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Direito Funerrio

HYPERLINK "http://nova-criminologia.jusbrasil.com.br/noticias/2657235/aspectos-gerais-sobre-direito-funerario" \o "Editar tpicos" Editar tpicosAspectos gerais sobre Direito Funerrio.

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0Aspectos gerais sobre Direito Funerrio.Necessidade de codificao em prol da Segurana Jurdica.Dois amantes felizes no tm fim nem morte,nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,so eternos como a natureza.Pablo Neruda.Dr. Jeferson Botelho.Delegado Regional de Polcia em Governador Valadares/MG.Professor de Direito Penal, Processo Penal, Teoria Geral do Processo, Instituies de Direito Pblico e Privado, Legislao Especial.Ps-Graduado em Direito Penal e Processo Penal.Doutorando em Cincias Sociais e Jurdicas pela Universidad Del Museo Social Argentino UMSA Buenos Aires Argentina.A morte um fato jurdico que traz inmeras consequncias para a Cincia Jurdica, com repercusso que comea durante o velrio, nos preparativos para o enterro e se estende aps o sepultamento.

A sociedade brasileira convive com vrias normas jurdicas sobre a morte, infelizmente leis soltas e que se encontram espalhadas nos inmeros ramos do direito, que para a segurana jurdica, necessria se faz a codificao dessas normas que hoje constituem num verdadeiro sistema funerrio, com grande autonomia em relao aos demais ramos jurdicos.

Algumas decises dos Tribunais Superiores, ainda bem acanhadas e remotas, consideram o direito funerrio como pertencente ao direito pblico.

Sabe-se que a morte traz inmeras implicaes jurdicas sob os mais variados aspectos.

Espalham-se as normas regulando direitos sobre o cadver, sepulturas e cemitrios, sepultamento e cremao de cadveres, remoo e trasladao de corpos, legislao municipal sobre cemitrios, crimes contra o sentimento de respeito aos mortos, servios funerrios, registros de bitos e outros correlatos.

So normas de direito civil, administrativo, tributrio, penal, processo penal, medicina legal, sade pblica, todas atuando sem a sintonia necessria para se estabelecer a to sonhada segurana jurdica.

Comeando pelo direito civil, logo se verifica no art.6odoCdigo Civilque a existncia da pessoa natural termina com a morte, presumindo-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucesso definitiva.

A lei9434/97, em seu artigo3determina conceito de morte, como sendo a enceflica. Assim expressamente tem-se que a retirada post mortem de tecidos, rgos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento dever ser precedida de diagnstico de morte enceflica, constatada e registrada por dois mdicos no participantes das equipes de remoo e transplante, mediante a utilizao de critrios clnicos e tecnolgicos definidos por resoluo do Conselho Federal de Medicina.

Definido o conceito legal de morte, passa-se agora estudar quais so as providncias que sero tomadas a respeito do cadver.

Nos dias atuais, existem no Brasil dois tipos de funeral. O enterro em sepulturas, o mais comum, e a cremao em fornos crematrios especficos.

Sobre a cremao, esta modalidade est regulamentada em Minas Gerais por meio da Lei n 18.795, de 31 de maro de 2010, que em seu artigo 1, determina:

Art. 1 - Ser cremado o cadver: 3 - Para efeito do disposto no inciso II, a famlia limita-se ao cnjuge, ou aos descendentes, aos ascendentes e aos irmos, se maiores ou capazes, atuando, nessa ordem, um na falta do outro. Outra questo importante para o direito funerrio saber que tem o direito de sepultar, j que o sepultamento possui regramento ligado ao direito de personalidade e proteo dignidade humana.

A doutrina de Zygouris entende que esse direito pertence, em primeiro momento, aos descendentes. Somente os filhos, os descendentes, podem se ocupar desta tarefa transgeracional, cabendo-lhes a honra e o dever de sepultar os corpos de seus genitores, que pela ordem natural da vida, podemos perder os pais e vir a ser rfos.

Alguns textos sagrados dispem que o sepultamento o dever por excelncia dos filhos do falecido.

Quando o falecido no tiver parentes, o dever de sepultar se transfere ao Poder Pblico.

A Lei 6.015, de 31 de dezembro de 1973, dispe sobre os registros pblicos, com trplice objetivo de buscar alcanar autenticidade, segurana e eficcia dos atos jurdicos.

O artigo 77 do mesmo dispositivo legal determina que nenhum sepultamento ser feito sem certido, do oficial de registro do lugar do falecimento, extrada aps a lavratura do assento de bito, em vista do atestado de mdico, se houver no lugar, ou em caso contrrio, de duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte.

