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dinamica
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Anotac~oes sobre Meca^nica-Dina^mica.
Rodrigo Carlos Silva de Lima z
z
1
Sumario
1 Dina^mica 4
1.1 Leis de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1.1 Primeira Lei de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.2 Segunda Lei de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.1.3 Equac~oes horarias do M.U.V em func~ao de F e m. . . . . . . . . . . 9
1.1.4 Regra do paralelogramo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.1.5 Soma de tre^s forcas com a^ngulos entre si de 120. . . . . . . . . . . 13
1.1.6 Peso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.1.7 Massa inercial(ou de repouso) e massa relativstica . . . . . . . . . 17
1.1.8 Terceira Lei de Newton-Lei da ac~ao e reac~ao . . . . . . . . . . . . . 20
1.2 Aplicac~oes das leis de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.2.1 Pe^ndulo co^nico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.2.2 Plano inclinado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.2.3 Forca sobre blocos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.3 Energia meca^nica e conservac~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.3.1 Unidades de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.3.2 Energia cinetica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.3.3 Energia potencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.3.4 Energia potencial gravitacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.3.5 Energia potencial elastica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.3.6 Energia meca^nica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.3.7 Sistema meca^nico conservativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.3.8 Princpio de conservac~ao de energia meca^nica . . . . . . . . . . . . 28
1.4 Quantidade de movimento e impulso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2
SUMARIO 3
1.4.1 Impulso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.5 Colis~oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.6 Centro de massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.7 Gravitac~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.8 Leis de Kepler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.8.1 1 lei de Kepler-Lei das orbitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.9 Lei de Newton da atrac~ao das massas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
1.9.1 Massa gravitacional e massa inercial . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
1.9.2 Estudo de movimento de satelites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
1.9.3 Velocidade de escape . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
1.10 Campo gravitacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
1.11 Energia potencial gravitacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
1.12 Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Captulo 1
Dina^mica
Esse texto ainda n~ao se encontra na sua vers~ao nal, sendo, por enquanto, cons-
titudo apenas de anotac~oes informais, n~ao tendo sido ainda revisado, ent~ao leia com
cuidado e atenc~ao a possveis erros, Sugest~oes para melhoria do texto, correc~oes da
parte matematica ou gramatical eu agradeceria que fossem enviadas para meu Email
m Denic~ao 1 (Cinematica). Estudo o movimento e propriedades, mas n~ao modelasuas possveis causas.
m Denic~ao 2 (Dina^mica). A dina^mica e o estudo da relac~ao entre os movimentos doscorpos e as causas desses movimentos .
1.1 Leis de Newton
m Denic~ao 3 (Partcula livre). Uma partcula e dita ser livre, se ela esta sujeita ainterac~ao resultante nula . Na pratica pode n~ao existir particula livre, porem podem existir
partculas que se aproximam de tal conceito, caso suas interac~oes sejam consideradas
desprezveis , como por exemplo partculas muito afastadas uma das outras, ou tambem
caso as interac~oes com outras partculas se cancelem , dando uma interac~ao resultante
nula.
4
CAPITULO 1. DINA^MICA 5
1.1.1 Primeira Lei de Newton
b Propriedade 1 (Primeira Lei de Newton - Lei da inercia). Todo corpo em re-pouso ou em MRU (movimento retilneo uniforme) continua nesses estados a menos
que seja obrigado a altera-los por forcas aplicadas sobre ele.
Toda partcula livre possui velocidade constante, isto e, sua acelerac~ao e nula.
Tal armac~ao e chamada Lei de Newton, pois teria sido primeiramente enunciada por
Isaac Newton (1642 1727) .
As forcas a princpio se classicam em duas categorias:
Forcas de contato, que precisam de proximidade do objeto para atuar, como por
exemplo forcas geradas ao se puxar ou empurrar objetos.
Forcas de ac~ao a dista^ncia, chamadas tambem de forcas de campo. Por exemplo a
forca que a Terra exerce sobre um obejto largado a certa altura.
Alem disso forca e grandeza vetorial.
$ Corolario 1. Se uma partcula livre possui velocidade constante n~ao nula, ent~aoela se move em linha reta .
Se uma partcula livre possui velocidade constante nula, ent~ao ela esta em repouso
.
Portanto uma partcula livre se move em linha reta ou esta em repouso .
Se uma partcula esta sob a ac~ao de varias forcas cuja resultante e zero, ent~ao ela esta
ou em repouso ou em movimento retilneo uniforme.
Z Exemplo 1 (Bloco sobre uma mesa). Observamos que um bloco sobre uma mesa,empurrado com velocidade constante v0, desliza com velocidade decrescente ate parar.
Pela lei da inercia se n~ao houvesse alguma forca aplicada sobre o bloco, ele se moveria
com velocidade constante. Porem, em geral temos a forca de atrito e resiste^ncia do ar,
que atuam sobre o bloco modicando sua velocidade, ate que ele pare.
CAPITULO 1. DINA^MICA 6
Forca de atrito e causada em geral pelo fato da superfcie em que se desloca ser
aspera.
Podemos observar que quanto mais polida e uma superfcie, maior o deslocamento
do bloco, considerando todas outras variaveis constantes.
A resite^ncia do ar pode ser eliminada fazendo a experie^ncia no vacuo.
Z Exemplo 2 (Inercia e trem desacelerando ). Se um trem antes de movimentandoem velocidade constante posteriormente freia, as pessoas dentro dele por inercia tendem a
continuar com o movimento de velocidade constante e por isso s~ao projetada para frente
em relac~ao ao trem.
Z Exemplo 3 (Inercia e trem acelerando). Se um trem parado, comeca a acelerar,pessoas dentro dele, por inercia, tendem a se manter em repouso, logo v~ao se sentir,
projetadas para tras em relac~ao ao trem.
Z Exemplo 4 (Carro em curva). Um carro se movendo em movimento retilneouniforme faz uma curva em uma estrada, os objetos dentro dele, por inercia, tendem a
manter o movimento retlneo uniforme, por isso, se, por exemplo, a porta estiver aberta
algum objeto pode ser projetado para fora do carro.
m Denic~ao 4 (Referencial inercial). Movimento e um conceito relativo, portantoao enunciar a lei da inercia, devemos indicar a qual sistema de refere^ncia o movimento
da particula livre e referido. Iremos admitir que o movimento de uma partcula livre
e relativo a um observador, sistema ou partcula que sejam tambem livres, isto e, n~ao
estejam sujeitos a interac~oes com outras partculas do universo. Tal tipo de referencial e
chamado de referencial inercial .
Os referenciais em que a lei da inercia vale s~ao chamados referenciais inerciais.
$ Corolario 2. Sistemas inerciais de refere^ncia n~ao giram, pois existe^ncia de rotac~aoimplicaria em acelerac~ao, devida a variac~ao de direc~ao do vetor velocidade.
CAPITULO 1. DINA^MICA 7
Z Exemplo 5 (Terra e referencial inercial). Devido a sua rotac~ao em torno do seueixo e interac~ao gravitacional com o Sol e outros planetas do sistema solar, a Terra n~ao
e um sistema inercial de refere^ncia. Porem em alguns casos, pode-se considerar o efeito
de rotac~ao da Terra e sua interac~ao gravitacional com outros planetas desprezveis e por
isso pontos na Terra serem considerados aproximadamente referenciais inerciais.
Z Exemplo 6 (Sol e referencial inercial). O sol tambem n~ao e um referencial inercialpor sua interac~ao gravitacional com , por exemplo, os planetas do sistema solar e seu
movimento orbital em torno do centro da nossa galaxia , Via lactea . O movimento do
Sol possui menor curvatura que o movimento da Terra ( pois o raio medio do movimento
do Sol e muito maior que o da Terra, portanto a semelhanca do Sol a um referencial
inercial e muito maior . A acelerac~ao orbital da Terra seria cerca de 150 milh~oes de vezes
maior que a do Sol .
m Denic~ao 5 (Massa de repouso- denic~ao operacional). A denic~ao operacional demassa de repouso, e de um numero que atribumos a um corpo A, sendo esse numero
obtido pela comparac~ao do corpo A com um corpo tomado como padr~ao B, usando o
prncpio de uma balanca de bracos iguais, isto para os corpos A e B supostamente em
repouso .
z Observac~ao 1. Pela denic~ao anterior, n~ao sabemos se a massa sera a mesma se apartcula estiver em movimento ( acelerado ou n~ao ), ou se depende da velocidade de um
corpo dado certo referencial . Por isso damos o nome anterior de massa de repouso , em
outras ocasi~oes seria possvel o valor da massa variar.
Em nossa analise iremos considerar que a massa seja independente do movimento,
para valores de velocidade muito pequenas comparado com a velocidade da luz , faremos
uma discuss~ao sobre isso em outra sec~ao do texto.
m Denic~ao 6 (Momento linear ou quantidade de movimento).
!p = m:!v
O momento linear de uma partcula e o produto da sua massa pela sua velocidade.
CAPITULO 1. DINA^MICA 8
A lei da inercia pode ser descrita se usando o conceito de quantidade de movimento .
b Propriedade 2 (Lei da inercia). Uma partcula livre possui quantidade de movimentoconstante em func~ao do tempo .
1.1.2 Segunda Lei de Newton
m Denic~ao 7 (Forca). Seja p = mv a quantidade de movimento de uma partcula A,denimos que a forca resultante F na particula A como
F =dp
dt:
b Propriedade 3 (Segunda Lei de Newton). Seja !F a resultante de todas as forcasque atuam sobre um ponto material de massa m, ent~ao
!F = m:!a ;
onde !a e a acelerac~ao do ponto material. A forca e a acelerac~ao s~ao grandezas vetoriais,a unidade da forca e dada em (N) newtons e da acelerac~ao em m=s2. Temos que a forca
e a acelerac~ao tem o mesmo sentido. A massa m e tambem chamada de massa inercial ou
coeciente de inercia, considerada constante em relac~ao ao tempo neste caso.
A segunda lei de Newton, tambem e chamada de lei fundamental da Dina^mica ou
princpio fundamental da Dina^mica.
m Denic~ao 8 (Unidade de medida newton). Um newton e a intensidade de uma forcaque, aplicada a um ponto material de massa 1kg, produz acelerac~ao no ponto, cujo modulo
e 1m/s2 .
m Denic~ao 9 (Massa inercial). O valor de massa m, que aparece na express~ao daquantidade de movimento
p = mv
e chamada de massa inercial .
CAPITULO 1. DINA^MICA 9
Demonstrac~ao. Se considerarmos que a massa n~ao varia com o tempo, temos
F =d!pdt
= m:d!vdt
= m:!a
logo
m:!a = !F :Equivalentemente, se denimos F = m:a com m constante, ent~ao F =
dp
dtpois
dp
dt=
dmv
dt= m:a .
Caso a massa n~ao seja constante em relac~ao ao tempo tal identidade pode n~ao valer
p = m(t):v(t)) dpdt
= m0(t)v(t) +m(t)v0(t) = m0(t)v(t) +m(t)a(t)
que sera igual a m(t)a(t), m0(t)v(t) = 0:
$ Corolario 3. Se a massa e constante e o movimento retilneo, temos ~F = m:~a: e da~F e ~a possuem o mesmo sentido.
