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MOSAICO CONSERVAÇÃO E LICENCIAMENTO AMBIENTAL LTDA.
Rua Conselheiro Saraiva n °28 sala 601 parte – Centro
20091-030 Rio de Janeiro – RJ
Tel.: + 55 21 2275-1922
Diagnóstico Socioeconômico e Levantamento Fundiário da
Área Potencial para Reintrodução da Ararinha-azul
(Cyanopsitta spixii) - Municípios de Curaçá e Juazeiro –
Estado da Bahia
Relatório Final Dezembro de 2013
i
EQUIPE TÉCNICA – MOSAICO AMBIENTAL
Flavio Souza Brasil Nunes – Geógrafo
Leonardo Esteves de Freitas – Biólogo, Mestre e Doutor em Geografia.
Bruno Henriques Coutinho – Biólogo, Mestre e Doutor em Geografia.
João Crisóstomo H. Oswaldo Cruz – Geógrafo
ii
ÍNDICE 1. APRESENTAÇÃO .................................................................................................. 10
2. CONTEXTUALIZAÇÃO .......................................................................................... 11 2.1. Conservação da Caatinga ........................................................................................ 11
2.2. Projeto Ararinha na Natureza .................................................................................. 13
2.3. A seca..................................................................................................................... 14
2.4. Unidades de Conservação no Entorno da Área de Estudo ....................................... 15
3. METODOLOGIA .................................................................................................... 17
4. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDOS ........................................ 26 4.1. Curaçá .................................................................................................................... 27
4.2. Juazeiro .................................................................................................................. 31
5. ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................... 37 5.1. Caracterização da Área de Estudos Segundo o Censo Demográfico do IBGE 2010 . 42
5.1.1. Domicílios e Demografia ........................................................................................ 42
5.1.2. Educação ................................................................................................................ 48
5.1.3. Renda Familiar ....................................................................................................... 50
5.1.4. Abastecimento de Água .......................................................................................... 51
5.1.5. Saneamento Básico ................................................................................................. 53
5.1.6. Coleta de Lixo ........................................................................................................ 55
5.1.7. Fornecimento de Energia Elétrica ........................................................................... 56
5.2. Caracterização da Área de Estudos Segundo Dados do Levantamento de Campo .... 58
5.2.1. Domicílios e Demografia ........................................................................................ 58
5.2.2. Situação do Entrevistado em Relação à Residência ................................................. 66
5.2.3. Ocupação Principal ................................................................................................. 67
5.2.4. Escolaridade ........................................................................................................... 68
5.2.5. Renda ..................................................................................................................... 70
5.2.6. Abastecimento de Água .......................................................................................... 72
5.2.7. Saneamento Básico ................................................................................................. 77
5.2.8. Coleta de lixo ......................................................................................................... 77
5.2.9. Fornecimento de Energia ........................................................................................ 78
5.2.10. Comunicação .......................................................................................................... 81
5.2.11. Produção ................................................................................................................ 82
5.2.12. Bens de Consumo ................................................................................................... 89
5.2.13. Formas de Organização Social ................................................................................ 90
6. CARACTERIZAÇÃO FUNDIÁRIA DA ÁREA DE ESTUDOS ................................. 92 6.1. Setor Barra Grande – São Francisco ..................................................................... 105
6.1.1. Setor Riachos do Tapuio e do Major ..................................................................... 115
6.1.2. Setor Comunidade da Fazenda Melancia .............................................................. 121
6.1.3. Setor Médio Curso Melancia e Alto Banguê ......................................................... 130
6.1.4. Setor Riachos do Icó e da Serra Redonda .............................................................. 138
6.1.5. Setor Assentamento Cacimba da Torre ................................................................. 143
6.1.6. Setor Riacho Pau-de-Angico e Lagoa do Juventino ............................................... 147
6.1.7. Setor Juazeiro Sul ................................................................................................. 151
6.1.8. Setor Juazeiro Norte ............................................................................................. 165
7. ÁREA DE OCORRÊNCIA HISTÓRICA DA ARARINHA-AZUL – PERSPECTIVAS PARA A CONSERVAÇÃO .............................................................. 172
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 176 8.1. Anexo 1 – Questionário aplicado para entrevista com moradores .......................... 177
iii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Mapa da proposta de criação de UCs na região das serras de Curaçá (Retirado na
íntegra do documento elaborado para as consultas públicas realizadas pelo orgão ambiental do
Estado da Bahia). ................................................................................................................. 16
Figura 2: Localização da Área de Estudos (delimitada pelo interior da linha amarela
pontilhada). .......................................................................................................................... 18
Figura 3: Setores Censitários na área de estudo – Os nomes dos setores foram definidos nesse
estudo para facilitar a discussão ........................................................................................... 19
Figura 4: Figura de percursos e pontos vistoriados em campo .............................................. 20
Figura 5: Fotos dos Pesquisadores em campo fazendo entrevistas com moradores da área de
estudo .................................................................................................................................. 21
Figura 6: Divisão da área de estudo Por Setores Fundiários. ................................................. 23
Figura 7: Fotos da sede do município de Curaçá, localizada às margens do Rio São Francisco.
............................................................................................................................................ 27
Figura 8: Fotos da Sedes dos municípios de Juazeiro (ao fundo na foto da esquerda) e
Petrolina (à frente na mesma foto). Fonte: www.panoramio.com . ........................................ 32
Figura 9:Rio São Francisco e a caatinga marcam a paisagem da região. ............................... 37
Figura 10:Fotos do Relevo plano, com a presença de pequenas serras ao fundo. É possível
observar a caatinga fechada na planície. ............................................................................... 37
Figura 11: Carta imagem da área de estudo e entorno. .......................................................... 38
Figura 12: Durante os trabalhos de campo foram obervados leitos de riachos secos em
diversos pontos da área de estudo. ........................................................................................ 39
Figura 13: O Rio Curaçá, junto à BA-210. Única porção da área de estudo onde foi observada
água em um canal de drenagem. ........................................................................................... 39
Figura 14: Carta Imagem da área de estudo (em vermelho) com destaque para Caatinga
Fechada (em amarelo) .......................................................................................................... 40
Figura 15: Área de caatinga fechada cruzada pela Linha de Atla Tensão Sobradinho-Paulo
Afonso. ................................................................................................................................ 41
Figura 16: Rodovia estadual pavimentada BA-210 e rodovia estadual não pavimentada BA-
120....................................................................................................................................... 41
Figura 17: População residente na área de estudo, por Setor Censitário (2010). .................... 43
Figura 18: Número de domicílios particulares permanentes na área de estudo por Setores
Censitários (IBGE, 2010). .................................................................................................... 44
Figura 19: Densidade de domicílios na área de estudo, por Setor Censitário (2010). ............. 45
Figura 20: Densidade habitacional na área de estudo, por Setor Censitário (2010). ............... 45
Figura 21: População residente na área de estudo, por sexo e por Setor Censitário (2010). ... 46
Figura 22: Percentagem de homens e mulheres residentes na área de estudo, por Setor
Censitário (2010). ................................................................................................................ 46
Figura 23: Percentagem pessoas, por faixa de idade (Fonte: Censo 2010). ............................ 47
Figura 24: Pessoas por faixa etária e por setor censitário (Fonte: Censo 2010)...................... 48
Figura 25: Proporção de pessoas com mais de 5 anos alfabetizadas e não alfabetizadas. ....... 49
Figura 26: Proporção de pessoas com mais de 5 anos alfabetizadas e não alfabetizadas, por
setor censitário. .................................................................................................................... 49
Figura 27: Renda média por domicílio (em salários mínimos) na área de estudo, por Setor
Censitário (2010). ................................................................................................................ 50
Figura 28: Formas de abastecimento de água na área de estudo, por domicílio (2010). ......... 51
Figura 29: Formas de abastecimento de água na área de estudo, por domicílio e por setor
censitário (2010). ................................................................................................................. 53
iv
Figura 30: Número de domicílios com e sem banheiro na área de estudo, por setor censitário
(2010). ................................................................................................................................. 54
Figura 31: Proporção de domicílios com e sem banheiro na área de estudo, por setor censitário
(2010). ................................................................................................................................. 54
Figura 32: Número de domicílios na área de estudo, por destinação do lixo (2010). ............. 55
Figura 33: Proporção de domicílios na área de estudo, por destinação do lixo e por setor
censitário (2010). ................................................................................................................. 56
Figura 34: Número e proporção de domicílios na área de estudo, por tipo de fornecimento de
energia elétrica e por setor censitário (2010). ....................................................................... 57
Figura 35: Proporção de domicílios na área de estudo, por tipo de fornecimento de energia
elétrica e por setor censitário. ............................................................................................... 58
Figura 36: Distribuição da População na Área de Estudos (Fonte: Campo, 2013). ................ 60
Figura 37: Número de domicílios e habitantes na área de estudo, por tipo de conjunto de
imóveis. ............................................................................................................................... 61
Figura 38: Número de domicílios e habitantes na área de estudo, por comunidade rural. ...... 61
Figura 39: Fotos de algumas comunidades inseridas na área de estudo: da fazenda campo
Formoso (acima, à esquerda); da Fazenda Caraibeira (acima, à direita); da Fazenda Barra
Grande (abaixo, à esquerda) e da Fazenda Olho D’água (abaixo a esquerda). ....................... 63
Figura 40: Fotos de Sítios e fazendas: Campo Alegre (à esquerda); Moça Branca (à direita). 63
Figura 41: Assentamentos Cacimba da Torre (a esquerda) e Banguê . .................................. 64
Figura 42: Percentagem pessoas, por faixa de idade (Fonte: dados de campo 2013).............. 65
Figura 43: Pirâmide etária da área de estudo (Fonte: dados de campo 2013). ........................ 66
Figura 44: Utilização das propriedades (Fonte: dados de campo 2013). ................................ 68
Figura 45: Nível de escolaridade dos entrevistados. (Fonte: dados de campo 2013). ............. 69
Figura 46: Formas de abastecimento de água, por domicílio. (Fonte: dados de campo 2013). 72
Figura 47: As fotos apresentam as diferentes formas de abastecimento na região. em sentido
horário, observa-se a captação de água no Rio São Francisco pelos “pipeiros”, a captação de
água pluvial em uma cisterna de 16.000 litros; um poço comunitário movido por bomba
elétrica e um poço para a dessedentação de animais movido por moinho de vento. ............... 73
Figura 48: Foto de cacimba abandonada (esquerda) e de animais utilizando poças de água nos
leitos secos dos riachos. ....................................................................................................... 74
Figura 49: Distribuição das Pessoas Entrevistadas que utilizam ou não o abastecimento por
poço na área de estudo. ........................................................................................................ 75
Figura 50: Distribuição das Pessoas Entrevistadas que utilizam ou não o abastecimento por
Cacimba na área de estudo. .................................................................................................. 76
Figura 51: Formas de esgotamento sanitário, por domicílio. (Fonte: dados de campo 2013). 77
Figura 52:Em campo foram observados indícios de queima de lixo e lixo jogado em terreno
baldio. .................................................................................................................................. 78
Figura 53: Fotos das duas principais formas de fornecimento de energia na área de estudos. A
foto da esquerda exemplifica o fornecimento via rede geral; e na foto da direita observa-se
uma das inúmeras residencias que possuem celulas voltaicas para a obtenção de energia
eletrica. ................................................................................................................................ 78
Figura 54: Formas de fornecimento de energia, por domicílio. (Fonte: dados de campo 2013).
............................................................................................................................................ 79
Figura 55: Distribuição dos entrevistados que possuem ou não acesso a rede de distribuição de
energia elétrica. .................................................................................................................... 80
Figura 56: Casa com antena de celular rural ........................................................................ 81
Figura 57: Fotos que caracterizam a atividade agrícola. As fotos acima representam a
agricultura incipiente das propriedades distantes do Rio São Francisco, e as Fotos abaixo
v
exemplificam as práticas agricolas irrigadas nas propriedades às margens do Rio São
Francisco. ............................................................................................................................ 82
Figura 58: Número de proprietários que praticam e não praticam pecuária, por tipo de criação.
Universo de dados variável entre 79 e 241 (Fonte: dados de campo 2013). ........................... 83
Figura 59: Total de cabeças, por tipo de criação. Universo de dados variável entre 79 e 241
(Fonte: dados de campo 2013).............................................................................................. 84
Figura 60: As fotos acima mostram os rebanhos que são agrupados no fim de tarde, enquanto
que as fotoas abaixo mostram os pouco casos em que se complementa a dieta desses animais,
geralmente ocorre quando há intensão breve de abatê-los para a venda. ............................... 84
Figura 61: Média de cabeças por proprietário e por tipo de criação. Universo de dados
variável entre 79 e 241 (Fonte: dados de campo 2013). ........................................................ 85
Figura 62: Fotos de outros animais criados na área de estudos, como galináceos, bovinos,
asinos e equinos (representados nas fotos, em sentido horário) ............................................. 85
Figura 63: Fotos de outros animais criados na área de estudos, como galináceos, bovinos,
Asinos e equinos (representados nas fotos em sentido horário) ............................................. 87
Figura 64: Distribuição do número de Caprinos e Ovinos na área de Estudos. ...................... 88
Figura 65: As motocicletas são o principal meio de transporte na área de estudo. ................. 89
Figura 66: Foto das Associações de Agropecuaristas da Fazenda Melancia e Adjacentes e, a
esquerda, Foto da Associação Comunitária da Fazenda Cabaceira. ....................................... 90
Figura 67: grafico de número de conjuntos de imóveis rurais na área de estudos. ................ 93
Figura 68: Gráfico de número de Tipos de Edificações inseridas na Área de Interesse. ......... 94
Figura 69: Gráfico de Tipos de Edificações por Conjunto de Imóveis Rurais na Área de
Interesse ............................................................................................................................... 95
Figura 70: Figura de Distribuição de Numero de Residências por Conjunto de Imóveis Rurais
na Área de Estudo. ............................................................................................................... 96
Figura 71: Gráfico de Número de Imóveis Rurais por Classe de Tamanho na Área de
Interesse. .............................................................................................................................. 97
Figura 72: Figura da Situação Fundiária por Tamanho de Propriedade na Área de Interesse. 98
Figura 73: Figura da Situação na Área de Interesse.. ............................................................ 99
Figura 74: Distribuição do número de residências e localização de propriedades por Setores
Fundiários na área de Estudos. ........................................................................................... 101
Figura 75: Fotos da Fazenda Butiá. Detalhe da badeira do MST na foto a esquerda. ........... 106
Figura 76: Fotos da Fazenda Villa Cruz, localizada próximo ao Rio São Francisco. ........... 107
Figura 77: Fotos das duas entradas para a Fazenda Ipueira, próxima às margens do Rio São
Francisco. .......................................................................................................................... 107
Figura 78: Fotos das edificações na localidade da Fazenda Barra Granda e Sítio Predrea Preta.
.......................................................................................................................................... 107
Figura 79: Fotos das edificações da Fazenda Riacho da Ipueira, cujo o fundo do terreno é
limitado pelo Rio Curaçá.................................................................................................... 108
Figura 80: Fotos da Fazenda Cruz de Malta, parcelada da Fazenda Patos, ambas pertecentes a
uma mesma família. ........................................................................................................... 108
Figura 81: Fotos da Fazenda Patos, Composta por 3 casas proximas de proprietários de uma
mesma família.................................................................................................................... 109
Figura 82: Fotos das casas da Comunidade da Fazenda Barra Grande pertencentes a família da
Sra. Maria da Conceição Souza. Foto da Esquerda é da Casa da Sra. Maria da Conceição. . 109
Figura 83: Foto da Escola Municipal da Comunidade da Fazenda Passagem (a direita). E foto
da Entrada para a dita fazenda em trecho da BA-210, pouco antes do limite municipal com
Juazeiro. ............................................................................................................................ 109
Figura 84: Figura da Situação Fundiária no Setor Barra Grande – São Francisco. ............... 110
vi
Figura 85: Figura das Comunidades Rurais de Barra Grande e Ipueira no Setor Barra Grande
– São Francisco. ................................................................................................................. 111
Figura 86: Figura da Comunidade Rural da Fazenda Passagem no Setor Barra Grande – São
Francisco. .......................................................................................................................... 112
Figura 87: Foto da Fazenda Mandacarú, ao fundo observa-se o telhado da única edificação da
fazenda. ............................................................................................................................. 116
Figura 88: Foto das Edificações da Fazenda Salão. ............................................................ 116
Figura 89: Detalhe das edificações da Fazenda Tapuio. ...................................................... 117
Figura 90: Detalhe da edificação da Fazenda Queimadas (foto a esquerda) e de uma das
edificações da Fazenda Queimadas do BOmfim (foto a direita). ......................................... 117
Figura 91: Detalhe da edfificação da Fazenda Poioca (foto a esquerda) e da Edificação do
Sítio Cruz (foto a direita). .................................................................................................. 117
Figura 92: Detalhe da única edificação da Fazenda Prazeres. ............................................. 118
Figura 93: Detalhe das edificações da Fazenda Cajueiro (foto a esquerda) e das edificações da
Fazenda São Francisco (foto a direita). ............................................................................... 118
Figura 94: Figura de Situação Fundiária do Setor Riachos do Tapuio e do Major. .............. 119
Figura 95: Detalhes das edificações da Fazenda Novo Horizonte. ...................................... 122
Figura 96: Detalhes das edificações da Fazenda Campo Alegre. ......................................... 122
Figura 97: Detalhes das edificações da Fazenda São José. .................................................. 123
Figura 98: Cisterna de 52.000 litros da fazenda São Miguel (foto da esquerda) e detalhe da
area de confinamento da criação da mesma fazenda. .......................................................... 123
Figura 99: Residência da Fazenda Poço das Pedras (foto a esquerda) e detalhe da cozinha da
mesma residência (foto a direita). ....................................................................................... 123
Figura 100: duas casas da Fazenda Sítio Alvorada. Foto da esquerda apresenta a casa do
posseiro Sr. Roberto e a foto da direita apresenta a casa da dona do imóvel, a Sra. Valdete da
Silva (esposa do falecido sr. Sebastião Barbosa). ............................................................... 124
Figura 101: Residência do Sítio Lambiá (foto da esquerda) e detalhe da produção de quijo de
cabra, sendo este, o único produtor de queijo identificado na área de estudos. .................... 124
Figura 102: Edificações do Sítio São Luiz, próximo a BA-120. .......................................... 124
Figura 103: Edificações dos terrenos da família Matos, localizadas próximas a BA-0120.
Detalhe do Bar do Sr. Antônio Matos na foto abaixo a esquerda. ....................................... 125
Figura 104: Edificações do Sítio Vista Alegre, localizado na estrada para o Assentamento
Banguê. .............................................................................................................................. 125
Figura 105: Edificações do Sítio do Sr. Pedro Torres, proximo à BA-120. ......................... 126
Figura 106: Figura de Situação Fundiária do Setor Comunidade da Fazenda Melancia. ...... 127
Figura 107: Detalhe das edificações do Assentamento Banguê . ......................................... 131
Figura 108: Edificações da Comunidade da Fazenda Cabaceira. É uma das áreas mais pobres
dentro da área de estudo. .................................................................................................... 132
Figura 109: Foto da Escola Municipal da Ararinha-Azul (foto a esquerda) e foto de uma das
residências da Fazenda Riacho Pau de Colher . .................................................................. 132
Figura 110: Detalhe da planta da Fazenda Caraíbas (foto a esquerda) e foto da residência da
Fazenda Uberlândia (foto a direita). ................................................................................... 132
Figura 111: Detalhe das edificações da Fazenda Concórdia. A foto abaixo a esquerda
apresenta o viveiro de aves abandonado da fazenda. ........................................................... 133
Figura 112: Detalhe das edificações da Fazenda Riacho do Gato que estão inseridas na área de
estudos. .............................................................................................................................. 133
Figura 112: Figura de Situação Fundiária do Setor Médio Curso Melancia e Alto Banguê. 134
Figura 114: Figura da Comunidade Rural da Fazenda Cabaceira no Setor Médio Curso
Melancia e Alto Banguê.. ................................................................................................... 135
vii
Figura 115: Fotos da sede da Fazenda Riacho do Icó (Sr. Cinobilino e filho). .................... 139
Figura 116: Fotos da sede da Fazenda Baixa Verde e de seus proprietários. ....................... 139
Figura 117: Fotos das edificações da Fazenda Lagoa do Curral Velho. ............................... 139
Figura 118: Fotos das edificações da Fazenda Lagoa do Curral Velho. ............................... 140
Figura 119: Fotos das edificações da Fazenda São João. .................................................... 140
Figura 120: Figura de Situação Fundiária do Setor Riachos do Icó e da Serra Redonda. ..... 141
Figura 121: Fotos do Assentamento Cacimba da Torre. A única edificação que não é precária
é uma antiga escola que se tornou sede da Associação de Moradores (foto abaixo a esquerda).
.......................................................................................................................................... 144
Figura 122: Figura de Situação Fundiária do Setor Assentamento Cacimba da Torre. ......... 145
Figura 123: Figura do Núcleo do Assentamento Cacimba da Torre. ................................... 146
Figura 124: Fotos das sedes das fazendas do Sr. Gerson Dantas. A foto da esquerda é da
Fazenda Santa Fé e a da direita é da Fazenda Lagoa do juventino....................................... 148
Figura 125: Fotos das Edificações da Fazenda Moça Branca. ............................................. 148
Figura 126: Fotos das sedes das Fazendas Pau-de-Colher (foto a esquerda) e Riacho do
Banguê (foto a direita). ...................................................................................................... 149
Figura 127: Figura de Situação Fundiária do Setor Riacho Pau-de-Angico e Lagoa do
Juventino. .......................................................................................................................... 150
Figura 128: Fotos das edificações da Comunidade Fazenda da Mina. ................................. 153
Figura 129: Fotos das edificações da Comunidade Fazenda Saco da Mina. ........................ 154
Figura 130: Fotos das edificações da comunidade da Fazenda Campo Formoso. ................ 155
Figura 131: Fotos das edificações da Fazenda Alegria (foto da esquerda) e da Fazenda
Recreio (foto da direita). .................................................................................................... 155
Figura 132: Fotos do Galpão Industrial da AGAMESF, que serve de moradia para um casal de
garimpeiros. ....................................................................................................................... 156
Figura 133: Fotos das edificações da comunidade da Fazenda Caraibeira. .......................... 157
Figura 134: Figura de Situação Fundiária do Setor Juazeiro Sul.. ....................................... 158
Figura 135: Figura da Comunidade da Fazenda Caraibeira no Setor Juazeiro Sul. .............. 159
Figura 136: Figura da Comunidade da Fazenda Campo Formoso no Setor Juazeiro Sul. .... 160
Figura 137: Figura da Comunidade da Fazenda da Mina no Setor Juazeiro Sul. ................. 161
Figura 138: Figura da Comunidade da Fazenda Saco da Mina no Setor Juazeiro Sul. ......... 162
Figura 139: Fotos das edificações da Comunidades da Fazenda.Olho D’água. .................... 166
Figura 140: Fotos de Edificação da Fazenda Caixão 3 (fota da esquerda) e de um Terreno da
Fazenda Caixão a venda (foto da direita). ........................................................................... 166
Figura 141:Figura de Situação Fundiária do Setor Juazeiro Norte. ..................................... 167
Figura 142:Figura da Comunidade da Fazenda Olho d’água do Setor Juazeiro Norte. ........ 168
Figura 143:Figura da Comunidade da Fazenda Baraúna do Setor Juazeiro Norte. ............... 169
viii
ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1: Características demográficas - Curaçá (fonte: www.ibge.gov.br) .......................... 28
Tabela 2: PIB - Curaçá (fonte: www.ibge.gov.br)................................................................. 28
Tabela 3: Culturas permanentes - Curaçá (fonte: www.ibge.gov.br) ..................................... 29
Tabela 4: Culturas temporárias - Curaçá (fonte: www.ibge.gov.br) ...................................... 30
Tabela 5: Produção de culturas temporárias - Curaçá (fonte: www.ibge.gov.br) ................... 31
Tabela 6: Características demográficas - Juazeiro (fonte: www.ibge.gov.br) ........................ 33
Tabela 7: PIB - Juazeiro (fonte: www.ibge.gov.br) ............................................................... 33
Tabela 8: Culturas permanentes - Curaçá (fonte: www.ibge.gov.br) ..................................... 34
Tabela 9: Culturas temporárias - Curaçá (fonte: www.ibge.gov.br) ...................................... 35
Tabela 10: Produção de culturas temporárias - Curaçá (fonte: www.ibge.gov.br) ................. 36
Tabela 11: Domicílios e pessoas residentes na área de estudo (fonte: Censo IBGE 2010) ..... 42
Tabela 12: Domicílios e pessoas residentes na área de estudo (fonte: Censo IBGE 2010) ..... 53
Tabela 13: Domicílios e pessoas residentes na área de estudo (fonte: Campo 2013) ............. 59
Tabela 14: Tipos de edificações por conjuntos de imóveis rurais e número de habitantes na
área de estudo (fonte: Campo 2013). .................................................................................... 62
Tabela 15: Situação do entrevistado em relação à residência (fonte: Campo 2013) ............... 66
Tabela 15: Ocupação principal dos moradores adultos (fonte: Campo 2013) ........................ 67
Tabela 17: Renda familiar (em salários mínimos). N = 85 (fonte: Campo 2013) ................... 71
Tabela 18: Renda familiar proveniente de aposentadorias e pensões (em salários mínimos). N
= 91 (fonte: Campo 2013) .................................................................................................... 71
Tabela 19: Renda familiar proveniente do Programa Bolsa família (em salários mínimos). N =
91 (fonte: Campo 2013) ....................................................................................................... 71
Tabela 20: Renda familiar proveniente do Seguro safra (em salários mínimos). N = 91 (fonte:
Campo 2013) ....................................................................................................................... 71
Tabela 21: Destino da produção pecuária (fonte: Campo 2013) ............................................ 86
Tabela 22: Financiamento para a produção pecuária (fonte: Campo 2013) ........................... 86
Tabela 23: Participação em associações ............................................................................... 90
Tabela 24: Lista de Associações Civis e Comunitárias Apontadas pelos Entrevistados. ........ 91
Tabela 25: Tabela de Propriedades, Comunidades e Assentamentos por Setores Fundiários.
.......................................................................................................................................... 102
Tabela 26: Tabela de Fazendas, Sítios, Comunidades e Assentamentos, respectivos
proprietários e tamanho. ..................................................................................................... 106
Tabela 27: Tabela de Proprietários / Ocupante de Imóveis e número de moradores. ........... 113
Tabela 28: Tabela de Fazendas, Sítios, Comunidades e Assentamentos, respectivos
proprietários e tamanho. ..................................................................................................... 115
Tabela 29: Tabela de Proprietários / Ocupante de Imóveis e número de moradores. ........... 120
Tabela 30: Tabela de Fazendas, Sítios, Comunidades e Assentamentos, respectivos
proprietários e tamanho ...................................................................................................... 121
Tabela 31: Tabela de Proprietários / Ocupante de Imóveis e número de moradores. ........... 128
Tabela 32: Tabela de Fazendas, Sítios, Comunidades e Assentamentos, respectivos
proprietários e tamanho ...................................................................................................... 131
Tabela 33: Tabela de Proprietários / Ocupante de Imóveis e número de moradores. ........... 136
Tabela 34: Tabela de Fazendas, Sítios, Comunidades e Assentamentos, respectivos
proprietários e tamanho ...................................................................................................... 138
Tabela 35: Tabela de Proprietários / Ocupante de Imóveis e número de moradores. ........... 142
Tabela 36: Tabela de Proprietários / Ocupante de Imóveis, número de moradores e de
residências ......................................................................................................................... 143
ix
Tabela 37: Tabela de Fazendas, Sítios, Comunidades e Assentamentos, respectivos
proprietários e tamanho ...................................................................................................... 147
Tabela 38: Tabela de Proprietários / Ocupante de Imóveis e número de moradores. ........... 149
Tabela 39: Tabela de Fazendas, Sítios, Comunidades e Assentamentos, respectivos
proprietários e tamanho. ..................................................................................................... 152
Tabela 40: Tabela de Proprietários / Ocupante de Imóveis e número de moradores. ........... 163
Tabela 41: Tabela de Fazendas, Sítios, Comunidades e Assentamentos, respectivos
proprietários e tamanho. ..................................................................................................... 165
Tabela 42: Tabela de Proprietários / Ocupante de Imóveis e número de moradores. ........... 170
10
1. APRESENTAÇÃO
Este documento apresenta os resultados dos levantamentos socioeconômico e fundiário
da Área Potencial para Reintrodução da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), situada nos
municípios de Curaçá e Juazeiro, no estado da Bahia, no bioma da Caatinga.
Tem como objetivo principal subsidiar a discussão sobre a conservação dos
ecossistemas nessa área, tendo em vista sua importância para a conservação dessa
espécie. A ararinha-azul está extinta na natureza e os últimos exemplares registrados fora
de cativeiro habitavam essa área.
Este estudo foi realizado pela empresa Mosaico Ambiental, por solicitação da SAVE
Brasil, no âmbito do Projeto Ararinha na Natureza – projeto integrado ao Plano de Ação
Nacional para a Conservação da Ararinha-azul (PAN Ararinha-azul).
O primeiro capítulo deste trabalho corresponde a essa apresentação. O segundo
capítulo traz uma breve descrição dos métodos utilizados para a realização do estudo. O
capítulo 3 apresenta a contextualização deste estudo no âmbito dos esforços para a
conservação da Caatinga e da ararinha-azul. O capítulo seguinte corresponde à
caracterização socioeconômica da área de estudo, com uma breve consideração sobre as
características dos municípios que incorporam o habitat de ocorrência histórica dessa
espécie. O capítulo 5 traz a caracterização da situação fundiária da área de estudo. E o
capítulo 6 apresenta as conclusões do trabalho.
11
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
A biodiversidade é um elemento fundamental para o desenvolvimento das sociedades
humanas. A despeito dessa importância, a diversidade biológica vem sofrendo perdas,
principalmente, em função das atividades humanas. Assim, a conservação da
biodiversidade tornou-se objetivo central das políticas ambientais, sendo alvo de
preocupação de governos e da sociedade civil.
Tendo em vista que a biodiversidade se manifesta nos níveis genéticos, das espécies e
dos ecossistemas (WILSON, 1992), sua preservação passa pela conservação do genoma
das populações, pela conservação das espécies na natureza e pela conservação dos
ecossistemas naturais.
