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DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO POTENCIALIZADOR PARA
A UTILIZAÇÃO DE BLOGS COMO MEIO DE EDUCAÇÃO NÃO
FORMAL E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
Ricardo Augusto da Silva¹, André de Oliveira Garcia, Sérgio Ferreira do Amaral
RESUMO
Este artigo apresenta uma proposta de desenvolvimento de plataforma tecnológica com o
objetivo de estimular o uso de blogs de divulgação científica por docentes e pesquisadores de
instituições de ensino. Nosso foco presente se dá nas instituições de ensino superior, já que são
aquelas que produzem pesquisa, ensino e extensão e produzem conhecimento de ponta e
inovação. Nos Estados Unidos já é comum a utilização de blogs como ferramenta de divulgação
de ciência por pesquisadores e docentes, mas aqui no Brasil esta atividade ainda é incipiente.
Conforme dados levantados, já existe uma demanda crescente em nosso país por informações
sobre ciência e, dadas as características potencializadoras da web 2.0 para o aprendizado,
acreditamos que são necessárias ações de estímulo e facilitamento do uso dos blogs pelos
docentes e pesquisadores interessados em compartilhar seus conhecimentos e pesquisas na rede,
aproximando o público da ciência e, neste processo, realizando um tipo de educação não formal.
Apresentamos uma breve discussão sobre educação não formal, de que forma como os blogs
de divulgação científica podem ajudar neste sentido e sugerimos um modelo de implementação
desta ferramenta dentro de uma comunidade de docentes e pesquisadores de uma instituição de
ensino superior, com o objetivo de informar, educar e estimular a prática da divulgação
científica através de blogs.
Palavras-chave: educação não formal, divulgação científica, blogs
ABSTRACT
This article presents a platform development proposal that would encourage the use of science
blogs by teachers and researchers from educational institutions. Our present focus is in higher
education institutions, for those that produce research, teaching and extension and produce
cutting edge knowledge and innovation. The United States is already common to use blogs as
an information tool for researchers and teachers, but here in Brazil this activity is still incipient.
According to collected data, there is already a growing demand in our country for information
on science and, given the learning potential characteristics of Web 2.0, we believe that are
necessary actions to increase the use of blogs by teachers and researchers interested in sharing
their knowledge and research on the net, bringing science to the public and in the process,
performing a kind of non-formal education. We present a brief discussion about non-formal
education, the way science blogs could help in this subject and we suggest an implementation
model of this tool within a community of teachers and researchers of an higher education
institution, in order to inform, educate and stimulate the practice of science communication
through blogs.
Keywords: non-formal education, science divulgation, blogs
INTRODUÇÃO
É sabido que os espaços de aprendizagem ampliaram-se com o aparecimento da Internet e, mais
intensamente, com o surgimento da Web 2.0. Esta ampliação trouxe mudanças nos espaços de
educação formal, não formal e informal. Entende-se aqui por educação formal todas as práticas
pedagógicas levadas a cabo por instituições escolares e acadêmicas, com uma estrutura
hierárquica e organizado cronologicamente. Educação informal como conjunto de todas as
aprendizagens adquiridas e desenvolvidas nos contextos pessoais e sociais, fora das instituições
e sem seguir objetivos educativos e a educação não formal seria aquela com objetivos de
aprendizagem, mas se dando fora das instituições tradicionais, sem hierarquia rígida, nem
estrutura cronológica estática (Daniel, 2002).
Uma das formas específicas que alia educação não formal e divulgação científica são os Blogs.
Existe uma subcategoria destes veículos que se enquadram dentro do termo “Divulgação
científica independente” (Porto, 2009), tratam-se de websites mantidos por indivíduos ou
grupos que, com dedicação e financiamento próprios, divulgam conteúdo científico, de forma
didática e simplificada para o grande público. Esta categoria está dentro das mídias digitais com
liberdade do pólo de emissão. Esta liberdade se dá em relação às mídias tradicionais de massa
e à censura política. O profissional do Blog trabalha de forma independente de linhas editoriais,
políticas e de estilo externas.