1. Se ~F possui o mesmo sentido de ~v; ent~ao ~a possui o mesmo sentido de ~v: E nesse
caso dizemos que o movimento e acelerado.
2. Se ~F possui sentido contrario de ~v; ent~ao ~a possui o mesmo sentido contrario de ~v:
E nesse caso dizemos que o movimento e retardado.
1.1.3 Equac~oes horarias do M.U.V em func~ao de F e m.
Z Exemplo 7. Suponha um movimento uniformemente acelerado, retilneo, com F =m:a, temos
F
m= a; da as equac~oes horarios cam como
v = v0 +F
mt; s = s0 + v0t+
F
2mt2:
E da equac~ao de Torricelli
v2 = v20 + 2F
ms:
Dados v; v0; s e m, podemos deduzir F ,
[v2 v20]:m2s
= F:
CAPITULO 1. DINA^MICA 10
Z Exemplo 8 (FUVEST-SP. Quest~ao Generalizada). Um corpo de massa m move-sesem atrito num plano horizontal, sob a ac~ao de uma forca horizontal de intensidade F . No
instante t0 sua velocidade v(t0) e no instante t1, sua velocidade e v(t1), valor conhecido.
Qual e o valor de t1 t0 ? .
Temos que v(t) = v(t0) +F
m(t t0); logo com t = t1 segue que
[v(t1) v(t0)]mF
= t1 t0:
Outra informac~ao que podemos tirar e, dados t1; t0, v(t1); v(t0) e m, supondo a forca
constante, o movimento em um plano horizontal em trajetoria retilnea, podemos deduzir
F , pois da equac~ao anterior
[v(t1) v(t0)] mt1 t0 = F:
Z Exemplo 9 (Corpo freando, dados v0; m; F , deduzimos s e t ate parar.).Suponha que um corpo se move em movimento retilneo uniforme com velocidade inicial
v0, possuindo massa m, a partir do instante t = 0 se aplica no corpo uma forca constante
F de sentido contrario ao movimento da partcula, em qual instante a partcula para?
Temos que F = m:a, onde a e o modulo da acelerac~ao, da a =F
m: Da equac~ao horaria
temos que v = v0 at, da v = 0 implica v0 = at)
t =v0a
=m:v0F
:
Portanto
t =m:v0F
:
Se quiseremos saber a dista^ncia percorrida ate o corpo parar, usamos a formula de
Torricelli, com os dados do problema
v2 = v20 2as) s =v202a
=v20m
2F:
Tal resultado tambem pode ser obtido usando s = s0 + v0t at2
2:
CAPITULO 1. DINA^MICA 11
Z Exemplo 10 (Dados v0; m; s ate parar deduzimos F constante e t ate parar).Um automovel de massa m, movendo-se inicialmente com velocidade de v m/s e freado
uniformemente e para apos s m. Quanto vale o intervalor de tempo de frenagem e o
modulo da forca resultante sobre o automovel durante a frenagem?
Temos que
v2 = v20 2as) V 20 = as) a =V 202s
;
disso tiramos a forca aplicada,
F = m:a = m:V 202s
:
Agora o tempo de frenagem deduzimos por v = v0 at;
v0 = at) t = 2v0sv20
=2s
v0:
Z Exemplo 11 (VUNESP-Generalizada). Dois corpos se equilibram quando colocadosem cada um dos pratos de numa balanca de bracos iguais. Em seguida um dos corpos
e acelerado por uma unica forca constante de intensidade F . Verica-se ent~ao que sua
velocidade varia de v m/s a cada t segundos. Qual o valor da massa do corpo que
cou na balanca?
Temos que a acelerac~ao e constante, ent~ao ela e igual a acelerac~ao media
a = am =v
t:
Pela segunda lei de Newton, temos
F = m:a = m:v
t) m = v
F:t:
E a massa dos dois corpos e igual, pois se equilibram na balanca.
CAPITULO 1. DINA^MICA 12
1.1.4 Regra do paralelogramo
b Propriedade 4 (Regra do Paralelogramo). Considere duas forcas ~F1 e ~F2, formandoum a^ngulo entre elas. Ent~ao sendo F o modulo do vetor resultante da soma das forcas,
vale que
F 2 = F 21 + 2F1F2cos() + F22 :
Demonstrac~ao. Considere duas forcas ~F1 e ~F2, formando um a^ngulo entre elas.
Podemos arranjar o sistema de coordenadas de modo que
~F2 = (F2; 0);
ent~ao o vetor ~F1 sera dado por
~F1 = (F1cos(); F1sen());
A soma dos vetores se faz componente a componente
~F = ~F1 + ~F2 = (F1cos() + F2; F1sen());
e o modulo do vetor e dado por
F =qF 21 sen
2() + F 21 cos2() + 2F1F2cos() + F 22 =
qF 21 + 2F1F2cos() + F
22 :
Que da a regra do paralelogramo. Observe que usamos cos2(x) + sen2(x) = 1 e que dado
v = (x; y), seu modulo e dado por px2 + y2 = jvj:
$ Corolario 4. Sendo um corpo de massa m, submetido a duas forcas ~F1; ~F2, coma^ngulo entre elas, ent~ao sua acelerac~ao e dada por
a =F
m=
pF 21 + 2F1F2cos() + F
22
m:
$ Corolario 5. Supondo que o a^ngulo entre as forcas e 90, ent~ao a regra do paralelo-gramo fornece
F 2 = F 21 + F22 :
Que e uma forma do Teorema de Pitagoras.
CAPITULO 1. DINA^MICA 13
Z Exemplo 12. Suponha que duas forcas F1 = F2 sejam perpendiculares e sabemoso valor da resultante F , sendo que temos a relac~ao F1 = cF2: Calcular o valor das forcas
componentes.
Pelo Teorema de Pitagoras temos
F =qF 21 + F
22 =
q(c2 + 1)F 22 ) F2 =
Fp1 + c2
:
Z Exemplo 13 (PUCC-SP-Generalizada). Tre^s forcas s~ao aplicadas a uma partcula,de modo que a resultante e nula. Duas delas F1 e F2 s~ao perpendiculares entre si e suas
intensidades conhecidas. Calcule a intensidade da terceira forca.
A intensidade da terceira, deve ser igual a intensidade da soma das duas primeiras,
pois a resultante e nula. F =qF 21 + F
22 , se n~ao fossem perpediculares, deveria serq
F 21 + 2F1F2cos() + F22 .
1.1.5 Soma de tre^s forcas com a^ngulos entre si de 120.
Z Exemplo 14. Apenas tre^s forcas de mesma intensidade est~ao aplicadas sobre umcorpo, sendo 120 o grau entre cada uma delas. Qual o valor da forca resultante?
Colocamos a primeira forca sobre o eixo x e as outra rotacionadas, a primeira
sendo descrita por ~F1 = (F; 0), a segunda por ~F2 = (Fcos(120); Fsen(120)) =
(F2;Fp3
2), e a terceira por ~F3 = (Fcos(240
); Fsen(240)) = (F2;F
p3
2),
a soma das duas primeiras resulta em (F
2;Fp3
2), que se anula com a terceira
(F2;F
p3
2), portanto a resultante e nula.
Z Exemplo 15. Se um corpo esta submetido a forcas em sentido contrario, commesmo modulo, ent~ao o corpo esta em repouso ou movimento retilneo uniforme, pois a
resultante das forcas se anula em cada direc~ao.
CAPITULO 1. DINA^MICA 14
Z Exemplo 16 (PUC-SP-Arremesso de peso). No arremesso de peso, um atleta giraum corpo rapidamente e depois o abandona. Se n~ao houvesse a inue^ncia da Terra, a
trajetoria do corpo apos ser abandonado pelo atleta seria de que tipo?
Seria retilnea, pois n~ao haveria mais forcas resultantes sobre o objeto, depois de
lancado, a gravidade n~ao seria considerada.
Z Exemplo 17 (VUNESP-SP-Cinto de seguranca). As estatsticas indicam que o usode cinto de seguranca deve ser obrigatorio para prevenir les~oes mais graves em motoristas
e passageiros no caso de acidentes. Fisicamente, a func~ao do cinto esta relacionada com
qual lei fsica?
Primeira lei de Newton, a lei da inercia, pois o corpo em movimento com certa velo-
cidade, tende a se manter com tal velocidade, quando o carro freia, o passageiro tende a
continuar com velocidade, por isso o efeito e ser arremessado para frente em relac~ao ao
carro.
Z Exemplo 18 (UNICAMP-SP-Generalizada). Dois objetos, A e B, equilibram-se,quando colocados em pratos opostos de uma balanca de bracos iguais. Quando colocados
num mesmo prato da balanca, eles equilibram um terceiro objeto C, colocado no outro
prato. Suponha ent~ao que sobre uma mesa horizontal sem atrito uma certa forca imprima
ao objeto A uma acelerac~ao de modulo a. Qual sera a acelerac~ao adquirida pelo objeto
C, quando submetido a essa mesma forca?.
Como A e B se equilibram, ent~ao possuem mesma massa, mA = mB, como C se
equilibra com mA +mB, ent~ao 2mA = mC . Aplicando a lei de Newton ao objeto
A, temos
F = mA:a;
aplicada ao objeto C, temos
F = 2mA:ac = mA:a) ac = a2;
ent~ao o corpo C, possui metada da acelerac~ao do corpo A, ao ser submetido a mesma
forca.
CAPITULO 1. DINA^MICA 15
Z Exemplo 19. Uma forca de intensidade F , conhecida, e aplicada separadamentea n corpos, simbolizados por C1; ; Cn: Onde Ck possui acelerac~ao ak e massa aindadesconhecida. Se os corpos forem unidos, determine a acelerac~ao do sistema formado por
eles sob a ac~ao da mesma forca.
A forca aplicada ao corpo Ct, implica
F = mt:at ) mt = Fat;
onde at e a acelerac~ao do corpo Ct. Aplicadoao sistema temos
F =
nX
k=1
mk
!:a = F ) a = F
nPk=1
mk
;onde a e a acelerac~ao do sistema. Portanto
a =FnP
k=1
Fak
= 1nP
k=1
1ak
:Ent~ao a acelerac~ao do sistema em func~ao das acelerac~oes das componentes e dada
por
a =1
nPk=1
1ak
:E a media harmo^nica das acelerac~oes, dividido por n. Caso tenhamos dois corpos,
o resultado ca
a =a1:a2a1 + a2
:
Z Exemplo 20. Para que um carrinho de massa m adquira acelerac~ao de modulo a,e necessario que a forca resultante tenha modulo F . Qual e o modulo da forca resultante
para que um carrinho de massa c1m adquira uma acelerac~ao de modulo c2a ?
