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1 DIVERSIDADE DA PRODUÇÃO CAMPONESA E A RENDA QUE NÃO VEM DO SETOR SUCROENÉRGETICO: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE LIMEIRA DO OESTE, MG Mônica Arruda Zuffi 1 Universidade Federal de Uberlândia-UFU [email protected] Rosselvelt José Santos 2 Universidade Federal de Uberlândia-UFU [email protected] Resumo No Cerrado mineiro a produção camponesa continua existindo e a despeito da reprodução do capital sucroenergético, em alguns municípios, certo número desses produtores rurais, passam a produzir mais em menor área. Nesse processo de reocupação do espaço, a pequena produção ganhou uma nova perspectiva, mais ampla e não só de caráter de manutenção da propriedade e fornecimento de alimentos, mas também como uma forma social e econômica que reage e se reorganiza no espaço em transformação. A existência camponesa em meio as transformações da paisagem, onde cresce cada vez mais a monocultura da cana-de-açúcar e dominação capitalista do setor sulcroenergético, acaba revelando várias especificidades dessa produção. É nesse contexto de (re) ocupação do espaço que procuramos pensar a condição territorial dos pequenos produtores do município de Limeira do Oeste-MG. Palavras-chave: Pluriatividade, cana-de-açúcar, agricultura familiar e reorganização social camponesa. Introdução A monocultura da cana-de-açúcar tem se expandido no cerrado mineiro, (re)ocupado áreas de pastagens e de cultivo de soja e milho. Contudo, esse avanço não tem eliminado do espaço os pequenos produtores rurais. Atrelados as necessidades de reprodução do capital sucroenergético, no Cerrado mineiro, ocorre a intensificação da aplicação de ciência para se obter remuneração dos investimentos produtivos da cultura da cana-de-açúcar, além do melhoramento genético da planta ou mesmo para o aperfeiçoamento da logística desse sistema de produção. Nas áreas rurais dos municípios que compõem a região do Triângulo mineiro a existência de diferentes formas de produção indica que o próprio camponês tem lidado com algumas das tecnologias da contemporaneidade, onde máquinas, equipamentos e principalmente o melhoramento da genética animal e vegetal, tem proporcionado avanços e conquistas de produtividade no setor leiteiro. Na produção familiar elas

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DIVERSIDADE DA PRODUÇÃO CAMPONESA E A RENDA QUE NÃO VEM DO SETOR SUCROENÉRGETICO: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO

DE LIMEIRA DO OESTE, MG

Mônica Arruda Zuffi1 Universidade Federal de Uberlândia-UFU

[email protected]

Rosselvelt José Santos2 Universidade Federal de Uberlândia-UFU

[email protected]

Resumo No Cerrado mineiro a produção camponesa continua existindo e a despeito da reprodução do capital sucroenergético, em alguns municípios, certo número desses produtores rurais, passam a produzir mais em menor área. Nesse processo de reocupação do espaço, a pequena produção ganhou uma nova perspectiva, mais ampla e não só de caráter de manutenção da propriedade e fornecimento de alimentos, mas também como uma forma social e econômica que reage e se reorganiza no espaço em transformação. A existência camponesa em meio as transformações da paisagem, onde cresce cada vez mais a monocultura da cana-de-açúcar e dominação capitalista do setor sulcroenergético, acaba revelando várias especificidades dessa produção. É nesse contexto de (re) ocupação do espaço que procuramos pensar a condição territorial dos pequenos produtores do município de Limeira do Oeste-MG. Palavras-chave: Pluriatividade, cana-de-açúcar, agricultura familiar e reorganização social camponesa. Introdução A monocultura da cana-de-açúcar tem se expandido no cerrado mineiro, (re)ocupado

áreas de pastagens e de cultivo de soja e milho. Contudo, esse avanço não tem

eliminado do espaço os pequenos produtores rurais. Atrelados as necessidades de

reprodução do capital sucroenergético, no Cerrado mineiro, ocorre a intensificação da

aplicação de ciência para se obter remuneração dos investimentos produtivos da cultura

da cana-de-açúcar, além do melhoramento genético da planta ou mesmo para o

aperfeiçoamento da logística desse sistema de produção.

