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UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARANPR
UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO
MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUO
JONAS VIEIRA ALCNTARA
ADEQUAES ERGONMICAS NOS SERVIOS DE ALVENARIA, UTILIZANDO EQUIPAMENTOS VERSTEIS, VISANDO A SADE E A
PRODUTIVIDADE DOS OPERRIOS
DISSERTAO
PONTA GROSSA
2009
JONAS VIEIRA ALCNTARA
ADEQUAES ERGONMICAS NOS SERVIOS DE ALVENARIA, UTILIZANDO EQUIPAMENTOS VERSTEIS, VISANDO A SADE E A
PRODUTIVIDADE DOS OPERRIOS
Dissertao apresentada como requisito parcial para a obteno do ttulo de Mestre em Engenharia de Produo, do Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo, rea de Concentrao: Gesto Industrial, do Departamento de Pesquisa e Ps-Graduao, do Campus Ponta Grossa, da UTFPR.
Orientador: Prof. Dr. Antnio Augusto de Paula Xavier
PONTA GROSSA
2009
PPGEP Gesto Industrial - 2009
PPGEP Gesto Industrial - 2009
UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN Campus Ponta Grossa
Gerncia de Pesquisa e Ps-Graduao PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO
UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARANPR
TERMO DE APROVAO
Ttulo de Dissertao N 125/2009
ADEQUAES ERGONMICAS NOS SERVIOS DE ALVENARIA, UTILIZANDO EQUIPAMENTOS VERSTEIS, VISANDO A SADE E A PRODUTIVIDADE DOS
OPERRIOS por
Jonas Vieira Alcntara
Esta dissertao foi apresentada s 10 horas do dia 28 de agosto de 2009 como requisito
parcial para a obteno do ttulo de MESTRE EM ENGENHARIA DE PRODUO, com
rea de concentrao em Gesto Industrial, linha de pesquisa em Gesto da Produo e Manuteno, Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Aps
deliberao, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.
_______________________________
Prof. Dr. Luiz Bueno da Silva (UFPB) ________________________________
Prof. Dr. Jos Adelino Kruger (UEPG)
____________________________ _____________________________ Prof. Dr. Antonio Carlos Frasson
(UTFPR) Prof. Dr Antnio Augusto de Paula
Xavier (UTFPR) - Orientador
_________________________________
Prof. Dr Kazuo Hatakeyama (UTFPR)
Visto do Coordenador:
Joo Luiz Kowaleski (UTFPR)
Coordenador do PPGEP
PPGEP Gesto Industrial - 2009
Saudaes ergonmicas aos trabalhadores, especialmente aos operrios da Construo Civil, a quem dedico este trabalho.
PPGEP Gesto Industrial - 2009
AGRADECIMENTOS
A todos que, de alguma forma, colaboraram para que este trabalho se
concretizasse:
Amigos: de quem no faltou incentivo em momento algum.
Famlia: apoio essencial.
A todos os professores, pela generosidade com que partilharam seus
conhecimentos.
Especialmente agradeo ao Professor Dr. Antnio Augusto de Paula Xavier, por me
haver contagiado com seu entusiasmo pela pesquisa ergonmica, conquistando
minha profunda admirao.
Colegas de mestrado, que se tornaram grandes amigos.
amiga Jandyra Abranches, pela assessoria permanente nesses trs anos de
batalha, de ansiedade e de trabalho intenso at a reta final.
Trabalhadores da construo civil, colaboradores preciosos desta pesquisa,
protagonistas de situaes de risco, lutadores annimos de um cotidiano ainda
adverso em que arriscam a sade, a integridade fsica e, muitas vezes, a prpria
vida.
PPGEP Gesto Industrial - 2009
[...] a preocupao em adaptar o ambiente natural e construir objetos artificiais para atender s suas convenincias sempre esteve presente nos seres humanos desde os tempos remotos. (IIDA, Itiro, 2005).
PPGEP Gesto Industrial - 2009
RESUMO
Tendo por objeto de observao e anlise a tarefa de levantamento de alvenaria, esta pesquisa tem por escopo analisar se a utilizao de mquinas e equipamentos versteis, por estarem mais de acordo com a anatomia e a capacidade fsica do ser humano, podendo propiciar ganhos ergonmicos significativos. Ganhos esses que se refletem no s na questo de sade do trabalhador da Construo Civil, mas influenciam positivamente diversos outros aspectos socioeconmico e ambientais. No aspecto social, quando subtrai muitos trabalhadores do afastamento por acidente de trabalho, poupando-os da condio psicologicamente indesejvel de inutilidade, mesmo que temporria, para o trabalho. No aspecto econmico, que envolve tambm o problema social, a permanncia do trabalhador no local de trabalho em condies normais de produo significa menos problemas trabalhistas e possibilidade de maior produtividade. Alm disso, analisando ainda o ganho econmico, h reduo acentuada de recursos de produo, que ser mensurada no decorrer da pesquisa, e visvel reduo de desperdcio, o que significa poupana ambiental, tendo em vista que a matria-prima utilizada e/ou refugada na produo desses insumos origina-se no meio ambiente. Considerando que a utilizao de mquinas e equipamentos versteis na Construo Civil possibilita produzir mais com menos custo e reduzir substancialmente o desperdcio, infere-se que a adoo dessa prtica ajusta-se ao conceito de Construo Enxuta.
Palavras-chave: Ergonomia. Equipamentos versteis. Construo Enxuta. .
PPGEP Gesto Industrial - 2009
ABSTRACT
Due to the observation and analysis of masonry production, this research aims to analyze whether the use of versatile equipment should promote significant ergonomics gains, since they must be in accordance to human anatomy and physical capacity. These gains reflect not only on the workers health issue, but also influencing positively many other social-economical-environmental aspects. On the social aspect, when subtracts many workers from working accident absence, preventing them from the undesired psychological condition of uselessness, even when temporary, towards the work. On the economical aspect, which also involves a social matter, keeping the worker at his work site, on standard conditions, means a economical gains with higher productivity. Furthermore, when analyzing the economic gains, there is also the great reduction of production resources, which was measured. Besides a visible reduction of waste, which means environmental savings, since the civil construction raw material always come from environmental sources. Therefore, considering that the use of versatile equipment in civil construction works let us produce more, with less cost, and substantially reduce the waste, it is possible to infer the adoption of this practices suits to lean construction concepts.
Keywords: Ergonomics. Versatile Equipment. Lean Construction.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Pilares de sustentao da Produo Enxuta....................................................................... 37
Figura 2 Dois nveis de kaizen ........................................................................................................... 40
Figura 3 Pedreiro assentando lajota (1)............................................................................................. 69
Figura 4 Pedreiro assentando lajota (2)............................................................................................. 69
Figura 5 Cronmetro utilizado para mensurar tempo gasto em cada atividade ................................ 71
Figura 6 Escantilho: Referncia para assentamento de lajota/bloco............................................... 72
Figura 7 Facilitador de lanamento de concreto e argamassa .......................................................... 73
Figura 8 Minibetoneira........................................................................................................................ 74
Figura 9 Funil colocado na entrada de um tubo, no piso superior..................................................... 74
Figura 10 Cone/saia acoplado sada do tubo, no piso inferior........................................................ 74
Figura 11 Trs tamanhos de galgador de argamassa ....................................................................... 75
Figura 12 Galgador de argamassa .................................................................................................... 75
Figura 13 Andaime regulvel verstil Construo Enxuta ........................................................... 76
Figura 14 Fio de nylon para alinhamento e nivelamento das fiadas.................................................. 79
Figura 15 Fases do trabalho a serem analisadas para alinhamento/nivelamento ............................ 80
Figura 16 Assenta tijolo/lajota 1 1 fiada extremidade 1.............................................................. 81
Figura 17 Fixa o fio de nylon nas extremidades ................................................................................ 81
Figura 18 Completa assentamento das lajotas na 1 fiada ............................................................... 82
Figura 19 Tela Observe do WinOWAS com cdigo da Fase 1.......................................................... 82
Figura 20 Resumo WinOWAS das posturas para alinhamento/nivelamento quando utilizado equipamento convencional.................................................................................................................... 83
Figura 21 Quadro Resumo das recomendaes para alinhamento/nivela-mento quando utilizado equipamento convencional.................................................................................................................... 84
Figura 22 Tela de recomendaes de aes para todas as categorias ............................................ 85
Figura 23 Verificao da verticalidade utilizando o prumo ................................................................ 86
Figura 24 Prumo de face.................................................................................................................... 86
Figura 25 Fases do trabalho a serem analisadas para verificao de verticalidade......................... 87
Figura 26 Assentamento de lajota nas extremidades 1 fiada........................................................ 88
Figura 27 Verificao de verticalidade 1 lajota da 1 fiada............................................................ 88
Figura 28 Assentamento da 1 lajota nas extremidades da 2 fiada ................................................. 88
Figura 29 Verificao de verticalidade 1 lajota extremidade 2 fiada......................................... 88
Figura 30 Assentamento de lajota nas extremidades de fiada alta ................................................... 89
Figura 31 Verificao da verticalidade nas extremidades de fiada alta............................................. 89
Figura 32 Resumo WinOWAS das posturas para verificao de verticalidade quando utilizado equipamento convencional.................................................................................................................... 89
Figura 33 Quadro Resumo das recomendaes para verificao de verticalidade quando utilizado equipamento convencional.................................................................................................................... 90
PPGEP Gesto Industrial - 2009
Figura 34 Tela de recomendaes de aes para todas as categorias ............................................ 91
Figura 35 Fases do trabalho a serem analisadas para alinhamento/ nivelamento/verticalidade na Construo Enxuta (instalao do escantilho).................................................................................... 92
Figura 36 Pressionando haste 1 do escantilho................................................................................ 93
Figura 37 Verificando verticalidade da haste ..................................................................................... 93
Figura 38 Regulando anel da haste 1 para assentar 1 fiada............................................................ 93
Figura 39 Apoiando a rgua nas hastes na altura da 1 fiada........................................................... 94
Figura 40 Resumo WinOWAS das posturas para alinhamento/nivelamento/verticali-dade amostra B ............................................................................................................................................................ 94
Figura 41 Quadro Resumo das recomendaes para alinhamento/ nivelamento/verticalidade utilizando equipamento verstil ............................................................................................................. 95
Figura 42 Tela de recomendaes de aes para todas as categorias ............................................ 95
Figura 43 Andaime convencional....................................................................................................... 96
Figura 44 Fases do trabalho WinOWAS utilizando andaime convencional.................................... 97
Figura 45 Pegando lajota no piso do andaime................................................................................... 98
Figura 46 Pegando argamassa na caixa ........................................................................................... 98
Figura 47 Colocando argamassa na lajota ........................................................................................ 98
Figura 48 Assentando lajota sobre a lajota anterior .......................................................................... 99
Figura 49 Batendo na lajota com a colher de pedreiro ...................................................................... 99
Figura 50 Retirando excesso de argamassa com a colher de pedreiro ............................................ 99
Figura 51 Resumo WinOWAS das posturas para assentamento de lajota utilizando andaime convencional........................................................................................................................................ 100
Figura 52 Quadro de recomendaes WinOWAS ........................................................................... 101
Figura 53 Escada de acesso ao piso do andaime regulvel ........................................................... 101
Figura 54 Pegando lajota no andaime regulvel.............................................................................. 102
Figura 55 Colhendo argamassa na caixa sobre o andaime regulvel............................................. 102
Figura 56 Colocando argamassa na lajota ...................................................................................... 102
Figura 57 Assentando lajota sobre a lajota anterior ........................................................................ 103
