes ocorrem quando os produtos químicos estão sendo transportados.

O Corpo de Bombeiros de São Paulo atendeu, nos anos de 2006 a 2008,

diversas ocorrências envolvendo vazamento de produtos químicos.

Grande parte dos atendimentos concentra-se em ocorrências de vazamento

de botijões de gás, ocupando o segundo lugar os vazamentos quando do transporte.

O acionamento do Corpo de Bombeiros é feito por usuários, pelo telefone de

emergências 193, ou por órgãos de emergência, e a sua participação neste tipo de

ocorrências, tem o caráter de socorro às possíveis vítimas, buscando também

cessar a causa do acidente, evitando que dele decorram outros efeitos.

41

ALMEIDA, Marco Antonio Ramos de. Atendimento inicial a emergências ambientais tecnológicas: análise e proposta. Monografia (Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, 2007, p 26.

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81

Segue abaixo, o gráfico que demonstra os atendimentos registrados pelo

Corpo de Bombeiros de 2006 a 2008:

Tabela 5 Ocorrências atendidas com Produtos Químicos – 2006/2008

2006 2007 2008

Acidentes com

produtos perigosos

3301

3457

3833

Fonte: Corpo de Bombeiros de São Paulo

O Comando de Policiamento Rodoviário, diante de suas atribuições de

fiscalização da malha rodoviária do Estado, também está presente na quase

totalidade dos acidentes com produtos perigosos nas rodovias.

Diante da importância do tema, o policiamento rodoviário formatou um curso

de especialização voltado para o atendimento de ocorrências desta natureza, além

de equipes e de viaturas específicas para seu atendimento.

Observando, abaixo, a Quadro curricular do Curso de Especialização de

Oficiais em Fiscalização de Transportes de Produtos Perigosos, verifica-se que,

dentre o rol de matérias, não consta nenhuma voltada a legislação ambiental.

Área Nº MATÉRIAS Carga

01 Legislação Nacional de Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos 32

02

Legislação do Mercosul de Transporte de Produtos Perigosos 20

03

Técnica de Fiscalização do Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos 70

04 Atendimento a Acidentes de Trânsito e Transporte de Produtos Perigosos 23

SOMA DA CARGA HORÁRIA DAS MATÉRIAS CURRICULARES 145

AVALIAÇÃO 05

A DISPOSIÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR 10

TOTAL 160

Fonte: Centro de Capacitação Física e Operacional da PMESP. Ilustração 13 Quadro curricular do Curso de Especialização de Oficiais em Transporte de Produtos Perigosos.

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O acionamento do policiamento rodoviário para este tipo de ocorrências dá-

se por usuários, concessionárias ou por órgãos de emergências, ficando a sua

atribuição restrita aos primeiros atendimentos de socorro, acionamento de outros

órgãos, segurança do local, sinalização, possível contenção do produto, além da

aplicação de sanções somente decorrentes da violação do Código Nacional de

Trânsito.

Tabela 6 Acidentes com Produtos Perigosos – 2006/2008

2006 2007 2008

Acidentes com

produtos perigosos

355

404

264

Fonte: Comando de Policiamento Rodoviário.

A Secretaria de Estado dos Transportes possui uma Comissão de Estudos e

Prevenção de Acidentes no Transporte Terrestre de Produtos Perigosos, instituída

desde 1999, composta por diversos órgãos dentre eles a Polícia Rodoviária e a

CEDEC, não tendo o policiamento ambiental representação.

A CETESB, como explanado anteriormente, faz parte do SEAQUA e atende

emergências químicas, por meio de um Centro de Controle a Emergências Químicas

que funciona diuturnamente, por meio do telefone DISQUE – AMBIENTE (0800 11

35 60), atendendo a população de forma geral e os demais órgãos de emergências.

Constatada a emergência e verificada a necessidade, uma equipe desloca-

se ao local do sinistro para minimizar os efeitos do acidente, além das medidas

administrativas adstritas às fontes poluidoras, cabíveis de acordo com o Decreto n°

8468/76.

Em entrevista, em 08 de maio de 2009, com o Sr. Agnaldo Ribeiro

Vasconcelos, químico chefe do Setor de Operações da CETESB, informou que

[...] raramente adotamos providências cíveis quanto aos resultados causados pela emergência química, sendo que desconheço alguma providência na esfera penal que tenha sido adotada.

Esclareço ainda, que

por vários anos trabalho nesta função, raramente vejo a Polícia Ambiental

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no atendimento a este tipo de ocorrência, apesar de acreditar que deveria estar mais presente.

42(informação verbal)

Analisando os dados estatísticos fornecidos pela CETESB, pode-se

constatar que a maioria do atendimento das ocorrências pelas equipes de

emergências são em virtude de acidentes quando do transporte em rodovias.

Tabela 7 Tipos e Quantidades de Ocorrências com Produtos Perigosos

Atividades 2006 2007 2008

Armazenamento 11 9 7

Descarte 30 25 36

Indústria 30 26 25

Mancha Órfã 10 6 5

Nada Constatado 15 21 26

Não Identificada 26 25 31

Outras 34 32 27

Postos e Sistemas Retalhistas de Combustíveis 22 38 32

Transporte Ferroviário 8 8 7

Transporte Marítimo 9 13 9

Transporte por Duto 4 7 13

Transporte Rodoviário 198 244 233

TOTAL 397 454 451

Fonte: CETESB.

O Comando de Policiamento Ambiental dispõe de um banco de dados

próprio chamado de Sistema de Administração Ambiental (SAA), onde tem

registrado todas as suas ocorrências atendidas de acordo com códigos

estabelecidos.

Realizando pesquisa, junto à seção de estatística do CPAmb, sobre

atendimento de ocorrências envolvendo produtos perigosos, verifica-se que existe

código estipulado para esta ocorrência, mas com quantidade muito pequena de

registros.

Os comandantes de companhias do policiamento ambiental, na sua grande

maioria informaram, quando da resposta ao questionário encaminhado, que

42

Entrevista realizada em 08 de maio de 2009 com o químico Agnaldo Ribeiro Vasconcelos, na sede da CETESB em São Paulo.

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raramente atendem à ocorrência desta natureza, apesar de saberem dos danos

ambientais que acarretam.

