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Desvendando a Marca da Besta
Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis. (Guilyana/Apocalipse 13:18)
O verso acima tem sido motivo de muita controvérsia ao longo dos séculos. Inúmeras tentativas mirabolantes já foram feitas para explicá-lo, fazendo os cálculos mais variados, nos mais diversos idiomas (especialmente o latim).
Porém, não devemos nos esquecer que Yochanan (João) era um judeu e que, portanto, sua forma de pensar era completamente semita. Para entendermos corretamente a mensagem de Yochanan, é preciso interpretar as Escrituras como um judeu do primeiro século.
Análise Textual
Para fazermos a análise dessa passagem, de forma a melhor compreendê-la à luz do seu contexto de época, vamos utilizar as técnicas de hermenêutica que estavam disponíveis a um judeu do primeiro século, com as quais Yochanan (João) estaria familiarizado.
O Contexto
Evidentemente, pelo contexto de Guilyana (Apocalipse), a besta é associada a um reino cujo domínio se estende por todo o mundo. Isso fica bastante evidente pela autoridade sobre o comércio, explicitada no verso 15:
Foi-lhe concedido também dar fôlego à imagem da besta, para que a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta. (Guilyana/Apocalipse
13:15)
Lembrando que a divisão de capítulos foi feita artificialmente muito tempo depois, e que muitas vezes uma mudança de capítulos não significa uma mudança de assunto, vemos que o próprio Yochanan esclarece que Reino é esse, o qual aparece em conexão com a besta e a sua marca:
Um segundo anjo o seguiu, dizendo: Caiu, caiu a grande Bavel, que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição. Seguiu-os ainda um terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na fronte, ou na mão,q (Guilyana/Apocalipse 14:8-9)
É quase que consenso entre os estudiosos que a referência a Bavel aqui seja uma forma indireta que Yochanan tinha de indicar Roma. Isso se torna evidente quando lemos o relato de Guiliyana (Apocalipse) 18:9-21. Lembremos que o texto foi escrito por Yochanan para um público do primeiro século. Quem é que esse público identificaria como o centro do poder (18:9-10), do mercantilismo (18:11-13) e da riqueza (18:14-15)?
E quem perseguia os santos, emissários e profetas de Yeshua (18:20)? A resposta é bem evidente: o Império Romano!
Reparem ainda que existe uma conexão entre a besta e o seu reino, feita através da palavra prostituição. No Tanach, essa palavra, quando em conexão com um povo/reino (especialmente as Casas de Israel), é sempre usada como sinônimo do abandono dos caminhos e da Torah de YHWH, para cair na rebeldia e na desobediência. Em Hoshea (Oséias), chegamos a ver que é justamente o espírito de prostituição (ie. negação da Torah) que impede a Efrayim de fazer teshuvá (vide Hoshea 5:4).
Portanto, o reinado de Bavel (Roma) é um reinado de rebeldia para com a Torah de YHWH. Mas onde entra a conexão com a besta? Sha'ul [Paulo] identifica a besta como sendo “o homem que se opõe à Torah" (anomia), que é justamente o que representa a prostituição: l
Ninguém de modo algum vos engane; porque isto não acontecerá sem que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem contrário à Torah, o filho da perdição,q (2 Tess. 2:3)
Portanto, a besta e seu reino têm como propósito deturpar a Torah e os desígnios de YHWH. E vemos que a marca da besta tem conexão com Bavel, o qual implicitamente se refere a Roma.
A Guematria
O texto nos diz para calcularmos o número da besta. Isto pressupõe o uso da guematria, técnica em que números são associados a palavras, visto que o Alef-Beit (alfabeto hebraico) possui valores numéricos para cada letra. O grande erro da maioria das pessoas é tentarem fazer o cálculo com base no alfabeto latino, quando claramente Yochanan (João), como judeu, utilizou a guematria hebraica.
Já vimos anteriormente que a besta é um homem, e que há uma conexão evidente com Roma. Ou seja, um romano. Curiosamente, analisemos a palavra “Romano” no hebraico _ à luz da guematria _ temos:
Romiti (romano, em hebraico):
Letra Transliterado Valor na Guematria Simples
ר Reish 200
ו Vav 6
מ Mem 40
י Yud 10
ת Tav 400
י Yud 10
Total 666
Aqui temos uma conclusão sólida, não baseada em teorias conspiratórias, mas no próprio lcontexto de Guilyana, com base na Guematria (Sod).
A indicação de Yochanan
Yochanan diz que o número da besta é o número do homem. O que significa isso no pensamento semita? Dentro do Judaísmo, o número 6 é tido como o número do homem, e fica bem claro aqui que é essa a alusão que Yochanan faz.