Figura 58 Batendo na lajota com a colher de pedreiro .................................................................... 103
Figura 59 Retirando excesso de argamassa com a colher de pedreiro .......................................... 103
Figura 60 Resumo das posturas para assentamento de lajota na fiada mais alta utilizando o andaime regulvel ............................................................................................................................... 104
Figura 61 Tela de recomendaes WinOWAS ................................................................................ 104
Figura 62 Tonel para transporte vertical de lajota............................................................................ 105
Figura 63 Fases para transporte vertical de lajotas......................................................................... 106
Figura 64 Carregando lajotas para encher o tonel .......................................................................... 106
Figura 65 Acomodando lajotas no tonel........................................................................................... 107
Figura 66 Preparando tonel para iamento...................................................................................... 107
Figura 67 Descarregando o tonel..................................................................................................... 107
Figura 68 Carregando lajotas para o local da demanda.................................................................. 107
Figura 69 Quadro Resumo das posturas para transporte vertical de lajotas .................................. 108
Figura 70 Quadro de recomendaes WinOWAS ........................................................................... 109
PPGEP Gesto Industrial - 2009
Figura 71 Veculo para transporte vertical de materiais .................................................................. 109
Figura 72 Fases do Trabalho no WinOWAS.................................................................................... 110
Figura 73 Carregando veculo com lajotas ...................................................................................... 110
Figura 74 Puxando veculo carregado ............................................................................................. 111
Figura 75 Preparando veculo para iamento .................................................................................. 111
Figura 76 Empurrando o veculo (no andar de cima) ...................................................................... 111
Figura 77 Descarregando veculo .................................................................................................... 111
Figura 78 Resumo das posturas para transporte vertical amostra B............................................ 112
Figura 79 Resumo das posturas para transporte vertical amostra B............................................ 113
Figura 80 Caixa de argamassa amostra A.................................................................................... 119
Figura 81 Caixa de argamassa amostra B.................................................................................... 119
Figura 82 Detalhe de parede sistema convencional..................................................................... 120
Figura 83 Detalhe de parede construo enxuta.......................................................................... 120
Figura 84 Espessura de rejunte Sistema convencional................................................................ 120
Figura 85 Cortando lajota em parede levantada (1) ........................................................................ 121
Figura 86 Cortando lajota em parede levantada (2) ........................................................................ 121
Figura 87 Preparando lajota para corte na mesa prpria ................................................................ 122
Figura 88 Encaixe de lajota em ngulo de 90 ................................................................................ 122
Figura 89 Colocando pasta de gesso .............................................................................................. 122
Figura 90 Embutindo a caixa na cavidade da lajota ........................................................................ 123
Figura 91 Lajota preparada para ser assentada.............................................................................. 123
Figura 92 Detalhe de Introduo de eletroduto sem rasgar a lajota................................................ 123
Figura 93 Detalhe de parede com as caixas de pontos de luz embutidas na lajota antes do assentamento...................................................................................................................................... 124
PPGEP Gesto Industrial - 2009
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Comparativa modelo convencional e modo de construo enxuta no transporte vertical de lajotas .............................................................................................. 114
Tabela 2 Medio de tempo quando utilizados mquinas e equipamentos convencionais............................................................................................................................ 115 114
Tabela 3 Medio de tempo quando utilizados mquinas e equipamentos versteis ............................................................................................................ 116 115
Tabela 4 Volume de argamassa usado quando utilizados mquinas e equipamentos convencionais .............................................................................................................. 117
Tabela 5 Volume e argamassa usado quando utilizados mquinas e equipamentos versteis ............................................................................................................ 118 117
PPGEP Gesto Industrial - 2009
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Perfil da Cadeia Produtiva da Construo e da Indstria de Materiais Junho-2008.................................................................................................................... 28
Grfico 2 Distribuio espacial no territrio nacional de empresas de Construo Civil Pesquisa Anual da Indstria da Construo...................................................... 29
Grfico 3 Percentual dos acidentes, por tipo de leso, registrados em CATs 2006/7 ................................................................................................................................ 59
Grfico 4 Percentual de CATs por atividade e tipo de leso ............................................................. 61
PPGEP Gesto Industrial - 2009
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 CATs emitidas por amputao........................................................................................... 54
Quadro 2 CATs emitidas por contuso/traumatismo/corte ........................................................ 56 54
Quadro 3 CATs emitidas por luxao ................................................................................................ 56
Quadro 4 CATs emitidas por ao de corpo estranho....................................................................... 56
Quadro 5 CATs emitidas por dorsalgia e lombalgia........................................................................... 57
Quadro 6 CATs emitidas por fratura/toro ............................................................................... 59 57
Quadro 7 Combinaes das posturas tpicas do Mtodo OWAS...................................................... 70
Quadro 8 Mtodo OWAS Classe das posturas e categorias de ao............................................ 70
PPGEP Gesto Industrial - 2009
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABERGO Associao Brasileira de Ergonomia
ABRAMAT Associao Brasileira de Materiais
AEAT Anurio Estatstico de Acidentes de Trabalho
BD Banco de Dados
BNH Banco Nacional da Habitao
CAGED Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
CAT Comunicao de Acidente de Trabalho
CBI Cmara Brasileira da Indstria da Construo
CEE Comisso de Economia e Estatstica
CEF Caixa Econmica Federal
CNI Confederao Nacional da Indstria
CPWR Center to Protect WorkersRights
CUT Central nica dos Trabalhadores
DAST Departamento de Acompanhamento da Sade do Trabalhador
DORT Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
FGV Fundao Getlio Vargas
h Hora
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
ICMS Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios
INSS Instituto Nacional de Seguridade Social
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados
ISS Imposto Sobre Servios
JIT Just In Time
l Litro
m Metro
m Metro quadrado
PPGEP Gesto Industrial - 2009
MS Massa Salarial
MTE Ministrio do Trabalho e Emprego
NIOSHI National Institute for Occupational Health and Safety
NR Norma Regulamentadora
OIT Organizao Internacional do Trabalho
PCMAT Programa de Condies e Meio Ambiente de Trabalho
PCMSO Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional
PIB Produto Interno Bruto
PME Pesquisa Mensal de Emprego
s Segundo
S/A Sociedade Annima
SESI Servio Social da Indstria
SINTRACONST-ES Sindicato dos Trabalhadores da Construo Civil no Esprito Santo
SPE Sociedade de Propsito Especfico
TPS Sistema Toyota de Produo
TR Taxa Referencial
TRF Troca Rpida de Ferramenta
PPGEP Gesto Industrial - 2009
SUMRIO
1 INTRODUO .......................................................................................................20
1.1 HIPTESE ..........................................................................................................23
1.2 PROBLEMA DA PESQUISA ..............................................................................23
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA ..............................................................................23
1.3.1 Objetivo geral ...................................................................................................24
1.3.2 Objetivos especficos .......................................................................................24
1.4 JUSTIFICATIVA E IMPORTNCIA DA PESQUISA ..........................................24
1.5 DELIMITAO DA PESQUISA..........................................................................27
2 REFERENCIAL TERICO.....................................................................................28
2.1 PERFIL DO SETOR DA CONSTRUO CIVIL .................................................28
2.1.1 Processo de trabalho na Construo Civil........................................................30
2.1.2 Inovao tecnolgica na Construo Civil........................................................33
2.2 PRODUO ENXUTA........................................................................................35
2.2.1 Conceito e gnese ...........................................................................................36
2.2.2 Construo Enxuta...........................................................................................41
2.3 ERGONOMIA......................................................................................................43
2.3.1 Conceitos e definies .....................................................................................44
2.3.2 Estrutura da Anlise Ergonmica do Trabalho .................................................45
2.4 ERGONOMIA NA CONSTRUO CIVIL ...........................................................48
2.4.1 Ergonomia na Construo Civil em mbito Mundial ........................................51
2.4.2 Ergonomia na Construo Civil no Brasil .........................................................53
2.4.3 Ergonomia e Construo Enxuta......................................................................62
3 METODOLOGIA ....................................................................................................65
3.1 FORMA DE ABORDAGEM ................................................................................65
HPHighlight
HPHighlight
HPHighlight
HPHighlight
HPHighlight
HPHighlight
PPGEP Gesto Industrial - 2009
3.2 OBJETIVOS METODOLGICOS.......................................................................65
3.3 CONSTRUO DO MODELO DE ANLISE .....................................................66
3.3.1 Definies das variveis...................................................................................66
3.3.2 Populao e amostra .......................................................................................67
3.3.3 Tcnicas de coleta de dados............................................................................68
3.3.4 Mquinas e equipamentos versteis utilizados na coleta de dados .................72
4 RESULTADOS E DISCUSSES............................................................................78 4.1 ANLISE COMPARATIVA DAS AMOSTRAS A E B.........................................78
4.1.1 Anlise de Risco Ergonmico utilizando o Mtodo OWAS com auxlio do Software WinOWAS ..................................................................................................78
4.1.2 Anlise quantitativa ........................................................................................113
5 CONCLUSES ....................................................................................................125
5.1 CONTRIBUIO CIENTFICA E TCNICA .....................................................127
5.2 SUGESTES PARA FUTUROS TRABALHOS ...............................................127
REFERNCIAS.......................................................................................................129
APNDICE A - Questionrio Proposto para Anlise Ergonmica ....................136
APNDICE B - Glossrio.......................................................................................140
Captulo 1 Introduo
PPGEP Gesto Industrial - 2009
20
1 INTRODUO
A histria do progresso da humanidade, desde a criao dos primeiros
objetos de pedra, permite inferir que a busca do bem-estar na execuo de tarefas
no recente na histria do Homem. [...] a preocupao em adaptar o ambiente natural e construir objetos artificiais para atender s suas convenincias, sempre esteve presente nos seres humanos desde os tempos remotos (IIDA, 2005, p.5).
