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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA INSTITUTO DE QUÍMICA Atividade antioxidante e isolamento de flavonóides glicosilados de Waltheria ferruginea Deusielly da Silva Avelar Natal/RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

INSTITUTO DE QUÍMICA

Atividade antioxidante e isolamento de flavonóides glicosilados

de Waltheria ferruginea

Deusielly da Silva Avelar

Natal/RN

2016

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Deusielly da Silva Avelar

Atividade antioxidante e isolamento de flavonóides glicosilados

de Waltheria ferruginea

Natal-RN

2016

Monografia apresentada ao Instituto de

Química da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como requisito parcial

para obtenção do título de Bacharel em

Química.

Orientadora: Profª. Drª. Renata

Mendonça Araújo

Co-orientador: Prof. Ms. Rusceli Diego de

Araújo

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Deusielly da Silva Avelar

Atividade antioxidante e isolamento de flavonóides glicosilados

de Waltheria ferruginea.

Monografia submetida ao Instituto de Química, da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como

requisito parcial à obtenção do titulo de Bacharel em

Química.

Orientadora: Profª Drª Renata Mendonça de Araujo

Natal/RN

2016

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Dedico este trabalho a

Deus por ter me guiado em

todos os caminhos difíceis. Aos

meus pais que me sempre me

incentivaram e me deram forças.

Ao meu noivo por estar sempre

ao meu lado em todos os

momentos.

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Tudo posso naquele que me fortalece.

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Deusielly da Silva Avelar

Atividade antioxidante e isolamento de flavonóides glicosilados

de Waltheria ferruginea

Aprovado em:____/____/_______

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________ Profa. Dra. Renata Mendonça Araújo

Orientadora

_____________________________________

Prof. Ms. Rusceli Diego de Araujo Co-Orientador

_____________________________________ Prof. Dr. Fabiano do Espírito Santo Gomes

Trabalho de conclusão de curso para

obtenção do título de graduação em

Química Bacharelado, apresentado à

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte – UFRN.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por me proteger e me iluminar dia após dia,

estando sempre ao meu lado me guardando de qualquer mal.

Aos meus pais João e Cândida sempre me deram força, apoio e total

incentivo no desenvolvimento do mesmo bem como no meu progresso

acadêmico. Amo vocês.

A minha irmã Lilian que apesar da distância sempre foi minha fonte de

força, coragem e dedicação aos estudos, e a minha irmã Deusiany por ter nela

um exemplo a ser seguido.

Ao meu noivo Mykevison pelas renúncias feitas, por todo

companheirismo, confiança, força, carinho e compreensão, estando ao meu

lado em todos os momentos. Te amo.

A minha orientadora, Profª. Renata pelos ensinamentos, dedicação,

orientação, incentivos e amizade, sempre me aconselhando, mostrando

caminhos e portas abertas para o futuro.

Ao meu amigo Kleiton, pelas explicações e ajuda dada quando cheguei

ao laboratório.

Ao meu co-orientador, amigo de todas as horas, Rusceli, por toda

amizade, presteza, esclarecimentos (os quais não foram poucos) e toda ajuda

que me forneceu no laboratório e durante o desenvolvimento do presente

trabalho. Muito obrigado!

As minhas amigas, melhor presente que a faculdade me trouxe Anne,

Jéssica, Sheeza, Taiannie e Raphaella que caminharam junto comigo para

mais essa vitória, por todas lagrimas derramadas e por sempre estarem ao

meu lado, muito obrigado. Adoro muito vocês.

A todos os colegas de laboratório, que de uma forma ou de outra

colaboraram, Erivaldo, Edson, Anne, Taiannie, Nara, Marcela, Rusceli, Gizelly,

Janielly, Jessica, Sheeza, Muito Obrigado.

A meu chefe Bruno pela oportunidade e pela família Aquanalous que me

recebeu super bem. Principalmente as minhas aqualoucas, Cristiane e Yzabelli

que fazem meu dia de trabalho mais feliz. MUITO OBRIGADA!

A todos os meus amigos e familiares que sempre acreditaram e me

deram incentivos para continuar essa caminhada.

Por fim, agradeço a todas as pessoas que contribuíram de alguma forma

para a finalização deste trabalho. Obrigado!

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RESUMO

Este trabalho relata o estudo fitoquímico das folhas de Waltheria

ferruginea e o teste de atividade antioxidante, pelo método do DPPH da fração

hidroalcoólica. Esta espécie, comumente encontrada no Nordeste do Brasil,

revelou-se como fonte de flavonoides glicosilados. O tratamento cromatográfico

do extrato etanólico das folhas, permitiu o isolamento e purificação de dois

flavonoides: canferol-3-O-β-(6''-cumaroil)-glicopiranosídeo e canferol-3-O-β-

glicopiranosídeo, ambas as moléculas com atividades biológicas comprovadas

na literatura, mas inéditas para a espécie. O extrato etanólico das folhas de W.

ferruginea apresentou resultados satisfatórios em testes de atividade

antioxidante. A determinação estrutural dos metabólitos secundários isolados

foi realizada através de técnicas espectrométricas: Ressonância Magnética

Nuclear de Hidrogênio-1 e Carbono-13, através de seqüências de pulsos uni e

bidimensionais e comparação com dados de RMN da literatura.

Palavras-chave: Estudo fitoquímico, metabólitos secundários, Waltheria

ferruginea, teste antioxidante.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Classes de substâncias naturais produzidas pelo metabolismo primário e secundário e biorreações...................

16

Figura 2- Fotos de Waltheria ferruginea no seu habitat natural (a) e

ocorrência da espécie por região do Brasil (b).........................

20

Figura 3- Estruturas básicas de um flavonoide........................................ 21

Figura 4- Rota biossintetica geral dos flavonoides................................... 21

Figura 5- Proposta de formação do acido chiquimico.............................. 22

Figura 6- Proposta de formação do acido cinamico (4-cumaril-CoA)....... 23

Figura 7- Proposta de formação da flavonona......................................... 24

Figura 8- Estrutura genérica de uma chalcona........................................ 25

Figura 9- Estrutura genérica de uma flavona........................................... 25

Figura10- Estrutura genérica de um flavonol............................................ 26

Figura11- Estrutura genérica de uma flavona........................................... 26

Figura12- Estrutura genérica de uma antocianinas................................... 27

Figura13- Estrutura genérica de um isoflavonoide.................................... 27

Figura14- (A)DPPH na sua forma oxidada, na cor púrpura, (B)DPPH coloração amarela, na sua forma reduzida...............................

38

Figura15- Espectro de RMN 1H (500MHz MeOH) de WFFE-1................. 47

Figura16- Espectro de RMN 13C (500MHz Piridina) de WFFE-1.............. 48

Figura17- Espectro de RMN bidimensional de correlação heteronuclear 1H,13C – HMBC de WFFE-1......................................................

