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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO Escola Politécnica de Pernambuco Glauco Safadi Keyla Carvalho Thamiris Barroso DIELÉTRICOS GASOSOS Recife 2009

Dieltrico Gasosos

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Page 1: Dieltrico Gasosos

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

Escola Politécnica de Pernambuco

Glauco Safadi

Keyla Carvalho

Thamiris Barroso

DIELÉTRICOS GASOSOS

Recife

2009

Page 2: Dieltrico Gasosos

Glauco Safadi

Keyla Carvalho

Thamiris Barroso

DIELÉTRICOS GASOSOS

Materiais Elétricos Turma: E5

Este Trabalho é uma abordagem geral dos

materiais dielétricos gasosos, sua classificação,

propriedades, aplicações, como vantagens e

desvantagens para engenharia elétrica. Foi

feito a pedido do professor da disciplina de

Materiais Elétricos, Profº Salviano, para ser

apresentado em sala.

Recife

2009

Page 3: Dieltrico Gasosos

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO _________________________________________________________________4

2.DESENVOLVIMENTO___________________________________________________________5

2.1 – Materiais dielétricos_________________________________________________________5

2.2 – Classificação dos dielétricos________________________________________________6

2.3 – Rigidez dielétrica ___________________________________________________________8

2.4 – Características específicas dos dielétricos gasosos______________________10

2.4.1 – Propriedades __________________________________________________________10

2.5 – Principais Dielétricos Gasosos ____________________________________________12

2.5.1 – Argônio (Ar) ____________________________________________________________12

2.5.2 – Hexafluoreto de enxofre (SF6) ____________________________________13

2.5.3 – Hidrogênio (H2) __________________________________________________________18

2.5.4 – Ar _________________________________________________________________________19

2.5.4.1 – Efeito corona ___________________________________________________________19

3.CONCLUSÃO _________________________________________________________________28

4.BIBLIOGRAFIA________________________________________________________________29

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1.INTRODUÇÃO

O estudo dos materiais isolantes constitui-se como um assunto de grande

importância para a engenharia, tendo em vista a sua vasta aplicação e utilização

no seu cotidiano. Por isso, conhecer e entender como diferentes fatores

(propriedades químicas, elétricas, mecânicas, custo) se relacionam no projeto e

seleção desses materiais é primordial.

Dessa forma, esse trabalho vem com o propósito de apresentar os aspectos

gerais sobre os materiais dielétricos gasosos, conceito e principais

características.

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2.DESENVOLVIMENTO

2.1 – Materiais dielétricos:

Quando se trata de campos eletrostáticos, o meio no qual os mesmos

existem deverá ter resistividade muito alta, ou seja, deverá opor-se tanto quanto

possível, à passagem de corrente elétrica de condução, motivo pelo qual recebe

o nome de dielétrico. O material que o constitui é designado por isolante.

O papel dos dielétricos na eletrotécnica é muito importante e tem dois

aspectos:

Realizam o isolamento entre os condutores, entre estes e a massa ou a

terra, ou, ainda, entre eles e qualquer outra massa metálica existente na

sua vizinhança;

Modificam, em proporções importantes, o valor do campo elétrico

existente em determinado local.

Uma vez que certa porção de isolamento apresenta uma dada resistência,

podemos falar em resistividade do material, se bem que esta seja influenciada

por uma diversidade de fatores. Por exemplo, a temperatura afeta sensivelmente

o valor da resistividade e, de uma maneira geral, o aumento da temperatura

provoca uma diminuição da resistividade dos materiais isolantes.

Resistência de Isolamento - O dielétrico impede a passagem da corrente

elétrica enquanto o campo elétrico nele estabelecido não ultrapassar um

determinado valor que depende da natureza do dielétrico e das suas condições

físicas.

Este impedimento, porém, não é total, pois, se uma determinada porção do

isolante estiver submetida a uma tensão U, ela será atravessada por uma

corrente I, sendo o quociente entre U e I designado por resistência de

isolamento.

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2.2 – Classificação dos dielétricos:

Conforme a aplicação, alguns isolantes apresentam, em certos casos, nítida

superioridade sobre outros, sendo inteiramente inadequados em casos

diferentes.

O exemplo da porcelana é típico: sendo material excelente para isolamento

de linhas aéreas, pelas suas propriedades dielétricas, químicas e mecânicas, é

inteiramente inadequada aos cabos isolados, pela falta de flexibilidade.

A borracha apresenta excelentes qualidades químicas, mecânicas e

elétricas, de modo que é geralmente utilizada nos fios e cabos, mas não é

completamente a prova de água, não resiste a temperaturas elevadas, é

atacável pelos óleos.

O fato de um material apresentar propriedades elétricas muito superiores a

outros (alta rigidez dielétrica, alta resistividade, baixas perdas) não é suficiente

para determinar o seu emprego se as qualidades mencionadas não forem

acompanhadas de propriedades químicas e mecânicas adequadas.

Assim, às boas propriedades elétricas pode corresponder uma redução de

espessura do isolante a empregar nos condutores das máquinas elétricas; é,

porém necessário que o material seja suficientemente forte para resistir aos

esforços mecânicos durante a construção e o funcionamento.

Muitas das substâncias industrialmente empregadas como isolantes não são

inteiramente homogêneas - especialmente as de origem orgânica como o

algodão, seda, madeira, óleos, etc. Sendo, além disto, em geral deterioráveis.

