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DIREÇÃO ACADÊMICA - famportalacademico.com.br · Assim, o projeto FAM foi idealizado com seriedade e acima de tudo com o compromisso de oferecer a universalidade do saber: caráter

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DIREÇÃO ACADÊMICACélia Jussani

DIREÇÃO GERALFlorindo Corral

DIREÇÃO ADMINISTRATIVAGustavo Azzolini

COORDENADORA GERAL DE EADSandra Regina Giraldelli Ulrich

DIAGRAMAÇÃO E ARTE FINALReinaldo Silveira Carvalho

REVISÃO FINALMeire Teresinha Müller

COMUNICAÇÃOE EXPRESSÃO

AUTORAMeire Terezinha Müller

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FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Biblioteca Central da FAM

M924c

Müller, Meire Teresinha

Comunicação e expressão / Meire Teresinha Müller ; diagramação e arte final de Reinaldo Silveira Carvalho ; revisão final de Meire Teresinha Müller. – Americana, 2015. 103 f. : il. Apostila elaborada para a disciplina EAD Comunicação e expressão - Faculdade de Americana. Núcleo Geral. 1. Ortografia. 2. Gramática. 3. Linguística. I. Carvalho, Reinaldo Silveira.

II. Título.

CDU 808

Proibida a reprodução total ou parcial por meio de impressão, em forma idêntica, resumida

ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma

1ª edição - 2015

1ª edição, 1ª reimpressão - 2016

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A Faculdade de Americana – FAM é mantida pela Associação Educacional Americanense, está

situada Endereço: Av. Joaquim Boer, 733 – Americana-SP; CEP 13477-360 e foi Credenciada pela Portaria

MEC nº 766/99 – DOU 18/05/1999.

A história da IES começou quando os dirigentes do então Colégio Bandeirantes, atual Instituto

Educacional de Americana, decidiram constituir uma nova entidade mantenedora, a Associação Educacional

Americanense, que tem como mantida a Faculdade de Americana.

O projeto de instalação da Faculdade de Americana – FAM foi resultado das condições econômico-

educacionais que a região de Americana apresenta, além de experiência dos seus dirigentes como

educadores atuantes.

A Associação Educacional Americanense entende que o ensino, a pesquisa e a extensão não

podem deixar de responder de forma dinâmica, eficiente e consequente aos problemas sociais que refletem

as necessidades da comunidade local, regional e nacional.

Para operacionalizar o projeto de criação dos cursos superiores, a entidade mantenedora consultou

especialistas das diversas áreas do conhecimento.

Assim, o projeto FAM foi idealizado com seriedade e acima de tudo com o compromisso de oferecer

a universalidade do saber: caráter substancial das instituições que justificam suas funções na comunidade

onde estão inseridas.

MISSÃO

A missão da FAM é produzir e disseminar o conhecimento nos diversos campos do saber, contribuindo

para o exercício pleno da cidadania mediante formação humanista, crítica e reflexiva, consequentemente

preparando profissionais competentes e atualizados para o mundo do trabalho presente e futuro.

VISÃO

"Tornar-se referência no ensino superior, promovendo o desenvolvimento da educação, cultura e

conhecimento nas regiões do polo têxtil e metropolitana de Campinas".

VALORES

• Ética, credibilidade e transparência;

• Visão humanista entre ensino, pesquisa e extensão;

• Compromisso social;

• Comprometimento com a qualidade;

• Gestão participativa;

• Profissionalismo e valorização de recursos humanos;

• Universalidade do conhecimento e fomento à interdisciplinaridade

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Prezado (a) Aluno (a),

Seja bem-vindo (a) à FAM – Faculdade de Americana!

Sentimo-nos orgulhosos em tê-lo fazendo parte da história que estamos construindo.

Aluno ingressante, que está dando início a esta fase tão importante, ou você que dá continuidade aos seus estudos, esteja certo de que o seu sonho é parte das nossas metas e que estaremos trabalhando, constantemente, para torná-lo um profissional capaz e um cidadão completo.

Uma equipe empenhada também está à sua disposição para esclarecer quaisquer dúvidas que permaneçam em relação ao curso.

Desejamos a todos bons estudos!

PROF. FLORINDO CORRALDireção GeralFAM I Faculdade de Americana

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SUMÁRIO

Acordo Ortográfico: Nova Ortografia, Regras de Acentuação 8

Sinais de Pontuação 16

O Texto - Leitura, Compreensão e Interpretação 26

A contrução de sentido 34

Coesão e Coerência 44

Elementos da Comunicação e Funções da Linguagem 49

UNIDADE 1

UNIDADE 2

UNIDADE 3

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Modalidades Redacionais 70

Texto Dissertativo-Argumentativo 80

A Elaboração de Resumos e Resenhas 86

Apresentações Orais - Como Falar em Público 92

Dicas de Português - Não Erre mais 95

Referências 102

Os Níveis da Linguagem e as Variações Linguísticas 55

Textos Literários e Não Literários 65

UNIDADE 4

UNIDADE 5

UNIDADE 6

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

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Nesta aula, você conhecerá :

•OacordoortográficoemvigornoBrasildesde2009.

•As principais alterações que o referido Acordo impôs àLínguaPortuguesa.

•As principais regras de acentuação gráfica, a partir doAcordoOrtográfico.

Ao final, você deverá ser capaz de responder às seguintes questões:

•EmqueconsistemasprincipaismudançasimpostaspeloAcordoOrtográficode2009àmodalidadeescritadaLínguaPortuguesa?

•Quais as principais regras de acentuação gráfica doPortuguês?

•QuaispalavrasdevemseracentuadasequaisperderamoacentográficoapartirdoAcordoOrtográfico?

A língua Portuguesa hoje é o idioma oficial de Portugal, do Brasil, da Guiné Bissau, de São Tomé e Príncipe,Timor Leste, Angola, Moçambique e Cabo Verde (sendo que os seis últimos são países da África, que já foram colônias portuguesas).

Há, ainda, países onde algumas regiões falam o Português, como Macau (na China), Goa, Damão, Diu (na Índia) e Galiza (na Espanha).

Nos primeiros séculos de sua existência, a Língua Portuguesa não era regida por nenhuma regra que definisse um modelo ortográfico, podendo ser escrita de várias maneiras. Isso se dava, primeiramente, porque o idioma considerado erudito era o Latim, sendo o Português vernáculo - falado e escrito em Portugal e depois em suas colônias – utilizado pelas camadas sociais populares e não eruditas.

ConteúdoseHabilidades

UNIDADE 1TEMA1:AcordoOrtográfico:

NovaOrtografia,RegrasdeAcentuação

LeituraObrigatória

“BomDia”emdiversaslínguasFonte:Freepik.com

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

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No século XIX surgiram as primeiras preocupações em unificar a modalidade escrita do Português ao redor do mundo, mas nenhum acordo foi feito, embora a preocupação com a unificação do idioma apareça frequentemente em artigos de filólogos e linguistas de Portugal.

Aliás, naquele país, o primeiro Acordo Ortográfico foi assinado em 1911, simplificando a língua escrita, aproximando-a da falada, com a extinção de algumas letras dobradas – LL, NN, PP - do PH e do CH (escrevia-se, por exemplo, PHARMÁCIA, CHIMICA e CHRISTALINO ao invés de FARMÁCIA, QUÍMICA e CRISTALINO). Observe o aviso a seguir, anterior à reforma ortográfica de 1911:

Em 1919, a Academia Brasileira de Letras e a Academia de Ciências de Lisboa se uniram a fim de normatizar o Português escrito, mas o Brasil não seguiu o acordo de imediato. Em 1931 foi assinada uma nova Reforma, mas que nunca foi posta em prática.

Em 1943, como as divergências ainda existiam, foi assinado um Acordo Ortográfico entre Portugal e Brasil, quando se decidiu pela extinção das letras K, Y e W do Alfabeto (que passou a contar com 23 letras apenas). Além disso, a exemplo do acordo Português de 1911, foram retiradas as letras dobradas (com exceção de SS e RR) e estabeleceu-se o uso correto dos sinais de pontuação parênteses ( ); aspas “”, travessão _ e ponto final.

Em 1945 Portugal mexeu mais uma vez na forma escrita do idioma, mas o Brasil continuou a seguir o Acordo de 1943.

A língua Portuguesa hoje é o idioma oficial de Portugal, do Brasil, da Guiné Bissau, de São Tomé e Príncipe,Timor Leste, Angola, Moçambique e Cabo Verde.

AvisocolocadonaIgrejadoCarmo,nacidadedoPorto,emPortugal.

NoteoHeasletrasdobradasLLeNNquecaíram,emPortugal,apósoreferidoAcordo.Fonte:Wikipedia

Em 1919, a Academia Brasileira de Letras e a Academia de Ciências de Lisboa se uniram a fim de normatizar o Português escrito, mas o Brasil não seguiu o acordo de imediato. Em 1931 foi assinada uma nova Reforma, mas que nunca foi posta em prática.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

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Em 1971 o Brasil passou por uma Reforma pequena, que abordou apenas a questão da acentuação, que foi simplificada. Você acredita que até aquele ano as palavras ÊLE, GOVÊRNO, AQUÊLE, DÔCE e algumas palavras terminadas em MENTE (SÒMENTE, VELÒZMENTE, etc) tinham acento? Pois é. Isso só se modificou com o Acordo Ortográfico de 1971.

Finalmente, em 1986, o então presidente José Sarney convidou representantes dos oito países onde o Português é falado para uma reunião no Rio de Janeiro, quando apresentou um Protocolo de Intenções sobre um possível Acordo Ortográfico para uniformização da escrita da Língua Portuguesa. Dois anos depois, foi celebrada uma parceria entre a Academia Brasileira de Letras e a Academia das Ciências de Lisboa sobre as regras que deveriam normatizar a ortografia, mas o documento causou grande polêmica, sendo assinado apenas por Portugal, Brasil e Cabo Verde. Nas décadas seguintes, entretanto, Timor Leste, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe também aderiram à Reforma Ortográfica, sendo que as mudanças impostas por ela ainda estão em fase de implantação em alguns desses países.

No Brasil, o Acordo Ortográfico foi assinado pelo presidente Lula em 2008 e entrou em vigor a partir de 2009, com a previsão de 3 anos como período de adaptação, ou seja, a partir de 2012 o Português escrito é regido pelas normas previstas no ACORDO ORTOGRÁFICO.

Notíciado“JornaldoBrasil”de30/12/1971arespeitodasmudançasocorridas na forma escrita do idioma comoAcordoOrtográfico.Vejaqueareportagemaindaseguiaopadrãoortográficoanterior.Médicimudaortografiaeabolechapéudiferencialnaspalavrascom“e”e“o”OPresidenteMédicisancionouontemprojetode leique introduzalterações na língua portuguêsa, abolindo o trema e o acêntocircunflexo diferencial em certos casos e estabelece que asemprêsaseditôrasterãooprazodequatroanosparaatualizarsuaspublicações.Odiferencialsaiudasletras‘e’e‘o’(...)”

Disponívelem:http://jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=6396

No Brasil, o Acordo Ortográfico foi assinado pelo presidente Lula em 2008 e entrou em vigor a partir de 2009, com a previsão de 3 anos como período de adaptação.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

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ResumodasnormasdoAcordoOrtográficode2009

O Acordo ortográfico é um documento longo, que deve estar sempre à mão dos alunos e profissionais que precisam redigir e que queiram fazê-lo acertadamente. No final deste tema, disponibilizaremos um link com o documento completo, que você deve imprimir e ter sempre por perto, para consultá-lo quando as dúvidas surgirem. Porém, para um primeiro contato, resumimos as partes mais significativas das normas para apresentá-las a você.

1. Alfabeto da língua portuguesa:

Como antes de 1971, o alfabeto da língua portuguesa passa a ter 26 letras, introduzindo-se novamente o K, o W e o Y, PORÉM, devendo apenas ser utilizadas em nomes próprios, marcas, abreviaturas ou palavras estrangeiras incorporadas ao Português, como Karen, km (abreviatura de quilômetro); William, Kibon; Yoga, etc.

2. Acentuação gráfica

O acento agudo é eliminado em palavras PAROXÍTONAS (palavras que têm a penúltima sílaba tônica = forte) com ditongo éi e oi (IDEIA; EUROPEIA; COREIA; PLATEIA, ASSEMBLEIA, JOIA, JIBOIA, HEROICO ETC deixam de ter acentos).

O acento circunflexo é eliminado das formas verbais com EE ou dos substantivos com OO (Antes era: lêem; dêem; vôo; enjôo que passaram a LEEM; DEEM; VOO; ENJOO, PERDOO etc, sem acentuação).

Exemplos:

Estas verduras CONTÊM muitas vitaminas.

As meninas sempre VÊM à escola acompanhadas pelos pais.

A diferenciação entre palavras homógrafas (escritas do mesmo jeito) deixa de ser feita através da acentuação aguda ou circunflexa e passa a ser fornecida pelo contexto, como nos seguintes exemplos:

PARA (forma do verbo parar) e PARA (preposição) ambos sem acento:

Exemplos:

Ele não PARA quieto PARA eu assistir ao filme.

O mesmo vale para os compostos PARA-CHOQUE; PARA-LAMAS; PARA-BRISA, mas a palavra PARAQUEDAS foi aglutinada (juntada).

IMPORTANTE

O acento permanece em palavras OXÍTONAS com esses mesmos ditongos, como em HERÓI.

IMPORTANTE

Observe que o verbo TER e VIR (e seus compostos) no plural continuam acentuados. Assim, ele tem – eles TÊM (apenas um E com acento). Ela vem – elas VÊM.

O Acordo ortográfico é um documento longo, que deve estar sempre à mão dos alunos e profissionais que precisam redigir e que queiram fazê-lo acertadamente.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

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PELO (forma do verbo pelar), PELO (cabelo) e PELO (contração da preposição por + artigo o):

Exemplo:

Eu me PELO de medo de aranha porque elas têm um PELO preto PELO corpo que me deixa muito assustada.

Exemplos:

Ela vai PÔR a capa de chuva para ir POR este caminho.

Em sua infância, Mariana não PÔDE (pretérito perfeito – som fechado) contar com seus pais, mas hoje ela PODE (presente – som aberto) contar comigo.

O trema é eliminado das palavras comuns, mesmo que o “U” seja pronunciado. Antes escrevia-se FREQÜÊNCIA; AGÜENTA; LINGÜIÇA; SAGÜI. Com o novo acordo, essas palavras ficaram assim: FREQUÊNCIA; AGUENTA; LINGUIÇA, SAGUI. Nomes próprios continuam usando o trema MÜLLER; GRÜMM; etc.

Todas as palavras PROPAROXÍTONAS (antepenúltima sílaba tônica) continuam acentuadas – TÔNICO; MÉDICO; MÁGICO; ANTROPÓFAGO; etc.

3. Hífen

O hífen é a grande dificuldade do Acordo Ortográfico porque, de modo geral, as regras só são claras para aqueles que conhecem bem a estrutura da Língua Portuguesa. Por isso, sempre que surgirem dúvidas, consulte o texto integral do Acordo, para não escrever errado. Vamos ver os casos mais comuns:

Permanceohífen

3.a. Quando aparecer palavra composta e o primeiro elemento for um substantivo, adjetivo, verbo, advérbio ou numeral:

SÓCIO-ECONÔMICO (substantivo- adjetivo)

CIRURGIÃO-DENTISTA (substantivo – substantivo)

GUARDA-CHUVA (verbo – substantivo)

MAL-ESTAR (advérbio – verbo)

PRIMEIRO-MINISTRO (numeral – substantivo)

IMPORTANTE

Ainda continua o acento diferencial entre a preposição POR e o verbo PÔR no infinitivo e no pretérito perfeito

O hífen é a grande dificuldade do Acordo Ortográfico porque, de modo geral, as regras só são claras para aqueles que conhecem bem a estrutura da Língua Portuguesa.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

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4. Hífen com prefixos

4.a. Usa-se hífen com os prefixos PRÉ; EX; SEM; PÓS; RECÉM; BEM

Exemplos: ex-diretor; pré-escola; vice-presidente; sem-teto; pós-graduação; recém-nascido; bem-vindo.

4.b. Usa-se hífen se depois dos prefixos ANTI, SUPER, EXTRA, INTER, SOBRE, SUB, INFRA, ULTRA, CONTRA, MICRO, AUTO se o segundo elemento começar com H ou com a mesma vogal com que o prefixo termina:

Anti-higiênico

Super-homem

Anti-inflamatório

Micro-ondas

Contra-atacar

4.d. Usa-se hífen com o prefixo MAL quando o segundo elemento começar por L ou por VOGAL;

Exemplos: mal-agradecido; mal-limpo; mal-educado.

5. Não se deve usar hÍfen

5.a. Com as expressões compostas por três elementos: dia a dia; mão de obra; Bumba meu boi; não me toques; tomara que caia; etc.

Exceções – pé-de-meia; água-de-colônia; cor-de-rosa; ao-deus-dará.

5.b. Quando o prefixo termina por vogal e o segundo elemento começa com R ou S. Neste caso, deve-se dobrar a consoante:

Exemplos: Ultrarromântico; minissaia; ultrarresistente; antirrugas; semirreta, etc.

5.c. Quando o prefixo termina com vogal diferente da vogal que inicia o segundo elemento.

Exemplos:Antiaéreo; intrauterino; autoescola; coautor; infraestrutura, etc.

5.d. Com o prefixo SUB quando o segundo elemento começar com consoante – Exemplos: subtotal; subtropical; subcutâneo.

O ditado é um instrumento que serve bem como uma forma de avaliação. Esporadicamente nas séries iniciais, durante o aprendizado do sistema ortográfico, ele pode funcionar como um mapa de possíveis dificuldades que a classe apresente em relação a um grupo de palavras que tenham sido objeto de estudo.

SaibaMais

IMPORTANTE

Sub-humano ou SUBUMANO são ambas legitimadas pelo Acordo. As duas formas são corretas.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

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Conheça uma lista enorme com as expressões com ou sem hífen que mais causam dúvidas em: http://educacao.uol.com.br/portugues/reforma-ortografica/2009/01/30/minivocabulario.jhtm

Conheça na íntegra o acordo ortográfico de 2009, acessando o link: http://www.portaldalinguaportuguesa.org/acordo.php?action=acordo&version=1990

Comentários sobre as novas normas ortográficas impostas pelo Acordo de 2009 podem ser verificadas em http://www.infopedia.pt/$acordo-ortografico

Um Histórico bastante completo a respeito dos vários acordos assinados entre os países falantes de Português pode ser visto em http://www.portaldalinguaportuguesa.org/acordo.php

No excelente vídeo a seguir, você terá uma visão de países que falam português. O nome do documentário é LINGUA – VIDAS EM PORTUGUÊS. Link: https://www.youtube.com/watch?v=sTVgNi8FFFM

No vídeo a seguir, há dicas sobre a nova ortografia para aqueles que pretendem prestar concurso público. A autora – Sônia Rezende, traz uma síntese das normas do Acordo - https://www.youtube.com/watch?v=GgdFC6rHjqA

No vídeo a seguir, o professor Sérgio Nogueira explica o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa - https://www.youtube.com/watch?v=VX4xpxGSHmA

Neste vídeo, há uma explicação a respeito das mudanças trazidas pelo novo acordo. Embora tenha sido produzido em 2013, suas informações são ainda relevantes. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=ZSutqgR03fs&index=2&list=PLA9A36553BF3025CC

Neste tema você aprendeu, brevemente, sobre os Acordos Ortográficos que já existiram para tentar unificar a forma escrita da Língua Portuguesa, bem como conheceu o Acordo mais recente, assinado em 2008 e que entrou em vigor em 2009.

Você deve ter percebido que a intenção do acordo é simplificar o idioma, retirando excessos de acentuação, muitas vezes desnecessária. É importante compreender que as dificuldades que sentimos ocorrem devido à nossa adaptação, mas que, pouco a pouco e utilizando com frequência as novas regras, elas serão incorporadas e facilitarão a redação.

VídeosImportantes

LinksImportantes

Finalizando

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

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AglutinarJuntar.

FilólogoEstudioso de um determinado idioma a partir de suas fontes históricas escritas.

HomógrafasPalavras que se escrevem de forma igual, mas que têm pronúncia e sentido diferentes. Exemplo – cor/cor – A cor de sua blusa é linda. Eu sei este poema de cor.

LegitimarConsiderar legítimo, legal, correto.

LinguistaEstudioso científico de idiomas que analisa a linguagem a partir da comparação com outros idiomas.

OxítonasPalavras que têm a última sílaba tônica – caFÉ, profesSOR; Itajubá; pó.

ParoxítonasPalavras que têm a penúltima sílaba tônica – amoROso; CAsa; FrequenteMENte.

ProparoxítonasPalavras que têm a antepenúltima sílaba tônica – MÉdico; ParalelePÍpedo; aTÔmico;

PrefixosSão morfemas que colocamos ANTES de outro elioemento para modificar-lhe o sentido. São, normalmente, de origem latina e têm ainda o significado que tinham naquele idioma: PRÉ (antes); PÓS (depois); ANTI (contrário); ULTRA (excesso); SUPER (superior); ULTRA (além), etc.

VernáculoPalavra usada para designar o idioma de um local. É o idioma puro, utilizado tanto no falar, como no escrever; sem utilizar palavras de idiomas estrangeiros.

Glossário

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

Nesta aula, você conhecerá :

•Aformaderepresentarasexpressõesdalínguafaladanamodalidadeescrita,utilizandosinaisdepontuação.

•A importância da utilização dos sinais de pontuação naescrita,paraaproduçãodeumtextomaiseficienteecorreto.

•Asprincipaisdiferençasentreossinaisdepontuaçãoesuacorretautilizaçãonotexto.

Ao final, você deverá ser capaz de responder às seguintes questões:

•Por que precisamos utilizar corretamente os sinais depontuação?

•Quandoecomoutilizardeterminadosinaldepontuação?

•Quaisasprincipaiscaracterísticaseutilidadedecadaumdossinaisdepontuação?

ALGUNS PONTOS A CONSIDERAR:

Quando conversamos com alguém, utilizamos, além das palavras, muitas expressões faciais, gestos, inflexões de voz e pausas que levam nosso interlocutor (a pessoa com quem falamos) a saber se estamos bravos, alegres, emocionados, se estamos fazendo uma pergunta e as demais emoções que são passadas em nossa conversa. Porém, quando escrevemos, não temos esses mesmos recursos. Na linguagem virtual, essas expressões foram substituídas pelos “emoticons” que são carinhas ou desenhos que demonstram nossos sentimentos. Assim, você já deve ter concluído que, para substituir todas essas expressões em um texto escrito é que devemos utilizar corretamente os SINAIS DE PONTUAÇÃO.

Dependendo do ponto que usarmos, uma frase pode mudar totalmente de sentido.

