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“Aplicação do Sistema de Projeção de Poluição Industrial (Modelo IPPS): estudo de caso - bacia hidrográfica da Baía de Sepetiba” por Lilian Calazans Costa Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre em Ciências na área de Saúde Pública e Meio Ambiente. Orientador: Prof. Dr. Aldo Pacheco Ferreira Rio de Janeiro, maio de 2010.

Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de … · 1.2 Justificativa 14 1 ... 2 REVISÃO DE LITERATURA 15 2.1 Estrutura industrial brasileira segundo os potenciais

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“Aplicação do Sistema de Projeção de Poluição Industrial (Modelo IPPS): estudo de caso - bacia hidrográfica da Baía de Sepetiba”

por

Lilian Calazans Costa

Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre em

Ciências na área de Saúde Pública e Meio Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Aldo Pacheco Ferreira

Rio de Janeiro, maio de 2010.

2

Esta dissertação, intitulada “Aplicação do Sistema de Projeção de Poluição Industrial (Modelo IPPS): estudo de caso - bacia hidrográfica da Baía de Sepetiba”

apresentada por

Lilian Calazans Costa

foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:

Prof. Dr. Judicael Clevelario Junior

Prof.ª Dr.ª Inês Echenique Mattos Prof. Dr. Aldo Pacheco Ferreira – Orientador

Dissertação defendida e aprovada em 04 de maio de 2010.

3

FICHA CATALOGRÁFICA

Costa, Lilian Calazans

Aplicação do sistema de projeção de poluição industrial (Modelo IPPS): Estudo de caso – Bacia hidrográfica da Baía de Sepetiba, Rio de Janeiro

Rio de Janeiro, 2010

Dissertação (Mestrado) – Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca.

Área de Concentração: Gestão dos Problemas ambientais e promoção da saúde

1. Poluição industrial 2. Baía de Sepetiba 3. Modelo IPPS

4. Gestão ambiental 5. Saúde pública 6. Saúde ambiental

4

¶ O temor do SENHOR é o princípio do conhecimento; os

loucos desprezam a sabedoria e a instrução.

Provérbios 1:17

5

AGRADECIMENTOS

Á Deus, por ter me dado meios de chegar até aqui, a Ele toda honra

A minha mãe, pelo apoio incondicional, tornando minha caminhada mais fácil

A minha irmã e ao meu pai pela grande ajuda e carinho

Ao meu querido André Luiz por todo o incentivo

Ao meu orientador Dr. Aldo Pacheco Ferreira pela orientação e atenção. Enfim

conseguimos

Aos amigos Victor e Karen pelo grande auxílio nas saídas de campo

A Rosane Moreno do IBGE, pela atenção prestada todas as vezes que solicitada e pelo

material cedido

Aos pesquisadores Dra. Inês Echenique Mattos, Dr. Salvatore Siciliano e Dr. Judicael

Clevelario Junior, por comporem a banca examinadora e pelas sugestões extremamente

valiosas.

6

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 9

1.1 Perguntas Condutoras 12

1.2 Justificativa 14

1.3 Objetivos 14

1.3.1 Objetivo geral 14

1.3.2 Objetivos específicos 14

2 REVISÃO DE LITERATURA 15

2.1 Estrutura industrial brasileira segundo os potenciais poluidores 15

2.2 Indústria, Saúde e Meio Ambiente 16

2.3 Investimentos em Controle Ambiental no Brasil 18

2.4 Bacia hidrográfica da Baia de Sepetiba 19

2.4.1 Aspectos Históricos 19

3 METODOLOGIA 22

3.1 Caracterização do sítio de estudo 22

3.1.1 Bacia hidrográfica da baía de Sepetiba 22

3.1.2 Municípios Inseridos 23

3.1.3 Sub-bacias e rios constituintes 24

3.1.4 Baía de Sepetiba 26

3.2 O Método: Industrial Pollution Projection System (IPPS) 32

3.2.1 Construção do modelo IPPS 33

3.2.2 Aplicação da metodologia do IPPS 36

3.2.3 Correspondência ISIC x CNAE 37

3.2.3.1 Correspondência CNAE 1.0 x ISIC revisão 2 37

3.2.3.2 Correspondência CNAE 2.0 x ISIC revisão 2 37

3.2.4 Cálculo do coeficiente de intensidade de poluição 38

3.2.5 Indicadores de poluição 40

3.2.5.1 Demanda bioquímica de oxigênio (DBO) 40

3.2.5.2 Sólidos totais em suspensão 41

3.2.5.3 Tóxicos da água 41

3.2.5.4 Metais tóxicos da água 41

3.2.6 Origem dos dados do levantamento industrial 42

7

3.2.7

3.3

Municípios integrantes

Metodologia de Campo 42

3.4 Limitações metodológicas 45

3.5 Aspectos éticos 46

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 47

4.1 Resultados obtidos na avaliação de 2005/2006 48

4.1.1 Demanda bioquímica de oxigênio 50

4.1.2 Sólidos totais em suspensão 52

4.1.3 Tóxicos da água 53

4.1.4 Metais tóxicos da água 55

4.2 Resultados obtidos na avaliação de 2008/2009 57

4.2.1 Demanda bioquímica de oxigênio 60

4.2.2 Sólidos totais em suspensão 62

4.2.3 Tóxicos da água 63

4.2.4 Metais tóxicos da água 64

4.3 Resultados obtidos na coleta de dados em campo 66

5 CONCLUSÃO 70

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 72

Anexo 1 – Mapa das Regiões Hidrográficas do Estado Rio Janeiro 83

Anexo 2– Lista de poluentes descritos no TRI 93

Anexo 3 – Descrição abreviada da Classificação Nacional de Atividades

Econômicas 94

Anexo 4 - Dados descritivos referentes a coleta de campo 100

Anexo 5- Mapa localização da bacia dos rios Guandu, Guarda e Guandu

Mirim 103

Anexo 6- Mapa de localização das sub-bacias dos rios Guandu, Guarda

e Guandu Mirim 104

8

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

AIRS Aerometic Information System

CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO Demanda Química de Oxigênio

EPA U.S. Environmental Protection Agency

FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

IPPS Industrial Pollution Projection System

IPPUR Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional

IQ Interquartile

ISIC International Standard Industrial Classification of All Economic

Activities

ISIC REV-2 International Standard Industrial Classification-Revision 2

LB Lower bound

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

STS Sólidos totais em suspensão

UP Upper bound

TRI Toxic Release Inventory

9

1. INTRODUÇÃO

.

O crescimento populacional e industrial no mundo conduziu ao aumento da demanda

por água e a uma exploração exacerbada da terra por atividades agropecuárias e de

mineração. Tais explorações, associadas ao crescimento populacional, fizeram com que a

degradação dos recursos hídricos atingisse um estágio crítico em todo o mundo,

exemplificado pela escassez e poluição em diversas regiões.

O gerenciamento de recursos hídricos é tarefa difícil. O estabelecimento da carga

de efluentes a ser lançada num corpo d´água deve ponderar dois extremos. De um lado o

custo das instalações de tratamento dos efluentes, que aumenta com o grau de tratamento

exigido, e de outro, a capacidade do corpo receptor, de assimilar esta poluição excedente,

efetuando o tratamento final.

Os despejos de efluentes domésticos e industriais nos rios; o uso de fertilizantes e

pesticidas; a degradação do solo pelo desmatamento; os aterros sanitários e a mineração

são um dos principais agentes impactantes sobre os recursos hídricos no país (TUCCI et

al., 2000).

Com relação aos efluentes industriais, os despejos contendo metais pesados, são

considerados os maiores fatores antropogênicos de poluição em ambientes aquáticos. A

ingestão desses metais pode provocar severos danos à saúde humana, como: desordens

neurológicas, disfunções cerebrais, câncer e em casos extremos o óbito (FREITAS, 2001;

GRANDJEAN, 2006).

Os impactos ambientais oriundos das diversas fontes de poluição citadas

evidenciam a urgência de ações concretas de prevenção, controle, preservação e

recuperação da qualidade da água dos corpos hídricos (HELDER, 1998; FREITAS et al.,

2001). Nesse âmbito, as pesquisas científicas norteiam as ações de mitigação dos impactos

nos recursos hídricos, potencializando sua eficácia.

10

No Brasil, há uma carência de informações sobre a emissão de poluentes pelas

atividades industriais. Além disso, não existe um inventário nacional das indústrias

potencialmente poluidoras, com dados referentes a quantidade de poluentes emitidos e sua

localização. Os sistemas de monitoramento junto a fonte emissora são precários e/ou

ausentes. Esses sistemas requerem pessoas especializadas e devem ser realizados

continuamente o que torna o procedimento oneroso.

Neste contexto, onde dados sobre a poluição são escassos e o monitoramento das

emissões não é realizado, as metodologias de estimativa de emissão de poluentes se

apresentam como uma ferramenta extremamente importante. Através destas metodologias

é possível delimitar zonas críticas de poluição e ranquear tipologias industriais mais

poluentes, onde o poder público poderá concentrar seus esforços em ações de mitigação de

poluentes. .

Apesar do papel fundamental por elas desempenhado, essas metodologias são

limitadas, pois geram dados de poluição estimados, não refletindo a realidade precisa do

ambiente. Portanto, elas não anulam a importância de mensurar a poluição junto à fonte

emissora. Isto não reduz sua importância, uma vez que a proposta principal dessas

metodologias é a identificação de zonas críticas de poluição

A metodologia de estimativa adotada nesse estudo é o 'Industrial Pollution

Projection System' (IPPS), desenvolvido em 1987 por técnicos do Banco Mundial para

estimar a intensidade de poluição industrial em países emergentes que têm pouco ou

nenhum dado sobre poluição industrial, mas que têm informações relativamente detalhadas

sobre pessoal ocupado, valor adicionado ou quantidade produzida em atividades industriais

(HETTIGE et al.,1995).

Pretende-se com esse estudo de aplicação do Modelo IPPS avaliar a emissão de

poluentes industriais na bacia hidrográfica da baía de Sepetiba.

11

1.1 PERGUNTAS CONDUTORAS

O estudo foi conduzido pelas seguintes perguntas:

� Qual o nível de poluição industrial da bacia hidrográfica da baía de Sepetiba?

� Pode ser efetiva na gestão ambiental a aplicação de modelos estimativos de

poluição industrial?

12

1.2 JUSTIFICATIVA

Como no Brasil não há, até o momento, um inventário nacional das indústrias

potencialmente poluidoras, a metodologia de estimativa e projeção de emissão de poluição

vem se constituindo em um recurso ímpar para avaliar as emissões das indústrias,

principalmente em regiões onde não há controle efetivo de poluição, evidenciando efeitos

negativos sobre a população e sobre os recursos naturais. A região da baía de Sepetiba

mostra pontos cruciais em que tal estudo pode contribuir de forma significativa na

mitigação das ações antropogênicas.

No âmbito ambiental, a baía de Sepetiba é uma zona estuarina e de mangue, e um

criadouro natural para as diversas espécies de moluscos, crustáceos e peixes.

No contexto social e de saúde pública, vem reiteradamente sendo agredida com

lançamento de esgoto de origem domiciliar e industrial, sem tratamento em alguns pontos e

com tratamento questionável na sua maioria e, por conseguinte, apresenta alta

concentração de metais pesados na água, sedimentos e constituintes da fauna, dentre outros

(FERREIRA, 2009).

No contexto econômico, destaca-se a localização estratégica da baía de Sepetiba:

num raio de 500 km concentra cerca de 70% do PIB brasileiro (FIRJAN, 2005). O governo

federal prevê ainda a instalação de novos complexos industriais na região. O Programa de

Aceleração do Crescimento (PAC), entre seus objetivos, visa a ampliação do Porto de

Sepetiba, interligação às principais rodovias federais, investimentos no Pólo Petroquímico

de Itaboraí, programas de habitação e saneamento locais.