Uma primeira classificação dos isolantes pode ser feita de acordo com o seu

estado:

a)Gases:

Ar, anidrido carbônico, azota, hidrogênio, gases raros, hexafluoreto de enxofre.

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b) Líquidos:

I – Óleos minerais: óleos para transformadores, interruptores e cabos.

II – Dielétricos líquidos à prova de fogo: Askarel.

III – Óleos vegetais: Tung, linhaça.

IV – Solventes: (empregados nos vernizes e compostos isolantes) Álcool,

tolueno, benzeno, benzina, terebentina, petróleo, nafta, acetatos amílicos e

butílicos, tetracloreto de carbono, acetona.

c) Sólidos aplicados em estado líquido ou pastoso:

I – Resinas e plásticos naturais: resinas fósseis e vegetais, materiais asfálticos,

goma laca.

II – Ceras: cera de abelhas de minerais, parafina.

III – Vernizes e lacas: preparados de resinas e óleos naturais, produtos

sintéticos, esmaltes para fios, vernizes solventes, lacas.

IV – Resinas sintéticas: (plásticos moldados e laminados) resinas fenólicas,

caseína, borracha sintética, silicones.

Sólidos:

I – Minerais: quartzo, pedra sabão, mica, mármore, ardósia, asbesto.

II – Cerâmicos: porcelana, vidro, micalex.

III – Materiais da classe da borracha: borracha natural, guta-percha, neoprene,

buna.

IV – Materiais fibrosos (tratados e não tratados): algodão, seda, linha, papel,

vidro, asbesto, madeira, celofane, rayon, nylon.

Além desta classificação cujo critério é a natureza dos materiais isolantes,

estes podem ser classificados visando a sua aplicação, especialmente na

construção de máquinas e aparelhos elétricos, cuja temperatura é limitada não

pelos materiais condutores ou magnéticos (que são metálicos) e sim pelos

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isolantes. A durabilidade destes depende de fatores diversos, entre os quais

predomina a temperatura, como mostrado na tabela a seguir:

Classe Temperatura máxima admissível em serviço

Y (O) 90°C (algodão, seda e papel sem impregnação)

A 150ºC (idem impregnados)

E 120°C (alguns vernizes, esmaltes e fibras)

B 130°C (mica, asbesto com aglutinante, EPR)

F 155°C (mica, fibra de vidro com aglutinante)

H 180°C (elastômeros de silicato)

C >180°C (porcelana, vidro, quartzo, cerâmicas)

A duração dos materiais utilizados para isolamento de máquinas e aparelhos

elétricos depende de vários fatores, tais como a temperatura, os esforços

elétricos e mecânicos, as vibrações, a exposição a produtos químicos, umidade

e a sujeira de qualquer espécie.

Reconhece-se que os materiais isolantes poderão não suportar as

temperaturas a eles atribuídas na classificação se estas forem mantidas durante

tempo ilimitado. Essas temperaturas, todavia são tais que permitirão uma

duração adequada do material se forem mantidas durante longos períodos de

tempo com temperatura mais baixa.

As normas de equipamento elétrico especificam geralmente a elevação de

temperatura permissível acima do ar ambiente ou de outro meio refrigerante.

2.3 – Rigidez Dielétrica:

Para poder exprimir numericamente a capacidade de um determinado

material isolante suportar tensões elevadas, define-se uma grandeza a que se

Tabela 1 - Classificação dos materiais isolantes em relação à sua estabilidade térmica em serviço.

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dá o nome de rigidez dielétrica e que é definida como sendo o valor do campo

elétrico para o qual se dá a ruptura do isolante.

Sabemos que os materiais dielétricos, possuem elétrons que estão presos

ao núcleo dos átomos, ou seja, não existem elétrons livres nesses materiais.

Se aplicarmos um campo elétrico entre as extremidades de um material

isolante, atuará uma força sobre os átomos desse corpo tentando arrancar dele

alguns de seus elétrons, mas ocorre que esses elétrons estão fortemente ligados

ao núcleo, sendo assim é necessário a aplicação de um campo elétrico mais

intenso para que seja possível arrancá-los. Se a intensidade do campo elétrico

não for suficientemente grande, a força elétrica provocará somente a polarização

do material dielétrico.

Aumentando a intensidade do campo sobre o isolante, a intensidade da

força que atua sobre seus elétrons também aumenta. Sendo assim, podemos

concluir que vai chegar um determinado instante em que o valor do campo

elétrico será tão grande que a força elétrica conseguirá arrancar os elétrons dos

átomos, dessa forma os elétrons que antes estavam presos se tornam elétrons

livres e, como conseqüência, o material que antes era isolante passa a ser

condutor. Esse fato pode acontecer com qualquer material isolante, depende

apenas da intensidade do campo elétrico que é aplicado sobre ele.

A tabela abaixo apresenta uma comparação da ordem de grandeza da

rigidez dielétrica de alguns materiais isolantes:

Material Rigidez dielétrica (kV/cm)

Ar 30

Mica 600

Vidros 75 a 300

Tabela 2

Esta grandeza está longe de ser constante para cada material, pois depende

de muitos fatores, tais como a espessura do isolante, as dimensões e forma dos

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eletrodos utilizados para a aplicação da tensão, a freqüência da tensão aplicada,

o número de aplicações de tensão na unidade do tempo (fadiga do material), a

temperatura, grau de umidade, etc.

Rigidez dielétrica superficial - No caso dos isolantes sólidos,pode acontecer

que o arco disruptivo, em vez de atravessar a sua massa, salte pela sua

superfície.

