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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO ROSELENE MENEZES ALELUIA DE OLIVEIRA FORMAÇÃO PARA A DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR: A OPINIÃO DE ALUNOS SOBRE UM CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSU SÃO PAULO/SP 2013

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO

ROSELENE MENEZES ALELUIA DE OLIVEIRA

FORMAÇÃO PARA A DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR:

A OPINIÃO DE ALUNOS SOBRE UM CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

SÃO PAULO/SP

2013

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Ficha Elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID O48f

Oliveira, Roselene Menezes Aleluia de. Formação para a docência no ensino superior: a opinião de alunos sobre um curso de pós-graduação Lato Sensu. / Roselene Menezes Aleluia de Oliveira. --- São Paulo, 2013. 94p. Bibliografia Dissertação (Mestrado) – Universidade Cidade de São Paulo - Orientador: Profa. Dra. Ângela Maria Martins 1. Docência. 2. Ensino superior. 3. Pós-graduação Lato Sensu. 4. Formação de professor. I. Título.

CDD 378.12

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO

ROSELENE MENEZES ALELUIA DE OLIVEIRA

FORMAÇÃO PARA A DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR: A OPINIÃO DE ALUNOS SOBRE UM CURSO DE PÓS-

GRADUAÇÃO LATO SENSU

Dissertação apresentada ao Mestrado em Educação da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID) sob a orientação da Prof. Dra. Ângela Maria Martins, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Educação.

SÃO PAULO/SP 2013

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ROSELENE MENEZES ALELUIA DE OLIVEIRA

FORMAÇÃO PARA A DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR: A OPINIÃO DE ALUNOS SOBRE UM CURSO DE PÓS-

GRADUAÇÃO LATO SENSU

Dissertação apresentada ao Mestrado em Educação da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID) sob a orientação da Prof. Dra. Ângela Maria Martins, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Educação.

Área de concentração: Data da defesa: Resultado: _________________ BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Ângela Maria Martins _____________________________________ ORIENTADORA

Profa. Dra. Ecleide Cunico Furlanetto _________________________________ Banca examinadora

Profa. Sanny da Silva Rosa __________________________________________ Banca externa

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais (in memoria) Clemilton Aleluia e Maria Lídia M. Aleluia, por pautar minha vida com muito estudo e com respeito ao próximo. À minha família por tudo que representa para mim.

Aos meus filhos, Amanda e Cauê, razão da minha vida; pela compreensão de tantos momentos em que não pude lhes dar a atenção devida; pelo amor que nos une, fortalecido a cada amanhecer.

Ao meu marido Marçal André pelo companheirismo e apoio. Como também pela pessoa que é, e que me faz entender o sentido da família e de um lar.

Às mulheres importantes da minha vida que acompanharam e torceram por cada conquista, Maria Aparecida Pinto, Eliane Oliveira. Meu sincero carinho e admiração.

À bisavó Ibertina, uma das mulheres a quem mais admiro nesta vida,

que aos 94 anos, e, extremamente produtiva, é meu anjo de orações.

Rosilda Lima recomendada por minha mãe para não me deixar só na caminhada da vida. Uma guerreira a quem tenho elevada admiração.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, sempre presente em minha vida e o responsável pela emissão

de uma força divina e uma coragem onipresente que me impulsiona. À minha Orientadora, professora Dra. Ângela Maria Martins, que sempre

se mostrou cordial, fazendo as observações e as críticas pertinentes para o desenvolvimento e a execução da pesquisa.

A professora Ecleide pelo estímulo em sua aula no mestrado motivou-

me a pesquisar na área da carreira docente. A partir da leitura da sua obra, como nasce um professor?

À Miriam Bizzocchi, estatística da Fundação Carlos Chagas que auxiliou na tabulação dos dados. Aos professores do programa do mestrado em educação da Universidade da Cidade de São Paulo – UNICID, pela contribuição no conhecimento científico e incentivo na produção acadêmica.

Às minhas amigas, Daniella Pereira, Juliana Pereira e Lidiane nascimento pela grande ajuda no acesso às informações do Centro Universitário Cesmac. Sem boas e profundas amizades a vida não vale a pena.

À professora Valéria Cristina de Melo Lopes, minha eterna amiga, pela

oportunidade jamais esquecida. A principal motivadora para minha inserção na docência no ensino superior.

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LISTA DE ILUSTRAÇÃO

Figura 1 – Mapa do estado de Alagoas ............................................................ 47

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LISTA DE GRÁFICO

Gráfico 1 – Evolução do Número de Funções Docentes por Titulação – Brasil .................................................................................................................41

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Programas e ações do Estado brasileiro .................................38

Quadro 2 – Número de instituições de ensino superior em Alagoas ...........48

Quadro 3 - Cursos de pós-graduação ofertados e em andamento do CESMAC

..........................................................................................................................53

Quadro 4 - Demonstrativo de turmas ofertadas do curso de pós-graduação lato senso no Cesmac - Maceió........... ...................................................................56 Quadro 5 – Demonstrativo de turmas ofertadas do curso de pós-graduação lato senso no Cesmac- interior.........................................................................56

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição e Participação Percentual de Matrículas em Cursos de Graduação Presenciais por Região Geográfica ............................................... 41

Tabela 2 – Evolução da Participação Percentual da Titulação Docente por Categoria Administrativa (Pública e Privada) ................................................... 40

Tabela 3 - Evolução das Titulações Docentes por Organização Acadêmica – Brasil e Regiões .............................................................................................. 42

Tabela 4 - Distribuições de frequência de gênero dos sujeitos ........................60 Tabela 5 - Faixa etária dos alunos matriculados no curso ...............................61 Tabela 6 – Cursos de graduação dos alunos................................................... 61 Tabela 7 – Atuação profissional ......................................................................62 Tabela 8 - Estado civil .....................................................................................63

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LISTA DE SIGLAS

ACG – Avaliação dos Cursos de Graduação

AVALIES – Avaliação das Instituições de Educação Superior

CAPES - Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior

CNPq - Conselho Nacional de Pesquisa

CPA – Comissão Própria de Avaliação

ENADE - Exame Nacional de Desempenho de Estudantes

FAPEAL - Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Alagoas

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IGC - Índice Geral de Cursos

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

LDB - Lei de Diretrizes e Bases

MEC - Ministério da Educação

SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

SINAES - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

PDI - Plano de Desenvolvimento Institucional

TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

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RESUMO

A pesquisa apresenta como propósito discutir a opinião de professoras -

alunas egressas de um curso de pós-graduação lato sensu em formação para

a docência no ensino superior formação para docência do ensino superior -

sobre essa modalidade de aperfeiçoamento em sua trajetória profissional.

Procura, também, examinar possíveis contribuições dessa formação

continuada para a construção de uma opinião sobre o trabalho docente no

ensino superior. O estudo foi realizado no CESMAC, no município de Maceió.

Na primeira etapa foram examinados os aspectos pedagógicos e curriculares

do curso, identificando carga horária, dinâmica de funcionamento, disciplinas

ministradas; formas de avaliação; infraestrutura oferecida para a realização do

curso (tecnologias de informação). Analisou-se ainda o perfil dos alunos que

frequentaram o referido curso entre 2010 e 2011, identificando o gênero, a

formação inicial, a faixa etária que prevalece, a situação profissional e os

índices de evasão. Finalmente, foram realizadas entrevistas com duas alunas

egressas do referido curso e que ministram aulas no ensino superior.

O estudo aponta que a docência no ensino superior pode estar

relacionada a possibilidades de oferta do número de vagas no mercado de

trabalho privado. Porém, é necessário que o preenchimento dessas vagas não

seja apenas complementação de salários, ou ausência de opção de

empregabilidade em outras áreas. Em outros termos, é preciso que haja uma

conjugação de esforços – bons cursos iniciais, aliados à oferta de cursos de

pós-graduação lato sensu – tais como este aqui analisado – acompanhados,

porém, de forma mais rigorosa pelo MEC, para a construção de uma categoria

profissional reconhecida pela sociedade e respeitada.

Palavras-chave: docência no ensino superior; pós-graduação lato sensu; perfil do curso.

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ABSTRACT

The research shows a discussion of the opinion of teachers - students

who were in a post-graduation course in training for teaching in higher

education - about this kind of improvement in your career. It also seeks to

examine possible contributions of this continuing education to build up an

opinion about teaching in higher education. The study was conducted in

Cesmac in the city of Maceió. In the first step we examined the pedagogical and

curricular aspects of the course, identifying workload, dynamic operating

disciplines taught; ways of evaluation forms; infrastructure offered for having the

course (information technology). It was also analyzed the profile of the students

who attended that course between 2010 and 2011, identifying gender, initial

training, the predominant age group, professional situation and the dropout

rates. Finally, interviews were conducted with two ex-students of the referred

course and that teach in higher education.

The study indicates that teaching in higher education may be related to

possibilities of offering the number of vacancies in the private labor market.

However, it is necessary that the filling of these vacancies is not only for

supplementary wages or for the absence of others options of employability in

other areas. In other words, there must be a combination of efforts - good initial

courses, combined with the provision of post-graduate courses - such as that

analyzed here - accompanied, however, more rigorously way by the MEC for

formation a professional category recognized and respected by society.

Keywords: teaching in higher education, post-graduate courses, the course profile.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14

CAPÍTULO 1 - A PROFISSÃO DOCENTE À LUZ DA LITERATURA CIENTÍFICA .... 23

CAPÍTULO 2 - ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: EXPANSÃO E NORMATIZAÇÃO ......... 31

2.1 FONTES LEGAIS .................................................................................................. 31

2.2 DADOS SOBRE O ENSINO SUPERIOR .............................................................. 40

CAPÍTULO 3 - FORMAÇÃO PARA A DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR ..................... 47

3.1 CONTEXTO INSTITUCIONAL DO CURSO .......................................................... 47

3.2 PERFIL DO ALUNADO QUE PROCURA O CURSO DE FORMAÇÃO PARA

DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR ....................................................................... 60

CAPÍTULO 4 - A OPINIÃO DE ALUNAS EGRESSAS DO CURSO: a opção pelo

magistério no ensino superior ................................................................................... 64

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 78

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 85

APÊNDICE- QUESTIONÁRIO .................................................................................... 89

ANEXO I – RESOLUÇÃO N.1 DE 8 DE JUNHO DE 2007 .......................................... 91

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1 INTRODUÇÃO

O interesse pelo tema tratado neste estudo está ligado à minha história de

vida, mistura-se com as percepções do passado e presente. Filha de professores,

minha mãe, professora de história; meu pai, professor de língua portuguesa e, em

seguida, ingressou na carreira jurídica, mas comentava sempre que o trabalho

docente deu embasamento à carreira de procurador. Indiretamente, percorri a

mesma trajetória do meu pai, cursei Letras e logo depois Direito. Diante de qualquer

destaque que se desse no âmbito jurídico, minha primeira identidade é o registro da

alma, neste caso, a docência.

Iniciei minha carreira como professora com minhas bonecas, quando criança,

mas houve um processo gradativo na minha carreira, pois tive a primeira

oportunidade na carreira docente ainda quando cursava o 3º período do curso de

letras para ministrar aula no ensino fundamental 2, em seguida no ensino médio e,

anos depois, surgiu a oportunidade, já formada, de ensinar no nível superior.

Minha história com o Centro Universitário Cesmac, localizado em Maceió,

teve início em 1994, quando fui aprovada no vestibular para o curso de Letras,

depois contratada em 1998 como funcionária no setor administrativo, e assessoria

da direção dos cursos da área da saúde. Em seguida, fiz minha pós-graduação e,

em 2002, iniciei minha carreira como docente universitária; em 2003, ingressei no

curso de direito. Encerro mais um ciclo como aluna do mestrado em educação na

Universidade da Cidade de São Paulo – Unicid - em convênio com o Cesmac.

Senti motivação para ingressar no curso de pós-graduação em formação para

docência do ensino superior do CESMAC, turma G. Na época, o curso foi sugerido

pela direção do centro da área da saúde, como requisito mínimo para ser professora

universitária.

Logo depois surgiu a oportunidade de ser professora no referido curso de

pós-graduação lato sensu, em 2005, no qual sou docente até os dias atuais, com

nova turma em abril de 2013.

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Nas minhas aulas do mestrado em educação da Universidade da Cidade de

São Paulo – UNICID - pude me aprofundar na literatura sobre as questões da

expansão do ensino superior e suas atividades, direcionando o estudo aqui

apresentado, levando-me a questionar por que profissionais das mais diferentes

áreas desejam ingressar no magistério do ensino superior.

Diante dessa trajetória e o número crescente de turmas desse curso, surgiu

uma inquietação sobre essa demanda, em torno de alguns questionamentos iniciais:

O que leva profissionais de campos diversos do conhecimento a ingressar nesse

mercado de trabalho? O curso prepara esse profissional para ser professor

universitário?

Como afirma Furlanetto (2007, p. 13) “a crença de que o professor constitui-

se como docente somente a partir de cursos de formação inicial e contínua vai

sendo substituída por uma percepção mais ampla dos processos formativos”.

Com isso, torna-se nítido que a ausência da formação pedagógica vem

delegar um peso enorme a esses professores frente às interfaces do “que ensinar”

“como ensinar” e a “quem ensinar”, os quais, ao transitarem entre sua formação

inicial e a profissionalização, confrontam-se com várias dificuldades que não são

previsíveis.

Na minha visão como aluna e professora do ensino superior, a formação

pedagógica para o exercício da prática docente é indispensável para os profissionais

das mais diferentes áreas que desejam ingressar no magistério superior, embora, na

legislação brasileira, não haja nenhuma exigência desta “formação pedagógica” para

atuar como professor no ensino superior. Atualmente, cobra-se a questão da

titulação de mestres e doutores no exercício da profissão.

Em linhas gerais, os professores que, por razões e interesses variados,

adentram no campo universitário, em sua maioria, não tiveram nenhum contato

anterior com os conhecimentos nas áreas das Ciências humanas e sociais, para

compreender, interpretar e aplicar a prática, numa perspectiva filosófica e política de

educação como processo e produto que as várias correntes de pensamento dão a

esses termos.

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Como discute Martins (2008), esta problemática legitima uma preocupação no

campo acadêmico – que diz respeito ao campo de tensão na constituição de práticas

docentes e da apropriação de saberes didático-pedagógicos - por parte de

profissionais oriundos de diferentes áreas do conhecimento.

Teríamos então um profissional que atua em seu campo do saber específico,

e numa outra face, o professor universitário? Enfim, ressalte-se que esses

profissionais são oriundos de diferentes áreas de atuação e, em sua maioria, não

tiveram contato anterior com conteúdos pedagógicos.

A convivência como professora de Metodologia da Pesquisa com professores

e profissionais de outras áreas – alunos do curso de pós-graduação - e as leituras

realizadas sobre o tema revelaram que essa situação de exercício da docência em

nível superior - sem uma formação inicial na área pedagógica - não era exclusiva

dos cursos de licenciatura ou das demais áreas do conhecimento.

Assim, saberes pedagógicos são exigidos para esses profissionais, nem

sempre adquiridos em sua trajetória de formação inicial. Diante disso, esta pesquisa

pretende compreender os motivos que levam profissionais oriundos de diversas

áreas do conhecimento a optar por exercer o magistério no ensino superior, após

frequentarem um curso de pós-graduação lato sensu denominado “Formação para a

docência no ensino superior” implementado no CESMAC, no município de Maceió.

Com base em documento oficial do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais /INEP (2006, p.10), pode-se afirmar que a docência no ensino superior

tem sido uma preocupação, pois podemos ter a “percepção simples de que a função

do professor na educação superior é, em grande parte, uma função ‘usurpada’.

Usurpada por quem? Por profissionais de muitas áreas do conhecimento. E poderia

ser diferente? Na educação superior, o médico torna-se professor de nefrologia; o

advogado, de Direito Constitucional; o economista, de teoria macroeconômica do

desenvolvimento; o engenheiro, enfim, torna-se professor de eletrônica”.

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Esta mesma afirmação é posta por Perrenoud (2002) que indaga: como esse

profissional contribuirá para a formação de seus alunos se ele mesmo não se

identifica no exercício de sua profissão?

Tendo em vista essas inquietações iniciais, a pesquisa apresenta como

propósito discutir a opinião de professoras - alunas egressas do curso de formação

para docência do ensino superior - sobre essa modalidade de aperfeiçoamento em

sua trajetória profissional. Procura, também, examinar possíveis contribuições dessa

formação continuada para a docência no ensino superior.

Objetivo central:

• Examinar possíveis contribuições do referido curso para o aprimoramento

profissional no magistério superior, bem como para a construção de uma

opinião sobre o exercício dessa profissão.

Objetivos específicos:

• Discutir elementos da profissão docente, à luz da literatura científica.

• Apontar aspectos da expansão e normatização do ensino superior no

Brasil, com vistas a contextualizar o tema em pauta.

• Apresentar a instituição de ensino superior na qual o curso vem sendo

implementado.

• Analisar o perfil dos alunos que frequentaram o referido curso entre 2010 e

2011.

Com base nesse cenário, discute-se a opinião de professoras sobre a

especialização frequentada, bem como sobre a opção pela docência no ensino

superior.