49

Figura18- Espectro de RMN bidimensional de correlação homonuclear 1H, 1H –COSY de WFFE-1.....................................................

50

Figura19- Espectro de RMN 1H de WFFE-2 (MeOH, 300 MHz).................. 52

Figura20- Curva da atividade antioxidante versus concentração do extrato hidroalcoolico, a absorbância (1)..................................

41

Figura21- Curva da atividade antioxidante versus concentração do extrato hidroalcoolico, a absorbância (2)..................................

42

Figura22- Curva da atividade antioxidante versus concentração do extrato hidroalcoolico, a absorbância (3).................................

43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Dados referentes ao modo de eluição utilizado no

fracionamento cromatográfico de WFFE-

H.............................................................................................

33

Tabela 2- Dados referentes ao fracionamento cromatográfico

WFFH..........................................................................................

34

Tabela 3- Dados referentes ao modo de eluição utilizado no

fracionamento cromatográfico de WFFE-

H.................................................................................................

34

Tabela 4- Dados referentes ao fracionamento cromatográfico WFFE-

H...................................................................................................

35

Tabela 5- Dados referentes ao modo de eluição utilizado no

fracionamento cromatográfico de WFFE-

C............................................................................................

35

Tabela 6- Dados referentes ao fracionamento cromatográfico WFFE-

C...........................................................................................

35

Tabela 7- Dados referentes ao fracionamento cromatográfico WFFE-

A...........................................................................................

38

Tabela 8- Dados das concentrações, absorbâncias e atividades

antioxidante..................................................................................

40

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LISTA DE ABREVIATURAS

%AA Porcentagem da atividade antioxidante

CCD Cromatografia de camada delgada

DPPH Composto químico 2,2-difenil-1-picrilhidrazilo

RMN 1H Ressonância Magnetica Nuclear de Hidrogenio

RMN 13C Ressonância Magnetica Nuclear de Carbono-13

HSQC Correlação heteronuclear

HMBC Correlação homonuclear

WFFE Extrato etanolico da folha de Waltheria ferruginea

WFFH Extrato hexanico da folha de Waltheria ferruginea

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SUMÁRIO 1. Introdução ................................................................................................ 15

2. OBJETIVOS ................................................................................................. 18

2.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 18

2.2 Objetivos específicos ............................................................................... 18

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 19

3.1 Waltheria ferruginea ................................................................................. 19

3.2. Flavonoides ............................................................................................. 20

3.3. Rota Biosintética dos flavonoides ........................................................ 21

3.4. Classes de Flavonoides .......................................................................... 24

3.4.1 Chalconas .............................................................................................. 25

3.4.2 Flavonas ................................................................................................. 25

3.4.3 Flavonois ................................................................................................ 26

3.4.4. Flavanonas ............................................................................................ 26

3.4.5 Antocianinas .......................................................................................... 26

3.4.6 Isoflavonoides ....................................................................................... 27

3.5. Métodos de isolamento dos compostos .............................................. 28

3.5.1. Cromatografia em camada delgada (CCD) ......................................... 28

3.6. Cromatografia em Coluna ....................................................................... 28

4. Parte Experimental ..................................................................................... 29

4.1. Métodos Cromatográficos ...................................................................... 29

4.1.2 Cromatografia de Adsorção ................................................................. 29

4.1.3. Cromatografia de Exclusão ................................................................. 30

4.1.4. Cromatografia Líquida de Alta Eficiência .. Erro! Indicador não definido.

4.2 Métodos Espectrométricos ..................................................................... 31

4.2.1 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio

(RMN 1H) e de Carbono-13 (RMN 13C) ........................................................... 31

4.3 Estudo Fitoquimico de W. ferruginea ..................................................... 33

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4.3.1. Partição Liquido-liquido de WFFE ...................................................... 33

4.3.1.1. Fracionamento Cromatográfico da fração WFFH ........................... 33

Tabela 1: Dados referentes ao modo de eluição utilizado no fracionamento

cromatográfico de WFFH. .............................................................................. 33

Tabela 2: Dados referentes ao fracionamento cromatográfico WFFH. ...... 34

4.3.2 Fracionamento Cromatografico da fração WFFE-H ........................... 34

Tabela 3: Dados referentes ao modo de eluição utilizado no fracionamento

cromatográfico WFFE-H. ............................................................................... 34

Tabela 4: Dados referentes ao fracionamento cromatográfico WFFE-H. .. 35

4.3.1.2. Fracionamento Cromatografico da fração WFFE-C ....................... 35

Tabela 5: Dados referentes ao modo de eluição utilizado no fracionamento

cromatográfico WFFE-C. ............................................................................... 35

Tabela 6: Dados referentes ao fracionamento cromatográfico WFFE-C. .. 35

4.3.1.3. Fracionamento Cromatografico da fração WFFE-A ....................... 36

Tabela 7: Dados referentes ao fracionamento cromatográfico WFFE-A. .. 36

4.4. Estudo para a Atividade Antioxidante (AA%) ....................................... 37

5. Resultados e discussão ............................................................................. 38

5.1. Avaliação da atividade antioxidante pela captura do radical livre ...... 38

5.1.1. Analise das curvas .............................................................................. 39

5.2. Caracterização dos metabolitos secundários da Waltheria ferruginea

......................................................................................................................... 44

5.2.1. Caracterização do flavonoide WFFE-1 .............................................. 44

5.2.2. Caracterização do flavonoide WFFE-2 ............................................... 50

6. CONCLUSÃO................................................................................................57

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1. INTRODUÇÃO

O uso de plantas como medicamento é, provavelmente, tão antigo

quanto o aparecimento do próprio homem. A preocupação com a cura de

doenças sempre se fez presente ao longo da história da humanidade. No início

da década de 1990, a organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que

65%-80% da população dos países em desenvolvimento dependiam das

plantas medicinais como a única forma de acesso aos cuidados básicos de

saúde (MACIEL; PINTO & VEIGA JÚNIOR, 2005).

Os povos primitivos utilizavam as plantas para os mais variados fins, por

exemplo: nutricionais, medicinais, tóxicos e também utilizavam como corantes

para seus rituais. A biodiversidade do Brasil é considerada uma fonte

promissora de substâncias biologicamente ativas, sendo fundamental sua

preservação, tanto pelo valor intrínseco dessa imensa riqueza biológica, como

pelo seu enorme potencial como fonte de novos fármacos. (BARREIRO &

BOILZANI, 1999).

O desenvolvimento sustentável de um país depende essencialmente de

uma política consistente de educação, ciência e tecnologia e inovação,

sustentada na preservação da natureza, na biodiversidade e na exploração

racional de fontes naturais necessárias para alimentação, avanço social e

econômico. As atividades da fitoquímica podem contribuir significativamente

para a concretização através da investigação da flora e seu quimismo, da

divulgação e geração de novos conhecimentos. A química de produtos

naturais, fitoquímica como é conhecida atualmente, se dedica principalmente à

caracterização estrutural, avaliação das propriedades e investigações

biossintéticas de substancias naturais produzidas pelo metabolismo secundário

de organismos vivos. (BRAZ FILHO, 2009).