Ao quociente da tensão pela distância entre os condutores é dado o nome

de rigidez dielétrica superficial. Esta depende, evidentemente, da forma do

isolante e do estado da sua superfície.

2.4 – Características específicas dos dielétricos gasosos:

Basicamente existem três tipos de dielétricos (gasoso, sólido e líquido). O

dielétrico gasoso é o que apresenta um mecanismo de ruptura mais fácil de

compreender, pois possuem uma estrutura molecular relativamente simples.

2.4.1 – Propriedades:

Ionização

Quando se aplica um campo elétrico a um gás, há uma força tendendo a

atrair os núcleos dos átomos para o eletrodo negativo e os elétrons para o

eletrodo positivo. Isto acontece também com os elétrons e íons positivos livres

existentes nos gases. Como a tensão aplicada inicialmente é pequena, a

corrente inicial será pequena também. Entre os pontos “a” e “b” (ver figura 1),

não há aumento de corrente, apesar da tensão crescer. Quando o campo é

aumentado (a partir do ponto “b”) os elétrons livres adquirem velocidades

maiores e ao colidirem com átomos neutros, muitos elétrons desses átomos

saem de suas órbitas e são separados dos núcleos, sobrando mais íons

positivos e elétrons livres. Esses elétrons produzem novos íons positivos e

elétrons livres por sucessivas colisões. Esta ação é acumulativa e a corrente

aumenta rapidamente quando a tensão atinge o ponto “c”.

Apesar dos elétrons possuírem uma massa muito menos que a dos íons

positivos, gastam uma energia muito maior nas colisões, devido à sua

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velocidade ser maior. No ponto “c” os íons positivos atingem velocidade

suficiente para produzir novos íons e elétrons nas colisões, contribuindo na

ionização e aumento da corrente. Este processo é chamado de “avalanche de

elétrons”.

Ruptura

A região “d-e” da figura 1 é a região chamada de “ionização completa”. Entre

“e” e “f” o sistema elétrico torna-se instável (a corrente aumenta rapidamente

mesmo diminuindo-se a tensão). Entre “f” e “g” a densidade de corrente chega a

um valor muito alto, quando ocorre o estado de “curto-circuito”. A corrente em “a”

é da ordem de alguns micro amperes e a corrente em “h” algo em torno de 108

vezes maior que a corrente em “a”. A tensão máxima depende da pressão e do

espaçamento entre os eletrodos.

Figura 1 - Características de ionização e ruptura nos gases.

.Lei de Paschen

A lei de Paschen, descoberta por ele mesmo em 1889, dá o potencial como

função da massa de gás entre os eletrodos. Es = f (p,d) onde p é a pressão

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absoluta e d o espaço entre os eletrodos. A figura 2 ilustra a lei de Paschen para

o ar com altos valores de “pd”.

Figura 2 - Lei de Paschen para o ar com grandes valores de “pd”.

2.5 – Principais Dielétricos Gasosos

2.5.1 – Argônio (Ar)

É um gás nobre, mais abundante em nosso planeta, pertence à classe dos

gases inertes que não participam de reações químicas. A maior quantidade de

gás Argônio se encontra na mistura gasosa do ar atmosférico, constitui 0,93% do

volume do ar que respiramos. Esse gás é monoatômico e caracterizado por sua

extrema inatividade química. O argônio é incolor, inodoro, não inflamável, não

tóxico, insípido e ligeiramente solúvel em água.

Este gás tem uma vasta utilização no que diz respeito à conservação de

materiais oxidáveis, isto se explica pela propriedade inerte deste gás nobre.

A rigidez dielétrica dos gases nobres (Helio, neônio, argônio, xenônio,

radônio e criptônio) é inferior à do ar, cerca de1/5. Esses gases não são usados

como isolantes ao contrário, por exemplo, o argônio é utilizado em processos

industriais de soldagem devido à sua fraca tensão disruptiva.

Os gases nobres são também utilizados para encher bulbos de

determinados tipos de lâmpadas, em particular de neônio, argônio e outros.

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Extraordinária importância tem o Helio como agente de refrigeração, em

particular para os dispositivos que utilizam o fenômeno da supercondutividade.

Sua temperatura de liquefação é de 4,216 K.

Às vezes utiliza-se o neônio liquido como agente de refrigeração, sua

temperatura de liquefação é de 27,6 K, um pouco maior que a do hidrogênio.

Entretanto, o neônio é muito caro. Tomando-se como unidade o preço relativo

de 0,1 m3 de nitrogênio, o hidrogênio vale aproximadamente duas vezes mais, o

Helio 80 e o neônio 30.000. nota-se que o nitrogênio se obtém de modo mais

fácil do ar, separando-o do oxigênio.

Pode ser empregado:

Em peças de museus para uma melhor conservação das relíquias (devido

a pouca reatividade).

Em lâmpadas incandescentes para evitar a corrosão do filamento de

tungstênio presente neste tipo de lâmpada.

É considerado protetor para soldas, pois evita oxidação, protegendo-as

das substâncias ativas do ar. Esta é a chamada soldagem especial com

atmosfera protetora.

Pode ser usado para inflar airbags de automóveis.

Lasers a base de Argônio são aplicados na medicina em cirurgias dos

olhos.

2.5.3 – Hexafluoreto de enxofre (SF6)

O SF6 é formado por uma reação química entre enxofre fundido e fluoreto.