Este estudo justifica-se pela relevância social e acadêmica no âmbito

educacional do magistério em nível superior de ensino, podendo contribuir com

aqueles profissionais que desejam atuar na carreira docente e/ou aqueles que já

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atuam, com vistas a refletirem sobre a qualidade do ensino superior por meio da

formação continuada.

Neste sentido, o texto está estruturado em quatro capítulos. O primeiro

discute a docência, apresentando um panorama desta atividade profissional, à luz

da literatura científica.

O segundo capítulo discute a expansão e normatização do ensino superior no

Brasil e analisa parte das fontes oficiais que regulamentam a formação para o ensino

superior.

O terceiro capítulo apresenta dados do ensino superior no estado de Alagoas,

a instituição, e as características do curso. Finalmente, no quarto capítulo, são

analisadas as opiniões das professoras registradas em roteiro não estruturado.

Procedimentos metodológicos

Para execução da pesquisa consideramos a abordagem do estudo

exploratório/qualitativo, por compreendermos ser a forma mais adequada para que

pudéssemos atingir nossos objetivos.

No âmbito da educação, a pesquisa qualitativa é uma das possibilidades para

melhor compreensão do fenômeno educativo e suas múltiplas variáveis, em

diferentes aspectos (ROCHA; SANTOS JÚNIOR, 2011).

Considera-se que a localização dos documentos é muito variada e,

igualmente, é a própria natureza do estudo que orienta o investigador para

determinadas fontes, como institutos nacionais de estatísticas, biblioteca, arquivos, e

banco de dados. É importante que o pesquisador tome contato a priori com os dados

disponíveis sobre o tema e o objeto (BELL, 1993 apud CALADO; FERREIRA, 2005).

Com a abordagem da pesquisa definida, resolvi realizá-la no Centro Universitário

Cesmac, no curso de pós-graduação Lato sensu em formação para a docência do

ensino superior, em Maceió.

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No primeiro momento foi realizado o levantamento e leitura de fontes

bibliográficas em livros, artigos e pesquisas para estruturar o suporte teórico

necessário ao processo investigativo, pois como assinalam Barros e Lehfeld (2000),

o conhecimento obtido pela investigação científica pode contribuir para a ampliação

do conhecimento já acumulado, bem como para sua reformulação e até mesmo,

redefinição do próprio objeto de pesquisa.

No que diz respeito à pesquisa exploratória, Gil (2002, p. 42) afirma que esta

“proporciona maior familiaridade com o problema de pesquisa, com vistas a torna-lo

mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm

como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições”.

Sobre as diferentes técnicas de coleta de dados, Bruyne et al. (1975, p. 202)

designam por “modos” de recolha de dados:

o inquérito, que pode tomar uma forma oral (a entrevista) ou escrita

(o questionário); a observação, que pode assumir uma forma direta

sistemática ou uma forma participante, e a análise documental. Com

efeito, a análise documental, espécie de análise de conteúdo que

incide sobre documentos relativos a um local ou uma situação,

corresponde do ponto de vista técnico, a uma observação de

artefatos escritos.

Para os autores Lessard-Hébert, Goyette e Boutin (2008, p.143) “a pesquisa

qualitativa preocupa-se com a compreensão e interpretação do fenômeno,

considerando o significado que os outros dão às suas práticas, o que impõe ao

pesquisador uma abordagem hermenêutica”, cabendo, assim, ao pesquisador a

correção do percurso e lançar mão de forma exaustiva, de materiais disponíveis para

dar conta do entendimento amplo sobre seu problema (GONSALVES, 2007).

Gatti (2004, p.15) também lembra que “todas as medidas são arbitradas,

criadas, inventadas, e não podem ser tomadas como sendo a própria natureza das

coisas; isto também se aplica às categorias dos estudos de análise de conteúdo e

outras análises dos modelos qualitativos”.

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No segundo momento foi feita a sistematização da leitura do projeto

pedagógico do curso examinado, na abordagem da leitura sistemática proposta por

Gil (2002, p 77), respeitando-se os seguintes passos por ele apontados:

• Identificar as informações e os dados constantes do material impresso;

• Estabelecer relação entre as informações e os dados obtidos com o

problema proposto;

• Analisar a consistência das informações e dos dados.

Neste caso, pode ocorrer que determinada leitura assuma outras

características durante o processo. De acordo com o autor, o “que precisa ficar claro

é que, embora seja desejável certo grau de sistematização do processo de leitura,

esta não pode ser prejudicada por normas rígidas, sobretudo, quando a justificativa

das normas não considera adequadamente as diferenças individuais” (GIL, 2002, p.

77).

Na caracterização de pesquisa descritiva, salientamos que esta tem por

objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo,

procedência, nível de escolaridade, etc. Muitas vezes, embora definidas como

descritivas com base em seus objetivos acabam servindo mais para proporcionar

uma nova visão do problema, o que se aproxima das pesquisas exploratórias. São

as mais utilizadas por organizações como instituições educacionais (GIL, 2002).

Assim, no terceiro momento foi feito o levantamento do perfil das três últimas

turmas de alunos do Curso de 2009 a 2010, por meio da documentação disponível

na secretaria (formulário de matrícula), para identificar aspectos da formação original

(curso de bacharelado de origem do aluno); ocupação profissional atual; gênero.

Observei que para responder aos objetivos da pesquisa, mediante a análise

feita nas fichas de matrículas dos alunos do curso de pós-graduação, não poderia

estabelecer relação direta com o problema registrado, mas que estas fontes

secundárias, conforme assinala Gonsalves (2007), poderia indicar elementos

importantes do perfil dos (as) alunos (as).

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Entretanto, observei que apenas a análise das fichas de matrícula,

proporcionaria uma visão limitada do que se pretendia compreender, não permitindo

contato direto com os sujeitos participantes, uma vez que a análise das fichas de

alunos egressos do curso se restringia à documentação.

De qualquer forma, mesmo concordando com Gil (2002), quando afirma que a

vantagem da análise documental é não exigir contato com os sujeitos da pesquisa,

pois é sabido que, muitas vezes, o contato é difícil ou até mesmo impossível,

constatei que a informação proporcionada por duas alunas egressas do curso de

forma direta, por meio de questionário não estruturado, traria outros elementos ao

estudo.

De qualquer forma, registre-se a importância da análise de documentos. Para

Chizzotti (1991, p. 109), por exemplo, o documento é

qualquer informação sob forma de textos, imagens, sons, sinais etc., contida em um suporte material (papel, madeira, tecido, pedra), fixados por técnicas especiais como impressão, gravação, pintura, incrustação etc. Quaisquer informações orais (diálogo, exposição, aula, reportagem faladas) tornam-se documentos quando transcritos em suporte material.

Na mesma direção, Gonsalves (2007) sublinha que a pesquisa documental é

muito próxima da pesquisa bibliográfica. O elemento diferencial está na natureza das

fontes: a bibliográfica remete às contribuições de diferentes autores sobre um

assunto, atentando para as fontes secundárias. De acordo com o autor, uma

questão fundamental é caracterizar a fonte primária em relação ao pesquisador, isto

é, quando se trata de fonte primária, interessa uma relação direta com o documento.

Bem, após a apresentação dos aspectos centrais do curso e do perfil dos (as)

egressos (as), optei por aplicar roeiro não estruturado a duas alunas egressas, para

analisar sua opinião sobre o curso frequentado e trajetória profissional, após a saída

do referido curso de pós-graduação lato sensu. Inicialmente, as alunas foram

informadas quanto ao procedimento da pesquisa, em seguida foi solicitado que

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assinassem o termo de consentimento livre e esclarecido e, na sequência,

respondessem ao roteiro.

No campo dos procedimentos da coleta de dados, é comum numa pesquisa

de campo o uso de questionários e entrevistas. Nesta pesquisa, optei pelo uso de

um roteiro não estruturado.

Para Barros e Lehfeld (2000) o questionário e/ou roteiro é o instrumento mais

usado para o levantamento de informações. Embora não esteja restrito a uma

determinada quantidade de questões, entretanto, este não pode ser muito exaustivo,

pois desanima o entrevistado.

No caso do roteiro não estruturado, usado na pesquisa, as perguntas foram

abertas e os participantes responderam com suas próprias palavras. A vantagem

desse tipo de perguntas é coletar a maior quantidade de dados, pois os participantes

não são influenciados por respostas predeterminadas e são de fácil elaboração. As

desvantagens: são de difícil tabulação e análise e podem surgir dificuldades de

entendimento como, por exemplo, letra ilegível, erro de redação, etc. (MATTAR,

1996).

Para análise das falas das professoras participantes da pesquisa, lancei mão

das seguintes etapas:

• Uma pré-análise, para construir um conjunto de categorias descritivas, a

partir de uma série de leituras;

• Uma nova exploração do material para tratamento, para reagrupamento e

análise final.

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CAPÍTULO 1

A DOCÊNCIA À LUZ DA LITERATURA CIENTÍFICA

Como ponto de partida, concordo com Tardiff, Lessard (2008, p. 21), quando

estes autores afirmam que a docência é uma das mais antigas ocupações, tão

antiga quanto a medicina e o direito, portanto, ao “situamos a docência no âmbito

da organização socioeconômica do trabalho, ela representa atualmente um setor

nevrálgico sob todos os pontos de vistas” (TARDIF; LESSARD, 2008, p.21).

Masetto (2003, p. 11) também analisa que “as carreiras profissionais estão se

revisando com base nas novas exigências que lhe são feitas, em razão de toda

mudança que vivemos atualmente: formação continuada dos profissionais, bem

como as novas capacitações, por exemplo, adaptabilidade ao novo, criatividade,

autonomia, comunicação, iniciativa, cooperação”.

Assim, é necessário, primeiramente, situarmos a docência no contexto social

e econômico mais recente. Na sequência, discutimos questões que afetam o

exercício da docência em diferentes níveis de ensino, não apenas no ensino

superior, para ampliar a visão sobre o tema em pauta.

De acordo com Martins (2005), as políticas da área da educação enfatizaram,

desde meados dos anos de 1980, a necessidade de se redirecionar suas

prioridades, com a justificativa de atender as novas demandas do mundo do

trabalho, bem como as mudanças tecnológicas, culturais e políticas. De modo geral,

segundo a autora, as diretrizes se baseavam na justificativa de que há uma

crescente inadequação nos processos formativos do alunado.

Como assinala ainda a autora, os organismos internacionais que orientaram

as mudanças nas políticas educacionais de meados dos anos de 1980 até o início

do século XXI, apontavam a gradativa perda da eficácia e eficiência dos sistemas de

ensino e assinalavam que a população jovem vem apresentando novas formas de

analfabetismo (funcional) e falta de preparação para o mundo do trabalho.

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Assim, na visão de Martins (2005, p. 3), os professores encontram-se hoje no

centro do debate sobre a importância que a escolaridade adquiriu diante dos

requisitos das mudanças ocorridas na economia, na política e na cultura. Em suas

palavras:

O trabalho docente é permeado por diferentes fatores que se

interpenetram, pois cada vez mais os professores são solicitados

para serem criativos, autônomos, mediadores da prática pedagógica,

com capacidade de discernimento na escolha de métodos de ensino

e de tendências conceituais na sua área de especialização.

Em resumo, são solicitados a buscar e testar novas formas de ensinar, de

avaliar e de se relacionar com os alunos e seus pais, rompendo com as formas mais

convencionais de trabalho. Ainda conforme afirma Martins (2005, p. 5), “permanece

enorme distância entre o que o conjunto normativo-legal preconiza como desejável

para definição desse novo perfil e a formação ofertada nas instituições de ensino

superior, pois estas ainda não foram capazes de preparar até agora, esse novo

profissional”.

No que diz respeito à docência na Educação Superior, os cursos de pós-

graduação têm sido um dos principais veículos de preparação do docente, porém,

muitas vezes, não há nesses processos formativos a formação pedagógica para

esse nível de ensino. Não se questiona e nem se propõe, nos editais de concursos

de instituições privadas e públicas de ensino superior, elementos que indiquem que

o profissional deva ter domínio de conhecimento da área específica e seja capaz,

também, de transpô-lo didaticamente.

Essa ausência de formação pedagógica pode acarretar problemas nas

atividades didático-pedagógicas que serão desenvolvidas pelos professores que

ingressam na carreira docente, conforme se discutirá adiante.

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Desta feita, o sistema educacional vem situando a formação do profissional

da educação, ou seja, a profissionalização docente, com base em discurso

“ambivalente, paradoxal ou simplesmente contraditório: de um lado, a retórica

histórica da importância dessa formação; de outro, a realidade da miséria social e

acadêmica que lhe concedeu” (IMBERNÓN, 2011, p. 59).

O referido autor apresenta que a formação do docente encontra-se

fragmentado em diversos momentos:

• A experiência como discente, cada vez maior, - partilhada com a maioria

da população - supõe uma socialização (conhecimento comum) do ensino

a partir das concepções e crenças; a experiência prévia - como aluno ou

aluna - que permanece como uma marca às vezes mais importante que a

formação inicial técnica nas escolas de formação.

• A socialização (conhecimento) profissional mediante a formação inicial

específica.

• A vivência profissional imediatamente posterior no campo da prática

educacional que leva à consolidação de um determinado conhecimento

profissional (assumindo-se esquemas, pautas e rotinas da profissão).

Trata-se do chamado período de iniciação à docência.

• A formação permanente, que tem como uma de suas funções questionar

ou legitimar o conhecimento profissional posto em prática. A formação

permanente tem o papel de descobrir a teoria e ordená-la, fundamentá-la,

revisá-la e combatê-la se for preciso. Seu objetivo é remover o sentido

pedagógico comum, para recompor o equilíbrio entre os esquemas teóricos

que sustentam a prática educativa.

A partir disso, entendemos que o trabalho docente está fielmente associado à

palavra atividade que significa: sempre em movimento, na dinâmica de vários

procedimentos e momento de socialização contínuo para prática dessa atividade.

Atividade esta que significa ação, movimentação, afazer, ocupação, ofício

(HOUAISS, 2003, p.78).

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Nas palavras de Tardiff, Lessard (2008, p. 49):

A docência, como qualquer trabalho humano, pode ser analisada

inicialmente como uma atividade. Trabalhar é agir num determinado

contexto em função de um objetivo, atuando sobre um material para

transformá-lo através de uso de utensílios e técnicas.

Para os autores, ensinar é agir na classe e no ambiente escolar em função da

aprendizagem e da socialização dos alunos, atuando sobre sua capacidade de

aprender, para educá-los com a ajuda de programas, métodos, livros, exercícios e

normas, desde que atenda as estruturas organizacionais nas quais a atividade é

desenvolvida. Desse modo, esse desenvolvimento seguirá como um trabalho

organizado, controlado, segmentado, planejado, etc.

Esta formação, mencionada como tarefa da universidade, é um desafio na

realidade atual. Nos estudos de Pimenta e Anastasiou (2002, p.163) percebe-se o

processo de formação inicial no âmbito do ensino superior como “criação,

desenvolvimento, transmissão e crítica da ciência, da técnica e da cultura;

preparação para o exercício de atividades profissionais que exijam a aplicação de

conhecimentos e métodos científicos e para a criação artística; apoio científico e

técnico ao desenvolvimento cultural, social e econômico das sociedades”.

Nesse contexto, o planejamento da atividade docente e/ou do trabalho

docente, segue uma linha sistemática, isto é, uma sequência de procedimentos,

mesmo que a imagem que se faça do professor seja aquele perfil tradicional ou uma

repetição de ação.

Pimenta e Anastasiou (2008, p. 211) colocam ainda que o paradigma

tradicional - professor palestrante e aluno ouvinte - foi ensinado ao longo da nossa

vivência enquanto alunos. Assim, o que sabemos fazer por hábito, se contrapõe à

necessidade, cada vez maior, de se construir outras formas de ser professor

atualmente.

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Nessa perspectiva, Perrenoud (2002) afirma que a formação dos professores,

sendo de responsabilidade das universidades ou das instituições de ensino superior,

acaba se configurando no campo dos saberes específicos, pois este domínio é

inerente à própria história do ensino superior.

Porém, as transformações socioculturais, advindas do processo de

globalização têm provocado demandas sobre o ensino superior que se expandiu

significativamente nas últimas décadas, diversificando seu formato. Isso tem

interferido na produção de novos conhecimentos, na formação de quadros de

pesquisadores, docentes e profissionais das diversas áreas.

Dessa forma, Pimenta e Anastasiou (2002, p.259) afirmam que o professor,

em seu percurso formativo e tomando por referência o senso comum pedagógico,

“aloca sua práxis educativa”, desarticulada, porém, das finalidades sociais, políticas

e culturais do processo educativo. Sendo assim, é preciso apontar algumas saídas

entre as quais, o desenvolvimento profissional constante como possibilidade para

que esses profissionais passem a ter o domínio de saberes didáticos, e, da mesma

forma, consigam estabelecer as relações que devem existir entre a competência

acadêmica e a competência didática.

Melo e Luz (2005, p.35), ao fazerem a investigação sobre a formação docente

no Brasil, apresentam que a Resolução nº 3, de 1997, em seu artigo 4º, reafirma

os princípios da LDB, exigindo como qualificação mínima para o exercício da

docência na carreira de magistério:

I – ensino médio completo, na modalidade normal, para a docência

na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino

fundamental;

II – ensino superior em curso de licenciatura, de graduação plena,

com habilitações específicas em área própria, para a docência nas

séries finais do ensino fundamental e no ensino médio; e

III – formação superior em área correspondente e complementação

nos termos da legislação vigente, para a docência em áreas

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específicas das séries finais do ensino fundamental e do ensino

médio.

