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UNS ASSUNTINHOS... Uma vez, lá pelos meados dos anos sessenta, comecinho dos setenta, não tenho muita certeza da data, enfim: - "Você vai ficar após a aula pra aprender a fazer a bandeira do jeito certo.". Eu era muito tímida, ainda não aflorava em mim, meu lado contestador, brigão. (Que raiva!) Cara, eu fazia o primeiro ano adiantado (Pois é... Havia o primeiro aninho, e esse aí que eu citei acima. Para quem não vencesse as etapas do primeiro. Kkkkkkkkkkkk). A menininha misturinha de preto no branco, tipo boneca dourada, que nunca havia ficado de castigo, FICOU! O sino da escola tocou, meus colegas foram pra casa, eu fiquei sozinha com a professora bruxa. - Desenha esse losango , anda, desenha depressa! Eu não sabia desenhar figuras geométricas, detestava cantar eu te amo meu Brasil e fazer fila pra entrar na sala de aula, estava de castigo. Minha mãe foi me buscar. Estava preocupada com a minha demora. Aliás, ela sempre buscava as filhas. Éramos cinco. Eu fui a primeira a ir pra escola e era a preferida dela. (Mais risos) Até que esse losango saiu, eu já estava bem abalada com tudo. A professora tinha cara de "golpista", nunca sorria para os alunos, e eu sempre vou detestá-la, até morrer. No semestre seguinte, ela mudou da cidade e a nova professora, pelo menos sorria, e não era fascinada por esse tal de losango. Outro episódio, que me deixou muito tipo, "OI?".

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UNS ASSUNTINHOS...

Uma vez, lá pelos meados dos anos sessenta, comecinho dos setenta, não tenho muita

certeza da data, enfim:

- "Você vai ficar após a aula pra aprender a fazer a bandeira do jeito certo.".

Eu era muito tímida, ainda não aflorava em mim, meu lado contestador, brigão. (Que

raiva!)

Cara, eu fazia o primeiro ano adiantado (Pois é... Havia o primeiro aninho, e esse aí que

eu citei acima. Para quem não vencesse as etapas do primeiro. Kkkkkkkkkkkk).

A menininha misturinha de preto no branco, tipo boneca dourada, que nunca havia

ficado de castigo, FICOU!

O sino da escola tocou, meus colegas foram pra casa, eu fiquei sozinha com a

professora bruxa.

- Desenha esse losango , anda, desenha depressa!

Eu não sabia desenhar figuras geométricas, detestava cantar eu te amo meu Brasil e

fazer fila pra entrar na sala de aula, estava de castigo. Minha mãe foi me buscar. Estava

preocupada com a minha demora. Aliás, ela sempre buscava as filhas. Éramos cinco. Eu

fui a primeira a ir pra escola e era a preferida dela. (Mais risos)

Até que esse losango saiu, eu já estava bem abalada com tudo. A professora tinha cara

de "golpista", nunca sorria para os alunos, e eu sempre vou detestá-la, até morrer. No

semestre seguinte, ela mudou da cidade e a nova professora, pelo menos sorria, e não

era fascinada por esse tal de losango.

Outro episódio, que me deixou muito tipo, "OI?".

É que na mesma escola, eu era a cantora dos "momentos culturais", a que buscava o

palestrante feito cerimonialista e o conduzia ao recinto (Que isso! Pois é)...

Tinha uma música que a gente cantava na época da semana santa, ah, algo assim, e eu, a

escolhida, estava lá, no palco. Sei que era uma música do Roberto Carlos, e que tinha

um refrão com a palavra Jesus.

Depois de cantar inúmeras vezes nessas datas, uma professora chegou pra mim e disse:

-Não é jesuis, é Jesus, Você está pronunciando errado. Juro que tive vontade de gritar,

espernear, mandar tomar bem naquele lugar, mas, eu era a menininha bonitinha,

comportada, calei-me.

Ah, teve também a cartilha. Gente! Cartilha era uma coisa horrorosa, com umas

bobeirinhas que ensinava a gente ler. Desde o alfabeto, passando por palavras, e uns

textículos. Vou falar alguns:

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Vovó viu a uva. A uva é da vovó. O ovo... (Me recuso a lembrar do resto)

Acontece que eu demorei aprender a ler, só aprendi depois que a cartilha estava bem

gasta, carcomida, rasgada a coitada. (Quem mandou?)

Sobre a cartilha:

Recrio: - O vovô viu o Viagra, o Viagra é do vovô. A vulva da vovó é vida!"

Hoje na minha consulta ao dentista, antes de começar o procedimento lasquei a

pergunta:

- Não era pra tomar aquela remediera antes não, né? Eu não tomei. -"Remediera" igual

minha mãe falava.

ELE:

- Minha mãe também falava assim.

Rimos feito bobo e fiquei de boas na cadeira. Foi tudo leve e sem dores.

Sandra Modesto - Professora que contestava, amava os alunos, nunca soube do losango,

lê Cora Coralina e Carlos Drummond, canta Chico Buarque, Elis Regina, Ana Carolina,

Seu Jorge, dança funk, pagode e românticos. Autora publicada.

INFORMAÇÔS ADICIONAIS: Não tem.