Estes Blogs são meios de comunicação digital que possuem o objetivo de disponibilizar
informações sobre ciência para o grande público. Neste sentido, diferem-se das publicações
científicas por conterem linguagem não técnica e possivelmente carga de opinião própria do
escritor. Os Blogs de divulgação da ciência podem ser mantidos por docentes, cientistas ou
jornalistas da ciência. Seus conteúdos são baseados no conhecimento e expertise de seu(s)
escritore(s) e não seguem pauta ou editorial externo superior (como no caso de um jornal ou
revista). Blogs de divulgação da ciência tem a potencialidade de formar uma comunidade em
torno de si, através de comunicações entre os escritores e visitantes, comentários e fóruns e,
desta forma, propiciando a aproximação ao seu público e o aprendizado sobre o assunto.
Estes tipos de Blogs permitem discussões imediatas sobre os assuntos abordados, algo não
presente nas publicações científicas tradicionais. Um periódico científico não possui esse
espaço de interação ágil e livre. Os cientistas, ao escreverem seus blogs, geralmente são lidos
por jornalistas especializados em ciência que, além de debater com suas fontes, utilizam esse
material para suas pesquisas. Muitas vezes os materiais apresentados nos Blogs são utilizados
pela mídia para alguma notícia (Bonetta, 2007). Lapointe e Druin (2007) também descrevem
os blogs de ciência como uma ferramenta que permite cientistas falarem diretamente com o
público, oportuniza às pessoas o contato direto com o discurso dos cientistas, o aprendizado, o
estímulo do interesse pelo conhecimento científico, além de criar a oportunidade para experts
de diferentes áreas para trocas de informação.
Um dos desafios atuais, no Brasil, é o estímulo ao uso destas ferramentas pelos docentes e
pesquisadores, no intuito de aumentar o acesso à informação, aproximação do público à ciência
e à educação (não formal) resultante deste processo. Isto já ocorre nos Estados Unidos com
intensidade, mas ainda é incipiente no Brasil. Neste sentido, nosso projeto procura avançar em
busca de soluções.
Conforme pesquisa feita nos Estados Unidos, o acesso à Internet é a segunda forma da
população obter informações sobre ciência (Horrigan, 2006), perdendo apenas para a televisão
(20% dos acessos). No Brasil ainda não existe pesquisa sobre o uso da Internet para busca de
informações sobre ciência mas sabemos que, de acordo com o IBGE, a utilização majoritária
da mesma é para “educação e aprendizado” (71,7%) e “Busca de notícias - Leitura de Jornais e
Revistas” (46,9%) (IBGE, 2005). Numa pesquisa feita em 2012 sobre os Blogs no Brasil,
estimou-se que o público de Blogs no Brasil é de, aproximadamente, 80 bilhões (temos 100
bilhões de usuários, metade do país), sendo que 6% acessam os blogs de ciência e tecnologia.
Conforme pesquisa do Labjor/Unicamp sobre a percepção pública da ciência no Estado de São
Paulo (FAPESP, 2010), existe um interesse por Ciência em Tecnologia mais que 50% da
população, com o registro médio de 36% de consumo deste assunto através da internet. Isso
mostra que a demanda por este conhecimento existe, apesar da pouca oferta.
Em termos de demanda, é importante ressaltar que há interesse declarado do público brasileiro
sobre a ciência. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Galup no ano de 1987, demonstrou que
70% dos brasileiros entrevistados possuíam interesse em ciência. Quase 20 anos depois, no final
de 2006, nova pesquisa sobre a Percepção Pública da Ciência e Tecnologia é feita com mais de
duas mil pessoas em todo o País e divulgada em abril de 2007 pelo Ministério da Ciência e
Tecnologia (MCT). Neste levantamento, 41% dos entrevistados consideram que o País ocupa
posição intermediária no cenário mundial no setor, dado que era de apenas 25% em 1987 –
quando foi feito outro estudo do tipo pelo MCT, pelo Museu de Astronomia e Ciências Afins
(Mast) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Para
46% dos entrevistados, a ciência e a tecnologia trazem mais benefícios do que malefícios para
a sociedade. Apesar desse avanço na percepção, a pesquisa revela que os temas ligados à ciência
e à tecnologia têm 41% da preferência ("muito interesse") do público, perdendo para medicina
e saúde (60%), meio ambiente (58%), religião (57%), economia (51%) e esportes (47%) (MCT,
2007).