As plantas, através do seu metabolismo secundário, sintetizam

substâncias que são úteis para sua defesa e que podem também servir como

moduladores hormonais ou para atrair polinizadores. Muitas destas substâncias

são reconhecidas por outros organismos apresentando alguma propriedade

biológica ou farmacológica, podendo ser benéfica ou tóxica, como mostrado na

figura 1 a seguir.

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Figura 1: Classes de substâncias naturais produzidas pelo metabolismo primário e secundário e biorreações.

Fonte: BRAZ FILHO, 2009.

Frente a essa grande variedade de diferentes substâncias produzidas

através dos metabolismos primário e secundário dos seres vivos pode destacar

o Brasil, ele possui a maior diversidade genética em espécies de plantas no

mundo, porém, menos de 10% foram avaliadas quanto às suas características

biológicas e, menos de 5% foram submetidas a estudos fitoquímicos

detalhados. Apesar de um recente aumento de pesquisas nesta área, as

plantas ainda constituem uma fonte relativamente subutilizada e,

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potencialmente, muito valiosa para descoberta de novas substâncias

biologicamente ativas (Luna et al. 2005).

Ao longo dos anos, as pesquisas com plantas medicinais

mostraram-se promissoras em relação à obtenção de novas substâncias com

atividades farmacológicas definidas e com grandes potencialidades de

transformações destas substâncias em medicamentos, seja por isolamento

direto ou por modificações estruturais através da síntese orgânica. No caso

particular do câncer isto é verdade, até 2003, cerca de 60% das drogas em uso

são de origem natural ou derivada de um protótipo natural (Cragg et al., 1997;

2003).

Produtos naturais abundantes e facilmente acessíveis podem servir

como matéria-prima para a preparação de novas moléculas com potencial e

aplicação na área de fármacos ou ainda como inseticidas.

Tendo em vista o grande potencial apresentado pelas plantas e a

riqueza vegetal brasileira com muitas espécies ainda inexploradas, o presente

trabalho é dedicado principalmente à caracterização estrutural, avaliação de

propriedades e investigações biossintéticas de substâncias naturais produzidas

pelo metabolito secundário de organismos vivos.

Os flavonóides são os compostos fenólicos mais importantes e

diversificados entre os produtos naturais, é um pigmento natural encontrado em

vegetais e tem um papel muito importante contra agentes antioxidantes,

acredita-se também q a ingestão de frutas e legumes frescos previne contra

câncer e doenças cardíacas. Dado que essas substâncias não podem ser

sintetizadas pelo nosso organismo, são obtidos através da ingestão de

alimentos que o contenham ou através de suplementos nutritivos, como frutas,

legumes, vinhos, chá preto, chá verde, entre outros (ANGELO, 2007).

A espécie W. Ferruginea não possui estudo relatado na literatura e este

trabalho visa suprir esta lacuna e contribuir para o conhecimento químico desta

espécie. O estudo químico foi realizado através de métodos cromatográficos e

a elucidação estrutural dos metabólitos secundários obtidos foi realizada a

partir da análise de dados espectroscópicos do tipo Ressonância Magnética

Nuclear 1 H e 13C unidimensional.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Realizar a investigação fitoquímica de Waltheria Ferruginea, visando o

isolamento dos flavonoides com potencial biológico.

2.2 Objetivos específicos

- Isolar por métodos cromatográficos os flavonoides da W. ferruginea.

- Utilizar técnicas RMN de 1H e 13C uni e bidimensionais, para caracterização

dos metabólitos secundários, como também se familiarizar com as informações

que esta técnica disponibiliza.

- Realizar teste antioxidante com o extrato de W. ferruginea pelo método

DPPH.

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Waltheria ferruginea

Sterculiaceae é uma vasta família constituída de 68 gêneros e cerca de

1100 espécies espalhadas em todo o mundo, sendo que no Brasil ocorrem 11

gêneros e 115 espécies, dentre estas 60 pertencem ao gênero Waltheria.

Investigações químicas em espécies de Waltheria mostraram que muitas são

ricas em flavonoides, triterpenos, compostos polifenólicos, saponinas,

alcaloides, entre outros (GRESSLER, 2006).

As plantas pertencentes a essa família apresentam-se como grandes

arbustos nas matas montanhosas, vivendo nos mais variados ambientes, de

areia e solo pedregosos. (GRESSLER, 2008)

Waltheria ferruginia é um arbusto, algumas vezes uma arvoreta, de 1 a 4

metros de altura, que apresenta ramos alongados, densos velutinos, folhas de

coloração verde escura, aveludadas e flores amareladas como mostrado na

figura 2 abaixo.

Figura 2: Fotos de Waltheria ferruginea no seu habitat natural (a) e ocorrência da

espécie por região do Brasil (b).

Fonte: (a) autoria própr ia, (b) specieslink em 16/06/2016

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3.2. Flavonoides

Os flavonóides são os compostos fenólicos mais importantes e

diversificados entre os produtos naturais. Os flavonoides são pigmentos

naturais presentes nos vegetais que desempenham um papel fundamental na

proteção contra agentes oxidantes, como por exemplo, os raios ultravioletas, a

poluição ambiental, substâncias químicas presentes nos alimentos, entre

outros, e atuam também como agentes terapêuticos num elevado número de

patologias tais como arteriosclerose e cancro (SILVA, 2010). Acredita-se

também que as propriedades antioxidantes dos flavonoides presentes em

frutas e hortaliças frescas contribuam para seu efeito preventivo contra o

câncer e as doenças cardíacas (SARKER, NAHAR, 2009). Dado que essas

substâncias não podem ser sintetizadas pelo nosso organismo, sendo

representativos da parte não energética da dieta humana, são obtidas através

da ingestão de alimentos que o contenham ou através de suplementos

nutritivos. Exemplos de fontes de flavonoides são: frutas, verduras, cerveja,

vinho, chá verde, chá preto, soja dentre outras. Com exemplo do que foi

anteriormente citado, a maioria dos flavonoides presentes no vinho provém da

uva, especialmente da pele, e do processo fermentativo (SILVA, 2010).

Os flavonoides são compostos de origem biossintética mista, envolvendo

blocos provenientes da via poliacetato (anel A) e da via do chiquimato (anel B)

como apresentado na figura 3.

Figura 3: Estruturas básicas de um flavonoide.

O

O

2'

5'

6'

2

310

5

6

7

89

A C

B

Fonte: autoria própria.

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21

3.3. Rota Biosintética dos flavonoides

Os flavonoides tem sua origem a partir de duas rotas: Chiquimato e

acetato-malonato, conforme apresentado na figura 4, a seguir.

