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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES GRADUACcedilAtildeO
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
Orientadora
Profordf Msc Andreacutea Villela Mafra da Silva
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
GRADUACcedilAtildeO
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
Apresentaccedilatildeo de monografia ao Instituto A Vez do Mestre Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenccedilatildeo de grau na graduaccedilatildeo em Pedagogia Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
Rio de Janeiro
2010
DEDICATOacuteRIA
Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em mim
Agraves minhas f i lhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor dos vinte e poucos anos
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e compreensatildeo Obrigada por fazer parte da minha vida por ser essa grande pessoa que vocecirc eacute Te amo muito
Agradeccedilo agraves minhas duas f i lhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles foram muito importantes para a real izaccedilatildeo dessa graduaccedilatildeo Amo muito vocecircs
Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
E se faccedilo chover com dois r iscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
Num instante imagino uma l inda gaivota a voar no ceacuteu
AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
RESUMO
Esta monograf ia aborda o tema do graf ismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a importacircncia de se trabalhar com o luacutedico de forma a motivar o processo evolut ivo na infacircncia O desenho se apresenta como uma importante ferramenta para a interaccedilatildeo do aluno sendo o professor responsaacutevel por dar o devido cuidado as diversas etapas do graf ismo que tambeacutem satildeo abordadas no estudo em questatildeo A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica eacute fundamental ao desenvolvimento infantil por trabalhar com a imaginaccedilatildeo auxil iando a crianccedila a se relacionar com ela com outros e com o ambiente em que vive Atraveacutes da arte criativa do graf ismo a crianccedila expressa seu universo revelando o seu conhecimento do mundo Simultaneamente se datildeo outras manifestaccedilotildees que possibil itam que ela caminhe pelo imaginaacuterio engrandecendo o seu processo de aprendizagem O estudo reuacutene bibliograf ia pertinente e pretende se aliar a tantos outros que primam pela excelecircncia da educaccedilatildeo atraveacutes de ferramentas criativas e de avaliaccedilotildees mais contextualizadas Palavras chave Graf ismo Educaccedilatildeo Desenho Crianccedila
METODOLOGIA
A Metodologia adotada buscou a exploraccedilatildeo do tema com fontes
bibl iograacutef icas contidas em l ivros publicaccedilotildees revistas especializadas
artigos e sites eletrocircnicos
A bibl iograf ia baacutesica foi composta de livros sugeridos pelo
orientador e dos principais autores que abordam o tema Foram uacuteteis
alguns trabalhos acadecircmicos realizados durante o curso de graduaccedilatildeo
e a proacutepria experiecircncia da autora Os textos disponibil izados pelo curso
foram tambeacutem objeto de anaacutelise
Apoacutes levantamento dos conteuacutedos a serem analisados no
presente trabalho foram cumpridas as seguintes etapas
bull Elaborada a primeira redaccedilatildeo da monograf ia
bull Anaacutelise do conteuacutedo redigido e submetida a avaliaccedilatildeo da
orientadora
bull Redaccedilatildeo definit iva da monograf ia
bull Formataccedilatildeo e arte f inal do conteuacutedo
bull Revisatildeo geral da monograf ia
bull Entrega do trabalho na UCAM
Esta metodologia foi rigorosamente observada e os resultados
aparecem no texto f inal que compreende a presente monograf ia
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtilde0 9
CAPIacuteTULO I - A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO 11
11- As Etapas do Graf ismo e o Desenvolvimento Infantil 15
CAPIacuteTULO II - A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA
INFANTIL 20
21- O graf ismo como exerciacutecio de autonomia 22
22- A relaccedilatildeo entre o graf ismo e a escrita 25
CAPIacuteTULO III - A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO GRAFISMO 28
31- Sobre a Aprendizagem Infantil 28
32- Recursos pedagoacutegicos direcionados ao Graf ismo Infantil 29
33- Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do graf ismo 30
34- Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Graf ismo 32
35- A evoluccedilatildeo do graf ismo para Piaget 35
CONCLUSAtildeO 40
REFEREcircNCIAS 41
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 43
9
INTRODUCcedilAtildeO
Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como
negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos
da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de
atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio
aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao
sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos
Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo
do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do
desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira
espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila
Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se
expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como
desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma
ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como
motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do
autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em
trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover
maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto
O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a
forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a
realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que
promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive
Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser
considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo
O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no
desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a
escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo
apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem
exemplos que revelam as etapas do graf ismo
10
Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a
educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute
fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e
ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir
a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo
entre o aluno e o professor
11
CAPIacuteTULO I
A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a
crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos
modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade
que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou
qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia
da crianccedila se expressa Wallon af irma
A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)
Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo
paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com
surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o
momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto
eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem
expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo
graacutef ico-plaacutest ica
A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente
e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade
expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias
que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e
o que estaacute representado no papel
Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas
e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto
desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e
compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos
rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil
12
O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e
sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se
torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O
ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo
a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma
O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)
De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da
realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis
que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho
e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de
acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de
mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma
diferente pelo ldquoart istardquo
Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu
universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas
vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de
emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente
tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos
Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes
Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de
elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de
que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave
crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo
protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as
histoacuterias do cot idiano por meio das imagens
13
O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba
por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente
Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da
exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de
mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade
A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas
vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua
identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila
consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O
desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o
desenvolvimento do indiviacuteduo
Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona
outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade
indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do
imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda
natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer
correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo
Para Lowenfeld e Brittain
( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)
O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade
Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa
com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos
objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem
sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de
transmissatildeo de ideias
14
O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e
projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo
do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a
vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A
accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja
necessariamente condicionado por estiacutemulos externos
Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo
desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)
Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)
Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com
a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis
de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir
modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria
tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e
consequumlentemente a sua produccedilatildeo
Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que
podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo
desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a
impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O
caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute
potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos
sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado
diferenciado
15
A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que
suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser
respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico
da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando
no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil
O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a
f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a
compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como
primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e
as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e
seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica
Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise
do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o
educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da
representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o
educando
Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de
perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido
sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma
avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para
interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de
perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos
seus educandos
11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no
proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem
com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o
estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a
probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas
jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade
16
O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos
ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia
a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de
se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l
Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a
expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que
possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e
vir Derdyk (1989) destaca que
A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)
O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes
demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os
limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos
visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o
conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base
para a experiecircncia esteacutetica
No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em
formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila
vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos
mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras
manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de
proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de
preocupaccedilatildeo
As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo
objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo
Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou
[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
17
Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do
graf ismo infantil em
(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao
simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se
totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao
que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas
(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel
perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior
elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que
identif icam os objetos representados
(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo
mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no
entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume
(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem
plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo
e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho
Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do
graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as
idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em
uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique
atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da
crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento
(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em
a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo
respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e
o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser
materiais resistentes grandes e grossos
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
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BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
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FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
GRADUACcedilAtildeO
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
Apresentaccedilatildeo de monografia ao Instituto A Vez do Mestre Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenccedilatildeo de grau na graduaccedilatildeo em Pedagogia Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
Rio de Janeiro
2010
DEDICATOacuteRIA
Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em mim
Agraves minhas f i lhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor dos vinte e poucos anos
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e compreensatildeo Obrigada por fazer parte da minha vida por ser essa grande pessoa que vocecirc eacute Te amo muito
Agradeccedilo agraves minhas duas f i lhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles foram muito importantes para a real izaccedilatildeo dessa graduaccedilatildeo Amo muito vocecircs
Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
E se faccedilo chover com dois r iscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
Num instante imagino uma l inda gaivota a voar no ceacuteu
AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
RESUMO
Esta monograf ia aborda o tema do graf ismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a importacircncia de se trabalhar com o luacutedico de forma a motivar o processo evolut ivo na infacircncia O desenho se apresenta como uma importante ferramenta para a interaccedilatildeo do aluno sendo o professor responsaacutevel por dar o devido cuidado as diversas etapas do graf ismo que tambeacutem satildeo abordadas no estudo em questatildeo A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica eacute fundamental ao desenvolvimento infantil por trabalhar com a imaginaccedilatildeo auxil iando a crianccedila a se relacionar com ela com outros e com o ambiente em que vive Atraveacutes da arte criativa do graf ismo a crianccedila expressa seu universo revelando o seu conhecimento do mundo Simultaneamente se datildeo outras manifestaccedilotildees que possibil itam que ela caminhe pelo imaginaacuterio engrandecendo o seu processo de aprendizagem O estudo reuacutene bibliograf ia pertinente e pretende se aliar a tantos outros que primam pela excelecircncia da educaccedilatildeo atraveacutes de ferramentas criativas e de avaliaccedilotildees mais contextualizadas Palavras chave Graf ismo Educaccedilatildeo Desenho Crianccedila
METODOLOGIA
A Metodologia adotada buscou a exploraccedilatildeo do tema com fontes
bibl iograacutef icas contidas em l ivros publicaccedilotildees revistas especializadas
artigos e sites eletrocircnicos
A bibl iograf ia baacutesica foi composta de livros sugeridos pelo
orientador e dos principais autores que abordam o tema Foram uacuteteis
alguns trabalhos acadecircmicos realizados durante o curso de graduaccedilatildeo
e a proacutepria experiecircncia da autora Os textos disponibil izados pelo curso