H indcios, argumenta Franco (2001), de que a preocupao com aspectos
ergonmicos seja anterior ao paleoltico superior. A constatao dessa afirmativa
pode ser feita observando-se instrumentos primitivos em museus arqueolgicos,
conforme a citada autora. Percebe-se a, a preocupao de adaptao desses
instrumentos rudimentares ao manuseio mais fcil pelo homem.
Embora se observe, conforme Meirelles (apud VIDAL, 2003), a paulatina
adaptao daquelas ferramentas primitivas ao uso e manuseio do homem da poca,
o que demonstra a necessidade instintiva de ajustar o trabalho ao trabalhador, a Ergonomia, isto , o estudo da relao homem/trabalho, suas caractersticas e
consequncias, s recentemente mereceram ateno de pesquisadores e cientistas,
afirmam Sanders e McCormick (1993). Mais precisamente, a Ergonomia, com
caracterstica de disciplina, data da dcada de sessenta do Sculo XX.
Apesar da divulgao das pesquisas ergonmicas, muitos trabalhadores, por
desconhecimento de sua prpria fisiologia e dos danos que o trabalho realizado em
condies imprprias sua estrutura fsica pode acarretar sade, incorrem em
erros que se transformam em leses. Segundo Ribeiro (2008), isto se deve ao fato
de estarem submetidos, muitas vezes, explorao da organizao do trabalho que
visa unicamente ao lucro, haja vista a ocorrncia de trabalho escravo em diversas
fazendas. Alm disto, costumam exercer atividades laborais sem os cuidados
necessrios para preservao do seu bem-estar e integridade fsica.
O quadro de doenas ocasionadas pelo exerccio laboral em condies
inadequadas no incomum em nenhum segmento da atividade humana, e no
diferente no que concerne construo civil, na qual acentuado o absentesmo em
decorrncia de problemas de doena causados por esforos repetitivos sem a
Captulo 1 Introduo
PPGEP Gesto Industrial - 2009
21
observncia das Normas Regulamentadoras, pela falta de utilizao de aparatos de
proteo e o manuseio de mquinas e equipamentos de mdio e grande porte.
Estes exigem dispndio excessivo de energia e de esforo fsico, postura fsica
penosa no seu manuseio e transporte, comprometendo, dessa forma, a qualidade de
vida do trabalhador, cada vez mais exigido a produzir quantitativa e qualitativamente.
Ao longo do tempo muitas teorias tm sido desenvolvidas, muitos estudos,
anlises e pesquisas tm sido feitos com o objetivo de incrementar a produo. A
mais moderna dessas inmeras modificaes na organizao produtiva a
Produo Enxuta, gestada na Toyota Motors, no perodo ps-Segunda Guerra
Mundial, por injuno das dificuldades econmicas daquele perodo, que forava as
empresas a pensar maneiras de produzir mais gastando menos, de forma a
enfrentar a competio acirrada em um mercado cada vez mais aberto (SILVA e
RENTES, 2004).
Esse novo modo de organizao produtiva continua induzindo a busca de
melhorias em ferramentas, mquinas e equipamentos utilizados nas linhas de
produo, inclusive no segmento da construo civil.
Adotando a filosofia da Produo Enxuta com o objetivo de produzir mais,
com qualidade e com menos custo, a construo civil tem buscado alcanar esse
escopo, utilizando, tambm, mquinas e equipamentos com design mais identificado
com os parmetros ergonmicos, sem se abstrair do entendimento de que fatores
comportamentais e pessoais representam a dinmica humana da segurana
ocupacional, conforme Geller (apud FRANA, TOZE e QUELHAS, 2007).
Moraes (2007) argumenta que a melhoria das condies de trabalho
determinada pela Ergonomia reduz desconforto fsico, fadiga, doenas profissionais,
leses temporrias ou permanentes, mutilaes, mortes, acidentes, excesso de
erros, lentido e outros problemas de desempenho, aumentando, assim, a eficincia
e a produo e diminuindo desperdcio de matrias-primas.
possvel depreender-se, ento, que embora essa nova cincia no esteja
focalizada na questo econmica e sim no bem-estar do trabalhador, a reduo dos
problemas fsicos com a utilizao de mquinas e equipamentos versteis em
canteiros de obras resulta em maior produo com mais qualidade, a preos
competitivos.
Portanto, o conceito de Construo Enxuta, que visa produtividade,
competitividade e lucratividade, no deve ignorar a importncia da aplicao dos
Captulo 1 Introduo
PPGEP Gesto Industrial - 2009
22
princpios ergonmicos para a consecuo dos seus objetivos, considerando a
moderna viso sobre o binmio trabalho/trabalhador.
O progresso, em todos os seus aspectos, conduz a sociedade a adotar
novas posturas coerentes com os avanos das cincias. O setor da construo civil,
embora ainda bastante conservador, principalmente no Brasil, d mostras dessa
fora exercida pelo avanar do conhecimento, adotando novas tcnicas, com a
finalidade de reduzir custos e melhorar a produtividade para alcanar melhores
resultados, comenta Franco (2001).
possvel observar um movimento de modernizao no setor, desde o
projeto, abrangendo produo e planejamento. Essas inovaes compreendem a
tecnologia, a introduo de novos equipamentos e materiais (matrias-primas e
produtos) e mudanas nos processos produtivos, chegando informatizao no
planejamento e controle de obras. Tal renovao se deve ao movimento de
modernizao da economia brasileira, enfatizando a qualidade, a produtividade e
novas tecnologias, alcanando tambm a indstria da construo civil, argumenta
Franco (2001).
Corroborando a afirmativa anterior, Campos (1995) informa que atualmente
o conhecimento vem se tornando o principal fator de sobrevivncia dos indivduos,
das empresas e da sociedade. No caso da construo civil, entretanto, constata
Franco (2001), o aproveitamento da mo-de-obra acessvel e de pouca formao,
com a predominncia do trabalho manual. A autora atribui o fato ao nmero reduzido
de programas voltados qualificao de pessoal para o setor, repercutindo
negativamente para a empresa, no que se refere produtividade, e para o
trabalhador, que fica mais suscetvel ocorrncia de acidentes e outros agravantes
sua sade no trabalho.
Percebe-se, no setor, a existncia de algum avano tecnolgico, mas,
apesar disso, h ainda muito a ser modificado, melhorado e modernizado para se
aproximar cada vez mais do grau de excelncia que deve nortear a meta a ser
alcanada, no que tange utilizao de matrias-primas, mquinas e equipamentos
e fora de trabalho. Algumas mquinas e equipamentos tm sido modificados
visando a torn-los menores, mais versteis, isto , mais fceis de manusear e
transportar, de modo a agilizar e facilitar a execuo das tarefas.