ConteúdoseHabilidades

TEMA 2: SinaisdePontuação

LeituraObrigatória

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

Veja o exemplo abaixo e perceba como os sinais de pontuação podem mudar o sentido da mensagem:

Com esta simples brincadeira, bastante conhecida nos meios acadêmicos, já se percebe a importância dos sinais de pontuação. Vamos rever (porque tenho certeza que a maioria de vocês já os conhece) os principais SINAIS DE PONTUAÇÃO e sua utilidade.

1. Ponto final (.)

1.a. Como o próprio nome diz, é o ponto que se usa quando se termina uma ideia, um pensamento, uma frase declarativa (afirmando-se alguma coisa) ou imperativa (quando se pede/manda alguma coisa).

Se você reler nosso conteúdo, vai verificar que quando completamos um pensamento, lá está o PONTO FINAL. Ele corresponderia, na fala, a uma pausa, uma parada grande entre um assunto e outro. Toda vez que se usa um ponto final, a próxima palavra deve ser escrita com letra inicial maiúscula, porque pertence a um novo período – um novo pensamento, uma nova ideia.

Um homem morreu e deixou o seguinte testamento à família:

“Deixo meus bens à minha irmã não a meu cunhado jamais pagarei a conta do dentista nunca aos pobres”.

Como você viu, não havia sinais de pontuação. Assim, a irmã pontuou da seguinte maneira:

“Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu cunhado, jamais pagarei a conta do dentista, nunca aos pobres”.

O cunhado, por sua vez, alterou o sentido mudando os sinais de pontuação. Assim:

“Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu cunhado!Jamais pagarei a conta do dentista; nunca aos pobres”.

O dentista, porém, dizendo conhecer bem o seu cliente, pontuou o texto da seguinte maneira:

“Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu cunhado?Jamais! Pagarei a conta do dentista! Nunca aos pobres”.

E, por último, quem ficou com a herança foram os pobres, que o pontuaram da seguinte maneira:

“Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu cunhado?Jamais! Pagarei a conta do dentista? Nunca! Aos pobres!”

A linguagem corporal surgiu bastante antes da linguagem verbal, e ainda hoje representa uma das mais importantes formas de comunicação do ser humano. Especialistas afirmam que aproximadamente 93% de toda a comunicação humana é não verbal. 55% da comunicação é feita sem a utilização de palavras, ou seja, está relacionada com posturas, expressões faciais e gestos. A sonoridade e vocalização (tom de voz, ritmo e velocidade de fala) também são importantes e correspondem a 38% das mensagens transmitidas.

Fonte: http://www.significados.com.br/linguagem-corporal/

SaibaMais

Usa-se o ponto quando se termina uma ideia

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

Exemplos:

Os alunos tiveram pouca dificuldade em entender o conteúdo. (frase declarativa)

Pegue seu material e saia da sala. (frase imperativa).

1.b.Também usamos o ponto final em abreviaturas:

Senhor = Sr.

Observação = obs.

Matemática= mat.

2. Ponto de Interrogação (?)

2.a. Quando aparece no final de uma oração, indica um questionamento, uma interrogação, ou seja, uma pergunta direta:

Exemplos:

Quanto você pagou pelo seu carro?Quer ir comigo ao shopping?

2.b. Serve também para indicar surpresa ou indignação:

Exemplos:

Como? Não posso concordar com sua forma de agir.Será que mereço tudo isso?

3. Ponto de Exclamação (!)

3.a. A palavra EXCLAMAR significa exprimir palavras que denotam surpresa, admiração, brado, grito. Assim, como o próprio nome diz, esse sinal indica admiração, entusiasmo, surpresa e até mesmo horror, nojo ou espanto. Veja nos exemplos:

Que maravilhosa festa! (admiração)

Estou empolgadíssima com meu novo emprego! (entusiasmo)

Vejam! Foi ela quem ganhou o concurso de miss! (admiração e surpresa)

Que horror! (horror)

Que nojento! (aversão)

A palavra exclamar significa exprimir palavras que denotam surpresa, admiração, brado, grito.

“Sinais de pontuação?São marcas de nascença!”

Vladímir Maiakóvski

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

3.b.Depois de algumas interjeições (Ui! Ai! Nossa! Puxa! Beleza!) e nas frases que indicam desejo:

Ai! Que susto.

Tomara que você fique logo curado!

4. Vírgula (,)

Corresponderia a uma pequena pausa na fala. Depois dela, o período continua com letra minúscula. É o sinal de pontuação que tem mais usos. Vejamos alguns deles:

4.a. A vírgula serve para separar termos de uma enumeração.

Exemplo:

Eu sei bordar, costurar, tricotar, desenhar e fazer trabalhos manuais. Note que as vírgulas separam os verbos (bordar, costurar, tricotar, desenhar) que aparecem na oração.

Há vagas para costureiras, pedreiros, padeiros, balconistas e motoristas.

IMPORTANTE

Se, numa mesma frase se deseja dar um tom de pergunta e admiração ao mesmo tempo, é permitido o uso dos dois pontos: de interrogação e de exclamação.

Exemplos:

Você tem certeza do que disse?!

Então meu nome consta entre os aprovados do concurso?!

Dependendodogênero(principalmenteemhistóriasemquadrinhosou na linguagem escrita informal) é permitido usar vários pontosdeinterrogaçãooudeexclamaçãorepetidosparadarmaisênfaseàperguntaouexclamação.

Exemplos:

Não acredito!!!!

Você vai mesmo vir à minha festa???

Porém, nos textos acadêmicos, reportagens ou redações técnicasessa prática não é consideradade bom tom, pois denota exagerodesnecessário.

Dependendo do gênero (principalmente em histórias em quadrinhos ou na linguagem escrita informal) é permitido usar vários pontos de interrogação ou de exclamação repetidos para dar mais ênfase à pergunta ou exclamação.

Vocativo é um termo que não possui relação sintática com outro termo da oração. Não pertence, portanto, nem ao sujeito nem ao predicado. É o termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético. Por seu caráter, geralmente se relaciona à segunda pessoa do discurso.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

4.b. Separar o aposto do resto da frase. Aposto, é uma palavra ou expressão que serve para explicar ou esclarecer o termo anterior. Observe os apostos destacados nas frases abaixo:

Machado de Assis, o escritor de “Dom Casmurro”, é considerado um dos melhores escritores do Brasil. (O aposto esclarece quem é Machado de Assis).

Meus amigos, Paulo e Natália, se casaram ontem. (O aposto esclarece quem são os meus amigos que se casaram.)

4.c. Separar o vocativo do resto da frase. Vocativo é um chamamento, uma “evocação”.

Exemplo:

João, venha aqui imediatamente!

Minha cara, isso não vai ficar assim!

4.d. Separar o nome dos locais das datas.

Exemplo:

Americana, 15 de janeiro de 2015.

4.e. Marcar a omissão de um termo na oração:

Exemplo:

Eu prefiro amarelo e ela, vermelho.(omissão do verbo “preferir”)

Minha filha vai à escola pela manhã e meu filho, à tarde.(omissão da expressão “vai à escola”).

4.f.Separar conjunções intercaladas:

Exemplo:

Todos os funcionários da empresa foram convidados para a confraternização de final de ano. Não havia, porém, nem metade deles na festa.

As reticências e o ponto de exclamação, sinais gráficos subjetivos de grande poder de sugestão e ricos em matizes melódicos, são ótimos auxiliares da linguagem afetiva e poética. Seu uso, porém, é antes arbitrário, pois depende do estado emotivo do escritor

SaibaMais

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

5. Ponto e vírgula (;)

5.a. Serve para separar itens de uma enumeração, por exemplo:

Analisaremos, neste semestre:

- O Acordo ortográfico de 2009;

- Os sinais de pontuação;

- O resumo e a resenha;

- Os elementos da comunicação.

5.b.Para separar partes do texto que já estão separados com vírgulas:

A cada novo aprendizado o homem evolui, cresce, amadurece; instrumentaliza-se para o mercado profissional.

IMPORTANTE

NÃO se separam por vírgulas

• O sujeito de uma oração e seu predicado.Exemplo:Todos os alunos foram bem na avaliação. O sujeito desta oração é “Todos os alunos” e NUNCA poderia vir uma vírgula depois dele porque o predicado “foram bem na avaliação” o complementa.

• As conjunções E, OU, NEM dispensam o uso da vírgula.Exemplos:Conversamos sobre música, futebol, cinema E teatro.

Ao meu casamento não vieram meus pais NEM meu avô.

Ainda não sei se passarei as festas de final de ano em casa OU na praia.

EXCEÇÕES

• Se essas conjunções vierem repetidas para enfatizar uma ideia, devem vir separadas por vírgula:

Posso ir de carro, OU de ônibus, OU de trem, OU mesmo a pé.

Ainda não comprei presentes, NEM roupas, NEM bebidas.

• Se a conjunção “e” denotar adversidade, podendo ser substituída por MAS, poderá aparecer a vírgula: “Estudou demasiadamente, E mesmo assim não conseguiu aprovação”.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

6. Dois pontos (:)

Este sinal de pontuação deve ser usado nos seguintes casos:

6.a. Quando se quer indicar uma enumeração. Exemplo:

Eu preciso que me traga o seguinte: carnes, verduras, legumes e frutas.

6.b. Quando vai ser introduzida a fala em discurso direto.

Exemplo:

Então, a menina, chorando nos braços de sua mãe, disse:- Por que temos que passar por tudo isso?

7. Aspas (“ “)

Este sinal de pontuação existe em duas modalidades: as aspas duplas “” e as aspas simples ‘’. Servem para indicar a citação de alguém, sendo que o segundo tipo só deve aparecer quando já se utilizou as aspas duplas.

Exemplo:

“Preciso que todos leiam ‘O alienista’ e também ‘O crime do padre Amaro’para o próximo semestre” disse a professora.

7.a. Para se destacar nomes de livros, de filmes ou de alguma expressão estrangeira.

Exemplo:

Você viu? A propaganda de “O hobbit” já está em todos os “outdoors” da cidade!

8. Reticências (...)

São representadas por três pontos (não mais que isso!) e servem para:

8.1. Indicar a suspensão de uma ideia:

O vi chorando, mas depois disso... (há a suspensão do pensamento. Se fosse na fala, o ouvinte veria uma expressão de “não sei de mais nada” no rosto do falante).

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

8.2. indicar que uma parte do texto copiado foi suprimido (retirado). Nesse caso, as reticências devem vir entre parênteses:

Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?

Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes,

Embuçado nos céus?

Há dois mil anos te mandei meu grito

Que embalde desde então corre o infinito...

(suspensão do pensamento)

Onde estás, Senhor meu Deus?

(...)

(Aqui as reticências entre parênteses indicam que o poema continua e que o restante do texto não foi copiado.)

9. Travessão (–)

9.a.A principal função do travessão é indicar um diálogo, indicar que mudou o interlocutor, a pessoa que fala:

– Desde quando você está aqui? (interlocutor 1)

– Desde ontem à noite! (interlocutor 2)

– E veio sozinha? (interlocutor 1)

– Sim. Amanda não pôde me acompanhar desta vez. (interlocutor 2).

9.b. Serve para destacar uma palavra, uma frase ou um período da oração.

Exemplos:

O professor desta disciplina – minha grande amiga Dolores – formou-se em Harward.

Preciso – urgentemente – de uma nova empregada!

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

Nos links sugeridos a seguir, você encontrará explicações sobre os sinais de pontuação e exemplos de como usá-los adequadamente:

http://www.brasilescola.com/gramatica/sinais-pontuacao.htm

http://www.portugues.com.br/gramatica/particularidades-alguns-sinais-pontuacao.html

Leia, abaixo, o curioso texto escrito pelo professor João Anzanello Carrascoza e publicado na Revista Nova Escola, nº 165 de setembro de 2003.

LinksImportantes

PontosdeVista

Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português quando estourou a discussão.

— Esta história já começou com um erro — disse a Vírgula.— Ora, por quê? — perguntou o Ponto de Interrogação.— Deveriam me colocar antes da palavra “quando” — respondeu a Vírgula.— Concordo! — disse o Ponto de Exclamação. — O certo seria:“Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português, quando estourou a discussão”.— Viram como eu sou importante? — disse a Vírgula.— E eu também — comentou o Travessão. — Eu logo apareci para o leitor saber que você estava falando.— E nós? — protestaram as Aspas. — Somos tão importantes quanto vocês. Tanto que, para chamar a atenção, já nos puseram duas vezes neste diálogo.— O mesmo digo eu — comentou o Dois-Pontos. — Apareço sempre antes das Aspas e do Travessão.— Estamos todos a serviço da boa escrita! — disse o Ponto de Exclamação. — Nossa missão é dar clareza aos textos. Se não nos colocarem corretamente, vira uma confusão como agora!— Às vezes podemos alterar todo o sentido de uma frase — disseram as Reticências. — Ou dar margem para outras interpretações...— É verdade — disse o Ponto. — Uma pontuação errada muda tudo.— Se eu aparecer depois da frase “a guerra começou” — disse o Ponto de Interrogação — é apenas uma pergunta, certo?— Mas se eu aparecer no seu lugar — disse o Ponto de Exclamação — é uma certeza: “A guerra começou!”— Olha nós aí de novo — disseram as Aspas.— Pois eu estou presente desde o comecinho — disse o Travessão.— Tem hora em que, para evitar conflitos, não basta um Ponto, nem uma Vírgula, é preciso os dois; disse o Ponto e Vírgula. — E aí entro eu.— O melhor mesmo é nos chamarem para trazer paz — disse a Vírgula.— Então, que nos usem direito! — disse o Ponto Final. E pôs fim à discussão.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 1

InterlocutorAlguém com quem se fala.

ÊnfaseDestaque

AcadêmicoRelativo à Academia, ou seja, à vida universitária.

SuprimirRetirar, ocultar.

Glossário

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

Nesta aula, você conhecerá :

•Oqueéumtexto.

•Asmodalidadesdetextosexistentes–textosverbaisenãoverbais–esuasprincipaiscaracterísticas.

•Asprincipaisdiferençasentreler,compreendereinterpretartextos, bem como formas para dominar melhor essashabilidades.

Ao final, você deverá ser capaz de responder às seguintes questões:

•Oqueéumtexto?

•Quaisasdiferençasentreumtextoverbaleumtextonão-verbal?

•Quais as diferenças entre ler, compreender e interpretartextos?

•Qualaimportânciadesecompreendereinterpretartextosadequadamente?

Para iniciarmos nosso estudo sobre TEXTOS, temos que – primeiro - definir o que seja um texto. Há pessoas que pensam o texto é um conjunto de frases para ser lido num pedaço de papel ou na tela de um computador. Isso é o conhecimento do senso-comum, ou seja, conhecimento que se adquire por se ouvir falar, por imaginar que seja assim.

Cientificamente, porém, a definição de TEXTO vai muito mais além, como você verá a seguir.

ConteúdoseHabilidades

UNIDADE 2

TEMA3:OTexto-Leitura,CompreensãoeInterpretação

LeituraObrigatória

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

Imagine que você esteja lendo um livro e, no meio de uma frase aparece a palavra “FOGO”. Você, certamente, não lhe dará mais importância do que dá às demais palavras escritas na obra. Porém, se você estiver em um shopping ou em uma escola e alguém gritar “FOGO” o sentido será completo, totalmente diferente do anterior, e você saberá que corre risco porque provavelmente um incêndio está em andamento, não é? Nesse caso, a palavra FOGO é um texto verbal – formado por palavras faladas, com sentido completo.

A cor vermelha, por exemplo, não tem sentido nenhum em determinados objetos, mas no semáforo ela faz todo sentido, porque indica que os veículos devem parar. Ou seja, é um símbolo com sentido completo – um texto não-verbal, não formado de palavras.

E, não menos importante, há os textos verbais escritos, que são unidades formadas por palavras, frases, períodos que transmitem uma ideia a um leitor.

Portanto, um conceito aceitável para texto seria que:

Veja os exemplos abaixo:

1º- os textos verbais não são apenas escritos, eles também podem ser orais;

2º - os textos não são simples amontoados de palavras ou frases, ou seja, eles precisam fazer sentido.

SaibaMais

“BagagemEducacional”Fonte:Freepik.com

OS TEXTOS SÃO UNIDADES COM SENTIDO COMPLETO E PODEM SER:

1.VERBAIS-USAMPALAVRASNASUAFORMAESCRITAOUFALADA.

2. NÃO-VERBAIS - LINGUAGEM VISUAL, SONORA OUCORPORAL.

3. MISTOS – USAM PALAVRAS E IMAGENS, AO MESMOTEMPO.

Fonte: https://paradesenhar.files.wordpress.com/2014/07/falta-de-agua.jpg

Textos não verbais: são textos que utilizam outros meios, com exceção da linguagem para transmitir uma ideia, conceito, ou seja, uma mensagem.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

Acertou se você concluiu que este é um texto não-verbal. Tem um assunto – a falta de água que assola o Estado de São Paulo – e transmite várias mensagens, tais como: mais vale a água que o dinheiro; a água atualmente está tão em falta que precisa ser guardada no cofre; a falta d’água não pode ser diminuída com dinheiro; não adianta ter dinheiro se não tiver água, etc. Todas essas reflexões nos vêm à mente sem que o texto contenha nenhuma palavra. Portanto, é um TEXTO NÃO VERBAL.

Veja agora este outro exemplo:

É um TEXTO MISTO porque é formado por palavras e por imagens. Só as palavras não dariam o sentido total da mensagem, assim como apenas a imagem deixaria que a ironia e a consequente graça da charge deixassem de existir. O discurso das duas donas de casa não condiz com suas ações. Portanto, para que a mensagem seja completa, são necessárias a IMAGEM e também AS PALAVRAS.

Portanto, é um TEXTO MISTO.

Vamos observar, agora, a letra de uma canção composta em 1984, pela dupla pernambucana Walter de Afogados e Fernando Alvez e que fez muito sucesso no início do século XXI chamada “Morango do Nordeste”.

Fonte: Disponívelemhttp://misturando11.blogspot.com.br/2013/05/preservacao-da-agua.html

Um texto Misto é formado por palavras e por imagens.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

Vamos tentar entender as palavras, seu contexto e seu sentido: o que será que os autores quiseram dizer com “seus olhos que fascinam, logo estremeceu” ? Quem estremeceu? Ela estremeceu? Ou ele quando a viu? Ou os olhos dela estremeceram? Estranho, não é?

E estes outros versos “apesar de colher as batatas da terra/com essa mulher eu vou até pra guerra”? Quem colhe as batatas da terra? O que elas têm a ver com a guerra? Por que “apesar de colher” ele ainda vai pra guerra?

Percebeu? Apesar de haver uma sucessão de palavras, elas não formam uma unidade com sentido. Portanto, o Morango do Nordeste é uma canção composta por palavras da Língua Portuguesa, mas NÃO É UM TEXTO.

Vejamos, para terminar esta introdução, um pequeno poema de Mário Quintana, escritor e poeta gaúcho que viveu entre 1906 e 1994, chamado “Relógio”

Estava tão tristonho quando ela apareceuSeus olhos, que fascinam, logo estremeceuOs meus amigos falam que eu sou demaismas é somente ela que me satisfazÉ somente ela que me satisfazé somente ela que me satisfazVocê só colheu o que você plantouPor isso é que eles falam que eu sou sonhadorMe digo o que ela significa pra mimse ela é um morango aqui no nordesteTu sabes, não existe sou cabra da pesteapesar de colher as batatas da terracom essa mulher eu vou até pra guerraAiii, é amoooorAi ai ai é amor (é amooor...)

Fonte: Disponível em http://www.vagalume.com.br/frank-aguiar/morango-do-nordeste.html#ixzz3LKgFlKrN

O texto poético é, portanto aquele que apela a diversos recursos estilísticos para transmitir emoções e sentimentos, respeitando os critérios de estilo do autor. Nas suas origens, os textos poéticos tinham um caráter ritual e comunitário, embora tenham aparecido outras temáticas ao longo dos anos. Os primeiros textos poéticos, por sua vez, foram criados para serem cantados.

Fonte:h t t p : / / c o n c e i t o . d e / t e x t o -poetico#ixzz3P0EnlAqy.

SaibaMais

O mais feroz dos animais domésticosÉ o relógio de parede:Conheço um que já devorouTrês gerações da minha família.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

Note o modo poético como o autor do poema se refere à passagem do tempo, dando ao relógio de parede a “culpa” pela morte de três gerações de sua família. Na verdade, o relógio pertence à família desde muito tempo; as pessoas morreram, o relógio ficou, como se fosse um animal a devorar as pessoas daquela família. Modo muito interessante e lindo de dizer que o tempo nos leva, nos devora a todos, não é? Este É UM TEXTO poético, pleno de significados.

Uma vez definido o que é e o que não é texto, vamos seguir nosso estudo, focando nosso olhar para os TEXTOS VERBAIS ESCRITOS, já que a Língua Portuguesa é o objeto principal de nossas aulas.

LER, COMPREENDER E INTERPRETAR

Você já parou e pensou por que será que alguns leitores conseguem compreender e interpretar um texto e outros não?

Um dos principais problemas de muitos alunos dos cursos de graduação com relação à produção de textos, é que existe uma enorme dificuldade em escrever, em “passar para o papel” aquilo que se pensa ou aquilo que foi lido.

Isso pode gerar muitos problemas, uma vez que, ao não compreender o que se leu ou não conseguir transmitir suas ideias por escrito, o aluno terá seu desempenho nas provas e concursos comprometido, mesmo que ele saiba o conteúdo.

Isso se dá porque o leitor não COMPREENDEU e nem INTERPRETOU o texto lido. Mas, quais seriam as diferenças entre a COMPREENSÃO e a INTERPRETAÇÃO de um texto?

A COMPREENSÃO: diz respeito ao entendimento das palavras e das finalidades que se tem ao ler o texto.

A INTERPRETAÇÃO: é um mergulho no texto, buscando seu sentido oculto, sua mensagem contida nas entrelinhas. Note que esse processo só será possível se compreendermos bem todas as palavras e elementos do texto, por isso SEM COMPREENSÃO NÃO HÁ INTERPRETAÇÃO.

Segundo Ezequiel Teodoro da Silva, um estudioso sobre a produção de textos, “uma compreensão crítica do ato de ler leva à ‘tradução’ dos significados das palavras e ao desvendamento do que se oculta ‘por trás’ delas”.

Ou seja, para COMPREENDER e INTERPRETAR um texto, temos que fazer umas ligações mentais, não racionalizadas, mas que nosso cérebro realiza de modo a compreendermos (ou não) a mensagem que o texto nos transmite.

Um dos principais problemas de muitos alunos dos cursos de graduação com relação à produção de textos, é que existe uma enorme dificuldade em escrever, em “passar para o papel” aquilo que se pensa ou aquilo que foi lido.

Para compreender e interpretar um texto é necessário fazer ligações mentais, não racionalizadas, mas que nosso cérebro realiza de modo a compreendermos (ou não) a mensagem que o texto nos transmite..

