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DIRETRIZES PARA O APRIMORAMENTO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS DO BRASIL R E S O L U Ç Õ E S A T R I C O N

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DIRETRIZES PARA OAPRIMORAMENTO DOSTRIBUNAIS DE CONTAS DO BRASILR E S O L U E S A T R I C O N

RECIFE/PE

ATRICON

2015

Associao dos Membros dosTribunais de Contas do Brasil

A849r

PeR BPE 14-565

2015 Associao dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon).

Qualquer parte desta publicao pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.

Disponvel tambm em verso impressa.

Comisso EditorialRisodalva Beata de CastroRmulo Lins de Araujo FilhoWillams Brando de Farias

ApoioTarciana Vasconcelos Barros

NormalizaoMaria Aparecida Ferreira de Morais Alves

Reviso textualLarcio Lutberg

Projeto GrficoCorisco Design

Associao dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil

Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil: Resolues Atricon / Associao dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil ; apresentao Valdecir Pascoal, Valter Albano da Silva. Recife: Atricon, 2015. 204p.

ISBN 978-85-68825-01-3

1. TRIBUNAIS DE CONTAS BRASIL RESOLUES. 2. ASSOCIAO DOS MEMBROS DOS TRIBUNAIS DE CONTAS DO BRASIL PLANEJAMEN-TO ESTRATGICO. 3. ADMINISTRAO PBLICA BRASIL. 4. PROCESSO ADMINISTRATIVO BRASIL JULGAMENTO. 5. FINANAS PBLICAS BRASIL ORGANIZAO E ADMINISTRAO. 6. LEGALIDADE (DIREITO) JURISPRUDNCIA. I. Pascoal, Valdecir. II. Silva, Valter Albano. III. Ttulo.

CDU 336.126.55 CDD 343.034

APRESENTAO

RESOLUO ATRICON n 1/2014Agilidade no julgamento de processos e gerenciamento de prazos pelos Tribunais de Contas do Brasil.

RESOLUO ATRICON n 2/2014Controle externo concomitante: instrumento de efetividade dos Tribunais de Contas do Brasil.

RESOLUO ATRICON n 3/2014Composio, organizao e funcionamento dos Tribunais de Contas do Brasil: adequao ao modelo constitucional.

RESOLUO ATRICON n 4/2014Controle interno: instrumento de eficincia dos Tribunais de Contas do Brasil.

RESOLUO ATRICON n 5/2014Controle interno: instrumento de eficincia dos jurisdicionados.

RESOLUO ATRICON n 6/2014Divulgao de decises e de pautas de julgamento como instrumento de comunicao dos Tribunais de Contas do Brasil com o pblico externo de interesse e com a sociedade.

RESOLUO ATRICON n 7/2014Gesto de Informaes Estratgicas pelos Tribunais de Contas do Brasil: instrumento de efetividade do controle externo.

RESOLUO ATRICON n 8/2014Os Tribunais de Contas do Brasil e o controle do cumprimento do artigo 5 da Lei 8.666/93: ordem nos pagamentos pblicos.

RESOLUO ATRICON n 9/2014Os Tribunais de Contas e o desenvolvimento local: Controle do tratamento diferenciado e favorecido s microempresas e empresas de pequeno porte nas contrataes pblicas.

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13

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47

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83

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135

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SUMRIO

RESOLUO CONJUNTA ATRICON-CCOR n 1/2014Corregedorias: instrumentos de eficincia, eficcia e efetividade dos Tribunais de Contas do Brasil.

RESOLUO CONJUNTA ATRICON-CCOR n 2/2014Ouvidorias: instrumentos de interao dos Tribunais de Contas do Brasil com a sociedade.

MEMBROS DAS COMISSES TEMTICAS

REFERNCIAS

161

175

189

197

8 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

| 9APRESENTAO

APRESENTAO

Vem, vamos embora que esperar no saber Quem sabe faz a hora, no espera acontecer Geraldo Vandr, trecho da msica Pra no dizer que no falei das flores

inevitvel lembrar do cancioneiro que imortalizou to sin-gular desejo de mudana, quando um resultado de excelncia alcanado por mrito de nossas prprias iniciativas. Este sentimento glorificante. Alm de corresponder ao estado de alegria dos pro-tagonistas da ao, ele vem aliado sensao de crescimento, de evoluo, da compreenso de que se subiu mais alguns degraus na incessante busca pela excelncia. Que essas palavras expressem o valor que aferimos ao con-junto de Resolues e Diretrizes objeto desta publicao, inspiradas nos objetivos precpuos da Atricon de recomendar aos Tribunais de Contas do Brasil mtodos e procedimentos de fiscalizao e de co-ordenar a consolidao, nos Tribunais, de um sistema integrado de controle da Administrao Pblica, com procedimentos uniformes e transparentes, que garanta amplo acesso do cidado s informaes respectivas (incisos V e VI, art. 3, Estatuto). E a Atricon segue to firme nesse propsito que decidiu, em 2012, ainda na gesto do eminente Conselheiro Antnio Joa-quim (TCE-MT), no apenas estabelecer diretrizes orientativas para os Tribunais de Contas, mas tambm regulament-las sob a forma de Resolues, com base em proposta apresentada pelo Conselheiro Valdecir Pascoal (TCE-PE) no III Encontro Nacional dos Tribunais de Contas (Campo Grande/MS, 12 a 14/11/2012). Dessa deciso, nasceu a primeira Resoluo Atricon, a de nmero 01/2013, que Estabele-ce recomendaes aos Tribunais de Contas sobre procedimentos e aes de orientao e controle da transparncia dos rgos jurisdi-cionados, bem como sobre aes de estmulo ao controle social. A ela se seguiram outras, todas igualmente importantes, com destaque para a que aprovou a primeira verso do Projeto de Ava-liao da Qualidade e Agilidade do Controle Externo no mbito dos Tribunais de Contas em 2013. O resultado diagnstico decorrente,

10 |

divulgado no XXVII Congresso dos Tribunais de Contas do Brasil (Vitria/ES, 03 a 06/12/2013), estimulou a Atricon a continuar na mesma toada e a produzir, em 2014, diretrizes tcnicas relativas aos indicadores avaliados, as quais subsidiaro tanto os Tribunais de Contas, na implementao de melhorias nos seus processos, pro-dutos e servios, quanto a Atricon, na execuo da segunda fase do Projeto de Avaliao da Qualidade e Agilidade (QATC2), em 2015. Merece registro o processo amplamente democrtico que permeou a construo desses onze valiosos instrumentos, inclusive com a parceria, em dois deles, do Colgio de Corregedores e Ouvi-dores dos Tribunais de Contas (CCOR). digna de louvor a participao pessoal e efetiva de inme-ros conselheiros, conselheiros substitutos, procuradores de contas e tcnicos dos diversos Tribunais de Contas do Brasil. So os chamados Homens e Mulheres da Repblica, aqui includos tanto os que se dedicaram elaborao dos estudos e termos de referncia iniciais no mbito das comisses temticas, quanto os que apresentaram emendas e/ou participaram dos debates virtuais ou presenciais. A eles se somaram os membros associados Atricon, que, aps debate aberto e responsvel, aprovaram por unanimidade o conjunto de Re-solues e Diretrizes durante o IV Encontro Nacional dos Tribunais de Contas (Fortaleza/CE, 04 a 06/08/2014), que teve como tema cen-tral O papel dos Tribunais de Contas frente s demandas sociais. A nossa avaliao, ao final de mais esta etapa, a de que os Tribunais de Contas demonstram para a sociedade brasileira o com-promisso e a determinao dos seus prprios Membros na busca da modernizao e do aperfeioamento. Poder-se-ia ficar espera de que as mudanas necessrias fossem processadas por meio de ou-tras instncias, tambm legtimas, como o Congresso Nacional, ou o desejado Conselho Nacional dos Tribunais de Contas. Mas o esprito pblico reinante em nossas instituies nos guiou para esse momen-to emblemtico. Como resultado, passamos a ter um ncleo fundamental e es-tratgico de aes e posturas daquilo que pode ser um Tribunal de Contas ideal, efetivamente cidado. So diretrizes-recomendaes que

Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

| 11APRESENTAO

respeitam a autonomia de cada Tribunal e o princpio federativo que os norteia. So procedimentos e condutas que, preciso dizer, j se apresentam como realidade em muitos Tribunais, mas precisam ser estendidos a todos os que formam o sistema, sem qualquer exceo. Urge que atuemos de maneira mais uniforme, integrada e efetiva. A propsito, lembramos de Mandela e de um mantra sempre evocado por ele: UBUNTU. Uma palavra africana que significa um sentimento de coletividade: "Sou o que sou, porque somos todos ns". Sentimento que cabe como uma luva para este momento. Mos re-publicanas e democrticas teceram as Resolues. Alm do mais, no conseguiremos a efetividade social desejada se no diminuirmos nossas diferenas, se todos os Tribunais de Contas brasileiros no remarem em uma mesma toada de excelncia. Avante, que esperar no saber!

UBUNTU!

Conselheiro Valdecir Pascoal TCE-PEPresidente da Atricon*Conselheiro Valter Albano da Silva TCE-MTVice-Presidente da Atricon e Coordenador-Geral das Comisses Temticas

12 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

Agilidade no julgamento de processos e gerenciamento de prazos pelos Tribunais de Contas do Brasil

RESOLUO ATRICON n 1/2014

14 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

RESOLUO ATRICON n 1/2014*

Aprova as Diretrizes de Controle Externo Atricon 3201/2014, relacionadas temtica Agilidade no julgamento de processos e gerenciamento de prazos pelos Tribunais de Contas do Brasil.