Captulo 1 Introduo
PPGEP Gesto Industrial - 2009
23
1.1 HIPTESE
Acredita-se que a utilizao de equipamentos versteis seja fator de
melhoria nas condies ergonmicas, diminuindo a incidncia de problemas
decorrentes da execuo das tarefas laborais e, tambm um fator positivo na
qualidade de vida do trabalhador, considerando a preservao da sua sade e bem-
estar. Ainda espera-se que com este ganho ergonmico, aumente-se a
produtividade e diminuam-se os custos dos trabalhos de alvenaria.
o que se pretende demonstrar por meio desta pesquisa, descrita em 5
captulos estruturados da seguinte forma: Captulo 1: Introduo, que trata da
incluso de melhorias nas condies ergonmicas na construo civil, algumas
teorias e suas consequncias, a hiptese, o problema, os objetivos e as justificativas
da pesquisa; Captulo 2: Referencial Terico; Captulo 3: Metodologia; Captulo 4:
Resultados e Discusses; Captulo 5: Concluses.
1.2 PROBLEMA DA PESQUISA
Pelo que foi apresentado anteriormente, problematiza-se a pesquisa, atravs
da seguinte questo: Ao serem utilizados equipamentos versteis, quais os impactos
ergonmicos e de produtividade verificados para o trabalhador da construo civil?
Salienta-se que, por equipamentos versteis, entende-se equipamentos de
fcil transporte e manuseio, bem como adaptveis a mais de uma utilizao.
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA
So apresentados a seguir os objetivos que se pretende atingir com a
realizao da pesquisa.
Captulo 1 Introduo
PPGEP Gesto Industrial - 2009
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1.3.1 Objetivo geral
Analisar o impacto ergonmico da utilizao de mquinas e equipamentos versteis na indstria da construo civil.
1.3.2 Objetivos especficos
verificar a existncia de melhoria ergonmica para os trabalhadores da construo civil alvenaria, com a utilizao de mquinas e equipamentos
versteis;
analisar quesitos de produtividade e lucratividade da empresa, com a utilizao dessas mquinas e equipamentos;
comparar a quantidade de insumos empregados quando se utilizam e quando no se utilizam mquinas e equipamentos versteis.
1.4 JUSTIFICATIVA E IMPORTNCIA DA PESQUISA
A anlise sobre os avanos alcanados com o objetivo de poupar fora
fsica, agilizar processos para produzir mais e melhor e, ao mesmo tempo, prevenir
transtornos, preservando a integridade fsica e psicolgica do trabalhador, merece
especial ateno.
Dentre os segmentos produtivos da sociedade moderna, um dos mais
afetados pelas questes de sade do trabalhador a construo civil. A natureza do
trabalho, a utilizao de maquinrio de grande porte, equipamentos pesados e
ferramentas, nem sempre compatveis com as configuraes e limitaes do corpo
humano, so fatores que contribuem decisivamente para a ocorrncia de acidentes
e o aparecimento de doenas nos trabalhadores desse setor.
A sociedade contempornea, que tem como principais metas a produo e o
consumo, volta-se para as questes produtivas, desenvolvendo as mais diversas
tcnicas e elaborando estudos minuciosos sobre produo e marketing. Produzir
mais e atrair, cada vez mais, consumidores para o mercado esse o lema. No
Captulo 1 Introduo
PPGEP Gesto Industrial - 2009
25
entanto, fundamental considerar a atuao do trabalhador no contexto produtivo, o
que nem sempre ocorre.
o trabalhador que movimenta as mquinas que, por si s, no produziriam;
ele quem programa sistemas, que no existiriam sem a sua inteligncia; enfim,
nada funcionar sem que em algum lugar, remoto que seja, esteja algum pensando
e agindo, isto , fazendo com que ideias se realizem. E, apesar disso, os estudos
voltados para os problemas fsicos e psicolgicos que ocorrem da relao
homem/trabalho, s comearam a ser enfatizados a partir da segunda metade do
Sculo XX.
H, ainda, maior preocupao com a mquina do que com o homem. Prova
disso o alto ndice de acidentes de trabalho e de problemas de sade sofridos
pelos trabalhadores; de absentesmo e de presentesmo situao que ocorre
quando o trabalhador est no posto de trabalho, mas em ritmo muito lento de
produo, devido fadiga ou outro desconforto, aumentando a possibilidade de
acidente. Caldeira (2007) argumenta que, neste caso, o trabalhador est fisicamente
no ambiente de trabalho, porm improdutivo. Ou por falta de engajamento ou por
problemas de sade fsica e psquica, o trabalhador pode estar mental e
emocionalmente ausente. Ou seja, a pessoa est ali, mas no consegue produzir
em sua plena capacidade.
A respeito de absentesmo, Chiavenato (apud COSTA, 2005) explica que
esta uma expresso que designa a falta ao trabalho, sendo considerada como a
soma dos perodos em que os empregados de determinada organizao ficam
ausentes do trabalho, no sendo esta ausncia motivada por desemprego, doena
prolongada ou licena legal, mas por doena comum ou de origem ocupacional.
Chiavenato (ibid) argumenta, ainda, que as causas de absentesmo so
complexas e, por isto, de difcil gerenciamento, e podem estar relacionadas a
problemas pessoais, questes disciplinares, insatisfao com o trabalho e acidentes
de trabalho. O autor destaca os principais motivos dessas ausncias: doena
efetivamente comprovada; doena no comprovada; razes diversas de carter
familiar; atraso involuntrio por fora maior; dificuldades e problemas financeiros;
faltas voluntrias por motivos pessoais; problemas de transporte; baixa motivao
para o trabalho; superviso precria da chefia; e polticas inadequadas da
organizao. Este quadro no exclusivo do cenrio brasileiro, principalmente em
se tratando de acidentes de trabalho.
Captulo 1 Introduo
PPGEP Gesto Industrial - 2009
26
Lima (2005) informa que anualmente, no mundo, entre 1,9 e 2,3 milhes de
pessoas perdem a vida no trabalho. So 5.500 mortes dirias, trs a cada minuto;
destas, 360 mil so decorrentes dos acidentes de trabalho e 1,6 milho em razo de
doenas relacionadas ao trabalho, sendo que 12 mil desses trabalhadores so
crianas.
Os dados do Ministrio da Sade e da Organizao Internacional do
Trabalho (OIT), afirma Lima (2005), exibem uma realidade desconhecida para
muitos: os acidentes de trabalho matam mais do que as guerras e o setor em que
ocorre o maior nmero de mortes o da construo civil.
Apesar de ser uma atividade de grande importncia econmica para o Brasil
o setor foi responsvel por 15,6% do PIB nacional e empregou 3,63 milhes de
trabalhadores em 2000 dados da Previdncia Social referentes a 2002 apontam
que 363.868 trabalhadores sofreram acidentes no trabalho e doenas ocupacionais
e foram registrados 2.557 bitos, segundo Lima (2005). O autor argumenta que o
nmero real deve ser bem superior, porque os dados referem-se apenas aos
trabalhadores registrados e muitas empresas descaracterizam o acidente de
trabalho, impedindo que sejam expostos os nmeros verdadeiros.
Diante desse quadro, importante pensar em caminhos e aes que tragam
novas perspectivas de qualidade de vida para os trabalhadores da construo civil.
A ergonomia pode ser um desses caminhos, porque:
A ergonomia (sic) busca no apenas evitar aos trabalhadores os postos de trabalhos fatigantes e/ou perigosos, mas procura coloc-los nas melhores condies de trabalho possveis, de forma a melhorar o rendimento e evitar acidente ou fadiga excessiva. [...] E melhores condies de trabalho proporcionam (sic) uma melhor qualidade de vida no trabalho (SANTANA, 1996, Cap.2, Item 2.1).
A Ergonomia, portanto, tem sua base centrada no ser humano e pode,
inclusive, resgatar o respeito ao homem no trabalho, afirma Santana (1996), de
forma que no apenas seja alcanada maior produtividade, mas principalmente
melhor qualidade de vida no trabalho.
Palmer (apud SANTANA, 1996), argumenta que a Ergonomia pode contribuir para que a indstria alcance seus objetivos de tornar homem e mquina uma
unidade perfeita de produo. E afirma que tal contribuio comea no planejamento
de um produto ou processo e na modificao de equipamentos j existentes.
Captulo 1 Introduo
PPGEP Gesto Industrial - 2009
27
Sendo a Ergonomia um conhecimento que vem se desenvolvendo no Brasil
h pouco mais de meio sculo, e sendo a indstria da construo civil um segmento
que apresenta acentuada incidncia de problemas de sade do trabalhador,
importante discutir o tema em seus variados aspectos e pesquisar os impactos
ergonmicos sade do trabalhador e de produtividade neste setor econmico,
em que so utilizados mquinas e equipamentos versteis, modificados e adaptados
ergonomicamente.
importante tambm analisar e identificar, na aplicao prtica, a
contribuio que a utilizao dessas mquinas e equipamentos, ergonomicamente
adequados, pode oferecer para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e
do desempenho empresarial da construo civil.
Ante a perspectiva de ganhos na sade e bem-estar dos trabalhadores da
construo civil, de aumento de produtividade e de reduo de insumos com
consequente diminuio no impacto ambiental, oportuna a pesquisa em busca de
resposta positiva ao problema proposto.
1.5 DELIMITAO DA PESQUISA
O balizador desta anlise o cenrio da construo civil no Estado do
Esprito Santo, mormente na regio metropolitana de Vitria, por ser o campo de
atuao profissional do pesquisador e, assim, permitir observar, na prtica, o
desenvolvimento dos processos. Os resultados sero obtidos comparando-se
atividades de alvenaria de mesma dimenso, em duas situaes: a) com utilizao
exclusiva de mquinas e equipamentos versteis; e b) com utilizao exclusiva de
mquinas e equipamentos tradicionais.
