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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL E CO- OCORRÊNCIA COM PREDADORES EM TAXOCENOSES DE GIRINOS DE ANUROS EM UMA ÁREA DE CAATINGA NO ALTO SERTÃO SERGIPANO IZABEL REGINA SOARES DA SILVA MESTRADO ACADÊMICO São Cristóvão Sergipe - Brasil 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO

DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL E CO-

OCORRÊNCIA COM PREDADORES EM TAXOCENOSES DE

GIRINOS DE ANUROS EM UMA ÁREA DE CAATINGA NO ALTO

SERTÃO SERGIPANO

IZABEL REGINA SOARES DA SILVA

MESTRADO ACADÊMICO

São Cristóvão

Sergipe - Brasil

2013

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IZABEL REGINA SOARES DA SILVA

DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL E CO-

OCORRÊNCIA COM PREDADORES EM TAXOCENOSES DE

GIRINOS DE ANUROS EM UMA ÁREA DE CAATINGA NO ALTO

SERTÃO SERGIPANO

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Ecologia e Conservação

da Universidade Federal de Sergipe, como

requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Ecologia.

Orientador: Prof. Dr. Renato Gomes Faria

São Cristóvão

Sergipe - Brasil

2013

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Silva, Izabel Regina Soares da S586d Diversidade, distribuição espaço-temporal e co-ocorrência

com predadores em taxocenoses de girinos de anuros em uma área de caatinga no Alto Sertão Sergipano / Izabel Regina Soares da Silva ; orientador Renato Gomes Faria – São Cristóvão, 2013. 66 f. : il. Dissertação (Mestrado em Ecologia e Conservação) – Universidade Federal de Sergipe, 2013.

O 1. Ecologia animal. 2. Larvas de anuros. 3. Ecologia de

comunidades. 4. Comportamento animal. 5. Regiões xéricas. I. Faria, Renato Gomes, orient. II. Título.

CDU: 597.8

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Quando chove no sertão O sol deita e a água rola O sapo vomita espuma

Onde um boi pisa se atola E a fartura esconde o saco Que a fome pedia esmola

João Paraibano

“A menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, não seremos capazes de resolver os problemas causados pela forma como nos acostumamos a ver o mundo”.

Albert Einstein

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Dedico este trabalho a minha Bisavó Odete e a minha avó Mª de Lourdes. Vocês foram fundamentais para eu me tornar o que sou hoje. Infelizmente vocês não estarão aqui para presenciar este dia tão esperado. Saudades.

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AGRADECIMENTOS

Enfim mais uma etapa concluída! E todo esse processo não se realizaria sem a

participação direta ou indireta de muita gente as quais quero agradecer aqui...

Agradeço primeiramente a Deus, porque foi a ele que eu me apeguei em muitos

momentos de dificuldade.

À minha família por estar presente nos momentos importantes da minha vida,

torcendo por mim mesmo à distância. Em especial, aos meus avós Amaury, Marlene e

Mª de Lourdes (in memorian) pelo incentivo, carinho e dedicação, e principalmente, por

acreditarem na minha capacidade de conquistar meus sonhos.

Ao meu namorado Marcel, pelo carinho, amor, dedicação, e pela ajuda, seja em

campo, na triagem do material, na revisão do texto e na formatação das referências. E,

sobretudo, pela paciência e palavras de conforto nesse período de finalização da

dissertação. Este trabalho também é um pouco seu!!!

A meu Orientador Renato Gomes Faria, pela confiança depositada e pelo

conhecimento repassado. E ainda, pelo exemplo de perseverança! Muito obrigada por

tudo!!

Aos amigos da graduação, gente vocês também fazem parte disso tudo aqui!!

Independente das distâncias a nossa vontade de nos manter unidos é maior e nossas

torcidas um pelos outros são constantes!!

Aos amigos do Mestrado, foi muito bom ter vocês como companheiros nessa

jornada!!! Em especial a Valter, Marcelinho, Aline, Amanda, Lu, Dudu, Flávio, Arleu e

Lívia e, principalmente, a Tacy, que se tornou quase uma irmã! Muito obrigada, levarei

sempre vocês comigo!!

Aos amigos do laboratório de Herpeto, Stéphanie, Daniel, Francis, Rafael,

Crisanto, Bruno, Anthony, Breno e Adilson. E os da Ictiologia também, Daniel, Carol e

Marlene.

À Angélica, Jônatas e Brena pela companhia em campo!

À Lilian pela ajuda na confecção do mapa da unidade de conservação.

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À Denise Rossa-Feres, Gilda Vasconcelos, Adriana Bocchiglieri e Marcelo

Fulgêncio pelas sugestões na qualificação do projeto.

À Adriana Bocchiglieri pela ajuda em algumas análises.

Aos docentes do Programa de Pós Graduação em Ecologia e Conservação pelos

conhecimentos transmitidos.

À Juliana Cordeiro, muito obrigada por tudo Ju. O que seria dos alunos da pós

sem a secretária mais eficiente que a UFS já viu?!

Ao Sr. Didi e família, pela ajuda em campo e pelos conhecimentos transmitidos.

Agradeço também a CAPES pela concessão da bolsa, que custeou boa parte das

coletas.

À Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Sergipe (SEMARH)

pela licença concedida para coleta e a disponibilização dos dados pluviométricos.

A Universidade Federal de Sergipe (UFS) pelo apoio logístico.

E, a todos que contribuíram de alguma maneira para realização deste trabalho,

Muito Obrigada!!

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Sumário

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................... x

LISTA DE TABELAS ................................................................................................... xii

RESUMO .......................................................................................................................xiv

1. Introdução ............................................................................................................ 16

2. Objetivos .............................................................................................................. 19

2.1. Geral ............................................................................................................. 19

2.2. Específicos ................................................................................................... 20

3. Problemas e Hipóteses ......................................................................................... 20

4. Material e Métodos .............................................................................................. 21

4.1. Área de estudo .............................................................................................. 21

4.2. Metodologia ................................................................................................. 28

4.3. Análise dos dados ......................................................................................... 31

5. Resultados ............................................................................................................ 32

6. Discussão ............................................................................................................. 45

7. Conclusão ............................................................................................................ 51

8. Referencias bibliográficas ................................................................................... 52

ANEXOS ......................................................................................................................... 61

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização do Monumento Natural Grota do Angico, Sergipe, Brasil, com a localização dos pontos de coleta situados no Centro Sul da Unidade (Mapa adaptado de SEMARH 2011). ............................................................................................................ 23

Figura 2: Açudes amostrados na UC Monumento Natural Grota do Angico, Poço Redondo – SE. Período de seca. A: Cancela, B: Escola, C: Bonita, D: Luís I, E: Lagoa Luís II, F: Seca, G: Trilha, H: Bruno, I: Sede. Fotos A, B, C, D e H de Janeiro de 2012, e E, F, G e I de Outubro de 2011. (Imagens: Izabel R. S da Silva e Maria A. O. Bezerra). ......................................................................................................................... 26

Figura 3: Açudes amostrados na UC Monumento Natural Grota do Angico, Poço Redondo – SE. Período úmido. A: Cancela, B: Escola, C: Bonita, D: Luís I, E: Lagoa Luís II, F: Seca, G: Trilha, H: Bruno, I: Sede. Fotos de Março de 2012. (Imagens: Izabel R. S da Silva e Maria A. O. Bezerra). .................................................................. 27

Figura 4: Armadilha "trowtrap" utilizada para capturar os girinos no Monumento Natural Grota do Angico, Poço Redondo - SE. (Imagem: Izabel R S da Silva). ........... 29

Figura 5: Curva de rarefação de espécies observadas e obtidas através do estimador não paramétrico Chao 1 a partir do número de indivíduos registrados no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. ........................................................................ 34

Figura 6: Precipitação acumulada (mm) por mês para a região e hidroperíodo (Barras Cinza) dos açudes no MNGA, no período de Agosto de 2011 a Agosto de 2012. Os dados de precipitação acumulada para a área de estudo foi cedido pela SEMARH, e os dados são referentes ao município de Canindé do São Francisco. ................................. 36

Figura 7: Análise de Correspondência canônica (CCA) relacionando os descritores físico-químicos com as abundâncias de girinos (p= 0.7416). Temperatura da água (tempa), oxigênio dissolvido (oxi), potencial hidrogeniônico (ph), transparência (transp). Rhinella granulosa (Rgranulosa), R. jimi (Rjimi), Dendropsophus soaresi (Dsoaresi), Hypsiboas crepitans (Hcrepitans), H. raniceps (Hraniceps), Scinax pachycrus (Spachycrus), S. x-signatus (Sxsignatus), Physalaemus cicada (Pcicada), Physalaemus sp. (Psp), Leptodactylus fuscus (Lfuscus), L. latrans (Llatrans), Leptodactylus sp. (Lsp), Dermatonotus muelleri (Dmulleri). ........................................ 41

Figura 8: Análise de Correspondência canônica (CCA) relacionando os descritores estruturais com as abundâncias de girinos (p= 0.1483). Área do açude (área), tipo de solo (solo), perfil da margem (margem), vegetação dentro do açude (vegetação). Rhinella granulosa (Rgranulosa), R. jimi (Rjimi), Dendropsophus soaresi (Dsoaresi), Hypsiboas crepitans (Hcrepitans), H. raniceps (Hraniceps), Scinax pachycrus (Spachycrus), S. x-signatus (Sxsignatus), Physalaemus cicada (Pcicada), Physalaemus sp. (Psp), Leptodactylus fuscus (Lfuscus), L. latrans (Llatrans), Leptodactylus sp. (Lsp), Dermatonotus muelleri (Dmulleri). ................................................................................ 42

Figura 9: Similaridade no uso do micro-habitat entre girinos e predadores invertebrados mais abundantes registrados nos nove açudes amostrados no MNGA, no período de

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Setembro de 2011 a Agosto de 2012 (Bray-Curtis, r = 0,887). Rhinella granulosa (Rgr), R. jimi (Rji), Dendropsophus soaresi (Dso), Hypsiboas crepitans (Hcr), H. raniceps (Hra), Scinax pachycrus (Spa), S. x-signatus (Sxs), Physalaemus cicada (Pci), Physalaemus sp. (Psp), Leptodactylus fuscus (Lfu), Dermatonotus muelleri (Dmu), Belostomatidae (Bel) e Libellulidae (Lib). ..................................................................... 44

Figura A. 1: Precipitação acumulada dos meses de Agosto de 2011 a Agosto de 2012 e abundância mensal dos girinos coletados no MNGA no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. .............................................................................................................. 62

Figura A. 2: Gráficos do teste de regressão linear simples entre a riqueza de espécies e a pluviosidade (A) e, entre a abundância e a pluviosidade (B) na área amostrada (MNGA), no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. ..................................... 63

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Espécies amostradas nos açudes do Monumento Natural Grota do Angico, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012, com suas respectivas abundâncias. ... 33

Tabela 2: Invertebrados potenciais predadores de girinos amostrados no Monumento Natural Grota do Angico, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012, com suas respectivas abundâncias. ................................................................................................. 34

Tabela 3: Diversidade alfa e equitabilidade de girinos dos nove corpos d’água avaliados no Monumento Natural Grota do Angico, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. .............................................................................................................. 35

Tabela 4: Diversidade Beta (1-CJ) dos girinos amostrados nos nove corpos d’água avaliados no Monumento Natural Grota do Angico, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. Valores acima de 0,75 estão destacados em negrito. .......................... 35