Mas por que número do homem? E o que significa?
O número 6 é o número do dia em que o homem foi criado;
Ao homem foram apontados 6 milênios antes da Era Messiânico;
O homem trabalha 6 dias, e depois vem o Shabat.
Enfim, o número do homem representa algo que é mundano, em oposição a algo que é Santo. Tradicionalmente, o número 6 também é associado à palavra hebraica Sheker (mentira), pois a soma dos algarismos (desconsiderando dezenas) da palavra sheker é Seis.
Letra Transliterado Valor na Guematria Simples
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30/04/2011http://www.torahviva.org/index.php?p=5_11
ש Shin 3
כ Kuf 1
ר Reish 2
Total 6
Portanto, o número 6 é associado àquilo que é mundano ou falso _ algo que vem do homem, ao invés de YHWH. Dentro do contexto de Guilyana (Apocalipse), podemos dizer que se trata de um engano, uma fabricação humana _ em oposição à verdade de YHWH. A repetição trina do número 6 expressa uma ênfase neste fato, mostrando que é algo que deve ser levado fortemente em consideração.
Examinando o Tanach
Um fato que é praticamente ignorado é o de que não é apenas em Guilyana (Apocalipse) que o número 666 aparece. Na realidade, há dois momentos em que ele aparece no Tanach (Primeiro Testamento).
Lamentavelmente, a maioria dos estudos acerca da marca desconsidera essa informação, quando na realidade ela é essencial. É inegável que Yochanan (João) tivesse bom conhecimento do Tanach, e soubesse que os leitores de Guilyana (Apocalipse) também estariam familiarizados com essas duas passagens. Na realidade, quando Yochanan cita a necessidade de “sabedoria” para o entendimento do número da besta, faz uma referência à necessidade de se sondar as Escrituras para poder entender as próprias Escrituras.
Mantenhamos em mente a informação de que o número da besta é “o número do homem” e, portanto, refere-se a uma construção humana/mundana, algo mentiroso (sheker) e maligno.
A primeira passagem em que encontramos 666 em Divrei HaYamim Beit (2 Crônicas) 9:13, que diz:
Ora, o peso do ouro que se trazia cada ano a Shlomo era de seiscentos e sessenta e seis talentos.
Ora, é inevitável estabelecer uma relação entre Shlomo e a besta através do número 666. Mas que relação seria essa? É simples: Quem foi Shlomo? Foi o Filho de David, herdeiro do trono e rei de Israel.
Portanto, podemos aqui dizer que o número da besta simboliza que a besta alega ser como Shlomo, ou seja, ser filho de David, herdeiro do trono, e rei de Israel.
Mantenhamos em mente, porém, que se trata de uma mentira maligna, e não algo de fato e de direito.
A segunda passagem em que encontramos 666 é em Ezra 2:13 que diz:
Os filhos de Adonikam, seiscentos e sessenta e seis.
Aqui, podemos estabelecer uma interpretação conectando os filhos de Adonikam com o número da besta. Mas, qual a conexão? Ora, os filhos/seguidores da besta são como os filhos de Adonikam. Mas o que significa Adonikam no hebraico?
Adonikam significa literalmente “Meu Senhor se levantou” _ num nível sod de interpretação, podemos dizer que os filhos da besta alegam que ele é “o senhor que se levantou dos mortos”.
Conclusão
Juntando todos esses elementos, que são puramente bíblicos, acerca do número da besta, temos uma impressionante revelação acerca de sua identidade: trata-se de uma grande mentira/engano de um homem romano que alega ser filho de David (messias), rei de Israel, ressuscitado dentre os mortos e cujos seguidores chamam de Senhor. Ou seja, a besta é uma mentira criada por homens (e inspirada por Satan, evidentemente, pois ele deu poder à besta para ser adorada), um homem romano que tenta se fazer passar por Yeshua.
Se juntarmos a isso o fato de que Sha'ul [Paulo] o chama de “homem que se opõe à Torah” _ (anomia), então vemos que a besta é o cristo romano, uma falsa versão antinomínia do verdadeiro Messias Yeshua.
A marca da besta é, portanto, algo que identificará justamente esse personagem. Poderá ser o seu nome, ou algo que o identifique (como a letra “Qui”, símbolo da palavra “Cristo”), ou qualquer coisa do gênero.
Esse é o ardil de Satan. A única forma de enganar a humanidade e fazê-la aceitar tal marca é se a marca for um símbolo do falso salvador romano.
Pare e reflita por um minuto:
Quantas pessoas você conhece que alegremente receberiam “a marca de Jesus Cristo” na sua testa ou mão?
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