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Antonio Albuquerque da Costa Paulo Sérgio Cunha Farias Formação Territorial do Brasil DISCIPLINA A ocupação antiga do Brasil meridional Autores aula 08 Fo_Te_A08_IML_080710.indd Capa1 Fo_Te_A08_IML_080710.indd Capa1 08/07/10 11:51 08/07/10 11:51

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Antonio Albuquerque da Costa

Paulo Sérgio Cunha Farias

Formação Territorial do BrasilD I S C I P L I N A

A ocupação antiga do Brasil meridional

Autores

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Governo Federal

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEEDCarlos Eduardo Bielschowsky

Coordenador de EdiçãoAry Sergio Braga Olinisky(UFRN)

Projeto Gráfi coIvana Lima (UFRN)

Revisoras Tipográfi casAdriana Rodrigues Gomes (UFRN)

Margareth Pereira Dias (UFRN)Nouraide Queiroz (UFRN)

Arte e IlustraçãoAdauto Harley (UFRN)Carolina Costa (UFRN)

Heinkel Hugenin (UFRN)Leonardo Feitoza (UFRN)

DiagramadoresIvana Lima (UFRN)Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN)José Antonio Bezerra Junior (UFRN)Mariana Araújo de Brito (UFRN)Vitor Gomes Pimentel (UFRN)

Revisora de Estrutura e LinguagemRossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)

Revisora de Língua PortuguesaMaria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ReitorJosé Ivonildo do Rêgo

Vice-ReitoraÂngela Maria Paiva Cruz

Secretária de Educação a DistânciaVera Lúcia do Amaral

Universidade Estadual da Paraíba

ReitoraMarlene Alves Sousa Luna

Vice-ReitorAldo Bezerra Maciel

Coordenadora Institucional de Programas Especiais – CIPEEliane de Moura Silva

Ficha catalográfi ca elaborada pela Biblioteca Central - UEPB

910.9

C837f Costa, Antônio Albuquerque da.

Formação Territorial do Brasil/ Antônio Albuquerque da Costa; Paulo Sérgio Cunha

Farias. – Campina Grande: EdUEP, 2009.

385 p.: il.

ISBN: 978-85-7879-050-9

1. Geografi a - Brasil. 2. Geografi a – Estudo e Ensino. I. Farias, Paulo Sérgio Cunha.

II. Titulo.

21. ed. CDD

Secretaria de Educação a Distância (SEDIS) – UFRN

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

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Apresentação

A porção meridional do atual território brasileiro só tardiamente foi anexada ao espaço colonial português no Novo Mundo. Primeiramente, esse pedaço de território entrou para a história política e administrativa da colônia, em fi ns do século XVII. Contudo,

economicamente, só começou a contar como área com função produtiva dentro da divisão territorial do trabalho no interior do espaço colonial, na segunda metade do século XVIII, quando serviu à prática da pecuária e, secundariamente, à agricultura em pequenos trechos do seu território.

Inserida numa área-chave do comércio internacional e do acesso às minas de Potosí – a Bacia do Prata (ver mapa 01), essa região foi arduamente disputada por espanhóis e portugueses e, mais tarde, por argentinos e brasileiros. Assim, tanto portugueses quanto espanhóis, sem disporem inicialmente de projetos para a sua ocupação econômica efetiva, procuraram, inicialmente, ocupar militarmente a área em questão.

Bacia do Prata

Bacia do Prata – Rede hidrográfi ca formada pelas bacias dos Rios Paraná, Paraguai, Uruguai e da Prata, possui aproximadamente 3.200.00 Km² nos territórios da Argentina, Bolívia, Brasil,Paraguai e Uruguai. É a segunda maior bacia hidrográfi ca da América do Sul.

Mapa 01 – Bacia do Prata

Fonte: Atlas Escolar, s.l.: Ciranda Cultural, 2002.

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Portugueses e espanhóis, em suas contendas para afi rmar suas territorialidades na região, valeram-se, além da ocupação militar, de outras estratégias. Os espanhóis, por exemplo, usaram as missões religiosas para afi rmar o seu domínio e frear o avanço português. Por seu turno, Portugal se valeu das bandeiras, da imigração açoriana e das grandes fazendas de criar gados para expandir e assegurar o seu domínio do território.

Os avanços portugueses na região foram motivos de contendas intensas com os espanhóis. As tentativas de solução dessas contendas aconteceram quando da assinatura de novos tratados - Madri e Santo Ildefonso, por exemplo, que remodelaram os contornos das possessões das duas nações ibéricas na região. Contudo, mesmo a assinatura de tratados, que pretenderam defi nir e demarcar os limites entre Portugal e a Espanha nessa porção do subcontinente sul-americano, essa disputas não foram completamente resolvidas. Algumas disputas territoriais foram transmitidas como herança para o Brasil e para a Argentina – a exemplo da região de Palmas, que reclamada pela Argentina, só foi assegurada como pertencente ao Brasil em 1895.

Nessa aula viajaremos com você ao passado da nossa formação territorial para desvendar as primeiras formas da ocupação portuguesa do Brasil meridional. Para isso, é importante que você estude com atenção esse conteúdo, realize as atividades, consulte a bibliografi a complementar e, em caso de persistência de dúvidas, busque esclarecimentos com o tutor ou professor da disciplina.

ObjetivosCom essa aula, esperamos que você:

Perceba as estratégias utilizadas por portugueses e espanhóis para estabelecerem a posse e o controle de territórios na Bacia do rio da Prata.

Entenda o papel que tiveram as bandeiras e a pecuária para a consolidação da posse e do controle dos portugueses sobre amplo território na região.

Conheça as disputas, os confl itos e os tratados que deram forma ao Brasil Meridional.

Compreenda o papel que tiveram os assentamentos de colonos açorianos na ocupação de pontos do litoral do Brasil Meridional.