A Lei de Registro Pblico em seu artigo 79 disciplina a obrigatoriedade de se fazer a declarao de bitos: 1) o chefe de famlia, a respeito de sua mulher, filhos, hspedes, agregados e fmulos; 2) a viva, a respeito de seu marido, e de cada uma das pessoas indicadas no nmero antecedente; 3) o filho, a respeito do pai ou da me; o irmo, a respeito dos irmos e demais pessoas de casa, indicadas no n 1; o parente mais prximo maior e presente; 4) o administrador, diretor ou gerente de qualquer estabelecimento pblico ou particular, a respeito dos que nele faleceram, salvo se estiver presente algum parente em grau acima indicado; 5) na falta de pessoa competente, nos termos dos nmeros anteriores, a que tiver assistido aos ltimos momentos do finado, o mdico, o sacerdote ou vizinho que do falecimento tiver notcia; 6) a autoridade policial, a respeito de pessoas encontradas mortas. Sendo o finado desconhecido, o assento dever conter declarao de estatura ou medida, se for possvel, cor, sinais aparentes, idade presumida, vesturio e qualquer outra indicao que possa auxiliar de futuro o seu reconhecimento; e, no caso de ter sido encontrado morto, sero mencionados esta circunstncia e o lugar em que se achava e o da necropsia, se tiver havido. Neste caso, ser extrada a individual dactiloscpica, se no local existir esse servio.

Em determinadas circunstncias, fundamental a realizao do exame necroscpico, a fim de determinar as causas que motivaram a morte da vtima e, quando possvel, estabelecer sua causa jurdica, a identificao do morto, o tempo de morte e algo mais que possa contribuir no interesse de esclarecer algo em favor da justia.

A doutrina tem o costume de indicar trs casos previstos em lei para a realizao da necropsia: morte violenta (por acidentes de trnsito, do trabalho, homicdios, suicdios etc.), morte suspeita (sem causa aparente) e morte natural de indivduo no identificado.

O Cdigo de Processo Penal, em seus artigos 162, 164 e 165, regula a obrigatoriedade da necroscopia:

Art. 162. A autpsia ser feita pelo menos seis horas depois do bito, salvo se os peritos, pela evidncia dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararo no auto. Pargrafo nico. Nos casos de morte violenta, bastar o simples exame externo do cadver, quando no houver infrao penal que apurar, ou quando as leses externas permitirem precisar a causa da morte e no houver necessidade de exame interno para a verificao de alguma circunstncia relevante. Art. 164. Os cadveres sero sempre fotografados na posio em que forem encontrados, bem como, na medida do possvel, todas as leses externas e vestgios deixados no local do crime. Art. 165. Para representar as leses encontradas no cadver, os peritos, quando possvel, juntaro ao laudo do exame provas fotogrficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. Em Minas Gerais, tambm existe a Lei 11.976, de 07 de julho de 2009, que regulamenta a declarao de bito e a realizao de estatsticas de bitos em hospitais pblicos e particulares, sendo importante ressaltar que o artigo 5 da lei estabelece que as secretarias estaduais e municipais de sade instalaro comisses ou servios de investigao e/ou verificao de bitos visando a resoluo de casos de falecimentos por causas mal definidas e a busca da plena notificao dos falecimentos ao Sistema nico de Sade .

Em Governador Valadares/MG, existe a Lei 5.349, de 31 de maio de 2004, que dispe sobre sepultamento de carentes em cemitrios municipais, cujo artigo 1 assim estatui:

Art. 1 A Secretaria Municipal de Assistncia Social, atravs de seu rgo competente, por solicitao escrita de representante legal de pessoa carente falecida, providenciar o sepultamento desta em cemitrio pblico, mais prximo de sua residncia, de acordo com disponibilidade de vaga existente, segundo normas estabelecidas pelo Executivo Municipal. Pargrafo nico Para efeito desta Lei, consideram-se pessoas carentes aquelas cuja renda familiar no exceda o valor correspondente a 02 (dois) salrios mnimos vigentes em Minas Gerais. Ainda em Minas Gerais, a Lei 15.758/2005, regulamenta o transporte intermunicipal de cadveres e ossadas humanas no Estado, assim prevendo:

Art. 1 O servio de transporte intermunicipal por via terrestre de cadveres e ossadas humanas exumadas e o fornecimento de urnas e caixes morturios somente podero ser realizados por empresa regularmente autorizada a prestar servio funerrio no Municpio em que ocorrer o bito ou no Municpio em que se dar o sepultamento. Concluindo essas linhas gerais sobre o direito funerrio, tem-se que o Brasil ainda carece de normas condensadas numa s legislao federal, ainda que normas gerais, considerando a competncia privativa do municpio para legislar sobre vrios assuntos ligados ao direito fnebre no mbito de sua competncia em legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar a legislao federal e estadual no que couber.

Precisamos prestigiar o princpio da segurana pblica, entendido como aquilo que se confunde com justia, principal finalidade do direito e necessrio aos indivduos para o desenvolvimento de suas relaes sociais neste modelo atual de estado democrtico e social de direito, direito fundamental do cidado a ter normalidade e estabilidade jurdica, nos trs aspectos do direito adquirido, do ato jurdico perfeito e da coisa julgada.

Por fim, deve-se fiel cumprimento inspirao de Beccaria, ao dizer que quanto maior for o nmero dos que compreendem e tenham em suas mos o sagrado cdigo das leis, com menor frequncia haver delitos, porque no h dvida que a ignorncia e a incerteza das penas ajudam eloquncia das paixes.