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

Para que a leitura seja compreensível e o texto faça sentido para, a partir daí, ser expressa por palavras no papel, há que se considerar algumas variáveis que ajudam ou dificultam a compreensão e interpretação de um texto:

Doladodoleitor:

• A produção do sentido é histórica e depende do conjunto de conhecimentos que o leitor traz consigo, que ele foi juntando ao longo de sua vida, ou seja, seu repertório prévio de conhecimentos organizado sistematicamente. Cada leitor tem sua visão de mundo formada pelo que viveu, pelos livros que já leu, pelas histórias que ouviu. Um leitor, ao interagir com um texto, além de trazer todos os seus saberes traz suas próprias experiências de vida, que somados vão constituir seu modo particular de ver, interpretar e compreender não apenas um texto, mas também os demais que existem no mundo ao seu redor. Assim, quanto maior e mais variado for o repertório do leitor, maior será a possibilidade de compreensão significativa e de interpretação mais aprofundada de um texto. Por isso, para uma boa compreensão e interpretação de textos, o leitor deve tentar sempre aumentar seu repertório, através da leitura de textos de gêneros diversos, de áreas do conhecimento variadas, de modo a promover uma ampliação de suas experiências de leitura. Ser um leitor apenas de livros de autoajuda ou de quadrinhos, por exemplo, dará conhecimento apenas dos assuntos abordados dentro desse tipo de gênero textual.

• A própria história do leitor e as oportunidades que teve na infância podem ajudar ou dificultar seu entendimento de textos. Crianças que foram habituadas, desde a primeira infância, a conviver e manusear livros, terão na idade adulta mais proximidade com a leitura. Isso não significa, absolutamente, que todos os que tiveram contato serão bons leitores e os que não tiveram estão fadados ao fracasso! Podemos mudar nossa história e há inúmeros casos de intelectuais que foram alfabetizados mais tarde, mas, a partir daí, buscaram sempre ler, aumentando seu repertório e compensando um período no qual poderiam ter sido motivados a ler e não foram.

• É um engano achar que o texto apresenta a ideia principal localizada num ponto geograficamente delimitado (no primeiro parágrafo ou na conclusão, por exemplo); muitas vezes, o assunto principal é a somatória das ideias secundárias, que se encontram distribuídas por todo o texto.

Um leitor, ao interagir com um texto, além de trazer todos os seus saberes traz suas próprias experiências de vida, que somados vão constituir seu modo particular de ver, interpretar e compreender não apenas um texto, mas também os demais que existem no mundo ao seu redor.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

Doladodotexto:

• O texto se organiza a partir de uma relação conteúdo/forma: ele é formado pelo léxico (palavras, gestos ou imagens) e pela sintaxe (as normas gramaticais de cada idioma).

• O texto remete a um contexto (quem o escreveu, quando, onde, com que finalidade, etc.), que vai afetar a produção do sentido. A leitura produz significado sempre dentro de um contexto, a partir de pressupostos (coisas que já sabemos sem o texto dizer), ideias implícitas (ocultas no texto), além da intertextualidade (relação que o texto tem com outros textos). Veremos esses elementos detalhadamente na próxima aula.

Portanto, a compreensão e interpretação de um texto são ações relacionadas a um número quase infinito de variáveis, tanto da parte do leitor quanto do texto que ele deseja decifrar.

Quando o leitor vai ler um texto, sempre tem um propósito, um objetivo; pode-se dizer que ele tem um projeto, visto aqui como uma finalidade que se desejar atingir.

Tal objetivo ou finalidade determina o modo como o leitor vai se relacionar com o texto; assim, ao pegar uma revista de celebridades para ler no consultório do médico ou dentista enquanto espera ser chamado, o objetivo é apenas passar o tempo. No caso da leitura que se faz antes de uma prova, não é isso que se vê: como se trata de uma leitura de estudo, cujo objetivo é se preparar apreendendo informações sobre a matéria, quase sempre ela é acompanhada de procedimentos que ajudam a compreender a leitura, como grifar informações importantes, fazer resumos e outros processos que ajudem a fixação do aprendizado sobre o que foi lido.

Quer aprender mais sobre o assunto? Então:

Acesse o link http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/texto-voce-sabe-qual-o-conceito.htm que contém um interessante texto sobre o tema que estamos estudando hoje.

No link abaixo há um interessante artigo sobre textos verbais e não verbais: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/texto-voce-sabe-qual-o-conceito.htm

Crianças que foram habituadas, desde a primeira infância, a conviver e manusear livros, terão na idade adulta mais proximidade com a leitura.

A compreensão e interpretação de um texto são ações relacionadas a um número quase infinito de variáveis, tanto da parte do leitor quanto do texto que ele deseja decifrar.

LinksImportantes

Quando o leitor vai ler um texto, sempre tem um propósito, um objetivo; pode-se dizer que ele tem um projeto, visto aqui como uma finalidade que se desejar atingir.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

Neste vídeo preparatório para o ENEM há ótimas explicações sobre a modalidade não-verbal dos textos. Link: https://www.youtube.com/watch?v=1W_L5-xZ1DE

Interessante vídeo sobre textos verbais e não-verbais: https://www.youtube.com/watch?v=EbKhjelBYOM

Neste tema você aprendeu, brevemente, o conceito sobre texto, as modalidades verbal e não-verbal de um texto, além de conhecer as principais diferenças entre COMPREENDER e INTERPRETAR, bem como as variáveis que se encontram no leitor e no próprio texto e que auxiliam ou dificultam sua compreensão.

PlenoCompleto.

EntrelinhasTermo que significa que há um sentido oculto por trás do que está dito.

DesvendamentoDesvendar é esclarecer, tornar claro

VídeosImportantes

Finalizando

Glossário

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

Nesta aula, você conhecerá :

•Oselementosquecontribuemparaaconstruçãodosentidodotexto.

•A importância da leitura de textos como ferramenta quepodeauxiliá-loemseusestudos.

•Asdiferençasentrepressuposto,implícitoeintertextualidade(paráfraseeparódia).

Ao final, você deverá ser capaz de responder às seguintes questões:

•Quaisoselementosquepodemauxiliarnaconstruçãodesentidodotexto?

•OqueéumPRESSUPOSTO?

•OqueéumELEMENTOIMPLÍCITOOUSUBENTENDIDO?

•OqueéINTERTEXTUALIDADE?

•OqueéumaPARÁFRASE?EumaPARÓDIA?

A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO – OS ELEMENTOS ENVOLVIDOS NA LEITURA, COMPREENSÃO, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DETEXTOS.

Apesar de existir apenas uma maneira de ler um texto, isto é, decodificando os sinais que o constituem, percebemos que os procedimentos de leitura adotados dependem do tipo de texto a ser lido. Ao ler, complementamos as informações do texto lido com outras, de que dispúnhamos anteriormente. Na maioria dos textos, o que não está escrito também deve ser levado em consideração para que ele possa ser verdadeiramente compreendido: esse “não está escrito” é o contexto de produção.

ConteúdoseHabilidades

TEMA 4: AConstruçãodeSentido

LeituraObrigatória

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

Assim, o leitor é um caçador de indícios. Ele deve “procurar” no texto aquilo que as palavras querem transmitir; dentre os vários elementos que formam o contexto, analisaremos três, que são: pressuposto; implícito (ou subentendido) e intertextualidade.

Apesar dos nomes pomposos, você verá que eles são bem simples:

Por exemplo, se alguém pergunta: “Quando Mariana vai se mudar para os Estados Unidos?”. Pressupõe-se que o falante e o ouvinte SABEM que Mariana vai se mudar de país. O pressuposto, então, é o fato conhecido por ambos que Mariana está se preparando para sair do Brasil.

Vejamos mais um exemplo:

Na tirinha abaixo, no primeiro quadrinho, duas mulheres conversam enquanto tomam chá. A mulher vestida de preto diz: “O marido da Irma parou de beber”. No segundo quadrinho, a amiga pergunta: “Quando é o enterro?” ao que a primeira responde: “Amanhã”.

Pressuposto é circunstância ou fato considerado como antecedente de outro; é uma informação necessária para que um enunciado faça sentido. O pressuposto envolve dados do contexto. É um conhecimento que o autor de um texto ou o falante do idioma esperam que seu leitor ou interlocutor disponha, pois isso o capacita a compreender o que é dito (ou escrito) em determinado contexto.

Na maioria dos textos, o que não está escrito também deve ser levado em consideração para que ele possa ser verdadeiramente compreendido: esse “não está escrito” é o contexto de produção. Assim, o leitor é um caçador de indícios. Ele deve “procurar” no texto aquilo que as palavras querem transmitir; dentre os vários elementos que formam o contexto.

DickBrowne–Hagar,oHorrível

É um conhecimento que o autor de um texto ou o falante do idioma esperam que seu leitor ou interlocutor disponha, pois isso o capacita a compreender o que é dito (ou escrito) em determinado contexto.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

Analisando a tira, nosso pensamento faz o seguinte caminho: A primeira mulher dá a notícia que o marido de outra (Irma) parou de beber. A segunda mulher já tinha um “saber” prévio sobre o marido da Irma. A partir desse “saber prévio” - que é anterior à notícia – a mulher questiona sobre a data do enterro, levando os leitores a concluírem que ele só pararia de beber, morto. Confirmando seu pressuposto, a outra confirma o ocorrido: realmente o marido da Irma parou de beber porque morreu. A graça do quadrinho está no fato que o leitor não tinha o pressuposto e se admira com a situação porque, à primeira vista, parar de beber parecia uma boa notícia.

Há outros exemplos de pressuposto: A violência no Brasil tem características de guerra civil. Pressuposto: no Brasil há violência.

Ao lermos uma obra de ficção, pressupomos que tudo aquilo não é realidade. Ninguém precisa nos dizer “é de mentirinha”...

Nem sempre a leitura das entrelinhas depende de algo que foi pressuposto. Há casos em que temos de ir além do que foi dito, revelando aquilo que foi SUBENTENDIDO, ou sugerido pelo texto. Nesse caso, temos uma informação IMPLÍCITA.

Você acertou se concluiu que está IMPLÍCITO que a conta seria realmente alta, de modo que o cobrador voltou prevenido para uma reação negativa de Hagar. Por outro lado, o homem de roupa listrada, conhece Hagar, o acha violento e PRESSUPÔS uma reação negativa dele; por isso veio acompanhado.

Um terceiro elemento importante para compreendermos bem um texto é a INTERTEXTUALIDADE, ou seja, a relação que se estabelece entre dois textos, quando um deles faz referência a elementos existentes no outro. Esses elementos podem dizer respeito ao conteúdo, à forma, ou a ambos (forma e conteúdo). Veja o anúncio abaixo, de um amaciante de roupas da Bom Brill veiculado em várias mídias:

Implícito é algo que está envolvido naquele contexto, mas não é revelado, é deixado subentendido, sendo apenas sugerido. Veja a tirinha de Dick Browne - “Hagar, o Horrível” abaixo e tente entender o PRESSUPOSTO e o IMPLÍCITO ali presentes;

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

O slogan diz “Mon bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima”

A intertextualidade que se faz é com a Mona Lisa, uma pintura famosa no mundo todo, feita por Leonardo da Vinci em pleno Renascimento Italiano. Há o “aproveitamento” do quadro na criação da peça publicitária. Houve INTERTEXTUALIDADE.

Reconhecer o diálogo que um texto estabelece com outro demonstra uma excelente capacidade de leitura, propiciando uma compreensão correta do conteúdo do que se lê e, portanto, possibilitando uma interpretação mais aprofundada. Observe os trechos que seguem:

I. Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.

(DIAS, Gonçalves. Canção do exílio)

O estabelecimento de relações de intertextualidade depende fundamentalmente do repertório de leitura e do conhecimento de mundo acumulados pelo leitor; por isso é necessário ler muito, para compreender a intertextualidade presente em quase todos os textos.

A intertextualidade pode apresentar funções diferentes, as quais dependem muito dos textos/contextos em que ela é inserida, ou seja, dependendo da situação. Exemplos de obras intertextuais incluem: alusão, cotação, versão, plágio, tradução, pastiche e paródia.

Fonte: Wikipedia.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

II. Do que a terra mais garrida

Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;

“Nossos bosques têm mais vida”

“Nossa vida”, no teu seio, “mais amores”.

(Hino Nacional Brasileiro)

III. Nossas flores são mais bonitas

nossas frutas mais gostosas

mas custam cem mil réis a dúzia.

(MENDES, Murilo. Canção do exílio)

Os três textos são semelhantes. Como o de Gonçalves Dias é anterior aos dois primeiros, o que ocorre é que estes fazem alusão àquele. Os textos de Murilo Mendes e a letra do Hino Nacional citam o texto de Gonçalves Dias.

Como vimos, a retomada de passagens de um texto por outro é chamada de INTERTEXTUALIDADE.

Num texto literário, a citação de outros textos é IMPLÍCITA, ou seja, um poeta ou romancista não indica o autor e a obra de onde retira as passagens citadas, pois pressupõe que o leitor compartilhe com ele um mesmo conjunto de informações a respeito das obras que compõem um determinado universo cultural. Porém, a parte citada deve vir entre aspas.

Se for um texto científico (um trabalho escolar, por exemplo), a referência a outros autores deve vir em forma de citação, entre aspas, com o sobrenome do autor entre parênteses, para não se configurar em plágio e causar grandes problemas acadêmicos e até jurídicos.

Voltando aos três textos anteriores: o poema de Gonçalves Dias tem muitos sentidos. Dentre eles, a exaltação ufanista da natureza brasileira. Para ele, nossa pátria é melhor do que os outros lugares. Os versos do Hino Nacional retomam o texto de Gonçalves Dias para reafirmar esse sentido de exaltação da natureza brasileira. Já os versos de Murilo Mendes citam Gonçalves Dias com intenção oposta, pois pretendem ridicularizar o nacionalismo exaltado pelo poeta.

Assim, conclui-se que a intertextualidade pode ocorrer com duas finalidades distintas:

a) Para reafirmar alguns dos sentidos positivos do texto citado – sendo chamada de PARÁFRASE; Ex. O Hino Nacional, em relação ao texto de Gonçalves Dias.

b) Para inverter, contestar, debochar, criticar ou deformar alguns dos sentidos do texto citado; sendo chamada então de PARÓDIA. Ex.: O poema de Murilo Mendes, em relação ao de Gonçalves Dias.

Reconhecer o diálogo que um texto estabelece com outro demonstra uma excelente capacidade de leitura, propiciando uma compreensão correta do conteúdo do que se lê e, portanto, possibilitando uma interpretação mais aprofundada.

“Alimentesuamente“Fonte:Freepik.com

O texto para ser considerado literário precisa ter uma elaboração peculiar e especial ao referir-se aos fatos presentes no texto. Nesses textos é possível perceber traços que não existem nos não literários. Para ser chamado de literatura, o texto precisa ter uma linguagem bem elaborada, de modo que ela seja artística, e o universo descrito até então é desconhecido do leitor, pois faz parte apenas do universo imaginário, entretanto, sem perder sua interação com o mundo real.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

A percepção das relações intertextuais, das referências de um texto a outro, depende do repertório do leitor, do seu acervo de conhecimentos literários e de outras manifestações culturais. Daí a importância da leitura, principalmente daquelas obras que constituem as grandes fontes da literatura universal. Quanto mais se lê, mais se amplia a competência para apreender o diálogo que os textos travam entre si por meio de referências, citações e alusões. Mas não há um meio de “aprender” os implícitos, os pressupostos e a intertextualidade a não ser lendo muito, prestando atenção ao mundo que nos cerca e lendo com calma, buscando esses elementos que podem desvendar ou obscurecer o sentido dos textos. Por isso, cada livro que se lê torna maior a capacidade de apreender, de maneira mais completa, o sentido dos textos.

E, para terminar, vale lembrar que muitos desses elementosaparecemaomesmotempo,ouseja,oleitor(ououvinte)temumrepertórioemseucérebroevaiutilizando-oàmedidaqueouve,vêoulêasinformações.

Para exemplificar essa pluralidade de elementos, observe abaixo a charge publicada no Jornal Folha de São Paulo em 23/10/2010 – cartunista Laerte. Vamos analisá-lo.

Podemos PRESSUPOR que os gatos pertencem a uma tribo (pela posição ao redor da “fogueira” e pelo desenho ao redor que sugere uma mata) e que essa tribo é antropófaga (pelos ossinhos na cabeça). Essa leitura nos vem de outras cenas que vimos em filmes ou em livros (portanto, há também INTERTEXTUALIDADE). Os gatos estão em volta de uma churrasqueira idêntica às que existem nas grandes cidades, cujos churrascos são conhecidos por “churrasquinho de gato”. Essa informação também está em nosso repertório. Portanto, fica IMPLÍCITO que o churrasquinho é de gato e os “antropófagos” estão esperando para comê-lo.

A percepção das relações intertextuais, das referências de um texto a outro, depende do repertório do leitor, do seu acervo de conhecimentos literários e de outras manifestações culturais.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

VAMOS LER AGORA DOIS TEXTOS QUE PODEM NOS MOSTRAR COMO NOSSO REPERTÓRIO PODE INTERFERIR NA INTERPRETAÇÃO QUE FAZEMOS DE UM TEXTO:

OEvento (Millôr Fernandes)

O pai lia o jornal – notícias do mundo. O telefone tocou tirrim-tirrim. A mocinha, filha dele, dezoito, vinte, vinte e dois anos, sei lá, veio lá de dentro, atendeu: “Alô. Dois quatro sete um dois cinco quatro. Mauro!!! Puxa, onde é que você andou? Há quanto tempo! Que coisa! Pensei que tinha morrido! Sumiu! Diz! Não!? É mesmo? Que maravilha! Meus parabéns!!! Homem ou mulher? Ah! Que bom!... Vem logo. Não vou sair não”. Desligou o telefone. O pai perguntou: “Mauro teve um filho?” A mocinha respondeu: “Não. Casou”.

O pai tem seu repertório e seus pressupostos que lhe dizem que quando alguém pergunta “homem ou mulher?” está se referindo ao sexo de um bebê recém-nascido. A graça do texto consiste exatamente nisso: os pressupostos que não são os mesmos, já que cada um viveu em uma geração diferente, tendo formado seu próprio repertório a partir das experiências que cada um viveu.

“Ler é dar contexto a todos os textos. Quem lê pensa, adquire forma própria de pensar e não aceita a interpretação oficial de tudo. Quem lê desestrutura universos dos padrões convencionais e reorganiza o mundo por meio da palavra. A leitura é uma maneira de se encontrar e ampliar perspectivas.”

Silvia Segatto

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OCasodoEspelho

(Versão de um conto popular chinês traduzidoe adaptado por Ricardo Azevedo)

Era um homem que não sabia quase nada. Morava longe, numa casinha de sapé esquecida nos cafundós da mata.

Um dia, precisando ir à cidade, passou em frente a uma loja e viu um espelho pendurado do lado de fora. O homem abriu a boca. Apertou os olhos.

Depois gritou, com o espelho nas mãos:

- Mas o que é que o retrato de meu pai está fazendo aqui?

- Isso é um espelho – explicou o dono da loja.

- Não sei se é espelho ou se não é, só sei que é o retrato do meu pai.

Os olhos do homem ficaram molhados.

- O senhor ... conheceu meu pai? – perguntou ele ao comerciante.

O dono da loja sorriu. Explicou de novo. Aquilo era só um espelho comum, desses de vidro e moldura de madeira.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

Observem que o espelho simboliza, aqui, o texto que cada um decifra de acordo com sua verdade, sua própria visão de mundo, suas referências e seus pressupostos.

- É não! – respondeu o outro. – Isso é o retrato do meu pai. É ele sim! Olha o rosto dele. Olha a testa. E o cabelo? E o nariz? E aquele sorriso meio sem jeito?

O homem quis saber o preço. O comerciante sacudiu os ombros e vendeu o espelho, baratinho.

Naquele dia, o homem que não sabia quase nada entrou em casa todo contente. Guardou, cuidadoso, o espelho embrulhado na gaveta da penteadeira. A mulher ficou só olhando.

No outro dia, esperou o marido sair para trabalhar e correu para quarto. Abrindo a gaveta da penteadeira, desembrulhou o espelho, olhou e deu um passo atrás. Fez o sinal da cruz tapando a boca com as mãos. Em seguida, guardou o espelho na gaveta e saiu chorando.

- Ah, meu Deus! – gritava ela desnorteada. – É o retrato de outra mulher! Meu marido não gosta mais de mim! A outra é linda demais! Que olhos bonitos! Que cabeleira solta! que pele macia! A diaba é mil vezes mais bonita e mais moça do que eu!

Quando o homem voltou, no fim do dia, achou a casa toda desarrumada. A mulher, chorando sentada no chão, não tinha feito nem a comida.

- Que foi isso mulher?

- Ah, seu traidor de uma figa! Quem é aquela jararaca lá no retrato?

- Que retrato? – perguntou o marido surpreso.

- Aquele mesmo que você escondeu na gaveta da penteadeira!

O homem não estava entendendo nada.

- Mas aquilo é o retrato do meu pai!

Indignada, a mulher colocou as mãos no peito:

- Cachorro sem-vergonha, miserável! Pensa que eu não sei a diferença entre um velho lazarento e uma jabiraca safada e horrorosa?

A discussão fervia feito água na chaleira.

A mãe da moça morava perto, escutou a gritaria e veio ver o que estava acontecendo. Encontrou a filha chorando feito criança que se perdeu e não consegue mais voltar para casa.

- Que é isso, menina?

- Aquele cafajeste arranjou outra!

- Ela ficou maluca – berrou o homem, de cara amarrada.

- Ontem eu vi ele escondendo um pacote na gaveta lá do quarto, mãe! Hoje, depois que ele saiu, fui ver o que era. Tá lá! É o retrato de outra mulher!

A boa senhora resolveu, ela mesma, verificar o tal retrato.

Entrando no quarto, abriu a gaveta, desembrulhou o pacote e espiou. Arregalou os olhos. Olhou de novo. Soltou uma sonora gargalhada.

- Só se for o retrato da bisavó dele! A tal fulana é a coisa mais enrugada, feia, velha, cacarenta, murcha, arruinada, desengonçada, capenga, careca, caduca, torta e desdentada que eu já vi até hoje!

E completou, feliz, abraçando a filha:

- Fica tranquila. A bruaca do retrato já está com os dois pés na cova!

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

Leia o blog do professor Pedro Junqueira Bernardes sobre o tema visto nesta aula. Acesse: http://pedrojunqueirabernardes.blogspot.com.br/2010/05/pressupostos-da-intertextualidade.html

Blog de Diego Garcia no qual ele apresenta um resumo sobre o tema visto nesta aula, visando auxiliar as pessoas que pretendem fazer concursos públicos. http://diegobgarcia.blogspot.com.br/2009/06/resumo-sobre-pressupostos-e.html

Assista ao vídeo: Curso de Interpretação e Compreensão de Texto para Concurso Público, no qual o professor Luís Carlos Dallier dá dicas sobre entendimento de textos com vistas à realização de concurso público. Link: https://www.youtube.com/watch?v=_8EQKx9kqaI. Acesso em 07 de Janeiro de 2015.