Em pesquisas mais recentes sobre o interesse do brasileiro em notícias sobre ciência realizada
em 2010 (FAPESP, 2010), observa-se que houve um aumento significativo. O percentual que
foi de 41% divulgado em 2007 aumentou para 65% em 2010. Isto demonstra o amadurecimento
da percepção da população brasileira a respeito da ciência. Os resultados mostram que a
população brasileira confia no cientista, acredita que a pesquisa é fundamental, apoia o aumento
de recursos para o setor e acha que a ciência traz benefícios para sua vida. Estes dados mostram
claramente o potencial que os blogs de ciência apresentam para a educação não formal.
É provável que estes números aumentem, conforme a cultura de divulgação da ciência venha a
se propagar utilizando-se dos Blogs e mais cientistas e divulgadores da ciência apropriem-se
desta prática. Neste sentido, é preciso que os pesquisadores e docentes de instituições de ensino
tomem conhecimento desta demanda, se interessem pela iniciativa e sua potencialidade para o
ensino, aprendam a utilizar esta ferramenta e auxiliem na construção desta cultura.
REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta parte apresentaremos nossa fundamentação teórica no que se refere às ideias de educação
não formal, divulgação científica e a ferramenta em questão, denominada Blog.
As comunidades online que são propiciadas pelos blogs, centradas em interesses e partilha de
conhecimentos, recursos e aprendizagens comuns, adquiriram uma importância crescente nos
últimos anos. Cada vez mais estes ambientes ganham reconhecimento acadêmico e
institucional. A aprendizagem ao longo da vida ganha novo espaço e reconhecimento «(...)
lifelong learning means all general education, vocational education and training, non-formal
education and informal learning undertaken throughout life, resulting in an improvement in
knowledge, skills and competences within a personal, civic, social and/or employment-related
perspective (COM(2004) 474 final, 2004, p.19)» (Pinto, 2005)
Assim como outras plataformas (e-learning, portais, etc), consideramos os blogs de divulgação
científica como um espaço virtual de aprendizagem. Disto podemos dizer que se trata de um
espaço sem local geográfico específico, nem tempo de acesso definido, onde o processo de
ensino aprendizagem ocorre de forma não tradicional. As plataformas da Web 2.0, em regra
geral, promovem interação e comunicação (síncrona e assincrônica), apoiada na rede de
utilizadores (gerador de conteúdo e público).
Assistimos a uma nova realidade na educação, onde cada espaço tem características únicas,
podendo ser utilizadas de forma conjunta ou isolada no contexto educacional, aumentando de
forma exponencial as capacidades do ensino aprendizagem. Novas formas de aprender e ensinar
surgiram com a inovação tecnológica e o paradigma virtual. Presentemente podemos ter vários
tipos de aprendizagem, nomeadamente por exposição (seja no ensino real ou virtual), autónoma
(aluno como centro de decisão), exploração (alunos escolhem o caminho a seguir). No caso dos
blogs, a aprendizagem se dá por uma mescla dos três fatores: exposição das informações
(instigação ao tema), desenvolvimento da autonomia (busca por palavras chave ou hyperlinks
por mais informações ou aprofundamentos) e exploração (busca por informações relacionadas).