Tabela 5: Abundância dos girinos nos períodos de ocorrência por mês e por açude (em ordem alfabética) coletada no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. Rhinella granulosa (Rgr), R. jimi (Rji), Dendropsophus soaresi (Dso), Hypsiboas crepitans (Hcr), H. raniceps (Hra), Scinax pachycrus (Spa), S. x-signatus (Sxs), Physalaemus cicada (Pci), Physalaemus sp. (Psp), Leptodactylus fuscus (Lfu), Leptodactylus latrans (Lla), Leptodactylus sp. (Lsp) e Dermatonotus muelleri (Dmu). ........................................................................................................................................ 37

Tabela 6: Sobreposição temporal (ocorrência mensal) entre os pares de espécies coletadas no MNGA no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. Hypsiboas crepitans (Hcr), H. raniceps (Hra), Scinax pachycrus (Spa), S. x-signatus (Sxs), Physalaemus cicada (Pci), Physalaemus sp. (Psp), Dermatonotus muelleri (Dmu). Em negrito os valores de sobreposição maiores que 0,75. .................................................... 38

Tabela 7: Amplitudes de nicho espacial (Simpson e Levins) para as espécies amostradas no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. Número de categorias utilizadas, por cada espécie, dentre as 18 pré-estabelecidas na metodologia.38

Tabela 8: Sobreposição espacial (micro-habitat) entre os pares de espécies coletadas no MNGA no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. Rhinella granulosa (Rgr), R. jimi (Rji), Dendropsophus soaresi (Dso), Hypsiboas crepitans (Hcr), H. raniceps (Hra), Scinax pachycrus (Spa), S. x-signatus (Sxs), Physalaemus cicada (Pci), Physalaemus sp. (Psp), Leptodactylus fuscus (Lfu), Dermatonotus muelleri (Dmu). Em negrito os valores de sobreposição maiores que 0,75. .................................................... 39

Tabela 9: Análise de Correspondência Canônica entre os componentes físico-químicos avaliados e as abundâncias das espécies coletadas no MNGA no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. ............................................................................................. 40

Tabela 10: Análise de Correspondência Canônica entre os componentes estruturais e as abundâncias das espécies coletadas no MNGA no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. .............................................................................................................. 40

Tabela 11: Regressões lineares simples (F) entre a riqueza de espécies e a pluviosidade e, entre a abundância e a pluviosidade na área amostrada (MNGA), no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. ............................................................................. 43

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Tabela 12: Correlação Spearman, rs) entre girinos e predadores amostrados no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. Rhinella granulosa (Rgr), R. jimi (Rji), Dendropsophus soaresi (Dso), Hypsiboas crepitans (Hcr), H. raniceps (Hra), Scinax pachycrus (Spa), S. x-signatus (Sxs), Physalaemus cicada (Pci), Physalaemus sp. (Psp), Leptodactylus fuscus (Lfu), Dermatonotus muelleri (Dmu), Belostomatidae (Bel) e Libellulidae (Lib). ..................................................................... 43

Tabela A. 1: Abundância dos girinos das espécies de anuros registradas nos nove corpos d'água amostrados no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012 no MNGA. ........................................................................................................................... 64

Tabela A. 2: Condições em que os girinos foram encontrados no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012, de acordo com as características estruturais e físico-químicas do ambiente e, categorias de micro-habitat utilizadas. Rhinella granulosa (Rgr), R. jimi (Rji), Dendropsophus soaresi (Dso), Hypsiboas crepitans (Hcr), H. raniceps (Hra), Scinax pachycrus (Spa), S. x-signatus (Sxs), Physalaemus cicada (Pci), Physalaemus sp. (Psp), Leptodactylus fuscus (Lfu), Dermatonotus muelleri (Dmu). Tipo de solo: Arenoso (A), Lamoso (L) e Argiloso (Ar). Perfil de Margem: Plana (P), Inclinada (I) e Barranco (B). .......................................................................... 65

Tabela A. 3: Lista de espécies encontradas no MNGA com base da Coleção Herpetológica da Universidade Federal de Sergipe. ...................................................... 66

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RESUMO

Diversos mecanismos mediam a diversidade, riqueza, abundância e distribuição dos

girinos nos corpos d’água. O objetivo do estudo foi caracterizar a composição de girinos

de uma área de Caatinga no Estado de Sergipe e avaliá-la em relação ao uso temporal

(períodos de ocorrência) e espacial (locais preferenciais dentro dos corpos d’água) nos

açudes. Buscando ainda, compreender a influência de alguns parâmetros ambientais e

de predadores, em potencial, sobre a abundância dos girinos. O estudo foi realizado no

Monumento Natural Grota do Angico, no período de Setembro de 2011 a Agosto de

2012. A coleta dos girinos e predadores foi realizada em forma de parcela em nove

açudes da localidade. Os fatores bióticos e abióticos foram coletados mensalmente nos

açudes que possuíam água. Foram coletados 2117 girinos e 710 predadores. A

diversidade alfa foi semelhante entre as lagoas e a beta foi considerada relativamente

baixa. A maioria dos girinos teve amplitude de nicho espacial elevada mostrando um

uso generalista do espaço e, as sobreposições espacial e temporal demonstraram uma

segregação entre as espécies no uso de micro-habitat e dos períodos de ocorrência.

Nenhuma das espécies apresentou relação entre suas abundâncias e os fatores físico-

químicos e estruturais dos açudes. A riqueza e abundância estiveram relacionadas a

pluviosidade. Girinos e predadores diferiram quanto ao uso do micro-habitat e apenas

três espécies apresentaram correlação positiva com os predadores. Os resultados obtidos

foram em alguns aspectos semelhantes a outros estudos realizados no bioma Caatinga e

em áreas secas do país. Evidenciou-se a importância dos açudes na manutenção das

populações locais e a necessidade de preservação dos mesmos. Estudos na Caatinga

ainda perfazem um desafio aos pesquisadores, principalmente a cerca da anurofauna do

Bioma, e estudos devem ser incentivados, tanto para que se possa conhecer mais sobre a

biologia larval dessas espécies quanto para que se possa obter melhores estratégias de

conservação para o grupo.

Palavras-chave: larvas de anuros, ecologia de comunidades, regiões xéricas.

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ABSTRACT

Several mechanisms mediate the richness, diversity, abundance and distribution of

tadpoles in the ponds. The purpose of this study was to characterize the composition of

tadpoles of an area of Caatinga in the State of Sergipe and evaluate it with respect to use

temporal (time of occurrence) and spatial (within the preferred local water bodies) in the

dams. Looking for understand the influence of some environmental parameters and

predators on the abundance of tadpoles. The study was conducted at the Natural

Monument Grota Angico in the period September 2011 to August 2012. The sample of

tadpoles and predators were doing in nine dams of the locality. The biotic and abiotic

factors were collected monthly in the dams that had water. 2117 tadpoles and 710

predators were collected. The alpha diversity was similar between the dams and the beta

diversity was considered relatively low. Most tadpoles had high spatial niche breadth

showing a general use of space. The spatial and temporal overlaps showed segregation

between species in the use of micro-habitats and seasons. None of the species showed

association between their abundances and the physical-chemical and structural of the

dams. The richness and abundance were correlated to rainfall. Tadpoles and predators

differed on the use of micro-habitat and only three species showed a positive correlation

with the predators. The results were in some ways similar to other studies in the

Caatinga biome and in dry areas of the country. Studies in the Caatinga are still a

challenge to researchers, especially about the frogs of the Biome, and studies should be

encouraged, so that you can know more about the biology of these species and so you

can get better conservation strategies for the group.

Key-words: Anuran larvae, Community ecology, Dry regions.

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1. Introdução

Os anfíbios formam um grupo bastante diversificado em termos de espécies. O

grupo apresenta um ciclo de vida complexo, onde o desenvolvimento de muitas espécies

envolve uma fase larval aquática com respiração branquial e uma fase adulta terrestre,

com respiração pulmonar e cutânea (McDiarmid & Altig 1999). A presença de uma pele

permeável torna os anuros bastante susceptíveis a mudanças ambientais, sendo bons

indicadores do grau de perturbação de seus habitats (Wilson & Mccranie 2003).

Diversos fatores como a fragmentação e a destruição de ambientes naturais,

alterações climáticas e doenças introduzidas têm ameaçado populações de anuros em

todo o mundo (Eterovick & Sazima 2004). O declínio observado neste grupo nos faz

perceber a carência de estudos relacionados à ecologia e biologia desses organismos

(Alford & Richards 1999, Collins & Storfer 2003), sobretudo em regiões tropicais onde

é encontrada a maior diversidade de táxons do grupo (Duellman 1995).

Os eventos reprodutivos, em anfíbios,, encontram-se intimamente ligados ao

regime sazonal de chuvas e à disponibilidade de água no ambiente (Duellman & Trueb

1994). Em regiões onde a estação seca e chuvosa são eventos bem definidos, como na

região neotropical, a temporada reprodutiva costuma estar relacionada ao período mais

úmido. Porém, é possível que ela ocorra durante a estação seca, desde que a água esteja

disponível durante o tempo necessário para o desenvolvimento dos girinos (Duellman &

Trueb 1994).

Grande parte dos trabalhos envolvendo estudo de comunidades pontua a fase

de vida adulta desses organismos (Inger & Colwell 1977, Duellman 1978), porém o

número de estudos envolvendo a fase larval vem crescendo (Azevedo-Ramos 1995,

Santos et al 2007, Provete 2010, Vasconcelos et al 2011). Excetuando-se o fato de não

se reproduzirem, os girinos podem ser considerados seres independentes com

características ecológicas e comportamentais próprias (Azevedo-Ramos 1995).

Estudos com taxocenoses de girinos têm sido utilizados como modelos úteis no

intuito de desvendar os fatores que influenciam na distribuição de espécies em

diferentes corpos d’água (Alford 1999). Contribuem, também, na elaboração de

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conceitos e modelos gerais sobre quais variáveis mais interferem na estruturação das

comunidades, principalmente as aquáticas (Gascon 1991).

Os padrões de uso e sobreposição de recursos são de grande interesse para os

ecólogos de comunidades, pois permitem revelar aspectos da coexistência de espécies

em uma taxocenose (Provete 2010). O espaço é tido como uma das mais importantes

dimensões do nicho de uma espécie (Pianka 1978), e este responde por grande parte dos

padrões de diversidade e organização da comunidade, seja ela local ou regional (Kneitel

& Chase 2004). Para as larvas de anuros, os principais recursos partilhados são o espaço

(Inger et al 1986) e os períodos de ocorrência (Toft 1985).

A distribuição espacial e os padrões temporais de girinos em corpos d’água

resultam da distribuição espacial e temporal dos adultos, os quais vão influenciar

diretamente na sobrevivência dessas larvas (Gascon 1991). Poucos estudos verificam a

influência das características do micro-habitat sobre a distribuição dos girinos. Rossa-

Feres e Jim (1996) viram que a partilha no uso de micro-habitat foi um mecanismo

importante na coexistência dos girinos de espécies com alta sobreposição no uso de

habitat, principalmente naqueles com maior heterogeneidade. A partilha de micro-

habitat é frequentemente associada à competição e predação, embora também possa

estar relacionada a diferentes histórias evolutivas (Eterovick & Fernandes 2001).

Para Azevedo-Ramos (1995), múltiplos fatores podem agir como

estruturadores de comunidades de girinos, e que estas comunidades talvez sejam

moldadas pela interação desses fatores. A autora ressalta ainda que os fatores que

regulam uma poça podem ser diferentes daqueles que limitam sua distribuição em

escala regional. A heterogeneidade do habitat também tem sido considerada um fator

importante na diversidade (Huston 1994), na distribuição e coexistência de espécies

(Brandão & Araújo 1998, Conte & Rossa-Feres 2007). Em anuros, foi evidenciado que

a maior heterogeneidade do habitat em áreas de Mata Atlântica permite o maior número

de especializações quanto ao uso do habitat (Haddad & Prado 2005).

