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DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DA PECUÁRIA LEITEIRA NO SUDOESTE DA BAHIA NEUSETE MARIA DA SILVA PATÊS ITAPETINGA BAHIA - BRASIL 2011

DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DA PECUÁRIA LEITEIRA NO … · Autora: Neusete Maria da Silva Patês Orientador: Aureliano José Vieira Pires Co-orientadores: Mauro Pereira de Figueiredo

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Page 1: DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DA PECUÁRIA LEITEIRA NO … · Autora: Neusete Maria da Silva Patês Orientador: Aureliano José Vieira Pires Co-orientadores: Mauro Pereira de Figueiredo

DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DA PECUÁRIA

LEITEIRA NO SUDOESTE DA BAHIA

NEUSETE MARIA DA SILVA PATÊS

ITAPETINGA

BAHIA - BRASIL

2011

Page 2: DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DA PECUÁRIA LEITEIRA NO … · Autora: Neusete Maria da Silva Patês Orientador: Aureliano José Vieira Pires Co-orientadores: Mauro Pereira de Figueiredo

NEUSETE MARIA DA SILVA PATÊS

DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DA PECUÁRIA

LEITEIRA NO SUDOESTE DA BAHIA

Tese apresentada à Universidade Estadual do Sudoeste

da Bahia, como parte das exigências do Programa de

Pós-Graduação em Zootecnia, Área de Concentração

em Produção de Ruminantes, para obtenção do título

de “Doutor”.

Orientador:

D.Sc. Aureliano José Vieira Pires

Co-orientadores:

D.Sc. Mauro Pereira de Figueiredo

D.Sc. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho

ITAPETINGA

BAHIA - BRASIL

2011

Page 3: DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DA PECUÁRIA LEITEIRA NO … · Autora: Neusete Maria da Silva Patês Orientador: Aureliano José Vieira Pires Co-orientadores: Mauro Pereira de Figueiredo

338.17

P336d

Patês, Neusete Maria da Silva.

Diagnóstico participativo da pecuária leiteira no sudoeste da Bahia. /

Neusete Maria da Silva Patês. – Itapetinga-BA: Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia, 2011.

72 fl..

Tese de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB - Campus de

Itapetinga. Sob a orientação do Prof. D.Sc. Aureliano José Vieira Pires e

co-orientadores Prof. D.Sc. Mauro Pereira de Figueiredo; Prof. D.Sc.

Gleidson Giordano Pinto de Carvalho.

1. Leite – Produção – Sudoeste – Bahia. 2. Leite – Produção – Aspectos

econômicos. 3. Pecuária leiteira – Sustentabilidade. I. Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia - Programa de Pós-Graduação em

Zootecnia, Campus de Itapetinga. II. Pires, Aureliano José Vieira. III.

Figueiredo, Mauro Pereira de. IV. Carvalho, Gleidson Giordano Pinto de.

V. Título

CDD(21): 338.17

Catalogação na Fonte:

Cláudia Aparecida de Souza– CRB 1014-5ª Região

Bibliotecária – UESB – Campus de Itapetinga-BA

Índice Sistemático para desdobramentos por Assunto:

1. Leite – Produção – Sudoeste – Bahia

2. Leite – Produção – Aspectos econômicos.

3. Pecuária leiteira – Sustentabilidade

4. Produtor rural – Leite – Perfil

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

Área de Concentração em Produção de Ruminantes

Campus de Itapetinga-BA

DECLARAÇÃO DE APROVAÇÃO

Título: “Diagnóstico participativo da pecuária leiteira no Sudoeste da Bahia”.

Autora: Neusete Maria da Silva Patês

Orientador: Aureliano José Vieira Pires

Co-orientadores: Mauro Pereira de Figueiredo e Gleidson Giordano Pinto de Carvalho

Aprovada como parte das exigências para obtenção do Título de DOUTOR EM

ZOOTECNIA, área de concentração em PRODUÇÃO DE RUMINANTES, pela Banca

Examinadora:

_______________________________________________

Prof. Aureliano José Vieira Pires, D.Sc., UESB

Presidente

________________________________________________

Prof. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho, D.Sc., UFBA

________________________________________________

Prof. Fabiano Ferreira da Silva, D.Sc., UESB

________________________________________________

Prof. Raul Castro Carriello Rosa, D.Sc., EMBRAPA

________________________________________________

Prof. Fábio Andrade Teixeira, D.Sc., UESB

Data de realização: 08 de julho de 2011.

Pç. Primavera, 40. Bairro Primavera – Fone: (77) 3261- 8628

Fax: (77) 326-8600, Itapetinga – Bahia / CEP: 45.700-000. e-mail: [email protected]

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Ao meu grandioso Deus!!! Meu Mestre de todos os momentos, a Ele Toda a Honra e

Toda a Glória.

Aos meus queridos pais, José Ancelmo da Silva Filho e Carmina Maria dos Santos Silva,

pelo amor, dedicação, apoio incondicional e pelos bons exemplos de pessoas honestas.

À minha amada filha, Pattrycia da Silva Patês por ser a razão da minha vida, e ao meu

esposo, Antônio Carlos Virgens Patês, pelo amor e companheirismo.

Às minhas amadas irmãs, Neusa, Neide, Ana, Laizinha e aos queridos sobrinhos:

Ewerton, Wendel, Pedro Henrique, Stefany, Heitor, João Vitor e Davi, pelo carinho, alegria e

apoio constante.

DEDICO.

Ao meu orientador Professor Aureliano José Vieira Pires, minha eterna gratidão, muito

obrigada pela amizade, ensinamentos e confiança.

OFEREÇO.

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Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem.

(São Lucas: 1,50)

É bom louvar ao Senhor e cantar salmos ao vosso nome, ó Altíssimo.

(Salmo, 91)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, acima de tudo, muito obrigada por fazer parte da minha vida, sempre

me abençoando e me dando muitas vitórias;

Ao Professor Aureliano José Vieira Pires, meu sincero e profundo agradecimento, pela

atenção, confiança, amizade, pelo incentivo e as inúmeras orientações, principalmente na

condução deste trabalho;

Aos meus Co-orientadores Mauro Pereira de Figueiredo e Gleidson Giordano Pinto de

Carvalho, pelo carinho, incentivo, auxílio e sugestões no desenvolvimento deste trabalho;

Aos Professores Fabiano Ferreira da Silva, Raul Castro Carriello Rosa, Fábio Andrade

Teixeira, Paulo Bonomo e Daniela Deitos Fries, pelas sugestões;

Ao Programa de Pós–Graduação em Zootecnia da UESB pela oportunidade e a todos os

professores do programa pelos ensinamentos;

Às secretárias do Programa de Pós–Graduação em Zootecnia;

À equipe do Grupo Geraleite e aos produtores de leite que dispensaram seu valioso

tempo respondendo aos questionários;

A todos os colegas de curso, pela convivência alegre e constante trocas de experiências;

A todos os professores do curso de Zootecnia-UESB, que tanto contribuíram nessa

longa jornada;

A todos os meus amigos que torceram pela minha vitória, e que, direta ou

indiretamente, ajudaram-me na condução deste trabalho.

MUITO OBRIGADA!!

Page 8: DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DA PECUÁRIA LEITEIRA NO … · Autora: Neusete Maria da Silva Patês Orientador: Aureliano José Vieira Pires Co-orientadores: Mauro Pereira de Figueiredo

BIOGRAFIA

Neusete Maria da Silva Patês, filha de José Ancelmo da Silva Filho e Carmina Maria dos

Santos Silva, nasceu na cidade de Bandeira, Estado de Minas Gerais.

Em janeiro de 2007, graduou-se em Zootecnia pela Universidade Estadual do Sudoeste da

Bahia - UESB.

Em março de 2007, ingressou no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia em nível de

Mestrado, área de concentração em Produção de Ruminantes, da Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia – UESB, defendendo a dissertação em 18 de fevereiro de 2009.

Em março de 2009, ingressou no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia em nível de

Doutorado, área de concentração em Produção de Ruminantes, da Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia – UESB, defendendo a tese em 08 de julho de 2011.

Page 9: DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DA PECUÁRIA LEITEIRA NO … · Autora: Neusete Maria da Silva Patês Orientador: Aureliano José Vieira Pires Co-orientadores: Mauro Pereira de Figueiredo

RESUMO

PATÊS, N.M.S. Diagnóstico participativo da pecuária leiteira no Sudoeste da Bahia.

Itapetinga – BA: UESB, 2011. 72p. (Tese - Doutorado em Zootecnia, Área de Concentração em

Produção de Ruminantes). *

Objetivou-se com este trabalho traçar um diagnóstico da atividade leiteira na região Sudoeste da

Bahia, abordando os diversos aspectos que envolvem a produção primária: perfil

socioeconômico do produtor, caracterização da propriedade, fontes hídricas, manejo alimentar,

reprodutivo e sanitário, destacando a tecnologia empregada na produção de leite e a condição

sanitária do rebanho. A metodologia utilizada é composta pela aplicação de um questionário

contendo questões relacionadas aos produtores e ao manejo da propriedade e dos animais. Foi

utilizada na pesquisa uma amostra composta por produtores que fornecem leite para

cooperativas e laticínios da região. As propriedades foram agrupadas de acordo com o tamanho,

ficando assim distribuídas: 22,0% até 50 ha; 21% de 51 a 100 ha; 24% de 101 a 200 ha; 16% de

201 a 300 ha e 17% propriedades maiores de 300 ha. Notou-se, na análise do grau de

escolaridade dos entrevistados, que apenas 3,3% apresentaram sem escolarização formal contra

96,7% formalmente escolarizados. Quanto à moradia, 69,0% dos produtores não residem nas

fazendas. Verificou-se que 73,6% dos produtores nunca fizeram análise de solo na área

destinada aos pastos. Nessas propriedades, o gênero Brachiaria predomina na formação dos

pastos, devido à sua adaptabilidade às condições climáticas da região. 54,7% dos produtores não

fazem anotações zootécnicas e 64,9% não fazem anotações relacionadas à parte econômica. Dos

entrevistados, 80,7% praticam, nas propriedades, uma ordenha e 19,3% duas ordenhas por dia, a

monta natural não controlada foi o manejo reprodutivo mais utilizado. A média geral da

produção de leite nas fazendas foi de 1125 litros de leite/vaca/ano e 3,1 litros/vaca/dia. A

atividade leiteira contribui para a economia da região Sudoeste da Bahia com a geração de renda

e de empregos direto e indireto. Entretanto, é preciso realizar investimentos para modernização

do setor para melhorar a produtividade do leite.

Palavras-chave: adubação, perfil produtor de leite, manejo

* Orientador: D.Sc. Aureliano José Vieira Pires - UESB e Co-orientadores: D.Sc. Mauro Pereira de

Figueiredo - UESB e D.Sc. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho – UFBA.

Page 10: DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DA PECUÁRIA LEITEIRA NO … · Autora: Neusete Maria da Silva Patês Orientador: Aureliano José Vieira Pires Co-orientadores: Mauro Pereira de Figueiredo

ABSTRACT

PATÊS, N.M.S. Diagnosis participatory of dairy livestock in Southwestern Bahia. Itapetinga –

BA: UESB, 2011. 72p.(Thesis – Doctor Degree in Animal Science, Area of Concentration in

Ruminant Production). *

The objective of this work was to develop a diagnosis of dairy farming in the

southwestern region of Bahia, addressing the various aspects involved in primary production:

socioeconomic profile of the producer, characterization of property, water sources, feeding

management and reproductive health and highlights the technology employed on milk

production and the sanitary condition of the herd. The methodology is composed by applying a

questionnaire containing questions related to the producers and the management of property and

animals. Was used in the study sample was composed of producers supplying milk for dairy

cooperatives and dairy in the region. The properties were grouped according to size, thus

distributed: 22.0% to 50 ha, 21% from 51 to 100 ha, 24% from 101 to 200 ha, 16% from 201 to

300 ha and 17% larger properties 300 ha. It was noted in the analysis of education level of

respondents that only 3.3% had no formal schooling 96.7% against formally educated. As for

housing 69.0% of producers do not live on farms. It was found that 73.6% of the properties

made never soil analysis in the area allocated to pastures. These properties Brachiaria

predominates in the formation of pastures, due to its adaptability to climatic conditions in the

region. 54.7% of producers did not take notes husbandry and 64.9% did not take notes related to

the economics. Of respondents 80.7% make in a milking and 19.3% two milkings per day in

properties, the natural mount uncontrolled was the reproductive management more used. The

overall milk production on farms was 1125 liters/cow/year and 3.1 liters/cow/day. The dairy

industry contributes to the economy of Southeastern Bahia with the generation of income and

direct and indirect jobs. However, we must make investments to modernize the industry to

improve the productivity of milk.

Key words: fertilization, management, milk producer profile

* Adviser: DSc Aureliano José Vieira Pires - UESB and Co-Advisers: Mauro Pereira de Figueiredo -

UESB and D.Sc. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho – UFBA.

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO I Página

Tabela 1- Grau de escolaridade dos produtores rurais na pecuária

leiteria do Sudoeste da Bahia ...................................................

24

CAPÍTULO III

Tabela 1- Percentual de propriedades que utilizam ordenha manual ou

mecânica e a quantidade de ordenhas diárias, em função da

área das propriedades (ha) .......................................................

55

Tabela 2- Percentual do tipo de cobrição e critério para cobrir as

novilhas nas propriedades leiteiras, em função da área das

propriedades (ha)..................................................................

57

Tabela 3- Percentual de propriedades que fazem controle zootécnico e

econômico em função da área das propriedades

(ha).........................................................................................

58

Tabela 4- Percentual dos equipamentos utilizados nas propriedades

leiteiras, em função da área (ha) ............................................

61

Tabela 5- Produção de leite (litros/ha/ano), produção média

(litros/vaca/ano) e (litros/vaca/dia) nas propriedades leiteiras

em função da área (ha) .............................................................

62

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LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO I Página

Figura 1- Mapa da região Sudoeste da Bahia ..................................................

18

Figura 2- Distribuição percentual das áreas das propriedades leiteiras

pesquisadas (ha)................................................................................

21

Figura 3- Profissão dos produtores de leite entrevistados na região Sudoeste

da Bahia ...........................................................................................

22

Figura 4- Percentagem de produtores de leite entrevistados que residem e

administram as fazendas na região Sudoeste da Bahia...................

23

Figura 5- Percentual de produtores em função do tempo de atividade leiteira

(anos) ...............................................................................................