O fluoreto é obtido pela electrólise de ácido de fluorídrico (HF). À temperatura

ambiente e pressão atmosférica, o hexafluoreto de enxofre é um gás não

inflamável, não tóxico, incolor, inodoro, insípido e quimicamente estável. Isto

significa que à temperatura de quarto não reage com qualquer outra substância.

A estabilidade vem do arranjo simétrico dos seis átomos de fluoreto em torno do

átomo central de enxofre. É esta estabilidade que faz este gás útil em

equipamentos elétricos. O SF6 é um isolador elétrico muito bom e pode

efetivamente extinguir arcos elétricos nos aparelhos de alta e media tensão

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enchidos com SF6. O SF6 pode ser achado no mundo inteiro em milhões de

aparelhos elétricos; o equipamento elétrico que contém SF6 é um artigo de

grande exportação. Possui alta resistência dielétrica e grande estabilidade

térmica. Sendo cerca de cinco vezes mais denso que o ar atmosférico, tende a

acumular-se em locais baixos.

O SF6 é usado como um gás isolante em subestações, como um isolador e

médio refrescante em transformadores e como um isolador e extintor de arco

elétrico em interruptores para aplicações de alta e média tensão. Estes são

sistemas fechados que estão extremamente seguros e livres de improváveis

fugas.

Em sistemas de energia elétrica, é exigido nos interruptores de alta e

media tensão no poder de corte para no caso de uma falha proteger as pessoas

e os equipamentos.

As subestações isoladas com gás encontram-se principalmente em áreas

urbanas e frequentemente instaladas em edifícios num pequeno local. Estas

subestações reduzem o campo magnético e removem completamente o campo

elétrico. Esta é uma real vantagem para os instaladores, pessoal de manutenção

e as pessoas que vivem na redondeza de subestações.

O SF6 é também usado de outros modos. Misturado com argônio, pode ser

usado em janelas isoladas. O SF6 é usado na indústria de metal, por exemplo,

quando o magnésio é utilizado. Os cirurgiões dos olhos usam SF6 como agente

refrescante em operações. O SF6 também pode ser usado como um agente que

extingue o fogo porque é não inflamável e refrescante.

Em aplicações elétricas, o SF6 é só usado hermeticamente em sistemas

fechados e seguros que debaixo de circunstâncias normais não libertam gás.

O hexafluoreto de enxofre é particularmente adequado para utilização

como dielétrico em disjuntores de média e alta voltagem bem como em cabos de

alta voltagem, transformadores, transdutores, aceleradores de partículas, raios x

e equipamentos de UHF. Devido à sua baixa condutividade térmica e baixa

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velocidade sônica, é muito utilizado em países frios, como agente isolante em

janelas de vidro duplo.

Vantagens:

Há duas razões para usar o SF6 em equipamento elétrico:

O SF6 é um bom isolador porque é fortemente dopado em elétrons

negativos. Isto significa que as moléculas de gás pegam elétrons livres e

constroem íons negativos, que não se movem rapidamente. Isto é importante

quando se criam avalanches de elétrons que podem conduzir a flashovers.

O SF6 controla efetivamente o arco na interrupção do circuito porque tem

excelentes propriedades refrescantes a temperaturas (1500-5000 K) na qual os

arcos extinguem (o gás usa energia quando dissocia e então produz um efeito

refrescante).

Os interruptores de média e alta tensão com SF6 ocupam um grande

“volume” no mercado. Assim:

O SF6 têm um dielétrico de capacidade resistiva muito alta;

O SF6 extingue efectivamente arcos elétricos em circuito de média e alta

tensão;

Os aparelhos com SF6 são compactos e quase livres de manutenção;

O equipamento com SF6 está extremamente seguro quando operado por

usuários.

Características do SF6

Geometria Molecular : octaédrica 90 ° (Apolar)

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Figura 3 - Geometria Molecular SF6.

Peso molecular: 146,05

Condutividade térmica à pressão atmosférica: 1,4W/cmK a 40°C

Viscosidade (em CP) à pressão atmosférica: 0,015 a 25°C

Capacidade de ruptura: 100A à 1 atm. de pressão

Fator de perdas: tg d < 10-3a – 50°C

tg d < 2 x 10-7a 25°C

Tensão de ruptura: 125kV a 2 atmosferas de pressão com afastamento de

10mm.

Transformador a SF6

Os transformadores imersos em hexafluoreto de enxofre (SF6), que, na

atualidade, foram desenvolvidos para comercialização por investigadores

japoneses, apresentam aspectos construtivos próprios. O núcleo magnético é

formado pelo empacotamento da chapa magnética, sem pernos de aperto e

sustentado por uma estrutura de perfilado de ferro.

Os enrolamentos são isolados com materiais sintéticos e podem ser do tipo

bobina ou do tipo em banda de cobre, conforme a intensidade da corrente

elétrica que os atravessa. Estes órgãos, que formam a parte activa do

transformador, encontra-se encerrados no interior de uma cuba hermética.

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O material isolante elétrico e condutor de calor utilizado para promover o

isolamento elétrico e o arrefecimento do transformador é o hexafluoreto de

enxofre (SF6). Esse gás tem um valor de rigidez 2,5 vezes superior à rigidez do

ar à pressão atmosférica, e que apresenta uma boa regeneração da rigidez

dielétrica, depois de submetido à ruptura pelo arco elétrico. Este gás, como

condutor térmico, apresenta um elevado calor especifico, o que facilita o

transporte do calor dos enrolamentos onde se desenvolve para a superfície da

cuba onde se dissipa. O SF6 não é solúvel em água e não liberta elementos

tóxicos ou perigosos quando aquecido, pelo que não apresenta agressividade

ambiental.

