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DIDTICA
AULA 1 - Didtica: Campo de Estudos e Prticas
1 ) identificar a Didtica como um campo de estudos e prticas;
2) comparar as diferentes perspectivas tericas que marcam o campo da
Didtica;
3) analisar as tenses e perspectivas que se colocam no debate da Didtica
hoje;
4) identificar os elementos e as dimenses da situao didtica.
O que Educao?
A educao nos acompanha por toda a vida. A todo o momento estamos
aprendendo, ensinando, nos educando e participando da educao de
algum.
Isso implica dizer que a educao:
um processo social;
resultado da interao entre os homens;
Envolve a transmisso, reelaborao e produo de saberes,
valores,modos de sentir, agir e pensar.
Assim, a educao um processo que guarda mltiplas dimenses:
pessoal, social, econmica, poltica, filosfica. Diz respeito a processos
individuais de aprendizagem, a dinmicas de grupos e culturas, a
determinantes e estruturas de produo e poder, a concepes de
mundo e de homem.
Toda sociedade tem um projeto de desenvolvimento e, dentro dele,
idealiza um papel para a educao.
Educao:
Politica ou projeto educacional conservador: Por exemplo, uma
poltica ou um projeto educacional conservador tende a reproduzir a
forma como a sociedade esta organizada.Tem como objetivo principal
garantir que os sujeitos se tornem aptos a trabalhar pela continuidade
desse sistema, gerando assim, harmonia social.
Politica ou projeto educacional transformador: Por outro lado, uma
poltica ou um projeto educacional transformador procura modificar a
forma como a sociedade esta organizada.Neste caso, a educao
objetiva promover a conscincia critica dos sujeitos e incentivar a
organizao social.E assim,cada grupo social,dependendo de sua viso
sobre a sociedade, ir defender ou rechaar um modelo educativo.
Embora o pensamento educacional venha se constituindo desde a
antiguidade, a Didtica surge como uma resposta aos desafios que se
colocam para a educao com a emergncia da escola. Nesse
momento, a instruo popular fundamental para a reforma religiosa,
sendo necessrio, portanto, encontrar um modo de normatizar a
prtica docente e racionalizar o ensino tornando-o mais eficiente.
Conhea alguns dos pensadores que contriburam de forma valiosa
para a Didtica.
Comenius (1592-1670)
Comenius reconhecido como o pai da Didtica Moderna e um dos
maiores educadores do sculo XVII. Ele escreveu a Didctica Magna,
definida como tratado da arte universal de ensinar tudo a todos.
Esse pensador comparava a arte de ensinar com o trabalho do
jardineiro no cuidado das plantas educadores devem semear na alma
dos jovens boas lies e cuidar/regar para que floresam.
Inspirado nas proposies de Bacon, Comenius propunha um ensino do
fcil para o mais difcil, das coisas s ideias, do particular para o geral,
sem pressa.
Herbart (1776-1847)
Herbart prope uma abordagem cientfica para a educao e funda
as bases tericas da Didtica na Filosofia e na Psicologia. Para ele, a
educao moral deveria desenvolver na alma da criana o
desenvolvimento de uma inteligncia e uma vontade adequadas.
Herbart toma a experincia sensvel como fonte de conhecimento, mas
no a nica, pois, medida que elementos primrios so
experimentados, os conhecimentos posteriores so adquiridos com
base nos primeiros, num processo cumulativo, onde o homem passa a
formular representaes acerca de sua experincia.
Ele desenvolveu um mtodo de cinco passos que o celebrizou:
1) recordar os conhecimentos j aprendidos;
2) apresentar o conhecimento novo (transmisso);
3) comparar o conhecimento novo com o velho (assimilao);
4) levar a generalizao;
5) aplicao de exerccios.
s proposies apresentadas anteriormente se opuseram a educadores
que deslocavam a centralidade do ensino para a aprendizagem na
abordagem dos processos pedaggicos.
Dewey (1859- 1952)
Dewey fazendo severa critica ao modelo tradicional da escola ,
baseado na transmisso/assimilao de conhecimentos prope um
modelo renovado.
Modelo tradicional
Pedagogia Tradicional
Surge no momento de consolidao do capitalismo e da escola
moderna como uma resposta aos processos de racionalizao das
instituies.
Objetivo: exercitar a inteligncia e formar o senso moral - preparar o
intelectual.
Conhecimentos: so tidos e passados como verdades absolutas,
independentes da experincia. Sua apreenso se d por mera
memorizao.
Avaliao: centrada no produto do trabalho. Uso de testes e provas.
Relao professor-aluno: o aluno visto como um receptor passivo,
inserido em um mundo que ir conhecer pelo repasse de informaes.
O professor tido como uma figura de autoridade, centro dos
processos pedaggicos. A disciplina utilizada como mecanismo de
controle e garantia de que o conhecimento seja conseguido
independente do interesse do aluno.
Metodologia: aulas expositivas, atividades de repetio e
memorizao, exerccios, lies de casa. Privilgio do verbal, escrito e
oral.
Modelo renovado
Pedagogia Renovada
a chamada Pedagogia Nova ou Escola Nova, origina-se em movimento
pedaggico nos Estados Unidos e na Europa no final do sculo XIX,
influenciando o Brasil por volta dos anos 1930. O movimento
escolanovista criticou a escola tradicional e props uma escola
nova, fundada nas novas cincias e em uma viso multidimensional do
homem.
