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DISPONIBILIDADE DE ÁGUA DOCE
Haverá água doce suficiente para cada
humano a nível mundial?
CIV 210
ANDRÉ OLIVEIRA MOREIRA DOMINGUES (090501040)
DANIEL FERNANDO PEREIRA GRANJA (090501019)
DIOGO JOÃO QUINTAS DA SILVA MAGALHÃES (090501009)
FILIPE VALENTE SILVA (090501165)
JOÃO PEDRO SANTOS MONTEIRO SARAIVA (090501091)
Relatório submetido para satisfação parcial do PROJECTO FEUP
Supervisor: Cheng Chia-Yau
Monitor: Rúben Joel de Oliveira Guedes
OUTUBRO DE 2009
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Projecto FEUP – Grupo 210 – 2009/10
2
I. AGRADECIMENTOS
Com este trabalho, o grupo ficou a ganhar muito, uma vez que a medida que o projecto foi
progredindo, vários foram os novos conhecimentos adquiridos quer ao nível do conteúdo do
projecto, quer ao nível de estrutura e realização de um relatório e ao nível pessoal. Mas tudo isto
não teria sido possível sem a grande ajuda, influência e motivação de várias pessoas.
Deste modo, fica o nosso mais sincero agradecimento:
Ao Prof. Doutor Cheng Chia-Yau, por todos os conselhos em prol da resolução do nosso
projecto, na análise de conteúdos e óptimas dicas para aprendermos a realizar um bom relatório
e para sabermos escolher os melhores dados e as unidades mais apropriadas e na excelente
disponibilidade demonstrada para nos ajudar com as nossas questões;
Ao Monitor Ruben Guedes, pelo fornecimento de conhecimentos que nos transmitiu e pela
paciência em nos ajudar com as nossas infindáveis questões;
A todos os nossos amigos, que directa ou indirectamente contribuíram para a finalização deste
trabalho;
Aos nossos pais que, em todos os sentidos, nos ajudaram para a concretização e conclusão deste
trabalho;
A todos que atrás foram mencionados, e a todos aqueles que de alguma forma ajudaram à
realização deste estudo, e que por um imperdoável esquecimento não foram aqui referidos, o
mais profundo obrigado.
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Projecto FEUP – Grupo 210 – 2009/10
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II. OBJECTIVOS
1. Definir os termos água doce, necessidade de água e consumo;
2. Quantificar a água doce disponível no Mundo e verificar a sua disponibilidade;
3. Estudar demograficamente o número de pessoas existentes no mundo e comparar com a
disponibilidade de água;
4. Compreender as assimetrias referentes a quantidade de água em diferentes partes do
planeta;
5. Averiguar a eficácia do uso da água doce e fazer um balanço entre o consumo e
disponibilidade;
6. Explicar os factores que levam a perda de água doce. Definir Poluição, Seca e outras
catástrofes naturais e humanas;
7. Demonstrar a relação entre disponibilidade e valor económico da água;
8. Perceber o valor qualitativo social da água;
9. Apresentar medidas e soluções para a escassez de água.
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Projecto FEUP – Grupo 210 – 2009/10
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III. RESUMO
Este relatório pretende dar a conhecer a quantidade de água doce disponível a nível mundial por
pessoa e fazer uma pequena contextualização sobre como é a situação actual da água no Mundo
e como será a situação futura.
Ao longo do relatório ir-se-ão definir vários conceitos, como: consumo, necessidade, eficácia do
uso de água, remoção de água, procura e conservação; uma vez que são essenciais para se poder
avançar no projecto.
Para se poder calcular a quantidade de água doce disponível por pessoa, é necessário saber o
número de pessoas existentes no mundo e a quantidade de água doce disponível para consumo.
Desta forma, proceder-se-á a um pequeno estudo demográfico com o objectivo de quantificar
estes dois números.
Após se saber o número de água doce disponível per capita no mundo, dar-se-á a conhecer as
assimetrias verificadas quanto aos consumos de diferentes países e comparar-se-á com o
mínimo de água necessária para cada pessoa por dia.
No relatório irá constar também uma pequena abordagem aos valores quer sociais, quer
económicos da água, explicando um pouco das suas causas, consequências e implicações.
Como o problema da escassez de água é muito actual e afecta, sem dúvida, o nível de água doce
existente, vai se falar um pouco de alguns meios que levam a esse problema de que são
exemplos a poluição, as secas, entre outras.
Por fim, no relatório vão também constar algumas ideias e medidas a tomar para que se possa
poupar água mais eficazmente.
Palavras-chaves: água, consumo, disponibilidade, poluição, poupança, necessidade, eficácia,
sustentabilidade.