QUERIDO CANDIDATOPossivelmente, sua vitória está garantida. Até que as urnas provem o contrário. Não se iluda candidato. Conseguir votos que o levem à consolidação dessa maratona, não é brincar de fomentar promessas, que tenho certeza, o senhor irá fazer.Cumprir é um verbo de terceira conjugação. Porém, o eleitor, infelizmente a maioria, vai comprar o discurso do senhor, garantirá que "pode contar com meu voto" em troca de migalhas. Um dinheiro, uma rodada de cachaça, um emprego- daqueles que ele, o corrupto eleitor, não quer batalhar. "Oba! Época de eleição vou pedir emprego em troca de voto" E o senhor, candidato, vai confirmar as soluções. Porque, afinal, é tempo da corrida de uma disputa eleitoral. Oh! Muitos dos senhores estão buscando votos pela primeira vez. Sem saber o que o motivou a candidatura. Família numerosa, várias amizades, algumas ideias pra minha turma. Dificilmente a primeira vez dá certo. A menos que o projeto pelo qual o senhor deseja lutar envolva tópicos consistentes, seriedade diante de ações que irão beneficiar a comunidade, o município, os moradores. Candidato, sabia que moradores são pessoas? Pessoas cobram direitos à dignidade e que não há dignidade sem cidadania, e cidadania envolve garantias? De respeito humano, Educação de verdade e não apenas construção de prédios escolares? Sabia que professores e profissionais da área, merecem melhores salários? Sabia que sem possibilitar acesso à cultura, trabalho, fomento à indústria, comércio,

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programas sociais às classes menos favorecidas, uma cidade morre? Para no tempo? E melhorias no setor da saúde, então, aff! O povo precisa. Para que servem os impostos que as pessoas pagam? Para ser investido em qualidade de vida, certo, candidato? Alguns dos senhores estão na luta para uma reeleição, muitos estão retornando...Candidato, atualmente a mente do senhor, atua ou mente?Eis a questão. Apesar de eleitores que vendem os votos, a promessa de votar é uma armadilha, quem vende pra um, vende para vários. E vota em outros.A temporada da caça aos votos é a nossa próxima atração. Contudo, há eleitores esclarecidos, que sabem o poder do voto. Uma digitação rápida e poderosa. Graças a Deus. O rola e enrola da preliminar antes da disputa começar, é pura adrenalina. A campanha deve ser honesta. Feita para seres pensantes, e, não para marcar gado no pasto. Por enquanto, é isso aí candidato, e isso é apenas o começo...Que a partir do próximo dia dezesseis, bons ventos, bons argumentos o tragam, candidato. Estamos esperando pelo senhor. Sandra Modesto e moradores do setor sul. Ituiutaba- MG

QUANDO CHICO CHEGOUFoi uma surpresa. O Chico chegou sem avisar pra autora que vos fala.Pegaram o cão sem dono e mandaram com um bilhete.Ele já veio com registro: Chico Buarque Modesto.Aí, não foi amor à primeira vista. Dela, não.Acontece que o mistura de raças, era uma graça. Bagunças à revelia. E ela foi encarando aos poucos, a loucura e magia que é ter um "Chico" em casa.Não era o do vinil, não era o do DVD, do documentário, das músicas e letras do Chico que ela amava desde tenra idade.Oh, e agora, Chico?No início, depressão emocional. Na meio aceitação devagar, no final da semana, já era Chico pra cá, Chico pra lá...Chico! Vê se me erra, me esquece um pouco, tormento.Lamento, mas a moça estava mentindo a si mesma.O Chico chegou ao meio de uma turbulência política, ela tinha suas convicções, lutava pelo direito à democracia. Chegou ao ponto de ter a certeza que não queria que todos rezassem a mesma cartilha partidária. Pasme aceitar o golpe, não!Além do mais, a dona da história estava lutando em prol da publicação de um livro. O primeiro. Ela amou e sempre amará a ideia, o projeto literário que mergulhou de cabeça.E de repente, não mais que de repente, chega o Chico.Ficamos todos perdidos. Escola sem partido? Corruptos julgando e afastando e desrespeitando o voto de milhões de brasileiros!

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Foi nessa privada imunda que ela entendeu. Pior, bem pior do que a presença cotidiana de Chico, era a desgraça e mísera conjuntura política do país.Então, vem Chico. Perto de tudo isso, você é o melhor presente. Notícia que a gente se acostuma a decifrar, entender, acarinhar.Perto dessa realidade execrada e escrachada por um golpe tão estúpido;Chico, você é o meu Buarque. O meu Modesto. O meu misturinha de sujeiras poéticas e latidos divertidos.Quando Chico chegou...Chegou para ficar.Chico, vamos nessa!Sandra Modesto

O CASO DO POR ACASO

Eu não sei quem disse que pai tem que ser pai e mãe tem que ser mãe.

Eu não sei se vocês discordam, mas eu sim. Por um desses casos na vida, os filhos, nascidos, chegam por uma barriga. Filho tradicional, adotado, inseminado, não nasce sem que a mulher o carregue na barriga.

Não, calma, eu não pretendo fazer apologia ás mães. Quem sou eu?Uma mãe tão louca e talvez bem menos sábia que meus filhos. Loucura de filho ensina muito á mãe.

Sabedoria não se restringe a dizer aos filhos: "No meu tempo"...

Pai e mãe, o nosso tempo, foi. Fudeu. O tempo dos filhos é o tempo só deles. Com experiências, porres homéricos, frustrações via crushs, olhares intensos, dizendo: "To perdido (a) e tenho que tentar". Quem sabe...

Um pai pode e deve ser mãe. Uma mãe pode e deve ser pai. Essa troca, essas armadilhas deliciosas fazem com que as relações entre pais e filhos, sejam enriquecedoras! Pai não é exemplo. De nada. Vai saber...

Mãe segura as pontas. Com ou sem a presença do pai. É por isso que graças ao tempo atual, desmistificamos o papel de pai. A mãe passou de rainha do lar com avental sujo de ovos, e foi à luta. O pai vem bem devagar, devagarzinho, a entender que proibir o filho pequeno ou adulto de chorar, perguntar a ele quantas namoradinhas ele já tem, (No maternal), mostrar que pra ser homem tem que ser macho desde criança, é um papel de pai cretino. Vamos combinar que cretino ninguém quer ser, não é mesmo?

Incentivar a filha a se casar com o namorado fazendeiro, advogado, médico, empresário, está certo? Bom, dentro de uma visão machista e sem noção, este pai deve ter lá sua razão. SQN.

Filha não é objeto, uma boneca Barbie, uma princesa do papai, que vai acatar os sonhos dele. Por favor,...