Sob a ótica de Gatti (2000, p. 14), também se pode pensar que “há que se

agir para consolidar um novo espírito, face aos profissionais do ensino e sua real

importância social [...] condições de profissionalização adequadas às exigências que

contemporaneamente se colocam quanto à qualidade do ensino e as perspectivas

culturais dos anos vindouros”.

Segundo Masetto (2008, p.45) o perfil do docente universitário precisaria

contemplar quatro eixos, a saber: no primeiro, a preparação pedagógica, as bases

legais, pessoais e técnicos, enfatizando a coerência do profissionalismo na

docência; no segundo, o professor gestor que se distancia do aulista, retrata a

responsabilidade através dos conteúdos, para o estímulo ou não à pesquisa, o

trabalho em equipe e a valorização dos aspectos éticos e sociais; no terceiro, as

relações interpessoais na sala de aula; no quarto, o professor qualificado que

planeja de forma dinâmica o processo de ensino-aprendizagem e domínio das

tecnologias.

Imbernón (2011, p. 51) também assinala uma perspectiva de formação para a

docência que deveria ter “por base uma reflexão dos sujeitos sobre sua prática

docente, de modo a permitir que examinem suas teorias implícitas, seus esquemas

de funcionamentos, suas atitudes”.

Nessa mesma perspectiva, Pimenta (1999) resgata a importância de se

considerar o professor em sua própria formação, apontando a importância de se

reelaborar os saberes adquiridos inicialmente, em processo auto-formativo, que

permita o questionamento cotidiano das práticas e experiências. Como assinala a

autora, os saberes podem ser construídos com base em processo de reflexão,

partindo da própria prática e retornando sobre essa vivência de forma mais

elaborada.

No início dos anos 1970, com a implementação dos cursos de pós-graduação

e as exigências de titulação para a carreira universitária, começa a se questionar a

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formação docente daqueles que “comumente não receberam o mínimo de uma

formação pedagógica e, como decorrência, apresentam dificuldades no exercício

desta atividade que requer uma abordagem múltipla e complexa do processo

ensino-aprendizagem” (SABADIA, 1998, p. 58).

De acordo também com Furlanetto (2003), tendo em vista a complexidade

que envolve a formação e o aprendizado do professor, não basta selecionar um ou

outro aspecto para se desenvolver um bom plano de formação continuada. A

atividade docente é multifacetada, pois o docente deve ter o programa de

preparação para o exercício profissional e a manutenção atualizada dos

conhecimentos e práticas evitando atitudes obsoletas e ineficientes do ponto de vista

do aprendizado.

Na perspectiva de Masetto (1998, p. 11)

os professores, em sua maioria, eram convidados a trabalhar nas instituições de ensino devido a suas experiências e bom desempenho. E sua tarefa consistia em ensinar os alunos, geralmente provenientes da elite, a serem tão bons profissionais quanto eles, ensinar significava ministrar grandes aulas expositivas e palestras sobre determinado assunto, ou ‘mostrar na prática como se faz’. Acreditava-se que: ‘quem soubesse, saberia automaticamente ensinar’, não havendo preocupações mais profundas com a necessidade do preparo pedagógico do professor para ministrar este ensino.

A questão da formação pedagógica (ou de sua ausência), não se restringe

aos professores do ensino superior, pois Martins (2008, p. 58), ao analisar tensões e

problemas no exercício da docência de professores do ensino técnico, salienta que

para estes, oriundos de outras áreas do conhecimento, construir uma

[...] identidade profissional tem sido, historicamente, um processo muito mais difícil e tortuoso, pois lecionam disciplinas relacionadas à sua área de formação, numa multiplicidade de cursos, sem possuírem formação na área pedagógica ou, quando muito, possuindo uma formação aligeirada em disciplinas de licenciaturas. Além disso, se deparam com alunos que trazem sérios problemas de leitura e de escrita em sua formação básica, e que exigiriam, portanto, professores que pudessem refletir sobre as questões

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pedagógicas com mais acuidade. Com efeito, as principais dificuldades apontadas pelos diretores e coordenadores pedagógicos dizem respeito à tensão existente entre a formação inicial dos profissionais - selecionados em concursos públicos, com exigências de percurso formativo relativo à sua área de atuação -, e sua ‘outra profissão’, a de professor (grifo da autora).

Conforme assinala Perrenoud (2000), a docência não deve ser uma atividade

amadora, mas profissional, portanto necessita ser olhada da mesma forma como se

examina qualquer outra profissão, tendo em vista que a escola precisa de

profissionais que estejam dispostos a se atualizarem, buscando desenvolvimento em

processos formativos que os levem a repensar suas práticas pedagógicas.

Na origem da escolha de uma profissão, Pimenta e Anastasiou (2008)

também registram que o mercado de trabalho apresenta um grande número de

vagas no ensino superior. Porém, é necessário que o preenchimento dessas vagas

não seja apenas “complementação de salários”, ou ausência de opção de

empregabilidade em outras áreas. Em outros termos, é preciso que haja uma

conjugação de esforços para a construção de uma categoria profissional

reconhecida pela sociedade e respeitada.

Nas palavras das autoras, “valorizar o trabalho docente significa dotar os

professores de perspectivas de análise, que os ajudem a compreender os contextos

históricos, sociais, culturais e organizacionais nos quais se dá sua atividade docente”

(PIMENTA; ANASTASIOU, 2008).

Tendo em vista essas considerações da literatura sobre a complexidade que

envolve o exercício da docência no ensino superior, passamos a discutir a expansão

e a normatização do ensino superior no Brasil, com base em fontes oficiais que

regulamentam a formação para o ensino superior.

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CAPÍTULO 2

ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: EXPANSÃO E NORMATIZAÇÃO

2.1 FONTES LEGAIS

Sobre o ensino superior no Brasil, Melo e Luz (2005, p.25) discutem a Lei

Orgânica do Ensino Superior, que concedia a autonomia administrativa, financeira e

didática às instituições. Em suas palavras,

a expansão da educação superior vem exigindo dos governos, legisladores e profissionais envolvidos com a área, atenção e revisão constante nas leis, normas e procedimentos que regem suas ações. A Lei Orgânica do Ensino Superior e Fundamental da República, Decreto nº 8.659, de 5 de abril de 1911, também chamada “Reforma Rivadávia”, deu início a legislação superior de forma mais direcionada e abrangente.

Historicamente, a educação superior no Brasil teve início no século XVII, com

a vinda da família Real para o Rio de janeiro, com os cursos superiores de filosofia e

teologia ofertados pelos Jesuítas, porque Portugal não admitia o desenvolvimento do

ensino nas colônias, prevendo que os alunos poderiam contribuir com movimentos

de independência. De acordo com Figueiredo (2005, p. 1).

A partir de 1808, o ensino superior passou a existir em instituições formais, inicialmente oferecendo cursos de engenharia (academia militar), medicina (cátedras de cirurgia e anatomia) e belas artes, gratuitos e financiados com o “Quinto da Coroa”, imposto cobrado sobre os produtos exportados do Reino e das colônias. No Brasil Império, a expansão do ensino superior ocorre de maneira muito lenta, através do surgimento de cursos isolados em várias áreas, já que o modelo econômico agro exportador não necessitava de profissionais com formação superior.

A autora esclarece ainda que em 11 de agosto de 1827, editou-se lei imperial,

por meio da qual foram criados os dois primeiros cursos de Direito no Brasil: um, na

capital paulista, no convento de São Francisco, e outro, em Olinda, Pernambuco,

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localizado no mosteiro de São Bento. Em decorrência da proclamação da República,

discussões sobre o ensino superior ficaram cada vez mais frequentes.

Com a volta de Getúlio Vargas ao poder (1950-1954), algumas medidas foram

adotadas para equivalência dos cursos profissionais a secundário, para que fosse

possível a progressão no sistema educacional, sendo tais medidas ampliadas na Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1961. Elas foram adotadas

devido ao número de trabalhadores que aumentava consideravelmente, porém o

número de trabalhadores ditos qualificados ainda era muito pequeno.

Quanto à expansão do ensino superior no Brasil, Romanowski (2003, p. 3)

assinala que este ocorreu por vários motivos, dentre os quais, em função do

crescimento demográfico, houve necessidade de

possibilidade de acesso da população ao ensino superior devido a criação de novas instituições de ensino, ao aumento do número de concluintes dos níveis anteriores de escolarização, às exigências de maior nível de escolarização pela transformação do mundo do trabalho pela evolução da ciência e da cultura.

Nos anos de 1990 ocorreram mudanças nesse cenário que apresenta a

necessidade se relacionar o ensino, a pesquisa e a extensão, com a (re)criação do

Conselho Nacional de Educação (CNE) como órgão normatizador da educação

nacional, definindo-se a constituição do conselho em duas câmaras (a de educação

básica e de ensino superior e suas competências).

Com a aprovação no congresso da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDBEN), em dezembro de 1996, Lei 9.394/96, com 92 artigos, no que se

refere à educação superior, esta possui um capítulo próprio com assinalação de

finalidades, abrangência, controle acadêmico, credenciamento, avaliação e

autonomia, entre outros (CURY, 2002).

As instituições formadoras, de acordo com a LDB, passaram a ser avaliadas

institucionalmente e seus professores, pelo desempenho, conforme analisa Cury

(2002, p. 35):

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Completa-se a este quadro, o Decreto 2.306, de 19 de agosto de 1997 (regulamenta o Sistema Federal de Ensino), como também as instituições de ensino superior com finalidade lucrativa e sem fins lucrativos. As primeiras com suas respectivas entidades mantenedoras, exceto na sua dimensão propriamente educacional, se submetem à legislação do Código Civil e deverão publicar seus balanços financeiros e se submeterão a auditores independentes e a auditores públicos. As instituições não lucrativas se submetem a regras mais estritas, em especial no que se refere aos recursos provindos do poder público.

A Lei também classifica a organização do ensino superior em universidades,

faculdades integradas, faculdades e institutos superiores ou escolas superiores.

No caso da criação dos centros universitários, a novidade é que usufruem quase todos os privilégios da autonomia universitária, mas não precisam se dedicar obrigatoriamente à pesquisa. Devem ser centros com reconhecida qualidade na docência, ou seja, um sujeito docente com ação direta no sistema de ensino, para uma posição de árbitro e de coordenador, que, pela avaliação, pretende, ao final, expor o processo à consideração da sociedade Cury (2002, p. 35).

Para promover a valorização deste profissional, o artigo 67 da LDB preconiza

que este deve ter, obrigatoriamente, formação superior para lecionar nos quatro

últimos anos do ensino fundamental e no ensino médio e, preferentemente, o

mesmo nível para atuar na educação infantil e nos quatro primeiros anos de ensino

fundamental. O artigo 62 permite a formação em escolas normais de nível médio

para atuar nestes momentos da educação básica.

Como requisito para o magistério no ensino superior, o Art. 66 da Lei de

Diretrizes e Bases Nacional preconiza que a preparação para o magistério superior

se dará em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e

doutorado.

Leva-se em consideração, ao fazer menção ao artigo acima citado, a

Resolução nº. 20/77 do Conselho Federal de Educação, quanto à contratação do

corpo docente com comprovação básica de pós-graduação com pelo menos

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trezentos e sessenta horas lato sensu e levar em consideração fatores relacionados

com disciplinas ou título de mestre e doutor stricto sensu.

Castro (1999, p. 20), elenca aspectos que considera centrais no que diz

respeito à expansão e melhoria do ensino superior no Brasil, a saber:

A reorganização do sistema de ensino superior (Decreto nº. 2.306/97), baseada nos princípios estabelecidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, assegurando, entre outras, as seguintes mudanças: diversificação institucional, criando novas modalidades jurídicas dos Centros Universitários e das Faculdades Integradas; estímulo à expansão de vagas, conferindo maior liberdade para a criação de novos cursos por instituições não universitárias que se destaquem pela qualidade do ensino medida em avaliações periódicas; garantia dos direitos dos alunos de se informarem sobre as condições e o desempenho das instituições, tornando obrigatória a publicação do relatório anual sobre os cursos oferecidos, perfil do corpo docente e infraestrutura disponível (laboratórios, bibliotecas, etc.).

A consolidação do sistema de avaliação do ensino superior – mediante implantação do Exame Nacional de Cursos (ENC), também conhecido como Provão, e do fortalecimento das comissões de especialistas da Secretaria de Educação Superior para a verificação das condições de oferta;

A elaboração das novas Diretrizes Gerais dos Currículos de Graduação, orientada aos seguintes objetivos: expansão e melhoria na oferta de cursos; ampliação e integração entre as várias áreas de conhecimento; flexibilização curricular, combate à evasão escolar e ampliação do espaço de decisão do aluno na definição do seu currículo acadêmico.

Acrescente-se que para Costa (2008) a LDB, no âmbito do ensino superior,

tem por finalidade estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito

científico e do pensamento reflexivo, conforme Art. 43.

III: incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive. Parágrafo IV: promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino,

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de publicações ou de outras formas de comunicação. Parágrafo V: suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração.

Porém, a principal característica do ensino superior brasileiro é sua

heterogeneidade, pois um estabelecimento pode distinguir-se de outro, sob vários

aspectos formais: sua natureza institucional (universidade, centro universitário,

federação de escolas ou escolas integradas, ou faculdade isolada); categoria

administrativa (pública e privada); a personalidade jurídica de sua mantenedora

(fundação, associação civil, sociedade civil de direito privado), se tem ou não fim

lucrativo, sua constituição como instituição laica ou confessional e, se confessional,

a religião à qual está vinculada (MATHIAS, 2012).

Por ato do poder público é autorizado o funcionamento de uma instituição de

ensino superior, após validação das normas vigentes no Decreto nº 3.860/2001 e

Resolução CES/CNE nº 10/2002. O vestibular é a forma de acesso no ensino

superior mais tradicional, sendo possível listar o conhecimento do aluno das

disciplinas cursadas no ensino médio. Esse pode ser aplicado pela própria IES ou

empresas especializadas, outro módulo é o Exame Nacional do Ensino Médio

(Enem)1.

Acrescente-se que o estudante poderá optar por três tipos de graduação:

• Bacharelado;

• Licenciatura;

• Formação tecnológica.

O ensino superior pode ser na modalidade presencial, nesse caso o aluno

deverá frequentar as aulas cm 75% de frequência, na modalidade a distância (EAD),

via internet não é necessário a presença em sala de aula ou semipresenciais, com

aula presencial e à distância.

Para os cursos de pós-graduação, o aluno pode optar por:

1 Disponível em: www.enem.inep.gov.br. Acesso em: 14 de fev. de 2013.

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• Lato sensu (especializações);

• Strictu sensu (mestrado e doutorado).

De acordo com o ambiente interno das Instituições de Ensino Superior,

podemos citar as principais medidas que regulamentam esse nível de ensino: a

nova Lei de Diretrizes e Bases, que estabelece critérios para credenciamento e

descredenciamento; o provão, como uma forma de avaliação de desempenho nos

cursos, etc.); a avaliação institucional, que em conjunto oferece garantias de

expansão do ensino com qualidade e qualificação do docente e pessoal técnico-

administrativo.

Esses dados estão disponíveis no e-MEC, sistema eletrônico de

acompanhamento dos processos que regulam a educação superior no Brasil. Todos

os pedidos de credenciamento e recredenciamento de instituições de educação

superior e de autorização, renovação e reconhecimento de cursos, além dos

processos de aditamento, que são modificações de processos, são feitos pelo e-

MEC2.

Na visão do MEC, o sistema torna os processos mais rápidos e eficientes,

uma vez que eles são feitos eletronicamente. As instituições podem acompanhar

(pelo sistema) o trâmite do processo no ministério que, por sua vez, pode gerar

relatórios para subsidiar as decisões (E-mec, 2012).

O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), instituído pela Lei n° 10.861, de 14 de abril de 2004, fundamenta-se na necessidade de promover a melhoria da qualidade da educação superior, a orientação da expansão da sua oferta, o aumento permanente da sua eficácia institucional, da sua efetividade acadêmica e social e, especialmente, do aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais.

O SINAES apresenta três etapas de instrumentos de avaliação, dentre elas:

2 Disponível em: <http://emec.mec.gov.br/>. Acesso em: 14 de fev. de 2013.

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1- Avaliação das Instituições de Educação Superior (AVALIES) – é o centro de

referencia e articulação do sistema de avaliação que se desenvolve em duas

etapas principais:

a- autoavaliação – coordenada pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) de cada IES, a partir de 1° de setembro de 2004; b- avaliação externa – realizada por comissões designadas pelo INEP, segundo diretrizes estabelecidas pela CONAES.

2- Avaliação dos Cursos de Graduação (ACG) – avalia os cursos de graduação por

meio de instrumentos e procedimentos que incluem visitas in loco de comissões

externas. A periodicidade desta avaliação depende diretamente do processo de

reconhecimento e renovação de reconhecimento a que os cursos estão sujeitos.

3- Avaliação do Desempenho dos Estudantes (ENADE) – aplica-se aos estudantes

do final do primeiro e do ultimo ano do curso, estando prevista a utilização de

procedimentos amostrais. Anualmente, o Ministro da Educação, com base em

indicação da CONAES, definira as áreas que participarão do ENADE.

