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DiariosBicicleta FLIPMINILIVRO.indd 1 22.06.11 18:52:03 · Em toda a Ale-manha, encontrei apenas uma área de floresta assim — uma ... to a hospitais e escolas. Mesmo que em determinado

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Pólen é o papel do livro. Porque sua cor reflete menos luz e deixa a leitura muito mais confortável.

Quanto mais confortável a leitura, mais páginas você consegue ler. Lendo mais páginas, mais rápido acaba o livro. Acabando o livro, mais tempo para ler outros.

Mais tempo para ler outros, cada vez você lê mais. Lendo mais, acumula mais conhecimento.

Mais conhecimento, melhor para todo mundo. Pólen. Você pode ler mais.

Este livro foi impresso em Papel Suzano Pólen Soft® 80 g/m2.

PAPEL E CELULOSE

Vocêpodelermais.

Papel

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Berlim

A nostalgia da lama

Chegando ao Aeroporto Tegel em Berlim, olho para baixo e vejo as plantações e estradas bem divididas — até as árvores das flo-restas ali em volta estão alinhadas em perfeita ordem — e penso co-migo mesmo o quanto este país inteiro, as paisagens, tudo até onde a vista alcança, foi meticulosamente organizado. Não há espaço para campos selvagens, caos ou extravagâncias, não aqui e em nenhuma outra parte da Europa industrializada. O homem está no comando e vem pondo há muitos séculos a natureza em seu devido lugar. Em vários países, existe um ethos que sustenta essa visão de mundo “cul-tivadora” — um ethos que valoriza a natureza. O resultado disso são reservas naturais e parques isolados — como zoológicos verdes — que podem ser encontrados aqui e ali.

Lembro-me de ter visitado os campos da Alemanha em 1988 à procura de locações para um filme chamado The forest que o diretor de teatro Bob Wilson e eu estávamos querendo fazer. Du-rante esse tempo todo, o muro ainda estava de pé, mas consegui também dar uma olhada em locações da Alemanha Oriental, o que deixou o meu trabalho mais divertido e desafiador. Como su-gere o nome da obra, as cenas rodadas em uma floresta virginal seriam inevitáveis, então saí para encontrar uma. Em toda a Ale-manha, encontrei apenas uma área de floresta assim — uma reserva de um quilômetro quadrado ao lado de uma estrada.

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De fato, era um lugar diferente, muito diferente, de todas as outras florestas que eu já tinha visto. Nenhuma das árvores era reta; elas eram tortas, retorcidas e pareciam ter levado vidas muito in-teressantes. O chão da floresta era pontilhado por enormes tron-cos apodrecidos — corpos deformados, ancestrais dos gigantes que ainda estavam de pé. Ela era exatamente como as florestas descri-tas nos contos de fadas ou vistas em certos filmes — caótica, mas quase aconchegante; sinistra, mas linda e sedutora. Era como es-tar dentro e fora de uma criatura ao mesmo tempo. Como se você estivesse passeando em meio às entranhas de uma entidade gigan-tesca. Acho um pouco triste que a minha referência visual de uma floresta intocada venha apenas das imagens de filmes e da litera-tura. É triste pensar também que áreas preservadas como essa já foram algo muito comum, mas que agora praticamente só exis-tem em nossas imaginações coletivas — uma imagem entalhada em nossas psiques ao longo de milênios, indelével, mas que agora tem pouca relação com o mundo real. Essa pequena área foi tudo o que restou — a não ser por uma outra floresta supostamente maior na Polônia, mas seria impraticável ir até lá para filmar.

A Europa é um lugar retocado. A não ser por algumas regiões semi-inacessíveis nos Alpes, ao norte da Escócia e da Escandiná-via, o continente inteiro foi aperfeiçoado e retocado pela mão do homem. É um vasto projeto milenar, um esforço constante que exigiu a cooperação de diversas nações e pessoas ao longo de sé-culos, todas com suas línguas e culturas diferentes. O maior em-preendimento físico da humanidade na história.