Uma vez que as espécies silvestres dependem dos ecossistemas onde vivem para
manter suas populações, a conservação da biodiversidade passa, sobremaneira, pela
preservação desses ecossistemas, especialmente aqueles que abrigam espécies relevantes
para a conservação.
2.1. Conservação da Caatinga
A Caatinga é o único bioma restrito ao Brasil e ocupa uma área de 844.453 Km2,
equivalentes a 11% do território nacional. Inclui áreas nos estados de Alagoas, Bahia,
Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e Minas
Gerais (www.mma.gov.br).
A despeito de uma aparência inicial de pouca diversidade paisagística e biológica, a
percepção da importância de conservar a biodiversidade da Caatinga vem crescendo
acentuadamente nos últimos anos. A realização de pesquisas nesse bioma tem revelado
uma riqueza biológica bastante expressiva, com altas taxas de endemismo para alguns
grupos.
Somente de plantas vasculares, já foram registradas 932 espécies (GIULIETTI et al.,
2004), riqueza bastante expressiva para um bioma semi-árido. E o endemismo vegetal é
bastante elevado. Considerando apenas as espécies lenhosas e as espécies suculentas, há
18 gêneros e 318 espécies endêmicas na Caatinga (GIULIETTI et. al., 2004).
Ademais, muitas das espécies vegetais deste bioma são utilizadas pela população local,
especialmente por suas propriedades terapêuticas (DRUMOND, et. al., 2000), de forma que
a biodiversidade vegetal da Caatinga tem grande relevância social.
12
Os animais também apresentam diversidade biológica elevada neste bioma. São
conhecidas para o semi-árido brasileiro 241 espécies de peixes (www.mma.gov.br), das
quais 136 são endêmicas (ROSA et. al., 2003). Há 177 espécies de répteis e 79 de anfíbios
(www.mma.gov.br). Quanto aos mamíferos, são conhecidas 178 espécies para a Caatinga
(www.mma.gov.br), sendo 19 de ocorrência restrita a esse bioma (OLIVEIRA, 2003). Quanto
às aves, são conhecidas 591 espécies (www.mma.gov.br). O endemismo nesse grupo, no
entanto, é baixo, tendo sido identificadas 15 espécies restritas à Caatinga, o que representa
apenas 3% do total de espécies (SILVA et. al., 2003).
Porém, uma vez que a Caatinga é o bioma brasileiro menos estudado, é provável que a
riqueza de espécies para todos esses grupos seja maior. Até 2004, 41% da área total deste
bioma não havia sido estudada e 80% da área estudada apresentava-se sub-amostrada
(TABARELLI & VICENTE, 2004).
Apesar da importância no que concerne à biodiversidade, a Caatinga apresenta-se
bastante alterada pela ação humana. Atualmente, mais de 27 milhões de pessoas vivem
nesse bioma e 46% da de sua área já foi desmatada (www.mma.gov.br/biomas/caatinga).
Geralmente convertida em outros usos, com destaque para pastagens e agricultura. Além
disso, as formações remanescentes encontram-se bastante fragmentadas, tendo sido
encontrados apenas 14 fragmentos em todo o bioma que possuem área contínua de
vegetação nativa superior a 10 mil hectares (CASTELLETTI et. al., 2004).
A combinação de elevada biodiversidade e pressão intensa diagnosticada ao longo da
década de 2000 levou o governo federal a criar, recentemente, algumas UCs nesse bioma.
Destaque para o Monumento Natural do Rio São Francisco, criado em 2009 e que possui 27
mil hectares situados nos estados de Alagoas, Bahia e Sergipe; o Parque Nacional da Serra
das Confusões, no Piauí, que em 2010 foi ampliado em 300 mil hectares, passando a
possuir 823.435,7 hectares; e o Parque Nacional da Furna Feia, criado em 2012, com 8.494
hectares, e que está localizado no estado do Rio Grande do Norte. Ainda assim, a Caatinga
é o bioma brasileiro com menor grau de proteção legal. Possui apenas 7,5% de suas terras
inseridas em UCs (abaixo da meta mínima estipulada junto à Convenção de Diversidade
Biológica, que é de 10%), sendo que apenas cerca de 1% estão em unidades de proteção
integral (www.mma.gov.br).
[C1] Comentário: O novo número é de 17%
13
2.2. Projeto Ararinha na Natureza
A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) era uma das espécies de ave que ocorria
exclusivamente na Caatinga. Foi descoberta e coletada em 1819 em área do município
baiano de Juazeiro
Por mais de um século e meio exemplares da espécie não foram observados na
natureza e a área exata de ocorrência da ararinha-azul permaneceu desconhecida.
Somente em 1986, houve a redescoberta de três exemplares vivendo no entorno dos
riachos Barra Grande e Melancia, no município de Curaçá, no norte baiano (os riachos
Melancia e Barra Grande se encontram para formar o Rio Curaçá, afluente da margem
direita do Rio São Francisco).
Em 1990, uma expedição para a região encontrou apenas uma única ave macho vivendo
nessa área. O desaparecimento desse exemplar ocorreu em outubro de 2000, quando a
espécie foi oficialmente considerada extinta na natureza (BARROS et.al., 2012).
A extinção da espécie na natureza está relacionada à sua distribuição extremamente
restrita e à consequente raridade da mesma, o que a torna mais vulnerável. Soma-se a isso
o uso mais intenso das áreas de caatinga na beira dos riachos, especialmente nas
proximidades do Rio São Francisco, justamente o habitat típico da ararinha-azul; e a
frequente captura dos animais para comércio ilegal (BARROS et.al., 2012; SAVE BRASIL,
2012).
Segundo especialistas, atualmente existem cerca 86 indivíduos em cativeiro, dos quais
67 estão na Al Wabra Wildlife Preservation (AWWP), situada no Catar; 1 espécieme na
Fundação Loro Parque (FLP), na Espanha; 7 na Association for the Conservation of
Threatened Parrots (ACTP), na Alemanha; e 11 indivíduos no Brasil, sendo 10 no Criadouro
NEST e 1 na Fundação Lymington.
Visando a conservação e a recuperação da ararinha-azul, em 1990 o Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) criou o “Comitê
Permanente para a Recuperação da Ararinha-azul” (CPRAA), que implantou atividades para
a conservação dessa espécie e para a realização de pesquisas na área de ocorrência do
último macho selvagem, além de um programa de reprodução em cativeiro (SAVE BRASIL,
2012; BARROS et.al., 2012). Em 2000, o IBAMA suspendeu as ações do CRPAA, em
função do não cumprimento das regras estabelecidas e da existência de conflitos internos
no comitê, que foi oficialmente dissolvido em 2002 (BARROS et.al., 2012).
No final de 2002, o IBAMA criou o Grupo de Trabalho para a Recuperação da Ararinha-
azul (GTRAA), que foi formalmente estabelecido em 2005 com o objetivo de apoiar o IBAMA
14
na conservação dessa espécie. Atualmente, eEste grupo assessoroua o Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que desde 2007 é a instituição
responsável pela coordenação dos trabalhos de recuperação da ararinha-azul (BARROS
et.al., 2012).
No âmbito do trabalho do GTRAA foi elaborado o “Plano de Ação Nacional para a
Conservação da Ararinha-azul Cyanopsitta spixii” (PAN Ararinha-azul), cuja última revisão
data de 2012. Este plano tem como objetivo o aumento da população manejada em cativeiro
e a recuperação e conservação de hábitat de ocorrência histórica da espécie, até 2017,
visando o início de reintrodução até 2021.
Neste contexto, emergiu o Projeto Ararinha na Natureza que tem como principal foco
implementar as ações do PAN Ararinha-azul e criar condições favoráveis para a
reintrodução da espécie na natureza até 2017.
É no âmbito desta discussão que se enquadra o estudo socioeconômico e fundiário aqui
apresentado, cujo objetivo principal é subsidiar estratégias de conservação da área de
ocorrência histórica da ararinha-azul.
2.3. A seca
Antes de iniciar o diagnóstico socioeconômico é imperioso falar da seca que assola a
Caatinga. Trata-se do terceiro ano seguido de estiagem severa, piorando as condições de
vida na região.
A característica marcante do semi-árido é a soma de baixa pluviosidade média com
irregularidade da precipitação. Assim, a seca é periódica e permanente. Porém, a seca atual
vem sendo considerada uma das piores já registradas, gerando desequilíbrios
socioambientais significativos. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia
(www.inmet.gov.br), 2012 foi o ano mais seco já registrado no semi-árido nordestino. E o
ano de 2013 foi o terceiro seguido de seca severa.
Todas as pessoas entrevistadas ou com as quais houve conversas afirmaram que esta é
a pior seca que já haviam visto, inclusive os habitantes mais velho, que ocupam a região a
mais tempo.
As atividades humanas na região estudada encontram-se muito afetadas por esse
fenômeno climático. Nos trabalhos de campo não foram encontradas propriedades distantes
do Rio São Francisco que possuíssem qualquer forma de agricultura, com exceção de uma
ou outra fazenda (de maiores extensões e com acesso a mais recursos) onde havia
15
irrigação a partir de captação de água do lençol freático, e mesmo assim com uma produção
muito pouco significativa. Nem mesmo forragem para os animais está sendo produzida.
A pecuária, inclusive a caprina e ovina, vem apresentando perdas significativas de
cabeças, cujas carcaças podem ser vistas ao longo da área estudada e seus arredores. A
magreza dos animais sobreviventes é perceptível, o que influencia diretamente o valor de
venda da criação.
Segundo relato dos moradores, os animais silvestres também estão sofrendo. Muitos
deles já não são mais avistados e os poucos que ainda são observados encontram-se muito
magros e debilitados.
A condição atual de seca é um importante fator de repulsão, que somado a carência de
energia elétrica, esgotamento sanitário, infra-estrutura de transportes, abastecimento de
água e a demais recursos que facilitam a permanência na região rural, tem estimulado um
considerável êxodo de habitantes e uma intensa depreciação do valor da terra.
Portanto, os dados obtidos durante os trabalhos e campo (habitantes, total das
produções, etc.) devem ser contextualizados à luz dessa seca histórica, que há mais de 3
anos vem gerando alterações significativas nas formas de organização e reprodução social
e nas condições ambientais da região.
Curiosamente, a despeito da severidade desses últimos anos de seca, a imensa maioria
das pessoas entrevistadas, especialmente as mais velhas, não pretende sair da região. O
que expõe os fortes laços que os habitantes da área estudada têm com a terra. Fato este,
que deve ser considerado no processo de elaboração das estratégias de conservação da
região em questão. Da mesma forma, assim que estas condições severas se amenizem, é
provável que os usos do solo sofram novas alterações, sugerindo uma maior utilização
desse espaço.
2.4. Unidades de Conservação no Entorno da Área de Estudo
A área de estudo exclui as serras existentes em seu entorno imediato, onde estão
alguns dos fragmentos de Caatinga em melhor estado de conservação do município de
Curaçá.
A exclusão dessas serras, em particular as da Natividade, da Canabrava, da Borracha e
da Gruta, deve-se a estas serem foco de estudos para a criação um Mosaico de Unidades
de Conservação (figura 1) pelo Projeto Mata Branca. Inclusive, entre as duas campanhas de
campo realizadas no âmbito do presente estudo, ocorreram audiências públicas (dias 16 e
16
17 de agosto) com o objetivo de criar uma Área de Proteção Ambiental (APA) que
englobasse um Monumento Natural (MONA) e uma Reserva Biológica (Rebio).
As últimas informações obtidas sobre os resultados das audiências públicas realizadas
sugerem uma forte resistência da população local à implantação de qualquer tipo de área
protegida que exclua a população, assim como, limite suas atividades produtivas,
principalmente a criação de caprinos e ovinos.
Como encaminhamento dessas audiências, o grupo de trabalho ficou responsável em
aprofundar os estudos, principalmente àqueles relacionados ao tema da situação fundiária
das áreas foco. Processo este, que foi observado durante a segunda campanha de campo
realizada pelo presente estudo.
FIGURA 1: MAPA DA PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE UCS NA REGIÃO DAS SERRAS DE CURAÇÁ (RETIRADO NA
ÍNTEGRA DO DOCUMENTO ELABORADO PARA AS CONSULTAS PÚBLICAS REALIZADAS PELO ORGÃO AMBIENTAL
DO ESTADO DA BAHIA).
17
3. METODOLOGIA
A área de estudo do presente trabalho foi definida em função da área histórica de
ocorrência da ararinha-azul. Foi estabelecido um polígono situado em terras dos municípios
de Curaçá e Juazeiro, na bacia hidrográfica do Rio Curaçá, afluente do São Francisco
(figura 2). Este polígono foi a referencia espacial dos levantamentos.
O presente estudo foi realizado a partir de dados secundários e primários. Os primeiros
foram acessados através de sítios de Internet de instituições oficiais, com destaque para o
Censo 2010 do IBGE (www.ibge.gov.br). A partir do Censo 2010, foram levantadas as
informações socioeconômicas, por setor censitário (figura 3), e as bases cartográficas com
os limites estaduais, municipais, distritais e dos setores censitários. As demais informações
territoriais, como estradas, drenagens, etc. foram compiladas da Imagem do satélite
Quickbird do ano de 2013, disponibilizada pela SAVE Brasil, e das cartas topográficas DSG
(Diretoria de Serviços Geográficos do Exército Brasileiro) em escala 1:50.000 e em formato
raster disponibilizadas no site http://www.geoportal.eb.mil.br/index.php.
Outras informações secundárias foram acessadas junto a instituições locais e regionais,
situadas nas sedes municipais de Curaçá e Juazeiro. Com destaque para os dados e
informações obtidos no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Curaçá, no Instituto Regional
da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), na Agência de Controle de Endemias da
Secretaria Municipal de Saúde de Curaçá, na Agência Estadual de Defesa Agropecuária da
Bahia (ADAB) e na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural do Município de Curaçá.
As informações secundárias obtidas junto a instituições locais e as informações
primárias foram levantadas durante duas campanhas de campo, ocorridas entre os dias 01 e
12 de agosto e 12 e 25 de setembro de 2013. Além de visitas às instituições citadas e a
realização de entrevistas nas sedes municipais (especialmente em Curaçá, sede mais
próxima da área de estudo), foram percorridas quase todas as vias situadas na área de
estudo, objetivando o levantamento do maior número de informações possíveis (figura 4).
Foram realizadas entrevistas com parcela significativa dos moradores da área de estudo
(figura 5). Em parte das entrevistas houve a aplicação de questionários para o levantamento
de informações (anexo 1), totalizando 80 questionários preenchidos. Porém, alguns
entrevistados não responderam a todas as questões, seja por desconhecimento, seja por
não quererem fornecer as informações (especialmente sobre renda e produção). Por outro
lado, na impossibilidade de encontrar todos os residentes e entrevistá-los, muitas
informações foram obtidas através de vizinhos, parentes ou de representantes de
instituições que atuam na área de estudo, sem o preenchimento de questionário.
18
FIGURA 2: LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDOS (DELIMITADA PELO INTERIOR DA LINHA AMARELA
PONTILHADA).
19
FIGURA 3: SETORES CENSITÁRIOS NA ÁREA DE ESTUDO – OS NOMES DOS SETORES FORAM DEFINIDOS NESSE ESTUDO PARA FACILITAR A DISCUSSÃO
20
FIGURA 4: FIGURA DE PERCURSOS E PONTOS VISTORIADOS EM CAMPO
21
FIGURA 5: FOTOS DOS PESQUISADORES EM CAMPO FAZENDO ENTREVISTAS COM MORADORES DA ÁREA DE
ESTUDO
Foram também levantadas informações sobre propriedades, proprietários, moradores,
infraestrutura e produção agropecuária nos documentos referentes às instituições locais,
especialmente da ADAB, do IRPAA e das Secretarias Municipais de Curaçá e agências
vinculadas; além de documentações disponibilizadas por proprietários.
O nível das informações é heterogêneo e diversificado, incluindo desde questionários
completos, até proprietários e residentes sobre os quais se conhece pouco mais que o nome
e o número de moradores que vivem na residência. Há também algumas poucas residências
onde não foi possível definir o número exato de pessoas morando, mas foi possível definir
que há residentes e o nome do chefe de família. Nesses casos, foi considerada a existência
de apenas um morador.
Foram visitadas quase todas as residências situadas na área de estudo e marcados
pontos de GPS para o georreferenciamento das mesmas. Para completar o levantamento,
foram compiladas as edificações visíveis no Serviço de Imagens de Satélite Mundial da
22
ESRI1, dos anos de 2009 e 2010. A utilização destas imagens ao invés das imagens do
Quickbird (adquiridas pela SAVE e mais atuais) se deve a maior resolução das mesmas, o
que permite a visualização das edificações situadas na área de estudo na época de
produção das imagens.
Este procedimento possibilitou o mapeamento de, praticamente, todas as edificações
existentes na área de estudo em 2009/2010. O complemento desse mapeamento com os
pontos de GPS levantados em campo resultou em um mapeamento de edificações com
elevado grau de adequação à realidade atual. Ao combinar esse mapeamento com o
conjunto das informações sobre os moradores e proprietários obtido em campo e junto aos
materiais disponibilizados pelas instituições locais, foi possível chegar a uma definição de
proprietários e moradores para pouco mais de 75% das residências inseridas na área de
estudo. Cabe ressaltar que a não identificação dos proprietários ou possíveis moradores de
cerca de 25% das residências está relacionada ao abandono desses imóveis ou ao fato dos
mesmos se encontrarem fechados e sem uso aparente durante as visitas de campo.
Os dados de campo foram espacializados conforme as definições locais de
comunidades e fazendas e agrupados segundo suas características em Setores Fundiários
(figura 6). Este recorte espacial coincide, parcialmente, com os polígonos dos Setores
Censitários. Portanto, com o objetivo de facilitar a caracterização da área de estudos, que
conta com cerca de 48.500 hectares e um perímetro de 87 km, esta foi dividida em 9
Setores Fundiários que também serviram de recornte, junto com os Setores Censitários
(figura 3), para o desenvolvimentos das análises do presente relatório.
O Setor Censitário Curaçá 1 engloba integralmente os Setores Fundiários Barra
Grande–São Francisco e Riachos do Tapuio e do Major, além de áreas dos Setores
Fundiários Comunidade da Fazenda Melancia e Riacho Pau de Angico - Lagoa do
Juventino, localizadas a oeste da BA-120. O Setor Censitário Curaçá 2 engloba a parte do
Setor Fundiário Médio Curso Melancia e Alto Bangüê que está localizada a norte do Riacho
Melancia e a porção do Setor Fundiário Comunidade da Fazenda Melancia a norte desse
mesmo riacho e a leste da BA-120. O Setor Censitário Curaçá 3 inclui todo o Setor Fundiário
Riachos do Iço e da Serra Redonda, a porção do Setor Fundiário Médio Curso Melancia e
Alto Bangüê situada a sul do Riacho Melancia e a porção do Setor Fundiário Comunidade
da Fazenda Melancia a sul deste mesmo riacho e a leste da BA-120. O Setor Censitário
Curaçá 4 coincide com o Setor Fundiário Assentamento Cacimba da Torre, enquanto o
Setor Censitário Juazeiro engloba os Setores Fundiários Juazeiro Sul e Juazeiro Norte.
1 Serviço ESRI World Imagery – Esri, DigitalGlobe, GeoEye, i-cubed, USDA, USGS, AEX,
Getmapping, Aerogrid, IGN, IGP, swisstopo, e a comunidade de usuários de SIG.
23
FIGURA 6: DIVISÃO DA ÁREA DE ESTUDO POR SETORES FUNDIÁRIOS.
24
Para a construção do diagnóstico socioeconômico, os dados do Censo 2010 e os dados
de campo foram comparados, garantindo maior confiabilidade às análises. Desta forma, foi
possível construir um perfil das condições de vida e das infraestruturas locais bastante
próximo à realidade. A análise por setores já permite conhecer a área em um nível de
detalhe consistente e adequado aos objetivos do estudo.
Ao combinar as análises de campo com as informações levantadas através do Censo
Demográfico por Setores Censitários, foi possível atualizar informações oficiais, tendo em
vista os três anos de seca desde que o Censo foi realizado, e também, ampliar as
discussões, com informações não disponibilizadas no Censo do IBGE.
Deste modo, optou-se nesse diagnóstico por discutir as diferentes variáveis
socioeconômicas com base nos dados do Censo 2010 em um capítulo – avaliando as
diferenças entre Setores Censitários – e, posteriormente, discutir os dados de campo por
Setor Fundiário, mantendo um diálogo com os dados os dados do Censo 2010, com vistas à
construção de um retrato mais dinâmico da área de interesse.
É importante ressaltar, que os recortes espaciais dos setores censitários não
correspondem totalmente à área de estudo. Todos os 6 setores censitários apresentam
consideráveis áreas que extrapolam o polígono de estudos, incorporando domicílios fora da
área de interesse.
A fim de dirimir este problema, foi utilizado um método para ponderar os valores das
variáveis para as áreas dos setores que se incluem no polígono de interesse, de modo que
estes valores representem apenas os domicílios de cada setor que realmente estão
inseridos na área de estudo.
Para tanto, utilizando-se a imagem disponibilizada pelo Serviço de Imagens de Satélite
Mundial da ESRI, foram mapeadas todas as residências existentes fora da área de estudo.
Estas foram somadas às residências já mapeadas no interior da área de interesse dos
estudos. Desta forma, chegou-se à totalidade de domicílios particulares de cada setor
censitário pertinente.
Os valores de cada variável analisada em cada setor censitário foram divididos pelo
número de domicílios mapeados dentro e fora da área de estudo, obtendo-se, deste modo,
os valores médios de cada variável para um domicílio. Esses valores foram, posteriormente,
multiplicados pelo número de domicílios levantados dentro da área de estudo, possibilitando
conhecer o valor de cada variável para a parte de cada setor censitário inserida na área de
estudo.
25
O levantamento fundiário também foi baseado nos dados obtidos a partir de visitas às
propriedades, entrevistas, aplicações de questionários, reuniões com associações de
moradores e levantamento de documentos em instituições locais e regionais. Entretanto,
não foi possível o levantamento cartorial.
Esta opção foi definida durante o desenvolvimento do trabalho por dois motivos
complementares. Por um lado, este levantamento é pouco relevante para o entendimento da
questão da propriedade da terra na área de estudo, tendo em vista a complexidade fundiária
e ausência de legalização dos lotes no cartório da região.
Como o valor da terra é muito baixo (com exceção das áreas próximas ao Rio São
Francisco, onde é um pouco mais elevado) e a partilha da terra se dá, majoritariamente, por
herança, a situação fundiária real é muito distinta daquela descrita nos documentos
cartoriais existente, tratando apenas de registros muito antigos e desatualizados. São
documentos referentes às antigas fazendas que existiam na área de estudo e os
proprietários denominados nesses documentos, em sua maioria, são pessoas já falecidas.
Na realidade, a terra pertence aos descendentes desses proprietários (geralmente de
segunda, terceira e, até mesmo, quarta geração), que repartiram a terra de fato, mas não de
direito, já que esta regularização representa um alto custo para os moradores da região.
Além disso, tendo em vista que as técnicas de criação dos animais envolvem pastos
comunais, a divisão legal da terra tem pouca relevância para a utilização da mesma.
Por outro lado, o cartório de Curaçá não possui estrutura para atender a demanda pela
procura de documentos no tempo disponível para o presente trabalho, inviabilizando a
utilização destas informações.
Somando-se o tempo e o esforço que seria necessário para obtenção das informações
cartoriais, com a pouca relevância das mesmas para o entendimento da questão fundiária
na área de estudo, optou-se pela utilização exclusiva das informações obtidas em campo e
junto às instituições locais.
26
4. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDOS
A área de ocorrência histórica da ararinha-azul está situada no extremo norte do estado
da Bahia, na Mesorregião de Planejamento do Vale do São Francisco da Bahia,
Microrregião de Juazeiro, municípios de Juazeiro e Curaçá.
Essa área está situada no Polígono das Secas, região de planejamento territorial que
inclui os municípios de menor índice pluviométrico existentes no Brasil. Criado por lei no
ano de 1936, o Polígono das Secas foi ampliado através do Decreto-Lei nº 9.857, de 13 de
setembro de 1946. Em 2005 ocorreu uma nova delimitação, ampliando-se os critérios de
inclusão de municípios. A inclusão de municípios no Polígono das Secas passou a
considerar: precipitação pluviométrica média anual inferior a 800 milímetros; índice de aridez
de até 0,5, calculado pelo balanço hídrico (relação entre precipitação e evapotranspiração
potencial, no período entre 1961 e 1990); e risco de seca maior que 60%, tomando-se por
base o período entre 1970 e 1990. Este recorte territorial passou a incluir, desde então,
1.133 municípios e 969.589,4 km2, englobando áreas nos estados de Minas Gerais, Piauí,
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia
(www.sudene.gov.br).
As áreas inseridas no Polígono das Secas pertencem ao bioma da Caatinga e se
caracterizam por baixos índices pluviométricos e pela irregularidade das chuvas.
Caracterizam-se socialmente pela pobreza de sua população, especialmente a
população rural, que, via de regra, tem baixa renda e dificuldade de acesso a serviços
públicos básicos, como energia elétrica, esgotamento sanitário, infra-estrutura de
transportes e abastecimento de água. Neste último caso a situação pode ser dramática,
especialmente nos períodos de seca prolongada, como o atual. A falta de abastecimento de
água, somada à seca, impede a prática de agricultura e desfavorece à pecuária, levando à
perda de muitas cabeças e aumentando a miséria da população. Exceção para as
propriedades situadas à beira dos rios principais, em particular do Rio São Francisco, que
possuem água abundante e apresentam, geralmente, uma agricultura irrigada dinâmica e
voltada para grandes mercados consumidores, inclusive internacionais.
Esta é uma característica dos municípios de Juazeiro e Curaçá (e dos demais
municípios da região cortados pelo São Francisco) onde a fruticultura irrigada às margens
do Rio São Francisco mostra-se dinâmica e de alta produtividade.
27
4.1. Curaçá
O município de Curaçá, onde está situada a maior parte da área de estudo, possui mais
de 6 mil km2 e tem população estimada para 2013 de 34.725 habitantes. Em 2010 sua
população totalizava 32.168 pessoas, sendo que quase 58% viviam em área rural e 42% em
área urbana, especialmente na sede do município (figura 7).
FIGURA 7: FOTOS DA SEDE DO MUNICÍPIO DE CURAÇÁ, LOCALIZADA ÀS MARGENS DO RIO SÃO FRANCISCO.
O município caracteriza-se por baixa densidade demográfica, havendo pouco mais de 5
habitantes por km2 (tabela 1). Vale ressaltar a grande proporção de domicílios vagos no
município (cerca de 11% do total), além de 9,4% de domicílios de uso ocasional. Mais 20%
dos domicílios do município não são residências permanentes, o que pode ser um indicador
da menor proporção de residências na área rural, onde os efeitos da estiagem são mais
severos, tanto pela distância do Rio São Francisco, quanto pela ausência de infra-estrutura
básica, especialmente de abastecimento de água.
28
TABELA 1: CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS - CURAÇÁ (FONTE: WWW.IBGE.GOV.BR)
Variáveis Valor
População residente – 2010 32.168
População residente urbana – 2010 13.719
População residente rural - 2010 18.449
Densidade Demográfica – 2010 (hab./km2) 5,29
TX Urbanização – 2010 (% de pessoas residindo em núcleos urbanos)
42,6
Domicílios Particulares Permanentes - 2010 10.906
Domicílios particulares ocupados 8.686
Domicílios particulares não ocupados 2.220
Domicílios particulares não ocupados de uso ocasional 1.027
Domicílios particulares não-ocupados de uso vago 1.193
% de domicílios particulares não-ocupados de uso ocasional em relação ao total de domicílios particulares- 2010
9,4
% de domicílios particulares não-ocupados vagos em relação ao total de domicílios particulares- 2010
10,9
O PIB municipal é pouco superior a R$ 150 milhões e está concentrado no setor de
serviços, que responde por mais de 58% do valor adicionado bruto total do PIB municipal e
cujas atividades localizam-se, basicamente, na área central do município, junto ao Rio São
Francisco e fora da área de estudo (tabela 2).
TABELA 2: PIB - CURAÇÁ (FONTE: WWW.IBGE.GOV.BR)
Variáveis Em mil R$ %
Valor adicionado bruto da agropecuária a preços correntes 33.311, 22,01
Valor adicionado bruto da indústria a preços correntes 22.532 14,89
Valor adicionado bruto dos serviços a preços correntes 88.891 58,73
Impostos sobre produtos líquidos de subsídios a preços correntes 6.608 4,37
PIB a preços correntes 151.342
A renda per capta no município de Curaçá em 2010 era de apenas R$ 214, o que indica
que grande parte da população é de baixa renda. Quando se separa a renda per capta das
populações das áreas urbanas e rurais a situação mostra-se ainda mais graves nessas
últimas. A população rural, como aquela inserida na área de estudo do presente trabalho,
possui uma renda per capta mensal de apenas R$ 168, contra R$ 275 da população urbana.
Tendo em vista que os problemas de infra-estrutura são mais graves nas áreas rurais do
município, onde frequentemente não há abastecimento regular de água e energia elétrica,
não há coleta de lixo e nem saneamento básico, este dado indica que a população rural de
Curaçá, de forma geral, vive em estado social vulnerável.
29
O precário nível social deste município se reflete em um IDH baixo (0,581), quando
comparado ao IDH médio do Brasil em 2010 (0,699) ou do estado da Bahia (0,660). Quando
comparado aos outros 416 municípios desse estado, o IDH de Curaçá ainda mostra-se
baixo, estando na posição de nº 246, ficando a frente de outros 170 municípios,
particularmente àqueles situados na Caatinga longe do Rio São Francisco
(www.ibge.gov.br)
A agropecuária é responsável por 22% do PIB, sendo que a maior parte da produção
ocorre nas fazendas próximas ao Rio São Francisco, onde há fruticultura irrigada. Destaque
para a produção de banana e de manga, que em 2012 foram as culturas permanentes que
mais produziram em volume, que geraram maiores valores de produção e ocuparam maior
área de plantio (tabela 3).