Os coordenadores regionais de defesa civil acreditam que a polícia

ambiental deveria estar mais presente no atendimento a este tipo de ocorrência,

conforme se pode observar a opinião do REDEC I/1 Ney Ikeda:

Atualmente a polícia ambiental, face as suas atribuições, com intensa demanda no Vale do Ribeira, não tem atuado nas questões de acidentes com produtos químicos ao longo da BR 116, onde funciona a Subcomissão de Estudos e Prevenção de Acidentes no Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos no Vale do Ribeira. Essas ocorrências são significativas, causando impacto na região; considerada bacia de conservação; necessitando de intensa mobilização dos agentes públicos para a mitigação das causas e efeitos desses acidentes. A participação da polícia ambiental será fundamental para as orientações pertinentes à legislação, atuação, orientação, bem como da fiscalização conjunta ao longo da BR 116, considerando a realização pela Subcomissão, de Blitz anuais, tanto na BR 116 como na Padre Manoel da Nóbrega.

43

(informação verbal)

Na área do 4° Batalhão de Polícia Ambiental, houve uma ocorrência que

merece destaque, por ter sido atendida da forma que a lei preconiza e por ter

demonstrado a perfeita articulação do Sistema Estadual de Defesa Civil, tendo

exaustiva cobertura da mídia em âmbito estadual.

Fonte: 4° Batalhão de Polícia Ambiental. Ilustração 14 Caminhão com vazamento de produto químico.

43

Entrevista realizada em 05 de julho de 2009 com o Ney Ikeda, Coordenador Regional de Defesa Civil I/1, em São Paulo.

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Em 14 de março de 2003, houve um acidente na rodovia Washington Luiz,

com produto químico, emulsão asfáltica, que extravasou de um caminhão, em

virtude de um acidente rodoviário, vindo a atingir o Córrego dos Macacos, que

abastece a represa municipal de São José do Rio Preto, comprometendo

completamente o abastecimento de água da população.

Em decorrência do lançamento do produto químico no manancial, houve

dano direto à fauna ictiológica, vindo a causar a mortandade de vários peixes, além

de danos à flora.

Fonte: 4°Batalhão de Polícia Ambiental. Ilustração 15 Policial Ambiental recolhendo peixes mortos no Córrego dos Macacos.

Após a articulação com vários órgãos do Sistema de Defesa Civil e a

expedição dos competentes laudos atestando o prejuízo ao meio ambiente, foi

lavrado pelo policiamento ambiental o termo circunstanciado, com base na

infringência do artigo 54 da Lei de Crimes Ambientais.

Desta forma, é que se espera a atuação de todos os órgãos que compõe o

Sistema Estadual de Defesa Civil, independentes em suas atribuições, mas

harmônicos em suas ações.

Como se constatou, a maior incidência dos acidentes com produtos químicos

ocorrem quando estão sendo transportados em rodovias, mas o armazenamento

deve chamar a atenção de todas as autoridades, pois nestes locais, é que se

concentram grandes quantidades de produtos.

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86

Houve também, no Brasil um acidente emblemático desta natureza, no dia

29 de março de 2003, quando na cidade de Cataguazes no Estado de Minas Gerais,

ocorreu o rompimento de uma barragem de uma indústria de papel que armazenava

resíduo químico, conhecido por lixívia, vindo este atingir os rios Pomba e Paraíba do

Sul.

Estima-se que aproximadamente 1,6 bilhões de litros do produto químico

tenham vazado causando sérios danos sociais e ambientais nos Estados de Minas

Gerais e Rio de Janeiro.

Acusações foram desferidas entre autoridades, sendo que a Polícia

Ambiental do Estado de Minas foi acusada de negligência por diversos Órgãos

ambientais, imprensa e Ministério Público Federal.

Este desastre demonstrou a falta de articulação dos órgãos que compõe o

Sistema de Defesa Civil para fazer frente a situações de emergências interestaduais.

Para minimizar as críticas, o governo federal criou o Plano Nacional de

Prevenção, Preparação e Resposta a Emergências Ambientais com Produtos

Químicos Perigosos (P2R2), por meio do Decreto n° 5.098 de 3 de junho de 2004,

constituindo-se de projetos e ações participativas entre os governos federal,

estaduais, municipais, sociedade civil e setor privado, buscando abranger todos os

empreendimentos ou atividades que possam causar acidentes ambientais com

produtos químicos perigosos.

A coordenação deste plano ficou a cargo do Ministério do Meio Ambiente,

mas, com a representação de outros ministérios, sendo que se estabeleceram como

princípios norteadores deste plano:

princípio da informação;

princípio da participação;

princípio da prevenção;

princípio da precaução;

princípio da reparação e

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87

princípio do poluidor-pagador.

Desta forma, busca-se evitar novos acidentes, mas ocorrendo, objetiva-se a

imposição de responsabilidades aos seus autores.

5.3 Desastres de Natureza Social relacionados com Ecossistemas Urbanos e Rurais

5.3.1 Incêndios Urbanos e Rurais

Os incêndios, que se tratarão, são aqueles que ocorrem em locais com

vegetação natural ou reflorestados.

Sabe-se que a utilização do fogo pelo homem remonta da Pré-história, que

começou a ser empregado na devastação do ambiente quando da expansão da

agricultura.

Esta prática estende-se até os dias atuais, mesmo conscientes dos prejuízos

que agregam, dia após dia, notícias que são veiculadas sobre grandes incêndios

que assolam o território brasileiro, tendo como origem diversas causas, mas o

homem sempre despontando dentre as demais.

O método incendiário de exploração da flora brasileira teve origem com a

chegada dos portugueses ao Brasil, em que a cada ciclo econômico o fogo era

utilizado para abrir ―caminhos‖ ao desenvolvimento.

A política de ocupação do interior do país acentuou a devastação da

vegetação brasileira, havia uma preferência pela a utilização do fogo, em razão da

lei do mínimo esforço, mas não consideravam as conseqüências desastrosas de seu

uso.

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A legislação nacional possui os instrumentos de proteção para evitar a perda

da cobertura vegetal e das demais componentes da nossa biodiversidade, em razão

dos incêndios florestais. A Lei nº 4.771, de 1965, o Código Florestal, traz em seus

artigos 11, 25, 26 e 27, referências ao assunto.