Os EUA não têm nada parecido. Nenhuma área foi retocada com semelhante esmero, a não ser talvez pela região ironicamente chamada de Nova Inglaterra, ou certas partes das grandes planícies onde as estepes norte-americanas foram organizadas pelo agro-negócio. Ainda é possível encontrar porções, mesmo que aos pedaços e um tanto escondidas, de campos selvagens intocados e perigosos pelos EUA. Mesmo em alguns lugares onde a natu-reza é ilusória, ela ainda existe dentro da memória viva, pelo

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menos por enquanto — as pessoas internalizaram a existência dessa natureza e agem como se ela ainda estivesse lá, compor-tando-se de acordo com essa ideia. A sedução e o perigo do caos e os caprichos do desconhecido estão logo além das cercas das fazendas em vários lugares — ou pelo menos ainda existem memórias de que tudo isso já esteve lá algum dia.

A postura dos europeus em relação à natureza é de cultivar o continente com um viés filosófico como se fosse um vasto jardim, enquanto os norte-americanos preferem subjugar seus cenários na-turais por meio da força, asfaltando áreas imensas ou cobrindo qui-lômetros com um único tipo de plantação — como o milho — que se estende até onde a vista alcança. No Novo Mundo, a ideia de que sempre haverá mais terra no horizonte é comum, fazendo com que o cultivo sustentável e os esforços de conservação sejam vistos como mero romantismo. Imagino que o mesmo aconteça em grande parte da Rússia e das antigas repúblicas soviéticas, o que ajuda a explicar algumas coisas. Talvez seja por isso que mui-tos norte-americanos queiram dominar e controlar o mundo inteiro, enquanto os europeus, que já alcançaram mais ou menos esse con-trole sobre suas próprias terras, sintam-se na obrigação de proteger e zelar pela natureza e não apenas subjugá-la. Hoje em dia, a in-dustrialização e o domínio agrário são coisas do passado em grande parte da Europa — deixando como legado uma repugnante me-mória de céus cinzentos e rios poluídos, dos quais muitos estão sendo revitalizados. Mais ou menos.

Pedalo pelas ciclovias aqui em Berlim e tudo me parece muito civilizado, agradável e evoluído. Nenhum carro estaciona ou anda nas ciclovias, e os ciclistas não zanzam pelas ruas e também não sobem nas calçadas. Existem pequenos semáforos só para os ciclis-tas e as bicicletas têm até sinal de seta! (Em geral, os ciclistas são liberados alguns segundos antes do resto do trânsito para poderem sair do caminho.) E não há necessidade de dizer que a maioria dos ciclistas aqui para nesses semáforos. Os pedestres também não

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entram nas ciclovias! Fico até um pouco chocado — tudo funciona tão bem. Por que não pode ser assim onde eu moro?

Aqui, até as bicicletas são práticas. Elas são, geralmente, pretas, com apenas algumas poucas marchas, para-lamas, e mui-tas vezes um cesto — coisa que nenhum ciclista esportivo jamais sonharia em acoplar à sua mountain bike nos EUA. Na Holanda, eles vão ainda mais longe e instalam carrinhos especiais para levar os filhos ou compras e até para-brisas (!) para proteger as crianças. Mas claro, pedalar pelas ruas de Nova York com seus constantes buracos, lombadas e recapeamentos mal-feitos, é mesmo algo mais próximo de um esporte radical do que andar de bicicleta por aqui, onde, por algum motivo, a maioria das ruas é lisa como um tapete e não tem obstáculos, apesar dos invernos rigorosos. Hmmm. Os maiores problemas por aqui ficam por conta de algumas ruas de paralelepípedos ou trechos de calçamento. Como eles conseguem fazer isso? Ou melhor, como o país mais rico do mundo não consegue fazer isso?

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Alguns podem até dizer que ao construir ruas perfeitas, os alemães também eliminaram os obstáculos psicológicos de suas vidas cotidianas. Se as ruas de Nova York são mais insanas e des-controladas (pelo menos em frente ao “Mall Manhattan”), então estas aqui são ruas que tomaram Prozac — civilizadas, embora um pouco menos empolgantes. Mas por que nós nos EUA deveríamos ser forçados a andar por ruas “empolgantes”?