A vida no passa de uma oportunidade de encontro; s depois da morte se d a juno; os corpos apenas tm o abrao, as almas tm o enlace. Victor Hugo. Amplie seu estudo

Direito Funerrio Tpicos de legislao citada no texto

Artigo 165 do Decreto Lei n 3.689 de 03 de Outubro de 1941 Artigo 164 do Decreto Lei n 3.689 de 03 de Outubro de 1941 Artigo 162 do Decreto Lei n 3.689 de 03 de Outubro de 1941 Decreto Lei n 3.689 de 03 de Outubro de 1941 Artigo 6 da Lei n 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 Lei n 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 Lei n 6.015 de 31 de Dezembro de 1973 Artigo 3 da Lei n 9.434 de 04 de Fevereiro de 1997 Lei n 9.434 de 04 de Fevereiro de 1997 Artigo 1 da Lei n 5.349 de 31 de Maio de 2004 do Muncipio de Governador Valadares Lei n 5.349 de 31 de Maio de 2004 do Muncipio de Governador Valadares Lei n 11.976 de 07 de Julho de 2009Leia tambm

REVISTADEDIREITO FUNERRIORevista Jus NavigandiISSN 1518-4862

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Leia mais:http://jus.com.br/revista/direito-funerario#ixzz36pUO3kKpDa necessidade de uma legislao federal para regular o Direito Funerrio no Brasil

Felipe Ramos Campana

Publicado em01/2011. Elaborado em12/2010.

O direito funerrio um ramo do direito pouco estudado, mas muito movimentado, j que bitos, exumaes, translados de cadveres e restos mortais e cremaes (entre outros vrios servios funerrios) acontecem diariamente em todo o pas.

Atualmente, no territrio brasileiro existem dois tipos de funeral. O enterro em sepulturas (no esquecendo que sepultura um gnero com varias espcies como carneiro, jazigo, catacumba, nicho, mausolu e etc.) e a cremao em fornos crematrios especficos para esse fim.

Devendo lembrar tambm que o tempo de decomposio de rgos e tecidos de trs anos, geralmente, podendo ser de at cinco dependendo dacausa mortise da quantidade de tecidos dode cujus.

Mesmo assim, com todos esses fatores determinantes do direito funerrio sendo iguais em todo o pas, a competncia para regular tal matria da municipalidade, assim como administrar os cemitrios pblicos e fiscalizar os particulares.

Por causa disso, a grande maioria dos municpios do Brasil no possui legislao funerria.

Pouqussimas cidades do pas possuem tal legislao. Na verdade somente algumas capitais e cidades de maior porte.

No Rio de Janeiro dois decretos municipais formam uma legislao quase completa para chegarmos a composio de um Cdigo de Direito Funerrio. So eles o Decreto "E" 3.707/1970, que regula desde titularidade de sepulturas e exumaes at a administrao nos cemitrios ou construes de sepulturas e o Decreto Municipal/RJ n. 24986/2004 que regula a cremao e os Fornos Crematrios (alm de outras leis e decretos que complementam a matria).

Com esses dois decretos (e mais alguns dispositivos como Regulamentos, outros decretos e leis) a cidade do Rio de Janeiro possui uma das mais completas legislaes funerrias do Brasil.

Diante de todo o exposto acima, devemos analisar todas as regies do Brasil. Na verdade em todas elas os funerais so de cremao em fornos crematrios ou sepultamente em sepulturas. No podemos esquecer que as populaes indgenas de regies remotas ou reservas enterram seus entes em solo comum, com certa diviso no terreno, que no chegam a constituir cemitrios na forma da legislao, mas so sepultamentos no solo caracterizando funeral como nos cemitrios das cidades.

Com o citado acima, como todas as regies tem o mesmo tipo de funeral, apenas com peculiaridades de cada local (o que no atinge a natureza dos dois atos de funeral), o Brasil deveria ter uma legislao funerria federal.

Tal medida iria coibir uma grande lacuna na lei brasileira, que conseqentemente traz a tona diversas irregularidades cometidas em cemitrios e contra a memria de diversas famlias em todo o pas.

Note-se que na esfera criminal, os crimes contra a honra dos mortos devidamente regulado pelo Cdigo Penal, o que protege com a lei todo o territrio brasileiro.

Muitos so os relatos de desrespeito a memria de diversas famlias e a honra dos mortos. Sem uma lei para regular essa conduta, muitas vezes as autoridades locais acabam legislando e executando ato que pode ser danoso ou ilcito para o cidado ou a populao e seus consumidores. Isso quando no ocorrer o pior, ou seja, a administrao do cemitrio legislar e executar atos danosos ou ilcitos.

Portanto fica clara a necessidade de uma lei federal para regular o direito funerrio num todo, ou seja, cremaes, translados de cadveres e restos mortais, enterros, exumaes para diversos fins, compra e venda de sepulturas, naturezas jurdicas e todos os outros assuntos relativos ao tema, mas resguardando os municpios de criarem decretos em caso de peculiaridades locais, sem prejudicar a natureza da lei federal.