25

Figura 6- Percentual de produtores que obtiveram financiamento em função

da área (ha), na região Sudoeste da Bahia .......................................

26

Figura 7- Percentual de agentes financeiros nos quais os entrevistados

obtiveram financiamento .................................................................

27

Figura 8- Percentual da forma como foi utilizado o financiamento ............

27

Figura 9- Percentual de produtores que dispõe de assistência técnica na

propriedade em função da área (ha) .................................................

28

Figura 10- Percentual de produtores de leite que são associados/cooperados e

sindicalizados em instituições rurais, em função da área (ha).......

29

CAPÍTULO II

Figura 1- Percentual de abastecimento de água, de acordo com a área da

propriedade (ha) ...............................................................................

37

Figura 2- Percentual de fontes de recursos hídricos, de acordo com a área da

propriedade (ha) ...............................................................................

38

Figura 3- Percentual de distribuição de energia elétrica nas propriedades

leiteiras em função da área (ha).......................................................

39

Figura 4- Percentual das propriedades leiteiras que realizam análise e

correção do solo................................................................................

40

Figura 5- Percentual das propriedades leiteiras que realizam adubação..........

40

Figura 6- Percentual das propriedades leiteiras que dispõe de sistema de

irrigação e métodos de pastejo..........................................................

41

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Figura 7- Percentual de gramínea forrageira predominante nas propriedades

leiteiras..............................................................................................

43

Figura 8- Estratégia alimentar em percentagem utilizada no período das

águas.................................................................................................

44

Figura 9- Estratégia alimentar em percentagem utilizada no período da seca

45

Figura 10- Percentual das propriedades leiteiras que realizam suplementação

mineral para os animais....................................................................

46

CAPÍTULO III

Figura 1- Percentual do local onde é realizada a ordenha nas propriedades

leiteiras, em função da área das propriedades (ha).........................

56

Figura 2- Percentual de doenças que acomete o rebanho nas propriedades

leiteiras do Sudoeste da Bahia..........................................................

59

Figura 3- Percentual das principais vacinas utilizadas nas propriedades

leiteiras no Sudoeste da Bahia..........................................................

59

Figura 4- Percentual das propriedades leiteiras que realizam teste para

verificar a presença de mastite em função da área da propriedade

(ha)....................................................................................................

60

Figura 5- Percentual de bezerreiro, de acordo com a área da propriedade

(ha)....................................................................................................

61

Figura 6- Percentual das principais fontes de renda dos produtores em

função da área da propriedade (ha)...................................................

62

Page 14: DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DA PECUÁRIA LEITEIRA NO … · Autora: Neusete Maria da Silva Patês Orientador: Aureliano José Vieira Pires Co-orientadores: Mauro Pereira de Figueiredo

SUMÁRIO

Página

RESUMO

ABSTRACT

CAPÍTULO I

Caracterização das propriedades rurais leiteiras no Sudoeste da Bahia:

Perfil socioeconômico do produtor rural...................................................

15

Resumo .......................................................................................................... 15

Abstract.......................................................................................................... 16

1 Introdução................................................................................................... 17

2 Material e Métodos...................................................................................... 18

3 Resultados e Discussão............................................................................... 21

4 Conclusões.................................................................................................. 30

5 Referências .......................................................................................... 31

CAPÍTULO II

Fontes hídricas e manejo alimentar nas propriedades leiteiras no

Sudoeste da Bahia..................................................................................

32

Resumo .......................................................................................................... 32

Abstract.......................................................................................................... 33

1 Introdução................................................................................................... 34

2 Material e Métodos...................................................................................... 35

3 Resultados e Discussão............................................................................... 37

4 Conclusões.................................................................................................. 47

5 Referências ......................................................................................... 48

CAPÍTULO III

Aspectos produtivos e sanitários do rebanho leiteiro nas propriedades

do Sudoeste da Bahia ...................................................................................

50

Resumo .......................................................................................................... 50

Abstract.......................................................................................................... 51

1 Introdução................................................................................................... 52

2 Material e Métodos...................................................................................... 53

3 Resultados e Discussão............................................................................... 55

4 Conclusões.................................................................................................. 65

5 Referências ......................................................................................... 66

- Anexo.................................................................................................... 68

Page 15: DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DA PECUÁRIA LEITEIRA NO … · Autora: Neusete Maria da Silva Patês Orientador: Aureliano José Vieira Pires Co-orientadores: Mauro Pereira de Figueiredo

15

CAPÍTULO I

CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES RURAIS LEITEIRAS NO SUDOESTE

DA BAHIA: PERFIL SOCIOECONÔMICO DO PRODUTOR RURAL

RESUMO

Objetivou-se com este trabalho identificar o perfil socioeconômico do produtor de leite

da região Sudoeste da Bahia. A metodologia utilizada neste trabalho é composta pela aplicação

de um questionário contendo questões socioeconômicas, utilizando uma amostra de 94

produtores participantes da pesquisa que fornecem leite para cooperativas ou laticínios da

região. As propriedades foram estratificadas de acordo com o tamanho, ficando, assim,

distribuídas: 22,0% até 50 ha; 21% de 51 a 100 ha; 24% de 101 a 200 ha; 16% de 201 a 300 ha

e 17% propriedades maiores de 300 ha. Notou-se que o grau de escolaridade dos produtores é

bom, uma vez que apenas 3,3% apresentaram sem escolarização formal contra 96,7%

formalmente escolarizados. 69,0% dos produtores não residem nas fazendas. 54% dos

entrevistados, além de desenvolver suas atividades na pecuária leiteira, também exercem outras

atividades fora de suas propriedades para complementar o orçamento familiar. Somente 7,0%

das propriedades em estudo são administradas pelas mulheres. A atividade leiteira contribui

para a economia da região Sudoeste da Bahia com a geração de renda e de empregos direto e

indireto. Entretanto, é preciso realizar investimentos para modernização do setor para melhorar

a produtividade do leite.

Palavras-chave: gado, leite, semiárido

_____________________________

* Orientador: D.Sc. Aureliano José Vieira Pires - UESB e Co-orientadores: D.Sc. Mauro Pereira de

Figueiredo - UESB e D.Sc. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho – UFBA.

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16

CHAPTER I

CHARACTERIZATION OF DAIRY FARMS IN SOUTHWESTERN BAHIA: SOCIOECONOMIC

PROFILE OF FARMERS

ABSTRACT

The objective of this work was to identify the socioeconomic profile of the milk

producer in the southwest region of Bahia. The proposed methodology is composed by applying

a questionnaire socioeconomic, using a sample of 94 producers participating in the research

that provide milk for dairy cooperatives and dairy the region. The farm were stratified according

to size, thus distributed: 22.0% up to 50 ha, 21% with 51 to 100 ha, 24% with 101 to 200 ha,

16% with 201 to 300 ha and 17 % properties with more than 300 ha. It was noted that the

education level of farmers is good, since only 3.3% had no formal schooling 96.7% against

formally educated. 69.0% of producers do not live on farms. 54% of respondents in addition to

developing its activities in dairy farming also have other activities outside of their property to

supplement the family budget. Only 7.0% of the properties in study is run by women. The dairy

industry contributes to the economy of southeastern Bahia with the generation of income and

direct and indirect jobs. However, we must make investments to modernize the industry to

improve the productivity of milk.

Keywords: cattle, milk, semiarid

_______________________

* Adviser: DSc Aureliano José Vieira Pires - UESB and Co-Advisers: Mauro Pereira de Figueiredo -

UESB and D.Sc. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho – UFBA.

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17

1. INTRODUÇÃO

A pecuária leiteira ocupa papel importante na agropecuária brasileira, envolve grande

número de pequenos produtores no processo produtivo e apresenta significativa capacidade de

geração de empregos e renda, desde as atividades produtivas até a industrialização dos produtos.

A cadeia produtiva do leite se constitui no maior empregador privado do país, com capacidade

de gerar um fluxo rápido de capital. Dessa forma, a pecuária leiteira pode ser definida como

fundamental na manutenção da estrutura produtiva patronal e familiar, principalmente, em razão

da entrada mais frequente de receita na propriedade familiar, e pela questão da renda constante

(ALEIXO et al., 2007). Este setor é de grande importância social e econômica para o semiárido

brasileiro, principalmente na região Nordeste, por ser menos vulnerável à seca, quando

comparada com outras explorações agrícolas, e se constituir num dos principais fatores de

fixação do homem no campo e de geração de renda (FERREIRA et al., 2009).

Entretanto, um sistema de produção de leite pode ser conceituado como um conjunto de

decisões e normas técnicas aplicadas ao uso de fatores produtivos, trabalho, terra e capital, para

obtenção do produto, acrescentando-se ainda que o mesmo deva ser sustentável ambiental e

economicamente (RIBEIRO et al., 2009).

Nesse aspecto, deve-se levar em consideração o nível tecnológico que, segundo Aleixo

et al. (2007), é um dos principais fatores determinantes para manutenção de um sistema

produtivo, ou seja, com base na tecnologia e nos meios utilizados, torna-se um sistema de

produção eficiente para manter a atividade produtiva, seja em caráter familiar ou empresarial.

Nesse sentido, a tecnologia deve ser incorporada e orientada por um planejamento sistêmico em

que todas as partes sejam complementares e realmente necessárias. Este aspecto tem interferido

diretamente na qualidade do leite produzido e consumido no Brasil, o que tem gerado discussão

e desenvolvimento de novas políticas de incentivo à produção leiteira (NERO et al., 2005).

Objetivou-se com esta pesquisa identificar o perfil socioeconômico dos produtores de

leite da região Sudoeste da Bahia.

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18

2. MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado na região do Sudoeste da Bahia, Brasil, no período de fevereiro a

dezembro de 2010. De acordo com a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da

Bahia-SEI, a região é composta por 39 municípios, sendo: Anagé, Barra do Choça, Belo

Campo, Boa Nova, Bom Jesus da Serra, Caatiba, Caetanos, Cândido Sales, Caraíbas,

Cravolândia, Encruzilhada, Firmino Alves, Ibicuí, Iguaí, Irajuba, Itambé, Itapetinga, Itaquara,

Itarantim, Itiruçu, Itororó, Jaguaquara, Jequié, Lafaiete Coutinho, Lajedo do Tabocal, Macarani,

Maiquinique, Manoel Vitorino, Maracás, Mirante, Nova Canaã, Planaltino, Planalto, Poções,

Potiraguá, Ribeirão do Largo, Santa Inês, Tremedal e Vitória da Conquista (Figura 1). Está

localizada entre as coordenadas 13º 02’ a 16° 00’ de Latitude Sul e 39° a 41°49’ de Longitude

Oeste, é uma das 15 regiões econômicas do estado da Bahia proposta pela Superintendência de

Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – (SEI).

Figura 1- Mapa da região Sudoeste da Bahia. Fonte: SEI (2003)

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19

Foram realizados contatos com os laticínios e cooperativas de leite em funcionamento

na região em estudo, visando escolher o público alvo da pesquisa. A seguir, realizaram-se

viagens a campo para o reconhecimento da região, identificação do uso dos sistemas de

produção e tipo de exploração do sistema leiteiro. O estudo foi realizado a partir de uma

população referencial representada pelos produtores de leite dos municípios da região,

cadastrados no programa Geraleite. O projeto Geraleite é promovido pela Federação da

Agricultura do Estado da Bahia (FAEB), pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

(SENAR), pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas -SEBRAE e pela

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), o grupo é formado pela coordenação,

técnicos de campo, coordenadores de agroindústrias e parceiros do Projeto de Assistência

Gerencial e Tecnológica- AGETEC – LEITE (Geraleite, 2011).

Antes de constituir a amostra, foi realizado um agrupamento das propriedades rurais

para reconhecimento de sua distribuição quanto ao tamanho, estabelecendo-se cinco estratos: até

50 ha; 51 a 100 ha; 101 a 200 ha; 201 a 300 ha e maior de 300 ha.

Primeiramente foram elaboradas questões para serem abordadas de acordo com o intuito

da pesquisa. Posteriormente, aplicaram-se 10 questionários para servirem como base de

correção das perguntas constante nos mesmo, servindo, assim, como pré-teste da pesquisa. Após

aplicação dos questionários-teste, realizaram-se as devidas correções e procedeu-se as

indagações por meio de entrevistas realizadas diretamente com os produtores de leite nas suas

respectivas propriedades, procurando visitar as propriedades localizadas em grupos por “linhas

de leite”, a fim de promover maior facilidade de acesso às mesmas, agilizando os procedimentos

e reduzindo tempo para a coleta dos dados junto aos produtores.

Foram aplicados 94 questionários, que corresponderam a 66,2% do total de produtores

da região, cadastrados no Geraleite, que fornecem leite para os laticínios e cooperativas,

escolhidos aleatoriamente para participarem da pesquisa (conforme formulário em anexo).

Os dados foram coletados por meio da aplicação de questionários elaborados com

perguntas objetivas, redigidas em linguagem acessível ao produtor rural, com a possibilidade de

algumas perguntas terem mais de uma resposta, sendo repassado aos entrevistados que

poderiam optar por mais de uma alternativa de resposta. Nas perguntas com possibilidade de

muitas respostas, o produtor poderia escolher, dentro das opções, uma alternativa aberta, além

de ser ouvido atentamente nos seus desabafos com relação à atividade leiteira. Os

questionamentos abordados foram relacionados aos temas sobre as principais características dos

produtores e de suas famílias, bem como da propriedade, visando traçar o perfil socioeconômico

dos produtores de leite da região.

Com as informações obtidas com a aplicação do questionário, desenvolveu-se uma

planilha com as variáveis desejáveis para o estudo, visando atender aos objetivos propostos, em

que os produtores foram enumerados de 1 a 94 na primeira coluna e nas demais colunas

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constaram as informações obtidas pelas respostas dos mesmos. Após a elaboração da planilha,

procedeu-se a análise dos dados pelo programa software Microsoft Excel for Windows e

sistematizados em gráficos e tabelas ou percentuais. Como forma de estabelecer uma

compreensão mais esclarecedora das informações colhidas, optou-se por uma abordagem

descritiva com análise voltada para este tipo de estatística (LUIZ & SILVEIRA, 2000;

FERREIRA et al., 2005).

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O padrão de utilização da terra por estratos de tamanho (ha) de 94 propriedades

leiteiras, entrevistadas no sudoeste da Bahia, está apresentado na Figura 2. Os entrevistados

possuíam propriedades com áreas variando de 10 a 1280 hectares, as quais foram distribuídas

conforme o tamanho da propriedade, sendo: 28; 75; 150; 255 e 585 hectares.