Assista ao vídeo: Intertextualidades. Link: https://www.youtube.com/watch?v=XJD1TubVLco. Acesso em 07 de Janeiro de 2015.

Assista ao vídeo: Língua Portuguesa - Intertextualidade Paráfrase e Paródia. Link: https://www.youtube.com/watch?v=toKu3TuBbwI. Acesso em 7 de Janeiro de 2015.

Neste tema você aprendeu, brevemente, os elementos que formam o contexto que, mesmo não aparecendo escritos no texto, podem ajudá-lo a entender o sentido do que se quer transmitir. Viu também as diferenças entre PRESSUPOSTO, IMPLÍCITO e INTERTEXTUALIDADE. Releia a Leitura obrigatória, acesse os links e os vídeos e tente resolver os exercícios.

LinksImportantes

VídeosImportantes

Finalizando

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 2

ApreenderCaptar; aprender totalmente; ganhar o conhecimento para utilizá-lo em sua vida diária;

BruacaNa linguagem popular do Brasil, palavra que significa mulher feia, sem atrativos, fofoqueira, grosseira e vulgar;

ExaltarElogiar, valorizar;

IníquoMalvado, perverso;

JabiracaO mesmo que “bruaca” – mulher feia, sem atrativos, vulgar;

LazarentoCheio de pústulas (feridas); o mesmo que leproso. Na linguagem popular do Brasil significa ruim, de má qualidade, intragável.

RepertórioEm linguística, é um conceito que significa o conjunto de saberes que um indivíduo adquire ao longo de sua vida. O “repertório cultural” é o conjunto de saberes culturais que se possui através dos livros que se leu, dos filmes a que se assistiu, dos teatros que se frequentou.

Glossário

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 3

Nesta aula, você conhecerá:

•Osconceitosdecoesãoecoerência.

•Anecessidadedeesseselementosexistiremnotexto,afimdedar-lhesentido.

•Oselementosquepodemcriarcoesãoecoerênciaemumtexto.

Ao final, você deverá ser capaz de responder às seguintes questões:

•Oquedeterminaseumtextotemcoesãoecoerência?

•Quais os elementos que podem auxiliar a criar coesão ecoerênciaemumtexto?

•Quaisasconsequênciasdeumtextosemcoesão?

•Quaisasconsequênciasdeumtextosemcoerência?

COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL

Quando falamos ou escrevemos, é importante organizar as palavras de tal maneira que nosso interlocutor entenda exatamente o que queremos dizer. Isso nem sempre acontece e, muitas vezes, perdemos amizades, empregos, amores, dinheiro porque não nos expressamos adequadamente e o outro não compreendeu o verdadeiro sentido do que falamos. Evanildo Bechara, gramático e filólogo brasileiro, afirma que “o enunciado não se constrói com um amontoado de palavras e orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência e independência sintática e semântica, recobertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios”.

ConteúdoseHabilidades

UNIDADE 3

TEMA 5: CoesãoeCoerência

LeituraObrigatória

Um texto sem coesão é um texto sem harmonia interna, sem sentido claro, que não é conexo, ou seja, tem falhas que comprometem seu entendimento.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 3

Essas “falhas” na linguagem são a falta de coesão e coerência. A palavra COESÃO significa CONEXO, HARMÔNICO, LIGADO, UNIDO. Pelos sinônimos da palavra, já deu para perceber que um texto sem coesão é um texto sem harmonia interna, sem sentido claro, que não é conexo, ou seja, tem falhas que comprometem seu entendimento. A coesão é estabelecida por elementos linguísticos chamados de CONECTIVOS, ou seja, algumas palavras que unem as orações umas nas outras, que levam ao esclarecimento do seu sentido. Gosto muito de comparar a coesão a uma linha, um fio imaginário que “costura” toda a frase, dando-lhe coerência e sentido.

Veja o exemplo a seguir:

Comprei um carro que está sendo muito útil ao meu trabalho.

O pronome QUE é um conectivo – um elemento de conexão, de coesão – que se refere a “carro” evitando que eu use essa palavra mais vezes:

Comprei um carro. O carro está sendo útil ao meu trabalho.

Assim, a COESÃO é a utilização de elementos que “costuram” as frases, dando-lhes um sentido mais claro.

Para reforçar seus conhecimentos, vamos repetir que a coesão apoiada na gramática ocorre pelo uso de conectivos, como os pronomes (eu, ele, você, que, este, aquele, etc.) conjunções (e, nem, mais, porém, contudo, portanto, entretanto, quando, porque, pois, como, já que, visto que, uma vez que, caso, se, a menos que, contanto etc.) ou por elipse (omissão de um termo), como em: “O homem pediu que lhe dessem água. Tinha caminhado o dia todo debaixo do sol escaldante”. Note que o termo “homem” não precisou ser repetido, sendo que a elipse (a omissão) estabeleceu a ligação entre as duas orações.

Note mais exemplos de utilização de conectivos ou elipse para se estabelecer a coesão de um texto:

“O Presidente Barack Obama reaproximou os Estados Unidos de Cuba. O presidente assinou acordos que podem diminuir sanções econômicas a Cuba. O presidente também assinou acordos climáticos com a China. O presidente tem enfrentado oposição por conta do acordo com Cuba e com a China”.

Percebeu que texto cansativo? Ficaria muito melhor utilizando a elipse de alguns termos e a utilização de conectivos. Veja :

“O Presidente americano Barack Obama assinou acordo diplomático com Cuba, para diminuir sanções econômicas, reaproximando os dois países. Ele também assinou um acordo climático com a China, mas tem sofrido oposição devido a esses atos.”

“A atriz Drica Moraes deixou a novela ‘Império’. Drica Moraes comentou sobre seu afastamento da novela ‘Império’ alegando problemas com a voz. Drica Moraes foi substituída na novela ‘Império’ pela atriz Marjorie Estiano.”

Fonte:Freepik.com

A coesão se constitui pelos recursos linguísticos responsáveis pela ligação que se estabelece entre os termos de uma frase, entre as orações de um período e que, consequentemente, colaboram para a formação de parágrafos harmonicamente bem construídos.

Conectivos são conjunções que ligam as orações, estabelecem a conexão entre as orações nos períodos compostos e também as preposições, que ligam um vocábulo a outro.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 3

Veja como a repetição deixa desagradável a leitura do texto. Leia o mesmo texto com o uso de conectivos, pronomes e elipse:

“A atriz Drica Moraes deixou a novela ‘Império’ tendo sido substituída por Marjorie Estiano. Ela alegou problemas com a voz para justificar sua saída.”

Percebeu a diferença? Não é que o primeiro texto esteja errado, mas ele peca pela falta de coesão. Note agora como o mal uso do conectivo pode comprometer o entendimento:

Conheci a irmã de Paulinho, que me parece muito inteligente.

Há um erro de coesão aí. Quem lhe pareceu inteligente? Paulinho ou sua irmã? Se fossem utilizados os conectivos adequados, a coesão se faria e o texto se tornaria coerente:

Conheci a Irmã de Paulinho, A QUAL me parece muito inteligente.

Ou então:

Conheci a irmã de Paulinho, O QUAL me parece muito inteligente.

Vejamos agora a definição de COERÊNCIA que é quando há sentidos nos textos que se contradizem, que levam o leitor (ou ouvinte) à dúvida. Se eu disser, sem estar sendo irônica: “essa menina é a melhor aluna desta turma; ela estuda tanto que reprovou em todas as disciplinas” você logo vai perceber a INCOERÊNCIA do texto. Neste exemplo, muito óbvio, fica fácil de perceber a falta de coerência, mas em alguns textos, precisamos de uma leitura bem atenta para notá-la. A incoerência se dá quando há mau uso dos elementos de coesão; é como se a “linha” que costura as palavras falhasse e a “costura”, cheia de erros, prejudicasse o entendimento do texto.

Há outras formas de ocorrer a falta de COERÊNCIA. Se o título do conhecido filme “Sexto sentido”, por exemplo, tivesse sido “O menino e o fantasma” teria sido uma incoerência porque o título leva o leitor a concluir seu final.

Percebeu?

A incoerência também ocorre em textos dissertativos em que a argumentação é falha e contraditória. Por exemplo:

“Durante os debates dos candidatos à presidência, os opositores mostravam suas propostas de governo quando dois deles quase se agrediram fisicamente, o que nos leva a concluir que o homem é um ser intolerante com o outro, que vive num mundo de guerras e inimizade.”

A coerência, por sua vez, aborda a relação lógica entre ideias, situações ou acontecimentos, apoiando-se, por vezes, em mecanismos formais, de natureza gramatical ou lexical, e no conhecimento compartilhado entre os usuários da língua portuguesa.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 3

Ora, o fato de dois candidatos se ofenderem e partirem para o ataque verbal e físico não é prova de que a espécie humana aprecia as brigas, pratica a intolerância e vive num mundo de guerras. Percebeu a incoerência? Mas, não se esqueça: um texto coerente é um texto coeso, aquele do qual se pode compreender o sentido totalmente, sem duplas interpretações.

Quer aprender mais sobre o assunto? Então acesse os links, onde você poderá ler mais sobre esse tema:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Coer%C3%AAncia_e_coes%C3%A3o

http://jcconcursos.uol.com.br/portal/noticia/concursos/artigo-sandra-carrasco-coesao-e-coerencia--51602.html

Assista ao vídeo https://www.youtube.com/watch?v=XV1kfYB7NLc onde o autor explica as diferenças entre coerência e coesão.

O vídeo https://www.youtube.com/watch?v=aYkBHPbOHEY apresenta os temas COESÃO e COERÊNCIA para concursos.

Neste tema você aprendeu o que é a coesão e a coerência textuais, bem como sua importância para o entendimento do texto. Viu que tanto os mecanismos de coesão como os de coerência devem ser empregados com cuidado, pois a unidade do texto depende praticamente da aplicação correta desses mecanismos. Releia a Leitura Obrigatória, acesse os links e assista aos vídeos, para que seus conhecimentos sobre o assunto sejam ainda mais completos.

Finalizando

LinksImportantes

VídeosImportantes

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 3

CONECTIVOElemento que conecta, que liga, que une;

ELIPSEOmissão, exclusão;

INTERLOCUTORA pessoa com quem se fala;

SEDIMENTARTornar sólido, consolidar, tornar estável;

SEMÂNTICAConjunto de regras de combinação para formar palavras, frases e sentenças. A semântica está relacionada com o significado dessas construções.

SINTÁTICAÉ um conjunto de regras que classificam as palavras dentro das orações, em sujeito, predicado, objetos, adjuntos adnominais, etc.

Glossário

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 3

Nesta aula, você conhecerá :

•Oselementosdacomunicação.

•Ascaracterísticasdoselementosdacomunicação.

•Asfunçõesdalinguagem.

Ao final, você deverá ser capaz de responder às seguintes questões:

•Quaissãooselementosdacomunicação?

•Quaisascaracterísticasdecadaumdeles?

•Quaissãoasfunçõesdalinguagem?

•Emquaiscircunstânciasapareceumafunçãodalinguagemespecífica?

Todo homem precisa se comunicar, pois essa capacidade faz parte do gênero humano. Precisamos transmitir nossas ideias, buscar nossas necessidades, realizar nossos desejos e isso passa pelo ato de se comunicar. Nossa comunicação é feita através de palavras (faladas ou escritas) gestos, imagens, sorrisos, olhares... Hoje vamos estudar as particularidades dos elementos que permitem que a comunicação ocorra.

De acordo com o teórico russo Roman Jakobson (1896-1982)1 o ato comunicativo - oral ou escrito - se constitui a partir de uma inter-relação entre os elementos que permitem que a comunicação ocorra, e que são:

•Emissor: aquele que emite, que codifica a mensagem.

•Receptoroudestinatário: aquele que recebe a mensagem, a quem a mensagem se destina. Pode ser uma pessoa, um grupo ou mesmo um animal, como um cão, por exemplo.

ConteúdoseHabilidades

TEMA6:ElementosdaComunicaçãoeFunçõesdaLinguagem

LeituraObrigatória

Todo homem precisa se comunicar, pois essa capacidade faz parte do gênero humano.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 3

•Código: a maneira pela qual a mensagem se organiza. O código é formado por um conjunto de sinais, organizados de acordo com determinadas regras, em que cada um dos elementos tem significado em relação aos demais. Pode ser a língua (oral ou escrita), gestos, imagens, código Morse, sons etc. O código deve ser do conhecimento de ambos os envolvidos - emissor e destinatário - ou então a comunicação não se realizará.

•Canaldecomunicação: meio físico ou virtual que assegura a circulação da mensagem; por exemplo, ondas sonoras, no caso da voz; a tela do computador, no caso do email; o papel, no caso de um bilhete ou carta. O canal deve garantir o contato entre emissor e receptor.

•Referente: o contexto, o assunto ao qual a mensagem se refere.

•Mensagem: o todo, o objeto da comunicação em si, o que o emissor quis dizer ao receptor e que só se realizará plenamente se houver esses elementos envolvidos no processo. Se um deles falhar, comprometerá a decodificação da mensagem.

Ainda segundo Jakobson, dependendo do elemento sobre o qual está centrada a mensagem, teremos uma função da linguagem correspondente; assim, como temos seis elementos envolvidos na comunicação, temos também seis funções da linguagem, que são:

•FunçãoExpressivaouEmotiva- o discurso está centrado no emissor, revelando sua opinião, sua emoção. O emissor fala de seu próprio “eu” e, por isso, prevalece a 1ª pessoa do singular, interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias, diários, memórias, poesias líricas e cartas de amor.

Exemplos:

1 - Roman Osipovich Jakobson (1896-1982) foi um pensador russo que se tornou um dos maiores linguistas do século XX e pioneiro na análise estrutural da linguagem, poesia e arte. Foi chamado de “o poeta da linguística” pelo poeta brasileiro Haroldo de Campos, sendo o criador das famosas funções da linguagem e também por ter feito estudos sobre as obras de Edgar Allan Poe, Fernando Pessoa e Bertold Brecht. Sua vida foi baseada no conhecimento e, principalmente, em espalhar o conhecimento pelo mundo, sempre comparando culturas. Conseguiu transformar conceitos que até hoje são seguidos.

Fonte: Link (http://pt.wikipedia.org/wiki/Roman_Jakobson)

“É noite. Sinto que é noite

não porque a sombra descesse

(bem me importa a face negra)

mas porque dentro de mim,

no fundo de mim, o grito

se calou, fez-se desânimo”

(Carlos Drummond de Andrade).

Comunicação é uma palavra derivada do termo latino “communicare”, que significa “partilhar, participar algo, tornar comum”. Através da comunicação, os seres humanos e os animais partilham diferentes informações entre si, tornando o ato de comunicar uma atividade essencial para a vida em sociedade.

SaibaMais

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 3

•Função Apelativa ou Conativa - ocorre quando o emissor centra o texto no receptor da mensagem para chamar sua atenção, persuadi-lo e influenciá-lo. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de você (ou tu), ou o nome da pessoa, além dos vocativos (chamamentos) e imperativos (ordem). É a função de linguagem usada nos discursos, sermões, comícios políticos e propagandas, que se dirigem diretamente ao consumidor, apelando para ele, tentando convencê-lo.

Exemplos:

•FunçãoReferencialé aquela centrada no referente, quando o emissor procura oferecer informações da realidade. A informação é transmitida de forma objetiva, clara, denotativa e impessoal prevalecendo a 3ª pessoa do singular. Linguagem informativa usada em textos jornalísticos, teses, artigos científicos. Exemplos:

•Função Metalinguística – a comunicação está centrada no código; ocorre quando o emissor fala sobre a própria linguagem. A poesia que fala da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto. Os dicionários são repositórios de metalinguagem. Um filme que mostra como se faz um filme; uma pintura de algum artista pintando, também são classificados como metalinguagem. Padre Vieira (1608-1697), um orador e sermonista do período Barroco, usava seus sermões para explicar como se deveria fazer um sermão. Usava a metalinguagem.

Exemplo: veja como Manuel Bandeira, em seus versos, fala sobre...fazer versos!

O homem constrói casas porque está vivo, mas escreve livros porque se sabe mortal. Ele vive em grupo porque é gregário, mas lê porque se sabe só. Esta leitura é para ele uma companhia que não ocupa o lugar de qualquer outra, mas nenhuma outra companhia saberia substituir.

Daniel Pennac

“Procura curtir sem queixa o mal que te crucia”.

“Compre hoje mesmo e receba no mesmo dia”

Propaganda da rede de supermercados Wallmart, disponível em http://images.walmart.com.br/pdf/regulamento_ipad2.pdf

“Eis São Paulo às sete da noite. O trânsito caminha lento e nervoso. Nas ruas, pedestres apressados se atropelam”.

“Nos vertebrados, esta resposta inclui uma série de alterações bioquímicas, fisiológicas e imunológicas coletivamente denominadas inflamação”.

Descrição da inflamação em um artigo científico.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 3

•Função Poética é aquela em que o emissor se utiliza dos aspectos sonoros, visuais e formais das palavras para maximizar a comunicação, transmitir uma mensagem em linguagem conotativa (em seu sentido figurado). Essa função predomina nos textos literários em que os aspectos estruturais da linguagem são muito relevantes.

Exemplo:

•FunçãoFática– objetiva apenas testar se a comunicação entre emissor e receptor está se efetuando. É centralizada no canal, e pretende prolongar ou não o contato com o receptor. Linguagem das falas telefônicas, saudações e similares.

“Eu faço versos como quem chora

De desalento... de desencanto...

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...

Tristeza esparsa... remorso vão...

Dói-me nas veias. Amargo e quente

Cai, gota a gota, do coração.” (Manuel Bandeira)

“Ora, direis, ouvir estrelas! Certo perdeste o senso

E eu vou direi, no entanto

Que para ouvi-las muita vez desperto

E abro as janelas pálido de espanto”

(Olavo Bilac)

“O senhor não acha? Me declare franco, peço. Ah, lhe agradeço. Se vê que o Senhor sabe muito, em ideia firme, além de ter carta de doutor.”

(Guimarães Rosa)

“Olá! Como vai?Eu vou indo e você, tudo bem?”(Sinal fechado – Chico Buarque de Holanda)

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 3

Obviamente, num ato comunicativo, podem estar presentes simultaneamente mais de uma função, mas geralmente há o predomínio de uma delas.

Quer conhecer mais sobre este assunto? Então, acesse os links abaixo, onde você poderá complementar o que viu aqui no tema 6.

Link- http://www.portugues.com.br/redacao/funcoes-linguagem-.html

Link - http://www.jodorecantodasletras.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=1043982

Vídeo em que o professor Wella dá uma aula sobre as funções da linguagem. https://www.youtube.com/watch?v=MQr1vqlFjoo

Teleaula de nº 21 sobre Funções da Linguagem – https://www.youtube.com/watch?v=eyVL2bUGhSU

Aula de Português com explicações sobre os elementos da comunicação e as funções da linguagem - https://www.youtube.com/watch?v=vahaN9f0XQE

Neste tema você aprendeu, brevemente, os elementos da comunicação e as respectivas funções da linguagem. A partir daí, poderemos dar continuidade a seus estudos em Comunicação e Expressão. Releia a leitura obrigatória, assista aos vídeos e faça os exercícios, para que seus conhecimentos sobre o tema sejam totalmente apreendidos.

LinksImportantes

VídeosImportantes

Finalizando

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 3

INTERJEIÇÕESSão palavras que exprimem surpresa, angústia, emoções, sensações, etc, tais como Uh! Nossa! Ops! Xi! Ai! Droga!

LÍRICOSentimental, que exprime os sentimentos do escritor.

PLENAMENTETtotalmente, completamente

REPOSITÓRIOQue guarda, que conserva, que mantém.

1ª PESSOA DO SINGULAR “Eu” relativo a quando falo de mim mesmo.

3ª PESSOA DO SINGULAR“Ele, ela, você” relativo a quando falo sobre alguém. Lembre-se que existem seis pessoas verbais, que é quando o verbo se flexiona para indicar o ser a quem se refere: eu (1ª pessoa singular) tu (2ª pessoa do singular); ele, ela, você (3ª pessoa do singular); nós (1ª pessoa do plural); vós (2ª pessoa do plural); eles, elas, vocês (3ª pessoa do plural).

Glossário

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 4

Nesta aula, você conhecerá :

•Asdiferençasentreosníveisculto(formaloupadrão)eocoloquial(ouinformal)dalinguagem.

•Asvariações linguísticasquesãoasvárias formaspelasquaissemanifestaoidioma.

•Analisarseexisteumaforma“correta”defalaredeescreveroPortuguês.

Ao final, você deverá ser capaz de responder às seguintes questões:

•Quaisasdiferençasmaismarcantesentreosníveisculto(formaloupadrão)eocoloquial(ouinformal)dalinguagem?

•Oquesãoasvariaçõeslinguísticas?

•Porqueecomoocorremessasvariações?

•Existe uma forma “correta” de falar e de escrever oPortuguês?

Todos os brasileiros que nasceram sem nenhum comprometimento cognitivo falam o português. Porém, nem todos o escrevem, não é? Temos, portanto, uma língua falada e outra língua escrita.

A língua escrita é regida por normas, contidas na gramática. Porém, a língua falada nem sempre segue essas normas gramaticais, sendo mais solta, mais desprendida de regras, mais espontânea, mais próxima da maioria da população do país, o que torna o idioma sujeito a mudanças que ocorrem de tempos em tempos, de lugar em lugar, de nível social para nível social. No entanto, nãoétodaalteraçãodalínguafaladaqueéreconhecidapelagramática,masmesmoosindivíduosquedominamtodaagramática,quandoemsituaçõesinformaisutilizam

ConteúdoseHabilidades

UNIDADE 4

TEMA7:OsníveisdaLinguagemeasVariaçõesLinguísticas

LeituraObrigatória

Nãoétodaalteraçãodalínguafaladaqueéreconhecidapelagramática, mas mesmo os indivíduos quedominamtodaagramática,quandoemsituaçõesinformaisutilizamummodomenoselaboradodefalar.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 4

ummodomenoselaboradodefalar. Você não fala com seu vizinho ou com seu melhor amigo do mesmo modo com que fala com uma pessoa que o entrevista para uma vaga de emprego, não é mesmo?

Fica fácil de concluir que todos os falantes da língua utilizam os níveis de linguagem de acordo com o contexto onde o idioma (falado ou escrito) está sendo utilizado. Assim, chamamos de níveis da linguagem às modalidades pelas quais o idioma pode ser expresso, tanto na fala quanto na escrita.

1.Normapadrão,cultaouformal– é o idioma usado em momentos, situações ou documentos em que se exige formalidade. É o nível também utilizado em trabalhos científicos, no jornalismo, nos trabalhos a serem entregues ao professor, nos discursos, enfim, nos momentos em que se exige a utilização do português correto, como a gramática o conceitua.

2.Normainformaloucoloquial– é o Português falado ou escrito de maneira informal, admitindo-se, nesse nível, alguns deslizes gramaticais, o uso de gírias, de expressões regionais ou de abreviaturas. É o Português dos diálogos, dos bate-papos, da conversa entre amigos, em que a preocupação com o “falar ou escrever corretamente” não se faz presente.