Temos que F = m:a, multiplicando por c1:c2, obtemos
c1c2F = c1m:c2a;
logo a forca deve ter modulo c1c2F:
CAPITULO 1. DINA^MICA 16
b Propriedade 5 (Plano inclinado). Uma massa m lancada com velocidade v0 de umplano inclinado de inclinac~ao e comprimento l, sem atrito, atinge a base do plano com
velocidade v tal que
v2 = v20 + 2g(lsen()):
Demonstrac~ao. Decompomos a forca peso na sua componente normal ao plano
inclinado e F na direc~ao ao longo do plano, n~ao ha resultante na direc~ao da normal pois e
cancelada pela forca normal a resultante e apenas a forca F que tem valor F = mgsen() =
m:a logo a = gsen() aplicando na formula de Torriceli segue que v2 = v20 + 2g(lsen()):
$ Corolario 6. Como sen() = hl; lsen() = h, ent~ao a velocidade nal so depende
da altura n~ao dependendo da inclinac~ao ou comprimento. As velocidades adquiridas por
corpos descendo ao longo de planos de inclinac~oes diferentes s~ao iguais quando a altura
desses planos s~ao iguais.
1.1.6 Peso
b Propriedade 6. A Terra exerce uma forca de atrac~ao sobre qualquer corpo situadoem suas proximidades, tal forca se torna menor conforme a dista^ncia, sendo que, a grandes
dista^ncias, ela pode se tornar desprezvel. Tal acontece tambem com outros corpos no
lugar da Terra.
m Denic~ao 10 (Peso). A forca citada na propriedade anterior se chama peso do corpo,sendo representada por P . Um corpo, num dado local, com maior peso e chamado de
mais pesado e com menos pesado e chamado de mais leve.
m Denic~ao 11 (Forca gravitacional). A forca exercida pelos corpos na denic~aoanterior, e chamada tambem de forca gravitacional.
b Propriedade 7. Supondo apenas a forca gravitacional de modulo P , podemos aconsiderar constante em pequenas areas proximas ao corpo. Aplicando a Segunda Lei de
Newton, ao corpo atrado de massa m, temos que
P = m:a:
CAPITULO 1. DINA^MICA 17
Tal valor a, depende do local.
m Denic~ao 12 (Acelerac~ao da gravidade). O valor a dado na propriedade anterior echamado de acelerac~ao da gravidade, simbolizado por g.
Z Exemplo 21. Para pontos proximos a superfcie da Terra temos g u 9; 8m/s2:
No Polo norte temos g u 9; 83 m/s2:
No equador temos g u 9; 78 m/s2:
Se levamos um corpo do polo norte para o equador, onde a acelerac~ao da gravidade
possui modulo menor, o peso desse corpo no equador tera um modulo menor, porem a
massa do corpo n~ao variou, o que variou foi seu peso, isto e, a forca de atrac~ao da Terra
sobre o corpo em func~ao da localidade.
Em exerccios, para simplicac~ao das contas, costuma-se adotar g = 10 m/s2:
b Propriedade 8. O peso (na Terra) tem a direc~ao de uma reta que passa aproxima-damente pelo centro da Terra e pelo corpo, e sentido para o centro dela. No caso mais
geral, para outros corpos, o sentido e dado em direc~ao ao centro de massa do corpo que
atra, assim como a direc~ao, dada por uma reta que passa pelo corpo atrado e pelo centro
de massa do corpo que atra.
b Propriedade 9. Tomara uma regi~ao sucientemente pequena proxima da Terra,podemos considerar, sem muito erro, que os pesos de varios corpos situados nessa regi~ao
possuem a mesma direc~ao, que e a vertical do lugar e o mesmo sentido, que e para baixo.
O mesmo funcionando para outros corpos com massa, tamanho muito superior aos objetos
atrados.
m Denic~ao 13 (Acelerac~ao normal da gravidade). O modulo de ~g num determinadoponto situado ao nvel do mar e na latitude 45 e denominado acelerac~ao normal da
gravidade, sendo denotado por gn e seu valor sendo aproximadamente
gn t 9; 80665 m/s 2
CAPITULO 1. DINA^MICA 18
Z Exemplo 22. Considere um corpo de massa m = 100 kg, calcule seu peso na Terra,com gT = 9; 8 m/s
2 e na Lua com gL = 1; 6 m/s2 (Valores aproximados).
Na Terra PT = 9; 8:100 = 980 N .
Na Lua PL = 1; 6:100 = 160 N .
Conclus~ao: O corpo e mais leve na Terra.
Em geral, com um corpo de massa m
PT = m:9; 8; PL = m:1; 6:
Z Exemplo 23. Se um corpo possui peso P2 em um local L2 e P1 em outro L1,comP2 > P1 ent~ao a acelerac~ao da gravidade e maior em P2 que em P1, pois
P2 = mg2 > P1 = m:g1 ) g2 > g1:
Z Exemplo 24 (Elevador em movimento). Um elevador que pode se mover vertical-mente tem peso P , desprezando atrito nas guias, a forca de trac~ao exercida pelo cabo
tambem e P , ent~ao o elevador esta parada ou MRU.
1.1.7 Massa inercial(ou de repouso) e massa relativstica
m Denic~ao 14 (Massa relativstica). Denimos a massa relativstica mr de um corpocomo
mr =E
c2;
onde E e sua energia e c e o valor da velocidade da luz .
Energia e momento dependem dos sistema de refere^ncia, ent~ao isto tambem se aplica
a massa relativstica, que pela denic~ao acima e um tipo de energia, pois e energia di-
vidido pela constante c2, ela aumenta conforme a velocidade do corpo aumenta. Com
isso diferentes observadores podem discordar do valor da massa relativstica mr do corpo
.Por isso n~ao usaremos aqui massa relativstica como sino^nimo de massa, a denic~ao que
usaremos de massa garante a propriedade de que ela n~ao muda com a velocidade.
CAPITULO 1. DINA^MICA 19
A massa relativstica e a massa possuem valores similares a baixas velocidades, ent~ao
s~ao usualmente iguais em eventos do nosso dia-a-dia .
b Propriedade 10. Vale que
E2 = (pc)2 + (mc2)2
onde E e a energia , p e o momento, m a massa inercial do objeto e c e o valor da
velocidade da luz, a massa m aqui tambem pode ser denotada por m0 . Vale tambem que
v =pc2
E:
Demonstrac~ao.
b Propriedade 11 (Propriedade da massa inercial , energia e momento). A massa iner-cial n~ao depende do observador , por isso tambem pode ser chamada de massa invariante.
Todos observadores concordam com a massa de um objeto, com essa denic~ao .
1. Se um objeto possui velocidade v = 0 em relac~ao a um observador , ent~ao vale que
E = mc2 e p = 0:
2. Se um objeto esta se movendo, relativo a um observador , ent~ao o observador pode
medir para o objeto que E > mc2 e momento p > 0: O excesso de energia e resultante
da presenca de movimento-energia.
Demonstrac~ao.
1. De p = mv temos p = 0 pois v = 0 logo E2 = (pc)2 + (mc2)2 se resume em
E2 = (mc2)2 ) E = mc2
pois ambas quantidades E e mc2 s~ao n~ao-negativas .
2. Neste caso v 6= 0 ent~ao p 6= 0 e da
E2 = (pc)2 + (mc2)2 > (mc2)2 ) E2 > (mc2)2 ) E > mc2:
CAPITULO 1. DINA^MICA 20
$ Corolario 7. Com nossa denic~ao de massa (chamada de massa de repouso ou massainercial) E = mc2 vale apenas para um observador que n~ao esta se movendo com respeito
ao objeto . A denic~ao que adotamos de massa e independente do observador.
A adoc~ao dessa denic~ao pode garantir uma maior facilidade ao se tratar do conceito
de massa, vejamos alguns outros corolarios dessa denic~ao .
$ Corolario 8. 1. Foton n~ao possui massa e disso segue que sua velocidade e sempreigual a velocidade da luz, em geral isso valendo para qualquer partcula sem massa
.
De E2 = (pc)2+(mc2)2, para o foton, segue que E2 = (pc)2 ) E = pc usando agoraque v =
pc2
Esegue que v = c , isto e, o foton, possui mesma velocidade que a da
luz . Se fosse tomada a denic~ao de massa relativstica, ent~ao o Foton possuiria tal,
pois ele possui energia .
2.
3.
N~ao usaremos massa neste texto como massa relativstica, caso formos tratar dessa
ultima tentaremos deixar claro .
b Propriedade 12. Se uma partcula possui massa ent~ao sua velocidade e menor quea velocidade da Luz .
Demonstrac~ao. Temos que v =pc2
Ee E =
s(pc)2 + (mc2)2| {z }
>0
>p(pc)2 = pc
logo E > pc ) 1pc
>1
Emultiplicando essa ultima desigualdade por pc2 de ambos lados
(supondo aqui p 0 ), segue que
c =pc2
pc>pc2
E= v
portanto c > v e a velocidade e menor que a velocidade da luz .
Z Exemplo 25. Uma partcula chamada Neutrino possui massa, portanto sua veloci-dade e menor do que a velocidade da Luz.
CAPITULO 1. DINA^MICA 21
b Propriedade 13. A massa de um corpo n~ao se altera se sua energia ou velocidadese alteram .
Tentaremos evitar o termo massa relativstica e usar massa sempre como signicado
de massa de repouso . Massa relativstica seria apenas um tipo de energia da partcula
renomeada.
1.1.8 Terceira Lei de Newton-Lei da ac~ao e reac~ao
b Propriedade 14 (Lei da ac~ao e reac~ao). Se um corpo A exerce uma forca em umcorpo B ent~ao o corpo B simultaneamente exerce uma forca de mesma magnitude no
corpo A, ambas as forcas possuindo mesma direc~ao porem sentidos opostos.
Em smbolos, se exerce ~F1 em B, ent~ao B exerce ~F2 em A, de maneira que
~F2 + ~F1 = 0; isto e ; ~F2 = ~F1:
As forcas aparecem aos pares, cada uma das forcas recebe o nome de ac~ao e reac~ao.
As forcas de ac~ao e reac~ao, podem ser de atrac~ao ou repuls~ao e agem sobre corpos
diferentes.
b Propriedade 15. Ac~ao e reac~ao possuem o mesmo modulo.
Demonstrac~ao. De ~F2 = ~F1; segue que
j ~F2j = j ~F1j = j ~F1j;
portanto possuem o mesmo modulo.
b Propriedade 16. Supondo dois corpos com massas m2 > m1, sendo a forcas resul-tantes em cada corpo corpo apenas o par ac~ao e reac~ao, ent~ao o corpo de menor massa
possui a maior acelerac~ao. Isso mostra que o fato de ac~ao e reac~ao terem o mesmo modulo,
n~ao implica que v~ao produzir acelerac~ao de modulos iguais.
CAPITULO 1. DINA^MICA 22
Demonstrac~ao. Seja o par ac~ao e reac~ao, ~F1; ~F2: Considerando ac~ao e reac~ao
como forcas resultantes de modulo F e aplicando segunda lei de Newton nos dois corpos
F = m1:a1 = m2:a2 ) Fm1
= a1;F
m2= a2;
m2 > m1 ) 1m1
>1
m2) F
m1|{z}a1
>F
m2|{z}a2
;
portanto a1 > a2, o corpo com menor massa assume maior acelerac~ao.