A quantificação da carga poluidora lançada nos corpos d’água é possível a partir

dos dados obtidos sobre a produção, número de empregados e população residente nos

municípios. Neste estudo, as estimativas das cargas poluidoras industriais são possíveis

através da metodologia IPPS.

13

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

� Estimar o nível de poluição industrial na bacia hidrográfica da baía de Sepetiba.

1.3.2 Objetivos específicos

a) Estimar a carga poluente gerada pelas indústrias localizadas na bacia hidrográfica

da baía de Sepetiba;

b) Ranquear os setores industriais mais poluentes, dos municípios da bacia

hidrográfica da baía de Sepetiba;

c) Ranquear os municípios com maior potencial poluidor;

d) Discutir quais as possíveis implicações dos poluentes estimados na saúde pública

da população local.

14

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Estrutura industrial brasileira segundo os potenciais poluidores

No Brasil, até a década de 70, o seguimento industrial dominante era o das

indústrias 1tradicionais (classificação de acordo com Bonelli e Gonçalvez, 1996). Com a

crise do petróleo em 1974, o setor industrial foi impelido a passar por diversas

transformações devido a crise econômica brasileira. O país, que possuia uma economia

altamente dependente das importações, adotou uma política de aumento das exportações

criando, em 1975, o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) com propósito de

substituir as importações. A partir desse momento, o Brasil vivenciou um período tardio e

massivo de desenvolvimento de algumas atividades industriais e o setor de bens

intermediários começou a ganhar crescente participação econômica (HOBSBAWM, 1995;

BARCELLOS, 2001).

A indústria de bens intermediários, composta pelos setores metalúrgico, papel e

celulose, química e minerais não metálicos, é considerada por Torres (1996) como mais

poluente e mais intensiva em recursos naturais do que a média das indústrias. Barcellos

(2001) salienta que esse tipo de indústria incorpora padrões tecnológicos avançados para a

base nacional, mas ultrapassados com relação ao meio ambiente. Segundo o autor, esse

padrão de produção se mantem até os dias de hoje, ou seja, o país se especializou na

produção de bens intensivos na emissão de poluentes e atualmente sofre com os problemas

ambientais associados a essa especialização.

Carvalho e Ferreira (1992) analisaram as relação indústria-potencial poluidor na

década de oitenta. O estudo envolveu a construção de índices de crescimento industrial

segundo o seu potencial poluidor (alto, médio, baixo ou desprezível). Os resultados

1 produtoras de bens de consumo não duráveis

15

demonstraram o crescimento das indústrias com maior potencial poluidor e indicaram a

manutenção dessa tendência para os anos seguintes.

Young (1996) considera que o crescimento de indústrias mais poluentes em países

em desenvolvimento pode ter sido favorecido por alguns fatores: menor custo de mão-de-

obra, maior acesso aos recursos naturais, políticas governamentais que favorecem essas

indústrias e baixo valor agregado do produto produzido.

Corroborando os dados de Young (1996), Ferraz e colaboradores (1997) fizeram

uma análise da competitividade da indústria brasileira da década de noventa e constataram

que, de acordo com a localização, as indústrias de bens intermediários tendem a se

estabelecerem em países em que haja disponibilidade energética, recursos naturais e uma

estrutura de transporte suficiente. Esses dados revelam a tendência da continuidade do

crescimento das indústrias no Brasil, principalmente as de bens intermediários, setor com

grande potencial poluidor.

Barcellos (2009) acrescenta que as atividades de exportação produzidas no Brasil

são bem mais intensivas em poluição do que o restante da economia. Além disso, tanto as

atividades de exportação, como a expansão do setor de bens intermediários não tem sido

acompanhadas por um severo controle ambiental.

2.2 Indústrias, Saúde e Meio Ambiente

A indústria se caracteriza por um conjunto de operações que visam transformar

matérias primas em bens de consumo. Seu potencial poluidor é descrito como “a

capacidade de gerar despejos que venham a se tornar agentes provocadores, direta e

indiretamente, de poluição”, (MORENO, 2005).

16

A revolução industrial ocorrida na Inglaterra durante o século XIX é foi

considerada o evento gerador de transformações. Provocando profundas mudanças na vida

dos homens, na sua relação com o meio ambiente, nas condições da saúde humana e na

sustentabilidade ambiental, (FRANCO, 1998).

As conseqüências ambientais decorrentes do padrão vigente de industrialização e

de consumo já são problemas globais. O raio de ação dos riscos se expandiu,

potencializando as degradações ambientais. Hobsbawn (1995), em “A era dos extremos”,

aponta que os impactos sobre a saúde e o meio ambiente decorrentes dos atuais padrões de

consumo são imensos e imprevisíveis, contudo a insustentabilidade desse sistema é

previsível.

Os impactos da atividade industrial acontecem em todas as etapas do processo

produtivo, desde a extração de commodities, passando pela geração dos resíduos durante o

processamento até o descarte dos produtos pelos consumidores. A poluição industrial afeta

todos os meios do ambiente, a saúde dos ecossistemas e a humana, (Barcellos, 2009).

O comprometimento da saúde humana devido ao resíduo industrial é freqüente e

continuo. Em Minamata, no Japão, dezenas de pessoas apresentaram quadros de

intoxicação e morte após o consumo de peixe contaminado com mercúrio, (EKINO, 2007).

A ausência e/ou a precariedade de fiscalização, falhas no treinamento humano e

no processo produtivo constituem cenários perfeitos para que ocorram acidentes industriais

afetando a saúde da população e do meio ambiente, como o que ocorreu em Bhopal na

Índia. Nesse acidente, ocorrido em 1984, foram liberados 42 toneladas de um gás tóxico

(methyl isocyanate), expondo mais de 500 mil de pessoas. Estima-se que 25 mil pessoas

17

morreram desde que esse gás foi liberado, caracterizado como o pior acidente industrial do

mundo, (LOONG WONG, 2008).

No Japão o metilmercúrio bioacumulado no ecossistema foi o agente causador de

centenas de intoxicações no início da década de 50, na Baía de Minamata. Esse metal era

despejado no ambiente via efluente de uma indústria química da Chisso Corporation. A

população contraia uma severa intoxicação ao se alimentar com pescado contaminado por

metilmercúrio. Esses casos ficaram conhecidos como a “Doença de Minamata”. A

mortalidade atingiu 20% dos casos e os sobreviventes ficaram permanentemente

incapacitados. Até 1977 foram registrados 2209 casos da doença além de 887 vítimas

fatais. (MICARONI et al., 2000 ; GEORGE, 2001, EKINO, 2007).

O efeito da bioacumulação dos poluentes tende a agravar situações críticas de

poluição industrial ao possibilitar o transporte dos contaminantes via teia alimentar para

diversos níveis tróficos. Concentrações elevadas de metais e compostos organoclorados

são pouco freqüentes no meio natural, mas a sua retenção nos sedimentos causam uma

contaminação a longo prazo dos ambientes aquáticos com conseqüências diretas e indiretas

sobre os organismos encontrados nestes ecossistemas (MIRANDA, 2006).

2.3. Investimentos em Controle Ambiental no Brasil

Apesar dos impactos da poluição industrial serem notórios, como citado

anteriormente, a maioria das empresas declara realizar investimentos em controle

ambiental, (Barcellos at al, 2009 ).

Barcellos e colaboradores (2009) analisaram a relação existente entre esses

investimentos e as empresas cujas atividades possuem maior potencial poluidor, no período

de 1997 a 2002. Os resultados demonstraram que os gastos relativos ao controle ambiental

aumentaram de R$ 10,5 bilhões de reais em 1997 para R$ 22,1 bilhões em 2002. Em 2002,

18

metade das 27 divisões da CNAE (Classificação Nacional das Atividades Econômicas)

responderam por 94,4% dos investimentos. Esse dado demonstra que se intensificou a

concentração do investimento em controle ambiental em um conjunto menor de atividades

Outro dado relevante do estudo anterior foi a constatação de que empresas que

mais investem em controle ambiental são as de grande porte (refino de petróleo, fabricação

de álcool e fabricação de coque). Essas empresas compõem a categoria de bens

intermediários e também são classificadas como de elevado potencial poluidor.

Segundo os autores, essa mudança no padrão de investimento das empresas de

bens intermediários pode estar relacionada com: as pressões da sociedade, o crescimento

da cultura por uma produção mais limpa, um maior rigor das leis ambientais e as

exigências ambientais dos países importadores desses produtos

Embora esses investimentos não tenham levado uma redução efetiva de poluentes,

pois as empresas de produção de petróleo são as principais responsáveis pelos maiores

acidentes ambientais entre 1997-2002; são resultados que demonstram que a participação

social e o cumprimento de normas ambientais regulatórias podem efetivamente contribuir

para um maior investimento em controle ambiental.

2.4 Bacia hidrográfica da baía de Sepetiba

2.4.1 Aspectos históricos

Entre 1616 e 1759, os padres jesuítas habitavam a bacia hidrográfica de Sepetiba,

sendo os proprietários da fazenda Santa Cruz, uma área com 2167 km2. Em 1729, os

padres foram enviados para a Holanda para adquirirem conhecimentos de engenharia,

época em que houve o início das obras de saneamento dos rios da bacia. Durante esse

período foram abertos a vala do Itá e a do São Francisco a fim de extravasar as águas do

Guandu.

19

Em 1759 os jesuítas foram expulsos do Brasil e todas as obras foram abandonadas

e retomadas apenas em 1894, com a criação da Comissão de Estudos de Saneamento da

Baixada do Estado do Rio de Janeiro.

Em 1905, houve a construção da Barragem e do Reservatório de Lajes, no

Ribeirão das Lajes e da Usina Hidrelétrica de Fontes. Após esse período, diversos projetos

e pesquisas foram organizados com o objetivo de sanear a baixada de Sepetiba.

Em 1933, Getúlio Vargas reestruturou a Comissão de Estudos de Saneamento da

baixada dividindo a região em 4 áreas: Sepetiba, Guanabara, Araruama e Goytacazes. O

objetivo era promover a colonização de cada uma das regiões através da agricultura.

A bacia hidrográfica de Sepetiba também foi alvo de várias obras para a geração

de energia, destacam-se: as obras de desvio do rio Paraíba Sul-Piraí e a Usina Hidrelétrica

de Nilo Peçanha.

Na década de 50 foi inaugurado o sistema Guandu de tratamento de água.

Atualmente a Estação de Tratamento de Água do Guandu - ETA Guandu é a maior estação

do mundo e produz cerca de 40 mil l/s, abastecendo os municípios do Rio de Janeiro, toda

a Baixada Fluminense e Itaguaí com as águas do rio Guandu.2

2 Aspectos históricos: baseado em SEMADS, 2001

20

3. METODOLOGIA

3.1 Caracterização do sítio de estudo

3.1.1 Bacia hidrográfica da Baía de Sepetiba

A bacia hidrográfica contribuinte da baía de Sepetiba ocupa uma área de

aproximadamente 2.711 km2, equivalente a quase 4,5% da área total do estado do Rio de

Janeiro. É delimitada no continente pela Serra do Mar (local da nascente dos rios que

formam a bacia de drenagem do Guandu), pelos morros isolados que dividem a bacia da

Baía de Guanabara e pelos maciços costeiros do Mendanha e da Pedra Branca (PROJETO

INTERINSTITUCIONAL PORTO DE SEPETIBA, 1998).