A Associao dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), com base no que dispem os incisos I, V e VI do artigo 3 do seu Estatuto, e

CONSIDERANDO um dos objetivos da Atricon, definido no seu estatuto, de coordenar a implantao, nos Tribunais de Contas do Brasil, de um sistema integrado de controle da administrao pbli-ca, buscando a uniformizao de procedimentos e garantindo amplo acesso do cidado s informaes respectivas;

CONSIDERANDO os compromissos assumidos nas Declara-es de Belm/PA, de Campo Grande/MS e de Vitria/ES, voltados ao aprimoramento da qualidade e da agilidade do controle externo no mbito dos Tribunais de Contas do Brasil;

CONSIDERANDO o objetivo estabelecido no Planejamento Estratgico 2012-2017 da Atricon de fortalecer a instituio Tribu-nal de Contas como instrumento indispensvel cidadania, bem como a correspondente meta de incentivar a adoo dos padres de qualidade e agilidade do controle externo institudos pela Atricon por 100% dos Tribunais de Contas at dezembro de 2017;

CONSIDERANDO os resultados do Diagnstico da Avaliao da Qualidade e Agilidade do Controle Externo no mbito dos Tribu-nais de Contas relativos ao gerenciamento de prazos, apurados em 2013 e disponveis no site da Atricon;

* Disponvel em:

| 15RESOLUO ATRICON n 1/2014Agilidade no julgamento de processos e gerenciamento de prazos pelos Tribunais de Contas do Brasil

CONSIDERANDO a necessidade de disponibilizar referencial para que os Tribunais de Contas, de maneira uniforme no pas, apri-morem seus regulamentos, procedimentos e prticas processuais, de modo a conferir-lhes maior agilidade e efetividade;

CONSIDERANDO a deciso aprovada em reunio conjunta da Diretoria Executiva e do Conselho Deliberativo da Atricon em 27 de maro de 2014, que determinou a elaborao de resolues orientativas aos Tribunais de Contas sobre temas relevantes e constituiu, para tanto, comisses temticas integradas por conselheiros, conselheiros substi-tutos, procuradores de contas e tcnicos dos Tribunais de Contas;

CONSIDERANDO as minutas apresentadas pelas comisses temticas, decorrentes da consolidao das propostas elaboradas nas reunies realizadas no TCE-MT (Cuiab/MT, de 12 a 14 de maio de 2014) e no TCE-PI (Teresina/PI, de 4 a 6 de junho de 2014), bem como as emendas apresentadas por representantes dos Tribunais de Contas durante o perodo de audincia pblica eletrnica (de 16 de junho a 18 de julho de 2014) e durante as atividades temticas do IV Encontro dos Tribunais de Contas do Brasil, em Fortaleza/CE (de 4 a 6 de agosto de 2014);

CONSIDERANDO a deliberao plenria no IV Encontro dos Tribunais de Contas, em Fortaleza/CE (de 4 a 6 de agosto de 2014), que aprovou diretrizes de controle externo relacionadas s temticas;

RESOLVE:

Art. 1. Aprovar as Diretrizes de Controle Externo Atricon 3201/2014, relacionadas temtica Agilidade no julgamento de pro-cessos e gerenciamento de prazos pelos Tribunais de Contas do Brasil, integrantes do anexo nico desta resoluo, publicado no endereo eletrnico .

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Art. 2. Esta resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

Fortaleza, 6 de agosto de 2014.Conselheiro Valdecir PascoalPresidente da Atricon

Diretrizes de Controle Externo 3201/2014/Atricon

ANEXO NICO DARESOLUO ATRICON n 1/2014

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INTRODUO

Apresentao

1 Os Tribunais de Contas brasileiros esto conscientes de que de-vem dar respostas mais rpidas e eficazes aos anseios da sociedade. Nesse contexto, o presente trabalho contm o resultado de estudos e discusses da Comisso Temtica 1 Agilidade no julgamento de processos e gerenciamento dos prazos pelos Tribunais de Contas do Brasil, objetivando maior efetividade da atuao dos Tribunais de Contas. Para tanto, foram considerados os princpios que regem o controle externo da administrao pblica, a legislao aplicvel e os compromissos assumidos no Planejamento Estratgico da Atricon, com a finalidade de:

a) Definir prazos de referncia para a deliberao dos proces-sos de controle externo, por natureza;

b) Estabelecer diretrizes para racionalizao de processos e eliminao e reduo do estoque;

c) Definir sistemtica de gerenciamento de prazos;

d) Definir indicadores de desempenho;

e) Identificar e divulgar boas prticas;

f ) Promover o intercmbio de experincias e solues.

Justificativa

2 A Atricon realizou em 2013 um diagnstico em 28 Tribunais de Contas, por meio do qual foram aferidos indicadores relativos agi-lidade e qualidade do controle externo, incluindo o cumprimento de prazos no julgamento de processos, de apreciao das denncias e de respostas s consultas. Nesses casos, identificou-se que nenhum

| 19RESOLUO ATRICON n 1/2014Agilidade no julgamento de processos e gerenciamento de prazos pelos Tribunais de Contas do Brasil

dos tribunais atendia plenamente aos critrios definidos 36% aten-diam parcialmente e 64% no atendiam a nenhum deles.

3 Para que os Tribunais de Contas respondam tempestivamente s demandas da sociedade, necessrio o estabelecimento e o cumpri-mento de prazos processuais adequados, evitando que a demora nas deliberaes milite em favor dos maus gestores e proporcionando oportuno veto s prticas que causam prejuzo ao errio.

4 Esse fato motivou a Atricon a estabelecer diretrizes relativas te-mtica, objetivando a definio de parmetros nacionais uniformes e suficientes para sua implementao pelos Tribunais de Contas.

Objetivo

5 Disponibilizar referencial para que os Tribunais de Contas, de modo uniforme, aprimorem seus regulamentos, procedimentos e prticas de controle externo, de modo a conferir-lhes maior agili-dade, assegurando o cumprimento do comando constitucional que estabelece a durao razovel do processo e garantindo efetividade atuao do controle externo.

Compromissos firmados

6 Os compromissos do Sistema Tribunal de Contas relacionados temtica esto expressos no Planejamento Estratgico 2012/2017 da Atricon e nas Declaraes de Belm/PA, de Campo Grande/MS e de Vitria/ES, a seguir transcritos.

a) Planejamento Estratgico 2012/2017 da Atricon:

Iniciativa 3.1.2 Elaborar diretrizes de controle ex-terno relativas a prazos para apreciao e julgamento

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de processos e apoiar a sua implantao ou o aprimora-mento pelos Tribunais de Contas.

b) Declarao de Vitria/ES, aprovada em dezembro de 2013 du-rante o XXVII Congresso dos Tribunais de Contas do Brasil, que teve como tema A importncia dos Tribunais de Contas no contexto nacional e a sua atuao enquanto instrumentos de cidadania e de melhoria da qualidade da gesto pblica e do desenvolvimento econmico, bem como de reduo das desigualdades regionais e sociais, a qual estabeleceu, entre outras, as seguintes aes:

desenvolver mecanismos e implementar aes para o fortalecimento institucional dos Tribunais de Con-tas, em obedincia ao princpio federativo, na condi-o de instrumentos indispensveis cidadania;

aderir e apoiar a avaliao da qualidade e agilidade do controle externo no mbito dos Tribunais de Con-tas, mediante avaliao entre pares, garantindo a sua continuidade, aprimoramento e ampla divulgao, bem como o cumprimento dos itens e critrios apro-vados pela Atricon;

fomentar o compartilhamento e o uso da tecnologia da informao no processo de trabalho dos Tribunais de Contas com o objetivo de assegurar a celeridade, a segurana e a transparncia das informaes, com nfase na implementao do processo eletrnico.

c) Carta de Campo Grande/MS, aprovada em novembro de 2012 durante o III Encontro Nacional dos Tribunais de Contas do Brasil, que teve como tema Um debate pela efetividade do controle externo do Brasil, a qual instituiu, entre outras, as seguintes aes:

estabelecer metas para julgamento dos processos, primando pela celeridade, qualidade e efetividade na

| 21RESOLUO ATRICON n 1/2014Agilidade no julgamento de processos e gerenciamento de prazos pelos Tribunais de Contas do Brasil

atuao dos Tribunais de Contas;

fomentar o uso da tecnologia da informao no processo de trabalho dos Tribunais de Contas, de forma a garantir a transparncia, a celeridade e es-timular a segurana das informaes, a exemplo do processo eletrnico.

d) Declarao de Belm/PA, aprovada em novembro de 2011 durante o XXVI Congresso dos Tribunais de Contas do Brasil, que teve como tema Integrao, transparncia e cidadania, a qual estabeleceu, entre outras, as seguintes aes:

estimular modelo de administrao pblica focado em resultados e baseado em planejamento estratgico;

consolidar a implantao do processo eletrnico.

Princpios e fundamentos legais

7 Os princpios que embasaram a elaborao das diretrizes so:

a) Supremacia do interesse pblico;

b) Devido processo legal;

c) Contraditrio e ampla defesa;

d) Durao razovel do processo;

e) Eficincia;

f ) Celeridade;

g) Economicidade;

h) Efetividade do controle;

i) Legalidade.

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8 A legislao de referncia para este trabalho a seguinte:

a) Constituies federal e estaduais;

b) Leis orgnicas dos municpios;

c) Leis orgnicas e regimentos internos dos tribunais;

d) Cdigo de Processo Civil;

e) Cdigo Civil;

f ) Leis do Processo Administrativo.

Conceitos

9 Os principais conceitos a serem adotados como referncia para a aplicao das diretrizes so os seguintes:

a) Atos de pessoal: aposentadorias, reformas, penses e ad-misses de pessoal sujeitos a fiscalizao e registro pelos Tri-bunais de Contas;

b) Autuao de processo: ato de formao do processo, con-ferindo-lhe registro e numerao de folhas;

c) Concursos pblicos: procedimentos administrativos que objetivam a seleo de servidores para cargo ou emprego pblico efetivo;

d) Consultas: indagaes feitas aos Tribunais de Contas pe-las autoridades por eles legitimadas sobre matrias de sua competncia;

e) Contas de gesto: contas dos administradores e responsveis por recursos ou por contrair obrigaes pblicas, marcadas pela generalizao da figura do prestador ou ordenador, aque-le que movimenta os recursos financeiros da entidade ou do rgo, emitindo ordem de servio, atestando a prestao de

| 23RESOLUO ATRICON n 1/2014Agilidade no julgamento de processos e gerenciamento de prazos pelos Tribunais de Contas do Brasil

servios e o fornecimento de mercadorias, assinando notas fiscais e recibos. Sujeitam-se a julgamento pelos Tribunais de Contas (artigo 71, II, CF);

f ) Contas de governo: contas globais, prestadas anualmente pelo chefe do Poder Executivo, cujo principal objetivo a an-lise dos planos de governo e sua correspondente execuo, sob os crivos contbil, oramentrio, financeiro, operacional e patrimonial, havendo um complexo de atos permeados por determinadas balizas, quais sejam, os limites constitucionais e legais de planejamento e execuo do oramento e das finan-as pblicas. Sujeitam-se a parecer prvio pelos Tribunais de Contas e a julgamento pelo Poder Legislativo (artigo 71, I, CF);

g) Contas especiais (tomadas de contas): procedimentos ins-taurados pela autoridade administrativa ou pelo tribunal, de ofcio, para apurao dos fatos, identificao dos responsveis e quantificao do dano ao errio, para fins de julgamento pelo Tribunal de Contas;

h) Decadncia: perda de um direito que no foi exercido pelo seu titular no prazo previsto em lei; perda do direito em si, em razo do decurso do tempo;

i) Denncias: comunicaes feitas por qualquer cidado, parti-do poltico, associao legalmente constituda ou sindicato aos Tribunais de Contas acerca de indcios de irregularidades prati-cadas na gesto dos recursos pblicos sujeitos sua fiscalizao;

j) Diligncia: medida determinada pelo relator ou pelo Tribunal com vistas obteno dos esclarecimentos ou informaes ne-cessrias complementao da instruo processual;

k) Estoque processual: processos no deliberados nos prazos estabelecidos no Projeto Qualidade e Agilidade

l) Medida cautelar: tutela de natureza provisria proferida pe-los Tribunais de Contas quando houver fundado e iminente

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receio de prejuzo irreparvel ou de difcil reparao ao errio ou de grave violao ordem legal, com vistas a preservar a utilidade e a eficcia de futura deciso de mrito;

m) Prescrio: perda do direito pretenso punitiva em ra-zo do decurso do tempo; perda da pretenso de exigir de algum determinado comportamento;

n) Recurso: forma pela qual as partes, os interessados e o Ministrio Pblico de Contas buscam a modificao da de-ciso de origem;

o) Representaes: comunicaes feitas pelos agentes pbli-cos aos Tribunais de Contas acerca de indcios de irregulari-dades de que tenham conhecimento em virtude do exerccio do cargo, emprego ou funo.