Especialmente, o artigo 26 do Código Florestal prevê várias condutas

contravencionais que envolvem os incêndios florestais, com penas de três meses a

um ano de prisão ou multa, além do artigo 27 proibir o uso do fogo nas florestas e

nas demais formas de vegetação. Logicamente se estes artigos fossem fielmente

cumpridos, os casos de incêndios florestais no Brasil sofreriam sensível redução.

Também a Lei n° 9605 criminalizou a conduta de causar incêndios em

florestas e nas demais formas de vegetação.

A produção agrícola, no Estado de São Paulo, tem-se concentrado na

monocultura da cana. Para a colheita da cana ainda utiliza-se o fogo como método

despalhador, sendo que a sua mecanização vem sendo implantada de forma

crescente, mas da prática atual decorrem problemas de ordem social, saúde pública,

ambientais, dentre outros.

Este método, comumente, tem dado causa a diversos danos aos recursos

ambientais do Estado, a perda de seu controle tem acarretado danos diretos flora e

fauna nacionais.

Buscando, por fim, a esta problemática, foi editada a Lei Estadual nº 11.241,

de 19/09/2002, regulamentada pelo Decreto Estadual n° 47.700, que fixou o término

da queima nos canaviais paulistas, para as áreas não mecanizáveis (declividade

superior a 12%) e ou menor que 150 (hectares), em 2031. Para as áreas

mecanizáveis, o prazo final estipulado pela lei é no ano de 2021.

A Secretaria Estadual de Meio Ambiente, entretanto, firmou, em junho de

2007, com a União das Indústrias de Cana-de-açúcar, o Protocolo de Melhoria

Agroambiental, integrante do Plano Ambiental Estratégico do Governo do Estado de

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89

São Paulo, para redução do prazo para o fim das queimadas até 2014, nas áreas

mecanizáveis, e até 2017, nas não mecanizáveis.

Pode-se observar abaixo a quantidade de autuações lavradas, em razão de

incêndios florestais e de queimadas, pelo policiamento ambiental no período em

estudo, além das áreas degradadas em hectares:

Fonte: Divisão Operacional do CPAmb. Gráfico 1 Dados de autuações e hectares degradados.

Houve uma significativa redução do número de autuações no ano de 2008,

reflexo de maior presença do policiamento no campo, além de maciça campanha

educativa na mídia.

Necessário faz-se esclarecer que, os dados acima são somente de

ocorrências em que o policiamento ambiental chegou à autoria do delito, sendo certo

que recebem número muito maior de denúncias do que o apontado no gráfico.

O policiamento ambiental tem atuado sistematicamente na fiscalização desta

prática, valendo-se de recursos tecnológicos de monitoramento, além de

fiscalizações aéreas e terrestres.

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90

O Corpo de Bombeiros do Estado recebe anualmente inúmeros chamados

para ocorrências de incêndios florestais ou queimadas, tendo como objetivo

extinguir os focos.

O atendimento a este tipo de ocorrência tem um grau de dificuldade muito

grande, em razão do Corpo de Bombeiros não dispor de viaturas adaptadas para

terrenos acidentados.

Pode-se observar abaixo a quantidade de atendimentos, em razão de

incêndios e queimadas, realizados pelo Corpo de Bombeiros.

Fonte: Divisão Operacional do CPAmb. Gráfico 2 Dados de atendimentos de incêndios florestais e queimadas.

Comparativamente ao policiamento ambiental, nota-se uma diferença

expressiva do número de atendimentos, mas deve-se esclarecer que, a estatística

apresentada pelo Corpo de Bombeiros inclui qualquer tipo de foco de incêndio,

desde a queima de vegetação em um terreno baldio, até grandes incêndios.

Foram solicitados dados ao policiamento rodoviário sobre registros de focos

de incêndios florestais ao longo das rodovias, mas a Divisão Operacional do

Comando de Policiamento Rodoviário (CPRv) informou que não os possuía.

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91

Foram solicitados também dados ao CGE da CEDEC, mas mostraram-se

muito abaixo dos fornecidos pelos demais órgãos, demonstrando desconformidades

na transmissão e na sua catalogação, disparidade também observada, entre os

dados dos atendimentos da polícia ambiental e do Corpo de Bombeiros.

5.3.1.1 A Operação Mata-Fogo

O Governo do Estado de São Paulo, com o objetivo de sistematizar um

plano de prevenção e de combate a incêndios florestais editou o Decreto Estadual n°

36.551, de 15 de março de 1993.

Por meio deste decreto, determinava que a SMA, a SSP, por meio do

policiamento ambiental, e do Corpo de Bombeiros, e a Casa Militar, por meio da

CEDEC integrassem o plano, demonstrando, desta forma, a intenção do Estado em

agregar diversos órgãos para a consecução da preservação ambiental.

Estabeleceram-se como objetivos, a proteção das áreas cobertas com

vegetação nativa ou reflorestada, a proteção dos recursos naturais e a coordenação

de ações preventivas e corretivas relativas a incêndios florestais.

Fonte: 4° Batalhão de Polícia Ambiental. Ilustração 16 Ação integrada de combate a incêndios florestais.

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92

Por motivos não esclarecidos, a Operação Mata Fogo foi deixado em

segundo plano pela SMA, órgão a quem compete coordenar as ações, mas a Casa

Militar, neste ano, tomou a frente deste processo e atualizou as orientações

operacionais do referido plano.

Sob a alegação, que cabe ao policiamento ambiental, a responsabilidade

primeira da tutela ambiental, diversas atribuições foram remetidas a ele pela

CEDEC, inclusive no componente fiscalização a missão de vistoriar as áreas objeto

de incêndios florestais e do uso indevido do fogo, registrando-se e lavrando-se os

documentos pertinentes, especialmente aqueles afetos à imputação de

responsabilidade administrativa, penal e cível.

Fica reforçada a necessidade de responsabilização dos danos ambientais

decorrentes de uma ação delituosa, por mais que ela possa ser caracterizada como

uma ocorrência de defesa civil.

5.4 Desastres Relacionados com a Destruição Intencional da Flora e da Fauna e

Desastres relacionados com a Depredação do Solo por Desmatamento sem

Controle e ou Má Gestão Agropecuária.

Diversas razões podem levar o ser humano a ter o propósito de destruir os

recursos naturais, mas a polícia ambiental do Estado de São Paulo desenvolve

sistematicamente ações coibidoras, por meio de operações policiais de grande

envergadura.