A bacia hidrográfica da baía de Sepetiba foi remodelada pela transposição das

águas do rio Paraíba do Sul, com a alteração no curso dos rios e o aumento da vazão.

O rio Guandu, importante afluente da baía, era formado apenas pela junção das

águas do Ribeirão das Lajes com o rio Santana. Com o aumento da demanda de energia do

complexo Light em Piraí, houve a necessidade da utilização das águas provenientes do rio

Paraíba do Sul. Foram construídas barragens e usinas e1evatórias, que possibilitaram a

transposição da bacia do rio Paraíba do Sul para a bacia do rio Guandu .Com isto, a vazão

do rio Guandu passou de 20 m/s para cerca de 160 m/s (Figura 1), (GOVERNO DO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 1998).

21

FIGURA 1 Transposição do rio Paraíba do Sul

Fonte: SEMADS - Macroplano de Gestão e Saneamento Ambiental, 1998.

22

Esta bacia hidrográfica está inserida em dois conjuntos fisiográficos distintos:

vertente da serra do Mar e uma extensa área de baixada, recortada por inúmeros rios,

formando 5 regiões hidrográficas. (Quadro 1).

QUADRO 1 Regiões hidrográficas e rios constituintes da bacia hidrográfica da baía de

Sepetiba

Fonte: SEMADS - Macroplano de Gestão e Saneamento Ambiental, 1998.

23

A cobertura vegetal da bacia apresenta áreas remanescentes de vegetação nativa e

em estágio de regeneração como: florestas, mangues, campos, pastagens e áreas agrícolas.

As florestas são caracterizadas por fragmentos de vários tamanhos e estágios sucessionais,

localizadas nos topos e encostas das serras e abrangem cerca de 40% da área da bacia.

O clima tropical úmido da região e os altos índices pluviométricos influenciam as

forma do relevo e as alterações das rochas, facilitando a ação do intemperismo, (SEMADS,

2001). Aliado ao favorecimento geográfico para a erosão, a ocupação humana desordenada

nas áreas de encostas potencializa o processo de assoreamento da região. O acúmulo de

sedimentos no fundo das calhas fluviais impede o escoamento dos rios e acarreta o

transbordamento desses em épocas de grande vazão.

A população da bacia hidrográfica foi estimada em 1,3 milhões em 1996, dos

quais 60% correspondem à porção do município do Rio de Janeiro inserido na região

(SEMADS, 2001).

3.1.2 Municípios Inseridos

A bacia hidrográfica da baía de Sepetiba integra 14 municípios: Barra do Piraí,

Engenheiro Paulo de Frontim, Itaguaí, Japeri, Mangaratiba, Miguel Pereira, Nova Iguaçu,

Paracambi, Piraí, Queimados, Rio Claro, Rio de Janeiro, Seropédica e Vassouras, (Quadro

2 ), (Anexo 1), (SEMADS, 2001; Comitê de Gestão do Guandu).

Com exceção do município do Rio de Janeiro, o sistema de saneamento destes

municípios é precário e/ ou inexistente. O esgoto doméstico é lançado diretamente nos

corpos hídricos mais próximos ou em fossas sépticas sem sumidouro.

24

QUADRO 2. Municípios integrantes da bacia hidrográfica da baía de Sepetiba

Município

Área km2

% do Município incluso na

Bacia

% da Bacia Incluso no Município

Atividades Econômicas

Barra do Piraí 582 - - Agropecuária e Indústria

Engenheiro Paulo de Frontim

139 43 2 Indústria e Comércio

Itaguaí 292 100 11 Indústria e Comércio Japeri 82 100 3 Comércio

Mangaratiba 361 100 13 Comércio e Serviço Miguel Pereira 288 88 9 Agropecuária, Comércio e

Serviços Nova Iguaçu 567 43 9 Indústria e Comércio Paracambi 179 100 7 Comércio e Serviço

Piraí 584 20 4 Comércio Queimados 78 100 3 Indústria e Comércio Rio Claro 843 38 12 Agropecuária

Rio de Janeiro 1255 37 17 Indústria, Comercio e Serviços Seropédica 253 100 9 Agropecuária e Comércio Vassouras 554 2 0,5 Agropecuária e Comércio

Legenda: - dados não fornecidos

Fonte: SEMADS- Macroplano de Gestão e Saneamento Ambiental, 1998

3.1.3 Baía de Sepetiba

A baía de Sepetiba está localizada a aproximadamente 60 km da cidade do Rio de

Janeiro. Essa região se insere no mais importante entorno geoeconômico do Brasil, num

raio de 500 km abrange as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Vitória

e concentra as maiores atividades socioeconômicas do país. Considerada uma área

potencialmente catalisadora de desenvolvimento do país; a localidade também concentra

um dos principais pólos industriais do estado do Rio de Janeiro.

O perímetro da baia é de aproximadamente 130 km. Sua forma é alongada,

limitando-se a Norte e a Leste pelo continente, ao Sul pela Restinga de Marambaia e a

Oeste pela Baía de Ilha Grande. Seu maior comprimento é de 43 km no sentido leste-oeste

e sua maior largura é de 17 km no sentido Norte-Sul. Possui profundidade média de 5 m ,

chegando a 30m próxima à Ilha de Itacuruçá. O fundo da baía é lodoso, na maior parte da

área interna, com formações de silte, argila e poucas áreas de areia e cascalho na parte mais

25

externa e próxima da ligação com o mar (GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO, 1998; FEEMA, 2002).

A baía é cercada por áreas de mangue e zonas estuarinas, constituindo um

criadouro natural para diversas espécies de moluscos, crustáceos e peixes. A atividade

pesqueira é um importante suporte econômico e social para a região, seguida pela atividade

turística (MELGES-FIGUEREDO, 1999; CUNHA & FERREIRA, 2006). Vários rios de

pequenos volumes de água e canais de drenagem deságuam na baía, diluindo águas e

trazendo aluviões e efluentes de poluentes diversos, oriundos de áreas domésticas e

industriais dos municípios integrantes da bacia hidrográfica (REZENDE, 1998;

FERREIRA, 2003). A maior contribuição de água doce para a baía é proveniente do canal

de São Francisco que carreia águas originalmente desviadas do rio Paraíba do Sul (Tabela 1).

TABELA 1. Principais rios afluentes da baía de Sepetiba

Fonte: Cunha, 2006.

A atividade industrial desta região é responsável pelo lançamento de várias

substâncias potencialmente tóxicas na baia de Sepetiba (MELGES-FIGUEIREDO, 1999;

GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 1998; ANA, 2001). No rio Guandu,

um dos afluentes da baía, foi encontrado nível de enriquecimento dos elementos Argônio,

arsênio, cádmio e mercúrio, considerados elementos de potencial perigo ao meio, causado

26

por lançamento de efluentes industriais sem tratamento eficaz (TEIXEIRA, 1998 apud

KALE, 2001).

Não há um registro preciso quanto ao número de indústrias instaladas no entorno

da baía de Sepetiba. Este número varia em torno de 400 indústrias dos setores metalúrgico,

químico, têxtil, de bebidas, minerais não metálicos e editoriais.

Os principais elementos metálicos encontrados em concentrações muito elevadas

na baía de Sepetiba são: zinco e cádmio e, em menores concentrações: chumbo, cromo,

cobre, níquel e mercúrio (SEMADS, 2001; MOLISANI et al., 2004, PARAQUETTI et al.,

2007).

Toda esta expansão industrial e urbana resultou numa série de impactos

ambientais na baía. A contaminação da baía para alguns metais, como o Zn, já excede os

níveis aceitáveis pelo CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente).

A região sofre com graves problemas de saúde pública em virtude da poluição

industrial e falta de saneamento. Alguns estudos têm sido realizados a fim de mensurar os

níveis de contaminação na baía de Sepetiba e seus impactos no ecossistema da região

(FERREIRA, 2009). Azevedo (2001) realizou um estudo sobre a ocorrência de hepatite A

e as condições de balneabilidade da baía de Sepetiba. Os resultados sugerem haver uma

relação entre os fatores.

Outro estudo, realizado com pequenos cetáceos, relatou a ocorrência de fraturas e

traumas ósseos em 47,2% dos esqueletos de Sotalia guianensis encontrados na baía de

Sepetiba. Das 167 fotos desse animal retiradas na baía de Sepetiba, 25% retrataram

infecções de pele, deformações corpóreas, além de traumas causados pela colisão com

27

embarcações. Elevados índices de contaminação industrial e doméstica na região

contribuem para o péssimo estado de saúde da espécie (VAN BRESSEM et al., 2007).

Os poluentes oriundos da atividade agropecuária são outra fonte de poluição da

baía de Sepetiba. Os municípios inseridos na bacia hidrográfica da região possuem uma

grande parcela de suas terras voltada para a agricultura e pecuária. As regiões de Itaguaí e

de Santa Cruz destacam-se pela fruticultura e oleicultura (SEMADS, 2001). Segundo

PINTO (2005), em toda região os defensivos agrícolas e carrapaticidas são amplamente

utilizados. A utilização de fungicidas (hidróxido de cobre), inseticidas (fosfeto de

alumínio), herbicidas (glifosato 2,4D; 2,4 DB, derivados de MCPA) é frequente.

A baía de Sepetiba também sofre com os problemas de eutrofização,

especialmente em pequenas enseadas, nas áreas mais próximas à linha de costa e nas áreas

de influência das desembocaduras dos rios, afetada diretamente pela poluição orgânica

(MELGES-FIGUEIREDO, 1999; FERREIRA, 2003).

O aumento das concentrações de nitrogênio e fósforo nos corpos d’água favorece o

crescimento do fitoplâncton. Com a transformação características do ecossistema ocorre

uma mudança na diversidade de espécies. Seres mais adaptados a águas poluídas começam

a exercer predomínio sobre outras espécies, (MELGES-FIGUEIREDO, 1999; CUNHA et

al., 2006).

Cia Ingá Mercantil

Um dos passivos ambientais relacionados à poluição industrial da região deve-se a

Cia Mercantil Ingá, instalada na Ilha da Madeira, próximo ao Porto de Sepetiba.

Construída em 1962, a empresa era responsável pelo processamento de minério para a

28

produção de zinco de alta pureza. O processo produtivo gerava grandes quantidades de

resíduos estocados nos pátios da empresa, cercados por dique de contenção.

A pilha de estocagem de rejeito chegou a ter 25 m de altura, enfraquecendo a parede

externa do dique e aumentando sua instabilidade. Em Fevereiro de 1996, em virtude dos

altos índices pluviométricos, o dique se rompeu e 50 milhões de litros de resíduos tóxicos

foram liberados para a baía de Sepetiba, comprometendo todo o ecossistema da região.

Esses resíduos eram ricos em metais pesados, tais como cádmio.

Ao decretar falência em 1998, a empresa abandonou 390 mil m³ de efluentes

líquidos, que ocupavam uma área de 260 mil m². Outros vazamentos continuaram a

ocorrer, principalmente em épocas de fortes chuvas.

Em 2005, pesquisadores do Instituto de Química da UFRJ declararam que a

quantidade de zinco encontrada nos sedimentos da baía de Sepetiba era 300 vezes maior

que a tolerada pelo CONAMA.

Em junho de 2008, o terreno da Cia Ingá de Metais foi adquirido em leilão pela

Usiminas, cabendo à mesma a descontaminação do terreno e o envelopamento dos resíduos

tóxicos restantes.

A ingestão de cádmio provoca sérias doenças ao organismo humano, podendo se

acumular lentamente nos tecidos do corpo, ossos, fígado, rins, pâncreas e tiróide. Já o

zinco, também cumulativo, causa sérios problemas na fisiologia, principalmente dos

peixes, tornando-os impróprios para o consumo. A população local, ao se alimentar

sistematicamente desses peixes contaminados, pode adquirir problemas de pele e mucosas.