DIRETRIZES

10 Os Tribunais de Contas do Brasil, no exerccio de suas competn-cias constitucionais, devem imprimir maior agilidade na apreciao e no julgamento de processos, cumprindo prazos razoveis, obser-vando, para tanto, as diretrizes estabelecidas nos itens seguintes.

11 Definir, em planos estratgicos de mdio prazo, metas para apre-ciao ou julgamento de processos, adotando como parmetro os seguintes prazos:

a) Contas de governo: at o fim do exerccio seguinte ao da sua apresentao ao tribunal;

b) Contas de gesto: at o fim do exerccio seguinte ao da sua apresentao ao tribunal;

c) Tomada de contas de exerccio ou de gesto: at o fim do exerccio seguinte ao da sua tomada pelo tribunal;

| 25RESOLUO ATRICON n 1/2014Agilidade no julgamento de processos e gerenciamento de prazos pelos Tribunais de Contas do Brasil

d) Tomada de contas especial: at nove meses da autuao no tribunal;

e) Representaes: at nove meses da autuao;

f ) Denncias: at nove meses da autuao;

g) Recursos/pedido de resciso: at quatro meses da autuao;

h) Processos sujeitos a concesses de cautelares:

quanto concesso: imediata, salvo se houver tem-po suficiente para ouvir a outra parte, o Ministrio Pblico de Contas e/ou o rgo tcnico;

quanto ao julgamento de mrito da cautelar: at dois meses da concesso;

i) Consultas: at trs meses da autuao;

j) Concursos pblicos: at trs meses da autuao;

k) Atos de pessoal: at quatro meses da autuao;

l) Demais processos: at um ano da autuao do processo.

12 Adotar medidas para racionalizar a gerao de processos (antes da autuao), especialmente:

a) Instituio de sistemtica de planejamento das aes de controle externo com fundamento nos princpios da eficin-cia, eficcia e efetividade, na matriz de risco e na avaliao do custo-benefcio do controle;

b) Constituio de processos com fundamento nos princpios da eficincia, eficcia e efetividade, na matriz de risco e na avaliao do custo-benefcio do controle;

c) Estabelecimento de valor de alada para a formao de processos;

d) Autuao, em apartado, do processo para cobrana de multa,

26 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

de modo a no prejudicar o andamento do processo principal;

e) Divulgao de prazos e regras para a autuao dos proces-sos pelos jurisdicionados, de modo a evitar diligncias.

13 Adotar medidas que assegurem maior celeridade tramitao de processos (aps a autuao), especialmente:

a) Definio de critrios para a classificao dos processos conforme o grau de complexidade;

b) Definio de prazos para deliberao final dos processos, em funo da sua natureza, considerando a efetividade do controle externo;

c) Definio de prazos para cada etapa do processo, conside-rando o prazo final de deliberao;

d) Mapeamento e redesenho dos processos de trabalho, com o objetivo de promover as melhorias contnuas necessrias ao aprimoramento do desempenho (gerenciamento de processos);

e) Definio de padres de qualidade dos relatrios tcnicos, bem como de sistemtica peridica de avaliao, de modo a possibilitar a melhoria contnua das anlises tcnicas;

f ) Implementao de programa de capacitao dos servidores alinhado s metas institucionais;

g) Estabelecimento de padres e critrios uniformes para as anlises, no que couber;

h) Atribuio de competncia ao rgo tcnico para realizao de diligncias para a complementao da instruo processual;

i) Aprimoramento dos meios de comunicao dos atos e trmites processuais;

j) Consolidao do Dirio Oficial Eletrnico como principal meio de comunicao dos atos processuais;

| 27RESOLUO ATRICON n 1/2014Agilidade no julgamento de processos e gerenciamento de prazos pelos Tribunais de Contas do Brasil

k) Consolidao do processo eletrnico;

l) Estabelecimento de metas institucionais qualitativas e quantitativas para anlise e deliberao de processos vincu-ladas ao Planejamento Estratgico do Tribunal de Contas.

14 Adotar medidas que viabilizem a eliminao ou reduo do estoque de processos, especialmente:

a) Realizao de inventrio do estoque processual, por natureza, fase processual e ano de autuao;

b) Desenvolvimento de projeto e aes para a reduo/elimina-o do estoque, com a designao de equipe gestora e definio de metas institucionais, tais como:

aplicao dos institutos voltados para a garantia da segurana jurdica (prescrio e decadncia);

estabelecimento de procedimentos de anlise confor-me critrios de materialidade, relevncia e risco e ano da ocorrncia dos fatos;

definio de agenda de deliberao dos processos em estoque, com a realizao de sesses especficas para os processos autuados h mais de cinco anos, se o volume de processos assim justificar;

adoo de decises monocrticas, especialmente nos casos de reconhecimento da prescrio e decadncia e nos atos sujeitos a registro, desde que haja manifestao tcnica e ministerial e o relator com eles concordar;

agrupamento de processos para anlise e julgamen-to em bloco quando as matrias forem correlatas.

15 Implementar sistemtica de gerenciamento de prazos, especialmente:

a) Adoo da celeridade na tramitao dos processos como objetivo estratgico;

28 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

b) Instituio de sistemtica de monitoramento e gerencia-mento do cumprimento dos prazos, com apoio de sistema informatizado com:

emisso de alertas eletrnicos para membros, ser-vidores e unidades;

identificao das no conformidades com a adoo de medidas corretivas, tempestivamente;

c) Monitoramento do cumprimento dos prazos pela Corre-gedoria.

Controle externo concomitante: instrumento de efetividade dos Tribunais de Contas do Brasil

RESOLUO ATRICON n 2/2014

30 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

RESOLUO ATRICON n 2/2014*

Aprova as Diretrizes de Controle Externo Atricon 3202/2014, relacionadas temtica Controle externo concomitante.

A Associao dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), com base no que dispem os incisos I, V e VI do artigo 3 do seu estatuto, e

CONSIDERANDO um dos objetivos da Atricon, definido noseu estatuto, de coordenar a implantao, nos Tribunais de Contas doBrasil, de um sistema integrado de controle da administrao pbli-ca, buscando a uniformizao de procedimentos e garantindo amploacesso do cidado s informaes respectivas;

CONSIDERANDO os compromissos assumidos nas Declara-es de Belm/PA, de Campo Grande/MS e de Vitria/ES, voltados ao aprimoramento da qualidade e da agilidade do controle externo no mbito dos Tribunais de Contas do Brasil;

CONSIDERANDO os princpios constitucionais aplicveis administrao pblica, em especial os da efetividade, da legalidade, da legitimidade, da economicidade, da eficincia e da eficcia;

CONSIDERANDO o objetivo estabelecido no Planejamento Estratgico 2012-2017 da Atricon de fortalecer a instituio Tribu-nal de Contas como instrumento indispensvel cidadania, bem como a correspondente meta de incentivar a adoo dos padres de qualidade e agilidade do controle externo institudos pela Atricon por 100% dos Tribunais de Contas at dezembro de 2017;

CONSIDERANDO os resultados do Diagnstico da Avaliao

* Disponvel em:

| 31RESOLUO ATRICON n 2/2014 Controle externo concomitante: instrumento de efetividade dos Tribunais de Contas do Brasil.

da Qualidade e Agilidade do Controle Externo no mbito dos Tribu-nais de Contas relativos ao controle externo concomitante, apurados em 2013 e disponveis no site da Atricon;

CONSIDERANDO a necessidade de disponibilizar referencial para que os Tribunais de Contas aprimorem seus regulamentos, pro-cedimentos e prticas de controle externo concomitante, de forma a possibilitar resposta clere e efetiva s demandas crescentes e contnuas da sociedade;

CONSIDERANDO a deciso aprovada em reunio conjunta da Diretoria Executiva e do Conselho Deliberativo da Atricon em 27 de maro de 2014, que determinou a elaborao de resolues orientativas aos Tribunais de Contas sobre temas relevantes e constituiu, para tanto, comisses temticas integradas por conselheiros, conselheiros substi-tutos, procuradores de contas e tcnicos dos Tribunais de Contas;

CONSIDERANDO as minutas apresentadas pelas comisses temticas, decorrentes da consolidao das propostas elaboradas nas reunies realizadas no TCE-MT (Cuiab/MT, de 12 a 14 de maio de 2014) e no TCE-PI (Teresina/PI, de 4 a 6 de junho de 2014), bem como as emendas apresentadas por representantes dos Tribunais de Contas do Brasil durante o perodo de audincia pblica eletrnica (de 16 de junho a 18 de julho de 2014) e durante as atividades temticas do IV Encontro Nacional dos Tribunais de Contas, em Fortaleza/CE (de 4 a 6 de agosto de 2014);

CONSIDERANDO a deliberao plenria no IV Encontro Nacional dos Tribunais de Contas, em Fortaleza/CE (de 4 a 6 de agosto de 2014), que aprovou diretrizes de controle externo rela-cionadas s temticas;

RESOLVE:

Art. 1. Aprovar as Diretrizes de Controle Externo Atricon

32 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

3202/2014, relacionadas temtica Controle externo concomitan-te: instrumento de efetividade dos Tribunais de Contas, integrante do anexo nico desta resoluo, publicado no endereo eletrnico .

Art. 2. Esta resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

Fortaleza, 6 de agosto de 2014.Conselheiro Valdecir PascoalPresidente da Atricon

Diretrizes de Controle Externo 3202/2014/Atricon

ANEXO NICO DARESOLUO ATRICON n 2/2014

34 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

INTRODUO

Apresentao1 Os Tribunais de Contas brasileiros esto conscientes de que devem dar respostas mais rpidas e eficazes aos anseios da sociedade. Nesse contexto, insere-se o controle externo concomitante, que garante a cor-reo da ao administrativa no momento em que esta se desenvolve, podendo evitar prticas ilegais e desvios na gesto dos recursos pbli-cos. Contribui, por consequncia, para a melhoria da gesto pblica, com vistas a assegurar que os recursos sejam utilizados com eficincia e probidade, de forma a atender s necessidades da populao.