Mas mesmo com a lei sendo oriunda da esfera federal, a administrao, fiscalizao, manuteno e execuo da lei federal devem sempre ser de competncia dos municpios.

Autor

Felipe Ramos Campanabacharel em Direito pela Universidade Cndido Mendes Centro, ps-graduado em Direito da Propriedade Intelectual pela PUC/RJ, advogado titular do Escritrio Sepultura Moderna Assessoria Jurdica

autor dos trabalhos monogrficos: "O direito funerrio no Rio de Janeiro" e "O direito autoral e as novas tecnologias".

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Como citar este texto(NBR 6023:2002 ABNT)

CAMPANA, Felipe Ramos.Da necessidade de uma legislao federal para regular o Direito Funerrio no Brasil.Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2758, 19 jan. 2011. Disponvel em:. Acesso em:7 jul. 2014.

Leia mais:http://jus.com.br/imprimir/18298/da-necessidade-de-uma-legislacao-federal-para-regular-o-direito-funerario-no-brasil#ixzz36pUcVM00

A natureza jurdica do uso de sepultura

Autor:Almir Morgado

Texto extrado do Boletim Jurdico - ISSN 1807-9008http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=1789

De incio, devo confessar, foi com certa reticncia que me dispus a escrever este pequeno artigo. Digo isso, dada a natureza do tema, que toca em um dos maiores temores do ser humano: Encarar a certeza de sua perenidade! A transitoriedade de sua existncia, pelo menos, neste plano. Alm do que, sempre que o abordo em sala de aula, quando do estudo do patrimnio pblico e dos servios pblicos, percebo claro mal estar.

O fato , no entanto, que o denominado Direito funerrio ainda uma cadeira jurdica raramente estudada, com pouqussimas obras publicadas, e pouqussimos estudos e decises judiciais que abordam diretamente o tema.

So inmeras as implicaes jurdicas deste tema, e no presente trabalho, abordaremos apenas alguns de seus aspectos, mais precisamente, a natureza jurdica do direito ao uso de sepultura em cemitrios pblicos, tendo em vista que observamos que a temtica tem sido abordada em concursos pblicos diversos e recentes.

Da sua brevidade e sintetismo.

O tema complexo e extremamente controvertido, tendo sido apontadas mais de vinte teorias a respeito da natureza jurdica dos institutos envolvidos no denominadojus sepulchri. Inicialmente, necessrio distinguir o direito ao uso de sepultura em cemitrios[1]privados e pblicos.

Relativamente aos cemitrios privados, o tema pertence aoDireito Civil.Cemitrio particular aquele que pertence iniciativa privada, e seu funcionamento, face natureza do servio ali realizado, est sujeita Permissoda entidade pblica, no caso, a Municipalidade, que regulamenta, disciplina e fiscaliza sua instalao e funcionamento regular, mas no altera a natureza e a titularidade do domnio do bem, que continua privado, embora sujeito s limitaes decorrentes do poder de polcia administrativa.

Via de regra a legislao dos municpios somente concede a referida permisso, para entidades de carter assistencial e sem fins lucrativos, tais como Associaes Religiosas e Grmios Assistenciais, Educacionais e Filantrpicos, desde que atendam as condies previstas nos regulamentos aplicveis[2]. Tais cemitrios podero ter carter secular ou religioso.

Eduardo Henrique de Oliveira Yoshikaua,em primoroso artigo publicado no siteJus navigandiaborda exaustivamente o tema, e, discordando daqueles que vem semelhana entre o direito de sepultar em cemitrio pblico e privado, constata, em sntese, que relativamente ao segundo, ... que ojus sepulchri, o qual consiste, basicamente, no direito de sepultar e de manter sepultados restos mortais, em se tratando de cemitrios particulares, pode resultar deenfiteuseousuperfcie(conforme seja anterior ou posterior ao Cdigo Civil vigente o negcio jurdico que lhe deu origem),concesso de uso(DL 271/67),locao ou comodato,eis que neles se encontra o contedo essencial do direito sepultura (uso de bem imvel e possibilidade de transmissomortis causa, que se distinguem quanto onerosidade, ao prazo de durao e natureza real ou pessoal do direito, o que dever ser verificado pelo intrprete no exame de cada caso concreto).[3] A ns, no entanto, interessa aqui, o estudo do tema relativamente aoscemitrios pblicos, tema afeto ao Direito Administrativo. Diz-se pblico o cemitrio quando instalado em terreno pblico, sendo administrado diretamente pelo Municpio, ou explorado por terceiros atravs de instrumento jurdico-administrativo. Tais cemitrios tero, obrigatoriamente, carter secular, em face dolaicismoconstitucional do estado brasileiro.

Necessrio tambm se faz, aqui, estabelecermos um parntese.

s denominadas agncias funerrias cabe o recolhimento, preparo, guarda e translado dos restos mortais ao cemitrio. Tais entidades prestam relevante servio pblico, tendo para tanto permisso da entidade administrativa competente. Logo, asfunerriassopermissionrias de servio pblico[4], sujeitas s normas regulamentares aplicveis ao servio que prestam, e prtica dastarifasestabelecidos em tabela pelo poder municipal, tendo as mesmas que obedecer ao princpio damodicidadee, no caso de indigentes, a regulamentao de diversos municpios as obrigam a proceder gratuitamente, como um nus administrativo pela sujeio a uma atividadepermitida. H ainda, ascasas de artigos funerrios, que esto sujeitas licenado poder pblico.