De acordo com Wortmann e Veiga-Neto (2001), cultura tem a ver com práticas sociais,
tradições linguísticas, processos de constituição de identidades e comunidades, solidariedades
e, ainda, com estruturas e campos de produção e de intercâmbio de significados entre os
membros de um grupo. No que concerne ao intercâmbio de significados e fortalecimento de
práticas sociais, a divulgação científica, através da popularização do conhecimento acadêmico,
é um importante instrumento de formação de cultura científica e ensino não formal. Além de
dialogar com amplas camadas da sociedade sobre assuntos que antes eram de nicho específico,
propicia a aproximação do indivíduo comum às universidades e estimula a discussão mais
ampla sobre ciência e tecnologia, além do estímulo à autonomia e ao aprendizado.
Divulgação científica aqui deve ser entendida dentro da definição de Bueno (1984), onde se diz
que esta “compreende a utilização de recursos, técnicas e processos para a veiculação de
informações científicas e tecnológicas ao público em geral”.
Sobre cultura científica, trata-se de um processo criado por diferentes etapas: educação para
ciência nas escolas e sua extensão por toda a vida, através de outros canais. Trata-se da
conjunção da divulgação científica formal com a divulgação informal como uma forma efetiva
de alfabetizar cientificamente o indivíduo e atingir o aprendizado. Neste sentido, produz-se uma
cultura científica transformadora no mundo contemporâneo (Porto, 2009).
De acordo com Wilkins (2008), um Blog é uma webpage (página da Internet) continuamente
atualizada, com entradas (postagens) que possuem data, hora e, se muitos autores participam,
os nomes dos escritores dos artigos. Cada postagem pode ser comentada pelo leitor, criando
discussões com diferentes níveis de profundidade, moderadas ou não pelo administrador da
página. Blogs podem possuir temas gerais ou específicos. Complementarmente, conforme
Brady (2005), um blog possui as seguintes características: publicação cronológica de opiniões
pessoais e weblinks. Funções como links permanentes, trackback, RSS e espaço para
comentários. Para o autor, o diferencial do blog é ser uma ferramenta de interação que permite
as pessoas serem mais ativas na geração do conhecimento (Brady, 2005).
METODOLOGIA
Considerando o potencial duplo dos blogs de divulgação científica para o auxílio na educação
não formal e na construção da cultura científica, este artigo pretende iniciar um estudo
específico, dentro da área de educação, comunicação e jornalismo científico e tecnologia da
informação, sobre iniciativas e possibilidades de divulgação científica independentes entre os
docentes e pesquisadores de uma instituição de ensino superior, para fins de educação não
formal. O universo a ser pesquisado será o corpo de docentes e pesquisadores. As questões que
apresentaremos são:
1) Como se dá a divulgação científica, através dos meios tecnológicos de informação,
de forma independente, dentro desta instituição, pelos docentes e pesquisadores?
2) Como ela é feita (ferramentas tecnológicas) e como atinge seu público?
3) Qual a percepção do pesquisador/docente desta universidade em relação à
divulgação da ciência, educação e do blogging?
4) A disponibilização de uma ferramenta que facilite o blogging para os
docentes/pesquisadores e o treinamento dos interessados possibilitaria a alteração
da percepção apresentada em 3 e mudaria o quadro apresentado em 1 e 2?
5) O quanto o item 4 auxiliou no fomento da divulgação científica independente na
universidade?
A pesquisa será organizada em 3 etapas, a saber:
1) Etapa de avaliação do quadro geral dos docentes/pesquisadores da instituição em
relação à divulgação científica, educação e blogging
Será realizada uma pesquisa de opinião entre os docentes/pesquisadores da universidade,
procurando coletar informações sobre a percepção da comunidade sobre: A) Educação não
formal, divulgação científica e popularização da ciência, B) Blogging e C) Disposição e
interesse em desenvolver atividades envolvendo a) e b)
Dessa forma será feito um mapeamento da cultura de educação não formal, divulgação
científica e a pre disposição em utilizar novas ferramentas para seu fomento. Utilizaremos a
escala Likert1 para a construção dos questionários.