Além dos fatores bióticos, os abióticos também possuem influência na

determinação dos padrões de distribuição e abundância das espécies nas comunidades

(Wilbur 1984, Gascon 1991, Welborn et al 1996, Dayton & Fitzgerald 2001, Rodrigues

2006). Fatores como o hidroperíodo, frequência de inundação e tamanho dos corpos

d’água e, as características físico-químicas da água são consideradas componentes

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abióticos estruturadores tanto de populações, como de comunidades de anfíbios

(Welborn et al 1996, Eterovick & Sazima 2000, Eterovick & Fernandes 2001).

O estágio larval em anuros é, provavelmente, o período de vida onde a seleção

ocorre de maneira mais intensa (Heyer 1973, Heyer 1979), sendo o crescimento da larva

um importante parâmetro na determinação do sucesso ao término deste estágio

(Scheibler et al 2002). Girinos de diferentes espécies podem utilizar recursos de forma

diferenciada (Heyer 1976), bem como estão sujeitos a alterações na disponibilidade e

uso de recursos de acordo com a densidade e a diversidade das populações (Torres-

Orozco et al 2002). Isto pode ser observado em girinos de Scinax duartei e

Odontophrynus americanus que ocorrem juntos nos mesmos trechos, porém a primeira

espécie se alimenta do perifíton das macrófitas enquanto a segunda busca alimento no

sedimento (Eterovick 1998).

A predação é outro fator limitante no sucesso larval. Os girinos possuem vários

predadores naturais, entre eles larvas e adultos de invertebrados, e podem sofrer elevada

pressão de predação, principalmente em poças temporárias (Borror & Delong 1998,

Azevedo-Ramos 1995). A coexistência de girinos e predadores pode ser mediada por

mecanismos antipredação, como a impalatabilidade (Hero et al 2001), alterações

morfológicas (McIntyre et al 2004), uso diferencial de habitat (Cruz & Rebelo 2005), e

comportamentais (Caldwell et al.1980). Ainda, Kopp et al (2006) verificaram que a

complexidade estrutural influência a coexistência entre os girinos e seus predadores,

muitas vezes reduzindo a taxa de predação.

A grande maioria dos estudos com girinos foi desenvolvida na região Sudeste

do país, principalmente nas áreas de floresta atlântica (Kopp et al 2006, Prado 2006,

Provete 2010). Estudos na floresta amazônica têm sido ampliados (Azevedo-Ramos

1995, Rodrigues 2006), porém, para a região de Caatinga os estudos são escassos,

ligados principalmente a descrições dos girinos de algumas espécies (ex. Vieira &

Arzabe 2008).

Estudos na Caatinga são muito importantes, pois este bioma constitui um

cenário único. As condições ambientais dos açudes mudam com imensa rapidez,

fazendo com que os organismos que nelas vivem se adaptem a estas condições. Estes

corpos d’água são geralmente rasos, o que possibilita a radiação solar chegar ao

substrato, fazendo com que haja o crescimento de macrófitas, criando um ambiente de

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alta atividade primária propício a diversos grupos animais (Maltchik et al 1999). Além

disso, a cheia e a seca desses ecossistemas são processos rápidos, ligados ao balanço na

precipitação e evaporação (Maltchik et al 1999), sendo que nas lagoas intermitentes do

semiárido nordestino a evaporação possui taxas elevadas (Maltchik et al. 1999) fazendo

com que estas lagoas sequem mais rapidamente.

No estado, alguns estudos têm ampliado o conhecimento da anurofauna para o

estado (Gouveia 2010, Silva 2010, Caldas 2011, Ferreira et al 2011, Ferreira & Faria

2011, Silva 2011, Caldas et al 2012, Franco 2012, Gouveia et al 2012, Santana et al

2012) e, trabalhos com girinos foram iniciados nos últimos anos. Em áreas de Caatinga

e Mata Atlântica, Caldas (2011) estudou características ecológicas de adultos e girinos

de Phyllomedusa nordestina . Nesse estudo, informações sobre os girinos como a forma

de distribuição espacial e temporal desses organismos foram apresentadas apenas para a

região de Caatinga. Um estudo com girinos também foi realizado em uma área de Mata

Atlântica por Silva (2010), que trabalhou informações sobre a distribuição espacial e

temporal dos girinos e sua associação com características físico-químicas dos ambientes

em que se encontravam. Apesar do crescente número de trabalhos, com anfíbios, no

estado há muito que fazer, ainda mais considerando a ecologia de suas fases larvais que

são tão pouco conhecidas no Brasil.

2. Objetivos

2.1. Geral

Através do presente estudo pretende-se caracterizar a composição de girinos do

Monumento Natural Grota do Angico, uma área de Caatinga no Estado de Sergipe, e

avaliá-la em relação ao uso temporal (períodos de ocorrência) e espacial (locais

preferenciais dentro dos corpos d’água) nos açudes, bem como compreender a

influência de alguns parâmetros ambientais e de predadores, em potencial, sobre a

abundância dos girinos.

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2.2. Específicos

i. Determinar a riqueza, abundância e diversidade dos girinos nos açudes do

Monumento Natural Grota do Angico;

ii. Analisar os possíveis padrões de distribuição temporal e espacial dos girinos

registrados em cada açude;

iii. Avaliar a influência de caracteres ambientais bióticos e abióticos na composição

da taxocenose de girinos dos açudes;

iv. Investigar a influência da pluviosidade na riqueza e abundância dos girinos nos

açudes estudados;

v. Verificar a influência de predadores, em potencial, na abundância de girinos nos

açudes amostrados.

3. Problemas e Hipóteses

Por meio deste estudo pretende-se responder algumas perguntas acerca da

ecologia dos girinos em área de Caatinga.

i. Alguns estudos mostram que a riqueza e a abundância de girinos podem ser

influenciadas pelas características ambientais do habitat, sejam elas bióticas ou

abióticas (Rossa-Feres & Jim 1996, Moore & Townsend 1998, Alford 1999,

Eterovick & Sazima, 2000, Eterovick & Fernandes, 2001). Será que as

características ambientais estudadas influenciam a riqueza e abundância das

espécies presentes no MNGA?

H0 – É esperado que as características ambientais estudadas nos açudes não

influenciem significativamente a riqueza e abundância de girinos nos corpos

d’água.

ii. Uma distribuição temporal e espacial diferenciada permite uma variação no uso

dos recursos ambientais, diminuindo as sobreposições de nicho e mediando a

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coexistência entre as espécies (Rossa-Feres & Jim 2001, Eterovick & Sazima

2000, Eterovick & Barros 2003). Os girinos dos açudes amostrados diferem

quanto aos períodos de ocorrência e uso do micro-habitat?

H0: As larvas de anuros, na área amostrada, não utilizam de forma diferenciada

os recursos espaço-temporais.

iii. A predação é um dos fatores de maior influência na estruturação de comunidades

de girinos (Heyer et al 1975). E a coexistência entre eles pode ser mediada por

mecanismos de antipredação (Hero et al 2001, Cruz & Rebelo 2005). A

distribuição dos girinos é influenciada pela abundância de seus predadores

(Belostomatidae e/ou náiades de Odonata)?

H0: A abundância dos predadores não influencia a distribuição dos girinos nas

áreas amostradas.

4. Material e Métodos

4.1. Área de estudo

O estudo foi realizado na Unidade de Conservação Estadual Monumento

Natural Grota do Angico (MNGA) (9º 41’S e 38º 31’W) localizada entre os municípios

de Poço Redondo e Canindé de São Francisco, à margem direita do rio São Francisco,

no Alto Sertão Sergipano. A Unidade (Figura 1) possui uma área de 2138 hectares

(SEMARH 2007), totalmente inserida no domínio morfoclimático da Caatinga (sensu

Ab’Sáber 1977).

O MNGA está inserido na Unidade de Relevo denominada Depressão

Sertaneja, a paisagem é característica da região semiárida do Nordeste. Apresenta

altitudes que variam de 20 a 500 m, com elevações residuais de 500 a 800 m (SEMARH

2007).

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A Unidade é caracterizada pelo clima semiárido seco e quente, com

precipitação anual variando entre 380 a 760 mm. A temperatura média anual é superior

a 18ºC e o potencial de evapotranspiração anual é maior que a precipitação (SEMARH

2007). As médias pluviométricas históricas estão em torno de 500 mm, com

precipitações irregulares, sendo o clima considerado árido limitado por espaços semi-

áridos (classe BShw de Köppen) (Nimer 1972, Santos & Andrade 1992). A hidrografia

das áreas de Caatinga é marcada pela presença quase exclusiva de rios temporários

(excetuando-se apenas o Rio São Francisco) e acúmulos de água de tamanho e duração

variáveis nos chamados tanques, açudes ou cacimbas (Prado 2005).

Silva (2011), em estudo botânico no MNGA, verificou que a comunidade

vegetal encontra-se em estágio sucessional inicial, com componente arbustivo-arbóreo

rico em espécies, porém com baixos valores de densidade e índice de diversidade. A

vegetação é composta basicamente por três estratos e uma formação arbustiva-arbórea

do tipo Caesalpinia – Aspidosperma – Jatropha (catingueira – pereiro – pinhão-bravo)

com árvores de maior porte distribuídas de modo esparso (Prado 2005). Quanto a

comunidade animal, esta é composta por 24 espécies de Mamíferos e 125 espécies de

Aves (SEMARH 2007). A Herpetofauna do MNGA é composta por 35 espécies de

répteis – entre anfisbenídeos, serpentes, lagartos e quelônios –, e 20 espécies de anfíbios

anuros (dados da Coleção Herpetológica da Universidade Federal de Sergipe –

CHUFS).

O MNGA é cercado por povoados e assentamentos, o que o torna uma área de

intensa atividade agropastoril. Assim, é comum ser encontrado, dentro da Unidade,

bovinos, caprinos, equinos e ovinos, além de cães domésticos (SEMARH 2007), que

utilizam a vegetação e os açudes para subsistência.

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Figura 1: Localização do Monumento Natural Grota do Angico, Sergipe, Brasil, com a localização dos pontos de coleta1 situados no Centro Sul da Unidade (Mapa adaptado de SEMARH 2011).

1 Os pontos de coleta aparentemente fora do MNGA estão situados em uma área doada após a elaboração do plano de manejo e, que ainda não está demarcada nos mapas cedidos pela SEMARH.

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4.1.1. Corpos d’água amostrados

Dentre os possíveis locais de coleta no MNGA foram selecionados nove corpos

d’água (Figuras 2 e 3) de acordo com o ambiente e a logística do trabalho. Todos os açudes2

foram considerados artificiais. Alguns foram escavados e outros mesmo sendo originários de

depressões naturais que acumulavam água da chuva, foram posteriormente escavados para

aumentar a capacidade de armazenamento.

i. Açude do Bruno – Possui uma área que variou de 28 a 182 m2 com uma

profundidade máxima de 0,4 m. A margem é plana e a vegetação predominante

é do tipo arbustivo-arbórea. Macrófitas estiveram presentes por todo o corpo

d’água, porém em baixa densidade. Apresenta solo argiloso, o qual é bastante

pisoteado, devido à passagem constante de gado, sendo considerado um dos

açudes mais impactados (Cordenadas: 37º40’57” W, 9º39’50” S).

ii. Açude Bonita – Sua área variou de 12 a 139 m2 com profundidade máxima de

0,6 m. Sua margem é inclinada, com vegetação herbáceo-arbustiva

predominante. Possui macrófitas de diversas espécies em sua borda, com

presença de plantas flutuantes e submersas. O solo é arenoso nas margens,

porém no interior do açude é, no geral, lamoso (Coordenadas: 37º41’39” W,

9º40’00” S).

iii. Açude da Cancela – Possui a maior área dentre os açudes estudados (variando

de 21 a 485 m2) e tem profundidade chegando a 1,8 m, quando totalmente cheia.