Nas áreas rurais dos municípios que compõem a região do Triângulo mineiro a

existência de diferentes formas de produção indica que o próprio camponês tem lidado

com algumas das tecnologias da contemporaneidade, onde máquinas, equipamentos e

principalmente o melhoramento da genética animal e vegetal, tem proporcionado

avanços e conquistas de produtividade no setor leiteiro. Na produção familiar elas

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chegam como aquisições tecnológicas e envolvem reações específicas do produtor rural,

ao mesmo tempo em que intensificam e ampliam as respostas às exigências relacionadas

aos interesses do agronegócio.

Na pequena produção familiar as mudanças de interesses vêm associadas ao uso de

linhas de crédito e de financiamentos com subsídios fiscais. Para o camponês, no âmbito

da agricultura ainda é possível produzir sem o uso de pesticidas, maturadores e

transgênicos. No entanto, no caso dos produtores de Limeira do Oeste, eles estão

“cercados” pela monocultura da cana-de-açúcar que usa desses produtos para obter a

remuneração dos capitais investidos. Como lidar com pequenas produções que vão

alimentar e abastecer cidades sem levar em consideração grandes monoculturas?

No município, as práticas socioculturais que poderiam contribuir para pensarmos esse

momento, são: diversificação, heterogeneidade, multiplicidade, pluriatividade, variação

e variedade da produção. Quantas iniciativas existem no universo camponês e quantas

delas podemos abordar para pensarmos as diferentes lógicas de produção que vem das

próprias experiências camponesas.

Na economia capitalista, da qual se tem um mundo voltado para o acúmulo e má

distribuição de renda ainda persiste produtores que se mantêm na produção voltada para

uma lógica que não é capitalista.

Nesse caso, podemos dizer que a acumulação financeira e a cadeia produtiva, passam a

ganhar uma existência que não é capitalista. No que se refere às lógicas que se têm para

gerar renda familiar, o camponês não opera apenas a partir de uma única lógica. Apesar

da grande importância tecnológica e intelectual que se exige na produção agrícula por

conta da “Revolução Verde”, ainda podemos encontrar pessoas que trabalham com

objetivos específicos, mesmo com a adoção de novíssimas tecnologias. No caso de

alguns municípios do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, os camponeses vivem no

processo de reprodução do setor sucroenergético tensões sócio territoriais, onde de um

lado se tem o conhecimento popular e de outro a preocupação em garantir o

fornecimento de grandes quantidades de cana-de-açúcar para as usinas.

Para uma compreensão teórica pautada na lógica capitalista, produtores que não se

modernizam estão fadados ao fracasso, porém, existem estratégias e arranjos produtivos

que ajudam a revelar as complexas combinações entre o uso das tecnologias e os saberes

e fazeres relacionados ao modo de vida desses produtores. Neles residem habilidades de

usarem o espaço e de forma autônoma, vivem particularmente esse processo.

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Na região do Triângulo mineiro estabelecemos vivências com produtores que fazem

questão de ressaltar que não usam agrotóxicos para poder manter a qualidade dos seus

produtos. Nessa conduta produtiva existem estratégias que indicam formas de

conquistarem o mercado. Desse modo, a produção passa a ser concebida dentro de um

nicho de mercado onde o diferencial é estabelecer cuidados nos tratos culturais que

repercutam na saúde de seus clientes.

Por outro lado, também temos que considerar que esses mesmos produtores não

conseguem realizar todo o processo sem lançar mão de algumas tecnologias. Sem

dúvida há emprego de ciência, porém não é algo que gera uma total dependência, por

exemplo, dos agroquímicos ou dos agrotóxicos.

A produção alcançada indica que ela se encontra estritamente relacionada a capacidade

das pessoas desempenharem as suas habilidades no uso de tecnologias, estabelecendo

amplas associações com saberes e fazeres baseados na sua cultura. Nessas práticas, o

camponês incorpora o melhoramento genético do gado e de algumas plantas para obter

o aperfeiçoamento da produção e também das formas de conquistar o mercado local.