Por sua vez, o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE -

é regulamentado pela Portaria normativa nº 6, de 14 de março de 2012, que dispõe

sobre indicadores de qualidade. Em 2012, o exame foi realizado pelo INEP, sob a

orientação da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior – CONAES e

contou com o apoio técnico de Comissões Assessoras de Área.

Ristoff e Limanna (2013, p. 1)3 salientam que:

o Enade pode ser descrito como um exame constituído por especialistas constituído por especialistas das diversas áreas do conhecimento, tomando por base não o perfil do concluinte, mas o perfil do curso. Sua construção tem, pois, por base a trajetória do estudante, não apenas o momento da conclusão, um contínuo, não um ponto de chegada.

3Ristoff , Dilvo; Limana, Amir. O Enade como parte da avaliação da educação superior. Ministério da educação.< http://mecsrv04.mec.gov.br/news/ArtigosDiaImp.asp?Id=1875>. Acesso em: 28 fev.2013.

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Abaixo, segue o Quadro 1 com os programas e ações implementados pelo

MEC, para a educação superior, com vistas a facilitar o acesso de alunos e

professores a esse nível de ensino.

Quadro 1 – Programas e ações do Estado brasileiro Programas de ações objetivos

Fies Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior

Financiar a graduação na educação superior de estudantes que não têm condições de arcar com os custos de sua formação.

Pibid O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência

Oferecer bolsas de iniciação à docência para alunos de cursos presenciais que se dedicam ao estágio nas escolas públicas e que, quando graduados, se comprometam a trabalhar no magistério da rede pública de ensino. Antecipar o vínculo entre os futuros mestres e as salas de aula.

ProUni O Programa Universidade para Todos

Conceder bolsas de estudos integrais e parciais a estudantes de cursos de graduação e de cursos sequenciais de formação específica, sempre em instituições privadas de educação superior.

Reuni O Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais

Ampliar o acesso e a permanência na educação superior.

Promisaes Projeto Milton Santos de Acesso ao Ensino Superior

Fomentar a cooperação técnico-científica e cultural entre o Brasil e os países – em especial os africanos – nas áreas de educação e cultura. O programa oferece apoio financeiro (no valor de um salário mínimo mensal) para alunos estrangeiros participantes do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G).

Fonte: Portal do MEC4

De acordo com o mais recente Censo da Educação Superior, realizado pelo

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep5), três

em cada 10 alunos matriculados em instituições de ensino superior privadas contam

com bolsas de estudo ou crédito especial, cerca de 215 mil estudantes são

4 Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/sobre/educacao/sistema-educacional/ensino-superior>.

Acesso em: 5 de mar. 2013. 5 Disponível em: http://www.brasil.gov.br/sobre/educacao/financiamento-educacional/credito-estudantil. Acesso em: 5 de mar. 2013.

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beneficiados por bolsas e mais de um milhão recorrem a programas de crédito

estudantil.

Como se disse anteriormente, com a nova LDB, vamos nos deparar com

novas exigências. Uma delas diz respeito à preparação do docente para o magistério

superior em cursos de Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestre e Doutor), exigindo

que, 1/3 dos educadores que ministram aulas em Instituições de Ensino Superior –

IES possuam título de mestre ou de doutor.

A LDB no seu artigo 52, incisos II e III, preconiza:

II- Um terço do corpo docente pelo menos com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado; III- Um terço do corpo docente em regime de tempo integral.

Os cursos de pós-graduação lato sensu podem ser ministrados por qualquer

Instituição de Ensino Superior no Brasil, como descrito na Resolução N° 1, de 8 de

Junho de 2007. Esta resolução distingue os cursos de pós-graduação stricto sensu

do lato sensu, sendo os primeiros destinados a programas de mestrado e doutorado;

os de lato sensu são os cursos de especialização, aperfeiçoamento, atualização.

O Parecer CNE/CES nº 281/2002, p. 3 preconiza que

a maior autonomia concedida às instituições de ensino na elaboração de seu projeto, exige, em contrapartida, uma maior reflexão dos responsáveis na elaboração de uma proposta adequada às finalidades dos cursos a serem oferecidos. Fica evidente que cursos de especialização oferecidos por instituições de ensino superior que visam preparar para o exercício do magistério superior necessariamente devem incluir disciplinas pedagógicas em seu currículo, uma das quais poderá ser Didática do Ensino Superior.

Apresenta um novo marco regulador sobre a oferta do curso de pós-

graduação lato sensu, independente de autorização e reconhecimento. Inclui na

categoria de cursos lato sensu, os cursos designados como MBA (Master Business

Administration) ou equivalentes; determina a carga horária de 360h do curso, com

frequência mínima 75%; exige corpo docente constituído necessariamente por, pelo

menos, 50% (cinquenta por cento) de professores portadores de título de mestre ou

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de doutor, obtido em programa de pós-graduação stricto sensu reconhecido;

determina oferta aberta aos portadores de diploma de curso superior.

2.2 DADOS SOBRE O ENSINO SUPERIOR

Para contextualizar o curso de pós-graduação lato sensu analisado neste

estudo – compreendido como possibilidade de desenvolvimento para profissionais

de diversas áreas do conhecimento, que optaram por se especializar em docência

do ensino superior - apresentamos os dados do INEP que mostram um panorama da

realidade brasileira6.

Fizemos uma seleção das principais tabelas contidas no portal do Inep, com

vistas a indicar um panorama a partir do qual pudéssemos discutir a importância

dessa modalidade de aperfeiçoamento para o exercício da docência.

A tabela 1 apresenta o percentual de Matrículas em cursos de graduação

presenciais por região geográfica no Brasil e a distribuição nas modalidades de

ensino presencial entre os anos de 2001 a 2010.

6 Todos os dados foram retirados de: www.portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task..Acesso entre 10/03/2012 a 10/08/2012

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Tabela 1 – Distribuição e Participação Percentual de Matrículas em Cursos de Graduação Presenciais por Região Geográfica – Brasil – 2001 e 2010

Fonte: MEC/Inep Notas: (1) Fonte: Pnad 2001/IBGE; elaborado por MEC/Inep. (2) Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE; elaborado por MEC/Inep.

De acordo com os dados apresentados na tabela 1, é possível perceber

claramente o aumento no percentual de matrículas das regiões Norte, Nordeste e

Centro-Oeste de 2001 a 2010, em contrapartida ao decréscimo das regiões Sudeste

e sul. Pode-se concluir, nessa visão, que o Nordeste possui a maior distância entre o

percentual de alunos matriculados e o populacional.

Já o gráfico 1 apresenta a evolução do número de funções docentes por

titulação no Brasil, no período de 2001 a 2010.

Gráfico 1 – Evolução do Número de Funções Docentes por Titulação – Brasil – 2001- 2006 – 2010 Fonte: MEC/Inep

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O Gráfico 1 apresenta a titulação, de acordo com o total de funções docentes

de 2001 para 2010. Pode-se inferir que o maior percentual de crescimento se dá em

relação ao título de doutorado (123,1%), seguido do crescimento na titulação de

mestrado (99,6%) e da categoria “até especialização” (23,2%).

Na última categoria, fica nítido o aumento de 54,0% na titulação de

especialistas e o decréscimo de 42,9% das funções docentes com graduação, o que

demonstra a consolidação da predominância dos cursos de pós-graduação lato

sensu vem adquirindo nos processos formativos em diferentes áreas do

conhecimento.

A tabela 2 apresenta o percentual da titulação por categoria administrativa

(pública e privada) no Brasil e regiões, no período de 2001 -2006 – 2010.

Tabela 2 – Evolução da Participação Percentual da Titulação Docente por Categoria Administrativa (Pública e Privada) – Brasil e Regiões – 2001-2006 – 2010

Fonte: MEC/Inep

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Na tabela 2 observa-se que a participação na categoria privada apresenta um

alto percentual no mestrado que é de 35,4% das funções docentes, em 2001, para

43,1%, em 2010. Era predominante a “especialização” em 2001 (52,5%) e

apresentou uma queda de mais de 10% ao longo da década, representando 41,5%

das funções docentes em 2010.

No entanto, o doutorado passou de 12,1% em 2001 para 15,4% em 2010.

Entretanto, as funções docentes com doutorado nas instituições privadas ainda é

bastante inferior, aos doutores existentes nas instituições públicas.

Nesse sentido, registre-se que a participação do número de doutores em

relação ao total de funções docentes nas IES públicas é mais que três vezes a

observada nas IES privadas.

A região norte apresenta menor titulação docente, em que a participação de

“até especialistas” totaliza 36,8%, e a de mestres 36,1% nas IES públicas. Ainda no

Norte, 55,9% das funções docentes em instituição privadas são de “até

especialistas”.

Como é de se esperar, as instituições das Regiões Sudeste e Sul concentram

as maiores participações de funções docentes com doutorado, nas IES públicas e

privadas. A tabela 3 apresenta a organização das titulações docentes por

organização acadêmica no Brasil e regiões.

A elevação da qualidade da educação superior poderia ser apontada, dentre

outros fatores, pela ampliação de mestres e doutores, entretanto, tendo em vista as

disparidades regionais, os percentuais projetados são atendidos, atualmente, pelo

conjunto de instituições públicas7.

Dessa forma, chama atenção a elevação da titulação docente ao longo do

período analisado, mas os resultados por região, de acordo com o tipo de

7 www.portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task..Acesso entre 10/03/2012 a 10/08/2012

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organização acadêmica das instituições, também revelam um cenário bastante

heterogêneo, como se pode observar a partir da Tabela 3.

De acordo com a tabela 3, em relação ao ano de 2010, nas Regiões, Sudeste,

Sul, Nordeste e Centro-Oeste há predominância de doutores nas universidades,

enquanto nas instituições do Norte, diferentemente, o mestrado apresenta a maior

participação percentual em termos de titulação do acordo com o percentual

apresentado.

Tabela 3 – Evolução das Titulações Docentes por Organização Acadêmica – Brasil e Regiões – 2001, 2006 e 2010

Fonte: MEC/Inep

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Os centros universitários, por sua vez, apresentam desempenho bastante

variável conforme a região: no Sul e Sudeste, predomina o mestrado; no Centro-

Oeste, os percentuais de mestres e de docentes com título de “até especialista” são

equivalentes; e no Norte e Nordeste, predominam docentes categorizados como “até

especialistas”.

Quanto às faculdades, somente no Sul há predominância de mestres,

enquanto nas demais regiões a participação mais expressiva é a de “até

especialistas”. Finalmente, em relação aos IFs e Cefets, verifica-se predominância

de mestres no Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, exclusivamente na Região

Norte, o percentual mais elevado é o de “até especialistas”.

Em resumo, do panorama acima apontado, evidencia-se a importância que

cursos de pós-graduação lato sensu ganham no contexto do desenvolvimento

profissional ofertado pelo ensino superior nas regiões Norte e Nordeste, realizada

por Centros Universitários – tal como o objeto deste estudo - pois prevalecem

docentes categorizados como especialistas.

Entretanto, a ausência de acompanhamento e avaliação sistemáticos desses

cursos por parte de órgãos competentes federais, pode estar provocando uma

lacuna no que diz respeito à qualidade desses processos formativos, estejam eles

voltados ao mercado de trabalho ou à preparação para a docência no ensino

superior.

Gatti e Barreto (2009), ao tomar por base o interesse pelos cursos de

licenciaturas e pedagogia, indagam a razão de um jovem querer ser professor.

Afirmam que estes apontam a escolha pela docência como uma espécie de “seguro

desemprego”, isto é, como outra atividade no caso de não haver possibilidade de

exercício de outra atividade.

Gatti et al. (2012, p. 2) apresenta ainda as questões quanto ao aspecto

salarial que influencia bastante na opção ou não pelo magistério, apesar de não

resumir tudo o que sobre a escolha profissional , pois “outros elementos, de ordem

tanto individual como contextual, também compõem motivação, interesses e

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expectativas, interferindo nas escolhas de trabalho. Muitas vezes não há escolha

apriorística, mas inserção por oportunidades particulares”.

No Brasil, há uma crescente mudança no perfil dos que buscam esta

profissão. Dados do Censo Escolar de 2007 (Inep/Mec) mostram a queda no número

de formandos em cursos de licenciatura e a mudança acentuada no perfil dos que

buscam a profissão:

Fazendo uma pequena digressão histórica sobre a formação de professores no Brasil, lembramos que a formação de docentes para o ensino das “primeiras letras” em cursos específicos foi proposta no final do século XIX com a criação das Escolas Normais. Estas correspondiam à época ao nível secundário e, posteriormente, ao ensino médio, a partir de meados do século XX. Continuaram a promover a formação dos professores para os primeiros anos do ensino fundamental e a educação infantil até recentemente, quando, a partir da Lei n. 9.394 de 1996, postula-se a formação desses docentes em nível superior, com um prazo de dez anos para esse ajuste (GATTI, 2010, p. 1356).

Partindo desse cenário, senti a necessidade de traçar o perfil dos alunos

egressos do curso de pós-graduação lato sensu em formação para a docência do

ensino superior, para conhecer desde a graduação inicial, faixa etária, sexo os

profissionais que buscam a docência no ensino superior em Maceió no Centro

Universitário Cesmac.

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CAPÍTULO 3

FORMAÇÃO PARA A DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR

3.1 CONTEXTO INSTITUCIONAL DO CURSO

Para localizarmos o espaço onde está inserida a instituição responsável pelo

referido curso de pós-graduação lato sensu, iniciamos este capítulo situando alguns

aspectos do município de Maceió.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010),

a capital do estado brasileiro de Alagoas, Maceió, região nordeste do país, “tem uma

população de 936.608 habitantes 2010 e um território de, aproximadamente, 503

km². Integra, com outros dez municípios, a região metropolitana de Maceió,

somando um total de cerca de 1.160.393 milhão de habitantes”8.

O mapa do estado de Alagoas apresenta o perfil da região de acordo com as

suas subdivisões oficiais e os 102 municípios, sendo que o estado é a 16ª região

menos populosa do país (IBGE, 2010).

Figura 1 – MAPA DO ESTADO DE ALAGOAS Fonte: IBGE, 2012.

8 Disponível em:< http://www.ibge.gov.br/mapas_ibge/fis_estaduais.php> Acesso em: 20 julho de 2012.

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Para dar continuidade à contextualização da pesquisa em pauta, a seguir

faremos uma sistematização dos dados referentes ao ensino superior no estado de

Alagoas, conforme o Quadro I.

Esse cenário é relevante para que possamos ter ideia do lugar que o Cesmac

ocupa, tanto no contexto da oferta de ensino superior no estado, como

especificamente no que diz respeito aos cursos de pós-graduação lato sensu sobre

a docência no ensino superior nessa esfera estadual.

O estado de Alagoas dispõe de 153 cursos de nível superior, distribuídos em

31 municípios, conforme aponta o Quadro 2.

QUADRO 2 – Número de instituições de ensino superior em Alagoas

Município Nº de Instituições de ensino superior Agua Branca 1 Arapiraca 11 Atalaia 1 Batalha 1 Cajueiro 1 Coruripe 2 Delmiro Gouveia 4 Junqueiro 1 Maceió 38 Maragogi 2 Maravilha 1 Marechal 2 Maribondo 1 Mata Grande 1 Matriz de Camaragibe 1 Murici 1 Olho D’água das Flores 3 Palmeira dos Índios 8 Pão de Açúcar 2 Penedo 5 Piaçabuçu 1 Piranhas 1 Rio Largo 2 Santana do Ipanema 4 São Jose da Laje 1 São Jose da Tapera 1 São Luiz do Quitunde 1 São Miguel dos Campos 2 Satuba 1 União dos Palmares 3 Viçosa 2

Fonte: http://emec.mec.gov.br/ Acesso em: 11 julho 2012. Processado pela autora

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Como demonstra o Quadro 2, após processados os dados do E-mec (2012),

observa-se a concentração de Instituições de Ensino Superior (IES) no interior (68),

com menor número de IES na capital (38). Chama atenção a demanda por formação

superior nas municipalidades interioranas do estado de Alagoas, algumas

significativamente distantes da capital, Maceió.

No ano de 1973, é fundado “O CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC”, criado

por meio da Lei Municipal n°. 2.044, de 20 de setembro de 1973, autorizado a

funcionar pelo Decreto Estadual n°. 085/2006, do Conselho Estadual de Educação

de Alagoas [...]”, tendo como mantenedora a Fundação Educacional Jayme de

Altavila que constitui pessoa jurídica de direito privado, conforme escritura pública

inscrita no 1º Registro de Títulos e Documentos da Comarca de Maceió, livro 163,

folhas 125 a 132 (Regimento Geral, 2009, p. 5).

Art. 2o – Os Estabelecimentos de Ensino, a que se refere o Art. 1o, serão mantidos por Fundação a ser instituída pela Prefeitura de Maceió.

A história da Fundação Educacional Jayme de Altavila – FEJAL teve início em

1971, a partir da preocupação do fundador, padre Teófanes Augusto de Araújo

Barros, com aqueles que trabalhavam durante o dia e que não podiam frequentar

um curso superior em Alagoas. Como na época não existia uma escola que

atendesse aos alunos que quisessem cursar o 3º grau à noite, estes ficavam

impossibilitados de conquistar um diploma em curso superior.