Z Exemplo 26 (Astronauta no espaco). Considere uma astronauta no espaco, tal queno incio esteja em repouso em relac~ao a sua nave segurando sua mochila. Se ela joga
a mochila para frente, ela aplica sobre a mochila uma forca ~F , pelo princpio da Ac~ao e
Reac~ao a mochila aplica sobre ela uma forca de mesmo modulo, mesma direc~ao e sentido
oposto ao de ~F , tal forca faz com que ela se movimente para tras, podendo assim voltar
a sua nave.
Z Exemplo 27 (Terceira lei de Newton e o ato de andar). Considere uma pessoaandando, seu pe empurra o ch~ao para tras exercendo uma forca ~F , pelo princpio da Ac~ao
e Reac~ao, o ch~ao exerce no pe da pessoa uma forca de mesmo modulo, mesma direc~ao
e sentido oposto, a forca so consegue ser aplicada pois n~ao ha atrito, pois sem ele o pe
simplesmente escorregaria pelo ch~ao. O mesmo acontece, por exemplo, com automoveis
Z Exemplo 28 (Erro comum-Bloco sobre mesa e Ac~ao e Reac~ao, forca normal).Considere um bloco B em repouso sobre uma mesa. O bloco B sofre atrac~ao da Terra por
sua forca peso ~P e tambem sobre B se aplica uma forca normal ~N , com mesma direc~ao,
modulo e sentido oposto que ~P , porem tais forcas n~ao s~ao um par Ac~ao e Reac~ao, pois se
aplicam no mesmo corpo. A Reac~ao a normal ~N e uma forca ~N que se aplica sobre amesa.
Z Exemplo 29 (Forca normal). Considere um corpo com peso ~P em repouso, em quese aplica ~F na mesma direc~ao e sentido contrario ao peso, sendo que jP j > jF j; ent~ao anormal deve satisfazer
N + F = P;
CAPITULO 1. DINA^MICA 23
por isso
N = P F:
b Propriedade 17. A forca normal e sempre perpendicular a superfcie de contato.Por esse fato ela e chamada de forca normal ou forca normal de apoio.
Z Exemplo 30. Dois blocos A e B em forma de cubo se encontram apoiados numplano horizontal sem atrito , sendo A encostado em B . Com os blocos em repouso,
aplica-se em A uma forca constante ~F paralela ao plano de apoio, sabendo que as massas
de A e B s~ao , respectivamente mA e mB. Desconsiderando a resiste^ncia do ar, calcule:
1. O modulo da acelerac~ao do sistema .
2. A intensidade da forca de contato entre os blocos .
1. Temos que F = (mA +mB)a logo a =F
mA +mB:
2. Sendo ~FAB a forca de A aplicada em B, temos que
FAB = a:mB ) FAB = FmA +mB
:mb:
FBA possui a mesma intensidade pela lei de ac~ao e reac~ao .
Z Exemplo 31. Dois blocos A e B em forma de cubo se encontram apoiados numplano horizontal sem atrito , sendo A e B interligados por um o ideal . Com os blocos
em repouso, aplica-se em A uma forca constante ~F paralela ao plano de apoio, sabendo
que as massas de A e B s~ao , respectivamente mA e mB. Desconsiderando a resiste^ncia
do ar, calcule:
1. O modulo da acelerac~ao do sistema .
2. A intensidade da forca de trac~ao no o .
1. Temos que F = (mA +mB)a logo a =F
mA +mB: Como no exemplo anterior.
2. A trac~ao no o possui intensidade igual a forca que acelera o bloco A,
T = mA:a = mA:F
mA +mB:
CAPITULO 1. DINA^MICA 24
1.2 Aplicac~oes das leis de Newton
1.2.1 Pe^ndulo co^nico
m Denic~ao 15 (Pe^ndulo co^nico). O pe^ndulo co^nico e um sistema que consiste em umapartcula de massa m que gira em movimento circular uniforme descrevendo um crculo
de raio r suspensa por um o de comprimento l preso a um ponto xo O0 de tal maneira
que o o descreve a superfcie de um cone de a^ngulo de abertura com sen() =r
l.
Figura 1.1: Pe^ndulo co^nico
b Propriedade 18. Em um pe^ndulo co^nico temos
1. A velocidade linear e dada por
v =ptg()rg:
2. A trac~ao no o e dada por
T =mg
cos():
CAPITULO 1. DINA^MICA 25
Demonstrac~ao.
Sejam w a velocidade angular do movimento circular uniforme, g a acelerac~ao da
gravidade no local. Temos uma forca sobre o o T ( tens~ao) e a forca gravitacional
F = mg, a forca resultante , soma das duas forcas, deve ser a forca centrpeta
F = mg + T:
1. Formando um tria^ngulo com o peso, tens~ao e centrpeta, temos tg() =F
mg=
(lembre que tangente e igual acateto oposto
cateto adjacente) mas a forca centrpeta e dada por
macp onde acp = w2r e a acelerac~ao centrpeta , substituindo na equac~ao anterior
temos
=mw2r
mg=w2r
g=
usando agora que v = wr, tem-se
=w2r
g=w2r2
rg=
v2
rg= tg()) v =
ptg()rg:
2. Ainda no tria^ngulo com o peso, tens~ao e centrpeta, temos que
cos() =mg
T
pois o cosseno e o cateto adjacente sobre hipotenusa do tria^ngulo, logo T =mg
cos():
1.2.2 Plano inclinado
b Propriedade 19. Na gura abaixo representamos um bloco em repouso sobre umplano inclinado. O coeciente de atrito estatico entre o bloco e o plano e . Supondo
que o bloco esteja na imine^ncia de movimento, vale que tg() = :
Demonstrac~ao. Tomamos o eixo x ao longo do plano inclinado. Decompomos
a forca peso em suas componentes Fx e Fy. Como n~ao temos movimento sobre o eixo y,
tem-se jN j = jFyj e a forca resultante esta ao longo do eixo x. O vetor p e parelalo aosegmento CA o vetor Fx e paralelo ao segmento CB (veja a gura). Portanto o a^ngulo
entre p e Fx e , o a^ngulo entre Fx e Fy e de 90 pois s~ao perpendiculares, sendo o a^ngulo
entre os vetores P e Fy v, temos no tria^ngulo ABC a soma dos a^ngulos ++90 = 180
e no tria^ngulo com as forcas + 90 + x = 180 portanto
+ + 90 = 180 = + 90 + x
CAPITULO 1. DINA^MICA 26
Figura 1.2: Plano inclinado
o que implica x = como mostramos no esquema de forcas da gura.
Usando no tria^ngulo a relac~ao tg() =cateto oposto
cateto adjacente=jFxjjFyj tem-se
tg() =jFxjN
temos ainda que a forca resultante e dada por Fr = FxFat em repouso temos Fr = 0portanto jFatj = jN j = jFxj e da
tg() =jFxjN
=jN jN
= :
1.2.3 Forca sobre blocos
Z Exemplo 32. Suponha tre^s blocos com massas m1;m2;m3, colocados juntos orde-nadamente conforme seus ndices , uma forca F1 aplicada em m1 no sentido de m1 para
m3 e outra forca F2 aplicada em m3 no sentido de m3 para m1. Sendo o local onde est~ao
apoiados os blocos com coeciente de atrito , e jF1j > jF2j calcule a acelerac~ao do sistema.
A forca de atrito e dada por FAT = :N a normal no sistema considerando todos tre^s
blocos e de aproximadamente (m1+m2+m3):10 = N , onde aproximamos g = 10, ent~ao
a FAT = (m1 +m2 +m3):10:
A forca resultante e
Fr = F1 F2 FAT = F1 F2 (m1 +m2 +m3):10:;
CAPITULO 1. DINA^MICA 27
usando a lei de Newton, temos que Fr = ms:a onde ms = m1 +m2 +m3 e a massa do
sistema
ent~ao temos
F1 F2 (m1 +m2 +m3):10: = (m1 +m2 +m3):a)
a =F1 F2
(m1 +m2 +m3) 10:
Suponha por exemplo F1 = 100 N , F2 = 50 N , m1 +m2 +m3 = 20, =1
10, logo
a =50
20 10 1
10= 2; 5 1 = 1; 5 m=s2:
1.3 Energia meca^nica e conservac~ao
b Propriedade 20. N~ao iremos denir o conceito de energia, mas iremos consideraralgumas de suas propriedades.
A energia pode se manifestar de diferentes formas como: energia termica, eletrica,
meca^nica entre outras.
A energia total do universo e constante.
A energia e de natureza escalar e pode ser representada por um numero, n~ao sendo
necessarias outras informac~oes, como direc~ao e sentido que caracterizam vetores em
Rn; n 3:
Z Exemplo 33. Alguns tipos de energia
Termica
Eletrica
Luminosa
Qumica
CAPITULO 1. DINA^MICA 28
Meca^nica
Ato^mica
Potencial
Potencial elastica
Cinetica
1.3.1 Unidades de energia
m Denic~ao 16 (Unidade de energia). As unidades de energia s~ao as mesmas que detrabalho e pote^ncia. A unidade de energia no SI e o joule simbolizado por J: Algumas
outras unidades de energia s~ao as seguintes
Caloria simbolizada por cal, utilizada em feno^menos termicos. Vale 1 cal = 4; 19 J:
Quilowatt-hora, simbolizada por kWh, utilizada em eletrotecnica. Vale que 1 kWh =
3; 6:106 J:
Eletron-volt , simbolizada por eV , utilizada nos estudos do atomo. Vale que 1 eV =
1; 602:1019 J:
1.3.2 Energia cinetica
m Denic~ao 17 (Energia cinetica). Suponha xado um referencial. Uma partcula demassa m e velocidade v (em modulo) possui energia cinetica
Ec =mv2
2:
Lembrando que a massa deve ser dada em kg e a velocidade em m=s para que o
resultado seja em Joules.
$ Corolario 9. A energia cinetica e sempre positiva, pois m 0 e v2 0.
CAPITULO 1. DINA^MICA 29
Z Exemplo 34. Um carro ocupado pode pesar cerca de 1500 kg se ele se move comvelocidade 100km=h = 28m=s ent~ao ele possui uma energia cinetica de aproximadamente588 000 joules. Se ele estiver a 60 km=h = 17m=s ent~ao ele possui uma energia cineticade aproximadamente 216 750 joules.
Um o^nibus grande lotado, pode pesar cerca de 18 toneladas, se ele se move a 60 km=h =17m=s ent~ao possui energia cinetica aproxima de 2 601 000 joules.
1.3.3 Energia potencial
1.3.4 Energia potencial gravitacional
m Denic~ao 18 (Energia potencial gravitacional). Na proximidade da Terra, xadoum plano horizontal de refere^ncia a partir do qual se mede a altura h de uma partcula de
massa m e considerando a acelerac~ao da gravidade como g, dene-se a energia pote^ncia
gravitacional de tal partcula como
Ep = mgh
1.3.5 Energia potencial elastica
m Denic~ao 19 (Energia potencial elastica). Considere uma mola de constante elasticaK, xa numa parede e inicialmente livre de deformac~oes, se ela sofre uma deformac~ao de
x e possui energia potencial elastica
Ee =K(x)2
2:
1.3.6 Energia meca^nica
m Denic~ao 20 (Energia meca^nica). Denimos a energia meca^nica de um sistemacomo
Em = Ec + Ep:
CAPITULO 1. DINA^MICA 30
Para um sistema de n partculas sob a ac~ao do campo gravitacional g a grandeza que
se conserva e
Em =nX
k=1
mkv2k
2+ gmkhk
onde mk; vk e hk s~ao dados da k-esima partcula.