Esse trabalho ao considerar as diferenças e particularidades camponesas foi

desenvolvido tendo como metodologia a reflexão teórica e empírica. No que diz

respeito ao camponês e a renda obtida com seus produtos, pensamos a sua existência a

partir das vivências que estabelecemos a partir de trabalhos de campo. No conjunto, as

análises realizadas proporcionaram uma reflexão sobre as condições sócioespaciais dos

sujeitos sociais no lugar vivido.

Caracterização da área de estudo O município de Limeira do Oeste, localizado na região do Triângulo Mineiro, Estado de

Minas Gerais, foi emancipado em 1992. A partir de relatos dos moradores locais, a

oralidade indica que o município surgiu por intermédio de um loteamento de terras.

Esse projeto incentivou as famílias a se fixarem no lugar. Desse modo, o patrimônio foi

se desenvolvendo por intermédio de interesses pessoais, cujas iniciativas foram de

responsabilidade do senhor José Cândido Lima.

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Figura 1 – Localização da Sede do município de Limeira do Oeste

Fonte: IBGE CIDADES.

Caracteriza-se o município pelos Biomas do Cerrado e Mata Atlântica (IBGE), com

uma área territorial de 1.319 km². Atualmente, com uma população de 6.890 habitantes,

conforme o Censo do IBGE (2010).

O município é parte da bacia do Rio Paranaíba, e conforme a COPASA, pertencente ao

aquífero Bauru e de formação geológica de Serra Geral. O município possui uma

economia baseada na pecuária bovina, sendo que no ano de 2008, as pastagens

ocupavam cerca de 50% da área agricultável do município. O cultivo da cana-de-açúcar

também merece destaque, uma vez que a cultura ocupa cerca de 25000 hectares,

aproximadamente 19 % da área total do município.

Com a instalação da Terceira Unidade do Grupo Tércio Wanderley no Estado de Minas

Gerais, a filial de Limeira do Oeste, iniciou suas atividades em 2006, com atuação nos

municípios de Carneirinho, Iturama, Limeira do Oeste e União de Minas. No ano de

2008, a usina, encerrou sua safra em meados do mês de dezembro com um volume

esmagado de 1,2 milhões de toneladas de cana, o qual originou 108 milhões de litros de

etanol, sendo 91% de álcool anidro. Essa produtividade, em moagem, foi considerada

recorde pela unidade (UDOP, 2009).

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A cana-de-açúcar e as territorialidades do lugar. Em um primeiro momento, precisa-se ressaltar que o município de Limeira do Oeste

historicamente se constituiu econômica e culturalmente sob a lógica da pecuária

extensiva. Algumas rupturas socioeconômicas vão ocorrer a partir dos anos de 1980,

sobretudo, com a reocupação do espaço por lavouras de soja e milho. Outras mudanças

se concretizam, na primeira década do século XXl, sendo decorrência da incorporação

de grandes áreas ocupadas por pastagens ou grãos, a partir dos interesses do setor

sucroenergético.

Considerando-se as mutações do espaço, procuramos pensar o processo territorial em

uma abordagem multidimensional em que a cultura é parte importante para

compreendermos as condições sociais dos camponeses no município. Desse modo, os

aspectos culturais, econômicos, naturais e as políticas públicas foram considerados no

estudo, pois se agregam aos lugares, principalmente, quando nos referimos ao meio

rural. Para isso, foi preciso lançar mão de experiências locais que nos permitissem

ampliar a compreensão desse sujeito social em tempos de modernização da produção

agrícola.

Isso significa que agimos procurando decifrar a produção camponesa não de uma forma

onde se analisa a cultura como superestrutura e seus conteúdos, manifestados,

explicitados como expressões pasteurizadas e sistematizadas. Procuramos considerar as

diferenças lógicas sociais envolvidas na produção de coisas e valores humanos.

Pensamos a evolução técno-científica e ao mesmo tempo, o lugar que ocupa os saberes

e fazeres, assim como as territorialidades construídas, dissolvidas e inventadas ao longo

dos anos.