Objetivo: desenvolver a inteligncia, considerando seus determinantes
biopsicossociais - formar o homem.
Conhecimentos: so vistos como produtos da interao do homem
com o mundo, compreendidos/aprendidos a partir da experincia
vivida (aprendizagem significativa).
Relao professor-aluno: o aluno ativo, sujeito de seu processo de
aprendizagem. O professor um facilitador da aprendizagem do aluno.
Mtodo: ensino fundamentado na atividade do aluno - aprender
experimentando, aprender a aprender (Pedagogia Ativa); contedos e
atividades organizados em torno de projetos e adequados aos
diferentes nveis de aprendizado, s necessidades e interesses dos
alunos.
Avaliao: centrada no processo de aprendizagem, mltiplos critrios e
instrumentos, autoavaliao.
Para Dewey , o ensino deve adequar-se aos diferentes nveis de
aprendizado, s necessidades e interesses dos alunos.O professor
dever organizar os contedos e atividades em torno de centros de
interesse e criar situaes-problema estimuladoras para provocar os
sentidos e a inteligncia dos alunos.
Assim, em oposio a Herbert, ele prope um mtodo de cinco
passos:
1) Colocar os alunos em atividade ( experincia );
2) Definir uma problemtica de estudos (problematizao da
experincia);
3) Buscar informaes e fazer observaes ( coletar dados);
4) Levantar sugestes para a soluo do problema ( hipteses);
5) Testar as sugestes ( experimentao/verificao).
Como voc pde perceber, at meados do sculo XX, a Didtica
oscilou entre dois modos de interpretar as situaes de ensino-
aprendizagem.
nfase na aprendizagem, no sujeito que aprende, seduzido a aprender.
nfase no ensino, no mtodo, como caminho que leva do no saber ao
saber, caminho formal descoberto pela razo humana. (CASTRO,
2009).
Hoje, com as intensas transformaes ocorridas nos processos
sociais de produo e de difuso de informao, novas reflexes
sobre o papel da educao e das organizaes educacionais tomam
cada vez mais espao na vida social. Diferentes tendncias
doutrinrias e/ou tericas desenvolvem concepes acerca dos
processos ensino-aprendizagem.
A partir de uma concepo crtica acerca dos processos educacionais, mais
que uma viso universalizante sobre os processos ensino-aprendizagem,
preciso considerar os contextos onde eles se do, as cotidianidades e
sentidos que eles constroem. Assim, a Didtica passa a ser vista como Uma
reflexo sistemtica e busca de alternativas para os problemas da prtica
pedaggica. (CANDAU, 2004).
Concepo crtica
Pedagogia Crtica
Surge nos fins da dcada de 1950, em contraposio escola que
reproduz o sistema e as desigualdades sociais. Prope uma educao
como instrumento de libertao do homem e transformao da
realidade/sociedade.
Objetivo: preparar o aluno para participao ativa, consciente e
crtica na sociedade formar o cidado.
Conhecimentos: so construdos nas relaes entre os homens, so
culturais e histricos, sempre reavaliados frente realidade social.
Relao professor-aluno: dialgica e democrtica os alunos e
professores so vistos como sujeitos socioculturais que criam cultura
no ato de conhecer. A prtica pedaggica vista como prxis -
prtica poltica. Assim, o professor engajado, faz a mediao crtica
entre a realidade, o conhecimento e os alunos.
Mtodo: parte de temas geradores extrados da vida dos alunos,
saber do prprio aluno; rodas de leitura, discusso/debate com
vistas a desvelar contradies que engendram os processos de
dominao.
Avaliao: avaliao dialgica, mediadora, mais voltada para a
reflexo dos processos pedaggicos do que para o desempenho dos
alunos.
Dentro da perspectiva crtica, preciso que todo educador
desenvolva uma viso contextualizada e multidimensional dos
processos pedaggicos. Que desenvolva um senso crtico capaz de
analisar os fins sociais e especficos das prticas pedaggicas,
vivenciadas numa determinada cultura e sociedade a partir dos
elementos que constituem a situao didtica: os sujeitos (o
professor, o aluno), os espaos, os saberes, as metodologias de
ensino (os procedimentos e os recursos).
Cultura e sociedade
Situao didtica = sujeitos + saberes+ metodologia+ espaos
Na concepo crtica de educao, o trabalho do professor se
desenvolve a partir de recursos, procedimentos e relaes
organizadas dentro da escola, visando aprendizagem de um saber
sistematizado pelo aluno. Mas, o trabalho pedaggico desenvolvido
pela escola no possui um fim em si mesmo.
Por meio do ato de ensinar , a escola concretiza finalidades
educativas especificas no contexto da sociedade. ( CANDAU 2004)
Por isso, preciso considerar os diferentes elementos e dimenses
que envolvem a situao didtica.
As diferentes dimenses
Dimenso tcnica: O processo ensino- aprendizagem uma
atividade internacional, com recursos , procedimentos e situaes
organizadas a partir de princpios filosficos-pedagogicos e com
determinados objetivos.
Dimenso poltico-cultural: O processo ensino-aprendizagem
acontece num determinado ambiente educacional e contexto
histrico.
Dimenso humana: O processo ensino-aprendizagem se realiza
atravs da interao entre pessoas, com seus sentimentos e ideias,
provocando afetos e conflitos.