Todo o gás utilizado no transformador está contido na cuba, com um valor

de pressão pequeno (1 bar a 4 bar). Por isso, a cuba não necessita de respeitar

as normas construtivas para recipientes submetidos a elevadas pressões,

registando-se mesmo casos de utilização do alumínio na construção dessa cuba.

Como o gás tem uma dupla função de isolante elétrico e de condutor

térmico, através do valor da respectiva pressão e do método de refrigeração

consegue-se uma grande variedade de soluções construtivas e características

nominais: um aumento da pressão do gás pode traduzi-se por uma maior

potência nominal ou por um menor atravancamento do transformador.

O arrefecimento do transformador pode ser feito por convexão natural do

gás ou por circulação forçada de um outro líquido refrigerante, que pode estar ou

não estar em contacto directo com o hexafluoreto de enxofre.

Devido à utilização do hexafluoreto de enxofre e de lâminas de isolantes

sintéticos no isolamento dos enrolamentos do transformador, que são materiais

isolantes com constante dielétrica diferente das habituais, as distâncias enter

enrolamentos e entre subenrolamentos e as dimensões dos calços de

separação dos enrolamentos vêm alteradas, o que, sendo uma particularidade

construtiva, não chega a influenciar o valor das dimensões globais do

transformador.

Os transformadores em SF6 apresentam um conjunto de vantagens e alguns

inconvenientes.

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Como vantagens deste tipo de transformadores salienta-se que são seguros

quanto ao contacto acidental porque têm as partes activas protegidas por uma

cuba. O material isolante, o SF6, é autoregenerador quanto à ruptura pelo arco

eléctrico. Apresentam materiais isolantes quimicamente estáveis e sem

problemas de envelhecimento.

O comportamento destes transformadores quanto ao impacto ambiental é

bom porque no fim da vida útil os seus materiais são recicláveis, não

apresentam agressividade ambiental durante o fabrico e durante o

funcionamento, e funcionam bem tanto protegidos do meio ambiente em

instalações interiores como expostos ao tempo em instalações exteriores.

Quanto à aplicação destes transformadores imersos em gás verifica-se que

apresentam uma boa capacidade de sobrecarga e que não necessitam de fossa

na sua instalação, o que reduz as necessidades de espaço para construção das

subestações ou postos de transformação.

Verifica-se que um transformadores em SF6 ocupa menos 30% de espaço e

apresenta-se como valor típico na sua aplicação uma redução de 15% no custo

global de um subestação, apesar deste tipo de transformador ser mais caro que

o tradicional transformador imerso em óleo. Assim, o preço constitui o seu maior

inconveniente.

2.5.4 – Hidrogênio (H2)

Rigidez dielétrica inferior a do ar, aproximadamente a metade, condutividade

térmica elevada, portanto excelente agente de refrigeração.

Aplicação:

Aplicado no isolamento e refrigeração de alternadores de grandes potências

e motores sícronos.

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2.5.5 – Ar

O AR atmosférico (que na realidade é uma mistura de gases e vapor de

d’água). Como isolante, é amplamente usado entre todos os condutores sem

isolamento sólido ou líquido, como, por exemplo, nas redes elétricas de

transmissão e eventualmente de distribuição, onde os condutores são fixados a

certa altura através de cruzetas, ou de braços, os quais, fixos a postes ou torres,

são equipados com isoladores (de porcelana, vidro ou resina com borracha).

Entre esses condutores nus, o isolamento é somente o ar, de tal modo que o

afastamento entre os fios ou cabos é, entre outros fatores, conseqüência da

rigidez dielétrica do ar. Esse valor varia acentuadamente com as condições de

umidade, impurezas e temperatura. Seu valor a seco e limpo, a 20ºC, é de

45kV/mm; decresce, entretanto, rapidamente, a 3kV/mm, sob ação da umidade,

de contaminações provenientes de poluição, da pressão atmosférica e da

temperatura, fatores normais no ambiente externo e, conseqüentemente, esse

valor precisa ser considerado nos projetos.

O afastamento entre condutores não é, porém, apenas função das

características elétricas, mas também das mecânicas e de agentes, tais como

ventos e outros, que vão determinar, em conjunto, a menor distância entre dois

cabos.

2.5.4.1 – Efeito corona

A seleção dos condutores é uma das decisões mais importantes a serem

tomadas pelo projetista das linhas de transmissão.

Nas linhas em médias e altas tensões, a escolha das secções dos

condutores geralmente se baseia em um equacionamento econômico entre

perdas por efeito joule e os investimentos necessários. Nas linhas em tensões

extra-elevadas e nas futuras linhas em tensões ultra-elevadas, o controle das

manifestações do efeito corona pode ser o elemento dominante para orientar

essa escolha.

As múltiplas manifestações do efeito corona têm implicações diretas com a

economia das empresas concessionárias e com o meio ambiente no qual as

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linhas de transmissão se encontram. Todas são importantes, e por isso mesmo

devem merecer dos projetistas a devida atenção.