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Projecto FEUP – Grupo 210 – 2009/10
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IV. LISTA DE TABELAS
1. “Água removida por país” ............................................................................................... 10
2. “Necessidade básica de água recomendada” ................................................................... 11
3. “Remoção de água por continente” ................................................................................. 13
4. “Uso médio de água por pessoa por dia” ......................................................................... 14
5. “Demografia mundial e acesso a fontes de água” ............................................................ 15
6. “Distribuição de água no mundo” .................................................................................... 16
7. “Preço da água engarrafada a nível mundial” .................................................................. 18
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Índice
DISPONIBILIDADE DE ÁGUA DOCE ............................................................................................ 1
1 Introdução .......................................................................................................................... 7
2 Balanço de água doce: disponibilidade vs consumo ......................................................... 8
2.1 Disponibilidade da água doce .................................................................................... 8
2.2 Consumo de água .................................................................................................... 10
3 Demografia vs Disponibilidade ....................................................................................... 15
3.1 Assimetrias da água ................................................................................................. 15
4 O “Preço” da Água .......................................................................................................... 18
5 O Valor Social e as Guerras da Água .............................................................................. 20
6 Poluição ........................................................................................................................... 22
7 Medidas e soluções para a escassez da água ................................................................... 25
8 Conclusão ........................................................................................................................ 28
9 Bibliografia ...................................................................................................................... 29
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1 Introdução
A água assume uma grande importância no nosso planeta, tanto devido à sua grande quantidade
como ao facto de ser vital para a vida do ser humano. Supõe-se que a existência de água é
exclusiva do planeta Terra, que desta forma é também conhecido por “Planeta Azul”. Mas,
apesar da grande abundância, a disponibilidade da água directa para utilização está limitada pois
a maior parte da água da Terra é salgada e a maior parte da água doce está presente nos
glaciares, inacessíveis aos seres humanos.
No mundo actual, a água e a sua utilização são, normalmente, desvalorizadas, uma vez que o
Homem utiliza este bem material, não só para necessidades primárias, como consumo ou
produção de alimentos, mas também para fins fúteis e sem importância, como para limpar
passeios ou fazer inúmeras lavagens de roupa. O Homem, esse “ser vivo pensador”, não se está
a aperceber do caminho que está a escolher e para onde vai arrastar consigo a água e o Mundo
como o conhecemos hoje, já que sem água não existe vida. Será necessário perder o “nosso”
bem mais precioso, para lhe começarmos a dar valor? É preciso desperdiçar tanta água como
acontece nos dias de hoje? Não estará na altura de deixarmos os nossos prazeres de lado e
começarmos a pensar mais no Futuro do nosso planeta?
Qual é, então, a disponibilidade de água doce para cada pessoa a nível mundial?
É sobre esta questão que iremos focar o nosso projecto e tentaremos, desta forma, determinar a
água doce disponível no Mundo; definir termos como consumo de água, eficácia do uso de
água, remoção de água entre outros; entender os processos de perda de água, tais como
poluição, consumo excessivo e catástrofes naturais; abordar as vertentes sociais e económicas
da água, das quais resultam guerras e conflitos com o intuito de conseguir o exclusivo
monopólio sobre fontes de água; e, também, dar alguns conselhos sobre métodos de poupança e
preservação da água.
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2 Balanço de água doce: disponibilidade vs consumo
2.1 Disponibilidade da água doce O planeta Terra está coberto maioritariamente por água, aproximadamente 70% da sua massa,
que é considerado um dos elementos mais essenciais à vida no nosso planeta. A água existe em
oceanos, rios, lagos, glaciares, na atmosfera, em quase todos os locais do planeta, sobre os três
diferentes estados: líquida, gasosa ou sólida. Divide-se geralmente em dois grupos, a água doce
e a água salgada. Cerca de 97% do planeta Terra à coberta por água salgada, sendo os restantes
3% cobertos por água doce. A água doce é considerada a água que contem quantidades mínimas
ou nulas de cloreto de sódio. De acordo com o sistema de Veneza a água doce é considerada
doce, quando o seu nível de salinidade é inferior a 0,5%.
Ilustração 1 Distribuição da água na Terra
A água doce é considerada mais importante que a água salgada a nível humano, pois é de mais
fácil obtenção economicamente e usa
processos mais simples, que se teriam de
usar no caso de água salgada. Só que os
2,5% de água doce existentes estão ainda
assim divididos. Sendo que cerca de
68,9% dessa água doce se encontra sobre
a forma de glaciares, e 29,9% sobre a
forma de lençóis freáticos. Existindo só
cerca de 0,26% de água doce em rios,
lagos e reservatórios naturais. Sendo que
estes 0,26% são a água doce de mais fácil
obtenção, ou seja, a mais utilizada a nível
mundial.
Ilustração 2 Ciclo natural da água
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Mas, a água não está toda distribuída igualmente pelo globo terrestre e, além disso, está também
sujeita à precipitação, variando assim todos os anos. Em alguns casos do mundo, a água não está
em quantidades suficientes onde nós desejaríamos que estivesse.
Temos assim, diferenças abismais de quantidades de água para consumo entre países de todo o
mundo como podemos comprovar na imagem seguinte.
Ilustração 3 Disponibilidade de água doce
Em todo o mundo existem regiões onde existe grande abundância de água, chamadas as regiões
auto-suficientes, e outras na qual a água não chega de igual modo chamadas regiões deficitárias
em água podendo mesmo essa deficiente distribuição conduzir a conflitos e a luta pela
sobrevivência.
No que toca a zonas tropicais e equatoriais a água existe em abundância pois existem condições
que permitem a sua existência no estado líquido. Á medida que nos aproximamos do equador a
água vai ficando cada vez mais escassa devido às temperaturas quentes e o mesmo acontece nos
desertos onde as altas temperaturas e a ausência de humidade combinadas provocam uma
escassez da água.