Captulo 2 Referencial Terico
PPGEP Gesto Industrial - 2009
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2 REFERENCIAL TERICO 2.1 PERFIL DO SETOR DA CONSTRUO CIVIL
A indstria da construo civil pode ser observada sob vrios ngulos, tendo
em vista que o impacto por ela produzido na economia bem maior do que o que se
visualiza de imediato pelas atividades ordinariamente desenvolvidas pelo setor. Isto
significa que, alm da movimentao imediata de recursos gerados pelas atividades
de edificaes, obras de engenharia civil, de infraestrutura e de construes
autnomas, a construo civil causa impacto, econmica e socialmente, em outros
grupos. Pode-se observar a composio dessa cadeia produtiva por meio do Grfico
1, reproduzido a seguir.
Grfico 1 Perfil da Cadeia Produtiva da Construo e da Indstria de Materiais Junho-2008 Fonte: Projetos. Elaborao: Banco de Dados - CBIC - ABRAMAT e FGV (2008)
Captulo 2 Referencial Terico
PPGEP Gesto Industrial - 2009
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Os dados do Grfico 1 possibilitam que se avalie o impacto das atividades
da construo civil e dos demais setores a ela ligados macrossetor da construo
sobre a cadeia produtiva nacional.
Pode-se deduzir, portanto, que a indstria da construo civil produz efeitos
nos ndices de gerao de renda, salrios e investimentos, de empregos e de
tributos, considerando o envolvimento de outras reas que no somente a
construo propriamente dita. Preparao de terreno, instalaes, acabamentos,
obras de engenharia civil e obras de infraestrutura para engenharia eltrica e de
telecomunicaes so importantes pontos a considerar quando se trata de identificar
o perfil desse setor. No Brasil, em virtude da diversificao de costumes e culturas
gerada pela extenso territorial, importante considerar-se, tambm, a construo
civil regionalmente.
Teixeira e Carvalho (2006) apresentam no Grfico 2, a seguir, a distribuio
espacial, em todo o territrio nacional, da indstria da construo civil, no qual se
percebe concentrao de empresas nas regies Sul e Sudeste, em sua maioria
micro e pequenas empresas, considerando o porte pelo critrio do nmero de
trabalhadores empregados por unidade econmica de produo, informam as
autoras citadas.
Grfico 2 Distribuio espacial no territrio nacional de empresas de Construo Civil Pesquisa Anual da Indstria da Construo Fonte: Teixeira e Carvalho (2006)
Captulo 2 Referencial Terico
PPGEP Gesto Industrial - 2009
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Essas informaes apontam para a importncia de se buscar, incessante e
sistematicamente, meios que alavanquem o setor da construo civil, de forma a
alcanar nvel de excelncia em produtividade, respeitando as caractersticas e
limites do trabalhador.
Outros aspectos fundamentais para que se delineie o perfil desse segmento,
e que sero abordados em seguida, so o processo de trabalho e a inovao
tecnolgica no setor.
2.1.1 Processo de trabalho na Construo Civil
Palloix (apud FARAH, 1992) explica que o processo de trabalho aquele
que transforma matrias-primas e/ou insumos em produtos com valor de uso, e que
trs fatores so essenciais para que isso ocorra: a atividade humana, que constitui a
fora de trabalho; o objeto sobre o qual incide essa fora (matria-prima e insumos)
e os meios disponveis (local de trabalho, os maquinrios e as ferramentas) que iro
auxili-la. A indstria da construo civil diversificada nos trs aspectos.
De acordo com publicao do SESI (apud FRANCO, 2001), a construo
civil rene uma gama de atividades complexas, interligada por grande diversidade
de produtos vinculados a demandas diversas e com processos produtivos originais.
Essa heterogeneidade impele sua classificao considerando os seguintes
subsetores:
construo pesada que atende demanda de construo: de infraestrutura viria, urbana e industrial (terraplenagem, pavimentao,
obras relacionadas construo de rodovias, de aeroportos e de
infraestrutura ferroviria, vias urbanas etc.); de obras estruturais e de
arte (pontes, viadutos, conteno de encostas, tneis); de obras de
saneamento (redes de gua e esgoto); de barragens hidreltricas e
perfurao de poos de petrleo;
montagem industrial responsvel pela montagem: de estruturas para instalao de indstrias; de sistemas de gerao, transmisso e
distribuio de energia eltrica; de sistemas de telecomunicaes e
pela montagem de sistemas de explorao de recursos naturais;
Captulo 2 Referencial Terico
PPGEP Gesto Industrial - 2009
31
edificaes a principal atividade desse subsetor a construo de edifcios residenciais, comerciais, institucionais e industriais; a
construo de conjuntos habitacionais; a realizao de partes de obras,
por especializao, a exemplo de fundaes, estruturas e instalaes;
e, ainda, a execuo de servios complementares (reformas, por
exemplo).
Sobre o subsetor edificaes importante ressaltar que este marcado pela
heterogeneidade no porte e na capacidade tecnolgica e empresarial de suas
empresas, variando de empresas de grande porte, com estruturas administrativas
complexas, a pequenas e microempresas, sem organizao empresarial. Dessa
variedade de atores, 58% das empresas esto classificadas na faixa das
microempresas, que empregam de um a nove trabalhadores, e 33% esto no grupo
de pequenas empresas, que tm entre 10 e 99 empregados, conforme dados da
Fundao Joo Pinheiro (apud FRANCO, 2001).
Em qualquer dos trs segmentos o processo, embora mantenha a
caracterstica transformadora, diferente do de outros ramos da indstria, em
virtude do carter nmade do setor, o que lhe confere a caracterstica de
descontinuidade em suas atividades produtivas. Em realidade, a indstria conhece o
produto, isto , a fbrica se estabelece em determinada obra e, quando a conclui,
muda de endereo e se fixa em outro lugar. Esse processo de trabalho, descontnuo,
descentralizado e nmade dificulta o avano tecnolgico e a modernizao do setor,
segundo Farah (1992).
Outro fator a considerar na indstria da construo civil a formao
profissional in loco. A formao do trabalhador ocorre, de acordo com Grandi (1985),
durante a execuo das obras, por fora das relaes de trabalho entre operrios
mais qualificados (mestres e encarregados) e aqueles menos qualificados
(serventes e ajudantes).
Portanto, os operrios da construo civil que detm o saber fazer, isto ,
o sistema no tem sabido se apoderar desse processo. Isso dificulta a formao de
outros profissionais, tendo em vista que a maioria dos operrios no busca a
construo civil na condio de tcnicos, mas por no terem outra perspectiva.
Trata-se de mo-de-obra sem especializao, cuja escola o prprio local de
trabalho.
Captulo 2 Referencial Terico
PPGEP Gesto Industrial - 2009
32
Considerando que a terceirizao contratao de trabalhadores por tarefa
determinada, sem garantia de que estes sejam recontratados aps o encerramento
dessa tarefa altamente utilizada na indstria da construo civil, principalmente
pelas pequenas empresas que constituem a maioria desse parque industrial. Pode-
se depreender que o trabalhador leva com ele o saber fazer adquirido no canteiro
de obra. Isso acarreta perda de produtividade, tendo em vista que a destreza do
aprendiz consideravelmente menor do que a do trabalhador que j ultrapassou
essa fase.
Ocorre ainda nesse sistema de terceirizao, segundo Barros e Mendes
(2003), a imposio de ritmo acelerado de trabalho, vez que o trabalhador
remunerado pelo que produz, levando-o situao de estresse e comprometimento
da sade. Alm desse quadro trabalho/doena, h, nesse sistema, clara violao de
direitos trabalhistas, em virtude de no se estabelecer o vnculo empregatcio,
afirmam os autores.
As caractersticas apontadas tornam o ambiente organizacional notada-
mente estressante. A descontinuidade, baixos salrios, insegurana causada pela
transitoriedade da fbrica e outros motivadores pressionam emocionalmente o
trabalhador da construo civil.
So os trabalhadores migrantes que encontram na construo civil campo
propcio para vender sua fora de trabalho, tendo em vista ser uma das nicas a
absorverem mo-de-obra com baixo nvel de escolaridade e precria formao
profissional, argumenta Lamera (2000). Isto leva outros setores econmicos a
classificarem a indstria da construo civil no rol de atividades atrasadas, com mo-
de-obra pouco qualificada e procedimentos obsoletos, enfatiza Lamera (2000).
No entanto, Vargas (1996) analisa que no Brasil ocorreram algumas
mudanas na cultura da construo civil, iniciando-se pela modificao da lgica do
ganho monetrio, tanto na rea imobiliria quanto na de obras pblicas. Informa o
citado autor que entre 1950 e 1970, o BNH Banco Nacional de Habitao
provocou um boom no setor, caracterizado por grandes obras das empresas
estatais. Com a alta inflacionria, as empresas que conseguiam negociao
favorvel com fornecedores ou habilidade financeira conseguiam diminuir custos de
10 a 20%. Na atual conjuntura seria necessrio grande esforo para se alcanar tal
percentual, argumenta Vargas (1996).
Captulo 2 Referencial Terico
PPGEP Gesto Industrial - 2009
33
O fechamento do BNH, a abertura ao mercado estrangeiro, a nova lei de
licitao baseada no preo mnimo e o fim da inflao, analisa Vargas (1996),
conduziram o setor da construo civil a pensar em novas formas de trabalho,
adotando a lgica da racionalizao e da produtividade, passando a gerenciar
custos buscando reduzi-los, tendo em vista que a diminuio desses custos tornou-
se fator imprescindvel para a sobrevivncia no contexto mercadolgico muito mais
competitivo.