A condio para um professor assumir o papel de sujeito nos
processos pedaggicos :
Reconhecer que a pratica pedaggica no esta desvinculada da pratica
social mais ampla;
Assumir um compromisso com a sua competncia poltica e tcnica,
como sujeito que se coloca diante do mundo;
Encontra em si o que o mobiliza, o que provoca o seu desejo e sua
alegria de ensinar;
Descobrir e dar forma a sua intencionalidade, a sua vontade;
Comear a se questionar e a procurar respostas aos desafios que a
pratica pedaggica nos coloca todos os dias.
Nessa disciplina, vamos refletir sobre essas questes. Provavelmente, nem
todas as respostas sero encontradas, mas certamente, aprenderemos a
fazer boas perguntas.
AULA 2 - Os Espaos do Processo Ensino-Aprendizagem
conhecer os processos histricos de constituio da escola na
modernidade;
compreender a dimenso pedaggica na anlise das questes relativas
aos espaos educacionais;
identificar a singularidade do espao escolar, suas caractersticas, seus
limites e possibilidades.
No campo educativo, fala-se muito no ensino, em contedos, no
aluno, nos recursos didticos, mas voc j pensou como o processo
educativo inclui outras dimenses como, por exemplo, o contexto
social, o espao fsico e, principalmente, os objetivos que esse processo
educativo dever ter?
Pensar em um processo educacional significa ampliar o nosso campo
de viso para incluir as diferentes formas e instncias de socializao
que esto presentes.
As diferentes formas e instncias de socializao que esto presentes
Elas representam as formas como a sociedade imprime sobre os indivduos
os modos de vida dos grupos e comunidades onde esta inserido. Mas,
tambm, diz sobre as formas como o individuo se apropria , recria ou mesmo
produz suas formas particulares de insero social.Exprime, portanto, as
diferentes formas de interao entre o individuo e a sociedade.Constituem-
se, assim, em processo dialtico, dinmico,cheio de contradies, interditos ,
avanos e retrocessos.
Os processos educacionais podem admitir diferentes formas.
Podem ser intencionais ou no intencionais. intencional quando as
condies educativas-objetivos, recursos, atividades-so previamente
estabelecidas e arranjadas pelo grupo social. no intencional quando no
h preparao previa das condies que levem educao .o individuo a
partir da prpria convivncia social, vai compartilhando modos de
vida.(PILETTI,1995,P.114)
Podem ser formais ou informais.Podem acontecer em espaos ,
organizaes socialmente definidas para tal funo, ou ocorrer em situaes
diferenciadas dentro ou no de espaos organizados para outros fins.
Podem se dar no ambio de organizaes publicas ou privadas.Ou seja,
organizaes mantidas pelo Estado,voltadas para o interesse comum , ou
mantidas pelo interesse privado.
Podem se desenvolver a partir da ao direta e/ou mediatizada. O contato
pode ser estreito,pessoal,presencial entre os atores envolvidos ou a
interao mediatizada por recursos tecnolgicos a distancia.
Podem envolver a participao de leigos e/ou profissionais .Podem envolver
trabalhadores qualificados e contratados para atuar neste campo especifico,
ou envolver pessoas despreparadas , embora muitas vezes bem
intencionadas ou vocalizadas, sem nenhum vnculo de trabalho.
Historicamente diferentes espaos sociais tm se especializado na gesto
dos processos educacionais.
A famlia e a comunidade so, desde os tempos mais remotos, os campos de
socializao onde crianas e adolescentes tm contato com a lngua, os
costumes, os valores, os saberes e sentidos, que do identidade realidade
onde vivem.
Muitas vezes, outras instituies assumem tambm a funo de
compartilhar, ensinar aos jovens certos princpios e prticas, tais como, os
templos religiosos, as oficinas de trabalho, os clubes recreativos, os museus,
as associaes culturais e polticas etc.
Desde a modernidade, a escola tem se constitudo como a organizao cuja
funo primeira tem sido disponibilizar s novas geraes, atravs de
atividades sistemticas e programadas, o patrimnio cultural da
humanidade. (PILETTI, 1995, p.116).
Mesmo que ao longo dos tempos, diferentes correntes de pensamento
tenham considerado diferentemente o papel da escola, os saberes vlidos, as
estratgias que so ou no adequadas, o fato que a escola ainda um
espao marcante na vida das pessoas. a partir dela, que vivemos grande
parte de nosso processo de formao identitria.
A escola
Qualquer um nos dias de hoje capaz de identificar uma escola. Embora
sejam variadas as formas de estrutur-la, existem alguns elementos que
parecem recorrentes na maioria das organizaes escolares.
Do ponto de vista material
Na escola, o espao fsico, e nele os materiais, esto dispostos de modo
ordenado como, por exemplo: as salas de aula, salas para refeies,
quadras/ambientes para atividades fsicas, mobilirio especfico,
equipamentos e materiais didticos.
Quanto aos saberes
Os saberes que so trabalhados na escola so aqueles considerados vlidos
pela comunidade escolar. Embora frequentemente sejam disciplinarizados,
crescente o nmero de experincias que propem outras formas de
organizao dos conhecimentos na escola.
Do ponto de vista humano
Os processos educacionais ganham um carter formal na escola, com papis
bem definidos para todos os envolvidos: diretores, coordenadores,
professores, inspetores, merendeira/lancheiras, pessoal de limpeza e
segurana, e alunos.
Quanto s prticas
As atividades na escola so organizadas a partir de uma programao que
organiza os eventos no tempo e no espao. Envolvem planejamento e
avaliao regular segundo os objetivos/metas/fins estabelecidos.