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2.2 Consumo de água
O consumo de água possui vários termos que por vezes provocam confusão. Segundo Gleick,
H.1 os termos “use, need, withdrawal, demand, consumption, and consumptive use”
2 devem ser
interpretados cuidadosamente já que possuem significados diferentes.
O termo “withdrawal”3 normalmente é designado para a água que é removida de uma fonte e
usada para as necessidades humanas. Parte desta água pode vir a retornar para a sua fonte
original, mas alguma pode ser usada sem que possa voltar a ser usada. O termo “comsuptive
use”4 ou “consumption”
5, é normalmente usado para água que é retirada da sua fonte e, após o
seu uso, é tornada inutilizável na sua fonte. Normalmente por vaporização, perdas em
evaporação, fugas para bacias salinas ou através da sua contaminação.
Entre várias identidades que analisam o consumo de água a nível mundial, o AQUASTAT é
uma base de dados on-line que pertence à FAO (Food and Agriculture Organizatiom)
pertencente às Nações Unidas. Cujos dados permitem verificar o consumo de água. A seguinte
tabela (…) demonstra o consumo para diversos países de diversos continentes.
Tabela 1 “Água removida por país”
Países Total (Milhões m3/ano)
Uso doméstico (%)
Uso Industrial (%)
Agricultura (%)
Afeganistão 23261 2% 0% 98%
Algeria 6074 22% 13% 65%
Argentina 29072 16% 9% 74%
Bahrain 299 40% 4% 57%
Belize 125 11% 89% 0%
Bolívia 1387 13% 3% 83%
Brasil 59298 20% 18% 62%
Chile 12539 11% 25% 64%
Colombia 10711 50% 4% 46%
Costa Rica 2677 29% 17% 53%
Chipre 244 27% 1% 71%
Equador 8 12% 5% 82%
Egipto 68653 8% 14% 78%
El Salvador 1273 25% 16% 59%
“Need for water”6 é também um termo subjectivo. Normalmente refere o mínimo de água
necessário para a realização de uma actividade específica. Mas, por vezes, também se refere ao
desejo de água por parte de um utilizador. O termo “demand”7 é um conceito económico que
normalmente significa o nível de água exigido ou requerido pelo utilizador. Ambos os termos
muitas vezes podem significar o mesmo, mas nem sempre o nível exigido pelo consumidor é o
mesmo que o termo necessário.
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Outros termos têm sido usados para diferenciar as águas consumidas. Tais diferenciações têm
permitido uma melhor identificação dos tipos de águas que se podem conservar e reutilizar de
modo mais eficaz e benéfico.
Outros termos usados são “water conservation”8 e “water-use efficiency”
9. O primeiro refere-se
à redução de água usada em qualquer quantidade e por qualquer meio, o que pode incluir a
aplicação de novas tecnologias, ou a melhora das tecnologias actuais, e também, a modificação
de atitudes a nível empresarial e até a nível individual. O segundo é um termo mais concreto,
referindo-se a uma medida precisa com relação com a “water conservation”10
: “how much water
is actually used for a specific purpose compared to the minimum amount necessary to satisfy
that purpose”11
. Ou seja, a quantidade água, mínima, necessária para a realização de uma
actividade concreta. Sendo o uso da água realmente eficaz, no sentido literal da palavra. Esta
medida, tem custos demasiado elevados para poder ser tida em concreto, e pode levar a
mudanças que não são culturalmente aceites.
O consumo de água e a relação com a sua necessidade leva a um pensamento em que
precisamos de uma necessidade sustentável. Tal necessidade está relacionada com a necessidade
básica da água, “Basic Water Requirements”. Tal necessidade, em termos de qualidade e
quantidade, é referida para quatro necessidades humanas básicas: beber água, uso de água para
higiene pessoal, serviços de saneamento e, por fim, necessidades domésticas para a preparação
de comida. Estes conceitos foram fortemente reafirmados na cimeira de 1992 no Rio de Janeiro
(Earth Summit 1992):
“In developing and using water resources, priority has be given to the satisfaction of basic needs
and the safeguarding of ecosystems.”11
A implementação de tais conceitos requereria que o BRW (Basic Water Requirements) estivesse
disponível para todos os habitantes de uma certa bacia hidrográfica. Isto seria posterior a uma
resolução do modo como distribuir os
restantes recursos aquíferos.
Mas para que tal possa ser feito é
necessário o cálculo do BWR para
cada pessoa, fazendo uma média
diária. Tal é difícil pois a diferente
localização das pessoas, tal como
outras variáveis podem fazer com que
esse cálculo se torne complicado.
Deste modo é necessário um cálculo
relativo que segundo Gleick, H. é de
50 l/p/d (liters per person per day).
Tal é uma média, já que o uso
necessário por dia pode variar dos 2
Tabela 2 “Necessidade básica de água recomendada”
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aos 80 l/p/d (sendo os dois 2 litros o mínimo necessário para sobrevivência).
Ou seja uma necessidade sustentável depende do uso diário mínimo necessário, ou seja, do
“water need” referido pelo próprio Gleick, H. Como tal, a implementação do BWR faz parte das
medidas necessárias a um consumo sustentável, permitindo uma manutenção do nível de água,
maior que o nível actual.