Justificativa 2 Apesar da relevncia da atividade, o diagnstico decorrente do Projeto Qualidade e Agilidade do Controle Externo realizado em 2013 pela Atri-con identificou que a atuao concomitante no prtica consolidada no mbito dos Tribunais de Contas. Esse fato motivou a Atricon a esta-belecer como prioridade estratgica a definio de diretrizes relativas temtica, tendo em vista a definio de parmetros nacionais uniformes e suficientes para sua implementao pelos Tribunais de Contas.

Objetivo 3 Disponibilizar referencial para que os Tribunais de Contas apri-morem seus regulamentos, procedimentos, ferramentas e prticas de controle externo concomitante, de forma a possibilitar resposta clere, preventiva, tempestiva e efetiva s demandas crescentes e contnuas da sociedade.

Compromissos firmados4 Os compromissos do Sistema Tribunal de Contas relacionados temtica esto expressos no Planejamento Estratgico 2012/2017 da

| 35RESOLUO ATRICON n 2/2014 Controle externo concomitante: instrumento de efetividade dos Tribunais de Contas do Brasil.

Atricon e nas Declaraes de Belm/PA, de Campo Grande/MS e de Vitria/ES, a seguir transcritos.

a) Planejamento Estratgico 2012/2017 da Atricon:

Iniciativa 3.1.3 Elaborar diretrizes de controle externo relativas ao controle externo concomitante e medidas cautelares e apoiar a sua implantao ou o aprimoramento pelos Tribunais de Contas;

b) Declarao de Vitria/ES, aprovada em dezembro de 2013 durante o XXVII Congresso dos Tribunais de Contas do Bra-sil, que teve como tema A importncia dos Tribunais de Contas no contexto nacional e a sua atuao enquanto ins-trumentos de cidadania e de melhoria da qualidade da gesto pblica e do desenvolvimento econmico, bem como de re-duo das desigualdades regionais e sociais, a qual instituiu, entre outras, as seguintes aes:

desenvolver mecanismos e implementar aes para o fortalecimento institucional dos Tribunais de Con-tas, em obedincia ao princpio federativo, como ins-trumentos indispensveis cidadania;

aderir e apoiar a avaliao da qualidade e agilida-de do controle externo no mbito dos Tribunais de Contas, mediante avaliao por pares, assegurando a sua continuidade, aprimoramento e ampla divulga-o, bem como o cumprimento dos itens e critrios aprovados pela Atricon;

c) Carta de Campo Grande/MS, aprovada em novembro de 2012 durante o III Encontro Nacional dos Tribunais de Contas do Brasil, que teve como tema Um debate pela efetividade do controle externo do Brasil, a qual teve, entre suas aes, as seguintes:

desenvolver mecanismos para o fortalecimento institucional dos Tribunais de Contas, em obedin-

36 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

cia ao princpio federativo, como instrumentos in-dispensveis cidadania, assegurando a efetividade do controle externo, observando o que dispem os planejamentos estratgicos da Atricon e do Instituto Rui Barbosa (IRB);

estabelecer metas para julgamento dos processos, primando pela celeridade, qualidade e efetividade na atuao dos Tribunais de Contas;

d) Declarao de Belm/PA, aprovada em novembro de 2011 durante o XXVI Congresso dos Tribunais de Contas do Brasil, que teve como tema Integrao, transparncia e cidadania, a qual teve como uma das aes:

estimular modelo de administrao pblica focado em resultados e baseado em planejamento estratgico.

Princpios e fundamentos legais 5 Os princpios constitucionais e legais que embasaram a elaborao dessas diretrizes so os seguintes:

a) Legalidade;

b) Legitimidade;

c) Economicidade;

d) Eficincia;

f ) Eficcia;

g) Efetividade.

6 A legislao de referncia para este trabalho a seguinte:

a) Constituio Federal, artigo 70;

b) Constituies estaduais;

| 37RESOLUO ATRICON n 2/2014 Controle externo concomitante: instrumento de efetividade dos Tribunais de Contas do Brasil.

c) Lei 4.320/64;

d) Lei de Responsabilidade Fiscal;

e) Cdigo de Processo Civil;

f ) Leis orgnicas e regimentos internos dos Tribunais de Contas.

Conceitos7 Os principais conceitos a serem adotados como referncia para a aplicao dessas diretrizes so os seguintes:

a) Controle concomitante: todo aquele que fiscaliza de forma tempestiva a realizao de atos e/ou procedimentos, no curso de sua formao e execuo, para verificar a sua compatibi-lidade constitucional e legal, tendo como resultados alertas, medidas cautelares, recomendaes, determinaes, termos de ajustamento de gesto e sanes, entre outros, diante de fatos que possam comprometer a boa gesto;

b) Medida cautelar: tutela de natureza provisria proferida pelos Tribunais de Contas quando houver fundado e imi-nente receio de prejuzo irreparvel ou de difcil reparao ao errio ou de grave violao ordem legal, com vistas a preservar a utilidade e a eficcia de futura deciso de mrito;

c) Os conceitos atinentes s atividades auditoriais esto esta-belecidos nas normas da Intosai e nas Normas de Auditoria Governamental (Nags).

38 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

DIRETRIZES

8 Os Tribunais de Contas do Brasil, no cumprimento de suas competn-cias constitucionais, adotaro o controle externo concomitante como instrumento de efetividade de suas atribuies, a ser realizado, no que couber, com observncia s diretrizes estabelecidas nos itens seguintes.

9 Ser estabelecido como atividade prioritria no planejamento estra-tgico, com correspondentes metas e indicadores de desempenho, controlados e divulgados sistemtica e permanentemente.

10 Ser realizado em estrita consonncia com o Estado democrtico de direito, preservando o princpio da autonomia dos poderes e as competncias das instituies republicanas.

11 Ter como objetivo a fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial das unidades jurisdicionadas quanto lega-lidade, legitimidade, eficcia, eficincia, efetividade, economicidade, aplicao das subvenes e renncia de receitas.

12 Ser exercido de ofcio pelo Tribunal de Contas, segundo os crit-rios de relevncia, materialidade e risco, respaldados em tcnicas e procedimentos de auditoria Normas de Auditoria Governamental (Nags) ou de outra que vier a substitu-las , bem como mediante provocao de terceiros em processos de denncias e representaes.

13 Ter carter preventivo e pedaggico, no sentido de prevenir falhas e promover correes dos atos e procedimentos, sem, porm, configurar a prestao de consultoria.

14 Ser praticado com respeito ao poder discricionrio que o direito concede administrao pblica para a prtica de atos administrativos, incluindo a liberdade na escolha segundo os critrios de convenincia e oportunidade, prprios da autoridade, observando sempre os limites

| 39RESOLUO ATRICON n 2/2014 Controle externo concomitante: instrumento de efetividade dos Tribunais de Contas do Brasil.

estabelecidos em lei e os princpios da razoabilidade, proporcionalida-de, eficincia e economicidade.

15 No se constituir como condio para a validade do ato nem como substituto do Sistema de Controle Interno dos jurisdicionados.

16 Abranger especialmente atos e procedimentos relacionados ins-tituio, arrecadao e renncia das receitas; o acompanhamento dos indicadores da LRF e a realizao das despesas, incluindo licitaes, contratos, convnios, concursos pblicos, obras, processos seletivos simplificados e atos de pessoal.

17 Ter por objeto de anlise os atos ou procedimentos j formalizados ou validados pelos responsveis, ainda que em fases intermedirias do processo, a exemplo de edital de licitao publicado, licitao homolo-gada, contrato publicado, concurso publicado, medies autorizadas, despesas atestadas, despesas pagas, etc.

18 Manter plena harmonia com os princpios da legalidade e do devido processo legal, especialmente o direito ao contraditrio e ampla defesa, assegurados, sempre que possvel, antes da deciso.

19 Possibilitar a quantificao, sempre que possvel, dos benefcios decorrentes do exerccio do controle externo concomitante.

20 Utilizar como fontes de informaes: os sistemas eletrnicos do tribunal e dos jurisdicionados; cadastros existentes na unidade tcnica a que se vincula o rgo/entidade auditado; legislao e normas espe-cficas; contas dos ltimos exerccios; fiscalizaes anteriores, incluin-do os respectivos papis de trabalho; outros processos relacionados ao rgo/entidade fiscalizado ou ao objeto da fiscalizao; relato de servidores do Tribunal de Contas que tenham participado de trabalhos recentes no rgo/entidade fiscalizado ou em objetos afins; rgos de controle interno do prprio rgo/entidade fiscalizado; imprensa ofi-

40 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

cial; notcias veiculadas na mdia; comunicaes de irregularidades; denncias; representaes; trabalhos acadmicos publicados; consul-tas a outros Tribunais de Contas estaduais e municipais e Minist-rio Pblico; possveis aes judiciais concernentes ao rgo/entidade fiscalizado, bem como os relatrios e pareceres do controle interno; informaes advindas da Unidade de Informaes Estratgicas; etc.

21 Ser realizado exclusivamente por servidores efetivos, ocupantes da carreira de auditores de controle externo ou equivalentes.

22 Consolidar a cultura institucional de que:

a) O controle externo concomitante compreende a adoo de procedimentos de acompanhamento e controle da ges-to dos jurisdicionados ainda durante o exerccio em que so praticados os atos, com o julgamento dos processos dele decorrentes durante ou at no mximo o final do exerccio seguinte ao da sua apresentao, ressalvadas a complexidade da matria e os incidentes processuais;

b) So instrumentos do controle externo concomitante, en-tre outros, auditoria, inspeo, diligncia, exame de editais e atos sujeitos a registro, acompanhamento;

c) So resultantes do controle externo concomitante alertas, medidas cautelares, recomendaes, determinaes, termos de ajustamento de gesto e sanes aos jurisdicionados;

d) Integram o controle externo concomitante, alm dos me-canismos de controle regulamentados, a anlise de denn-cias e representaes.