1.3.7 Sistema meca^nico conservativo
m Denic~ao 21 (Sistema meca^nico conservativo). Um sistema meca^nico e dito ser con-servativo se transforma exclusivamente energia potencial em cinetica ou energia cinetica
em potencial.
m Denic~ao 22 (Forcas conservativas). S~ao forcas que realizam trabalho em sistemasmeca^nico conservativos.
Z Exemplo 35 (Exemplos de forcas conservativas). Forcas como gravitacional, elasticae eletrostatica s~ao forcas conservativas.
m Denic~ao 23 (Forcas dissipativas). S~ao forcas que transformam energia meca^nicaem outras formas de energia, n~ao sendo cinetica ou potencial.
Z Exemplo 36 (Exemplos de forcas dissipativas). Forcas como de atrito, resiste^nciaviscosa em lquidos, resiste^ncia do ar s~ao forcas dissipativas.
1.3.8 Princpio de conservac~ao de energia meca^nica
b Propriedade 21 (Princpio de conservac~ao de energia meca^nica). A energia meca^nicaem sistemas conservativos e constante, valendo
Et = Em = Ec + Ep:
Z Exemplo 37. Um automovel de m kg esta no alto de uma ladeira molhada pelachuva, a ladeira possui h metros de altura e l metros de comprimento, o automovel perde
o freio e desliza pela ladeira sem atrito.
CAPITULO 1. DINA^MICA 31
Como n~ao temos atrito consideramos apenas apenas a forca gravitacional e normal
(normal n~ao realiza trabalho) que s~ao conservativas
No topo da ladeira temos a energia meca^nica Et = mgh o automovel freiado n~ao
possui energia cinetica apenas a energia potencial gravitacional .
No pe da ladeira toda energia meca^nica se transforma em energia cinetica, pois no
pe da ladeira a altura h = 0, temos ent~ao a energia meca^nica igual a energia cinetica,
igualamos com o resultado anterior
Et =mv2
2= mgh)
cancelando a massa m, tem-sev2
2= gh ) v =
p2gh, ent~ao encontramos a veloci-
dade no pe da ladeira que e dada por
v =p2gh:
Perceba que a velocidade n~ao depende da massa, depende apenas da altura e da
acelerac~ao da gravidade local .
Z Exemplo 38. Um garotinho esquimo desastrado escorrega do alto do seu iglu, umdomo esferico de gelo de r metros de altura (vamos tomar como exemplo r = 3).
1. De que altura acima do solo ele cai?
2. A que dista^ncia da parede do iglu ele cai?
Representaremos o garotinho por um ponto material G, uma partcula .
1. Enquanto o ponto toca no iglu temos um movimento circular. A forca de reac~ao
normal e sempre perpendicular a superfcie de contato, no ponto, a gravidade aponta
para o centro da Terra. Vamos calcular a forca centripeta , que aponta para o centro
do domo, para isso devemos decompor o peso na direc~ao radial Pr , para deduzir
CAPITULO 1. DINA^MICA 32
Figura 1.3:
a resultante centripeta . Sendo o a^ngulo que da a posic~ao da partcula, como na
gura, temos
cos() =cateto adjacente
hipotenusa
cos() =PrP) Pr = mgcos()
onde Pr e a componente radial do peso . A diferenca entre a componente radial do
peso a da normal resulta na forca centripeta, logo em modulo temos
mgcos()N() = Fcp = macp = mv()2
r) N() = mgcos() mv()
2
r:
Tomando o nvel zero no solo, por conservac~ao de energia meca^nica tem-se que a
energia potencial no topo do iglu emgr, ela se conserva ent~ao em um ponto qualquer
do iglu temos
mgr = mgrcos() +mv()2
2
a express~ao rcos() aparece acima, pois e altura depois de percorrido um a^ngulo ,
basta fazer a projec~ao sobre o eixo y. Da identidade acima simplicando os termos,
temos uma express~ao para a velocidade
v()2
2= gr(1 cos())) v() =
p2gr(1 cos())
CAPITULO 1. DINA^MICA 33
agora usamos tal express~ao para velocidade e substitumos na express~ao encontrada
para a normal
N() = mgcos() mv()2
r= mgcos() 2mgr(1 cos())
r=
= mgcos() 2mg + 2mgcos() = 3mgcos() 2mg = N():
O partcula perde contato com o domo quando a forca normal se anula N() = 0,
usando a express~ao anterior temos
3mgcos() 2mg ) cos() = 23
com isso deduzimos tambem
sen() =p1 cos2() =
p1 cos2() =
r1 4
9=
r9 49
=
p5
3:
A altura e dada por y0 = rcos(), substitundo o valor cos() =2
3tem-se
y =2r
3
em especial se r = 3 temos y = 2, estamos medindo a altura em metros. A dista^ncia
da origem x0 em que ele abandona o iglu e dada por x0 = rsen()
x0 = r
p5
3
em especial se r = 3 temos x0 =p5. Ent~ao encontramos a altura de que ele cai o
iglu, 2 metros .
2. Ao abandonar o domo o garoto faz com velocidade
v0 =p2gr(1 cos()) =
r2gr
3
onde substitumos cos() =2
3e simplicamos, tomando agora r = 3, camos com
v0 =p2g w 4; 43m=s:
CAPITULO 1. DINA^MICA 34
A partir do momento em que o garoto cai, ele descreve uma trajetoria parabolica.
Temos movimento com componentes no eixo x e y, em x o movimento e uniforme
x = x0 + v0cos()t
o fator v0cos() aparece pois e a velocidade v0 projetada sobre o eixo x, para a
componente do movimento sobre o eixo y
y = y0 v0sen()t gt2
2
queremos y = 0, substituindo em y os valores encontrados para y0; v0; sen() tem-se
0 =2r
3r
2gr
3
p5
3t gt
2
2) gt
2
2+
r10gr
27t 2r
3= 0
que e uma equac~ao de segundo grau em t, que possui raz positiva
t =
q46gr27q
10gr27
g
se tomamos r = 3; g = 9; 8, temos t u 0; 38 s. Agora calculamos a dista^ncia da qual
se cai do iglu
x = x0 + v0cos()t) x =p5r
3+
r2gr
3
2
3t
no caso substituindo g = 9; 8, r = 3 e t = 0; 38 temos
x u 3; 36 m
em relac~ao a parede do iglu a dista^ncia que o garoto atinge do solo e
d = x r = 3; 36 3 = 0; 36 m:
Ent~ao a dista^ncia que ele cai do iglu e de 0; 36 metros.
CAPITULO 1. DINA^MICA 35
1.4 Quantidade de movimento e impulso
m Denic~ao 24 (Quantidade de movimento). Dado um ponto p com massa m e velo-cidade ~v, denimos a quantidade de movimento do ponto como
~P = m~v:
A quantidade de movimento tambem e chamada de momento linear , momentum ou
momento . A unidade do momento no SI e kg:m=s:
$ Corolario 10. A quantidade de movimento e a velocidade tem a mesma direc~aoe mesmo sentido, pois m 0:
b Propriedade 22. Em um sistema fechado (que n~ao troca materia com o meio externonem possui forcas agindo sobre ele) o momento total e constante.
Z Exemplo 39. Um monstro de 4 kg, nadando com velocidade de 1; 0 m/s, engole umoutro de 1 kg, que estava em repouso, e continua nadando no mesmo sentido. Determine
a velocidade, em m/s, do monstro maior, imediatamente apos a ingest~ao.
Aplicamos conservac~ao de momento, inicialmente temos em kg.m/s
p0 = 4:1 = 4;
e depois
p1 = 5:v;
nessa ultima equac~ao somamos as massas. Temos ent~ao
4 = 5v ) v = 45m/s:
1.4.1 Impulso
m Denic~ao 25 (Impulso). Denimos o impulso ~I em um intervalo de tempo [t1; t2]como o vetor
~I =
Z t2t1
~F (t)dt:
CAPITULO 1. DINA^MICA 36
b Propriedade 23. O impulso e a igual a variac~ao de quantidade de movimento, istoe, o impulso em [t1; t2] e dado por ~I = ~P (t2) ~P (t1) = m~v2 m~v1:
Demonstrac~ao. Vale ~F =d~P
dt, substituindo na integral segue que
~I =
Z t2t1
~F (t)dt =
Z t2t1
d~P
dtdt = ~P (t2) ~P (t1) = m~v2 m~v1:
$ Corolario 11. (Sem rigor analisar) Fixados t1 e t2, podemos considerar uma forcamedia ~Fm tal que
~I =
Z t2t1
~F (t)dt = ~Fm(t2 t1) = ~Fmt:
Neste caso temos que
m~v2 m~v1 = ~Fmt:
Z Exemplo 40. Um automovel de m kg esta no alto de uma ladeira molhada pelachuva, a ladeira possui h metros de altura e l metros de comprimento, o automovel perde
o freio e desliza pela ladeira sem atrito. Ja sabemos que sua velocidade ao pe da ladeira
e dada por v =p2gh:
No pe da ladeira o automovel atinge uma parede que o faz parar em t segundos, qual
a forca media que o automovel sofrera?
Vamos usar a identidade
mv2 mv1 = Fmt
com v2 = 0 pois o automovel para por hipotese ao se chocar, v1 = v =p2gh ent~ao
temos
mv = Fmt) Fm = mvt
:
Fm =mp2gh
t
Se o tempo para o automovel parar e multiplicado por um fator l ent~ao a nova forca
media sera dada por
mvlt
=
Fmz }| {mvt
1
l=Fml
CAPITULO 1. DINA^MICA 37
a forca media resultante e dividida por l.
Perceba que a velocidade n~ao depende da massa, depende apenas da altura e da
acelerac~ao da gravidade local .
1.5 Colis~oes
b Propriedade 24. Sejam duas partculas (1) e (2) que se movem ao longo de uma retae colidem elasticamente, como por exemplo uma colis~ao entre duas bolas de bilhar. Sejam
m1 e m2 as massas e v1i; v2i as velocidades antes da colis~ao, com a velocidade relativa
satisfazendo
v1i v2i > 0;
estamos usando o ndice i para denotar a velocidade na posic~ao inicial . Supomos que
as partculas est~ao sujeitas apenas as forcas internas de interac~ao que atuam durante a
colis~ao, de forma que o momento total do sistema se conserva e a colis~ao seja elastica
(energia cinetica se conserva).