Os dados de monitoramento da baía de Sepetiba confirmam a contaminação dos

sedimentos por elementos-traço, em concentrações muito elevadas, principalmente o

29

cádmio e o zinco, potencialmente perigosos. Os demais metais, como chumbo, cromo,

cobre, níquel e mercúrio apresentam, esporadicamente, níveis elevados de concentração,

devendo ser adotadas medidas de controle para evitar maiores danos ambientais. (Pinto,

2005).

30

3.2 O Método: Industrial Pollution Projection System (IPPS)

O IPPS é um sistema de estimativa de intensidade de poluição industrial, criado em

1987 por técnicos do Environment Infrastructure Agriculture Division - Policy Research

Department – PRDEI, do Banco Mundial, para responder a insuficiência de informações

relacionadas à intensidade de poluição industrial e auxiliar nas políticas e planos de ação

dos países em desenvolvimento (HETTIGE et al., 1995). Esse sistema está baseado no fato

de que a poluição industrial é afetada pela escala de atividade industrial, sua composição

setorial e pelo processo tecnológico utilizado na produção.

3.2.1 Construção do modelo IPPS

O sistema IPPS foi desenvolvido com dados de 200.000 indústrias de dos Estados

Unidos, do Censo Industrial Americano (Manucfaturing Census) e com os dados de

emissão de poluentes registrados na EPA na década de 80. Ele engloba aproximadamente

1500 categorias de produção e centenas de poluentes (Anexo 2).

A base de informações da EPA, utilizada no modelo do IPPS, possui quatro

bancos de dados: o Toxic Release Inventory (TRI), o Aerometric Information System

(AIRS), o National Pollutant Discharge Database (NPDES) e o Human Health and

Ecotoxicity Database (HHED).

O Toxic Release Inventory (TRI) contém informações sobre a emissão anual de

produtos químicos, regulamentado pela lei americana de 1986 “Emergency Planning and

Community Right-to-know Act”, cujo propósito era: (i) informar a comunidade dos

potenciais riscos químicos e (ii) prover um planejamento para acidentes químicos. O

relatório do TRI, na data de criação do IPPS, era requerido por todas as indústrias que

atendiam as seguintes condições:

31

� Produção/ importação/ processamento de 25.000 libras ou mais, de qualquer

produto inventariado pelo TRI;

� Envolvimento em alguma atividade manufatureira;

� Empregar 10 ou mais funcionários, em regime de tempo integral.

O relatório deve ser entregue anualmente contendo todas as substâncias, listadas

pelo TRI, que tivessem sido liberadas para os meios: ar, água e solo; tanto em atividades de

rotina, quanto ocasionalmente em algum acidente.

O Aerometric Information System (AIRS) é o sistema nacional de gerenciamento

americano da qualidade do ar, dividido em três subsistemas:

� Geographic/ Common subsystem;

� Air quality subsystem;

� Air facility subsystem.

O Air facility susbsystem contem algumas substâncias químicas e parâmetros

além dos listados no TRI, tais como: dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio

(NO2), monóxido de carbono (CO), material particulado (PT), particulados finos (PM10) e

compostos orgânicos voláteis (COV).

O National Pollutant Discharge Database (NPDES) contém informações do

automonitoramento de indústrias com permissão da NPDES para a descarga de efluentes

na água. Essa base de dados integrava o monitoramento mensal de 60.000 instalações

industriais, com mais de 2.000 parâmetros reportados. Alguns dos principais parâmetros

reportados são: a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), os Sólidos Totais em

Suspensão (STS), o pH e a Temperatura.

A partir do cruzamento entre essas bases de dados, foi construído o coeficiente de

intensidade de poluição utilizado pelo método. Para cada setor industrial há um coeficiente

de poluição específico.

32

O IPPS possui coeficientes de intensidade de emissão de poluentes para os meios:

água, ar, e solo. Cada um desses meios possui os parâmetros de poluição determinados

(Anexo 1):

� Para água: demanda bioquímica de oxigênio, sólidos totais em suspensão,

metais tóxicos e tóxicos da água.

� Para o ar: emissões de dióxido de nitrogênio, monóxido de carbono,

dióxido de enxofre, particulados totais, particulados finos e compostos

orgânicos voláteis.

� Para o solo: tóxicos do solo e metais tóxicos do solo.

Nesse trabalho foram adotados os parâmetros de poluição para água, por se tratar

de um estudo em uma bacia hidrográfica.

Os coeficientes de intensidade de poluição são divididos em três categorais:

“Lower bound” (LB), “Upper bound” (UP) e “Interquartile” (IQ). Os coeficientes LB

englobam todas as indústrias, incluindo as que não fornecem relatório para EPA, por se

enquadrarem abaixo do limite padrão estipulado de emissão. Os coeficientes UP foram

construídos reunindo apenas as indústrias que fornecem relatório de emissão para a EPA.

Os coeficientes IQ consideraram as indústrias cuja emissão estava na faixa do segundo e

terceiro quartil, abandonando as demais emissões.

Nesta dissertação optou-se pelo uso do coeficiente “Lower bound”, por agregar

uma maior quantidade de dados industriais. Além disso, esse coeficiente também já foi

utilizado em trabalhos anteriores: Moreno (2005) e Relatório Piloto com Aplicação da

Metodologia IPPS ao Estado do Rio de Janeiro, IBGE (2008).

33

3.2.2 Aplicação da metodologia do IPPS

Como a classificação industrial empregada no modelo IPPS é diferente da

classificação brasileira, para a aplicação da metodologia IPPS são necessários alguns

ajustes.

A ISIC 'International Standard Industrial Classification of All Economic

Activities' é a classificação internacional de atividades econômicas. A classificação

industrial americana segue essa classificação. No Brasil a classificação utilizada é a

Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).

Para que os coeficientes emissão de poluentes do IPPS, dados por tipologias

industriais, sejam atribuídos a indústria brasileira foi necessário efetuar a correspondência

entre esses dois sistemas de classificação: ISIC e CNAE.

3.2.3 Correspondência ISIC x CNAE

Atualmente a ISIC está na revisão 4. O IPPS, por ter sido construído em 87,

utiliza a ISIC revisão 2.

Nesta dissertação foram utilizados dados industriais referentes aos anos de

2005/2006 e de 2008/2009. No período de 2005/2006 a classificação adotada foi a CNAE

1.0, no período de 2008/2009 a classificação adotada foi a CNAE 2.0. Assim, foi

necessário fazer a correspondência:

a) CNAE 1.0 � ISIC revisão 2

b) CNAE 2.0 � ISIC revisão 2

34

3.2.3.1 Correspondência CNAE 1.0 x ISIC revisão 2

Em 2008 o IBGE publicou o “Relatório piloto com aplicação da metodologia

IPPS ao estado do Rio de Janeiro”. Nesse relatório foi publicada a correspondência entre a

CNAE 1.0 e ISIC rev. 2, adotada nessa dissertação.

3.2.3.2 Correspondência CNAE 2.0 x ISIC revisão 2

A correspondência entre CNAE 2.0 e ISIC rev.2 não foi realizada em nenhum

trabalho até o momento desta dissertação. Esse procedimento requer um conhecimento

técnico especializado, dado que a CNAE é mais detalhada que a ISIC. Por exemplo, na

CNAE o grupo de “edição e impressão” possui cinco classes, seu correspondente na ISIC

possui apenas 1 classe (Figura 2).

FIGURA 2 Correspondência entre CNAE 2.0 e ISIC rev.2

Dessa forma a correspondência foi feita adotando-se o seguinte procedimento:

1. Listagem de todos os setores industriais do banco de dados de 2008/2009

2. Correspondência da classificação CNAE 2.0 � CNAE 1.0

3. Correspondência entre CNAE 1.0 � ISIC rev. 2.

CNAE 2.0 •22.14-4 Edição de discos, fitas e outros materiais gravados

•22.15-2-Edição de livros, revistas e jornais

•22.16-0 Edição e impressão de livros

•22.17-9 Edição e impressão de jornais

•22.18-7 Edição e impressão de revistas

•22.19-5 Edição; edição e impressão de outros produtos

ISIC rev. 2

3420 - Printing, Publishind and allied

industries

35

A etapa 2 só foi possível, porque a correspondência entre o sistema de

classificação antigo e o atual está disponível no site da Comissão Nacional de

Classificação (CONCLA).

Para uma maior clareza na apresentação dos resultados, todas as indústrias foram

agrupadas de acordo com a classificação resumida da CNAE 1.0, obtida de Moreno (2005)

e apresentada no Anexo 3.

3.2.4 Cálculo do potencial de poluição

O potencial poluidor industrial é a razão entre o coeficiente de intensidade

poluição do IPPS e uma medida da atividade industrial (Tabela 2). Essa medida poderá ser

o valor de produção industrial ou o número de empregados

Nesta dissertação optamos por trabalhar com o número de empregados, por ser

um valor mais facilmente obtido e por não necessitar de nenhum ajuste, como ocorreria no

caso do emprego do valor de produção. Como essa metodologia foi criada em 1987 os

valores de produção datam desse período. Para adequação a realidade brasileira seriam

necessários vários ajustes como os relativos a inflação e as variações da taxa de cambio do

período, o que dificultaria a execução dessa dissertação.

TABELA 2. Cálculo da intensidade de poluição

CNAE 1.0 Descrição atividade - CNAE

ISIC Rev. 2

N° Empregados Coeficiente do potencial de poluição*

DBO 2411 Fabricação de cloro e

álcalis 3511 1200 1.255.449

libras/ano

DBO- Demanda Bioquímica de Oxigênio

Coeficiente do potencial de poluição*- para cada 1000 empregados

36

� Calculando o potencial de poluição para DBO de acordo com a tabela:

(1.255.449) ÷ (1000) x 1200 = 1.506.538 libras** / DBO ano

** 1 libra = 453,59 x 10-6 toneladas

A indústria de Fabricação de cloro e álcalis do exemplo anterior tem o potencial

para emitir 1.506.538 libras/DBO por ano.

3.2.5 Indicadores de poluição

Os indicadores ou parâmetros de poluição da água utilizados nesta dissertação

foram: demanda bioquímica de oxigênio, sólidos totais em suspensão, metais tóxicos da

água e tóxicos da água, medidos em t/ano.

3.2.5.1 Demanda bioquímica de oxigênio (DBO)

A DBO é a quantidade de oxigênio consumida por microorganismos durante um

período de cinco dias, em uma temperatura de 20°C. Este indicador de poluição é

largamente utilizado, dado a importância do oxigênio dissolvido dentro dos ecossistemas

aquáticos.

Os poluentes orgânicos, ao atingirem um corpo hídrico, são oxidados

naturalmente por microorganismos. A demanda biológica gerada pela decomposição de

poluentes remove o oxigênio da água. Este evento compromete os organismos adaptados a

um alto nível de oxigênio e favorece a proliferação de outros.

Baixas concentrações de oxigênio dissolvido permitem que patógenos causadores

de doenças sobrevivam mais tempo na água. Surtos de doenças como diarréia e cólera são

muito comuns em comunidades que possuem contato direto com essas águas. Isto ocorreu

37

na Nigéria, em Outubro de 2009, ocasião em que mais de 200 pessoas morreram de cólera,

após o contato com água contaminada.

Os poluentes orgânicos também aceleram o crescimento de determinados

organismos fotossintetizantes, sufocando outras espécies. A eventual morte e

decomposição desses organismos é outra fonte de consumo de oxigênio, além de causarem

um odor forte e escurecerem a água (HETTIGE et al.,1995).