A sociedade moderna do norte europeu é bastante homogê-nea. Existem sim alguns imigrantes, mas eles ainda não represen-tam uma porcentagem muito grande da população. Há também menos diferenças econômicas e abismos entre classes aqui do que nos EUA, a não ser entre os imigrantes — os turcos na Alemanha, os indonésios na Holanda, os africanos na Bélgica e os norte-afri-canos e árabes na França. Para os brancos, os habitantes locais, a vida aqui é certamente mais igualitária e, portanto, mais demo-crática do que nos EUA. Esses mesmos brancos agora já estão cientes de que os imigrantes de suas antigas colônias andam se perguntando por que eles também não podem ter acesso gratui-to a hospitais e escolas. Mesmo que em determinado país as pes-soas tenham direito ao voto, assim como elas também têm na maior parte dos EUA, grandes diferenças econômicas e desigualdades em relação à saúde e à educação fazem com que os interesses da maioria e o bem público deixem de prevalecer. A vontade de uma minoria acaba atropelando a da maioria. Nesse caso, o conceito de uma verdadeira representação igualitária deixa de existir.

Já passei por aqui várias vezes ao longo dos anos. Na primeira, no fim dos anos 70, Berlim me parecia um lugar exótico e empol-gante, um ícone da Guerra Fria. Eu me lembro de ter cruzado o bem vigiado corredor que ia de Berlim a Hamburgo — que na época nós víamos como um corredor polonês que atravessava parte da Alemanha Oriental — e depois passar pelo posto de checagem Charlie, o portão controlado pelos EUA no Muro de Berlim, com

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suas famosas histórias e propagandas mostrando tentativas deses-peradas e fracassadas de fugas do leste. Ao mesmo tempo, havia também um quê de decadência evidenciado pelos vários bares punk e discotecas da Berlim Ocidental. Você sempre se lembrava de que estava confinado ali, um prisioneiro em uma ilha de luxú-ria, cultura e prazer — bem no meio da monotonia, sisudez e idea-lismo do leste. A cidade era provocadora, uma tentação. Imagino que devia ser mais divertido e um pouco mais insano morar lá por causa disso.

Para uma cidade murada e sem espaço para se expandir como era nos anos 60, 70 e 80, Berlim tinha um surpreendente número de parques e áreas verdes, e por ser quase totalmente plana, a ci-dade era, e ainda é, um lugar perfeito para se andar de bicicleta, embora os invernos possam ser bem gelados com os fortes ventos que sopram do norte. Berlim tem um ótimo festival de cinema que muitas vezes exibia filmes da Alemanha Oriental e de outros paí-ses cuja produção cinematográfica não era conhecida no Ocidente. Uma vez, vi um filme turco maravilhoso em que um respeitado diretor de teatro aceita um pequeno trabalho como ator em um comercial de xampu e então acaba se vendo preso no mundo ima-ginário dos personagens da propaganda. A nova família dele só o reconhece como o personagem do anúncio e sabe o que ele faz da vida e tudo mais, mas ele, o ator em si, não sabe de nada. Depois de algumas confusões iniciais, ele desiste e tenta se ajustar à sua nova vida.

Detento número sete

Há relatos de que quando Rudolf Hess, o último detento na-zista da Prisão de Spandau, morreu após supostamente ter se en-forcado com um cabo de força, o prédio inteiro no subúrbio da cidade foi desmontado, pedaço por pedaço. Ao longo da noite, os tijolos foram retirados pelos britânicos, que comandavam o setor onde ficava o presídio, moídos até virarem pó e depois jogados no

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mar — como se a prisão, ou até mesmo os tijolos, pudessem atrair simpatizantes neonazistas se permanecessem intactos. O que eles achavam? Que os neonazistas iriam acreditar que um pouco da energia de Hess ainda estava ali naqueles tijolos? Enfim, um belo dia o prédio estava lá, e no outro já não estava mais, deixando para trás apenas um terreno baldio.

Por vinte anos, Hess foi o único detento do presídio inteiro, “o homem mais solitário do mundo”, segundo um livro. Que linda imagem. Ao que parece, ele podia andar mais ou menos à vontade pelo vasto complexo, mas ninguém tinha permissão de tocar nele ou de apertar sua mão (mais uma vez, a exemplo dos tijolos, era como se todos achassem que ele tinha algum tipo de aura mágica nazista). Ele ganhou fama ao ir de avião até a Escócia em 1941 na esperança de negociar um acordo de paz. Ele desceu de para-quedas nas terras de um fazendeiro ao sul de Glasgow e teria sido preso por um homem armado com um tridente.