Do ponto de vista econômico, nota-se que a terra é um bem imóvel, onde o uso da

mesma com a sua perspectiva de geração de renda geram mecanismos de formação de preços no

mercado informal. Conforme pesquisa realizada nesta região, o preço da terra variou de R$

40.000,00 a R$ 100.000,00 o alqueire (19,36 hectares). Essa variação de preço nas propriedades

foi devido à localização, acesso, estrada, fontes hídricas, condição da pastagem e benfeitorias

em infraestrutura. Verificou-se que alguns proprietários sentem-se realizados apenas com a

aquisição do imóvel, sendo considerado por eles um bom investimento financeiro, porém, não

se preocupam em maximizar a produtividade, alegando falta de recursos financeiros bem como

incentivo por parte do governo.

Figura 2 - Distribuição percentual das áreas das propriedades leiteiras pesquisadas (ha)

De acordo com os resultados da pesquisa, 43% dos entrevistados da região Sudoeste

possuem propriedades com área de até 100 (ha), sendo que não foi encontrada nenhuma com

menos de 10 ha, provavelmente, motivo em que os participantes desta pesquisa comercializam o

leite produzido junto aos laticínios, o que normalmente requer um maior volume e regularidade

de produção. Provavelmente, as propriedades menores que 10 ha não atendem às exigências,

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devido à falta de infraestrutura e ao inadequado manejo de pasto, já que em sua grande maioria

os animais são criados a pasto sem suplementação.

Por outro lado, 57% possuem propriedades acima de 100 ha. Esses valores

diferenciaram dos encontrados por Ferreira et al. (2005), em pesquisa realizada com 96

propriedades rurais produtoras de leite na microrregião de Itapetinga-BA, onde apenas 14% dos

entrevistados eram proprietários com áreas menores que 100 ha e 86% possuíam áreas acima de

100 ha. Apesar de os municípios da microrregião de Itapetinga-BA estarem inseridos na região

sudoeste da Bahia, essa considerável diferença pode ser justificada devido à extensão das

propriedades da microrregião de Itapetinga serem maiores que a média da região Sudoeste da

Bahia (NASCIMENTO, 1999).

Conhecer o perfil socioeconômico dos produtores rurais é essencial para identificar um

aspecto primordial e de fundamental importância nos sistemas de produção leiteira. Na Figura 3,

pode-se verificar a diversidade nas atividades profissionais exercidas pelos produtores. Dentre

os entrevistados, 46% exercem exclusivamente a atividade de produtores rurais. Isso indica que,

a maioria deles exerce outra atividade paralela.

Muitos dos produtores entrevistados não estavam motivados a continuar na atividade

leiteira, principalmente, pela reduzida rentabilidade do negócio, ao baixo preço pago pelo leite e

seus derivados, pela sazonalidade na produção do leite, bem como pela falta de ensino

educacional na zona rural, razão pela qual os mesmos abandonam a atividade leiteira em busca

de oportunidades e melhores condições de vida nas grandes cidades, e pelas facilidades de

estudo e a expectativa de uma carreira promissora aos seus filhos.

Figura 3 - Profissão dos produtores de leite entrevistados na região Sudoeste da Bahia

Os outros 54% dos entrevistados, além de desenvolverem suas atividades na pecuária

leiteira, também, exerciam outras atividades fora de suas propriedades para complementar o

orçamento familiar, o que dificulta o gerenciamento da mesma, que fica sob a responsabilidade

de trabalhadores, normalmente com pouca capacitação profissional. Segundo Duque (2002), a

pluriatividade e as políticas sociais (em particular as aposentadorias) contribuem fortemente

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para manter as famílias no local e impedir as migrações, mas não constituem soluções para os

problemas financeiros.

No que se refere à moradia, pode-se observar na Figura 4, que 69,0% dos produtores

não residem nas fazendas. Este fato, da maioria dos entrevistados não residir na propriedade,

talvez seja um dos aspectos principais que pode estar interferindo negativamente na eficiência

dos sistemas de produção. Esta realidade dificulta a gestão da propriedade que, em grande parte

das vezes, é feita à distância pelo proprietário ou, em casos prementes, as decisões são tomadas

de forma inadequada pelo pessoal de apoio sem qualificação profissional. Neves et al. (2011)

realizaram um estudo no perímetro irrigado de Petrolina/PE e observaram que as famílias dos

produtores de leite do perímetro irrigado residiam nos estabelecimentos rurais e na zona urbana,

e somaram 53,6 e 46,4%, respectivamente. Os autores justificaram o equilíbrio quanto ao local

de residência devido à distância relativamente pequena entre as propriedades e a cidade, em

média de 14,5km.

O predomínio dos homens na administração rural é uma realidade, o que condiz com o

resultado encontrado nesta pesquisa, pois, somente 7,0% das propriedades em estudo são

administradas pelas mulheres.

Figura 4 - Percentagem de produtores de leite entrevistados que residem e administram as fazendas

na região sudoeste da Bahia

Com relação ao grau de escolaridade dos produtores, constatou-se que o mesmo se

constitui em um indicativo do nível de educação e conhecimento, sendo por meio do

conhecimento que haverá condição de identificar os problemas e obter uma melhor organização

dentro do sistema de produção.

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Notou-se, na análise do grau de escolaridade dos entrevistados, que apenas 3,3%

apresentaram sem escolarização formal contra 96,7% formalmente escolarizados. Os valores

médios para grau de escolaridade foram: 12,3% para o ensino fundamental incompleto; 17,1%

para o ensino fundamental completo; ensino médio completo, 34,7%, e para nível superior

completo, 32,6%, conforme a Tabela 1. Estes dados indicam que mais de 60% dos entrevistados

possuem ensino médio ou superior, resultados superiores aos encontrados por Ney & Hoffmann

(2009), em relação ao perfil educacional do meio rural brasileiro, ao relatarem que 69,4% dos

agricultores sequer completaram o antigo primário (1ª a 4ª série). Possivelmente, o grau de

conhecimento permite aos proprietários maior facilidade em administrar as suas propriedades

com eficiência, reduzindo gastos e incrementando a receita. Produtores com maior nível de

escolaridade criam perspectivas de maior participação em desenvolver programas de

melhoramento da atividade, podendo se constituir em disseminadores de tecnologia aos

produtores menos esclarecidos.

Tabela 1 - Grau de escolaridade dos produtores rurais na pecuária leiteria do Sudoeste da

Bahia

Tamanho da propriedade

(ha)

Sem

escolarização

Ens.Fund.

incompleto

Ens.Fund.

completo

Ensino

médio

Superior

completo

Percentagem

Até 50 0,0 19,0 14,3 57,1 9,5

51 a 100 10,0 10,0 20,0 40,0 20,0

101 a 200 0,0 13,6 18,2 31,8 36,4

201 a 300 0,0 6,7 26,7 13,3 53,3

Maior de 300 6,3 12,5 6,3 31,3 43,8

Média geral 3,3 12,3 17,1 34,7 32,6

Quanto ao tempo (anos) que exerce a atividade leiteira, observou-se que a idade

predominante nos grupos foi de 21 a 40 anos, tendo destaque o grupo com propriedades entre

201 e 300 hectares, que apresentou o maior percentual (60%) nessa faixa etária (Figura 5). Por

outro lado, nas propriedades com mais de 300 ha, somente 18,7% possuem entre 21 a 40 anos

na atividade, predominando os produtores com mais de 40 anos (43,8%). Os produtores que

estão na atividade a menos de 10 anos não possuem propriedades maiores de 200 hectares e sua

maior concentração (28,6 %) ocorreu em áreas menores que 50 hectares. Esses dados retratam

uma mudança no perfil do tamanho das propriedades leiteiras, onde, praticamente, 50% dos

proprietários com até 10 anos na atividade leiteira detém fazendas com até 100 ha. Estes

resultados apontam para a tendência de uma maior necessidade de intensificação da produção

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leiteira para que o volume de leite produzido se situe acima do ponto de equilíbrio,

resguardando a rentabilidade da atividade, em áreas cada vez menores. No passado, grandes

áreas de terra foram adquiridas por produtores que se perpetuaram na atividade por quarenta

anos ou mais, até a atualidade (Figura 5).

O elevado valor das terras regionais, em conjunto com a baixa rentabilidade, não se

compatibilizam com a aquisição de grandes áreas para o exercício da atividade leiteira, fazendo

com que haja uma migração para áreas menores e sistemas mais intensificados de produção.

Figura 5 - Percentual de produtores em função do tempo de atividade leiteira (anos)

Na Figura 6, pode-se observar os produtores que realizaram financiamento. Verificou-se

que o maior percentual ocorreu em propriedades de 51 a 100 ha, com 65%, seguido das maiores

propriedades (maiores de 300 ha), com 62,5%. Os que não possuem nenhum tipo de

financiamento/empréstimo, o maior percentual foi encontrado nas propriedades de 101 a 200 ha,

com 63,6%, e de 201 a 300 ha, com 53,3%, quando indagados, responderam que não arriscam

por medo de não conseguir cumprir com o pagamento das parcelas e ficarem em débito com o

agente financeiro. Outros relataram que é devido à burocracia imposta pelos bancos na

concessão do crédito, o que dificulta a efetivação do financiamento.

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Figura 6 - Percentual de produtores que obtiveram financiamento em função da área (ha), na

região sudoeste da Bahia

De uma forma geral, é factível supor que, no caso específico dos produtores que

exercem há menos de 10 anos a atividade e que possuem propriedades com área de até 100 ha, a

concessão do crédito, nestes casos, é explicada pela necessidade de investimentos para a

formação de infraestrutura necessária ao desenvolvimento de um processo produtivo sustentável

economicamente.

Esta hipótese pode também ser aplicada para os proprietários que possuem áreas

maiores que 300 ha, os quais 62,5% deles possuem financiamento bancário. Para estes últimos,

a existência de grandes áreas de terra sem a geração de renda proporcional deve ter sido um

fator motivador para a tomada do crédito e realização de investimentos produtivos.

A pesquisa com os produtores, conforme apresentado na Figura 7, revelou que noventa

por cento dos financiamentos foram realizados em bancos públicos por meio de linhas especiais

de crédito ou mesmo privados para investir em suas propriedades, pois, segundo relato dos

entrevistados, o resultado financeiro obtido com a venda do leite permite investimentos na

propriedade e, muitas vezes, não atingem o ponto de equilíbrio financeiro necessário para cobrir

as despesas operacionais na atividade leiteira.

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Figura 7 - Percentual de agentes financeiros, nos quais os entrevistados obtiveram

financiamento

Observa-se na Figura 8 que o produtor está preocupado com a situação em que as

propriedades leiteiras se encontram, onde utilizam práticas tradicionais, e estão tentando se

adequar à pecuária moderna, visando aumentar a produtividade, adquirindo financiamento para

custeio da produção/pecuário (insumos), custeio de beneficiamento, investimentos em bens ou

serviços, tais como: construções, reformas ou ampliações de benfeitorias nas fazendas.

Constatou-se no estrato de 51 a 100 ha produtor sem interesse de adquirir financiamento

exclusivo para custeio com insumos, porém, 65% dos entrevistados, neste mesmo estrato,

investiram em suas fazendas.

Figura 8 - Percentual da forma como foi utilizado o financiamento

Analisando o estrato maior de 300 ha, há uma preocupação dos produtores em adquirir

financiamento, visando aumentar a produtividade nas fazendas. Verifica-se que, no somatório,

62,5% dos entrevistados, aplicando-o quer seja em investimento, custeio ou em ambos,

procuram melhorar o manejo nas propriedades, buscando resultados positivos na atividade

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leiteira, mantendo-se mais informados. Provavelmente, esteja relacionado com o grau de

escolaridade dos mesmos, 43,8% com curso superior e 31,3% com ensino médio completo,

demonstrando, assim, que o nível cultural tem grande influência na administração rural ou pela

facilidade de concessão, devido à existência de grande parte de receitas extra-rurais.

De maneira geral, observou-se um grande percentual de propriedades rurais que não

possuem assistência técnica, sendo mais expressivo nas propriedades de 51 a 100 ha (75,0%),

seguido das de 101 a 200 ha (72,7%), maior que 300 ha (62,5%) e até 50 ha (61,9%). Por outro

lado, a assistência técnica é realizada principalmente em propriedades acima de 200 ha, mesmo

assim, não atinge 50% delas (Figura 9).

A falta de assistência técnica é um desafio para a produção leiteira da região Sudoeste

da Bahia, o que demonstra a necessidade de ampliação desse serviço com maior frequência

dentro das propriedades rurais. Observou-se nesta pesquisa que esse suporte técnico é dado por

profissionais que atuam principalmente em cooperativas, o qual é solicitado somente para

resolver problemas emergenciais, ou seja, não há preocupação com o planejamento e gestão da

atividade a médio e longo prazo. Para mudar esse quadro, o setor precisa passar por importantes

transformações, utilizando estratégias que visem impulsionar e melhorar o desenvolvimento da

atividade leiteira e o crescimento econômico da região.

Para a atividade leiteira dar certo, além de investimentos financeiros, é extremamente

fundamental que as propriedades tenham assistência técnica, sendo uma das premissas básicas

para a sustentabilidade dentro do sistema de produção de leite. Com o ritmo intenso da

atualização de informações no campo, o técnico com os seus conhecimentos tecnológicos, tanto

na área zootécnica como em gestão financeira e administrativa, poderá contribuir realmente com

o desenvolvimento na atividade agropecuária, visando transferir tecnologia para alcançar bons

resultados dentro da propriedade. Pensando assim, o governo deveria criar políticas públicas

que colocasse a assistência técnica como serviços essenciais para atender as pequenas e médias

propriedades rurais.

Figura 9- Percentual de produtores que dispõe de assistência técnica na propriedade em função

da área (ha)

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Com relação ao cooperativismo agropecuário, a participação dos produtores em

cooperativas e/ou associações agropecuárias e em sindicatos rurais deve ser analisado como um

ponto positivo para a consolidação da atividade. Estas instituições visam organizar e fortalecer o

grupo tanto social como economicamente, através delas, suas ações no setor resultam na

perspectiva de agregação de maiores valores para o leite vendido pelos produtores, como

também seus derivados, quando as cooperativas forem responsáveis pela industrialização do

leite.

Analisando o gráfico da Figura 10, nota-se em todos os estratos que a maioria dos

produtores fazem parte de uma ou mais dessas instituições, o estrato 201 a 300 ha foi o que se

mostrou mais organizado, destacando-se dos demais em termos percentuais, dos quais 86,7%

são associados/cooperados e 46,7% são sindicalizados em comparação com os demais estratos.