A água é utilizada para diversos fins. A actividade agrícola é o maior consumidor de água em
todo o mundo. Alguns observadores afirmam que 85% de toda a água consumida é utilizada
para a irrigação de terrenos agrícolas. Esta água é preponderante no fabrico de comida.
No uso doméstico, a água é usada para uma grande variedade de actividades diárias como por
exemplo cozinhar, tarefas de limpeza, higiene, rega de jardins como também actividades
comerciais e industriais.
Nos países mais desenvolvidos, quantidades substanciais de água disponível são usadas para
produção de energia. A maior parte desta água não é potável.
Além de todos estes fins, a água também é utilizada pelo ecossistema. O uso desta água não está
directamente ligada aos humanos mas contribui para manter o ecossistema em equilíbrio para o
bem-estar do ser humano.
Nos gráficos seguintes, a água extraída, withdrawal, refere-se à água obtida a partir de fontes
naturais ou de reservatórios para fins agrícolas, domésticos e industriais. Por sua vez o
consumo, consumption, refere-se à água efectivamente utilizada pelos seres humanos, obtida a
partir de fontes naturais ou reservatórios para fins agrícolas, domésticos e industriais.
Ilustração 4 Evolução global do uso da água
Existem muitos factores que determinam o consumo de água em todo o mundo como por
exemplo o desenvolvimento socioeconómico do respectivo país, o tamanho da sua população e
as suas condições climáticas.
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Assim, a tabela seguinte mostra-nos um balanço entre a água extraída no mundo e o seu
consumo por continentes desde 1900. Como seria de esperar a tabela apresenta-nos diferenças
significativas da água consumida no mundo.
Tabela 3 ” Remoção de água por continente”
De acordo com a tabela podemos concluir que em 1900 cerca de 19% do total da água obtida a
partir de fontes naturais ou albufeiras foi extraída apenas na América do Norte e na Europa. Esta
percentagem subiu para 30% do total da água extraída em 1995, o que reflecte o nível de
industrialização destas áreas geográficas.
Segundo a tabela, podemos prever também que o consumo de água em todos os continentes vai
continuar a aumentar, tal como tem vindo a acontecer ao longo do último século.
Existem grandes diferenças no consumo de água entre países desenvolvidos e em
desenvolvimento que é uma consequência do consumo de cada pessoa dentro destes dois tipos
de países.
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Tabela 4 “Uso médio de água por pessoa por dia”
Nos países desenvolvidos existe uma maior capacidade económica da população que leva a um
maior consumo de água e até a desperdícios desta em alguns casos. Nos países em
desenvolvimento acontece o contrário. A água não chega à população em condições de ser
consumida o que se reflecte no menor consumo de água nestes países.
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Ilustração 4 Evolução global do uso da água
3 Demografia vs Disponibilidade Querendo saber a quantidade de água doce disponível a nível Mundial por pessoa, torna-se
essencial fazer um estudo demográfico sobre a quantidade de pessoas no Mundo.
Tabela 5 “Demografia mundial e acesso a fontes de água”
População (milhões) População que tem acesso a fontes de água com qualidade (%)
África 967 64
Américas 915 94
Ásia 4.052 88
Europa 736 99
Oceânia 35 85
No mundo 6.705 86
A partir da tabela podemos afirmar que a nível mundial existem aproximadamente 6,7 Biliões
de pessoas no Mundo, estando a Maior parte distribuída pela Ásia.
Analisando a tabela, podemos verificar que África é o continente que apresenta a menor
quantidade de pessoas que têm acesso a fontes de água com qualidade, apenas 64% dos 967
milhões de pessoas. Já a Europa é o continente que melhor está posicionado quanto ao acesso a
fontes de água visto que tem quase a totalidade dos 736 milhões de pessoas conseguem adquirir
água de boa qualidade.
Analisando a nível mundial, podemos verificar que a maior parte das pessoas têm acesso a
fontes de água com qualidade, uma vez que 86% das pessoas de todo o mundo conseguem
usufruir dessas fontes de água.
3.1 Assimetrias da água
Também geograficamente os recursos hídricos são distribuídos desigualmente. Em todo o
mundo existem regiões
onde existe grande
abundância de água,
chamadas as regiões
auto- -
suficientes, e outras na
qual a água não chega
de igual modo chamadas
regiões deficitárias em
água podendo mesmo
essa deficiente
distribuição conduzir a
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conflitos e a luta pela sobrevivência.
No que toca a zonas tropicais e equatoriais a água existe em abundância pois existem
condições que permitem a sua existência no estado líquido. À medida que caminhamos para o
equador a água vai ficando cada vez mais escassa devido às temperaturas quentes e o mesmo
a acontece nos desertos onde as altas temperaturas e a ausência de humidade combinadas
provocam uma escassez da água.
Para além de existirem desigualdades a um nível global existem grandes diferenças no
consumo de água entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. Nos países
desenvolvidos existe uma maior capacidade económica, o que faz com que a acessibilidade de
água seja mais fácil, tão fácil que leve ao desperdício. Os países em desenvolvimento, em
regra, têm uma menor capacidade económica e muitos deles não têm meios para fornecer as
suas populações com água em boas condições.