Trocas

Vou do aeroporto para a cidade. O táxi segue lentamente à procura do meu destino sob um começo de manhã cinzento com as ruas vazias. Até que avisto um homem do outro lado da rua com uma roupa vermelha e brilhante; um alemão rechonchudo fanta-siado de chefe índio norte-americano, com um cocar de penas, mocassins de inverno e tudo mais. Ele está sozinho — a rua está deserta. A princípio, penso comigo mesmo, “Nossa, os doidos da-qui são mesmo criativos!”, mas aí me lembro de que estamos na semana do carnaval e que esse homem deve só estar voltando para casa depois de uma longa noitada. Essa paixão pelo Velho Oeste é um grande fenômeno por aqui — iniciado pelo romancista Karl May com sua famosa série de livros de faroeste em que os índios são os heróis.

As cores nacionais da Alemanha, não as da bandeira, mas as cores mais vistas por aqui, são o amarelo, em geral de um tom baço

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e sulfuroso; o verde, pendendo mais para uma tonalidade baça de floresta; e o marrom, que vai de um bege amarronzado até um tom forte cor de terra. Essas cores terrosas quentes e suas combinações são as mais usadas em prédios, roupas e acessórios. Para mim, elas representam o germanismo — uma identidade nacional e cultu-ral. Isso é um estereótipo nacional, claro, mas me faz pensar: toda cultura tem sua paleta de cores? Antigamente, a maioria dos pré-dios era feita com materiais da própria região e, como resultado, as construções de Londres são em geral feitas de tijolos vermelhos, enquanto as de Dallas de tijolos beges.

O elevador do hotel tem paredes de vidro, permitindo que você veja a avenida bem em frente ao hotel, o fosso do elevador e os seus mecanismos do outro lado. Todos os cabos e peças estão impecáveis — imaculados e quase sem pó. Em Nova York, esse lu-gar estaria imundo, totalmente coberto de sujeira e décadas de graxa velha, e o piso do fosso estaria coberto de copos de café e veneno de rato. Quando comentei isso com meu amigo norte-ame-ricano, ele rebateu, “Pode ser, mas a nossa música é melhor”.

Opa, espere aí! Você pode até não dar a mínima para o techno, alicerce musical de muitas casas noturnas por aqui, mas várias pes-soas poderiam dizer que Ludwig van, Bach e Wagner sozinhos já seriam capazes de enfrentar qualquer outro lixo norte-americano. Então, sim, o comentário foi ridículo, mas o que ele realmente significa? O que ele implica? Além de ser discutível, ele não teria também uma concepção implícita de que as qualidades culturais e sociais são finitas? De que o excedente de uma implica a escas-sez da outra? De que a pureza e a ordem acabam inibindo fatal-mente algumas outras qualidades? (Como no corolário de que se uma pessoa é bonita, ela deve ser burra.) De que pessoas e nações inteiras possuem elementos psíquicos em comum que só entram em atividade assim que você passa pela alfândega? Isso teria a ver com a ideia exposta naquele conto maluco do escritor Will Self, A teoria quantitativa da insanidade, de que existe uma porção limitada de sanidade no mundo? Segundo essa concepção, cada

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traço psicológico, cada fragmento do nosso caráter e personalidade, representa uma troca feita por alguma outra forma inexprimível de comportamento social. Sob essa ótica, se você é mais feliz do que a média, isso significa que você abriu mão de alguma outra coisa — da sua inteligência, por exemplo.

Nossos cérebros têm mesmo essa estranha limitação? Será que intuímos essa ideia de escambo psicológico? Todos conhecem os casos de pessoas cegas que sofreram alterações em suas ondas ce-rebrais e começaram a criar novas conexões neurológicas em áreas antes usadas pela visão. Seria essa mesma lógica válida para outros elementos psíquicos dos nossos seres? Será que algum des-ses clichês mentais/psicológicos têm um fundo de verdade? Grandes gênios criativos estão fadados a ter menos senso comum ou tino para negócios? Mentes racionais ao extremo perdem inva-riavelmente um pouco das intuições mais radicais e criativas? Pessoas sensuais são mesmo mais desorganizadas? O aprimoramento de uma determinada área implica necessariamente a atrofia e degradação de outra? Existe algum gráfico de escalas variáveis que podemos consultar para descobrir nossa classificação nesse ranking psíquico?

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Diários de Bicicleta está disponível em edição capa dura, e-book e, em breve, edição brochura impressa em papel Suzano Pólen®.

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Este livro foi impresso em Papel Suzano Pólen Soft® 80 g/m2.

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