TABELA 3: CULTURAS PERMANENTES - CURAÇÁ (FONTE: WWW.IBGE.GOV.BR)
Culturas Variáveis Valores
Banana (cacho)
Quantidade produzida (t) 17.664
Valor da produção (mil R$) 12.515
Área destinada à colheita (ha) 768
Côco-da-baía
Quantidade produzida (t) 1.260
Valor da produção (mil R$) 575
Área destinada à colheita (ha) 70
Goiaba
Quantidade produzida (t) 840
Valor da produção (mil R$) 630
Área destinada à colheita (ha) 56
Limão
Quantidade produzida (t) 50
Valor da produção (mil R$) 30
Área destinada à colheita (ha) 5
Mamão
Quantidade produzida (t) 1.800
Valor da produção (mil R$) 945
Área destinada à colheita (ha) 90
Manga
Quantidade produzida (t) 10.396
Valor da produção (mil R$) 4.158
Área destinada à colheita (ha) 452
Maracujá
Quantidade produzida (t) 2.500
Valor da produção (mil R$) 2.375
Área destinada à colheita (ha) 100
Uva
Quantidade produzida (t) 729
Valor da produção (mil R$) 1.707
Área destinada à colheita (ha) 27
Quanto às culturas temporárias, também se destacam àquelas derivadas da fruticultura
irrigada às margens do Rio São Francisco, como a produção de melão e melancia, além da
produção de cebola. (tabela 4).
30
TABELA 4: CULTURAS TEMPORÁRIAS - CURAÇÁ (FONTE: WWW.IBGE.GOV.BR)
Amendoim (em casca)
Quantidade produzida (t) 71
Valor da produção (mil R$) 67
Área destinada à colheita (ha) 17
Cebola
Quantidade produzida (t) 7.000
Valor da produção (mil R$) 6.860
Área destinada à colheita (ha) 350
Feijão (em grão)
Quantidade produzida (t) 185
Valor da produção (mil R$) 344
Área destinada à colheita (ha) 849
Melancia
Quantidade produzida (t) 9.625
Valor da produção (mil R$) 3.850
Área destinada à colheita (ha) 775
Melão
Quantidade produzida (t) 4.875
Valor da produção (mil R$) 3.169
Área destinada à colheita (ha) 325
Milho (em grão)
Quantidade produzida (t) 179
Valor da produção (mil R$) 103
Área destinada à colheita (ha) 348
Tomate
Quantidade produzida (t) 220
Valor da produção (mil R$) 183
Área destinada à colheita (há) 10
Porém, em Curaçá a maior parte da área rural do município está distante do Rio São
Francisco, de forma que a área de agricultura irrigada é pouco extensa, principalmente em
tempos de seca.
A produção pecuária no município está concentrada nos caprinos, que respondiam por
mais de 87 mil cabeças em 2012, e de ovinos, cuja produção neste mesmo ano era de mais
de 81 mil cabeças (tabela 5). Em ambos os casos a produção se concentra na zona rural do
município, especificamente na região mais seca, afastada do Rio São Francisco. Este
resultado está dentro do esperado, uma vez que Curaçá é um grande produtor de caprinos
em nível nacional e tem uma elevada produção de ovinos, em função da alta adaptação das
cabras e ovelhas à regiões secas. E também em função das políticas de incentivo à
produção pelos Governos Federal e Estadual.
A produção de outros animais é pouco expressiva, tendo em vista a forte necessidade
de adaptação aos períodos de seca.
É importante ressaltar que a seca que castiga a região desde 2011 está reduzindo
drasticamente os rebanhos no município, inclusive o de caprinos e ovinos. A comparação
dos dados de rebanhos entre os anos de 2011 e 2012 expressa essas reduções, que
chegam a mais de 40% em alguns casos. As cabras, por exemplo, apresentaram uma
redução no rebanho de 57 mil animais, ou 39% do total de 145 mil cabeças existentes em
31
2011. Já os ovinos apresentaram uma redução de mais de 17 mil cabeças nesse período, o
que representou cerca de 17% das 98 mil cabeças existentes em 2011. Nova redução deve
ter ocorrido entre 2012 e 2013, uma vez que a seca se intensificou.
Esta realidade foi percebida em campo, com os entrevistados mencionando a perda de
grande quantidade de cabeças nos últimos anos.
TABELA 5: PRODUÇÃO DE CULTURAS TEMPORÁRIAS - CURAÇÁ (FONTE: WWW.IBGE.GOV.BR)
Tipo de Produção Total produzido 2012 Total produzido
2011 Redução
2011-2012 Redução 2011-
2012 %
Bovinos (cabeças) 11.170 13.085 1.915 14,64
Eqüinos (cabeças) 1.146 2.154 1.008 46,80
Asininos (cabeças) 1.978 3.548 1.570 44,25
Muares (cabeças) 330 625 295 47,20
Suínos (cabeças) 3.746 4.940 1.194 24,17
Caprinos (cabeças) 87.987 145.821 57.834 39,66
Ovinos (cabeças) 81.465 98.754 17.289 17,51
Galos, frangas, frangos e pintos (cabeças)
15.570 18.978 3.408 17,96
Galinhas (cabeças) 13.850 15.874 2.024 12,75
Vacas ordenhadas (cabeças) 3.909 5.881 1.972 33,53
Leite de vaca (mil litros) 2.150 3.352 1.202 35,86
Ovos de galinha (mil dúzias) 84 97 13 13,40
Mel de abelha (Kg) 980 1.258 278 22,10
4.2. Juazeiro
O município de Juazeiro apresenta uma situação social melhor do que Curaçá, por ser
um município importante regionalmente (pólo regional), onde a oferta de serviços na sede
municipal é bastante ampla. Além disso, possui ligação com Petrolina através de uma ponte,
de forma que os dois municípios e apresentam-se praticamente conurbados.
Petrolina é um município de porte ainda maior, com uma oferta de serviços mais
diversificada, incluindo aeroporto para aviões comerciais de grande porte, de modo que os
dois municípios juntos formam um dos principais pólos regionais da Caatinga (figura 8).
32
Figura 8: Fotos da Sedes dos municípios de Juazeiro (ao fundo na foto da esquerda) e
Petrolina (à frente na mesma foto). Fonte: www.panoramio.com .
Nesses dois municípios há uma produção de fruticultura irrigada bastante relevante e
uma oferta de serviços típica de cidades pólos regionais do sertão.
Juazeiro é, inclusive, o segundo maior produtor de frutas do Brasil, ficando atrás apenas
do município vizinho de Petrolina, situado do outro lado do rio São Francisco, no estado de
Pernambuco. Estes dois municípios formam o pólo de fruticultura irrigada do vale do Rio
São Francisco responsável pela produção de parte significativa da fruticultura brasileira.
Esta situação contrasta com as áreas rurais desse município afastadas do Rio São
Francisco, onde a produção agropecuária é pouco relevante em função da dificuldade de
acesso à água e da condição social dos produtores e proprietários de terra, que em geral, é
precária.
Juazeiro possui uma área total de 6,5 mil km2, ligeiramente superior à de Curaçá, e tem
população estimada para 2013 de 214.748 habitantes, mais de seis vezes a população
daquele município. Em 2010 a população de Juazeiro totalizava 197.965 pessoas, gerando
uma densidade demográfica de mais de 30 pessoas por km2. Desse total, cerca de 160 mil
pessoas residem em área urbana, especialmente a sede do município, o que representa
81,20% % da população total (tabela 6).
Trata-se de um município urbano, enquanto Curaçá é eminentemente rural. Porém, a
porção de Juazeiro inserida na área de estudo é rural e situada distante da sede do
município. A sede de Curaçá, inclusive, é mais próxima e a principal referência imediata
como centro urbano. Os domicílios de uso ocasional representam apenas 4,5% dos
domicílios, proporção menor que aquela observada para Curaçá. Já os domicílios vagos
representam 9,5%, valor ligeiramente inferior ao observado para Curaçá.
www.skyscrapecity.com
33
TABELA 6: CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS - JUAZEIRO (FONTE: WWW.IBGE.GOV.BR)
Variáveis Valor
População residente – 2010 197.965
População residente urbana – 2010 160.775
População residente rural - 2010 37.190
Densidade Demográfica – 2010 (hab/km2) 30,45
TX Urbanização – 2010 (% de pessoas residindo em núcleos urbanos) 81,20
Domicílios Particulares Permanentes - 2010 64.072
Domicílios particulares ocupados 55.101
Domicílios particulares não ocupados 8.891
Domicílios particulares não ocupados de uso ocasional 2.912
Domicílios particulares não-ocupados de uso vago 5.979
% de domicílios particulares não-ocupados de uso ocasional em relação ao total de domicílios particulares - 2010
4,54
% de domicílios particulares não-ocupados vagos em relação ao total de domicílios particulares - 2010
9,53
O PIB municipal é de mais de R$ 1,9 bilhão e está concentrado no setor de serviços, que
responde por quase 63% do valor adicionado bruto total e cujas atividades localizam-se,
basicamente, na sede municipal, distante da área de estudo (tabela 7). 12,1% do PIB é
proveniente da agropecuária, concentrada nas fazendas às margens do Rio São Francisco.
TABELA 7: PIB - JUAZEIRO (FONTE: WWW.IBGE.GOV.BR)
Variáveis Em mil R$ %
Valor adicionado bruto da agropecuária a preços correntes 233.613 12,1
Valor adicionado bruto da indústria a preços correntes 285.801 14,8
Valor adicionado bruto dos serviços a preços correntes 1.211.975 62,9
Impostos sobre produtos líquidos de subsídios a preços correntes 195.810 10,2
PIB a preços correntes 1.927.198
A renda per capta no município de Juazeiro em 2010 era de R$ 405,00, valor 89% maior
que aquele observado para Curaçá, o que reflete a economia mais dinâmica deste
município. Quando se separa a renda per capta das áreas urbanas e rurais a situação
mostra-se bem distinta. A população urbana tem uma renda per capta de R$ 440,00,
enquanto a população rural, como aquela inserida na área de estudo do presente trabalho,
possui uma renda per capta mensal de R$ 255,00. Este valor é superior àquele encontrado
em Curaçá, mas mostra que a área rural de Juazeiro também se caracteriza pela pobreza
de sua população. Porém, na comparação com Curaçá, a população rural de Juazeiro, além
da renda média maior, possui maior acesso à serviços de infra-estrutura, como fornecimento
de energia, abastecimento de água, transportes públicos, etc.
34
A situação social do município de Juazeiro é melhor que aquela apresentada para
Curaçá, o que se refletiu no IDH de Juazeiro em 2010, que era de 0,677, próximo à média
nacional e superior à média do estado da Bahia. Sendo que entre os anos de 2000 e 2010
houve uma grande evolução desse índice (ocorreu fenômeno semelhante em Curaçá),
indicando uma melhoria na condição de vida da população nesses 10 anos. Quando
comparado aos outros 416 municípios baianos, o IDH de Juazeiro mostra-se relativamente
alto, estando na posição de nº 19. Está atrás somente dos municípios da região
metropolitana de Salvador e de alguns municípios importantes regionalmente, como Ilhéus,
no sul do estado (www.ibge.gov.br).
A agropecuária é responsável por 26% do PIB de Juazeiro (12% para agricultura e 14%
para a pecuária), sendo que a maior parte da produção ocorre nas fazendas próximas ao
Rio São Francisco, onde não há problema de falta d’água. A fruticultura irrigada tem papel
relevante. Destaque para a produção de côco-da-baía, manga e uva, que em 2012 foram as
culturas permanentes que mais produziram em volume, que geraram maiores valores de
produção e que ocuparam maior área de plantio (tabela 8).
TABELA 8: CULTURAS PERMANENTES - CURAÇÁ (FONTE: WWW.IBGE.GOV.BR)
Culturas Variáveis Valores
Banana (cacho)
Quantidade produzida (t) 5.496
Valor da produção (mil R$) 3.589
Área destinada à colheita (ha) 229
Coco-da-baía
Quantidade produzida (t) 42.624
Valor da produção (mil R$) 18.414
Área destinada à colheita (ha) 1.776
Goiaba
Quantidade produzida (t) 742
Valor da produção (mil R$) 552
Área destinada à colheita (ha) 70
Limão
Quantidade produzida (t) 2.806
Valor da produção (mil R$) 1.564
Área destinada à colheita (ha) 181
Mamão
Quantidade produzida (t) 2.961
Valor da produção (mil R$) 1.777
Área destinada à colheita (ha) 141
Manga
Quantidade produzida (t) 205.250
Valor da produção (mil R$) 92.363
Área destinada à colheita (ha) 8.210
Maracujá
Quantidade produzida (t) 15.248
Valor da produção (mil R$) 14.440
Área destinada à colheita (ha) 953
Uva
Quantidade produzida (t) 37.596
Valor da produção (mil R$) 101.509
Área destinada à colheita (ha) 1.446
35
Quanto às culturas temporárias, assim como observado para Curaçá, também se
destacam àquelas derivadas da fruticultura irrigada às margens do Rio São Francisco, como
a produção de melão e melancia, além da produção de cebola. Porém, no caso de Juazeiro,
a produção de cana-de-açúcar tem grande relevância, tendo sido a cultura que mais
produziu em 2012, tanto no que concerne à volume de produção, quanto a área plantada e à
valor da produção (tabela 9).
A produção pecuária no município de Juazeiro apresenta as mesmas características
apresentadas para Curaçá, com concentração nos caprinos (98 mil cabeças em 2012), e de
ovinos (122 mil cabeças), (tabela 10). Em ambos os casos a produção se concentra na zona
rural do município e a concentração nesses dois tipos de produção é função da elevada
adaptação das cabras e ovelhas às regiões secas e das políticas de incentivo à produção
pelos governos federal e estadual.
TABELA 9: CULTURAS TEMPORÁRIAS - CURAÇÁ (FONTE: WWW.IBGE.GOV.BR)
Cana-de-açúcar
Quantidade produzida (t) 1.287.506
Valor da produção (mil R$) 67.143
Área destinada à colheita (ha) 14.971
Cebola
Quantidade produzida (t) 20.118
Valor da produção (mil R$) 16.094
Área destinada à colheita (ha) 1.098
Feijão (em grão)
Quantidade produzida (t) 791
Valor da produção (mil R$) 1.248
Área destinada à colheita (ha) 1.450
Mandioca
Quantidade produzida (t) 816
Valor da produção (mil R$) 286
Área destinada à colheita (ha) 768
Melancia
Quantidade produzida (t) 20.250
Valor da produção (mil R$) 5.670
Área destinada à colheita (ha) 1.350
Melão
Quantidade produzida (t) 12.450
Valor da produção (mil R$) 7.719
Área destinada à colheita (ha) 498
Milho (em grão)
Quantidade produzida (t) 232
Valor da produção (mil R$) 128
Área destinada à colheita (ha) 904
Tomate
Quantidade produzida (t) 4.550
Valor da produção (mil R$) 3.890
Área destinada à colheita (há) 182
Assim como descrito para Curaçá, houve uma redução significativa da produção de
todos os animais entre 2011 e 2012, como efeito da forte seca que atinge a região. O
rebanho de caprinos, por exemplo, teve uma redução de 33%. Provavelmente, este mesmo
fenômeno deve ter ocorrido entre 2012 e 2013, uma vez que a seca permaneceu severa no
36
período, de modo que o rebanho dos diversos animais deve ter sofrido novas perdas,
acentuando os problemas sociais já graves da região.
TABELA 10: PRODUÇÃO DE CULTURAS TEMPORÁRIAS - CURAÇÁ (FONTE: WWW.IBGE.GOV.BR)
Tipo de Produção Total produzido
2012 Total produzido
2011 Redução
2011-2012
Redução 2011-2012
%
Bovinos (cabeças) 15.482 17.500 2.018 11,53
Eqüinos (cabeças) 3.145 3.954 809 20,46
Asininos (cabeças) 2.540 3.980 1.440 36,18
Muares (cabeças) 980 1.511 531 35,14
Suínos (cabeças) 5.199 5.874 675 11,49
Caprinos (cabeças) 98.547 147.862 49.315 33,35
Ovinos (cabeças) 122.500 146.872 24.372 16,59
Galos, frangas, frangos e pintos (cabeças) 22.980 25.472 2.492 9,78
Galinhas (cabeças) 13.520 15.024 1.504 10,01
Vacas ordenhadas (cabeças) 4.163 4.729 566 11,97
Leite de vaca (mil litros) 2.331 2.837 506 17,84
Ovos de galinha (mil dúzias) 99 110 11 10,00
Mel de abelha (Kg) 3.250 6.584 3.334 50,64
37
5. ÁREA DE ESTUDO
A área de estudo está situada entre municípios de Juazeiro e Curaçá, no extremo norte
da Bahia, na divisa com o estado de Pernambuco (figura 11).
Destaca-se na região a presença do Rio São Francisco, que define a divisa estadual,
além da marcante paisagem dominada pela vegetação de Caatinga (figuras 9).
FIGURA 9:RIO SÃO FRANCISCO E A CAATINGA MARCAM A PAISAGEM DA REGIÃO.
A paisagem da região se caracteriza pelo relevo plano, com a presença de pequenas
serras, como a Serra da Borracha, referência importante para a região, e a Serra Redonda
(figura 10). A altitude das planícies varia entre 300 e 400 metros, chegando a 670 metros no
alto das serras. Os solos são rasos e arenosos (EMBRAPA, 2012; CUNHA, 2011).
FIGURA 10:FOTOS DO RELEVO PLANO, COM A PRESENÇA DE PEQUENAS SERRAS AO FUNDO. É POSSÍVEL
OBSERVAR A CAATINGA FECHADA NA PLANÍCIE.
Os riachos na região são intermitentes, ficando secos nos períodos de estiagem e tendo
água apenas durante a época de chuvas. Durante os trabalhos de campo todos os riachos
situados na área de estudo apresentaram-se secos (figura 12). Exceção ao Rio Curaçá,
após o encontro com o Riacho Barra Grande, onde havia a existência de poças d’água
(figura 13).
38
FIGURA 11: CARTA IMAGEM DA ÁREA DE ESTUDO E ENTORNO.
39
FIGURA 12: DURANTE OS TRABALHOS DE CAMPO FORAM OBERVADOS LEITOS DE RIACHOS SECOS EM
DIVERSOS PONTOS DA ÁREA DE ESTUDO.
FIGURA 13: O RIO CURAÇÁ, JUNTO À BA-210. ÚNICA PORÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ONDE FOI OBSERVADA
ÁGUA EM UM CANAL DE DRENAGEM.
No interior da área de estudo há um fragmento de Caatinga com elevado nível de
conservação (Caatinga Fechada), situada em área de pouca ocupação, abrangendo a bacia
hidrográfica do Rio Curaçá, do Riacho Melancia e do Córrego Zé Limeira (figuras 10, 14 e
15).
40
FIGURA 14: CARTA IMAGEM DA ÁREA DE ESTUDO (EM VERMELHO) COM DESTAQUE PARA CAATINGA FECHADA (EM AMARELO)
N
41
Do ponto de vista da infra-estrutura, a presença da rodovia estadual pavimentada BA-
210 marca a paisagem (figura 16), conectando o centro do município de Curaçá às sedes
municipais de Juazeiro e Petrolina, onde a oferta de serviços urbanos é abundante. Além
disso, a BA-210 cruza a porção noroeste da área de estudos, influenciando a ocupação das
terras e a atividade social.
A rodovia estadual BA-120 (figura 16), que parte da BA-210 em direção à Barro
Vermelho, distrito de Juazeiro, também cruza a área de estudo. Essa rodovia não
pavimentada atravessa inteiramente a parte central dessa área, no sentido norte-sul,
permitindo acesso à Caatinga nessa região.
FIGURA 15: ÁREA DE CAATINGA FECHADA CRUZADA PELA LINHA DE ATLA TENSÃO SOBRADINHO-PAULO
AFONSO.
FIGURA 16: RODOVIA ESTADUAL PAVIMENTADA BA-210 E RODOVIA ESTADUAL NÃO PAVIMENTADA BA-120.
42
A partir dessa rodovia, vias não pavimentadas cruzam a área de estudo (figura 11).
Estas vias permitem acesso à grande parte dessa área. Porém, onde a Caatinga é fechada
há poucos caminhos, tornando a área mais inacessível, o que ajuda a explicar o melhor
estado de conservação.
As distâncias entre as comunidades rurais e a área central do município de Curaçá,
aonde há a venda de produtos e a oferta de serviços urbanos, é relativamente grande,
dificultando os deslocamentos sem recursos de transporte adequados.
A oferta de transporte público para a porção da área de estudo mais afastada da rodovia
BA-210 é quase que insipiente. Nem mesmo transporte escolar oficial foi observado, apenas
esquemas de lotada feitos por particulares.
Além disso, na área de estudo não foram observados equipamentos de saúde ou
representações de administração governamental. Foram identificadas apenas 2 escolas na
área de estudo.
Há que se destacar ainda a presença da linha de alta tensão que liga as hidroelétricas
de Sobradinho e Paulo Afonso e que cruza a parte centro-oeste da área de estudos no
sentido SO-NE (figura 15).
5.1. Caracterização da Área de Estudos Segundo o Censo Demográfico do
IBGE 2010
A área de estudo abrange parte de 6 setores Censitários, todos inseridos em áreas
rurais, sendo 5 pertencentes ao município de Curaçá e apenas 1 referente ao município de
Juazeiro (figura 3).
5.1.1. Domicílios e Demografia
Os dados do Censo Demográfico do IBGE de 2010, associados aos dados de campo e à
compilação do Serviço de Imagens de Satélite Mundial da ESRI indicam que há 306
domicílios na área de estudo. Segundo o Censo 2010, nesses domicílios residem 697
moradores (tabela 11).
TABELA 11: DOMICÍLIOS E PESSOAS RESIDENTES NA ÁREA DE ESTUDO (FONTE: CENSO IBGE 2010)
Domicílios Pessoas residentes Homens Mulheres
306 697 383 314
43
O Setor Censitário Curaçá 1 e o Setor Censitário Juazeiro, segundo os dados do Censo
2010, são os que possuem mais domicílios e maior número de pessoas residentes (figuras
17 e 18). Além disso, são os Setores Censitários com maior densidade de domicílios e de
habitantes (figuras 19 e 20).
O Setor Censitário Curaçá 1 é cruzado pela BA-210 e pelo Rio São Francisco, de modo
que a maior facilidade de acesso, a maior disponibilidade de infraestrutura e a maior
disponibilidade de água ajudam a explicar a concentração populacional nessa área. Afinal,
nas áreas próximas à BA-210 há abastecimento de água, fornecimento de energia, e
saneamento básico.
O Setor Censitário Juazeiro, segundo com maior densidade populacional e de domicílios
na área de estudo, também apresenta melhor infraestrutura de serviços públicos que os
demais setores de Curaçá, especialmente no que concerne ao fornecimento de energia
elétrica. Isto permite, entre muitas outras coisas, o bombeamento de água a partir de poços,
além da aquisição de equipamentos domésticos básicos, como geladeira. Portanto, a
infraestrutura disponível possibilita uma ocupação da região em melhores condições, o que
ajuda a explicar porque o setor Juazeiro possui maior concentração de pessoas residentes.
221
7
136
24
33
275
0
50
100
150
200
250
300
Curaçá 1 Curaçá 2 Curaçá 3 Curaçá 4 Curaçá 5 Juazeiro
Setores Censitários
Nº
pe
ss
oa
s
FIGURA 17: POPULAÇÃO RESIDENTE NA ÁREA DE ESTUDO, POR SETOR CENSITÁRIO (2010).
44
FIGURA 18: NÚMERO DE DOMICÍLIOS PARTICULARES PERMANENTES NA ÁREA DE ESTUDO POR SETORES CENSITÁRIOS (IBGE, 2010).
45
0,78
0,07
0,62
0,26
0,56
0,93
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
Curaçá 1 Curaçá 2 Curaçá 3 Curaçá 4 Curaçá 5 Juazeiro
Setores Censitários
Nº
de
do
mic
ílio
s /
Km
2
FIGURA 19: DENSIDADE DE DOMICÍLIOS NA ÁREA DE ESTUDO, POR SETOR CENSITÁRIO (2010).
1,64
0,11
1,35
0,62
0,81
2,53
0,00
1,00
2,00
3,00
Curaçá 1 Curaçá 2 Curaçá 3 Curaçá 4 Curaçá 5 Juazeiro
Setores Censitários
Nº
pe
ss
oa
s /
Km
2
FIGURA 20: DENSIDADE HABITACIONAL NA ÁREA DE ESTUDO, POR SETOR CENSITÁRIO (2010).
46
128
4
13
20
93
3
61
1114
133
76
142
0
40
80
120
160
Curaçá 1 Curaçá 2 Curaçá 3 Curaçá 4 Curaçá 5 Juazeiro
Setores Censitários
Nº
de
pe
ss
oa
s
Homens
Mulheres
FIGURA 21: POPULAÇÃO RESIDENTE NA ÁREA DE ESTUDO, POR SEXO E POR SETOR CENSITÁRIO (2010).
63
53
58
42,1
44,5
41,6
58
52
55
37,5
47,4
48,3
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
Curaçá 1 Curaçá 2 Curaçá 3 Curaçá 4 Curaçá 5 Juazeiro
Setores Censitários
%
Homens
Mulheres
FIGURA 22: PERCENTAGEM DE HOMENS E MULHERES RESIDENTES NA ÁREA DE ESTUDO, POR SETOR
CENSITÁRIO (2010).
47
A análise da estrutura etária a partir dos dados do Censo 2010 apresenta um padrão de
distribuição semelhante ao padrão médio nacional e ao padrão médio da Bahia, porém com
uma proporção de idosos maior e de adultos um pouco menor. Há 52% de adultos na área
de estudo, contra 55,6% na média nacional e 54,7% da média baiana. E 15% de idosos,
contra 11% na média nacional e 10,7% na média baiana (figura 23). A proporção de
crianças e adolescentes na área de estudo em 2010 era semelhante àquela observada para
a Bahia e para o Brasil, estando no entorno de 33%.
3,1
5,4
12,9
11,0
52,6
14,9
0,0
20,0
40,0
60,0
0 a 1 anos 2 a 4 anos 5 a 11 anos 12 a 17 anos 18 a 59 anos Mais de 60 anos
% d
e p
es
so
as
co
m m
ais
de
5 a
no
s
FIGURA 23: PERCENTAGEM PESSOAS, POR FAIXA DE IDADE (FONTE: CENSO 2010).
Quando se observa os dados do Censo dividido por setores censitários (figura 24)
percebe-se que o padrão de elevada proporção de idosos é observado em todos os setores,
com exceção de Curaçá 1, onde a proporção das pessoas acima de 60 anos é semelhante
às médias nacionais e baiana. Uma vez que esse setor abrange a área próxima à rodovia,
facilitando o acesso a sede municipal, e ao Rio São Francisco, onde as condições de vida
são melhores e os serviços públicos melhor ofertados, este resultado parece indicar que
nessa área a saída dos adultos foi menos intensa. Nesse setor está também a maior
proporção de crianças até 9 anos, o que reforça a idéia que os adultos jovens não
apresentam o mesmo êxodo que em outras localidades da área de estudos.
48
3,5 3,7 2,9 2,9
6,2 5,9 5,9 5,1
11,9
16,7
14,7
13,0
14,712,4
10,616,7
11,0
13,0
14,7
10,6
56,250,0 47,1
47,8
47,1
53,6
11,516,7 17,6
26,1
14,7 15,3
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Curaçá 1 Curaçá 2 Curaçá 3 Curaçá 4 Curaçá 5 Juazeiro
Setores Censitários
0 a 1 anos 2 a 4 anos 5 a 11 anos 12 a 17 anos 18 a 59 anos Mais de 60 anos
FIGURA 24: PESSOAS POR FAIXA ETÁRIA E POR SETOR CENSITÁRIO (FONTE: CENSO 2010).
Há que se destacar ainda o setor Curaçá 4, que possuía 23 domicílios em 2010, mas
nenhuma criança com menos de 10 anos, além de uma proporção de idosos de mais de
25% dos habitantes locais. Trata-se do setor onde o envelhecimento da população é mais
acentuado.
A explicação para a saída das pessoas mais jovens está associada às condições de
trabalho e emprego, além do deficiente abastecimento de água, fornecimento de energia
elétrica, coleta de lixo e saneamento básico. Somam-se a estes a precariedade dos
transportes públicos e acesso à educação e à saúde.
5.1.2. Educação
A análise dos dados relativos à alfabetização levantados pelo Censo 2010 mostra que
quase 30% dos moradores da área de estudo são analfabetos (figura 25); índice bastante
elevado quando comparado a média nacional (9,6%) e a média do estado da Bahia (16,6%),
sendo mais um indicador da baixa renda da população e suas condições precárias de
escolaridade.
49
70,7
29,3
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
Alfabetizadas Não alfabetizadas
% d
e p
es
so
as
co
m m
ais
de
5 a
no
s
FIGURA 25: PROPORÇÃO DE PESSOAS COM MAIS DE 5 ANOS ALFABETIZADAS E NÃO ALFABETIZADAS.
67,0 67,0
62,064,0
33
29
33
3836
77,0
71,0
23
0
25
50
75
100
Curaçá 1 Curaçá 2 Curaçá 3 Curaçá 4 Curaçá 5 Juazeiro
Setores Censitários
% d
e p
es
so
as
co
m m
ais
de
5 a
no
s
Alfabetizadas Não alfabetizadas
FIGURA 26: PROPORÇÃO DE PESSOAS COM MAIS DE 5 ANOS ALFABETIZADAS E NÃO ALFABETIZADAS, POR
SETOR CENSITÁRIO.
50
Essa situação é mais ou menos a mesma para todos os setores censitários inseridos na
área de estudo. O setor Juazeiro apresenta uma média um pouco menor de analfabetos
(23%), enquanto os setores Curaçá 4 e Curaçá 5 possuem proporções ligeiramente
superiores à média geral da área de estudo (figura 26).
5.1.3. Renda Familiar
Ao analisar a renda familiar por domicílio a partir dos dados do Censo 2010 (figura 27),
nota-se que a população inserida na área de estudo é, de forma geral, de baixa renda. Mas
há uma variação relevante entre as diferentes áreas, com o setor Juazeiro possuindo uma
média de renda acima das demais (1,15 salário mínimo) e o setor Curaçá 5 possuindo uma
média bastante inferior.
0,70
0,82
0,860,89
0,40
1,15
0,00
0,40
0,80
1,20
Curaçá 1 Curaçá 2 Curaçá 3 Curaçá 4 Curaçá 5 Juazeiro
Setores Censitários
Sa
lári
os
mín
imo
s
FIGURA 27: RENDA MÉDIA POR DOMICÍLIO (EM SALÁRIOS MÍNIMOS) NA ÁREA DE ESTUDO, POR SETOR
CENSITÁRIO (2010).