Nanormaculta...

- Maior preocupação com a pronúncia – nós vamos. Está bom? Eu não vou. Você quer?

- Evita o uso de palavras ou expressões que reforçam o sentido das frases.

- Preocupação com a pronúncia correta dos S, R e formas verbais: todos os meninos devem pegar agora seus livros e lê-los.

- Uso de pronomes oblíquos no final dos verbos: vou vê-lo; vamos chamá-la; eu o vi na rua; Encontrem-nos em uma hora!

- Cuidado com a concordância verbal e nominal. As crianças estão bem.

- Uniformidade no uso de pessoas gramaticais: Eu não me esqueço de seus cabelos; tu não te esqueces de teus amigos.

Nalinguagemcoloquial

- Linguagem mais rápida e simplificada. Menor preocupação com a pronúncia – a gente vai; tá bão? eu num vô. Cê qué?

- Uso frequente de palavras ou expressões que reforçam ou chamam a atenção para as frases, como: né? Então. Bom. É isso aí!

Variação linguística de uma língua é o modo pelo qual ela se diferencia, sistemática e coerentemente, de acordo com o contexto histórico, geográfico e sociocultural no qual os falantes dessa língua se manifestam verbalmente. É o conjunto das diferenças de realização linguística falada pelos locutores de uma mesma língua. Tais diferenças decorrem do fato de um sistema linguístico não ser unitário, mas comportar vários eixos de diferenciação: estilístico, regional, sociocultural, ocupacional e etário.

Fonte: Wikipédia

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 4

- Os S, R e as formas verbais são falados tão rapidamente que nem se percebe: todos os MENINO deve pegá seus livro e lê eles.

- Uso dos pronomes pessoais do caso reto: vou ver ELE; vamos chamar ELA; eu vi ELE na rua; Encontrem NÓS em uma hora.

- Não utilização de marcas de concordância: As criança vai bem.

- Mistura de pessoas gramaticais: Vou TE dar um abraço e VOCÊ vai gostar. Não SE esqueças de TEUS amigos.

Já as VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS são as mudanças pelas quais o idioma vai passando. Essas variações podem ser:

a.Históricas(oudiacrônicas);

b.Variaçõesregionais, que são os dialetos de cada região e se subdividem em FONÉTICA, LEXICAL ou SINTÁTICA.

c. Sociais;

d. Situacionais.

Vejamos cada uma delas, com seus exemplos:

A. VARIAÇÕES HISTÓRICAS ou DIACRÔNICAS

São as mudanças que ocorrem com o passar do tempo. Algumas palavras vão caindo em desuso ou algumas letras ou sílabas vão sendo aglutinadas, desaparecendo por completo. Por exemplo:

EM BOA HORA - Embora

VOSTRAMERCEDES – VOSTRAMERCÊ – VOSSAMERCÊ - VOSMECÊ e, finalmente, VOCÊ, embora, na fala, esta palavra tenha se reduzido para CÊ.

FOTOGRAFIA – Foto

REFRIGERANTE – Refri

Em outras palavras, com o tempo, algumas letras foram se modificando, como em:

ARBOLES – árvores

DEBERE – dever

Para conhecer melhor esta modalidade de variação linguística, leia o texto de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) conceituado poeta mineiro pertencente ao Modernismo. Tente ler e compreender o texto. Algumas expressões ainda são utilizadas, mas outras desapareceram completamente:

“FiquecalmoeCrie”Fonte:Freepik.com

Dialetos do português brasileiro1 - Caipira2 - Costa norte3 - Baiano4 - Fluminense5 - Gaúcho6 - Mineiro7 - Nordestino central8 - Nortista9 - Paulistano10 - Sertanejo11 - Sulista12 - Florianopolitano13 - Carioca14 - Brasiliense15 - Serra amazônica16 - Recifense

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 4

B. VARIAÇÕES REGIONAIS, que se subdividem em FONÉTICA, LEXICAL ou SINTÁTICA.

As variações regionais são aquelas modificações que o idioma sofre dependendo da região onde o falante está.

A variação regional FONÉTICA é aquela em que o somde algumas letras são diferentes, como o R e o S quando falados por um habitante do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Curitiba, de Piracicaba, de Salvador, etc. Pense nas palavras ESQUINA, PESSOAS, PORTA, CARTA, faladas por pessoas daquelas localidades.

ANTIGAMENTE

Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca e não caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse entrementes, esse ou aquele embarcasse em canoa furada. Encontravam alguém que lhes passasse a manta e azulava, dando às de vila-diogo. Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar fresca; e também tomavam cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisa de onze varas, e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’água.

HAVIA OS QUE tomaram chá em criança, e, ao visitarem família da maior consideração, sabiam cuspir dentro da escarradeira. Se mandavam seus respeitos a alguém, o portador garantia-lhes: “Farei presente.” Outros, ao cruzarem com um sacerdote, tiravam o chapéu, exclamando: “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”, ao que o Reverendíssimo correspondia: “Para sempre seja louvado.” E os eruditos, se alguém espirrava — sinal de defluxo — eram impelidos a exortar: “Dominus tecum”. Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso metiam a mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida

com a desfeita que lhe faziam, quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas teteias.

Antigamente, certos tipos faziam negócios e ficavam a ver navios; outros eram pegados com a boca na botija, contavam tudo tintim por tintim e iam comer o pão que o diabo amassou, lá onde Judas perdeu as botas. Uns raros amarravam cachorro com linguiça. E alguns ouviam cantar o galo, mas não sabiam onde. As famílias faziam sortimento na venda, tinham conta no carniceiro e arrematavam qualquer quitanda que passasse à porta, desde que o moleque do tabuleiro, quase sempre um cabrito, não tivesse catinga. Acolhiam com satisfação a visita do cometa, que, andando por ceca e meca, trazia novidades de baixo, ou seja, da Corte do Rio de Janeiro. Ele vinha dar dois dedos de prosa e deixar de presente ao dono da casa um canivete roscofe. As donzelas punham carmim e chegavam à sacada para vê-lo apear do macho faceiro. Infelizmente, alguns eram mais do que velhacos: eram grandessíssimos tratantes.

Acontecia o indivíduo apanhar constipação; ficando perrengue, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas. Doença nefasta era a phtysica, feia era o gálico. Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os meninos lombrigas, asthma os gatos, os homens portavam ceroulas, botinas e capa-de-goma, a casimira tinha de ser superior e mesmo X.P.T.O. London, não havia fotógrafos, mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam. Mas tudo isso era antigamente, isto é, outrora.

Disponível em: http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Texto-Carlos-Drummond-De-Andrade/626793.html

As variações regionais são aquelas modificações que o idioma sofre dependendo da região onde o falante está.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 4

A variação regional LEXICAL é quando a mesma coisa recebe nomes diferentes dependendo da região. Mandioca, por exemplo, é chamada de Aipim no Nordeste, assim como Abóbora recebe lá o nome de Macaxeira ou Gerimum, e assim por diante.

E, finalmente, a variação regional SINTÁTICA é quando os falantes de determinadas regiões utilizam diferenças na função sintática das palavras nas frases, como no Rio Grande do Sul, que se usa “tu já fizeste?” enquanto nos estados do sudeste usamos “você já fez?”. Em alguns estados, há a mistura, errônea, aliás, dessas duas formas, sendo usado “tu já fez?” o que entra na categoria de gíria.

Outro exemplo é o uso de “perca” ao invés de “perda”. Perca é o verbo – não me perca de vista; não se perca de mim... enquanto perda é o substantivo – a perda. Ele lamentou a perda de seus familiares. Foi uma grande perda para nós, etc.

C. VARIAÇÃOSOCIAL(OUDIASTRÁTICA)

São os usos que os diversos níveis sociais fazem do idioma. Uma pessoa com menos acesso a informações, a bibliotecas, a equipamentos culturais, com menos anos de escolaridade formal tendem a ter um linguajar menos próximo da gramática do que os grupos privilegiados, que tiveram acesso a tudo isso.

Essa modalidade é mais perceptível na língua falada. Nessa categoria se incluem o falar “caipira” (pessoas que misturam o sujeito com o verbo – nós vai, nós foi... ou trocam o l pelo r consuRta com o médico, etc.) como as gírias (tipo de fala exclusiva de alguns grupos, como surfistas, presidiários, adolescentes, etc) e os jargões (palavras técnicas usadas por algumas profissões, como o jargão dos advogados, dos médicos, dos economistas, etc.)

Conheça o poema do escritor paulista Oswald de Andrade que tão bem observou a variante social da língua:

Variação social: são os usos que os diversos níveis sociais fazem do idioma. Uma pessoa com menos acesso a informações, a bibliotecas, a equipamentos culturais, com menos anos de escolaridade formal tendem a ter um linguajar menos próximo da gramática do que os grupos privilegiados, que tiveram acesso a tudo isso.

Se o falante conseguiu transmitir a sua mensagem, usou a língua adequadamente. Pode não ser a norma culta, mas se houve comunicação, não podemos falar em “erro”.

Víciodafala

“Para dizerem milho dizem mio

Para melhor dizem mió

Para pior pió

Para telha dizem teia

Para telhado dizem teiado

E vão fazendo telhados.”

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 4

A VARIAÇÃO LINGUISTICA é tratada de maneira bem humorada numa piada que circulou pela internet e mostra, dentre outras coisas, a variante lexical e fonética dos falantes do Português de vários estados brasileiros. Observe abaixo (Disponível em http://www.piadas.com.br/):

ASSALTANTEPARAIBANO

Ei, bichim…

Isso é um assalto…

Arriba os braços e num se bula, num se cague e num faça munganga…

Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim, se não enfio a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora…

Perdão meu Padim Ciço, mas é que eu tô com uma fome da

moléstia.

ASSALTANTE MINEIRO

Ô sô, prestenção… isso é um assarto, uai.

Levanta os braço e fica quetin quêsse trem na minha mão tá cheio de bala…

Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje.

Vai andando, uai! Tá esperando o quê, uai!

ASSALTANTEBAIANO

Ô meu rei… (pausa)

Isso é um assalto…(longa pausa)

Levanta os braços, mas não se avexe não… (outra pausa)

Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado…

Vai passando a grana, bem devagarinho(pausa pra pausa)

Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado.

Não esquenta, meu irmãozinho, (pausa)

Vou deixar teus documentos na encruzilhada.

ASSALTANTE CARIOCASeguiiiinnte, bicho …Tu te ferrou, mermão. Isso é um assalto. Perdeu, perdeu!Passa a grana e levanta os braços, rapá .Não fica de bobeira que eu atiro bem pra caralho…Vai andando e se olhar pra traz vira presunto.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 4

IMPORTANTE:

Se usamos formas diferentes de falar o Português dependendo de onde moramos ou a nosso nível social, o importante é não fazer da língua um elemento de discriminação. Se o falante conseguiu transmitir a sua mensagem, usou a língua adequadamente. Pode não ser a norma culta, mas se houve comunicação, não podemos falar em “erro”. O que há, no estudo do idioma, são as normas culta e coloquial, sendo que a culta é mais valorizada nas relações formais de trabalho, na escola, nos livros, nos concursos, mas todas as variações são aceitas como modo de utilizar o idioma. É claro que cada um de nós tem um jeito de falar, que falamos mais ou menos próximos da gramática devido às oportunidades que tivemos na vida, dependendo do local onde estamos e da situação que estamos vivendo, mas não há “jeito certo” de falar.

Quer aprender mais sobre o assunto? Então acesse os links e veja diferentes modos de explicação sobre a norma culta e a coloquial bem como sobre as variedades linguísticas:

http://www.portugues.com.br/redacao/lingua-culta-coloquial.html

http://www.portugues.com.br/redacao/lingua-culta-coloquial.html

ASSALTANTE PAULISTA

Ôrra, meu ….

Isso é um assalto, mano

Levanta os braços, mano…

Passa a grana logo, mano .

Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pá comprar o ingresso do jogo do Curintia, mano …

Pô, se manda, mano… .

ASSALTANTE GAÚCHO

O guri, ficas atento …

Bah, isso é um assalto .

Levanta os braços e te aquieta, tchê!

Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. Passa as pilas prá cá!

E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala.

LinksImportantes

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 4

Interessante vídeo sobre as variedades linguísticas do Brasil. Há uma parte da apresentação do humorista Marcelo Adnet no Programa do Jô em que ele utiliza variantes fonéticas de várias partes do Brasil. Link: https://www.youtube.com/watch?v=iu4ra9tkFWM

Programa “Palavra puxa Palavra” a respeito dos vários nomes que os objetos têm em vários estados brasileiros. Engraçado e instrutivo. Link: https://www.youtube.com/watch?v=_Y1-ibJcXW0

Vídeo de revisão sobre as variantes linguísticas para alunos do ENEM. Link: https://www.youtube.com/watch?v=KDMH2zZlUvs

Neste tema você aprendeu, brevemente, as principais diferenças entre a norma culta (padrão) e a norma coloquial (informal) do idioma. Viu também que a língua sofre variações ao longo do tempo ou de acordo com a classe social e o local onde o falante cresceu. Deve ter percebido também que, devido às variantes linguísticas, não é aceitável o preconceito linguístico, ou seja, discriminar uma pessoa pelo seu jeito de falar, já que há várias maneiras pelas quais o falante consegue se comunicar. Embora a norma culta seja mais valorizada em determinadas situações, não se deve achar que é a única maneira de comunicação, já que o tema de hoje mostrou o contrário.

AglutinarJuntar, anexar.

CognitivoRelativo ao conhecimento. Dificuldades cognitivas são dificuldades de entendimento, limitação no entendimento.

ColoquialDa fala, do dia a dia.

EscolaridadeFormalFormação escolar; a pessoa que não teve escolaridade formal, ou que teve pouca, é aquela que, por inúmeros motivos, não frequentou ou abandonou a escola regular.

VídeosImportantes

Finalizando

Glossário

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 4

FormalidadeRelativo a formal, a seguir regras.

Mademoiselle(francês)Senhorita

JanotasElegantes, bem vestidos

Pé-de-alferesNamorador

DebaixodobalaioEsconder

LevartábuaLevar um fora

TirarocavalodachuvaDesistir de alguma coisa

PregaremoutrafreguesiaComentar com outra pessoa

TiraropaidaforcaApressado para algo

NãocairdecavalomagroNão se deixa enganar

JogarverdepracolhermaduroUsar uma informação pequena pra conseguir outra mais importante

ComquantospaussefazumacanoaAplicar corretivo

ConstipaçãooudefluxoResfriado

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 4

DominustecumExpressão latina que significa Deus te cure.

AmarrarcachorrocomlinguiçaEsbanjar; ter dinheiro mas não saber gastar.

CamisasdeonzevarasIr para a prisão, ser preso.

CarniceiroAçougueiro

QuitandaDoces vendidos em tabuleiros.

AndarporcecaeMecaNão ter parada, andar de lá pra cá sem destino.

PhtysicaTuberculose. As letras ph e y deixaram de existir com o acordo ortográfico de 1948 – passando a palavra a ser escrita tísica.

GálicoSífilis.

CapadegomaSobretudo, peça do vestuário masculino.

X.P.T.O.LondonExpressão muito usada até os anos 1970 que significa excelente, de ótima qualidade. A sigla teria sido criada por um estivador inglês que colocava X quando aprovava uma caixa de produtos após a inspeção, seguido das letras P.T.O. prompt to out – pronto para ir, ou seja, aprovado.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 4

Nesta aula, você conhecerá :

•Oqueseconfiguracomoumtextoliterário.

•Ascaracterísticasdeumtextonãoliterário.

•Osentidoconotativoeosentidodenotativodaspalavras.

Ao final, você deverá ser capaz de responder às seguintes questões:

•Queelementoslevamaclassificarumtextocomoliterário?

•Que elementos levam a classificar um texto como nãoliterário?

•Quais as diferenças entre o sentido CONOTATIVO eDENOTATIVOdaspalavras?

Neste tema, analisaremos o uso DENOTATIVO e CONOTATIVO das palavras, além de nos debruçarmos sobre a consequente distinção entre textos literários e não literários.

As palavras revestem nossas ideias e sentimentos. São riquíssimas em significado e sonoridade e raramente designam apenas uma coisa. Quando fazemos uso da linguagem, a escolha e combinação do vocabulário farão com que a comunicação tenha determinadas características (simples, confusa, sofisticada, emocionante, convincente), dependendo do contexto. De maneira geral, podemos dizer que lidamos com dois sentidos das palavras:

• DENOTATIVO

• CONOTATIVO

Conhecer os aspectos principais relativos ao uso das palavras ajuda-nos a compreender melhor os textos literários, publicitários, etc. além de nos tornar mais sensíveis à beleza da linguagem e ao significado simbólico das palavras. Além disso, os recursos da linguagem figurada podem nos ajudar a expressar de forma diferente, pessoal, o que pensamos e sentimos.

ConteúdoseHabilidades

TEMA8:TextosLiteráriosenãoLiterários

LeituraObrigatória

As palavras revestem nossas ideias e sentimentos. São riquíssimas em significado e sonoridade e raramente designam apenas uma coisa.

Fonte:Freepik.com

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 4

Dependendo do sentido da palavra escolhido para a construção do discurso – CONOTATIVO ou DENOTATIVO, os textos podem ser divididos em dois grandes grupos: os TEXTOS LITERÁRIOS e os textos NÃO LITERÁRIOS que, apesar de apresentarem pontos em comum, apresentam aspectos que tornam possível a diferenciação entre eles. Saber identificá-los e reconhecê-los conforme o tipo de linguagem adotado é fundamental para a compreensão dos diversos gêneros textuais aos quais estamos expostos no nosso dia a dia. Vejamos:

A palavra tem valor DENOTATIVO (ou referencial - quando é tomada em seu sentido usual, exato, literal, aquele atribuído pelos dicionários. Os textos informativos (científicos e jornalísticos), por serem objetivos, prendem-se ao sentido denotativo das palavras e são considerados TEXTOS NÃO-LITERÁRIOS. É o que acontece com o texto que apresento a seguir:

Percebeu como cada palavra deve ser interpretada pelo seu sentido literal? Elas dizem o que querem dizer. Têm o significado que está no dicionário – estão sendo usadas em seu sentido DENOTATIVO.

Liçãosobreaágua

Como substância, a água é incolor, insípida e inodora. Desempenha, portanto, um papel invulgar em todos os campos de atividade do mundo.Quimicamente nada se lhe compara. Trata-se de um composto de grande estabilidade, notável solvente e poderosa fonte de energia química.Quando congelada, portanto na forma sólida, a água se expande ao invés de se retrair, conforme acontece com a maioria das demais substâncias, e o sólido mais leve flutua sobre o líquido mais pesado – com consequências surpreendentes. Ela é capaz de absorver e liberar mais calor que todas as demais substâncias comuns. No que diz respeito a uma série de propriedades físicas e químicas – tais como seu ponto de congelamento e ebulição – a água é singular, verdadeira exceção à regra. E quase todas essas propriedades participam dos mecanismos da vida humana, quer naturalmente, como no processo digestivo, ou artificialmente, como numa máquina a vapor.Todas essas peculiaridades da água podem ser explicadas à luz da sua estrutura molecular. A combinação de dois átomos de hidrogênio com um de oxigênio formando a água (H2O) resulta numa molécula espantosamente resistente, sendo necessária uma energia extraordinária para cindi-la. De fato, até há uns 180 anos passados acreditava-se que a água fosse um elemento indivisível, e não um composto químico.

(Biblioteca Científica Life. V. Água. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1981)

A linguagem literária aparece em contos, romances, narrativas de ficção, crônicas, novelas (e telenovelas também), contos e poemas. Apresenta características como a variabilidade, a complexidade, a multissignificação (muitos significados) e a liberdade de criação.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 4

RESUMINDO: Textos não literários são aqueles com palavras utilizadas em seu modo DENOTATIVO e podem ser notícias, artigos jornalísticos, textos didáticos, verbetes de dicionários e enciclopédias, textos científicos, receitas culinárias, manuais, entre outros gêneros textuais que privilegiem o emprego de uma linguagem objetiva, clara e concisa. Considerados esses aspectos, a informação será repassada de maneira a evitar possíveis dúvidas na compreensão da mensagem. Predomina, nesse tipo de texto, a função referencial.

Já a palavra tem valor CONOTATIVO quando seu significado é ampliado ou alterado no contexto em que é empregada, sugerindo ideias que ultrapassam seu sentido mais usual, por isso está sempre presente nos textos considerados LITERÁRIOS, mas também pode aparecer em outros tipos de texto como propagandas por exemplo.

A linguagem literária aparece em contos, romances, narrativas de ficção, crônicas, novelas (e telenovelas também), contos e poemas. Apresenta características como a variabilidade, a complexidade, a multissignificação (muitos significados) e a liberdade de criação.

A Literatura deve ser compreendida como arte e, como tal, não possui compromisso com a verdade – ela é ficção, ou seja, nasce da criatividade do escritor. A linguagem literária faz da linguagem um objeto estético, e não meramente linguístico, ao qual podemos inferir significados de acordo com nossas singularidades e perspectivas.

Os textos literários são aqueles que, em geral, têm o objetivo de emocionar o leitor, e para isso são aqueles em que predominam as funções poética e emotiva da linguagem.

Vejamos alguns exemplos da linguagem utilizada em seu sentido CONOTATIVO:

LIÇÃOSOBREAÁGUA(ANTÓNIOGEDEÃO)

Este líquido é água. Quando puraé inodora, insípida e incolor. Reduzida a vapor,sob tensão e a alta temperatura,move os êmbolos das máquinas que, por isso,se denominam máquinas de vapor. É um bom dissolvente. Embora com exceções, mas de um modo geral,dissolve tudo bem, ácidos, base e sais. Congela a zero graus centesimaise ferve a 100, quando à pressão normal.Foi neste líquido que numa noite cálida de verão, sob um luar gomoso e branco de camélia,apareceu a boiar o cadáver de Oféliacom um nenúfar na mão.

ALeitora,deJean-HonoréFragonardFonte:Wikipedia

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 4

É importante salientar que não existe uma linguagem que seja superior à outra: ambas são importantes e estão representadas pelos incontáveis gêneros textuais. As diferenças nos tipos de linguagem estão ancoradas pela necessidade de adequação do discurso, pois, para cada situação, escolhemos a maneira mais apropriada para elaborar um texto. Se a intenção é comunicar ou informar, certamente adotaremos recursos de linguagem que privilegiem o perfeito entendimento da mensagem, evitando palavras que possam dificultar o acesso às informações. Se a intenção é privilegiar a arte, através da escrita de poemas, contos ou crônicas, estarão à nossa disposição recursos linguísticos adequados para esse fim, tais como o uso da conotação, das figuras de linguagem, entre outros elementos que confiram ao texto um valor estético.