Sua margem, do tipo plana, é composta principalmente por vegetação herbácea,

com o interior quase que totalmente tomado por macrófitas (80 a 90% da

superfície), em especial Pistia sp. O solo é do tipo arenoso e apresenta alguns

afloramentos rochosos em seu interior (Coordenadas: 37º40’53” W, 9º41’14” S).

iv. Açude da Escola – Sua área varia de 9 a 196 m2 e profundidade de 1,1 m.

Cerca de 60% do seu perímetro é constituído por uma margem plana, sendo o

2 Apesar de popularmente, nas regiões de Caatinga, os corpos d’água receberem diferentes nomenclaturas de acordo com o tamanho e profundidade (ex. açude, barreiro, cacimba, pia, bacia, etc.) chamaremos aqui, pelo nome mais popular açude.

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restante em barranco. A margem é composta principalmente por vegetação

herbácea, com o interior quase que totalmente tomado por macrófitas, em

particular Pistia sp. O solo é do tipo arenoso e apresenta alguns afloramentos

rochosos em seu interior (Coordenadas: 37º40’52” W, 9º40’37” S).

v. Açude Luís I– Sua área varia de 43 a 112 m2 com profundidade máxima de 0,7

m. Possui margem em barranco, com vegetação herbácea. No interior apresenta

plantas submersas. O solo é arenoso nas margens, porém bastante argiloso em

seu interior, muito provavelmente devido ao acúmulo de matéria orgânica

depositado no local (Coordenadas: 37º41’22” W, 9º39’58” S).

vi. Açude Luíz II – Possui área de 64,4 m2 e profundidade de 0,5 m. Possui margem

em barranco, com predominância de vegetação herbácea, porém com arbustos e

árvores presentes. Possui vegetação arbórea próxima à margem, possibilitando a

utilização do açude por espécies de anuros mais arborícolas. O solo é arenoso

(Coordenadas: 37º41’14” W, 9º40’10” S).

vii. Açude Seca – Sua área é de 53 m2 com 0,1 m de profundidade máxima

encontrada. Possui margem plana e vegetação predominante arbustivo-arbórea.

Em épocas de chuva apresenta um aspecto parecido com o de um brejo. O solo é

arenoso (Coordenadas: 37º40’55” W, 9º39’50” S).

viii. Açude da Sede – Apresenta uma área que varia de 26 a 33 m2 com profundidade

máxima encontrada de 0,85 m Possui margem inclinada com vegetação

arbustiva-arbórea. Solo é arenoso e em seu interior é tomado por vegetação

submersa, cerca de 60% (Coordenadas: 37º41’08” W, 9º39’56” S).

ix. Açude da Trilha – Apresenta uma área de 210 m2 com profundidade máxima de

0,6 m. Possui margem inclinada com vegetação arbustivo-arbórea. Há vegetação

submersa em seu interior, a qual contempla cerca de 70% de sua área. O tipo de

solo é arenoso (Coordenadas: 37º41’09” W, 9º39’46” S).

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A

H G

D F E

C B

I

Figura 2: Açudes amostrados na UC Monumento Natural Grota do Angico, Poço Redondo – SE. Período de seca. A: Cancela, B: Escola, C: Bonita, D: Luís I, E: Lagoa Luís II, F: Seca, G: Trilha, H: Bruno, I: Sede. Fotos A, B, C, D e H de Janeiro de 2012, e E, F, G e I de Outubro de 2011. (Imagens: Izabel R. S da Silva e Maria A. O. Bezerra).

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A

B

F

C

D

E

G

H

I

Figura 3: Açudes amostrados na UC Monumento Natural Grota do Angico, Poço Redondo – SE. Período úmido. A: Cancela, B: Escola, C: Bonita, D: Luís I, E: Lagoa Luís II, F: Seca, G: Trilha, H: Bruno, I: Sede. Fotos de Março de 2012. (Imagens: Izabel R. S da Silva e Maria A. O. Bezerra).

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4.2. Metodologia

As coletas foram realizadas mensalmente nos nove açudes ao longo de um ano

(setembro de 2011 a agosto de 2012), com permanência, em média, de cinco dias

consecutivos em campo. A cada mês os açudes eram percorridos para verificar se havia água

ou não neles. Se houvesse água a coleta era realizada. Foram escolhidos os horários entre 6 h

às 10 h e 16 h às 18 h, como horários preferenciais de coleta devido a menor incidência solar.

Inicialmente era realizada a caracterização do habitat. Foram avaliados alguns

componentes físico-químicos e estruturais, estes parâmetros foram medidos mensalmente nos

açudes que possuíam água. A temperatura da água foi aferida a cerca de 40 cm da margem do

açude, utilizando um termômetro digital (precisão 0,1 ºC, Mininpa®). Para a medição do

potencial hidrogeniônico e oxigênio dissolvido era retirado um volume de água do açude, com

um recipiente limpo e neste eram feitas as medições. Para isto foram utilizados medidor

digital e portátil de pH (MOD pH1900 - Instrutherm®), e medidor de oxigênio dissolvido

portátil (HANNA® - HI9146 digital), respectivamente.

A transparência da água foi mensurada com disco de secchi, sendo o disco

posicionado mais ou menos no meio do açude, ponto de maior profundidade. O comprimento

e largura dos açudes foram medidos com fita métrica e suas áreas estimadas através da

fórmula da área da elipse. A porcentagem de vegetação aquática, o tipo de solo (arenoso,

lamoso ou argiloso) e o perfil da margem (plana, inclinada ou barranco) dos açudes foram

analisados de acordo com observações diretas em campo.

Após a verificação dos componentes ambientais era realizada as amostragens nos

corpos d’água para a obtenção dos dados espaciais e captura de girinos e predadores. As

coletas foram realizadas em forma de parcelas com auxílio de uma armadilha “trowtrap”

(1,10 x 0,55 x 0,55 m), de estrutura de PVC, aberta em ambas as extremidades horizontais e

coberta nas laterais por uma tela de nylon (1,5 mm) para evitar a entrada e saída de animais da

parcela. Os animais foram recolhidos da parcela usando um puçá de tela de nylon (1,5 mm).

Cada imersão do instrumento (Figura 4) na água foi considerada uma parcela. E a

distância entre cada parcela foi de no mínimo, um metro. A quantidade de parcelas foi

variável em cada açude, de acordo com o volume de água presente, obtendo-se um máximo de

nove parcelas por açude/mês. As parcelas foram distribuídas aleatoriamente, porém, de forma

a contemplar diferentes profundidades e micro-habitats.

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Figura 4: Armadilha "trowtrap" utilizada para capturar os girinos no Monumento Natural Grota do Angico, Poço Redondo - SE. (Imagem: Izabel R S da Silva).

Com o intuito de causar a menor perturbação possível no açude eram realizadas

primeiro as parcelas na margem do açude e depois avançava-se para o interior do mesmo. O

“trowtrap” era submerso no corpo d’água sendo posicionado verticalmente. Depois de

posicionado era verificado se havia espaços entre a extremidade inferior da armadilha e o solo

por onde os espécimes pudessem escapar. Constatada a presença de espaços, descartava-se a

parcela e a mesma era refeita em outro local do açude. Para evitar que os animais escapassem

da área perturbada, antes que a armadilha fosse posicionada, em cada parcela, aguardava-se

de 1 a 2 min, para estabilizar o ambiente.

Os girinos foram retirados de cada parcela com o auxílio de um puçá. Passava-se o

puçá por toda a extensão da armadilha, e se após cinco passadas do puçá não fosse retirado

nenhum animal encerrava-se a parcela. Os girinos coletados foram fixados em formol a 10%,

logo após a coleta, e acondicionados em potes contendo etiqueta com local de coleta, data e

número da parcela para posterior identificação em laboratório. O processo de identificação,

em nível de espécie, foi realizado com base nos artigos de descrição de espécies e chaves de

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identificações disponíveis na literatura (ex. Carneiro et al 2004, Rossa-Feres & Nomura 2006,

Vieira & Arzabe, 2008), com auxílio de lupa estereoscópica, e também através da

metamorfose de alguns espécimes em labortatório.

Para a obtenção dos dados espaciais em cada parcela realizada foram medidas a

distância em relação à margem mais próxima e a profundidade dentro da armadilha, com o

auxílio do puçá com cabo graduado. A presença ou não de vegetação no interior da parcela foi

também registrada. A partir destas informações foram estabelecidas categorias de micro-

habitat:

Distância da margem: perto (0-50 cm), meio (50-100 cm) e distante (>100

cm);

Profundidade: raso (0-10 cm), intermediário (10-20 cm) e fundo (>20 cm);

Vegetação: presente e ausente.

A combinação destas informações permitiu definir 18 categorias: Perto, raso e com

vegetação (PRC); Perto, meio e com vegetação (PMC); Perto, fundo e com vegetação (PFC);

Perto, raso e sem vegetação (PRS); Perto, meio e sem vegetação (PMS); Perto, fundo e sem

vegetação (PFS); Intermediário, raso e com vegetação (IRC); Intermediário, meio e com

vegetação (IMC); Intermediário, fundo e com vegetação (IFC); Intermediário, raso e sem

vegetação (IRS); Intermediário, meio e sem vegetação (IMS); Intermediário, fundo e sem

vegetação (IFS); Distante, raso e com vegetação (DRC); Distante, meio e com vegetação

(DMC); Distante, fundo e com vegetação (DFC); Distante, raso e sem vegetação (DRS);

Distante, meio e sem vegetação (DMS); Distante, fundo e sem vegetação (DFS). Estas

combinações foram utilizadas para a avaliação da distribuição espacial.

Os invertebrados, potenciais predadores, foram coletados seguindo a mesma

metodologia dos girinos. Esses foram armazenados em álcool 70%, logo após a coleta, e

acondicionados em potes contendo etiqueta com local de coleta, data e número da parcela

para posterior identificação em laboratório. A identificação, em nível de família, foi realizada

com base em chaves de identificações disponíveis na literatura (Froehlich 2007) com auxílio

de lupa estereoscópica.

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4.3. Análise dos dados

O esforço amostral foi verificado através das curvas médias de acumulação, que

foram calculadas para dois estimadores não-paramétricos (Chao 1 e Chao 2) utilizando os

dados de espécies encontradas versus indivíduos de cada espécie. Para obtenção das curvas

foi utilizado o programa EstimateSWin 7.5.2 (Colwell 2006), empregando 10.000

aleatorizações. Os estimadores são baseados na ocorrência de espécies raras e no número de

amostras para estimar o total de espécies na comunidade (Santos 2003). Dentre os dois

estimadores foi eleito Chao 1 por ter apresentado o menor desvio padrão e refletir uma

tendência à estabilização da curva, seguindo recomendação de Santos (2003).

A diversidade alfa em cada açude foi calculada através do índice de Shannon-

Wiener (H’) (Pielou 1966, Magurran 1988) e a diversidade beta (diferença da composição de

espécies entre as açudes) foi calculada pelo inverso do índice de Jaccard (1-Cj) (Krebs 1999)

ambos utilizando o programa PAST 1.80 (Hammer et al. 2001).

Para a avaliação da amplitude de nicho espacial (micro-habitat) das espécies foi

utilizado o índice de Levins padronizado (Ba , Krebs 1999). A partir destes dados foram

consideradas generalistas no uso do micro-habitat as espécies com Ba 0,5 e especialistas as

com Ba0,1. As demais espécies foram consideradas com amplitude de nicho intermediária.