A situação deste último setor é muito grave, com uma média de 0,4 salário mínimo por
domicílio (R$ 271,20 – segundo valores atuais), o que indica uma renda per capta mensal
de R$ 186,67 (dividindo o valor por domicílio pela média de residentes em cada domicílio).
Esse setor inclui 33 pessoas que vivem no assentamento Cacimba da Torre, uma das partes
mais pobres de toda a área de estudo. Associando este dado à baixa disponibilidade de
51
serviços na área (como será demonstrado abaixo) percebe-se que a população desse
assentamento vive em um estado social muito precário, sendo essencial uma intervenção do
estado para alterar essa realidade.
5.1.4. Abastecimento de Água
De forma geral, em quase toda a área de estudo os serviços públicos são extremante
precários, particularmente o abastecimento de água. Quando se analisam os dados
absolutos de abastecimento de água (figura 28) percebe-se que há poucos domicílios com
esse serviço. Mesmo o abastecimento por poços alcança poucos domicílios. A maior parte é
abastecida por “Outras Formas”, segundo o IBGE, o que significa, nessa região, o
abastecimento por carro pipa, forma extremamente precária e de caráter emergencial.
12,5
7,7
12,5
67,3
0,0
25,0
50,0
75,0
100,0
Rede Geral Poço ou
Nascente
Cisterna Outras
formas
Tipos de abastecimento
% d
e d
om
icíl
ios
FIGURA 28: FORMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA NA ÁREA DE ESTUDO, POR DOMICÍLIO (2010).
O abastecimento por carro pipa, na região estudada, garante apenas 8 mil litros de água
por mês, o que é muito pouco para o consumo humano e para a produção. Inclusive, o
programa de abastecimento com carro pipa não permite a utilização da água para produção,
o que inviabiliza o modo de vida da população local, que depende da agropecuária para
sobreviver.
52
Segundo informações do Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento (Snis),
do Ministério das Cidades, o consumo abaixo ou na faixa de 100 litros/habitante/dia pode
indicar uma demanda reprimida, ou seja, a população está conectada, mas não está
recebendo a água na quantidade ideal (retirado do site: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-
09-11/consumo-de-agua-por-habitante-no-brasil-e-estavel). Levando-se em consideração o consumo
mensal das famílias assistidas apenas pelo serviço de abastecimento por carros pipa, o
consumo diário desses domicílios é de cerca de 260 litros/dia. Extrapolando este valor para
uma família de 4 pessoas, o consumo diário por habitante/dia é de cerca de 65 litros, o que
indica que essas populações estariam recebendo um volume de água bem abaixo do ideal,
segundo informações do Sins.
Como dito anteriormente, e segundo os moradores entrevistados, caso os beneficiados
do programa de carros pipa utilize parte desses 8.000 litros para a utilização na lavoura ou
para a manutenção da criação, estes estão sujeitos até a interrupção desse fornecimento.
Quando se distribui as formas de abastecimento por setor censitário (figura 29) nota-se a
preponderância do abastecimento por “Outras Formas” em todos os setores. Isto indica o
nível de precariedade social da região, uma vez que trata-se de área com problemas graves
de seca, onde o abastecimento de água regular é uma necessidade ainda mais urgente.
Destaque para os setores Curaçá 2 e Curaçá 5, onde 100% dos domicílios foram
classificados desse modo. Porém as “Outras Formas” de abastecimento também são
proporcionalmente relevantes para os demais setores, sendo o modo de abastecimento de
mais de 60% dos domicílios em qualquer setor analisado.
O abastecimento por rede geral só é relevante no setor Curaçá 1, onde alcançava, em
2010, 24% dos domicílios existentes, todos situados no entorno da BA-210. Há ainda
domicílios em Juazeiro que são servidos por rede, entretanto não assiste a grande maioria.
Poços são relevantes em Curaçá 3 e cisternas em Juazeiro. Ambos esses tipos de
abastecimento são importantes em Curaçá 4.
53
35,3
2,5
2,9
33,3
12,5
2,6
25,0
28,4
61,8
100,0
64,1 62,5
100,0
69,1
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Curaçá 1 Curaçá 2 Curaçá 3 Curaçá 4 Curaçá 5 Juazeiro
Trechos
Rede Geral Poço ou Nascente Cisterna Outras Formas
FIGURA 29: FORMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA NA ÁREA DE ESTUDO, POR DOMICÍLIO E POR SETOR
CENSITÁRIO (2010).
5.1.5. Saneamento Básico
Precariedade também é observada nos serviços públicos de esgotamento sanitário. Mais
da metade dos domicílios inseridos na área de estudo não possui banheiros, de forma que
os moradores fazem suas necessidades diretamente “no mato”, conforme explicam (tabela
12). Geralmente, essas pessoas têm banheiro apenas para tomar banho e a água desses
banheiros é jogada diretamente no ambiente. Não há fossas e nem rede de esgoto. Já os
domicílios que possuem banheiro, via de regra, têm fossas.
TABELA 12: DOMICÍLIOS E PESSOAS RESIDENTES NA ÁREA DE ESTUDO (FONTE: CENSO IBGE 2010)
Domicílios com banheiro Domicílios sem banheiro
46,9 53,1
A análise por setor censitário (figuras 30 e 31) mostra que a precariedade do
saneamento básico ocorre em todos os setores, abrangendo mais de 60% dos domicílios
em 4 setores do município de Curaçá e 59% no setor Curaçá 3. Mesmo em Juazeiro, onde
há mais domicílios com banheiro, a proporção de domicílios sem banheiro é de 38%.
54
27
1
16
2 2
41
2
23
5
9
31
50
0
20
40
60
Curaçá 1 Curaçá 2 Curaçá 3 Curaçá 4 Curaçá 5 Juazeiro
Setores Censitários
Nú
me
ro d
e d
om
icíl
ios
Com banheiro
Sem banheiro
FIGURA 30: NÚMERO DE DOMICÍLIOS COM E SEM BANHEIRO NA ÁREA DE ESTUDO, POR SETOR CENSITÁRIO
(2010).
39,7
33,3
41,0
28,6
18,2
60,3
66,7
59,0
71,4
81,8
38,3
61,7
0,0
25,0
50,0
75,0
100,0
Curaçá 1 Curaçá 2 Curaçá 3 Curaçá 4 Curaçá 5 Juazeiro
Setores Censitários
% d
e d
om
icíl
ios
Com banheiro
Sem banheiro
FIGURA 31: PROPORÇÃO DE DOMICÍLIOS COM E SEM BANHEIRO NA ÁREA DE ESTUDO, POR SETOR CENSITÁRIO
(2010).
55
5.1.6. Coleta de Lixo
A coleta de lixo é o serviço de maior precariedade na área de estudo. Em campo não foi
possível identificar nenhum domicilio com lixo coletado. A análise a partir dos dados de
Censo reforça essa percepção, na medida em que apenas 5 domicílios em toda a área de
estudo tem coleta de lixo, segundo o Censo 2010 (figura 32). A maior parte dos domicílios
queima o lixo. Há 20 domicílios que jogam o lixo em terrenos baldios. Outras formas de
destinação, inclusive enterrar o lixo, são pouco utilizadas.
A questão do lixo só não é um problema de maior gravidade na área de estudo por conta
da baixa densidade populacional, associada ao baixíssimo nível de consumo dos
moradores. Assim, o volume de lixo produzido não é grande e, mesmo não havendo coleta
desse lixo, problemas graves de acúmulo não ocorrem. Isto não significa que a coleta é
desnecessária. Ao contrário, seria importante que as prefeituras de Juazeiro e Curaçá
oferecessem esse serviço com regularidade, minimizando a queima e o destino inadequado.
5
178
2
20
1
0
50
100
150
200
Coletado Queimado Enterrado Jogado em terreno baldio Outras formas
Destinação do lixo
To
tal
de
do
mic
ílio
s
FIGURA 32: NÚMERO DE DOMICÍLIOS NA ÁREA DE ESTUDO, POR DESTINAÇÃO DO LIXO (2010).
Todos os cinco domicílios que tem o lixo coletado estão no Setor Curaçá 1. Portanto a
oferta desse serviço está associada ao entorno da BA-210 (figura 33). Mas para todos os
setores, inclusive Curaçá 1, a queima de lixo é a forma de destino dominante. O descarte
56
em terreno baldio também é observado para todos os setores, com exceção de Curaçá 2,
mas sempre em proporções pequenas. Em Curaçá 2 há dados para 2 domicílios, de forma
que a proporção elevada de “Outras Formas” é pouco significativa, representando apenas 1
domicílio que dá essa destinação ao seu lixo, enquanto outro domicílio queima.
7,4
75,0
50,0
89,585,7
90,095,1
2,9
14,710,5
14,310,0
4,9
50,0
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Curaçá 1 Curaçá 2 Curaçá 3 Curaçá 4 Curaçá 5 Juazeiro
Trechos
Coletado Queimado Enterrado Jogado em terreno baldio Outras formas
FIGURA 33: PROPORÇÃO DE DOMICÍLIOS NA ÁREA DE ESTUDO, POR DESTINAÇÃO DO LIXO E POR SETOR
CENSITÁRIO (2010).
5.1.7. Fornecimento de Energia Elétrica
O fornecimento de energia elétrica também é deficiente para os domicílios situados na
área de estudo. Apenas 38% possuem fornecimento via rede geral. E 36,5% possuem
outras formas de fornecimento, geralmente a partir de energia solar (figura 34). Este m odo
de fornecimento foi observado frequentemente em campo. Porém, em alguns casos, a
despeito de haver a estrutura, as baterias que armazenam a eletricidade e abastecem as
residências se esgotaram e os moradores não têm dinheiro para comprar novas, o que
demonstra uma deficiência de operação desse sistema.
Cerca de 25% das moradias situadas na área de estudo não possuem qualquer tipo de
forma de energia elétrica. Seus moradores vivem ainda com luz de candeeiro a óleo e,
geralmente, não possuem sequer geladeira a gás.
57
8077
54
37,936,5
25,6
0
25
50
75
100
Rede geral Outras formas Sem energia
Nº de
domicílios
% de
domicílios
FIGURA 34: NÚMERO E PROPORÇÃO DE DOMICÍLIOS NA ÁREA DE ESTUDO, POR TIPO DE FORNECIMENTO DE
ENERGIA ELÉTRICA E POR SETOR CENSITÁRIO (2010).
A análise do fornecimento de energia por setor censitário (figura 35) mostra que os
moradores que não possuem nenhuma forma de energia elétrica são justamente aqueles de
menor renda, como os moradores do assentamento Cacimba da Torre, situado no setor
censitário Curaçá 5.
Apenas os setores censitários Curaçá 1 e Juazeiro possuem uma proporção significativa
de domicílios abastecidos por rede geral, já que são os dois setores com maior oferta de
serviços (o primeiro por estar no entorno da BA-210 e o segundo por estar no município de
Juazeiro).
58
54,4
20,6
66,762,5 71,4
27,3
34,1
25,0
33,3
15,9
72,7
28,632,5
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Curaçá 1 Curaçá 2 Curaçá 3 Curaçá 4 Curaçá 5 Juazeiro
Trechos
Rede geral Outras formas Sem energia
FIGURA 35: PROPORÇÃO DE DOMICÍLIOS NA ÁREA DE ESTUDO, POR TIPO DE FORNECIMENTO DE ENERGIA
ELÉTRICA E POR SETOR CENSITÁRIO.
5.2. Caracterização da Área de Estudos Segundo Dados do Levantamento de
Campo
O grande volume de informações e dados levantados ao longo das 2 campanhas de
campo realizadas no âmbito deste trabalho permitiram o levantamento de dados
socioeconômicos e fundiários essenciais para subsidiar as discussões de estratégias para a
conservação ambiental na área de estudo, possibilitando o detalhamento, atualização e
confirmação dos dados apresentados pelo Censo Demográfico de 2010.
Os dados de campo mostram semelhança com os dados obtidos através do Censo
2010, inclusive no que concerne ao número de moradores e a proporção de homens e
mulheres.
5.2.1. Domicílios e Demografia
Os dados de campo identificaram 306 domicílios e 547 residentes associados aos
imóveis rurais na área de estudo. Desse total, sobre 93 habitantes não foi possível o
conhecimento do sexo e da idade. O restante está dividido conforme tabela 13.
59
TABELA 13: DOMICÍLIOS E PESSOAS RESIDENTES NA ÁREA DE ESTUDO (FONTE: CAMPO 2013)
Pessoas residentes
543
Homens Mulheres Crianças Sem
informação
206 154 104 93
Esses moradores encontram-se dispersos por toda a região estudada (figura 36) e
habitam diversos tipos de conjuntos de imóveis rurais, como assentamentos rurais,
comunidades rurais, fazendas e sítios, além de imóveis de outros tipos, como galpões e
residências isoladas.
A maior parte das pessoas encontra-se nas comunidades rurais, onde também está a
maior parte dos domicílios (figura 37 e tabela 14). Estas comunidades estão espalhadas por
quase toda a área de estudo, estando mais concentradas na porção do município de
Juazeiro. Nessas comunidades também estão as áreas de maior densidade demográfica,
pois as comunidades incluem um número de domicílios relativamente maior e de
características mais adensadas (figura 38).
No conjunto de fazendas e sítios (figura 39) foram contabilizados 101 residências
(ocupadas, abandonadas, fechadas ou em construção) e um total de 185 habitantes.
Também são propriedades que se distribuem de forma mais abrangente por toda a área de
estudo. Todavia, possuem menor densidade populacional que as comunidades ou
assentamentos, sendo fruto de parcelamento de solo menos intenso, na sua maioria por
herança, e de caráter produtivo que assegura a necessidade de áreas menos adensadas
voltadas pra produção agropecuária (figura 40).
A área de estudos conta também com 10 comunidades rurais, aqui identificadas,
principalmente, segundo o entendimento de seus moradores. O que explica o pequeno
número de residências em algumas delas, como a da Fazenda Campo Formoso (apenas 6
residências) e a da Fazenda Cabaceira, que conta apenas com 7 residências.
As comunidades rurais na área estudada contam com 269 habitantes para um total de
109 domicílios ocupados (tabela 14).
60
FIGURA 36: DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO NA ÁREA DE ESTUDOS (FONTE: CAMPO, 2013).
61
6
60
139
101
3
86
269
185
0 50 100 150 200 250 300
Outras
Assentamentos
Rurais
Comunidades Rurais
Fazendas e Sítios
Nº de moradores
Habitantes
Domicílios
FIGURA 37: NÚMERO DE DOMICÍLIOS E HABITANTES NA ÁREA DE ESTUDO, POR TIPO DE CONJUNTO DE IMÓVEIS.
19
16
18
25
41
33
51
14
25
27
9
7
6
15
20
13
23
11
10
25
0 10 20 30 40 50 60
Comunidade da Faz. Baraúna
Comunidade da Faz. Cabaceira
Comunidade da Faz. Campo Formoso
Comunidade da Faz. Caraibeira
Comunidade da Faz. da Mina
Comunidade da Faz. Ipueira
Comunidade da Faz. Passagem
Comunidade da Faz. Saco da Mina
Comunidade da Faz. Barra Grande
Comunidade Faz. Olho dÁgua
Número de domicílios e habitantes por Comunidade Rural
Casas
Moradores
FIGURA 38: NÚMERO DE DOMICÍLIOS E HABITANTES NA ÁREA DE ESTUDO, POR COMUNIDADE RURAL.
62
TABELA 14: TIPOS DE EDIFICAÇÕES POR CONJUNTOS DE IMÓVEIS RURAIS E NÚMERO DE HABITANTES NA ÁREA DE ESTUDO (FONTE: CAMPO 2013).
Assentamento Comunidades Fazendas e Sítios
Outros Total Banguê
Cacimba da Torre
Total Fazenda Baraúna
Fazenda Barra
Grande
Fazenda Cabaceira
Fazenda Campo
Formoso
Fazenda Caraibeira
Fazenda da Mina
Fazenda Ipueira
Fazenda Olho dÁgua
Fazenda Passagem
Fazenda Saco da Mina
Total
Associação de Moradores 1 1 2 1 1 1 4
Bar 0 1 2 3 2 5
Cemitério 0 1 1 2 1 3
Curral 0 2 4 3 5 3 1 1 19 49 1 69
Escola 0 1 1 1 2
Galpão 0 1 2 1 4 25 3 32
Igreja 0 2 2 1 3
Não identificada 0 1 1 1 1 3
Poço comunitário 0 2 1 3 3
Residências ocupadas 14 14 7 9 7 5 10 14 11 20 19 7 109 82 2 207
Residência abandonada 0 1 1 1 2 1 6 4 4 14
Residência em construção 0 1 1 2 2 4
Residência fechada 26 26 1 1 2 2 2 1 3 1 13 13 2 54
Residências temporárias 20 20 0 20
Segunda residência 0 1 2 2 2 3 10 1 11
Moradores 70 16 86 19 25 16 18 25 41 33 27 51 14 269 188 4 547
63
FIGURA 39: FOTOS DE ALGUMAS COMUNIDADES INSERIDAS NA ÁREA DE ESTUDO: DA FAZENDA CAMPO
FORMOSO (ACIMA, À ESQUERDA); DA FAZENDA CARAIBEIRA (ACIMA, À DIREITA); DA FAZENDA BARRA GRANDE
(ABAIXO, À ESQUERDA) E DA FAZENDA OLHO D’ÁGUA (ABAIXO A ESQUERDA).
FIGURA 40: FOTOS DE SÍTIOS E FAZENDAS: CAMPO ALEGRE (À ESQUERDA); MOÇA BRANCA (À DIREITA).
Existem ainda 2 assentamentos rurais inseridos na aérea de estudos. Estes contam com
um total de 86 moradores para 34 imóveis ocupados. Cabe ressaltar, a baixa taxa de
ocupação desses assentamentos, o que pode estar relacionado tanto à severa seca que
assola essas áreas (no caso do Assentamento Bangüê), que dificulta a permanência dessas
64
famílias assentadas, quanto ao processo de assentamento de famílias ainda não estar
terminado (no caso do Assentamento Cacimba da Torre) (figura 41).
FIGURA 41: ASSENTAMENTOS CACIMBA DA TORRE (A ESQUERDA) E BANGUÊ .
Ao analisar os dados de campo relativos á faixa etária da população residente na área
de estudo, coletados após um período de 3 anos de seca intensa, durante os meses de
agosto e setembro de 2013, nota-se uma pequena alteração no perfil em relação aos dados
do Censo de 2010.
O gráfico de distribuição de idades construído com base nas informações de campo
mostra que a proporção de pessoas até 19 anos é de 30,3% do total (figura 42), contra uma
média nacional de 33,1% e uma média estadual de 35,1%.
Particularmente, há menor proporção de crianças, nas três faixas etárias (0 a 4 , 5 a 9 e
10 a 14), cujas percentagens somam 21,5% do total de pessoas, segundo os dados de
Campo. No Brasil a percentagem média dessas faixas etárias somadas é de 24,2% e na
Bahia 25,6%. Os dados do Censo 2010 para a área de estudo mostram uma proporção de
21,5% de crianças até 11 anos (figura 24) e, portanto, uma proporção maior de crianças até
14 anos do que aquela encontrada em campo.
Tendo em vista que a contagem total de pessoas realizada a partir dos trabalhos de
campo também foi menor que a contagem realizada pelo Censo IBGE 2010, é possível que
isto indique que as pessoas que têm filhos pequenos estão deixando a área em tempos de
seca. Esta informação foi diretamente relatada em algumas entrevistas de campo.
Os dados de campo também mostram uma proporção elevada de idosos, com 24,5% de
pessoas acima dos 60 anos. Proporção ainda superior àquela indicada pelo Censo 2010,
que apontava 15% (figura 24), que já era comparativamente alta. Ressalta-se que a relação
65
dos moradores mais velhos com a terra e a região é de maior apego, corroborando com as
entrevistas de campo que apontaram que esse grupo nasceu e foi criado na região e que
não possui pretensões sair. É possível que a concentração de idosos tenha aumentado
entre 2010 e 2013 com a saída dos moradores mais jovens, que possuem filhos – situação
apontada pelos entrevistados em campo. Inclusive, um dos temas discutidos durante a
reunião de moradores de agosto de 2013 da comunidade da Fazenda Melancia e
Adjacentes, foi a carência de jovens para assumir o papel de liderança nas discussões
comunitárias.
6,7
8,1
6,7
6,0
7,0
4,2
7,4
4,2
7,4
7,4
4,6
2,5
0,7
1,1
0,7
8,8
8,8
3,9
3,9
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0
0-4
5 -9
10-14
15-19
20-24
25-29
30-34
35-39
40-44
45-49
50-54
55-59
60-64
65-69
70-74
75-79
80-84
85-89
90-94
%
FIGURA 42: PERCENTAGEM PESSOAS, POR FAIXA DE IDADE (FONTE: DADOS DE CAMPO 2013).
Quando se observa a pirâmide etária com separação por sexo (figura 43) nota-se que
há, realmente, uma proporção elevada de idosos e uma proporção pequena de crianças,
especialmente meninos. Mas que na idade adulta e nos idosos entre 60 e 70 anos a
preponderância é de homens em relação às mulheres, como já mostrado pelos dados do
Censo 2010. Isto parece estar relacionado com a existência de alguns homens morando só,
o que quase não ocorre com as mulheres.
66
-1,58
-1,98
-1,19
-5,14
-2,77
-2,37
-3,16
-3,95
-2,77
-5,14
-4,74
-2,77
-4,74
-2,77
-1,19
-0,40
-0,40
-0,40
2,77
2,77
2,77
3,56
1,58
1,98
3,56
3,95
1,98
4,74
3,56
1,98
2,77
3,56
2,37
1,58
0,40
0,79
0,40
-5,53
-6,0 -5,0 -4,0 -3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
0-4
5 -9
10-14
15-19
20-24
25-29
30-34
35-39
40-34
45-49
50-54
55-59
60-64
65-69
70-74
75-79
80-84
85-89
90-94
Fa
ixa
s E
tári
as
%
Homens Mulheres
FIGURA 43: PIRÂMIDE ETÁRIA DA ÁREA DE ESTUDO (FONTE: DADOS DE CAMPO 2013).
5.2.2. Situação do Entrevistado em Relação à Residência
A partir dos questionários, foi possível entender a situação dos entrevistados em relação
à residência onde onde foi realizada a entrevista.
Percebeu-se que a maior parte das pessoas residentes são proprietários ou familiares
de proprietários (tabela 15), mesmo sendo de baixa renda. Isto indica o pequeno valor da
terra na região, especialmente nas áreas afastadas do Rio São Francisco, e o processo
histórico de repartição por herança, que faz dos moradores donos de um pedaço de terra
que é dividido pelos familiares e seus descendentes.
TABELA 15: SITUAÇÃO DO ENTREVISTADO EM RELAÇÃO À RESIDÊNCIA (FONTE: CAMPO 2013)
Situação Número
Administrador de fazenda 4
Assentado 2
Empregado 1
Invasor 10
Morador e proprietário ou familiar de proprietário 161
Posseiro 2
Proprietário não morador 47
67
Os empregados rurais que moram nas fazendas onde responderam aos questionários
totalizam apenas 5, sendo 4 administradores de fazenda e um trabalhador. Isto ocorre, pois
a maior parte das residências pertence a pequenos e médios proprietários no sistema de
produção familiar (mão-de-obra familiar). Desta forma, há poucos empregados,
especialmente em época de seca, quando até mesmo os diaristas são raros.
Apenas as propriedades situadas junto ao Rio São Francisco e à BA-210 possuem mão
de obra assalariada. São geralmente produtoras de frutas..
Os pequenos e médios proprietários, predominantes na área de estudo, em alguns
casos, contratam um diarista de vez em quando para ajudar em uma tarefa específica, mas
não possuem empregados.
5.2.3. Ocupação Principal
Uma análise da ocupação principal das pessoas entrevistadas ou sobre as quais foi
possível obter essa informação (na maior parte dos casos retirada dos questionários) indica
a predominância de aposentados vivendo na área (tabela 14). Contando também
pensionistas, são 48% dos adultos residentes.
TABELA 16: OCUPAÇÃO PRINCIPAL DOS MORADORES ADULTOS (FONTE: CAMPO 2013)
Ocupação principal %
Aposentado 45
Produtor rural 28
Administrador de fazenda 5
Empregado de Fazenda 5
Professor 3
Diarista 3
Pensionista 2
Aposentado e pensionista 1
Caseiro 1
Comerciante 1
Estudante* 1
Garimpeiro 1
Pedreiro 1
Serviços gerais na escola 1
Desempregado 1
Transportador de crianças 1
Total 100
*Trabalha na agropecuária como diarista e na propriedade do pai
68
Isto é reflexo da idade média avançada. Mas é conseqüência também da condição
precária de vida dos moradores, que não possuem água para produzir. Desse modo,
apenas aqueles que possuem uma renda fixa de aposentadoria ou pensão conseguem ficar
na área. Os que dependem de um trabalho tendem a sair para Curaçá ou Juazeiro, pois
viver da produção agropecuária em tempos de seca não é possível e a oferta de empregos
é muito pequena.
Por conta disso, a proporção de moradores que afirmou ter como ocupação principal a
produção rural foi de apenas 28%, a despeito da maior parte das propriedades servirem
para moradia e para produção pecuária, especialmente de cabra ou ovelha (figura 44). Mas
a principal fonte de renda é a aposentadoria, para grande parte das famílias.
Há ainda administradores de fazenda (4 empregados e 1 proprietário), 3 professores, 3
pessoas que trabalham por diária (geralmente em fazendas) e alguns outros profissionais.
9,3
44,7
9,9
1,90,6
1,9
31,7
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
Somente moradia Moradia e pecuária Moradia, pecuária e
agricultura
Somente pecuária Somente agricultura Moradia e
agricultura
Moradia e sem
informação sobre
produção
%
FIGURA 44: UTILIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES (FONTE: DADOS DE CAMPO 2013).
5.2.4. Escolaridade
Com exceção dos professores, as demais profissões indicam um baixo nível de
escolaridade. Isto é confirmado pelos dados de campo relativos ao nível de escolaridade da
população inserida na área de estudo (figura 45).
69
A taxa de analfabetismo levantada em campo foi bem próxima à taxa de 29,3%
encontrada no Censo 2010. Somando-se aqueles que se declararam analfabetos aos
analfabetos funcionais chega-se a uma taxa de 27,4% do total de pessoas entrevistadas. Ao
somarmos este total àqueles que declararam que sabem ler e escrever, mas não
frequentaram escola, chega-se a 28,9%. Este nível é muito elevado quando comparado com
as taxas nacional e estadual, conforme demonstrado na análise por setor censitário. É alta
comparada também à taxa de Juazeiro, que é de 18,3%. Porém, está abaixo da taxa
encontrada para o município Curaçá, que é superior a 30%. Deve ser destacado, que a taxa
de campo refere-se apenas a adultos, uma vez que as crianças estavam todas na escola e
não foram levantadas informações sobre defasagem de aprendizado.
12,3
1,5
0,0
1,5
10,8
23,1
7,7
1,5
6,2
1,5
0,0
7,7
1,5 1,5
10
8
10
1
3
7
15
5
12
4
10
5
1 1
3,1
4,6
15,4
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
An
alfa
be
to
An
alfa
be
to f
uncio
na
l
Lê e
escre
ve
1º
ano
- b
ásic
o
2º
ano
- b
ásic
o
3º
ano
- b
ásic
o
4º
ano
- b
ásic
o
5º
ano
- b
ásic
o
6º
ano
- b
ásic
o
7º
ano
- b
ásic
o
8º
ano
- b
ásic
o
9º
ano
- b
ásic
o
1º
ano
- m
édio
2º
ano
- m
édio
3º
ano
- m
édio
No
rma
l
Su
pe
rio
r
% de entrevistados Total de entrevistados
FIGURA 45: NÍVEL DE ESCOLARIDADE DOS ENTREVISTADOS. (FONTE: DADOS DE CAMPO 2013).
A despeito do universo de análise contar apenas com pessoas adultas, o nível de
escolaridade das pessoas alfabetizadas também não é elevado. Há apenas um entrevistado
com nível superior e outros 6 que finalizaram o curso médio ou normal. Isto significa que
apenas 10,7% das pessoas possuem ensino médio completo.
A classe que possui maior representatividade é a das pessoas com ensino básico
completo, que representam 23% do total de pessoas. Há ainda 17,2% que não completaram
70
sequer o ensino básico. Somando-se àqueles que não foram à escola, obtém-se um total de
36,1% de pessoas que não possuem sequer o ensino básico.
Uma análise da escolaridade associada à idade permite perceber que os mais novos
tendem a possuir um grau mais elevado de escolaridade. Fato relacionado à melhoria do
acesso ao ensino nos últimos 15 anos, especialmente para crianças acima de 6 anos.
Entre os entrevistados, aqueles que não freqüentaram a escola encontram-se acima de
47 anos de idade, e esse conjunto apresentou uma média de 63,4 anos. Entre os que
completaram o ensino básico, a média de idade foi de 48,5 anos, sendo a menor idade
deste grupo a de 25 anos. Entre os que terminaram o ensino médio, a média de idade foi de
46,7 anos.
Estes dados demonstram mais uma vez a pobreza da população e a falta de alternativas
para o desenvolvimento, além da necessidade de investir na educação dos mais jovens para
alterar a realidade regional.
5.2.5. Renda
A renda média na área de estudo é baixa quando comparada à média nacional e a do
estado da Bahia, conforme indicado pelo Censo 2010. Porém, os dados de campo
mostraram uma situação um pouco melhor que aquela retratada pelo Censo 2010.
As diferenças parecem revelar uma dificuldade do Censo e do presente estudo para o
levantamento de informações sobre renda, pois muitas pessoas não gostam de responder a
essa questão. Ainda assim, a análise de campo permite perceber que a pobreza é
acentuada e a dependência dos recursos institucionais é a regra.
Segundo os dados de campo, a renda média por residência é de 1,7 salários mínimos,
significativamente mais alta que o valor informado pelo Censo 2010, que variou entre os
Setores Censitários com valores entre 0,4 e 1,15 salários mínimos. E a renda média por
pessoa é de 0,8 salário mínimo. Mas é importante ressaltar o elevado desvio padrão em
torno das médias por pessoa e por domicílio, indicando que há uma variação expressiva de
renda entre os moradores. Reforçando esse dado, os valores extremos mostram um
domicílio que tem renda per capta mensal de apenas 0,05 salário mínimo e outro com renda
de 5,16 mínimos (tabela 17).