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Um dos casos mais paternamente moderno pra estrutura familiar que já vivenciei, e a personagem real, era eu, foi quando meu pai me deu de presente os seguintes objetos: O primeiro sutiã, o primeiro absorvente higiênico e enxugou minhas lágrimas quando "tomei bomba" (Cacareco da língua, hein?)- Traduzindo: Levei pau, ah, meu boletim escolar reprovou minha bela reputação inserida no contexto matemático que eu sempre desprezei.

Escolhi desde menina a "contar miçangas". Então, ganhei do meu pai, compreensão e um monte de livros do Jorge Amado, do Vinicius, Cecília, passaram a amar a linguagem cinematográfica, poética, e bom, muitas coisas vocês já sabem, porque eu já contei por ai, no meu livro, nos meus posts aleatórios.

Por acaso, pai é personagem coadjuvante, mãe é personagem principal. Mentira, os dois são importantes dentro da história. Mas se a história permite que apenas um atue ou passe a atuar na real, na boa, só de saber que um deles sofre por isso, a gente abre os abraços e diz pra esses filhos, que tudo é uma questão de viver.

Boa noite.

CHICO - ARTISTA BRASILEIRO visto por uma chicólatra

O texto a seguir não é recomendado para menores de 18 anos (CENSURADO)

O texto a seguir está liberado!

É SANATÒRIO GERAL, galera...

Aviso: Não sou nada, Sou apenas CHICÓLATRA.

Moro no interior de Minas Gerais. E bota interior nisso...

Viciada em Chico Buarque de Holanda.

Desde o ano passado, no lançamento do filme/documentário sobre Chico, eu fiquei louca. Meu sonho era assistir CHICO- ARTISTA BRASILEIRO.

Em Ituiutaba (Onde moro), não tem cinema. Só salas de exibição no primeiro shopping inaugurado há pouco tempo. E claro, o filme não foi exibido. Nem em Uberlândia, nossa quase capital (Risos).

Pensei cá com meu salto alto:

- Eu vou assistir em casa. Na TV, e fiquei esperando.

O dia chegou. Eu fiquei tão alegre que corri,

Apertei o REC, planejei assistir na hora da gravação. Eis que me deu uma neura, entrei em crise de ciúmes, de mim, comigo e o Chico, entenderam? Nem eu.

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No dia seguinte, eu acordei e percebi que havia sonhado que estava com Chico na sala da tela da minha TV.

Foi um dia tão calmo, que eu achei O Chico Buarque (meu cachorro), o malandro mais barão da ralé.

Sai pra cumprir algumas tarefas. Meu cotidiano foi diferente.

Café especial, com açúcar com afeto. Sorrisos pra todo mundo que eu via nas ruas, olhar as vitrines e me sentir consumida, e não comprar. Só ficar bem adultinha, e muitas felicidades tomaram conta de mim. Do pedaço de mim.

Cheguei a casa e às cinco horas e trinta minutos da tarde, apertei play, fui à lista de gravações, e meio tonta, embriagada, meio Geni, meio Carolina, meio Ana, me joguei no sofá e comecei a assistir.

CHICO- ARTISTA BRASILEIRO.

Não contive lágrimas quando ouvi AS VITRINES na interpretação de Ney Matogrosso. A Carminho e o sotaque tão gostoso canta SABIÁ e faz um dueto com Milton Nascimento em SOBRE TODAS AS COISAS. Laila Garin dá um show interpretando CANÇÃO DESNATURADA. Péricles entra em cena e arrasa com o charme e poder vocal que Deus lhe deu. Canta ESTAÇÃO DERRADEIRA. Adriana Calcanhoto e Mart'nália causam com BISCATE.

O documentário tem duas horas de exibição e eu segurei meu xixi, minha fome e minha sede. Ria e chorava em vários momentos.

O Chico conta do pai, Sérgio Buarque de Holanda e da mãe, Maria Amélia, pianista. (Chega de Spoiler, né?).

Sobretudo, CHICO- ARTISTA BRASILEIRO é foda! Quando o cantor/escritor fala da descoberta do irmão alemão. Título do último livro lançado por ele, baseado na trajetória entre a descoberta da notícia e a busca pelo irmão, é um dos pontos altos do filme. O irmão alemão chamava-se Sérgio, morreu em 1981 aos 50 anos de idade e Chico comenta rindo mais que tudo:

- Sim, é o meu irmão. O nariz batatudo e a mania de assoviar que eu tenho, é meu irmão.

Por tudo que assisti preciso expressar que o diretor, Miguel Faria Júnior soube conduzir com detalhes e mostrar em 120 minutos uma história que podia não dar certo. Soube passar a câmera mergulhando passado e presente, depoimentos interessantes. O documentário não ficou fragmentado. Virou excitação pura. No sentido de amar o que soube fazer. Linda direção. Faz encher os olhos e o coração da gente. O meu, pulou de alegria. Estou morrendo de vontade de ser cineasta.

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Decidi que não sou mais vascaína, sou fluminense, minha escola de samba passou a ser Mangueira, eu quero ter netos, sete. E um dia fazer um dueto com minha neta e um casal de netos nos instrumentos.

Quero continuar gostando de política, mas procurar não me envolver tanto.

Vou ser PT para sempre.

Quero cantar PARATODOS porque é o Brasil.

Descobri que me pareço fisicamente com Chico. A risada, as rugas, o riso frouxo, a capacidade de ter talentos múltiplos. (KKKKKKKKKK) Não, essa capacidade de conseguir ser poeta da música, romancista traduzido em inúmeros idiomas, ganhar festivais e sobreviver na ditadura militar, só Chico. Hoje aos 72 anos de idade, Chico permanece. Está aí, machucando corações de homens e mulheres de todas as idades. O meu já é dele há 42 anos. Desde RODA - VIVA. De lá pra cá...

O texto despretensioso, a autora começou a escrever na noite em que assistiu o documentário. Dia seis de setembro de 2016. Reescreveu várias vezes.