3.2.5.2 Sólidos totais em suspensão (STS)

Os sólidos totais em suspensão são pequenas partículas de poluentes sólidos

presentes em águas de despejos. Em águas calmas essas partículas se depositam no lodo,

formando um cobertor, cobrindo plantas e microorganismos. O acúmulo de STS turva a

água, dificultando a realização da fotossíntese. A morte dos organismos fotossintetizantes

consome oxigênio e favorece a proliferação de patógenos, causando danos ao ecossistema

local.

3.2.5.3 Tóxicos da água (TA)

Os tóxicos da água são uma série de substâncias químicas liberadas nas emissões

industriais, nocivas aos seres humanos e a outros organismos. Seus efeitos podem ser

imediatos, logo após a exposição, ou em longo prazo, devido a bioacumulação via cadeia

alimentar. A relação dos poluentes listados pelo IPPS encontra-se no Anexo 1.

Essas substâncias entram contato com o homem de uma forma direta, como

ocorre durante a ingestão de água contaminada, ou de forma indireta, através do consumo

de alimentos contaminados. Os efeitos da intoxicação por substâncias químicas são

diversos e dependentes da dose de exposição. Podem ocorrer danos aos órgãos internos,

danos neurológicos, câncer, disfunções no aparelho reprodutivo e até a mesmo a morte. O

38

benzeno e os asbestos são exemplos dessas substâncias listadas pelo TRI, associadas

diretamente a leucemia e ao câncer de pulmão (HETTIGE et al.,1995).

3.2.5.4 Metais tóxicos da água (MTA)

Os metais tóxicos da água são aqueles potencialmente tóxicos, listados pelo TRI

no Anexo 1. Uma característica desses metais é a possibilidade de bioacumulação. A

bioacumulação faz que com pequenas concentrações desses metais na água tornem-se

maiores em organismos de topo de cadeia. Alguns desses metais podem ser convertidos

por bactérias para a forma orgânica, potencializando sua entrada para cadeia alimentar.

Uma vez disponíveis na cadeia alimentar esses metais provocam efeitos severos ao

ecossistema e são difíceis de serem eliminados.

Os metais também podem tornar-se disponíveis na água a partir da oxidação de

sedimentos contaminados. Alguns desses metais comumente encontrados em efluentes

indústrias são: mercúrio, chumbo, arsênio, cromo, cádmio, níquel e zinco.

3.2.6 Origem dos dados do levantamento industrial

Os dados industriais foram obtidos do Cadastro Industrial do Rio de Janeiro, da

Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN), referentes aos anos de 2005/2006 e

2008/2009.

A FIRJAN é a principal entidade de representação das indústrias do estado do Rio

de Janeiro, responsável pelo desenvolvimento e coordenação de estudos, pesquisas e

projetos que visem orientar ações de promoção industrial. O cadastro industrial é uma

publicação anual da FIRJAN e reúne informações sobre cerca de 9.000 indústrias de todo o

Estado do Rio de Janeiro, com dados sobre o número de empregados, setor de atividade,

CNPJ, razão social, telefone, endereço, web-site e e-mail.

39

3.2.7 Municípios integrantes

Foi realizado o levantamento de todas as empresas, independente do número de

funcionários e da atividade, que se localizavam nos municípios da bacia hidrográfica da

baía de Sepetiba.

É provável que nem todas as indústrias desses municípios despejem seus efluentes

em cursos d’água contribuintes a bacia da baía de Sepetiba. Contudo optamos por assumir

que isso ocorre dado a inviabilidade de precisar o local exato do lançamento dos efluentes

de cada uma das indústrias.

O município de Barra do Piraí, de acordo com SEMADS 2001, não integra a

bacia. Entretanto, esse município foi incluído nesta dissertação por constar no Comitê de

bacia hidrográfica do Guandu como integrante da região.

Como o município do Rio de Janeiro está apenas parcialmente inserido na bacia, a

inclusão de todos os estabelecimentos industriais da cidade superestimaria os resultados.

Assim, foram incluídos apenas os dados das empresas localizadas nos bairros de: Campo

Grande, Santa Cruz, Guaratiba e Ilha de Guaratiba. Estes bairros compreendem a porção

do Rio de Janeiro abrangida pela bacia hidrográfica de Sepetiba

40

3.3 Metodologia de campo

Para avaliar o valor de DBO e DQO (demanda química de oxigênio) na baía de

Sepetiba, foram feitas análises de água durante o ano de 2008. Foram identificadas

estações de amostragem, selecionadas visando cobrir toda a extensão da baía de Sepetiba e

dos seus principais canais. O objetivo desse procedimento foi avaliar se os resultados

obtidos com o método IPPS eram compatíveis com os resultados das análises. Assim,

foram selecionadas 9 estações:

� 4 estações nas margens da baía de Sepetiba: Ilha da Madeira, Itacuruçá,

Muriqui e Ibicuí. (Figura 3)

� 5 estações representando nos principais rios afluentes da baía de Sepetiba:

canal do Itá, Guandu Mirim, canal do São Francisco, rio Mazomba, rio Saí.

(Figura 4)

FIGURA 3. Estações de coleta inseridas na baía de Sepetiba

Legenda: 1- Ilha da Madeira, 2- Itacuruçá, 3- Muriqui, 4- Ibucuí Fonte: Santos,2007

Baía de Sepetiba

1 2 Ibicuí

� Muriqui

3

4

41

FIGURA 4 Estação de coleta dos Rios afluentes da baía de Sepetiba

Fonte: Paraquetti, 2007

Legenda: 1- Canal do Itá, 2- Canal do Guandu Mirim, 3- Canal de São Francisco, 4- Rio Mazomba, 5- Rio

Saí

As amostras de água foram coletadas manualmente, acondicionadas em recipiente

plástico e mantidas a 4°C até a chegada ao laboratório para análise. Dados referentes a

caracterização do local de coleta, coordenadas do ponto e temperatura da água são

apresentados no Anexo 4. Todas as amostras foram enviadas para o laboratório de

Engenharia do Meio Ambiente da UFRJ e analisadas de acordo o "Standard Methods for

the Water and Wastewater".

Ao total foram realizadas 3 coletas de amostras na região de estudo. A primeira

coleta ocorreu no dia 04/06/2008, realizada nas 4 estações situadas dentro da baía de

Sepetiba. A segunda coleta ocorreu no dia 22/08/2008 e a terceira no dia 22/10/2008, estas

realizadas nos rios afluentes da baía de Sepetiba.

5

42

3.4 Limitações metodológicas

Por se tratar de uma metodologia de estimativa de poluentes o IPPS apresenta

algumas limitações;

1. Os resultados obtidos não apresentam o valor efetivo de poluição industrial;

2. O uso de fatores de emissão, baseado nos dados industriais americanos da década

de 80, interfere na exatidão da estimativa;

3. Não há fatores de emissão para as indústrias extrativas, termelétricas e de produção

de álcool, tipologias importantes na matriz industrial brasileira ;

4. A medida de poluição com o número de empregados não considera inovações

tecnológicas no processo produtivo.

Com relação ao item 1, cabe ressaltar que o principal objetivo do IPPS não é

apresentar a quantidade exata de poluentes emitidos, e sim hierarquizar áreas mais poluídas

e tipologias industriais mais poluentes.

Com relação ao item 2, é importante considerar que o ranking de atividades

poluidoras é bastante similar entre os países, em função da natureza poluidora da atividade

industrial. O que justifica a utilização de dados provenientes das indústrias americanas.

43

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O levantamento do número de empresas foi realizado com dados do Cadastro

Industrial da FIRJAN.

Os Cadastros Industriais totalizaram um universo de:

� 362 empresas para o período de 2005/2006:

o 261 com dados completos

o 14 com dados incompletos

o 87 indústrias extrativas

� 590 empresas para o período de 2008/2009:

o 339 com dados completos

o 20 com dados incompletos

o 202 indústrias extrativas

Os dados incompletos correspondem às empresas cujas informações (número de

pessoal ocupado, classificação CNAE, entre outros) não constavam no cadastro,

impossibilitando os cálculos.

As indústrias do setor extrativo também foram excluídas, porque o IPPS não faz

estimativa para esse setor.

Todos os valores apresentados nos resultados e discussão se referem ao total de

indústrias com dados completos.

44

4.1 Resultados obtidos na avaliação de 2005/2006

Para o período de 2005/2006 estima-se que as indústrias dos municípios estudados

tenham gerado os potenciais poluidores apresentados no Quadro 3.

QUADRO 3. Número de indústrias e de funcionários e potencial de poluição industrial por

município

Município Número de Indústrias

Número de funcionários

DBO t/ano

STS t/ano

Tóxicos da água

t/ano

Metais Tóxicos da água

t/ano

Barra do Piraí 28 3028 11,2 23.056,6 44,0 3,2

Engenheiro Paulo de Frontin 7 538 0,1 54,5 0,4 0,0

Itaguaí 14 1254 5,8 5.719,0 12,4 0,8

Japeri 2 27 0,0 0,0 0,0 0,0

Mangaratiba 0 0 0,0 0,0 0,0 0,0

Miguel Pereira 2 32 0,0 0,0 0,1 0,0

Nova Iguaçu 103 6082 325,3 5.333,3 77,5 1,4

Paracambi 8 1314 0,1 1,8 0,2 0,0

Piraí 4 275 3,9 3,9 0,1 0,0

Queimados 9 1346 3,5 964,2 3,2 0,1

Rio Claro 1 160 0,2 6,4 0,3 0,0

Rio de Janeiro 70 7949 209,3 2.517,6 14,0 0,5

Seropédica 4 565 5,7 42,5 2,3 0,0

Vassouras 9 160 1,3 1,7 0,1 0,0

Total 261 22730 566,5 37.701,4 154,7 6,2

Observa-se que nem todos os municípios contribuíram para os potencias poluidores

estudados. No caso do potencial para metais tóxicos da água (MTA), apenas 5 municípios

foram responsáveis pelo total. O município de Barra do Piraí, com aproximados 10% do

total das indústrias, contribui mais para o potencial de metais tóxicos da água que o

município de Nova Iguaçu, com 39% do total das indústrias. Isto devido a localização das

indústrias com grande potencial para MTA em Barra do Piraí.

Esse resultado evidencia que Barra do Piraí possui grande potencial poluidor

industrial. Esse município é uma região onde o poder público pode concentrar esforços

para mitigar a poluição.

45

O município de Mangaratiba possuía apenas 1 empresa no cadastro, como os dados

não estavam completo, não foi possível calcular o potencial poluente.

Dos 18 setores industriais analisados (Quadro 4) os de: alimentos, metalúrgica, papel

e papelão, plásticos e borrachas, produtos de metal e química, apresentaram os maiores

potenciais de poluição. Estas 6 divisões correspondem a menos da metade do total dos

setores e a 51% do número de indústrias (135 indústrias).