Recentemente, a Fundação SOS Mata Atlântica, juntamente com o INPE,

divulgou o atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica, para o período

2005 a 2008, onde consta a evolução da preservação ou da degradação deste tipo

de bioma no Estado.

A SOS Mata Atlântica conclui o seguinte·:

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93

De acordo com a análise, os desflorestamentos no período 2005-2008 totalizaram 102.938 hectares nos 10 Estados avaliados, mantendo a média anual de 34.121 hectares de desflorestamento/ano, bem próximo da média anual identificada no período de 2000-2005, que foi de 34.965 hectares de desflorestamento/ano. Deste total, 59 ocorrências são áreas acima de 100 hectares, que totalizaram 11.276 hectares, e 76% foram desflorestamentos menores que 10 hectares. Os Estados mais críticos são Minas Gerais, Santa Catarina e Bahia, que perderam, nos últimos três anos, 32.728 ha, 25.953 ha e 24.148 ha, respectivamente. Somam-se a esse total de desflorestamentos na ordem de 9.978 hectares no Estado do Paraná, 3.117 hectares no Rio Grande do Sul, 2.455 hectares em São Paulo, 2.215 no Mato Grosso do Sul, 1.039 hectares no Rio de Janeiro, 733 hectares em Goiás e 573 hectares no Espírito Santo.

44

Desta forma, o Estado de São Paulo deixa de estar entre os Estados que

mais degradaram sua flora, tendo a fiscalização como um dos componentes que

contribuiu para alcançar este resultado. Apesar das atividades preventivas

desenvolvidas pela polícia ambiental, medidas repressivas são adotadas conforme

se observa abaixo:

Fonte: Comando de Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo. Gráfico 3 Dados estatísticos sobre ocorrências florestais.

Da mesma maneira, ofensivas contra a destruição da fauna são adotadas,

principalmente às relacionadas com o combate ao tráfico de animais silvestres e a

maus tratos, crimes que são importantes causadores da extinção de diversas

espécies deste país.

44

Informação disponível em:<http://www.sosmatatlantica.org.br> Acesso em: 15 de jun.2009.

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94

Além, das campanhas de educação ambiental difundidas em diversas

escolas e pela mídia de forma geral, medidas de repressão são adotadas contra os

infratores, conforme se pode observar abaixo:

Fonte: Comando de Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo. Gráfico 4 Dados estatísticos sobre ocorrências de fauna.

Desastres, relacionados com a destruição intencional da flora, da fauna e

com a depredação do solo por desmatamento sem controle e ou má gestão

agropecuária, podem ter os mais diversos interesses, sendo que os econômicos são

os mais freqüentes, principalmente em situações em que se objetiva a expansão de

empreendimentos comerciais ou industriais.

Os métodos e as técnicas, utilizados para alcançar os objetivos econômicos

estabelecidos, comumente são a aplicação de produtos químicos, a utilização do

fogo em estratos de vegetação ou mesmo a utilização de tratores com correntes,

atingindo diretamente a flora e ou a fauna, além da expansão agropecuária em

locais protegidos por lei.

Diferente dos motivos econômicos, parte da população ultimamente tem

cometido estas transgressões ambientais, motivada por questões sociais, devido ao

intenso processo de urbanização vivido no país, aliado a falta de recursos e de

políticas habitacionais deficitárias.

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95

Esta camada social ocupa áreas geologicamente desfavoráveis mediante a

supressão de vegetação, acarretando desastres com escorregamentos de massa

com danos de ordem material, humana e ambiental.

Conforme citado anteriormente, o desastre ocorrido em Santa Catarina, no

fim do ano de 2008, foi um exemplo trágico desta questão, onde a conjugação dos

altos índices pluviométricos e a ocupação irregular do solo, mediante supressão de

vegetação, em áreas consideradas de preservação permanente, resultaram em um

evento catastrófico de enorme proporção.

Para evitar tragédias como a de Santa Catarina, o Governo do Estado, no

ano de 1988, preocupado com situações de risco das encostas do litoral paulista,

determinou ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Instituto Geológico (IG),

Instituto Florestal (IF) e Instituto de Botânica, que realizassem estudos que levaram

ao mapeamento dos problemas e das propostas de soluções, que, dentre os quais

estava um Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC).

A concepção do PPDC foi sustentada em ações que pudessem evitar

desastres, com acompanhamento de índices pluviométricos, previsões

meteorológicas e vistorias de campo, sendo que a CEDEC assumiu a coordenação

do PPDC do litoral e de outros que surgiram, devido aos resultados favoráveis.

De forma desvinculada do PPDC, o Governo do Estado colocou em

andamento um Programa de Revitalização da Serra do Mar, que consiste em

―congelar‖ locais irregularmente ocupados nos Bairros Cota e Água Fria, no

município de Cubatão, não permitido sua expansão e, posteriormente, remover os

invasores para outros locais, com o mote de recuperar ambientalmente aquele local.

A polícia ambiental, por meio do 3° Batalhão de Polícia Ambiental, está à

frente deste processo, seguida de diversos outros órgãos estaduais e municipais.

Apesar de o cunho ser de caráter ambiental, problemas de defesa civil serão

resolvidos, pois aquelas áreas deixarão de ser consideradas de risco.

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96

Importante destacar que as atividades da polícia ambiental são amplas,

abrangendo as origens de outros desastres como aqueles relacionados à

depredação do solo por acumulação de rejeitos de mineração, depredação do solo

por zoneamento urbano e ou rural deficiente e outros, que deixarão de ser

abordados neste trabalho devido à pequena incidência no Estado.

Portanto, não se pode dissociar questões ambientais daquelas de defesa

civil, devendo aproveitar mecanismos existentes para solucionar problemas

aparentemente sem solução.

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6 Metodologia Adotada na Pesquisa

6.1 Pesquisa Qualitativa

Os dados a seguir foram resultados de pesquisas realizadas junto a oficiais

subalternos (tenentes) e intermediários (capitães) das unidades do policiamento

ambiental, na função de comandante de companhia, além de praças.

O objetivo, dentro de uma construção lógica de raciocínio, buscou mensurar

o nível de envolvimento das OPM do policiamento ambiental no atendimento de

ocorrências de defesa civil causadas pelo homem, em especial que tenham

acarretado danos ambientais.