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Bandeiras, missões, pecuaristas e açorianos: a estratégias portuguesas e espanholaspara a conquista de territórios no cone sul

Vamos começar nossa conversa... Até o fi nal do século XVII as fronteiras meridionais do Brasil Colônia com os domínios

espanhóis na bacia platina se apresentavam imprecisas, desconhecidas e descuidadas (PRADO JÚNIOR, 1987, p. 94). Nesse período, a porção meridional do atual território brasileiro não parecia de grande interesse para os colonizadores. Em virtude disso, ninguém se preocupou em fi xar ai o local onde se tocavam as possessões espanholas e portuguesas. Nesse sentido, no período em foco, dada a ausência de interesses econômicos dos colonizadores, essa área não apresentava assentamentos humanos estabelecidos pelos países ibéricos, especialmente no seu interior. Nela, predominava, ainda, a presença dos assentamentos humanos de vários povos indígenas, que refl etiam as suas formas específi cas de relação com a natureza.

De acordo com Caio Prado Júnior:

[...] A linha imaginária do acordo de Tordesilhas (1494) devia passar mais ou menos na altura da ilha de Santa Catarina; mas nenhuma das duas coroas ibéricas tratou jamais de a determinar com rigor [...] (PRADO JÚNIOR, 1987, p. 93).

Assim, as possessões das duas nações ibéricas na área da Bacia do rio da Prata não estavam claramente defi nidas.

Durante o período da União Ibérica (1580-1640), a questão da defi nição dos limites entre as possessões das duas Coroas não teve naturalmente especial atenção, já que tudo pertencia a um mesmo soberano: o rei da Espanha (PRADO JÚNIOR, 1987, p. 94).

Contudo, conforme nos relata Caio Prado Júnior, com

[...] a restauração, o rei de Portugal, grandemente preocupado com sua colônia americana [era a última possessão ultramarina de valor que lhe sobrara], tratou seriamente de fi xar-lhe as fronteiras, sobretudo neste setor meridional onde os estabelecimentos portugueses e espanhóis mais se aproximavam um dos outros, e onde, portanto, os choques eram mais de temer (PRADO JÚNIOR, 1987, p. 94).

Após a separação das duas Coroas e, portanto, do fi m da União Ibérica, os limites da ocupação efetiva dos portugueses da sua colônia americana eram ao sul da Capitania de São Vicente, após São Paulo. O alcance da ocupação portuguesa tinha chagado só nas proximidades da costa, parte do território que hoje forma o Estado do Paraná. Por outro lado, os espanhóis fi xados em Buenos Aires, na margem direita do Rio da Prata, não tinham avançado muito rumo ao norte. Esses, pelo interior, subiram ao longo dos rios Paraná e Paraguai. Portanto, entre as duas possessões coloniais das nações ibéricas no cone sul existia um grande vácuo, que permanecia deserto e inocupado pelos colonizadores (PRADO JÚNIOR, 1987, p. 94-95).

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Não obstante, esse imenso território sem assentamentos humanos coloniais, foi, desde o princípio do século XVII, percorrido intermitentemente pelas bandeiras paulistas aprisionadoras de índios para a escravização. Contudo, como já conversamos com você nas aulas anteriores, essa modalidade de bandeira teve um caráter desterritorializador e despovoador. Não serviu, portanto, para fi xar o colonizador, pelo menos nesse período, nessa área.

Os primeiros assentamentos portugueses na área foram estabelecidos no litoral paranaense e se basearam na mineração praticada por antigos habitantes de São Vicente. Esses chegaram nesse pedaço de território no começo do século XVII e, ao se fi xarem nele, deram origem, em 1648, a Vila de Paranaguá. O correr das notícias da existência de minas de prata na região levou a ocupação de vários outros lugares ao sul de Paranaguá: São Francisco do Sul (1658), ilha de Santa Catarina (1675) – localidades nas quais a ocupação espanhola processada no século anterior quase não deixara vestígios, e Laguna (1675). Esses núcleos de ocupação foram, respectivamente, nas épocas em que surgiram, os mais avançados da costa meridional e os núcleos básicos da ocupação colonial portuguesa em Santa Catarina (MAGNANINI e SOUTO MAYOR, 1977, P. 144-146).

Como bem nos lembram Ruth da Cruz Magnanini e Ariadne Soares Souto Mayor:

A divulgação destas riquezas minerais – prata que não existia e ouro de lavagem, logo esgotado – não só atraiu os portugueses para o trecho litorâneo como os levou a procurar realizar o plano de dominá-lo até o rio da Prata antes que os espanhóis novamente se estabelecessem em alguns portos desta faixa, garantindo a posse das minas que por ventura existissem e estendendo a fronteira sul ao estuário platino que consideravam como o limite natural do território brasileiro. Levando a cabo as suas pretensões, edifi caram, em 1680, à margem esquerda do rio da Prata, não ocupada pelos castelhanos, a Colônia de Sacramento (MAGNAINI e SOUTO MAYOR, 1977, p. 146. Grifos nossos) (Ver mapa 02).

Mapa 02 – Localização da Colônia de Sacramento.

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A criação dessa colônia portuguesa na confl uência dos rios Uruguai e da Prata foi o estopim para os confl itos entre portugueses e espanhóis na região. Foi, no dizer de Peregalli (1982, p. 23), o “pomo da discórdia” entre as duas Coroas na porção austral do subcontinente sul-americano. Ainda de acordo com Enrique Peregalli:

Desde sua fundação por Manuel Lobo (1680), que na época governava o Rio de Janeiro, até 1777, data em que foi definitivamente entregue aos espanhóis, [a Colônia de Sacramento] transformou-se em terra de confl itos [...] (PEREGALLI, 1982, p. 23).

Você sabe por que os dois impérios coloniais ibéricos disputaram de forma tão acirrada e intensa esse pedaço de território? Vamos prestar atenção ao que nos diz sobre isso o historiador Enrique Peregalli:

Fornecendo desde seu porto mercadorias relativamente baratas - que incluía negros escravos – às populações platinas em troca de prata, a colônia signifi cou durante sua existência um desafi o ao sistema monopolista espanhol.

O Rio da Prata [...] necessitou ser ocupado pelos castelhanos para deter o avanço lusitano: a política da coroa espanhola foi manter os portugueses longe de Potosí. A enseada de Montevidéu, o melhor porto natural do estuário, foi ocupada em 1724 para expulsar os portugueses que haviam se instalado ali (PEREGALLI, 1982, p. 23-24).

Como você pôde perceber a área era de extrema importância geopolítica para os espanhóis. Manter o controle sobre ela era primordial para afastar os portugueses de uma das suas áreas coloniais mais ricas: Potosí e suas rentáveis minas de prata. Nesse sentido, a Colônia de Sacramento representava uma ameaça portuguesa que precisava ser destruída.