A sobreposição de nicho espacial (uso do micro-habitat) e temporal (ocorrência

mensal) foi estimada pelo índice de sobreposição φij de Pianka (1974) entre pares de espécies

observadas na área. O índice varia de zero (nenhuma sobreposição) a um (sobreposição total),

com base nas frequências de uso do recurso. Os testes incluíram as espécies com mais de 10

registros, para a sobreposição espacial, e que ocorreram em três meses ou mais, para a

sobreposição temporal. Os dados foram processados no Módulo de Sobreposição de Nicho do

programa ECOSIM (Gotelli & Entsminger, 2009) utilizando a abundância de espécies

presentes em cada uma das 18 categorias pré-estabelecidas acima para avaliação do nicho

espacial e, a abundância de espécies em relação aos meses de coleta.

Para verificar se há relação entre a abundância de espécies e as características do

habitat foram utilizadas análises de correspondência canônica (CCA). Nesta análise, os eixos

são determinados de acordo com as variáveis ambientais, produzindo diagramas ou “Biplots”

em que as espécies são apresentadas como pontos ótimos aproximados no espaço

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bidimensional, e as variáveis ambientais como vetores ou setas, indicando a direção das

mudanças destas variáveis no espaço da ordenação (Ter Braak 1987, Ter Braak & Prentice

1988). A extensão dos vetores no gráfico mostra a força da correlação entre a variável

ambiental e as abundâncias das espécies, sendo assim, vetores longos representam uma maior

influência que vetores curtos. E, as espécies que se encontram mais próximas e no final dos

vetores sofrem maior influência da variável (Ter Braak & Smilauer 2002). Foram realizadas

duas CCAs, uma para as variáveis físico-químicas e outra para as características estruturais do

ambiente, ambas realizadas no programa PAST 1.80 (Hammer et al. 2001), com teste de

permutação adotando 9.999 aleatorizações. Para a análise, os valores de porcentagem da

vegetação foram previamente transformados através da fórmula ARCSENp no Microsoft

Office Excel.

Para verificar a influência da pluviosidade na riqueza e na abundância dos girinos

foram realizadas duas regressões lineares, uma para a riqueza e outra para abundância,

considerando o volume de precipitação acumulada no período de 30 dias anteriores a coleta.

A análise foi realizada no programa Bioestat 5.0 (Ayres et al 2007).

A sobreposição espacial entre os girinos e os principais invertebrados, predadores

(Belostomatidae e náiadess de Odonata) foi avaliada utilizando o índice de similaridade de

Bray-Curtis (Krebs, 1999). E a influência da abundância desses predadores sobre a

abundância de girinos foi verificada através da correlação de Spearman (rs). Para a análise foi

utilizado os dados de abundância das famílias de invertebrados mais abundantes

(Belostomatidae e Libellulidae).

5. Resultados

Durante o período de coleta foram capturados 2117 girinos de 13 espécies

pertencentes a cinco famílias3 e 710 invertebrados predadores pertencentes a sete famílias

(Tabelas 1 e 2). Dos nove açudes amostrados o que apresentou maior riqueza foi Escola, com

3 Classificação adotada ela Sociedade Brasileira de Herpetologia (SBH, 2012).

Page 33: DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL E CO- … · Tabela A. 2: Condições em que os girinos foram encontrados no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012, de

33

11 espécies, seguido de Bruno, Bonita, Cancela e Trilha com nove. A maior abundância de

girinos foi encontrada no açude Seca (n=515), seguido de Luíz I (n=388) (Tabela A.1).

Através da construção das curvas médias de acumulação obteve-se uma estimativa de

riqueza de 13 espécies através do estimador não paramétrico Chao 1 (ver Figura 5). A curva

tendeu a estabilização para o esforço realizado, e mostrou que 100% das espécies estimadas,

que estavam utilizando os corpos d’água no período amostrado, foram coletadas.

Tabela 1: Espécies amostradas nos açudes do Monumento Natural Grota do Angico, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012, com suas respectivas abundâncias.

Família / Espécie Abundância

Bufonidae

Rhinella granulosa (Spix, 1824) 69

Rhinella jimi (Stevaux, 2002) 180

Hylidae

Dendropsophus soaresi (Caramaschi & Jim, 1983) 103

Hypsiboas crepitans (Wied-Neuwied, 1824) 38

Hypsiboas raniceps Cope, 1862 50

Scinax pachycrus (Miranda-Ribeiro, 1937) 34

Scinax x-signatus (Spix, 1824) 550

Leiuperidae

Physalaemus cicada Bokermann, 1966 329

Physalaemus sp. 51

Leptodactylidae

Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) 85

Leptodactylus latrans (Steffen, 1815) 3

Leptodactylus sp. 9

Microhylidae

Dermatonotus mulleri (Boettger, 1885) 616

Total 2117

Page 34: DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL E CO- … · Tabela A. 2: Condições em que os girinos foram encontrados no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012, de

34

Tabela 2: Invertebrados potenciais predadores de girinos amostrados no Monumento Natural Grota do Angico, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012, com suas respectivas abundâncias.

Ordem/Família Abundância

Hemiptera

Belostomatidae 88

Odonata

Coenagrionidae 4

Cordulidae 1

Lestidae 8

Libellulidae 595

Perilestidae 3

Pseudostigmatidae 11

Total 710

Figura 5: Curva de rarefação de espécies observadas e obtidas através do estimador não paramétrico Chao 1 a partir do número de indivíduos registrados no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012.

0

2

4

6

8

10

12

14

1 201 401 601 801 1001 1201 1401 1601 1801 2001

Núm

ero

de e

spéc

ies

Indivíduos

Sobs (Mao Tau)

Chao 1 Mean

Page 35: DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL E CO- … · Tabela A. 2: Condições em que os girinos foram encontrados no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012, de

35

A diversidade alfa de cada açude foi relativamente semelhante (Tabela 3). Os

maiores índices de diversidade foram observados para os açudes Bruno e Escola (H’= 2),

seguido do açude Trilha (H’=1,71). Já os de menor diversidade foram os açudes Bonita e Luíz

I (H’= 1). Em relação a diversidade β (Tabela 4) as maiores diferenças foram verificadas entre

Luíz II e Cancela (1-Cj=0,909), Luíz I e Cancela (1-Cj=0,818) e, Seca e Cancela (1-Cj=0,75).

Tabela 3: Diversidade alfa e equitabilidade de girinos dos nove corpos d’água avaliados no Monumento Natural Grota do Angico, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012.

Bruno Bonita Cancela Escola Luiz I Luiz II Sede Seca Trilha

Riqueza 9 9 9 11 4 3 6 6 9 Abundância 93 193 302 211 388 97 189 515 129

Diversidade 2,00 1,00 1,25 2,00 1,00 1,08 1,41 1,07 1,71 Equitabilidade 0,84 0,48 0,57 0,79 0,49 0,98 0,79 0,60 0,78

Tabela 4: Diversidade Beta (1-CJ) dos girinos amostrados nos nove corpos d’água avaliados no Monumento Natural Grota do Angico, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. Valores acima de 0,75 estão destacados em negrito.

Bruno Bonita Cancela Escola Luiz I Luiz II Sede Seca Trilha

Bruno

Bonita 0,000

Cancela 0,615 0,615

Escola 0,333 0,333 0,462

Luiz I 0,556 0,556 0,818 0,636

Luiz II 0,667 0,667 0,909 0,727 0,600

Sede 0,333 0,333 0,636 0,583 0,571 0,500

Seca 0,333 0,333 0,750 0,455 0,333 0,500 0,286

Trilha 0,000 0,000 0,615 0,333 0,556 0,667 0,333 0,333

Acerca do nicho temporal apenas um (Cancela) dos nove açudes reteve água durante

todo o período de amostragem. Três açudes apresentaram hidroperíodo de apenas um mês

(Luíz II, Seca e Trilha) e, nos demais o hidroperíodo variou de dois (Sede) a 10 meses

(Escola) (Figura 6).

Page 36: DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL E CO- … · Tabela A. 2: Condições em que os girinos foram encontrados no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012, de

36

A maior parte das espécies foi observada nos açudes por três meses ou mais (Tabela

5). Rhinella jimi e R. granulosa ocorreram em apenas um mês e os Leptodactylus spp. em

apenas dois meses, esses foram excluídos da análise de sobreposição de nicho temporal. Os

girinos apresentaram uma sobreposição observada média de 0,39308 com o índice de Pianka

(pobservado<pesperado=0,9982; Sobreposição simulada = 0.18175), mostrando uma segregação no

uso do nicho temporal. Apenas oito pares de espécies tiveram sobreposição temporal acima de

0,75 (Tabela 6). As maiores sobreposições de nicho temporal foram observadas entre

Dermatonotus muelleri e Physalaemus cicada (φij = 0,992) e, Physalaemus sp e Scinax x-

signatus (φij = 0,953) (Tabela 6).

Figura 6: Precipitação acumulada (mm) por mês para a região e hidroperíodo (Barras Cinza) dos açudes no MNGA, no período de Agosto de 2011 a Agosto de 2012. Os dados de precipitação acumulada para a área de estudo foi cedido pela SEMARH, e os dados são referentes ao município de Canindé do São Francisco.

Page 37: DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL E CO- … · Tabela A. 2: Condições em que os girinos foram encontrados no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012, de

37

Tabela 5: Abundância dos girinos nos períodos de ocorrência por mês e por açude (em ordem alfabética) coletada no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. Rhinella granulosa (Rgr), R. jimi (Rji), Dendropsophus soaresi (Dso), Hypsiboas crepitans (Hcr), H. raniceps (Hra), Scinax pachycrus (Spa), S. x-signatus (Sxs), Physalaemus cicada (Pci), Physalaemus sp. (Psp), Leptodactylus fuscus (Lfu), Leptodactylus latrans (Lla), Leptodactylus sp. (Lsp) e Dermatonotus muelleri (Dmu).

JAN FEV JUN

Espécie / Local B

run

o

Bo

nit

a

Can

cela

Esc

ola

Lu

íz I

Bru

no

Bo

nit

a

Can

cela

Esc

ola

Lu

íz I

Bru

no

Can

cela

Esc

ola

Lu

íz I

Can

cela

Esc

ola

Can

cela

Can

cela

Bru

no

Bo

nit

a

Can

cela

Esc

ola

Lu

íz I

Lu

íz I

I

Sed

e

Seca

Tri

lha

Bo

nit

a

Can

cela

Esc

ola

Lu

íz I

Sed

e

Bo

nit

a

Can

cela

Esc

ola

Esc

ola

Can

cela

Esc

ola

Can

cela

Esc

ola

Rgr 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 15 2 35 2 0 0 8 4 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Rji 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 180 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Dso 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7 5 0 0 5 0 0 14 33 0 0 0 0 0 0 0 0 27 0 11 0 1Hcr 0 0 11 1 0 0 0 13 2 0 0 2 7 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Hra 0 0 0 5 0 0 0 0 23 0 0 0 17 0 1 3 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Spa 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 24 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4Sxs 0 0 2 0 2 0 0 0 1 11 14 0 2 0 0 0 0 0 2 27 0 2 9 42 40 41 30 59 25 8 62 46 54 0 0 12 22 21 0 16Pci 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 0 0 0 2 12 0 9 0 28 50 186 37 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Psp 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 15 4 4 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 21 0 0 0 0 0 0 0 0Lfu 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 22 0 16 8 27 4 2 3 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Lla 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Lsp 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 3 0 0 0 0 0 0 3 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Dmu 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 4 4 5 221 0 20 268 14 0 0 0 70 0 0 0 0 9 0 0 0 0

ABRSET NOV DEZ MAROUT AGOMAI JUL

Page 38: DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL E CO- … · Tabela A. 2: Condições em que os girinos foram encontrados no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012, de

38

Tabela 6: Sobreposição temporal (ocorrência mensal) entre os pares de espécies coletadas no MNGA no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. Hypsiboas crepitans (Hcr), H. raniceps (Hra), Scinax pachycrus (Spa), S. x-signatus (Sxs), Physalaemus cicada (Pci), Physalaemus sp. (Psp), Dermatonotus muelleri (Dmu). Em negrito os valores de sobreposição maiores que 0,75.