Da mesma forma, foram realizadas pesquisas com os coordenadores

regionais de defesa civil do Estado de São Paulo buscando verificar o grau de

envolvimento da Defesa Civil e da polícia ambiental no atendimento das citadas

ocorrências.

As respostas obtidas na pesquisa realizada, sob a ótica qualitativa,

revelaram uma posição muito satisfatória quanto ao interesse pelo assunto.

Mostraram as potencialidades, as desconformidades, os anseios, enfim,

várias situações que, traduzidas, demonstram um sério e real interesse pelo tema

proposto.

Num universo, de aproximadamente dezessete oficiais, houve quatorze

respostas, que se demonstraram suficientes, tanto no aspecto técnico metodológico,

como suficiente para análise qualitativa dos quesitos, da mesma forma que em um

universo de quinze coordenadores regionais de defesa civil, obtiveram-se quatorze

respostas.

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98

6.1.1 Pesquisa de Opinião Dirigida ao Efetivo do Policiamento Ambiental

A primeira questão formulada foi sobre o nível de conhecimento da

participação da polícia ambiental, como órgão setorial do Sistema Estadual de

Defesa Civil, observou-se que a totalidade dos policiais ambientais tem ciência do

papel da Instituição dentro do contexto de defesa civil.

Outro questionamento foi feito, para verificarem-se quais as principais

ocorrências, caracterizadas como de defesa civil, são mais comuns nas áreas de

abrangências das companhias do policiamento ambiental, com a finalidade de

mensurar suas incidências.

Observa-se que são mais comuns ocorrências relacionadas às precipitações

pluviométricas, seguidas às de incêndios florestais e às de grandes acidentes nos

vários segmentos de transportes, além de ocorrências com extravasamento de

produtos químicos, assumindo, estes três tipos de ocorrências, destaque no contexto

geral.

Questionou-se aos policiai,s quais são os principais danos que as

ocorrências de defesa civil acarretam nas respectivas regiões, sendo apontados os

danos materiais, os mais incidentes, os ambientais elencados na sequência,

demonstrando sua vulnerabilidade.

Objetivando verificar se as OPM e subordinadas já foram acionadas para

participarem do atendimento de ocorrências de defesa civil, foi feito o próximo

questionamento.

Verifica-se que 57% dos entrevistados informaram que suas OPM

participaram do atendimento de ocorrências de defesa civil, mas vale acrescentar

que a maioria informou que esta participação, de modo geral, foi muito pequena, em

relação às outras atividades que desenvolve, ficando, em média, um

atendimento/ano.

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99

Na sequência, foi formulado um questionamento sobre qual órgão acionou a

OPM, sendo que se verificou que, em sua maioria, se deram por meio do Corpo de

Bombeiros (33%), seguido da Defesa Civil Municipal (27%) e outros (27%), além do

policiamento territorial (13%), mas nenhum apontou a CEDEC como comunicadora

das ocorrências.

Além da participação no atendimento das ocorrências, foi questionado de

que forma o policiamento ambiental participou destes atendimentos.

Observa-se que as ações de socorro destacam-se das demais, ficando a de

responsabilização equiparada, em segundo lugar, com as de assistência.

Outra questão encaminhada foi sobre a necessidade da responsabilização

dos danos ambientais, causados pelo homem nas ocorrências de defesa civil,

objetivando a prevenção de novos eventos.

Todos os policiais ambientais entendem necessária a responsabilização dos

autores dos danos ambientais, demonstrando que estão alinhados doutrinariamente

às diversas legislações vigentes, bem como com a política do Comando da

Corporação.

Apesar do entendimento, verifica-se em resposta ao outro quesito formulado,

que a grande maioria das OPM não adotou quaisquer providências de

responsabilização nas ocorrências em estudo (69%).

Estes indicadores demonstram que, das poucas vezes que o Policiamento

Ambiental foi acionado para apoiar a Defesa Civil em ocorrências, as circunstâncias

deram-se em ações de socorro.

Para avaliar o grau de entrosamento entre a polícia ambiental e a defesa

civil, foi questionado se foram desenvolvidas ações conjuntas, sendo que a metade

respondeu afirmativamente.

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100

Por último, todos, de forma unânime, responderam que acreditam ser

importante uma maior integração do Sistema Estadual de Defesa Civil e o Sistema

Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e

Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais

(SEAQUA), em especial com a polícia ambiental.

6.1.2 Pesquisa de Opinião Dirigida aos Coordenadores Regionais de Defesa Civil

Da mesma forma que, os comandantes de companhia do policiamento

ambiental foram questionados, os coordenadores, na sua totalidade, responderam

ter conhecimento que a polícia ambiental faz parte do Sistema Estadual de Defesa

Civil, demonstrando, portanto, que é pública a relação funcional entre os órgãos.

Os coordenadores de defesa civil foram questionados sobre quais órgãos

participaram diretamente das ações de defesa civil, nas respectivas regiões de

atuação.

Percebe-se que, o Corpo de Bombeiros está presente em todas as

ocorrências de defesa civil, acompanhado o raciocínio das ações de socorro, sendo

que a polícia ambiental se coloca na quinta posição, atrás da CETESB, da polícia

rodoviária e policiamento territorial. Desta forma, necessário faz-se que a polícia

ambiental esteja mais presente nas ações.

Foram questionados os coordenadores sobre quais os tipos de ocorrências

de defesa civil afetam as respectivas regiões, verificando também que as

ocorrências relacionadas aos fenômenos da natureza são as mais apontadas como

de maior incidência, seguidas pelos acidentes com produtos perigosos e com

incêndios florestais.

Foram questionados os coordenadores, quais os danos que são mais

freqüentes nas ocorrências de defesa civil, novamente os danos materiais

apresentam-se como os mais freqüentes, seguidos agora dos danos ambientais.

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A totalidade dos coordenadores julgou em outro questionamento ser

importante a responsabilização dos danos ambientais causados pelo homem, nas

ocorrências de defesa civil, tendo, como objetivo principal, a prevenção contra novos

desastres, demonstrando, portanto, que possuem não somente a visão socorrista,

importando-se também com a punição dos agentes.

Os coordenadores regionais foram questionados sobre o conhecimento de

alguma ocorrência de defesa civil, em que a polícia ambiental foi acionada para

buscar a responsabilização dos autores dos danos, mais da metade (64%) alegou o

desconhecimento sobre a participação, demonstrando que a polícia ambiental

responsabiliza os danos ambientais, bem menos do que se espera.