Tabela 6 “Distribuição de água no mundo”
Equação 1 Disponibilidade de água por pessoa por dia
A nível mundial, a água disponível para rápido consumo (água presente nos lagos de água
doce, e a água presente em rios) é de cerca de 9.312×1016
litros. Sabendo-se também que a
população mundial é de cerca de 6,7×109. Através de uma simples divisão, chega-se à
conclusão que para cada pessoa no mundo possui cerca de 1,4×107 litros de água. Tomando
como suposição que alguém possui como média de vida 40 anos, esse valor passa a ser de
aproximadamente 952 litros por dia. Sendo estes dados duvidosos devido ao facto de ser
impossível calcular com certeza a quantidade de água em rios e lagos, e também calcular o
número de pessoas no mundo, eles permitem demonstrar a muita água que existe por pessoa.
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Tomando como princípio que além dos gastos por pessoa, existem gastos gerais que
acontecem na agricultura e na industria, principalmente, isto faz com que se possa afirmar que
a quantidade de água por pessoa seja então mais baixa.
Porém o cenário não é assim tão simétrico e, por isso, existem pessoas que têm acesso a
pouco mais de 2 ou 3 litros de água por dia enquanto outros gastam entre 300 a 1000 litros de
água por dia. É grande a diferença, e muito maior se torna quando sabemos que o consumo
mínimo essencial por pessoa por dia é de 80 litros. Isto significa que os referidos anteriormente
consomem desde três a doze vezes mais do que o necessário, o que representa um grande
desperdício.
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4 O “Preço” da Água
No século XVIII, o economista Adam Smith desenvolveu o paradoxo do diamante e a água.
Este paradoxo consiste no facto de a água, que tem um vasto leque de utilidades e é fundamental
para a manutenção de vida, é desvalorizada e é vendida a um preço excessivamente barato. Por
oposição, o diamante que serve para pouco mais do que jóia é vendido a preços exorbitantes.
A argumentação continua com a afirmação: “As pessoas podem sobreviver sem diamantes, mas
se estivessem no meio do deserto durante três dias, valorizariam um copo de água mais do que
todos os diamantes do mundo”.
O que se passa é que o diamante tem uma utilidade marginal alta que face a sua limitada reserva
faz com que o seu valor económico seja muito elevado. Já a água tem muito mais tipos de
utilidades, mas a sua utilidade marginal inferior aliada a uma abundância relativa, faz com que
se pratiquem muito mais baixos.
Assim com o seu Paradoxo Smith afirma que se o valor económico depende da utilidade, então
a água terá de ser muito mais valorizada.
É claro que quando falamos de valor económico da água devemos ter em conta o facto de que a
água e o seu valor monetário dependem muito das circunstâncias actuais da região a que nos
estamos a referir. Um país com fácil acesso a água potável de qualidade é muito mais
susceptível a vende-la a preços baixos do que um país que tenha acesso limitado ou que tenha
de recorrer a fontes provenientes de outros países.
Tabela 7 “Preço da água engarrafada a nível mundial”
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Podemos ainda dizer que ao valor económico da água está, também, directamente relacionada
com a sua escassez e a sua qualidade. O uso abusivo da água como recurso tem-na degradado e
tornado cada vez mais escassa, uma vez que o elevado volume de resíduos nela lançados,
tornam impossível a sua reutilização/reciclagem.
Como podemos ver no gráfico acima, o preço da água engarrafada (Bottled water) é
directamente proporcional a qualidade e quantidade de água que se pode obter. Sendo que se
compararmos a água da torneira (tap water) e a água engarrafada vendidas na Califórnia
percebemos que a diferença é enormíssima, sendo que a água da torneira é vendida a 0,50$ por
cada 1.000 L (aprox. 0,25€/1000L) enquanto que a engarrafada atinge os 995$ pela mesma
quantidade (aprox. 440€/1000L), estando isto relacionado com a qualidade da água obtida. Já se
fizermos uma comparação entre a Espanha e o Malawi, conseguimos entender que a o preço da
água neste último é duas vezes maior do que no primeiro, isto deve-se ao facto de o Malawi ser
um pais da zona central da África e por isso tenha um limitado acesso à água o que faz com que
o seu preço seja tão elevado.
A água tem valor económico em todos os seus usos e deve ser reconhecida como um bem
económico. No passado, o não-reconhecimento do valor económico da água conduziu ao seu
desperdício e a danos ambientais decorrentes do seu uso. A gestão da água, como bem
económico, é uma importante forma de atingir a eficiência e equidade no seu uso e de promover
a sua conservação e protecção.
Desta forma, o valor económico da água deverá ser encontrado através da interacção entre a
demanda e a oferta da água de determinado tipo, em determinada localidade e em determinado
período de tempo.
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5 O Valor Social e as Guerras da Água
“If the wars of this century were fought over oil, the wars of the next century will be fought over
water” 1
(Ismael Serageldin, vice-presidente do Banco Mundial, apud Shiva, 2002)
Os estudos sobre as possíveis guerras da água têm vindo a aumentar e partem principalmente de
instituições como a UNESCO, devido sobretudo ao aquecimento global, ao aumento da
poluição e ao excessivo consumo e desperdício deste recurso. Esta preocupação tem-se
levantado uma vez que a crescente situação de escassez de água faz com que se levantem vários
problemas aos níveis ambientais,
tecnológicos, políticos, económicos
e sanitários.