Você sabe como os espanhóis empreenderam a destruição da ameaça representada pela Colônia de Sacramento?

Para destruírem a Colônia de Sacramento os espanhóis se valeram de um velho inimigo dos portugueses: os jesuítas. Esses enviaram quatro mil índios guarani, treinados e armados pela Companhia, que, incorporados aos regimentos espanhóis, cercaram a Colônia. Como pagamento por esse serviço prestado a Coroa Espanhola, os jesuítas obtiveram o direito de transportar gado selvagem para as missões (PEREGALLI, 1982, p. 24).

Todavia, isso não resolveu defi nitivamente a questão. A Colônia de Sacramento foi construída, destruída e reconstruída diversas vezes até ser defi nitivamente restituída aos espanhóis em 1777, quando da assinatura do Tratado de Santo Ildefonso. Cabe lembrar para você que o segmento de limites com o Uruguai foi produto dos acordos que concluíram a Questão Cisplatina durante o império, e o traçado fi nal representou signifi cativo avanço territorial brasileiro sobre os territórios que, no período colonial, pertenceram ao Vice-Reino do Prata. No período colonial, na região, foi estabelecido o segmento de limite entre as possessões portuguesas e espanholas equivalente ao rio Uruguai, o qual demarca hoje o limite do Rio Grande do Sul com a atual província argentina de Corrientes.

Como você notou, a ocupação pontual de trechos do litoral no século XVII continuou deixando o interior do território vazio da presença colonial portuguesa. Da mesma forma, no mesmo período, a presença da colonização espanhola também ainda não se fazia concretamente presente na imensidão dessas plagas interioranas.

Questão Cisplatina

Foi o primeiro confl ito armado do Império Brasileiro contra as Províncias Unidas do Rio da Prata (primeiro nome adotado pela Argentina, até a sua constituição de 1826) no período de 1825 a 1828, pela posse da Província da Cisplatina, que resultou na formação do Estado uruguaio.

Vice-Reino do Prata

O Vice-Reino do Rio da Prata foi criado pela Espanha, em 1776, para evitar o avanço de outras potências, sobretudo Portugal e Inglaterra, na região da América do Sul que correspondem hoje aos territórios da Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia.

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O relativo abandono do interior do Brasil Meridional refl etia a ausência de uma orientação econômica clara dos colonizadores para a região. Enfi m, faltavam atividades produtivas relevantes que inserissem esse pedaço de território nas divisões territoriais do trabalho do espaço colonial e dos circuitos do mercantilismo europeu como um todo. Daí, no século XVII, ter imperado como estratégia geopolítica para assegurar a posse e o controle do território à ocupação militar.

No caso da Espanha, que estabeleceu um modelo de colonização que concentrava todos os seus esforços nas áreas de maior relevância econômica – Potosí, Planalto Mexicano, Peru etc. – recorreu às missões religiosas, já no século XVII, como estratégia geopolítica para frear o avanço lusitano e assegurar a posse e o controle do território na região em apreço. Conforme nos lembra Enrique Peregalli:

A Companhia de Jesus controlou todo o norte do atual Uruguai, as Missões Orientais, o Alto Uruguai e as missões guaraníticas do Paraguai. Construindo um amplo círculo em torno das possessões portuguesas. Chiquitos e Moxos na Bolívia e as missões Maynas na Amazônia. Os jesuítas atuaram, na prática, como um contraforte capaz de brecar o avanço lusitano (PEREGALLI, 1982, p. 24).

Foram os jesuítas espanhóis os precursores da ocupação do Planalto Ocidental e os responsáveis pela introdução e difusão do gado no sertão sulino. Em 1609 partiram eles de Assunção, no Paraguai, e alcançaram o oeste paranaense onde, no mesmo ano, fundaram a província de Guaíra, composta por várias reduções. Embora fosse objetivo dos missionários a catequese dos índios, trataram também da disciplinação do índio para o trabalho numa diretriz econômica, desenvolveram a agricultura, a pecuária, a exploração de madeira e serviram para afi rmar a presença espanhola nesses territórios (MAGNANINI e SOUTO MAYOR, 1977, p. 147).

Quanto aos colonizadores portugueses, como agiram para ocupar de forma efetiva territórios na região?

Em fi ns do século XVII, os portugueses utilizaram Laguna, até então o ponto mais avançado lusitano no litoral sul, para estabelecer núcleos esparsos de ocupação no litoral, que iam de Santa Catarina ao Rio Grande do Sul.

O primeiro embrião de núcleo urbano surgiu em 1737, quando o governo português ordenou a fundação de um forte que visava plantar as bases da posse ofi cial e efetiva do Rio Grande do Sul e a defesa da parte do litoral que ia de Laguna à Colônia de Sacramento. Esse forte foi o de Jesus Maria José, erguido à margem do canal sangradouro da Lagoa dos Patos. Em torno desse forte formou-se o núcleo da primeira vila instalada no Estado do Rio Grande do Sul - Rio Grande de São Pedro (1751) – hoje a cidade de Rio Grande. A criação desse núcleo foi a ponta de lança para a concessão de sesmarias até Santa Vitória do Palmar, as quais os seus proprietários utilizaram para a criação de gado. Outro núcleo importante para a ocupação portuguesa do litoral da região foi o de São José do Norte (1763), este se originou quando os espanhóis bloquearam a Colônia de Sacramento e atacaram a vila de Rio Grande de São Pedro, cujos habitantes fugiram para Laguna, Rio de Janeiro e alguns para o outro lado do canal, onde fi zeram fl orescer São José do Norte (MAGNANINI e SOUTO MAYOR, 1977, p. 146).

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Contudo, esses núcleos esparsos fixados nos litorais gaúcho e catarinense não representavam garantia de manutenção da posse do território e nem da sua defesa. Desse modo, como agiram os portugueses? Pautados no princípio segundo o qual o território pertencia a quem o ocupasse de fato, os portugueses, diante da fragilidade para a garantia da posse da terra dos núcleos esparsos do litoral, resolveu introduzir nele, em 1748, o sistema de colonização com “casais açorianos”. Com essa estratégia, tinham como meta completar a ocupação, estabelecendo um tipo de povoamento mais contínuo em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.