Nessas condic~oes temos as velocidades nais v1f ; v2f das partculas (1) e (2)
v1f =2m2v2i + (m1 m2)v1i
m1 +m2
v2f =2m1v1i + (m2 m1)v2i
m1 +m2
Demonstrac~ao. Temos por conservac~ao de energia cinetica que
m1v21i2
+m2v22i2
= m1v21f2
+m2v22f2
para as energias cineticas antes e depois da colis~ao , multiplicando as express~oes acima
por 2 temos
m1v21i +m2v
22i = m1v
21f +m2v
22f
agora iremos usar o produto notavel a2 b2 = (a b)(a + b), a express~ao acima implicaapos isolar os termos com coecientes m1 e m2 no mesmo lado da equac~ao que
m1(v21i v21f ) = m2(v22f v22i) =
CAPITULO 1. DINA^MICA 38
agora usando o produto notavel camos com
m1(v1i v1f )| {z }(v1i + v1f ) = m2(v2f v2i)| {z }(v2f + v2i):Usando a conservac~ao de quantidade de movimento
m1v1i +m2v2i = m1v1f +m2v2f
novamente isolando os termos com coecientes m1 e m2 no mesmo lado da equac~ao segue
que
m1(v1i v1f )| {z } = m2(v2f m2v2i)| {z }que s~ao exatamente os termos marcados na outra equac~ao, sendo ambos n~ao nulo podemos
os cancelar da equac~ao anterior cando com
v1i + v1f = v2f + v2i:
Com isso temos v1f = v2f + v2i v1i, substituindo em m1v1i+m2v2i = m1v1f +m2v2f ,tem-se
m1v1i +m2v2i = m1(v2f + v2i v1i) +m2v2f = m1v2f +m1v2i m1v1i +m2v2f
colocando em evide^ncia os coecientes v1i e v2i segue que
2m1v1i + (m2 m1)v2i = (m1 +m2)v2f
portanto
v2f =2m1v1i + (m2 m1)v2i
m1 +m2:
Agora nalmente, usando que v1i+ v1f = v2f + v2i tem-se v1f = v2f + v2i v1i, usandoa express~ao obtida para v2f e substituindo temos
v1f =2m1v1i + (m2 m1)v2i
m1 +m2+(v2iv1i) = 2m1v1i + (m2 m1)v2i
m1 +m2+(v2iv1i)m1 +m2
m1 +m2=
simplicando chegamos em
=2m2v2i + (m1 m2)v1i
m1 +m2:
Com isso provamos as duas identidades como queramos demonstrar.
CAPITULO 1. DINA^MICA 39
Z Exemplo 41. Uma partcula de massa m desloca-se com velocidade v em direc~aoa duas outras ide^nticas de massa m0 , alinhadas com ela, inicialmente separadas e em
repouso. As colis~oes entre as partculas sao todas elasticas.
1. Mostre que se m m0 temos duas colis~oes e calcule a velocidade nal das tre^spartculas.
2. Mostre que, para m > m0 , havera tre^s colis~oes, e calcule as velocidades nais das
tre^s partculas
3. Verique que, no caso (1), o resultado para a primeira e a terceira partcula e o
mesmo que se a partcula intermediaria n~ao existisse.
1. Usamos os resultados que demonstramos na propriedade anterior com v2i = 0, m1 =
m e m2 = m0, com isso temos as velocidades
v1f =(mm0)v1im0 +m
v2f =2mv1im0 +m
como m m0 ) m m0 0, por isso a velocidade v1f e nula ou possui sentidocontrario ao da velocidade de v2f , logo a primeira partcula n~ao entre em choque
novamente com as outras. A segunda partcula se choca com a terceira. Usamos
novamente as equac~oes que deduzimos anteriormente. Agora com m1 = m2 = m0,
v02i = 0 e v01i =
2mv1im+m0
o valor que obtemos para a velocidade da segunda partcula.
Com isso temos
v01f =2m2
0z}|{v02i +
0z }| {(m1 m2) v01i
m1 +m2= 0
v02f =2m1v
01i +
0z }| {(m2 m1)v02i
m1 +m2=
2mv01i2m
= v01i =2mv1im+m0
e igual a velocidade da partcula 2 ao termino da colis~ao anterior, ent~ao com isso
resolvemos tambem o caso (3) .
CAPITULO 1. DINA^MICA 40
2. Se m > m0, usando resultado do item anterior para o primeiro choque v1f =(mm0)v1im+m0
, v2f =2mv1im0 +m
, como m m0 > 0 as velocidades possuem mesmosentido e direc~ao, porem v2f > v1f pois 2m > m m0. A partcula (2) se chocacom a (3), pelo item anterior (3) ca com velocidade
2mv1im+m0
= v3 e (2) com ve-
locidade nula, portanto (2) e alcancada pela partcula (1) e calculamos novamente
as velocidades resultantes usando as express~oes conhecidas, como um novo sistema
com dados
v01i =(mm0)v1im+m0
; v02i = 0
logo pelas express~oes temos as resultantes v01f e v02f como velocidades nais de (1) e
(2) respectivamente dadas por
v01f =mm0m+m0
z}|{v01i =
mm0m+m0
mm0m+m0
v1i
v02f =2m
m+m0z}|{v01i =
2m
m+m0mm0m+m0
v1i
agora as tre^s partculas n~ao voltam a se chocar pois
v3f =2mv1im+m0
> v02f =2m
m+m0mm0m+m0
v1i
pois cancelando os termos ide^nticos (positivos) de ambos lados da desigualdade ela
equivale a 1 >mm0m+m0
, m+m0 > mm0 que realmente vale. Alem disso tambemtemos v02f > v
01f pois 2m > mm0 e da
v02fz }| {2m
m+m0mm0m+m0
v1i >
v01fz }| {mm0m+m0
mm0m+m0
v1i;
resumindo, a velocidade nal da partcula (3) e maior que a velocidade nal da
partcula (2) que por sua vez e maior que a velocidade da partcula (1), em smbolos
v3f > v02f > v
01f ;
logo as partculas n~ao voltam a se chocar e temos apenas 3 colis~oes.
CAPITULO 1. DINA^MICA 41
As velocidades nais s~ao
v3f =2mv1im+m0
v02f =2m
m+m0mm0m+m0
v1i
v01f =mm0m+m0
mm0m+m0
v1i
onde v1i e a velocidade inicial da partcula (1).
1.6 Centro de massa
m Denic~ao 26 (Centro de massa). Sejam n corpos pontuais , cada corpo k composic~ao (xk; yk; zk) em R
3 e massa mk, ent~ao o centro de massa dessa congurac~ao de n
partculas e (x; y; z) , onde
x =nX
k=1
mkxkM
y =nX
k=1
mkykM
z =nX
k=1
mkzkM
e M =nX
k=1
mk:
Para um corpo de estrutura contnua de densidade =dm
dVque depende do ponto as
coordenadas do centro de massa s~ao dadas por
ys =
R:xsdVRdV
onde as coordenadas do corpo s~ao (xs)n1 :
$ Corolario 12. Como = dmdV
ent~ao
ZdV = M e
Z:xsdV =
Zxsdm, portanto
ys =
Rxsdm
M:
CAPITULO 1. DINA^MICA 42
Z Exemplo 42. 1. Calcule as coordenadas do centro de massa de uma placa demetal (disco) indicada na gura, um crculo de raio r de qual foi removido um crculo
de raio s onde o centro dos crculos distam de l unidades . Considerando o disco de
densidade uniforme d.
Figura 1.4: Discos
Por simetria temos que o centro de massa do disco com a parte retirada (que cha-
maremos de X) deve estar sobre o eixo y, tendo coordenada em y denotada por
yx e massa mx . O disco completo sem parte removida possui centro no ponto
(0; 0) = (xc; yc). Consideramos o disco D na parte retirada com a densidade d e
massa mD, ele possui centro de massa no centro geometrico que denotaremos por
yD, por equac~ao do centro de massa temos que
yc|{z}=0
=mDyD +mxyxmD +mx
) 0 = mDyD +mxyx ) yx = mDyDmx
:
Temos que a densidade e dada por d =m
V, onde m e massa e V e o volume, logo
CAPITULO 1. DINA^MICA 43
V:d = m o volume e dado por V = A:c onde c e a espessura do disco , portanto
mD = AD:c:d e mx = Ax:c:d pois possuem a mesma densidade d logo
mDmx
=AD:c:d
Ax:c:d=ADAx
calculamos agora Ax, temos que sua area e igual a area do disco completo r2
subtrado da area do disco D, que e s2 logo
Ax = r2 s2 = (r2 s2)
e AD = s2
portanto
mDmx
=s2
(r2 s2) =s2
(r2 s2)
substituindo todas express~oes temos
yx = s2
(r2 s2) =s2
(s2 r2)yD
como a separac~ao entre os centro do disco completo (0; 0) e do disco D e de l, temos
yD = l
por isso tem-se
yx =s2l
(s2 r2) :
2. Suponha que seja colocado no lugar do espaco subtrado D um disco de material
com densidade constante , qual e o centro de massa do sistema resultante?
O disco D agora pode ser considerado como se sua massa estivesse concentrada em
seu centro, sua densidade e
=m
V=
m
s2c) s2c = m:
CAPITULO 1. DINA^MICA 44
o novo centro de massa tera coordenada em y dada por
y =myD +mxyxm+mx
onde
=m
V=
m
s2c) m = s2c;
mxd
= V ) mx = V d = ()(r2 s2)cd
logo temos os dados
m = s2c
yD = l
mx = ()(r2 s2)cd
yx =s2l
(s2 r2)substituindo os valores na express~ao y =
myD +mxyxm+mx
, temos
y =s2cl + ()(r2 s2)cd s2l
(s2r2)s2c+ ()(r2 s2)cd =
simplicando os termos em comum tem-se
y =s2l s2ld
s2 + (r2 s2)d =( d)(s2l)
s2 + (r2 s2)d:
y =( d)(s2l)
s2 + (r2 s2)d:
Lembre que as coordenadas em x (abscissa ) do centro de massa no problema 1) e 2)
s~ao ambas x = 0 por simetria.
CAPITULO 1. DINA^MICA 45
1.7 Gravitac~ao
m Denic~ao 27 (Gravitac~ao). Gravitac~ao e o estudo das forcas de atrac~ao entre massase dos movimentos de corpos submetidos a essas forcas.
A gravitac~ao e a mais fraca de todas as interac~oes conhecidas, porem e considerada a
primeira a ser cuidadosamente estudada . Das interac~oes fraca, forte, gravitacional e ele-
tromagnetica (que n~ao ser~ao tratadas aqui). Tomada a interac~ao forte como valendo uma
unidade, a eletromagnetica e da ordem de 102, fraca da ordem de 105 e gravitacional
da ordem de 1038:
A gravidade e uma forca de longo alcance, n~ao havendo a princpio limitac~ao entre
a dista^ncia entre os corpos .
E uma forca somente atrativa. N~ao existe repuls~ao gravitacional.
E por causa dessas caractersticas que a gravidade domina varias areas de estudo na
astronomia. E a ac~ao da forca gravitacional que determina as orbitas dos planetas,
estrelas e galaxias, assim como os ciclos de vida das estrelas e a evoluc~ao do proprio
Universo,
1.8 Leis de Kepler
Nesta sec~ao apresentamos as Leis de Kepler1 para o movimento planetario, Kepler
teria descoberto tais leis a partir das medidas astrono^micas de Tycho Brahe (15461601).