Em função das atividades produtivas estarem desestruturadas, a renda dos moradores é
formada, basicamente, por aposentadorias e pensões, representando a principal fonte para
a maioria das famílias (tabela 18). Benefícios esses que garantem um mínimo de condições
71
de vida para os moradores da área de estudo. Durante as campanhas de campo, era
facilmente observada a dependência dos demais moradores em relação aos idosos, que por
possuírem aposentadoria (renda mensal fixa), garantem boa parte do sustento dos
dependentes.
TABELA 17: RENDA FAMILIAR (EM SALÁRIOS MÍNIMOS). N = 85 (FONTE: CAMPO 2013)
Média por domicílio 1,71
Desvio padrão domicílio 1,44
Menor renda domicílio 0,10
Maior renda domicílio 9,53
Média por pessoa 0,80
Desvio padrão pessoa 0,86
Menor renda por pessoa 0,05
Maior renda por pessoa 5,16
Além disso, programas de ajuda governamental, especialmente Bolsa Família e Seguro
Safra, ajudam a complementar a renda de uma parcela importante dos moradores da região
(tabelas 19 e 20).
TABELA 18: RENDA FAMILIAR PROVENIENTE DE APOSENTADORIAS E PENSÕES (EM SALÁRIOS MÍNIMOS). N = 91
(FONTE: CAMPO 2013)
Recebem 67
Não recebem 22
Média por pessoa que recebe (R$) 1,57
Desv. padrão por residência que recebe (R$) 1,10
TABELA 19: RENDA FAMILIAR PROVENIENTE DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA (EM SALÁRIOS MÍNIMOS). N = 91
(FONTE: CAMPO 2013)
Recebem 28
Não recebem 63
Média por residência que recebe (R$) 0,23
Desvio padrão por residência que recebe (R$) 0,15
TABELA 20: RENDA FAMILIAR PROVENIENTE DO SEGURO SAFRA (EM SALÁRIOS MÍNIMOS). N = 91 (FONTE: CAMPO 2013)
Recebem 17
Não recebem 72
Média por residência que recebe (R$) 0,21
Desvio padrão por residência que recebe (R$) 0,00
Estas rendas provavelmente explicam as diferenças entre os dados de campo e os do
Censo, especialmente o Seguro Safra. Esta forma de renda não havia sido incorporada ao
rendimento dos moradores em 2010, pois a seca ainda não havia se instalado. Além disso,
o envelhecimento proporcional da população entre 2010 e 2013, com maior concentração de
72
idosos e saída de alguns adultos jovens e de crianças, sugerem um aumento médio de
renda por domicílios e por pessoa.
5.2.6. Abastecimento de Água
Grande parte da população da área de estudo sofre com problemas de infraestrutura de
serviços públicos, como ficou nítido a partir dos dados do Censo 2010. E o abastecimento
de água é o maior dos problemas, tendo em vista a escassez desse recurso na região do
semi-árido e a pouca efetividade de políticas voltadas para uma resolução definitiva desta
situação.
Os dados de campo confirmam aquilo que foi descrito pelo Censo 2010. Enquanto os
dados do IBGE indicam 67% dos domicílios são abastecidos por “Outras Formas”, os dados
de campo mostram que a 43% dos domicílios são abastecidos por carros pipa, que se
enquadra nesta classe de abastecimento (figuras 46 e 47).
9,9
32,3
12,4
0,41,8
0,4
42,9
0
25
50
Rede Poço Cacimba Pipa Açude Barragem Rio SF
Tipo de Abastecimento de Água
%
FIGURA 46: FORMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA, POR DOMICÍLIO. (FONTE: DADOS DE CAMPO 2013).
Esta forma precária de abastecimento depende de um programa governamental sob
gerência do Exército Brasileiro, que organiza a distribuição dos carros pipa para a região
estudada. O volume ofertado pelos caminhões é limitado a 8 mil litros por mês e não permite
73
a utilização da água para dessedentação animal. Além disso, depende da existência de uma
cisterna para receber a água. Deste modo, este programa está associado a programas de
construção de cisternas nas propriedades.
Em campo, foi possível perceber a existência de dois tipos de cisternas, relacionados a
dois programas em desenvolvimento na região. Um mais antigo, que construiu cisternas de
52.000 litros, e outro mais recente, que construiu e vem construindo cisternas de 16 mil
litros. Esse último programa é bastante difundido na área de estudo, com quase todas as
propriedades possuindo esse tipo de cisterna ou em vias de possuí-las (figura 47).
FIGURA 47: AS FOTOS APRESENTAM AS DIFERENTES FORMAS DE ABASTECIMENTO NA REGIÃO. EM SENTIDO
HORÁRIO, OBSERVA-SE A CAPTAÇÃO DE ÁGUA NO RIO SÃO FRANCISCO PELOS “PIPEIROS”, A CAPTAÇÃO DE
ÁGUA PLUVIAL EM UMA CISTERNA DE 16.000 LITROS; UM POÇO COMUNITÁRIO MOVIDO POR BOMBA ELÉTRICA E
UM POÇO PARA A DESSEDENTAÇÃO DE ANIMAIS MOVIDO POR MOINHO DE VENTO.
74
O abastecimento por água de poço é de considerável importância no contexto da área
de estudo, sendo responsável pelo abastecimento de cerca de 32% dos domicílios (figuras
46, 47 e 49). Há poços que funcionam com bombas, quando o mesmo está em área com
fornecimento de energia elétrica, ou poço com bombeamento por moinho de vento, quando
em outras áreas. No geral, os maiores adensamentos de pessoas, como as comunidades
rurais e os assentamentos, concentram esse tipo de abastecimento de água (figura 49).
A utilização de cacimbas (figuras 48 e 50) também se enquadra na classificação de
“Outras Formas” de abastecimento de água pelo Censo IBGE. Esta forma responde por boa
parte da água utilizada nas propriedades (12,4% dos entrevistados) e expressa a
importância da utilização direta da rede de drenagem por parte da população, que também
orienta a criação de animais para as poucas poças de água que se mantém em áreas
pontuais da rede hidrográfica local (figura 48).
A intensa utilização da rede de drenagem intermitente também pode ser constatada pela
grande quantidade de cercas que as cruzam, sugerindo uma preocupação com a
delimitação de propriedade nesses locais. As áreas mais distantes do Rio São Francisco e,
principalmente nos afluentes do Riacho Barra Grande localizados no município de Curaçá e
a montante do encontro com o Riacho Melancia, concentram um maior numero de
entrevistados que utilizam esse recurso (figura 50).
Ainda sobre a utilização direta da rede fluvial, observou-se em campo o uso de
maquinários para a abertura de poças de água, que ainda são descobertas em menores
profundidades ao longo dos leitos dos riachos secos.
O Abastecimento via Rede Geral atinge 10% do total de domicílios, valor próximo àquele
indicado pelos dados do Censo 2010 (12,5%). Geralmente esses domicílios estão situados
no entorno da BA-210 ou localizados em áreas mais adensadas no município de Juazeiro.
FIGURA 48: FOTO DE CACIMBA ABANDONADA (ESQUERDA) E DE ANIMAIS UTILIZANDO POÇAS DE ÁGUA NOS
LEITOS SECOS DOS RIACHOS.
75
FIGURA 49: DISTRIBUIÇÃO DAS PESSOAS ENTREVISTADAS QUE UTILIZAM OU NÃO O ABASTECIMENTO POR POÇO NA ÁREA DE ESTUDO.
76
FIGURA 50: DISTRIBUIÇÃO DAS PESSOAS ENTREVISTADAS QUE UTILIZAM OU NÃO O ABASTECIMENTO POR CACIMBA NA ÁREA DE ESTUDO.
77
5.2.7. Saneamento Básico
O saneamento básico é um serviço extremamente precário na área de estudo. Não foi
identificado nenhum domicílio com rede de coleta de esgoto, nem mesmo junto à BA-210.
Além disso, observou-se que 62% dos domicílios situados na área de estudo não possuem
banheiros na propriedade (figura 51). Essa média é superior àquela apresentada pelo Censo
2010, que é de pouco mais de 53%. Independentemente de qual informação é mais precisa,
ambos os dados demonstram um elevado percentual de pessoas fazendo suas necessidade
diretamente no ambiente.
Estes dados são ainda mais relevantes quando se sabe que as pessoas sem banheiro
são, preponderantemente, as mesmas que não possuem formas adequadas de
abastecimento de água e que possuem as menores rendas per capta, como observado em
alguns assentamentos e comunidades rurais.
1820
62
0
25
50
75
Fossa séptica Fossa rudimentar Sem banheiro
Tipo de esgitamento sanitário
%
FIGURA 51: FORMAS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO, POR DOMICÍLIO. (FONTE: DADOS DE CAMPO 2013).
5.2.8. Coleta de lixo
Não foi identificada nenhuma forma de coleta de lixo na área de estudo. Os dados de
campo, assim como os dados do Censo 2010, indicam que a maior parte do lixo produzido é
queimada (figura 52). Há ainda alguns locais onde o lixo é jogado no próprio terreno.
78
Nessas áreas pontuais, o lixo pode ser um problema de saúde pública e de impacto
ambiental. Porém, em função do pouco consumo das famílias, a produção de lixo é
pequena, e esse impacto aparentemente reduzido.
FIGURA 52:EM CAMPO FORAM OBSERVADOS INDÍCIOS DE QUEIMA DE LIXO E LIXO JOGADO EM TERRENO
BALDIO.
5.2.9. Fornecimento de Energia
A situação de fornecimento de energia é um pouco melhor que a dos demais serviços
públicos, apesar de ainda estar distante do ideal. 63% dos domicílios inseridos na área de
estudo possuem fornecimento de energia via rede geral (figuras 53 e 54).
A distribuição de energia elétrica é realizada pela Companhia de Eletricidade do Estado
da Bahia (Coelba), sendo a responsável pela a ligação da rede nas comunidades e
domicílios beneficiados.
FIGURA 53: FOTOS DAS DUAS PRINCIPAIS FORMAS DE FORNECIMENTO DE ENERGIA NA ÁREA DE ESTUDOS. A
FOTO DA ESQUERDA EXEMPLIFICA O FORNECIMENTO VIA REDE GERAL; E NA FOTO DA DIREITA OBSERVA-SE UMA
DAS INÚMERAS RESIDENCIAS QUE POSSUEM CELULAS VOLTAICAS PARA A OBTENÇÃO DE ENERGIA ELETRICA.
79
63,1
0,0
18,7 18,3
0
25
50
75
Rede Gerador Solar Sem energia
Tipos de fornecimento de energia
%
FIGURA 54: FORMAS DE FORNECIMENTO DE ENERGIA, POR DOMICÍLIO. (FONTE: DADOS DE CAMPO 2013).
O percentual elevado de domicílios com acesso a rede de distribuição de eletricidade
está relacionado, sobretudo, ao fornecimento para as comunidades mais populosas,
especialmente àquelas situadas entre o Rio São Francisco e a BA-210 e nas localizadas no
município de Juazeiro. E quando observado à luz da totalidade da área estudada, fica
expressivo que este tipo de fornecimento ainda está distante de cobrir toda sua extensão
(figura 55).
Ainda segundo a figura 55, observa-se que uma pequena região compreendida pelo
Setor Fundiário Riachos do Icó e Serra Redonda e pela porção sul do Setor Fundiário Médio
Curso Melancia e Alto Banguê, é a única área distante do São Francisco e inserida no
município de Curaçá que se encontra integrada a rede estadual de distribuição de energia.
Provavelmente, por conta da necessidade de conectar o assentamento rural do Banguê à
rede geral, beneficiando também, parte dos munícipes de Curaçá que moram nas fazendas
e sítios do entorno dos Riachos do Icó, da Serra Redonda e do Banguê.
Há ainda 18,7% de domicílios que possuem abastecimento via painéis solares,
possuindo uma placa com células voltaicas no alto das casas (figura 53).
80
FIGURA 55: DISTRIBUIÇÃO DOS ENTREVISTADOS QUE POSSUEM OU NÃO ACESSO A REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA.
81
O problema desse abastecimento, conforme discutido no item relativo ao Censo 2010, é
que, em alguns casos, as baterias que armazenam a energia solar se esgotaram e os
moradores não têm dinheiro para comprar novas, reduzindo a efetividade desse tipo de
abastecimento.
Na área de estudo, 18% dos domicílios não possuem luz elétrica. São, em geral, aqueles
que pertencem aos moradores de menor renda e que não possuem abastecimento de água
e nem banheiro.
5.2.10. Comunicação
A comunicação via celular rural é bastante difundida na área de estudo, tendo sido
identificado que parte significativa das residências possui essa forma de comunicação
(figura 56). Trata-se da única forma remota de comunicação na maior parte da área, uma
vez que não há rede de telefonia fixa e a rede de telefonia móvel regular não possui
cobertura quase que na totalidade da área estudada.
FIGURA 56: CASA COM ANTENA DE CELULAR RURAL
82
5.2.11. Produção
Uma das poucas alternativas de trabalho na área rural do semi-árido é a pecuária, uma
vez que as principais áreas de agricultura encontram-se às margens do Rio São Francisco
e, geralmente, em grandes propriedades de fruticultura irrigada. Desta forma, a economia
agrícola predominante da área de estudos é caracterizada pelas atividades pastoris, com o
domínio da criação extensiva de caprinos e ovinos e, em menor intensidade, de bovinos.
Nas áreas que não possuem acesso direto às águas do Rio São Francisco, a agricultura
é bastante insipiente, sendo realizada, segundo os entrevistados, apenas “quando chove”
(figura 57). Quando existe a possibilidade de praticá-la, as culturas priorizadas são as do
milho, arroz, feijão e melancia, entre outras menos realizadas.
Mesmo a produção de forragem para alimentar os animais, atualmente, é praticamente
inexistente, mesmo nas áreas próximas ao Rio São Francisco – que prioriza a agricultura
em detrimento da pecuária (figura 57).
FIGURA 57: FOTOS QUE CARACTERIZAM A ATIVIDADE AGRÍCOLA. AS FOTOS ACIMA REPRESENTAM A
AGRICULTURA INCIPIENTE DAS PROPRIEDADES DISTANTES DO RIO SÃO FRANCISCO, E AS FOTOS ABAIXO
EXEMPLIFICAM AS PRÁTICAS AGRICOLAS IRRIGADAS NAS PROPRIEDADES ÀS MARGENS DO RIO SÃO
FRANCISCO.
83
Apesar da atividade agrícola não ter sido observada na porção da área de estudos mais
distante do Rio São Francisco, muitos dos entrevistados se identificam como
agropecuaristas, insistindo que o único limitante para a prática da agricultura é a dificuldade
de acesso a água para irrigação.
A principal atividade produtiva na área estudada é a pecuária, especialmente a ovina e
caprina, estando dispersa em praticamente toda a área de estudo (figura 60). Os caprinos e
ovinos representam os principais rebanhos locais, totalizando mais de 13.500 animais
(figuras 59 e 60), com uma média de pouco mais de 100 cabeças por proprietário pecuarista
(figura 61).
Tal fato deve-se ás características desses animais, que se apresentam mais preparados
para as condições severas do semi-árido. Os demais tipos de criação são pouco
significativos. Mesmo os bovinos, que em tempos de seca estão cada vez mais restritos à
algumas poucas propriedades, geralmente as maiores e com melhores recursos (figura 62).
O número de jegues, cavalos e burros é pouco significativo na área de estudos,
entretanto, é freqüente observar pelo menos um destes em algumas propriedades (figura
62).
66
30
17 15
33
1 1
12
27
5562 64
74
48
78
5
82
240
0
50
100
150
200
250
300
Ca
prin
os
Ovin
os
Bovin
os
Equin
os
Je
gu
es
Burr
o
Galin
ha
Pato
Leite
Nº de proprietários que criam Nº de proprietários que não criam
FIGURA 58: NÚMERO DE PROPRIETÁRIOS QUE PRATICAM E NÃO PRATICAM PECUÁRIA, POR TIPO DE CRIAÇÃO. UNIVERSO DE DADOS VARIÁVEL ENTRE 79 E 241 (FONTE: DADOS DE CAMPO 2013).
84
6486
6198
40 60 5 3
402532
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Caprinos Ovinos Bovinos Equinos Jegues Burro Galinha Pato
Tipo de criação
Nº
de
ca
be
ça
s
FIGURA 59: TOTAL DE CABEÇAS, POR TIPO DE CRIAÇÃO. UNIVERSO DE DADOS VARIÁVEL ENTRE 79 E 241
(FONTE: DADOS DE CAMPO 2013).
FIGURA 60: AS FOTOS ACIMA MOSTRAM OS REBANHOS QUE SÃO AGRUPADOS NO FIM DE TARDE, ENQUANTO
QUE AS FOTOAS ABAIXO MOSTRAM OS POUCO CASOS EM QUE SE COMPLEMENTA A DIETA DESSES ANIMAIS, GERALMENTE OCORRE QUANDO HÁ INTENSÃO BREVE DE ABATÊ-LOS PARA A VENDA.
85
101,3
121,53
2,35 41
3
16,75 17,16
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
140,0
Caprinos Ovinos Bovinos Equinos Jegues Burro Galinha Pato
Tipos de criação
Cab
eç
as
/pro
pri
etá
rio
FIGURA 61: MÉDIA DE CABEÇAS POR PROPRIETÁRIO E POR TIPO DE CRIAÇÃO. UNIVERSO DE DADOS VARIÁVEL
ENTRE 79 E 241 (FONTE: DADOS DE CAMPO 2013).
FIGURA 62: FOTOS DE OUTROS ANIMAIS CRIADOS NA ÁREA DE ESTUDOS, COMO GALINÁCEOS, BOVINOS, ASINOS E EQUINOS (REPRESENTADOS NAS FOTOS, EM SENTIDO HORÁRIO)
86
Em função da seca, muitos produtores têm dificuldades de vender seus animais, seja
pelo baixo valor devido à condição de peso dos mesmos, ou pela diminuta produção que
acaba voltada apenas para a subsistência (tabela 21). Segundo os dados dos entrevistados,
quase a metade dos produtores tem utilizado seus animais apenas para alimentação, e
somente 10% produzem estritamente para a comercialização. A maior parcela desses,
43,4%, produz tanto para a subsistência quanto para a venda – esta última geralmente
associada ao excedente do consumo familiar.
TABELA 21: DESTINO DA PRODUÇÃO PECUÁRIA (FONTE: CAMPO 2013)
Destino da produção Total %
Comércio 8 10,5
Subsistência 35 46,1
Subsistência e comércio 33 43,4
Total 76 100
Além dos problemas de produção relacionados às dificuldades de uma infraestrutura
deficiente, especialmente de abastecimento de água, de acesso à energia elétrica e ao
transporte, a dificuldade de financiamento é um grande entrave para o desenvolvimento
dessas atividades. Foi identificado que mais de 93% dos produtores não possuem qualquer
tipo de financiamento (tabela 22). Apenas 4 produtores possuem financiamento do
Programa Nacional de Agricultura Familiar e um do Banco do Nordeste. Alguns
entrevistados afirmaram que, diante da situação de seca, os produtores evitam pegar
financiamento, pois não conseguem pagá-los. Neste contexto, o auxílio safra é um elemento
importante, conforme apresentado no item sobre renda.
TABELA 22: FINANCIAMENTO PARA A PRODUÇÃO PECUÁRIA (FONTE: CAMPO 2013)
Financiamento Total %
Pronaf 4 4,9
Banco do Nordeste 1 1,2
Sem financiamento 76 93,8
Total 81 100
A deficiente estrutura da produção pecuária na Caatinga, que se estende por
praticamente toda área de ocorrência histórica da ararinha-azul, gera impactos relevantes
sobre os ecossistemas da região. Esses animais são criados de forma extensiva, sem
confinamento, e muitas das vezes em áreas de pastoreio comunais que incluem os próprios
fragmentos de Caatinga (figura 63). Quando há água, os produtores fornecem forragem para
complementar a alimentação. Mas na estiagem, isto se acentua, pois as pastagens somem
87
e a possibilidade de produzir forragem para os animais também. Apenas as espécies de
Caatinga permanecem e os animais intensificam o consumo das mesmas.
FIGURA 63: FOTOS DE OUTROS ANIMAIS CRIADOS NA ÁREA DE ESTUDOS, COMO GALINÁCEOS, BOVINOS, ASINOS E EQUINOS (REPRESENTADOS NAS FOTOS EM SENTIDO HORÁRIO)
Esta situação amplia a intensidade dos impactos sobre a Caatinga.
Essa forma de produção é a única possível dentro da condição atual de infraestrutura na
Caatinga, de forma geral, e na área de estudo, em particular. Sem disponibilidade de água,
não há como confinar os animais, pois isto exige a produção de pastagem e de forragem, o
que requer água. Já as cabras e ovelhas criadas soltas se alimentam diretamente das
plantas da Caatinga, conseguindo alguma sobrevida, pois são animais rústicos. Foi
observado que muitos produtores estão alimentando os animais com ração. Porém, essa é
uma alternativa cara, que tem gerado endividamento e não pode ser mantida por longo
tempo.
88
FIGURA 64: DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE CAPRINOS E OVINOS NA ÁREA DE ESTUDOS.
89
5.2.12. Bens de Consumo
O baixo poder aquisitivo da população residente na área de estudo, associado à
carência de um abastecimento de energia elétrica para parte das edificações, condiciona a
aquisição de bens de consumo.
Nas casas onde há energia elétrica, é comum a existência de geladeira e rádio e quase
sempre de um aparelho de televisão. O mesmo ocorre em parte das residências
abastecidas por energia solar. Porém, nos cerca de 20% de domicílios sem energia elétrica
esses eletrodomésticos são praticamente inexistentes, com exceção do rádio de pilha.
Portanto, a população mais pobre, que ocupa as áreas com serviços públicos mais
precários, também sofre pela impossibilidade de aquisição de bens de consumo básicos.
Automóveis são raros, estando restritos a 16 proprietários entre os 80 que responderam
questionários. Já as motocicletas são muito mais abundantes, sendo o meio de transporte
mais difundido, substituindo o cavalo, o burro e o jegue.
Foram identificadas 47 propriedades (em um universo de 80) que possuíam motos,
sendo que 4 propriedades possuíam 2 motocicletas e uma propriedade apresentou 3 desses
veículos, totalizando 53 motocicletas, segundo o universo entrevistados (figura 65).
A proliferação de motocicletas está relacionada à melhoria nas condições de vida das
pessoas ocorridas no Brasil nos últimos anos (mesmo em regiões pobres, com a da área de
estudo), à redução no preço desses veículos e às condições de financiamento em longo
prazo.
FIGURA 65: AS MOTOCICLETAS SÃO O PRINCIPAL MEIO DE TRANSPORTE NA ÁREA DE ESTUDO.
90
5.2.13. Formas de Organização Social
A população inserida na área de estudo apresenta um significativo grau de organização.
AA imensa maioria dos entrevistados, 92% do total, participa de uma ou mais entidades
(tabela 23), como sindicatos rurais, associações de produtores, associações de moradores,
entre outras (figura 66). Foi identificado, na área de estudo, um total de 14 organizações
civis, que ao menos um dos entrevistados participa (tabela 24).
Essas organizações, além de servirem de fórum para a discussão das demandas
comunitárias, também funcionam como entidades de encaminhamento de pedidos de
cadastramento para o recebimento de alguns programas sociais e serviços prestados pelos
órgãos governamentais; como o Bolsa Família, Auxílio Safra, acesso a serviços de
distribuição de energia elétrica, entre outros.
No caso do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a participação nessa entidade é de
fundamental importância para assegurar o recebimento de futuras aposentadorias rurais.
TABELA 23: PARTICIPAÇÃO EM ASSOCIAÇÕES
Total %
Participa 92 85
Não participa 16 15
Total 108 100
FIGURA 66: FOTO DAS ASSOCIAÇÕES DE AGROPECUARISTAS DA FAZENDA MELANCIA E ADJACENTES E, A
ESQUERDA, FOTO DA ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA DA FAZENDA CABACEIRA.
91
TABELA 24: LISTA DE ASSOCIAÇÕES CIVIS E COMUNITÁRIAS APONTADAS PELOS ENTREVISTADOS.
Nome da Associação
Associação Intermunicipal dos Garimpeiros do Médio Vale do São Francisco
Associação de Moradores do Assentamento Cacimba da Torre
Associação Comunidade de São Bento e Áreas Circunvizinhas
Associação Comunitária da Fazenda Cabaceira
Associação Comunitária de Desenvolvimento Econômico fazenda da Mina
Associação de Agropecuaristas da Fazenda Melancia e Adjacentes
Associação de Criadores, Agricultores e Moradores da Comunidade Olho D'água
Associação de Desenvolvimento Agropastoril e Familiar do Assentamento Banguê
Associação de Desenvolvimento da Caraibeira, Boa Sorte e Vermelho dos Araújos
Associação de Moradores de Salgado
Associação de Agropecuaristas de Curral Velho
Associação de Moradores de Serrotinho
Associação dos Vaqueiros Pecuaristas do Sertão de Curaçá (AVAPEC)
Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município de Curaçá
92
6. CARACTERIZAÇÃO FUNDIÁRIA DA ÁREA DE ESTUDOS
A estrutura fundiária do sertão é reconhecidamente uma das mais concentradas do país,
o que, aliada às precárias condições de vida de suas populações, agrava a situação de
pobreza e dificulta ainda mais o acesso à terra.
Essa realidade também é observada na área estudada, onde algumas práticas
relacionadas a esse tipo de condição são observadas na paisagem. Como por exemplo, a
criação de assentamentos rurais pouco efetivos e, até mesmo, invasões de propriedades –
caso da Fazenda Butiá, localizada às margens do Rio São Francisco e invadida no inicio de
agosto pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
A complexidade da estrutura fundiária na área de estudos é resultado das precárias
condições de vida, da carência de títulos de posses e legalização dos parcelamentos de
terras (por herança ou não) e da quase ausência de documentação fundiária em órgãos
públicos e em cartórios (registros e georreferenciamentos dos imóveis, entre outros).
Existe ainda a complexidade fundiária gerada pelas peculiaridades de parte da
população local, conhecida como Comunidades de Fundos de Pastos. Estas comunidades
são compostas por moradores de famílias distintas ou com laços familiares cujas
residências e/ou pequenos lotes individuais encontram-se agrupados, próximos uns dos
outros, enquanto que as áreas produtivas (pastoreio caprino e ovino), geralmente, estão
localizadas “nos fundos” desses agrupamentos de moradias e se confundem, formando uma
única área de uso comunal.
Dito isto, é importante que a compreensão da situação fundiária da área de interesse
seja, portanto, observada à luz das condições de vida dos habitantes, da dinâmica
socioeconômica e das características culturais da região.
Outro aspecto particularmente relevante é o atual período de seca por que passa a
região, considerado o mais intenso de sua historia recente. Este fato, associado às
dificuldades infraestruturais locais, resultam no decréscimo do valor da terra e,
consequentemente, num desinteresse maior tanto em assegurar fisicamente seus domínios,
quanto em oficializá-los em cartórios da região. A falta de marcos visíveis em campo e/ou
documentações legais de domínio dessas propriedades as tornam mais sujeitas a grilagens,
a invasões, ao aumento de número de posseiros e, até mesmo, ao simples abandono.
Por outro lado, a melhoria das condições de vida na região, advindas do arrefecimento
da seca e de melhorias de infraestrutura, por exemplo, podem significar alterações na
situação fundiária, podendo até gerar novos conflitos resultantes do retorno à terra e da
93
valorização dos terrenos. Por conseqüência, pode acarretar no aumento da concentração
fundiária na região.
Como forma de facilitar a entendimento da situação fundiária da área de estudo, as
propriedades identificadas foram ordenadas por Conjuntos de Imóveis Rurais. Essa forma
de ordenamento se justifica pela diversidade de pequenos sítios e fazendas, pelo número de
comunidades rurais (em alguns casos de Comunidades de Fundos de Pastos) e pela
existência de assentamentos rurais na região do estudo.
Foram identificados 4 conjuntos de imóveis rurais: Assentamentos Rurais, Comunidades
Rurais, Fazendas e Sítios, e finalmente, o conjunto “Outros”, que agrega imóveis que não se
enquadraram nos tipos anteriores, como terrenos sem edificações, pedreira, entre outros.
A área de estudos, portanto, é composta por 2 assentamentos rurais, 10 comunidades
rurais, 68 imóveis rurais, entre fazendas e sítios, 1 galpão de atividade de mineração, 2
terrenos sem edificações e 1 pedreira, além de 4 casas isoladas não identificadas como
sítios ou fazendas (figura 67).
Tipos de Conjunto de Imóveis Rurais na Área de Interesse
2
10
68
4
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Assentamentos Rurais Comunidades Rurais Fazendas e Sítios Outras
FIGURA 67: GRAFICO DE NÚMERO DE CONJUNTOS DE IMÓVEIS RURAIS NA ÁREA DE ESTUDOS.
Também foram mapeados na área de interesse diversos tipos de edificações, como
igrejas, escolas, associações de moradores, entre outras, apresentadas na figura 68, e que
também forneceram subsídios para o entendimento dos graus de concentração espacial da
94
área em questão – um dos elementos considerados para o zoneamento em Setores
Fundiários.
Quanto ao número desses diferentes tipos de edificação, destaca-se a quantidade de
residências, totalizando 310, entre residências ocupadas (207 unidades), fechadas,
abandonadas, em construção e segundas residências (figura 68).
Outro destaque relevante é o número de residências fechadas e abandonadas, que
somam um total de 68 unidades, pouco mais de 20% do total de residências mapeadas.
Segundo moradores, este número considerável está relacionado, principalmente, às
dificuldades de ocupação desses imóveis, tendo em vista a grave seca por que passa a
região, sendo comum o êxodo rural para as cidades de Curaçá e Juazeiro (figura 68). Cabe
ressaltar, que em menor proporção, as residências onde não foram encontrados
proprietários e que não aparentaram ocupação recente também foram classificadas como
residências fechadas.
Apesar do número de currais estar subavaliado neste estudo, esta edificação encontra-
se presente em praticamente todas as propriedades da área, o que confirma o caráter
eminentemente pecuarista dos imóveis da região (figura 68).