Bem, os cemitrios pblicos so classificados, de forma unnime pelos administrativistas, comobens pblicos[5]de uso especial[6].

Podem os mesmos ser diretamente administrados pelo prprio Municpio, ou explorados por terceiros. O ttulo jurdico-administrativo que melhor se adequa a espcie aconcesso de uso de bem pblico, no entanto, vrias legislaes municipais referem-se permisso de uso. Novamente nos vemos s voltas com a generalizada confuso que o legislador faz com os referidos institutos. Uma anlise e conhecimento mais aprofundado dos institutos nos levam, forosamente, concluso que somente aconcesso de uso,dada sua natureza de contrato bilateral, confere ao explorador do bem, a necessria segurana jurdica para proceder ao seu mister, e, ao mesmo tempo, confere administrao o necessrio poder de fiscalizao e regulamentao do mesmo, j que se trata de uso privativo normal incidente sobre bem pblico de uso especial.

J no que se refere ao uso especfico de parcela do terreno - a sepultura, o ttulo jurdico que o legitima, a nosso ver, pode ser aconcesso[7]ou permisso de uso.

No caso dos denominados jazigos perptuos, mausolus ou assemelhados vemos que h verdadeira construo de benfeitoria, a cargo do interessado, muitas vezes de custo elevado, que, obviamente, adere ao solo, e ainda que sujeita regulamentao s normas de utilizao aplicveis, somente aconcesso de uso perptuaconfere, administrao, ao concessionrio, e tambm a coletividade[8], a necessria segurana jurdica, havendo aqui, um misto entre a utilidade pblica e a utilidade privada, logo, concorrncia trplice de interesses, elemento caracterizador da concesso administrativa. Trata-se, pois, de concesso, conferida ttulo perptuo, remunerada e transmissvelmortis causa. comum a cobrana de uma tarifa anual destinada manuteno, conservao e segurana do cemitrio a ser paga pelo concessionrio.

No caso de utilizao temporria, possvel tambm apermisso de uso[9]. Muitas legislaes municipais a prevem, estabelecendo para as mesmas, prazos relativamente longos, em torno de dez anos, sendo possvel a prorrogao, desde que requerida pelo titular do termo de permisso ou por seus herdeiros, antes do advento do termo final.

A utilizao da denominada cova destinada ao sepultamento rotativo tambm, a nosso ver, est sujeita a permisso, aqui, marcada por uma precariedade mais premente e prazos menores em face da necessidade constante de sua reutilizao. No seria o caso de autorizao[10], pois a mesma sempre se d quando a utilizao do bem pblico se faz apenas para atender interesse do utente (autorizatrio), o que no ocorre na espcie, pois, como vimos, tratam-se, aqui, de interesses convergentes do Poder Pblico, do particular e da coletividade.

Conclui-se, portanto, que o direito de uso de sepultura em cemitrios pblicos, diferentemente do que ocorre em cemitrios particulares, se constitui atravs deinstrumento jurdico de natureza publicista,sendo aconcesso de uso, e, excepcionalmente, apermisso de uso, os meios jurdicos adequados a legitimar a utilizao desta categoria de bem pblico de uso especial.

Notas:

[1]Para Jos dos Santos C. Filho, os cemitrios pblicos constituem reas do domnio pblico, e os cemitrios privados so institudos em terrenos do domnio particular, embora sob o controle do Poder Pblico. Para que haja a instituio de um cemitrio particular, necessrio consentimento do Poder Pblico Municipal, atravs de permisso ou por concesso. Os cemitrios pblicos qualificam-se como bens de uso especial, j que h em suas reas prestao de um servio pblico especfico. O servio funerrio, por se tratar de interesse local, da competncia municipal (art. 30 ,I, da CRFB).

[2]So inmeras e diversas as exigncias administrativas, referindo-se a quesitos de higiene, sade e segurana pblica, aspectos urbansticos, estticos etc. Exige-se idoneidade financeira e prova inequvoca da propriedade territorial por parte da Permitente, devendo as mesmas ser titulares do domnio pleno, sem nus ou gravames do imvel destinado ao cemitrio, admitida, em alguns casos, a promessa de compra e venda irrevogvel e irretratvel, inscrita no Registro Geral de Imvel, alm da obrigao de destinar determinado nmero de sepulturas para sepultamento rotativo, sendo vedada a alienao das mesmas, prevendo a legislao aplicvel, um prazo mnimo de permanncia dos restos mortais. Tais cemitrios normalmente so classificados em cemitrios tradicionais, tipo parque ou verticais.

[3]YOSHIKAWA, Eduardo Henrique de Oliveira. Natureza jurdica do direito sepultura em cemitrios particulares.Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 1122, 28 jul. 2006. Disponvel em: . Acesso em: 23 abr. 2007.