Por isso, a categoria lugar foi ressaltada, afinal, não há agricultura familiar sem lugar,

não há técnica nem tradição sem a delimitação desse espaço. Carlos (2007), em seu

livro O Lugar No/Do Mundo, traz uma narrativa dos objetos de análise para se

compreender como os sujeitos se relacionam com esse espaço. No estudo de caso esse

referencial nos permitiu decifrar as relações sociais, possibilitando abordar as práticas

sociais, principalmente, por onde se criam os laços sociais, econômicos e culturais que

vão desde a valorização da terra até o orgulho em beneficiar o produto que colocam nas

feiras públicas de alguns municípios da região do Triângulo mineiro. No âmbito das

especificidades do lugar, podemos pensar segundo Carlos (2007):

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O lugar permitiria entender a produção do espaço atual uma vez que aponta a perspectiva de se pensar seu processo de mundialização. Ao mesmo tempo que o lugar se coloca enquanto parcela do espaço, construção social. O lugar abre a perspectiva para se pensar o viver e o habitar, o uso e o consumo, os processos de apropriação do espaço. Ao mesmo tempo, posto que preenchido por múltiplas coações, expõe as pressões que se exercem em todos os níveis. (2007, P. 21).

No município mineiro em estudo, o viver e o habitar se revelam também nas práticas

sociais dos camponeses, pois é nele, que esse sujeito social cria as suas territorialidades,

fornecendo vida aos territórios. Nele, os camponeses agem e reagem as imposições

sociais, criando ao mesmo tempo condições para usufruir do próprio espaço. No lugar,

fomos analisando as habilidades desse sujeito social em criar as condições de existência

e potencializar ao seu favor o uso do espaço. Assim, compreendemos que as relações

sociais dizem respeito ao vivido no sentido mais concreto.

No lugar é possível ver a dominação e as reações as imposições decorrentes do processo

de reocupação do espaço rural. Quanto ao poder, no sentido mais simbólico, podemos

percebê-lo a partir da capacidade que os grupos sociais apresentam no processo de

apropriação do próprio espaço.

Enquanto espaço-tempo vivido, o lugar é complexo, diverso, subjetivo. Por isso, tem-se

no lugar, revelado, no camponês de Limeira do Oeste, o sentimento de pertencimento.

No município, o lugar do camponês se revela na heterogeneidade social, cultural,

política, produtiva, dentre outras dimensões da vida humana, gerando, por conseguinte,

territorialidades que exercem papel fundamental na sua existência. O lugar é o espaço

em que o produtor rural se vê, enquanto sujeito que se realiza nele, em um processo

dinâmico, indicando que os seus vínculos territoriais não são eternos, que as suas

importâncias sociais, significados e representações são relacionais e multidimensionais.

Tomando o município de Limeira do Oeste como estudo de caso, no lugar, o camponês

revela-se um sujeito social, que em suas particularidades podemos perceber a

manifestação de necessidades pontuais. A tecnificação da produção familiar é uma das

tantas necessidades. O uso de máquinas, equipamentos, melhoramento genético (animal

e vegetal), seguramente ajudam a esse camponês atender as novas determinações do

mercado. Porém, em alguns casos, as conquistas tecnologias libertam esse camponês de

imposições de ordem bruta, sobretudo das condições naturais de produção,

possibilitando condições para encontrar um lugar no mercado que lhe permita melhores

condições de existência.

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Com o uso de tecnologias, alguns camponeses têm promovido uma reorganização do

trabalho familiar. Administrar o seu tempo, a força de trabalho familiar, envolve

procedimentos decorrentes de necessidades de várias ordens. As ações desses

produtores indicam formas dele pensar o espaço rural e urbano. Assim quando ele se

dedica a produzir na terra visando conquistar o mercado que existe na cidade, ele e sua

família tendem a se livrar dos atravessadores. Quando isso se torna possível, eles

mesmos assumem o controle do processo de produção, inclusive de beneficiamento e

comercialização dos seus produtos. Para algumas teorias, trata-se de um conjunto

variado de atividades econômicas e produtivas, ligadas ou não ao cultivo da terra,

denominada então de pluriatividade (SCHNEIDER, 2003).