Considerando que os setores de qualquer indstria so interdependentes, a
inovao conceitual com relao ao modo operacional visando diminuio de
custos e aumento de produtividade e de qualidade necessariamente se estende aos
demais setores da construo civil, no sendo diferente no que concerne
tecnologia.
2.1.2 Inovao tecnolgica na Construo Civil
Inovar um desafio permanente e tornou-se uma varivel estratgica das
empresas brasileiras para superar as dificuldades de nuances diversas que se
apresentam ao longo das atividades empresariais. Inovar o caminho para
aumentar a produtividade e ampliar as oportunidades, criando novos empregos e
remunerando melhor investidores e trabalhadores.
A sociedade brasileira progride e vai transmutando o perfil canhestro de
amadorismo e improvisao em arrojo que nasce do conhecimento e da capacidade
tcnica. A adoo do novo modus operandi reflete-se em todos os segmentos
sociais.
A indstria da construo civil recebe diretamente esse reflexo e, tendo um
papel estratgico nesta nova sociedade, busca tambm aumentar a produtividade e
eficincia, binmio inseparvel na produo de resultado. Para que seja assim,
preciso que se esteja atento s possibilidades de inovao e renovao, de
processos, mtodos, tcnicas, mquinas e equipamentos.
Essa ateno, que gera um processo de reinveno, precisa ser contnua,
para que as aes em direo construo enxuta, utilizando mquinas e
equipamentos versteis e/ou simples, no sofram soluo de continuidade.
Isto j est acontecendo na indstria da construo civil, na regio da
Grande Vitria, Estado do Esprito Santo, onde adaptaes e inovaes em
Captulo 2 Referencial Terico
PPGEP Gesto Industrial - 2009
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equipamentos pesados e/ou tradicionais tm sido feitas, e mtodos tm sido
modificados, propiciando maior aproveitamento de tempo e melhor utilizao de
recursos materiais e humanos, redundando em maior produtividade, competitividade
e, via de consequncia, lucratividade, com influncia positiva tambm na questo
ambiental, pelo reaproveitamento de materiais e diminuio de resduos.
A CNI Confederao Nacional da Indstria (2002) afirma que a indstria
a principal responsvel pela produo e difuso do avano tecnolgico, com impacto
nos demais setores da economia, e contribui, de forma significativa, na gerao de
empregos e divisas.
falso o entendimento de que o crescimento dos servios acarretaria
reduo irreversvel da importncia da indstria, continua argumentando a CNI, e
nasceu, dentre outros motivos, de iluso estatstica. E explica: Com a terceirizao
parte do emprego e valor que eram gerados diretamente pela indstria passaram a
ser contabilizados no setor de servios. Parcela importante dos servios existentes
nas economias desenvolvidas direta e indiretamente resultante de um setor
industrial expressivo (Grifo nosso). Portanto, nenhum projeto de desenvolvimento
pode prescindir da consolidao de um setor industrial dinmico.
A indstria da construo civil, conforme exposto em captulo anterior, um
dos segmentos que apresentam ndices significativos de crescimento, sendo,
portanto, fomentadora de estudos e objeto de anlise dos centros de pesquisa
empenhados em melhorar procedimentos e desenvolver novas tcnicas que levem a
produzir mais e melhor. A reside o desafio: trazer esses recursos de conhecimento
e se tornar mais produtiva e competitiva, agregando mais valor produo. Embora
utilizem diferentes estratgias de gesto, este um elemento comum a pequenas ou
grandes empresas. Da a importncia de inovar e criar, isto , ter habilidade para
gerar e usar conhecimento e tcnicas, porque a inovao tecnolgica se tornou
paradigma da competitividade.
Junqueira (apud MARDEGAN et al., 2005) pondera que o processo de
produo, ao longo da histria, conheceu diversos modos de organizao,
respondendo a contextos especficos, conforme os fatores econmicos, sociais,
culturais e institucionais se sucederam e que, na atualidade, a economia globalizada
exige das organizaes habilidades para obteno de maior competitividade.
Essas mudanas pressupem alteraes no processo de produo,
automao, mudanas nas condies de processo (temperatura de produo,
Captulo 2 Referencial Terico
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presso, umidade utilizada), rearranjos fsicos da produo e modificaes nos
equipamentos, minimizando a produo de resduos e o impacto ambiental negativo.
Inclui, tambm, a reutilizao que trata do reaproveitamento dos resduos da
produo como matria-prima, substituindo ou complementando alguma outra no
processo original ou em outros processos. Todas essas alteraes desembocam no
que se denomina Produo Enxuta.
Algumas modificaes, expostas no Captulo 3, so bastante simples e
mostram que criatividade e inovao no necessitam apenas de conhecimento
terico profundo, mas da observao cotidiana objetiva de processos e mtodos.
No raras vezes essas modificaes representam a diferena entre
sucumbir ou permanecer no contexto competitivo do mercado globalizado e so
fundamentais na busca da Construo Enxuta.
Outros fatores a considerar em relao inovao tecnolgica so:
economia, emprego de mo-de-obra no especializada, contribuio para
preservao do meio ambiente, mais limpeza e mais rapidez nos processos, e o
atendimento a alguns objetivos bsicos da Produo Enxuta produzir mais, com
menor custo, com qualidade e sem desperdcios.
2.2 PRODUO ENXUTA
A Produo Enxuta, explica Rentes (apud SILVA e RENTES, 2004), nasceu
do Sistema Toyota de Produo (TPS) desenvolvido para a manufatura e para
atender ao discreto e variado mercado japons aps a Segunda Guerra Mundial.
uma filosofia de gerenciamento que visa a atender demanda no menor prazo, com
a mxima qualidade e a custo mais baixo.
Percebe-se que a Produo Enxuta um marco na conquista de
competitividade pelas empresas, com foco consistente e sistemtico de reduo e
eliminao de desperdcios dos sistemas produtivos, conforme argumentam
Mardegan et. al. (2005). Adaptando-se essa nova viso de mercado, a construo
civil tem buscado novos paradigmas de desempenho a partir da aplicao de
conceitos da Produo Enxuta. Por isso importante entender a origem e os
Captulo 2 Referencial Terico
PPGEP Gesto Industrial - 2009
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conceitos dessa nova ideia de produo, para melhor utilizar os recursos que
disponibiliza.
Segundo Ghinato (2000), a produo enxuta um termo genrico para
definir o Sistema Toyota de Produo (TPS). Para Womarck et al. (1992),
pesquisadores do Programa Internacional de Pesquisa sobre a Indstria
Automobilstica IMVP (International Motor Vehicle Program), enxuta a produo
por utilizar menores quantidades de tudo em comparao com a produo em
massa.
Para alcanar seus objetivos a produo enxuta est apoiada em um
conjunto de ferramentas. Conforme destacou Coriat (1994), reunia: a produo Just
in Time, o mtodo KanBan de gesto de pessoas pelos estoques e a prtica de
Kaizen. Segundo o autor, a compreenso dessas ferramentas bsicas depende de
uma viso sistmica de todas as pessoas envolvidas no processo produtivo: do
operrio no cho de fbrica ao executivo. Assim, a produo enxuta pode ser
entendida como um sistema integrado de princpios, prticas operacionais e
ferramentas que tornam possvel agregar valor ao produto ou ao servio.
A construo civil tem procurado investir na melhoria de seus processos de
produo, devido s crescentes presses do mercado. Nesse aspecto, o emprego
da produo enxuta nos canteiros de obra permite alcanar a reduo de custos por
meio da melhor alocao dos recursos disponveis, da qualificao da mo-de-obra,
da reduo de estoques e da racionalizao do tempo.
2.2.1 Conceito e gnese
A criao do TPS ou, conforme ficou comumente conhecido, Produo
Enxuta traduo do termo lean manufacturing criado por John Kraficik,
pesquisador do Massachussets Institute of Technology (Brito, 2009) se deve a trs
pessoas: o fundador da Toyota e mestre de invenes, Toyoda Sakichi, seu filho
Toyoda Kiichiro e o principal executivo, engenheiro Taiichi Ohno. O sistema tem por
escopo aumentar a eficincia da produo pela eliminao contnua de
desperdcios.
At a dcada de 90 do Sculo XX predominou na produo industrial o
Sistema de Produo em Massa desenvolvido por Henry Ford e Frederick Taylor, no
Captulo 2 Referencial Terico
PPGEP Gesto Industrial - 2009
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incio desse sculo. Produzir em larga escala, com diviso estanque de trabalho e
especializao, para reduzir os custos unitrios. A filosofia do TPS, ao contrrio,
produzir pequenos lotes, com maior variedade de produtos de alta qualidade,
utilizando mo-de-obra multifuncional.
Para chegar ao objetivo traado foram desenvolvidas algumas tcnicas
bastante simples e muito eficientes, entre as quais a ferramenta kanban e a poka-
yoke.
Justificando a filosofia do TPS, Ohno (1988), um dos seus idealizadores,
considera que: "os valores sociais mudaram. Agora, no podemos vender nossos produtos, a no ser que nos coloquemos dentro dos coraes de nossos consumidores, cada um dos quais tem conceitos e gostos diferentes. Hoje, o mundo industrial foi forado a dominar de verdade o sistema de produo mltiplo, em pequenas quantidades. (OHNO, 1988)."
Eliminao absoluta de desperdcio base do TPS, e os pilares necessrios
para sustent-lo so as suas duas principais ferramentas: o just-in-time (JIT) e a
autonomao, cuja idia geral apresentada na Figura 1.