[4]O mesmo ocorre com os fornos crematrios e capelas de velrios.

[5]Cretella Jnior conceitua domnio pblico como o conjunto de bens mveis e imveis destinados ao uso direto do Poder Pblico ou utilizao direta ou indireta da coletividade, regulamentados pela Administrao e submetidos a regime de Direito Pblico.(CARVALHO FILHO, Jos dos Santos.ApudCRETELLA JUNIOR.Manual de Direito Administrativo. Ed. Lmen Jris. RJ. 13ed., 2005: p. 845).

[6]So aqueles que visam a execuo dos servios administrativos e dos servios pblicos em geral (CARVALHO FILHO, 2005:851). So exemplos desses bens os edifcios pblicos (escolas e hospitais), prdios do Executivo, Legislativo e Judicirio, cemitrios pblicos, museus etc.

[7]Segundo Jos dos Santos Carvalho Filho, o contrato administrativo pelo qual o Poder Pblico confere a pessoa determinada o uso privativo de bem pblico, independentemente do maior ou menor interesse pblico da pessoa concedente. (CARVALHO FILHO, 2005:877). A concesso empregada nos casos em que a utilizao do bem pblico objetiva o exerccio de atividades de utilidade pblica de maior vulto.Pode ser remunerada ou gratuita, de explorao ou de simples uso, temporria ou perptua.

[8]O respeito aos mortos um bem jurdico tutelado, inclusive pelo direito penal, pertencente coletividade.

[9]Trata-se de ato administrativo unilateral, discricionrio e precrio, gratuito ou oneroso, pelo qual a Administrao Pblica faculta a utilizao privativa de bem pblico, para fins de interesse pblico, podendo tal permisso recair sobre bens pblicos de qualquer espcie.

[10]Autorizao de uso, segundo Maria Sylvia Di Pietro, o ato administrativo unilateral e discricionrio, pelo qual a Administrao consente, a ttulo precrio, que o particular se utilize de um bem pblico com exclusividade. precria, podendo ser ainda gratuita ou onerosa.

Almir Morgado

Bacharel e Licenciado em Cincias da Natureza - Fac. De Humanidades Pedro II - RJ;Bacharel em Cincias Jurdicas e Sociais - Faculdade Nacional de Direito da UFRJ;Especialista em Direito Pblico;Especialista em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho;Diretor-Geral do CE Nilo Peanha da SEE/RJ;Coordenador do Curso de Ps-Graduao em Direito Pblico da UNEC/FUNEC;Professor Titular de Direito Administrativo da FABEC/Academia do Concurso Pblico/RJ;Professor visitante de Direito do Trabalho e Processo do Trabalho do Curso de Ps-graduao em Direito da Universidade Estcio de S/RJ;Professor de Direito Administrativo do Curso Gabarito/RJ;Professor de Direito Administrativo e Constitucional do METTA - Cursos Jurdicos.

Inserido em 25/04/2007

Parte integrante da Ediao no 225

Forma de citao

MORGADO, Almir.A natureza jurdica do uso de sepultura.Boletim Jurdico, Uberaba/MG, a. 5, no 225. Disponvel em: Acesso em: 7 jul.2014.

Aspectos gerais sobre Direito Funerrio.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A morte um fato jurdico e traz inmeras consequncias para a Cincia Jurdica, com repercusso que comea durante o velrio, nos preparativos para o enterro, e se estende aps o sepultamento.

A sociedade brasileira convive com vrias normas jurdicas sobre a morte. So leis soltas e que se encontram espalhadas nos inmeros ramos do direito. Para segurana jurdica, necessrio se faz a codificao dessas normas, que hoje constituem verdadeiro sistema funerrio, com grande autonomia em relao aos demais ramos jurdicos.

Algumas decises dos Tribunais Superiores, ainda bem acanhadas e remotas, consideram o direito funerrio como pertencente ao direito pblico.

Sabe-se que a morte traz inmeras implicaes jurdicas sob os mais variados aspectos.

Espalham-se as normas regulando direitos sobre o cadver, sepulturas e cemitrios, sepultamento e cremao de cadveres, remoo e trasladao de corpos, legislao municipal sobre cemitrios, crimes contra o sentimento de respeito aos mortos, servios funerrios, registros de bitos e outros correlatos.

So normas de direito civil, administrativo, tributrio, penal, processo penal, medicina legal, sade pblica, todas atuando sem a sintonia necessria para se estabelecer a to sonhada segurana jurdica.

Comeando pelo direito civil, logo se verifica no art. 6 do Cdigo Civil que a existncia da pessoa natural termina com a morte, presumindo-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucesso definitiva.

A lei 9434/97, em seu artigo 3, determina conceito de morte como sendo a enceflica. Assim expressamente tem-se que a retirada post mortem de tecidos, rgos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento dever ser precedida de diagnstico de morte enceflica, constatada e registrada por dois mdicos no participantes das equipes de remoo e transplante, mediante a utilizao de critrios clnicos e tecnolgicos definidos por resoluo do Conselho Federal de Medicina.