Em Limeira do Oeste a pluriatividade em algumas propriedades acontece,

principalmente, entre aqueles produtores rurais que observam na família a possibilidade

de realizar diversas atividades, não especificamente relacionadas à produção de

produtos ligados a terra e neles se dedicam sob uma lógica própria. Na prática, podemos

citar como exemplo, aquele produtor que ao produzir o milho percebe que na cidade

existe um mercado para os derivados do milho e em família planeja a realização do

beneficiamento e comercialização de um produto de boa aceitação no mercado local

como é o caso da pamonha.

Essa iniciativa não representa apenas diversificação das atividades, mas incorporação de

valores ao produto milho que eles mesmos produzem. Em Limeira do Oeste, a

incorporação de mais valor a produção inclui ainda o milho “embadejado”. Trata-se de

descascar e limpar a espiga de milho verde e embalá-las em bandejas de isopor,

envolvidas/protegidas por embalagens plásticas. As estratégias de comercialização

incluem ainda a divulgação aos clientes dos processos de produção, geralmente livre de

agrotóxicos.

Contudo, trata-se de particularidades, no geral, são produtores que não abrem mão de

sua autonomia agrícola. Assim, são camponeses que tem consciência do arrendamento e

compreendem que no caso da usina, os contratos anulam, por um tempo, a autonomia

que se tem sobre a propriedade da terra.

Observamos nos trabalhos de campo, que essa lógica camponesa, é utilizada para suprir

necessidades e que de certo modo revela identidades especificas do camponês que vive

no lugar. Em Limeira do Oeste encontramos um produtor rural que arrenda uma

pequena área, em torno de dois alqueires, para produzir pamonhas. Neste caso, além de

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vendedor de pamonha, ele e sua família plantam, colhem e processam o milho. Na

situação de poder controlar grande parte do processo produtivo, a família camponesa,

revela habilidades que incluem a capacidade de seus membros terem conquistado parte

de um mercado que aparentemente era inatingível.

Da modernização do campo a diversidade econômica, social e cultural. Em Limeira do Oeste apesar da reprodução do setor sucroenergético ter ocupado

grandes áreas do município, vários aspectos da cultura camponesa estão colocados para

se pensar o espaço e divergir da existência de uma única lógica social produtiva. No

município a presença da usina e do camponês indica situações no mínimo

contraditórias, colocando outras possibilidades de se pensar, no lugar, as diferenças

socioeconômicas.

Contudo, a possibilidade de diversificação da produção não garante melhorias de rendas

para o camponês. No município, alguns camponeses agem incorporando tecnologias e

estudo do mercado, de forma a obterem mais valor aos seus produtos. As ações da

família são resultantes de sua capacidade de pensar o lugar e buscar neste espaço as

parcerias que melhor lhes habilitam para colocar as suas idéias em prática.

Em Limeira do Oeste os camponeses podem contar com o auxílio de instituições públicas

e órgãos ligados a prefeitura, como a EMATER, IMA, SENAR, dentre outros. Isso tudo

aparece no município sob a forma de serviços, tais como cursos voltados para a melhoria

da produção rural, treinamentos, vacinação do rebanho, encaminhamento de solicitação

de crédito ao PRONAF, preparação de silos, dentre outros. Os resultados dessas parcerias

podem provocar diversos avanços tecnológicos e produtivos, que na prática melhoram os

resultados na produção, beneficiamento e comercialização dos alimentos.

O essencial nesse processo todo é a geração de conhecimento e socialização da

informação. Desse modo, cabe cada vez mais ao Estado estabelecer políticas públicas

para a pequena produção. Basendo-se no exemplo de Limeira do Oeste, para isso

acontecer, o Estado, a partir de políticas publicas deverá agir, pautado na

multidimensionalidade do território camponês, incluindo para tanto a dimensão

econômica, social, natural e cultural dos lugares.