Figura 4: Rota biosintética geral dos flavonoides.

Fonte: autoria própria.

O ácido chiquimico é gerado pelo acoplamento do fosfoenolpiruvato com

D-eritrose-4-fosfato, resultando no ácido 7-fosfato-3-desoxi-D-arabino-

heptulosônico, o qual sofre eliminação de ácido fosfórico e reação aldólica

intramolecular para produzir o ácido 3-dehidroquinico. Este intermediário é

convertido em ácido chiquimico após desidratação e redução com NADPH

(DEWICK, 2002) como ilustrado na figura 5 a seguir.

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22

Figura 5: Proposta de formação do ácido chiquímico

Fonte: autoria própria.

O aminoácido L-fenilalanina tem como precursor o acido fenilpiruvico,

formado pela descarboxilação e aromatização do ácido prefênico originado

pelo ácido chorismico. Este pode se transformar respectivamente em ácido

cinâmico e ácido p-cumarico, após eliminação de amônia da cadeia lateral.

Dessa forma, o ácido p-cumárico é mais comumente produzido por hidroxilação

do ácido cinâmico, de acordo com a figura abaixo (DEWICK,2002).

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Figura 6: Proposta de formação do ácido cinâmico (4-cumaril-CoA).

Fonte: Autoria própria.

A condensação da molécula de p-cumarioil-SCoA com mais três

moléculas de malonil-SCoA produz aumento da cadeia lateral, a qual se

aromatiza após enolização das carbonilas cetônicas. O produto gerado, a

naringenina-chalcona, pode converter-se na forma isomérica conhecida como

flavonona.

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Figura 7: Proposta de formação da flavonona.

Fonte: Autoria própria.

3.4. Classes de Flavonoides

Os flavonoides podem ser classificados de acordo com suas origens

biossintéticas. Estruturalmente, os flavonoides constituem substâncias

aromáticas com 15 átomos de carbono (C15) no seu esqueleto básico. A

explicação para a existência de uma grande diversidade estrutural dos

flavonóides é explicada pelas modificações que tais compostos podem sofrer,

tais como: hidroxilação, metilação, acilação, glicosilação, entre outras (Koes et

al, 1994).

A partir da chalcona, todos os demais derivados flavonoídicos são

formados. De acordo com o grau de oxidação do anel C, os flavonoides são

divididos em várias subclasses, sendo elas: flavona, flavonol, flavanona, flavan-

3,4-diol, chalcona, antocianina, isoflavona e flavanol (ANDERSEN, 2006;

DEWICK, 2002). Estes compostos têm propriedades químicas semelhantes

aos fenóis simples, ficando relativamente solúveis em água especialmente

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quando existir açúcar ligado a estrutura do flavonoide, em etanol, metanol e

butanol, por serem compostos relativamente polares (VILA, 2006). O estado

de oxidação do anel heterociclico e a posição do anel B, ambos são

importantes na classificação.

3.4.1 Chalconas

São derivados de três unidades de acetato e uma unidade de ácido

cinâmico, encontradas em plantas como precursores de flavonoides, como é

mostrado abaixo:

Figura 8: Estrutura genérica de uma chalcona.

3X acetato

OH

OH

OH

O ácido cinâmico

Fonte: autoria própria.

3.4.2 Flavonas

Geralmente ocorrem em famílias herbáceas, (ex.: Lamiaceae, Apiaceae,

Asteraceae), cuja estrutura básica está representada na figura abaixo:

Figura 9: Estrutura genérica de uma flavona.

O

OH

OH

O

Fonte: autoria própria.

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26

3.4.3 Flavonois

Geralmente ocorrem em angiospermas herbáceas, Flavonois são

flavonas substituídas na posição C-3 por hidroxila. Cujo exemplo é mostrado a

seguir:

Figura 10: Estrutura genérica de um flavonol.

O

OHOOH

OH

Fonte: autoria própria.

3.4.4. Flavanonas

Flavanonas são encontradas quase que exclusivamente em frutas

cítricas.

Figura 11: Estrutura genérica de uma flavanona.

O

OOH

OH

CH3

3.4.5 Antocianinas

Depois da clorofila, é o grupo mais importante e mais difundido de

pigmentos solúveis em água que conferem cor as plantas responsáveis por

todas as cores como rosa, escarlate, vermelha, malva, violeta e azul, nas

pétalas folhas e frutos. Cujo exemplo e mostrado abaixo.

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27

Figura 12: exemplo de uma antocianinas.

O+

R

OH

R

R

Fonte: autoria própria.

3.4.6 Isoflavonoides

Em contraste com a maioria de outros flavonoides, isoflavonoides tem

uma distribuição taxonômica um tanto limitada. Apresenta variação estrutural,

onde ocorre a migração arílica do anel B solicitada da posição 2 anterior ou

posição beta para a posição 3 ou posição alfa.

Figura 13: Estrutura genérica de um isoflavonoide.

O

OOH

OH

Fonte: autoria própria.

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28

3.5. Métodos de isolamento dos compostos

3.5.1. Cromatografia em camada delgada (CCD)

A cromatografia em camada delgada (ou fina) consiste na separação

dos componentes de uma mistura através da migração diferencial sobre uma

camada delgada de adsorventes retida sobre uma superfície plana. Técnica

indispensável para análise de substâncias orgânicas. E principalmente para

análise qualitativa.

Dentre as aplicações da CCD estão:

Determinar a pureza de uma amostra ;

Comparação entre duas amostras;

Determinar o solvente apropriado para uma separação por cromatografia de

coluna;

O principio dessa técnica está relacionado com o poder adsorvente da

fase estacionária sólida e na solubilidade da fase móvel, para com a amostra

em estudo. (PAVIA, 2009).

3.6. Cromatografia em Coluna

Essa técnica é muito utilizada para isolamento de produtos naturais e

purificação de produtos de reações químicas. As fases estacionárias mais

utilizadas são sílica e alumina, entretanto estes adsorventes podem servir

simplesmente como suporte para uma fase estacionária líquida. Fases

estacionárias sólidas levam à separação por adsorção e fases estacionárias

líquidas por partição. (DEGANI, CASS, VIEIRA, 1998).

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29

4. Parte Experimental

4.1. Métodos Cromatográficos

A cromatografia é um método físico-químico de separação que se

fundamenta na migração diferencial dos componentes de uma mistura devido a

diferentes interações entre duas fases imiscíveis: fase móvel (gás, líquido ou

um fluido supercrítico) e a fase estacionária fixa (colocada em uma coluna ou

numa superfície sólida). A grande variedade de combinações entre fases

móveis e estacionárias torna a técnica extremamente versátil e de grande

aplicação.

A cromatografia pode ser utilizada para a identificação de compostos,

por comparação de padrões previamente existentes, para a purificação de

compostos, separando-se as substâncias indesejáveis e para a separação dos

compostos de uma mistura (DEGANI, CASS, VIEIRA, 1998).