Tipos de Edificações mapeadas na Área de Interesse
33
4 5 3
69
2
32
3 3 3
207
144
54
2011
0
50
100
150
200
250
Açude
Assoc
iaçã
o de
Mor
ador
es Bar
Cem
itério
Cur
ral
Escola
Galpã
o
Igre
ja
Não
iden
tificad
a
Poço
com
unitá
rio
Res
idên
cia
Res
idên
cia
aban
dona
da
Res
idên
cia
em con
stru
ção
Res
idên
cia
fech
ada
Res
idên
cias
tem
porá
rias
Segun
da re
sidê
ncia
FIGURA 68: GRÁFICO DE NÚMERO DE TIPOS DE EDIFICAÇÕES INSERIDAS NA ÁREA DE INTERESSE.
95
Número de Tipos de Edificação por Tipo de Conjunto de Imóveis Rurais
13 2
19
14
2 13
109
6
2
13
0
10
20 0 0 0 0 0 0 0
14
0 0
26
20
01 2 1
49
1
25
1 1
82
42
13
113
1 24
2
0
20
40
60
80
100
120
Ass
ociaçã
o de
Mor
ador
es Bar
Cem
itério
Cur
ral
Esc
ola
Galpã
o
Igre
ja
Não
iden
tificad
a
Poç
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mun
itário
Res
idên
cia
Res
idên
cia
aban
dona
da
Res
idên
cia
em con
stru
ção
Res
idên
cia
fech
ada
Res
idên
cias
tem
porá
rias
Seg
unda
residê
ncia
Comunidades Rurais
Assentamentos Rurais
Fazendas e Sítios
Outros
FIGURA 69: GRÁFICO DE TIPOS DE EDIFICAÇÕES POR CONJUNTO DE IMÓVEIS RURAIS NA ÁREA DE INTERESSE
Pouco mais da metade das residências ocupadas, 109 unidades, concentram-se nas
comunidades rurais, na maioria caracterizada como comunidades de fundo de pasto. O
restante das residências ocupadas encontram-se dispersas entre fazendas e sítios, além de
algumas poucas em assentamentos rurais.
O conjunto das Fazendas e Sítios é o que apresenta o maior número de edificações,
com destaque para o número de currais e galpões (figura 69), o que sugere o caráter
majoritariamente produtivo desses imóveis rurais, contrapondo qualquer idéia de residências
de veraneio.
Quanto aos padrões espaciais de distribuição das ocupações na área de estudos, a
observação do mapa da figura 70 indica que as maiores concentrações ocorrem próximas a
rodovia BA-210 e nos assentamentos rurais – localizados na porção mais meridional da área
estudada. Sendo que as concentrações em assentamentos são resultantes de uma política
de governo, ao contrario dos fatores de atração (concentração de pessoas) que as áreas
com maior oferta de infraestrutura naturalmente exercem, como é o caso das ocupações ao
longo das rodovias.
96
FIGURA 70: FIGURA DE DISTRIBUIÇÃO DE NUMERO DE RESIDÊNCIAS POR CONJUNTO DE IMÓVEIS RURAIS NA ÁREA DE ESTUDO.
97
Quanto ao tamanho dos imóveis rurais, a área de estudo caracteriza-se por uma
considerável concentração de terras. Há um elevado número de minifúndios – quase 60%
das propriedades possuem até 50 hectares de extensão (figura 71), enquanto apenas 13%
destas possuem áreas acima de 500 hectares.
No município de Curaçá, 1 módulo fiscal (área mínima necessária a uma propriedade
rural para que sua exploração seja economicamente viável) é de 65 hectares. Portanto, mais
da metade das propriedades encontra-se abaixo de 1 modulo fiscal. Este dado expressa a
dificuldade de permanência desses produtores, que precisam empregar diferentes formas
de parceria (meeiros, arrendatários, etc.) e a utilização de terras comunais (fundos de pasto)
para a manutenção econômica de suas propriedades.
Cabe ressaltar, que duas das 4 áreas que possuem mais 1.000 hectares são os
assentamentos rurais do Bangüê e da Cacimba da Torre. Sendo que este último possui
metade de sua extensão localizada fora da área de interesse do estudo.
Número de Imóveis por Classe de Tamanho (hectares)
5
13
30
22
3
5
2
4
0
5
10
15
20
25
30
35
Até 5 5,1 a 15 15,1 a 50 50,1 a 250 250,1 a 500 500,1 até 750 750,1 até 1000 Acima de 1000
Hectares
Nº
de
pro
pri
ed
ad
es
FIGURA 71: GRÁFICO DE NÚMERO DE IMÓVEIS RURAIS POR CLASSE DE TAMANHO NA ÁREA DE INTERESSE.
As grandes propriedades localizam-se, principalmente, no entorno do médio curso do
Riacho Melancia e na porção de terras entre esse mesmo riacho e o Riacho do Gato, além
de áreas mais próximas ao Rio São Francisco (figuras 72 e 73), onde se localizam as
propriedades voltadas para a fruticultura irrigada.
98
FIGURA 72: FIGURA DA SITUAÇÃO FUNDIÁRIA POR TAMANHO DE PROPRIEDADE NA ÁREA DE INTERESSE.
99
FIGURA 73: FIGURA DA SITUAÇÃO NA ÁREA DE INTERESSE..
100
Apesar das dificuldades de demarcação de propriedades, foi possível geral um croqui
fundiário bastante satisfatório (que pode ser observado na figura 73), principalmente para
subsidiar as discussões sobre conservação da área de interesse..
Esse croqui, como dito no capítulo de metodologia, foi elaborado a partir de informações
de campo, sem consulta a documentos cartoriais. Entretanto, para a elaboração das 11
poligonais de propriedades foram utilizadas informações cedidas pelos próprios
proprietários, além de informações contidas em mapas (do Estudo de Impactos Ambientais
da Usina Hidrelétrica de Riacho Seco e de outro elaborado pelo Laboratório do CEFET de
Petrolina) e na base de dados geoespaciais do INCRA.
101
FIGURA 74: DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE RESIDÊNCIAS E LOCALIZAÇÃO DE PROPRIEDADES POR SETORES FUNDIÁRIOS NA ÁREA DE ESTUDOS.
102
TABELA 25: TABELA DE PROPRIEDADES, COMUNIDADES E ASSENTAMENTOS POR SETORES FUNDIÁRIOS. Setor Fundiário Fazendas / Sítios / Comunidades /
Assentamentos Casas Área (ha)
Assentamento Cacimba da Torre Assentamento Cacimba da Torre 20 6.000
Total Assentamento Cacimba da Torre 20 6.000
Barra Grande-São Francisco Faz. Acari 1 0
Barra Grande-São Francisco Faz. Patos 3 550
Barra Grande-São Francisco Comunidade da Faz. Passagem 23 0
Barra Grande-São Francisco Faz. Cruz de Malta 1 35
Barra Grande-São Francisco Faz. Riacho da Ipueira 3 28
Barra Grande-São Francisco Faz. Butiá 1 1.180
Barra Grande-São Francisco Faz. Villa Cruz 0 355
Barra Grande-São Francisco Faz. Pedra Preta 1 0
Barra Grande-São Francisco Faz. Barra Grande (Sr. Acaio e outro) 3 0
Barra Grande-São Francisco Comunidade da Faz. Ipueira 13 20
Barra Grande-São Francisco Faz. Barra Grande (Sra. Isaura) 1 6
Barra Grande-São Francisco Faz. Barra Grande (Sr. Denilson) 2 6
Barra Grande-São Francisco Comunidade da Fazenda Barra Grande 10 4
Barra Grande-São Francisco Faz. Genipapo 0 0
Total Barra Grande-São Francisco 62 2.184
Comunidade da Fazenda Melancia Sítio Vista Alegre 1 42
Comunidade da Fazenda Melancia Faz. Lagoa da Cabaceira 1 200
Comunidade da Fazenda Melancia Sítio Lambiá 1 150
Comunidade da Fazenda Melancia Faz. Poço das Pedras 1 250
Comunidade da Fazenda Melancia Sítio São Luiz 1 140
Comunidade da Fazenda Melancia Faz. Monte Alegre 1 0
Comunidade da Fazenda Melancia Faz. Melancia (Família Matos) 6 200
Comunidade da Fazenda Melancia Faz. Sítio Alvorada 3 150
Comunidade da Fazenda Melancia Faz. Melancia 3 0
Comunidade da Fazenda Melancia Faz. São Miguel 3 90
Comunidade da Fazenda Melancia Sítio Nova Esperança 2 100
Comunidade da Fazenda Melancia Faz. Harmonia 0 0
Comunidade da Fazenda Melancia Sitio Alto Bonito 1 100
Comunidade da Fazenda Melancia Sítio Lagoa da Jibóia 1 142
Comunidade da Fazenda Melancia Faz. São Miguel (Sr. José Luis) 1 100
Comunidade da Fazenda Melancia Faz. Nova Esperança 1 0
Comunidade da Fazenda Melancia Faz. São José 1 90
Comunidade da Fazenda Melancia Faz. Campo Alegre 1 50
Comunidade da Fazenda Melancia Faz. Novo Horizonte 1 100
Total Comunidade da Fazenda Melancia 30 1.904
Juazeiro Norte Faz. Caixão 3 1 14
Juazeiro Norte Faz. Caixão 2 1 14
Juazeiro Norte Terreno da Faz. Caixão 0 0
Juazeiro Norte Faz. Caixão 1 1 14
Juazeiro Norte Sítio Novo 1 0
Juazeiro Norte Faz. Leitão 0 0
103
Setor Fundiário Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Casas Área (ha)
Juazeiro Norte Faz. Várzea da Pedra Branca 1 0
Juazeiro Norte Comunidade da Faz. Baraúna 9 0
Juazeiro Norte Comunidade Faz. Olho dÁgua 25 300
Juazeiro Norte Faz. Olho dÁgua 2 580
Total Juazeiro Norte 41 922
Juazeiro Sul Reserva do Sr. Crispiniano 0 10
Juazeiro Sul Comunidade da Faz. Caraibeira 15 600
Juazeiro Sul Faz. Recreio 2 50
Juazeiro Sul Faz. Alegria 1 200
Juazeiro Sul Comunidade da Faz. Campo Formoso 6 100
Juazeiro Sul Sítio Pedreira Boa Sorte 1 4
Juazeiro Sul Pedreira Boa Sorte 5 0
Juazeiro Sul Galpão da AGAMESF 1 1
Juazeiro Sul Comunidade da Faz. da Mina 20 0
Juazeiro Sul Comunidade da Faz. Saco da Mina 11 0
Total Juazeiro Sul 62 965
Médio curso Melancia e alto Banguê Assentamento Banguê 40 5.632
Médio curso Melancia e alto Banguê Comunidade da Faz. Cabaceira 7 150
Médio curso Melancia e alto Banguê Faz. Concordia 1 2.380
Médio curso Melancia e alto Banguê Faz. Riacho Pau de Colher 3 85
Médio curso Melancia e alto Banguê Faz. Caraíba 2 2.341
Médio curso Melancia e alto Banguê Faz. Gangorra 0 420
Médio curso Melancia e alto Banguê Sítio Catarina 0 21
Médio curso Melancia e alto Banguê Faz. Uberlândia 0 900
Médio curso Melancia e alto Banguê Faz. Riacho do Gato 2 2.300
Total Médio curso Melancia e alto Banguê 55 14.229
Riacho Pau-de-Angico e Lagoa do Juventino Faz. Pau de Colher 1 20
Riacho Pau-de-Angico e Lagoa do Juventino Faz. Lagoa do Juventino 2 250
Riacho Pau-de-Angico e Lagoa do Juventino Faz. Riacho do Banguê 1 1.000
Riacho Pau-de-Angico e Lagoa do Juventino Faz. Santa Fé 1 250
Riacho Pau-de-Angico e Lagoa do Juventino Faz. Moça Branca 2 500
Total Riacho Pau-de-Angico e Lagoa do Juventino 7 2.020
Riachos do Icó e da Serra Redonda Faz. Riacho do Icó 2 43
Riachos do Icó e da Serra Redonda Faz. São João 2 1.500
Riachos do Icó e da Serra Redonda Faz. Riacho do Icó (Sr. Jonailton) 2 50
Riachos do Icó e da Serra Redonda Faz. Baixa Verde 1 200
Riachos do Icó e da Serra Redonda Faz. Serra Redonda 1 450
Riachos do Icó e da Serra Redonda Faz. Lagoa do Curral Velho 1 80
Total Riachos do Icó e da Serra Redonda 9 2.323
Riachos do Tapuio e do Major Faz. São Francisco 1 249
Riachos do Tapuio e do Major Faz. Prazeres 1 120
Riachos do Tapuio e do Major Faz. Cajueiro 1 450
Riachos do Tapuio e do Major Faz. Salão 4 200
Riachos do Tapuio e do Major Faz. Poioca 1 300
104
Setor Fundiário Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Casas Área (ha)
Riachos do Tapuio e do Major Sítio Cruz 1 600
Riachos do Tapuio e do Major Faz. Queimadas do Bomfim 2 95
Riachos do Tapuio e do Major Faz. Queimadas 2 20
Riachos do Tapuio e do Major Faz. Mandacaru 1 181
Riachos do Tapuio e do Major Faz. Tapuio 6 540
Total Riachos do Tapuio e do Major 20 2.755
105
6.1. Setor Barra Grande – São Francisco
A estrutura fundiária dessa porção da área de estudo caracteriza-se tanto por grandes e
médias propriedades voltadas para agricultura irrigada, quanto por pequenas comunidades
rurais (figura 84). Neste setor foram identificadas 11 fazendas e 3 comunidades rurais, que
totalizam 142 moradores (tabelas 26 e 27).
Com exceção da comunidade da Fazenda Passagem (figuras 83 e 86), com maior
numero de residências e área ocupada, as demais comunidades rurais (Comunidades da
Fazenda Ipueira e da Fazenda Barra Grande) são compostas por pequenos aglomerados de
casas próximas pertencentes a membros de uma mesma família. Esses aglomerados são
resultados de posses antigas e que com crescimento dessas famílias se adensaram.
Quanto às fazendas produtivas nesse setor, cabe destacar que a fazenda Villa Cruz, de
propriedade de um espanhol não residente, atualmente encontra-se a venda pelo valor de
R$2.200.000,00 (http://www.estanciaimoveis.net/imoveis/fazenda-a-venda-proxima-de-
juazeiro/). Além da Fazenda Villa Cruz, as Fazendas Cruz de Malta, Barra Grande do Sr.
Denílson, Barra Grande da Sra. Isaura e Jenipapo foram observados atividades agrícolas
intensas (agricultura irrigada e com uso de pesticidas).
No caso da Fazenda Butiá, apesar de apresentar a melhor infraestrutura para a
produção agrícola dentre as fazendas visitadas, esta foi invadida pelo MST em meados de
2013 (figura 75), e atualmente não está em atividade.
A Fazenda Pedra Preta (figura 78), que ocupa uma área central nesse setor encontra-se
abandonada, com edificações em ruínas e nenhum uso aparente de seu terreno. Contudo,
foram observadas na proximidade o surgimento de novas residências, que aliadas ao
projeto de eletrificação existente, pode sugerir um futuro adensamento desta área.
Os padrões construtivos das casas desse setor oscilam entre médio a baixo e, em
alguns casos, precário. Sendo os médios característicos de casas com estruturas de
alvenaria/concreto, cobertura de telha de barro, paredes de alvenaria com revestimento,
pelo menos três cômodos (entre quartos, cozinha, sala e, em alguns casos, banheiro) e que
apresentam alguma preocupação estética, como pintura da fachada, entre outras. Já o
padrão construtivo baixo se caracteriza por casas de estruturas de concreto/alvenaria,
cobertura de telha de barro, sem revestimento e com 3 cômodos em média. O padrão
construtivo precário é característico de casas de pau a pique, tratando-se de uma técnica
construtiva antiga que consiste no entrelaçamento das estruturas de madeira que são
preenchidas por barro (figura 82).
106
Do total de 57 proprietários ou responsáveis por domicílio levantados em campo, apenas
8 não foram identificados nesse setor (tabelas 26 e 27).
TABELA 26: TABELA DE FAZENDAS, SÍTIOS, COMUNIDADES E ASSENTAMENTOS, RESPECTIVOS PROPRIETÁRIOS
E TAMANHO.
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietários Área (ha)
Faz. Acari Sem informação -
Faz. Patos Sr. Everaldino Gomes de Souza e irmãos (Sr. Demerval Mendonça Silva e Sr. Manuel Mendonça Silva)
550
Comunidade da Faz. Passagem Ananaias, Edinaldo, entre outros -
Faz. Cruz de Malta Sr. Edinaldo Gonçalves Mendonça 35
Faz. Riacho da Ipueira Sr. Everaldino Gonçalves Mendonça 28
Faz. Butiá Empresa Logos Butiá - invadida pelo MST em agosto de 2013
1.180
Faz. Villa Cruz Sr. Fernando Cruz 355
Faz. Pedra Preta Sem informação -
Faz. Barra Grande (Sr. Acaio e outro) Sr. Acaio Ferreira Alves dos Santos e outro não identificado
-
Comunidade da Faz. Ipueira Sr. João Batista Bezerra da Silva e Sr. José Nunes de Magalhães
20
Faz. Barra Grande (Sra. Isaura) Sra. Isaura 6
Faz. Barra Grande (Sr. Denilson) Sr. Denilson 6
Comunidade da Fazenda Barra Grande Sra. Maria da Conceição Souza e Filhos 4
Faz. Jenipapo Sr. Sergio Akio Okubo 0
Total 2.184
FIGURA 75: FOTOS DA FAZENDA BUTIÁ. DETALHE DA BADEIRA DO MST NA FOTO A ESQUERDA.
107
FIGURA 76: FOTOS DA FAZENDA VILLA CRUZ, LOCALIZADA PRÓXIMO AO RIO SÃO FRANCISCO.
FIGURA 77: FOTOS DAS DUAS ENTRADAS PARA A FAZENDA IPUEIRA, PRÓXIMA ÀS MARGENS DO RIO SÃO
FRANCISCO.
FIGURA 78: FOTOS DAS EDIFICAÇÕES NA LOCALIDADE DA FAZENDA BARRA GRANDA E SÍTIO PREDREA PRETA.
108
FIGURA 79: FOTOS DAS EDIFICAÇÕES DA FAZENDA RIACHO DA IPUEIRA, CUJO O FUNDO DO TERRENO É
LIMITADO PELO RIO CURAÇÁ.
FIGURA 80: FOTOS DA FAZENDA CRUZ DE MALTA, PARCELADA DA FAZENDA PATOS, AMBAS PERTECENTES A
UMA MESMA FAMÍLIA.
109
FIGURA 81: FOTOS DA FAZENDA PATOS, COMPOSTA POR 3 CASAS PROXIMAS DE PROPRIETÁRIOS DE UMA
MESMA FAMÍLIA.
FIGURA 82: FOTOS DAS CASAS DA COMUNIDADE DA FAZENDA BARRA GRANDE PERTENCENTES A FAMÍLIA DA
SRA. MARIA DA CONCEIÇÃO SOUZA. FOTO DA ESQUERDA É DA CASA DA SRA. MARIA DA CONCEIÇÃO.
FIGURA 83: FOTO DA ESCOLA MUNICIPAL DA COMUNIDADE DA FAZENDA PASSAGEM (A DIREITA). E FOTO DA
ENTRADA PARA A DITA FAZENDA EM TRECHO DA BA-210, POUCO ANTES DO LIMITE MUNICIPAL COM JUAZEIRO.
110
FIGURA 84: FIGURA DA SITUAÇÃO FUNDIÁRIA NO SETOR BARRA GRANDE – SÃO FRANCISCO.
111
FIGURA 85: FIGURA DAS COMUNIDADES RURAIS DE BARRA GRANDE E IPUEIRA NO SETOR BARRA GRANDE – SÃO FRANCISCO.
112
FIGURA 86: FIGURA DA COMUNIDADE RURAL DA FAZENDA PASSAGEM NO SETOR BARRA GRANDE – SÃO FRANCISCO.
113
TABELA 27: TABELA DE PROPRIETÁRIOS / OCUPANTE DE IMÓVEIS E NÚMERO DE MORADORES. Fazendas / Sítios /
Comunidades / Assentamentos
Proprietário / Morador Tipo de Residência Número
de moradores
Comunidade da Fazenda Barra Grande
Sr. Antônio Paiva Residência 4
Comunidade da Fazenda Barra Grande
Sr. Deusdete Paiva de Souza Residência 1
Comunidade da Fazenda Barra Grande
Sr. José Paiva de Souza Residência 5
Comunidade da Fazenda Barra Grande
Sr. José Paiva de Souza Residência abandonada 0
Comunidade da Fazenda Barra Grande
Sr. Marcio Delfim de Oliveira Residência 4
Comunidade da Fazenda Barra Grande
Sra. Elizângela Paiva de Souza Residência 4
Comunidade da Fazenda Barra Grande
Sra. Marcia Delfim de Oliveira Residência 3
Comunidade da Fazenda Barra Grande
Sra. Maria da Conceição Souza Residência 1
Comunidade da Fazenda Barra Grande
Sra. Sandra Paiva Residência 2
Comunidade da Fazenda Barra Grande
Sra. Terezinha Paiva de Souza Residência 1
Comunidade da Fazenda Ipueira
Sr. Adelmo Bispo Saraiva Residência 1
Comunidade da Fazenda Ipueira
Sr. Cosme da Silva Magalhães Residência 2
Comunidade da Fazenda Ipueira
Sr. Eugênio Pereira Bezerra Residência 3
Comunidade da Fazenda Ipueira
Sr. João Batista Bezerra da Silva Residência 4
Comunidade da Fazenda Ipueira
Sr. José Nunes de Magalhães Residência 5
Comunidade da Fazenda Ipueira
Sr. Josevaldo Bispo dos Santos Residência 4
Comunidade da Fazenda Ipueira
Sr. Luan Batista Residência 1
Comunidade da Fazenda Ipueira
Sr. Raimundo Saraiva Residência 6
Comunidade da Fazenda Ipueira
Sra. Eva Bispo Saraiva Residência 1
Comunidade da Fazenda Ipueira
Sra. Maria Darci Bispo Saraiva Residência 3
Comunidade da Fazenda Ipueira
Sra. Natani da Silva Magalhães Residência 3
Comunidade da Fazenda Ipueira
Srs. Mariza Bispo Saraiva Residência fechada 0
Comunidade da Fazenda Ipueira
Srs. Mariza Bispo Saraiva Residência fechada 0
Comunidade da Fazenda Passagem
Sem informação Residência abandonada 0
Comunidade da Fazenda Passagem
Sem informação Residência fechada 0
Comunidade da Fazenda Passagem
Sem informação Residência fechada 0
Comunidade da Fazenda Passagem
Sr. Adailton Residência 4
Comunidade da Fazenda Passagem
Sr. Almir de Souza Residência 4
Comunidade da Fazenda Passagem
Sr. Ananias Ferreira Lima Residência 3
Comunidade da Fazenda Passagem
Sr. Benedito Mario de Souza Residência 2
114
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietário / Morador Tipo de Residência Número
de moradores
Comunidade da Fazenda Passagem
Sr. Cândido Souza do Nascimento Residência 2
Comunidade da Fazenda Passagem
Sr. Dionísio de Souza Residência 2
Comunidade da Fazenda Passagem
Sr. Edson da Conceição Silva Residência 3
Comunidade da Fazenda Passagem
Sr. Eugênio da Silva Lima Residência 2
Comunidade da Fazenda Passagem
Sr. Júlio Marcos G. do Nascimento Residência 2
Comunidade da Fazenda Passagem
Sr. Napoleão Lopes Nunes Residência 4
Comunidade da Fazenda Passagem
Sr. Orlando do Nascimento França Residência 6
Comunidade da Fazenda Passagem
Sr. Orlando do Nascimento França Residência fechada 0
Comunidade da Fazenda Passagem
Sr. Pedro José de Souza Residência 3
Comunidade da Fazenda Passagem
Sr. Pedro Souza Nascimento Residência 2
Comunidade da Fazenda Passagem
Sr. Valdir Residência 1
Comunidade da Fazenda Passagem
Sra. Amélia Maria de Souza Residência 2
Comunidade da Fazenda Passagem
Sra. Geciana Silva Souza Residência 1
Comunidade da Fazenda Passagem
Sra. Margarete Alves de Oliveira Residência 3
Comunidade da Fazenda Passagem
Sra. Maria Lêda Lopes da Silva Residência 2
Comunidade da Fazenda Passagem
Sra. Poliana de Souza Lima Residência 3
Fazenda Acari Sem informação Residência fechada 0
Fazenda Barra Grande (Sr. Acaio e outro)
Sem informação Residência 1
Fazenda Barra Grande (Sr. Acaio e outro)
Sem informação Residência abandonada 0
Fazenda Barra Grande (Sr. Acaio e outro)
Sr. Acaio Ferreira Alves dos Santos Residência 3
Fazenda Barra Grande (Sr. Denilson)
Sr. Denilson (mora o Administrador da fazenda - Sr. Napoleão Mesquita Nunes)
Residência 1
Fazenda Barra Grande (Sr. Denilson)
Sr. Denilson (mora o Sr. José Saulo da Cruz)
Residência 5
Fazenda Barra Grande (Sra. Isaura)
Sra. Isaura (Mora Sr. Valtércio Souza Paixão
Residência 5
Fazenda Butiá Logos Butiá Residência 10
Fazenda Cruz de Malta Sr. Edinaldo Gonçalves de Souza Residência 2
Fazenda Patos Sr. Demerval Mendonça da Silva Residência 1
Fazenda Patos Sr. Everaldino Gomes de Souza Residência 3
Fazenda Patos Sr. Manoel Mendonça da Silva Residência 1
Fazenda Pedra Preta Sem informação Residência abandonada 0
Fazenda Riacho da Ipueira Sr. Everaldino Gonçalves Mendonça Residência 1
Fazenda Riacho da Ipueira Sr. Everaldino Gonçalves Mendonça Residência em construção 0
Fazenda Riacho da Ipueira Sr. Everaldino Gonçalves Mendonça Residência fechada 0
Riacho Barra Grande Sem informação Residência fechada 0
Total 142
115
6.1.1. Setor Riachos do Tapuio e do Major
O Setor Fundiário Riachos Tapuio e do Major, situado a leste da BA-210, é composto
apenas por 10 fazendas (figura 94), que totalizam 32 moradores e 18 proprietários ou
responsáveis por domicílio (tabelas 28 e 29). Trata-se de um dos setores com menor
quantidade de moradores e domicílios.
Quanto à estrutura fundiária, o setor caracteriza-se por médias propriedades voltadas
para a criação de caprinos, ovinos e, em alguns casos, de bovinos. Esta atividade se traduz
na grande extensão de áreas sem ocupação utilizadas para o pastoreio, além do numero de
cercados e currais(figura 94).
As residências se caracterizam, de forma geral, pelo baixo padrão construtivo,
entretanto, observou-se algumas residências com padrões construtivos precários, como no
caso da Fazenda Cruz e de médio-alto padrão na Fazenda Poioca (figura 91).
TABELA 28: TABELA DE FAZENDAS, SÍTIOS, COMUNIDADES E ASSENTAMENTOS, RESPECTIVOS PROPRIETÁRIOS
E TAMANHO.
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietários Área (ha)
Faz. São Francisco Sr. Omar Monteiro do Nascimento 249
Faz. Prazeres Sr. José Rodrigues de Oliveira 120
Faz. Cajueiro Sr. Aristóteles Loureiro Filho 450
Faz. Salão Sr. José Vitor da Silva (?) e Sr. Onésio Soares da Silva e filhos
200
Faz. Poioca Sr. Urgulino Conduro Neto 300
Sítio Cruz Sr. João Gonçalves Dias Torres 600
Faz. Queimadas do Bomfim Emilio Pereira dos Santos 95
Faz. Queimadas Sr. Emiliano 20
Faz. Mandacaru Sr. Raimundo Lopes da Mota 181
Faz. Tapuio Herdeiros do Sr. José Alves de Araújo (Bosco, Raimundo e José) e Sr. Jivanilton Dantas Nunes
540
Total 2.755
116
FIGURA 87: FOTO DA FAZENDA MANDACARÚ, AO FUNDO OBSERVA-SE O TELHADO DA ÚNICA EDIFICAÇÃO DA
FAZENDA.
FIGURA 88: FOTO DAS EDIFICAÇÕES DA FAZENDA SALÃO.
117
FIGURA 89: DETALHE DAS EDIFICAÇÕES DA FAZENDA TAPUIO.
FIGURA 90: DETALHE DA EDIFICAÇÃO DA FAZENDA QUEIMADAS (FOTO A ESQUERDA) E DE UMA DAS
EDIFICAÇÕES DA FAZENDA QUEIMADAS DO BOMFIM (FOTO A DIREITA).
FIGURA 91: DETALHE DA EDFIFICAÇÃO DA FAZENDA POIOCA (FOTO A ESQUERDA) E DA EDIFICAÇÃO DO SÍTIO
CRUZ (FOTO A DIREITA).
118
FIGURA 92: DETALHE DA ÚNICA EDIFICAÇÃO DA FAZENDA PRAZERES.
FIGURA 93: DETALHE DAS EDIFICAÇÕES DA FAZENDA CAJUEIRO (FOTO A ESQUERDA) E DAS EDIFICAÇÕES DA
FAZENDA SÃO FRANCISCO (FOTO A DIREITA).
119
FIGURA 94: FIGURA DE SITUAÇÃO FUNDIÁRIA DO SETOR RIACHOS DO TAPUIO E DO MAJOR.
v
120
TABELA 29: TABELA DE PROPRIETÁRIOS / OCUPANTE DE IMÓVEIS E NÚMERO DE MORADORES.