1.8.1 1 lei de Kepler-Lei das orbitas
b Propriedade 25 (1 lei de Kepler-Lei das orbitas). As orbitas descritas pelos planetasem redor do Sol s~ao elipses , com o sol num dos focos.
m Denic~ao 28 (Perielio e Afelio ). O ponto em que a Terra esta mais proxima do Sole chamada de Perielio e o ponto mais distante e chamado de Afelio.
Denotaremos a dista^ncia no Afelio como dmax e no Perielio como dmin:
1Johannes Kepler (1571 1630)
CAPITULO 1. DINA^MICA 46
m Denic~ao 29 (Raio medio da orbita). Denimos o raio medio da orbita R como
R =dmin + dmax
2:
$ Corolario 13. O raio medio da orbita e o semi-eixo maior da elipse.Z Exemplo 43. Se a e o semi-eixo maior de uma elipse e c a semi-dista^ncia focal araz~ao e =
c
ae chamada de excentricidade da elipse. Para e = 0 a elipse degenera em um
crculo, quanto maior o valor de e, mais achatada e distante de um crculo uma elipse
esta, com valores pequenos de e a elipse se aproxima mais da forma de um crculo.
Planeta e
Terra 0,017
Ve^nus 0,007
As orbitas de Ve^nus e da Terra podem ser bem aproximadas por orbitas circulares, pois
a excentricidade delas e muito pequena e da tais orbitas n~ao se afastam muito da forma
de um crculo , tal aproximac~ao n~ao se distancia muito do que posto na primeira lei de
Kepler.
2 lei de Kepler-Lei das areas
b Propriedade 26 (2 lei de Kepler). As areas varridas pelo vetor-posic~ao de um pla-neta em relac~ao ao centro do Sol s~ao diretamente proporcionais aos respectivos intervalos
de tempo gastos .
Sendo A a area e t o intervalo de tempo, podemos escrever
A = vat:
Onde va > 0 e uma constante para cada planeta.
m Denic~ao 30 (Velocidade areolar ). O fator va na lei das areas
A = vat
e chamado de velocidade areolar.
CAPITULO 1. DINA^MICA 47
z Observac~ao 2. A velocidade areolar para um planeta e constante , porem o movi-mento de um planeta ao longo de sua orbita pode n~ao ser uniforme .
b Propriedade 27. O raio vetor que liga um planeta ao Sol descreve areas iguais emtempos iguais.
Demonstrac~ao. Simbolicamente, temos que o enunciado signica que se t1 =
t2 = t ent~ao A1 = A2 . Porem substituindo tais valores na express~ao A = vat:
Temos
A1 = vat
A2 = vat
logo A1 = A2 as areas percorridas s~ao iguais .
m Denic~ao 31 (Perielio e Afelio ). Seja um sistema compostos de planetas e umaestrela. O ponto em que um planeta esta mais proxima da estrela e chamada de Perielio
e o ponto mais distante e chamado de Afelio.
b Propriedade 28. No perielio, o planeta possui velocidade de translac~ao com in-tensidade maxima, enquanto no afelio ele tem velocidade de translac~ao com intensidade
mnima.
Demonstrac~ao.
3 lei de Kepler- Lei dos perodos
b Propriedade 29 (3 lei de Kepler- Lei dos perodos). Sejam T1 e T2 perodos derevoluc~ao de dois planetas cujas orbitas possuem raios medios R1 e R2 respectivamente,
ent~ao vale que
(T1T2
)2 = (R1R2
)3
Os quadrados dos perodos de revoluc~ao de dois planetas quaisquer est~ao entre si como
os cubos de suas dista^ncias ao sol .
Tal relac~ao vale na verdade para movimentos em orbitas circulares, porem se a excen-
tricidade da elipse for pequena tal relac~ao vale aproximadamente .
CAPITULO 1. DINA^MICA 48
b Propriedade 30. Para qualquer planeta do Sistema Solar vale que
R3
T 2= Kp
onde Kp e uma constante.
Demonstrac~ao. Vale que
(T1T2
)2 = (R1R2
)3
logo
T 21R31
=T 22R32
que e constante para cada planeta .
m Denic~ao 32 (Constante de Kepler). A constante Kp da relac~ao
R3
T 2= Kp
e chamada de constante de Kepler.
Z Exemplo 44. Suponha que a Terra e Ve^nus possuem raios medios de dista^ncia aoSol de R2 = 1; 510
8km e R1 = 1; 1108km respectivamente, o perodo de revoluc~ao da Terra
e de 1 ano (aproximaremos para 365 dias.) Ent~ao aplicando a Lei de Kepler podemos
deduzir uma aproximac~ao do perodo de revoluc~ao de Ve^nus
T 21 = (1; 1
1; 5)3
que implica um valor aproximado de 219 dias (dependendo do numero de casas deci-
mais usadas pode-se chegar em outro valor, no caso usamos duas casas decimais em cada
operac~ao ), sendo que um valor mais proximo do perodo da orbita e 224; 65 dias, o que
n~ao difere muito.
z Observac~ao 3 (Universalidade das leis de Kepler). As propriedades apresentadasaqui, chamadas de Leis de Kepler s~ao tidas como universais, valendo para o Sistema Solar
CAPITULO 1. DINA^MICA 49
, qualquer outro sistema planetario no Universo em que exista uma grande massa central
em torno da qual gravitem massas menores, por exemplo ela tambem vale para planetas
e seus satelites naturais ou articiais.
Z Exemplo 45. Dois corpos A e B em orbitas circulares ao redor de C, possuem raiode orbita Ra > Rb. Em que intervalo de valores se situa a dista^ncia entre os corpos? .
A dista^ncia e mnima quando ambos A, B e C est~ao alinhados e B esta entre C e
A, neste caso a dista^ncia entre B e A mede Ra Rb:
Suponha que n~ao seja nas condic~oes acima, formamos um tria^ngulo CAA0 ,onde
A0 e outro ponto na orbita de A. CAA0 e isosceles, a^ngulos iguais bA0 = bA = . Tracamos BA0 No tria^ngulo BA0A o a^ngulo B bA0A e menor que logo seu ladooposto BA possui comprimento menor que BA0 pois a a^ngulos maiores se opoem
lados maiores.
A dista^ncia e maxima quando, C esta entre B e A, pontos alinhados neste caso a
dista^ncia e Ra + Rb: Consideramos neste caso um tria^ngulo AA0C ele e isosceles ,
tracamos A0B e temos o tria^ngulo AA0B com a^ngulo A bA0B = maior que =A bA0B, logo AB o lado oposto a possui medida maior que A0B lado oposto a notria^ngulo AA0B .
Podemos deduzir que esses s~ao realmentes pontos de maximo e mnimo usando
coordenadas . Tomamos A = (rbcos(); rbsen()) , B = (ra; 0) .
d(A;B)2 = (rbcos()ra)2+r2bsen2() = r2bcos2()2rbracos()+r2a+r2bsen2() = r2b+r2a2rbracos() = f()
derivando temos f 0() = 2rbrasen() que se anula em = 0 ou = :
CAPITULO 1. DINA^MICA 50
1.9 Lei de Newton da atrac~ao das massas
b Propriedade 31 (Lei de gravitac~ao de Newton). Sejam corpos A e B cujos centrosde massa est~ao separados por uma dista^ncia rAB, ent~ao :
A e B possuem quantidades positivas mA;mB associadas, chamadas massas gravi-
tacionais
Existem forcas FAB e FBA, que satisfazem
FAB = FBA;
FAB sendo a forca gravitacional aplicada pelo corpo A no corpo B .
tais forcas possuindo intensidade
F =GmAmB
r2;
onde G e denominada constante da gravitac~ao universal, sendo de valor aproximado
de
G = 6; 671011Nm2=kg2:
Isaac Newton teria deduzido a equac~ao F =GmAmB
r2, usando as leis de Kepler,
para forca que deveria existir entre dois planetas e depois generalizado para duas massas
quaisquer .
Vamos tentar mostrar uma deduc~ao informal da lei da gravitac~ao para um planeta
de massa m em um movimento circular uniforme ao redor de uma estrela de massa M
usando as Leis de Kepler .
Supondo o modulo da forca F1 resultante no planeta , temos
F1 = m:acp = mv2
r
onde r e a dista^ncia entre o centro do planeta e da estrela . A velocidade possui
modulo constante , em uma volta completa, sendo T o perodo , temos o comprimento da
circunfere^ncia dado por 2r, logo
v =2r
T;
CAPITULO 1. DINA^MICA 51
agora usamos a lei de Kepler T 2 = kr3 onde k e constante, logo substituindo na
equac~ao da forca, tem-se
F1 = m42r2
rT 2= m
42r
T 2= m
42r
kr3= m
42
kr2= m
k1r2
logo a interac~ao gravitacional deve ser proporcional ao inverso do quadrado da dista^ncia.
Supondo simetria o modulo da forca sobre a estrela poderia ser
F2 = Mk2r2;
para constantes k1 e k2 , logo
F =M:mG
r2
para alguma constante G . Newton ent~ao teria generalizado tal resultado, o estendendo
para duas massas quaisquer .
1.9.1 Massa gravitacional e massa inercial
m Denic~ao 33 (Massa gravitacional). O valor de massa que aparece na Lei da gra-vitac~ao de Newton, que enunciamos acima e chamada de massa gravitacional , a princpio
n~ao saberamos se o valor da massa gravitacional de um corpo e igual ao valor de massa
inercial que aparece na denic~ao de quantidade de movimento p = mv.
z Observac~ao 4. Supondo um corpo possuindo massa inercialmi e massa gravitacionalmg ent~ao nas proximidades de um corpo maior de massa gravitacional M , temos g uma
acelerac~ao da gravidade aproximadamente constante
F = mig =MmgG
r2) mi
mg=GM
gr2= K uma constante
b Propriedade 32. Em sistemas ligados gravitacionalmente a forca resultante gravita-cional aponta para o centro de massa do sistema , em sistemas planetarios, tal centro de
massa pode ser muito proximo do centro da estrela ou remanescente estelar, mesmo que
a orbita seja elptica , o centro de massa poderia n~ao estar no centro da elipse e sim mais
proximo do centro da estrela . O sol, maior corpo do sistema solar, coincide praticamente,
com o centro de massa do sistema solar e move-se muito mais lentamente do que qualquer
CAPITULO 1. DINA^MICA 52
planeta. Por isso o Sol pode ser tomado como centro de refere^ncia, pois e praticamente
um referencial inercial.
Z Exemplo 46 (Relac~ao entre acelerac~ao da gravidade e massa da Terra). Considereuma partcula de massa m sobre a superfcie da Terra , sendo portanto a dista^ncia entre
a partcula ao centro da Terra medindo r, o raio da Terra , M a massa da Terra, tem-se
que
F =GmM
r2= mg ) g = MG
r2)M = gR
2
G:
Substituindo valores g = 9; 8m=s2 , r = 6; 37:106 e G = 6; 67:1011m3=(kg:s2) podemos
deduzir que a massa da Terra e aproximadamente 5; 98:1024kg:
Z Exemplo 47 (Comparar duas massas por meio de interac~ao com uma outra). Sejamdois corpo com massasm em0 que desejamos comparar , colocados a uma mesma dista^ncia
r de um outro corpo de massa conhecidaM , como por exemplo, massa da Terra , as forcas
gravitacionais em quest~ao s~ao
F =GMm
r2; F 0 =
GMm0
r2) F
F 0=
m
m0:
Se tivermos modo de comprar forcas tal relac~ao acima possibilita um modo de com-
parar massas.