O efeito corona aparece na superfície dos condutores de uma linha aérea de

transmissão quando o valor do gradiente de potencial aí existente excede o valor

do gradiente crítico disruptivo do ar. Mesmo em um campo elétrico uniforme,

entre dois eletrodos planos paralelos no ar, uma série de condições controlam

essa tensão disruptiva, tais como a pressão do ar, a presença do vapor d’água,

o tipo de tensão aplicada e a fotoionizaçao incidente. No campo não uniforme

em torno de um condutor, a divergência do campo exerce influencia adicional, e

qualquer partícula contaminadora, como poeira, por exemplo, transforma-se em

fonte pontual de descargas.

Descargas elétricas em gases são geralmente iniciadas por um campo

elétrico que acelera elétrons livres aí existentes. Quando esses elétrons

adquirem energia suficiente do campo elétrico, podem produzir novos elétrons

por choque com outros átomos. É o processo de ionização por impacto. Durante

a sua aceleração no campo elétrico, cada elétron livre colide com átomos de

oxigênio, nitrogênio e outros gases presentes, perdendo, nessa colisão, parte de

sua energia cinética. Ocasionalmente um elétron pode atingir um átomo com

força suficiente, de forma a excitá-lo. Nessas condições, o átomo atingido passa

a um estado de energia mais elevado. O estado orbital de um ou mais elétrons

muda e o elétron que colidiu com o átomo perde parte de sua energia, para criar

esse estado. Posteriormente, o átomo atingido pode reverter ao seu estado

inicial, liberando o excesso de energia em forma de calor, luz, energia acústica e

radiações eletromagnéticas. Um elétron pode igualmente colidir com um íon

positivo, convertendo-o em átomo neutro. Esse processo, denominado

recombinação, também libera excesso de energia.

Toda a energia liberada ou irradiada deve provir do campo elétrico da linha,

portanto, do sistema alimentador, para o qual representa perda de energia, por

conseguinte, prejuízo. Essas perdas e suas conseqüências econômicas tem sido

objeto de pesquisas e estudos há mais de meio século, não obstante, só

recentemente se alcançaram meios que permitem determinar, com razoável

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segurança, qual o desempenho que se poderá esperar para as diversas

soluções possíveis para uma linha de transmissão, no que diz respeito a essas

perdas. De um modo geral, elas se relacionam com a geometria dos condutores,

tensões de operação, gradientes de potencial nas superfícies dos condutores e,

principalmente, com as condições meteorológicas locais. Constatou-se, por

exemplo, que as perdas por corona em linhas em tensões extra-elevadas podem

variar de alguns quilowatts por quilometro até algumas centenas de quilowatts

por quilometro, sob condições adversas de chuva ou garoa. As perdas médias,

como se verificou, podem constituir apenas pequenas partes das perdas por

efeito joule, porém as perdas máximas podem ter influencia significante nas

demandas dos sistemas, pois a capacidade geradora para atender a essa

demanda adicional deverá ser prevista ou a diferença de energia importada.

São significativos os valores obtidos em medições realizadas na Rússia em

linhas de 500 KV. Mediram-se perdas médias anuais da ordem de 12 Kw/km de

linha trifásica, com tempo bom, perdas máximas da ordem de 313 Kw/km sob

chuva e 374 Kw/km sob garoa.

Tanto as perdas com tempo bom como aquelas sob chuva dependem dos

gradientes de potencial na superfície dos condutores. As perdas sob chuva

dependem não só do índice de precipitações, como também do número de

gotículas d’água que conseguem aderir à superfície dos condutores. Esse

número é maior nos condutores novos do que nos usados, nos quais as gotas

d’água aderem mais facilmente à geratriz inferior dos condutores.

As linhas aéreas de transmissão de energia elétrica há muito têm sido

consideradas como causadoras de impacto visual sobre o meio ambiente em

que são construídas. Uma espécie de poluição visual que os conservadores,

urbanistas e estetas há muito vem combatendo. O advento da transmissão em

tensões extra-elevadas e as perspectivas de transmissão em tensões ultra-

elevadas enfatizaram dois outros tipos de perturbação do meio, provocados pelo

efeito corona, sendo-lhes atribuído também caráter de poluição: A

radiointerferência (RI) e o ruído acústico (RA).

Page 22: Dieltrico Gasosos

22

Descargas individuais de corona provocam pulsos de tensão e corrente de

curta duração que se propagam ao longo das linhas, resultando em campos

eletromagnéticos em suas imediações. Essas descargas ocorrem durante

ambos os semiciclos da tensão aplicada, porém aquelas que ocorrem durante os

semiciclos positivos é que irradiam ruídos capazes de interferir na radiorecepçao

nas faixas de freqüência das transmissões em amplitude modulada ( AM ), em

particular nas faixas das ondas médias. Eflúvios de corona também ocorrem em

outros componentes das linhas, tais como ferragens e isoladores, porem a

intensidade dos ridos gerados é bastante inferior à dos gerado pelos condutores.

Ferragens defeituosas, pinos e contrapinos mal-ajustados ou soltos podem

igualmente gerar pulsos eletromagnéticos. Estes, no entanto, ocorrem nas faixas

das freqüências de "FM" e "TV", provocando interferência ou ruídos nas

recepções de "FM" e "TV" ( TVI ).

A geração desses ruídos interfere com os direitos individuais dos moradores

das vizinhanças das linhas de transmissão, uma vez que os ruídos se podem

propagar além das faixas de servidão das linhas. Ainda não é possível projetar-

se economicamente uma linha de transmissão aérea em tensões acima de 100

KV e que não produza radiointerferência. Não obstante, critérios corretos e

atenção aos aspectos relevantes do projeto podem produzir um sistema que

resulte pelo menos em níveis aceitáveis de perturbação. O estudo do

comportamento das linhas no que se refere à "RI"é bastante complicado em

virtude dos inúmeros fatores que afetam seu comportamento, muitos dos quais

ainda são indefinidos e nem mesmo completamente entendidos, de forma que

os efeitos cumulativos são considerados em bases estatísticas.