Para obter-se uma análise do conhecimento dos agentes de defesa civil, foi

questionado se, nos cursos de capacitação de defesa civil, é enfatizada a

necessidade de responsabilização dos autores dos danos ambientais nas

ocorrências de defesa civil, sendo que 64% alegaram que não.

Pode-se concluir que somente uma pequena parte dos coordenadores,

afirmam que o assunto é tratado nos cursos de capacitação, mas na mesma

proporção em outro questionamento, alegam que os integrantes da defesa civil têm

conhecimento da importância da responsabilização dos autores dos danos

ambientais nas ocorrências de defesa civil.

Afirmam, na totalidade, os coordenadores regionais de defesa civil ser

interessante inserir nos cursos existentes uma matéria específica que aborde o

componente responsabilização dos danos ambientais, nas ocorrências de defesa

civil.

A maior parte dos coordenadores regionais de defesa civil, em resposta a

outra questão, acredita que a polícia ambiental deve participar prioritariamente de

ações preventivas, juntamente com a CEDEC, sendo que a responsabilização deve

vir em segundo plano, vindo ao encontro do autor deste trabalho.

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Por último, pouco mais da metade (57%) dos coordenadores regionais

atestam que, nas respectivas regiões, existem ações conjuntas da polícia ambiental

e defesa civil, indo ao encontro das informações prestadas pelos comandantes de

companhias de policiamento ambiental, revelando que maior atenção deve ser dada

a ambos os sistemas.

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7 Propostas

7.1 Propostas

Com o objetivo de contribuir com o Sistema Estadual de Defesa Civil e com

a Polícia Militar, em especial com o policiamento ambiental, enumeram-se abaixo,

algumas propostas sedimentadas sobre o trabalho e as pesquisas realizadas,

seguidas das devidas considerações:

7.1.1 Proposta da Elaboração de Nota de Instrução, no âmbito da Polícia Militar,

normatizando o Atendimento de Ocorrências de Defesa Civil

Sabe-se que as ocorrências de defesa civil dependendo de sua natureza,

envolvem diversos segmentos da Polícia Militar, além de outros órgãos, trazendo

significativa repercussão na sociedade.

Devido a essa multidisciplinaridade de instituições envolvidas, aliada à

situação de anormalidade, a tendência da ação destes participantes é de atuarem

em descompasso, caso não haja uma perfeita sintonia operacional.

Embora cada ocorrência tenha suas próprias peculiaridades, dificultando a

padronização de procedimentos e a seqüência dos atendimentos, a unidade de

doutrina permite a condução dos casos de forma mais racional, aliviando tensões e

ansiedades que as situações impõem, aumentando as possibilidades de sucesso no

desfecho.

O Decreto n°48.526, de 4 de março de 2004, que reorganizou a Casa Militar,

estabeleceu que o Coordenador Estadual de Defesa Civil é o Chefe da Casa Militar,

devendo assumir e coordenar pessoalmente as ocorrências de desastres de grandes

proporções.

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104

Cabe à Divisão de Gerenciamento de Emergências manter o CGE em

funcionamento ininterrupto, para a captação e o processamento de dados relativos a

desastres, mantendo contato permanente com os órgãos do Sistema Estadual de

Defesa Civil, promovendo a coordenação operacional às emergências.

O Decreto nº 40.151, de 16 de junho de 1995, que reorganizou o Sistema

Estadual de Defesa Civil, estabeleceu no seu artigo 7°, que cabe à CEDEC

coordenar e supervisionar as ações de defesa civil e manter atualizadas e

disponíveis as informações relacionadas à defesa civil, além de outras atribuições.

Este mesmo decreto estabeleceu que cabe à Secretaria de Segurança

Pública (SSP) coordenar as ações do Sistema de Segurança Pública e a atuação

das Polícias Civil e Militar, visando à preservação da ordem pública, da incolumidade

das pessoas e do patrimônio nas áreas em situações de desastres.

Ficando sob a responsabilidade da SSP manter informado, diariamente, o

CGE sobre as ocorrências e operações relacionadas com defesa civil, atendidas e

ou executadas pelas unidades operacionais da Polícia Militar.

Independente das atividades elencadas, o decreto prevê que todas as

secretarias do Estado e entidades da administração indireta apoiarão as ações de

defesa civil em situações de desastres, naquilo que lhes couber, quando solicitadas

pela CEDEC.

Apesar de estarem elencadas as atribuições que cabe a cada órgão

integrante do Sistema Estadual de Defesa Civil, nas legislações apresentadas,

verificou-se que, na prática, o funcionamento necessita de grandes ajustes, pois não

funciona conforme o previsto.

Portanto, sugere-se que a sistematização do atendimento de ocorrências de

defesa civil, faça-se por meio de uma nota de instrução, a ser elaborada pela 3°

Seção do Estado Maior da PMESP, pormenorizando as atribuições que cabe a cada

OPM, além do disciplinamento interno da CEDEC, quanto ao acionamento dos

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105

órgãos que compõem o Sistema Estadual de Defesa Civil, inclusive com a

formatação de um banco de dados único dos eventos ocorridos.

7.1.2 Inserção de Matérias de Cunho Ambiental nos Seminários de Defesa Civil e

nos Cursos de Transportes de Produtos Perigosos, além de Matérias de Defesa Civil

nos Cursos de Especialização em Policiamento Ambiental

Após análise dos currículos dos seminários de defesa civil, coordenado pela

CEDEC e do Curso de Especialização de Transportes de Produtos Perigosos, sob

coordenação do CCFO, verifica-se que, apesar de terem uma grade curricular

abrangente, não dispõem de matérias que abordem legislações ambientais, em que

pese grande parte de suas ocorrências resultarem em infringência a estas doutrinas.

As pesquisas realizadas demonstraram, que a inserção de matérias tratando

deste assunto seria de grande importância, para uma melhor interação do Sistema

Estadual de Defesa Civil e de Meio Ambiente.

Da mesma forma, sugere-se que matérias de defesa civil sejam inseridas

nos cursos de especialização em policiamento ambiental.

A inserção dos assuntos, citados nos diversos cursos e seminários, fará com

que os órgãos, integrantes dos sistemas, conheçam as atribuições de cada

participante em uma ocorrência de grande vulto.