Ainda no âmbito das políticas público, torna-se necessário reconhecer que a agricultura

camponesa se desenvolve baseada em várias lógicas sociais. Não há uma única lógica,

mesmo que essa seja, na essência, diferente da capitalista. As práticas camponesas,

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geralmente, vêm acompanhadas de uma dinâmica familiar, na qual se tem na esposa,

nos filhos e também nos avós a principal força produtiva. Segundo um camponês de

Limeira do Oeste: Somos nós tudo trabalhando, sabe, meu pai, minha mãe, minha avó, todo mundo ajuda. Eu planto, tenho as idéias, minha mãe e minha avó, no caso da pamonha né, descascam o milho, ralam e cozinham, depois a gente vende tudo na feira de Carneirinho no domingo. 3

Nessa situação, a divisão do trabalho envolve uma questão de gênero. O trabalho

masculino abrange a parte mais pesada do processo produtivo e no caso específico do

beneficiamento do milho, com as ideias/projetos da família. Nesse processo, cabe ao

homem um envolvimento mais direto com as tecnologias e com o mercado. Comprar e

vender parecem ser tarefas a serem desenvolvidas no espaço da cidade, no âmbito da

rua, portanto, fora da propriedade.

A compreensão camponesa de que para se manter no mercado, as iniciativas devem

passar pela família e pela avaliação da sua capacidade de produzir com qualidade. A

resposta a respeito dessa possibilidade, geralmente é obtida na relação direta com o

cliente. Assim, obter na feira livre ou nos mercados avaliação positiva dos clientes é

fundamental para a continuidade da produção, pois para os camponeses de Limeira do

Oeste essa preocupação se apresenta como diferente da lógica capitalista e do grande

produtor rural. Sua preocupação principal, na relação com o cliente, consiste

basicamente em satisfazer o consumidor. Isso significa que primar pela quantidade dos

produtos produzidos e fundamental.

Garantir qualidade proporciona ao camponês uma clientela fiel. Tendo consumidores

que dão preferência aos seus produtos, também é uma forma de garantir que a pamonha

produzida pela família, por exemplo, continue tendo vida longa no mercado e se torne

uma mercadoria cada vez mais dotada de fluidez. Nessa perspectiva, também não

podemos negar que o pequeno produtor não esteja interessado em ampliar a sua renda.

O diferencial em relação à lógica capitalista é que ao mesmo tempo em que busca

melhorar a renda familiar, ele também, nas suas práticas, revela uma preocupação mais

direta com o consumidor final. O nosso produto tem que ser bom... Um milho perfeito, assim sem defeito sem passa nem por... Aquilo que vai pro mercado tem que ser a nossa cara, a nossa apresentação [...] A gente então é conhecido pelo nosso produto.4

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Não se trata apenas de garantir qualidade e obter o retorno do cliente. Para este

camponês, trata-se também de reconhecer que a qualidade do produto no mercado,

identifica o produtor, sua seriedade, dedicação e compromisso. O Povo conhece o nosso produto. Daí quando conhece o produto, também passa a te conhece. Daí não é só você. É você e sua família [...] No produto da gente também vai o nosso nome.5

Outro aspecto aqui a ser analisado, é a distribuição que se faz da renda familiar. A

lógica que prevalece é o da divisão. Cada membro da família que trabalhou recebe uma

parcela daquilo que for decidido dentro do grupo familiar. Na verdade, eles não são

apenas trabalhadores, uma vez que são todos membros de uma família comprometida

com a qualidade daquilo que se produz, que é beneficiado e comercializado.

É necessário discutir entre os que participam da produção familiar o destino de todo o

dinheiro arrecadado com a comercialização dos seus produtos. Preparar os solos,

plantar, colher, beneficiar e comercializar a produção exige uma contabilidade familiar

mais complexa. Desse modo, a distribuição da renda familiar não é apenas uma questão

de direito, é também de atender necessidades geradas no próprio processo produtivo.

Na prática a família acaba criando espaço para os seus membros opinaram nas decisões

da organização produtiva. Aqui temos outro ponto importante da agricultura familiar, a

participação efetiva de todos os membros, seja na produção, beneficiamento,

comercialização, seja na tomada de decisões. Em Limeira do Oeste, para alguns

produtores familiares isto democratiza o processo produtivo e revela outras

especificidades socioculturais da existência deste produtor.