Esses resultados evidenciam a importância do espírito associativista e/ou cooperativista dos

produtores fundamentado no trabalho coletivo, pois o leite produzido nestas propriedades é

comercializado através das cooperativas de leite e laticínios, o que lhe confere poder de

negociação.

Figura 10- Percentual de produtores de leite que são associados/cooperados e sindicalizados em

instituições rurais em função da área (ha)

Quanto ao sindicato, o mesmo tem o papel de expressar, representar, proteger e

defender os interesses de seus associados em seus objetivos comuns. É o segmento que facilita

os cursos de capacitação para o homem do campo, sendo a região Sudoeste da Bahia o principal

elo entre os produtores e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural-SENAR.

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4. CONCLUSÕES

A atividade leiteira contribui para a economia da região Sudoeste da Bahia com a

geração de renda e de empregos direto e indireto. No total, quarenta e três por cento das

propriedades pesquisadas possuem área de até 100 ha, e cinquenta e sete por cento de 101 até

1280 ha, caracterizando os proprietários como pequenos e médios produtores rurais. Nas

propriedades maiores que 100 ha, encontra-se o maior número de produtores com curso

superior, o que possibilita aos mesmos uma maior facilidade em administrar as suas

propriedades com eficiência, reduzindo gastos e incrementando a receita em comparação com

aqueles que possuem menor grau escolar.

Os produtores precisam se organizar melhor, investir em tecnologia, qualidade e em

assistência técnica.

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5. REFERÊNCIAS

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Zootecnia, v.36, n.6, p.2168-2175, 2007 (supl.).

DUQUE, C. A agricultura familiar, meio ambiente e desenvolvimento: ensaios e pesquisas

em sociologia rural. Universidade Federal da Paraíba. Editora Universitária, 2002.

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GERALEITE. http://br.groups.yahoo.com/group/GERALEITE/. Acesso em 20/02/2011.

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NASCIMENTO, E.P. Desafios do desenvolvimento regional sustentável: o caso do sudoeste da

Bahia. Universidade do Sudoeste da Bahia UESB. Brasília 1999, 92p.

NEY, M.G. HOFFMANN, R. Educação, concentração fundiária e desigualdade de rendimentos

no meio rural brasileiro. Revista de Economia e Sociologia Rural, v.47, n.1, p.147-181,

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NERO, L.A.; MATTOS, M.R.; BELOTI, V.; BARROS, M.A.F.; PINTO, J.P.A.N.;

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brasileiras: Perspectivas de atendimento dos requisitos microbiológicos estabelecidos pela

Instrução Normativa 51. Ciência e tecnologia de Alimentos, v.25, n.1, p.191-195, 2005.

NEVES, A.L.A.; PEREIRA, L.G.R.; SANTOS, R.D.; ARAÚJO, G.G.L.; CARNEIRO, A. V.;

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RIBEIRO, A.B; TINOCO, A.F.F; LIMA; G.F.C; GUILHERMINO; M.M; RANGEL; A.H.N.

Produção e composição do leite de vacas Gir e Guzerá nas diferentes ordens de parto.

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CAPÍTULO II

FONTES HÍDRICAS E MANEJO ALIMENTAR NAS PROPRIEDADES LEITEIRAS

NO SUDOESTE DA BAHIA

RESUMO

Objetivou-se com este trabalho identificar o manejo realizado nos pastos e as fontes

hídricas de algumas propriedades da bacia leiteira da região Sudoeste da Bahia. A metodologia

utilizada neste trabalho é composta pela aplicação de um questionário contendo questões

fechadas, utilizando uma amostra de 94 produtores que fornecem leite para cooperativas ou

laticínios da região. As propriedades foram estratificadas de acordo com o tamanho, ficando

assim distribuídas: com até 50 ha; 51 a 100 ha; 101 a 200 ha; 201 a 300 ha e propriedades

maiores de 300 ha. De acordo com os resultados, o suprimento hídrico nas fazendas é feito em

sua grande maioria por açudes com água captada através das chuvas. Verificou-se que, em

73,6% das propriedades, nunca fizeram análise do solo na área destinada aos pastos. Para o

manejo alimentar dos animais, além dos pastos, também é fornecido a cana-de-açúcar e

silagens, e como fonte alternativa no período seco, a palma forrageira, que é resistente à seca. O

gênero Brachiaria predomina na formação dos pastos, devido à sua adaptabilidade às condições

climáticas da região.

Palavras-chave: água, sistema de produção, solo

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CHAPTER II

WATER SOURCES AND FEEDING MANAGEMENT ON FARMS PRODUCING MILK

IN THE SOUTHWEST OF BAHIA

ABSTRACT

The objective of this study was identify the management carried out in pastures and

water sources of some properties in dairy cattle in the southwest region of Bahia. The proposed

methodology is composed by applying a questionnaire with closed questions, using a sample of

94 producers that provide milk for dairy cooperatives and dairy the region. The farm were

stratified according to the size, being distributed as follows: up to 50 ha, 51-100 ha, 101-200 ha,

201-300 ha and larger than about 300 ha. According to the results, the water supply on the farms

is done mostly by dams with water captured by the rains. It was found that 73.6% of the

properties made never soil analysis in the area allocated to pastures. For the feeding

management of animals is provided pastures, sugar cane and silage. As an alternative source in

the dry season, the cactus, which is resistant to drought. The predominantly Brachiaria pastures

in training due to its adaptability to climatic conditions in the region.

Keywords: production systems, soil, water

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1- INTRODUÇÃO

O desenvolvimento rural da região Sudoeste da Bahia vem se destacando através da

agropecuária, principalmente, com a pecuária leiteira destinada à produção de leite e seus

derivados, sendo uma atividade econômica geradora de emprego e renda para os produtores

rurais. Entretanto, esse setor enfrenta alguns entraves como a estacionalidade de produção de

forragem, característica comum dos pastos, o que talvez seja uma das maiores limitações à

manutenção da uniformidade da produção ao longo do ano. Essa sazonalidade é caracterizada

por marcante redução na produção de forragem e, consequentemente, na produção animal

durante o período seco do ano. Algumas alternativas como a adubação e o manejo corretos dos

pastos têm proporcionado sensíveis melhorias nos índices de produtividade (EUCLIDES et al.,

2009). Segundo Gomes et al. (2002), as pastagens são consideradas a forma mais econômica e

prática de alimentação de bovinos, tornando-se, portanto, prioridade o aumento da utilização das

forragens via otimização do consumo e da disponibilidade de seus nutrientes.

Nessa ótica, a baixa fertilidade natural dos solos e o manejo inadequado dos pastos são,

seguramente, os principais fatores que interferem na produtividade e na qualidade dos pastos.

Há necessidade de se compreender os vários fatores que influenciam na produção de forragens,

dentre os quais se destacam o conhecimento dos fatores nutricionais, que são limitantes para o

desenvolvimento das plantas, e o conhecimento da fisiologia de gramíneas forrageiras tropicais

promissoras, que apresentam características desejáveis para o fornecimento dos nutrientes

essenciais aos animais para a geração de produtos de qualidade como o leite.

A água é um recurso natural de fundamental importância nas propriedades leiteiras para

o consumo humano e dos animais, pois oferece condições favoráveis ao bom desenvolvimento

dos pastos, para a produção do leite e também na eficiência da limpeza e higienização dos

equipamentos e utensílios de ordenha. Porém, pode se constituir em fonte potencial de

contaminação, quando não devidamente tratada (AMARAL et al., 2004; ARAÚJO et al., 2009).

Objetivou-se com este trabalho diagnosticar o manejo realizado nos pastos e as fontes

hídricas de algumas propriedades da bacia leiteira da região Sudoeste da Bahia.

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2- MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado na região econômica do sudoeste da Bahia, Brasil, no período de

fevereiro a dezembro de 2010. De acordo com a SEI – Superintendência de Estudos

Econômicos e Sociais da Bahia, essa região é composta por 39 municípios, sendo: Anagé, Barra

do Choça, Belo Campo, Boa Nova, Bom Jesus da Serra, Caatiba, Caetanos, Cândido Sales,

Caraíbas, Cravolândia, Encruzilhada, Firmino Alves, Ibicuí, Iguaí, Irajuba, Itambé, Itapetinga,

Itaquara, Itarantim, Itiruçu, Itororó, Jaguaquara, Jequié, Lafaiete Coutinho, Lajedo do Tabocal,

Macarani, Maiquinique, Manoel Vitorino, Maracás, Mirante, Nova Canaã, Planaltino, Planalto,

Poções, Potiraguá, Ribeirão do Largo, Santa Inês, Tremedal e Vitória da Conquista, e está

localizada entre as coordenadas 13º 02’ a 16° 00’ de Latitude Sul e 39° a 41°49’ de Longitude

Oeste, sendo uma das 15 regiões econômicas do estado da Bahia proposta pela

Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI - BA.

Foram realizados contatos com os laticínios e cooperativas de leite em funcionamento

na região em estudo, visando escolher o público alvo da pesquisa. A seguir, realizou-se viagens

a campo para o reconhecimento da região, identificação do uso dos sistemas de produção e tipo

de exploração do sistema leiteiro. O estudo foi realizado a partir de uma população referencial

representada pelos produtores de leite dos municípios da região, cadastrados no programa

Geraleite. O projeto Geraleite é promovido pela Federação da Agricultura do Estado da Bahia

(FAEB), pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), pelo Serviço Brasileiro de

Apoio às Micros e Pequenas Empresas -SEBRAE e pela Universidade Estadual do Sudoeste da

Bahia (UESB), o grupo é formado pela coordenação, técnicos de campo, coordenadores de

agroindústrias e parceiros do Projeto de Assistência Gerencial e Tecnológica- AGETEC –

LEITE (Geraleite, 2011).

Antes de constituir a amostra, foi realizado um agrupamento das propriedades rurais

para reconhecimento de sua distribuição quanto ao tamanho, estabelecendo-se cinco estratos: até

50 ha; 51 a 100 ha; 101 a 200 ha; 201 a 300 ha e maior de 300 ha.

Primeiramente, foram elaboradas questões para serem abordadas de acordo com o

intuito da pesquisa. Posteriormente, aplicaram-se 10 questionários para servirem como base de

correção das perguntas constante nos mesmo, servindo, assim, como pré-teste da pesquisa. Após

aplicação dos questionários-teste, realizou-se as devidas correções e procedeu-se às indagações

por meio de entrevistas realizadas diretamente com os produtores de leite nas suas respectivas

propriedades, procurando visitar as propriedades localizadas em grupos por “linhas de leite”, a

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fim de promover maior facilidade de acesso às mesmas, agilizando os procedimentos e

reduzindo tempo para a coleta dos dados junto aos produtores.

Foram aplicados 94 questionários, que corresponderam a 66,2% do total de produtores

da região, cadastrados no Geraleite, que fornecem leite para os laticínios e cooperativas,

escolhidos aleatoriamente para participarem da pesquisa (conforme formulário em anexo).

Os dados foram coletados através da aplicação de questionários elaborados com

perguntas objetivas, redigidas em linguagem acessível ao produtor rural, com a possibilidade de

algumas perguntas terem múltiplas respostas, sendo repassado aos entrevistados que poderiam

optar por mais de uma alternativa de resposta. Nas perguntas com possibilidade de muitas

respostas, o produtor poderia escolher dentro das opções uma alternativa aberta, além de ser

ouvido atentamente nos seus desabafos com relação à atividade leiteira.

Os questionamentos abordados foram relacionados aos temas: Fontes hídricas

(abastecimento e fontes), energia elétrica, manejo dos pastos (gramínea, adubação, irrigação,

métodos de pastejo), estratégia alimentar (período das águas/seco e suplementação mineral),

manejo do solo (análise, adubação e correção).

Com as informações obtidas com a aplicação do questionário, desenvolveu-se uma

planilha com as variáveis desejáveis para o estudo, visando atender aos objetivos propostos, em

que os produtores foram enumerados de 1 a 94 na primeira coluna e nas demais colunas foram

colocadas as informações obtidas pelas respostas dos mesmos. Após a elaboração da planilha,

procedeu-se a análise dos dados pelo programa software Microsoft Excel for Windows e

sistematizados em gráficos e tabelas ou percentuais. Como forma de estabelecer uma

compreensão mais esclarecedora das informações colhidas, optou-se por uma abordagem

descritiva com análise voltada para este tipo de estatística (LUIZ & SILVEIRA, 2000;

FERREIRA et al., 2005).

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3- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se visualmente que a água utilizada nas fazendas em estudo não são tratadas

podendo estar contaminadas com microorganismos, principalmente com bactérias do grupo

Coliformes fecais. Verificou-se que o suprimento hídrico nas fazendas é feito em sua grande

maioria pelos açudes, seguido de poço comum, minas, cisternas e de poucos rios que

contribuem para o abastecimento, podendo a qualidade da água está comprometida, sendo

provocada pelo desrespeito do homem à natureza, sem nenhuma preocupação em criar

estratégias de prevenção (Figura 1). Lacerda et al. (2009), estudando a qualidade microbiológica

da água utilizada em fazendas leiteiras para limpeza das tetas de vacas e equipamentos leiteiros

em três municípios do estado do maranhão, constataram que os proprietários que participaram

do estudo ainda acreditam que a água de poço e açude é de boa qualidade e, desta forma, existe

um descaso em relação à adoção de medidas de prevenção da qualidade da água consumida. É

inquestionável a importância da água na produção animal, pois a falta dela dentro da atividade

leiteira acarreta prejuízos econômicos para o sistema de produção, uma vez que é indispensável

para suprir as necessidades de consumo do homem e dos animais, para a limpeza e desinfecção

dos utensílios e higienização das instalações, principalmente nas salas de ordenha que devem ter

água de boa qualidade (potável) para a higiene dos animais, antes e após a ordenha, bem como

dos ordenhadores. Segundo Lacerda et al. (2009), a água utilizada no processo de obtenção do

leite pode representar um risco em potencial tanto para o estado sanitário da glândula mamária

como para a qualidade microbiológica do leite, quando não atende aos padrões de potabilidades

para consumo humano.