A água doce é um recurso finito,
vulnerável e essencial para conservar
a vida, manter o desenvolvimento e
o meio ambiente. O simples facto de
pensar erradamente que a água é
abundante, tem-nos levado a
considerá-la como um bem que
teremos para sempre e que será
inesgotável. Mas a verdade é que à
medida que nos damos conta, a água
vai desaparecendo e faz com que a
sua valorização económica cresça e,
desta forma, se propiciem vários
conflitos entre diferentes regiões e
países relativos à luta pela posse e o
acesso às fontes de água.
Como podemos verificar no
esquema, em determinadas zonas da
África e do Médio Oriente, vários
são os casos de elevada tensão
devidos a escassez de água. A água é
como qualquer outro recurso e a sua
escassez cria guerras na ordem do
uso de água, do domínio da água e nos direitos sobre a água.
1 “Se as guerras do nosso século se deveram ao petróleo, as guerras do próximo século dever-se-
ão à água”.
Ilustração 5 Evolução global do uso da água
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Nos últimos 50 anos, geraram-se 1831 interacções relacionadas com a água em que a larga
maioria (1228) acabaram pacificamente. Apenas 21 desses conflitos foram obrigados a recorrer
a violência militar, sendo que 18 delas entre Israel e os seus países vizinhos.
Poucos são os países que, sendo pobres em água, estejam em condições militares para atacar um
país rico em água, mas ainda assim, muitos experts na matéria acreditam que o estado urgente
de falta de água num país possa levar a que estes tomem medidas drásticas, recorrendo a
violência.
Prevê-se ainda que nos próximos 20 anos, a quantidade de água no mundo per capita passe a ser
um terço da quantidade actual, sendo o Médio Oriente e a África as zonas mais afectadas, já que
as populações estão a crescer rapidamente e os rios estão a começar a secar. Por consequência,
serão mais e maiores as guerras relacionadas com água caso a situação se mantenha perto da
actual.
Desta forma é crucial que os países aprendam a lidar com este problema. A diferença irá residir
na maneira como os países lidarem com as suas crises de recursos e também, é claro, com o tipo
e grau da crise que atravessarem. Se a crise de água é uma constante em todos os países, a sua
boa gestão deve ser incluída na agenda política dos governos.
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6 Poluição
Poluição é a emissão de resíduos sólidos, líquidos e gasosos em quantidade superiores à
capacidade de absorção do meio ambiente. Esse desequilíbrio interfere na vida dos animais e
vegetais e nos mecanismos de protecção do planeta. Assim, a poluição da água é qualquer
alteração física, química ou biológica da qualidade da água que a torna imprópria para o fim a
que se destina ou causa danos aos organismos vivos.
A poluição aquática pode ter origem em:
Fontes localizadas – pontos de descarga, de unidades industriais, estações de
tratamento de águas residuais, minas abandonadas e tanques de combustível. Estas fontes são
fáceis de identificar, monitorizar e regular;
Fontes dispersas – zonas extensas que causam a poluição da água por escorrência,
infiltração ou deposição a partir da atmosfera ( como por exemplo: zonas agrícolas e centros
urbanos).
Desta forma , os principais poluentes presentes na água são:
o Agentes infecciosos - tais como: bactérias, vírus e protozoários com origem em
esgotos domésticos e explorações pecuárias
o Matéria orgânica oxidável - como por exemplo: resíduos orgânicos, de origem
vegetal ou animal. Estes têm origem em esgotos domésticos, explorações pecuárias e algumas
indústrias (papel e alimentar). Como consequência, existe uma redução da concentração de
oxigénio dissolvido na água por efeito da decomposição da matéria orgânica por bactérias
aeróbias.
o Produtos químicos orgânicos - petróleo, gasolina, plásticos, detergentes e
pesticidas. Têm origem em águas de ocorrência de explorações agrícolas, efluentes industriais e
detergentes e consequentemente, provocam danos em peixes e outros organismos e afectam a
saúde humana causando problemas nervosos e reprodutivos, como também tumores.
o Nutrientes vegetais: nitratos, fosfatos e amónia, com origem em explorações
agrícolas e pecuárias e em esgotos domésticos. Promovem o crescimento de algas e eutrofização
de lagos e albufeiras, mas também os níveis elevados de nitratos em águas para consumo
humano reduzem a capacidade de transporte de oxigénio pelo sangue.
o Substâncias químicas inorgânicas: ácidos, metais pesados (chumbo, arsénio,
selénio) e sais (cloretos, sulfatos, nitratos e fluoretos) com origem em efluentes industriais,
águas de ocorrência superficiais e detergentes domésticos. Como principal desvantagem,
causam danos a peixes e outras formas de vida aquática, no entanto, também reduzem a
produtividade agrícola quando presentes na água de irrigação e têm efeitos na saúde humana ao
nível do sistema nervoso, fígado e rins e cancro de pele.
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o Materiais radioactivos: origem em centrais nucleares, minas e rochas da crosta
terrestre, que provocam mutações genéticas, malformações congénitas, abortos e cancros.
o Sedimentos: partículas de solo e lodo com origem na erosão das rochas e do solo.