23 Viabilizar o controle externo concomitante, com a implementa-o das seguintes medidas estruturantes:

a) Definio de metas de mdio prazo, incluindo prazos para o julgamento de processos dele decorrentes, bem como de

| 41RESOLUO ATRICON n 2/2014 Controle externo concomitante: instrumento de efetividade dos Tribunais de Contas do Brasil.

denncias e representaes;

b) Definio de regras de transio para a implementao gradual das metas e medidas de mdio prazo e dos corres-pondentes planos de ao;

c) Definio das responsabilidades pelas atividades do contro-le externo concomitante;

d) Regulamentao e divulgao dos prazos e regras para o envio de documentos e informaes pelos jurisdicionados, preferencialmente por meio eletrnico, de forma a possibili-tar o exerccio tempestivo do controle externo concomitante;

e) Regulamentao das medidas orientativas, corretivas e sancionatrias, nos casos de descumprimento dos prazos e regras para envio de documentos e informaes;

f) Regulamentao da possibilidade de recusa de recebimento de documentos e informaes apresentados pelos jurisdicionados em desconformidade com os padres de qualidade formal e ma-terial exigidos, o que dever ser assegurado, preferencialmente, por meio de processo de triagem eletrnica;

g) Implementao do processo eletrnico para o recebimento e processamento de documentos e informaes dos jurisdi-cionados autos digitais;

h) Implementao do processo eletrnico para a anlise de documentos e informaes recebidas dos jurisdicionados, a exemplo de checklist de editais de licitaes;

i) Implementao do processo eletrnico para a emisso de in-formaes, relatrios, pareceres e outros documentos tcnicos;

j) Regulamentao de critrios de risco (criticidade, relevncia e materialidade) que indicar os jurisdicionados a serem con-trolados concomitantemente, sem prejuzo de que o tribunal

42 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

poder, a qualquer tempo, fiscalizar e julgar outros nela no contemplados;

k) Definio e hierarquizao dos objetos do controle externo concomitante, a exemplo de editais de licitaes e concursos p-blicos, bem como a realizao e renncia de receitas, execuo de contratos (medio de obras, liquidao de despesa), convnios, atos de pessoal, indicadores da Lei de Responsabilidade Fiscal;

l) Padronizao de regras e procedimentos de controle externo concomitante, em funo dos objetos e especificidades dos atos controlados;

m) Padronizao de relatrios, pareceres e outros produtos tcnicos, em funo dos objetos e especificidades dos atos controlados;

n) Disciplinamento das medidas cautelares por resoluo ou lei, as quais sero adotadas nos casos em que houver funda-do risco de consumao, reiterao ou continuao de leso ao errio ou de grave irregularidade, bem como de ineficcia de futura deciso de mrito do Tribunal de Contas, prevendo ainda que:

sero concedidas com observncia ao princpio da proporcionalidade em sentido estrito, de modo a as-segurar que os seus efeitos resultaro em mais bene-fcios que prejuzos ao interesse pblico;

o seu descumprimento pelos jurisdicionados pode-r resultar na aplicao de sanes, preferencialmen-te multas dirias, com fundamento na lei orgnica e, subsidiariamente, no artigo 461 do CPC;

so passveis de recursos, em processo independen-te, apartado do principal, sem efeito suspensivo auto-mtico, exceto se concedido por deciso do colegiado;

| 43RESOLUO ATRICON n 2/2014 Controle externo concomitante: instrumento de efetividade dos Tribunais de Contas do Brasil.

o) Regulamentao dos termos de ajustamento de gesto, objetivando:

dar regularidade execuo de atos administrativos de execuo continuada e que se encontrem com irre-gularidades passveis de correo;

suspender a aplicao de penalidades para a correo do procedimento administrativo;

impedir a ocorrncia de novas ilegalidades em razo de equivocado entendimento quanto aplicabilidade da legislao referente a procedimentos licitatrios e celebrao de contratos administrativos, entre outros.

p) Regulamentao da sistemtica interna de gerenciamen-to e controle de prazos e da qualidade do controle externo concomitante, abrangendo todas as suas fases e unidades responsveis, preferencialmente com o uso de ferramentas eletrnicas e com a participao da Corregedoria, a quem caber expedir alertas, notificaes, orientaes, recomen-daes e, se for o caso, aplicar sanes.

24 Executar, no ano anterior ao da competncia dos atos analisados, as seguintes medidas:

a) Distribuir relatoria para cada um dos jurisdicionados relativa ao exerccio seguinte, quando for o caso;

b) Identificar os jurisdicionados e os tipos de atos a serem con-trolados concomitantemente a partir da aplicao de critrios de risco (materialidade, relevncia e criticidade).;

c) Definir equipe responsvel pelo controle externo concomi-tante de cada um dos jurisdicionados;

d) Levantar informaes preliminares sobre os jurisdicionados, selecionados mediante critrios de risco, incluindo as determi-

44 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

naes e recomendaes do Tribunal de Contas em julgamen-tos anteriores, dando incio viso geral do jurisdicionado.

25 Efetivar o controle externo concomitante, no ano da competncia dos atos analisados, devendo:

a) Zelar pela observncia dos prazos e pela qualidade das infor-maes enviadas pelos jurisdicionados, adotando medidas orien-tativas, corretivas e sancionadoras, conforme regulamento;

b) Planejar a execuo do controle externo concomitante, a partir da viso geral do jurisdicionados, que inclui espe-cialmente a avaliao do seu Sistema de Controle Interno;

c) Analisar tempestivamente os atos objetos de controle exter-no concomitante, selecionados nos casos concretos com obser-vncia aos regulamentos internos;

d) Analisar demais atos relevantes identificados por outros meios, como denncias e representaes;

e) Expedir alertas aos jurisdicionados sobre indcios de ilegali-dades e irregularidades, nos casos previstos nos regulamentos internos;

f ) Representar os indcios de ilegalidades e irregularidades que, pela sua natureza e gravidade, exijam processamento em apartado;

g) Citar responsveis, assegurando-lhes o direito ao contradi-trio e ampla defesa, com base em comunicao da equipe tcnica (relatrio, informao tcnica, etc.), elaborada no prazo e forma determinados pelo tribunal, contendo os achados com todos os seus elementos obrigatrios (descrio, critrio, evi-dncia, causa e efeito);

h) Adotar medidas cautelares nos casos previstos nos regulamen-tos internos e apreciar oportunamente o mrito do processo;

| 45RESOLUO ATRICON n 2/2014 Controle externo concomitante: instrumento de efetividade dos Tribunais de Contas do Brasil.

i) Formalizar termos de ajustamento de gesto com os jurisdi-cionados, nos casos previstos nos regulamentos internos;

j) Julgar os processos decorrentes do controle externo con-comitante, incluindo denncias e representaes, nos prazos definidos institucionalmente;

k) Promover o gerenciamento de prazos e da qualidade do controle externo concomitante, com a aplicao oportuna de medidas orientativas, corretivas e sancionadoras, se for o caso;

l) Dar ampla divulgao aos resultados do controle externo concomitante.

46 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

Composio, organizao e funcionamento dos Tribunais de Contas do Brasil: adequao ao modelo constitucional

RESOLUO ATRICON n 3/2014

48 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

RESOLUO ATRICON n 3/2014*

Aprova as Diretrizes de Controle Externo Atricon 3301/2014, relacionadas temtica Composio, organizao e funcio-namento dos Tribunais de Contas do Brasil.

A Associao dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), com base no que dispem os incisos I, V e VI do artigo 3 do seu estatuto, e

CONSIDERANDO um dos objetivos da Atricon, definido no seu estatuto, de coordenar a implantao, nos Tribunais de Contas do Brasil, de um sistema integrado de controle da administrao pblica, buscando a uniformizao de procedimentos e a garantia do amplo acesso do cidado s informaes respectivas;

CONSIDERANDO os compromissos assumidos nas Declara-es de Belm/PA, de Campo Grande/MS e de Vitria/ES, voltados ao aprimoramento da qualidade e da agilidade do controle externo no mbito dos Tribunais de Contas do Brasil;

CONSIDERANDO os princpios aplicveis administrao p-blica, em especial os princpios republicano e federativo, da supremacia constitucional, da mxima efetividade das normas constitucionais, da concordncia prtica da constituio, da moralidade, da eficincia e da impessoalidade;

CONSIDERANDO os objetivos estabelecidos no Planejamen-to Estratgico 2012-2017 da Atricon de ser reconhecida como ins-trumento efetivo de representao e desenvolvimento dos Tribunais de Contas e fortalecer a instituio Tribunal de Contas como ins-

* Disponvel em:

| 49RESOLUO ATRICON n 3/2014Composio, organizao e funcionamento dos Tribunais de Contas do Brasil: adequao ao modelo constitucional.

trumento indispensvel cidadania, bem como as respectivas metas de assegurar a participao da Atricon em 100% dos debates nacio-nais sobre temas relacionados ao sistema de controle externo at dezembro de 2017 e incentivar a adoo dos padres de qualidade e agilidade do controle externo institudos pela Atricon por 100% dos Tribunais de Contas at dezembro de 2017;

CONSIDERANDO os resultados do Diagnstico da Avaliao da Qualidade e Agilidade do Controle Externo no mbito dos Tribu-nais de Contas relativos ao cumprimento do modelo constitucional na sua composio, apurados em 2013 e disponveis no site da Atricon;

CONSIDERANDO a necessidade de disponibilizar referencial para que os Tribunais de Contas, de modo uniforme no pas, assegurem a observncia do modelo constitucional na sua composio, organiza-o e funcionamento, com vistas a imprimir maior qualidade, agilidade e profissionalizao no exerccio do controle externo brasileiro;

CONSIDERANDO a deciso aprovada em reunio conjunta da Diretoria Executiva e do Conselho Deliberativo da Atricon em 27 de maro de 2014, que determinou a elaborao de resolues orientativas aos Tribunais de Contas sobre temas relevantes e constituiu, para tanto, comisses temticas integradas por conselheiros, conselheiros substi-tutos, procuradores de contas e tcnicos dos Tribunais de Contas;

CONSIDERANDO as minutas apresentadas pelas comisses te-mticas, decorrentes da consolidao das propostas elaboradas nas reuni-es realizadas no TCE-MT (Cuiab/MT, de 12 a 14 de maio de 2014) e no TCE-PI (Teresina/PI, de 4 a 6 de junho de 2014), bem como as emendas apresentadas por representantes dos Tribunais de Contas do Brasil, du-rante o perodo de audincia pblica eletrnica (de 16 de junho a 18 de julho de 2014) e durante as atividades temticas do IV Nacional Encontro dos Tribunais de Contas, em Fortaleza/CE (de 4 a 6 de agosto de 2014);

CONSIDERANDO a deliberao plenria no IV Encontro

50 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

Nacional dos Tribunais de Contas, em Fortaleza/CE (de 4 a 6 de agosto de 2014), que aprovou diretrizes de controle externo rela-cionadas s temticas;

RESOLVE:

Art. 1. Aprovar as Diretrizes de Controle Externo Atricon 3301/2014, relacionadas temtica Composio, organizao e fun-cionamento dos Tribunais de Contas do Brasil: adequao ao modelo constitucional, integrantes do anexo nico desta resoluo, publi-cado no endereo eletrnico .