Contudo, a democratização da participação dos membros da família no processo

produtivo deve ser entendida como um conjunto de ações, em que as decisões no grupo,

acabam revelando resistências. Geralmente, os mais velhos do grupo familiar têm certa

oposição em aceitarem algo novo.

O milho que vendemos é todo embalado, eu que tive a idéia da embalagem. No começo ninguém queria aceitar, meu pai falava que não ia dar certo, mas tá lá, tá saindo, eu percebi que as pessoas gostam mais assim. Isso começou porque certa vez estava na feira, e vi uma mulher carregando um cachorro, ela pegava no cachorro e apertava os milhos, não sei pra que ela apertava tanto, pegava espiga por espiga, e os outros viam aquilo, e depois que ela passava, ninguém mais comprava, daí tive a idéia de colocar o milho em embalagem, fica mais limpinho né?!6

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Essa resistência e em certos casos oposição em aceitar o “novo”, também pode ser

relacionada ao modo de vida constituído na pecuária extensiva, pois se trata de uma

atividade secular que criou raízes e vínculos territoriais. As pessoas mais velhas,

principalmente àqueles que vivem da renda proporcionada da pecuária extensiva,

compreendem que é muito importante saber viver do gado ou do leite. Trata-se, na

compreensão dos mais velhos, de uma atividade que praticada extensivamente, não

impõem investimentos e ainda é capaz de fornecer uma renda continua.

Porém, durante nossos trabalhos de campo, nos deparamos com vários produtores

reclamando a respeito dos preços do leite e que alguns haviam se rendido ao

arrendamento ofertado pela usina. Além das possíveis vantagens ofertadas pela usina de

álcool e açúcar, constatamos que a usina também tem gerado oferta de emprego,

causando uma carência de mão de obra, principalmente de vaqueiros.

Como a pequena produção familiar que se dedica apenas ao leite não consegue gerar

trabalho e renda para todos os seus membros, os filhos, em grande parte, acabam saindo

e não retornando para se dedicar a pecuária leiteira. Desse modo, procuram na cidade

uma ocupação que lhes permitam outras fontes de trabalho e renda.

No nosso caso, em específico com relação ao destino produtivo dos filhos, percebemos

algumas particularidades. Alguns produtores conseguiram (re)organizar a agricultura

familiar e em meio as lavouras de cana-de-açúcar elaboraram projetos em família,

fazendo ressurgir algumas práticas sociais relacionadas aos seus costumes. A gente usa a terra da minha avó, são três hectares, a gente também arrenda do meu tio, uma parte, que não me cobra nada, sabe, mas é tudo legalizado em papel pra gente poder ter acesso aos créditos do governo.7

A capacidade de (re)organização dos produtores camponeses indica também que a

família ressurge estabelecendo sociabilidades que servem inclusive para garantir o uso

das políticas públicas, principalmente o crédito agrícola, em geral o PRONAF.

Em relação à diversificação da produção, beneficiamento e comercialização as

iniciativas dos pequenos produtores tem gerado empreendedorismo e possibilidades de

crescimento da renda familiar. Vejamos o caso da família camponesa de Limeira do

Oeste, a qual iniciou a produção de pamonhas com 70 unidades em 2011 e em junho de

2012 atingiu a marca de 400 unidades por domingo. Começamos com 70 pamonhas, no domindo da semana seguinte fizemos o dobro, 140, depois foram 240, hoje vendemos quase 400 unidades por

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domingo, e é toda semana. Tem gente que vai lá só pra comprar nossa pamonha. 8

Mesmo sendo especificidades do lugar, essa situação indica possibilidades da agricultura

familiar de Limeira do Oeste se reorganizar e existir para além das imposições do agronegócio.