Para atrair os açorianos, que se tratavam de camadas pobres ou médias da população portuguesa da Ilha dos Açores, o Estado português lhes concedeu uma série de vantagens para que aceitassem se estabelecer no sul do Brasil: despesas com o transporte desde Açores ao sul do Brasil, as terras a serem ocupadas (previamente demarcadas em pequenas parcelas), vários auxílios gratuitos ou a ser pagos em longo prazo (instrumentos agrícolas, sementes, animais de trabalhos etc.), entre outros (PRADO JÚNIOR, 1987, p. 96).

Como era necessário defender o território ocupado das incursões estrangeiras e por se tratarem de territórios contestados pela Espanha, a localização dos assentamentos açorianos foi geoestrategicamente escolhida, fazendo-se em pontos descontínuos do litoral. Em Santa Catarina, os açorianos foram assentados na ilha de Santa Catarina - área continental fronteiriça a ela (São Miguel, São José e Enseada do Brito), e no entorno de Laguna (Vila Nova e Campos de Santa Maria). No Rio Grande do Sul os açorianos foram estabelecidos no litoral (Rio Grande, Estreito, Mostardas e Osório) e na Depressão Central (Viamão, Morro de Santana, Porto Alegre, Taquari e Rio Pardo)

A instalação de açorianos era vista pelo governo português como uma oportunidade de, através da agricultura, fi xar o homem à terra, contribuindo, desse modo, para reforçar a ocupação do litoral. Tanto em Santa Catarina quanto no Rio Grande do Sul a agricultura praticada pelos açorianos não foi além da produção familiar para a subsistência.

Como bem ressalta Prado Júnior (1987, p. 96), os assentamentos açorianos compuseram uma “ilha” muito pequena, aliás, sem importância apreciável no conjunto da colônia. Mesmo computando apenas este setor meridional de que nos ocupamos, seu papel foi reduzido, o que contou nele foram as grandes fazendas de gado do interior (as estâncias), das quais conversaremos com você logo a diante.

Portanto, se foram essas as estratégias portuguesas para ocupar, defender e assegurar a posse do território no litoral, foi a pecuária que viabilizou a ocupação e a posse do interior do Brasil Meridional.

Como já comentamos para você, o interior do sul do Brasil – o Planalto Ocidental e o sertão, foi percorrido pelos bandeirantes vicentinos desde os princípios do século XVII. Esses sabedores da existência das missões espanholas, que, como vimos estavam em pleno processo de desenvolvimento de atividades econômicas, notadamente com a prática da pecuária, e de catequização dos índios desde 1609, dirigiram-se para essas missões com a intenção de realizar facilmente o apresamento dos índios já agrupados e acostumados ao trabalho bem

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como o apresamento de animais de transporte. Movidos por esse objetivo, os bandeirantes vicentinos destruíram as reduções e conduziram um grande número de indígenas para São Paulo. Após esse ataque às missões, os indígenas que escaparam foram conduzidos pelos jesuítas espanhóis para o Rio Grande do Sul, nele os religiosos fundaram as missões de Tape e 10 outras no atual noroeste do território gaúcho e no território argentino que atualmente corresponde ao da Província de Missiones. Essas missões logo foram alcançadas e destruídas pelos bandeirantes vicentinos. Antes de fugirem do Tape, os jesuítas espanhóis soltaram o gado que se dispersou pelos campos do sul da bacia do rio Camacuã, área que se tornou conhecida como Vacaria do Mar (MAGNANINI e SOUTO MAYOR, 1977, p. 147).

Os jesuítas espanhóis, após 50 anos, retornaram ao Rio Grande do Sul, aldeiando indígenas em menor número de reduções, nas quais eles foram armados e treinados para a defesa contra as incursões dos bandeirantes vicentinos. Essas missões formaram os chamados Sete Povos das Missões Orientais do Uruguai (MAGNANINI e SOUTO MAYOR, 1977, p. 148), razão de disputas posteriores ferrenhas entre portugueses e espanhóis nas ocasiões das assinaturas dos tratados que pretenderam defi nir e delimitar os contornos das possessões territoriais das duas nações ibéricas na América da Sul.

O gado deixado pelos jesuítas na Vacaria do Mar deu origem ao rebanho da Campanha Gaúcha. Por outro lado, ao retornarem, os jesuítas salvaram as cabeças de gado restantes, reunindo-as em uma vacaria mais protegida no Nordeste no Rio Grande do Sul, dando origem a Vacaria dos Pinhais, assim nomeada por se tratar de zona de Campos, cercada de Mata de Araucária. A existência da Vacaria dos Pinhais logo despertou o interesse dos moradores de Laguna. Esses para ela rumaram, abrindo o caminho que atravessava a encosta da Serra Geral entre Santo Antônio da Patrulha e São Francisco e alcançaram os Campos, apropriaram-se da região após expulsarem jesuítas e indígenas. A partir daí, estabeleceu-se o comércio entre Laguna e as vacarias e depois entre elas e São Paulo, tornando conhecida a vasta zona dos Campos Meridionais (MAGNANINI e SOUTO MAYOR, 1977, p. 148).

A descoberta da riqueza aurífera e das pedras preciosas em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso trouxe um novo impulso para a pecuária do sul. A demanda por animais de transporte para transportar a riqueza mineral do interior do território colonial até os portos, especialmente o do Rio de Janeiro, em um período de difícil ligação entre o interior e a marinha, cujos caminhos não permitiam o uso de carroças e carros de boi, despertou o interesse pelo uso de animais de carga, escassos em São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Foi por esse motivo que os paulistas, que até então haviam incursionado pelo sul em demanda das reduções jesuíticas para prear índios, resolveram alcançar os campos gaúchos com o intuito de obter animais de carga que lá existiam em abundância, para vendê-los por altos preços para as áreas de exploração mineral. As incursões dos paulistas no sul para obter esses animais fi zeram surgir o “caminho do sul” (Ver mapa 03 - Caminhos do Gado do Sul), que ligava Viamão à Sorocaba, que se destacou como centro de comercialização de animais. O caminho do sul foi um marco inicial da ocupação luso-brasileira da vasta área dos campos meridionais, juntamente com o que se estabelecera ligando Laguna às vacarias.