Figura 1 Pilares de sustentao da Produo Enxuta Fonte: CARNEIRO, F. L. (2009).
As fontes de desperdcio que o TPS objetiva eliminar so:
superproduo considerada a maior delas; tempo de espera refere-se a materiais que aguardam em filas para
serem processados;
Captulo 2 Referencial Terico
PPGEP Gesto Industrial - 2009
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transporte que no gera valor agregado ao produto; processamento muitas operaes so desnecessrias ao processo; estoque imprescindvel detectar a causa, para reduzi-lo; movimentao; defeitos implicam em desperdcio de materiais, mo-de-obra,
movimentao de materiais defeituosos e outros.
O termo kanban, que aparece no quadrado apontado pela seta ao lado da
coluna JIT da Figura 1, significa registro ou placa visvel, que, em se tratando de
administrao da produo, a sinalizao que controla os fluxos de produo de
uma indstria. Essa sinalizao pode ser feita por meio de cartes, luzes ou outros
sinalizadores.
Coloca-se um kanban em peas ou partes especficas de uma linha de
produo, para indicar a entrega de uma determinada quantidade. Quando se
esgotarem todas as peas, o mesmo aviso levado ao seu ponto de partida, onde
se converte num novo pedido para mais peas. Quando for recebido o carto ou
quando no h nenhuma pea na caixa ou no local definido, ento se deve
movimentar, produzir ou solicitar a produo da pea.
Essa tcnica permite agilizar a entrega e a produo de peas. Pode ser
empregada em indstrias montadoras, desde que o nvel de produo no oscile
muito. Os kanbans fsicos (cartes ou caixas) transitam entre os locais de
armazenagem e produo, substituindo formulrios e outras formas de solicitar
peas, permitindo enfim que a produo se realize JIT.
JIT o sistema de administrao da produo que determina no produzir,
transportar ou comprar nada antes da hora exata. Pode ser aplicado em qualquer
organizao, para reduzir estoques e os custos deles decorrentes.
Sendo um dos pilares de sustentao da Produo Enxuta, o JIT permite
que o produto ou a matria-prima chegue ao local de utilizao somente no
momento exato em que for necessrio. Os produtos somente so fabricados ou
entregues a tempo de serem vendidos ou montados. Esse um conceito de
produo por demanda e a ideia de primeiramente vender o produto para
posteriormente adquirir a matria-prima e depois fabric-lo ou mont-lo. Nesse caso,
o estoque de matrias-primas mnimo, suficiente apenas para poucas horas de
Captulo 2 Referencial Terico
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produo. Os fornecedores devem, ento, fazer entregas de pequenos lotes, na
frequncia desejada, o que demanda capacit-los, trein-los e mant-los conectados
com a produo.
Cheng e Podolsky (1996) esclarecem que necessrio selecionar
cuidadosamente os fornecedores, de modo a assegurar a qualidade e a
confiabilidade do fornecimento, tendo em vista que o JIT promove a sua reduo ao
mnimo possvel, e que, embora esse seja um dos fatores que mais contribuem para
alcanar os potenciais benefcios da poltica JIT, podem ocorrer eventuais
problemas de fornecimento. A melhor maneira de prevenir essa situao
selecionar cuidadosamente os fornecedores e arranjar uma forma de proporcionar
credibilidade dos mesmos.
Poka-yoke o conceito do STP destinado a evitar a ocorrncia de defeitos
em processos de fabricao e/ou na utilizao de produtos e foi desenvolvido
primeiramente por Shigeo Shingo, a partir do princpio do "no custo". De acordo
com Shingo (1996), inspeo sucessiva, autoinspeo e inspeo da fonte podem
ser todas alcanadas pelo uso desse mtodo, que possibilita a inspeo 100% por
meio de controle fsico ou mecnico. O poka-yoke pode ser usado de duas maneiras
para corrigir erros:
mtodo de controle: quando o poka-yoke ativado, a mquina ou a linha de processamento para, de forma que o problema possa ser corrigido; e
mtodo de advertncia: quando o poka-yoke ativado, um alarme soa ou uma luz sinaliza, visando a alertar o trabalhador.
H, ainda, segundo Shingo (1996), trs tipos de poka-yoke de controle:
mtodo de contato que identifica os defeitos em virtude da existncia ou no de contato entre o dispositivo e alguma caracterstica relacionada
forma ou dimenso do produto;
mtodo de conjunto que determina se um dado nmero de atividades previstas so executadas; e
mtodo de etapas que determina se so seguidos os estgios ou as operaes estabelecidas por um dado procedimento.
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O poka-yoke, em si, no um sistema de inspeo, mas um mtodo de
detectar defeitos ou erros que pode ser usado para satisfazer uma determinada
funo de inspeo, afirma Shingo (op. cit.). A inspeo o objetivo, enquanto o
poka-yoke apenas o mtodo.
A autonomao previne produtos defeituosos, elimina superproduo e
focaliza a ateno na compreenso do problema para assegurar que no se repita.
Tambm conhecida no STP por jidoca, a autonomao pode ser descrita como
"automao inteligente'" ou "automao com toque humano", por implementar
algumas funes supervisoras antes das funes de produo.
Todo o processo de Produo Enxuta permeado pela metodologia kaizen,
que preconiza a constante melhoria dos fluxos e processos com o objetivo de se
agregar mais valor ao produto, com menos desperdcio.
Rother e Shook (apud ARAJO e RENTES, 2006) explicam que a
metodologia kaizen formada por dois nveis: o kaizen de fluxo, ou de sistema, e o
kaizen de processo. O primeiro, que enfatiza o fluxo de valor, dirigido ao
gerenciamento; o segundo, dirigido s equipes de trabalho e aos lderes de equipe,
visa aos processos individuais, conforme sintetizados na Figura 2.
Figura 2 Dois nveis de kaizen Fonte: ROTHER & SHOOK (apud ARAJO e RENTES, 2006)
A Produo Enxuta, oriunda da Toyota japonesa, espalhou-se pelo mundo
globalizado e tem sido adotada pela maioria das empresas de diversos portes e
segmentos. A construo civil no ficou alheia a essa nova filosofia de organizao
e produo e, apesar das limitaes acarretadas pelo seu perfil sui generis, tem
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evoludo paulatinamente nesse caminho, denominando de Construo Enxuta esse
novo conceito aplicado ao setor.
2.2.2 Construo Enxuta
Com base na filosofia da Produo Enxuta, que preconiza aumentar a
produtividade com custos menores e eliminao de desperdcios, a Construo
Enxuta adota onze princpios, elencados por Koskela (1992):
1. reduzir a parcela de atividades que no agregam valor;
2. aumentar o valor do produto considerando as necessidades do cliente;
3. reduzir a variabilidade;
4. reduzir o tempo do ciclo de produo;
5. simplificar, pela reduo do nmero de passos ou partes;
6. aumentar a flexibilidade na execuo do produto;
7. aumentar a transparncia do processo;
8. controle direcionado ao processo em seu conjunto e no em subprocessos
isoladamente;
9. gerar melhoria contnua no processo;
10. balancear melhorias entre os fluxos e as converses; e
11. aplicar prticas de benchmarking.
Considerando que a caracterstica da competio no sculo XXI, segundo
Tsukamoto (apud CONTE, 1997), ser a presena de empresas enxutas,
agregadoras de valores aos seus produtos com eficcia e eficincia,
imprescindvel que as empresas do setor da construo civil, que pretendam firmar-
se nesse novo contexto, adotem os princpios apontados por Koskela (1992).
O mercado sem fronteiras, globalizado, trouxe para as empresas a
possibilidade de expanso do seu crculo de negcios, mas, em contrapartida,
forou-as a competirem entre si, de forma tal que se veem compelidas a buscar,
incessantemente, custos menores, maior qualidade nos produtos e servios e a
investirem em processos produtivos que se ajustem nova realidade, dizem Silva e
Rentes (2004). Esse o grande motivador para que a construo civil seja um dos
segmentos produtivos que tm buscado assimilar em sua linha de produo os
conceitos e ferramentas da Produo Enxuta.
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No caso especfico da construo, os insumos representam, via de regra,
desembolso alto. necessrio, portanto, adotando a metodologia kaizen, analisar
criteriosamente a utilizao de cada item e os custos que representam todos os
componentes desses recursos de produo (materiais diversos, mquinas e
equipamentos, mo-de-obra etc.) no produto final, de forma a identificar e solucionar
os pontos crticos do processo de produo, aumentando a produtividade e evitando
perdas.
O conceito de produo associado perda observado, conforme a filosofia
da Produo Enxuta, por meio de sete itens principais: perdas por superproduo,
perdas por transporte, perdas no processamento em si, perdas por fabricao de
produtos defeituosos, perdas por movimento, perdas por espera e perdas por
estoque. (WOMACK e JONES, 1996).
So exemplos de perdas na construo civil, conforme Meira et. al. (1998):
por superproduo uma laje executada com 0,15 m quando o projeto previa 0,12 m; a produo de argamassa em quantidades superiores
para um determinado servio; uma alvenaria estocada aguardando
aplicao de chapisco;
por transporte transporte de tijolos a mais do que o necessrio (erro na programao das atividades); distncia excessiva entre o local de
armazenagem e o posto de trabalho (perda por leiaute ineficiente);
perdas no processamento em si execuo de contrapiso; perdas por fabricao de produtos defeituosos frma do pilar fora do
prumo; marcao de esquadrias ou alvenarias fora da posio
especificada;
perdas por movimento diretamente associadas aos movimentos desnecessrios dos trabalhadores ao executarem as operaes
principais, nos seus postos de trabalho. Essas perdas envolvem a
considerao dos aspectos ergonmicos inseridos no processo e os
limites de tolerncia humana (fadiga e cansao);
perdas por espera interrupo de servio por falta de material; betoneira parada por falta de cimento, areia ou brita;
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perda por estoque estocagem de areia feita a cu aberto, fora de caixas e sobre o prprio terreno.