7.1.3 Participação de Oficiais do Policiamento Ambiental como Coordenadores e

Coordenadores Adjuntos de Defesa Civil

Verificou-se que a função do coordenador regional de defesa civil e dos

adjuntos têm papel importantíssimo dentro do Sistema Estadual de Defesa Civil, pois

ele é o gestor local de todos os órgãos que integram sua região.

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106

A designação para esta função dá-se por meio de ato do Chefe da Casa

Militar, pois eles irão representá-lo-ão, no que couber, perante os municípios quando

o assunto for defesa civil.

Desta forma, a condução dos primeiros atendimentos em emergências ficam

sob sua responsabilidade, por isso devem ser designadas pessoas capacitadas para

tal mister.

Importante é verificar que o policiamento ambiental não tem representante

como coordenadores, tendo somente dois coordenadores adjuntos, pois conforme o

Exmo. Cel. PM Kita, Secretário Chefe da Casa Militar, na sessão de qualificação

desta obra, medidas estão sendo adotadas para corrigir esta desconformidade.

Acredita-se que tanto o Sistema Estadual de Defesa Civil, quanto o

SEAQUA ganharia muito se o policiamento ambiental estivesse presente nesta

função, pois poderia colocar em prática conceitos comuns a ambos os sistemas.

Portanto, sugere-se que sejam incitados os oficiais do policiamento

ambiental para comporem as coordenadorias de defesa civil, sem prejuízo das suas

funções.

7.1.4 Participação do Policiamento Ambiental na Comissão de Estudos e Prevenção

de Acidentes no Transporte Terrestres de Produtos Perigosos

A Secretaria de Estado dos Negócios dos Transportes publicou, em 28 de

abril de 1999, a Resolução ST-5, que dispôs sobre a criação da "Comissão de

Estudos e Prevenção de Acidentes no Transporte Terrestres de Produtos

Perigosos".

A Comissão tem como objetivo reunir regularmente os seus integrantes, com

a finalidade de elaborar diretrizes, propor, avaliar, articular, instruir e promover ações

preventivas referentes ao transporte de produtos perigosos.

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107

Esta Comissão é composta por diversos órgãos estaduais, tais como:

Secretaria de Estado dos Negócios dos Transportes;

CEDEC - Coordenação Estadual de Defesa Civil;

DER - Departamento de Estrada de Rodagem;

CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental;

CPRv - Comando de Policiamento Rodoviário;

CCB - Comando do Corpo de Bombeiros;

IPEM - Instituto de Pesos e Medidas;

CVS - Centro de Vigilância Sanitária Associação Nacional dos

Transportes Ferroviários e

Secretaria da Agricultura.

Além dos órgãos citados, existem várias outras instituições representativas

de classe convidadas compondo esta comissão.

Diante das estatísticas apresentadas no trabalho, bem como pelas

informações prestadas pelos coordenadores regionais de defesa civis e pelos

integrantes do policiamento ambiental, verificou-se que a incidência de acidentes

com produtos perigosos em rodovias é significativo, trazendo danos diretos ao meio

ambiente.

Em viagem de estudo de polícia comparada, realizada no Estado do Rio

Grande do Sul, verificou-se que a participação do policiamento ambiental naquele

Estado está consolidada desde 2005, por meio do Decreto n.º 43.591, que criou a

Comissão Estadual de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências

Ambientais com Produtos Químicos Perigosos.

Acredita-se que a participação da polícia ambiental de São Paulo neste

fórum, traria uma significativa contribuição ao Sistema, pois, além da capacitação

técnica de seus integrantes, a vivência diária com estes tipos de ocorrências

enriqueceria os debates sobre o assunto.

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Desta forma, a proposta seria de um expediente à Secretaria Estadual dos

Negócios dos Transportes por meio da SSP, sugerindo a inclusão do Policiamento

Ambiental na Comissão de Estudos e Prevenção de Acidentes no Transporte

Terrestres de Produtos Perigosos, pois da mesma forma como os demais Órgãos

Estaduais componentes tem interface funcional com a questão.

7.1.5 Estabelecimento de Procedimentos Operacionais Padrão para Atendimento de

Ocorrências com Vazamento de Produtos Perigosos, no Âmbito do Policiamento

Ambiental

Verificou-se que a incidência de ocorrências envolvendo vazamento de

produtos perigosos no transporte rodoviário, é muito elevada, mas, em contrapartida,

o atendimento pelo policiamento ambiental é diminuto em relação à CETESB, ao

policiamento rodoviário e ao Corpo de Bombeiros.

Estes tipos de ocorrências, apesar de resultarem em danos passíveis de

autuação pelo policiamento ambiental, raramente são atendidas, quer seja por

desconhecimento dos órgãos envolvidos ou até por falta de padronização de

atendimento pela polícia ambiental.

Desta feita, para que haja uma sedimentação da participação do

policiamento ambiental nestas ocorrências, sugere-se que seja elaborado pelo

CPAmb um procedimento operacional padrão, para atendimento de ocorrências com

vazamento de produtos perigosos, no âmbito do policiamento ambiental.

.

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Conclusão

Defesa civil somos todos nós.

O desenvolvimento econômico e tecnológico, a qualquer custo, está

colocando em xeque os parcos recursos naturais ainda disponíveis na Terra, além

da continuidade da existência das espécies que habitam o planeta, dentre elas o

homem.

Sabe-se quão importante são os avanços alcançados e almejados, mas o

que se deve ter como prioridade são mecanismos e técnicas que levem ao

desenvolvimento voltado à sustentabilidade, buscando um equilíbrio entre o

progresso e a preservação.

Acompanham-se quase que diariamente, agressões desmedidas ao meio

ambiente, que causam danos irreversíveis e reflexos sociais imensuráveis. Não são

raras as vezes em que seus causadores são reincidentes na prática delituosa,

incentivados pela sensação de impunidade.

A defesa civil é o único sistema com uma enorme capilaridade que agrega

órgãos e entidades, voltados à segurança global da população. Reconhecidos por

todos são os esforços despendidos por ela nas fases de prevenção, socorro,

assistência e recuperação quando em desastres.

O escopo deste trabalho não foi de polemizar, afrontando conceitos

arraigados pela defesa civil, mas fazer com que os integrantes deste sistema

despertem para a necessidade de acionar os meios existentes, para que estes

busquem responsabilizar os causadores dos desastres que resultem em danos

ambientais, em especial o policiamento ambiental.