2) Numa segunda etapa, será desenvolvida uma forma de ferramentalizar a
comunidade de docentes no sentido de criar, recriar, atualizar, expandir e centralizar seus
esforços de divulgação e comunicação científica. Será desenvolvido um portal web ou
1
A escala Likert ou escala de Likert é um tipo de escala de resposta psicométrica usada habitualmente em questionários, e é a escala mais
usada em pesquisas de opinião. Ao responderem a um questionário baseado nesta escala, os perguntados especificam seu nível de concordância com uma afirmação.
plataforma semelhante (aglutinadora de blogs) que permita a criação e o gerenciamento de seus
espaços virtuais de divulgação científica. Além disto, esta etapa compreende a divulgação da
iniciativa, atração, treinamento e o envolvimento dos interessados para o uso da plataforma.
3) A terceira etapa consistirá, semelhante à primeira etapa, na aplicação de
questionários e a medição do sucesso da empreitada, desde a criação da plataforma, da inserção
dos interessados, do alcance da divulgação, da sua utilização e manutenção e da penetração
dentro da comunidade (medições de utilização, acesso e alcance).
1ª Etapa – Pré-Consulta à Comunidade
Nesta etapa, aplicaremos um questionário à comunidade de docentes/pesquisadores da
universidade, procurando coletar informações sobre educação não formal, a cultura de
divulgação científica e o processo de blogging. O questionário procurará identificar:
a) Percepção do pesquisador em relação à importância da educação não formal, divulgação
científica e popularização da ciência
b) Percepção do pesquisador em relação à confiança neste formato de educação e
divulgação como positiva ou relevante na disseminação do conhecimento científico
c) Percepção do pesquisador em relação a confiança no uso da internet como meio de
disseminação do conhecimento científico
d) Percepção do pesquisador em relação ao conhecimento e à confiança no uso da
ferramenta blog para a disseminação do conhecimento científico
e) Disposição do pesquisador para a divulgação científica independente
f) Disposição do pesquisador em utilizar a ferramenta blog para a divulgação científica
independente
2ª Etapa – Desenvolvimento de Experimento (Blog Ring/Anel de Blogs/Aglutinador de
Blogs)
De acordo com Winer (www.scripting.com), um blogger pioneiro, os blogs tem as seguintes
características:
- Personalizado: blogs são pensados para uso pessoal (mas é possível blogs coletivos).
O estilo é pessoal e informal (sem linha editorial).
- Baseado-em-rede: blogs podem ser atualizados frequentemente. São fáceis de manter
e acessíveis via navegador (web-browser).
- Mantido pela comunidade: blogs podem conectar suas ideias com outros blogs e
websites, permitindo a conexão de postagens e informações, estimulando a geração de
conhecimento e compartilhamento entre os bloggers.
- Automatizado: as ferramentas de blogging ajudam os usuários em suas publicações
sem a necessidade de programação, portanto, só é preciso se preocupar com o conteúdo.
Recursos característicos de um blog (Du & Wagner 2006):
- Permalink: URL permanente para cada entrada no blog, permite o referenciamento de
entradas passadas específicas como qualquer outro endereço online.
- Trackback: um hyperlink reverso que trilha os weblogs participantes de um “diálogo”.
- Blogroll: lista de blogs parceiros ou indicados.
- Software-livre: plataforma livre de custos diretos e com potencial de expansão
esuporte pela comunidade. Coincidentemente, são as plataformas livres que são mais usadas
em Blogs (Wordpress, Blogspot, Joomla, etc)
Seguiremos um estudo de Du & Wagner (2006), para definir o formato dessa plataforma. O
estudo procurou identificar elementos cruciais para o sucesso de um blog. As tecnologias de
blogging, essencialmente, servem para facilitar a comunicação e a publicação de conteúdo para
usuários sem conhecimento técnico. Essas ferramentas têm se desenvolvido, permitindo uma
maior integração com as mídias sociais. O sucesso de um blog (popularidade e
crescimento) dependem largamente do valor que ele oferece aos seus leitores. Esse valor é
definido por:
- Conteúdo escrito (ou mídia). Determinantes são o tipo de informação, a frequência e
quantidade, apresentação e organização.