Agora... Veja as fotos abaixo.
As imagens mostram diferentes realidades escolares. Voc no capaz de, a
partir da disposio das pessoas, dos materiais e equipamentos no espao da
escola, deduzir os princpios pedaggicos que norteiam a organizao das
atividades escolares?
Pois , o espao escolar guarda uma tipicidade prpria, reconhecvel por
aqueles que vivem numa mesma sociedade, mas diferentes concepes de
educao vo implicar em diferentes arranjos para esses elementos.
Mas, se desde a modernidade a escola parecia a mesma (carteiras
enfileiradas, professor frente da classe etc.) e vinha ocupado posio de
destaque na formao das novas geraes, hoje esse lugar tem novos
arranjos e tem sido compartilhado com novos espaos com grande poder de
disseminao de informaes, valores e atitudes.
As transformaes recentes no mbito dos processos econmicos e
socioculturais, as novas tecnologias de comunicao e informao, tm
provocado uma verdadeira revoluo no campo educacional e uma profunda
reflexo sobre o papel da escola.
As novas tecnologias de comunicao e informao
recorrente a discusso sobre os efeitos dos meios de comunicao no
campo educacional.Alguns autores tem dado grande contribuio a esse
debate como Marshall McLuhan e Pierre Levi.
McLuhan foi precursor dos estudos midiologicos .Estudava como a forma de
meio social tem a ver com as novas maneiras de percepo instauradas pelas
tecnologias da informao.defendia j na dcada de 60, que as novas
tecnologias de comunio e informao impem novos modelos de
educao e a transformao radical da escola.
Levi um filosofo da informao que se ocupa em estudar as interaes
entre a internet e a sociedade.Ele defende que a escola esta perdendo
progressivamente seu monoplio de criao e transmisso do conhecimento,
e que precisa rever o seu papel social.
No mundo contemporneo, os meios de comunicao tm se tornado
importantes mediadores das relaes entre as pessoas e delas com o mundo.
Diariamente, sabemos da nossa realidade a partir de informaes por meio
de rdio, jornal, televiso, Internet, celulares... Nossas crianas e jovens j
chegam escola com imagens, ideias e valores disseminados por esses
meios.
Dessa forma, a lanhouse, o ciberespao, os restaurantes, os centros culturais,
os cinemas, o nibus, enfim, qualquer lugar hoje pode ser concebido como
espao educativo. So muitas as formas e espaos para ter acesso ao
conhecimento. A escola no tem mais a quase exclusividade desse papel.
Cada vez mais, movimentos e organizaes tm questionado o universo
escolar. Tem sido discutido o quanto preciso reinventar a escola tornando-
a mais que um espao de disseminao do conhecimento socialmente
produzido, um lcus diferenciado de dilogo, intercmbio de diferentes
experincias educativas. Espao dinmico de articulao entre os vrios
agentes educativos que se encontram numa determinada comunidade.
Espao para o exerccio do debate, da anlise crtica, para o fortalecimento
de uma viso plural e histrica de diferentes saberes e linguagens.
Por essas e outras, um dos desafios que se colocam hoje para a educao
reconhecer, ampliar e fortalecer ecossistemas educativos. Essa proposta
rompe com a viso da escola como uma instituio meramente educacional,
mas passa a compreend-la na sua dimenso cultural e poltica.
Ressignificada, a escola deixa de ser vista como uma instituio, mas como
projeto que ocupa todo o espao das cidades, uma verdadeira cidade escola.
AULA 3- Diversidade Cultural e Cotidiano Escolar
identificar a sala de aula como um espao de encontro entre
diferenas;
perceber a profisso docente como uma prtica reflexiva;
analisar as tenses e perspectivas presentes no campo da Didtica ao
lidar com a diversidade cultural no cotidiano da sala de aula.
Os educadores no podero ignorar no sculo XXI as difceis questes
do multiculturalismo, da raa, da identidade, do poder, do
conhecimento, da tica e do trabalho. Essas questes exercem um
papel importante na definio do significado do propsito da
escolarizao, no que significa ensinar e na forma como os estudantes
devem ser ensinados para viver em um mundo que ser amplamente
mais globalizado,high tech e racialmente diverso que em qualquer
outra poca da historia. Henry Giroux
Imagine que hoje o seu primeiro dia de aula, como professor(a) em
uma escola publica de alguma cidade brasileira.Voc entra na sala de
aula e aps cumprimentar carinhosamente seus alunos , inicia uma
dinmica de apresentao.cada aluno convidado a dizer o nome,
idade, o lugar onde mora e o que gosta de fazer no tempo livre.
Os alunos , muito inquietos e animados comeam suas apresentaes
.Pouco a pouco, voc vai conhecendo cada um dos vinte e cinco
estudantes da turma.Mas voc sabe que esse so um primeiro passo
de aproximao: ser no dia a dia da sala de aula que voc ira conhecer
como eles reagem aos momentos de dificuldade,como interagem com
os colegas de classe, quais os hbitos culturais que trazem da vivencia
familiar e comunitria, ou ainda , o que cada um planeja quando falam
sobre o futuro.
Voc tambm ira perceber que essas vinte e cinco crianas so
diferentes em tamanho, desenvolvimento fsico, capacidades de
ateno e de trabalho; em gostos e capacidades criativas; em
personalidades, carter, atitudes,opinies, interesses, imagem de
si,confiana em si prprios,diferentes em sexo, origem social, religiosa
ou tnica.