Além do espírito punitivo da responsabilização, o viés pedagógico não deve

ser desconsiderado como forma de prevenir novos eventos.

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Verifica-se, após levantamentos realizados, que desastres ocorrem com

freqüência no Estado, sendo comum o atendimento compartimentado pelos órgãos

de emergência, concentrado os esforços na fase de socorro e de assistência,

inexistindo a preocupação com o fator responsabilização, principalmente em razão

do desconhecimento dos mecanismos que a polícia ambiental dispõe nesta área.

Há também necessidade de sistematização interna na Corporação para

atendimentos de ocorrências desta natureza, pois, por serem elas complexas e

envolvendo diversos segmentos falhas, podem ser frequentes, devendo ser dada

maior atenção ao fluxo de informações entre os órgãos, pois observa-se que há uma

grande disparidade do registro de atendimentos realizados.

Estes problemas refletem diretamente na atuação do policiamento

ambiental, fazendo com que devido ao seu reduzido acionamento para atendimento

de ocorrências de defesa civil infratores deixam de ser responsabilizados.

O objetivo não é fazer com que a defesa civil fique à frente do processo de

responsabilização, mas que comunique aos órgãos que fazem parte do sistema

sobre o ocorrido, deixando que cada qual adote as atribuições que lhe competem,

imbuídos do espírito de responsabilidade universal.

Defesa civil somos todos nós: cidadãos, voluntários, bombeiros, policiais,

promotores, juízes, etc.

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Apêndice A – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA DIRIGIDA AO EFETIVO DO

POLICIAMENTO AMBIENTAL

01) Tem conhecimento que a Polícia Militar é órgão setorial do Sistema Estadual de

Defesa Civil?

( ) Sim.

( ) Não.

02) Quais as principais ocorrências de defesa civil que afetam sua região?

( ) Alagamentos, enchentes

( ) Escorregamentos de encostas

( ) Vendavais

( ) Incêndios florestais

( ) Derramamento de produtos químicos

( ) Grandes acidentes rodoviários, ferroviários, náuticos, etc

( ) Outros (citar)__________________________________________

03) Quais são os danos causados nas ocorrências civil da sua região?

( ) Materiais

( ) Humanos

( ) Ambientais

04) Sua OPM e subordinadas já foram acionadas para participarem do atendimento

de ocorrências de defesa civil?

( ) Sim. Quantas vezes em um ano?......................................................

( ) Não.

5) Em caso afirmativo, qual o órgão que acionou sua OPM?

( ) Corpo de Bombeiros

( ) Defesa Civil Estadual

( ) Defesa Civil Municipal

( ) Policiamento Territorial

( ) outros.(ong, populares).............................

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06) Caso as anteriores tenham sido afirmativa, qual foi a forma de participação?

( ) socorro

( ) assistência

( ) responsabilização

( ) prevenção

( ) recuperação

07) Julga ser necessária a responsabilização dos danos ambientais causados pelo

homem, em ocorrências de defesa civil, com o objetivo de prevenir novos eventos?

( ) Sim.

( ) Não.

08) Sua OPM e subordinadas já adotaram providências administrativas, penais ou

cíveis no atendimento de ocorrências desta natureza?

( ) Sim.

( ) Não.

09) Já desenvolveu ação conjunta com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil

(CEDEC), Coordenadoria Regional de Defesa Civil (REDEC) ou Coordenadoria

Municipal de Defesa Civil (COMDEC) da sua região?

( ) Sim. ( ) Não.

10) Acredita ser importante maior integração do Sistema Estadual de Defesa Civil e

o Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e

Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais

(SEAQUA), em especial a polícia ambiental?

( ) Sim. ( ) Não.

11) Possui alguma sugestão ou crítica?

( ) Não ( ) Sim.

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Apêndice B – Questionário de Pesquisa Dirigida aos Coordenadores Regionais

de Defesa Civil

01) Tem conhecimento que a Polícia Militar é órgão setorial do Sistema Estadual de

Defesa Civil?

( ) Sim. ( ) Não.

02) Nas ações de defesa civil de sua região houve participação direta de quais

órgãos?

( ) Corpo de Bombeiros

( ) CETESB

( ) Polícia Rodoviária Estadual

( ) Polícia Rodoviária Federal

( ) IBAMA

( ) Policiamento Territorial

( ) Polícia Ambiental

( ) Polícia Civil

( ) Forças Armadas

( ) Organização Não Governamentais

03) Quais as ocorrências de defesa civil que afetam sua região?

( ) Alagamentos, enchentes

( ) Escorregamentos de encostas

( ) Vendavais

( ) Erosões

( ) Incêndios florestais

( ) Derramamento de produtos químicos

( ) Grandes acidentes rodoviários, ferroviários, náuticos, etc

04) Quais são os danos causados nas ocorrências civil da sua região?

( ) Materiais

( ) Humanos

( ) Ambientais

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05) Além das ações assistenciais, recuperativas, preventivas e de socorro, julga ser

importante a responsabilização dos danos ambientais causados pelo homem, em

ocorrências de defesa civil, com o objetivo de prevenir novos eventos?

( ) Sim. ( ) Não.

06) Tem conhecimento de alguma ocorrência de defesa civil em que a polícia

ambiental foi acionada para buscar a responsabilização dos autores dos danos?

( ) Sim. Quantas ?____ ( ) Não.

07) Nos cursos de capacitação de defesa civil é enfatizada a necessidade de

responsabilização dos autores dos danos ambientais nas ocorrências de defesa

civil?

( ) Sim. ( ) Não.

08) Julga que os integrantes de defesa civil tenham conhecimento da importância da

responsabilização dos autores dos danos ambientais nas ocorrências de defesa

civil?

( ) Sim. ( ) Não.

09) Acredita ser interessante inserir nos cursos existentes uma matéria específica

que aborde o componente responsabilização dos danos ambientais, nas ocorrências

de defesa civil?

( ) Sim. ( ) Não.

10) Qual a sua visão da participação da polícia ambiental no Sistema Estadual de

Defesa Civil?

___________________________________________________________________

11) Na sua região existem ações conjuntas da Defesa Civil e da polícia ambiental?

( ) Sim. ( ) Não.