QUADRO 4. Números de indústrias e de funcionários e potencial poluidor por setores

industriais

Setor Industrial Número de Indústrias

Número de funcionários

DBO t/ano

STS t/ano

Tóxicos da água

t/ano

Metais tóxicos

da água t/ano

Alimentos 23 4623 216,5 268,0 5,0 -

Couros 5 260 0,3 0,5 - -

Editorial e Gráfica 14 149 - - - -

Madeira 4 102 - - - -

Máquinas e Equipamentos 12 639 - 1,0 0,4 -

Material Elétrico 4 138 - - - -

Metalúrgica 16 3160 191,4 36.993,9 69,7 4,8

Minerais não-metálicos 30 1497 1,3 4 0,2 -

Mobiliário e diversos 14 445 0 44,3 0 -

Papel e papelão 6 648 11,8 11,8 0,3 -

Plásticos e borracha 19 1546 23,0 75,5 0,2 -

Produtos de metal 31 2365 2,1 61,1 5,7 0,4

Química 40 3513 119,7 240,5 72 1,0

Têxtil 5 1334 0,4 0,7 0,9 -

Transporte 1 18 0 0 0 -

Veículos Automotores 6 1501 0 0,1 0,3 -

Vestuário 31 792 - 0 - -

Total 261 22730 566,5 37.701,4 154,7 6,2

t = toneladas

Nota-se que são poucos setores que contribuem para as potenciais emissões. Os 6

setores com maiores potenciais poluentes devem ser priorizados em medidas de controle e

monitoramento.

46

Observa-se que os setores de: minerais não-metálicos, têxtil e de veículos

automotores não estão entre os 6 maiores poluidores potenciais, apesar de possuírem mais

de 1000 funcionários cada. Esse dado revela que não necessariamente uma empresa com

um grande número de funcionários terá o maior potencial poluidor.

4.1.1 Demanda bioquímica de oxigênio

As 261 indústrias da região têm o potencial para geração de 566,5 t/ano de DBO.

Os setores de alimentos, metalúrgico e químico respondem por 94% desse total (Figura 5).

Esses três setores somam 79 indústrias, isso quer dizer que 94% do total do potencial de

DBO é produzido por apenas 33% das indústrias da região. Esse dado demonstra que, uma

parcela pequena de indústrias é responsável por grande parte desse potencial.

FIGURA 5. Potencial de DBO por setor industrial

% de DBO por Setor Industrial

Metalúrgica

34%

Papel e papelão

2%

Plásticos e

borracha

4%

Química

21% Alimentos

39%

O setor de alimentos já foi apontado anteriormente como o principal responsável

pelo potencial poluidor de DBO. Moreno (2005) analisou o potencial poluidor industrial do

47

estado do Rio de Janeiro. Seus resultados demonstraram que 62% do potencial de DBO do

estado correspondiam às indústrias de alimentos e de bebidas.

As indústrias de alimentos geram efluentes ricos em material orgânico, que ao

serem despejados em corpos hídricos aumentam a DBO. Justificando ser esse setor o líder

do potencial poluidor para este parâmetro.

O município de Nova Iguaçu (NI) é responsável por 57% do total do potencial de

DBO da região (Figura 6). É neste município que se localizam 3 importantes indústrias,

em termos de geração de DBO, classificadas como fabricação de laticínios e bebibas

(CNAE 1.0: 1542-3 e 1591-1 ). Elas empregam juntas um total de 165 funcionários e, de

acordo com o IBGE, são indústrias de pequeno porte3.

FIGURA 6. Potencial de DBO por município

% de DBO por Município

Barra do Piraí

2%

Nova Iguaçu

58%

Queimados

1%

Rio de Janeiro

38%

Itaguaí

1%

3 Micro porte: até 19 funcionários; Pequeno porte: de 20 a 99 funcionários; Médio porte: de 100 a 499; Grande porte: acima de 499 Fonte: IBGE, 2001 IN MORENO, 2005.

48

Outras 2 indústrias de médio e grande porte do setor de alimentos (fabricação de

fubá e moagem de café, CNAE 1.0:1554-7 e 1571-7), também localizadas em NI, possuem

potencial poluidor, em toneladas/ano, abaixo de 0,2.

A diferença de DBO entre esses grupos industriais evidencia que, dentro do setor

de alimentos, há uma grande variação no potencial de emissão. Além disso, fica claro que

o porte da indústria não conferiu um maior potencial. Neste caso, o fator de peso foi a

classificação da atividade industrial. Fabricação de fubá e moagem de café geram efluentes

com menor DBO que a fabricação de laticínios e bebidas.

O município do Rio de Janeiro ficou em segundo lugar, com 37% do total do

potencial de DBO. Uma única empresa metalúrgica é responsável por 82% do potencial de

DBO desse setor. Esse resultado alerta para o fato de que a quantidade de resíduos

orgânicos produzidos pelo setor metalúrgico não deve ser desprezada.

4.1.2 Sólidos totais em suspensão

O total do potencial de STS das indústrias da região é de 37.701,4 t/ano. A

indústria metalúrgica é responsável por 98% desse potencial (Figura 7). Esse setor é

composto por 16 indústrias das quais apenas 2 de grande porte, 4 de médio e 10 de

pequeno porte.

O número de indústrias que integram esse setor é pequeno quando comparado a

sua parcela de contribuição para o potencial de STS. A identificação dessas indústrias

facilitará o controle e análise da emissão de efluentes.

Os resultados também revelam que apenas 1 indústria é responsável por 57% do

total do potencial de STS. Como essa indústria localiza-se no município de Barra do Piraí,

essa cidade foi a líder no potencial de STS (Figura 8).

49

FIGURA 7. Potencial de STS por setor industrial

% de STS por Setor Industrial

Alimentos

1%

Metalúrgica

98%

Química

1%

O município de Barra do Piraí é banhado pelo rio Paraíba do Sul, a noroeste da

baia de Sepetiba. É difícil precisar o local exato do despejo dos efluentes industriais.

Contudo, dado a proximidade de determinadas indústrias com alguns corpos hídricos é

bem provável que neste local haja algum tipo de contaminação.

FIGURA 8. Potencial de STS por município

% de STS por Município

Barra do Piraí

61%Itaguaí

15%

Nova Iguaçu

14%

Queimados

3%

Rio de Janeiro

7%

50

A indústria responsável pelo potencial de 57% de STS situa-se ao lado do rio

Paraíba do Sul, cujas águas foram desviadas para o rio Guandu. Dada a importância desses

Rios, para o abastecimento, lazer, renda e alimentação da população, é importante que haja

análises para uma avaliação precisa da situação daquele ambiente.

4.1.3 Tóxicos da água (TA)

O total do potencial de emissão de tóxicos da água emitido pelas indústrias da

região é de 154,7 t/ano. As indústrias dos setores químico e metalúrgico somam 93% do

total do potencial de TA (Figura 9). Dado semelhante foi encontrado por Moreno (2005),

seus resultaram demonstraram que 89% do total dos TA do estado do Rio de Janeiro,

correspondia a esses 2 setores.

FIGURA 9. Potencial de TA por setor industrial

% TA por setor Industrial

Alimentos

3%

Metalúrgica

46%

Produtos de metal

4%

Química

47%

51

Das indústrias químicas apenas 1 indústria, de fabricação de produtos

petroquímicos básicos ( CNAE 1.0: 2421-0), responde por 46% do total do potencial de

TA deste setor.

As indústrias do setor químico possuem em seu processo produtivo substâncias

tóxicas, presentes também em seus efluentes.

O município de Nova Iguaçu produz 52% do potencial de tóxicos da água.

(Figura 10). Analisando as indústrias desse município verifica-se que apenas 1 indústria

do setor químico é responsável por 42% do total de TA da cidade.

FIGURA 10. Potencial de TA por município

% de TA por Município

Barra do Piraí

29%

Itaguaí

8%Nova Iguaçu

52%

Queimados

2%

Rio de Janeiro

9%

Esse resultado evidencia uma região com grande potencial poluidor.

Considerando a proximidade do município de Nova Iguaçu com o rio Guandu e dado a

importância desse rio, abastece 85% da cidade do Rio de Janeiro, é fundamental que sejam

adotadas medidas de controle e fiscalização nesse local.

52

Barra do Piraí é o segundo município com maior potencial poluidor da bacia

hidrográfica de Sepetiba , com 29% do total de tóxicos da água. Nessa região, apenas 1

indústria metalúrgica é responsável por 70% do potencial de TA do município.

4.1.4. Metais tóxicos da água

O total do potencial de metais tóxicos da água das industrias região é de 6,2 t/ano.

Em saúde pública esse parâmetro merece uma atenção especial devido ao efeito

bioacumulativo dos metais. A exposição e/ou ingestão prolongada desses metais (Anexo1),

ainda que em baixas concentrações, pode ocasionar severos efeitos a saúde (descritos no

item 2.3)

Os setores metalúrgico e químico respondem juntos por 94% do total do potencial

dos metais tóxicos da água (Figura 11). Do setor químico apenas 1 empresa de médio

porte é responsável por 65% do total de MTA desse setor.

FIGURA 11. Potencial de MTA por setor industrial

% de MTA por Setor Industrial

Metalúrgica

78%

Produtos de metal

6%

Química

16%

53

Analisando as 16 indústrias metalúrgicas, verifica-se que esse potencial é dividido

entre apenas 5 empresas de médio porte.

Apenas dois municípios, Barra do Piraí e Nova Iguaçu, são responsáveis por 87%

do total do potencial de MTA da bacia hidrográfica (Figura 12). Essa é uma região com

grande potencial poluidor, que deve ser priorizada na implementação de medidas

mitigadoras por parte das autoridades competentes.

FIGURA 12. Potencial de MTA por município

% de MTA por Município

Barra do Piraí

54%

Itaguaí

13%

Nova Iguaçu

23%

Queimados

2%

Rio de Janeiro

8%

54

4.2 Resultados obtidos na avaliação de 2008/2009

Alguns municípios contribuíram para quase totalidade dos potencias poluidores

estudados. Assim como em 2005/2006, em 2008/2009 o município de Barra do Piraí se

destaca como líder no potencial de emissão de STS e MTA (Quadro 5).

QUADRO 5. Número de indústrias e de funcionários e potencial de poluição industrial por

município

Município

Número de

Indústrias Número de

funcionários DBO t/ano

STS t/ano

Tóxicos da água

t/ano

Metais Tóxicos da água

t/ano

Barra do Piraí 65 6204 38,5 49.963,8 92,2 6,5

Engenheiro Paulo de Frontin 9 1108 2,6 668,0 2,7 0,0

Itaguaí 13 949 6,0 3.339,6 7,4 0,5

Japeri 9 478 4,2 502,1 3,0 0,0

Mangaratiba 0 0 0,0 0,0 0,0 0,0

Miguel Pereira 6 135 36,5 5,4 0,2 0,0

Nova Iguaçu 110 7662 245,3 4.625,4 19,5 1,0

Paracambi 11 1481 4,6 2,9 0,1 0,0

Piraí 9 1825 954,2 3.218,0 83,9 0,6

Queimados 9 1008 0,6 1,0 0,2 0,0

Rio Claro 1 5 0,0 0,0 0,0 0,0

Rio de Janeiro 81 8391 204,2 4.4537,4 87,4 6,1

Seropédica 4 462 27,0 42,5 20,6 0,2

Vassouras 12 290 1,2 1,9 0,1 0,0

Total 339 29998 1525,0 106.908,0 317,3 15,0

Com exceção do potencial de DBO, todos os outros potenciais aumentaram. Embora

esse aumento fosse esperado, dado o maior número de indústrias e funcionários, alguns

resultados foram muito expressivos. Por exemplo, o total de potenciais emissões de STS

passou de 37.701 t/ano em 2005/2006, para 106.908 t/ano em 2008/2009. Isso corresponde

a mais que o triplo, enquanto que o número de indústrias não chegou ao dobro (Quadro 6).