Art. 2. Esta resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

Fortaleza, 6 de agosto de 2014.Conselheiro Valdecir PascoalPresidente da Atricon

Diretrizes de Controle Externo 3301/2014/Atricon

ANEXO NICO DARESOLUO ATRICON n 3/2014

52 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

INTRODUO

Apresentao1 A Constituio da Repblica de 1988 conferiu aos Tribunais de Contas as prerrogativas de autonomia e autogoverno, expressamen-te tratando de sua composio, organizao e funcionamento, bem como enumerando, tambm de forma explcita, poderes e compe-tncias exclusivos. 2 Este novo modelo de composio e de organizao dos Tribunais de Contas ocasionou, quando da promulgao da Constituio e at a presente data, intensas controvrsias e acalorados debates. No en-tanto, reiteradas decises do Supremo Tribunal Federal esto sempre a confirmar a origem constitucional, a relevncia e a obrigatoriedade da observncia do modelo (STF, ADI 4.418-MC, Rel. Min. Dias Toffoli, Plenrio, DJE de 15-6-2011; ADI 1.994, Rel. Min. Eros Grau, Plenrio, DJ de 8-9-2006; MS 32.494-MC, Rel. Min. Celso de Mello, deciso monocrtica, DJE de 13-11-2013; ADI 4.190-MC-REF, Rel. Min. Celso de Mello, Plenrio, DJE de 11-6-2010; MS 24.510, Rel. Min. Ellen Gra-cie, voto do Min. Celso de Mello, Plenrio, DJ de 19-3-2004).

Justificativa3 Embora a Constituio Federal de 1988 fixe de forma clara e expressa a composio e a organizao dos Tribunais de Contas, passados mais de vinte e cinco anos da sua promulgao, aps diagnstico realizado pela Atricon nos Tribunais de Contas do pas (Projeto Agilidade e Qualidade do Controle Externo 2013), detectou-se que o modelo constitucional no foi, ainda, totalmente implantado em grande parte das cortes (pu-blicao disponvel em: ).

4 Os resultados apontam para a fragilidade do sistema de controle exter-no, porquanto a no implementao do modelo constitucional revela-se prejudicial atuao eficiente dos Tribunais de Contas e sua imagem

| 53RESOLUO ATRICON n 3/2014Composio, organizao e funcionamento dos Tribunais de Contas do Brasil: adequao ao modelo constitucional.

perante a sociedade, que exige a observncia dos requisitos para a escolha de ministros e conselheiros, a realizao de concurso pblico de provas e ttulos para os cargos de conselheiro substituto (auditor), procurador de contas e servios auxiliares (auditores de controle externo, analistas e tcnicos) e julgamentos eficazes para a coisa pblica.

5 Ademais, percebe-se que a inobservncia das regras constitucionais pe-las prprias cortes de contas permite iniciativas destinadas a enfraquecer ou mitigar a atuao dos tribunais, seja atravs do questionamento ju-dicial acerca do exerccio dos poderes conferidos pela Constituio, seja por meio de omisses legislativas quanto implementao do modelo fixado, ou mesmo por inobservncia deliberada relativa aos requisitos para a escolha de ministros e conselheiros.

6 O Supremo Tribunal Federal, impende considerar, firmou jurisprudn-cia para adoo imediata do modelo constitucional, tanto no que respeita composio das cortes de contas quanto no tocante organizao e ao funcionamento (ADI 2.596, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 19-3-2003, Plenrio, DJ de 2-5-2003; ADI 2.209, Rel. Min. Maurcio Corra, julgamento em 19-3-2003, Plenrio, DJ de 25-4-2003; ADI 3.276, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 2-6-2005, Plenrio, DJ de 1-2-2008; ADI 4.416-MC, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 6-10-2010, Plenrio, DJE de 28-10-2010).

7 Assim, imbuda do esforo de fortalecer o sistema de controle ex-terno, em especial alar os Tribunais de Contas para a estatura social e republicana originalmente prevista pela Carta Magna, a Atricon estabe-leceu como prioridade estratgica a uniformizao da composio, da organizao e do funcionamento das cortes, por meio destas diretrizes, objetivando a implantao urgente do modelo constitucional.

Objetivos 8 Fixar referencial para que os Tribunais de Contas, de modo uniforme no pas, assegurem a observncia do modelo constitucional na sua com-

54 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

posio, organizao e funcionamento, inclusive obedecendo aos requi-sitos para a escolha de ministros e conselheiros, com vistas a imprimir maior qualidade, agilidade e profissionalismo no exerccio do controle externo pelas cortes brasileiras.

9 Responder de maneira rpida e eficaz s crticas e demandas da socie-dade acerca da composio dos Tribunais de Contas, em especial diante dos recentes acontecimentos retratados pela imprensa, cuja reao foi acompanhada pelo Tribunal de Contas da Unio, pelas associaes de classe e pela prpria Atricon.

Compromissos firmados

10 Alm do diagnstico j citado neste trabalho, a defesa da adoo do modelo constitucional para composio, organizao e funcionamen-to dos Tribunais de Contas tambm foi reafirmada nos Congressos Nacionais dos Tribunais de Contas, desde 2011, e no Planejamento Estratgico 2012-2017 da Atricon, conforme indicao a seguir, e em recentes pronunciamentos e notas oficiais do presidente da Atricon.

a) Planejamento Estratgico 2012/2017 da Atricon:

Iniciativa 3.1.10 Elaborar diretrizes de controle externo relativas composio, organizao e funcionamento dos Tribunais de Contas e apoiar a sua implantao ou o aprimoramento pelos Tribunais de Contas;

b) Declarao de Vitria/ES, aprovada em dezembro de 2013 du-rante o XXVII Congresso dos Tribunais de Contas do Brasil, que teve como tema A importncia dos Tribunais de Contas no contexto nacional e a sua atuao enquanto instrumentos de cidadania e de melhoria da qualidade da gesto pblica e do desenvolvimento econmico, bem como de reduo das desigualdades regionais e sociais, a qual instituiu aes como:

zelar e atuar pelo cumprimento da Constituio Fede-ral quanto organizao, composio e funcionamento

| 55RESOLUO ATRICON n 3/2014Composio, organizao e funcionamento dos Tribunais de Contas do Brasil: adequao ao modelo constitucional.

dos corpos deliberativos dos Tribunais de Contas;

garantir aos conselheiros substitutos as atribuies de judicatura previstas na Constituio Federal, quan-to distribuio e relatoria originria de processos, assegurando-lhes assento permanente no plenrio e nas cmaras, bem como estrutura fsica e de pessoas adequada, tendo como modelo mnimo o Tribunal de Contas da Unio;

c) Cartaz de Campo Grande/MS, aprovada em novembro de 2012 durante o III Encontro Nacional dos Tribunais de Contas do Brasil, que teve como tema Um debate pela efetividade do controle externo do Brasil, a qual teve, entre suas aes, a seguinte:

zelar pelo cumprimento das normas constitucionais para a composio, organizao e funcionamento dos cor-pos deliberativos dos Tribunais de Contas, com respeito s decises do Supremo Tribunal Federal relativas matria;

d) Declarao de Belm/PA, aprovada em novembro de 2011 durante o XXVI Congresso dos Tribunais de Contas do Brasil, que teve como tema Integrao, transparncia e cidadania, a qual instituiu, entre outras, a ao de:

velar pelo absoluto cumprimento das regras constitu-cionais para a composio, organizao e funcionamen-to dos corpos deliberativos dos Tribunais de Contas, com respeito s decises j prolatadas pelo Supremo Tribunal Federal relativas matria.

Princpios e fundamentos legais11 Os princpios que embasaram a elaborao dessas diretrizes so os seguintes:

a) Princpio republicano e federativo;

56 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

b) Princpio da supremacia constitucional;

c) Princpio da mxima efetividade das normas constitucionais;

d) Princpio da concordncia prtica da constituio;

e) Princpio da moralidade;

f ) Princpio da eficincia;

g) Princpio da impessoalidade.

12 A legislao de referncia para este trabalho a Constituio da Repblica de 1988, fundamento de validade e de estruturao do sis-tema de controle externo nacional.

13 Ademais, somente no tocante uniformizao da nomenclatura do cargo de auditor e regulamentao das atribuies de judicatura, previstas no artigo 73, pargrafo 4, da CF, tambm se ter como base a Lei Federal 12.811, de 16 de maio de 2013, em especial seu artigo 3.

Conceitos

14 O principal conceito a ser adotado como referncia para a aplica-o dessas diretrizes o seguinte:

a) Modelo constitucional: a Constituio Federal fixa, no con-junto de seu texto, a moldura do sistema de controle externo nacional, delineando seus contornos e estruturando os rgos titulares de seu exerccio. A expresso modelo constitucio-nal, neste trabalho, refere-se ao padro heternomo definido nos artigos 52, inciso III, 71 e 73 da Constituio da Repblica, quanto composio, organizao e funcionamento do Tribu-nal de Contas da Unio, a ser observado e reproduzido obriga-toriamente por todos os demais entes federativos, conforme determinao expressa do artigo 75 da Carta Magna.

| 57RESOLUO ATRICON n 3/2014Composio, organizao e funcionamento dos Tribunais de Contas do Brasil: adequao ao modelo constitucional.

DIRETRIZES

15 Os Tribunais de Contas do Brasil observaro, em sua composio, organizao e funcionamento, o modelo institudo pela Constituio Federal de 1988, implementando, para tanto, as diretrizes estabeleci-das nos itens a seguir.

16 Reconhecer, como membros dos Tribunais de Contas, os Minis-tros, ministros substitutos, conselheiros e conselheiros substitutos; e do Ministrio Pblico de Contas, os respectivos procuradores.

17 Disponibilizar aos seus membros e aos do Ministrio Pblico de Contas estrutura de gabinete, fsica e de pessoal, adequada e sufi-ciente ao exerccio das atribuies constitucionais, bem como lhes viabilizar a participao em eventos de natureza acadmica ou asso-ciativa, para um contnuo aperfeioamento institucional.

18 Reconhecer o Ministrio Pblico de Contas como organismo in-tegrante da sua estrutura organizacional, com independncia fun-cional, apoiando iniciativas relacionadas ao alcance da autonomia administrativa plena e previso oramentria prpria.

19 Compor-se, no caso do Tribunal de Contas da Unio, por minis-tros e ministros substitutos, e nos Tribunais de Contas dos Esta-dos e municpios, por conselheiros e conselheiros substitutos, todos submetidos ao conjunto de garantias, prerrogativas, impedimentos, subsdios e vantagens da magistratura nacional, nos termos da Cons-tituio Federal.

20 Recusar-se a dar posse quele que for indicado para os cargos de ministro ou conselheiro que no preencha os requisitos constitucio-nais, especialmente os seguintes:

a) Os parmetros definidos no artigo 1 da Lei Complemen-tar 64/1990, com a redao dada pela Lei Complementar

58 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

135/2010, como condio mnima de reputao ilibada e idoneidade moral;

b) A apresentao, juntamente com o currculo, de certido dos distribuidores criminais das Justias Federal, Estadual ou do Distrito Federal e Militar dos lugares em que haja residido nos ltimos cinco anos; de folha de antecedentes da Polcia Federal e da Polcia Civil Estadual ou do Distrito Federal, onde haja residido nos ltimos cinco anos; e de declarao de que no teve contas julgadas irregulares por Tribunal de Contas do pas;

c) Comprovao de mais de dez anos de exerccio de funo ou de efetiva atividade profissional que exija os notrios co-nhecimentos jurdicos, contbeis, econmicos e financeiros ou de administrao pblica;

21 Implantar, o mais breve possvel, a composio formal estabele-cida nos incisos do pargrafo 3 do artigo 73 da Constituio Fede-ral, em especial a efetivao das vagas reservadas aos conselheiros substitutos e aos membros do Ministrio Pblico de Contas.