A cromatografia é dividida em diferentes categorias com base no

mecanismo de interação entre o soluto e a fase estacionária.

4.1.1 Cromatografia de Adsorção

As cromatografias de adsorção foram realizadas com gel de sílica 60 (Φ

µm 63 - 200) e de sílica 60 para cromatografia flash (Φ µm 40-63), marca

Merck. O comprimento e o diâmetro das colunas variaram de acordo com as

quantidades das amostras utilizadas. Em ambas foram utilizadas colunas de

vidro.

Para a eluição foram empregados os seguintes solventes: hexano,

diclorometano, clorofórmio, acetato de etila e metanol puros ou misturas entre

dois deles para se obter soluções com polaridades intermediárias a estes.

As cromatoplacas analíticas (gel de sílica 60 (∅ µm 2-25) sobre poliéster

T-6145, marca Sigma Chemical CO), foram reveladas por exposição à luz

ultravioleta de comprimento de onda (254 e 366nm) realizada em aparelho

Spectroline modelo ENF-240 C/F e/ou por aspersão com solução de vanilina

(C8H8O3) e ácido perclórico (HClO4) em etanol (C2H6O), seguido de

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30

aquecimento de 100°C por aproximadamente 1 minuto ou ainda por exposição

a vapores de iodo.

4.1.2. Cromatografia de Exclusão

Para os fracionamentos por cromatografia de exclusão foi usado gel de

dextrana Sephadex LH-20 da Pharmacia Fine Chemicals, utilizando-se metanol

puro.

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31

4.2 Métodos Espectrométricos

4.2.1 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio

(RMN 1H) e de Carbono-13 (RMN 13C)

Os espectros de Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN

1H) e Carbono-13 (RMN 13C), uni e bidimensionais, foram obtidos em

espectrômetros Bruker, modelo Avance DPX-300 e/ou modelo Avance DRX-

500, no Centro Nordestino de Aplicação e Uso da Ressonância Magnética

Nuclear da Universidade Federal do Ceará.

O espectrômetro Bruker Avance DRX-300, equipado com sonda de

detecção inversa de 5 mm e magneto de 7,0 T, foi operado nas frequências de

300,13 e 75,47 MHz para hidrogênio e carbono, respectivamente. Nos

experimentos realizados no aparelho Bruker Avance DRX-500, foram aplicadas

frequências de 500,13 MHz (1H) e 125,75 MHz (13C), sob um campo magnético

de 11,7 T. O tipo de sonda variou conforme o tipo de técnica: sonda dual de 5

mm com detecção direta (experimentos unidimensionais) e sonda multinuclear

de 5 mm com detecção inversa (experimentos bidimensionais).

As amostras foram dissolvidas em alíquotas de 0,6 mL de solvente

deuterado: clorofórmio (CDCl3), metanol (CD3OD) ou piridina (C5D5N),

comercializados pelas companhias ACROS, Cambridge Isotope Laboratories,

Merck ou Aldrich.

Os deslocamentos químicos (δ) foram expressos em partes por milhão

(ppm) e referenciados, no caso dos espectros de Hidrogênio, pelos picos

dos hidrogênios pertencentes às moléculas residuais não-deuteradas dos

solventes deuterados utilizados: benzeno (δ 7,16), clorofórmio (δ 7,27), dimetil

sulfóxido (δ 2,50), metanol (δ 3,31), piridina (δ 8,74; 7,58; 7,22) e acetona (δ

2,05). Nos espectros de carbono-13, os deslocamentos químicos foram

referenciados pelos picos centrais dos carbonos-13 dos solventes: benzeno (δ

128,39), clorofórmio (δ 77,23), dimetil sulfóxido (δ 39,50), metanol (δ 49,17),

piridina (δ 150,35; 135,91; 123,87) e acetona (δ 206,68 e 29,92).

As multiplicidades dos sinais de hidrogênio nos espectros de RMN 1H

foram indicadas segundo a convenção: s (simpleto), d (dubleto), dd (duplo

dubleto), t (tripleto), q (quarteto), m (multipleto).

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32

Nos experimentos unidimensionais de 1H e de 13C foram estabelecidos

os seguintes valores para os parâmetros de aquisição, respectivamente:

larguras espectrais de 24 e 260 ppm, intervalo para relaxação de 1s e largura

de pulso de 90o de 9,60 µs (0 dB) e 10,90 µs (-3 dB) para 1H e 13C,

respectivamente. Para todos os experimentos unidimensionais foram utilizados

65356 pontos para a aquisição e 32768 para o processamento, enquanto para

os experimentos bidimensionais foram utilizados 2048 x 256 pontos para a

matriz de dados de aquisição e 2048 x 1024 pontos para o processamento.

Predição linear para o processamento 2D, utilizando 80 coeficientes, foi usada

quando necessária. O número de transientes variou de 8, para 1H, a 16384,

para 13C, para os experimentos unidimensionais, e 2n (n≥2) para

bidimensionais, dependendo do experimento e quantidade de amostra

disponível.

Os micros programas utilizados para a aquisição dos dados foram: 1H

(zg), 13C-CPD (zgpg), 13C-DEPT 135° (dept135), gs-COSY (cosygp), gs-

NOESY (noesygpph), gs-HSQC (hsqcgpph), gs-HMBC (hmbclpndqf) e gs-

TOCSY (tocsygp). A técnica DEPT (Distortionless Enhancement by Polarization

Transfer), com ângulos de nutação de 135°, CH e CH3 com amplitudes em

oposição aos CH2, e 90°, somente CH, foi utilizada na determinação do padrão

de hidrogenação dos carbonos em RMN 13C, descrito segundo a convenção: C

(carbono não hidrogenado), CH (carbono metínico), CH2 (carbono metilênico

ou metilidênico) e CH3 (carbono metílico). Os carbonos não hidrogenados

foram caracterizados pela subtração do espectro DEPT 135 do espectro BB.

Os experimentos bidimensionais de correlação homonuclear (COSY,

NOESY e TOCSY) e heteronuclear (HSQC-TOCSY, HSQC e HMBC),

realizados no aparelho Bruker Avance DRX-500, foram efetuados em sonda

multinuclear de 5 mm, com detecção inversa, empregando-se gradiente de

campo, posicionado no eixo z e magnitude de 10 A. Os valores de J utilizados

para os experimentos pertinentes foram 1JH,C = 145, nJH,C = 7, onde n ≥ 2.

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33

4.3 Estudos fitoquímico de W. ferruginea

As folhas de um espécime de W. ferruginea coletados na chapada do

Ibiapava - CE. Elas foram secas e trituradas, sendo posteriormente submetidas

à extração exaustiva inicialmente com hexano, em seguida com etanol a

temperatura ambiente. A solução resultante foi filtrada e o solvente destilado

em evaporador rotativo sob pressão reduzida, para obtenção de 9,86 g do

extrato etanólico denominado WFFE e 2,7339 g do extrato hexânico

denominado WFFH.