Figura 1 - Percentual de abastecimento de água, de acordo com a área da propriedade (ha)

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Foi observado que, em todos os estratos das propriedades leiteiras por tamanho (ha), as

fontes hídricas para o abastecimento são oriundas dos recursos de águas naturais disponíveis em

cada estrato (Figura 2). Notou-se que propriedades com até 50 ha são as que mais sofrem devido

à falta de recursos hídricos, quando comparadas com as demais, uma vez que não dispõem de

cursos d’água, apresentam o menor percentual (14,3%) de nascentes e o maior percentual de

fontes hídricas através da chuva (57,1%) que reabastece os açudes, os quais se apresentaram em

maior número nessas propriedades, dependendo, dessa forma, tão somente das condições

climáticas para sustentar a produção leiteira. Esse resultado é, de certa forma, preocupante, pois,

provavelmente, esses dados estão associados às derrubadas e queimadas nas áreas florestais,

pelo motivo dos produtores avançarem e explorarem também as que deveriam ser para reserva.

Do ponto de vista ambientalista, um dos maiores desafios é a preservação das matas

ciliares, que protegem os arredores das nascentes e encostas dos cursos de água, principalmente

no que se refere à delimitação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e recuperação das

Reservas Legais (RL). Entretanto, os proprietários rurais, quando conscientizados, ficam

responsáveis pela preservação e recuperação das referidas áreas, visando assegurar a

conservação dos recursos hídricos.

Figura 2 - Percentual de fontes de recursos hídricos, de acordo com a área da propriedade (ha)

Um fator positivo é o fato de que das propriedades estudadas, apenas 9,1%, não

possuem energia elétrica. Nos estratos, verificou-se maior percentual para o não uso de energia

elétrica nas propriedades menores de 100 hectares (Figura 3). Em toda propriedade rural há

necessidade do consumo de energia elétrica, requisito básico para iluminação, uso das

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máquinas, motores, eletrodomésticos, equipamentos de informática, cercas elétricas, irrigação, e

principalmente, nas que exercem a atividade leiteira para o uso no processo de ordenha

mecanizada, duchas para limpeza e sistema de refrigeração para conservação do leite.

Notou-se que em todas as propriedades maiores de 300 ha utilizam energia elétrica,

sendo este um dos pontos fundamentais para o desenvolvimento de um programa de melhoria

da qualidade do leite e da alimentação do rebanho. O fornecimento de energia elétrica é feita de

forma monofásica, bifásica e trifásica. Em todas as propriedades rurais, há maior preferência em

usar transformador trifásico, devido à necessidade de utilizar mais equipamentos e consumir

mais energia elétrica no seu sistema de produção.

Figura 3 - Percentual de distribuição de energia elétrica nas propriedades leiteiras em função da

área (ha)

Com relação ao manejo do solo, verificou-se um percentual de 73,6% para produtores

que nunca fizeram análise de solo na área destinada aos pastos e 95,6% do total de entrevistados

não fazem calagem. De maneira geral, os produtores não estão preocupados com a fertilidade do

solo (Figura 4), pois poucos fazem análise química do solo, que é um dos requisitos básicos

para a correta recomendação de adubação do solo, já que a calagem e a adubação melhoram a

fertilidade do solo, promovendo maior vigor do pasto.

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Figura 4 - Percentual das propriedades leiteiras que realizam análise e correção do solo

Dentre as propriedades que realizaram adubação nos pastos, percebeu-se que a

preferência foi a adubação orgânica (Figura 5), a qual é realizada utilizando-se o esterco

encontrado nos currais. A utilização de esterco é uma alternativa amplamente adotada para o

suprimento de nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo, em áreas de agricultura familiar

na região semiárida e agreste do nordeste do Brasil (MENEZES & SALCEDO, 2007), e o uso

de fertilizantes inorgânicos é pouco frequente, devido ao limitado poder aquisitivo dos

produtores rurais (GALVÃO et al., 2008).

Figura 5 - Percentual das propriedades leiteiras que realizam adubação

A forragem representa a forma mais prática e econômica para a alimentação de bovinos

e desempenha papel fundamental nos sistemas de produção (SOUZA et al., 2005). Entretanto, a

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sazonalidade das forrageiras tropicais compromete o desempenho regular dos animais, devido à

disponibilidade de forragem ser desuniforme durante o ano, apresentando um período de

produção abundante (verão úmido) e outro de escassez (inverno seco). Nesse sentido, para

minimizar os efeitos deste desequilíbrio, e, consequentemente, dos baixos índices de

produtividade da pecuária, há necessidade de se buscar alternativas de práticas adequadas de

manejo para corrigir os efeitos da estacionalidade de produção das gramíneas forrageiras, ou

pelo menos para amenizá-los durante o período crítico, uma vez que, no déficit hídrico, o

homem pode interferir.

Dentre as opções, destaca-se a irrigação, sendo uma estratégia importante para o

aumento da disponibilidade de pasto por hectare, fazendo com que o animal atenda suas

exigências de mantença e expresse suas potencialidades, ajustando a capacidade de suporte. A

produção de leite a pasto depende do manejo adotado, sabendo-se que, em condições de

irrigação no período da seca, espera-se maior produção de forragem em comparação aos pastos

sem irrigação. Neste estudo, observou-se que a maioria dos entrevistados, 84%, não utiliza

sistema de irrigação nos pastos em suas propriedades e apenas 16% são beneficiadas com esse

sistema (Figura 6).

Figura 6 - Percentual das propriedades leiteiras que dispõe de sistema de irrigação e métodos de

pastejo

Além disso, os métodos de pastejo empregados também podem influenciar na dinâmica

de produção e uso da forragem. Nessa ótica, a produção de biomassa de forragem é o principal

fator que define a capacidade de suporte dos pastos, sendo relevante o conhecimento de seus

componentes para se compreender como as estratégias de manejo os influenciam. A produção

forrageira é influenciada por fatores extrínsecos, como radiação, temperatura, umidade do solo e

outros, e intrínsecos ao dossel, destacando-se a eficiência de captação e utilização dos recursos

disponíveis, conforme Alexandrino et al. (2005). Baseando-se nesses conhecimentos, o produtor

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tem condição de escolher, de acordo com a realidade de sua propriedade, o método de pastejo

para manusear os animais no pasto. Com os resultados obtidos nesta pesquisa, verificou-se que

67% dos produtores de leite da região estudada dão preferência para o pastejo com lotação

rotacionada (Figura 6), sendo caracterizado pela mudança periódica e frequente dos animais de

um piquete para outro, dentro do mesmo tipo de pasto. Já o outro grupo (33%) dá preferência

para o pastejo com lotação contínua caracterizado pela utilização do pasto sem descanso, onde

as vacas leiteiras permanecem no mesmo pasto durante todo o ano, com um número fixo ou

variável, a depender da massa de forragem disponível (Figura 6).

Segundo Blaser (1994), com favoráveis condições climáticas, dependendo da

morfologia e fisiologia das plantas, os rendimentos das forrageiras e os produtos animais por

hectare podem ser substancialmente mais altos no pastejo sob lotação rotacionada do que na

contínua. Entretanto, independente dos sistemas de pastejo utilizados, deve-se lembrar que a

disponibilidade do pasto é uma ferramenta de manejo do pastejo obtida pelo controle da lotação.

Para que a lotação rotacionada resulte em aumento da produção animal e, consequentemente, se

obtenha maior lucro, é necessário que haja aumentos na produção ou na qualidade dos pastos,

aumento no consumo animal, maior persistência das espécies forrageiras ou um melhor controle

de parasitas no animal (GARDNER & ALVIM, 1985).

Observou-se que as propriedades do Sudoeste da Bahia utilizam o pasto, para o rebanho

leiteiro, como sistema de alimentação predominante durante todo o ano, pelo fato de ser o mais

barato em relação aos concentrados, já que os gastos adquiridos com a alimentação dos animais

para produzir o leite não são compensados pelo valor pago por cada litro de leite. Porém, no

Brasil, a política de pagamento diferenciado pela qualidade do leite ainda é baixa, havendo

padrões mínimos a serem atendidos tanto em relação à composição, quanto aos aspectos de

sanidade que, caso não sejam atendidos, ocasionam penalizações no valor pago ao produtor.

Contudo, alguns laticínios, interessados na aquisição de matéria-prima de melhor padrão, em

grande parte, para atender a produção de derivados de alta qualidade para abastecer grandes

centros consumidores, já realizam algum tipo de pagamento diferenciado pelo teor de gordura,

proteína e/ou sólidos totais (CARDOSO et al., 2004).

Observou-se a predominância (53,8%) do gênero Brachiaria na formação dos pastos

para alimentação dos animais, nas propriedades leiteiras do Sudoeste da Bahia, seguido pelo

capim bufell (23,9%) e Panicum (22,3%) (Figura 7). Essa preferência pode estar associada à sua

adaptabilidade, às condições tropicais, palatabilidade e tolerância ao pisoteio. A menor

percentagem de panicum na região pode estar relacionada com o maior cuidado de manejo, que

deve favorecer o controle (ou impedir) do florescimento, reduzindo o alongamento do colmo e,

consequentemente, aumentando o valor nutritivo da forragem ofertada aos animais durante o

período de florescimento, no qual o alongamento de colmo é acelerado. Entretanto, parcela

significativa dos sistemas de produção pecuário no Brasil é baseada no uso de pastagens de

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Brachiaria decumbens sob lotação contínua, sendo desejável que a maior parte da forragem

consumida pelo animal seja composta por lâminas foliares (SANTOS et al., 2011).

Nas regiões semiáridas, principalmente no nordeste do Brasil, a gramínea que mais tem

se adaptado é o capim buffel, por ser bastante tolerante à seca (MOREIRA et al., 2006;

FERREIRA et al., 2009; SANTANA et al., 2011). Em experimento realizado por Moreira et al.

(2007), que avaliaram a composição botânica, disponibilidade e qualidade da forragem e da

dieta de animais fistulados alimentados em pasto de capim buffel, diferido na época seca no

semiárido, os autores verificaram que o pasto de capim buffel diferido apresentou alta

quantidade de forragem à época seca, em termos de disponibilidade de forragem e composição

da dieta dos animais, porém, notou-se que a grande limitação do pasto de capim buffel diferido

está relacionada aos valores do teor de PB e da digestibilidade do material que decresce

consideravelmente.

O gênero Panicum também merece a atenção dos produtores nesta região,

principalmente quando nutrido com fósforo e nitrogênio, fator crítico que limita a produção

forrageira. Patês et al. (2007) trabalharam na região Sudoeste da Bahia com o capim-tanzânia

submetido a doses de fósforo e nitrogênio e verificaram que à medida que se incrementaram as

doses de P2O5 em combinação da dose 100 kg de N, obtiveram respostas significativas de 2,25;

6,50; 9,25 e 9,82 perfilhos por planta, para os respectivos tratamentos de 0, 50, 100 e 150 kg de

P2O5/ha. Entretanto, observou-se que, com a ausência de nitrogênio, houve limitação do

perfilhamento das plantas, apresentando, em média, apenas 1,68 perfilhos/planta. Segundo

Palhano et al. (2007), o consumo diário de forragem é o aspecto central para maior compreensão

do comportamento dos animais em pastejo, diretamente influenciado por fatores relacionados à

planta forrageira e ao animal.

Figura 7 - Percentual de gramínea forrageira predominante nas propriedades leiteiras

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No que se refere à reserva estratégica para o manejo alimentar no período das águas,

verificou-se que os produtores, além dos pastos, também fornecem a cana-de-açúcar para os

animais, devido a sua elevada produtividade, o que viabiliza economicamente a atividade

leiteira. Constatou-se que para o fornecimento de cana-de-açúcar na região Sudoeste da Bahia,

as propriedades maiores de 300 (ha) são as que mais utilizam essa fonte de reserva alimentar

(Figura 8).

Figura 8- Estratégia alimentar em percentagem utilizada no período das águas

As formas de estratégias de alimentação para o período da seca, na região estudada, é

através da utilização de forragem do pasto, do fornecimento da cana-de-açúcar e de silagens e,

como fonte alternativa, surge a palma forrageira, que é resistente à seca, com um bom potencial

energético e elevado teor de umidade, além de suprir parte das necessidades de água dos

animais (Figura 9). Nas propriedades entrevistadas, verificou-se que a mesma é fornecida para o

gado leiteiro picada diretamente no cocho. Entretanto, deve-se atentar para a quantidade

fornecida pelo fato de ser rica em carboidratos não-fibrosos (importante fonte de energia para os

ruminantes), porém, o excesso do mesmo pode diminuir o pH e causar distúrbios ruminais,

devendo, assim, fornecer com fontes alternativas de fibra e proteína. Segundo Ferreira et al.

(2009), embora seja uma excelente fonte de carboidratos não-fibrosos a palma forrageira

apresenta baixos teores de matéria seca, fibra em detergente neutro (FDN) e o teor de proteína

bruta é insuficiente para o adequado desempenho animal. Assim, esses autores desenvolveram

uma pesquisa no intuito de fazer a correção da FDN, na qual a palma forrageira foi associada

com diferentes volumosos: silagem de sorgo; bagaço de cana; feno de capim Tifton; feno de

capim-elefante; silagem de girassol e feno de guandu, em dietas para bovinos leiteiros, e não

foram observados diarréia, perda de peso, alterações no consumo de matéria seca ou queda no

teor de gordura no leite.

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Figura 9 - Estratégia alimentar em percentagem utilizada no período da seca

Quanto à suplementação mineral, observou-se que em todos os estratos os produtores se

preocupam em disponibilizar sal mineral para os animais, utilizando uma mistura mineral

comercial ou fornecendo apenas cloreto de sódio; houve destaque para o estrato 201 a 300 ha

em que 100% das propriedades leiteiras fazem uso dessa prática, ao contrário do estrato 51 a

100 ha em que 20% das propriedades não fazem (Figura 10). Segundo Peixoto et al. (2005),

sempre que os animais estiverem recebendo dietas com quantidade insuficiente de minerais ou

rações desequilibradas que resultem na carência de um ou mais elementos, há que se corrigi-las

para que os mesmos possam desenvolver seu potencial genético, além de manterem-se

saudáveis. Como as misturas minerais são insumos caros, alguns proprietários diluem essas

misturas com o sal comum, o que obviamente reduz a concentração dos outros minerais nesse

preparado. Neste caso, dependendo da diluição, mesmo que os teores dos minerais na mistura

original sejam adequados, em algumas situações haverá necessidade de corrigir elementos

deficitários.

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Figura 10 - Percentual das propriedades leiteiras que realizam suplementação mineral para os

animais

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4 - CONCLUSÕES

Existe heterogeneidade entre os produtores de leite desta região, sendo que poucos

investem em tecnologias para melhorar o manejo da pastagem. Nas propriedades predominam o

sistema de alimentação a pasto, pelo fato de ser o mais barato com relação aos concentrados. A

realização de analise dos solos e de adubações nos pastos ainda é uma prática pouco usada pelos

pecuaristas da região Sudoeste da Bahia.