PLANETA ÁGUA (GUILHERME ARANTES)

http://www.youtube.com/watch?v=5humo0Xk-V0

Água que nasce na fonte serena do mundoE que abre um profundo grotãoÁgua que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão

Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertãoÁguas que banham aldeias e matam a sede da populaçãoÁguas que caem das pedras no véu das cascatas, ronco de trovãoE depois dormem tranquilas no leito dos lagos, no leito dos lagos

Água dos igarapés, onde Iara, a mãe d’água é misteriosa cançãoÁgua que o sol evapora, pro céu vai embora, virar nuvem de algodãoGotas de água da chuva, alegre arco-íris sobre a plantaçãoGotas de água da chuva, tão tristes, são lágrimas na inundação

Águas que movem moinhos são as mesmas águas que encharcam o chãoE sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo da terraTerra, planeta águaTerra, planeta águaTerra , planeta água

As diferenças nos tipos de linguagem estão ancoradas pela necessidade de adequação do discurso.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 4

Acesse o link abaixo, que traz explicações sobre CONOTAÇÃO e DENOTAÇÃO: http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denotacao/.

Acesse o link da Gramática online, que pode auxiliá-lo a entender melhor este conteúdo: http://www.gramaticaonline.com.br/page.aspx?id=9&idsubcat=56&iddetalhe=263&idcateg=3

Teleaula nº 31 do Telecurso sobre texto literário e não literário: https://www.youtube.com/watch?v=wSk0rWgfs10

Vídeo sobre textos literários e não literários: https://www.youtube.com/watch?v=vvzVWxfv85s.

O vídeo a seguir contém explicações sobre o uso conotativo e denotativo da palavra: https://www.youtube.com/watch?v=xX7URvFTUhQ

Neste tema você aprendeu, brevemente, os sentidos conotativo e denotativo das palavras bem como a distinção entre os textos literários e não literários.

Releia a Leitura obrigatória, acesse os links e os vídeos e tente resolver os exercícios.

SONORIDADEO som, a melodia;

VOCÁBULOSPalavras;

EBULIÇÃOPonto em que um elemento no estado líquido ferve, mudando seu estado de líquido para gasoso.

PECULIARIDADESCaracterísticas.

LinksImportantes

VídeosImportantes

Finalizando

Glossário

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 5

Nesta aula, você conhecerá :

•Asmodalidadesredacionais,asaber:

•Anarração;

•Adescrição;

•Adissertação;

Ao final, você deverá ser capaz de responder às seguintes questões:

•Quaissãoasprincipaismodalidadesredacionais?

•Quaisasprincipaiscaracterísticasdanarração?

•Quaisasprincipaiscaracterísticasdadescrição?

•Quaisasprincipaiscaracterísticasdadissertação?

•Oqueéumtextoinstrucional?

Tudo o que se escreve é redação, uma vez que o verbo REDIGIR é sinônimo de ESCREVER. Quando escrevemos, utilizamos uma das seguintes modalidades de textos : A DESCRIÇÃO, A NARRAÇÃO, A DISSERTAÇÃO - com as quais podemos elaborar bilhetes, cartas, telegramas, respostas de questões discursivas, contos, crônicas, romances, etc. Geralmente as modalidades redacionais aparecem combinadas entre si.

NARRAR-DESCREVER–DISSERTAR

A NARRAÇÃO é marcada pela temporalidade, ou seja, é a modalidade através da qual se conta uma história ocorrida ou imaginada. Há personagens, tempo, local, ação, reação, conflitos).

ConteúdoseHabilidades

UNIDADE 5

TEMA 9: ModalidadesRedacionais

LeituraObrigatória

Seja qual for o tipo de composição, a criação de um texto envolve conteúdo (nível de ideias, mensagem, assunto), estrutura (organização das ideias, distribuição adequada em função da introdução, desenvolvimento e conclusão), linguagem (expressividade, seleção de vocabulário) e gramática (norma da língua).

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 5

A marca da DESCRIÇÃO é a espacialidade (uma fotografia com palavras) e a da DISSERTAÇÃO é a racionalidade (opinião, debate sobre um tema). Há, ainda, alguns autores que subdividem esse gênero considerando alguns textos como INSTRUCIONAIS que seriam aqueles que têm a função de ensinar, de esclarecer o leitor como receitas, manuais ou bilhetes afixados em locais estratégicos (máquinas de Xerox, por exemplo).

Resumindo...

NARRAÇÃO – o escritor de uma narração trabalha com fatos que ocorrem no tempo, imaginando ou se lembrando de coisas que vivenciou.

DESCRIÇÃO – o escritor de uma descrição trabalha com as características de coisas, pessoas, objetos localizados no espaço; para isso, ele pode estar olhando para o objetivo ou sentindo, se lembrando ou percebendo.

DISSERTAÇÃO – o dissertador expõe juízos de fato e de valor, estruturados racionalmente.

Vamos analisar detidamente cada uma dessas modalidades.

A NARRAÇÃO constitui uma sequência de ações no tempo e no espaço, desencadeadas por personagens envoltas numa trama que culmina num clímax e que, geralmente, esclarece-se no desfecho (ou final).

a. Tempo: é quando ocorre a ação. Pode ser:

a.1.Tempo Cronológico - especificado no decorrer da narrativa; os fatos acontecem como na vida, uma coisa em seguida da outra; o leitor vai sabendo dos fatos à medida em que eles acontecem.

a.2. Tempo Psicológico – é quando nos lembramos de algo em ordem alternada, ou seja, não em ordem cronológica. Na narrativa, o autor conta, primeiro, coisas que acontecem em sua vida adulta, por exemplo, mas vai entremeando a narrativa com lembranças da infância. Há quem dê o nome ao tempo cronológico de narrativa em flash-back.

b.Espaço: lugar onde se passa a narrativa.

c.Enredo: a história em si.

d.Clímax: é o momento chave da narrativa, deve ser um trecho dinâmico e emocionante, onde os fatos se encaixam para chegar ao desenlace.

e.Desenlace: é a conclusão da narração, onde tudo que ficou pendente durante o desenvolvimento do texto é explicado, e o “quebra-cabeça”, que deve ser a história, é montado. Nas telenovelas, é o último capítulo em que todos os conflitos de resolvem;

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 5

f.Personagens: protagonista (ou personagem principal) a responsável pelos acontecimentos principais da história; o antagonista é o que vai contra o protagonista, é o que atrapalha o protagonista e as personagens secundárias – as personagens que ficam em torno da principal.

g.Narrador: quem conta o fato. Se subdivide em:

g.1. Narrador personagem - o narrador faz parte da história (narra em 1ª pessoa – “eu”).

g.2. Narrador observador - o narrador não faz parte da história (narra em 3ª pessoa – sobre a história de alguém).

h. Tipos de discursos - nos textos narrativos, o modo de contar, chamado de DISCURSO, pode ser:

a. Discurso direto – é quando o texto reproduz fielmente a fala das personagens. Normalmente há o uso de travessões, dois pontos, pontos de exclamação e interrogação:

Exemplos:

— Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que ele apareceu à porta do jardim, em Santa Teresa.

— Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive arranjando uns papéis. Mas não é tão tarde assim, continuou Rubião vendo o relógio; são quatro horas e meia.

— Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia em ar de censura.

(ASSIS, Machado. Quincas Borba).

b. Discurso indireto – é quando o narrador usa suas palavras para reproduzir a fala das personagens; normalmente é um discurso em terceira pessoa. Veja o texto a seguir, que é continuação do exemplo anterior, retirado da obra Quincas Borba, de Machado de Assis.

“A alma do Rubião bracejava debaixo deste aguaceiro de palavras; mas, estava num beco sem saída por um lado nem por outro. Tudo muralhas. Nenhuma porta aberta, nenhum corredor, e a chuva a cair. Se pudesse olhar para as moças veria, ao menos, que era objeto de curiosidade de todas, principalmente da filha do major, D. Tonica; mas não podia: escutava, e o major chovia a cântaros. Foi o Palha que lhe trouxe um guarda-chuva. Sofia tinha ido dizer ao marido que o Rubião acabara de chegar; daí a nada estava o Palha no jardim, e saudava o amigo, dizendo-lhe que viera tarde. O major, que explicava ainda uma vez a alcunha do boticário, abandonou a presa, e foi ter com as moças; depois saiu à rua.”

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 5

d. Discurso indireto livre – Embora seja escrito em terceira pessoa, as personagens têm voz, têm sua fala reproduzida pelo narrador. Como exemplo, leia o parágrafo abaixo, retirado do conto “Conversa de bois” de Guimarães Rosa, presente no livro “Sagarana”:

“Enlameado até a cintura, Tiãozinho cresce de ódio. Se pudesse matar o carreiro... Deixa eu crescer!... Deixa eu ficar grande!... Hei de dar conta deste danisco... Se uma cobra picasse seu Soronho... Tem tanta cascavel nos pastos... Tanta urutu, perto de casa... se uma onça comesse o carreiro, de noite... Um onção grande, da pintada... Que raiva!...

Mas os bois estão caminhando diferente. Começaram a prestar atenção, escutando a conversa de boi Brilhante”. (Conversa de bois – Guimarães Rosa)

Há muitas modalidades narrativas; entre os mais conhecidos, temos:

a. O romance – narrativa longa, com muitas personagens e tramas paralelas.

b. O conto - menor que o romance, normalmente apresenta só uma trama principal, poucas personagens. Assim como o romance, pode conter um caráter real ou fantástico.

c. A crônica – parecida com o conto, porém, narra algum acontecimento vivido pelo autor, com um fundo reflexivo ou crítico. O tempo é muito curto, narrando apenas alguns minutos ou horas de alguma situação acontecida no dia a dia.

d.Fábula – parecida com o conto, porém, as personagens são animais que falam e agem como pessoas. Por isso, é errado dizer que vai narrar a “fábula da Branca de Neve” por exemplo, já que as personagens da história não são animais. “A cigarra e a formiga”, “O boi e o sapo”,”A raposa e as uvas” são fábulas.

A DESCRIÇÃO procura desenhar, com palavras, a imagem de seres animados ou inanimados,— em seus traços mais peculiares e marcantes —, captados através dos cinco sentidos. Descreve-se o que se vê ou imagina-se ver, o que se ouve ou imagina-se ouvir, o que se pega ou imagina-se pegar, o que se prova gustativamente ou imagina-se provar, o que se cheira ou imagina-se cheirar. Em outras palavras, descreve-se o que tem linhas, forma, volume, cor, tamanho, espessura, consistência, cheiro, gosto etc. Sentimentos e sensações também podem ser caracterizados pela descrição (exemplos: paixão abrasadora, raiva surda). Caracteriza-se por ser um “retrato verbal” de pessoas, objetos, animais, sentimentos, cenas ou ambientes.

A telenovela é uma narrativa que surgiu dos folhetins, que eram histórias publicadas em capítulos nos jornais.

SaibaMais

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 5

Entretanto, uma descrição não se resume a enumeração pura e simples. O essencial é saber captar o traço distintivo, particular, o que diferencia aquele elemento descrito de todos os demais de sua espécie.

Os elementos mais importantes no processo de caracterização são os adjetivos e locuções adjetivas. Desta maneira, é possível construir a caracterização tanto no sentido denotativo quanto no conotativo, como forma de enriquecimento do texto. O processo descritivo suspende o tempo e capta o ente na sua espacialidade atemporal. Exemplo: “O quarto respirava todo um ar triste de desmazelo e boêmia. Fazia má impressão estar ali: o vômito de Amando secava-se no chão. azedando o ambiente; a louça, que servia ao último jantar, ainda coberta pela gordura coalhada, aparecia dentro de uma laia abominável, cheia de contusões e roída de ferrugem. Uma banquinha, encostada à parede, dizia com seu frio aspecto desarranjado que alguém estivera aia trabalhar durante a noite, até que se extinguira a vela, cujas últimas gotas de estearina se derramavam melancolicamente pelas bordas de um frasco vazio de xarope Larose. que lhe fizera as vezes de castiçal.” (“O mulato” de Aluísio Azevedo)

A DISSERTAÇÃO consiste na exposição lógica de ideias discutidas com criticidade por meio de argumentos bem fundamentados. Disserta-se sobre o que pode ser discutido; o dissertador trabalha com ideias, para montar juízos e raciocínios. Veja o exemplo:

Homenselivros

Monteiro Lobato dizia que um país se faz com homens e livros. O Brasil tem homens e livros. O problema é o preço. A vida humana está valendo muito pouco, já as cifras cobradas por livros exorbitam.

A notícia de que uma mãe vendeu o seu filho à enfermeira por R$ 200,00, em duas prestações, mostra como anda baixa a cotação da vida humana neste país. Se esse é o valor que uma mãe atribui a seu próprio filho, o que dizer quando não existem vínculos de parentesco? De uma fútil briga de trânsito aos interesses da indústria do tráfico, no Brasil, hoje, mata-se por nada.

A falta de instrução, impedindo a maioria dos brasileiros de conhecer o conceito de cidadania, está entre as causas das brutais taxas de violência registradas no país.

Os livros são, como é óbvio, a principal fonte de instrução já inventada pelo homem. E, para aprender com os livros, são necessárias apenas duas condições: saber lê-los e poder adquiri-los. Pelo menos 23% dos brasileiros já encontram um obstáculo intransponível na primeira condição. Um número incalculável, mas certamente bastante alto, esbarra na segunda.

Os elementos mais importantes no processo de caracterização são os adjetivos e locuções adjetivas. Desta maneira, é possível construir a caracterização tanto no sentido denotativo quanto no conotativo, como forma de enriquecimento do texto.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 5

Aqui, um exemplar de uma obra de cerca de cem páginas sai por cerca de RS 70,00, ou seja, 15% do salário mínimo. Nos EUA, uma obra com quase mil páginas custa USS 7,95, menos da metade da brasileira e com 900 páginas a mais.

O principal fator para explicar o alto preço das edições nacionais são as pequenas tiragens. Num país onde pouco se lê, de nada adianta fazer grandes tiragens. Perde-se, assim, a possibilidade de reduzir o custo do produto por meio dos ganhos de produção de escala.

Numa aparente contradição à famosa lei da oferta e da procura, o livro no Brasil é caro porque o brasileiro não lê. Vencer esse suposto paradoxo, alfabetizando a população e incentivando-a a ler cada vez mais, poderia resultar num salutar processo de queda do preço do livro e valorização da vida.

Um país se faz com homens e livros. Mas é preciso que os homens valham mais, muito mais, do que os livros. (Editorial - Folha de S.Paulo)

TEXTOS INSTRUCIONAIS – são os que têm função exclusivamente informativa, como manuais de eletrodomésticos, jogos eletrônicos, receitas culinárias, rótulos de embalagens de uma forma geral, entre outros. Vejamos um exemplo:

PARA FINALIZAR A QUESTÃO DAS MODALIDADES REDACIONAIS, É IMPORTANTE OBSERVAR QUE MUITAS VEZES APARECE MAIS DE UMA MODALIDADE REDACIONAL NO MESMO TEXTO:

Na narração, por exemplo, podem aparecer parágrafos em que o autor descreve algo : “Caminharam, pela estrada poeirenta até chegar a Jardinópolis, onde a família os recebeu.”

Ou o inverso: a descrição, por exemplo, pode iniciar-se com um pequeno parágrafo narrativo para indicar o lugar que se vai descrever, como por exemplo: “Indo à praia, Luís muniu-se dos apetrechos necessários para pescar. Chegando lá, o céu estava nublado, o vento forte, as palmeiras agitadas e o mar espumante”.

RESUMINDO:

A narração se caracteriza pela sequência de ações num determinado tempo = HISTÓRIA.

A descrição caracteriza seres num determinado espaço. Equivale a uma FOTOGRAFIA.

A dissertação expõe, questiona e avalia juízos = DISCUSSÃO

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TEXTO 1 - NARRAÇÃO

“MODOSDEDIZER”

Uma vez um rei sonhou que todos os seus dentes lhe foram caindo da boca, um após outro, até não ter nenhum. Era no tempo em que havia magos e adivinhos. O rei mandou chamar um deles, referiu-lhe o sonho e pediu-lhe que o decifrasse. O adivinho levou a mão à testa, pensou, pensou, consultou a sua ciência e disse:

- Saiba vossa majestade que a significação do seu sonho é a seguinte: está para lhe suceder uma grande infelicidade. Todos os seus parentes, a rainha, os seus filhos, netos, irmãos, todos verá morrer, sem ficar um só ante os olhos de vossa majestade.

O rei entrou em cólera, ficou muito irritado, e, chamando os guardas do palácio, mandou decepar a cabeça do adivinho que lhe profetizara coisas tão tristes.

Estava o rei muito acabrunhado com o vaticínio, quando se aproximou um cortesão e lhe aconselhou que consultasse outro adivinho, porque a interpretação do primeiro podia estar errada e não devia sua majestade se afligir em vão.

O rei adotou o conselho, mandou chamar outro mago e lhe narrou o mesmo sonho, pedindo que o decifrasse. O adivinho levou a mão à testa, pensou, pensou, consultou a sua ciência e disse:

- Saiba vossa majestade que o seu sonho significa o seguinte: Vossa majestade terá muitos anos de vida. Nenhum dos seus parentes lhe sobreviverá. Nem mesmo o mais moço e mais forte deles terá o desgosto de chorar a perda de vossa majestade.

O rei, muito satisfeito, mandou encher o adivinho de presentes, deu-lhe muitas moedas de ouro, muitos diamantes, roupas de seda bordadas e um palácio para morar, nomeando-o adivinho oficial do reino.

No entanto, o segundo mago, que recebeu tais prêmios, disse a mesma coisa que o primeiro, que foi degolado. A única diferença foi a linguagem que ele empregou. Esta fez que ele recebesse prêmio em vez de castigo.

(BACHELET. Mário. Apud DELVAUX, Nesíor. Antologiaportuguesa. 2. ed. São Paulo, FTD, 1965, p. 75)

ReiJorgeVI,ReidaInglaterraentre1936e1952.Fonte:Wikipedia

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TEXTO 2 – DESCRIÇÃO“JARDIMMORTO”

Cai chuvosa a manhã sobre o jardim... No final duma ladeira lamosa e junto de uma cruz, verde e negra de umidade, está a porta de madeira carcomida que dá entrada ao recinto abandonado. Mais a frente há uma ponte de pedra cinzenta e na distância brumosa, uma montanha nevada. No fundo do vale e entre penhas corre o rio manso cantarolando sua velha canção.Em um nicho negro que há junto da porta, dois velhos com capas rasgadas aquecem-se ao lume de uns tições mal acesos. O interior do recinto é angustiante e desolado. A chuva acentua mais esta impressão. Escorrega-se com facilidade. No chão, há grandes troncos mortos... As paredes, altas e amareladas, estão cruzadas de gretas enormes, pelas quais saem lagartixas que passeiam formando com seus corpos, arabescos indecifráveis. No fundo há um resto de claustro, com heras e flores secas, com as colunas inclinadas. Nas fendas das pedras desmoronadas há flores amarelas cheias de gotas de chuva; no chão há charcos de umidade entre as ervas. Não restam mais do que as altas paredes onde houve claustros soberbos que viram procissões com custódias de ouro entre a magnífica seriedade dos tapetes... Uma coluna ruiu sobre a fonte, e ao celebrar suas bodas de pedra, o musgo amoroso cobriu-as com seus finos mantos. Pelos vazios de um capitel horizontal assomam ervas miúdas de verde luminoso. As plantas se abraçam umas com outras, a hera cobre as velhas colunas que ainda se tem em pé, a água que transborda da fonte lambe o solo de pedra que há em seu redor e depois se entrega à terra, que a bebe com repugnância. A restante se perde por um buraco negro, que a bebe com avidez.Há cortinas pesadas de teias de aranha, as samambaias cobrem os bancos de pedra. Se ouve um contínuo gotejar: é a água que chora as tristezas de nosso jardim. (...). Com o vento, todas as flores amarelas tremem e se sacodem da água que têm entre suas pétalas... Há caramujos pregados aos muros... O tempo foi desapiedado para com este jardim; secou seus rosais e cinamomos e, em troca, deu vida a plantas traiçoeiras e mal olentes... Não pára a chuva de cair.

(GARCIA LORCA, Federico. Prosa viva/Ideário coligido, tradução de Oscar Mendes. Rio de Janeiro, J.Aguilar, 1975. p, 18-19)

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 5

Quer aprender mais sobre o assunto? Então acesse aos dois links abaixo, onde você poderá ler mais explicações sobre as modalidades redacionais.

http://revistalingua.uol.com.br/textos/blog-ponta/o-genero-redacional-do-enem-319675-1.asp

http://www.mundovestibular.com.br/articles/1262/1/Tecnicas-de-Redacao---Narracao-Descricao-e-Dissertacao/Paacutegina1.html

TEXTO 3 - DISSERTAÇÃO

Páscoa é uma festa tradicional de nossa cultura, simbolizada principalmente pela distribuição de ovos de chocolate. Porém, a Páscoa deveria ser uma festa religiosa, cuja origem está no hebraico onde a palavra Peseach significa “passagem”. A Páscoa cristã é, ela própria, uma adaptação da Páscoa judaica, em que se celebra a libertação do povo Judeu e a passagem do Egito para a Terra Prometida através do Mar Vermelho, comandada por Moisés. Após a morte de Jesus, que ocorreu durante a Páscoa dos judeus, os primeiros cristãos - sendo principalmente judeus que abraçaram a nova religião - atribuíram-lhe um novo significado, pensando em um outro tipo de passagem - a da morte para a vida, com a ressurreição de Jesus. Da Páscoa cristã ficaram-nos as seguintes tradições e símbolos: a cruz (que representa o sofrimento e a ressurreição de Cristo) e o Cordeiro (que simboliza o próprio Cristo, sacrificado em prol de todo o rebanho). A palavra anglo-saxônica para Páscoa (Easter) tem origem pagã: deriva de Eastre, o nome da deusa germânica símbolo da primavera e da fertilidade. Desse culto da natureza pelos antigos, ficaram-nos tradições como a dos ovos e do Coelhinho da Páscoa. De fato, os coelhos simbolizam fertilidade e os ovos coloridos significam vida renovada, um velho ciclo que termina para dar lugar a outro que começa na Primavera. No culto à deusa Eastre, se dizia às crianças que os coelhos levavam os ovos e os escondiam em ninhos, no jardim, sendo que elas deveriam procurá-los pela manhã. Até hoje os ovos de páscoa são um costume

LinksImportantes

Na Polônia e Ucrânia distribuem-se ovos de galinha cozidos pintados; na Rússia, o costume é presentear com ovos de porcelana, prata ou ouro decorados; em muitos países ocidentais a tradição é mesmo comercial, com a compra e distribuição de ovos de chocolate envoltos em papel decorativo brilhante e enfeitados com fitas.

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Assista aos vídeos a seguir, para complementar seus estudos:

https://www.youtube.com/watch?v=iEXwvwdAyFY

https://www.youtube.com/watch?v=QjC2cTOTMaA

Neste tema você aprendeu, brevemente, as modalidades redacionais NARRAÇÃO, DESCRIÇÃO, DISSERTAÇÃO bem como os principais elementos constitutivos de cada uma delas.