55

QUADRO 6. Números de indústrias e de funcionários e potencial poluidor por setor

industrial

Setor Industrial

Número de

Indústrias Número de

funcionários DBO t/ano

STS t/ano

Tóxicos da água

t/ano

Metais tóxicos da

água t/ano

Alimentos 57 2916 233,6 192,5 2,1 0,0

Couros 5 233 0,2 0,5 0,0 0,0

Editorial e gráfica 17 179 0,0 0,0 0,0 0,0

Equipamentos de precisão 2 20 0,0 0,0 0,0 0,0

Informática 1 100 0,0 0,0 0,0 0,0

Madeira 4 106 0,0 0,0 0,0 0,0

Máquinas e equipamentos 12 751 0,0 1,4 0,4 0,0

Material elétrico 1 25 0,0 0,0 0,0 0,0

Metalúrgica 16 7923 197,7 102173,5 186,2 13,5

Minerais não-metálicos 53 2532 1,5 2,8 0,4 0,0

Papel e papelão 7 1238 953,5 3214,6 83,2 0,5

Plásticos e borracha 25 3555 66,0 102,3 0,6 0,1

Produtos de metal 27 1908 1,2 35,2 5,0 0,2

Química 48 4367 70,8 1184,4 38,5 0,7

Têxtil 5 1941 0,1 0,7 0,6 0,0

Transporte 5 128 0 0 0,1 0

Veículos automotores 3 1052 0,0 0,1 0,2 0,0

Vestuário 51 1014 0,0 0,0 0,0 0,0

Total 339 29988 1524,6 106908,0 317,3 15,0

Analisando os resultados de 2005/2006 e 2008/2009 é possível constatar que

nenhuma das indústrias incluídas no último período é responsável por esse aumento

expressivo no potencial de STS. Entretanto, observa-se que a indústria líder em emissão de

STS em 2005/2006, duplicou o número de funcionários em 2008/2009. Logo, dobrou

também o potencial de emissão de STS.

Como essa indústria é do setor metalúrgico os potenciais de MTA e TA também

foram afetados pelo seu crescimento. Essa indústria requer bastante atenção pelo seu

potencial poluidor, pelo seu porte e por sua proximidade com a baía de Sepetiba. Seu

56

processo produtivo emprega metais altamente tóxicos, com o potencial de causar danos

irreparáveis ao ecossistema. É fundamental que haja controle e fiscalização constante, para

que os impactos de sua implantação no local sejam mitigados.

Paraquetti (2007) verificou que a baía de Sepetiba recebe mercúrio do continente,

principalmente nas estações de chuva. Outros autores também já constataram a presença de

metais como chumbo, cobre e cádmio na baía de Sepetiba (Paraquetti, 2007; Molissani,

2004). A indústria metalúrgica pode ser uma das responsáveis pela presença desses metais,

uma vez que estes são empregados em seu processo produtivo.

4.2.1 Demanda bioquímica de oxigênio

Para o período de 2008/2009 as indústrias da bacia hidrográfica baía de Sepetiba

geraram um potencial de DBO de 1524 t/ano.

Comparando os 2 períodos de estudo, nota-se que houve uma diferença no padrão do

potencial de emissão de DBO. Em 2005/2006 o setor de papelão respondeu por 2% do

potencial de DBO, em 2008/2009 esse valor subiu para 63% (Figura 13).

FIGURA 13. Potencial de DBO por setor industrial

% de DBO por Setor Industrial

Alimentos

15%

Metalúrgica

13%

Papel e papelão

63%

Plásticos e

borracha

4%

Química

5%

57

Analisando as indústrias do setor de papelão nota-se que em 2008/2009 houve a

inclusão de 1 empresa de fabricação de papel (CNAE 2.0: 1721-4/00). Essa empresa

responde por 98% da diferença do potencial de DBO dos períodos.

Como a data de implantação dessa indústria no município de Piraí é anterior a 2005,

o aumento no potencial de DBO para o setor de papel e papelão pode ser questionado. É

provável que em 2005 essa empresa tivesse um menor número de funcionários, já que a

mesma passou por um processo de reestruturação em 2007. Assim, o setor de alimentos se

manteve líder em 2005/2006. Para a construção precisa do histórico do potencial de

emissão de DBO, esse fato requer estudos mais aprofundados.

Para o setor de alimentos não houve muita variação no potencial de DBO entre os

períodos. Em 2005/2006 o setor tinha o potencial de 216,5 t/ano e em 2008/2009 de 233,6

t/ano. O número de indústrias aumentou, porém o numero de funcionários do setor

diminuiu. Os avanços tecnológicos podem ter sido um dos fatores que contribuíram para

esse fato, com a automatização de algumas funções.

O município de Piraí foi o maior responsável pelo total de potenciais emissões de

DBO (Figura 14). Isto porque a indústria de papel e papelão situa-se nesse município.

Nova Iguaçu, antes em 1º lugar, agora aparece em 2º, com a diminuição de 100 t/ano.

A potencial emissão de 1524 t /ano de DBO é um dado muito importante. Cabe

ressaltar que outra fonte importante de DBO é a matéria orgânica oriunda do esgoto

doméstico. Como os municípios da região não têm sistema de saneamento, o lançamento

do esgoto geralmente ocorre no corpo hídrico mais próximo, aumentando ainda mais a

DBO.

58

FIGURA 14. Potencial de DBO por município

% de DBO por Município

Barra do Piraí

3%Nova Iguaçu

17%

Piraí

66%

Rio de Janeiro

14%

4.2.2 Sólidos totais em suspensão

O potencial de STS aumentou entre os 2 períodos de estudo, item 4.2. O setor

metalúrgico permaneceu como o principal emissor potencial de STS, com 96% do total

(Figura 15).

FIGURA 15. Potencial de emissão de STS por setor industrial

% de STS por Setor Industrial

Metalúrgica

96%

Papel e papelão

3%

Química

1%

59

Barra do Piraí permanece como líder no potencial de STS, para 2008/2009 o valor

total de emissões desse município superou o dobro do período de 2005/2006 (Figura 16).

A empresa do setor metalúrgico, citado no item 4.2., foi a responsável pelo aumento das

potenciais emissões de STS nessa região.

FIGURA 16. Potencial de emissão de STS por setor município

% de STS por Município

Barra do Piraí

48%

Nova Iguaçu

4%

Piraí

3% Itaguaí

3%

Rio de Janeiro

42%

Os municípios de Nova Iguaçu, Itaguaí, Queimados, Rio Claro, Seropédica e

Vassouras tiveram uma redução no total de STS, sendo esta mais expressiva para os 3

primeiros municípios.

4.2.3 Tóxicos da água

O total do potencial de tóxicos da água gerado pelas indústrias dos municípios da

bacia hidrográfica de Sepetiba é de 317,3 t/ano.

60

O setor metalúrgico continua liderando o potencial de emissão de TA (Figura

12). Com aumento de 69,7 t/ano em 2005/2006 para 186,2 t/ano em 2008/2009. Esse

aumento é devido ao crescimento da indústria metalúrgica citada no item 4.2.

FIGURA 12. Potencial de TA por setor industrial

% de TA por Setor Industrial

Metalúrgica

59%

Papel e papelão

27%

Produtos de metal

2%

Química

12%

Um dado interessante é que a indústria com o maior potencial de TA é do setor de

papel e papelão e não metalúrgico. A indústria citada no item 4.2.5, é responsável pelo

aumento das potenciais emissões de TA, para este setor.

Os municípios de Barra do Piraí, Rio de Janeiro e Piraí são responsáveis por 90%

do total das potenciais emissões de TA (Figura 13).

O município de Nova Iguaçu, apesar de ter aumentado o número de indústrias e

de funcionários, reduziu o potencial de TA em mais de 50%. Essa redução deve-se ao fato

61

que a indústria com maior potencial para TA, em Nova Iguaçu, não está no cadastro de

2008/2009, somente no de 2005/2006. Assim essa redução não deve expressar a realidade.

FIGURA 13. Metais tóxicos da água por município

% de TA por Município

Barra do Piraí

31%

Itaguaí

3%

Nova Iguaçu

7%Piraí

29%

Rio de Janeiro

30%

4.2.4 Metais tóxicos da água

O total do potencial de metais tóxicos da água das indústrias da região é de 15

t/ano. Esse valor foi maior do que dobro do período de 2005/2006.

O setor metalúrgico permanece como líder nas potenciais emissões de MTA

(Figura 14). O crescimento de uma indústria desse setor foi responsável pelo aumento do

potencial de MTA para esse período.

O município do Rio de Janeiro, com 6,1 t/ano, divide com Barra do Piraí, com

6,5t/ano, a liderança de potencial MTA (Figura 15). Nota-se que o Rio de Janeiro

aumentou seu potencial em 6 vezes, em relação a 2005/2006. O crescimento de uma

indústria metalúrgica também foi responsável por esse aumento.

62

Os bairros do Rio de Janeiro analisados, estão localizados no entorno da baía de

Sepetiba. Os rios que cortam essa região exercem uma grande influencia na baía. Muitos

desses corpos hídricos (rio São Francisco, rio Guandu, rio Guandu-Mirim) atravessam

zonas industrias estudadas nessa dissertação.

FIGURA 14. Potencial de MTA por setor industrial

% de MTA por Setor Industrial

Metalúrgica

92%

Papel e papelão

3%

Química

5%

FIGURA 15. Potencial de MTA por setor município

% de MTA por Município

Barra do Piraí

44%

Itaguaí

3%

Nova Iguaçu

7%

Piraí

4%

Rio de Janeiro

41%

Seropédica

1%

63

4.3 Resultados obtidos na coleta de dados em campo

Como forma de avaliar a degradação dos corpos hídricos da região por material

orgânico, foram feitas análises de DBO. Embora esse parâmetro esteja bastante associado a

presença de esgoto doméstico,a poluição industrial pode contribuir para o aumento de

DBO. Como demonstrado, alguns setores industriais como alimentos e papel e papelão,

possuem efluentes ricos em material orgânico.

A presença de metais na água e principalmente nos sedimentos também é um

forte indicativo de poluição industrial. Diversos setores industriais possuem efluentes ricos

em metais. Esses metais se depositam e se acumulam nos sedimentos, principalmente nos

locais de menor circulação de água. Análises desses sedimentos podem indicar a presença

desses metais e sua disposição ao longo do tempo, revelando poluições mais antigas.

Outros estudos serão feitos a partir dessas análises.

A primeira coleta de realizada em 04/06/2008 todos os pontos amostrados

excederam muito os limites de DBO estabelecidos pela resolução CONAMA 357/20054

(Quadro 9). As quatro estações de amostragem situavam-se dentro da baía de Sepetiba

Na Ilha da Madeira e em Itacuruça o contato com a água é secundário5, para esse

tipo de atividade resolução estabelece o limite de DBO em 5mg/L (classe 2). Observa-se

que os valores encontrados ultrapassam em mais de 20 vezes o permitido Para essas 2

estações de coleta a influência de esgoto doméstico pode ter sido grande, dado a

proximidade com canais de lançamento direto.

4 Resolução CONAMA 357/2005 - Dispõe sobre a classificão dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. 5 recreação de contato secundáio: refere-se aquela associada a atividades em que ocontato com a água é esporádico ou acidental e a possibilidade de ingerir água é pequena, como na pesca e na navegação (tais como iatismo);

64

QUADRO 9. Resultados de DBO obtidos na coleta de campo realizada em 04/06/2008

1. Ilha da Madureira 2. Itacuruça 3. Ibicuí 4. Muriqu

Em Ibicuí e Muriqui o contato com a água é primário6. O local é largamente

utilizado por banhistas. Para esse tipo de atividade o limite permitido pela resolução é de

3mg/L. Novamente nota-se que os resultados encontrados ultrapassam esses valores.

Os resultados obtidos das coletas realizadas nos canais contribuintes a baía de

Sepetiba também revelaram valores de DBO bem maiores dos que os permitidos pela

resolução CONAMA 357/2005 (Quadros 10 e 11).