Considerações finais As mutações do espaço podem indicar transformações no modo de vida camponês. A

técnica, a ciência e as políticas agrícolas são primordiais para que as conquistas

produtivas aconteçam de forma que beneficiem também ao camponês. No campo

percebemos que para um pequeno produtor conseguir continuar existindo a partir da sua

produção, ele precisa de créditos subsidiados e de assistência técnica bancada pelo

Estado. Fica claro que a presença do Estado é fundamental. Sem a atuação de órgãos

como a EMATER, IMA e SENAR, por exemplo, o camponês ficaria sem orientação

técnica para produzir e usar o crédito subsidiado. Seguramente não conseguiria dar

continuidade ou começar sua lavoura, bem como realizar o beneficiamento e a

comercialização da sua produção.

Contudo, a reprodução do setor sucroenergético tem implicações fundamentais na

reocupação do espaço e redefinição do modo de pensar de alguns produtores rurais do

município de Limeira do Oeste. Neste processo, o usineiro atua na oferta do

arrendamento, oferecendo contratos que garantem rendimentos mais vantajosos do que

o gado e também dos grãos, especialmente milho e soja. Na lógica do dono de terras a

oferta implica em pagamentos pontuais, sem atrasos, depositados em conta corrente.

Como em Limeira do Oeste não existem apenas proprietários de terras, mas também

produtores rurais, a situação do arrendamento ainda não se generalizou.

Compreendemos que enquanto existem àqueles que não abrem mão do controle de suas

terras, seguramente existiram também aqueles que vão recusar o arrendamento e as

possibilidades anunciadas de viverem da renda da terra, principalmente nos termos

estabelecidos pelo setor sucroenergético.

A sedução do arrendamento existe e é pesada, também para o produtor rural. Nela reside

o “sonho” das pessoas de viverem sem terem que trabalhar. Como não estamos tratando

de uma homogeneização do espaço, também encontramos os que aproveitam deste

momento de quase monocultura da cana para produzir o que é necessário, comida! Este

momento tem sido crucial para a agricultura brasileira, enquanto de um lado vemos

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florestas no Cerrado sendo desmatadas para o plantio da cana-de-açúcar, também vemos

áreas sendo “restauradas” pela agricultura familiar.

As possibilidades de existência camponesa também são derivadas da cultura, dos

saberes e fazeres, mas necessitam de aportes tecnológicos e de sistemas de créditos

subsidiados. Essa combinação deve existir respeitando as especificidades de cada lugar.

Seguramente, quando se apreende a respeitar o sujeito social do lugar, a sociedade

poderá aproveitar melhor as características sociais e culturais do espaço.

No caso do Camponês de Limeira do Oeste, há vários desencontros entre as

políticas públicas e os saberes e fazeres desse produtor rural. Portanto, não basta

valorizar apenas uma dimensão da realidade camponesa é preciso praticar um estudo

multidimensional e propiciar auxílios, assistências, conhecimentos, informações naquilo

que ele sabe fazer de melhor e assim criar os meios para que o camponês consiga existir

em meio a essas transformações e inquietações derivadas da atual dinâmica rural.

Notas

______________ 1 Aluna graduando em Geografia na UFU – Universidade Federal de Uberlândia, Campus Uberlândia e bolsista da FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Email: [email protected] 2 Professor Doutor do Instituto de Geografia da UFU – Universidade Federal de Uberlândia, Campus Uberlândia e orientandor do Laboratório de Geografia Cultural e Turismo. Email: [email protected] 3 Produtor de pamonha, verdura e legumes entrevistado durante o trabalho de campo no muncípio de Limeira do Oeste, MG. Junho de 2012 4 Produtor rural entrevistado durante o trabalho de campo no município de Limeira do Oeste, MG. Junho de 2012 5 Produtor rural entrevistado durante o trabalho de campo no município de Limeira do Oeste, MG. Junho de 2012 6 Produtor de pamonha, verdura e legumes entrevistado durante o trabalho de campo no muncípio de Limeira do Oeste, MG. 7 Produtor de pamonha, verdura e legumes entrevistado durante o trabalho de campo no muncípio de Limeira do Oeste, MG 8 Ibdem.

Referências CARLOS, Ana Fani Alessandri. O Lugar No/Do Mundo. São Paulo: FFLCH, 2007, 85p. HAESBAERT, Rogério. Dos Múltiplos Territórios À Multiterritorialidade. 2004.

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