4.3.1. Partição Liquido-liquido de WFFE

Todo extrato resinoso (9,86 g) de WFFE foi submetido à partição líquido-

líquido, dissolvido em água e metanol, fornecendo as seguintes frações:

hexano (WFFE-H - 1,65 g), clorofórmio (WFFE-C - 0,27 g), acetato de etila

(WFFE-A -1,17g) e hidroalcoólica (WFFE-Aq - 6,12 g).

4.3.1.1. Fracionamento Cromatográfico da fração WFFH

Uma alíquota de WFFH 2,73 g foi submetida a cromatografia em coluna

comum do tipo filtrante, utilizando eluição gradiente com os solventes Hexano,

Clorofórmio, Acetato de etila e Metanol, como mostrado na tabela abaixo:

Tabela 1: Dados referentes ao modo de eluição utilizado no fracionamento cromatográfico de

WFFH.

Eluente V(mL) Frações

Hexano 100% 300 mL WFFH 1-5

Hexano\Clorofórmio 5% 400 mL WFFH 5-25

Hexano\Clorofórmio 1:1 350 mL WFFH 25-38

Acetato\Clorofórmio 1:1 150 mL WFFH 38-50

Acetato 100% 100 mL WFFH 50-65

Acetato\Metanol 1:1 200 mL WFFH 65-82

Metanol 100% 180 mL WFFH 83-116

Fonte: autoria própria.

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34

As frações obtidas a partir desse experimento foram analisadas em CCD

e reunidas conforme semelhança.

Tabela 2: Dados referentes ao fracionamento cromatográfico WFFH.

Fração Massa (g)

WFFH 1-5 0,005

WFFH 6-10 0,028

WFFH 11-17 0,086

WFFH 18-19 0,034

WFFH 20-24 0,041

WFFH 25-27 0,009

WFFH 28-31 0,036

WFFH 32-39 0,057

WFFH 40-47 0,052

WFFH 48-51 0,024

WFFH 52-70 0,031

WFFH 72-76 0,034

WFFH 77-85 0,045

WFFH 86-95 0,183

WFFH 96-107 0,015

WFFH 108-116 0,045

Fonte: autoria própria.

4.3.2 Fracionamento Cromatográfico da fração WFFE-H

WFFE-H 1,5 g foi submetido a cromatografia em coluna, utilizando gel

de sílica do tipo “flash” (22,0 g) a baixa pressão, utilizando eluição gradiente

com os solventes hexano, clorofórmio, acetato de etila e metanol, como

mostrado na tabela abaixo.

Tabela 3: Dados referentes ao modo de eluição utilizado no fracionamento cromatográfico

WFFE-H.

Eluente V(mL) Fração

Hexano\Cloroformio 20% 200 mL WFFE-H(1-2)

Cloroformio\acetato 50% 200 mL WFFE-H(3-6)

Acetato 100% 100 mL WFFE-H(7-9)

Metanol 100% 100 mL WFFE-H(10)

Fonte: autoria própria.

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35

As frações obtidas foram analisadas em CCD e reunidas conforme

semelhança.

Tabela 4: Dados referentes ao fracionamento cromatográfico WFFE-H.

Fração Massa

WFFE-H (1) 0,0110

WFFE-H (2) 0,0107

WFFE-H (3) 0,0112

WFFE-H (4) 0,0123

WFFE-H (5-6) 0,3598

WFFE-H (8) 0,0174

WFFE-H (9) 0,0038

WFFE-H (10) 0,0392

Fonte: autoria própria.

4.3.1.2. Fracionamento Cromatográfico da fração WFFE-C

0,25 g do extrato foi submetida a tratamento cromatográfico em coluna,

utilizando gel de sílica do tipo flash (30,0 g) a baixa pressão, utilizando eluição

gradiente com os solventes Clorofórmio\metanol.

Tabela 5: Dados referentes ao modo de eluição utilizado no fracionamento cromatográfico

WFFE-C.

Eluente V (mL) Fração

Clorofórmio/Metanol 5% 100mL WFFE-C (1-5)

Clorofórmio/Metanol 15% 200mL WFFE-C (6-13)

Clorofórmio/Metanol 25% 250mL WFFE-C (14-17)

Clorofórmio/Metanol 30% 100mL WFFE-C (18-21)

Metanol 100% 50 mL WFFE-C (22-24)

Fonte: autoria própria.

As frações obtidas a partir desse experimento foram analisadas em CCD

e reunidas conforme semelhança.

Tabela 6: Dados referentes ao fracionamento cromatográfico WFFE-C.

Fração Massa

WFFE-C (1-2) 0,1106

WFFE-C (3) 0,0081

WFFE-C (4-7) 0,0199

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36

WFFE-C (8) 0,0287

WFFE-C (9-10) 0,0247

WFFE-C (11-13) 0,0151

WFFE-C (14-24) 0,1095

Fonte: autoria própria.

4.3.1.3. Fracionamento Cromatografico da fração WFFE-A

Uma alíquota de 1,2 g da fração WFFE-A foi inicialmente dissolvida em 3

mL de matanol e acondicionada em 100 g de sephadex LH-20, em uma coluna

de 5 cm de diâmetro, sendo submetida a cromatrografia por exclusão

molecular. Este procedimento forneceu 60 frações, que foram reunidas, após

comparação por CCD, resultando em 9 frações, como mostrado na tabela

abaixo:

Tabela 7: Dados referentes ao fracionamento cromatográfico WFFE-A.

Fração Massa (g)

Spx-WFFE-A (1-6) 0,1591

Spx-WFFE-A (7-8) 0,0461

Spx-WFFE-A (9-16) 0,1062

Spx-WFFE-A (17-21) 0,1199

Spx-WFFE-A (22-27) 0,1414

Spx-WFFE-A (28-31) 0,3709

Spx-WFFE-A (32-37) 0,0596

Spx-WFFE-A (38-60) 0,1218

Fonte: autoria própria.

A análise das frações por RMN 1H demonstrou a predominância de

moléculas pertencentes à classe dos flavonoides. As frações Spx-WFFE-A (28-

31 e 32-37) (x-y), denominados de F-1 e F-2, apresentaram-se como uma

mistura composta basicamente de flavonoides glicosilados.