As empresas do setor da construo civil esto distantes ainda do padro de
excelncia almejado pela filosofia de Produo Enxuta. Muitas dessas empresas, de
portes diversos, tm buscado implantar medidas que conduzam ao padro desejado,
reduzindo custos, eliminando desperdcio e aumentando a produtividade, atentando
tambm para a questo ergonmica.
2.3 ERGONOMIA
A Produo Enxuta, conforme explicado anteriormente, tem por objetivo
produzir em quantidade suficiente para atender demanda apresentada, com
decrscimo de custo e acrscimo de qualidade, buscando eliminar qualquer
desperdcio. Isso implica em gerir a produo de tal forma que insumos sejam
totalmente aproveitados, evitando, inclusive, resduos inaproveitveis; que mquinas
e equipamentos sejam utilizados em sua capacidade mxima e que a mo-de-obra
seja otimizada sem comprometer a sade fsica e emocional do trabalhador.
O trabalho tem sido objeto de debates e de conceituaes diversas ao longo
do tempo. As transformaes vertiginosas impingidas pelo advento da eletrnica, da
microeletrnica, da informtica, enfim, de todo esse universo de informaes contido
em chips minsculos, por sua vez, mudaram drasticamente as relaes de trabalho.
Assim, da necessidade de compreenso e conhecimento de uma nova
realidade, imposta sociedade pelo desenvolvimento da tecnologia, gestada,
conforme abordam Sanders e McCormick (1993), no incio da revoluo industrial (final do sculo XIX e incio do XX), surgiu a cincia chamada Ergonomia.
Ideias e cincias novas necessitam de formulao de conceitos que
conduzam melhor compreenso do seu objeto de estudo e dos objetivos que
almeja. A Ergonomia tem em seu campo de atuao importantes mestres que sobre
ela se debruam para enunciar conceitos e traarem diretrizes.
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2.3.1 Conceitos e definies
Na conceituao de Iida (2005), um dos precursores do assunto no Brasil, a
Ergonomia um estudo aprofundado sobre a relao de trabalho do homem. Para
Moraes e MontAlvo (2003), a Ergonomia tem por objeto de estudo o homem em
seu trabalho realizando a sua tarefa cotidiana. Qualquer atividade realizada pelo ser
humano, que envolva gasto de energia e em que se processem informaes,
objeto de estudo e pode ser analisada ergonomicamente, dizem as citadas autoras.
De acordo com estudiosos de ergonomia (IIDA, 2005; GRANDJEAN, 1998)
observa que, tendo em vista a sua etimologia, poder-se-ia definir Ergonomia da
seguinte forma: Ergonomia o estudo das leis do trabalho, mas que a definio
mais aceita atualmente : Ergonomia o estudo da adaptao do trabalho ao
homem.
No Brasil, conforme Iida (2005), a Associao Brasileira de Ergonomia
ABERGO adota a seguinte definio: "Entende-se por ergonomia o estudo das interaes das pessoas com a tecnologia, a organizao e o ambiente, objetivando intervenes e projetos que visem a melhorar, de forma integrada e no dissociada, a segurana, o conforto, o bem-estar e a eficcia das atividades humanas. ABERGO (apud IIDA, 2005, p.2).
Enquanto na concepo de Wisner (1987) a ergonomia : ...o conjunto dos conhecimentos cientficos relativos ao homem e necessrios para a concepo de ferramentas, mquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o mximo de conforto, de segurana e eficcia (WISNER,1987, p. 73).
Segundo Hollnagel (apud SARMET, 2003) o objeto da ergonomia o
trabalho, que pode ser entendido como toda atividade fsica e cognitiva voltada para
a produo ou realizao de algo, e seus principais objetivos so: produzir
conhecimentos que levem compreenso do trabalho e suas relaes; e
transformar o trabalho aplicando esses conhecimentos. Essa transformao visa
segurana dos homens e dos equipamentos, a eficincia do processo produtivo e o
bem-estar dos trabalhadores.
importante compreender conceitos e enunciados, para que a ideia ou
cincia seja assimilada e posta em prtica. possvel que o fato de gestores da
indstria no alcanarem o entendimento do que seja interveno ergonmica leve
empresas a no implantarem esse conceito em suas atuaes.
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o que constatam Frana, Toze e Quelhas (2007) nas execues do
trabalho em diversos setores, principalmente no setor industrial, observando o
envolvimento de intensos esforos fsicos, repeties posturais, riscos de exposio
excessiva poeira e insolao, riscos acidentais de manipulao de componentes
qumicos, dentre outros. Afirmam os citados autores que, por meio de uma
interveno ergonmica, podem ser amenizados ou at mesmo solucionados os
impactos desses fenmenos, depois de avaliados pela Anlise Ergonmica do
Trabalho AET, cuja metodologia ser observada a seguir.
2.3.2 Estrutura da Anlise Ergonmica do Trabalho
Esclarece Iida (2005. p. 60) que o objetivo da AET aplicar os
conhecimentos da ergonomia para analisar, diagnosticar e corrigir uma situao real
de trabalho. Desenvolvida por pesquisadores franceses, constitui-se, de acordo
com o citado autor, em exemplo de ergonomia de correo.
So cinco as etapas a serem observadas na aplicao do mtodo AET,
ensinam Gurin et. al. (apud IIDA, 2005), quais sejam: anlise da demanda; anlise
da tarefa; anlise da atividade; diagnstico; e recomendaes. Diagnstico e
recomendaes originam-se das trs primeiras etapas, que, conforme argumentam
Santos e Fialho (1995), devem ser abordadas cronologicamente de maneira a
garantir coerncia metodolgica e evitar percalos, que so comuns nas pesquisas.
Identificando cada uma dessas etapas, pode-se informar que a anlise da
demanda de grande importncia e, assim sendo, necessrio analisar a
representatividade do seu autor, da origem (formal ou real), os problemas (aparentes
e fundamentais), as perspectivas de ao e os meios disponveis, segundo Wisner
(1987). Tendo sido identificados esses elementos, pode-se evoluir para se
estabelecer o objetivo da demanda, de modo a determinar a direo da anlise.
Santos (1993) enfatiza a necessidade de que todos os envolvidos sejam
esclarecidos dos objetivos da anlise e sejam mantidos informados em todas as
suas fases.
Na anlise da tarefa so utilizadas diferentes tcnicas, dentre as quais:
observao direta do especialista, observao clnica, registro das diversas variveis
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fisiolgicas do operador, medidas do ambiente fsico (rudo, iluminao, vibrao,
temperatura, umidade etc.) e coleta de dados relacionados a informaes gerais do
posto em estudo. Wisner (1987) ressalta a importncia da participao efetiva dos
trabalhadores, de modo a validar as informaes obtidas.
A anlise das atividades identifica a atividade real, isto , aquela que , de
fato, realizada pelo trabalhador utilizando os meios disponveis. Nessa anlise
possvel distinguir as atividades fsicas das atividades mentais, embora sejam
executadas simultaneamente (SANTOS, 1993).
A legislao brasileira prev a avaliao ergonmica por meio da Norma
Regulamentadora NR 17 (M.T.E., 1978), em seu item 17.1.2: " para avaliar a adaptao das condies de trabalho s caractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a anlise ergonmica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mnimo, as condies de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora.
Esta NR est contida na Portaria 3.214, de 8 de junho de 1978, que aprova
as Normas Regulamentadoras NR do Captulo V, Ttulo II, da Consolidao das
Leis do Trabalho, relativas Segurana e Medicina do Trabalho. A mesma Portaria
aprova a Norma Regulamentadora NR 7, conhecida atualmente pela sigla PCMSO
Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional: "Esta Norma Regulamentadora estabelece a obrigatoriedade de elaborao e implementao, por parte de todos os empregadores e instituies que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional PCMSO, com o objetivo de promoo e preservao da sade do conjunto dos seus trabalhadores. (NR 7 ITEM 7.1.1).
No que tange indstria da construo civil, a Portaria 3.214/78 estabelece
a obrigatoriedade de elaborao e implementao do Programa de Condies e
Meio Ambiente de Trabalho na Indstria da Construo PCMAT, por meio da
Norma Regulamentadora NR 18.
No entanto, para que se estabelea conforto no ambiente de trabalho,
elevando a produtividade e diminuindo a incidncia de problemas de sade dos
trabalhadores, preciso mais do que Normas Regulamentadoras, Programas de
Controle Mdico de Sade e de Riscos Ambientais. necessrio, de fato, que se
crie no mundo do trabalho a cultura ergonmica. Argumentam Frana, Toze e
Quelhas (2007) que fundamental que o empresrio entenda que ter mais lucros e
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menos prejuzos econmicos e sociais ao favorecer um ambiente de trabalho
confortvel e seguro, isto , ergonmico.
Depreende-se, assim, que a observncia do estudo e a implementao da
anlise e da interveno ergonmica, sistematicamente, no ambiente de trabalho,
promoveriam maior segurana e significariam menos trabalhadores afastados em
decorrncia de problemas posturais, minimizando perdas de qualidade e de
andamento da produo, reduzindo, inclusive, os problemas enfrentados