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietário / Morador Tipo de Residência Número de moradores
Fazenda Cajueiro Sr. Aristóteles Loureiro Filho Residência em construção 0
Fazenda do Sr. Jivanilton Nunes Dantas
Sr. Jivanilton Nunes Dantas Residência 1
Fazenda do Sr. Juvenal Barbosa Alves
Sr. Juvenal Barbosa Alves Residência 1
Fazenda Mandacaru Sr. Raimundo Lopes da Mota Residência 2
Fazenda Poioca Sr. Urgulino Conduru Neto Residência 1
Fazenda Prazeres Sr. José Rodrigues de Oliveira (mora o vaqueiro Sr. João Antônio Marçal dos Santos)
Residência 1
Fazenda Queimadas Sr. Emiliano Pereira dos Santos
Residência abandonada 0
Fazenda Queimadas Sr. Emiliano Pereira dos Santos
Residência fechada 0
Fazenda Queimadas do Bomfim Sr. Emilio Pereira dos Santos Residência 1
Fazenda Queimadas do Bomfim Sr. Emilio Pereira dos Santos Residência fechada 0
Fazenda Salão Sr. José Vitor da Silva (dúvida) Residência fechada 0
Fazenda Salão Sr. Onésio Soares da Silva Residência 8
Fazenda Salão Sra. Augusta Soares da Silva Residência 1
Fazenda Salão Sra. Juliana Gonçalves dos Santos
Residência 4
Fazenda São Francisco Sr. Omar Monteiro do Nascimento
Residência 1
Fazenda Tapuio Sr. João Bosco Alves de Araújo Residência 4
Fazenda Tapuio Sr. José Alves de Araújo Residência 2
Fazenda Tapuio Sr. Jovelino Residência 1
Fazenda Tapuio Sr. Raimundo Nonato Alves de Araújo
Residência 6
Sítio Cruz Sr. João Gonçalves Dias Torres (mora o vaqueiro Sr. Lorivaldo Pereira da Silva)
Residência 1
Total 35
v
121
6.1.2. Setor Comunidade da Fazenda Melancia
Este Setor Fundiário é caracterizado pela presença da Fazenda Melancia e por diversas
outras fazendas desmembradas da mesma. A BA-120, estrada de terra que cruza o meio
desse setor, é a principal forma de acesso a área, que liga a BA-210 a vila de Barro
Vermelho.
Foi identificado neste setor um total de 14 fazendas e sítios (tabela 30), que formam a
região conhecida como comunidade da Fazenda Melancia, possuindo até uma associação
de moradores/agroprodutores ativa.
Atualmente, o debate na comunidade gira entorno da construção da adutora que levará
água do Rio São Francisco para a Vila de Barro Vermelho, que será acompanhada da rede
elétrica, tendo em vista, que estes serviços não são ofertados na região.
Neste setor foram identificados 31 proprietários ou responsáveis por domicílio (tabela
31), que ocupam edificações de padrões construtivos que oscilam de baixo a precário,
sendo poucas as residências que apresentam padrão construtivo médio (ver figuras 95 a
105).
Além da antiga Fazenda Melancia, a Fazenda Harmonia é outra matriz do parcelamento
de terras que houve nessa região, que se deu principalmente através da partilha por
herança e pela venda de terrenos para conhecidos.
TABELA 30: TABELA DE FAZENDAS, SÍTIOS, COMUNIDADES E ASSENTAMENTOS, RESPECTIVOS PROPRIETÁRIOS
E TAMANHO
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietários Área (ha)
Sítio Vista Alegre Sr. Joãosito Almeida do Nascimento 42
Faz. Lagoa da Cabaceira Sr. José Antônio Dias Leal 200
Sítio Lambiá Sr. José Maria dos Santos Lima 150
Faz. Poço das Pedras Sra. Antonieta Golçalves de Brito 250
Sítio São Luiz Sr. Genésio Antônio da Silva 140
Faz. Monte Alegre Sr. Antônio 0
Faz. Melância (Família Matos) Sr. José Antônio Matos, Sr. Antônio Matos e Sr.
Arnaldo Matos 200
Faz. Sítio Alvorada Sr. Sebastião Alves Barbosa 150
Faz. Melância Maria Erenilda, Pedro Torres, entre outros 0
Faz. São Miguel Sr. João dos Santos Pereira 90
Sítio Nova Esperança Sr. Adonai Martins Leite 100
Faz. Harmonia Proprietários moram em São Paulo 0
Sitio Alto Bonito Sr. Leomar de Jesus Martins 100
Sítio Lagoa da Jibóia Sr. José Raimundo Ferreira Gericó 142
Faz. São Miguel (Sr. José Luis) Sr. José Luis Gomes dos Santos 100
Faz. Nova Esperança Sr. Candido Vieira de Araújo 0
Faz. São José Sr. Durval Gonzaga de Carvalho 90
v
122
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietários Área (ha)
Faz. Campo Alegre Sr. Gilberto Nunes dos Santos 50
Faz. Novo Horizonte Sr. Antônio Rubens Varjão 100
Total 1.904
FIGURA 95: DETALHES DAS EDIFICAÇÕES DA FAZENDA NOVO HORIZONTE.
FIGURA 96: DETALHES DAS EDIFICAÇÕES DA FAZENDA CAMPO ALEGRE.
v
123
FIGURA 97: DETALHES DAS EDIFICAÇÕES DA FAZENDA SÃO JOSÉ.
FIGURA 98: CISTERNA DE 52.000 LITROS DA FAZENDA SÃO MIGUEL (FOTO DA ESQUERDA) E DETALHE DA AREA
DE CONFINAMENTO DA CRIAÇÃO DA MESMA FAZENDA.
FIGURA 99: RESIDÊNCIA DA FAZENDA POÇO DAS PEDRAS (FOTO A ESQUERDA) E DETALHE DA COZINHA DA
MESMA RESIDÊNCIA (FOTO A DIREITA).
v
124
FIGURA 100: DUAS CASAS DA FAZENDA SÍTIO ALVORADA. FOTO DA ESQUERDA APRESENTA A CASA DO
POSSEIRO SR. ROBERTO E A FOTO DA DIREITA APRESENTA A CASA DA DONA DO IMÓVEL, A SRA. VALDETE DA
SILVA (ESPOSA DO FALECIDO SR. SEBASTIÃO BARBOSA).
FIGURA 101: RESIDÊNCIA DO SÍTIO LAMBIÁ (FOTO DA ESQUERDA) E DETALHE DA PRODUÇÃO DE QUIJO DE
CABRA, SENDO ESTE, O ÚNICO PRODUTOR DE QUEIJO IDENTIFICADO NA ÁREA DE ESTUDOS.
FIGURA 102: EDIFICAÇÕES DO SÍTIO SÃO LUIZ, PRÓXIMO A BA-120.
v
125
FIGURA 103: EDIFICAÇÕES DOS TERRENOS DA FAMÍLIA MATOS, LOCALIZADAS PRÓXIMAS A BA-0120. DETALHE
DO BAR DO SR. ANTÔNIO MATOS NA FOTO ABAIXO A ESQUERDA.
FIGURA 104: EDIFICAÇÕES DO SÍTIO VISTA ALEGRE, LOCALIZADO NA ESTRADA PARA O ASSENTAMENTO
BANGUÊ.
v
126
FIGURA 105: EDIFICAÇÕES DO SÍTIO DO SR. PEDRO TORRES, PROXIMO À BA-120.
v
127
FIGURA 106: FIGURA DE SITUAÇÃO FUNDIÁRIA DO SETOR COMUNIDADE DA FAZENDA MELANCIA.
128
TABELA 31: TABELA DE PROPRIETÁRIOS / OCUPANTE DE IMÓVEIS E NÚMERO DE MORADORES.
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietário / Morador Tipo de Residência Número
de moradores
Comunidade da Fazenda Saco da Mina
Pai da Sra. Edineuza Residência fechada 0
Fazenda Campo Alegre Sr. Gilberto Nunes dos Santos
Residência 2
Fazenda Lagoa da Cabaceira Sr. José Antônio Dias Leal
Residência 1
Fazenda Melância Sr. Ancelmo Residência 1
Fazenda Melância Sr. Pedro Torres Residência 1
Fazenda Melância Sra. Maria Erenilda de Almeida
Residência 1
Fazenda Melância (Família Matos)
Família Matos Residência 2
Fazenda Melância (Família Matos)
Família Matos Residência 1
Fazenda Melância (Família Matos)
Sr. Antônio Matos Residência 1
Fazenda Melância (Família Matos)
Sr. Arnaldo Matos Residência 3
Fazenda Melância (Família Matos)
Sr. José Antônio Matos Residência 1
Fazenda Melância (Família Matos)
Sr. José Antônio Matos Residência fechada 0
Fazenda Monte Alegre Sr. Antônio Residência fechada 0
Fazenda Nova Esperança Sr. Candido Vieira de Araújo
Residência 1
Fazenda Novo Horizonte Sr. Antônio Rubens Varjão
Residência 1
Fazenda Poço das Pedras Sra. Antonieta Golçalves de Brito
Residência 1
Fazenda São José Sr. Durval Gonzaga de Carvalho
Residência 2
Fazenda São Miguel João dos Santos Pereira Residência fechada 0
Fazenda São Miguel Sr. João dos Santos Pereira
Residência 3
Fazenda São Miguel Sr. José dos Santos Pereira
Residência 1
Fazenda São Miguel (Sr. José Luis)
Sr. José Luis Gomes dos Santos
Residência 2
Fazenda Sítio Alvorada Filho da Maria Valdete da Silva e Sebastião Alves Barbosa
Residência 2
Fazenda Sítio Alvorada Sr. Roberto Pererira do Nascimento Neto
Residência 1
Fazenda Sítio Alvorada Sra. Maria Valdete da Silva e Sebastião Alves Barbosa
Residência 5
Fazenda Sra. Therezinha Conduru ?
Sra. Therezinha Conduru ?
Residência 1
Riacho Melância Sem informação Residência fechada 0
Sítio Alto Bonito Sr. Leomar de Jesus Martins
Residência 0
129
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietário / Morador Tipo de Residência Número
de moradores
Sítio Lagoa da Jibóia Sr. José Raimundo Ferreira Gericó
Residência 2
Sítio Lambiá Sr. José Maria dos Santos Lima
Residência 1
Sítio Nova Esperança Sr. Adonai Martins Leite Residência 4
Sítio Nova Esperança Sr. Adonai Martins Leite Filho
Segunda residência 0
Sítio São Luiz Sr. Genésio Antônio da Silva
Residência 2
Sítio Vista Alegre Sr. Joãosito Almeida do Nascimento
Residência 4
Total 47
130
6.1.3. Setor Médio Curso Melancia e Alto Banguê
Este Setor Fundiário é caracterizado por 3 grandes propriedades e 1 assentamento rural
implantado e estruturado, além de 1 comunidade rural. Ainda nesse setor foram
identificadas mais 4 fazendas (tabela 32).
O número total é de 105 moradores (tabela 33), sendo 70 no assentamento Bangüê, 16
na Comunidade da Fazenda Cabaceira e os 19 restantes nas fazendas Concórdia, Riacho
do Gato, Caraíba e Riacho Pau de Colher. Foram identificados um total de 17 proprietário ou
responsáveis por domicílio, sendo que não foi possível identificar outros 38 (37 bangue 1 na
cabaceira).
O Assentamento Bangüê se caracteriza por ser bem estruturado urbanisticamente, além
de possuir fornecimento de energia elétrica via rede geral e abastecimento de água via poço
comunitário, construído a partir de programa governamental (figura 107). As residências
desse assentamento possuem fossas rudimentares, garantindo condições de saúde e
moradia mais adequadas. As condições de vida nessa área são, portanto, melhores que na
maior parte da área de estudo.
A Comunidade da Cabaceira é bastante isolada, sendo uma das áreas mais distantes da
BA-210. É uma área de grande pobreza, com a renda de algumas famílias sendo totalmente
dependente do Programa Bolsa Família e chegando a R$ 200,00 apenas. O padrão
construtivo dessas residências é precário, caracterizando-se por imóveis de pau a pique
(figura 108).
As fazendas Concórdia e Caraíbas são as que possuem maiores extensões, se
destacando entre as demais da área de estudos. No caso dessas duas fazendas, ainda
existe um imbróglio jurídico quanto ao domínio da Fazenda Gangorra, que foi vendida pelo
proprietário da Fazenda Uberlândia (que não possui edificações no interior do setor) apesar
de constar como domínio do proprietário da Fazenda Caraíbas.
O padrão construtivo geral desse setor se caracteriza pelo padrão médio, sendo comum
as residências com estrutura de alvenaria/concreto e paredes de alvenaria com
revestimento (figuras 1074 a 212).
131
TABELA 32: TABELA DE FAZENDAS, SÍTIOS, COMUNIDADES E ASSENTAMENTOS, RESPECTIVOS PROPRIETÁRIOS
E TAMANHO
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietários Área (ha)
Assentamento Banguê Diversos 5.632
Comunidade da Faz. Cabaceira Sra. Zildete Maria da Conceição, Sr. Marcos
Conceição Santos, Sr. Manoel Campina da Silva e outros
150
Faz. Concórdia Al Wabra 2.380
Faz. Riacho Pau de Colher Sr. Raimundo José Leitão, Sr. Epifânio dos Santos
Rosa, Sra. Lidia Martins Rosa 85
Faz. Caraíba Sr. José dos Santos Rosa 2.341
Faz. Gangorra Indefinida (Sr. José Rosa ou Al Wabra) 420
Sítio Catarina Sra. Noemi Torquato 21
Faz. Uberlândia Sr. Martinho Nunes da Paixão 900
Faz. Riacho do Gato José Bonifácio Alves / Luis Lopes Finito / Maria
Batista dos Santos /Augusto Lopes da Silva / Braulio Braulino da Conceição
2.300
FIGURA 107: DETALHE DAS EDIFICAÇÕES DO ASSENTAMENTO BANGUÊ .
132
FIGURA 108: EDIFICAÇÕES DA COMUNIDADE DA FAZENDA CABACEIRA. É UMA DAS ÁREAS MAIS POBRES
DENTRO DA ÁREA DE ESTUDO.
FIGURA 109: FOTO DA ESCOLA MUNICIPAL DA ARARINHA-AZUL (FOTO A ESQUERDA) E FOTO DE UMA DAS
RESIDÊNCIAS DA FAZENDA RIACHO PAU DE COLHER .
FIGURA 110: DETALHE DA PLANTA DA FAZENDA CARAÍBAS (FOTO A ESQUERDA) E FOTO DA RESIDÊNCIA DA
FAZENDA UBERLÂNDIA (FOTO A DIREITA).
133
FIGURA 111: DETALHE DAS EDIFICAÇÕES DA FAZENDA CONCÓRDIA. A FOTO ABAIXO A ESQUERDA APRESENTA
O VIVEIRO DE AVES ABANDONADO DA FAZENDA.
FIGURA 112: DETALHE DAS EDIFICAÇÕES DA FAZENDA RIACHO DO GATO QUE ESTÃO INSERIDAS NA ÁREA DE
ESTUDOS.
134
FIGURA 113: FIGURA DE SITUAÇÃO FUNDIÁRIA DO SETOR MÉDIO CURSO MELANCIA E ALTO BANGUÊ.
135
FIGURA 114: FIGURA DA COMUNIDADE RURAL DA FAZENDA CABACEIRA NO SETOR MÉDIO CURSO MELANCIA E ALTO BANGUÊ..
136
TABELA 33: TABELA DE PROPRIETÁRIOS / OCUPANTE DE IMÓVEIS E NÚMERO DE MORADORES.
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietário / Morador Tipo de Residência Número
de moradores
Assentamento Banguê Sem informação Residência 7
Assentamento Banguê Sem informação Residência 5
Assentamento Banguê Sem informação Residência 5
Assentamento Banguê Sem informação Residência 5
Assentamento Banguê Sem informação Residência 5
Assentamento Banguê Sem informação Residência 5
Assentamento Banguê Sem informação Residência 7
Assentamento Banguê Sem informação Residência 6
Assentamento Banguê Sem informação Residência 5
Assentamento Banguê Sem informação Residência 6
Assentamento Banguê Sem informação Residência 5
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sem informação Residência fechada 0
Assentamento Banguê Sr. Joaquim Rodrigues Filho Residência 2
Assentamento Banguê Sra. Delma Lourenço Ferreira Residência 3
Assentamento Banguê Sra. Elisangela de Almeida Martins Duarte
Residência 4
Comunidade da Fazenda Cabaceira
Sem informação Residência 0
Comunidade da Fazenda Cabaceira
Sr. Manoel Campinas da Silva Residência 1
Comunidade da Fazenda Cabaceira
Sr. Rogaciano F. dos Santos Residência 1
Comunidade da Fazenda Cabaceira
Sr. Theodomiro Conceição dos Santos
Residência 1
Comunidade da Fazenda Cabaceira
Sra. Marcos Conceição Santos Residência 5
Comunidade da Fazenda Cabaceira
Sra. Maria da Gloria do Nascimento Santos
Residência 3
137
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietário / Morador Tipo de Residência Número
de moradores
Comunidade da Fazenda Cabaceira
Sra. Zildete Maria da Conceição Residência 5
Fazenda Caraíba Sr. Carlos Campina da Silva Residência 3
Fazenda Caraíba Sr. José dos Santos Rosa Residência 2
Fazenda Concórdia Al Wabra Residência 4
Fazenda Riacho do Gato Sr. José Lopes Residência abandonada 0
Fazenda Riacho do Gato Sra. Maria Batista dos Santos Residência 1
Fazenda Riacho Pau-de-Colher Sr. Epifânio Dos Santos Rosa Residência 1
Fazenda Riacho Pau-de-Colher Sra. Josefa dos Santos Leitão Residência 3
Fazenda Riacho Pau-de-Colher Sra. Lídia Martins Rosa Residência 5
Total 105
138
6.1.4. Setor Riachos do Icó e da Serra Redonda
Esse Setor Fundiário é um dos menores dentre os demais, caracterizando por um total
de 6 fazendas distribuídas no entorno da Serra Redonda, que ocupa a área central desse
setor (tabela 34).
A região conta com rede de energia elétrica, entretanto o abastecimento é feito por
carros pipa, poços particulares e a utilização de cacimbas (uma das áreas que mais utiliza
deste recurso).
Foram identificados 7 proprietários ou responsáveis por domicílios, que ocupam
residências de padrão construtivo predominantemente baixo (figuras 115 a 119) em
propriedades voltadas para a criação extensiva de caprinos e ovinos.
Em função da indisponibilidade de transporte público regular e da distância da área em
relação a sede municipal, alguns serviços são alcançados na sede do distrito de Barro
Vermelho.
TABELA 34: TABELA DE FAZENDAS, SÍTIOS, COMUNIDADES E ASSENTAMENTOS, RESPECTIVOS PROPRIETÁRIOS
E TAMANHO
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietários Área (ha)
Faz. Riacho do Icó Adolfo Dantas de Oliveira (filho) Cinobilino Dias de Oliveira (pai)
43
Faz. São João Sr. Arthur Monteiro Sobrinho 1.500
Faz. Riacho do Icó (Sr. Jonailton) Sr. Jonailton Martins dos Santos 50
Faz. Baixa Verde Sr. José Leitão de Almeida 200
Faz. Serra Redonda Sr. José Reinaldo de Oliveira Costa 450
Faz. Lagoa do Curral Velho Sr. Temistócles Pereira de Oliveira (falecido) Sr. Vicente Oliveira Pereira (filho)
80
139
FIGURA 115: FOTOS DA SEDE DA FAZENDA RIACHO DO ICÓ (SR. CINOBILINO E FILHO).
FIGURA 116: FOTOS DA SEDE DA FAZENDA BAIXA VERDE E DE SEUS PROPRIETÁRIOS.
FIGURA 117: FOTOS DAS EDIFICAÇÕES DA FAZENDA LAGOA DO CURRAL VELHO.
140
FIGURA 118: FOTOS DAS EDIFICAÇÕES DA FAZENDA LAGOA DO CURRAL VELHO.
FIGURA 119: FOTOS DAS EDIFICAÇÕES DA FAZENDA SÃO JOÃO.
141
FIGURA 120: FIGURA DE SITUAÇÃO FUNDIÁRIA DO SETOR RIACHOS DO ICÓ E DA SERRA REDONDA.
142
TABELA 35: TABELA DE PROPRIETÁRIOS / OCUPANTE DE IMÓVEIS E NÚMERO DE MORADORES.
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietário / Morador Tipo de Residência Número de moradores
Fazenda Riacho do Icó Sr. Adolfo Dantas de Oliveira Residência 4
Fazenda São João Sr. Arthur Monteiro Sobrinho Residência 3
Fazenda São João Sr. Arthur Monteiro Sobrinho Residência fechada 0
Fazenda Riacho do Icó Sr. Cinobilino Dias de Oliveira Residência 2
Fazenda Riacho do Icó (Sr. Jonailton) Sr. Jonailton Martins dos Santos Residência 5
Fazenda Riacho do Icó (Sr. Jonailton) Sr. José Ferreira Maciel Residência 1
Fazenda Baixa Verde Sr. José Leitão de Almeida Residência 3
Fazenda Serra Redonda Sr. José Reinaldo de Oliveira Costa
Residência 1
Fazenda Lagoa do Curral Velho Sr. Temistócles Pereira de Oliveira (falecido) Sr. Vicente Oliveira Pereira (filho)
Residência 3
Total 22
143
6.1.5. Setor Assentamento Cacimba da Torre
Esse Setor Fundiário também possui apenas 16 moradores, todos no Assentamento
Cacimba da Torre (figura 122).
A renda dos moradores é muito baixa, sendo uma das áreas mais pobres na região de
estudo. A maior parte, senão a totalidade das pessoas depende do Programa Bolsa Família,
uma vez que não há aposentados e a produção de cabras e ovelhas é pequena e apenas
para subsistência.
Trata-se de um assentamento, que apesar de suas terras já terem sido incluídas no
programa de reforma agrária federal, ainda não se encontra estruturado. Atualmente, a
organização desses semi-assentados está sob responsabilidade do Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra (MST).
Sua estrutura é muito precária. As moradias foram, inclusive, consideradas temporárias,
em função de serem de pau a pique e extremamente precárias (figura 121).
O abastecimento de água é feito através de carros pipa, que entregam uma vez por mês,
e o armazenamento ocorre em cisternas. Não há rede de energia elétrica, mas há
fornecimento a partir de fonte solar.
TABELA 36: TABELA DE PROPRIETÁRIOS / OCUPANTE DE IMÓVEIS, NÚMERO DE MORADORES E DE
RESIDÊNCIAS
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietários Casas Moradores Área (ha)
Assentamento Cacimba da Torre INCRA 20 16 6.000
144
FIGURA 121: FOTOS DO ASSENTAMENTO CACIMBA DA TORRE. A ÚNICA EDIFICAÇÃO QUE NÃO É PRECÁRIA É
UMA ANTIGA ESCOLA QUE SE TORNOU SEDE DA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES (FOTO ABAIXO A ESQUERDA).
145
FIGURA 122: FIGURA DE SITUAÇÃO FUNDIÁRIA DO SETOR ASSENTAMENTO CACIMBA DA TORRE.
146
FIGURA 123: FIGURA DO NÚCLEO DO ASSENTAMENTO CACIMBA DA TORRE.
147
6.1.6. Setor Riacho Pau-de-Angico e Lagoa do Juventino
Esse Setor Fundiário é cruzado no meio pela BA-120, sendo este o principal acesso à
área. É um setor pouco populoso, com apenas 11 moradores (tabela 38), pois não existem
na área comunidades ou assentamentos rurais. Foram identificadas um total de 5 fazendas
entre médias e grandes propriedades (figura 127).
As propriedades do setor estão voltadas para a criação de caprinos e ovinos, possuindo,
em geral, boas estruturas para esse tipo de produção. Esta situação se traduz na renda
média se seus habitantes é bem superior a média da área de estudo. Além da renda da
produção o numero de habitantes que recebem aposentados contribuem para essa
situação.
Destaque para a Fazenda Moça Branca, onde vivem quatro pessoas, uma das maiores
da área de estudo. Essa fazenda abriga uma família de renda bastante superior à média da
região (R$ 6.400,00, segundo o proprietário) e possui uma grande produção de caprinos e
ovinos (segundo informações de terceiros e documentos da ADAB essa produção é de mais
de 5 mil cabeças, mas nas entrevistas de campo o proprietário falou em 400 cabeças), que
são utilizados, basicamente, para comércio. A produção é irrigada através de poço situado
na fazenda, junto ao Riacho do Icó.
O padrão construtivo das residências oscila de médio a baixo, sendo a maioria das
residências possui apenas dois cômodos (figuras 124 a 126).
TABELA 37: TABELA DE FAZENDAS, SÍTIOS, COMUNIDADES E ASSENTAMENTOS, RESPECTIVOS PROPRIETÁRIOS
E TAMANHO
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietários Área (ha)
Faz. Pau de Colher Sr. Francisco Xavier de Almeida 20
Faz. Lagoa do Juventino Sr. Gerson Dantas do Nascimento 250
Faz. Riacho do Banguê Sr. Emílio Félix Pereira 1.000
Faz. Santa Fé Sr. Gerson Dantas do Nascimento 250
Faz. Moça Branca Sr. Salomão Silva Torres 500
148
FIGURA 124: FOTOS DAS SEDES DAS FAZENDAS DO SR. GERSON DANTAS. A FOTO DA ESQUERDA É DA
FAZENDA SANTA FÉ E A DA DIREITA É DA FAZENDA LAGOA DO JUVENTINO.
FIGURA 125: FOTOS DAS EDIFICAÇÕES DA FAZENDA MOÇA BRANCA.
149
FIGURA 126: FOTOS DAS SEDES DAS FAZENDAS PAU-DE-COLHER (FOTO A ESQUERDA) E RIACHO DO BANGUÊ
(FOTO A DIREITA).
TABELA 38: TABELA DE PROPRIETÁRIOS / OCUPANTE DE IMÓVEIS E NÚMERO DE MORADORES.
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietário / Morador Tipo de
Residência
Número de
moradores
Fazenda Riacho do Banguê Sr. Emílio Félix Pereira Residência 3
Fazenda Pau-de-Colher Sr. Francisco Xavier de Almeida Residência 1
Fazenda Lagoa do Juventino Sr. Gerson Dantas do Nascimento
Residência 0
Fazenda Santa Fé Sr. Gerson Dantas do Nascimento
Residência 2
Fazenda Lagoa do Juventino Sr. Gerson Dantas do Nascimento
Residência fechada 0
Riacho do Banguê Sr. João Ferreira Leal Residência 1
Fazenda Moça Branca Sr. Salomão Silva Torres Residência 4
Fazenda Moça Branca Sr. Salomão Silva Torres Residência fechada 0
Total 11
150
FIGURA 127: FIGURA DE SITUAÇÃO FUNDIÁRIA DO SETOR RIACHO PAU-DE-ANGICO E LAGOA DO JUVENTINO.
151
6.1.7. Setor Juazeiro Sul
O Setor Fundiário Juazeiro Sul é o segundo mais populoso, possuindo 105 moradores.
Inclui 4 comunidades rurais: da Fazenda Caraibeira, com 25 habitantes; da Fazenda Saco
da Mina, com 14 moradores; da Fazenda da Mina, onde moram 41 pessoas; e da Fazenda
Campo Formoso, onde vivem 18 pessoas. Há ainda 5 pessoas morando em sítios e um
casal morando em um galpão da Associação Intermunicipal de Garimpeiros do Médio São
Francisco (AGAMESF).
Trata-se de uma área com densidade populacional relativamente grande, especialmente
nas comunidades, onde as casas são próximas (figuras 135, 137 e 138).
Este fato está relacionado a atuação do poder público municipal de Juazeiro, que
garante acesso a infraestrutura de distribuição de energia elétrica e a presença de um
numero maior de poços de água comunitários.
Do ponto de vista da situação fundiária, este setor apresenta uma complexidade quanto
ao entendimento dos limites das propriedades. Já que há um predomínio de comunidades
rurais de Fundo de Pasto. Onde a densidade de ocupações são maiores e a utilização de
terras comunais para a criação extensiva de caprinos e ovinos dificulta ainda mais o
entendimento dos limites fundiários.
A comunidade do Saco da Mina além da apresentar a maior quantidade de residências,
segundo alguns entrevistados, será alvo de um projeto de construção de 100 casas
populares. Este projeto está relacionado às atividades de garimpo na região da Pedreira da
Boa Sorte, localizada entre a comunidade rural citada e a comunidade rural da Fazenda
Caraibeira (figuras 134 e 138). Ainda segundo entrevistados, já foram realizadas visitas
técnicas para o desenho dos lotes e, o inicio da construção das casas depende apenas de
acertos burocráticos.
Este empreendimento habitacional tem como foco Associação Intermunicipal dos
Garimpeiros do Médio Vale do Rio São Francisco, que atualmente, promove pesquisas de
pedras preciosas para mineração. Segundo os entrevistados, os resultados da pesquisa tem
sido animadores e há uma expectativa de receber novos garimpeiros a partir da conclusão
das obras de construção de novas residências na comunidade da Fazenda da Mina.
O padrão construtivo das residências de forma geral é baixo (figuras 128 a 132), com o
predomínio de casas com estruturas de concreto, com revestimento nas paredes e telhas de
barro.
152
Neste setor foram identificados 53 proprietários ou responsáveis por domicilio, e outros 7
imóveis que não foram possível a identificação de seus proprietários ou responsáveis
(tabelas 39 e 40).
TABELA 39: TABELA DE FAZENDAS, SÍTIOS, COMUNIDADES E ASSENTAMENTOS, RESPECTIVOS PROPRIETÁRIOS
E TAMANHO.
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietários Área (ha)
Reserva do Sr. Crispiniano Sr. Crispiniano Cândido de Oliveira 10
Comunidade da Faz. Caraibeira Sr. Edvaldo José Araújo, Sr. Crispiniano Candido de Oliveira, Sr. Manoel Fagundes de Oliveira, Sra.Maria Madalena de Oliveira, outros (total 15)
600
Faz. Recreio Sr. Braulino Pereira dos Santos 50
Faz. Alegria Sr. Domingos Pereira de Oliveira 200
Comunidade da Faz. Campo Formoso Sra. Joana Rodrigues de Oliveira, Sr. Jailton Vieira Rodrigues, Josimar Vieira Rodrigues
100
Sítio Pedreira Boa Sorte Sr. Humbertinho de Oliveira 4
Pedreira Boa Sorte Ass. Intermunicipal dos Garimpeiros do Médio Vale do S.F.
?
Galpão da AGAMESF Ass. Intermunicipal dos Garimpeiros do Médio Vale do S.F.
1
Comunidade da Faz. da Mina Diversos ?
Comunidade da Faz. Saco da Mina Sra. Adalcy Batista da Silva, Sr. Edito Ferreira da Silva, Sr. Josué Gonçalves de Brito, Sr. Edinaldo, Sra. Edineuza e Sr. Manoel
?
153
FIGURA 128: FOTOS DAS EDIFICAÇÕES DA COMUNIDADE FAZENDA DA MINA.
154
FIGURA 129: FOTOS DAS EDIFICAÇÕES DA COMUNIDADE FAZENDA SACO DA MINA.
155
FIGURA 130: FOTOS DAS EDIFICAÇÕES DA COMUNIDADE DA FAZENDA CAMPO FORMOSO.