Contratos de assistncia funerria

Vigncia de benefcios previdencirios supostamente extintos: auxlio-funeral e auxlio-natalidade

Definido o conceito legal de morte, passa-se agora estudar quais so as providncias que sero tomadas a respeito do cadver.

Nos dias atuais, existem no Brasil dois tipos de funeral. O enterro em sepulturas, o mais comum, e a cremao em fornos crematrios especficos. Sobre a cremao, esta modalidade est regulamentada em Minas Gerais por meio da Lei n 18.795, de 31 de maro de 2010, que em seu artigo 1, determina:

Art. 1 - Ser cremado o cadver:

I - daquele que houver manifestado a vontade de ser cremado, por documento pblico ou particular;

II - por interesse da famlia, desde que a pessoa falecida no se tenha manifestado em contrrio, na forma do inciso I;

III - no interesse da sade pblica.

1 - A cremao ser feita mediante apresentao de atestado de bito, firmado por dois mdicos ou por um mdico-legista, determinando a causa da morte e indicando a inexistncia de indcios de morte violenta.

2 - Constatada a existncia de indcios de morte violenta, o mdico-legista far referncia expressa ao fato no laudo pericial e o encaminhar autoridade policial, e a cremao somente ocorrer mediante autorizao judicial.

3 - Para efeito do disposto no inciso II, a famlia limita-se ao cnjuge, ou aos descendentes, aos ascendentes e aos irmos, se maiores ou capazes, atuando, nessa ordem, um na falta do outro.

Outra questo importante para o direito funerrio saber que tem o direito de sepultar, j que o sepultamento possui regramento ligado ao direito de personalidade e proteo dignidade humana.

A doutrina de Zygouris entende que esse direito pertence, em primeiro momento, aos descendentes. Somente os filhos, os descendentes, podem se ocupar desta tarefa transgeracional, cabendo-lhes a honra e o dever de sepultar os corpos de seus genitores pela ordem natural da vida.

Fonte:jus.com.br

Direito funerrio

Publicado em10 de junho de 2013Um tabu a ser superado

Nas democracias onde impera o positivismo legal a regrar as normatizaes para os relacionamentos dos subordinados ao Estado, sempre se socorre a lei como referencial comportamental para as diretrizes legais de cumprimento geral.