A autora é notívaga. Conseguiu terminar o texto na madrugada do dia sete. Feriado nacional.

Foi ao teatro, assistiu a um debate político. Teatro lotado. Aos 56 anos, a autora está por aqui.

Vai dar play e assistir CHICO- ARTISTA BRASILEIRO. Pela segunda vez.

Vício. E sem clínica de recuperação.

Sandra Modesto.

ESTUDANTE!Dia de dizer que o ser estudante, é ensinar muito ao professor.É, galera. Uma vez professor professor para o resto da vida.Estudante e professor seguem juntos.Ontem, tive uma noite mega feliz.Reencontrei uma garota que foi minha aluna, há 26 anos. Em escolas públicas do município.Talentosa. Muito. Esperta e inteligente também. Conversava pra caramba! A Andreia fez curso superior em música. Trabalha como professora no Conservatório Estadual de Música de Ituiutaba. Toca na orquestra. Ensina música.Quando ela desceu do palco, a gente se abraçou com tanto amor que eu tive vontade de abraçar minha alma.Conheci e conversei pela primeira vez, com a Maria Eduarda. Ela tem dezoito anos. É estudante da escola estadual Professora Maria de Barros. Disse que ama música desde

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criança. Toca violino na orquestra.Pois é. E nesse vai e vem da vida, cheia de encontros e reencontros, é que ser professor, é ter alunos parte da nossa história.A gente rege uma orquestra. Do tocar sonhos em sons do quando em quanto...Sandra Modesto.·.

Agora os estudantes exigem direitos e vão à luta. Ocupam escolas e nome da Democracia. Falam, protestam, são jovens politizados e não deixam que os sonhos transformem- se em pesadelos.

Aos estudantes de hoje, todos os abraços com ternura...

(Texto inspirado no evento de abertura em comemoração aos vinte anos da ALAMI). Local: Conservatório Estadual de Música "Dr. José Zócoli de Andrade" de Ituiutaba. (Foi emocionante o espetáculo da Orquestra de Cordas - "Sons e Sonhos")

chico

Fiquei pensando em um título pra o texto que acabei de escrever e confesso que me perdi por umas boas horas. Aliás, achei chata a ideia de publicá-lo no dia 8-"Dia Internacional da Mulher". "Porque seria muito óbvio, babaca, as mesmas idiotices de sempre, todo mundo falando e ninguém fazendo nada, mudando nada, pensei" Foi então que percebi que estava tão enganada, meu Deus! E como! Minha rebeldia estava errada e isto raramente acontece, pois é, então, terminei. Ai está. Devore-o. Seja capaz.

Chico!

Sim. O nome tinha que ser este. Por motivos tão reais, tão banais e muito significativos. Pode? Pode.Quando eu era criança, curiosa, andando em volta das mulheres adultas da família, às escondidas, ouvia o comentário:_ Não, coitada, ela não pode, tá de Chico. Não pode sair de casa, vai ficar quietinha, não pode ir pra escola, nem comer carne gordurosa, comida pesada, não pode isso, não pode aquilo... "E eu, sem entender nada." Que trem é esse, esse tal de ficar de Chico, não pode porque tá de Chico. Será o que é isso? Só mais tarde, bem baixinho, alguém do clã feminino me explicou que Chico, era menstruação. Não com esta palavra científica, claro.Coincidência ou não, comecei a "ficar de Chico", aos 13 anos e aos 13 anos também, conheci o talento de Chico Buarque de Holanda. Na escola, na aula de Português, no texto do livro do Douglas Tufano que usávamos na época. A Professora, uma novata de olhinhos orientais, Martha, levou a fita cassete para conhecermos e interpretarmos a música, Roda- Viva. E foi paixão à primeira vista, ou à primeira audição, como queiram, só sei que fiquei de Chico usando absorvente higiênico, comprado pelo meu pai- o que já era um grande avanço para o começo dos anos setenta. Para mim, uma vitória; não usar toalhinha de pano, compartilhar minha transformação em mulher com meu pai e ainda por cima, conhecendo Chico Buarque, não era pra qualquer uma. Agora, penso que nada acontece sem ter um sentido poético na vida de todas nós, mulheres. Sentido poético que pode variar de romântico a trágico, pavoroso, esquisito, cômico.

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Musicalmente se voltarmos ao tempo, saímos de "Emília" de Wilson Batista- ("quero uma mulher que saiba lavar e cozinhar...") sucesso nos anos 30, 40, passamos por "Amélia"- que era mulher de verdade)- de Mário Lago e Ataulfo Alves e começamos a ganhar pontos na poesia e música de Vinícius de Moraes, nas poesias de Carlos Drummond e muitos que vieram na mesma época e em tempos sucessivos. Para o nosso bem cultural e nossa valorização. Levantamos bandeiras, queimamos sutiãs, proclamamos nossa independência, fomos cruéis, sofremos, batalhamos muito para conquistarmos o que hoje, sentimos muito orgulho ao nos dar conta que invertemos o jogo, que criamos novos formatos de amor, de família, de escolhas profissionais, percebemos que não precisamos negar nossas fraquezas, esconder nossas orientações sexuais, pois nenhuma dessas mudanças muda nossa melhor condição, a de ser- Mulher. No fundo, bem no fundo, sabemos que somos agregadoras, multifuncionais, fortes, só entregamos o jogo se percebemos que ganhar não vale à pena ou que o cansaço é tão bonito. Podemos sentir preguiça, deixar a louça pra lavar depois, a roupa dormir no varal, o filho grande escolher sem metermos o bedelho, enfim, mulher é de carne e osso, apesar de não o parecer. Um dia, cantaram que queriam Emília e Amélia, e Chico chegou com "Terezinha", falaram que só homem podia ficar de boa quando terminasse um relacionamento amoroso e Chico chegou com "Olhos nos olhos"- quer marretada maior nos machistas do que:" E tantas águas rolaram, quantos homens me amaram bem mais e melhor que você"?Ao comemoramos no século XXI, esse dia internacional da mulher- temos que tirar o chapéu com honrarias para todas as Marias, todas as Anas, todas. As que lavam roupas todos os dias, as que enfrentam ônibus, metrôs, caminhadas sem transporte, as que enfrentam o mercado financeiro, as que estão no poder. Temos uma mulher na presidência da república, Dilma, é a décima sétima presidente no âmbito mundial. Não podemos contestar. Estamos cada vez mais importantes. Ainda temos muitas lutas? Muitas conquistas? Temos. Ah, é tão bom enfrentar barreiras, diminuir caminhos, estreitar laços de braços dados com a vida, com o amor escolhido. Não precisamos provar mais nada, basta alguém pra nos olhar com carinho, um ninho para nos recolher, abraços sinceros, palavras doces, sorrisos fortes e homens que entendam que mulher não é objeto, é mulher. E ser mulher, não é brincadeira. É fogo. Entendi o que é ficar de "Chico, ficar sem Chico, e viciar em Chico". Em tudo que Chico canta realçando e entendendo tão bem a alma feminina. Até quando canta "Feijoada completa", "Atrás da porta", músicas com uma poesia provavelmente odiada por feministas, Chico é talentoso. E perdoado.  Por mim.Pra encerrar, quero contar mais uma:Hoje faz três anos que escrevi esse texto. Por coincidência ganhei um cachorro de presente. O nome? Chico Buarque.Para alegrar meu CotidianoEstou de Chico!