Alem de muitas outras diferenas que s vezes, causam pequenos
atritos no espao escolar: o aluno portador de necessidades especiais
no aparece ficar muito vontade ao participar de atividades em
grupo; as duas irms que sentam na primeira fila, no gostam das
musicas evanglicas cantadas pela colega vizinha de carteira; os trs
alunos negros parecem no gostar muito de serem chamados por
apelidos e a menina de culos demonstra ficar bastante incomodada
com o colega gordinho que se orgulha das merendas gostosas que no
divide com ningum!
Essas diversidades representam um problema? O que fazer com tantas
diferenas? Como desenvolver uma aula, considerado tantas
especificidades?
importante lembrar que em uma turma de ensino fundamental ,
apesar da relativa proximidade de idade entre os alunos , talvez haja
mais diferenas que na maioria dos demais grupos constitudos em
uma sociedade.A escola ainda o principal lugar de encontro , onde
crianas de diferentes origens sociais e familiares iro compartilhar
muitos anos de suas vidas.
A diversidade talvez represente para ns, professores, um grande
problema se no formos capazes de enfrentar essa mesma diversidade:
capazes de lhe conferir sentido, de orden-la e de utiliz-la para
alcanar nossos objetivos.
Ela ir representar um problema se no dispormos de esquemas
diferenciados correspondentes, ou seja, se queremos ensinar tudo a
todos da mesma forma e no mesmo ritmo, a sim teremos problema.
Tambm pode ser um problema fechar os olhos para pequenas
demonstraes de preconceitos, discriminaes ou atos de intolerncia
cometidos por nossos alunos. Ser difcil agir como se no tivssemos
nenhuma responsabilidade frente a tais conflitos, e mesmo assim,
continuar acreditando que ns professores contribumos para a
formao de cidados participativos em uma sociedade
democrtica...
A sociedade brasileira vem vivenciando uma nova conscincia das
diferentes culturas presentes no tecido social e um forte
questionamento do mito da democracia racial.
Diferentes movimentos sociais conscincia negra, grupos indgenas,
de cultura popular, de movimentos feministas, homossexuais, grupos
religiosos, de trabalhadores rurais etc. tm reivindicado um
reconhecimento e valorizao mais efetivos das respectivas identidades
culturais, de suas particularidades e contribuies especficas
construo social.
Neste contexto, preciso buscar caminhos de incorporar positivamente
a diversidade cultural no cotidiano escolar. Nesta perspectiva, os
Parmetros Curriculares Nacionais, propostos pelo Ministrio de
Educao em 1996, apresentam em sua quarta pgina um dos temas
transversais: a pluralidade cultural.
Tratar da diversidade cultural brasileira, reconhecendo-a e
valorizando-a, e da superao das discriminaes aqui existentes
atuar sobre uns dos mecanismos de excluso, tarefa necessria, ainda
que insuficiente, para caminhar na direo de uma sociedade mais
democrtica.
um imperativo de trabalho educativo voltado para a cidadania, uma
vez que tanto a desvalorizao cultural trao bem caracterstico da
nossa histria de pas colonizado quanto a discriminao so entraves
plenitude da cidadania para todos, portanto, para a prpria nao.
Democracia racial:
medida que a nao brasileira foi sendo construda, uma crena em
torno desta nao comeou a ser criada- o Mito da Democracia Racial-
onde por muito tempo acreditou se que no Brasil, diferente de outros
pases como os EUA ea Africa do Sul, no existiam conflitos
raciais.Tambm se acreditava que em nosso pais no houvesse
obstculos para a ascenso social do negro e do mulato, significando
que o Brasil seria uma nao sem raas : todos seriam mestios.
Apesar dessa forte crena, estudos recentes provam que determinados
grupos raciais , como indgenas ou negros , possuem menos
possibilidades de ascenso social , contam com menos renda e
permanecem por menos tempo nas escolas devido necessidades de
trabalho.
Parmetros Curriculares Nacionais:
Os parmetros curriculares nacionais so diretrizes elaborados pelo
Governo Federal que orientam a educao no Brasil .Existem
parmetros separados por disciplina e parmetros refrentes a temas
transversais ( temas que deveriam ser tratados por todas as
disciplinas), tais como: sexualidade, tica e diversidade cultural. Alem
da rede publica, a rede privada de ensino tambm adota os parmetros
, porem sem carter obrigatrio.
Dessa forma, a relao entre diversidade cultural e cotidiano escolar
constitui, portanto, um tema de grande importncia para a construo
de uma escola verdadeiramente democrtica e coloca desafios para o
professor repensar sua prtica pedaggica.
1) A dimenso cultural passa a ser entendida como um elemento no
s vivenciado, mas tambm construdo no interior da escola e parte
integrante do cotidiano escolar.
2) Para o professor, uma das facetas da diversidade presente em sala
de aula percebida pelas dinmicas estabelecidas entre as crianas,
por suas relaes mais ou menos conflituosas e pela dinmica do
grupo no dia a dia das aulas.
3) Mas importante lembrar que o professor tambm membro do
grupo, e entre ele e os alunos igualmente h diferenas e distncias
de valores culturais. Ele tambm um sujeito sociocultural e precisa
estar atento para esse rico encontro entre tantas diferenas!
E os professores esto preparados para agir nesse contexto de
tamanha diversidade? Essa uma dvida comum vivenciada pela
maioria de professores no mundo inteiro. O campo da didtica tem
tentado incluir essa questo em suas reflexes sobre o processo de
ensino e aprendizagem. Apontamos, ento, trs pontos para a nossa
reflexo sobre o tema.