FIGURA 131: FOTOS DAS EDIFICAÇÕES DA FAZENDA ALEGRIA (FOTO DA ESQUERDA) E DA FAZENDA RECREIO
(FOTO DA DIREITA).
156
FIGURA 132: FOTOS DO GALPÃO INDUSTRIAL DA AGAMESF, QUE SERVE DE MORADIA PARA UM CASAL DE
GARIMPEIROS.
157
FIGURA 133: FOTOS DAS EDIFICAÇÕES DA COMUNIDADE DA FAZENDA CARAIBEIRA.
158
FIGURA 134: FIGURA DE SITUAÇÃO FUNDIÁRIA DO SETOR JUAZEIRO SUL..
159
FIGURA 135: FIGURA DA COMUNIDADE DA FAZENDA CARAIBEIRA NO SETOR JUAZEIRO SUL.
160
FIGURA 136: FIGURA DA COMUNIDADE DA FAZENDA CAMPO FORMOSO NO SETOR JUAZEIRO SUL.
161
FIGURA 137: FIGURA DA COMUNIDADE DA FAZENDA DA MINA NO SETOR JUAZEIRO SUL.
162
FIGURA 138: FIGURA DA COMUNIDADE DA FAZENDA SACO DA MINA NO SETOR JUAZEIRO SUL.
163
TABELA 40: TABELA DE PROPRIETÁRIOS / OCUPANTE DE IMÓVEIS E NÚMERO DE MORADORES.
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietário / Morador Tipo de Residência Número
de moradores
Comunidade da Fazenda Caraibeira Sem informação Residência abandonada 0
Pedreira Boa Sorte Sem informação Residência abandonada 0
Pedreira Boa Sorte Sem informação Residência abandonada 0
Pedreira Boa Sorte Sem informação Residência abandonada 0
Pedreira Boa Sorte Sem informação Residência abandonada 0
Comunidade da Fazenda Caraibeira Sem informação Residência fechada 0
Comunidade da Fazenda da Mina Sem informação Residência fechada 0
Comunidade da Fazenda Campo Formoso
Filho da Sra. Joana Rodrigues de Oliveira
Residência 3
Comunidade da Fazenda Saco da Mina
Inécio (Filho da Sra. Adalcy Batista da Silva)
Segunda residência 0
Comunidade da Fazenda da Mina Irmã da Sra. Maria Vilani da Silva Santos
Residência 1
Comunidade da Fazenda Saco da Mina
Josenita (filha da Sra. Adalcy Batista da Silva)
Segunda residência 0
Comunidade da Fazenda da Mina Moradores de Juazeiro Residência abandonada 0
Comunidade da Fazenda Saco da Mina
Pedro (Filho da Sra. Adalcy Batista da Silva)
Segunda residência 0
Comunidade da Fazenda Campo Formoso
Sogra da família Rodrigues Residência 2
Comunidade da Fazenda Caraibeira Sr. Antônio Fonseca de Oliveira Residência 3
Comunidade da Fazenda Caraibeira Sr. Antônio José dos Santos Residência 4
Comunidade da Fazenda Caraibeira Sr. Antônio Pereira dos Santos Residência 3
Comunidade da Fazenda Caraibeira Sr. Armando Nunes de Barros Residência 1
Comunidade da Fazenda Caraibeira Sr. Crispiniano Cândido de Oliveira
Residência 2
Comunidade da Fazenda da Mina Sr. Domingos Francisco dos Santos
Residência 1
Fazenda Alegria Sr. Domingos Pereira Oliveira Residência 1
Comunidade da Fazenda Saco da Mina
Sr. Edinaldo Residência 2
Comunidade da Fazenda Saco da Mina
Sr. Edito Ferreira da Silva Residência 2
Comunidade da Fazenda Caraibeira Sr. Edivaldo José de Araújo Residência 3
Comunidade da Fazenda Saco da Mina
Sr. Elias Residência 1
Comunidade da Fazenda Campo Formoso
Sr. Elzinho Vieira de Santana - Falecido
Residência fechada 0
Comunidade da Fazenda da Mina Sr. Evandro Vieira de Oliveira Residência 6
Comunidade da Fazenda da Mina Sr. Germano Residência 4
Sítio Pedreira Boa Sorte Sr. Humbertinho de Oliveira Residência 1
Comunidade da Fazenda Campo Formoso
Sr. Jailton Vieira Rodrigues Residência 5
Fazenda Recreio Sr. José Assis Vieira de Oliveira Residência 1
Fazenda Recreio Sr. José dos Santos Filho Residência 1
Comunidade da Fazenda Caraibeira Sr. José Francisco Ferreira de Souza
Segunda residência 0
Comunidade da Fazenda Caraibeira Sr. Josemir Ferreira Alves Residência fechada 0
Comunidade da Fazenda Campo Formoso
Sr. Josimar Vieira Rodrigues Residência 6
Comunidade da Fazenda Saco da Mina
Sr. Josué Gonçalves de Brito Residência 1
Comunidade da Fazenda da Mina Sr. Juscelino Batista Martins Residência 5
164
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietário / Morador Tipo de Residência Número
de moradores
Comunidade da Fazenda da Mina Sr. Justiniano (falecido) Residência fechada 0
Comunidade da Fazenda da Mina Sr. Lula Residência 4
Comunidade da Fazenda Saco da Mina
Sr. Manoel Residência 2
Comunidade da Fazenda Caraibeira Sr. Manoel Fagundes de Oliveira
Residência 2
Comunidade da Fazenda da Mina Sr. Marcelo José Marinheiro Residência 6
Comunidade da Fazenda da Mina Sr. Marinaldo Vieira Campina Residência 4
Comunidade da Fazenda da Mina Sr. Martins Vieira de Oliveira Segunda residência 0
Comunidade da Fazenda Caraibeira Sr. Nalton Sérgio Dias de Oliveira
Residência 2
Pedreira Boa Sorte Sr. Nelson ("do Bode") Residência 1
Comunidade da Fazenda da Mina Sr. Oswaldo (Oswaldinho) Residência em construção 0
Comunidade da Fazenda da Mina Sr. Valtécio Vieira Residência 1
Comunidade da Fazenda Saco da Mina
Sra. Adalcy Batista da Silva Residência 2
Comunidade da Fazenda da Mina Sra. Durvalina Residência 1
Comunidade da Fazenda da Mina Sra. Edineide Vieira Segunda residência 0
Comunidade da Fazenda Saco da Mina
Sra. Edineuza Residência 4
Comunidade da Fazenda da Mina Sra. Elza Andrade de Oliveira Residência 1
Comunidade da Fazenda da Mina Sra. Ivoneide Residência 1
Comunidade da Fazenda Campo Formoso
Sra. Joana Rodrigues de Oliveira
Residência 2
Comunidade da Fazenda Caraibeira Sra. Maria das Dores Segunda residência 0
Comunidade da Fazenda Caraibeira Sra. Maria Madalena de Oliveira Residência 1
Comunidade da Fazenda da Mina Sra. Maria Vilani da Silva Santos Residência 3
Comunidade da Fazenda da Mina Sra. Mônica Martins Residência 3
Comunidade da Fazenda Caraibeira Sra. Rosimere dos Santos Oliveira
Residência 4
Total 103
165
6.1.8. Setor Juazeiro Norte
O Setor Fundiário Juazeiro Norte possui 64 habitantes e também apresenta uma
densidade populacional maior que a média da região, em função da existência de duas
comunidades rurais: da Fazenda Olho D’água, onde vivem 27 pessoas; e da Fazenda
Baraúna, onde vivem outros 19 moradores. Há ainda 18 pessoas vivendo em 5 fazendas,
com destaque para a Fazenda Caixão, dividida em três propriedades pertencentes pessoas
de uma mesma família e para a fazenda Olho D’água, que possui a maior extensão e cuja
proprietária possui outro grande terreno (Fazenda Leitão) utilizado especificamente para a
pecuária de ovinos e caprinos (figura 141).
A comunidade da Fazenda Olho D’ água é resultado da partilha da Fazenda Olho
D’Água, que foi dividida em duas propriedades; uma sob o domínio da Sra. Creuza Maria
Gonçalves Dantas e outra, inicialmente, pertencente aos herdeiros do Sr. Pedro Pereira dos
Santos, que posteriormente foi parcelada e atualmente é conhecida como Comunidade da
Fazenda olho D’água.
O padrão construtivo deste setor oscila entre baixo e médio (figuras 139 e 140), sendo a
Fazenda Olho D’água a que propriedade apresenta o conjunto de edificações de melhor
qualidade, e com equipamentos voltados para a criação de bovinos.
Neste setor foram levantados 59 proprietários ou responsáveis por domicílios,
entretanto, deste total 5 não foram identificados (tabelas 41 e 42).
Ainda neste setor, foi identificado um terreno a venda (figura 140), entretanto, não foi
possível levantar o valor pedido e sua metragem total.
TABELA 41: TABELA DE FAZENDAS, SÍTIOS, COMUNIDADES E ASSENTAMENTOS, RESPECTIVOS PROPRIETÁRIOS
E TAMANHO.
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietários Área (ha)
Faz. Caixão 3 Sra. Carmelita Gomes de Jesus 14
Faz. Caixão 2 Sr. Nestor Gomes de Jesus 14
Terreno da Faz. Caixão Sr. Francisco Vieira 0
Faz. Caixão 1 Sr. Miguel Gomes de Jesus 14
Sítio Novo Sr. José Antônio Torres Dantas 0
Faz. Leitão Sra. Creuza Maria Gonçalves Dantas 0
Faz. Várzea da Pedra Branca Sra. Amélia Pereira 0
Comunidade da Faz. Baraúna Sr. José Humberto, Sr. Renato, Sra. Zildete, Sra. Marli, Sr. Manoel e Sr. Wiliam
0
Comunidade Faz. Olho dÁgua Herdeiros de Pedro Pereira dos Santos e Diversos
300
Faz. Olho dÁgua Sra. Creuza Maria Gonçalves Dantas 580
166
FIGURA 139: FOTOS DAS EDIFICAÇÕES DA COMUNIDADES DA FAZENDA.OLHO D’ÁGUA.
FIGURA 140: FOTOS DE EDIFICAÇÃO DA FAZENDA CAIXÃO 3 (FOTA DA ESQUERDA) E DE UM TERRENO DA
FAZENDA CAIXÃO A VENDA (FOTO DA DIREITA).
167
FIGURA 141:FIGURA DE SITUAÇÃO FUNDIÁRIA DO SETOR JUAZEIRO NORTE.
168
FIGURA 142:FIGURA DA COMUNIDADE DA FAZENDA OLHO D’ÁGUA DO SETOR JUAZEIRO NORTE.
169
FIGURA 143:FIGURA DA COMUNIDADE DA FAZENDA BARAÚNA DO SETOR JUAZEIRO NORTE.
170
TABELA 42: TABELA DE PROPRIETÁRIOS / OCUPANTE DE IMÓVEIS E NÚMERO DE MORADORES.
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietário / Morador Tipo de Residência Número
de moradores
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sem informação Residência 1
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sem informação Residência 1
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sem informação Residência 0
Comunidade da Fazenda Baraúna Sem informação Residência fechada 0
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sem informação Residência fechada 0
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sogra do Sr. Josivaldo Residência 1
Comunidade da Fazenda Baraúna Sr. Antônio de Souza Aquino Residência 1
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sr. Benedito Residência 1
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sr. Felemon José do Nascimento
Residência 1
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sr. Joanderson Residência 1
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sr. Joaquim Pereira dos Santos Residência 1
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sr. Joaquim Pereira dos Santos Residência abandonada 0
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sr. José Antônio Batista do Nascimento
Residência 3
Sítio Novo Sr. José Antônio Torres Dantas Residência 1
Comunidade da Fazenda Baraúna Sr. José Humberto Alves Nunes Residência 2
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sr. José Neide Segunda residência 0
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sr. Josivaldo Residência 1
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sr. Luiz Segunda residência 0
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sr. Luizinho Residência 1
Comunidade da Fazenda Baraúna Sr. Manuel Gomes de Jesus Residência 3
Fazenda Caixão 1 Sr. Miguel Gomes de Jesus Residência 2
Fazenda Caixão 2 Sr. Nestor Gomes de Jesus Residência 8
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sr. Oswaldo Barbosa dos Santos
Residência 3
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sr. Pedro Paulo Pereira dos Santos
Residência 1
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sr. Pedro Pereira dos Santos Filho
Residência 1
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sr. Pedro Pereira dos Santos Filho (dúvida)
Residência abandonada 0
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sr. Plácido Torres Residência 1
Comunidade da Fazenda Baraúna Sr. Renato Segunda residência 0
Comunidade da Fazenda Baraúna Sr. William Conceição dos Santos
Residência 7
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sra. Alaides Batista Conduru Residência 2
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sra. Amélia Batista dos Santos Silva
Residência 1
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sra. Amélia Batista dos Santos Silva
Residência em construção 0
Fazenda Várzea da Pedra Branca Sra. Amélia Pereira Residência fechada 0
171
Fazendas / Sítios / Comunidades / Assentamentos
Proprietário / Morador Tipo de Residência Número
de moradores
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sra. Ana Maria Batista Residência 1
Fazenda Caixão 3 Sra. Carmelita Gomes de Jesus Residência 3
Fazenda Olho dÁgua Sra. Creuza Maria Gonçalves Dantas
Residência 4
Fazenda Olho dÁgua Sra. Creuza Maria Gonçalves Dantas
Residência fechada 0
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sra. Luzia Batista dos Santos Rocha
Residência 3
Comunidade da Fazenda Baraúna Sra. Maria Jarmelinda de Jesus Residência 2
Comunidade da Fazenda Baraúna Sra. Marli Barbosa Aquino Residência 3
Comunidade da Fazenda Olho dÁgua
Sra. Orlinda Batista dos Santos Oliveira
Residência 2
Comunidade da Fazenda Baraúna Sra. Zildete Paiva Mangabeiro Residência 1
Total 64
172
7. ÁREA DE OCORRÊNCIA HISTÓRICA DA ARARINHA-AZUL –
PERSPECTIVAS PARA A CONSERVAÇÃO
A extinção da ararinha-azul na natureza foi associada, sobretudo, à alteração dos
ecossistemas onde a espécie vivia e à captura de indivíduos. Ambos os impactos são
condicionados, em grande parte, pela relação estabelecida entre a população local e os
recursos naturais.
Portanto, a re-introdução da espécie só será viável, em longo prazo, se houver uma
alteração nas características socioambientais da área, de forma a reduzir a pressão
exercida sobre a ararinha-azul e sobre os ecossistemas habitados por ela.
Nesse contexto, a melhoria na condição de vida das pessoas é essencial. As
dificuldades impostas pela pobreza e pela falta de acesso a serviços básicos tende a se
refletir no uso exaustivo dos recursos naturais e a facilitar a adesão a práticas como a caça,
a captura de aves e o estabelecimento de formas de produção ambientalmente
inadequadas.
Foi identificado que em toda a área de estudo predomina uma população extremamente
vulnerável do ponto de vista social, situação que se agrava, principalmente, no
assentamento Cacimba da Torre, na comunidade da Fazenda Cabaceira e nas posses de
terra na região da Fazenda Barra Grande. Mas também em outras localidades e em casas
isoladas situadas em pontos variados da área de estudo.
A renda média da população inserida na área de estudos é baixa. E a renda dos
moradores mais pobres é ainda mais baixa, geralmente inferior à linha da pobreza.
Tendo sido identificada uma forte dependência de aposentadorias e de programas
sociais, que na maioria dos casos, são fontes de renda mais importantes do que a
proveniente das atividades produtivas rurais.
Associada a esta condição, há uma enorme carência de serviços básicos, que agrava
ainda mais a qualidade de vidas dessas populações.
O fornecimento de energia elétrica na área de estudos é precário ou inexistente para
grande parte dos habitantes, especialmente para os que moram no município de Curaçá.
A distribuição de água também é precária, com a maior parte dos moradores sendo
abastecida por carros pipa. Tendo em vista a condição semiárida local e o prolongado
período de seca, a dificuldade de acesso a esse recurso vital torna-se ainda mais grave e
limitante para a reprodução social.
173
A dessedentação animal, essencial à produção local (baseada na pecuária caprina e
ovina) é um problema grave, pois a água dos carros pipa não pode ser utilizada para este
fim. Assim, para muitos moradores, restam poucas alternativas, mesmo quando se produz
cabras e ovelhas, animais rústicos e adaptados às condições semiáridas.
Isto se reflete em uma criação extensiva, na qual os animais são criados soltos,
pastando em terras, geralmente, comunais, ocasionando impactos negativos sobre os
ecossistemas de Caatinga, especialmente no consumo de brotos das plantas nativas.
Agrava este problema a carência de financiamentos e projetos de apoio ao
desenvolvimento rural que possibilitem investimentos na melhoria das técnicas produtivas.
Além disso, a pouca disponibilidade de água gera uma intensa utilização da rede
hidrográfica, com a utilização de cacimbas, bebedouros para animais e a construção de
poços.
Há ausência total de coleta de lixo e de rede de coleta de esgoto. Parte relevante dos
moradores não possui sequer banheiro nas residências, enquanto os demais possuem
fossas. A ausência de saneamento básico tende a gerar problemas sanitários, que só não
são mais graves na área de estudo pela pequena densidade de ocupação e da baixa
geração de lixo sólido.
Serviços de saúde são quase inexistentes, estando limitados à presença de agentes
municipais de saúde e de agentes de controle de endemias. Este último é agravado pela
própria estrutura de pau a pique de algumas das residências, sendo comum a captura de
barbeiros (inseto que pode transmitir a Doença de Chagas) por parte desses agentes.
Esta condição é agravada pela ausência de serviços regulares de transporte público,
dificultando o deslocamento até os centros locais que disponibilizam serviços de saúde,
principalmente, as sedes municipais de Curaçá e de Juazeiro. Além de dificultar a
comercialização das produções agropecuárias da área de estudos.
Este conjunto de dificuldades se reflete na quase ausência de oportunidades de
trabalho, o que tende a acarretar no êxodo das pessoas em idade economicamente ativa.
Deste modo, foi possível constatar uma baixa presença de jovens e uma proporção elevada
de idosos na área de estudo. E, consequentemente, uma proporção elevada de
aposentados.
Este processo está gerando transformações nas organizações sociais, que, de forma
geral, são integradas por pessoas de mais idade, que já apontam como uma de suas
preocupações a carência de novas lideranças comunitárias.
174
Quanto às perspectivas futuras de desenvolvimento da área de estudo, foi observado em
campo a construção de uma adutora que levará água do Rio São Francisco para a sede do
distrito de Barro Vermelho. Um considerável trecho da adutora cruzará a área de estudo,
especificamente, aquele que acompanha o eixo da BA-120. Entretanto, não ficou claro o
quanto desse volume de água será destinado as populações que ocupam áreas próximas as
tubulações mais distantes da vila de Barro Vermelho (ponto de entrega).
O arrefecimento do atual período de seca poderá trazer de volta parte dos moradores
que foram embora nos últimos anos. Contudo, isto não deverá significar um grande aumento
na pressão sobre os ecossistemas, tendo em vista a baixa densidade de ocupações e uma
conseqüente melhoria da condição de vida das pessoas o que pode acarretar numa melhor
utilização dos recursos naturais.
Ainda do ponto de vista das perspectivas de desenvolvimento futuro, é importante
ressaltar que há necessidade de realizar uma pesquisa sobre a possível construção de 100
casas populares na comunidade da Fazenda da Mina, próximo a Pedreira da Boa Sorte.
Esse empreendimento foi citado em campo por mais de um morador, mas não foi possível a
confirmação documental sobre a veracidade desta informação no âmbito do presente
estudo.
A despeito das condições futuras, as características socioeconômicas atuais da área de
estudo indicam um ambiente ainda aquém do ideal para uma re-introdução satisfatória da
ararinha-azul.
Estratégias de conservação dos ecossistemas locais que possibilite a re-introdução da
ararinha-azul irão requerer uma política de estado que altere esta dinâmica socioeconômica.
Esta alteração tem que passar, sobretudo, pela possibilidade dos moradores locais
serem incorporados a esse processo, tanto através da melhoria de suas condições de vida
quanto pela participação em fóruns ou conselhos consultivos.
Para tanto, um investimento maciço na disponibilização de serviços públicos é essencial.
Especialmente de luz e água, pois a falta desses serviços impede a produção local e
inviabiliza projetos de redução da pobreza em longo prazo.
É necessária também a introdução de mecanismos que viabilizem diretamente os
processos produtivos na área de estudo, de preferência de forma ambientalmente
adequada. Financiamento e apoio técnico aos produtores rurais são essenciais e dependem
de uma política deliberada do Estado.
175
Esse conjunto de ações é fundamental para garantir o desenvolvimento local e,
consequentemente, assegurar a participação da população no processo de conservação
ambiental da área de ocorrência histórica da ararinha-azul
Associado a esse processo, a criação e implantação de uma Unidade de Conservação
pode ser uma alternativa para a construção de um ambiente favorável para a re-introdução
da ararinha-azul. Principalmente, se esta não significar conflitos de desapropriação e
garantir um fórum para que as populações locais participem desse processo.
Por tanto, sugere-se que esta UC deveria ser, preferencialmente, de uma categoria cuja
implantação não necessite de regularização fundiária. Pois, apesar do pequeno valor da
terra (o que tende a encorajar processos de regularização fundiária) a situação fundiária da
área de estudo é muito complexa, principalmente nas áreas próximas aos riachos.
Portanto, um processo de regularização fundiária de uma possível Unidade de
Conservação que exija desapropriações irá requerer um investimento anterior para delimitar
e legalizar as propriedades rurais para posteriormente adquiri-las. Trata-se de um processo
lento, difícil e com grande potencial de geração de conflitos. Especialmente porque parte
das terras tem uso comunal e a definição dos proprietários das mesmas será muito
complexo e demorado.
Nesse contexto, a implantação de uma UC que não necessite de regularização fundiária
é mais adequada. Mas deve ser realizada em associação á medidas que garantam a
melhoria de vida e as condições de produção para a população local.
176
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS Y. M.; SOYE, Y. MIYAKI, C. Y.; WATSON, R.; CROSTA, R. L.; LUGARINI, C;
GODOY, S. N.; DEVELEY, P. (2012). In. BARROS Y. M.; SOYE, Y. MIYAKI, C. Y.; WATSON, R.; CROSTA, R. L.; LUGARINI, C. (org.). Plano de ação nacional para a conservação da ararinha-azul: Cyanopsitta spixii. Brasília : Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ICMBIO, 140 p.
CASTELLETTI, C.H.M.; SILVA, J.M.C.; TABARELLI, M.; SANTOS, A.M.M. (2004). Quanto ainda resta da Caatinga? Uma estimativa preliminar. In: J J. M. C.; TABARELLI, M.; Fonseca, M. T.; LINS, L. V. (Org.). Biodiversidade da caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente: Universidade Federal de Pernambuco, pp. 91-100.
DRUMOND, M. A.; PIEDADE KIILL, L. H.; FERNANDES LIMA, P. C.; CAVALCANTE DE OLIVEIRA, M.; RIBEIRO DE OLIVEIRA, V.; GONZAGA DE ALBUQUERQUE, S.; SOUZA NASCIMENTO, C. E. DE; CAVALCANTI, J. (2000). Estratégias para o Uso Sustentável da biodiversidade da Caatinga. Documento para discussão no GT estratégias para o uso sustentável. under: avaliação e identificação de ações prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade do bioma caatinga. Workshop on caatinga ecology, conservation and sustainable use, Petrolina, 21-26 may 2000.
GIULIETTI AM, NETA ALB, CASTRO AAJF, GAMARRA-ROJAS CFL, SAMPAIO EVSB, VIRGÍNIO JF, QUEIROZ LP, FIGUEIREDO MA, RODAL MJN, BARBOSA MRV, HARLEY RM, 2004. Diagnóstico da vegetação nativa do bioma Caatinga. In: SILVA JMC, TABARELLI M & FONSECA MT (Orgs.). Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Ministério do Meio Ambiente, Brasília.
OLIVEIRA, J. A. (2003) Diversidade de mamíferos e o propriedade de áreas prioritárias para a conservação do bioma Caatinga. In: SILVA, J. M. C.; TABARELLI, M.; Fonseca, M. T.; LINS, L. V. (Org.). Biodiversidade da caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente: Universidade Federal de Pernambuco, pp. 263-282.
ROSA, R .S.; MENEZES, N. A.; BRITSKI H. A.; COSTA , W. J. E. M.; GROTH, F. (2003). Diversidade, padrões de distribuição e conservação dos peixes da Caatinga. In: I.R. Leal, M. Tabarelli & J.M.C. Silva (eds.). Ecologia e conservação da Caatinga. Recife: Editora Universitária, Universidade Federal de Pernambuco, pp. 135-180.
SAVE BRASIL (2012). Estudo de Viabilidade – Ararinha na Natureza. Curaçá, Bahia. 66 p.
SILVA, J.M.C.; SOUZA, M.A.; BIEBER, A.G.D.; CARLOS, C.J. (2003). Aves da Caatinga: status, uso do habitat e sensitividade. In: I.R. Leal, M. Tabarelli & J.M.C. Silva (eds.). Ecologia e conservação da Caatinga. Recife: Editora Universitária, Universidade Federal de Pernambuco, pp. 237-273.
TABARELLI, M. & VICENTE, A. (2004). Conhecimento sobre plantas lenhosas da Caatinga: lacunas geográficas e ecológicas. In: J. SILVA, J. M. C.; TABARELLI, M.; Fonseca, M. T.; LINS, L. V. (Org.). Biodiversidade da caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente: Universidade Federal de Pernambuco, pp. 101-111.
WILSON, E. O. (1992). Diversidade da vida. Editora Schwarcz LTDA. SP.
Formatado: Inglês (EUA)
177
ANEXOS
8.1. Anexo 1 – Questionário aplicado para entrevista com moradores
178
QUESTIONÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO SÓCIOECONOMICA E FUNDIÁRIA
Nº_______ Data:_______/________/2013 Apresentação
Meu nome é _(F)__(B)__(J)__(L)_, pesquisador da Mosaico Ambiental que está realizando estudos em conjunto com a ONG Save Brasil/ Birdlife na região do município de Curaçá. Trata-se de estudos socioeconômicos e fundiários na Área Potencial para Reintrodução da Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) (MAPA EM ANEXO), que inclui a área do município de Curaçá-BA onde foram realizados registros dos últimos exemplares dessa ave fora de cativeiro. O objetivo principal desses estudos é subsidiar a discussão sobre a conservação dessa área, possibilitando que seja realizada a reintrodução da espécie e que existam condições de manutenção da mesma na natureza O presente questionário é parte dessa pesquisa e pretende levantar, junto aos proprietários e moradores e aos gestores de Curaçá informações sobre as características socioeconômicas e fundiárias da área de ocorrência dessa ave.
1. Informações do Entrevistado
1.1 Nome do ocupante entrevistado
___________________________________________________________________
1.2 Condição do entrevistado em relação à propriedade
( )Proprietário ( )Arrendatário ( )Empregado ( )Outros ___________________
1.3 Principal ocupação do entrevistado____________________________________
1.4 Contato do entrevistado_____________________________________________
1.5 Quantas pessoas vivem na moradia e qual a idade e sexo de cada uma
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
1.6 Nível de escolaridade do entrevistado: _________________________________
___________________________________________________________________
2 – Informações da Propriedade e do proprietário
2.1 Nome Proprietário (pessoa física ou jurídica?)____________________________
___________________________________________________________________
2.2 Contato Proprietário ________________________________________________
2.3 Nome do imóvel___________________________________________________
2.4 Histórico de desmembramento do imóvel________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
179
2.5 Área total da Propriedade _________________________________________
2.6 Memorial simplificado – Descrever divisas e confrontações (confrontantes)
Norte
Sul Este Oeste
2.6 Croqui de situação da área em relação aos confrontantes – indicar o Norte
180
2.7Observações sobre os limites _________________________________________________________________ 2.8 Possui empregados? (S) (N) Número de empregados__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3 – Características de Usos da Propriedade
3.2 Principal(is) utilização(ões)- usos gerais
( )Moradia ( )Agricultura ( )Pecuária ( )Outros __________________________
___________________________________________________________________
4 – Produção (se não houver produção, pular para item 5).
4.1 O que se produz na propriedade? (Discriminar culturas, pastagens e/ou criações)
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4.2 Qual o total anual produzido de cada produto ou o total de cabeças de cada
criação?____________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4.3 Qual o destino da produção?_________________________________________
4.4 Recursos empregados na produção (financiamento, equipamentos, mão de obra)
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________
5 – Renda
5.1 Qual a renda familiar total? (anual) (mensal) _R$_________________________
5.2 Qual a renda aferida com a comercialização de produtos produzidos na
propriedade? _R$_____________________________________________________
5.3 Há renda proveniente de programas sociais? Quais programas? Qual
valor?_______________________________________________________________
181
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
5.4 Há outras rendas? Quais e qual o valor?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
6 – Infraestrutura
6.1 Esgotamento sanitário via ( )Rede geral ( )fossa séptica ( )fossa rudimentar
Outros______________________________________________________________
6.2 Abastecimento de água via ( )Rede ( )Nascente ( )Poço ( ) Pipa ( )Açude
Outras______________________________________________________________
6.3 Possui Eletricidade? Qual forma de abastecimento?
( )Rede ( )Gerador ( )Outros __________________________________________
6.4 Possui quais equipamentos domésticos?(número)
( no )Geladeira ( no)Fogão ( no )Televisão ( no)Rádio ( no)Computador ( ) Internet
( no ) Automóvel ( no ) Outros____________________________________________
___________________________________________________________________
7 – Formas de organização social
7.1 Está incluído em alguma forma de associação de moradores ou
produtores?__________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
8 - Relação com lugar
8.1 Mora na região desde quando?_______________________________________
8.2 Veio de onde? Veio quando?_________________________________________
___________________________________________________________________
8.3 Tem planos para sair ou pretende permanecer na região?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
9 – Visão da conservação
9.1 Tem observado degradação da natureza?_______________________________
9.2 Conhece o projeto Ararinha Azul? (S) (N)
9.3 Já avistou a Ararinha-azul? (S) (N)
182
9.4 O que acha da criação de UCs na região?
___________________________________________________________________
9.5 É a favor da criação de uma UC para reintroduzir a Ararinha Azul na região de
ocorrência desta espécie em Curaçá?_____________________________________