1.9.2 Estudo de movimento de satelites
b Propriedade 33 (Velocidade orbital de um satelite em movimento circular). Consi-dere um satelite de massa m gravitando em orbita circular em torno de um planeta de
massa M . Sendo r o raio da orbita e G a constante da gravidade, ent~ao
A velocidade orbital e constante o movimento e circular uniforme e vale
v =
rGM
r:
v =pgr:
CAPITULO 1. DINA^MICA 53
Demonstrac~ao.
A forca resultante que o satelite recebe do planeta e a forca resultante centrpeta
no satelite F = Fcp
F =GMm
r2
porem Fcp = macp = mv2
r, portanto de F = Fcp, segue
GMm
r2= m
v2
r, GM
r= v2 , v =
rGM
r:
Substituindo g =GM
r2, isto e, gr =
GM
rtemos a outra express~ao .
$ Corolario 14 (Velocidade angular orbital de um satelite em movimento circular). Avelocidade angular w de um corpo em orbita circular de raio r em torno de um outro
corpo de massa M vale
w =
rGM
r3
pois v = wr ) vr= w da , usando a express~ao
v =
rGM
r) v
r=
rGM
r3= w:
Conclumos que o valor de w independe de m e satelites diferentes percorrendo uma
mesma orbita circular n~ao colidem entre si, ja que suas velocidades angulares s~ao iguais .
b Propriedade 34 (Raz~ao de velocidade angular de satelites em movimento circular).Seja um corpo de massa M possuindo dois satelites em movimento circular uniforme ao
redor dele com raios ri e re ent~ao temos a seguinte relac~ao para suas velocidades angulares
w2iw2e
=r3er3i:
Demonstrac~ao.
wi =
sGM
r3i
CAPITULO 1. DINA^MICA 54
we =
sGM
r3e
implicam
w2i r3i = GM = w
2er
3e
de onde a igualdade segue .
b Propriedade 35 (Perodo de revoluc~ao de um satelite em movimento circular). Operodo de revoluc~ao T de um satelite ao redor de um corpo de massa M e dista^ncia do
centro de gravidade do corpo ate o centro do satelite r e dado por
T = 2
rr3
GM:
Demonstrac~ao. Como o satelite realiza movimento circular uniforme, temos que
a velocidade e igual a raz~ao do dista^ncia percorrida em uma volta, que e 2r dividido
pelo perodo T
v =2r
T
usamos agora que v =
rGM
r:
O que implica
T =2r
prp
GM= 2
rr3
GM
como queramos demonstrar.
$ Corolario 15 (Perodo independe da massa do satelite). O perodo de orbitagemindepende da massa do satelite , pois a express~ao T = 2
rr3
GM; n~ao depende dela .
$ Corolario 16 (Massa de um planeta em func~ao do perodo e dista^ncia). De T =2r
prp
GM= 2
rr3
GMelevando ao quadrado, temos
T 2 = 42r3
GM)M = 42 r
3
GT 2:
Podemos usar esse resultado para calcular novamente a massa da Terra, usando dados
relativos a Lua, r = 3; 84:108 m e P = 2; 36:106 s. Que garante a massa da Terra ser
aproximadamente 5; 98:1024 . Isso implica certa consiste^ncia na Teoria .
CAPITULO 1. DINA^MICA 55
b Propriedade 36 (Forca em func~ao da massa, dista^ncia e perodo). Dados T , m er para um corpo de massa m com movimento circular ao redor de outro de massa M , e
possvel encontrar a forca F =GmM
r2em func~ao de T , m e r . A forca e dada por
F =r42M
T 2:
Demonstrac~ao.
Temos queT 2
r3=
42
GM) GM = r
3
T 242 ) r4
2m
T 2=GMm
r2:
Portanto
F =GMm
r2=r42m
T 2:
b Propriedade 37 (Altura do satelite em func~ao do perodo). A altura h de um sateliteem movimento circular ao redor de um corpo de massa M e dada por
h =3
rGMT 2
42:
Demonstrac~ao.
A forca de atrac~ao resultante exercida pela Terra sobre o satelite desempenha a func~ao
de resultante centrpeta no movimento circular e uniforme descrito por ele. F = Fcp
GMm
h2= mw2h
onde usamos a express~ao da acelerac~ao centrpeta =v2
re v = wr: Temos tambem
que w =2
T, substituindo tais express~oes temos
GM
h2= h
2
T
2) GM = 4
2
T 2h3
de onde segue que
h =3
rGMT 2
42
como queramos demonstrar.
CAPITULO 1. DINA^MICA 56
Z Exemplo 48. Supondo que a atrac~ao gravitacional da nossa galaxia, de massatotal Mg e raio Rg , atua como se toda a massa estivesse concentrada no seu centro, e
comparando a orbita circular de uma estrela situada na borda da galaxia, de velocidade
vg , com a orbita da Terra em torno do Sol, de raio medio R , mostre que
MgMs
=Rgvg2
Rv2
onde Ms e a massa do Sol e v e a velocidade orbital da Terra em torno do Sol.
A velocidade orbital da Terra satisfaz pela propriedade anterior
Rv2 = GMs
onde ignoramos a massa de outros corpos, que n~ao sejam o Sol ou a Terra , a velocidade
de uma estrela na borda da Galaxia e dada por relac~ao similar
Rgv2 = GMg
dividindo ambas express~oes tem-se
MgMs
=Rgvg2
Rv2:
b Propriedade 38 (Terceira lei de Kepler). Vale a terceira lei de Kepler
r3
T 2= Kp
e a constante Kp valeGM
42:
Demonstrac~ao. Partindo da identidade T = 2
rr3
GM; segue
T 2 = 42r3
GM) r
3
T 2=GM
42:
b Propriedade 39 (Velocidade areolar). A velocidade areolar vale
va =1
2
pGMr:
CAPITULO 1. DINA^MICA 57
Demonstrac~ao. Temos que
A = vat) va = At
em uma volta completa, que vamos aproximar par um crculo, temos que a area e de
r2 e a variac~ao de tempo e o perodo T = 2
rr3
GMportanto
va =r2
2
rGM
r3=
1
2
pGMr:
m Denic~ao 34 (Satelites estacionarios). Um satelite estacionario de um corpo A emrotac~ao em torno do seu eixo, s~ao corpos que possuem orbitas circulares em torno de
A que se apresentam parados em relac~ao a um referencial na superfcie do corpo A que
acompanha seu movimento, na mesma taxa de rotac~ao .
Z Exemplo 49 (Satelites estacionarios da Terra). Satelites estacionarios da Terrapossuem orbitas aproximadamente circulares contidas no plano equatorial, seu perodo de
revoluc~ao sendo proximo de 24 horas, igual ao perodo de rotac~ao do planeta, e de suas
orbitas s~ao de aproximadamente 6; 7 raios terrestres .
1.9.3 Velocidade de escape
m Denic~ao 35 (Velocidade de escape). Velocidade de escape e a velocidade mnimanecessaria para que um corpo se livre do campo gravitacional de um outro corpo B a
partir de uma certa dista^ncia r do centro de gravidade de B.
b Propriedade 40. A velocidade de escape vale
v =
r2GM
r
onde r e a dista^ncia ate o centro do corpo B , M a massa de B e G a constante da
gravidade .
Demonstrac~ao. Como queremos a velocidade mnima, ela sera nula no innito,
logo temos energia cinetica nula no innito, a energia potencial gravitacional tambem sera
CAPITULO 1. DINA^MICA 58
nula no innito pois Ep = GMmr
tende a zero quando r !1, usamos ent~ao conservac~aode energia meca^nica, sendo ela nula no innito por ser soma de energia cinetica e potencial
Em = Ep + Ec, igualamos tal valor a energia a dista^ncia r do centro do planeta, de onde
conclumos que
mv2
2 GmM
r= 0) v
2
2=GM
r) v =
r2GM
r
$ Corolario 17. O valor da velocidade de escape n~ao depende da massa do corpoque esta sendo lancado mas apenas da massa do corpo central e tambem n~ao depende
do a^ngulo de lancamento.
Quanto mais afastado o corpo estiver da superfcie do corpo (maior r), menor sera
o valor da velocidade de escape.
A express~ao v =
r2GM
rsugere que se existirem corpos celestes com massas t~ao
grandes e raios t~ao pequenos de maneira que a velocidade de escape neles seja maior
que a velocidade da luz c, a luz n~ao escaparia a atrac~ao gravitacional deles. Tais
corpos s~ao chamados de Buracos negros.
Vale que a velocidade de escape e
v =p2gr
pois basta usar g =GM
r2logo gr =
GM
r, substitudo em
r2GM
rsegue o resultado .
1.10 Campo gravitacional
m Denic~ao 36 (Campo). Campo e uma propriedade fsica que se estende por umaregi~ao do espaco , sendo a propriedade descrita nessa regi~ao do espaco por uma func~ao
da posic~ao e do tempo .
Em termos matematicos, um campo escalar e uma func~ao f : Rn ! R e um campovetorial uma func~ao f : Rn ! Rm onde m > 1 .
CAPITULO 1. DINA^MICA 59
b Propriedade 41. Para cada interac~ao uma partcula produz em torno de si um campocorrepondente . Toda interac~ao pode ser descrita por meio de campos .
Z Exemplo 50. Porem nem todo campo e gerado por uma interac~ao, por exemplo po-demos tomar um campo de velocidades da agua em um rio , ou um campo de temperatura
em uma sala.
b Propriedade 42. Toda massa cria em torno de si um campo de forcas de naturezagravitacional .
m Denic~ao 37 (Campo gravitacional). O campo de forcas de natureza gravitacionalcriado por uma certa quantidade de massa e chamado de campo gravitacional .
m Denic~ao 38 (Campo atrativo). Um campo e atrativo se as partculas submetidasexclusivamente aos seus efeitos s~ao puxadas para junto do ponto onde o campo e gerado.
b Propriedade 43. O campo gravitacional e atrativo .
m Denic~ao 39 (Linhas de forca). Linhas de forca de um campo s~ao linhas que repre-sentam, em cada ponto, a orientac~ao da forca que atua numa partcula, chamada corpo
de prova, que e submetida apenas aos efeitos desse campo .
Trataremos aqui apenas de linhas de forca geradas pelo campo gravitacional .
b Propriedade 44. Se um corpo massivo for esferico e homoge^neo, suas linhas de forcater~ao a direc~ao do raio da esfera em cada ponto , sendo orientadas para o centro do corpo
.
1.11 Energia potencial gravitacional
b Propriedade 45.
Demonstrac~ao.
CAPITULO 1. DINA^MICA 60
1.12 Agradecimentos
Agradecemos a Gabriel Lefundes por ajuda apontando erros no texto, obrigado!