Reconhecer as diferenas
Como incluir a diversidade cultural em nossos projetos educacionais
, se no sabemos quais as difrenas ( culturais , cognitivas, efetivas
etc.) existentes em nossas salas de aula?
Conhecer e reconhecer as identidades culturais representadas no
espao educativo o primeiro passo para que sejam desenvolvidas
atividades que contribuam para a valorizao dessa diversidade
humana.Somos todos diferentes e essa a nossa riqueza!
Desenvolver variadas estratgias que promovam o encontro
Aps o reconhecimento das diferenas, preciso iniciar um processo
de desconstruo de vises estereotipadas de certas identidades,
como o negro e o nordestino, o indgena ou o religioso,atravs de
estudos das origens histricas de algumas caractersticas desses
grupos culturais .
Incluir esses temas no programa disciplinar pode ser uma estratgia
muito interessante principalmente se o professor se posiciona como
uma liderana sempre disposta a incentivar o debate e a troca de
ideias.
Estimular a curiosidade
Todo o grupo cultural tende a ser etnocntrico. O que Isso?
Acreditasse que seu modo de viver, que seus hbitos culturais e
sociais so os nicos validos (ou os melhores) no mundo.Essa
tendncia no so nos afasta , como tambm desqualifica qualquer
grupo que seja diferente de nos.Todo professor deve estar atento
para no reproduzir esse pensamento em suas praticas cotidianas.
importante estimular a curiosidade de seus alunos sobre outros
modos de vida, evitando comparaes descontextualizadas.Toda
cultura incompleta e imperfeita , por isso mesmo temos muito o
que aprender sobre outros grupos culturais.
Conhea mais alguns pontos para a sua reflexo sobre o tema
diversidade.
No transformar a difrena em desigualdade
Comumente utilizamos a palavra diferena como sinnimo de
desigualdade, mas importante repensarmos esses conceitos .As
diferenas s se tronam sinnimo de desigualdade, quando existem
uma hierarquizao de valores , ou seja , quando eu priorizo e
valorizo determinadas caractersticas e discrimino outras.
Desse modo, eu crio desigualdade se supervalorizando habiots
culturais, valores religiosos, caractersticas de personalidades apenas
se estas esto prximas de meu estilo de vida, se no esto, as
desqualifico.
Crianas e jovens levam para o espao escolar suas experincias e
valores culturais , preciso estar atento para no criar atravs de
aes cotidianas, a desigualdade entre as diferenas.
Promover o dilogo
As diferenas existentes no espao escolar tendem a criar tenses se
no consideramos a importncia do dialogo. Professores e alunos,
alunos e alunos devem se relacionar de forma a valorizar o dialogo,
que significa uma no hierarquizao das culturas e dos saberes que
se cruzam , num processo de negociao cultural.
Na perspectiva de Paulo freire , um dos mais importantes
pensadores da educao Brasileira: A cultura no s a
manifestao artstica e intelectual que se expressa no
pensamento.A cultura manifesta- se , sobretudo , nos gestos mais
simples da vida cotidiana.Cultura comer de modo diferente, dar a
mo de modo diferente, relaciona se com o outro de outro
modo.A meu ver , a utilizao destes trs conceitos _ culturas,
diferenas, tolerncia um modo novo de usar velhos
conceitos.Cultura para nos, gosto de frisar, so todas as
manifestaes humanas, inclusive o cotidiano e no cotidiano que
se d algo essencial: o descobrimento da diferena.( Faundez
Freire, 1985:34)
O reconhecimento da legitimidade da bagaggem cultural do
estudante no era,para Paulo Freire, uma mera estratgia
metodolgica.Trazia no seu bojo um modo de lidar com a diferena
cultural.Mais do que um respeito distante e assptico por essa
diferena , mais do que a mera tolerncia , enfatiza-se a estimular a
troca dentre os sujeitos das relaes pedaggicas.Objetivava
tambm a autoconfiana desse aluno, sempre em um sentido
explicitamente ligado construo de novas trajetrias coletivas de
transformao de realidade.
Sem duvida a incluso das diferenas na escola demanda muitos
outros pontos de reflexo alem dos cinco citados
anteriormente.Nosso objetivo aqui foi esquentar o debate que
dever continuar atravs da atividades de complementao , da aula
teletransmitida e doa textos de apoio que fazem parte dessa aula.
Temos um longo caminho pela frente ate percebermos que a escola,
a sala de aula , o cotidiano escolar, todos esses espaos refletem a
diversidade presente em nossa sociedade .o que no podia mesmo
ser diferente.
DIDTICA
DIDTICA AULA 5
Em um largo rio, de difcil travessia, havia um barqueiro que atravessava as pessoas de um lado para o outro.
Em uma das viagens, iam um advogado e uma professora. Como quem gosta de falar muito, o advogado pergunta ao barqueiro:
Companheiro, vc entende de leis?
No.
E o advogado compadecido diz:
pena, vc perdeu metade da vida!
A professora, muito social, entra na conversa:
Seu barqueiro, vc sabe ler e escrever?
Tambm no.
Que pena!
Vc perdeu metade da vida!
Nisso, chega uma onda bastante forte e vira o barco. O canoeiro preocupado pergunta:
Vcs sabem nadar? No!
Ento pena. Vcs perderam toda a vida!
Reflexo: no h saber mais ou saber menos: h saberes diferentes.