Dso Hcr Hra Spa Sxs Pci Psp Dmu Dso 0,000 0,000 0,113 0,650 0,910 0,727 0,909 Hcr 0,906 0,479 0,061 0,005 0,032 0,000 Hra 0,584 0,673 0,007 0,010 0,000 Spa 0,146 0,133 0,104 0,120 Sxs 0,673 0,953 0,755 Pci 0,800 0,992 Psp 0,869 Dmu

A maioria dos girinos (54%, n=7) teve amplitude de nicho espacial elevada ( 0,5),

mostrando um uso generalista do espaço (Tabela 7). Hypsiboas crepitans e Leptodactylus

latrans foram as espécies que apresentaram maiores amplitudes de nicho (0,80). Nenhuma

espécie foi considerada especialista (<0,1) sendo que seis (46%) tiveram amplitude de nicho

intermediária (Tabela 7).

Tabela 7: Amplitudes de nicho espacial (Simpson e Levins) para as espécies amostradas no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. Número de categorias utilizadas, por cada espécie, dentre as 18 pré-estabelecidas na metodologia.

Espécies N° de categorias

utilizadas 1/B

Levins padronizado

Rhinella granulosa 4 2,47 0,49 Rhinella jimi 7 4,14 0,52 Dendropsophus soaresi 9 5,10 0,51 Hypsiboas crepitans 6 5,00 0,80 Hypsiboas raniceps 8 5,06 0,58 Scinax pachycrus 6 3,48 0,50 Scinax x-signatus 16 6,16 0,34 Physalaemus cicada 8 4,90 0,56 Physalaemus sp. 6 3,76 0,55 Leptodactylus fuscus 7 3,80 0,47 Leptodactylus latrans 2 1,80 0,80 Leptodactylus sp. 3 1,98 0,49 Dermatonotus muelleri 8 2,96 0,28

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39

Em relação à avaliação da sobreposição de nicho espacial (Tabela 8), L. latrans e

Leptodactylus sp. foram retiradas da análise por apresentarem menos de 10 indivíduos. A

sobreposição observada média dos nichos espaciais foi de 0,34561 indicando uma segregação

no uso do micro-habitat pelas espécies estudadas. Apenas quatro pares de espécies

apresentaram alta sobreposição, foram eles: H. crepitans e H. raniceps (φij = 0,818), S. x-

signatus e D. mulleri (φij = 0,798), H. raniceps e L.fuscus (φij = 0,789) e H.crepitans e S. x-

signatus (φij = 0,775).

Tabela 8: Sobreposição espacial (micro-habitat) entre os pares de espécies coletadas no MNGA no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. Rhinella granulosa (Rgr), R. jimi (Rji), Dendropsophus soaresi (Dso), Hypsiboas crepitans (Hcr), H. raniceps (Hra), Scinax pachycrus (Spa), S. x-signatus (Sxs), Physalaemus cicada (Pci), Physalaemus sp. (Psp), Leptodactylus fuscus (Lfu), Dermatonotus muelleri (Dmu). Em negrito os valores de sobreposição maiores que 0,75.

Rji Rgr Dso Hcr Hra Spa Sxs Pci Psp Lfu Dmu

Rji - 0,323 0,097 0,356 0,394 0,033 0,440 0,689 0,554 0,470 0,275 Rgr

- 0,114 0,407 0,666 0,197 0,238 0,202 0,315 0,519 0,036

Dso

- 0,445 0,240 0,076 0,357 0,347 0,046 0,208 0,464 Hcr

- 0,818 0,118 0,775 0,338 0,128 0,668 0,484

Hra

- 0,341 0,602 0,360 0,293 0,789 0,329 Spa

- 0,191 0,065 0,090 0,080 0,073

Sxs

- 0,540 0,126 0,451 0,798 Pci

- 0,641 0,339 0,658

Psp

- 0,162 0,030 Lfu

- 0,212

Dmu -

As abundâncias dos girinos não estão relacionadas com as características físico-

químicas ou estruturais investigadas (Figura 7 e 8; Tabelas 9 e 10). Para maiores detalhes

sobre em que condições ambientais foram encontrados os girinos visualizar a tabela A.2 nos

anexos.

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Tabela 9: Análise de Correspondência Canônica entre os componentes físico-químicos avaliados e as abundâncias das espécies coletadas no MNGA no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012.

Eixos Autovalores % p

Temperatura da água 0,3138 50,58 0,7416 pH 0,1992 32,11 0,3303 Oxigênio dissolvido 0,1073 17,30 0,1956

Transparência 7,23E-05 0,01 0,4739

Tabela 10: Análise de Correspondência Canônica entre os componentes estruturais e as abundâncias das espécies coletadas no MNGA no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012.

Eixos Autovalores % p

Tipo de solo 0,5690 69,35 0,1483 Vegetação aquática 0,2213 26,98 0,1802 Perfil da margem 0,0268 3,27 0,9631

Área 0,0034 0,41 0,2258

Page 41: DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL E CO- … · Tabela A. 2: Condições em que os girinos foram encontrados no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012, de

41

Figura 7: Análise de Correspondência canônica (CCA) relacionando os descritores físico-químicos com as abundâncias de girinos (p= 0.7416). Temperatura da água (tempa), oxigênio dissolvido (oxi), potencial hidrogeniônico (ph), transparência (transp). Rhinella granulosa (Rgranulosa), R. jimi (Rjimi), Dendropsophus soaresi (Dsoaresi), Hypsiboas crepitans (Hcrepitans), H. raniceps (Hraniceps), Scinax pachycrus (Spachycrus), S. x-signatus (Sxsignatus), Physalaemus cicada (Pcicada), Physalaemus sp. (Psp), Leptodactylus fuscus (Lfuscus), L. latrans (Llatrans), Leptodactylus sp. (Lsp), Dermatonotus muelleri (Dmulleri).

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Figura 8: Análise de Correspondência canônica (CCA) relacionando os descritores estruturais com as abundâncias de girinos (p= 0.1483). Área do açude (área), tipo de solo (solo), perfil da margem (margem), vegetação dentro do açude (vegetação). Rhinella granulosa (Rgranulosa), R. jimi (Rjimi), Dendropsophus soaresi (Dsoaresi), Hypsiboas crepitans (Hcrepitans), H. raniceps (Hraniceps), Scinax pachycrus (Spachycrus), S. x-signatus (Sxsignatus), Physalaemus cicada (Pcicada), Physalaemus sp. (Psp), Leptodactylus fuscus (Lfuscus), L. latrans (Llatrans), Leptodactylus sp. (Lsp), Dermatonotus muelleri (Dmulleri).

Page 43: DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL E CO- … · Tabela A. 2: Condições em que os girinos foram encontrados no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012, de

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O período de amostragem foi considerado atípico em termos de precipitação (Figura

6). Dois picos foram observados em Fevereiro e Julho, mas apenas as chuvas de Fevereiro

contribuíram nos volumes de água retidos nos açudes amostrados. Toda a precipitação

registrada para este mês foi concentrada em três dias. Já as chuvas de Julho foram espaçadas

durante todo o mês e contribuíram apenas para a manutenção da umidade no local. A riqueza

(p=0,0393) e a abundância (p=0,0161) apresentaram relação direta com a pluviosidade

(Tabela 11).

Tabela 11: Regressões lineares simples (F) entre a riqueza de espécies e a pluviosidade e, entre a abundância e a pluviosidade na área amostrada (MNGA), no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012.

Pluviosidade

F p

Riqueza 54,997 0,0393 Abundância 82,396 0,0161

Girinos e predadores apresentaram baixa similaridade em relação aos micro-habitats

ocupados (Figura 9). Hypsiboas crepitans e Hypsiboas raniceps apresentaram correlação

positiva com os predadores Belostomatidae e Scinax x-signatus com Libellulidae (Tabela 12).

As demais espécies não apresentaram correlação significativa com os predadores analisados.

Tabela 12: Correlação Spearman, rs) entre girinos e predadores amostrados no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012. Rhinella granulosa (Rgr), R. jimi (Rji), Dendropsophus soaresi (Dso), Hypsiboas crepitans (Hcr), H. raniceps (Hra), Scinax pachycrus (Spa), S. x-signatus (Sxs), Physalaemus cicada (Pci), Physalaemus sp. (Psp), Leptodactylus fuscus (Lfu), Dermatonotus muelleri (Dmu), Belostomatidae (Bel) e Libellulidae (Lib).

Rgr Rji Dso Hcr Hra Spa Sxs Pci Psp Lfu Lla Lsp Dmu

Bel Rs -0,05 -0,10 0,09 0,27 0,23 -0,12 0,05 0,02 -0,04 0,06 0,05 0,05 0,00

P 0,41 0,14 0,16 <0,001 <0,001 0,07 0,44 0,76 0,58 0,36 0,53 0,44 0,96

Lib Rs 0,11 0,12 -0,01 -0,07 -0,31 0,01 0,25 0,11 0,06 0,03 0,04 0,01 0,10

P 0,10 0,07 0,87 0,29 0,63 0,93 <0,001 0,10 0,33 0,62 0,48 0,83 0,15

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Figura 9: Similaridade no uso do micro-habitat entre girinos e predadores invertebrados mais abundantes registrados nos nove açudes amostrados no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012 (Bray-Curtis, r = 0,887). Rhinella granulosa (Rgr), R. jimi (Rji), Dendropsophus soaresi (Dso), Hypsiboas crepitans (Hcr), H. raniceps (Hra), Scinax pachycrus (Spa), S. x-signatus (Sxs), Physalaemus cicada (Pci), Physalaemus sp. (Psp), Leptodactylus fuscus (Lfu), Dermatonotus muelleri (Dmu), Belostomatidae (Bel) e Libellulidae (Lib).

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45

6. Discussão

6.1. Diversidade:

Os valores estimado e observado de espécies (13) de anuros (fase larval) para a área

do MNGA indicam que a metodologia e o esforço amostral empregados foram adequados, ou

seja, as espécies cujas larvas se desenvolviam nos açudes durante o período de coleta foram

devidamente amostradas. Porém, esses valores são inferiores aos registrados para a Unidade

de Conservação (20 espécies; Tabela A.3) indicando que algumas espécies provavelmente não

utilizam ou utilizaram os açudes amostrados no período trabalhado.

Já era esperado que algumas espécies inventariadas para o MNGA não fossem

coletadas visto que os corpos d’água amostrados eram todos lênticos. É o caso de

Corythomantis greeningi (Juncá et al 2008) que, em geral, utiliza como sítio reprodutivo

ambientes lóticos. Leptodactylus vastus na área do MNGA só foi observada em área de riacho

(Gouveia, 2010). Algumas espécies, observadas nos açudes trabalhados em anos anteriores

(Gouveia 2010, Caldas 2011), não foram amostradas neste estudo (ex. Phyllomedusa

nordestina e Pleurodema diplolistris) indicando possível seleção de períodos mais favoráveis

à reprodução pelas mesmas.

É possível que algumas espécies de anuros consigam detectar períodos de estiagem

prolongados, onde os corpos d’água existentes não reteriam água por tempo suficiente para o

desenvolvimento de suas larvas. Nestes casos esses animais poderiam optar por não

reproduzir até que as condições mínimas exigidas para isso fossem alcançadas. Mecanismos

fisiológicos e/ou comportamentais podem estar relacionados ou interligados com esse

mecanismo de percepção, porém como ocorre ou como é intermediado esse processo ainda

não está muito claro (Pereira 2009). Este autor estudando os mecanismos de estivação4 em

Pleurodema diplolistris, relata que não estão claros os mecanismos utilizados por estes

animais para detectar mudanças em ambientes imprevisíveis como a Caatinga, onde as chuvas

podem não ocorrer ou ter quantidade incompatível com a reprodução.