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Mapa 03 – Caminho do gado no Sul do Brasil

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Nas margens do caminho do sul surgiram os primeiros assentamentos humanos voltados para o tratamento dos rebanhos, muitos desses assentamentos originaram, posteriormente, núcleos urbanos (Bom Jesus-RS, por exemplo) e depois sesmarias onde se fi xaram os criadores de gado – as estâncias. Nas áreas de mata originaram-se pousos que evoluíram para povoados, vilas e, posteriormente, cidades (MAGNANINI e SOUTO MAYOR, 1977, p. 148).

Com o surgimento do caminho do sul, Laguna perdeu a função de nó ou de ponto obrigatório de passagem na rede que ligava as áreas de criação dos animais aos lugares de comercialização dos animais para os lugares de consumo localizados nas áreas de mineração

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Aula 08 Formação Territorial do Brasil10

Campo Mourão

ELABORADO POR MÁRCIO SÉRGIO DE MELO, BASEADO EM MAACK 1948

Londrina

TibagiJaguaraíva

Castro

Curitiba

Lapa

AtlânticoUnião da Vitória

100km

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GuarapuavaFoz do Iguaçu

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Irati

Ponta Grossa

e em São Paulo bem como o de principal centro do extremo meridional da colônia. Este lugar passou a ser ocupado por Curitiba. Essa cidade nasceu quando sujeitos procedentes de Paranaguá, em busca de jazidas auríferas, alcançaram o Planalto. O núcleo curitibano cresceu aos impulsos da criação de gado introduzida em 1668, que foi, todavia, incrementada após a abertura do caminho do sul, do qual se transformou também em lugar de posição geográfi ca invejável como ponto de passagem.

Se foram os lagunenses que ocuparam a costa gaúcha e os Campos de Viamão e de Vacaria, foram as bandeiras paulistas dos séculos XVIII e XIX que, propiciadas pelo caminho do sul, ocuparam o Planalto Meridional. Essas bandeiras tiveram um caráter diferente das anteriores (século XVII) por terem sido povoadoras. Nesse processo, a pecuária foi o fator econômico preponderante para a ocupação. Por outro lado, a razão da sua instalação no sul se prendia às demandas por animais de transporte e pela carne nas áreas de mineração.

Em sua marcha, a pecuária se instalou nos Campos Gerais (ver mapa 05) nos primeiros anos do século XVIII, quando criadores de gado provenientes de Curitiba neles de fi xaram. Mas, a expansão dessa atividade econômica nos Campos Gerais se deu quando das investidas dos paulistas em direção ao sul, que transformou a área em via natural para atingir a campanha gaúcha. (ver gravura 01 e mapa 05)

Campos Gerais

A expressão “Campos Gerais do Paraná” foi

consagrada por MAACK (1948), que a defi niu como

uma zona fi togeográfi ca natural, com campos

limpos e matas galerias ou capões isolados de

fl oresta ombrófi la mista, onde aparece o pinheiro

araucária. Nessa defi nição, a região é ainda limitada

à área de ocorrência desta vegetação que a

caracteriza situada sobre o Segundo Planalto

Paranaense, no reverso da Escarpa Devoniana, a

qual o separa do Primeiro Planalto, situado a leste. In: http://www.uepg.br/dicion/campos_gerais.

htm . Acessado em 09 de Janeiro de 2009.

Campanha gaúcha

São os campos do planalto Meridional, vegetação

formada por gramíneas que constituem excelente pastagem natural. No Rio

Grande do Sul é conhecida também como Pampas.

Mapa 04 – Localização dos Campos Gerais do Paraná

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Aula 08 Formação Territorial do Brasil 11

Gravura 01 – Campanha Gaúcha (desenho de Percy Lau)

Mapa 05 – Domínios Morfoclimáticos do Brasil

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Aula 08 Formação Territorial do Brasil12

A intensa circulação no caminho do sul propiciada pela pecuária resultou no estabelecimento de vários pousos de tropas nos Campos Gerais, a exemplo de Jaguariaíva, Pirai do Sul, Castro, Ponta grossa, Palmeiras, Lapa, entre outros.

O caminho do sul, depois de atravessar um trecho ocupado pela Mata de Araucária, alcançou os Campos de Lajes. Esses, apesar de já apresentar uma ocupação esparsa originária de vacaria, tiveram na chegada das bandeiras povoadoras paulistas (1766) o instrumento para a consolidação da sua ocupação. Nos Campos de Lages (ver localização no Mapa 06), a pecuária, praticada por criadores de gado oriundos de São Paulo, de Curitiba, entre outros, mais a presença do caminho do sul, deram origem a vários núcleos que posteriormente se transformaram em cidades: Rio Negro (PR), Mafra, Curitibanos, Ponte Alta e São Joaquim, em Santa Catarina.

Mapa 06 – Localização da região de Campos de Lages no Estado de Santa Catarina

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Na antiga Vacaria dos Pinhais no Rio grande do Sul, que foi ocupada por lagunenses e paulistas, surgiu, para atender as necessidades dos fazendeiros da área, a cidade de Vacaria. Contudo, foi a construção, em 1761, da capela para o culto a Nossa Senhora das Oliveiras, que propiciou a formação do povoado que deu origem a essa cidade.

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Aula 08 Formação Territorial do Brasil 13

A pecuária também possibilitou a ocupação dos Campos de Guarapuava e de Palmas. Esses campos, por se localizarem fora do percurso do caminho do sul, bem a oeste, foram os últimos a serem ocupados. O Campo de Guarapuava foi ocupado entre 1768 e 1819, através de bandeiras paulistas, que expulsaram os índios e neles implantaram a criação de gado. Em 1819, os paulistas instalaram o núcleo que originou Guarapuava, primeira vila do oeste paranaense e atual cidade do mesmo nome. Guarapuava se tornou a base para a expansão dos criadores de gado pelos Campos de Palmas. A ocupação dos Campos de Palmas ocorreu a partir de 1839-40 e fi rmou-se depois de 1845, na ocasião em que foram abertas as veredas que os ligavam aos Campos do Rio Grande do Sul. As veredas possibilitaram que em Guarapuava e em Palmas se desenvolvessem sociedades pastoris com organização própria, que, assim, deixaram de ser simples áreas complementares dos Gerais. As veredas que foram abertas autorizaram a ocupação luso-brasileira dos últimos campos do sul - Passo Fundo, Cruz Alta, Palmeira, Soledade, Nonai, Santo Ângelo e São Borja (este já ocupado por conquistadores provenientes de Porto Alegre) (MAGNANINI e SOUTO MAYOR, 1977, p. 148).