Multidisciplinaridade: Cada disciplina trata de temas e conceitos prprios. So processos paralelos que no confluem uma mesma direo.
Exemplo: Em um mesmo perodo, o professor de Geografia est trabalhando bacias hidrogrficas, o de Biologia est tratando de diferentes espcies vegetais, o de Matemtica de progresso geomtrica etc.
Assim, em um projeto multidisciplinar encontraramos a presena de diferentes reas de conhecimento sem, no entanto, manter qualquer articulao entre si.
Pluridisciplinaridade: Vrias disciplinas trabalham um mesmo tema.
Exemplo: Em torno do tema Meio ambiente, o professor de Geografia, quando estiver trabalhando bacias hidrogrficas, vai destacar a questo da poluio dos rios; o professor de Biologia vai discutir desmatamento; o de Matemtica vai formular problemas matemticos usando como tema as questes de meio ambiente.
Em um projeto de carter pluridisciplinar, haveria articulao entre os saberes, ainda que em nvel temtico, mas no necessariamente conceitual.
Interdisciplinaridade : Vrias disciplinas procuram identidades conceituais.
Exemplo: os professores de Geografia e de Biologia percebem que o conceito de ecossistema um conceito chave para as duas disciplinas. Ento, eles resolvem trabalhar juntos, articulando as abordagens das duas disciplinas para esse conceito.
Na interdisciplinaridade, a integrao alcana o nvel conceitual.
Transdisciplinaridade : Surge uma nova rea de estudo/novos conceitos.
Exemplo: a Ecologia como conceito e campo de estudos.
Em um projeto de carter transdisciplinar, a integrao se faria em tal nvel que permitiria o surgimento de um novo tipo de saber.
Contudo, no basta integrar conceitos, preciso colocar esses conceitos em uma determinada realidade, contextualiz-los para que ganhem vida.
Afinal, quanto mais os saberes escolares estiverem articulados s realidades de vida, s experincias concretas dos alunos, mais significado tero para eles.
Ao construir significados para os saberes escolares, o professor envolve, mobiliza afetivamente seus alunos. Mais que isso, provoca-os a ressignificar sua realidade.
DIDATICA AULA 6
Desde os fins do sculo XIX, os currculos escolares expressam o conjunto
de saberes cientficos produzidos no mbito das disciplinas universitrias
(teoria tradicional).
A disciplinarizao do conhecimento a expresso da disciplinarizao do
mundo, efeito da diviso industrial do trabalho que exige altos nveis de
segmentao/especializao. Corresponde tambm ao estatuto de
cientificidade proposto pelo paradigma positivista, valorizando a
delimitao precisa do objeto, o que refora a especializao dos saberes.
O currculo em torno de reas de conhecimento
Na contramo da territorializao do conhecimento, procura-se
reduzir as fronteiras que demarcam os campos especficos em cada
rea do saber.
A reunio de conhecimentos afins em campos mais abrangentes
permite reconhecer aproximaes conceituais, mas no muda
substancialmente a forma disciplinar de organizao do currculo.
Esse modelo tem sua expresso mesmo nos Parmetros Curriculares
Nacionais, que reuniram as disciplinas nas reas de Linguagens e Cdigos,
Cincias Humanas e Sociais,
Cincia Naturais...
O currculo a partir de temas geradores
O trabalho com temas geradores envolve tratamento
multidisciplinar para questes/assuntos da atualidade, geralmente
ancorados nos interesses de alunos e professores.
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DIDATICA AULA 7
Tecnologias e Tcnicas de Ensino
Ao final desta aula, voc ser capaz de:
conhecer os processos histricos de constituio do tecnicismo em
educao;
compreender o lugar da dimenso tcnica nos processos educacionais;
identificar os princpios metodolgicos que contribuem para a eficcia
de uma aula.
Antes de um professor pensar em como dar uma boa aula, ele precisa ter
clareza sobre suas ideias acerca da educao, do papel da escola, das
relaes que ela abriga, dos saberes que nela se entrechocam. Afinal, o
mtodo um caminho para se chegar a um determinado lugar.
A escolha da metodologia de trabalho e das tcnicas/estratgias a serem
utilizadas orientada pelos princpios da aprendizagem e deve considerar
vrios fatores.
A preparao da aula
Toda aula precisa ser planejada. Mesmo que situaes inesperadas ponham
por terra todo o nosso plano de trabalho, definir objetivos e prever as
estratgias mais adequadas para alcan-los nos permite ter mais chances de
sucesso.
DIDATICA AULA 8
Planejamento Educacional
Ao final desta aula, voc ser capaz de:
analisar o papel do planejamento na organizao do trabalho
pedaggico;
identificar as diferentes etapas e elementos do planejamento
educacional;
analisar as caractersticas do planejamento participativo;
analisar as vantagens da elaborao participativa do Projeto Poltico
Pedaggico.
A reflexo, o pensar em torno da existncia, uma experincia
essencialmente humana. Imaginar o futuro, antever o prximo passo, pensar
antes de agir, uma atividade que expressa a racionalidade humana.
s vezes, um processo simples e informal, no chega a envolver muitas
aes, processos e documentao. s vezes, um processo complexo e
formalizado, envolve pesquisas, clculos, registros e muita discusso.
Porm, se a ao educativa entendida como processo social, complexo,
dialtico, de produo de sentido/conhecimento com a finalidade ltima de
transformar a realidade, ento qual o papel do planejamento?