4 A estivação é relatada para P. diplolistris e para espécies do gênero Physalaemus e Proceratophrys (Navas et al 2004).

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O hidroperíodo do corpo d’água também é uma variável ambiental que determina,

principalmente, o tempo necessário para que o girino possa completar sua metamorfose

(Aichinger 1987), mas também determina a quantidade de predadores que podem estar

presentes (Welborn et al. 1996). O açude Cancela apresentou o maior hidroperíodo, porém, a

maior abundância de girinos foi verificada no açude Seca que apresentou um hidroperíodo de

apenas um mês. O hidroperíodo curto do açude proporcionou um ambiente quase sem

predadores, possivelmente aumentando o sucesso larval e favorecendo espécies de reprodução

explosiva.

A temperatura também parece exercer um papel importante no ciclo reprodutivo

anual dos anuros. Alguns animais não respondem a presença de chuva em condições frias e,

também, se a chuva estiver associada a temperaturas altas (Pinter et al 1992). Para Titon-Jr. &

Gomes (2012) a estação reprodutiva também se encontra associada às determinações

ambientais como o período de chuvas e a quantidade de água disponível. A maioria das

espécies de ambientes xéricos apresentam reprodução explosiva e adaptações

comportamentais ao ambiente durante a estação seca (Gallardo, 1979, Duellman, 1999).

Titon-Jr. & Gomes (2012) evidenciam ainda a existência de padrões de adaptação a condições

xéricas em diversos parâmetros associados ao balanço hídrico em anfíbios. No presente

estudo algumas espécies apresentaram padrão explosivo de reprodução, como R. granulosa,

R. jimi, D. soaresi e D. muelleri, e estiveram associadas as chuvas de fevereiro. Este padrão

pode aumentar o sucesso reprodutivo dessas espécies, já que teriam retenção de água por um

tempo maior nos açudes para o desenvolvimento de suas larvas e uma abundância menor de

predadores.

A prevalência de espécies das famílias Hylidae e Leptodactylidae, também

encontrado nos estudos de Arzabe et al (2005), Vasconcelos e Rossa-Feres (2005) e Vieira et

al (2007), concorda com o padrão observado para a região Neotropical (Duellman 1978,

Achaval & Olmos 2003). Bem como encontrado por Vieira et al (2007) e Arzabe et al (2005)

em área de Caatinga na Paraíba. A anurofauna observada é composta por espécies

características de formações abertas sul-americanas. A maioria das espécies coletadas durante

o estudo é considerada por Rodrigues (2003) de ampla ocorrência, por serem espécies

generalistas, quanto ao uso do habitat, e por ocorrerem em tipos variados de caatinga (Ex.

Rhinella granulosa). Xavier e Napoli (2011), em estudo com comunidades de anuros em áreas

xéricas da Bahia, encontrou Scinax pachycrus associadas a campos rupestres, com

fitofisionomia muito próxima a caatinga e, Hypsiboas crepitans sendo comum em áreas de

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borda de mata e habitats abertos nas adjacências. Os locais de ocorrência dessas espécies

foram semelhantes ao deste estudo, onde foram encontradas em regiões mais abertas com

vegetação espaçada (Xavier & Napoli 2011).

Uma alta diversidade de espécies foi verificada para a área do MNGA, porém essa

deve ser interpretada com ressalva, pois provém da alta equitabilidade e não da riqueza de

espécies realmente. Já que a espécie mais abundante, Dermatonotus muelleri, representou

menos de 30% do total registrado. A alta equitabilidade registrada possivelmente advém da

baixa abundância da maioria das espécies. Em estudos semelhantes, porém com comunidade

de anuros em área de pronunciada estação seca, Santos et al (2007) e Oliveira (2008) também

apresentaram resultados parecidos. O primeiro atribuiu a baixa abundância de algumas

espécies ao rigor do clima da região, que apresenta período seco prolongado e

imprevisibilidade no mês de início das chuvas. E o segundo, a presença de peixes predadores

em algumas poças. Para o presente estudo, o mais plausível é que este resultado esteja mais

relacionado ao clima da região.

A diversidade β entre os corpos d’água foi considerada relativamente baixa, o mesmo

foi encontrado por Vasconcelos e Rossa-Feres (2005), Santos et al (2007) e Oliveira (2008),

em ambiente de pronunciada estação seca. Segundo os autores essa baixa diversidade β pode

refletir uma série de adaptações necessárias à sobrevivência nesses locais devido à ocupação

de ambientes instáveis ou alterados pelo homem. Ambiente semelhante ao encontrado no

estudo, onde a maioria dos açudes tem um hidroperíodo curto e são usados como base para a

pecuária local.

6.2. Distribuição Espacial e Temporal:

Quanto ao uso temporal dos açudes, a ocorrência de algumas espécies (H. crepitans e

H. raniceps) esteve mais associada ao período regular de chuvas do ano anterior e início de

2011, onde com o início da estação seca de 2011 não foi mais percebido girinos dessas

espécies em estágio inicial. A concentração de chuvas em fevereiro acabou restringindo

algumas espécies (R. granulosa e R. jimi) a apenas um mês de ocorrência, essas espécies

possuem reprodução explosiva e a metamorfose é de curta duração. Os girinos apresentaram,

de modo geral, uma segregação quanto aos períodos de ocorrência. Nos estudos de Santos et

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al (2007), Eterovick e Sazima (2000) e Prado et al (2005), também foi verificado segregação

temporal, diferente do encontrado por Rossa-feres e Jim (1994) que acharam uma alta

sobreposição para os girinos. O que mostra que não há ainda um padrão estabelecido para o

uso temporal do habitat, sendo as relações pontuais, que variam de acordo com a localidade,

espécies e o regime pluviométrico, principalmente (Santos et al 2007). Apenas sete pares de

espécies se sobrepuseram temporalmente. Os pares D. soaresi/P. cicada, Physalaemus sp/S.

x-signatus, D.muelleri / Physalaemus sp. e D.muelleri / P. cicada apesar de apresentarem

sobreposição temporal foram encontrados em micro-habitats distintos. Dermatonotus

muelleri / S. x-signatus e H. raniceps / H. crepitans além de apresentarem sobreposição

temporal, tiveram também sobreposição espacial. Um destaque deve se dar para Physalaemus

sp. / P. cicada, que foram observados co-ocorrendo em alguns açudes. Provavelmente esses

animais teriam grandes chances de competir por recursos nesses locais, em situações de baixa

disponibilidade dos mesmos. Como pode ser visto na tabela 5, quando essas espécies

ocorrem nos mesmos açudes uma das duas é bem mais abundante que a outra. Competição

entre co-específicos não é rara em adultos e girinos e, já foi observado também nos estudos de

Rossa-Feres e Jim (2001) e Oliveira (2008).

Quanto à amplitude de nicho espacial, o estudo apontou um número grande de

espécies generalistas concordando com a hipótese de Levins (1968), em que espécies de

ambientes instáveis ou alterados pelo homem tendem a apresentar maior amplitude no uso de

recursos. Caso da área de estudo, onde os açudes servem como fonte de água para animais

domésticos e para a própria população próxima da Unidade. Alguns trabalhos (Santos et al

2007, Eterovick e Barata 2006, Oliveira 2008) apresentam um baixo número de espécies

generalistas, mesmo em áreas não tão conservadas. O maior número de espécies generalistas

talvez se deva também a imprevisibilidade do regime de chuvas, assim como encontrado por

Eterovick e Barros (2003), para girinos na Serra do Cipó – MG. Os autores atribuem a

variação das características dos riachos, resultante do padrão imprevisível na distribuição das

chuvas, favorecendo espécies com maiores amplitudes de nicho para uso de micro-habitat. Já

Vasconcelos e Rossa-Feres (2005), em estudo com anuros adultos em poças abertas no

noroeste paulista, atribuem essa maior amplitude a elevada sobreposição espacial.

Em geral, os girinos apresentaram uma baixa sobreposição espacial, levando a uma

segregação no uso do micro-habitat, o que pode ter proporcionado a coexistência de tantas

espécies na área estudada. Como dito anteriormente, dois pares de espécies (H. raniceps / H.

crepitans e, D. muelleri / S. x-signatus) sobrepuseram os períodos de ocorrência e

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compartilharam dos mesmos micro-habitats. Possivelmente seriam esses pares os de maior

suscetibilidade a pressões de competição, em situações de restrição de recursos. Azevedo-

Ramos (1995) e Dias (2008) também encontraram segregação espacial nas respectivas

taxocenose de girinos estudadas.

6.3. Características do ambiente:

A heterogeneidade de habitats vem sendo reconhecida como um fator importante na

variação da diversidade (Hudson 1994), o que possibilita a partilha tanto de habitats (Brandão

& Araújo 1998, Conte & Rossa-Feres 2007) quanto de micro-habitats (Rossa-Feres & Jim

1996, Bertoluci & Rodrigues 2002, Oliveira 2008). Neste trabalho, nenhuma das variáveis

ambientais (físico-químicas e estruturais) estudadas influenciou a abundância dos girinos. É

provável que em anos de seca extrema, como o período estudado, onde poucos corpos d’água

estão disponíveis para a colonização, os adultos não levem em consideração o sitio

reprodutivo mais adequado e sim, a utilização do que está disponível naquele momento.

Talvez, em anos mais regulares de chuvas, alguns dos parâmetros ambientais investigados

influenciem sim na abundância dos girinos. Um maior número de açudes com água, com

hidroperíodos mais prolongados, confere as espécies um leque maior de possibilidades e

chances de escolhas de condições ótimas ao desenvolvimento das larvas, onde a taxa de

sobrevivência será maior para os girinos.

O papel da complexidade estrutural ainda não está bem definido, de modo geral,

apenas algumas variáveis apresentam significância em alguns estudos realizados. Candeira

(2007), em São Paulo, verificou a influência apenas de variáveis como o hidroperíodo, a

profundidade, altura e porcentagem de cobertura vegetal dos corpos d´água. Já Santos et al

(2005), em outra área de pronunciada estação seca de São Paulo, também apresentou o

hidroperíodo como variável significativa para a riqueza. Assim como no presente estudo, em

Vasconcelos e Rossa-feres (2005) houve ausência de relação entre a abundância de anuros

com a complexidade estrutural dos corpos d’água, sendo correlacionada apenas com as

variáveis climáticas (pluviosidade e temperatura).

Quanto à relação de riqueza e abundância com a pluviosidade, já se era esperado que

essa fosse significativa, pois no mês subsequente ao pico de chuvas ocorreu o acréscimo de

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seis espécies no estudo e houve a coleta de grande quantidade de indivíduos (1490

indivíduos). O mesmo foi observado por Carvalho (2008) no pantanal do Mato Grosso e por

Prado et al (2005) no Mato Grosso do Sul. A maioria dos anfíbios apresenta período

reprodutivo curto associado à estação chuvosa (Vasconcelos & Rossa-Feres 2005, Vieira et al

2007), principalmente em áreas com estação seca rigorosa, como a Caatinga, não se conhece

espécies de reprodução contínua (Arzabe 1999). Mesmo para áreas de pluviosidade elevadas,

um dos principais fatores que afetam a reprodução de anuros é a distribuição das chuvas

(Aichinger 1987). Duellman (1995) ressalta ainda que fortes picos de chuva possuem maior

influência sobre a atividade reprodutiva que o volume total de chuva no período. Esta

afirmação corrobora com o encontrado no estudo, onde as chuvas concentradas de fevereiro

elevaram a riqueza e abundância das espécies estudadas. Outros estudos também

apresentaram a mesma relação de riqueza e abundância com a pluviosidade (Vasconcelos &

Rossa-Feres 2005, Candeira 2007, Santos et al 2007, Oliveira 2008), o que nos leva a pensar

que seja um padrão para a ocorrência de girinos, principalmente em áreas secas, pois está

diretamente ligada a atividade reprodutiva dos adultos. Carvalho (2008) ressalta que esse tipo

de comportamento de oviposição no início das chuvas pode estar tanto ligado à história

evolutiva do grupo, como evitar que os girinos habitassem ambientes com predadores já

estabelecidos.