foram tambeacutem objeto de anaacutelise
Apoacutes levantamento dos conteuacutedos a serem analisados no
presente trabalho foram cumpridas as seguintes etapas
bull Elaborada a primeira redaccedilatildeo da monograf ia
bull Anaacutelise do conteuacutedo redigido e submetida a avaliaccedilatildeo da
orientadora
bull Redaccedilatildeo definit iva da monograf ia
bull Formataccedilatildeo e arte f inal do conteuacutedo
bull Revisatildeo geral da monograf ia
bull Entrega do trabalho na UCAM
Esta metodologia foi rigorosamente observada e os resultados
aparecem no texto f inal que compreende a presente monograf ia
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtilde0 9
CAPIacuteTULO I - A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO 11
11- As Etapas do Graf ismo e o Desenvolvimento Infantil 15
CAPIacuteTULO II - A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA
INFANTIL 20
21- O graf ismo como exerciacutecio de autonomia 22
22- A relaccedilatildeo entre o graf ismo e a escrita 25
CAPIacuteTULO III - A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO GRAFISMO 28
31- Sobre a Aprendizagem Infantil 28
32- Recursos pedagoacutegicos direcionados ao Graf ismo Infantil 29
33- Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do graf ismo 30
34- Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Graf ismo 32
35- A evoluccedilatildeo do graf ismo para Piaget 35
CONCLUSAtildeO 40
REFEREcircNCIAS 41
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 43
9
INTRODUCcedilAtildeO
Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como
negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos
da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de
atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio
aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao
sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos
Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo
do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do
desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira
espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila
Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se
expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como
desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma
ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como
motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do
autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em
trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover
maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto
O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a
forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a
realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que
promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive
Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser
considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo
O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no
desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a
escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo
apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem
exemplos que revelam as etapas do graf ismo
10
Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a
educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute
fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e
ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir
a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo
entre o aluno e o professor
11
CAPIacuteTULO I
A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a
crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos
modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade
que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou
qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia
da crianccedila se expressa Wallon af irma
A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)
Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo
paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com
surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o
momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto
eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem
expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo
graacutef ico-plaacutest ica
A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente
e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade
expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias
que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e
o que estaacute representado no papel
Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas
e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto
desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e
compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos
rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil
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O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e
sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se
torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O
ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo
a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma
O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)
De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da
realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis
que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho
e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de
acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de
mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma
diferente pelo ldquoart istardquo
Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu
universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas
vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de
emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente
tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos
Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes
Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de
elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de
que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave
crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo
protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as
histoacuterias do cot idiano por meio das imagens
13
O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba
por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente
Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da
exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de
mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade
A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas
vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua
identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila
consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O
desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o
desenvolvimento do indiviacuteduo
Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona
outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade
indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do
imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda
natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer
correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo
Para Lowenfeld e Brittain
( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)
O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade
Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa
com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos
objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem
sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de
transmissatildeo de ideias
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O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e
projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo
do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a
vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A
accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja
necessariamente condicionado por estiacutemulos externos
Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo
desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)
Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)
Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com
a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis
de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir
modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria
tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e
consequumlentemente a sua produccedilatildeo
Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que
podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo
desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a
impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O
caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute
potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos
sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado
diferenciado
15
A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que
suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser
respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico
da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando
no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil
O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a
f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a
compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como
primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e
as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e
seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica
Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise
do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o
educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da
representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o
educando
Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de
perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido
sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma
avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para
interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de
perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos
seus educandos
11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no
proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem
com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o
estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a
probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas
jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade
16
O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos
ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia
a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de
se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l
Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a
expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que
possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e
vir Derdyk (1989) destaca que
A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)
O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes
demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os
limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos
visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o
conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base
para a experiecircncia esteacutetica
No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em
formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila
vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos
mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras
manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de
proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de
preocupaccedilatildeo
As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo
objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo
Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou
[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
17
Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do
graf ismo infantil em
(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao
simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se
totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao
que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas
(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel
perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior
elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que
identif icam os objetos representados
(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo
mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no
entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume
(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem
plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo
e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho
Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do
graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as
idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em
uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique
atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da
crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento
(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em
a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo
respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e
o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser
materiais resistentes grandes e grossos
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
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Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
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FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
DEDICATOacuteRIA
Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em mim
Agraves minhas f i lhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor dos vinte e poucos anos
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e compreensatildeo Obrigada por fazer parte da minha vida por ser essa grande pessoa que vocecirc eacute Te amo muito
Agradeccedilo agraves minhas duas f i lhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles foram muito importantes para a real izaccedilatildeo dessa graduaccedilatildeo Amo muito vocecircs
Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
E se faccedilo chover com dois r iscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
Num instante imagino uma l inda gaivota a voar no ceacuteu
AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
RESUMO
Esta monograf ia aborda o tema do graf ismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a importacircncia de se trabalhar com o luacutedico de forma a motivar o processo evolut ivo na infacircncia O desenho se apresenta como uma importante ferramenta para a interaccedilatildeo do aluno sendo o professor responsaacutevel por dar o devido cuidado as diversas etapas do graf ismo que tambeacutem satildeo abordadas no estudo em questatildeo A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica eacute fundamental ao desenvolvimento infantil por trabalhar com a imaginaccedilatildeo auxil iando a crianccedila a se relacionar com ela com outros e com o ambiente em que vive Atraveacutes da arte criativa do graf ismo a crianccedila expressa seu universo revelando o seu conhecimento do mundo Simultaneamente se datildeo outras manifestaccedilotildees que possibil itam que ela caminhe pelo imaginaacuterio engrandecendo o seu processo de aprendizagem O estudo reuacutene bibliograf ia pertinente e pretende se aliar a tantos outros que primam pela excelecircncia da educaccedilatildeo atraveacutes de ferramentas criativas e de avaliaccedilotildees mais contextualizadas Palavras chave Graf ismo Educaccedilatildeo Desenho Crianccedila
METODOLOGIA
A Metodologia adotada buscou a exploraccedilatildeo do tema com fontes
bibl iograacutef icas contidas em l ivros publicaccedilotildees revistas especializadas
artigos e sites eletrocircnicos
A bibl iograf ia baacutesica foi composta de livros sugeridos pelo
orientador e dos principais autores que abordam o tema Foram uacuteteis
alguns trabalhos acadecircmicos realizados durante o curso de graduaccedilatildeo
e a proacutepria experiecircncia da autora Os textos disponibil izados pelo curso
foram tambeacutem objeto de anaacutelise
Apoacutes levantamento dos conteuacutedos a serem analisados no
presente trabalho foram cumpridas as seguintes etapas
bull Elaborada a primeira redaccedilatildeo da monograf ia
bull Anaacutelise do conteuacutedo redigido e submetida a avaliaccedilatildeo da
orientadora
bull Redaccedilatildeo definit iva da monograf ia
bull Formataccedilatildeo e arte f inal do conteuacutedo
bull Revisatildeo geral da monograf ia
bull Entrega do trabalho na UCAM
Esta metodologia foi rigorosamente observada e os resultados
aparecem no texto f inal que compreende a presente monograf ia
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtilde0 9
CAPIacuteTULO I - A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO 11
11- As Etapas do Graf ismo e o Desenvolvimento Infantil 15
CAPIacuteTULO II - A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA
INFANTIL 20
21- O graf ismo como exerciacutecio de autonomia 22
22- A relaccedilatildeo entre o graf ismo e a escrita 25
CAPIacuteTULO III - A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO GRAFISMO 28
31- Sobre a Aprendizagem Infantil 28
32- Recursos pedagoacutegicos direcionados ao Graf ismo Infantil 29
33- Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do graf ismo 30
34- Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Graf ismo 32
35- A evoluccedilatildeo do graf ismo para Piaget 35
CONCLUSAtildeO 40
REFEREcircNCIAS 41
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 43
9
INTRODUCcedilAtildeO
Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como
negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos
da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de
atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio
aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao
sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos
Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo
do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do
desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira
espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila
Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se
expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como
desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma
ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como
motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do
autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em
trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover
maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto
O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a
forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a
realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que
promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive
Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser
considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo
O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no
desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a
escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo
apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem
exemplos que revelam as etapas do graf ismo
10
Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a
educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute
fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e
ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir
a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo
entre o aluno e o professor
11
CAPIacuteTULO I
A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a
crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos
modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade
que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou
qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia
da crianccedila se expressa Wallon af irma
A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)
Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo
paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com
surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o
momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto
eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem
expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo
graacutef ico-plaacutest ica
A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente
e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade
expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias
que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e
o que estaacute representado no papel
Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas
e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto
desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e
compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos
rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil
12
O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e
sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se
torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O
ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo
a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma
O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)
De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da
realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis
que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho
e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de
acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de
mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma
diferente pelo ldquoart istardquo
Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu
universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas
vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de
emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente
tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos
Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes
Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de
elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de
que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave
crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo
protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as
histoacuterias do cot idiano por meio das imagens
13
O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba
por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente
Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da
exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de
mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade
A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas
vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua
identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila
consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O
desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o
desenvolvimento do indiviacuteduo
Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona
outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade
indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do
imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda
natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer
correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo
Para Lowenfeld e Brittain
( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)
O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade
Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa
com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos
objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem
sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de
transmissatildeo de ideias
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O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e
projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo
do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a
vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A
accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja
necessariamente condicionado por estiacutemulos externos
Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo
desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)
Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)
Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com
a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis
de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir
modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria
tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e
consequumlentemente a sua produccedilatildeo
Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que
podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo
desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a
impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O
caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute
potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos
sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado
diferenciado
15
A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que
suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser
respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico
da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando
no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil
O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a
f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a
compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como
primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e
as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e
seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica
Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise
do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o
educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da
representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o
educando
Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de
perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido
sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma
avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para
interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de
perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos
seus educandos
11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no
proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem
com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o
estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a
probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas
jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade
16
O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos
ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia
a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de
se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l
Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a
expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que
possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e
vir Derdyk (1989) destaca que
A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)
O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes
demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os
limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos
visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o
conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base
para a experiecircncia esteacutetica
No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em
formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila
vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos
mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras
manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de
proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de
preocupaccedilatildeo
As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo
objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo
Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou
[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
17
Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do
graf ismo infantil em
(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao
simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se
totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao
que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas
(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel
perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior
elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que
identif icam os objetos representados
(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo
mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no
entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume
(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem
plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo
e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho
Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do
graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as
idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em
uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique
atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da
crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento
(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em
a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo
respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e
o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser
materiais resistentes grandes e grossos
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
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42
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httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e compreensatildeo Obrigada por fazer parte da minha vida por ser essa grande pessoa que vocecirc eacute Te amo muito
Agradeccedilo agraves minhas duas f i lhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles foram muito importantes para a real izaccedilatildeo dessa graduaccedilatildeo Amo muito vocecircs
Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
E se faccedilo chover com dois r iscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
Num instante imagino uma l inda gaivota a voar no ceacuteu
AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
RESUMO
Esta monograf ia aborda o tema do graf ismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a importacircncia de se trabalhar com o luacutedico de forma a motivar o processo evolut ivo na infacircncia O desenho se apresenta como uma importante ferramenta para a interaccedilatildeo do aluno sendo o professor responsaacutevel por dar o devido cuidado as diversas etapas do graf ismo que tambeacutem satildeo abordadas no estudo em questatildeo A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica eacute fundamental ao desenvolvimento infantil por trabalhar com a imaginaccedilatildeo auxil iando a crianccedila a se relacionar com ela com outros e com o ambiente em que vive Atraveacutes da arte criativa do graf ismo a crianccedila expressa seu universo revelando o seu conhecimento do mundo Simultaneamente se datildeo outras manifestaccedilotildees que possibil itam que ela caminhe pelo imaginaacuterio engrandecendo o seu processo de aprendizagem O estudo reuacutene bibliograf ia pertinente e pretende se aliar a tantos outros que primam pela excelecircncia da educaccedilatildeo atraveacutes de ferramentas criativas e de avaliaccedilotildees mais contextualizadas Palavras chave Graf ismo Educaccedilatildeo Desenho Crianccedila
METODOLOGIA
A Metodologia adotada buscou a exploraccedilatildeo do tema com fontes
bibl iograacutef icas contidas em l ivros publicaccedilotildees revistas especializadas
artigos e sites eletrocircnicos
A bibl iograf ia baacutesica foi composta de livros sugeridos pelo
orientador e dos principais autores que abordam o tema Foram uacuteteis
alguns trabalhos acadecircmicos realizados durante o curso de graduaccedilatildeo
e a proacutepria experiecircncia da autora Os textos disponibil izados pelo curso
foram tambeacutem objeto de anaacutelise
Apoacutes levantamento dos conteuacutedos a serem analisados no
presente trabalho foram cumpridas as seguintes etapas
bull Elaborada a primeira redaccedilatildeo da monograf ia
bull Anaacutelise do conteuacutedo redigido e submetida a avaliaccedilatildeo da
orientadora
bull Redaccedilatildeo definit iva da monograf ia
bull Formataccedilatildeo e arte f inal do conteuacutedo
bull Revisatildeo geral da monograf ia
bull Entrega do trabalho na UCAM
Esta metodologia foi rigorosamente observada e os resultados
aparecem no texto f inal que compreende a presente monograf ia
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtilde0 9
CAPIacuteTULO I - A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO 11
11- As Etapas do Graf ismo e o Desenvolvimento Infantil 15
CAPIacuteTULO II - A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA
INFANTIL 20
21- O graf ismo como exerciacutecio de autonomia 22
22- A relaccedilatildeo entre o graf ismo e a escrita 25
CAPIacuteTULO III - A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO GRAFISMO 28
31- Sobre a Aprendizagem Infantil 28
32- Recursos pedagoacutegicos direcionados ao Graf ismo Infantil 29
33- Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do graf ismo 30
34- Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Graf ismo 32
35- A evoluccedilatildeo do graf ismo para Piaget 35
CONCLUSAtildeO 40
REFEREcircNCIAS 41
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 43
9
INTRODUCcedilAtildeO
Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como
negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos
da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de
atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio
aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao
sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos
Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo
do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do
desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira
espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila
Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se
expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como
desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma
ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como
motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do
autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em
trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover
maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto
O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a
forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a
realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que
promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive
Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser
considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo
O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no
desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a
escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo
apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem
exemplos que revelam as etapas do graf ismo
10
Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a
educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute
fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e
ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir
a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo
entre o aluno e o professor
11
CAPIacuteTULO I
A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a
crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos
modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade
que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou
qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia
da crianccedila se expressa Wallon af irma
A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)
Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo
paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com
surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o
momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto
eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem
expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo
graacutef ico-plaacutest ica
A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente
e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade
expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias
que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e
o que estaacute representado no papel
Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas
e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto
desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e
compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos
rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil
12
O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e
sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se
torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O
ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo
a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma
O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)
De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da
realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis
que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho
e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de
acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de
mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma
diferente pelo ldquoart istardquo
Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu
universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas
vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de
emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente
tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos
Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes
Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de
elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de
que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave
crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo
protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as
histoacuterias do cot idiano por meio das imagens
13
O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba
por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente
Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da
exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de
mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade
A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas
vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua
identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila
consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O
desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o
desenvolvimento do indiviacuteduo
Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona
outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade
indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do
imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda
natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer
correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo
Para Lowenfeld e Brittain
( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)
O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade
Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa
com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos
objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem
sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de
transmissatildeo de ideias
14
O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e
projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo
do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a
vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A
accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja
necessariamente condicionado por estiacutemulos externos
Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo
desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)
Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)
Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com
a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis
de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir
modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria
tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e
consequumlentemente a sua produccedilatildeo
Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que
podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo
desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a
impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O
caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute
potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos
sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado
diferenciado
15
A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que
suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser
respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico
da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando
no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil
O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a
f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a
compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como
primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e
as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e
seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica
Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise
do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o
educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da
representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o
educando
Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de
perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido
sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma
avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para
interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de
perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos
seus educandos
11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no
proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem
com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o
estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a
probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas
jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade
16
O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos
ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia
a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de
se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l
Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a
expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que
possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e
vir Derdyk (1989) destaca que
A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)
O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes
demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os
limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos
visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o
conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base
para a experiecircncia esteacutetica
No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em
formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila
vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos
mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras
manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de
proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de
preocupaccedilatildeo
As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo
objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo
Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou
[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
17
Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do
graf ismo infantil em
(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao
simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se
totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao
que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas
(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel
perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior
elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que
identif icam os objetos representados
(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo
mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no
entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume
(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem
plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo
e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho
Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do
graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as
idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em
uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique
atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da
crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento
(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em
a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo
respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e
o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser
materiais resistentes grandes e grossos
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
E se faccedilo chover com dois r iscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
Num instante imagino uma l inda gaivota a voar no ceacuteu
AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
RESUMO
Esta monograf ia aborda o tema do graf ismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a importacircncia de se trabalhar com o luacutedico de forma a motivar o processo evolut ivo na infacircncia O desenho se apresenta como uma importante ferramenta para a interaccedilatildeo do aluno sendo o professor responsaacutevel por dar o devido cuidado as diversas etapas do graf ismo que tambeacutem satildeo abordadas no estudo em questatildeo A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica eacute fundamental ao desenvolvimento infantil por trabalhar com a imaginaccedilatildeo auxil iando a crianccedila a se relacionar com ela com outros e com o ambiente em que vive Atraveacutes da arte criativa do graf ismo a crianccedila expressa seu universo revelando o seu conhecimento do mundo Simultaneamente se datildeo outras manifestaccedilotildees que possibil itam que ela caminhe pelo imaginaacuterio engrandecendo o seu processo de aprendizagem O estudo reuacutene bibliograf ia pertinente e pretende se aliar a tantos outros que primam pela excelecircncia da educaccedilatildeo atraveacutes de ferramentas criativas e de avaliaccedilotildees mais contextualizadas Palavras chave Graf ismo Educaccedilatildeo Desenho Crianccedila
METODOLOGIA
A Metodologia adotada buscou a exploraccedilatildeo do tema com fontes
bibl iograacutef icas contidas em l ivros publicaccedilotildees revistas especializadas
artigos e sites eletrocircnicos
A bibl iograf ia baacutesica foi composta de livros sugeridos pelo
orientador e dos principais autores que abordam o tema Foram uacuteteis
alguns trabalhos acadecircmicos realizados durante o curso de graduaccedilatildeo
e a proacutepria experiecircncia da autora Os textos disponibil izados pelo curso
foram tambeacutem objeto de anaacutelise
Apoacutes levantamento dos conteuacutedos a serem analisados no
presente trabalho foram cumpridas as seguintes etapas
bull Elaborada a primeira redaccedilatildeo da monograf ia
bull Anaacutelise do conteuacutedo redigido e submetida a avaliaccedilatildeo da
orientadora
bull Redaccedilatildeo definit iva da monograf ia
bull Formataccedilatildeo e arte f inal do conteuacutedo
bull Revisatildeo geral da monograf ia
bull Entrega do trabalho na UCAM
Esta metodologia foi rigorosamente observada e os resultados
aparecem no texto f inal que compreende a presente monograf ia
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtilde0 9
CAPIacuteTULO I - A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO 11
11- As Etapas do Graf ismo e o Desenvolvimento Infantil 15
CAPIacuteTULO II - A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA
INFANTIL 20
21- O graf ismo como exerciacutecio de autonomia 22
22- A relaccedilatildeo entre o graf ismo e a escrita 25
CAPIacuteTULO III - A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO GRAFISMO 28
31- Sobre a Aprendizagem Infantil 28
32- Recursos pedagoacutegicos direcionados ao Graf ismo Infantil 29
33- Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do graf ismo 30
34- Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Graf ismo 32
35- A evoluccedilatildeo do graf ismo para Piaget 35
CONCLUSAtildeO 40
REFEREcircNCIAS 41
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 43