ABRAÇOS E FATOS

Julia tinha seu jeito, um jeito primeiro, de quem não pode mais chorar, sofrer! Amar

sem conhecer o amor de verdade. Aquele que machucava o peito, mas acertava tanto...

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Júlia queria beijos, ardentes, inesperados, cenas diferentes dos sonhos, sonhos que

podiam tornar-se reais.

Jamais! Jamais, Júlia imaginaria que tudo podia acontecer. Prever um tempo

primeiro? Com segundo tempo e prorrogação? Não, será?

Humberto gostava de futebol. Seleção mundial, então... Valia muito uma comemoração

em Praça Pública, balançando a bandeira e com a bebedeira que não podia faltar.

Certo dia, desses que a gente pensa que nada vai acontecer, que o errado continuará a

nos Acompanhar... Júlia teve vontade de sair para um passeio com a turma da irmã do

meio, Sílvia.

Silvia ia sair com a turma para assistir a agitação na cidade.

Julia pensou, pensou, resolveu aceitar o convite. Levou a filha Camila de três anos

para o evento da derrota. Lá, se foram, mãe, filha e a turma da tia.

O Brasil tinha perdido o mundial para a França. O ano? 1986. O que nessas alturas do

campeonato, já não era tão importante.

Na praça principal da cidade, a turma desabafando a derrota, chorando em margens

plácidas, choros em berço esplêndido!

A multidão de torcedores berrando, inconformada, e tudo mais que envolve a nossa

amargura.

Brasileira diante de uma partida de futebol que não nos levou à primeira

Em meio a tanta gente, em cima de um carro aberto, tonto de tristeza e quase sendo

carregado pela bandeira oficial, um rapaz. Magrinho, tristonho, olhos carentes e

pedindo carinho. Ele não podia suportar o final infeliz do placar. Naturalmente, tinha

perdido apostas, horas de alegria, euforia. Que só um futebol vitorioso pode causar a

um torcedor fanático. Diga-se de passagem, a uma turma enorme que esperava otimista

pelo que não aconteceu.

Bandeira pra cá, bandeira pra lá, vento balançando forte, haste quase levando

Humberto, e... Dois olhos esverdeados cruzaram-se na mesma direção com dois olhos

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perdidos de jabuticabas maduras. O olhar era o da danada Júlia com o tonto do

Humberto

Foi só um lance, um drible que a vida prepara e arma... A história melhor tinha

começado naquele momento.

A partir do olhar, uma descoberta: Humberto e Silvia eram amigos. Pontos para o

amor. O campo estava aberto ás conquistas de vitórias, muitas delas.

Depois de o primeiro olhar com possibilidades de chutes a gols, visitas na arena

principal: Casa de Júlia. Trocas de vinis, livros, conversas animadas, e durante um

show de MPB, Humberto não aguentou: Tacou um beijo de língua em Júlia. Na

verdade, ela se assustou, só um pouquinho...

Saiu do show acompanhada de outro, o que estava na lista dos rolinhos, conquistas que

Júlia mantinha pra não perder o reinado, o reinado da beleza, das meninas grandes

que fazem sexo pra vida não ficar tão cinza.

Mas, foi o ultimo sexo casual, sem compromisso, sem explosão de paixão.

Depois do beijo de Humberto, Júlia entendera; Não podia mais deixar de ser beijada

por ele.

A história enfrentou barreiras, escanteios, impedimentos, partidas vencidas. Abraços

que nunca mais foram rompidos.

Deu Vontade

Ela sonhou que estava em um puteiro. Putaria? Bordel? Zona? Casa das "prima"?

No sonho era tudo muito engraçado. Era uma casa muita diferente. Não tinha sexo, não

tinha nada, apenas presságios. Ela sentia. Medo? Pavor? Horror? Amor ou tesão?

O coração dela palpitava. Batia diferente. E ela... Sentia-se uma demente.

Que delícia ser insana. Ela insinuava. Sim, ela insinuava pra si mesma...

- Então, na putaria é assim? Ninguém invade? Ninguém ofende? Ninguém se despe?

Ninguém pula em cima da gente? Ah, pensei que ser puta fosse mais emocionante!

Ela tinha a pele crocante e os cabelos bem curtos. Muita bunda, pouco peito, ah, mas,

empinados, os dois...

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Para desmitificar as cenas do sonho, ela sentiu: Precisava valorizar o mito de um

puteiro...