O estrato de até 50 hectares é o menos favorecido com recursos hídricos por meio de

fontes naturais, quando comparado com os demais, pois não dispõe de cursos d’água, apresenta

o menor percentual de nascentes e o maior percentual de captação de água através da chuva,

dependendo em sua maioria das condições climáticas para sustentar a produção leiteira.

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50

CAPÍTULO III

ASPECTOS PRODUTIVOS E SANITÁRIOS DO REBANHO LEITEIRO NAS

PROPRIEDADES DO SUDOESTE DA BAHIA

RESUMO

Objetivou-se com este trabalho caracterizar a produção de leite e o manejo sanitário dos

animais de propriedades da bacia leiteira da região Sudoeste da Bahia. A metodologia proposta

neste trabalho é composta pela aplicação de um questionário contendo questões fechadas,

utilizando uma amostra de produtores participantes da pesquisa que fornecem leite para

cooperativas ou laticínios da região. Os produtores foram agrupados de acordo com o tamanho

da propriedade rural, ficando assim distribuídos: com até 50 ha; 51 a 100 ha; 101 a 200 ha; 201

a 300 ha e propriedades maiores de 300 ha. Os dados obtidos são importantes para conhecer e

comparar o perfil de fazendas leiteiras nessa região. 54,7% dos produtores não fazem anotações

zootécnicas e 64,9% não fazem anotações relacionadas à parte econômica. Dos entrevistados,

80,7% praticam nas propriedades uma ordenha e 19,3% duas ordenhas por dia, a monta natural

não controlada foi o manejo reprodutivo mais utilizado. A média geral da produção de leite nas

fazendas foi de 1125 litros de leite/vaca/ano e 3,1 litros/vaca/dia. Essa baixa produtividade é

devido, principalmente, à deficiência tecnológica e à falta de assistência técnica nas fazendas.

Palavras-chave: bovino, pasto, sistema de criação

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CHAPTER III

ASPECTS OF PRODUCTION AND DAIRY HERD HEALTH OF DAIRY FARMS IN

SOUTHWESTERN OF BAHIA

ABSTRACT

The objective of this study was characterize the production of milk and sanitary

management of animals of farms of the milk basin of the economic region of the southwest of

Bahia. The proposed methodology is composed by applying a questionnaire with closed

questions, using a sample of 94 producers participating in the research that provide milk for

dairy cooperatives and dairy the region. The producers were grouped according to the size of the

estate, being distributed as follows: up to 50 ha, 51-100 ha, 101-200 ha, 201-300 ha and larger

than about 300 ha. The results obtained are important to know and to compare the profile of

dairy farms in this region, 54.7% of producers did not take notes husbandry and 64.9% did not

take notes related to the economics. Of respondents 80.7% make in a milking and 19.3% two

milkings per day in properties, the natural mount uncontrolled was the reproductive

management more used. The average milk production on farms was 1125 liters of milk

/cow/year and 3.1 liters/cow/day. This low productivity is due mainly to technological

deficiency and lack of technical assistance in farms.

Keywords: breeding system; cattle, pasture

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1- INTRODUÇÃO

A pecuária leiteira na região Sudoeste da Bahia é uma das atividades predominantes das

pequenas e médias propriedades rurais, em sua maioria, os pastos constituem-se na principal

fonte de alimento para o rebanho, especialmente compostos de gramíneas tropicais. A produção

de leite a pasto busca reduzir custos de produção em relação ao uso de concentrados. Nessa

ótica, devem-se adotar estratégias de manejo do pastejo dos animais de acordo com os pastos

em cada época do ano.

O aumento da produtividade leiteira é de grande interesse de produtores, técnicos e

pesquisadores e está na dependência de fatores genéticos, sanitários, ambientais, nutricionais e

suas interações (TEIXEIRA et al., 2010). Dessa forma, a baixa produtividade dos rebanhos deve

estar associada à qualidade genética dos animais e à alimentação, além do nível tecnológico

aplicado pelos pecuaristas nas unidades produtivas.

O estado da Bahia possui o terceiro maior rebanho de gado leiteiro do Brasil, mas ocupa

a 23ª posição em produtividade por vaca ordenhada, produz 950 milhões de litros de leite/ano, e

consome 1,6 bilhões de litros, registrando uma defasagem entre a oferta e demanda de 650

milhões de litros. Eliminar esse déficit é o grande desafio da pecuária leiteira baiana (Seagri,

2010). Neste contexto, objetivando reverter esta situação, é necessário desenvolver um

diagnóstico para identificar os sistemas reais de produção de leite em cada região dentro do

estado da Bahia.

Oliveira et al. (2007) desenvolveram um trabalho sobre os sistemas de produção de leite

no extremo sul da Bahia e verificaram que os indicadores-referência, obtidos para a região,

diferem dos índices globais divulgados pelo setor, o que indica a necessidade de estudos

regionalizados para caracterizar os sistemas de produção de leite, identificando e quantificando

periodicamente os índices, considerando o caráter dinâmico inerente ao ambiente de produção e

a elevada diversidade sócio-econômica, cultural e edafo-climática.

Objetivou-se com este trabalho traçar um diagnóstico da atividade leiteira na região

Sudoeste da Bahia, abordando os diversos aspectos que envolvem a produção primária,

destacando a tecnologia empregada na produção de leite e a condição sanitária dos animais.

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2- MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado na região econômica do sudoeste da Bahia, Brasil, no período de

fevereiro a dezembro de 2010. De acordo com a SEI – Superintendência de Estudos

Econômicos e Sociais da Bahia, a mesma é composta por 39 municípios, sendo: Anagé, Barra

do Choça, Belo Campo, Boa Nova, Bom Jesus da Serra, Caatiba, Caetanos, Cândido Sales,

Caraíbas, Cravolândia, Encruzilhada, Firmino Alves, Ibicuí, Iguaí, Irajuba, Itambé, Itapetinga,

Itaquara, Itarantim, Itiruçu, Itororó, Jaguaquara, Jequié, Lafaiete Coutinho, Lajedo do Tabocal,

Macarani, Maiquinique, Manoel Vitorino, Maracás, Mirante, Nova Canaã, Planaltino, Planalto,

Poções, Potiraguá, Ribeirão do Largo, Santa Inês, Tremedal e Vitória da Conquista. Está

localizada entre as coordenadas 13º 02’ a 16° 00’ de Latitude Sul e 39° a 41°49’ de Longitude

Oeste, é uma das 15 regiões econômicas do estado da Bahia proposta pela Superintendência de

Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI - BA.

Foram realizados contatos com os laticínios e cooperativas de leite em funcionamento

na região em estudo, visando escolher o público alvo da pesquisa. A seguir, realizou-se viagens

a campo para o reconhecimento da região, identificação do uso dos sistemas de produção e tipo

de exploração do sistema leiteiro. O estudo foi realizado a partir de uma população referencial

representada pelos produtores de leite dos municípios da região, cadastrados no programa

Geraleite. O projeto Geraleite é promovido pela Federação da Agricultura do Estado da Bahia

(FAEB), pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), pelo Serviço Brasileiro de

Apoio às Micros e Pequenas Empresas -SEBRAE e pela Universidade Estadual do Sudoeste da

Bahia (UESB), o grupo é formado pela coordenação, técnicos de campo, coordenadores de

agroindústrias e parceiros do Projeto de Assistência Gerencial e Tecnológica- AGETEC –

LEITE (Geraleite, 2011).

Antes de constituir a amostra, foi realizado um agrupamento das propriedades rurais

para reconhecimento de sua distribuição quanto ao tamanho, estabelecendo-se cinco estratos: até

50 ha; 51 a 100 ha; 101 a 200 ha; 201 a 300 ha e maior de 300 ha.

Primeiramente foram elaboradas questões para serem abordadas de acordo com o intuito

da pesquisa. Posteriormente, aplicaram-se 10 questionários para servirem como base de

correção das perguntas constante nos mesmo, servindo, assim, como pré-teste da pesquisa. Após

aplicação dos questionários-teste, realizou-se as devidas correções e procedeu-se às indagações

por meio de entrevistas realizadas diretamente com os produtores de leite nas suas respectivas

propriedades, procurando visitar as propriedades localizadas em grupos por “linhas de leite”, a

fim de promover maior facilidade de acesso às mesmas, agilizando os procedimentos e

reduzindo tempo para a coleta dos dados junto aos produtores.

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Foram aplicados 94 questionários, que corresponderam a 66,2% do total de produtores

da região, cadastrados no Geraleite, que fornecem leite para os laticínios e cooperativas,

escolhidos aleatoriamente para participarem da pesquisa (conforme formulário em anexo).

Os dados foram coletados através da aplicação de questionários elaborados com

perguntas objetivas, redigidas em linguagem acessível ao produtor rural, com a possibilidade

em algumas perguntas terem mais de uma resposta, sendo repassado aos entrevistados que

poderiam optar por mais de uma alternativa de resposta. Nas perguntas com possibilidade de

muitas respostas, o produtor poderia escolher, dentro das opções, uma alternativa aberta, além

de ser ouvido atentamente nos seus desabafos com relação à atividade leiteira. Os

questionamentos foram abordados com perguntas relacionadas à tecnologia para obtenção e

produção de leite com foco em sanidade, ordenha higiênica, escrituração zootécnica/econômica

e infraestrutura da propriedade.

Com as informações obtidas com a aplicação do questionário, desenvolveu uma planilha

com as variáveis desejáveis para o estudo, visando atender aos objetivos propostos, em que os

produtores foram enumerados de 1 a 94 na primeira coluna e nas demais colunas foram

constadas as informações obtidas pelas respostas dos mesmos. Após a elaboração da planilha,

procedeu-se a análise dos dados pelo programa software Microsoft Excel for Windows e

sistematizados em gráficos e tabelas ou percentuais. Como forma de estabelecer uma

compreensão mais esclarecedora das informações colhidas, optou-se por uma abordagem

descritiva com análise voltada para este tipo de estatística (LUIZ & SILVEIRA, 2000;

FERREIRA et al., 2005).

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3- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos com esta pesquisa realizada na região sudoeste da Bahia

revelaram uma agropecuária de caráter tradicional, onde os animais são de sangue zebuíno e sua

maioria é mestiça com aptidão leiteira, criados a pasto, por serem mais adaptados às

características da região; também foram encontrados alguns puros da raça Holandesa.

Na Tabela 1, observa-se que o sistema de ordenha adotado pela totalidade dos

entrevistados (93,4%) é realizado pela manhã, de forma manual, e 6,6% adotam o sistema de

ordenha mecânica. Nas propriedades leiteiras menores que 100 ha, não foi verificado esse

sistema de ordenha, essa característica reflete a realidade da produção de leite regional, podendo

ser explicado pelo baixo volume de produção, fazendo com que os mesmos não invistam nesse

tipo de equipamento; outra razão é o baixo custo pago à mão-de-obra do vaqueiro na região, o

que facilita manter a tradição da ordenha manual.

Quanto à frequência diária de ordenhas, 80,7% dos entrevistados praticavam nas

propriedades uma ordenha e 19,3% duas ordenhas por dia. O maior percentual da prática de

uma ordenha diária foi encontrado nas propriedades menores que 100 ha, também podendo ser

explicado pela baixa produtividade e baixo volume de produção, devido esses animais terem

uma baixa especialização para leite e pelo sistema extensivo que são criados, onde a qualidade

das forragens não conseguem suprir as suas necessidades nutricionais.

Verifica-se que o local onde é realizada a ordenha, em todas as propriedades,

predominam os currais, variando de 60% a 73,3%, seguido dos estábulos com variação de

13,3% a 38,1% (Figura 1). Provavelmente, esse modelo prevaleça pelo baixo custo das

instalações e pela falta de investimento em tecnologia na infraestrutura das propriedades.Quanto

Tabela 1- Percentual de propriedades que utilizam ordenha manual ou mecânica e a

quantidade de ordenhas diárias, em função da área das propriedades (ha)

Tamanho

da

propriedade

Sistema de ordenha (%)

Quantidade de ordenhas diárias (%)

Manual

Mecânica

Uma

Duas

Até 50 ha 100,0 0,0 95,2 4,8

51 a 100 ha 100,0 0,0 95,0 5,0

101 a 200 ha 86,4 13,6 77,3 22,7

201 a 300 ha 86,7 13,3 73,3 26,7

Maior de 300 ha 93,8 6,2 62,5 37,5

Média 93,4 6,6 80,7 19,3

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à realização em sala de ordenha, houve uma menor participação (5,0% a 18,8%), sendo que os

maiores percentuais foram verificados nas propriedades maiores que 100 ha, porém, nesta

pesquisa não encontrou em propriedades menores que 50 hectares, constatando, assim, que o

pequeno produtor não dispõe de capital financeiro para melhorar a infraestrutura e a

produtividade.

Figura 1 - Percentual do local onde é realizada a ordenha nas propriedades leiteiras, em função da área

das propriedades (ha)

O local da ordenha deve ser o mais higiênico possível, pois o manejo preventivo ajuda

na qualidade do leite. Segundo Zanela et al. (2006), o procedimento classificado como adequado

para ordenha deve proceder da seguinte maneira: sala limpa, antes da ordenha dos animais;

separação das vacas com mastite clínica ou subclínica crônica para ordenha posterior; condução

das vacas de forma calma; desinfecção dos tetos pré-ordenha; secagem dos tetos com toalha de

papel descartável e individual; realização do teste de caneca de fundo preto, diariamente, para

identificação de mastite clínica; realização do teste de CMT (California Mastitis Test),

mensalmente, para detecção de mastite subclínica; imersão das teteiras em solução desinfetante

entre a ordenha de um animal e outro; desinfecção dos tetos e alimentação dos animais depois

da ordenha, devendo ter cuidado com a água utilizada na lavagem de úbere, pois, quando

intensamente contaminadas por coliformes, pode ser responsabilizada por surtos de mastite por

esses microorganismos (AMARAL et al., 2004).

Quanto às formas de reprodução utilizada nas propriedades leiteiras da região,

verificou-se como principal a monta natural sem controle, prática informada por 65,2% dos

entrevistados, caracterizando-se como sistema tradicional de produção, utilizado por pequenos

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produtores, como verificado na Tabela 2. Devido aos baixos investimentos em tecnologias de

manejo reprodutivo, nesse tipo de sistema, os animais são criados juntos com a presença

constante de touros, sem nenhum critério de seleção, dificultando o melhoramento genético no

rebanho.