Estas que provocam turvação da água – quando os sedimentos se depositam, cobrem as algas e
plantas aquáticas, bloqueando a luz, limitando a fotossíntese e diminuindo o fluxo de matéria ao
longo das cadeias, transportam pesticidas e outras substâncias perigosas, introduzem
desequilíbrios ou conduzem à ruptura das redes tróficas e provocam o assoreamento de lagos e
albufeiras e interrupção de cursos de água superficiais.
o Calor: aquecimento da água após passagem por sistemas de arrefecimento de
centrais eléctricas ou unidades industriais. Provocando uma diminuição da concentração de
oxigénio dissolvido, podendo também causar a morte de peixes e outros organismos por choque
térmico.
Os corpos de água doce são susceptíveis à contaminação, seja por matéria, organismos vivos, ou
energia, por causas naturais. No entanto, foi a contaminação antropogénica (causada pelo
homem) a responsável pela maior deterioração desse recurso.
Existem várias fontes de contaminação antropogénica:
► Industriais: relacionada com os diferentes tipos de compostos e substâncias químicas
residuais gerados durante os processos industriais. Esta, é a principal fonte de poluição das
águas dos rios, uma vez que, a maioria das indústrias utiliza água em quantidades elevadas e em
diferentes processos de fabricação, sendo esta utilizada como solvente, é usada nas lavagens dos
produtos onde lhe são adicionados detergentes, na tinturaria e no arrefecimento dos objectos e
das máquinas, acabando por se poluir, frequentemente de tal maneira, que se torna imprópria
para qualquer uso ou consumo, pois é munida de elevadas quantidades de substâncias químicas
e tóxicas e, por isso, de carácter venenoso. Esta água ao ser lançada, directa ou indirectamente,
nos rios, ribeiras, lagos e albufeiras, onde provoca graves alterações nos ecossistemas, vai
provocar a morte de varias espécies animais e vegetais. Para além disso, muitas vezes a água é
lançada a elevadas temperaturas, causando a chamada poluição térmica.
► Resíduos urbanos e domésticos: os dejectos urbanos que são “despejados” nas
águas, são geralmente sabões, materiais orgânicos e produtos de limpeza (provenientes das
habitações), assim como gasolinas e produtos químicos (provenientes das vias públicas). Sendo
assim, a poluição urbana e doméstica, é provocada pela descarga de efluentes domésticos não
tratados na rede hidrográfica, fossas sépticas e lixeiras, estes que contém sais minerais, matéria
orgânica, restos de compostos não biodegradáveis, vírus e microrganismos fecais. Os produtos
resultantes da circulação de água através da lixeira, são altamente redutores e enriquecidos em
amónio, ferro ferroso, manganês e zinco, e apresentam valores elevados de dureza. A sua
decomposição na lixeira origina a produção de gases como o dióxido de carbono e o metano.
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Por sua vez, este tipo de poluição ao atingir o aquífero originando um aumento da
mineralização, elevação da temperatura, aparecimento de cor, sabor e odor desagradáveis.
► Navegação: o maior tipo de contaminação desta fonte são os hidrocarbonetos, isto é,
os derramamentos acidentais de petróleo, assim como, o uso de gasolina, óleos e pinturas que
prejudicam os ecossistemas aquáticos, como rios e lagos;
► Agricultura e gado: Este tipo de poluição tem como principal factor de distinção, o
seu carácter difuso, uma vez que, é responsável pela poluição a partir da superfície de extensas
áreas, ao invés de focos pontuais de poluição como sucede nos outros casos de poluição, o que
leva também, à deterioração das águas subterrâneas.
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7 Medidas e soluções para a escassez da água
A água é um recurso precioso essencial para toda a humanidade sendo usada em vários sentidos.
É usada para necessidades básicas, como cozinhar, beber, limpar e higiene pessoal, mas também
é utilizada em serviços para proporcionar o bem-estar das pessoas, como na produção industrial,
nos transportes e na eliminação de resíduos.
Os problemas ligados à sua disponibilidade estão ligados não só à sua utilização irracional,
como também às alterações climáticas que originam fenómenos de seca por todo o mundo.
Deste modo, pequenos gestos do dia-a-dia podem transformar-se numa grande ajuda para
poupar água, "Existem simples contributos que todos nós podemos dar e que no fim resultam
numa melhor forma de gerir a água e numa melhor forma de preservar recursos", explica o
presidente da Quercus, Hélder Spínola.
Desta forma, algumas das medidas a tomar para reduzirmos as perdas de água em casa são:
1- No chuveiro – um chuveiro gasta entre 6 a 25 litros por minuto, conforme o modelo
e a pressão da água. Um duche de 15 minutos, com a torneira aberta, gasta cerca de 240
litros. Se fecharmos a torneira enquanto nos ensaboamos e diminuirmos o tempo de
duche para 5 minutos, diminuímos o consumo para cerca de 80 litros, podendo um
chuveiro com sistema redutor de caudal economizar 80% dos gastos.
2- Na banheira – as banheiras têm capacidades médias entre 150 a 200 litros. Encher a
banheira para um banho de imersão, equivale a um duche de 15 a 20 minutos. Uma forma
de economizar é encher até metade ou menos mantendo a mesma água durante o banho.
3- Nos lavatórios da casa de banho – as torneiras dos lavatórios jorram cerca de 9 litros
por minuto. Um consumo de 12 litros por dia equivale a quatro lavagens de 20 segundos.