Como você pôde perceber, se no século XVII Portugal procurou garantir a posse do território meridional unicamente pela força das armas, a partir do século XVIII isso foi feito através da ocupação econômica efetiva, na qual a pecuária ocupou um lugar destacado. Com ela, o sul se inseriu como espaço complementar - especialmente das áreas de mineração, na divisão territorial da produção do espaço colonial português no continente americano. Para viabilizar a posse e o uso do território com a pecuária, a administração portuguesa distribuiu, através do sistema de sesmarias, propriedades a granel que, como ocorreu no Rio Grande do Sul, foi responsável pela formação de propriedades gigantescas.

A decadência da pecuária nordestina também abriu as possibilidades para que a pecuária do sul deixasse de ser simples fornecedora de couro e de animais de transporte para o mercado externo e para as áreas de mineração, respectivamente, e se transformasse em fornecedora de carne-seca (localmente denominada de charque) para o mercado colonial, já no fi nal do século XVIII. A produção do charque deu origem às charqueadas, que, a exemplo do Rio Grande do Sul, localizavam-se entre os rios Pelotas e São Gonçalo, nas proximidades dos centros criatórios e do porto voltado para o comércio exterior (Rio Grande). A localização das charqueadas nessa área deu origem ao centro urbano que seria o primeiro da província depois da capital, mas o primeiro em riqueza e prestígio social: Pelotas (PRADO JÚNIOR, 1987, p. 97-98).

Conforme nos lembra Prado Júnior (1987, p. 98), no alvorecer do século XIX a pecuária do Rio Grande do Sul e possivelmente, de todo o sul da colônia, não apresentava um nível técnico muito superior ao da pecuária do interior nordestino. A primeira, em ascensão no período, sobrepujava-se a segunda, em decadência, pelas excelentes condições naturais em detrimento das condições adversas do semi-árido. Tanto numa como noutra área, o gado era criado num estado semi-selvagem, num quase abandono e solto à mercê da lei da natureza. Com a industrialização e comercialização da carne, iniciadas lá por volta de 1780, com as primeiras charqueadas, foi que começou a se cogitar de alguma coisa mais regular. Assim mesmo, ainda em 1810 observa-se que nas melhores estâncias só uma quarta parte do gado era manso, o restante vivia solto por ali sem cuidado e em estado ainda bravio.

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Aula 08 Formação Territorial do Brasil14

Mas você sabe como era a organização socioespacial de uma fazenda ou estância sulina?

Ainda é Caio Prado Júnior quem descreve como era particularmente a organização socioespacial das estâncias da campanha ou pampa gaúcho:

Estas são [...] muito grandes, resultado de abusos que não foi possível coibir. Algumas são de 100 léguas (3.600 Km2). Cada légua pode suportar de 1.500 a 2.000 cabeças, densidade bem superior a que encontramos no Norte e em Minas, o que mostra a qualidade dos pastos. O pessoal compõe-se do capataz e dos peões, muito raramente escravos; em regra, índio ou mestiços assalariados que constituem o fundo da população da campanha. Seis pessoas no todo, em média, para cada lote de 4 a 5000 [sic!] cabeças. Não há mesmo serviço permanente para um pessoal numeroso; e nos momentos de aperto concorrem peões extraordinários que se recrutam na numerosa população volante que circula na campanha, oferecendo seus serviços em todo lugar, participando do chimarrão e do churrasco aqui para pousar acolá, sempre em movimento e não se fi xando nunca. Hábitos nômades e aventureiros adquiridos em grande parte nas guerras. Essa gente socialmente indecisa concorre sobretudo ao “rodeio”, o grande dia da estância que se repete duas vezes por ano, quando se procede à reunião do gado, inspeção, marcação e castração. Isto no meio de regozijos em que não faltam as carreiras de cavalos, o grande esporte dos pampas (PRADO JÚNIOR, 1987, p. 98-99).

Ainda segundo o referido autor (1987, p. 99), além dos serviços regulares, o pessoal empregado nas estâncias se encarregava também da queimada dos pastos anualmente (para eliminação de pragas e para fornecer ao gado a forragem mais tenra dos brotos novos); do exercício de vigilância relativamente fácil do gado nos campos despidos e limpos em que a rês não podia se esconder como nas brenhas no Nordeste, e onde os inimigos naturais são menos perigosos, entre outras tarefas. (Ver gravura 02).

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Gravura 02 – Antiga estância sulina

À guisa das considerações que tecemos ao longo dessa nossa conversa, podemos afi rmar para você que as estratégias portuguesas para a ocupação do sul da sua colônia americana, ocupação essa que foi muito além do que, de forma imprecisa, defi nia o Tratado de Tordesilhas, mostraram-se bastante exitosas. Mesmo se confi gurando através de núcleos esparsos no

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Aula 08 Formação Territorial do Brasil 15

litoral e deixando amplos vácuos no interior, a exemplo das áreas de mata, que só vieram a ser defi nitivamente ocupadas com a colonização moderna dos séculos XIX e XX, esse modelo de ocupação possibilitou aos portugueses defenderem, com ênfase, quando da assinatura dos tratados que pretenderam defi nir os limites das duas possessões das nações ibéricas na América do Sul, o princípio segundo o qual quem detém a posse de um território é quem o ocupa de fato.

Aliás, o princípio do utis possidetis, recuperado da jurisprudência romana, segundo o qual a ocupação da terra é a base do direito sobre sua posse, isto é o direito de facto, foi a prática estratégica básica que permitiu a Portugal se apossar de um amplo território, que antes pertença a Espanha, na ocasião da assinatura dos Tratados de Madri,e e Santo Ildefonso (Ver Mapa 07 – O Controle do Território no Período Colonial).