A Fundação Educacional Jayme e Altavila (Fejal) recebeu esse nome “em

homenagem ao eminente professor, jurista, historiógrafo e educador alagoano,

fundador da primeira escola superior do Estado de Alagoas, a tradicional Faculdade

de Direito de Alagoas, Jayme Altavila Melo” (PDI, 2009, p. 13):

em 05 de outubro de 1973 foi sancionado pelo então prefeito de Maceió, João Rodrigues Sampaio Filho, o decreto-lei nº 2.044 aprovado pela Câmara de Vereadores que autorizava o funcionamento do, hoje, Centro Universitário CESMAC. No primeiro vestibular, em 1975, a Instituição ofertou 09 cursos e 450 vagas. Atualmente, conta com aproximadamente 13.600 alunos na

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graduação em 30 cursos, 2.000 de pós-graduação, com 900 professores e cerca de 700 colaboradores dos diversos departamentos administrativos.

Seguindo-se a esse ato, houve a autorização do funcionamento dos

Estabelecimentos e Cursos pelo Presidente da República, por meio do Decreto No

74.520, de 9 de setembro de 1974, publicado no Diário Oficial da União em 10 de

setembro de 1974. São eles:

• Faculdade de direito de Maceió, com o Curso de Direito;

• Faculdade de Administração e Ciências Contábeis de Maceió, com os

Cursos de Administração e Ciências Contábeis;

• Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Maceió, com os Cursos de

Letras, de Estudos Sociais, de História, de Pedagogia e de Educação

Artística;

• Instituto de Psicologia de Maceió, com o Curso de Psicologia –

Licenciatura e Formação de Psicólogo.

Atualmente, o Centro Universitário CESMAC conta com 26 cursos de

graduação distribuídos em 06 faculdades, com laboratórios e clínicas que fazem

atendimento gratuito à população carente de Maceió e do Estado, a saber:

• Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas – FCSA (Administração,

Administração Pública, Ciências Contábeis, Turismo, Ciências

Econômicas e Teologia);

• Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde – FCBS (Biomedicina,

Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina

Veterinária, Nutrição, Odontologia);

• Faculdade de Educação e Comunicação – FECOM (Comunicação

Social – Jornalismo, Comunicação Social – Publicidade e Propaganda,

História, Letras – Português x Espanhol, Pedagogia, Matemática);

• Faculdade de Ciências Humanas – FCH (Psicologia, Serviço Social);

• Faculdade de Direito de Maceió – FADIMA (Direito);

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• Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas – FACET (Análise de

Sistemas, Engenharia Elétrica, Engenharia de Produção, Engenharia

Civil, Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil).

Conforme o Art. 4º do Regimento Geral do Centro Universitário Cesmac, a

instituição “[...] incentivará os princípios e valores que assegurem a dignidade de

todos os seres vivos, seus direitos fundamentais, vedadas quaisquer formas de

discriminação por convicção filosófica, política, ou religiosa, assim como étnicas, de

gênero, de classe social, ou quaisquer outras.” (Regimento Geral, Capítulo II, Art. 4º,

p. 5, Dos princípios e valores).

Com a migração para o sistema federal de ensino as Faculdades e o

Instituto de Psicologia, pertencentes ao Centro de Estudos Superiores de Maceió,

foram transformados e credenciados como Centros Universitários, através da

Resolução No 030/97 – CONSED, publicada no Diário Oficial do Estado em 08 de

outubro de 1997, adotando as seguintes denominações:

• Centro Universitário de Ciências Jurídicas do CESMAC;

• Centro Universitário de Ciências Humanas do CESMAC;

• Centro Universitário Instituto Superior de Educação do CESMAC;

• Centro Universitário de Ciências Sociais Aplicadas do CESMAC;

• Centro Universitário de Ciências Exatas e Tecnológicas do CESMAC;

• Centro Universitário de Ciências Biológicas e da Saúde do CESMAC.

Em 2006, os Centros Universitários voltaram ao status de Faculdades e o

Centro de Estudos Superiores de Maceió credenciado como Centro Universitário,

Resolução No 085/2006 – CEE/AL, publicada no Diário Oficial do Estado em 03 de

agosto de 2006 e a Portaria No 043/06 – GS, publicada no Diário Oficial do Estado

em 01 de setembro de 2006.

Desde a sua fundação, o Cesmac, em atendimento às suas funções de

ensino, pesquisa e extensão, tem como missão:

Buscar a excelência na formação de profissionais que venham a contribuir para o desenvolvimento social, econômico, científico e

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cultural do Estado de Alagoas, sendo um Centro Universitário atuante nas diferentes modalidades de educação superior apoiado em modernas tecnologias de educação (FEJAL, 2009).

A Instituição já ofertou, aproximadamente, 300 cursos de pós-graduação.

Em 2012, está com uma turma de mestrado em Biopsicologia, devendo ofertar,

brevemente, o mestrado em Educação e outras áreas. A cada semestre são

ofertados, em média, 30 cursos de especialização. Hoje, são quase 1.900 alunos

que frequentam salas de aula nos finais de semana.

Os laboratórios dos cursos de Odontologia, Fisioterapia, Enfermagem e

Nutrição realizam um trabalho social por meio do atendimento à população carente,

além do que é realizado pelos alunos dos últimos períodos dos cursos de Psicologia

(por meio da Clínica) e de Direito (com o escritório modelo).

A Pesquisa no CESMAC foi desenvolvida em função dos planos e

prioridades institucionais, com vistas ao aprimoramento do corpo docente e discente

(Regimento Geral, Cap. II, Da Pesquisa, Art. 135, p. 41). Teve início em 2003, com a

implantação do Programa Semente de Iniciação Científica (Psic), idealizado pelo

“professor e historiador Douglas Apratto Tenório, tendo como coordenadoras e

consultoras as professoras doutoras Vera Romariz e Enaura Quixabeira” (SALA DE

NOTÍCIAS, 2005).

Com a implantação do referido Programa, muitos alunos foram

selecionados e com a orientação de professores, apresentam trabalhos científicos

em eventos acadêmicos. O programa inclui oferta de bolsas para estudantes e

orientadores, pagas pela própria Instituição, além do CNPq (órgão do governo

federal) e da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Alagoas - FAPEAL.

Nesse contexto institucional, o Cesmac vem investindo em cursos de pós-

graduação lato sensu, cuja procura por profissionais de diversas áreas do

conhecimento vem sendo significativa, sobretudo no que diz respeito à Formação

para Docência do Ensino Superior, que teve início com a primeira turma no segundo

semestre do ano 2000.

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Apresento a seguir os cursos já ofertados e em andamento por esta

instituição de ensino superior particular, nas mais diferentes áreas profissionais,

desde as ciências humanas, jurídicas, exatas e saúde, em ordem cronológica desde

a primeira turma ofertada, conforme Quadro 3.

QUADRO 3 - Cursos de pós-graduação ofertados e em andamento do CESMAC

Nº CURSOS OFERTADOS INÍCIO

1. Formação para a Doc. do Ensino Superior (Turma A) abr./00

2. Formação para a Docência - Turma A (U. Palmares) abr./00

3. Formação para a Docência do Ens. Superior – Turma B mar/01

4. Formação para a Docência do Ens. Superior – Turma C ago./01

5. Formação para a Docência do Ens. Sup. (P. dos Índios) set./01

6. Formação para a Docência (Delmiro Gouveia) abr./02

7. Formação p/ a Doc. do Ens. Superior – Turma D (Maceió) abr./02

8. Formação p/ a Doc. do Ens. Superior – Turma E (Maceió) abr./02

9. Formação p/ a Doc. do Ens. Superior – Turma F (Maceió) Maio/02

10. Formação para a Docência (Santana do Ipanema) Maio/02

11. Formação para a Docência do Ens. Superior – B (P. Índios) ago./02

12. Formação p/ a Doc. do Ens. Superior – Turma G (Maceió) set./02

13. Formação p/ a Doc. do Ens. Superior – Turma H (Maceió) set./02

14. Formação p/ a Doc. do Ens. Superior – Turma I (Maceió) out./02

15. Formação para a Docência do Ens. Superior (Viçosa) mar./03

16. Formação para a Docência (Arapiraca) maio/03

17. Formação p/ a Doc. do Ens. Superior – Turma J (Maceió) maio/03

18. Formação p/ a Doc. do Ens. Superior – Turma L (Maceió) maio/03

19. Formação para a Docência – Turma B (União dos Palmares) maio/03

20. Formação p/a Docência do Ens. Superior C (P. Índios) out./03

21. Formação para a Docência do Ensino Superior – Turma M3 mar./04

22. Formação para a Docência do Ens. Superior (Anadia) jan./04

23. Formação para a Docência do Ens. Superior (Anadia) mar./04

24. Formação para a Docência do Ensino Superior – Turma M 1 mar.//04

25. Formação para a Docência do Ensino Superior – Turma M 2 abr./04

26. Formação para a Docência do Ensino Superior – B (Viçosa) mar./05

27. Formação para a Docência do Ensino Superior – Turma O mar./05

28. Formação para a Docência do Ensino Superior – Turma N mar./05

29. Formação para a Docência do Ensino Superior – Turma P mar./05

30. Formação para a Docência do Ensino Superior – B. da Mata abr./06

31. Formação para a Docência do Ensino Superior – Turma Q abr./06

32. Formação para a Docência do Ensino Superior – Turma R mar./07

33. Formação para a Docência do Ensino Superior – Turma S mar./07

34. Formação para a Docência do Ensino Superior – Turma T set./07

35. Formação para a Docência do Ensino Superior – U mar./08

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36. Formação para a Docência do Ensino Superior – Turma V mar./08

37. Formação para a Docência do Ensino Superior – Turma X ago./08

38. Formação para a Docência do Ensino Superior – Turma Y mar./09

39. Formação para a Docência do Ensino Superior – Turma Z ago./09

40. Formação para a Docência do Ensino Superior – 27ª Turma out./09

41. Formação para a Docência do Ensino Superior – 28ª Turma abr./10

42. Formação para Docência do Ensino Superior - 29ª Turma abr./10

43. Formação para Docência do Ensino Superior - 30ª Turma mar./10

44. Formação para Doc. do Ensino Superior - D (Palmeira dos Índios) set./10

45. Formação para a Docência do Ensino Superior (Arapiraca) set./10

46. Formação para a Docência do Ensino Superior – 31ª Turma Set/10

47. Psicopedagogia Institucional (Capela) ago./10

48. Ortodontia – C set./10

49. Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica set./10

50. Psicologia Jurídica e Perícia Psicológica Criminal – Turma B set./10

51. Atividade Física para Grupos Especiais out./10

52. Metodologia e Técnicas do Registro Legislativo out./10

53. Educação Infantil – Turma E out./10

54. Elaboração e Avaliação de Políticas Públicas – Turma B out./10

55. Geo-História – Turma I out./10

56. Gestão da Saúde e Administração Hospitalar – Turma D out./10

57. Gestão Estratégica de Empresas e Marketing – Turma G out./10

58. Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria – Turma P out./10

59. Inspeção Escolar – Turma H out./10

60. Psicologia do Trabalho e Comportamento Organizacional out./10

61. Fisioterapia na Saúde da Mulher out./10

62. Elaboração e Avaliação de Políticas Públicas (Arapiraca) out./10

63. Sistemas de Informação – Arapiraca dez./10

64. Engenharia de Software – Turma B mar./11

65. Gerenciamento da Construção Civil – Obras – Turma B mar./11

66. Psicologia Hospitalar e Intervenção em Instituições de Saúde – Turma C mar./11

67. Neuropsicologia Clínica mar./11

68. Dependência Química mar./11

69. Fisioterapia Hospitalar – Turma B mar./11

70. Gestão de Projetos em Tecnologia da Informação – Turma D abr./11

71. Engenharia Ambiental – Turma F abr./11

72. Assessoria de Comunicação e Marketing – Turma B abr./11

73. Formação para a Docência do Ensino Superior – 32ª Turma abr./11

74. Psicopedagogia Institucional – Turma C abr./11

75. Direito do Trabalho e Previdenciário abr./11

76. Gestão Educacional e Coordenação Pedagógica – Atalaia maio/11

77. Direito Processual – Turma P maio/11

78. Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria – Turma Q maio/11

79. Gestão Estratégica de Recursos Humanos – Turma D maio/11

80. Contabilidade Empresarial e Gestão Tributária – Turma B maio/11

81. Administração Pública – Turma D maio/11

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82. Elaboração de Projetos: Públicos, Emp., Culturais e de 3º Setor – B maio/11

83. Educação Especial / Inclusiva – Turma B maio/11

84. Gestão com Pessoas e Educação – Turma B maio/11

85. Gestão Educacional e Coordenação Pedagógica – Atalaia maio/11

86. Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria – Turma R maio/11

87. Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria – Turma R maio/11

88. Gerenciamento da Construção Civil – Obras – Turma C maio/11

89. Formação para a Docência do Ensino Superior – 33ª Turma jun.11

90. Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica – Turma B ago./11

91. Engenharia de Segurança do Trabalho – Turma H ago./11

92. Psicologia Clínica e Saúde Mental – Turma B ago./11

93. Direito Constitucional e Administrativo – Turma D ago./11

94. Gestão Educacional e Coordenação Pedagógica – Atalaia – Turma B set./11

95. Gestão da Saúde e Administração Hospitalar – Turma E set./11

96. Gestão Estratégica de Empresas e Marketing – Turma H set./11

97. Gestão Estratégica de Recursos Humanos – Turma E out./11

98. Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria – Turma S out./11

99. Consultoria e Assessoria Empresarial – Turma E out./11

100. Gestão Educacional e Coordenação Pedagógica – Paulo Jacinto mar./12

101. Psicologia Jurídica e Perícia Psicológica Criminal – Turma C mar./12

102. Teorias e Técnicas Comportamentais: Educação, Pesquisa e Terapia mar./12

103. Dependência Química – Turma B mar./12

Fonte: Secretaria do curso. PROCESSADO PELA AUTORA

O Quadro 3 permite-nos perceber que apesar da oferta de outros cursos nas

mais diversas áreas de atuação profissional como: direito, saúde, administração e

outros cursos na área da educação ofertados como inspeção escolar, gestão

educacional, educação especial e inclusiva,, psicopedagogia, educação infantil.

Contudo, no que diz respeito a especialização na área específica nesse estudo. O

Curso em formação para a docência do ensino superior é o mais ofertado. Com o

maior número de alunos matriculados.

Já o quadro 4 apresenta a formação de 34 turmas do curso de pós-

graduação lato sensu em “Formação para a Docência do Ensino Superior”, desde

2000, com 1.388 alunos matriculados e 38 desistentes.

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QUADRO 4 – Demonstrativo de turmas ofertadas do curso de pós-graduação lato senso do Cesmac-Maceió

TOTAL DE TURMAS TOTAL DE ALUNOS TOTAL DE DESISTENTES

34 turmas 1.388 38

Fonte: Secretaria do curso.

Considera-se que os alunos que não concluíram o curso são aqueles que

oficialmente desistiram, via requerimento oficializado na secretaria acadêmica. Isso

revela que a crescente procura por essa formação pedagógica efetiva a busca por

diversos profissionais pela qualificação docente.

QUADRO 5 – Demonstrativo de turmas ofertadas do curso de pós-graduação lato senso do Cesmac- Interior (2000-2010)

Fonte: Secretaria do curso.

O quadro 5 apresenta a formação de 14 turmas do curso de pós-graduação

lato sensu em “Formação para a Docência do Ensino Superior”, em 8 cidades do

interior, no período de 2000 a 2010, com 531 alunos matriculados e 2 desistentes.

Da mesma forma, os alunos que não concluíram são os que oficialmente desistiram,

via requerimento oficializado na secretaria. Chama atenção a grande procura pelo

curso em municípios do interior, com número de desistentes incipiente.

CIDADE DO INTERIOR

Nº DE TURMAS

ALUNOS MATRICULADOS

ALUNOS DESISTENTES

Anadia 1 38 - Arapiraca 1 38 - Boca da Mata

1 32 -

Delmiro Gouveia

1 36 -

Palmeira dos Índios

4 113 2

Santana do Ipanema

2 98 -

União dos Palmares

2 98 -

Viçosa 2 78 - TOTAL 14 531 2

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De qualquer forma, evidencia-se a procura pelo curso tanto na capital como

no interior, desde os anos de 2000, com uma evasão, nos cursos da capital, ao

longo de 12 anos em torno de 2,5%, índice que pode ser considerado irrisório. Pode-

se inferir que o curso se revela, potencialmente, como possibilidade efetiva de

mudança de status profissional e/ou até mesmo, de ramo profissional. Entretanto,

estudos posteriores de acompanhamento dos egressos seriam necessários para

confirmarmos essa inferência ou não.

O Centro Universitário Cesmac - uma Instituição de Ensino Superior

composta de vários Centros Universitários - sentiu a necessidade de certificar os

seus próprios docentes para o magistério superior. Devido à demanda externa, o

projeto foi aberto à comunidade universitária.

Assim, o programa de pós-graduação lato sensu, em Formação para a

Docência do Ensino Superior foi criado considerando-se a demanda de profissionais

da educação que eram apenas graduados, em sua maioria bacharéis, carentes de

conhecimentos pedagógicos e visando também atender o que prescreve a LDB

sobre o exercício da docência do nível superior.