Nos projetos de pesquisa sobre corona em tensões extra e ultra-elevadas

verificou-se, outrossim, que uma outra manifestação sua não mais poderia ser

descurada nas linhas de 500 KV ou tensões mais elevadas, dado o caráter de

poluição ambiental que apresenta. É a poluição acústica causada pelo ruído

característico provocado pelos eflúvios do corona. Esse aspecto também vem

merecendo crescente atenção no dimensionamento das linhas, a fim de que o

grau de perturbação seja mantido em níveis aceitáveis. Tais estudos mostraram

Page 23: Dieltrico Gasosos

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que o ruído auditivo é função dos máximos gradientes de potencial na superfície

dos condutores.

Em vista do exposto, pode-se concluir que, para as linhas de transmissão

em tensões extra e ultra-elevadas, o dimensionamento econômico das linhas

está diretamente relacionado com a escolha do gradiente de potencial máximo

admissível na superfície dos condutores das linhas de transmissão. Gradientes

para uma mesma classe de tensão somente são reduzidos mediante o emprego

dos condutores de diâmetros maiores, ou maior espaçamento entre fases, ou

pelo emprego de condutores múltiplos, com número crescente de

subcondutores, ou pela forma com que são distribuídos sobre o circulo tendo

como centro o eixo do feixe.

Alternativamente, vem sendo pesquisados outros métodos para a redução

da radiointerferência e ruídos audíveis, como a colocação de espinas ao longo

dos condutores ou o seu envolvimento em capas de neoprene. A disposição dos

subcondutores em forma de polígono irregular também vem sendo investigada

como meio de reduzir os gradientes de potencial, e parece ser a forma mais

promissora: é possível encontrar uma posição para cada subcondutor na

periferia de um circulo, de forma que o gradiente em todos os subcondutores

seja mínimo. O emprego dos condutores múltiplos assimétricos tem apresentado

problemas de estabilidade mecânica sob ação do vento, e a melhor solução sob

esse aspecto poderá conflitar com a melhor solução sob esse aspecto poderá

conflitar com a melhor solução sob o aspecto de distribuição de gradientes de

potencial.

O Efeito Corona e as descargas elétricas nos gases

Em geral o comportamento dos diferentes gases é o mesmo. Os

gases são constituídos de átomos e moléculas e, sob o ponto de vista

elétrico e em condições normais, são isolantes, ou seja não conduzem

eletricidade.

Para que exista uma passagem de corrente elétrica através de un gás, é

necessário ionizá-lo. Basicamente podemos citar os seguintes

mecanismos que tornam um gás condutor:

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1- IONIZAÇÃO POR CHOQUE ELETRÔNICO

Ocorre principalmente nos campos elétricos elevados (Altas tensões),

nos quais íons ou elétrons possuem energia cinética suficiente para

produzir a ionização. Estas partículas são aceleradas pelo intenso campo

elétrico que colidem contra os átomos. São formados assim os Arcos

Voltaicos.

2- IONIZAÇÃO TÉRMICA

Produz-se pelo aumento de energia cinética quando a sustância é

aquecida.

3- FOTOIONIZAÇÃO

Origina-se quando os átomos ou moléculas absorvem quantias de

energia eletromagnética suficiente para ionizá-los.

A intensidade da ionização é medida pelo número de pares de

partículas carregadas com sinal contrário que aparecem na unidade de

volume do gás em uma unidade de tempo.

DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE IONIZAÇÃO

Inicialmente sob tensões baixas, os gases não são condutores porém,

sempre existem íons presentes. Aumentando a tensão entre dois

eletrodos, o campo elétrico resultante entre os mesmos também aumenta

de intensidade produzindo a movimentação dos íons entre os eletrodos.

A velocidade deste deslocamento depende principalmente da pressão do

gás e da intensidade do campo elétrico. Desta forma é cada vez maior a

quantidade de íons que na unidade de tempo conseguem chegar até os

eletrodos, ou seja, a corrente elétrica que circula pelo gás vai aumentando

sua intensidade. A partir de determinado momento, todos os íons

produzidos pelo agente ionizador (o campo elétrico), chegam até os

eletrodos e então, embora a tensão possa ser aumentada, a corrente

elétrica que circula pelo gás não aumentará seu valor, isto é: temos

saturado o gás. Dito valor é chamado de intensidade de saturação.

Page 25: Dieltrico Gasosos

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Quanto menor seja a densidade do gás, menores serão as

intensidades de campo elétrico necessárias para atingir tal saturação.

Para aumentar a intensidade da corrente elétrica além do valor de

saturação se faz agora necessário elevar consideravelmente a tensão

entre os eletrodos. Feito isto, a intensidade da corrente elétrica

novamente vai aumentar. Nestas condições aparece a ionização por

choque eletrônico e, neste momento, a recombinação dos átomos e

moléculas ionizados que voltam ao seu nível energético base, produz a

emissão de radiações eletromagnéticas (luz), tornando o gás luminoso.

A partir desta situação, um aumento do valor da tensão entre eletrodos

produz o chamado efeito de avalanche, ou seja, um elétron qualquer

produz um íon e um novo elétron, o qual novamente reinicia o processo.