MODALIDADES REDACIONAISModos de escrever, maneiras de se produzir um texto, seguindo determinadas características.

TEMPORALIDADEEm literatura, é uma das características do texto narrativo, é a qualidade de se contar através de um determinado tempo, num período.

JUÍZODEFATOO que é real, uma verdade objetiva;

JUÍZODEVALORA opinião de quem redige, uma verdade subjetiva.

BRACEJAVANUMAGUACEIRODEPALAVRASForma poética de dizer que Rubião se perdia no meio de tantas palavras, ele “bracejava” – batia os braços – como se estivesse no meio de um mar de palavras e quisesse sair dele, mas não conseguia.

DANISCODanoso, pessoa má.

Finalizando

VídeosImportantes

Glossário

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 5

Nesta aula, você conhecerá :

•Ascaracterísticasdotextodissertativo-argumentativo.

•Asdiferençasentreessamodalidaderedacionaleasoutras,jávistasnotemaanterior.

Ao final, você deverá ser capaz de responder às seguintes questões:

•Oqueéumtextodissertativo-argumentativo?

•Quaissuasprincipaiscaracterísticas?

•Oquediferenciaum textodissertativo-argumentativodasdemaismodalidadesredacionaisjáestudadas?

OTEXTODISSERTATIVO/ARGUMENTATIVO:TÉCNICAS PERSUASIVAS DE DISCURSO

Como já foi dito, DISSERTAR é expor uma ideia, argumentando, comparando, defendendo um ponto de vista. A dissertação é, portanto, um texto temático: tudo nele evolui a partir de um raciocínio. É um texto que analisa e interpreta, que aponta para relações lógicas de ideias – faz comparações, mostra correspondências, analisa consequências.

Dentro dessa modalidade, alguns textos, por sua estrutura e finalidade, são chamados de TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO, pois sua intenção é persuadir o leitor a respeito da validade de um determinado ponto de vista. Textos dessa natureza estão estruturados em torno de argumentos – ou seja – um conjunto de proposições usadas para justificar, levar-nos a crer na veracidade de uma conclusão. Para ter poder de convencimento, há que se observar a consistência dos argumentos: às vezes todo o poder persuasivo de um texto se perde quando o argumento principal que o fundamenta apresenta incoerência ou algum tipo de inconsistência. Nesse caso, o argumento pode funcionar como uma estratégia para contra-argumentação.

ConteúdoseHabilidades

TEMA 10: TextoDissertativo-Argumentativo

LeituraObrigatória

Dissertar é expor uma ideia, argumentando, comparando, defendendo um ponto de vista.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 5

Quando se trata de estruturar textos argumentativos, é necessário fugir das armadilhas do senso comum, ou seja, aqueles argumentos consensuais, aceitos universalmente, sem necessidade de comprovação imediata. São verdades universais que até podem ser usadas como argumentos, mas com moderação, já que, por apresentarem um grau de informatividade relativamente baixo, têm valor persuasivo menor.

Para se fazer um bom texto dissertativo-argumentativo, é importante conhecer bem o assunto, refletir sobre o tema, buscando colocar nele boas ideias e conclusões coerentes. A produção de textos dissertativos está ligada à capacidade argumentativa da pessoa que o escreve e sua estrutura é a seguinte:

a. Introdução – onde se deve apresentar de maneira clara e resumida o assunto que vai ser tratado e formular uma tese, ou seja, uma linha de defesa de seu pensamento;

b.Desenvolvimento– onde suas ideias e reflexões devem ser bem exploradas, explicadas e avaliadas.

c. Conclusão – é o resultado final de sua análise, onde apresentará uma síntese de suas ideias.

Para que seu texto fique bom, tente seguir a seguinte orientação:

• Leia o tema com muita atenção e anote todos os conhecimentos que você tem sobre ele;

• Evitar o uso de gírias ou de “internetês” (vc. Blz. Etc);

• Evitar expressões como “na minha opinião”, “eu penso/acredito/acho que”; você deve afirmar: Tal coisa é assim por tais, tais e tais motivos. E, claro, se você é quem está escrevendo, espera-se que seja sua opinião...

• Evitar embromação e palavras como “essa coisa” “tá?” “bom, eu acho que...” e expressões da normal coloquial, como “tipo assim” e outras.

Leia a seguir um texto argumentativo-dissertativo, publicado no jornal Folha de São Paulo:

Fonte:Freepik.com

O texto dissertativo-argumentativo deve ser escrito em linguagem clara, objetiva, de acordo com o padrão culto formal da língua, com verbos predominantemente no presente do indicativo.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 5

UniversidadeVirtual

Muitos autores já compararam a Internet à revolução da imprensa, no século 15, possibilitada pelos tipos móveis de Johannes Gutenberg. É sempre difícil, estando no meio de um processo, avaliar com propriedade o seu impacto futuro, mas a analogia parece proceder.

Embora a máquina desenvolvida pelo inventor alemão não tenha alterado a escrita propriamente dita, permitiu-lhe uma difusão antes nem mesmo imaginada. Julgando a posteriori, é fácil afirmar que os tipos mudaram o curso da história.

Da mesma forma que a imprensa dispensava o trabalho do copista, a Internet, aliada a outros avanços tecnológicos, elimina barreiras físicas e geográficas à divulgação do conhecimento. Uma das repercussões evidentes é sobre educação.

Assim, é correta a aposta do governo federal na educação a distância. O efeito multiplicador da rede não pode ser desprezado. É, portanto, boa notícia a criação da universidade virtual, visando atingir 600 mil professores do ensino básico sem formação acadêmica. Parece exagerada a meta de matricular 100 mil nos próximos dois anos, mas o princípio é mais importante do que os números.

Vale ressaltar que as novas tecnologias de comunicação não substituem as formas mais tradicionais de ensino. Da mesma forma que o livro pós-gutenberguiano não aposentou o mestre, a possibilidade de transmitir aulas e informações a distância não torna de modo algum a presença local do professor dispensável.

A iniciativa da universidade virtual é boa, mas, da mesma forma que um mau livro pode ter consequências desastrosas, erros na implantação desse projeto podem multiplicar problemas. Um dos riscos é acabar transformando a educação a distância, uma ferramenta de ensino, em um fim em si mesmo. O resultado seria a construção de uma universidade, virtual sim, mas em outro sentido: que eleva os índices de titulação do brasileiro, mantendo mais ou menos inalterada a sua formação.

FONTE: Folha de S. Paulo, Editorial, 25/8/2000.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 5

Acesse o link: http://www.colegioweb.com.br/trabalhos-escolares/portugues/redacao/aprenda-caracteristicas-texto-dissertativo-argumentativo.html#ixzz3LupTjEsm onde há uma excelente reportagem sobre textos dissertativos argumentativos.

Leia o texto abaixo, retirado de http://soumaisenem.com.br/redacao/como-estudar-redacao-para-o-enem/dissertacao-argumentativa-no-enem-conceitos-basicos que, embora um pouco antigo, poderá complementar seus conhecimentos adquiridos na Leitura Obrigatória:

LinksImportantes

Saiba o que é o texto dissertativo-argumentativocobradonaredaçãodoEnem31/07/2012

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que acontece nos dias 3 e 4 de novembro, cobra dos candidatos a produção de um texto dissertativo-argumentativo. Saiba o que é e como produzir uma redação seguindo esse padrão

Segundo consta no manual, a redação exigirá dos candidatos a produção de um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, sobre um tema de ordem social, científica, cultural ou política.

O Guia do Participante do Enem 2012 (Exame Nacional do Ensino Médio), que tem como objetivo esclarecer os processos de correção da redação do exame, foi divulgado na tarde da última segunda-feira (30). O guia dá todos os detalhes necessários para que você esteja apto a fazer uma boa redação e analisa, ainda, a proposta da prova de 2011, bem como as redações que atingiram nota máxima, ou seja, 1.000 pontos. Segundo consta no manual, a redação exigirá dos candidatos a produção de um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, sobre um tema de ordem social, científica, cultural ou política. Ótimo, você pode estudar sobre os temas ou mesmo conferir aquilo que mais caiu na redação nas edições anteriores, mas como saber o que é um texto dissertativo-argumentativo?

Um texto dissertativo-argumentativo é um texto opinativo que se organiza na defesa de um ponto de vista sobre determinado assunto. A opinião do autor é fundamentada com explicações e argumentos tendo como objetivo formar a opinião do leitor ou ouvinte e tentar convencê-lo de que a ideia defendida é correta. Para isso, é preciso expor e explicar ideias.

É dessa mistura que vem a sua natureza: o texto é

argumentativo porque defende uma tese e é dissertativo porque é necessário o uso de uma série de explicações que a justifiquem.

O objetivo de quem produz esse tipo de texto, no caso você, é, em última análise, convencer o leitor - ou pelo menos tentar -, mediante a apresentação de razões, por meio da evidência de provas e contando com um raciocínio coerente e consistente.

De acordo com a professora Lilica Negrão, do cursinho pré-vestibular “Oficina do Estudante”, essa coerência é muito fácil de ser alcançada, embora o nome pareça bastante assustador. “O estudante deve se preocupar, basicamente, em oferecer argumentos que se relacionem entre si e, principalmente, pensar naquilo que vai escrever. Ele tem que pensar em uma boa cadeia argumentativa, ficar atento e tomar muito cuidado com aquilo que vai propor, para que as ideias não sejam opostas entre si”, explica.

Para manter os argumentos coerentes e atender às exigências de elaboração de um texto dissertativo-argumentativo no Enem 2012 o seu texto deve combinar dois princípios de estruturação; confira quais são eles:

Princípiosdeestruturaçãodeumtextodissertativo-argumentativo:

1. Tese e justificativas

Para produzir um texto que seja considerado dissertativo-argumentativo, você precisará apresentar uma tese e desenvolver justificativas capazes de comprová-la. Além disso, é necessário apresentar uma conclusão que ofereça um desfecho à discussão elaborada no texto. É isso que irá compor o processo argumentativo.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 5

https://www.youtube.com/watch?v=CtJNhKEGCoU

https://www.youtube.com/watch?v=ij2OLilpnNM

Neste tema você aprendeu, brevemente, sobre a modalidade textual dissertativo-argumentativo. Procure ler os textos novamente, acessar os links e os vídeos, porque assim todas as suas dúvidas serão esclarecidas e seu conhecimento efetivado.

Princípiosdeestruturaçãodeumtextodissertativo-argumentativo:

2. Estratégias de exposição

Outro ponto que o seu texto deve atender é a utilização de estratégias argumentativas que exponham o problema discutido no texto. Essas estratégias devem, de alguma forma, detalhar os argumentos utilizados no seu texto. Mas, como garantir que a sua redação seja estruturada da maneira correta sem conhecer cada uma das etapas necessárias para construí-la? Para escrever um texto dissertativo-argumentativo que atenda aos requisitos de estruturação esperados pelos corretores do Enem 2012 você deve saber perfeitamente quais são os elementos de composição da redação. Entenda:

Elementos de composição do texto dissertativo-argumentativo

1. Tese

A tese é a ideia que você pretende defender durante o seu texto. Ela deve estar relacionada ao tema da proposta e ser apoiada por argumentos ao longo da sua redação.

2. Argumento

O argumento nada mais é do que a justificativa utilizada por você para convencer o leitor a concordar com a tese que você está defendendo. Cada argumento deve responder à pergunta “por quê?” em relação à tese defendida.

3. Estratégias Argumentativas

As estratégias argumentativas são os recursos utilizados pelo autor para desenvolver os argumentos, de maneira que o leitor se convença sobre o assunto. Elas podem aparecer como exemplos, dados estatísticos, pesquisas, fatos comprováveis, citações ou depoimentos de especialistas, alusões históricas ou ainda por meio de comparações entre fatos, situações, épocas ou lugares distintos.

E a professora lembra ainda que não existe uma fórmula mágica capaz de fazer com que você escreva um texto desse tipo do dia para a noite. “Não dá para simplificar tudo em um truque, a questão é o aluno estar preparado. O que ele precisa fazer é ler e escrever muitos textos desse tipo, levar todas as suas redações para correção e ter uma boa introdução, que vai apresentar o tema a ser desenvolvido. O truque é conhecer, tanto na teoria quanto na prática, as características de um texto dissertativo-argumentativo”, conclui Lilica.

Finalizando

VídeosImportantes

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 5

ARGUMENTATIVOQue defende uma ideia ou posicionamento com argumentos.

PERSUADIRConvencer

PROPOSIÇÕESArgumentos, enunciação.

INFORMATIVIDADEQue informa, informativo.

INTERNETÊS“Idioma” da internet, formado por abreviações de palavras e “emoticons” – desenhos que demonstram as emoções do escritor.

ANALOGIAComparação.

A POSTERIORI Expressão latina que significa “depois de acontecido”

Glossário

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 6

Nesta aula, você conhecerá :

•Asprincipaisdiferençasentreresumoeresenhacrítica.

•Ascaracterísticasprincipaisdessasduasmodalidades;

Ao final, você deverá ser capaz de responder às seguintes questões:

•Quaisasprincipaiscaracterísticasdeumaresenhacrítica?

•Quais as principais características de um resumoacadêmico?

ELABORAÇÃODEUMRESUMOOUDEUMARESENHA

O RESUMO

RESUMIR significa sintetizar, recapitular as partes mais significativas de um texto e refazê-lo de modo mais sintético. O leitor do resumo deve ter uma noção exata do texto como um todo, ou o resumo não ficou bom.

O tamanho do RESUMO pode variar, de acordo com seu objetivo. A ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas que normatiza os textos acadêmicos – estabelece que o RESUMO que aparece em artigos e monografias deve ter 250 palavras distribuídas em apenas um parágrafo, justificado. Já em dissertações de mestrado ou teses de doutorado pode contar 500 palavras também escritas em um único parágrafo. Aliás, a Norma NBR 6028 da ABNT conceitua Resumo como “apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto”.

Há autores que subdividem os resumos em:

-Resumoanalítico(ouInformativo) – É o tipo de resumo mais solicitado em trabalhos acadêmicos. Deve conter as informações mais importantes do texto.

-Descritivo (ou indicativo) = é um resumo mais simples, em que o autor coloca apenas tópicos importantes sobre o texto lido.

ConteúdoseHabilidades

UNIDADE 6

TEMA11:ElaboraçãodeResumoseResenhas

LeituraObrigatória

Resumir não é copiar/colar frases (ou parágrafos inteiros) do texto e sim sintetizá-los de acordo com o entendimento do leitor.

Fonte:Freepik.com

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 6

PARA FAZER UM BOM RESUMO É NECESSÁRIO SEGUIR OS SEGUINTES PASSOS:

• Leituraintegral do texto, para tomar contato com ele.

• Esclarecimentodedúvidasdevocabulário, termos técnicos e outras palavras desconhecidas.

• Releituradotexto, para identificar as ideias principais.

• Sublinhar, em cada parágrafo, a ideia-núcleo e os detalhes mais importantes. O objetivo é melhor assimilar o texto. As partes grifadas podem ser utilizadas também para uma revisão rápida do assunto, para aplicar em citações, resumir, esquematizar e fichar. Para sublinhar é indispensável, antes de tudo, a compreensão do texto.

• Assinalar com uma linha vertical, à margem do texto, os tópicosmaisimportantes.

• Assinalar à margem do texto, com um ponto de interrogação, os casos de discordâncias, as passagensobscuras, os argumentos discutíveis.

• Elaboraro resumo.RESUMIR significa condensar um texto, mantendo suas ideias principais. O resumo não tem parágrafos, o espaço entre linhas (em textos digitais) é sempre simples, de modo justificado e não se usam figuras, fotos, citações ou tabelas.

No resumo, entretanto, há dois cuidados importantíssimos:

1. BUSCAR A ESSÊNCIA DO TEXTO, MANTENDO-SE FIEL ÀS IDEIAS DO AUTOR.

2. NUNCA COPIAR PARTES DO TEXTO, POIS O RESUMO DEVE SER O RESULTADO DE UM PROCESSO DE FILTRAGEM DAS INFORMAÇÕES NELE CONTIDAS.

O resumo deve reproduzir as opiniões e ideias do autor do texto e não da pessoa que faz o resumo, que nunca deve emitir comentários ou juízos de valor.

OBSERVAÇÃO

O resumo deve reproduzir as opiniões e ideias do AUTOR DO TEXTO e não da pessoa que faz o resumo, que nunca deve emitir comentários ou juízos de valor.

Ou seja, o resumo é uma REDUÇÃO DO TEXTO ORIGINAL, MANTENDO SEUS PONTOS ESSENCIAIS.

Para se iniciar um resumo, são úteis as expressões: “No texto lido, o autor apresenta.../ discute.../ analisa.../ critica.../ questiona ... tal tema, posicionando-se .....”.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 6

EXEMPLO DE UM RESUMO:

Note, através dos termos grifados, que o autor do resumo “afirma” que as ideias contidas no texto são do autor - Boff. Perceba, ainda, que não há opinião do autor do resumo.

A RESENHA

A RESENHA é também chamada por alguns autores de RESUMO CRITICO. É uma modalidade diferente do RESUMO por um único aspecto: a RESENHA, além de conter um resumo, deve conter uma análise crítica do texto para, em seguida, apresentar um julgamento, uma opinião emitida pelo autor. Deve conter uma CONCLUSÃO em que o aluno questiona, critica ou concorda com o autor do texto original. Pode conter, ainda, comparações com outras obras do mesmo autor e do mesmo gênero.

IMPORTANTE

ESCREVA PENSANDO QUE SEU LEITOR NÃO CONHECE O TEXTO. ELE O CONHECERÁ PELO RESUMO QUE VOCÊ PRODUZIR.

SE O LEITOR ENTENDER O TEXTO ORIGINAL, É PORQUE SEU RESUMO FICOU BOM. REDUZA O TEXTO A UMA FRAÇÃO DO ORIGINAL, RESPEITANDO A ORDEM EM QUE AS IDEIAS OU FATOS SÃO APRESENTADOS.

TEXTO “ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO – UMA MENSAGEM DE PAZ PARA O MUNDO ATUAL”

DE LEONARDO BOFF

Leonardo Boff inicia o artigo “A cultura da paz” apontando o fato de que vivemos em uma cultura que se caracteriza fundamentalmente pela violência. Diante disso, o autor levanta a questão da possibilidade de essa violência poder ser superada ou não. Inicialmente, ele apresenta argumentos que sustentam a tese de que seria impossível, pois as próprias características psicológicas humanas e um conjunto de forças naturais e sociais reforçariam essa cultura da violência, tornando difícil sua superação. Mesmo reconhecendo o poder dessas forças, Boff considera que, nesse momento, é indispensável estabelecermos uma cultura de paz contra a violência, pois essa estaria nos levando à extinção da vida humana no planeta. Segundo o autor, seria possível construir essa cultura, pelo fato de que os seres humanos são providos de componentes genéticos que nos permitem sermos sociais, cooperativos, criadores e dotados de recursos para limitar a violência e de que a essência do ser humano seria o cuidado, definidopeloautor como sendo uma relação amorosa com a realidade, que poderia levar à superação da violência. A partir dessas constatações, o autorconclui, chamando-nos a despertar as potencialidades humanas para a paz, como projeto pessoal e coletivo.

(MACHADO, Anna Rachel; LOUSADA, Eliane; ABREU-TARDELLI, Lília Santos.

Resumo. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. p. 16).

A resenha, além de conter um resumo, deve conter uma análise crítica do texto para, em seguida, apresentar um julgamento, uma opinião emitida pelo autor.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 6

Muito utilizado nos meios acadêmicos, esse recurso serve para analisar várias formas de arte como um filme, uma peça teatral, um evento esportivo, etc, além de livros (inteiros ou parte deles) e textos diversos.

Ao elaborar uma resenha, o resenhista tem um objetivo, ou seja sua intenção pode ser, por exemplo, a de fazer publicidade ou a de adquirir conhecimento sobre o objeto. A partir desse objetivo, devem-se determinar os pontos relevantes do texto a ser resenhado. Por exemplo, ao resenhar um livro, com o objetivo de promovê-lo, não é relevante informar seu custo de produção, mas é imprescindível destacar os dados referentes ao autor da obra.

A resenha é, portanto, um texto que apresenta informações selecionadas e resumidas sobre o conteúdo de outro texto, trazendo, além das informações, os comentários e avaliações do resenhista.

EXEMPLODERESENHA–FILME“AVATAR”

Raramente, se tratando de cinema, alguém se envolve de tal forma em um projeto, gastando tanto tempo e dinheiro para desenvolver a tecnologia em prol de sua arte. É o caso de James Cameron, que não dirige nenhum filme de ficção desde “Titanic. Depois de mais de 15 anos na esteira, mais de $ 300 milhões depois, o cineasta chega aos cinemas com o seu ecológico “Avatar”. Eofilmeédiferentedetudoquejáseviu,plasticamente.Apresentando um mundo silvestre chamado de Pandora, onde as florestas têm uma belezatropical exótica, com montanhas flutuantes e plantas bioluminescentes, o maravilhoso filme chega inovando a tecnologia, utilizando-se do 3D para colocar o espectador no meio desse mundo, ao lado de seus nativos moradores. Os Na’Vi, gerados por computação gráfica, baseados nas interpretações dos atores, são totalmente realistas. A impressão que seteméqueaosairdocinema,poderemosencontrarumdaquelesseresde3metrosdealturana rua. O embate do filme faz com que a plateia reflita sobre suas ações e do que o ser humano é capaz. Enquanto os Na’Vi tentam defender sua terra por amá-la e principalmente respeitá-la, os humanos que lá chegam pensam apenas em explorar o planeta e extrair até a último recurso que dê o retorno financeiro desejado aos mesmos. Para isso, são criados corpos semelhantes aos da espécie de nativos, controlados à distância por cientistas e contratados do exército.

São os tais “avatares”. Essencialmente, são espiões bem elaborados, para aprender sobre os costumes do povo, e assim, negociar uma possível rendição para que os recursos sejam explorados sem que haja uma guerra entre o povo Na’Vi e os humanos. O roteiro, por sua vez explora, o já manjadoconfrontoentreduasraçaseareaçãohumanaaodesconhecido. Mas isso não incomoda. A viagem para Pandora, através da interpretação dos atores, verdadeiramente comedida, recheada por efeitos e inovações técnicas, valecadasegundodasquase trêshorasdeprojeção. Sim o filme é pesadamente feito com computação gráfica, mas é um dos melhores trabalhos que pude assistir até agora. A cenografia é excelente, a fotografia também, James Cameron hoje é o detentor da melhor tecnologia 3D no

Fonte:Wikipedia

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 6

Note as palavras e expressões grifadas (empolgantes, maravilhoso, espetáculo à parte, etc.) são a opinião crítica do autor da resenha, seu ponto de vista, suas impressões sobre o filme. Ele procurou (e conseguiu) mostrar as informações mais relevantes de forma resumida e posicionar-se criticamente em relação ao objeto resenhado.