No histórico do projeto pedagógico descreve-se a experiência da instituição,

que teve o primeiro curso na pós-graduação “lato sensu” em 1979, com a execução

de três cursos na área da Psicologia: Processos Cognitivos, Personalidade e

Desenvolvimento, e Técnica de Pesquisa e Mensuração em Psicologia. Desde 1979

até agora, foram oferecidos 62 diferentes cursos somando um total de 133 turmas.

O projeto pedagógico do curso contempla como objetivos:

• Geral - Capacitar e habilitar recursos humanos para o exercício da

docência no ensino superior.

• Específicos - Desenvolver habilidades e competências necessárias à

aplicação da pesquisa em educação e mais especificamente no magistério

superior; formação de profissionais especialistas em preparar e ministrar

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aulas no ensino superior, como também preparar e orientar projetos de

pesquisas no âmbito do ensino superior.

O curso é destinado a profissionais graduados em nível superior, que atuam

ou que tenham interesse em atuar no magistério superior, com o total da carga

horária de 360h/a, somadas as atividades de trabalho em grupo e o TCC, com

180h/a.

O currículo é composto por disciplinas que buscam responder às

necessidades de formação dos diferentes profissionais para exercer a docência no

ensino superior. Assim, a disciplina de Metodologia da Pesquisa procura discutir: a

conceituação e a natureza da pesquisa; o conhecimento e o método; a natureza,

função e a aplicabilidade do método cientificam, com vistas a possibilitar ao aluno

refletir sobre o saber científico e os processos de construção de um trabalho

acadêmico.

A disciplina Estrutura e Funcionamento do Ensino Superior busca realizar

uma análise histórica sobre as leis que regem o Ensino Superior no Brasil, bem

como discutir os novos modelos para as IES. O suporte da referida disciplina está no

escopo legal e normativo desse nível de ensino e em pesquisas realizadas sobre o

tema.

A disciplina de Filosofia da Educação apresenta os fundamentos filosóficos da

educação, com vistas a construir e desenvolver uma consciência crítica nos alunos,

com base em teorias e modelos mais utilizados na área da educação.

A disciplina de Planejamento e avaliação do ensino superior aborda as

concepções teórico-metodológicas das tendências que embasam o ideário

pedagógico e suas implicações no processo de planejamento e avaliação da prática

pedagógica. Analisa planos de ensino e de avaliação em nível superior, com vistas a

propor atividades de intervenção na realidade em que os alunos se inserem.

A disciplina Processo Ensino-Aprendizagem examina diferentes Teorias

Educacionais, Teorias de Aprendizagem e Modelos de Ensino correspondentes.

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A disciplina Metodologia do Ensino Superior I lança mão de fundamentos

teóricos e práticos da atividade docente necessários à compreensão, caracterização

e seleção de diferentes metodologias para o ensino, tendo como pressuposto a

relação necessária entre planejamento, desenvolvimento e avaliação no contexto do

ensino superior, visando a compreensão da importância do papel do professor

universitário na sociedade contemporânea.

A disciplina Metodologia do Ensino Superior II busca desenvolver uma visão

crítica frente às transformações globais que estruturam a realidade atual e seus

impactos a partir da utilização das novas tecnologias na educação e na prática

docente. Discute a importância das novas tecnologias na Educação e suas relações

nos diferentes espaços de aprendizagem, assim como o planejamento educativo as

diferentes utilizações das novas tecnologias na educação.

A bibliografia utilizada procura subsidiar profissionais de diversas áreas do

conhecimento para exercer a docência. Entretanto, conforme se discutiu no capítulo

I, pergunta-se até que ponto ou em que medida esses sujeitos saem bem

preparados para enfrentar o magistério superior?

Como mencionado anteriormente (Parecer CNE/CES nº 281/2002 p. 3) a pós-

graduação lato sensu, no entendimento do Conselho, para o exercício do magistério

superior, deve, necessariamente, incluir no currículo disciplinas pedagógicas.

Para a conclusão do curso os alunos apresentam um tipo de trabalho de

conclusão de curso (Monografia), que é apresentada a uma banca examinadora,

composta de no mínimo 3 (três) professores do quadro docente do curso e é

atribuída nota máxima de 2 (dois) pontos para a apresentação oral do TCC e 8 (oito)

para a parte escrita.

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3.2 PERFIL DO ALUNADO QUE PROCURA O CURSO DE FORMAÇÃO PARA

DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR

Os dados a seguir apontam o perfil dos alunos do curso de pós-graduação

latu senso do curso de Formação para Docência do Ensino Superior, de 2 turmas

formadas nos anos de 2010 e 2011. Do total de 82 alunos egressos do curso nesses

dois anos, por meio do formulário inicial de matrícula, foi possível perceber um

crescimento marcante pela demanda do curso, em especial dos profissionais que

não são docentes. A tabela 4 apresenta a distribuição de frequência de gênero dos

sujeitos.

Tabela 4 - Distribuições de frequência de gênero dos sujeitos

Fonte: Cadastro da Secretaria Acadêmica. Dados processados pela autora.

É possível perceber por meio da tabela 4 que o percentual de alunas do sexo

feminino compõe 63,4% da turma e 36,6% do sexo masculino. Essa procura

majoritária por mulheres para ingresso no ensino superior indica uma tendência já

registrada em estudos sobre o magistério na educação básica, que se dedicam a

examinar o processo de feminização nesse nível de ensino (COSTA, 1995).

Na mesma perspectiva, Gatti (2010, p. 8) apresenta que “este não é

fenômeno recente. Desde a criação das primeiras Escolas Normais, no final do

século XIX, as mulheres começaram a ser recrutadas para o magistério das

primeiras letras. A própria escolarização de nível médio da mulher se deu pela

expansão dos cursos de formação para o magistério”.

Sexo n % Masculino 30 36,6% Feminino 52 63,4% Total 82 100,0%

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Tabela 5 – Faixa etária dos alunos matriculados no curso

Fonte: Cadastro da Secretaria Acadêmica. Dados Processados pela autora.

A tabela 5 apresenta a faixa etária dos alunos que frequentaram a turma, e

dos 82 alunos, o maior percentual está na faixa etária de 34 anos com 39,0%, isso

revela o perfil de jovens que procuram a docência como mais uma atividade

profissional, entre 35-44 anos o percentual é de 30,5% e compõe esse mesmo

percentual os alunos de 45 anos ou mais. Observa-se certa homogeneidade na

distribuição etária.

Além disso, é possível perceber a clientela jovem que buscam o curso de

aperfeiçoamento em nível de especialização lato sensu. No percentual de 39,0% a

partir da amostra da pesquisa.

Tabela 6 – Cursos de graduação dos alunos

Faixa etária n % Até 34 anos 32 39,0% 35 a 44 anos 25 30,5% 45 anos ou mais

25 30,5%

Total 82 100,0%

Graduação n % Administração 3 3,7% Arquitetura 3 3,7% Artes 1 1,2% Artes - plásticas 1 1,2% Biblioteconomia 1 1,2% Bióloga 1 1,2% Biomedicina 2 2,4% Ciências da computação 1 1,2% Ciências Sociais 3 3,7% Contábeis 1 1,2% Designer de interiores 1 1,2% Direito 4 4,9% Economia 1 1,2% Ed. Física 5 6,1% Enfermagem 4 4,9% Eng. alimentos 1 1,2% Engenheiro 1 1,2% Estatística 1 1,2% Filosofia 1 1,2%

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Secretaria Acadêmica. Dados processados pela autora.

A tabela 6 apresenta o curso de formação inicial dos alunos. Observa-se que

14,6% são do curso de pedagogia, no entanto, não são docentes do ensino superior.

Em seguida, seguem-se os formados no curso de Letras com 8,5% e, na sequência,

os formados no curso de Educação Física com 6,1%; os formados nos cursos de

Direito e Odontologia somam 4,9%, sendo que o menor percentual são os

profissionais formados nos cursos das áreas exatas, com 1,2%. Através desses

indicadores, supomos que alunos professores e não professores buscam

aperfeiçoamento, mas em busca de novas alternativas de trabalho.

Tabela 7 – Atuação profissional

Físic. Médico 1 1,2% Fisioterapia 3 3,7% Fonoaudiologia 1 1,2% Geografia 2 2,4% História 2 2,4% Jornalismo 3 3,7% Letras 7 8,5% Matemática 1 1,2% Medicina 2 2,4% Nutricionista 1 1,2% Odontologia 4 4,9% Pedagogia 12 14,6% Sist. de informação 1 1,2% Tecnológico-Hotelaria 1 1,2% Turismo 2 2,4% Veterinário 3 3,7% Total 82 100,0%

Profissão n % % (82-39) Autônomo 20 24,4% 46,5% Aux. Biblioteca

1 1,2% 2,3%

Bancário 1 1,2% 2,3% Escrevente 1 1,2% 2,3% Gerente 1 1,2% 2,3% Guia de turismo

1 1,2% 2,3%

Policial civil 1 1,2% 2,3% Policial rodoviário

1 1,2% 2,3%

Prof. Ens. Médio

16 19,5% 37,2%

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(*) desempregado Fonte: Secretaria Acadêmica. Dados processados pela autora.

A tabela 7 apresenta a atuação profissional dos alunos, com um perfil

considerável de alunos que supostamente estão desempregados, uma vez que não

informam a atividade profissional, perfazendo 47.6% da turma, na busca por

estabilidade no magistério superior; 20% dos alunos informam que têm um trabalho

autônomo; 19,5% são docentes do ensino médio, demostra-se com esse percentual

ascensão na carreira docente.

Tabela 8 – Estado Civil

Fonte: Fonte: Secretaria Acadêmica. Dados processados pela autora.

A tabela 8 demonstra o estado civil dos alunos do curso, com um percentual

de 57,3% de casados, para 40,2% de solteiros e um percentual de 1,2% para

divorciados ou separados.

Após a apresentação do perfil do alunado do curso, discutem-se as

entrevistas realizadas com duas alunas egressas, para examinar possíveis fatores

que direcionaram sua escolha por essa modalidade de aperfeiçoamento na trajetória

profissional.

Não informa*

39 47,6% -

Total 82 100,0%

Estado civil n % Casado 47 57,3% Divorciado 1 1,2% Separado 1 1,2% Solteiro 33 40,2% Total 82 100,0%

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CAPÍTULO 4

A OPINIÃO DE ALUNAS EGRESSAS DO CURSO: a opção pelo

magistério no ensino superior

Conforme se disse no início deste estudo, na segunda etapa da pesquisa

apliquei questionário não estruturado (Apêndice), a alunas egressas do curso de

Formação para a Docência no Ensino Superior, com vistas a compreender sua

opinião sobre essa modalidade de aperfeiçoamento profissional, bem como

identificar possíveis contribuições do curso para o exercício da docência no ensino

superior. Foram selecionadas duas alunas que se encontram, atualmente, no

mercado de trabalho no ensino superior9.

Os nomes utilizados a seguir são fictícios. Responderam ao questionário,

Larissa (professora 1),bacharela em direito e comunicação social com habilitação em

relações públicas, que exerce há 3 anos o magistério no ensino superior por meio de

seleção; e Andressa (professora 2), que teve a formação inicial como psicóloga,

exerce o magistério há 7 anos como professora de psicologia, lecionando, no

momento atual, na Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas –

UNCISAL.

Inicialmente foi feito o convite a cada uma das alunas, em apenas um

encontro, tendo em vista a disponibilidade das mesmas, durante o qual foram

esclarecidos os propósitos da pesquisa bem como foi explicado o questionário não

estruturado, solicitando-se, ainda, a assinatura do termo de consentimento livre e

esclarecido. Num segundo momento, as alunas responderam ao questionário.

Ao serem indagadas sobre os motivos que as levaram a frequentar um curso

de especialização em docência no ensino superior, as professoras Larissa e

Andressa assinalaram que:

9 A pesquisa foi aprovada pelo CONEP/CAAE, sob o número de protocolo 11163412.7.0000.0064.

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Resolvi frequentar o curso, porque tinha interesse em lecionar em IES, já que nasci vendo minha mãe ensinando(professora 1). Resolvi me qualificar e aprofundar meus conhecimentos num direcionamento focado no ensino superior, por considerá-lo um ensino diferenciado (professora 2).

Na fala das professoras observa-se que já existia um interesse em ingressar

na docência no ensino superior, porém, na fala da professora 1, é possível perceber

uma correlação dessa motivação com sua história de vida, tendo em vista possíveis

incentivos familiares frente à profissão exercida pela mãe.

Nesse sentido, ao mencionar a história de vida como marca no seu ofício,

pode-se lançar mão do olhar de Josso (2007, p. 419), quando esta autora aponta

que

A história de vida é uma mediação do conhecimento de si em sua existencialidade, que oferece à reflexão de seu autor oportunidades de tomada de consciência sobre diferentes registros de expressão e de representações de si, assim como sobre as dinâmicas que orientam sua formação.

Na concepção da autora, as possibilidades de construção da história de cada

indivíduo expressam as experiências com as quais este aprendeu, bem como a

maneira de cada um fazer escolhas e se situar nos grupos de pertencimento e na

definição de valores e aspirações.

Acrescente-se que, para a professora 1, apesar da pouca experiência

docente, a inserção no magistério emana de referência familiar, movimento esse que

lhe estimulou, muito provavelmente, a escolher o curso de especialização em

docência como aperfeiçoamento profissional, em busca de construir seus próprios

caminhos para o exercício da docência no ensino superior.

No que diz respeito à professora 2, identifica-se um desejo de qualificação

profissional, sem, entretanto, especificar o que ela considera “ensino diferenciado”.

Muito provavelmente em função de sua atuação na educação superior por 7 anos, a

professora construiu expectativas de se manter e prosseguir na carreira no ensino

superior por meio de um curso de especialização.

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Como analisam Pimenta e Anastasiou (2008, p. 25), “de modo geral, a LDB

admite que o docente seja preparado nos cursos de pós-graduação tanto stricto

como lato sensu, não se configurando estes como obrigatórios”. Porém, a exigência

legal para que as instituições de ensino superior tenham no mínimo 30% de seus

docentes titulados na pós-graduação, reforça o papel desses cursos como “lugar

para a formação do docente”. Quanto ao questionamento sobre quais os

desdobramentos e/ou consequências o referido curso trouxe para suas trajetórias

profissionais, responderam que o curso proporcionou:

Uma ótica mais apurada sobre o dia-a-dia da sala de aula, abriu os horizontes sobre os recursos didáticos que podem ser utilizados, mostrou-me a regulamentação de uma IES (professora 1). Abertura de portas no sentido de empregabilidade, maior respeito dos discentes e na entrevista da seleção do mestrado, contribuiu para o meu ingresso no mestrado como título na área da docência (professora 2).

Identifica-se, na primeira fala, quando a professora menciona a necessidade

de entender melhor o dia-a-dia em sala de aula, como são importantes os cursos de

formação continuada, pois apesar das várias situações vivenciadas na carreira

docente – nem sempre favoráveis e/ou preenchidas de satisfação profissional - os

professores valorizam a formação continuada na perspectiva de melhoria de

desempenho em sala de aula, conforme analisam Gatti e Barretto (2009).

Nesse contexto é possível perceber que ter frequentado o curso, ampliou

conhecimentos e horizontes, bem como proporcionou realização profissional e

prosseguimento na carreira, pois a professora 2 expõe que ter frequentado o curso

representou uma ponte para o mercado de trabalho e a inserção em programa de

mestrado.

No que diz respeito à opinião em relação ao projeto pedagógico do curso

de especialização em docência do ensino superior (conteúdo das disciplinas, carga

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horária, material didático, equipamentos, biblioteca), as professoras responderam

que:

O projeto pedagógico do curso era satisfatório, todavia a biblioteca e seus equipamentos deixavam a desejar (professora 1). Existe uma carência de aprofundamento na prática, em relação a TEORIA das disciplinas – agregam valor, mas a PRÁTICA DOCENTE veio da minha trajetória profissional, se não a tivesse como docente, não teria tido a experiência de um estágio docente no curso de especialização em docência do ensino superior. Em outras palavras, se fizer o curso sem ter experiência docente, o aluno se sentirá despreparado para atuar na prática, porque o curso em si não prepara para ensinar como ensinar(....) a didática é de cada um. No mais, tudo foi muito positivo quanto os materiais didáticos (professora 2).

De acordo com Pimenta e Anastasiou (2008, p.171) “o projeto é pedagógico

porque discute o ensinar e o aprender num processo de formação, de construção

de cidadania, e não apenas de uma preparação técnica para uma ocupação

temporal”. Em outros termos, a elaboração de projetos pedagógicos configura um

processo no qual são concatenados elementos que vão além de questões

meramente técnicas, exigindo integração entre o que se construiu teoricamente nas

trajetórias formativas, em sintonia com a prática profissional.

Ao discutir a relação entre teoria e prática, Pimenta (2012, p.105) afirma que a

atividade teórica é que possibilita, de modo indissociável, o conhecimento da

realidade e o estabelecimento de finalidades para sua transformação, mas para

assumir tal transformação não é suficiente a atividade teórica; é preciso atuar na

realidade de sala de aula.