Tipos de descargas

Em condições normais de pressão (1 atmosfera ), podemos distinguir

os seguintes tipos de descargas elétricas:

1. DESCARGA SILENCIOSA OU EFLÚVIOS

2. DESCARGA RADIANTE OU PENACHO

3. DESCARGA POR FAÍSCAS

4. DESCARGA POR ARCO

1. Descarga silenciosa ou eflúvios

Tal como seu nome indica, ela não produz nenhum tipo de barulho ou

luminescência. A região ionizada fica carregada eletricamente e o

eletrodo repele os íons do mesmo sinal elétrico, produzindo assim o

chamado Vento Elétrico. Ocorre nas regiões onde o campo elétrico toma

valores elevados. A corrente de descarga existe porém sua intensidade é

muito pequena. No entanto, se a superfície do eletrodo apresentam

pequenos raios de curvatura, o campo elétrico deixa de ser uniforme e a

densidade superficial de carga aumenta consideravelmente assim como a

intensidade de dito campo elétrico. Nestes lugares a ionização se

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intensifica, tornando o vento elétrico mais intenso.

Se a ionização for ainda maior, o gás começa a se iluminar, e nos

pontos onde o raio de curvatura é muito pequeno aparece uma

luminosidade. Este é o Efeito Corona. A zona do gás adjacente à

superfície iluminada é chamada de Camada do Efeito Corona, o restante

da região de descarga denomina-se Região da Corrente Negra. No caso

da corona se manifestar no eletrodo catódico, a corna se chama Corona

Catódica ou Corona Negativa; nela os íons positivos são arrancam do

cátodo os elétrons que originam a ionização volumétrica do gás. No caso

da corona se produzir no eletrodo anódico, se denomina Corona Anodica

ou Corona Positiva, e neal os elétrons surgem junto ao ânodo pela

fotoionização do gás devido a radiação emitida pela camada do efeito

corona.

2. Descarga radiante ou de penacho

Se aumentarmos a tensão dos eletrodos, a corona toma a forma de

um penacho luminescente, em forma de feixes radiais intermitentes.

3. Descarga por faíscas

Aumentando ainda mais a tensão entre os eletrodos, se produz uma

ionização súbita e considerável no gás, devido a criação de canais de

condução da descarga. Nestes canais de ionização, a corrente elétrica

encontra uma resistência muito menor à passagem da mesma que nos

casos anteriores. Desta forma a intensidade da corrente de descarga

nestes canais é bem elevada. A repentina condução de corrente nestes

canais produz o afastamento súbito do gás gerando assim uma onda de

choque, a qual é percebida pelo observador pelo ruído característico que

as faíscas produzem. O processo também gera uma luminosidade

apreciável no canal de descarga, o qual é perfurado através do gás pelo

fluxo de partículas carregadas, porém, a trilha percorrida é altamente

instável devido aos múltiplos choques das partículas que constantemente

mudam de posição, produzindo assim um canal sinuoso de forma

arborescente. A passagem da faísca se produz a um potencial elétrico

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determinado denominado Potencial Disruptivo. No ar, quando a

intensidade do campo elétrico atinge valores de 30 kilovolt por centímetro,

sob pressão normal e com eletrodos de 20 mm de diâmetro, a faísca de

descarga é produzida.

A pressão do gás e a forma dos eletrodos influem notavelmente nos

valores do potencial disruptivo, este é o denominado Efeito das Pontas,

resultando na diminuição dos valores do potencial disruptivo.

Para certa distância entre eletrodos, com o gás a 1 atm., a tensão sob

a qual se produzem os efeitos corona e de faisca, são diferentes, sendo o

primeiro maior que o segundo. Porém, à tensão de ruptura, o potencial

disruptivo é muito mais sensível a diminuição da distância entre os

eletrodos que a tensão para o efeito corona. Desta forma é possível

encontrar uma distância crítica tal que para um afastamento entre os

eletrodos menor que a distância crítica, já não mais é possível a

existência do efeito corona e somente se produz a descarga por faíscas.

4. Descarga por arco

No arco voltaico, a intensidade da corrente elétrica é muito elevada,

porém, a tensão entre os eletrodos é pequena. A temperatura do gás é

muito alta e os eletrodos se aquecem consideravelmente. No arco, as

partículas são aceleradas a grandes velocidades de maneira que atingem

os eletrodos com violência, produzindo deformações físicas nos mesmos

e gerando novos elétrons por emissão termoiônica. O gás pode atingir no

canal de descarga temperaturas da ordem dos 5000 graus centígrados.

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3.CONCLUSÃO Diante do que foi visto, observa-se que os isolantes empregados para fins

elétricos não podem ser escolhidos levando-se em consideração apenas o seu

comportamento elétrico, demais fatores como efeitos mecânicos, químicos e

viabilização econômica, por exemplo, devem ser considerados para satisfazer as

condições de utilização. Tendo isso em mente, os dielétricos gasosos se

destacam por possuir não possuírem volume e forma definidos, alta capacidade

de regeneração e moderada capacidade de regeneração por convecção. Sendo

assim os mais próximos dos dielétricos ideais, sendo assim são indicados como

isolador em altas e médias tensões (Por exemplo o SF6 que é usado como um

gás isolante em subestações).

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4.BIBLIOGRAFIA

Disponível em:

http://www.del.ufms.br/Materiais.pdf

Disponível em:

http://www.labspot.ufsc.br/~jackie/cap4_new.pdf