<http://www.pucrs.br/manualred/resumos.php> Pequeno manual contendo pontos a serem considerados na hora da elaboração de um resumo.

Acesse o Link: http://profvalmirh.blogspot.com.br/2011/03/qual-diferenca-entre-resumo-e-resenha.html - blog da professora Sílvia Letícia, em que ela apresenta as principais diferenças entre Resumo e Resenha.

Acesse o Link: http://pedagogiadasletras.blogspot.com.br/2011/11/diferencas-resumo-x-resenha.html apresenta um texto do autor Diego Rodrigo Brandão também sobre as diferenças entre Resumo e Resenha.

Assista ao vídeo https://www.youtube.com/watch?v=ujfJZaAaw5s em que o professor Arnaldo Vicente Ferreira Sá explica como elaborar um resumo e também uma resenha.

Assista ao vídeo https://www.youtube.com/watch?v=uKNuvEuzsu0 onde a professora Rosário Barbosa ensina como fazer um resumo.

mercado americano e soube usá-la com maestria. A trilha sonora é um espetáculo a parte, muito bem escolhida, casando sempre com os diferentes momentos que o filme apresenta.A beleza do planeta Pandora é indescritível, as cenas de computação gráfica são tão bem mescladas ao cenário, que é praticamente como se você estivesse mesmo dentro do filme (sensação essa também garantida pelo 3D é claro), a movimentação dos personagens e a interação dos mesmo com os atores é perfeita. Avatar tem um enredo de cenas empolgantes, do começo ao fim, ele ainda nos traz a mensagem de que mesmo no futuro com toda a tecnologia existente, somos muito mais primitivos que um povo que ainda usa arco e flechas, mas que desenvolveram profundo respeito pelo planeta onde vivem, se esforçando para conservá-lo, valores que certamente estão em baixa no nosso dia a dia consumista. Ao fim da projeção, fica aquele gostinho de quero mais. E, segundo Cameron, duas continuações são projetadas. Se verdade, eu vejo vocês lá!

Disponível em <http://www.jadorelecinema.com.br/2009/12/resenha-avatar.html>. Acesso em 01/03/2010.

LinksImportantes

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 6

Neste tema você aprendeu, brevemente, as principais diferenças entre RESUMO e RESENHA, percebendo que, para fazê-los adequadamente, é necessário ler, compreender e interpretar o texto lido. Também foi levado a refletir que o RESUMO e a RESENHA são ferramentas que podem auxiliá-lo no ato de estudar.

RESENHISTAAquele que elabora uma resenha.

SINTÉTICOResumido, curto.

MONOGRAFIAPesquisa que encerra os cursos de Especialização. Na graduação, seu equivalente é o TCC – Trabalho de Conclusão de Curso. O produto final de uma investigação de mestrado chama-se Dissertação de Mestrado e, no doutorado, o texto escrito que o encerra recebe o nome de Tese de Doutorado.

JUÍZODEVALOROpinião pessoal.

Finalizando

Glossário

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 6

Nesta aula, você conhecerá:

• Algumasdicasdecomofalarempúblico.

• Orientações sobre a preparação de trabalhos e apresentaçõesorais.

• Oquenãosedevefazeremapresentaçõesorais.

Ao final, você deverá ser capaz de:

• Refletirsobresuasinsegurançasnahoradefalarempúblico;

• Conheceralgumasdicassobreamelhorposturaaseradotadaaosefalarempúblico.

• Refletirsobreasoportunidadesquepodemserperdidaspornãoconseguirfazerapresentaçõesorais.

Um dos maiores tabus de alunos e profissionais é o medo de falar em público. Essa parece ser uma habilidade reservada a poucos, afastando a maioria por medo de falhas e “brancos” que impedem, muitas vezes, o profissional de receber promoções ou de mostrar o bom trabalho que realiza.

Portanto, aqui vão algumas dicas para que você possa se destacar no seu trabalho e também em cursos, palestras e trabalhos acadêmicos que exigem alguma apresentação.

1 - Prepare-se. Fale daquilo que você conhece. Pesquise todas as informações sobre o que você vai falar. Ninguém fica à vontade falando sobre algo que desconhece. Seja crítico com você mesmo e veja se o que vai dizer tem coerência; a plateia percebe informações incoerentes e não gosta;

2 - Nunca tente decorar o que vai falar. Uma exposição oral não é teste de memória. Prepare itens ou tópicos para que possa se lembrar da sequência do que tem a dizer, mas sem decorar frases. Seja natural. Fale como se estivesse contando para amigos, de forma descontraída e calma.

ConteúdoseHabilidades

TEMA 12: ApresentaçõesOrais-ComoFalaremPúblico

LeituraObrigatória

Um dos maiores tabus de alunos e profissionais é o medo de falar em público.

MartinLutherKingJr.,emseudiscurso“Eutenhoumsonho“.

Fonte:Wikipedia

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 6

3 – Se precisar ler algo, escreva em um papel firme, que não mostre o nervosismo que, por vezes, faz tremer nossas mãos.

4 - Não se precipite. Não comece falando diretamente sobre o tema. Para acalmar-se no início, que é o momento mais tenso da apresentação, tente ajeitar a altura do microfone, ajeitar as folhas que você utilizará como apoio; procure olhar para a plateia e inicie sua fala agradecendo à pessoa ou empresa que o convidou para aquele evento. Depois, dê boas vindas a todos e diga que espera que todos possam aproveitar bem o evento/a reunião.

5 - Em todo lugar haverá pessoas desconcentradas, conversas paralelas, pessoas olhando e rindo... se perceber alguém assim, não olhe para ela durante sua fala. Procure olhar para as pessoas que estão atentas, que parecem empolgadas com sua fala. Isso vai facilitar seu desempenho.

6 - Não faça da sua apresentação oral uma novidade para você mesmo. Antes de enfrentar a plateia, converse com amigos e familiares sobre o assunto que irá expor, pedindo que eles lhe façam perguntas sobre o que não ficou claro; muitas informações podem parecer claras para você, mas não são para os que o ouvem.

7 - Ninguém está livre de enfrentar um esquecimento durante a fala, o famoso e desagradável “branco”. Procure acalmar-se respirando fundo, tomando um gole de água e reiniciando, dizendo, “...bem, o que eu queria dizer é que ...”. Porém, se mesmo assim não se lembrar, passe para a frente e volte àquele ponto em outra oportunidade.

8 – Se for usar uma apresentação em PowerPoint, não leia os slides. Eles servem para algum esclarecimento adicional, uma mensagem, um roteiro para que você não se perca, mas, se for para ler exatamente o que aparece escrito lá, não precisaria de uma palestra, não é mesmo?

9 – Demonstre entusiasmo sobre o assunto que está falando e evite palavras que servem como “muletas” tais como né? Tá? Tipo... então... isso tira a atenção do público.

10 – Não gesticule mais que o necessário. Falar com as mãos é inevitável, mas tente se controlar para que o público preste mais atenção às palavras que estão sendo ditas do que ao seu gestual.

11 – Finalmente, não se esqueça – sua apresentação deve ter começo, meio e fim. É importante encerrar a apresentação concluindo seu raciocínio.

Tenha sempre em mente que uma má apresentação (ou uma apresentação não tão boa) não é para sempre. A cada nova apresentação, você se sentirá mais seguro, mais confiante e com menos chances de errar.

Fonte:Freepik.com

Não gesticule mais que o necessário. Falar com as mãos é inevitável, mas tente se controlar para que o público preste mais atenção às palavras que estão sendo ditas do que ao seu gestual.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 6

Quer aprender mais sobre o assunto? Então acesse os links, onde você poderá ler mais sobre esse tema:

http://www.ufac.br/portal/programas-de-bolsas-estudantis/programa-de-educacao-tutorial-pet/grupos-pet/pet-agronomia-1/apoio-didatico/seminarios/dicas-para-preparacao-de-slides-para-apresentacao-oral-1

http://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/dez-dicas-para-falar-bem-em-publico-4566443

Assista aos vídeos abaixo, que podem auxiliá-lo na hora de se preparar para apresentações orais.

https://www.youtube.com/watch?v=PL9wBjMPpRQ

https://www.youtube.com/watch?v=RmSVHOqlS0I

https://www.youtube.com/watch?v=ZXY2RRZRo7s

Neste tema você aprendeu, brevemente, algumas dicas para apresentações em público. Queremos lembrá-lo que esta não é uma habilidade que nasce com a pessoa, mas que é desenvolvida ao longo da vida pessoal e profissional. O medo de errar, a autocensura e outros sentimentos ruins é que nos levam a temer apresentações em público; porém, é mais do que sabido que os profissionais que mais se destacam em sua profissão são aqueles que superam esse medo e se expõem sem medo, sem insegurança e representam a empresa (ou defendem seu ponto de vista) com coerência e clareza.

Acesse os links e assista aos vídeos, para que seus conhecimentos sobre o assunto sejam ainda mais completos.

Fonte:Freepik.com

VídeosImportantes

LinksImportantes

Finalizando

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 6

Nesta aula, você conhecerá:

•Termoshomônimos,homófonosehomógrafos.

•Erroscomunscometidospelosalunosaoredigir;

•Dicassobreesseserros,buscandoevitá-los.

Ao final, você deverá ser capaz de:

•Reconhecer a diferença entre termos homônimos,homófonosehomógrafos.

•Escrever,cometendomenoserros;

•Ganharsegurançaaoredigir.

•Distinguir entre termos homônimos ou homógrafos qualdeleséoadequadoàfrasequevocêestáredigindo.

Para compreendermos alguns dos principais erros cometidos na escrita da Língua portuguesa, é importante saber que algumas palavras só são identificadas de acordo com o contexto em que estão inseridas, porque muitas vezes elas são escritas de forma igual e, outras vezes, embora escritas de forma diferente têm o mesmo som, o que dificulta a escolha sobre qual delas usar.

É importante destacar que o prefixo HOMO significa O MESMO. Assim, HOMÓFONAS são palavras que têm o MESMO SOM (fono), mas são escritas de forma diferente.

Vejamos alguns exemplos:

1. Concerto (apresentação de orquestra; concerto musical) e conserto (reparo).

2. Sessão (de cinema, de circo); A sessão começa às 16:00. Seção (departamento – seção feminina; seção de brinquedos, etc) e cessão – do verbo “ceder”, doar. Agradecemos imensamente pela cessão do terreno ao orfanato.

ConteúdoseHabilidades

TEMA 13: DicasdePortuguês-NãoErremais

LeituraObrigatória

HOMÔNIMOS: são as palavras que têm pronúncia e grafia iguais, e só sabemos seu significado pelo contexto.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 6

3.Senso (sentido) – O senso comum diz que chá de hortelã é bom para verminoses. Censo (recenseamento) – Vamos fazer um grande censo populacional este ano.

As palavras HOMÓGRAFAS são as que têm a mesma grafia (a mesma escrita), mas sons diferentes:

Compare:

1. Eu me pelo de medo de aranhas. Vou pelo caminho mais rápido.

2. Comprei uma forma de bolo em forma de coração.

3. A sabedoria é muito maior que a força. Desse jeito, você força minha decisão!

HOMÔNIMOS são as palavras que têm pronúncia e grafia iguais, e só sabemos seu significado pelo contexto. Compare:

1. Este verão nós vamos para a praia. Logo, logo, vocês verão o resultado de seu trabalho.

2. Eu não cedo aos desejos do seu coração. Preciso acordar cedo para ir trabalhar.

As palavras PARÔNIMAS são aquelas parecidas, mas que se escreve de modo diferente e que têm sentido diferente. Despensa (espaço onde se guardam mantimentos) e dispensa (dispensar); área (local, espaço) e ária (parte de uma ópera); tráfego (trânsito) e tráfico (ato de traficar).

Uma vez entendidos esses primeiros casos que podem causar confusão, vejamos mais alguns pares de palavras que, muitas vezes, nos levam ao erro. Não entraremos aqui na classificação morfológica das palavras e nem nos prenderemos a exceções; apenas daremos alguns exemplos, para maior clareza de vocês.

MEIOOUMEIA?

Meia – significa METADE ou então a peça de roupa para aquecer os pés. Ele comprou meias vermelhas. Ela está com meia perna (metade da perna) sem depilar. Porém, quando significa UM POUCO, é sempre MEIO. Ela está MEIO nervosa. Mariana me parece MEIO triste hoje. Todas as meninas daquela família são MEIO desligadas, etc.

PORQUE, POR QUE, POR QUÊ E PORQUÊ

Usamos PORQUE (junto e sem acento) quando respondemos a alguma pergunta. E usamos POR QUE (separado sem acento) quando queremos fazer uma pergunta e o pronome está no início da frase; já POR QUÊ é para perguntas, mas a expressão está no final. Veja:

As palavras PARÔNIMAS são aquelas parecidas, mas que se escreve de modo diferente e que têm sentido diferente.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 6

POR QUE a menina está chorando?

A menina está chorando POR QUÊ?

Ela está chorando PORQUE seu sorvete caiu.

Finalmente, usamos PORQUÊ (junto e com acento) quando ele é um substantivo – (o que pode ser percebido por ele ser antecedido por O ou UM). Repare:

Nunca encontrei O PORQUÊ de nossa separação.

Estamos todos procurando UM PORQUÊ dessa sua atitude.

AO ENCONTRO DE e DE ENCONTRO A

Embora parecidas, essas expressões têm sentido contrário.

Ao encontro de – significa NA MESMA DIREÇÃO

De encontro a – significa CONTRA.

Veja os exemplos:

A pedra veio DE ENCONTRO ao vidro do carro e o quebrou.

Essa sua ideia vem AO ENCONTRO daquilo que desejo.

Portanto, se você disser que o pensamento de alguém vem DE ENCONTRO ao seu, significa que vocês pensam de modo diferente, contrário.

MAU E MAL

Mau é o contrário de BOM – então, se o lobo pode ser bom, ele pode ser um lobo MAU; se o aluno pode ser bom, ele pode ser um aluno MAU; se o exemplo pode ser bom, pode ser também um MAU exemplo, etc.

Já a palavra MAL é o contrário de BEM. Se alguém é bem educado, poderia ser MAL EDUCADO (e não MAU); se eu estou bem, poderia estar MAL;

A FIM DE e AFIM

A fim de é a mesma coisa que COM A FINALIDADE DE ou PARA. Exemplos: Estudou, FIM DE passar de ano. Você só está falando isso A FIM DE me chatear.

Já a palavra AFIM significa SEMELHANTE e tem plural - AFINS. Então, é muito mais rara de ser usada. Veja:

Matemática e Física são matérias afins.

Sua opinião é afim à minha.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 6

A GENTE e AGENTE

A GENTE é o modo informal de dizer NÓS. Note que o verbo que acompanha a expressão deve vir no singular.

A GENTE vai para a escola todo dia juntos. E não A GENTE VAMOS...

Os professores avisaram A GENTE a respeito da aula.

A GENTE quer passar de ano (e nunca A GENTE QUEREMOS...)

Nós queremos e a gente QUER.

Nós vamos e a gente VAI.

Nós sabemos e a gente SABE.

AGENTE – tudo junto – é uma palavra que significa FUNCIONÁRIO, ESPIÃO ou POLICIAL. James Bond é também conhecido como AGENTE secreto 007. Eles são AGENTES da saúde procurando focos de dengue. Precisei ir dar explicações ao AGENTE da receita federal.

TRÁSeTRAZ(sãoparônimos)

TRAZ – é o presente do verbo trazer e significa CARREGAR, LEVAR, MANTER.

Ele TRAZ os livros em uma mochila.

Ela os traz em um carrinho.

Meu amigo traz seu cachorro para

passear na praça todas as manhãs.

TRÁS é advérbio indicativo de lugar –

significa O VERSO, COSTAS, ATRÁS.

Há uma bonita imagem na parte de TRÁS do livro.

Sua blusa está manchada na parte de TRÁS

ou Sua blusa está manchada ATRÁS.

Não olhe para TRÁS.

A palavra mesmo é um pronome reflexivo, ou seja, indica uma ação que fazemos a nós mesmos.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 6

OVERBOHAVER

O verbo HAVER quando significa EXISTIR ou OCORRER não tem plural! Portanto, escrever que “haviam muitos alunos na aula hoje” está ERRADO. O correto é: Havia muitos alunos na sala.

Houve muitas brigas por causa do resultado do futebol(JAMAIS HOUVERAM...)

MASEMAIS(sãoparônimos)

Estas duas palavras são as mais confundidas pelos alunos na hora de escrever suas redações.

MAS = PORÉM. Utiliza-se MAS quando uma informação que foi dada anterior vai ser completada com uma ideia oposta.

Eles estudaram muito durante todo o ano,MAS não conseguiram aprovação.

Paulinha tinha dito que iria por este caminho,MAS arrependeu-se e foi pelo menos complicado.

Já a palavra MAIS é indica quantidade, proporção, soma:

Quanto MAIS lhe conheço, MAIS lhe admiro.

Sem você, eu não escrevo MAIS.

O MESMO

De uns tempos para cá, o pronome MESMO tem sido utilizado de forma muito errada. Por exemplo, uma frase comum nos aeroportos e que está errada é:

Verifique se você está carregando seus objetos pessoais, pois OS MESMOS podem ter se extraviado.

O correto, nesse caso, seria utilizar o pronome pessoal ELES e não OS MESMOS...

A palavra mesmo é um pronome reflexivo, ou seja, indica uma ação que fazemos a nós mesmos:

Ele MESMO se medicou e saiu.

Eu MESMA fiz este vestido.

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 6

Tem também função de ADJETIVO, ou seja, aparece ao lado de um substantivo para compará-lo com outro, como por exemplo:

Eu estou usando O MESMO vestido que você.

Minha filha gosta do MESMO tipo de salgadinho que eu.

Então, quando aparecer aquela famosa placa nos elevadores “VERIFIQUE SE O MESMO SE ENCONTRA NESTE ANDAR” saiba que ali está um erro gramatical. O correto seria VERIFIQUE SE ELE SE ENCONTRA NESTE ANDAR.

Um erro muito comum e que faz você perder muitos pontos em concursos, é usar “onde” no lugar de que, o qual, a qual, quando. Onde é exclusivo para local. Veja estes exemplos retirados de redações reais de alunos da FAM:

Na Idade Média ONDE havia castelos e cavaleiros... (ocorretoseriaQUANDO)

Durante o Romantismo, época literária ONDE apareceram grandes poetas...

(ocorretoseriaNAQUAL)

Camões foi o maior poeta do Classicismo, ONDE foi reconhecido e valorizado ao redor de todo o mundo.

(ocorretoseriaQUE)

Neste caso, o uso de ONDE está correto.

Não conheço a cidade ONDE meus pais nasceram.

E, para terminar, veja estas palavras a seguir, QUE NÃO EXISTEM, mas que são muito utilizadas, erroneamente, em redações: MENAS, SEJE, VEJE, DERREPENTE...

Fonte:Freepik

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOUnidade 6

Quer aprender mais sobre o assunto? Então acesse os links, onde você poderá ler mais sobre esse tema:

http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/homonimia-homofonos-e-homografos.htm

h t t p : / / p t . w i k i b o o k s . o r g / w i k i / P o r t u g u % C 3 % A A s /Sem%C3%A2ntica/Palavras_Hom%C3%B3grafas

http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/mesmo-voce-sabe-utilizar-o-pronome.htm

Assista aos vídeos abaixo, que podem auxiliá-lo a entender mais este tema, que é complexo e, ao mesmo tempo, importante a todos os profissionais.

https://www.youtube.com/watch?v=4rw8hGqeXVo

https://www.youtube.com/watch?v=6N6MBy3LdJA&list=PL3B18E5DE178160F0

Neste tema você aprendeu algumas dicas sobre erros comuns de Português, visando a uma maior segurança na hora de redigir.

Esperamos que todos os temas lhe tenham sido úteis e que você possa utilizar os novos conhecimentos em sua carreira profissional e também na sua vida pessoal.

Releia a Leitura Obrigatória, acesse os links e assista aos vídeos, para que seus conhecimentos sobre o assunto sejam ainda mais completos.

LinksImportantes

VídeosImportantes

Finalizando

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOReferências

ANDRADE, Maria Margarida de e HENRIQUES, Antonio. Língua Portuguesa: Noções Básicas para Cursos Superiores. São Paulo: Editora Atlas, 1991, 217 p.

BAGNO, Marcos. Preconceitolinguístico: o que é e como se faz . 49 ed. Loyola: São Paulo 2007

BEZERRA, S.S. C. Presuposição linguística: uma das búsolas argumentativas do texto telejornalístico. Disertação (Mestrado em Letras) Universidade Federal da Paraíba, 201.

BOFF, Leonardo. AoraçãodeSãoFrancisco: Uma mensagem de paz para o mundo atual. São Paulo: Vozes, 2006, 160 p.

BRASIL, Lucíola Medeiros. ParaentenderonovoAcordoOrtográficodaLínguaPortuguesa. São Paulo: Wak editora, 2012.

CURTO, Célia; SQUARIZI, Dad. Redação para concursos evestibulares. São Paulo: Saraiva, 2011.

DIONÍSIO, Ângela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (orgs.). GênerostextuaiseEnsino. 5. Ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.

DOUGLAS, William; SPINA, Ana Lúcia; CUNHA, Rogério Santos – COMOFALARBEMEMPÚBLICO: técnicas para Enfrentar Situações de Pressão, Aulas, Negociações e Concursos Reveladas por Palestrantes de Sucesso. São Paulo : Ediouro, 2008.

DUCROT, Oswald. Presupostosesubentendidos:ahipótesedeumasemânticalinguística.In: O dizer e o dito. Campinas: Pontes, 1987. p. 13-30

JAKOBSON, Roman. Linguística. Poética.Cinema. Tradução Haroldo de Campos et alii. Editora Perspectiva. São Paulo. 1970.

MACHADO, Anna Rachel; LOUSADA, Eliane; ABREU-TARDELLI, Lília Santos. Resenha. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. 67 p.

MAZIERO, Maria das Dores Soares. ApostiladeProduçãodeTextos, Paulínia, Prefeitura Municipal de, 2009

MONTEIRO, Nilton Paulo – Roman Jakobson e a linguística doséculo XX. Texto on line disponível em http://temasetomos.blogspot.com.br/2009/10/roman-jakobson-e-linguistica-do-seculo.html

PLATÃO & FIORIN. Paraentenderotexto– Leitura e Redação. São Paulo, Ática, 2001, p. 19

Referências

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃOReferências

POSSENTI, Sirio. Preconceito linguístico. Disponivel em: http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/palavreado/preconceito-linguistico. Acesso em 28 maio 2012

VANOYE, F. Usosdalinguagem. 1a. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1979.

SACCONI, Luíz Antonio. Nãoerremais. 28ª edição. São Paulo: editora Harbra. 2011.

SOBRAL, João Jonas Veiga. Redação : escrevendo com prática. 2ª edição. São Paulo : Iglu Editora, 2012.

VILARNOVO. Teoriasexplicativasdelacoherenciatextual. Revista española de lingüística, nº 15, 2010.