Masetto (2003, p. 61) também assinala que o projeto pedagógico trata de um

processo dinâmico de ação e reflexão dos seus diversos membros, procurando uma

articulação entre o que é real e o que é desejável. Pode diminuir distâncias entre

valores, discursos e ações, bem como entre ações administrativas e acadêmico-

pedagógicas.

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Quanto ao despreparo na didática, mencionado na segunda fala, registre-se

que a maioria das instituições de ensino superior e as universidades - embora seus

professores possuam experiência significativa e mesmo anos de estudos na área

específica - há certo despreparo ou até mesmo um desconhecimento “no que tange

às questões que afetam o processo de ensino e de aprendizagem, pelo qual passam

a ser responsáveis a partir do momento que ingressam na sala de aula” (PIMENTA;

ANASTASIOU, 2008, p.37).

Ressalte-se que contemporaneamente, exige-se dos professores flexibilidade

e atenção às imprevisibilidades do cotidiano. De acordo com Pimenta e Anastasiou

(2008, p. 37), não há modelos a serem aplicados, pois a “experiência que se

adquiriu serve apenas como referência, nunca como padrão de segurança e

sucesso”.

A professora 2 assinala que o curso não trouxe maiores contribuições para a

prática docente. Caso a professora não tivesse experiência anterior, afirma que se

sentiria despreparada para enfrentar a sala de aula no ensino superior. Assim, é

visível a preocupação do que se espera do curso, em relação ao aperfeiçoamento

da própria prática docente.

Na ideia de Tardif e Lessard (2005) o professor experiente é aquele que

conhece a profissão, tem domínio de sala de aula, adquirido pelo tempo. Os autores

afirmam que pode ser visto como um artesão, pois possui um repertório variado de

soluções adquiridas durante a prática docente. Assinalam ainda que a noção de

experiência pode ser vista como um processo de aprendizagem espontânea que

permite ao profissional adquirir certezas para saber lidar com fatos e situações que

se repetem.

A afirmação da professora 2 sobre “a didática de cada um”, leva-nos a uma

indagação: ter didática é saber ensinar? Com base em suas experiências, muitos

professores sabem a matéria, mas não sabem ensinar, portanto, didática é saber

ensinar.

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Esta afirmativa, em suma, traz uma contradição importante.

De um lado, revela que os alunos esperam que a didática lhes

forneça as técnicas para que o ensino dê certo. De outro, há um

reconhecimento de que, para saber ensinar, não basta conhecimento

específico e experiência, mas se fazem necessários os saberes

pedagógicos e didáticos (PIMENTA; ANASTASIOU, 2008, p. 82).

No que tange à relação entre a proposta pedagógica do curso e o seu

trabalho como docente nos tempos atuais, elas responderam:

Sim. Por exemplo, facilitou a reflexão e o entendimento das práticas pedagógicas que ajudam a desenvolver as habilidades dos alunos, o que eu não conhecia (professora 1). Sim. Aprendi que o que ensino da minha disciplina está interligado à disciplina de outro docente e que, continuamente, se entrelaça a outras disciplinas ainda (...) (professora 2).

As falas revelam que as professoras concordam com a existência de relação

da proposta pedagógica do curso e sua atuação docente, possibilitando

desenvolver reflexões e questionamentos. A professora 2 aponta também a

importância da integração entre disciplinas, tema que, muito provavelmente, deve ter

sido abordado em alguma disciplina do curso.

Assim, a afirmação sobre a percepção no “entrelaçamento” das disciplinas,

pode expressar muito mais um compartilhamento de ideias e experiências, do que

propriamente um conhecimento construído acerca da noção de interdisciplinaridade.

Identifica-se ainda na fala da professora 1, a possibilidade de ter “aprendido”

sobre práticas pedagógicas que auxiliam a desenvolver habilidades dos alunos.

Pode-se pensar com Furlanetto (2010, p.96), que “muitas vezes, o novo não

acrescenta, mas questiona o que o adulto já sabe, exigindo que transforme suas

crenças e ideias. Em tais situações, é necessário desaprender para aprender o que

não se configura tarefa fácil”.

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Durante muito tempo, bastava ao professor do Ensino Superior ter uma

comunicação fluente e domínio dos conhecimentos referentes às disciplinas que iria

lecionar para “ser bom” naquilo que fazia isso porque os alunos desse nível de

ensino são adultos e não exigiam mais que isso (GIL, 2006 apud BASSOTO, 2012,

p.58).

Sobre os recursos didáticos que usam em seu trabalho docente e como

usam, responderam:

Os recursos didáticos que utilizo são o data show, textos fundamentados, filmes e o quadro. Utilizo estes recursos como meio facilitador e esclarecedor do assunto abordado, sendo assim tornam-se suficientes para a participação ativa e a aprendizagem dos discentes (professora 1). Uso aulas expositivas, data show, dinâmicas de grupo, estudo dirigido, teatro (simulação), problematização (estudo de caso), livros temáticos que transformamos em interpretações em sala de aula. As TIC’s têm contribuído para aprendizagem focada no aluno (professora 2).

Estas falas possibilitam o entendimento de que dentre as estratégias

didáticas, os recursos audiovisuais e o uso das TICs contribuem para o

aprimoramento das aulas, mas mesmo assim, a participação ativa do aluno ainda é

mencionada de forma marcante, em especial quanto às aulas expositivas que

necessitam de um conhecimento prévio do aluno, conforme analisa Moreira (2007, p.

14), pois de acordo com o referido autor, “o conhecimento prévio é a variável que

mais influencia a aprendizagem (...)”.

Além disso, o uso das TICs vem provocando mudanças significativas, pois as

novas tecnologias promovem novas formas de aprender, “entretanto, novas

competências também são exigidas para realizar o trabalho pedagógico em que a

tecnologia será um mediador do processo ensino-aprendizagem” (MERCADO, 2002,

p.91).

De acordo com Moran (2007, p.33), as tecnologias trazem dados, imagens e

resumos de forma muito atraente. Nesse processo, o papel do professor “é ajudar o

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aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los”, mobilizando-o

para que “se sinta sempre com vontade de conhecer mais”.

Posto isto, Masetto (2003, p.14) também afirma que “necessita-se de

profissionais intercambiáveis que combinem imaginação e ação; com capacidade

para buscar novas informações, saber trabalhar com elas, intercomunicar-se

nacional e internacionalmente por meio dos recursos mais modernos da informática”.

Entretanto, apesar de reconhecer o papel relevante que as TICs têm no cenário

educacional, concordo com Tardif, Lessard (2008, p. 264), quando estes autores

apresentam a racionalização instrumental do trabalho docente, sublinhando que este

se choca com a própria natureza das tecnologias e dos saberes utilizados pelos

professores.

Ao serem instadas a falar sobre como realizam o planejamento do trabalho

docente e sua importância (ou não) para o desenvolvimento das aulas,

responderam:

Sim, é importante. Realizo o planejamento de cada aula e a forma de avaliação será modificada de acordo com o melhor aproveitamento do conteúdo pelo aluno (professora 1). Acho fundamental. Faço um cronograma programático – de acordo com o calendário de funcionamento da instituição. Também faço um Plano de aula – de cada disciplina – com objetivos – conteúdos – tempo – descrição das atividades. Faço descrição do conteúdo programático – tudo que vou trabalhar durante o semestre ou o ano com o aluno (professora 2).

Pelas falas, nota-se que as professoras consideram importante o plano de

aula para o desempenho da prática em sala de aula. Entretanto, na primeira fala,

pode-se observar que a professora limita-se a fazer afirmações genéricas sobre o

planejamento, sem especificar como elabora suas atividades.

Na segunda fala, identifica-se que há clareza sobre o planejamento das aulas,

com descrição de etapas e atividades. Entretanto, é preciso registrar que o

planejamento representa uma forma concreta de realizar o projeto político-

pedagógico. Assim, na área da educação, “formalizou-se um planejamento que todo

professor conhece: conteúdo, objetivos, estratégias, recursos, avaliação. Muitas

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vezes, em vez de estratégias, constam procedimentos e, também consta no roteiro

do plano, um cronograma (GARDIN; CRUZ, 2009, p. 21). Nesse sentido, a fala da

segunda professora pode indicar introjeção de elementos comuns que compõem os

planejamentos de ensino, repetidos à exaustão pelos profissionais da área.

De acordo com Masetto (2003, p.178) o plano de uma disciplina atende a

outra necessidade: trata-se de um documento de comunicação:

• Entre professores e alunos: o plano da disciplina passa a ser um instrumento de trabalho e um documento de compromisso com a aprendizagem. Nele tudo está claro e combinado entre professor e aluno, permitindo que todos possam se orientar com segurança para os objetivos a serem perseguidos; • Entre o professor responsável por uma disciplina e seus colegas de disciplina ou departamento, e o chefe de departamento ou de disciplina e com os diretores da Instituição. É a forma de mostrar a orientação que você doa a seu trabalho permitindo uma intercomunicação com os demais colegas. Tal contato permite evitar duplicação de programação, se chegar a uma possível integração de disciplinas, bem como evita que conhecimentos essenciais deixem de ser tratados pelo fato de nenhum professor ter-se proposto a tal;

• Entre os docentes de outras disciplinas que são lecionadas no mesmo semestre e para a mesma turma, abrindo a possibilidade de atividade em conjunto e até mesmo de iniciativas de interdisciplinaridade.

De qualquer forma, não se pode afirmar, pela fala das professoras, se elas

cumprem o planejamento de forma coerente e sistemática, ou não. Pode-se afirmar

que a noção de planejamento de disciplina e de aula está introjetada no exercício da

profissão docente, entretanto, somente podem ser analisadas as diferentes formas

de implementá-lo se houver acompanhamento e observação em sala de aula, o que

implicaria em outro tipo de pesquisa, pois como assinala Gil (2006), o planejamento

é concretizado no cotidiano do trabalho docente.

Ao serem indagadas sobre o que poderia melhorar em sua atuação em sala

de aula, responderam que:

O profissional sempre está em construção, e o mundo muda a cada segundo, portanto através do curso de atualização, pesquisa, estudo

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e até mesmo pela conversa informal com os alunos, posso aprimorar minha atuação em sala de aula (professora 1). A gente sempre pode melhorar, porque não podemos nos acomodar, temos que ser CRIATIVOS e OUSADOS enquanto docentes. Como? Acreditando no nosso potencial, investindo no nosso desempenho e focando se o aluno APRENDEU. O objetivo da docência é o aprendizado do aluno (professora 2).

É interessante notar que nas falas, as professoras reafirmam a importância da

construção e reconstrução do conhecimento como um fator motivacional, sempre

visando o melhor desempenho, atualização e aperfeiçoamento constante.

Gil (2011, p.150) lembra que o professor deve promover a atenção dos

estudantes mediante algumas estratégias, tais como: manter certa dose de humor

nas apresentações, lecionar de forma entusiástica, promover aplicação prática do

que é ensinado, variar as estratégias de ensino, utilizar recursos instrucionais

adequados e estimular a participação dos alunos durante as aulas.

Na fala da professora 2, identifica-se a questão da criatividade, da ousadia, da

crença no potencial e no investimento profissional, o que chama atenção para uma

atitude de não acomodação. As palavras criação e ousadia podem expressar um

fator motivacional para o desempenho docente e, consequentemente, para a

aprendizagem do aluno.

No que diz respeito à motivação, Bergamine (1997) coloca que esta depende

de dois fatores: o externo e o interno, ou melhor, depende do que está acontecendo

com o sujeito naquele momento. O autor afirma ainda que a motivação ocorre de

dentro para fora e não de fora para dentro, revelando o que deve ser feito para

motivar os indivíduos ou, no mínimo, não desmotivá-los.

Assim, é importante considerar que no âmbito educacional, lugar onde se

constrói e se negocia mudanças, o docente precisa estar atento aos fatores externos

e internos que o mantenham motivado para o exercício da profissão.

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Ao responderem sobre o que seria um bom aluno, afirmaram que:

Bom aluno é aquele que participa que se interessa, que pergunta, não só aquele que tira boas notas (professora 1). É aquele aluno que consegue aprender, interagir com o professor e com os demais alunos na busca da excelência (professora 2).

A palavra aluno, derivada do latim alere, expressa alimentar, nutrir, crescer,

desenvolver, animar, fomentar, criar, sustentar, produzir, fortalecer etc. (HOUAISS,

2011, p.24). É aquele que precisa ser conduzido, orientado e para que isso

aconteça, o professor é o elemento fundamental.

Nota-se nas afirmações das professoras o quanto é importante o empenho do

aluno, sua participação e interesse. Pode-se perguntar, nesse sentido, até que ponto

e em que medida as professoras não expressaram a noção de que um bom aluno

pode ser aquele que não provoca problemas em sala de aula, sabe se comportar,

sabe atender as solicitações dos professores, interage com os colegas, enfim,

”presta atenção” nas aulas e preenche as expectativas do que dele se espera. O que

fazer, então, com alunos que não atendem esses “requisitos”? Infelizmente, este

estudo não pode responder a essa questão, mas indica a necessidade de se

aprofundar essa análise em pesquisas posteriores.

Quanto à questão sobre o que seria um bom professor, afirmaram que:

Bom professor é o profissional que se atualiza, que tem um bom relacionamento com os discentes, é aquele que procura sempre localizar no assunto explanado, exemplos da realidade para que ocorra um melhor entendimento da parte deles (os alunos) (professora 1). É aquele que usa recursos extraordinários para promover o desenvolvimento intelectual de seus alunos, ainda que tenha que ouvi-lo individualmente, entender sua origem, sua história de vida, interagir humanisticamente para compreender a essência desse aluno. É o professor que interage com os demais na busca da interdisciplinaridade e que agrega valor aos discentes/docentes e à instituição (professora 2).

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Conforme menção das professoras, um bom professor seria aquele que se

atualiza para atender bem as necessidades de construção de conhecimentos de

seus alunos (inclusive, usando exemplos da realidade); estabelece boas relações

com estes; busca novos recursos que auxiliem no desempenho intelectual dos

alunos; consegue ter uma visão “humanística” da relação professor-aluno; busca

interagir com seus pares. Pode-se afirmar que as falas denotam certa visão da

docência como trabalho interativo, embora não expressem isso de forma elaborada.

Nas palavras de Tardif, Lessard (2008, p. 268):

Na docência, a pessoa que é o trabalhador constitui o meio fundamental pelo qual se realiza o trabalho em si mesmo. A personalidade do trabalhador se torna, ela mesma, uma tecnologia do trabalho, ou seja, um meio em vista dos fins visados: o terapeuta, o professor, o trabalhador de rua põem em atuação sua personalidade no contato com as pessoas com quem trabalham, e estas os julgam e os acolhem em função disso. Componentes como o calor, a empatia, a compreensão, a abertura do espírito, o senso de humor, etc. constituem assim, trunfos inegáveis do professor enquanto trabalho interativo.

De acordo ainda com Paquay, Perrenoud e Marguerite (2008, p.65) “(....) o

bom professor é aquele que tem como eixo de suas ações o aprendizado e que,

desse modo, torna-se o elemento detonador de uma transformação do aluno em seu

encaminhamento pessoal”.

Nesse contexto, registre-se a importância da fala da professora 2 quando se

refere à integração com outros colegas, pois a atividade compartilhada pode

melhorar a interação entre os sujeitos envolvidos no processo educativo, tendo em

vista que “a base de toda a atividade cooperativa é a ação conjunta; há negociação

de conflitos, estabelecendo-se uma teia de relações que compõe o processo

interativo de funcionamento assistemático” (BOLZAN, 2009, p.19).

Assim, de acordo com Bolzan (2009), os processos interativos pressupõem

uma reestruturação do fazer cotidiano ao longo da atividade docente, aproveitando o

potencial cognitivo dos sujeitos deste processo, docente/discente.

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Ao serem questionadas sobre as maiores dificuldades e facilidades para

implementar o currículo dos cursos nos quais atuam como docente, afirmaram que:

Minha maior dificuldade para implementação do currículo do curso é utilização de recursos que facilitem a interação do aluno com o assunto abordado. E a minha maior facilidade é a aplicação da avaliação (professora 1).

Abertura que não tenho com a coordenação (ele mesmo define) a partir do conteúdo programático que entrego. Nenhuma facilidade (professora 2).

Pode-se perceber a dificuldade para implementar o currículo, pois na fala da

primeira professora, observa-se a tensão ou contradição entre dominar o conteúdo e

lançar mão de recursos didáticos para tal. A professora afirma ter facilidade apenas

para avaliar.

A professora 1, ao mencionar a forma de avaliação anteriormente, diz que

esta será modificada de acordo com o aproveitamento do aluno, no entanto, expõe

que tem dificuldade com os recursos que facilitem a interação dos alunos com os

assuntos abordados, e, na sequência apresenta a facilidade na aplicação da

avaliação.

Masetto (2003) acrescenta que o ensino superior não pode deixar de rever

seus currículos de formação dos profissionais, não pode também querer revê-los

apenas com a visão de especialistas da Instituição (os professores).

Na segunda fala, nota-se a predominância da coordenação do curso na

definição do currículo, com ausência de autonomia da professora. Pode-se inferir

que ambas as falas estão relacionadas – embora na segunda, de forma indireta – à

questão da avaliação. Atualmente os docentes visam a estruturar as avaliações,

conforme o mesmo nível ou similar ao Exame Nacional de Desempenho de

Estudantes (Enade), que avalia o rendimento dos alunos dos cursos de graduação,

ingressantes e concluintes, em relação aos conteúdos programáticos dos cursos em

que estão matriculados. Há por parte das coordenações de curso uma cobrança

neste sentido, para que seja utilizada a mesma linguagem e que o aluno se habitue

ao mesmo nível de questões.