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4.4. Estudo para a Atividade Antioxidante (AA%)

O procedimento foi baseado segundo Souza (2007), com algumas

modificações. Da fração hidroalcoólica de W. ferruginea preparou-se uma

solução na concentração de 500 µg/mL pela dissolução em metanol (solução

mãe). Através desta solução mãe foram preparadas diluições nas

concentrações de 25, 50, 75, 100, 150 e 250 µg/mL com volumes totais de 2,0

mL cada. De cada uma destas diluições e da solução mãe foram removidas

alíquotas de 0,3 mL, em triplicata, e a cada uma destas foi adicionado 2,7 mL

de DPPH, totalizando 3 mL. O branco foi preparado pela adição de 2,7 mL de

metanol à 0,3mL das amostras. Preparadas as soluções esperou-se 30

minutos para então iniciar as medidas de absorbância, onde foi utilizado

o comprimento de onda λ=517 nm. Os valores médios obtidos foram aplicados

na equação abaixo:

AA% = 100 – {[Absamostra - Absbranco) x 100]/Abscontrole}

Onde:

Absamostra = 0,3 mL da Amostra + 2,7 mL de DPPH

Absbranco = 0,3 mL da amostra + 2,7 mL de MeOH

Abscontrole = DPPH puro (0,04 mg/mL)

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38

5. Resultados e discussão

5.1. Avaliação da atividade antioxidante pela captura do radical livre

Esse método consiste em avaliar a capacidade antioxidante via atividade

sequestradora do radical livre 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH). Este possui

coloração púrpura, absorvendo a um comprimento de onda máximo de

aproximadamente 517 nm. Esta técnica é muito utilizada para se determinar a

atividade antioxidante em extratos e substâncias isoladas como compostos

fenólicos tais como: flavonoides, cumarinas, antocianinas, antocianidinas,

dentre outros. Por ação de um antioxidante ou uma espécie radicalar, o DPPH

é reduzido, formando difenil-picril-hidrazina, de coloração amarela, com

consequente desaparecimento da absorção, podendo a mesma ser monitorada

pelo decréscimo da absorbância. A partir dos resultados obtidos, determina-se

a porcentagem de atividade antioxidante ou sequestradora de radicais livres

e/ou porcentagem de DPPH remanescente no meio reacional.

Figura 14: (A) DPPH na sua forma oxidada, na cor púrpura. (B) DPPH coloração amarela

na sua forma reduzida.

Fonte: autoria própria

A B B

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39

5.1.1. Análise das curvas

Com a finalidade de avaliar a capacidade dos constituintes do extrato

hidroalcoólico de W. ferruginea em capturar radicais livres (DPPH) foi feita

análise da solução deste extrato com DPPH. Os resultados foram expressos

em percentagem de inibição de oxidação, ou seja, a porcentagem de atividade

antioxidante é correspondente à quantidade de DPPH consumida pelo

antioxidante. Quanto maior o consumo de DPPH pela amostra, maior é sua

atividade antioxidante (AA%) (Alves et al., 2007). Sendo assim, quanto maior a

concentração da amostra e menor a absorbância, maior o consumo de DPPH.

A amostra apresentou capacidade de consumo de DPPH, visto que as

absorbâncias após reação de DPPH com as diferentes concentrações das

amostras testadas tiveram um valor significativo, o que pode demonstrar a

atividade antioxidante para o extrato testado. Dentre as sete concentrações

testadas.

Com os valores obtidos foi construído um gráfico de % Ativ. antiox. x

concentração em µg/mL. Para o cálculo do IC50 foi utilizada a equação da reta,

substituindo o valor de y por 50 para obtenção da concentração da amostra

com capacidade de reduzir 50% do DPPH, de acordo com os valores da tabela

abaixo:

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Tabela 08: dados das concentrações, absorbâncias e atividades antioxidante.

Concen

tração

µg.mL-1

Control

e

Branco ABS 1 ABS 2 ABS 3 AA% 1 AA% 2 AA% 3

25 1,025 0,001 0,879 0,885 0,884 11,804 11,219 11,317

50 1,025 0,002 0,822 0,825 0,823 17,366 17,073 17,268

75 1,025 0,003 0,761 0,766 0,762 23,317 22,829 29,219

100 1,025 0,005 0,713 0,702 0,718 28 29,073 27,512

150 1,025 0,007 0,588 0,606 0,598 40,195 38,439 39,219

250 1,025 0,009 0,478 0,485 0,488 51,804 51,122 50,829

500 1,025 0,022 0,254 0,121 0,118 74,927 87,902 88,195

Fonte: autoria própria.

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41

Gráfico 01: Curva da atividade antioxidante versus concentração do extrato

hidroalcoólico, a absorbâncias (1)(µg/mL).

Fonte: autoria própria.

A correlação entre a atividade antioxidante (%) e a concentração do extrato

utilizado para o gráfico 01 (Y = 0,2256x + 6,0878) com R2 = 0,9987 forneceu

um IC50 de 194,64 µg.mL-1, que é a concentração de extrato necessária para

atingir 50% de atividade antioxidante.

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42

Gráfico 02: Curva da atividade antioxidante versus concentração do extrato

hidroalcoólico, a absorbâncias (2)(µg/mL).

Fonte: autoria própia.

A correlação entre a atividade antioxidante (%) e a concentração do extrato

utilizado para o gráfico 01 (Y = 0,2193x + 6,1801) com R2 = 0,9965 forneceu

um IC50 de 199,85 µg.mL-1, que é a concentração de extrato necessária para

atingir 50% de atividade antioxidante.

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43

Gráfico 03: Curva da atividade antioxidante versus concentração do extrato

hidroalcoólico, a absorbâncias (3)(µg/mL).

Fonte: autoria própia.

A correlação entre a atividade antioxidante (%) e a concentração do extrato

utilizado para o grafico 01 (Y = 0,2204x + 6,0724) com R2 = 0,9981 forneceu

um IC50 de 199,30 µg.mL-1, que é a concentração de extrato necessária para

atingir 50% de atividade antioxidante.

Após todas as análises, foi feita uma média dos valores de IC50 no qual

obtivemos o seguinte valor para todas as %AA e seu desvio padrão como

descrito abaixo.

IC50 = 197,93±2,86

Com base no IC50 obtido a avaliação da %AA do extrato de Waltheria

apresentou um bom grau de captura do radical livre DPPH, isso é justificado

pela presença de flavonoides e outros compostos aromáticos presentes no

extrato.

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44

5.2. Caracterização dos metabólitos secundários da Waltheria ferruginea

O extrato etanólico da W. ferruginea foi submetido à partição líquido-

líquido, seguido por cromatografia de exclusão em Sephadex do tipo LH-20,

rendendo frações com grandes quantidades de flavonoides e substâncias

puras, as quais serão apresentadas a seguir.

5.2.1. Caracterização do flavonoide WFFE-1

A fração WFFE-1 apresentou-se como um sólido amarelado. Após

análise por RMN pode-se concluir que esta fração era composta de uma

substância de natureza flavonoidica, caracterizado posteriormente como

flavonoide glicosilado, denominado camferol-3-O-β-(6''-cumaroil)-

glicopiranosídeo.