- Organização do blog: capacidade de apresentar e organizar conteúdo, para facilitar a
conexão entre blogs e sua interação social. Característica ligada diretamente à tecnologia do
blogging. Afeta sua acessibilidade e potencial de disseminação de informação (Bauer, 2004).
- Recursos sociais existentes e potenciais: afiliação a grupos, comunidades,
comentadores e frequentadores e a lista do blogroll. Leitores preferem blogs que são lidos ou
comentados por outros visitantes (Shirky, 2003). Este é o valor social do blog.
A tecnologia que reduza as dificuldades de publicação de conteúdos, armazenamento, criação
de links, controle social (recentes visitas, backlinks, lista de inscrição), facilidade de
afiliações/conexões promove o sucesso do blog. A escolha da tecnologia que provenha estas
características com mais eficiência produz uma vantagem no mundo dos blogs, altamente
competitivo.Usualmente, existem alguns sites que são usados como medidores de sucesso de
blog: technorati, Blogstreed e TruthLaidbear produzem o “top 100 blogs”.O experimento
consistirá na implementação de um portal aglutinador dos blogs, que permitirá a concentração
dos conteúdos em uma plataforma semelhante à utilizada no Scienceblogs2 (caso de sucesso).
2 http://scienceblogs.com/
Utilizaremos o formato apenas como modelo gráfico e de engenharia de informação, já que se
trata de uma iniciativa privada e vinculada à Seed e National Geographic.
3ª Etapa – Consulta final à Comunidade, medições de sucesso e Conclusões
Aplicaremos o questionário feito na primeira etapa, comparando os resultados e
sugerindo alterações nos quisitos que não foram supridos pelo modelo criado.
RESULTADOS ESPERADOS
Além do mapeamento da cultura científica da universidade pré e pós experimento, espera-se
que o desenvolvimento da plataforma contribua para o esforço coletivo de educação não formal
e divulgação científica. Será feita uma análise final para compreender o alcance da experiência,
seus impactos e possibilidades de reutilização do modelo em outros locais/instituições.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os Blogs foram considerados uma das 10 tecnologias de destaque em 2005, pela Fortune
Magazine (Vogelstein et al., 2005). A popularidade dos blogs aumentou com o passar dos anos,
resultando em seis milhões de blogs ativos em 2004 (technorati). A utilização de blogs como
ferramenta de divulgação científica de sucesso e, por conseguinte, produzir uma educação não
formal, é algo já comprovado e consolidado em alguns países. De acordo com Horrigan (2006),
a internet é a fonte mais popular de informações de ciência para pessoas de menos de 30 anos
nos EUA e 20% dos americanos usam a internet para buscar detalhes sobre ciência.
A possibilidade de criação e manutenção de espaços de auto publicação como o blog provoca
transformações significativas no processo de produção e divulgação de informações científicas
e tecnológicas e no como isso é absorvido pelo público. A velocidade que permeia as
informações no Brasil, na atualidade, é algo que envolve estudantes e pesquisadores. Estes
passam a articular e criar redes de discussão, e divulgando conteúdo científico, com recursos e
dedicação próprios, usando como suporte a Internet.
Acreditamos que, com o desenvolvimento de uma iniciativa que instigue e facilite o uso da
ferramenta blog pelo corpo de docentes e pesquisadores de uma instituição de ensino superior,
juntamente com os elementos da cibercultura atualmente intensificados, os recursos de
multimidialidade, hipertextualidade e interatividade, conseguiremos auxiliar para que os
conteúdos de aprendizado sobre ciência nos blogs e anéis de blogs, de fato, sejam
intensificados, possibilitando que cientistas, pesquisadores e divulgadores contem histórias
mais estimulantes e criativas aos olhos do público, motivando ainda mais o interesse e o
aprendizado. A autopublicação abre, portanto, horizontes inéditos para a difusão e consolidação
de um tipo de educação não formal e uma cultura científica no Brasil. Neste sentido, esta
pesquisa procura dar sua contribuição.
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