22 Iniciar processo legislativo para que o cargo de auditor, previs-to no pargrafo 4 do artigo 73 da Constituio Federal, seja de-nominado ministro substituto, no Tribunal de Contas da Unio, e conselheiro substituto, nos Tribunais de Contas dos Estados e dos municpios.

23 Assegurar aos ministros e conselheiros substitutos assento permanente no Tribunal Pleno e nas cmaras, atribuindo-lhes as prerrogativas constitucionais de discutir e relatar todas as mat-rias atinentes aos rgos colegiados, vedada qualquer distino de distribuio e de tratamento.

a) Nos Tribunais de Contas em que h mais de quatro con-selheiros substitutos em exerccio, o assento no Tribunal

| 59RESOLUO ATRICON n 3/2014Composio, organizao e funcionamento dos Tribunais de Contas do Brasil: adequao ao modelo constitucional.

Pleno dever ser assegurado a no mnimo quatro conselhei-ros substitutos, pelo critrio de rodzio, iniciando-se pelos quatro mais antigos, sem prejuzo da distribuio igualit-ria a todos. A apurao da antiguidade se d a partir da pos-se no respectivo cargo, exclusivamente. Caso haja empate, pela classificao no concurso pblico.

24 Estabelecer as atribuies dos ministros e conselheiros substitu-tos, nos termos do pargrafo 4 do artigo 73 da Constituio Fede-ral, considerando as seguintes subdivises:

a) Ordinrias: relatar processos, presidir a instruo pro-cessual, emitir decises monocrticas, interlocutrias ou de mrito, apresentar proposta de deciso nos rgos co-legiados, relativamente aos processos que lhes forem dis-tribudos automtica e igualitariamente, sem distino de matrias ou de jurisdicionados, entre outras;

b) Eventuais: substituir ministros e conselheiros em suas ausncias, a qualquer ttulo, sendo automtica a substitui-o destinada a completar a composio plena do colegiado, prescindindo-se de quaisquer formalidades.

25 Investir o ministro ou conselheiro substituto, concursado, quan-do em substituio, a qualquer ttulo, de todas as garantias e prer-rogativas relacionadas ao exerccio pleno da judicatura, ficando apto a votar em todos os processos, sem exceo, devendo ser-lhe concedidas vistas e a correspondente devoluo, com voto, ainda que o titular retorne s suas funes.

26 Observar as vedaes relacionadas ao exerccio de atividades ou-tras que no as de judicatura pelos ministros e conselheiros subs-titutos, a exemplo de emisso de parecer, participao na instruo processual, realizao de auditoria, chefia de unidades administra-tivas ou tcnicas, coordenao dos demais membros, entre outras,

60 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

tendo em vista o plexo de atribuies que lhe so destinadas.

a) A vedao contida no item no se aplica composio de comisses, ao exerccio de cargos diretivos dos Tribunais de Contas ou auxiliares da Presidncia, Corregedoria e Ou-vidoria, previstos originariamente para preenchimento por ministros e conselheiros.

Controle interno: instrumento de eficincia dosTribunais de Contas do Brasil

RESOLUO ATRICON n 4/2014

62 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

RESOLUO ATRICON n 4/2014*

Aprova as Diretrizes de Controle Externo Atricon 3302/2014, relacionadas temtica Controle interno: instrumento de eficincia dos Tribunais de Contas.

A Associao dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), com base no que dispem os incisos I, V e VI do artigo 3 do seu estatuto, e

CONSIDERANDO um dos objetivos da Atricon, definido no seu estatuto, de coordenar a implantao, nos Tribunais de Contas do Brasil, de um sistema integrado de controle da administrao pblica, buscando a uniformizao de procedimentos e a garantia do amplo acesso do cidado s informaes respectivas;

CONSIDERANDO os compromissos assumidos nas Declara-es de Belm/PA, de Campo Grande/MS e de Vitria/ES, voltados ao aprimoramento da qualidade e da agilidade do controle externo no mbito dos Tribunais de Contas do Brasil;

CONSIDERANDO os princpios constitucionais aplicveis administrao pblica, em especial os da legalidade, da impessoali-dade, da moralidade, da publicidade, da eficincia, da razoabilidade, da economicidade e do dever de prestao de contas;

CONSIDERANDO o objetivo estabelecido no Planejamento Estratgico 2012-2017 da Atricon de fortalecer a instituio Tribu-nal de Contas como instrumento indispensvel cidadania, bem como a correspondente meta de incentivar a adoo dos padres de qualidade e agilidade do controle externo institudos pela Atricon

* Disponvel em:

| 63RESOLUO ATRICON n 4/2014Controle interno: instrumento de eficincia dos Tribunais de Contas do Brasil.

por 100% dos Tribunais de Contas at dezembro de 2017;

CONSIDERANDO a necessidade de disponibilizar referencial para que os Tribunais de Contas aprimorem seus regulamentos, pro-cedimentos e prticas de controle externo relativas ao Sistema de Controle Interno dos jurisdicionados;

CONSIDERANDO a deciso aprovada em reunio conjunta da Diretoria Executiva e do Conselho Deliberativo da Atricon em 27 de maro de 2014, que determinou a elaborao de resolues orien-tativas aos Tribunais de Contas sobre temas relevantes e constituiu, para tanto, comisses temticas integradas por conselheiros, conse-lheiros substitutos, procuradores de contas e tcnicos dos Tribunais de Contas;

CONSIDERANDO as minutas apresentadas pelas comisses temticas, decorrentes da consolidao das propostas elaboradas nas reunies realizadas no TCE-MT (Cuiab/MT, de 12 a 14 de maio de 2014) e no TCE-PI (Teresina/PI, de 4 a 6 de junho de 2014), bem como as emendas apresentadas por representantes dos Tribunais de Contas do Brasil, durante o perodo de audincia pblica eletrnica (de 16 de junho a 18 de julho de 2014) e durante as atividades temticas do IV Nacional Encontro dos Tribunais de Contas, em Fortaleza/CE (de 4 a 6 de agosto de 2014);

CONSIDERANDO a deliberao plenria no IV Encontro dos Tribunais de Contas, em Fortaleza/CE (de 4 a 6 de agosto de 2014), que aprovou diretrizes de controle externo relacionadas s temticas;

RESOLVE:

Art. 1. Aprovar as Diretrizes de Controle Externo Atricon 3302/2014, relacionadas temtica Controle interno: instrumento de eficincia dos Tribunais de Contas, integrantes do anexo nico,

64 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

publicado no endereo eletrnico .

Art. 2. Esta resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

Fortaleza, 6 de agosto de 2014.Conselheiro Valdecir PascoalPresidente da Atricon

Diretrizes de Controle Externo 3302/2014/Atricon

ANEXO NICO DARESOLUO ATRICON n 4/2014

66 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

INTRODUO

Apresentao1 A institucionalizao e implementao do Sistema de Controle Interno no somente uma exigncia das Constituies Federal e Estadual, mas tambm uma oportunidade para dotar a administra-o pblica de mecanismos que assegurem, entre outros aspectos, o cumprimento das exigncias legais, a proteo de seu patrimnio e a melhoria na aplicao dos recursos pblicos, garantindo maior tranquilidade aos gestores e melhores resultados sociedade.

2 Assim, a eficincia e a eficcia do Sistema de Controle Interno dos Tribunais de Contas oportuniza a correo de erros e deficincias estru-turais, o que possibilita uma atuao mais efetiva do controle externo.

Justificativa3 As diretrizes de controle externo foram elaboradas em atendimen-to deciso conjunta da Diretoria Executiva e do Conselho Delibe-rativo da Associao dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), de 27 de maro de 2014, em Braslia/DF, que determinou a continuidade do Projeto de Avaliao da Qualidade e Agilidade do Controle Externo, por meio da elaborao de resolues orientativas para o aprimoramento dos Tribunais de Contas.

4 As presentes diretrizes destinam-se a orientar a atuao dos Tri-bunais de Contas na estruturao dos seus Sistemas de Controle Interno.

5 Tambm consideram o compromisso assumido pelos Tribunais de Contas de implantar o respectivo Sistema de Controle Inter-no, luz dos princpios da boa governana e da preveno de ris-cos, contribuindo para a melhoria da qualidade da gesto pblica, conforme consta da Declarao de Vitria/ES, aprovada no XXVII

| 67RESOLUO ATRICON n 4/2014Controle interno: instrumento de eficincia dos Tribunais de Contas do Brasil.

Congresso dos Tribunais de Contas do Brasil, realizado no ms de dezembro de 2013 em Vitria/ES.

6 Finalmente, essas diretrizes atendem ao Planejamento Estratgico da Atricon para o perodo de 2012 a 2017, que estabelece objetivos, iniciativas e metas para o aprimoramento dos Tribunais de Contas, especialmente no que diz respeito ao fortalecimento da instituio Tribunal de Contas como instrumento indispensvel cidadania.

Objetivos

7 Estabelecer diretrizes para implantao do Sistema de Controle Interno nos Tribunais de Contas.

8 Definir normas de referncia para estruturao e funcionamento do Sistema de Controle Interno dos Tribunais de Contas.

Compromissos firmados

9 Os compromissos do Sistema Tribunais de Contas relacionados temtica esto expressos no Planejamento Estratgico 2012/2017 da Atricon e nas Declaraes de Belm/PA, de Campo Grande/MS e de Vitria/ES, a seguir transcritos:

a) Planejamento Estratgico 2012/2017 da Atricon:

Iniciativa 3.1.5 Elaborar diretrizes de controle externo relativas ao Sistema de Controle Interno dos Tribunais de Contas e apoiar a sua implantao ou o aprimoramento pelos Tribunais de Contas;

b) Declarao de Vitria/ES, aprovada em dezembro de 2013 durante o XXVII Congresso dos Tribunais de Contas do Bra-sil, que teve como tema A importncia dos Tribunais de

68 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

Contas no contexto nacional e a sua atuao enquanto ins-trumentos de cidadania e de melhoria da qualidade da gesto pblica e do desenvolvimento econmico, bem como de re-duo das desigualdades regionais e sociais, a qual instituiu, entre outras, a ao de:

fortalecer o Sistema de Controle Interno dos Tri-bunais de Contas, bem como apoiar e fiscalizar sua efetiva implementao pelos jurisdicionados, luz dos princpios da boa governana e da preveno de riscos, contribuindo para a melhoria da qualidade da gesto pblica;

c) Carta de Campo Grande/MS, aprovada em novembro de 2012 durante o III Encontro Nacional dos Tribunais de Contas do Brasil, que teve como tema Um debate pela efetividade do controle externo do Brasil, a qual teve, entre suas aes, a seguinte:

desenvolver mecanismos para o fortalecimento institucional dos Tribunais de Contas, em obedin-cia ao princpio federativo, como instrumentos in-dispensveis cidadania, assegurando a efetividade do controle externo, observando o que dispem os planejamentos estratgicos da Atricon e do Instituto Rui Barbosa;

d) Declarao de Belm/PA, aprovada em novembro de 2011 durante o XXVI Congresso dos Tribunais de Contas do Brasil, que teve como tema Integrao, transparncia e cidadania, a qual criou o compromisso de:

promover aes destinadas implantao e efetivo funcionamento do Sistema de Controle Interno da administrao pblica jurisdicionada.

| 69RESOLUO ATRICON n 4/2014Controle interno: instrumento de eficincia dos Tribunais de Contas do Brasil.