A ao educativa, embora guarde uma dimenso subjetiva e pessoal, se
realiza no plano coletivo, mobiliza o interesse comum. Portanto, o
planejamento em educao deve necessariamente ser resultado da
participao de toda a comunidade envolvida.
O planejamento participativo no implica em reunir todo mundo para
planejar tudo, o tempo todo. Significa organizar as formas de participao e
instncias de tomadas de decises. Diferentes instncias envolvem
diferentes nveis/formas de participao dos agentes envolvidos no projeto
educativo que se deseja planejar, seja em nvel governamental, na escola ou
em outros ambientes educativos.
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DIDATICA AULA 9
O Plano de Ensino
Ao final desta aula, voc ser capaz de:
identificar os diferentes elementos do plano de aula;
analisar as relaes entre objetivos, contedos e estratgias na
elaborao de um plano de aula;
analisar os critrios para seleo de contedos e estratgias na
elaborao de um plano de aula;
elaborar um plano de aula considerando a relao entre meios e fins.
A aula o lugar de concretizao do ensino. Lugar do encontro e do conflito,
onde se expressam os sujeitos no processo ensino-aprendizagem. Embora
todos participem da construo desse momento, a aula uma experincia
conduzida pelo professor, a expresso do seu projeto de trabalho.
Geralmente, o professor se apia em alguns modelos confiveis para
conduzir a sua aula: os modelos de aula que ele vivenciou como aluno ou
que experimentou como professor e, que no seu julgamento, deram certo.
Porm, cada aula uma experincia nova, que impe desafios e
oportunidades prprias.
Os contedos podem ser organizados em reas de conhecimento, em torno
de temas geradores ou ainda de outras formas de acordo com o modelo
curricular adotado. Algumas questes parecem problemticas quando
falamos da seleo de contedos e devem ser objeto de reflexo dos
professores quando estiverem elaborando seus planos.
DIDATICA AULA 10
A Avaliao
Ao final desta aula, voc ser capaz de:
analisar porque/como a avaliao um importante instrumento de
reflexo da prtica pedaggica;
identificar os diferentes tipos e instrumentos de avaliao;
demonstrar as vantagens/os valores da avaliao mediadora
Voc j notou como o ato de avaliar est presente em todos os
momentos de nossa vida? A todo instante estamos fazendo
julgamentos e escolhas, tomando decises. Realizamos, mesmo sem
perceber, julgamentos provisrios das situaes que experimentamos e
a partir deles fazemos escolhas.
Desse modo, a avaliao escolar tem sido uma experincia
problemtica, muitas vezes, descompromissada com a renovao do
processo pedaggico e reduzida a medidas de desempenho. Acabando
por expressar o carter homogeneizante, opressivo e excludente da
escola, transformando em vtimas aqueles que esta mais deveria
proteger, orientar, promover.
Na prtica docente, a desconsiderao aos diferentes ritmos (modos de
conhecer e aprender), a concepo do erro como obstculo a
aprendizagem, o uso exclusivo de testes/exames, o abuso de poder,
acabam por reforar desigualdades de origem e a construir um regime
de excluso e fracasso dos mais pobres.
Porm, quem no aceita a desigualdade e o fracasso escolar se
pergunta necessariamente: como fazer da avaliao um instrumento de
formao dos sujeitos e de transformao da realidade escolar?
Considerar os fatores previstos e imprevistos, que atuaram para o
sucesso ou insucesso das aes do projeto e de nossa atuao diante
deles, permite compreender melhor os processos envolvidos no
projeto. Enfim, trazer tona toda a experincia vivida e pensar sobre
ela.
H ainda que se considerar se e como esses processos promoveram ou
no a formao integral e cidad de todos neles envolvidos. preciso
fazer a avaliao das aprendizagens. Avaliar os contedos, as atitudes,
as prticas, os modos de conviver, o desempenho. Considerar de que
forma as experincias vividas permitiram o desenvolvimento do
educando. Para isso, exerccios, portflios, autoavaliao, podem ser os
instrumentos.
A avaliao deve ser tomada como processo continuamente renovado,
pois o desenvolvimento do projeto pedaggico s pode ser validado se,
de tempos em tempos, o diagnstico aponta o progresso e as
dificuldades que o projeto alcana/enfrenta.
A perspectiva inclusiva dos processos avaliativos no apenas amplia a
anlise da experincia e dos resultados, mas permite a formao de
uma nova conscincia, uma conscincia crtica.
A prtica docente crtica envolve o movimento dinmico, dialtico,
entre o fazer e o pensar sobre o fazer. Deve dinamizar oportunidades
de reflexo e ao sobre a/na experincia prtica, que permita a
tomada de decises em torno de um projeto futuro.
O saber que a prtica docente espontnea ou quase espontnea
produz ingnuo. pensando criticamente a prtica de hoje ou de
ontem que se pode melhorar a prxima prtica. (FREIRE, Paulo.
Pedagogia da autonomia: saberes necessrios prtica educativa. SP:
Paz e Terra, 1996.).
Descrever a avaliao como oscilando entre duas lgicas
evidentemente simplificador. A realidade educacional por demais
complexa e envolve diferentes movimentos, hibridizando tendncias,
reafirmando contradies.
Nesse sentido, preciso pensar a avaliao como instrumento de
mediao entre a realidade vivida e a desejada, como parte de um
movimento mais amplo de transformao da prtica pedaggica, do
projeto de escola que se quer construir, do mundo que queremos viver.