Mapa 07 – O controle territorial no período colonial

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Aula 08 Formação Territorial do Brasil16

Contudo, a assinatura dos tratados não resolveu defi nitivamente as disputas territoriais no cone sul da América do Sul. Essas explodiram nas primeiras décadas do século XIX e estavam ligadas a insistência portuguesa de achar, com base na idéia de fronteira natural, que os limites da sua colônia iam até a margem esquerda do rio da Prata. Essa mesma idéia vigorou durante os primeiros anos do império, desdobrando-se na ocupação brasileira da Banda Oriental, a qual o império brasileiro considerava como sua província - a Província Cisplatina. Os confl itos não tardaram a ocorrer agora com a Argentina pelo controle da Banda Oriental. A solução encontrada pela Inglaterra, que interveio no confl ito por ter interesses econômicos na região, foi desmembrar a Banda Oriental, que formou um novo Estado-Nação na região – o Uruguai, que, portanto, nasceu como um verdadeiro Estado tampão para por fi m aos confl itos na região.

As questões fronteiriças na região se arrastaram ainda até o fi nal do século XIX e teve na questão de Palmas o epílogo das disputas territoriais que a marcaram desde o alvorecer do século XVII. O território de Palmas, localizado no Oeste catarinense (ver Mapa 08 - A questão de Palmas), que concentrava os maiores ervais do sul, pertencente ao Brasil, era reivindicado pela Argentina. Para o Brasil, a fronteira que defi nia os limites da área era os rios Pipiri-Guaçue o rio Santo Antônio; por outro lado, a região reclamada pela Argentina penetrava como uma cunha dentro de Santa Catarina, acompanhando os rios Chapecó e Chopim, até a cidade de Palmas, localizada próxima da divisa entre Santa Catarina e o Paraná. A questão de Palmas foi arbitrada pelo presidente Clevelend, dos EUA, e os argumentos brasileiros, para confi rmar as fronteiras na área, foram defendidos pelo Barão do Rio Branco. O arbítrio norte-americano em 1895 foi amplamente favorável ao Brasil e confi rmou o traçado dos limites da região com a Argentina no rio Pipiri-Guaçu, ratifi cando a região de Palmas como brasileira.

Mapa 08 – A questão de Palmas

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Aula 08 Formação Territorial do Brasil 17

Atividade 1

1

2

Teste a sua aprendizagem

Quais foram os primeiros núcleos de ocupação portuguesa do Brasil Meridional? Explique as relações existentes entre a atividade econômica praticada nesses núcleos e o projeto geopolítico português de expansão até à margem esquerda do rio da Prata.

Diferencie as estratégias portuguesas para a ocupação do litoral e do interior do Brasil Meridional. Como essas duas estratégias se distribuíram territorialmente?

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Aula 08 Formação Territorial do Brasil18

3

4

Analise a organização socioespacial das colônias de imigrantes açorianos.

Analise a organização socioespacial das estâncias pecuaristas do Sul no Brasil colônia.

Mesmo se confi gurando através de pontos e manchas, a ocupação portuguesa do Sul do Brasil no século XVIII e primeira metade do século XIX foi bastante axitosa, assegurando à Coroa portuguesa a posse sobre um amplo território que não lhe pertencia no Tratado de Tordesilhas. Todavia, como conversaremos com você rapidamente na próxima aula, muitos trechos do sul brasileiro - especialmente as áreas de mata, só vieram a ser ocupadas defi nitivamente no fi nal do século XIX e no século XX. Essa ocupação foi possibilitada pela marcha do café, pela instalação dos imigrantes europeus e pelo descolamento das frentes pioneiras no interior da região.

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Aula 08 Formação Territorial do Brasil 19

1

Resumo Nesta aula, você teve oportunidade de aprender que: a) a formação do Brasil Meridional foi marcada por disputas pela posse do território, que em alguns momentos, terminaram em confl itos armados, e duraram até o fi m do século XIX; b) a primeira forma de ocupação portuguesa da região foi a militar, no século XVII; c) os espanhóis disseminaram missões jesuítas, que foram destruídas pelas bandeiras paulistas, para frear a expansão portuguesa na região; d) no século XVIII, os portugueses empreenderam sua expansão na região através da ação das bandeiras, fortes, núcleos de ocupação de pontos do litoral com imigrantes açorianos e a pecuária como atividade econômica instalada nos Campos, que se desenvolveu ao ritmo das demandas de couro do mercado externo, de animais de transporte e carne de São Paulo e das áreas de mineração de Mina Gerais, Goiás e Mato Grosso; e) mesmo deixando, amplos vácuos, a expansão portuguesa na região se mostrou exitosa, pois foi muito além dos limites das suas possessões nela precariamente defi nidas pelo Tratado de Tordesilhas; f) a ocupação pontual no litoral e em manchas nos Campos possibilitou a Portugal o direito de posse sobre amplo território na região quando da assinatura dos tratados do século XVIII; g) as querelas territoriais continuaram entre o Brasil e os países vizinhos da região do Prata após o fi m da colonização: a questões cisplatina e a de Palmas, por exemplo; h) a ocupação portuguesa do Sul do Brasil no século XVIII e primeira metade do século XIX deixou amplos “espaços vazios”, notadamente nos planaltos ou áreas de domínio da Mata de Araucária, que só vieram a ser ocupadas com a colonização moderna do fi m do século XIX e primeira metade do século XX.

AutoavaliaçãoA formação do Brasil Meridional, mais do que qualquer outra parte do território brasileiro, foi marcada por contínuas disputas, que em alguns momentos resultaram em confl itos armados pela posse do território. Explique por quê?

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Aula 08 Formação Territorial do Brasil20

2Observe o mapa 08 na aula e analise os efeitos da expansão portuguesa para a formação territorial do Brasil Meridional e para o domínio espanhol no cone sul da América do Sul.

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Aula 08 Formação Territorial do Brasil 21

3Diferencie os processos de ocupação antigos do litoral e dos campos interioranos da região Sul nos seguintes aspectos: ecossistemas onde se instalaram, relações sociais que modelaram as suas geografi as, formas de organização espacial, tipos de paisagens que produziram.

Leituras complementares Sugerimos como leituras essenciais para o aprofundamento da conversa que tivemos

sobre a formação territorial do Sul do Brasil bem como a sua integração econômica aos espaços colonial e brasileiro:

MAGNANINI, Ruth da Cruz; SOUTO MAYOR, Aridne Soares. População. In: Fundação Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística. Diretoria Técnica. Geografi a do Brasil. Vol. V (Região Sul). Rio de Janeiro: IBGE, 1977, p. 143-155.