- Há há! Quero tudo do jeitinho que ouvi quando menina, do jeitinho que imaginava na

adolescência, do jeitinho que todos espalhavam a respeito de uma putaria.

A louca não gostava de pirataria, gostava de originalidade...

- Vem, gente! Onde estão os que gostam de sexo grupal? Variedade? Desejo carnal?

Gritarias?

Profana. Desmistificando o que ela sempre pensou que fosse, Rosana não queria mais

ser santa. Desejos profanos invadiram seu sonho.

Por alguns instantes, Rosana pedia pra sentir-se puta, e no fundo do coração, pedia

muito que o homem que amava tanto a salvasse. 

Havia homens estranhos; Jovens, maduros, negros, brancos, umas mulheres amáveis,

um armário cheio de roupas, um móvel recheado com sapatos...

Que insensata! Rosana começou a sentir um enorme desejo de que o sonho terminasse.

Até que surgira no meio de tantas personagens, uma amiga do passado. Rosana se

prendeu aos braços da amiga, um abraço diferente. O sonho começou a deixar Rosana

mais calma. As duas, num gesto e em um toque sensorial, físico e gostoso realmente,

sorriram aos olhos do ataque do carinho de seus braços.

- Você também está aqui.

- Você também está aqui.

Rosana acordou. Despertou para a realidade. Deu um pulo no seu homem, sentiu-se

bem profana, foi fazer amor, foi ser puta de verdade.

Sandra Modesto.

DIÁLOGO DEPRIMENTE.

Ela acorda, acessa o que gosto e dá de cara com a foto linda no perfil da irmã.

- Nossa! Que linda! Amei! (Fala pra si mesma. Em silêncio. Mas, é claro, um pouco

deprimida).

Corre pega o espelho sempre companheiro de uma vida inteira e pergunta:

-" Espelho, espelho meu, existe no mundo virtual alguém mais bela do que eu? "

O espelho fez de conta que não ouviu. Preferiu ficar calado. Respirar fundo seria

necessário.

- Te fiz uma pergunta não escutou? Anda, quero a resposta!

O espelho amigo verdadeiro e sabendo que ela detestava esperar e detestava ser

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desmascarada, pensou, pensou e: (Ah, vou responder, esconder pra quê?) E mandou

chumbo:

- E- XIS- TE!

- Quem? Seu merda!

- Sua irmã do meio. A que trocou a foto de perfil por uma mega linda!

- Como? Não, não acredito!

- Pode acreditar. Ela ficou simplesmente deslumbrante!

- Se você não sabe das novas tecnologias, a foto foi tirada com arrebatador, photoshop e

todas as ferramentas possíveis.

- Caramba! Você está tentando se enganar. A foto dela é uma foto simples. Ela não usou

nada. Eu sou um espelho saído de uma história antiga. Porém, atualizado. Sei de tudo.

Ou minha carreira de espelho já teria ido pro espaço.

- Tá bom, espelho que nunca mente. (Ela engoliu o sincericídio, mandou uma

mensagem pra amiga pedindo todos os cremes e produtos milagrosos. Simplesmente).

- Não sei se voltarei a ser a mais bela, mas, não custa tentar...

Sandra Modesto.

Numa pequena crônica de uma tarde de terça-feira:Por Sandra Modesto.

A pessoa, no caso, uma mulher; Linda, inteligente, tudo que sonhamos ser e não somos, chega ao médico oftalmologista para uma consulta de rotina. Toda poderosa chega à recepção. A secretaria pergunta:- A senhora? (? Como assim?) Senhora está no céu, pensei, mas não disse.- Eu tenho um horário marcado às três e meia (Me sentindo a mais que poderosa, porque eram 3 horas e 20 minutos)!- O nome?A paciente fala.- Ah, sim, mas o horário era 13 e 30.Quase briguei e ensinei que na linguagem coloquial naquele caso, poderia ter falado, uma e meia. Mesmo. (Evitaria a caduquice da paciente, né?) - Então, você me "encaixa". Eu não vou voltar, não vou remarcar, eu quero ser atendida hoje.Háhá! "Comigo não, violão".- Pode aguardar.- Fiquei esperando. Um profissional responsável pela segurança, aliás, com uma patente no uniforme, na farda. Chega para consultar porque estava com um cisco no olho. Enquanto isso, o telefone móvel dele toca:- O quê? Como?Olhei, olhamos assustados. Pensei em um assalto, um incêndio, um homicídio, qualquer coisa grave...Ele desligou e disse triste:

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- O Zé Rico morreu. (?) - É meu colega acabou de me avisar, o cantor da dupla Milionário e José Rico acabou de morrer. Parece que foi infarto.É, mas a história não parou por ai. Na sala de exames, um moço que deve ter mais ou menos minha idade (Espero que mais), comentou diante de mim e da moça que faz os tais exames (que confundem os olhos da gente), então, o moço disse assim:- Aqui, nas redes sociais;..." E o final dessa vida chegou!".A moça de uns 20, 22 anos, ou de repente 18, olhou sem entender.- Um trecho de umas das músicas do Zé Rico e do Milionário. O Zé morreu.- Minha avó os adora. (A garota comentou).Juro que tive que segurar conter minhas gargalhadas (KKKKKKKK! Só na imaginação)...Eu sei que a notícia é triste, eu sei o valor da dupla para a música sertaneja, eu já entrevistei a dupla quando fui repórter na TV, eles foram muito fofos e a entrevista foi mega!Mas, que as reações no consultório médico foram engraçadas, foi. Sinto muito, gente do sertanejo, eu confesso que o gênero não soa bem aos meus ouvidos, respeito à dor de vocês, loucos pela dupla.Mas, no fim das contas, o que conta é que, ônibus e consultório médico, rendem belas e engraçadas histórias da vida real. No meu caso, crônica tragicômica. (Ah, quando eu morrer quero deixar lembranças bem engraçadas)...De triste já basta a morte.Beijos para quem leu minha crônica até o final.Boa noite!