Ao escovar os dentes durante 5 minutos com a água a correr, gastamos em média 45 litros
de água. Para economizar devemos lavar os dentes, usando um copo com água e com a
torneira fechada e colocar uma tampa no lavatório ao fazer a barba para reduzir o
desperdício.
4- Com o autoclismo – um terço da água que gastamos em casa é proveniente de
descargas do autoclismo, 10 litros de água são consumidos cada vez que se despeja o
autoclismo. Se colocarmos uma garrafa de 1,5 litros no depósito a capacidade diminui,
reduzindo o consumo para 8,5 litros por descarga. Outra solução é escolher um
autoclismo de duplo depósito, de uso mais racional.
5- Com o lava-loiça – lavar a loiça de torneira meia aberta durante 15 minutos
representa um consumo de cerca de 100 litros de água. Devemos deixar os talheres e
pratos dentro de uma bacia com água antes de lavar e não deixar a torneira aberta
enquanto os ensaboamos e economizamos cerca de 100 litros de água.
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6- Com as máquinas de lavar loiça – uma máquina de lavar com capacidade 44
utensílios e 40 talheres gasta cerca de 40 litros, deste modo devemos utilizar a máquina
de lavar loiça apenas quando estiver cheia.
7- No tanque – uma lavagem com a torneira meia aberta pode significar um consumo
superior aos 200 litros em 15 minutos. Para não desperdiçar água devemos deixar as
roupas de molho e usar a mesma água para lavar e ensaboar.
8- Com a máquina de lavar roupa – as máquinas de lavar roupa, sem dúvida
indispensáveis, para além de muita energia consomem muita água, aproximadamente 100
litros por lavagem. Convém enche-las bem e para o caso de não haver roupa que chegue
para uma carga completa, devemos escolher um programa adequado a quantidade de
carga existente.
9- Com a mangueira – são necessários aproximadamente 230 litros para lavar um carro
e aproximadamente 260 litros para regar um jardim durante 15 minutos. Quando se lavar
o carro devemos fazê-lo com a ajuda de uma esponja e de um balde e quando regarmos o
jardim, devemos de fazê-lo ao fim do dia ou durante a noite para evitar desperdícios a
nível da evaporação.
10- Com a piscina – uma piscina perde até 3800 litros de água por mês por evaporação,
o que chega para abastecer uma família de quatro pessoas durante um ano e meio. Se
aplicarmos uma cobertura na piscina reduzimos essas perdas por evaporação em cerca de
90%;
11- No exterior – devemos optar por limpar os pavimentos varrendo ou recolhemos as
águas pluviais com um reservatório e limpamos o pavimento com essa água.
Outra medida para pouparmos água é protegendo-a, isto porque muitas das substâncias que
utilizamos no nosso dia-a-dia podem ser substituídas por outras menos nocivas e mais
biodegradáveis, como tal:
1- Não devemos utilizar as sanitas e os lava-loiças como “caixotes do lixo”, não
deitando para lá restos de comida, cotonetes, guardanapos, pois iremos fazer uma
descarga desnecessária;
2- Devemos utilizar um desentupidor para quando as canalizações entopem e não
utilizar produtos à base de soda cáustica, ácidos e outras substâncias tóxicas;
3- Não devemos despejar óleos de cozinha usados nem restos de produtos de
bricolage na sanita ou no lava-loiça, mas sim entrega-los no Ecocentro mais próximo;
4- Na limpeza da casa devemos utilizar produtos com um teor reduzido de fosfato,
não excedendo as quantidades recomendadas pelos fabricantes, visto que este e outros
químicos poluentes são responsáveis por contaminar rios e lagos;
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5- Devemos utilizar papel reciclado, uma vez que a produção deste papel utiliza muito
menos água e envia menos contaminantes para as águas residuais do que quando se
produz papel novo.
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8 Conclusão
A água é um meio preciso e cada vez mais escasso. Como sabemos, apesar da existência
de muita água no nosso planeta. Só uma ínfima parte está disponível para rápido
consumo humano. Logo sendo esta a mais usada, por razões económicas e cientificas. E
como tal a mais consumida.
Ao longo do relatório vai se verificando uma assimetria no crescimento da população
humana e na quantidade de água disponível para consumo. Enquanto a população
humana tem crescido, a quantidade de água tem diminuído. Isto associado a questões de
seca, poluição e outras, vêm agravar um dos maiores problemas actuais e futuros, a
questão: “Haverá água doce suficiente para cada humano a nível mundial?”
Segundo os padrões culturais e tecnológicos actuais, a resposta à pergunta é sim, há. A
quantidade de água doce existente no Mundo é suficiente para abastecer a população, se
bem que a sua assimetria em localização e disponibilidade façam com que nem todos
tenham acesso de igual forma à água. O constante desperdício e poluição da mesma
fazem com que se perca ainda mais deste recurso tão precioso. Daí que deva existir uma
mudança de comportamento a nível individual e global. O famoso BWR (Basic Water
Requirement) e o seu cumprimento podem conduzir a uma melhoria dos níveis de água
doce disponíveis uma vez que o Homem tomaria um lugar muito menos ofensivo para
com as reservas deste recurso. Tal passaria além do mais, pela inovação dos nossos
meios científicos.
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