6.4. Predadores:

Não houve similaridade entre os micro-habitats de girinos e predadores. A

abundância de predadores invertebrados, de maneira geral, não influenciou a abundância dos

girinos. O mesmo foi percebido por Oliveira (2008), porém diferente do apresentado aqui, o

autor obteve correlação negativa entre a abundância dos girinos de algumas espécies com

predadores (Naíades de Odonata e Belostomatidae). No estudo, três espécies apresentaram

correlação positiva com predadores, talvez o porte das espécies e a existência de algum

mecanismo de impalatabilidade permitam a estas a convivência com alguns de seus

predadores. Além da impalatabilidade a defesa química, é um mecanismo comum em girinos

de corpos d’água efêmeros e que possuem forrageio ativo (Álvarez e Nicieza 2009).

Outro parâmetro a ser discutido aqui é a importância das açudes temporárias para a

taxocenose de anuros. Num ambiente onde chuva é um fator determinante na disponibilidade

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de sítios de oviposição e que a região é carente de corpos d’água permanentes, os corpos

temporários exercem um papel importante na sustentação das populações locais. Podendo

servir de base para ações de manejo e conservação da anurofauna (Santos et al 2007). Alguns

estudos que compararam a riqueza de espécies com corpos d’água permanentes e temporários

evidenciam uma maior riqueza de espécies nos corpos temporários (Santos et al 2007). A

presença de predadores também pode influenciar a riqueza e/ou abundância das espécies, e

em poças temporárias a abundância de predadores é menor se comparada a poças permanentes

(Heyer et al. 1975). Em ambientes lênticos, a estrutura da comunidade de predadores varia

através de um gradiente crescente de hidroperíodo: poças efêmeras - temporárias -

permanentes (Welborn et al. 1996).

7. Conclusão

Os resultados obtidos foram em alguns aspectos semelhantes a outros estudos

realizados no Bioma Caatinga e em áreas secas do país. A composição de espécies foi

próxima a verificada em outras áreas xéricas, e a riqueza e abundância estiveram diretamente

associadas ao regime de chuvas da região. Os girinos apresentaram uma segregação tanto no

uso temporal quanto de micro-habitat das açudes. Além disso, as amplitudes de nicho espacial

foram consideradas altas, mostrando que a maioria das espécies possui um uso generalista de

recursos espaciais.

Nenhum fator de complexidade de habitat, físico-químico ou estrutural, influenciou a

abundância de girinos na área de estudo. Possivelmente outros fatores, como os climáticos,

interfiram mais na composição da taxocenose estudada. Não houve similaridade entre os

micro-habitats de girinos e predadores.

Ressalta-se ainda a importância de poças temporárias para a atividade reprodutiva de

adultos e desenvolvimento dos girinos, podendo ser estes os únicos corpos d’água disponíveis

em épocas de chuva pouco abundantes. É importante salientar, principalmente para a Unidade

de Conservação estudada, a importância da conservação desses corpos temporários, no intuito

de minimizar o impacto gerado pela ação antrópica e por animais de criação (bovinos,

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caprinos e equinos). Grande alteração em corpos d’água como esses pode gerar danos tanto

para o desenvolvimento larval quanto para as populações subsequentes.

Estudos na Caatinga ainda perfazem um desafio aos pesquisadores, principalmente

acerca da anurofauna do Bioma, mas são de extrema importância para o conhecimento da

biologia das espécies presentes em uma área tão desfavorecida de condições hídricas. Pouco

se sabe sobre a estrutura e os padrões agregados a essas populações, bem como sobre os

padrões que conduzem as comunidades larvais.

Enfim, estudos no Bioma Caatinga devem ser incentivados, tanto para que se possa

conhecer mais sobre a biologia larval dessas espécies quanto para que se possa obter melhores

estratégias de conservação para o grupo.

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ANEXOS

(Figuras e Tabelas)

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Figura A. 1: Precipitação acumulada dos meses de Agosto de 2011 a Agosto de 2012 e abundância mensal dos girinos coletados no MNGA no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012.

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R² = 0.3548

0

2

4

6

8

10

12

0 20 40 60 80 100 120

Riq

ueza

Precipitação acumulada (mm)

R² = 0,4159

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

0 20 40 60 80 100 120

Abu

ndân

cia

Precipitação acumulada (mm)

A

B

Figura A. 2: Gráficos do teste de regressão linear simples entre a riqueza de espécies e a pluviosidade (A) e, entre a abundância e a pluviosidade (B) na área amostrada (MNGA), no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012.

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Tabela A. 1: Abundância dos girinos das espécies de anuros registradas nos nove corpos d'água amostrados no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012 no MNGA.

Família/Espécie Bruno Bonita Cancela Escola Luiz I Luiz II Sede Seca Trilha

Bufonidae

Rhinella granulosa 15 2 35 2 - - 8 4 3 Rhinella jimi - - 180 - - - - - - Hylidae

Dendropsophus soaresi 7 5 - 39 5 - - 14 33 Hypsiboas crepitans - - 26 12 - - - - - Hypsiboas raniceps - - 2 48 - - - - - Scinax pachychrus 27 1 1 4 - - - - 1 Scinax x-signatus 16 140 49 62 84 42 86 41 30 Leiuperidae

Physalaemus cicada 6 12 - 10 - 28 50 186 37 Physalaemus sp. 17 4 4 - - - 21 - 5 Leptodactylidae

Leptodactylus fuscus 2 22 - 17 8 27 4 2 3 Leptodactylus latrans - - 1 2 - - - - - Leptodactylus sp. 2 3 - 1 - - - - 3 Microhylidae

Dermatonotus muelleri 1 4 4 14 291 - 20 268 14

Riqueza 9 9 9 11 4 3 6 6 9 Abundância 93 193 302 211 388 97 189 515 129

Diversidade alfa 2 1 1.25 2 1 1.08 1.41 1.07 1.71

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Tabela A. 2: Condições em que os girinos foram encontrados no MNGA, no período de Setembro de 2011 a Agosto de 2012, de acordo com as características estruturais e físico-químicas do ambiente e, categorias de micro-habitat utilizadas. Rhinella granulosa (Rgr), R. jimi (Rji), Dendropsophus soaresi (Dso), Hypsiboas crepitans (Hcr), H. raniceps (Hra), Scinax pachycrus (Spa), S. x-signatus (Sxs), Physalaemus cicada (Pci), Physalaemus sp. (Psp), Leptodactylus fuscus (Lfu), Dermatonotus muelleri (Dmu). Tipo de solo: Arenoso (A), Lamoso (L) e Argiloso (Ar). Perfil de Margem: Plana (P), Inclinada (I) e Barranco (B).

Espécies Temperatura da água (ºC)

pH Oxigênio (mg/L)

Transparência (cm)

Tipo de solo

Porcentagem de vegetação

aquática

Perfil de margem

Categorias utilizadas

Rgr 30,8 ± 2,35 7,3 ± 0,21 3,6 ± 1,32 35,7 ± 14,33 A e Ar 15,0 ± 35,66 P, I e B PRC, PMC, PMS, DFS

Rji 28,0 ± 0,00 7,3 ± 0,00 3,5 ± 0,00 42,0 ± 0,00 A 10,0 ± 0,00 I PRC, PRS, PMC, PMS, DMS, DFC, DFS

Dso 30,3 ± 4,05 7,3 ± 0,13 3,3 ± 1,39 28,0 ± 13,60 A e Ar 14,0 ± 33,2 P e B PRC, DMC, PMS, IMS, DMS, PFC, IFC, DFC, DFS Hcr 27,0 ± 2,42 7,0 ± 0,17 1,8 ± 1,73 22,6 ± 8,39 A 16,0 ± 9,04 P, I e B PRC, PMC, IMC, PFC, IFC, DFC Hra 27,6 ± 2,45 7,1 ± 0,15 1,3 ± 0,37 28,1 ± 9,58 A 12,0 ± 10,52 P, I e B PRC, IRC, PRS, PMC, IMC, PFC, IFC, DFC Spa 29,4 ± 4,08 7,2 ± 0,20 4,6 ± 1,45 23,7 ± 16,76 A e Ar 9,0 ± 11,46 P e B PRC, IRC, DRC, DMC, PMS, DFC

Sxs 28,7 ± 3,55 7,4 ± 0,70 3,4 ± 1,50 25,4 ± 15,13 A, L e Ar 18,8 ± 32,26 P, I e B PRC, IRC, DRC, PRS, IRC, DRS, PMC, PMS, IMS, DMS, PFC, IFC, DFC, PFS, IFS, DFS

Pci 31,2 ± 1,90 7,2 ± 0,24 4,0 ± 1,68 29,1 ± 15,96 A e Ar 18,4 ± 31,75 P, I e B PRC, IRC, PRS, PMC, DMC, DMS, DFC, DFS Psp 30,4 ± 3,29 7,1 ± 0,34 4,3 ± 1,77 27,2 ± 20,16 A e Ar 6,5 ± 12,26 P, I e B PRC, IRC, PRS, IRS, DRS, DFS Lfu 30,6 ± 3,10 7,3 ± 0,16 3,5 ± 1,11 34,7 ± 15,75 A e Ar 15,0 ± 31,9 P, I e B PRC, IRC, PMC, DMS, PFC, DFC, DFS Lla 25,9 ± 0,71 7,0 ± 0,30 0,8 ± 0,03 19,8 ± 3,18 A 12,23 ± 7,6 P e I IFC, DFC Lsp 31,3 ± 2,78 7,4 ± 0,06 4,3 ± 0,33 30,3 ± 18,94 A e Ar 9,44 ± 14,67 P e B PRC, DMS, DFC Dmu 30,8 ± 2,93 7,4 ± 0,25 3,1 ± 1,42 33,8 ± 12,86 A e Ar 20,15 ± 39,84 P, I e B PRC, PRS, PMC, DMC, DMS, IFC, DFC, DFS

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Tabela A. 3: Lista de espécies encontradas no MNGA com base da Coleção Herpetológica da Universidade Federal de Sergipe.

Família/Espécie

Bufonidae Rhinella granulosa (Spix, 1824) Rhinella jimi (Stevaux, 2002) Cycloramphidae Proceratophrys cristiceps (Müller, 1884 “1883″) Hylidae Corythomantis greeningi Boulenger, 1896

Dendropsophus soaresi (Caramaschi & Jim, 1983) Hypsiboas crepitans (Wied-Neuwied, 1824) Hypsiboas raniceps Cope, 1862

Phyllomedusa nordestina Caramaschi, 2006

Scinax pachychrus (Miranda-Ribeiro, 1937) Scinax x-signatus (Spix, 1824) Leiuperidae Physalaemus albifrons (Spix, 1824) Physalaemus cicada Bokermann, 1966

Pleurodema diplolistris (Peters, 1870) Leptodactylidae Leptodactylus catingae Heyer & Juncá, 2003

Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) Leptodactylus latrans (Steffen, 1815) Leptodactylus troglodytes (A. Lutz, 1926) Leptodactylus vastus A. Lutz, 1930

Microhylidae Dermatonotus muelleri (Boettger, 1885)

Pipidae Pipa carvalhoi (Miranda-Ribeiro, 1937)