SONO

Já que ninguém me amajá que ninguém me chamajá que ninguém me mostra a camajá que ninguém me vendejá que ninguém me comprajá que ninguém me faz um cafunéEsconde meus pésEscolhe muitos sapatos pra mimmostra meus vestidos novos e minha calça jeansEu vou dormir depois de um banhoeu vou afogar meus sonhos junto ao chuveirodeixar a água cair nos meus cabelosbrincar de meninaensaiar uma rimater saudades dos versos que ele fazia pra mimcontar muitas mentiras lindas pra eu rir muito abraçada ao travesseiroolhar pra lua indo emboraver a lua virar solpreparar um café forte e sonhar que não existe o fim

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já que a vida é finitajá que eu sou bem aflitajá que eu sou tão bonita já que o espelho quer uma DR e eu o encaro em detalheseu vou fazer de conta que bordo uma toalha bem grandeescrever umas estrofes pra ninguém gostar e dai?Já que ninguém vai ler do começo ao fimeu quero gostar de mimjá que eu espero um lindo dia e uma promessa sem salpontofinal.Sandra Modesto- (poeta à beira do ataque de uma imensa insônia).

Pra tudo se dá um jeitoJeito de lembrar e de apagar da memóriaJeito de memorizar o que nos faz sonhar e não recordar o que nos faz sofrerJeito de esquecer e jeito de abraçar perdoandoJeito de encantar e jeito de assustarJeito de sorrir e jeito de sentir desejos, dos mais proibidos aos mais visíveis!Jeito de seguir a vida sentindo-nos vivos e prontos pra recomeçar, reinventarmos, recriarmos um jeito novo, diferente de ser e de lutar, de mãos dadas com a vida, de peito aberto pra o novo que sempre nos espera;Que sempre nos torna mais belos, mais fortes e mais sábios.Os jeitos foram criados por que na vida nada fica sem jeitoHá sempre maneiras de amarHá amores, de vivermos outros temores, de ajeitar-nos no sofá, e, se for no domingo, então, o jeito fica mais gostosoSilencioso e criativo, decidido a nos auxiliar quando a segunda chegar.

Dois pontos

Marcos leva Gabriel pra o banheiro e os dois brincam. O pai, de ser criança, o

filho, de ser gente grande. Gabriel tinha quatro anos e já queria tomar banho

sozinho. Marcos ensinava ao filho, brincadeiras como: Fazer bolhas de sabão,

fingir que lavou os cabelos, deixar o corpo inteiro falar sozinho que em breve,

transformações aconteceriam.

Gabriel e Marcos; A dupla do "barulho".

E, mais um banho escorrendo infância, vida, risos a fora.

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Ana chega pra dar bronca.

- Meninos! Pare de bagunça, o jantar já está servido.

Os meninos obedeciam... Meia hora depois da ordem.

- Oi, amor! Que saudades! Como foi seu dia?

- Cansativo, porém produtivo. Fechamos mais um contrato. A agência está

crescendo. Feito o amor que sinto por você. Cada dia te amo mais, sabia?

Jantar a três, três amores. Um estilo de vida moderno, nos dias atuais, é comum a

mulher se dedicar ao mercado de trabalho e o marido cuidar da rotina da casa. Os

novos casamentos não seguem modelos pré- estabelecidos por convenções sociais.

Na manhã seguinte, Marcos e Ana acordavam juntos se beijando como se fosse à

primeira vez.

Ele preparava o café, opinava sobre a roupa e o cabelo da publicitária que ele

mais admirava no mercado.

Mercado? Era com ele. Uma lista bem feita e as compras eram certeiras. Tudo que

cada um gostava de comer. E mais! Produtos para manter a casa em ordem, limpa

e cheirosa, enfim, "um marido enviado por Deus"! (Ana dizia sempre para amigos

e familiares).

Gabriel estudava em uma boa escola, já fazia natação, no próximo ano? Aprender

Inglês. A agenda já ia aumentar.

Um dia o pai sentiu falta de voltar ao trabalho. Pensou que o sentimento

demoraria mais a chegar, mas, chegou. Um telefonema deu um empurrãozinho à

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reativação do sonho. Uma empresa do setor de engenharia e arquitetura

contribuiu para o concreto. Marcos havia espalhado currículos a uma enorme lista

de contatos eletrônicos. O dia chegou. Sim!

Entrevistas, exames, tudo certo. Recomeço.

Ana precisou contratar uma faxineira e uma babá. Gabriel estranhou um pouco,

porém logo se adaptou. Criança é bem adulta em algumas ocasiões. Não fazem

bicho de sete cabeças das novas realidades.

O casal passou a viver um amor maduro, consciente, forte, "tudo tem seus

momentos certos". Marcos confessou á amada. Amante. "Ficante". Estonteante...

Certa noite, Marcos estava sozinho na varanda, apreciando a despedida do sol e

deparando-se com o brilho da lua que mesmo um pouco tímido, anunciava que

estava pronta.

Os pensamentos agitavam as memórias do observador. Fugir?Ele ousou enfrentá-

las.

Há doze anos Marcos não era de Ana:

No ponto do ônibus, Carolina esperava pra ir pra casa, depois de um longo e

cansativo dia de trabalho.

Ela estava ali novamente... Igual a tanta gente.

Muitos caminhos, e tantos desejos de um jantar quentinho. Beijinho carinhoso do

filho, beijo de língua do marido.

Aflito Marcos não via a hora de Carolina chegar.

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Quando ela apontava na esquina abaixo, ele já sentia o seu cheiro de jasmim,

imaginava dando- lhe carinhos: Beijo no roçar da nuca, mordidas ao pé da orelha,

apertos pra vibrar a emoção contida, despida de todas as emoções presas.

A pressa daquela noite estava diferente, maior e mais quente. O outono estava

terminando. E Carolina, quase chegando.

Marquinhos de dois aninhos, de banho tomado, com cabelos limpinhos lavados com

o xampu que Carolina pedia sempre pra comprar. O papai Marcos era muito

apaixonado pela rotina da família. Sabia agradar Carolina.