QUADRO 10- Resultados de DBO obtidos na coleta de campo realizada em 22/08/2008

1. Canal do Itá 2. Guandu Mirim 3. Canal de São Francisco 4. Rio Mazomba 5. Rio Saí

6 Recreação de contato primário: contato direto e prolongado com a água (tais como natação, mergulho, esqui-aquático) na qual a possibilidade do banhista ingerir água é elevada.

65

QUADRO 11- -Resultados de DBO obtidos na coleta de campo realizada em 22/10/2008

1. Canal do Itá 2. Guandu Mirim 3. Canal de São Francisco 4. Rio Mazomba 5. Rio Saí

A primeira estação de coleta dos rios efluentes da baía de Sepetiba foi o canal do

Itá. Esse canal atravessa o bairro de Santa Cruz, drenando uma área total de 69km2. Neste

bairro se localizam importantes indústrias, identificadas neste trabalho, com grande

potencial para DBO e tóxicos da água. Além dos despejos de esgoto doméstico, é possível

que a poluição industrial contribua para esse resultado.

A segunda estação de coleta dos rios efluentes da baía de Sepetiba foi rio Guandu

Mirim. Esse rio apresentou o maior valor de DBO dos rios estudados, 226mg/L. Esse rio

nasce na Serra do Mendanha e corta a região industrial de Campo Grande e Santa Cruz, no

total de 40,5km, até desaguar na baía de Sepetiba. Esse rio recebe diversos pontos de

lançamento de esgoto doméstico, facilmente observado no trecho da Avenida João XXIII

em Santa Cruz. Ao longo do seu trajeto o rio recebe águas de afluentes como os rios

Capenga e Campinho. Por atravessar regiões industriais de grande importância é muito

provável que esse rio carreie diversos poluentes industriais.

66

A terceira estação de coleta dos rios efluentes da baía de Sepetiba foi o canal do

de São Francisco. Esse canal é um dos mais importantes da região, alcançando até 90m3/s

de vazão (SEMADS, 2001), e recebe águas do rio Guandu, cuja bacia possui 1395km2

(Anexo 5 e 6). Esse canal margeia diversas áreas de agricultura, e mais próximo a baía de

Sepetiba atravessa o distrito industrial de Santa Cruz. A baixa concentração de DBO

encontrada nesse canal pode ter sido influenciada pela alta vazão. Além disso, não havia

habitações próximas ao local de coleta, o que minimiza a contribuição do esgoto doméstico

nos níveis de DBO.

Uma opção, para a avaliar a poluição industrial, é analisar o sedimento quanto a

presença de metais. Gomes (2009) verificou a presença de metais como zinco, titânio,

manganês, nos sedimentos próximos a desembocadura do canal de São Francisco na baía

de Sepetiba.

A quarta estação de coleta dos Rios efluentes da baía de Sepetiba foi o rio

Mazomba. Esse rio drena 96km2, banhando o município de Itaguaí. Próximo sua a foz

localiza-se a Cia mercantil Ingá. É evidente que pelo histórico dessa Cia este rio carreie

metais para a baía de Sepetiba. O valor de DBO encontrado demonstra que naquele trecho

as águas do rio ainda se encontram em condições de balneabilidade. .

A quinta estação de coleta dos Rios efluentes da baía de Sepetiba foi o rio Saí .

Esse rio nasce na Serra Piloto, tem um curso de água de 8,5km até desaguar na baía de

Sepetiba, no município de Mangaratiba. A quantidade de DBO encontrada no ponto de

coleta evidencia que a água é imprópria para contato primário e secundário. Embora o

banho na região seja freqüente. A associação com efluentes industriais não foi possível de

ser realizada dado que o potencial poluidor de Mangaratiba não pode ser calculado.

67

5. CONCLUSÃO

Foram identificados os principais setores industriais e municípios responsáveis

pela potencial emissão de poluentes das indústrias da bacia hidrográfica da baía de

Sepetiba. Os resultados indicaram que poucos setores industriais são responsáveis por

grande parte do potencial poluidor. E, ainda, que esses setores são constituídos por um

número reduzido de indústrias.

A estimativa do potencial poluidor industrial é uma ferramenta operacional, que

pode ser utilizada na tomada de decisões voltadas para a otimização do gerenciamento dos

recursos hídricos. A identificação de setores e regiões com grande potencial poluidor,

possibilita ao poder público concentrar esforços com o monitoramento e controle

ambiental, nas zonas críticas de poluição.

O principal objetivo da metodologia do IPPS é identificar zonas críticas de

poluição, ranquear os setores industriais mais poluentes e os poluentes mais críticos.

O cadastro industrial utilizado foi uma dificuldade enfrentada para a realização

desse estudo. As informações foram obtidas para cada indústria individualmente, gerando

um trabalho minucioso para a elaboração da listagem completa das indústrias.

Como essa metodologia emprega primariamente dados industriais, é fundamental

que o cadastro esteja atualizado e correto. A exclusão de 1 única unidade industrial pode

gerar resultados distorcidos da realidade. Situação que ocorreu no período de 2005/2006,

com a ausência de uma indústria de papel e papelão.

O setor industrial influencia mais no potencial dos poluentes gerados que o porte

da indústria. Uma indústria de grande porte pode contribuir menos para a geração de

poluentes do que uma de grande porte. Para MTA, TA e STS os setores metalúrgico e

68

químico foram os principais geradores. Já para DBO destacou-se os setores de alimentos e

papel e papelão.

Os resultados das análises de campo evidenciaram a degradação dos corpos

hídricos pelo elevado nível de DBO. Análises dos sedimentos, quanto a presença de

metais, podem evidenciar melhor a influencia dos despejos industriais.

Ajustes na metodologia IPPS, como a inclusão de algumas tipologias podem

facilitar a identificação de áreas e indústrias críticas em termos de potencial poluidor. O

monitoramento e controle da poluição industrial seriam, então, direcionados para estas

áreas e indústrias, com repercussões significativas para o ambiente e para a saúde pública.

A geração e a difusão desse tipo de conhecimento poderão aprimorar instrumentos

de política e de gestão ambiental, compatíveis com as exigências do desenvolvimento

sustentável. O diagnóstico do comportamento dos setores produtivos da bacia hidrográfica

da baía de Sepetiba, pode ser utilizado por instituições interessadas na formulação de

estratégias de mitigação.

Os resultados evidenciaram zonas e indústrias críticas, com grande potencial

poluidor, que devem ser priorizados nas ações de fiscalização.

69

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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79

ANEXOS

80

Anexo 1 - Mapa das Regiões Hidrográficas do Estado Rio Janeiro

81

Anexo2 – Lista poluentes descritos no TRI

82

83

84

85

86

87

88

89

90

Nota - m: metais

91

Anexo 3 - Descrição abreviada da Classificação Nacional de Atividades Econômicas

Código da divisão

Descrição da divisão CNAE Abreviação da divisão CNAE

15 Fabricação de Produtos Alimentícios e Bebidas Alimentos

16 Fabricação de Produtos do Fumo Fumo

17 Fabricação de Produtos Têxteis Têxtil

18 Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios Vestuário

19 Preparação de Couros e Fabricação de Artefatos de Couro, Artigos de Viagem e Calçados

Couros

20 Fabricação de Produtos de Madeira Madeira

21 Fabricação de Celulose, Papel e Produtos de Papel Papel e papelão

22 Edição, Impressão e Reprodução de Gravações Editorial e Gráfica

23 Fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e produção de álcool

Refino de Petróleo

24 Fabricação de Produtos Químicos Química

25 Fabricação de Artigos de Borracha e Plástico Plásticos e borracha

26 Fabricação de Produtos Minerais Não-Metálicos Minerais Não-metálicos

27 Metalurgia Básica Metalúrgica

28 Fabricação de Produtos de Metal-Exclusive Máquinas e Equipamentos

Produtos de Metal

29 Fabricação de Máquinas e Equipamentos Máquinas e Equipamentos

30 Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática

Informática

31 Fabricação de Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos Material Elétrico

32 Fabricação de Material Eletrônico e de Aparelhos e Equipamentos de Comunicações

Material Eletrônico e Comunicações

33 Fabricação de Equipamentos de Instrumentação Médico - Hospitalares, Instrumentos de Precisão e Ópticos, Equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios

Equipamentos de precisão

34 Fabricação e Montagem de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias

Veículos Automotores

35 Fabricação de Outros Equipamentos de Transporte Transporte

36 Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas Mobiliário e Diversas

37 Reciclagem Reciclagem Fonte: Moreno, 205

92

Anexo 4 - Dados descritivos referentes a coleta de campo realizadas em: 04/06/2008, 20/08/2008 e 22/10/2008

No da

Amostra

Local

Data hora

Coordenada GPS

Temperatura da água

1 Ilha da Madeira

OBS. Água

escura, lodosa

04/06/2008

9h40min

33m elevação

S 22º 55´02.8´´

HO 43º 50´54.9´´

20 ºC

2 Itacuruça

OBS: prox a saída dos barcos

Água escura

04/06/2008

10h30min

2m elevação

S 22º 55´48.7´´

HO 43º 54´29.7´´

21ºC

3 Muriqui

OBS:Prox. Iate Clube

Água turva

04/06/2008

11hs

3m elevação

S 22º 55´36.3´´

HO 43º 57´ 00´´

24ºC

4 Ibicuí

OBS: águas claras

04/06/2008

11h40min

10m elevação

S 22º 57´44´´

HO 44º 01´31´´

23ºC

93

No da

Amostra

Local

Data hora

Coordenada GPS

Temperatura da água

1 Canal do Itá Sta Cruz Av João XXIII

Completamente

Degradado

20/08/2008

9h24min

Elevação: -3m S 22º 54´32.7´´ H0: 43º 41´43´´

21ºC

2 Guandu Mirim

Completamente degradado

9h48min Elevação: 7m

S 22º 54´19.8´´ HO 43º 42´36.2´´

23ºC

3 Canal do São Francisco

Plantação de coqueiros as

margens

10h03min Elevação: -1m S 22º 53´02.8´´ HO 43´02.8´´

21ºC

4 Rio Mazomba Itaguaí/ Face Oeste Ilha da

Madeira

Assoreado

10h38min Elevação: 6m

S 22º 52´11.7´´ HO 43º 48´23.1´´

24ºC

5 Rio Saí Praia do Saí/ Mangaratiba

Desembocadura

da baía

11h20min Elevação: 2m

S 22º 56´30.3´´

HO 44º 00´15.0´´

24ºC

94

No da

Amostra

Local

Data hora

Coordenada GPS

Temperatura da água

1 Canal do Itá Sta Cruz Av João XXIII

22/10/2008

09h55min

Elevação: -3m S 22º 54´32.7´´ H0: 43º 41´43´´

21º C

2 Guandu Mirim

Completamente degradado

10h18min Elevação: 7m

S 22º 54´19.8´´ HO 43º 42´36.2´´

20º C

3 Canal do São Francisco

Plantação de coqueiros as

margens

10h52min Elevação: -1m S 22º 53´02.8´´ HO 43´02.8´´

19º C

4 Rio Mazomba Itaguaí/ Face Oeste Ilha da

Madeira

Assoreado

11h24min Elevação: 6m

S 22º 52´11.7´´ HO 43º 48´23.1´´

23º C

5 Rio Saí Praia do Saí/ Mangaratiba

Desembocadura

da baía

12h19min Ponto 31

20º C

95

Anexo 5 - Mapa localização da bacia dos rios Guandu, Guarda e Guandu Mirim

96

Anexo 6 - Mapa de localização das sub-bacias dos rios Guandu, Guarda e Guandu Mirim

97