Princpios e fundamentos legais10 Os princpios da administrao pblica constitucionais e legais que embasaram a elaborao destas diretrizes so os aplicveis ad-ministrao pblica, em especial os da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da eficincia, da razoabilidade, da economicidade e do dever de prestao de contas.

11 Os princpios gerais de controle interno tambm observados na elaborao destas diretrizes so os seguintes:

a) Relao custo-benefcio;

b) Qualificao adequada, treinamento e rodzio de funcionrios;

c) Delegao de poderes;

d) Definio de responsabilidades;

e) Segregao de funes;

f ) Instrues devidamente formalizadas;

g) Controles sobre as transaes;

h) Aderncia a diretrizes e normas legais.

12 Os princpios associados aos componentes do controle interno (Coso I), que representam os conceitos fundamentais associados a cada componente do controle interno, so os seguintes:

a) Ambiente de controle;

A organizao demonstra ter comprometimento com a integridade e os valores ticos;

A estrutura de governana demonstra independncia em relao aos seus executivos e supervisiona o desen-volvimento e o desempenho do controle interno;

A administrao estabelece, com a suspenso da

70 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

estrutura de governana, as estruturas, os nveis de subordinao e as autoridades e responsabilidades adequadas na busca dos objetivos;

A organizao demonstra comprometimento para atrair, desenvolver e reter talentos competentes, em linha com seus objetivos;

A organizao faz com que as pessoas assumam res-ponsabilidade por suas funes de controle interno na busca pelos objetivos;

b) Avaliao de riscos:

A organizao especifica os objetivos com clareza suficiente, a fim de permitir a identificao e a ava-liao dos riscos associados aos objetivos;

A organizao identifica os riscos realizao de seus objetivos por toda a entidade e analisa os riscos como uma base para determinar a forma como eles devem ser gerenciados;

A organizao considera o potencial para fraude na avaliao dos riscos realizao dos objetivos;

A organizao identifica e avalia as mudanas que poderiam afetar, de forma significativa, o Sistema de Controle Interno;

c) Atividades de controle:

A organizao seleciona e desenvolve atividades de controle que contribuem para a reduo, a nveis aceitveis, dos riscos realizao dos objetivos;

A organizao seleciona e desenvolve atividades ge-rais de controle sobre a tecnologia para apoiar a rea-lizao dos objetivos;

A organizao estabelece atividades de controle por

| 71RESOLUO ATRICON n 4/2014Controle interno: instrumento de eficincia dos Tribunais de Contas do Brasil.

meio de polticas que estabelecem o que esperado e os procedimentos que colocam em prtica essas polticas;

d) Informao e comunicao:

A organizao obtm ou gera e utiliza informaes significativas e de qualidade para apoiar o funciona-mento do controle interno;

A organizao transmite internamente as infor-maes necessrias para apoiar o funcionamento do controle interno, inclusive os objetivos e responsabi-lidades pelo controle;

A organizao comunica-se com os pblicos exter-nos sobre assuntos que afetam o funcionamento do controle interno;

e) Monitoramento:

A organizao seleciona, desenvolve e realiza avalia-es contnuas e/ou independentes para se certificar da presena e do funcionamento dos componentes do controle interno;

A organizao avalia e comunica deficincias no controle interno em tempo hbil aos responsveis por tomar aes corretivas.

13 A legislao de referncia para este trabalho a seguinte:

a) Constituio Federal;

b) Lei 4.320/1964;

c) Lei de Responsabilidade Fiscal;

d) Proposta de Emenda Constituio 45/2009;

e) Normas de Auditoria Governamental (Nags);

72 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

f ) Resoluo CFC 1.135/2008 Controle Interno;

g) Committe Of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (Coso I) Controle Interno: Estrutura Integrada;

h) Committe Of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (Coso II) Gerenciamento de Riscos Corporativos: Estrutura Integrada;

i) International Organization of Supreme Audit Institutions (Intosai) Diretrizes para as Normas de Controle Interno do Setor Pblico;

j) Diretrizes para o Controle Interno no Setor Pblico elabo-radas pelo Conselho Nacional dos rgos de Controle Interno (Conaci) dos Estados brasileiros e do Distrito Federal.

Conceitos

14 Os principais conceitos a serem adotados como referncia para a aplicao destas diretrizes so os seguintes:

a) Sistema de controle interno: processo conduzido pela estru-tura de governana e executado pela administrao e por todo o corpo funcional da entidade, integrado ao processo de gesto em todas as reas e em todos os nveis de rgos da entidade, e estruturado para enfrentar riscos e fornecer razovel segurana de que, na consecuo da misso, dos objetivos e das metas institucionais, os princpios constitucionais da administrao pblica sero obedecidos e os seguintes objetivos gerais de con-trole sero atendidos:

eficincia, eficcia e efetividade operacional, median-te execuo ordenada, tica e econmica das operaes;

integridade e confiabilidade da informao pro-duzida e sua disponibilidade para a tomada de decises

| 73RESOLUO ATRICON n 4/2014Controle interno: instrumento de eficincia dos Tribunais de Contas do Brasil.

e para o cumprimento de obrigaes de accountability;

conformidade com leis e regulamentos aplicveis, incluindo normas, polticas, programas, planos e procedimentos de governo e da prpria instituio;

adequada salvaguarda e proteo de bens, ativos e re-cursos pblicos contra desperdcio, perda, mau uso, dano, utilizao no autorizada ou apropriao indevida.

b) Controles internos administrativos: atividades e proce-dimentos de controle incidentes sobre os processos de tra-balho da organizao com o objetivo de diminuir os riscos e alcanar os objetivos da entidade, presentes em todos os nveis e em todas as funes e executados por todo o corpo funcional da organizao;

c) Estrutura de governana: estrutura de governana da entida-de que tem por objetivo supervisionar e estabelecer as polticas, diretrizes e expectativas sobre o desenho e o funcionamento do Sistema de Controle Interno da organizao, a ser observado pela administrao da entidade;

d) Unidade de Controle Interno: a estrutura organizacional deve contemplar uma unidade de controle interno, que deve ser independente da gerncia e que se reportar diretamente autoridade mxima da organizao, responsvel pela coor-denao, orientao e avaliao do Sistema de Controle In-terno da entidade;

e) Unidades executoras do Sistema de Controle Interno: todas as unidades integrantes da estrutura organizacional respons-veis pela execuo dos processos de trabalho da entidade, pela identificao e avaliao dos riscos inerentes a esses processos e pela normatizao e execuo das rotinas de trabalho e dos procedimentos de controle destinados mitigao dos riscos;

f) Normas de rotinas e de procedimentos de controle: o funcio-

74 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

namento eficaz do Sistema de Controle Interno das organizaes pblicas pressupe a normalizao das atribuies e responsabi-lidades, das rotinas de trabalho mais relevantes e de maior risco e dos procedimentos de controle dos sistemas administrativos e dos processos de trabalho da organizao.

15 Para tanto, recomenda-se a estruturao da entidade ou rgo por meio de sistemas administrativos, que agreguem os processos de trabalho afins da organizao, com a identificao do rgo central e das unidades executoras de cada sistema.

16 A definio desses sistemas e dos respectivos processos de traba-lho, com a indicao da unidade que atuar como rgo central de cada um dos sistemas, bem como das respectivas unidades executo-ras, servir de base para o incio da implementao e padronizao das rotinas internas, contemplando os respectivos procedimentos de controle, que sero especificados nas normas internas da organizao.

17 O agrupamento dos processos de trabalho deve focalizar as roti-nas de forma sistmica, considerando os riscos e a relevncia para o resultado da gesto, com todas as reas da administrao atuando na busca de resultados efetivos, traduzidos em produtos ou servios destinados a clientes internos e externos.

18 Sob essa tica, os processos de trabalho afins da organizao, que compem determinado sistema administrativo, devem ser identifi-cados, mapeados, modelados, normalizados e monitorados pela ad-ministrao.

19 A liderana desse processo de mapeamento e normatizao, bem como o monitoramento permanente do funcionamento dos proces-sos de trabalho que integram determinado sistema administrativo, visando sua melhoria contnua, compete ao rgo central do res-pectivo sistema administrativo, mas a identificao, o mapeamento, a modelagem e a normatizao dos processos de trabalho devem ser

| 75RESOLUO ATRICON n 4/2014Controle interno: instrumento de eficincia dos Tribunais de Contas do Brasil.

realizados pelas unidades executoras e submetidos aprovao do dirigente mximo do poder, rgo ou entidade.

20 Unidade de Controle Interno compete, entre outras atribuies, coordenar, orientar e opinar acerca da normatizao das rotinas e dos procedimentos de controle inerentes aos processos de trabalho da organizao, bem como realizar auditorias de avaliao dos controles internos dos sistemas administrativos e dos processos de trabalho da entidade ou rgo, visando promover sua melhoria contnua.

DIRETRIZES

21 Os Tribunais de Contas do Brasil, no cumprimento das disposi-es constitucionais, promovero a criao de Sistemas de Controle Interno como instrumento de melhoria da governana, da gesto de riscos e do controle interno, com observncia s diretrizes estabele-cidas nos itens a seguir.

22 Adotar as seguintes normas da Intosai como referncia para es-truturao e funcionamento do Sistema de Controle Interno:

a) ISSAI GOV 9100 Guia para as Normas de Controle Interno;

b) ISSAI GOV 9110 Diretrizes Referentes aos Informes sobre a Eficcia dos Controles Internos;

c) ISSAI GOV 9120 Controle Interno: Fornecendo uma Base para a Prestao de Contas do Governo;

d) ISSAI GOV 9130 Informao Adicional sobre a Adminis-trao de Riscos da Entidade;

e) ISSAI GOV 9140 Independncia da Auditoria Interna no Setor Pblico;

f ) ISSAI GOV 9150 Coordenao e Cooperao entre os Tribu-nais de Contas e os Auditores Internos do Setor Pblico.

76 | Diretrizes para o aprimoramento dos Tribunais de Contas do Brasil - Resolues da Atricon

23 Observar os princpio