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Aula 08 Formação Territorial do Brasil22

Trata-se de parte de vasta obra sobre a Região Sul, produzida por pesquisadores do IBGE, que versa sobre a população dessa região. Nela, recomendamos, para os objetivos estabelecidos nessa aula, a leitura do trecho que trata dos seus movimentos de povoamento e ocupação antigos e modernos.

PRADO JÚNIOR, Caio. História econômica do Brasil. 35 ed. São Paulo; Editora Brasiliense, 1987.

Nesse livro clássico das ciências humanas do Brasil, o autor faz uma abordagem histórica da formação do Brasil, centrada nos seus aspectos econômicos. A análise do autor cobre um recorte temporal que vai da instalação das primeiras atividades econômicas pelo colonizador português no Brasil colônia – a extração do pau-brasil – até as vésperas da década de 1970. Para o assunto da conversa que tivemos nessa aula, recomendamos a você a leitura do capítulo onze, que versa sobre a incorporação do Rio Grande do Sul à economia colonial, através do estabelecimento da pecuária.

PEREGALLI, Enrique. Como o Brasil fi cou assim? Formação das fronteiras e tratados de limites. 2 ed. São Paulo: Global Editora, 1982 (História Popular; 9).

Esse livro paradidático aborda a formação das fronteiras brasileiras, destacando a importância que tiveram os processos econômicos, políticos e diplomáticos, especialmente os tratados assinados entre Portugal e Espanha e, posteriormente, entre o Brasil e os países vizinhos, nessa formação. Recomendamos para que você aprofunde sua aprendizagem sobre o conteúdo dessa aula a leitura dos capítulos dois e três, que tratam da formação das fronteiras do Brasil Meridional.

Vamos aprender nos divertindo? O tempo e o ventoMinissérie foi ao ar em 1985 pela Rede Globo, em 25 capítulos, é uma adaptação da obra de mesmo nome de Érico Veríssimo. A minissérie adaptada por Doc Comparato e Regina Braga, direção de Paulo José, retrata o primeiro volume da trilogia, “O Continente”, e conta a história da formação do Rio Grande do Sul e da família Terra Cambará, desde o seu início com Ana Terra, o capitão Rodrigo Cambará, Bibiana, Bolívar, Licurgo, a disputa pela terra,  e o cerco do Sobrado.

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Aula 08 Formação Territorial do Brasil 23

No elenco os destaques são:

Tarcísio Meira - capitão RodrigoGlória Pires - Ana TerraLélia Abramo - BibianaLilian Lemmertz - Bibiana (meia-idade)Louise Cardoso - Bibiana (jovem)

Armando Bogus - LicurgoJosé Lewgoy - coronel Bento AmaralGilberto Martinho - coronel Ricardo AmaralDaniel Dantas - BolívarCarla Camurati - Luzia (Teiniaguá)José de Abreu – Juvenal

A casa das sete mulheresA casa das sete mulheres - foi uma minissérie brasileira produzida pela Rede Globo e exibida entre 7 de janeiro e 8 de abril de 2003, totalizando 52 capítulos. Foi escrita por Maria Adelaide Amaral e Walter Negrão, com colaboração de Lúcio Manfredi e Vincent Villari, baseada no romance homônimo da escritora gaúcha Letícia Wierzchowski, e dirigida por Teresa Lampreia, com direção geral de Jayme Monjardim e Marcos Schechtmann, e direção de núcleo de Jayme Monjardim.

Sinopse

Em 1830, uma revolução organizada pelos latifundiários do Rio Grande do Sul contra os altos impostos cobrados pelo Império é defl agrada. Bento Gonçalves, o líder dos revoltosos, leva as mulheres de sua família para uma cidade afastada do confl ito. Em São Pedro do Rio Grande, elas vivem experiências dolorosas com a ausência de seus homens e a solidão do isolamento. A cada dia descobrem novos amores e reacendem antigas paixões.

Na minissérie é importante ressaltar o deslize geográfi co. A história se passa entre a serra do sudeste e a costa da Lagoa dos Patos, uma planície com poucas elevações que se estende do sul de Porto Alegre até o extremo meridional do Uruguai. No entanto, aparecem seguidas cenas tomadas no cânion do Itaimbezinho, situado na serra gaúcha, em Cambará do Sul.

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Aula 08 Formação Territorial do Brasil24

Referências MAGNANINI, Ruth da Cruz; SOUTO MAYOR, Aridne Soares. População. In: Fundação Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística. Diretoria Técnica. Geografi a do Brasil. Vol. V (Região Sul). Rio de Janeiro: IBGE, 1977, p. 143-155.

PRADO JÚNIOR, Caio. História econômica do Brasil. 35 ed. São Paulo; Editora Brasiliense, 1987.

PEREGALLI, Enrique. Como o Brasil fi cou assim? Formação das fronteiras e tratados de limites. 2 ed. São Paulo: Global Editora, 1982 (História Popular; 9).

Anotações

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EMENTA

> Antonio Albuquerque da Costa

> Paulo Sérgio Cunha Farias

Formação territorial e econômica; federalismo e fragmentação territorial; desenvolvimento das forças produtivas e dinâmica

territorial; o brasil no contexto da economia globalizada e a divisão territorial do trabalho.

Formação Territorial do Brasil – GEOGRAFIA

AUTORES

AULAS

01 Sobre o território brasileiro: como teorizar a sua formação à luz dos conceitos da Geografi a

02 A territorialização ibérica do mundo e a expansão do capitalismo na sua fase embrionária

03 A chegada dos portugueses ao continente americano: do “descobrimento” às primeiras formas de territorialização do colonizador português no Brasil (as feitorias)

04 A territorialização de fato do colonizador português: as capitanias hereditárias e a plantation açucareira

05 A penetração da colonização para o interior: entradas e bandeiras alargam o território colonial e transformam o Tratado de Tordesilhas em “letra morta”

06 A ocupação do Sertão nordestino e da Amazônia

07 A mineração e agricultura alimentar na ocupação do Brasil Central

08 A ocupação antiga do Brasil meridional

09 A ocupação moderna e defi nitiva do sul

10 O “arquipélago” de “ilhas” econômicas do Império e da Primeira República

11 A Primeira República e a consolidação das fronteiras

12 Do arquipélago de “ilhas” econômicas à integração do território

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