Por outro lado, 15,7% dos produtores adotam a monta controlada e 19,1% dos

produtores utilizam inseminação artificial em suas propriedades. Essa tecnologia possibilita

melhorias na qualidade genética do rebanho. Cruzando esses resultados com os da Tabela 1,

ratifica-se que, com a adoção de manejo reprodutivo adequado, obtêm-se melhores resultados,

pois os maiores percentuais obtidos para duas ordenhas diárias foram encontrados nas

propriedades maiores de 100 hectares, bem como para o sistema de ordenha mecânica.

Quando indagados se adotavam algum critério para cobrição das novilhas, 52,1% dos

entrevistados responderam não ter critérios, principalmente nos estratos menores que 200 ha.

Entretanto, 21% dos produtores utilizam um dos parâmetros recomendado que é o peso,

variando de acordo com a raça utilizada. O peso vivo para cobrição das novilhas varia de acordo

com a raça, sendo o mínimo de 340 kg para a raça Holandesa, 330 kg para a Pardo-Suíço, 230

kg para a Jersey, 320 kg para as mestiças Holandês x Zebu e 280 kg para as mestiças Jersey x

Zebu (Embrapa, 2011). Já 17,7% preferem ter como critério a idade e 9,2% usam

simultaneamente os dois critérios.

Na Tabela 3, observa-se os percentuais encontrados nas propriedades quanto aos

controles zootécnicos e econômicos, sendo estes parâmetros de suma importância para o

sucesso da atividade leiteira, pois é com base nele que o produtor terá dados reais (cobrição,

Tabela 2- Percentual do tipo de cobrição e critério para cobrir as novilhas nas

propriedades leiteiras, em função da área das propriedades (ha)

Tamanho

da

propriedade

Tipo de cobrição (%)

Critério para cobrir as novilhas (%)

Inseminação Natural

controlada

Natural

sem

controle

Idade Peso Idade

/peso

Sem

critério

Até 50 ha 4,8 19,0 76,2 14,3 4,8 23,8 57,1

51 a 100 ha 10,0 5,0 85,0 15,0 10,0 0,0 75,0

101 a 200 ha 22,7 9,1 68,2 13,6 13,6 9,1 63,6

201 a 300 ha 26,7 26,7 46,7 33,3 20,0 6,7 40,0

Maior de 300

ha

31,3 18,8 50,0 18,8 50,0 6,3 25,0

Média 19,1 15,7 65,2 17,7 21,0 9,2 52,1

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parição, vacinação, controle de leite, receitas, despesas, insumos, etc.) com os quais poderá

avaliar a sua produção leiteira, juntamente com o seu rebanho. Nota-se que 54,7% dos

produtores não faziam anotações zootécnicas e 64,9% não faziam anotações relacionadas à parte

econômica. Esses resultados são preocupantes para o setor, pois não há um planejamento das

ações desenvolvidas dentro da propriedade, o que pode acarretar prejuízos financeiros, fazendo

com que o produtor aumente os custos com a produção ou se afaste da atividade leiteira.

Tabela 3 - Percentual de propriedades que fazem controle zootécnico e econômico em

função da área das propriedades (ha)

Tamanho da

propriedade

Controle zootécnico (%) Controle econômico (%)

Faz Não faz Faz Não faz

Até 50 ha 28,6 71,4 42,9 57,1

51 a 100 ha 30,0 70,0 25,0 75,0

101 a 200 ha 45,5 54,5 18,2 81,8

201 a 300 ha 60,0 40,0 33,3 66,7

Maior de 300 ha 62,5 37,5 56,3 43,8

Média 45,3 54,7 35,1 64,9

A qualidade do leite está diretamente relacionada às condições sanitárias do rebanho,

manejo nutricional e de ordenha, os quais devem seguir os preceitos de boas práticas de

produção (PONTES et al., 2005). Conforme informações dos entrevistados nesta pesquisa, entre

as doenças que mais acometem o rebanho destacam-se a tristeza parasitária bovina (37,2%),

decorrente da incidência de carrapato dos bovinos na região; mastite (24,5%) e a diarréia em

bezerros (3,0%) (Figura 2). A tristeza parasitária é uma doença infecciosa e parasitária dos

bovinos, causada por um protozoário do gênero babesia (babesiose) e por rickttesia do gênero

Anaplasma (Anaplasmose), transmitida aos animais pelo carrapato dos bovinos. A

sintomatologia clínica da tristeza parasitária se manifesta através de febre, anemia,

hemoglobinúria, icterícia, inapetência, pêlos arrepiados e prostração. Quanto à mastite, é uma

doença causada por bactérias dos gêneros estreptococos e estafilococos, além das bactérias

Escherichia coli.

O produtor deve adotar em sua propriedade práticas corretas de manejo sanitário para o

seu rebanho e manter uma boa higiene, principalmente, durante as ordenhas, sendo o ponto de

partida para assegurar a eficiência produtiva, visando prevenir seu rebanho de enfermidades que

provocam grandes perdas econômicas na pecuária, com a redução da produção de leite e carne.

A ocorrência de diarréia em bezerros pode estar sendo influenciada por fatores de manejo e

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higiene, a mesma acomete animais nos primeiros dias de vida, causando importantes perdas

econômicas, principalmente, por retardo de crescimento e mortalidade.

Figura 2 - Percentual de doenças que acomete o rebanho nas propriedades leiteiras do sudoeste da

Bahia

As medidas preventivas através de vacinas das principais doenças encontram-se na

Figura 3. Observa-se que em todas as propriedades leiteiras realizam vacinação contra febre

aftosa (100,0%), brucelose (96,2%), carbúnculo (82,6%), paratifo (22,1%) e raiva (63,5%). Em

todas as propriedades que participaram da entrevista, de modo geral, é praticado o controle de

ectoparasitas e endoparasitas nos animais, sendo a ivermectina o princípio ativo mais utilizado.

Com o manejo sanitário bem conduzido, através do controle e prevenção de algumas

enfermidades em que o produtor respeita e cumpre o calendário de vacinas de sua região, faz

com que o seu produto ganhe credibilidade no mercado e evita prejuízos econômicos.

Figura 3 - Percentual das principais vacinas utilizadas nas propriedades leiteiras no Sudoeste da Bahia

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Devido a preocupação com os casos de mastite que ocorrem na região e buscando

previnir o rebanho leiteiro, os entrevistados foram questionados se realizavam algum teste para

detectação de mastite nos seus animais (Figura 4).

Figura 4 - Percentual das propriedades leiteiras que realizam teste para verificar a presença de mastite

em função da área da propriedade (ha)

Os resultados foram alarmantes, nos quais a maioria dos entrevistados, em todos os

estratos, afirmaram que não realizavam o teste (Figura 4). Alguns justificaram que não faziam

por falta de conhecimento das práticas que são utilizadas, tais como o teste da caneca de fundo

preto, que é realizado com os primeiros jatos de leite, quando observado na caneca a presença

de grumos ou pus, a vaca pode ter mastite clínica; já para detectar a mastite sub-clínica

caracterizada pela redução de leite sem sintomatologia aparente, com ausência dos sinais

visíveis, é realizado o Califórnia Mastite teste – CMT (ZANELA et al., 2006).

É necessário que a parte de infra-estrutura e os equipamentos utilizados nas

propriedades leiteiras ofereçam a mínima condição de conforto para o bem- estar dos animais e

possam dar suporte à produção. Analisando a Tabela 4, nota-se em todos os estratos que a

maioria dos produtores se preocupa com os equipamentos essenciais para facilitar o trabalho nas

fazendas; observa-se que nos maiores estratos encontram-se os maiores percentuais, devido à

melhor condição financeira dos proprietários. O pulverizador é encontrado em 58,8% das

propriedades; a picadora de forragem em 53,1%, essencial na contribuição do manejo alimentar;

carroças em 45,0%; trator em 28,1% e o tanque de expansão em 26,4%, o qual foi encontrado

em poucas propriedades, devendo ser considerado como problema, pois, trata-se de fazendas

que desenvolvem atividade leiteira e necessitam deste equipamento para manter o leite em

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temperatura ideal, porém, alguns alegaram não possuir pelo fato do caminhão passar todos os

dias após a ordenha e fazer a coleta do leite a granel.

Para o abrigo dos bezerros, observa-se que em todos os estratos o percentual para as

fazendas que não possuem bezerreiro apresentaram os maiores percentuais, variando de 50%

nas propriedades maiores de 300 ha, para 90,5% nas propriedades menores de 50 ha. Para as

propriedades que possuem o bezerreiro coletivo, houve uma variação de 4,8% a 50%, e para os

individuais, não foi verificado nos estratos de 51 a 100 ha e maiores de 300 ha, verificando

presença nos estratos até 50 ha, 101 a 200 ha e 201 a 300 ha (Figura 5). Essa medida adotada

visa evitar aglomeração dos animais, impedindo a transmissão de doenças e facilitando a

higiene do local. Quanto à forma de aleitamento dos bezerros lactantes, 97% recebem de forma

natural e 3% artificialmente, usando baldes.

Figura 5 - Percentual de bezerreiro, de acordo com a área da propriedade (ha)

Tabela 4- Percentual dos equipamentos utilizados nas propriedades leiteiras,

em função da área (ha)

Tamanho da

propriedade

Carroça Desintegrador

de forragem

Pulverizador Trator Tanque de

expansão

Percentagem (%)

Até 50 ha 33,3 33,3 61,9 4,8 0,0

51 a 100 ha 35,0 65,0 50,0 5,0 5,0

101 a 200 ha 40,9 63,6 72,7 27,3 36,4

201 a 300 ha 53,3 53,3 53,3 53,3 46,7

Maior de 300 ha 62,5 50,0 56,3 50,0 43,8

Média 45,0 53,1 58,8 28,1 26,4

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Com relação às atividades exploradas, na Figura 6, observa-se que, nas propriedades

menores, a principal atividade é a pecuária leiteira. Entretanto, pelo fato da venda exclusiva do

leite não conseguir pagar as despesas das propriedades, existem também a venda de animais,

principalmente, nas propriedades maiores de 300 ha (25%), além de comercializar cacau,

porém, os produtores não fazem maiores investimentos, devido ao receio da doença “vassoura

de bruxa”, que ataca as plantações de cacau na região.

Figura 6 - Percentual das principais fontes de renda dos produtores em função da área da

propriedade (ha)

Observou-se variação na produção de leite entre os estratos, conforme o tamanho (ha)

das propriedades leiteiras no sudoeste da Bahia. Foram encontrados os valores médios de 1313;

493; 749; 656 e 362 litros de leite/ha/ano, respectivamente, nas propriedades de até 50 ha, 51 a

100 ha, 101 a 200 ha, 201 a 300 ha e maior de 300 ha, apresentando um valor médio de 716

litros de leite por hectare ao ano. A média geral de todas as propriedades foi de 1125 litros de

leite/vaca/ano. Quanto à produção de litros de leite por vaca, o valor médio encontrado na

região Sudoeste da Bahia foi de 3,1 litros/vaca/dia, a menor média (2,6 litros/vaca/dia) foi

encontrada na categoria de produtores com mais de 300 hectares (Tabela 5).

Tabela 5- Produção de leite (litros/ha/ano), produção média (litros/vaca/ano) e

(litros/vaca/dia) nas propriedades leiteiras em função da área (ha)

Tamanho

da propriedade

Litros/ha/ano

Litros/vaca/ano

Litros/vaca/dia

Até 50 ha 1323 1146 3,1

51 a 100 ha 493 945 2,7

101 a 200 ha 749 1346 3,7

201 a 300 ha 656 1310 3,6

Maior de 300 ha 362 875 2,6

Média 716 1125 3,1

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Percebeu-se que a atividade leiteira é a principal fonte de renda dos produtores, porém,

os dados obtidos nas propriedades em estudo indicaram uma participação considerável da

pecuária de corte na caracterização leiteira da região, justificando o que foi apresentado nas

atividades exploradas na Figura 6, pelo fato dos produtores, neste estrato, além de comercializar

o leite, também vendem bezerros para incrementar a receita. Esses resultados são compatíveis

com os de Azevedo et al. (2011) que, analisando o perfil de propriedades leiteiras com produção

mista no norte de Minas Gerais, também verificaram que o menor preço pago ao leite poderia

ser um dos fatores relacionados à opção de algumas propriedades em também produzir bezerros

de corte, pois muitas propriedades produtoras de leite, paralelamente, adotam um sistema de

produção de animais de corte, o que gera grande dificuldade para se definir um padrão de

produção de leite ou de corte.

Na realidade, este fato indica uma tradição cultural, uma vez que a baixa produtividade

foi verificada em outras pesquisas realizadas na região. Ferreira et al. (2005), estudando o

sistema de produção de leite na microrregião de Itapetinga-Bahia, a qual os seus municípios

estão inseridos na região sudoeste da Bahia, encontraram (3,8 litros/vaca/dia) valores um pouco

superiores ao desta pesquisa que, segundo os autores, é devido a esses municípios da região

estarem localizados em uma área agropastoril, considerada de boa qualidade para pecuária, em

virtude do seu solo e clima.

Entretanto, quando comparados com os resultados apresentados por Ferrão (2002), que

observou 10,48 litros/vaca/dia na região de Pedro Leopoldo- Minas Gerais, os valores

encontrados na região Sudoeste da Bahia, para produtividade leiteira, são baixos. Essa diferença

na produtividade pode está associada às técnicas de melhoramento genético que vem sendo

aplicadas em Minas Gerais, diferente do que ocorre no Sudoeste da Bahia, onde são exploradas

vacas não especializadas com baixa aptidão leiteira. Segundo Grossi & Freitas (2002), o

aumento da produtividade em sistemas leiteiros, mediante melhoramento dos índices técnicos e

econômicos, é fundamental tanto para a sobrevivência dos produtores na atividade quanto para a

oferta de produtos mais competitivos e de melhor qualidade ao mercado.

Outro fator que deve ser considerado é a alimentação, pois, a principal fonte de alimento

do rebanho desta região é baseada na utilização dos pastos naturais, cujo potencial forrageiro

está diretamente relacionado com o manejo a que são submetidos e com sua adaptação às

condições locais de solo e clima. Porém, a produção da forragem é limitada, especialmente pela

falta de nutrientes, água e pelo manejo inadequado. Nessa ótica, devem-se adotar estratégias de

manejo do pastejo dos animais, de acordo com os pastos em cada época do ano, pois os pastos,

quando manejados corretamente, favorecem o vigor e a produtividade das plantas forrageiras,

afetando positivamente a produção e o desempenho animal.