O sistema ABC característico de um núcleo flavonônico foi evidenciado

pelos sinais de hidrogênio ligados a carbono sp2, integrando um total de doze

hidrogênios, dos quais dez são característicos de compostos aromáticos e

outros em δ 6,1 ppm (d, J=15,9) e δ 7,4 ppm (d, J=15,9) correspondem a

hidrogênios ligados a dupla ligação com estereoquímica trans. O espectro de

RMN 1H apresentou também um dupleto integrado para um hidrogênio em δ

5,2 (J=7,25 Hz), que juntamente com dois duplos dupletos em δ 4,16

(J=6,5/11,75Hz) e δ 4,28 (J=11,8 Hz) e o padrão de sobreposição de picos

entre δ 3,4 e δ 3,5 sugerem a presença de uma unidade de açúcar na

molécula, sendo atribuídos ao hidrogênio do carbono anomérico e aos

metilênicos.

Dois dupletos em δ 7,98 (J= 9,0 Hz) e δ 6,79 (J= 9,0 Hz) integrados para

dois hidrogênios, característico de acoplamento orto, demonstraram a presença

de um sistema AA’BB’ no composto. Esses dados juntamente com um terceiro

par de dupletos acoplando entre si em δ 6,05 (J=16 Hz) e δ 7,38 (J=16 Hz),

sugeriram uma unidade de ácido p-cumárico com configuração trans (E).

A análise detalhada do espectro bidimensional de correlação

heteronuclear a uma ligação HSQC associada à multiplicidade e os

deslocamentos químicos, permitiu correlacionar os sinais dos hidrogênios aos

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seus respectivos carbonos. Em δ 4,1 e 4,4 ppm notam-se dois átomos de

hidrogênios correlacionados com um único átomo de carbono em δ 62,95, o

que propõe um ambiente eletromagnético diferente, constatando um par de

hidrogênios diastereotópicos.

O acoplamento em meta dos hidrogênios em δ 6,1 (H6) e δ 6,25 (H-8)

protegidos pelas hidroxilas permite concluir que este é um anel A de flavonoide

5,7 oxigenado.

O espectro RMN 13C exibiu vinte e seis linhas espectrais, onde quatro

sinais com mais intensidade associados a carbonos aromáticos equivalentes

(δ114,63; δ115,38; δ129,77; δ130,82) juntamente com mais dez sinais para

carbonos sp2 aromáticos, foram condizentes com a presença de três sistemas

aromáticos contendo quatro posições oxigenadas (δ 164,68; 161,79; 160,09;

159,74). Em δ 102,62 foi identificado o carbono anomérico e entre δ 62,95 e δ

74,60 os demais carbonos pertencentes à unidade de glicose, confirmando a

presença desta e determinando um glucosil.

Estes dados discutidos até o momento associados à ausência de sinal

entre δ 6,0 e 7,0 ppm, correspondente ao hidrogênio H3 do anel C de

flavonoides sugere que a F1 trate-se de um flavonol, formado por um padrão

de substituição do tipo do camferol.

O COSY mostra que acoplamentos entre H6, H8 e H7’’’, H8’’’ estão

visíveis. Observam-se ainda os acoplamentos diferentes e entre si dos átomos

de hidrogênios diastereotópicos e do H1’’ com átomos da unidade glicosídica.

No espectro de HMBC pode-se observar o acoplamento dos hidrogênios

6’’ com o carbono 9’’’ (δ 167,42), o que comprova a ligação entre a unidade de

acido cumárico e unidade glicosídica. O acoplamento observado entre o H-1’’

(δ 5,1) e C3 (δ 133,82) também determina a posição da ligação da unidade

osídica.

Os dados do RMN 1H e 13C obtidos para WFFE-1 e comparação com

dados da literatura permitiu caracterizar este composto como o camferol-3-O-

β- (6''-cumaroil)-glicopiranosídeo, que apresenta propriedades anti-

inflamatórias e inibidora da enzima TcGAPDH, presente no Trypanosona cruzi.

(JÚNIOR, 2010) (GOULART, 2012).

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Figura 15: Espetro de RMN 1H (500MHz, MeOD) de WFFE-1.

Fonte: autoria própria.

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47

Figura 16: Espectro de RMN 13C (125MHz, piridina) de WFFE-1.

Fonte: autoria própria.

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48

Fonte: autoria própria.

Figura 17: Espectro de RMN bidimensional de correlação heteronuclear 1H,

13C–HMBC de WFFE-1.

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Figura 18: Espectro de RMN bidimensional de correlação homonuclear 1H,

1H – COSY de WFFE-1.

Fonte: autoria própria.

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5.2.2. Caracterização do flavonoide WFFE-2

O espectro de RMN 1H do composto F2 se mostrou bastante similar a

F1, se diferenciando deste pela ausência da unidade do ácido cumárico. O

espectro de RMN 1H também exibiu um padrão típico de compostos da classe

dos flavonoides, com quatro sinais em deslocamento químico acima de δ 6.0,

integrando um total de seis hidrogênios de natureza aromática. Observa-se a

presença de dois dupletos sobrepostos, acoplando em orto, em 8,0 ppm (J=

8,8; H2’ e H6’) e 6,9 ppm (J= 8,8; H3’ e H5’), referentes ao anel B e dois

dupletos acoplados em meta (J= 1,4, H6 e H8). A presença de um dupleto

integrando um hidrogênio em δ 5,2 com J = 7,25 Hz, juntamente com o

conjunto de sinais entre δ 3,1 e δ 3,7 ppm, confirmam a presença da uma

unidade de açúcar na molécula.

Com os dados de RMN 1H e comparação da literatura, pode-se concluir

que o composto isolado de W. ferruginea se trata do canferol-3-O-β-

glicopiranosídeo, como mostra o espectro abaixo:

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Figura 19 : Espectro de RMN 1H de WFFE-2 (MeOH, 300 MHz).

Fonte: autoria própria.

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6. CONCLUSÃO

O presente trabalho mostrou-se eficaz no propósito de otimizar o método

de isolamento para obtenção de flavonóides de W. ferruginea, já que este se

fez apenas por cromatografia do tipo flash, seguido por cromatografia de

exclusão em Sephadex LH-20, descrito anteriormente apenas por

cromatografia líquida de alta eficiência.

O estudo fitoquímico permitiu o isolamento e caracterização estrutural de

quantidade razoável de canferol-3-O-β-(6''-cumaroil)-glicopiranosídeo, canferol-

3-O-β-glicopiranosídeo, o que possibilita a realização de ensaios citotóxicos

mais completos com a substância e com vários derivados que podem ser

preparados.

A RMN 1H e 13C mostrou ser uma técnica espectrométrica extremamente

importante e útil na elucidação dos compostos analisados. Apenas com o uso

desta técnica e comparação feita com a literatura chegaram-se às estruturas

dos metabólitos secundários apresentados.

Os dados de atividade antioxidante foram satisfatórios e compatíveis

com a literatura, que tem correlacionado esta atividade com a presença de

compostos fenólicos e flavonoides nas espécies bioativas.

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