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DIERCKS, M. S.; PEKELMAN, R. Manual para equipes de saúde: o trabalho educativo nos grupos. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégia e Participativa. Caderno de Educação Popular e Saúde. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/caderno_de_edu cacao_popular_e_saude.pdf>. Acesso em 04/09/12. Berttony Nino Margarita Diercks é Doutora em Educação, Médica de Familia e Comunidade, Coordenadora Adjunta do Programa de Residência Médica em Medicina de Familia e Comunidade do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Conceição, Porto Alegre, RS. Renata Pekelman é Médica de Família e Comunidade, Mestre em Educação e especialista em Medicina do Trabalho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, preceptora da Residência de Medicina de Família e Comunidade do Hospital Nossa Senhora Conceição-GHC/Porto Alegre, facilitadora do Currículo Integrado das residências de Medicina de Família e Comunidade e Residência Multiprofissional com ênfase em Saúde da Família e Comunidade-GHC e médica das US Rubem Berta/ Prefeitura Municipal de Porto Alegre e US Jardim Itu/GHC. O texto “Manual para equipes de saúde: o trabalho educativo nos grupos” faz parte de uma coletânea de 20 textos do “Caderno de Educação Popular e Saúde” e busca fornecer aos profissionais de saúde uma base para propor atividades educativas em grupos a partir dos resultados obtidos na pesquisa “Prevenindo DST/HIV/AIDS em mulheres de baixa renda: a elaboração de cartilhas no processo educativo”. Está didaticamente dividido em uma breve introdução e 6 subitens (O

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DIERCKS, M. S.; PEKELMAN, R. Manual para equipes de saúde: o trabalho educativo nos grupos. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégia e Participativa. Caderno de Educação Popular e Saúde. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/caderno_de_educacao_popular_e_saude.pdf>. Acesso em 04/09/12.

Berttony Nino

Margarita Diercks é Doutora em Educação, Médica de Familia e Comunidade,

Coordenadora Adjunta do Programa de Residência Médica em Medicina de Familia e

Comunidade do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Conceição, Porto Alegre, RS.

Renata Pekelman é Médica de Família e Comunidade, Mestre em Educação e especialista em

Medicina do Trabalho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, preceptora da

Residência de Medicina de Família e Comunidade do Hospital Nossa Senhora Conceição-

GHC/Porto Alegre, facilitadora do Currículo Integrado das residências de Medicina de

Família e Comunidade e Residência Multiprofissional com ênfase em Saúde da Família e

Comunidade-GHC e médica das US Rubem Berta/ Prefeitura Municipal de Porto Alegre e US

Jardim Itu/GHC.

O texto “Manual para equipes de saúde: o trabalho educativo nos grupos” faz parte de

uma coletânea de 20 textos do “Caderno de Educação Popular e Saúde” e busca fornecer aos

profissionais de saúde uma base para propor atividades educativas em grupos a partir dos

resultados obtidos na pesquisa “Prevenindo DST/HIV/AIDS em mulheres de baixa renda: a

elaboração de cartilhas no processo educativo”. Está didaticamente dividido em uma breve

introdução e 6 subitens (O planejamento do trabalho, O método educativo, O papel do

coordenador ou coordenadora, As técnicas afetivo participativas na educação em saúde, O

registro e A avaliação).

Na introdução foi explicitado o objetivo do texto, relacionando com experiências

obtidas na construção de um material educativo em um grupo de mulheres e a metodologia de

Paulo Freire, de forma que as particularidades, cultura e aspectos socioeconômicos sejam

respeitados e compreendidos. Enfatiza também a necessidade de que este seja um trabalho

interdisciplinar, que envolva várias áreas do conhecimento, a fim de enxergar a realidade

através de diferentes pontos de vista, buscando um entendimento o mais fidedigno possível.

Fala sobre a importância do trabalho e da necessidade que estas técnicas de trabalho para

construção de redes de conhecimento crítico sejam disseminadas para os mais diferentes

espaços e grupos.

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No item “O planejamento do trabalho” é discutido que os temas abordados devem ser

escolhidos pelos profissionais e a comunidade, priorizando-os de acordo com as necessidades

identificadas. Também deixa claro que a educação em saúde não deve ser vista como mais um

trabalho para o profissional (além de suas demais atribuições), mas sim como uma parte

importante do trabalho que ele desenvolve na comunidade, indissociável do processo de

cuidar. É necessário dispor de tempo para planejar um trabalho educativo, além do que é

necessário para desenvolvê-lo e avaliá-lo. Um dos profissionais envolvidos deve se encarregar

do registro, que é a base da avaliação. É essencial ter domínio técnico sobre o assunto, mas ter

a mente aberta para aceitar questionamentos.

Em “O método educativo” é mostrado que o profissional deve estar preparado para

lidar com várias formas de entendimento sobre um determinado assunto, tentando sempre

combinar o que é aprendido com a comunidade com o que o profissional traz para que seja

construído um conhecimento adaptado às realidades das pessoas, por vezes tão distantes da do

profissional. Deve-se permitir que as pessoas se manifestem e falem sobre suas experiências e

cotidiano (história de vida), atrelando significados e entendendo sua linha de pensamento. O

coordenador não pode deixar, no entanto, que se perca “o fio da meada” e as pessoas não

raciocinem criticamente. A argumentação e problematização são ferramentas importantes para

o trabalho em grupos na medida em que possibilitam que pessoas de realidades diferentes

possam enxergar um fato a partir de outra perspectiva. O resultado final dos argumentos deve

ser uma colocação validada por todos os membros do grupo, não só a imposição de uma ou

poucas pessoas.

“O papel do coordenador ou coordenadora” relata que o coordenador deve conduzir o

processo sem manipulá-lo, assumir o diálogo como sua principal ferramenta, ousar se expor e

expressar, reconhecer que o processo do saber não é individual e entender que confessar a sua

ignorância abre caminho para o aprendizado. Em “As técnicas afetivo-participativas na

educação em saúde” mostra que as dinâmicas utilizadas tão comumente em oficinas não

devem ser aplicadas apenas para a descontração do ambiente, mas também se deve inseri-la

dentro do contexto pedagógico e dos objetivos do grupo.

Na seção “Registro” é enfatizado que esse é um dos trabalhos mais enfadonhos do

trabalho em grupos, mas não menos importante, já que é um instrumento importante para a

avaliação, que deve ser acessível a todos os interessados. Sem ele não há reflexão. As autoras

comentam alguns tipos de registros: com filmadora (o que todo educador gostaria de fazer),

com gravador (o mais acessível), à mão (mais comum e incompleto) e com máquina

fotográfica (coadjuvante). O item “Avaliação” revela que esta deve ser constante, que se deve

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ter objetivos claros para que possam ser alcançados e que os participantes do grupo são as

pessoas que devem avaliar o processo, a parte e o todo.

Este é um texto dinâmico, com linguagem acessível e pouco técnica, bem dividido e

agradável de se ler. Recomendo a estudantes, profissionais de saúde e/ou outros que

trabalhem com grupos.