Os ensinamentos positivistas do conta que uma norma geral de textura aberta reger o Estado e a partir dela as demais vo se formando sempre submetidas quela constitutiva de todo o direito nacional. A esta norma deu-se o nome de Constitucional. Dela decorrem desde a receptividade de normas internacionais, as leis ditas ordinrias percorrendo at portarias e regimentos internos de entidades pblicas e privadas. No mais, at as relaes das pessoas entre si e com as coisas ho de necessariamente e em ltima instncia estar em conformidade com a Constituio Federal. Assim sendo, a Constituio o bero e nascedouro primeiro de toda a normatividade positivada do Estado Democrtico positivado.No Brasil temas de polmica tem encontrado suas solues na confrontao com a Constituio Federal e dentro dela mesma as diferenas surgem. Basta ver a unio homoafetiva que cingiu-se a definir quais os princpios constitucionais haveriam de prevalecer, se o Art. 226 3 ou ocaputdo art. 5! Notamos que nesta e noutras vrias questes a Constituio Federal sobejou em, seno regulamentar, ao menos fazer pontuar por onde iniciar uma reflexo sobre determinados assuntos que so levados baila de tratativa na sociedade.No h que se negar que mesmo tecendo mnimas consideraes o manancial constitucional brasileiro sempre preferiu ter em sua composio primeira algum direcionamento mais claro sobre as temticas nacionais. Ou seja, a Constituio Brasileira, pelo legislador constitucional, preocupou-se em aparelha-la com o mximo de previses possveis de forma a tudo se poder encontrar nela.Temas outros que no a unio homoafetiva esto na mdia e sempre em enfrentamento pelos Tribunais Superiores e no Congresso Nacional, tudo fincado na Constituio Federal: aborto nas suas variadas formas, manuseio de clulas tronco adultas e embrionrias, parcelamento de solo nacional entre quilombolas e indgenas, e os exemplos no terminam.Mas os incansveis intrpretes da Constituio (leia-se Poder Judicirio) e os que a ela podem modificar e criar legislaes a partir do que ela recomenda (aqui falamos do Congresso Nacional) sempre se apoiam na Lei Maior para fundamentar suas posies, at mesmo as antagnicas.Contudo, neste cenrio de lastro infindvel de assuntos tratados pela Constituio Cidad, restou um tema esquecido: o direito funerrio.Digo aqui como conceituao de Direito Funerrio aquele prev positivamente a relao dos homens (vivos) com o esplio corporal fisiolgico daqueles homens que perderam a existncia pela morte (finado), mormente as questes relativas a destinao do cadver. Tal definio surge apenas da investigao da visualizao dos parcos documentos legais que tratam da temtica, j que nenhuma legislao ainda ousou definir o tema de maneira concreta.Justino Adriano Farias da SilvainTratado de Direito Funerrio define Direito Funerrio Penal como sendo o sistema de normas e princpios tico-sociais, que organiza e disciplina as relaes jurdicas decorrentes da morte e pessoa natural, com visitas e observncia, das crenas e costumes que a sociedade mantm em relao aos mortos, e aos lugares que lhe so destinados. Trata de questes que vo desde a natureza jurdica das sepulturas, dos cemitrios, do aproveitamento de partes dos cadveres, dos registros funerrios e at crimes que envolvam o corpo humano inanimado e os lugares que lhe so destinados.Ocorre que a Constituio Federal nas preocupaes maiores com a vida ouvidou-se de nortear principiologia positivada para o destino dos finados.No se pode distanciar de que se se trata no Brasil de tema que o legislador constitucional prefere no adentar para no entrar em conflitos tais quais os j assentados anteriormente.A legislao infra constitucional deu cabo apenas de tratar da ulilizao de cadver no reclamado (Lei 8.501/92) e do assento registral do bito (arts. 77ss da Lei 6.015/73). O Cdigo de Processo Penal destinou os artigos 162, 164 e 165 para a temtica, mas apenas regulamentando a necroscopia. O Cdigo Penal nos artigos 209 at 212 capitulou crimes contra o respeito aos mortos e a calnia contra os mortos no artigo 138 2.Nem mesmo algo que promovesse coibir a chamada mfia das funerrias foi vislumbrado no cenrio legislativo federal.Ademais as questes que conclamam para si a tratativa do direito funerrio, tendem somente as prticas comerciais sobre doao, penhora de sepulturas, mas nada que v de encontro a destinao dos restos mortais.Ademais toda a normatizao rege-se por mandamentos de ordem estadual ou municipal, quando se trata do sepultamento e dos crematrios e cemitrios, necrpole ou ainda sepulcrrio.Cumpre salientar que a prtica religiosa e consuetudinria brasileira elegeu apenas dois tipos de funeral:O enterro em sepulturas, estas com varias espcies como carneiro, jazigo, catacumba, nicho, mausolu e etc. e a cremao em fornos crematrios especficos para esse fim.O tabu com que se reverte o tema tem suas justificativas histricas e religiosas, onde a tradio de colocar os restos mortais em urnas ou os cremar o mesmo em todo o Brasil. Mas mesmo assim no existe uma legislao nacional que trate da matria de forma a pacificar os inmeros atendimentos dados nas esferas estadual.Da dizermos que no cuidou a Constituio Federal de tratar o tema, os Estados Federados no fizeram o enfrentamento nas suas competncias, deixando aos municpios a tarefa de disciplinar a matria.Surge neste ponto a questo da legislao refratria por competncia, ou seja, aqueles normativos que cada ente tem a competncia de legislar: ao aluno dos anos iniciais do estudo do direito j informado que somente a Unio legislar sobre um determinado tema, e por residualidade ao Estados, relegando aos municpios a ltima tarefa de legislar.Contudo mesmo que nos perguntemos a quem compete a capacidade para legislar sobre matria funerria teremos como fundamento o permissivo da regulamentao por parte dos municpios ante a ausncia absoluta de informao constitucional sobre o tema.Brota-se no cenrio nacional e at mesmo internacional as chamadas grandes questes da dignidade da pessoa humana ou ainda o chamamento de ateno para os direitos fundamentais. Todos estes conclamos somente direcionados aos vivos, relegando seja por esquecimento, seja por tabu a questo funerria para o ltimo plano de debate. A bem da verdade, sequer debates deste tema tem-se visto hodiernamente.Todas as viradas dialticas deram-se mediante o chamado terror e o observador maior destas guinadas foi Hegel na obra maior, aFenomenologia do Esprito. O terror provocado pela Revoluo Francesa deu-nos a Democracia aps a reavaliao efetuada de suas consequencias. O nazismo foi o ponto de apoio para as declaraes universais e a virada positivista para os idealismos humanitrios. No Brasil os anos de chumbo quando findaram, fizeram brotar a Constituio Cidad da qual ainda lagrimejam nossos olhos ante a emoo radiante de Ulisses Guimares com o livreto nas mos anunciando a Constituio Cidad.Mas nem o morticnio das duas ocasies que chocaram o mundo, nem as trgicas imagens das valas onde se depositavam os corpos dos judeus, nem as covas rasas com as quais os libertrios brasileiros dos idos de 64 foram jogados e desaparecidos, deram a idealizar uma positivao legal sobre o Direito Funerrio.Tabu? Medo de enfrentamento por parte da questo religiosa? Marca consuetudinria no nosso Direito? Excesso de positivismo?Que se elabore uma resposta para a atual situao no nos cuida no momento. Cuida sim de trazer para o cenrio brasileiro uma centralizao e normatizao especfica sobre o tema.Se se protagoniza os direitos humanos e fundamentais como pice dos debates atuais, no se pode fechar os olhos para a realidade constatada de uma precria regulamentao funerria pedindo uniformizao em mbito nacional.Publicado emNotciasporronaldogalvao. MarqueLink Permanente.