A mesa estava perfeita. Arroz branquinho, feijão vermelhinho, bife acebolado,

saladinha, abobrinha com jiló. E só: O banquete estava feito. Os dois sempre

davam um jeito de transformar o simples em luxo! Ou, valorizar o luxo nas coisas

simples que a vida oferecia.

Já passava das onze horas, Marquinhos adormecera, Marcos não sentiu o cheiro de

Carolina, beijos sem fim, que os dois trocariam. Alguém bate à porta.

Marcos corre para dizer a ela da preocupação. Coloca a comida pra esquentar num

piscar de olhos.

Abre o coração pra receber Carolina.

Mas, ela não veio. Não era Carolina.

Pelo menos, não do jeito que Marcos sempre quis.

Era alguém, Marcos não conhecia. Apenas ouviu algumas palavras que jamais

esquecera;

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- Senhor Marcos Santos? Só falta um corpo pra ser reconhecido. Segundo

testemunhas, é o de sua mulher.

- Não, Carolina, não!

Sem Carol, Marcos teve que se armar em forças, dar amor pra Marquinhos,

trabalhar sem parar para pagar a creche, comprar de tudo, viver sozinho.

Até Marquinhos deixou o pai. Uma grave doença e ele foi ao encontro da mãe...

"Muitas vezes reunimos forças para que continuemos". Ou então... Superações?

- Pode ser.

Ao final:

Novos personagens. Não era Carol.

Não era Marquinhos.

Era apenas a vida, possibilitando surpresas. Quimeras.

DIA DE "QUINTA"

PERCEPÇÕES

- Acho que te conheço.

- Verdade? De onde?

- Não me lembro de exatamente, mas o seu jeito de olhar, seu formato de rosto...

- Sabe que também sinto que já te vi em algum lugar?

FOI NUMA QUINTA-FEIRA

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O dia estava indeciso. Não sabia se chamaria o sol, ou desceria com a chuva.

Mesmo assim, os dois apareceram no mesmo lugar. Marcado por um encontro casual.

As primeiras impressões do texto, não foram reais. O casal se encontrou em um sonho.

Amanda e Armando. Eles pularam da cama, cada qual no seu local de morada, e meio

assustado, tomou banho, um café carioca, e foram procurar um lugar pra entender as

imagens e falas do sonho.

Foi na Quinta da Boa Vista. Tendo um cenário coberto de verde e esperança de que

tudo se eterniza nesta vida nua e crua, Heitor e Fernanda...

Não sabiam o que sentiriam quando parassem de conversar e se olhassem com atenção.

O passeio terminou quando:

O ENCONTRO

Um esbarrou no outro.

- Oi!

-Oi!

- Tudo bem?

- Eu te conheço?

- Eu te conheço?

Risadas. Muitas.

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Conversa vai, conversa vem, sentimentos embaralhados, olhares de soslaio, dúvidas e

deslumbramentos.

Depois de caminharam por duas horas pelo parque, "se é que isto é verdade";

Passearam pelos jardins, falaram sobre ateus, falaram sobre a beleza do museu, da

arquitetura sem fim.

Estavam no espaço aberto queriam abrir os corações, deixar fluir emoções...

Até que de repente, já exaustos de tanto mistérios, sutilezas, sorrisos e abraços

fechando o compromisso do feriado, um chamado para que nunca mais se separassem;

o céu mandou uma chuva inquieta, esperta e matreira. Os ânimos tipo fogueira

revelaram-se fortemente.

Um namoro? Uma caminhada eterna começaria? Uma paixão desenfreada nos

comoveria?

Sim! Mas mal sabiam os leitores que era só encontro como outro qualquer.

Pra história não ficar tão óbvia e com muita fantasia, saibam apenas de tudo que valia;

Heitor amava Nestor e Fernanda amava Amanda.

FINAL LIVRE

Quem quiser, não conte, não anote, dê passagem, o amor é natural, igual para todos e

em rasgar diários.

Primeira história de amor.

CAMINHO

Cinquenta anos. O nome? Cândido.

De Souza.

Cândido não era um Cândido qualquer.

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Ia além do trivial

Do cardápio da vida dos que apenas reclamam.

Às cinco da manhã,

Cândido já estava acordado pra mais um dia de trabalho.

Trabalhava há trinta anos no mesmo lugar,

Um lugar chamado nada. Um simples zelador de uma repartição pública. Municipal.

Sempre mudava o trajeto.

Devorava os caminhos observando tudo.

E cumprimentava a todos.

Com um sorriso.

Cruzamentos.

Pensou, pensou. Não queria mais tantas ruas numeradas.

Queria um nome. As ruas mereciam.

Propriedades.

Cândido e sua simplicidade...

Pois é.

Ele solicitou que as ruas passassem a ter alterações. Vieram emoções.

Escrita a mão e endereçada ao Executivo e Legislativo da cidade, (que Cândido só era

simples, mas não era bobo), ele lascou o pedido:

"Sugiro aos senhores em regime de urgência e emergência,

Nomes para as ruas da cidade.

Pra que ninguém se esqueça

De que vivemos no meio de gente que sabe o valor de "Sem nome".

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Era o nome da cidade.

"Eu e os moradores da minha comunidade, queremos mais amor".

Lá se foi Cândido entregar o pedido.

Reunião ordinária e que comoveu os políticos.

Na rua onde morava qualquer um: Rua Azul.

Na rua de casas essenciais: Mais.

Na rua da padaria: Magia.

Na rua da igreja: Certeza.

Na rua da praça: Verde.

Na rua do trabalho: Alegria.

Na rua dos amores: Juras.

Na rua do cemitério: Mistério.

João conseguiu o que ninguém acreditava.

Seguindo pelas ruas, percebeu que a cidade passou a ter cheiro de espaço.

O próximo passo? Andar por aí.

Sandra Modesto.

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