Em outra pesquisa realizada na cidade de Itagiba, na região sul da Bahia, Barreto et al.

(2007), estudando o sistema de produção de leite em uma associação composta por 17

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propriedades, observaram uma produtividade de 2,02 litros/vaca/dia nas pequenas propriedades

e 1,69 litros/vaca/dia nas médias propriedades. Os autores atribuíram essa baixa produtividade à

base genética do rebanho, que consiste em raças não especializadas. Comparando esses

resultados em municípios do mesmo estado, nota-se que a região sudoeste está avançando, pois,

também já esteve neste patamar. Vale ressaltar que houve incremento positivo com o passar dos

anos na produção leiteira na região, provavelmente, pela assistência técnica que está começando

a chegar até o homem do campo, através de programas do governo e de iniciativas particulares,

objetivando promover a educação do homem do campo, visando com a assessoria técnica, o

crescimento do agronegócio e o desenvolvimento socioeconômico dos produtores rurais.

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4 – CONCLUSÕES

O inadequado manejo sanitário, reprodutivo e alimentar favorece a baixa produtividade

animal, bem como a baixa aptidão leiteira do rebanho e o baixo nível tecnológico aplicado. A

infraestrutura das propriedades é precária para a obtenção de leite com qualidade; as medidas

preventivas ou profiláticas das doenças que afetam o rebanho são realizadas através de vacinas,

porém, as recomendadas para o combate à mastite não são realizadas, causando prejuízo

financeiro para o produtor.

É necessário estimular ações de políticas públicas bem planejadas, de modo a

possibilitar o desenvolvimento tecnológico, definindo um novo panorama de ações estratégicas

para fortalecer o setor da pecuária leiteira na região Sudoeste da Bahia, visando sanar as

deficiências encontradas e aumentar o potencial da produção leiteira do rebanho.

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5- REFERÊNCIAS

AMARAL, L. A.; ROMANO, A.P.M.; NADER FILHO, A.; ROSSI JR, O.D. Qualidade da

água em propriedades leiteiras como fator de risco à qualidade do leite e à saúde da glândula

mamária. Arquivo do Instituto de Biologia, v.71, n.4, p.417-421, 2004.

AZEVEDO, R.A.; FELIX, T.M.; PIRES JR, O.S.; ALMEIDA, A.C.; DUARTE, E.R. Perfil de

propriedades leiteiras ou com produção mista no norte de minas gerais. Revista Caatinga,

v.24, n.1, p.153-159, 2011.

BARRETO, D.; NUNES, L.R.; FERNANDES, S.A.A.; PEDREIRA, M.S.; MUNIZ, L.M.S.;

ALMEIDA, J.L.N.; DUARTE, R.A.B.; FREITAS, M.A.; MATARAZZO, S.V.

Caracterização estruturais dos sistemas de produção de leite dos produtores ligados à

associação de produtores de leite de Itagiba-Bahia. Revista do Instituto de Laticínios

“Candido Tostes”, v.62, n.357, p.451-458, 2007.

EMBRAPA, BRASIL: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br. Acessado em 20/02/2011.

FERRÃO, I.S. A produção de leite e o profissional veterinário na percepção dos produtores de

leite de Pedro Leopoldo. Dissertação de Mestrado, UFMG, Belo Horizonte, 2000.

FERREIRA, H.F.; PIRES, A.J.V.; MOTA, J.A. Produção leiteira na microrregião de Itapetinga,

Bahia: aspectos sócioeconômicos. Revista Eletrônica de Veterinária, v.6, n.7, p.1-14,

2005.

GERALEITE. http://br.groups.yahoo.com/group/GERALEITE/. Acesso em 20/02/2011.

GROSSI, S.F.; FREITAS, M.A.R. Eficiência reprodutiva e produtiva em rebanhos leiteiros

comerciais monitorados por sistema informatizado. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31,

n.3, p.1362-1366, 2002. (Suplemento).

LUIZ, A.J.B.; SILVEIRA, M.A. Diagnóstico rápido e dialogado em estudos de

desenvolvimento rural sustentável. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.35, n.1, p.83-91,

2000.

OLIVEIRA, A.S.; CUNHA, D.N.F.V.; CAMPOS, J.M.S.; VALE, S.M.L.R.; ASSIS, A.J.

Identificação e quantificação de indicadores-referência de sistemas de produção de leite.

Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.2, p.507-516, 2007.

PONTES NETTO, D.; LOPES, M.O.; OLIVEIRA, M.C.S.; NUNES, M.P.; MACHINSKI

JUNIOR, M.; BOSQUIROLI, S.L.; BENATTO, A.; BENINI, A.; BOMBARDELLI, A.L.C,

VEDOVELLO FILHO, D.; MACHADO, E.; BELMONT, I.L.; ALBERTON, M.;

PEDROSO, P.P.; SCUCATO, E.S. Levantamento dos principais fármacos utilizados no

rebanho leiteiro do Estado do Paraná. Acta Scientiarum. Animal Sciences, v.27, n.1, p.145-

151, 2005.

SEAGRI, Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária. Produção de leite na Bahia.

Disponível: www.seagri.ba.gov.br/noticias.asp?qact=view&exibir=clipping&notid=21997. Acesso

em 08/11/2010.

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SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA – SEI.

Informações municipais. Disponível em: <http://www.sei.ba.gov.br>. Acesso em:

10/11/2010.

TEIXEIRA, R.M.A.; LANA, R.P.; FERNANDES, L.O.; OLIVEIRA, A.S.; QUEIROZ, A.C.;

Oliveira PIMENTEL, J.J.O. Desempenho produtivo de vacas da raça Gir leiteira em

confinamento alimentadas com níveis de concentrado e proteína bruta nas dietas. Revista

Brasileira de Zootecnia, v.39, n.11, p.2527-2534, 2010.

ZANELA, M.B.; FISCHER, V.; RIBEIRO, M.E.R.; STUMPF JR, W.; ZANELA,

C.;MARQUES, L.T.; MARTINS, P.R.G. Qualidade do leite em sistemas de produção na região

Sul do Rio Grande do Sul. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.41, n.1, p.153-159, 2006.

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ANEXO

Formulário preenchido quando da visita às propriedades

Data do preenchimento: ____/_____/___

1. Caracterização do produtor:

Nome: ____________________________________Data de nascimento ____/____/____

CPF: _____________________________________ Local onde nasceu ______________

1.1. Reside na propriedade? sim ( ) não ( )

1.2. Número de dependentes: _______________________

1.3. Número de filhos: ____________________________

1.4. Grau de escolaridade: Sem escolarização ( ) EF incompleto( ) EF completo( ) EM

incompleto( ) EM completo( ) Superior( ) Outros___________________________

2. Atividade profissional:

2.1. Qual a profissão?______________________________________________________

2.2. Quanto tempo trabalha no meio rural? ______________________________________

2.3. Qual era a sua ocupação anterior: __________________________________________

2.4. Além da atividade agropecuária tem outra ocupação? sim ( ) não ( )

2.5. Qual? _______________________________________________________________

2.6. Quem administra a fazenda? Produtor ( ) Filho( ) Gerente( ) Vaqueiro( ) Técnico( )

2.7. Com que freqüência recebe assistência técnica? ________________________________

2.8. Utiliza trabalhador temporário? sim ( ) não ( )

2.8.1. Número de dias ___________ homem/ano

2.9. Número de pessoas da família que migraram para centros urbanos _________________

3. Atividade rural:

3.1. É associado de cooperativa: sim ( ) não ( )

3.2. Participa do sindicato rural: sim ( ) não ( )

3.3. Participa de alguma associação formal ou informal: sim ( ) não ( )

3.3.1. Qual? __________________________________________

3.4. Utiliza algum meio de comunicação: televisão ( ) rádio ( ) jornal ( ) revista ( )

3.5. Qual o assunto de maior interesse?

técnicas de produção ( ) políticas de governo ( ) mercado agropecuário ( )

cooperativismo ( ) outros ( )

3.6. Que tipo de tecnologia acha necessária para melhorar a produtividade do rebanho?

( ) I.A. ( ) Tanque de expansão ( ) Nutrição ( ) Melhoramento Animal

( ) Monta controlada ( ) outras_________________________________________

3.7. Quais as perspectivas futuras da bovinocultura na região? _______________________

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4. Dados da unidade produtiva:

4.1. Localização:

Nome da propriedade: __________________________________________

Município: _______________________________________ Estado________

Endereço: ______________________________________________________

Distância do centro urbano mais próximo: ___________________________km

Tamanho: ______________________________________________________

Área cultivada: __________________________________________________

Área destinada a Bovinocultura de leite_______________________________

Área de reserva natural____________________________________________

4.2. Abastecimento de água:

açude ( ) cisterna ( ) curso d’água ( ) mina ( ) poço semi ou artesiano ( ) rio ( )

outro ( )

4.3. Fonte de recursos hídricos:

artesiano ( ) chuva ( ) curso d’água ( ) nascente ( ) rio ( )

4.4. A fonte de água é perene? sim ( ) não ( )

4.5. Possui energia elétrica? sim ( ) não ( )

4.5.1. monofásica ( ) bifásica ( ) trifásica ( )

5. Financiamento:

5.1. O senhor conhece algum tipo de financiamento: sim ( ) não ( )

5.2. Recebeu algum tipo de financiamento nos últimos 5 anos? ________________________

5.3. Para que foi solicitado? ( )custeio ( ) investimento ( ) custeio e investimento

5.4. Em que entidade foi solicitado o financiamento?

( ) banco público ( ) banco privado ( ) outro ___________________________

5.5. Houve aumento da produtividade com o financiamento? sim ( ) não ( )

6. Infraestrutura:

Equipamento Sim Não Quantos Valor

(R$)

Aparelho para cerca elétrica

Balança para animais

Botijão de sêmen

Carroça

Conjunto de ordenha

Desintegrador de forragem

Pulverizador

Trator

Tanque de expansão

Outros

6.1 Uso da terra

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Item Área Quantos

Pasto nativo

Pasto cultivado

Capineira

Reserva (mata)

Área para gado leiteiro

Outros usos

7.0. Manejo do sistema de produção forrageiro:

Pastos cultivados: sim ( ) não ( ) Quantas (ha) ________________________

Utiliza capineira: sim ( ) não ( ) Quantas (ha) ________________________

Análise do solo: sim ( ) não ( ) Período: _____________________________

Utiliza práticas para conservação do solo: sim ( ) não ( ) Qual? ___________

Adubo orgânico: sim ( ) não ( )

Adubo químico: sim ( ) não ( ) Quais?_______________________________

Defensivos agrícolas: sim ( ) não ( ) Quais? _________________________

Calagem: sim ( ) não ( )

Utiliza sistema de irrigação: sim ( ) não ( ) Qual? _____________________

Manejo do pasto: alternado ( ) continuo ( ) rotacionado ( )

Roçagem: manual ( ) mecânica ( )

7.1. Alimento(s) volumoso (s) utilizado no período das águas:

( ) pasto capineira ( ) cana de açúcar ( ) silagem, de que? ___________________

feno, de que? _______________________________

7.2. Alimento(s) volumoso (s) utilizado no período da seca:

( ) pasto capineira ( ) cana de açúcar ( ) silagem, de que? ___________________

feno, de que? _______________________________

7.3. Utiliza suplemento mineral para os animais: sim ( ) não ( )

8.0. Inventário do rebanho (em nº de cabeças):

Categoria Quantidade Valor (R$)

Vacas em lactação

Vacas secas

Bezerros (as)

Garrotes com mais de 1 ano

Novilhas vazias

Novilhas prenhes

Touros

Eqüídeos

Ovinos

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Caprinos

Outros

Total

8.1 Identificação dos animais: Numeração ( ) Ferro ( ) Brinco ( )

8.2. Produção em litros: Inverno________________ Verão __________________

8.3 Produção atual de leite: _________L/dia. Linha de leite: ___________________

8.4. Comprador: ___________________ Coleta granelizada: sim ( ) não ( )

9. Raças bovinas:

Mestiças( ) Holandezas( ) Girolanda( ) Pardo-Suiça( ) Gersey( )

Outra__________________________________________________________

10. Práticas zootécnicas:

10.1. Faz anotações zootécnicas: sim ( ) não ( )

( ) parição

( ) cobrição

( ) controle leiteiro a cada _____ dias

( ) pesagem dos animais a cada ______ dias

( )Idade ao desmame:__________

( )Taxa de natalidade: ___________

( )Taxa de mortalidade: ______

( ) vacinações

10.2. Bezerros (as)

Sistema de aleitamento: ( ) natural ( ) artificial, quantos litros/dia? _____

Tipo de bezerreiro: ( ) não possui ( ) individual ( ) coletivo

Como e quando é feito o desmame: por idade( ) por peso( )

Descorna: Sim ( ) Não ( )

Castração: Sim ( ) Não ( )

10.3 Faz anotações econômicas: Sim ( ) Não ( )

( ) despesas

( ) receitas

( ) custo de produção

( ) leite vendido

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11. Ordenha

Ordenha manual ( ) mecânica ( ) que tipo? __________________________

Quantas ordenhas/dia? _____________________________________________

Local da ordenha: curral( ) estábulo( ) sala de ordenha( )

Higiene de ordenha: ( ) Lavagem de tetas

Teste de mastite: sim ( ) não ( ). Qual? ( ) caneca de fundo preto ( ) CMT

12. Manejo reprodutivo:

possui estação de monta: Sim( ) Não( )

monta natural não controlada ( ) IA ( ) monta natural controlada( )

Critério para primeira cobrição da novilha: não tem ( ) idade ( ) peso ( ) idade/peso( )

13. Práticas Sanitárias:

Vacinas Sim Não Frequência

Aftosa

Brucelose

Clostridiose

Paratifo

Raiva

Outras

Endoparasitas Recomendado Frequência Produto

Sim Não

Bezerros

Adultos

Ectoparasitas Recomendado Frequência Produto

Sim Não

Bezerros

Adultos

13.1.Quais as doenças que mais causam prejuízos ao rebanho?___________________________

_________________________________________________________________________

14. Comercialização:

14.1. Quais as principais rendas de sua atividade rural:

1ª ____________________________

2ª ____________________________

3ª ____________________________

14.2. O que o senhor acha da combinação da atividade bovinocultura com outra(s) dentro de sua

unidade produtiva? _____________________________________________________________

14.3. Quem compra a sua produção?________________________________________________

14.4. Quais os principais problemas enfrentados para comercializar seus produtos?

_____________________________________________________________________________