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Espera-se que a coordenação do curso seja parceira do corpo docente, e que

promova um ambiente de trabalho harmonioso, pois representa a figura essencial

para tomada de decisões, no comportamento do conjunto organizacional da IES.

Seu compromisso com o projeto pedagógico do curso e com os professores se

traduz na qualidade no processo de ensino-aprendizagem.

Assim, ressalte-se a importância do comentário da professora, estabelecendo

o que acontece entre o trabalho docente e o papel da coordenação. O suporte e o

auxílio da coordenação vão além de reuniões pedagógicas, pois essa função

configura-se como apoio docente e compreensão das necessidades desse

profissional.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo apresentou como propósito a identificação de motivos que levam

profissionais de outras áreas do conhecimento a frequentar um curso de e pós-

graduação lato sensu em formação para a docência no ensino superior, em busca

de se aperfeiçoar em sua trajetória profissional.

Primeiramente, discuti a docência, apresentando um panorama desta

atividade profissional, à luz da literatura científica. Na sequência, examinei a

expansão e a normatização do ensino superior no Brasil e apresentei parte das

fontes oficiais que regulamentam a formação para o ensino superior. Foram

discutidos, ainda, dados do ensino superior no estado de Alagoas, características da

instituição onde se realizou o curso de formação para a docência no ensino superior,

bem como características do curso. Finalmente, foram analisadas as opiniões de

professoras - alunas egressas do curso de formação para docência do ensino

superior – na tentativa de apreender porque optaram por essa forma de

aperfeiçoamento profissional e se o curso contribuiu para seu aprimoramento

enquanto docentes.

Masetto (2003), ao comentar o apelo da Unesco, na Declaração Mundial

sobre Educação Superior no Século XXI, de 1998, sublinha alguns aspectos da

educação superior tais como:

• “educar e formar pessoas altamente qualificadas, cidadãs e cidadãos responsáveis [...] incluindo capacitações profissionais [...] mediante cursos que se adaptem constantemente às necessidades presentes e futuras da sociedade”;

• “prover oportunidades para a aprendizagem permanente”; • “contribuir na proteção e consolidação dos valores da sociedade [...] perspectivas críticas e independentes, perspectivas humanistas”; • “implementar a pesquisa em todas as disciplinas, [...] a interdisciplinaridade”;

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• “reforçar os vínculos entre educação superior e o mundo do trabalho e os outros setores da sociedade”; • “o novo paradigma de educação superior que tenha seu interesse centrado no estudante [...] o que exigirá a reforma de currículos, utilização de novos métodos e apropriados métodos que permitam ir além do domínio cognitivo das disciplinas”; • “novos métodos pedagógicos precisam estar associados a novos métodos avaliativos”; • “criar novos ambientes de aprendizagens, que vão desde os serviços de educação a distância até as instituições e sistemas de educação superior totalmente virtuais (MASETTO, 2003, p.16).

Assim, tomou-se como ponto de partida a ideia de que a formação docente

compreende não só o desenvolvimento de conhecimentos teóricos, mas também a

construção do perfil de um profissional capaz de identificar suas próprias

concepções, dificuldades, valores e atitudes em relação a sua aprendizagem,

visando a uma atuação crítica no desempenho profissional.

No primeiro capítulo discutiu-se a complexidade que reveste a docência, no

cenário contemporâneo, à luz da literatura. Dentre os autores referenciados,

destaque-se o pensamento de Pimenta e Anastasiou (2002, p.259) sobre o processo

da docência no ensino superior, por sintetizar a discussão realizada no início deste

estudo: “avançar no processo de docência e do desenvolvimento profissional, mediante a

preparação pedagógica não se dará em separado de processos de desenvolvimento

pessoal e Institucional: este é o desafio a ser hoje, considerado na construção da docência

no ensino superior”.

Com base nessa proposta, Pimenta e Anastasiou (2002) os professores, ao

ingressarem na docência do ensino superior já trazem várias experiências vividas

como alunos, o que permite compreender o que é o bom professor, espelhando-se

nos mais significativos, os quais contribuirão para sua formação pessoal e

profissional.

Continuando essa análise, as autoras avaliam que os pesquisadores dos vários

campos do conhecimento (historiadores, químicos, filósofos, biólogos, cientistas

políticos, físicos, matemáticos, artistas, etc.) e os profissionais das várias áreas

(médicos, dentistas, engenheiros, advogados, economistas, etc.) adentram o campo

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da docência no ensino superior como decorrência natural dessas suas atividades e

por razões e interesses variados.

É imperioso colocar a necessidade de se formar profissionais de qualidade e

valorizar o magistério cujo exercício requer, por parte do docente, além do domínio

de um saber historicamente acumulado em sua área de formação, o

desenvolvimento de um conjunto de habilidades e competências específicas para

saber ensinar esse mesmo conteúdo.

Neste estudo, diante das falas das professoras, foi possível constatar o

quanto o referido curso contribuiu para sua inserção no ensino superior como

professoras universitárias, bem como para a construção de uma opinião – ainda que

seja questionável - sobre a docência. Identificou-se também a importância atribuída

por elas à vivência em sala de aula, à busca pela didática e ao aperfeiçoamento da

prática diária como docente. Entretanto, foram registradas críticas em relação ao

curso, tais como: a biblioteca e os equipamentos que deixam a desejar; ausência de

integração entre teoria e prática, o que nos leva a questionar disciplinas que se

dedicam a examinar elementos da didática, conforme discutido no último capítulo.

Também é necessário registrar respostas que podem ser consideradas

“repetições” de conteúdos aprendidos ao longo do curso, tais como aquelas que se

referem à importância da interdisciplinaridade (embora apareça de forma imprecisa,

às vezes como integração de disciplinas); às formas de planejamento (resposta que

pode ser considerada mais burocrática e / ou formal e outra mais elaborada, porém,

muito direcionada a conteúdos trabalhados na área).

Em suma, com base nas respostas dadas, foi possível elencar questões

centrais tais como:

1) Motivação por frequentar o curso

• A busca permanente - e por vontade própria - pela qualificação e

aperfeiçoamento profissional;

• Estímulo familiar.

2) Desdobramentos do curso nas trajetórias profissionais

• Possibilidade de continuidade na carreira - ingresso no mestrado

acadêmico;

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• Perceber melhor os problemas de sala de aula;

• Aprimoramento da visão dos usos de recursos didáticos;

• Como funciona uma IES (ideia de regulamentação).

3) Visão do projeto pedagógico do curso

• A necessidade de relação entre teoria e prática;

• Ter experiência docente para fazer o curso;

• O curso não prepara “como ensinar”.

4) Importância do curso e o trabalho como docente nos tempos atuais

• Compreensão das práticas pedagógicas (ideia de prática reiterada);

• Ideia de relação entre disciplinas.

5) Importância dos recursos didáticos

• Diversidade de recursos, com predominância de recursos tecnológicos.

6) O planejamento do trabalho docente

• Resposta formal sobre planejamento (cumprimento burocrático);

• Resposta mais elaborada sobre planejamento (poderia significar uma

introjeção da discussão posta na área sobre a importância do planejamento).

7) A opinião sobre como melhorar a atuação em sala de aula

• Ideia de mudança permanente;

• Levar em consideração o que os alunos pensam;

• Criação;

• Ousadia;

• Potencial.

8) A opinião sobre o que seria um bom aluno

• Participação;

• Interesse;

• Não está relacionado apenas a boas notas;

• Ideal de aluno: aprende, interage.

9) A opinião sobre o que seria um bom professor

• Atualização;

• Boa relação com discentes;

• Usa exemplos da realidade;

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• Usa recursos extraordinários;

• Entender história de vida;

• Interação;

• Agregação de valores.

10) Dificuldades e facilidades como docentes

• Contradições no discurso sobre usos de recursos;

• Facilidade na avaliação (aplicar provas);

• Problemas no relacionamento com a coordenação do curso;

• Expectativa sobre o como aprender a dar aula no ensino superior;

• A didática e prática de ensino;

• O uso das TICs;

• Relacionamento professor-aluno.

Por meio da análise dos dados obtidos, percebe-se, de um lado, que a

questão da prática docente pode fazer com que o professor assuma uma

responsabilidade individual pela qualidade do seu trabalho, atribuindo relações entre

vocação, prática e didática, tendo em vista a importância dada às questões que

envolvem as atividades práticas e a necessidade de se levar em conta a experiência.

De outro, confere-se nas falas o prazer de exercer a profissão docente, e não

apenas como um trabalho capaz de garantir a sobrevivência. Identifica-se o desejo

de formar outros profissionais, ao tempo em que se potencializa a realização

profissional como professoras do nível superior.

Observa-se o peso das novas tecnologias na educação superior, ideia esta

diretamente relacionada às possibilidades de melhorar a relação com seus alunos,

pois esse instrumental é visto como apoio na transmissão dos conteúdos com

recursos tecnológicos atualizados, possibilitando-lhes criatividade e domínio na

prática pedagógica.

Entretanto, como discuti anteriormente, concordo com Tardif, Lessard (2008),

quando os autores afirmam que os professores utilizam, no dia-a-dia de suas

atividades, conhecimentos práticos tirados da sua vivência, muito mais baseados no

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senso comum do que no conhecimento científico. Neste caso, as tecnologias e as

ciências da educação não conseguem dar aos professores respostas diretas e

objetivas sobre o “como fazer”.

Em suas palavras:

Na maior parte do tempo eles têm que agir tomando decisões e

desenvolvendo estratégias de ação ao vivo, sem poder apoiar-se em

nenhum “saber fazer” tecnocientífico que lhes permitisse um controle

certo e seguro da situação Tardif, Lessard (2008, p. 264).

As professoras deixam claro que a relação com outros professores mobiliza a

prática educativa, por meio das experiências e, ao mesmo tempo, indicam a

possibilidade de se aprofundarem nos conhecimentos pedagógicos com base na

interdisciplinaridade, embora não expliquem o que entendem por isso.

Em suma, evidencia-se a opção pela docência como possibilidade de

prosseguir na trajetória profissional, motivadas por percorrer uma carreira no ensino

superior, pois uma das professoras ingressou até mesmo em Mestrado Acadêmico,

após sair do curso.

Conforme discuti anteriormente, baseada em Gatti, Barretto (2012), a opção

ou não pelo magistério não se resume a aspectos de sobrevivência (emprego e

salário), pois elementos contextuais - motivação, interesses, expectativas, trajetórias

de vida - interferem nas escolhas de trabalho. Nessa perspectiva, a docência no

ensino superior não constitui exceção.

Conforme discuti no segundo capítulo, a docência no ensino superior pode

estar relacionada a possibilidades de oferta do número de vagas no mercado de

trabalho privado. Porém, é necessário que o preenchimento dessas vagas não seja

apenas complementação de salários, ou ausência de opção de empregabilidade em

outras áreas (PIMENTA, ANASTASIOU, 2008).

Em outros termos, é preciso que haja uma conjugação de esforços – bons

cursos iniciais, aliados à oferta de cursos de pós-graduação lato sensu – tais como

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este aqui apresentado – acompanhados, porém, de forma mais rigorosa pelo MEC,

para a construção de uma categoria profissional reconhecida pela sociedade e

respeitada.

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APÊNDICE- QUESTIONÁRIO

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QUESTIONÁRIO

• Por que você resolveu frequentar um curso de especialização em docência no

ensino superior? Justifique

• Quais desdobramentos e/ou consequências esse curso trouxe para sua

trajetória profissional?

• Qual é sua opinião em relação ao projeto pedagógico do curso (conteúdos

das disciplinas; carga horária; material didático; equipamentos; biblioteca)?

• Que relações você estabeleceria entre a proposta pedagógica do curso e o

seu trabalho como docente hoje?

• Quais recursos didáticos você usa em seu trabalho docente? Como usa?

Esses recursos são suficientes para a boa aprendizagem dos alunos?

• De que forma você planeja seu trabalho?

• Você acha que poderia melhorar sua atuação em sala de aula? Por que?

Como?

• Para você, o que é um bom aluno?

• Para você, o que é um bom professor?

• Quais são as suas maiores dificuldades para implementar o currículo do curso

no qual você atua como docente? Quais são suas maiores facilidades?

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ANEXO I – RESOLUÇÃO N.1 DE 8 DE JUNHO DE 2007

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR

RESOLUÇÃO N° 1, DE 8 DE JUNHO DE 2007 (*) (**)

Estabelece normas para o funcionamento de cursos de pós-graduação lato sensu, em nível de especialização.

O Presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, no uso de suas atribuições legais, tendo em vista o disposto nos arts. 9º, inciso VII, e 44, inciso III, da Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e com fundamento no Parecer CNE/CES n° 263/2006, homologado por Despacho do Senhor Ministro da Educação em 18 de maio de 2007, publicado no DOU de 21 de maio de 2007, resolve: Art. 1° Os cursos de pós-graduação lato sensu oferecidos por instituições de educação superior devidamente credenciadas independem de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento, e devem atender ao disposto nesta Resolução. § 1° Incluem-se na categoria de curso de pós-graduação lato sensu aqueles cuja equivalência se ajuste aos termos desta Resolução. § 2° Excluem-se desta Resolução os cursos de pós-graduação denominados de aperfeiçoamento e outros. § 3° Os cursos de pós-graduação lato sensu são abertos a candidatos diplomados em cursos de graduação ou demais cursos superiores e que atendam às exigências das instituições de ensino. § 4° As instituições especialmente credenciadas para atuar nesse nível educacional poderão ofertar cursos de especialização, única e exclusivamente, na área do saber e no endereço definidos no ato de seu credenciamento, atendido ao disposto nesta Resolução. Art. 2° Os cursos de pós-graduação lato sensu, por área, ficam sujeitos à avaliação dos órgãos competentes a ser efetuada por ocasião do recredenciamento da instituição. Art. 3° As instituições que ofereçam cursos de pós-graduação lato sensu deverão fornecer informações referentes a esses cursos, sempre que solicitadas pelo órgão coordenador do Censo do Ensino Superior, nos prazos e demais condições estabelecidos. Art. 4° O corpo docente de cursos de pós-graduação lato sensu, em nível de especialização, deverá ser constituído por professores especialistas ou de reconhecida capacidade técnico-profissional, sendo que 50% (cinqüenta por cento) destes, pelo menos, deverão apresentar titulação de mestre ou de doutor obtido em programa de pós-graduação stricto sensu reconhecido pelo Ministério da Educação. Art. 5° Os cursos de pós-graduação lato sensu, em nível de especialização, têm duração mínima de 360 (trezentas e sessenta) horas, nestas não computado o

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tempo de estudo individual ou em grupo, sem assistência docente, e o reservado, obrigatoriamente, para elaboração individual de monografia ou trabalho de conclusão de curso. Art. 6° Os cursos de pós-graduação lato sensu a distância somente poderão ser oferecidos por instituições credenciadas pela União, conforme o disposto no § 1° do art. 80 da Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Parágrafo único. Os cursos de pós-graduação lato sensu oferecidos a distância deverão incluir, necessariamente, provas presenciais e defesa presencial individual de monografia ou trabalho de conclusão de curso. Art. 7° A instituição responsável pelo curso de pós-graduação lato sensu expedirá certificado a que farão jus os alunos que tiverem obtido aproveitamento, segundo os critérios de avaliação previamente estabelecidos, sendo obrigatório, nos cursos presenciais, pelo menos, 75% (setenta e cinco por cento) de freqüência. § 1° Os certificados de conclusão de cursos de pós-graduação lato sensu devem mencionar a área de conhecimento do curso e serem acompanhados do respectivo histórico escolar, do qual devem constar, obrigatoriamente: I - relação das disciplinas, carga horária, nota ou conceito obtido pelo aluno e nome e qualificação dos professores por elas responsáveis; II - período em que o curso foi realizado e a sua duração total, em horas de efetivo trabalho acadêmico; III - título da monografia ou do trabalho de conclusão do curso e nota ou conceito obtido; IV - declaração da instituição de que o curso cumpriu todas as disposições da presente Resolução; e V - citação do ato legal de credenciamento da instituição. § 2° Os certificados de conclusão de cursos de pós-graduação lato sensu, em nível de especialização, na modalidade presencial ou a distância, devem ser obrigatoriamente registrados pela instituição devidamente credenciada e que efetivamente ministrou o curso. § 3° Os certificados de conclusão de cursos de pós-graduação lato sensu, em nível de especialização, que se enquadrem nos dispositivos estabelecidos nesta Resolução terão validade nacional. Art. 8° Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, ficando revogados os arts. 6°, 7°, 8°, 9°, 10, 11 e 12 da Resolução CNE/CES n° 1, de 3 de abril de 2001, e demais disposições em contrário.

ANTÔNIO CARLOS CARUSO RONCA

(*) Resolução CNE/CES 1/2007. Diário Oficial da União, Brasília, 8 de junho de 2007, Seção 1, pág. 9.

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(**) Alterada pela Resolução CNE/CES nº 5, de 25 de setembro de 2008, que estabelece normas para o credenciamento especial de Instituições não Educacionais para oferta de cursos de especialização.