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INTRODUCcedilAtildeO
Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como
negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos
da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de
atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio
aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao
sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos
Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo
do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do
desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira
espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila
Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se
expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como
desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma
ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como
motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do
autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em
trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover
maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto
O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a
forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a
realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que
promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive
Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser
considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo
O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no
desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a
escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo
apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem
exemplos que revelam as etapas do graf ismo
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Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a
educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute
fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e
ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir
a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo
entre o aluno e o professor
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CAPIacuteTULO I
A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a
crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos
modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade
que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou
qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia
da crianccedila se expressa Wallon af irma
A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)
Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo
paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com
surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o
momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto
eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem
expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo
graacutef ico-plaacutest ica
A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente
e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade
expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias
que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e
o que estaacute representado no papel
Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas
e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto
desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e
compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos
rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil
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O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e
sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se
torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O
ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo
a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma
O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)
De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da
realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis
que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho
e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de
acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de
mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma
diferente pelo ldquoart istardquo
Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu
universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas
vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de
emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente
tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos
Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes
Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de
elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de
que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave
crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo
protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as
histoacuterias do cot idiano por meio das imagens
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O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba
por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente
Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da
exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de
mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade
A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas
vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua
identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila
consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O
desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o
desenvolvimento do indiviacuteduo
Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona
outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade
indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do
imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda
natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer
correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo
Para Lowenfeld e Brittain
( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)
O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade
Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa
com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos
objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem
sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de
transmissatildeo de ideias
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O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e
projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo
do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a
vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A
accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja
necessariamente condicionado por estiacutemulos externos
Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo
desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)
Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)
Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com
a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis
de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir
modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria
tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e
consequumlentemente a sua produccedilatildeo
Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que
podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo
desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a
impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O
caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute
potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos
sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado
diferenciado
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A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que
suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser
respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico
da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando
no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil
O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a
f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a
compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como
primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e
as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e
seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica
Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise
do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o
educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da
representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o
educando
Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de
perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido
sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma
avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para
interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de
perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos
seus educandos
11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no
proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem
com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o
estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a
probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas
jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade
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O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos
ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia
a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de
se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l
Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a
expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que
possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e
vir Derdyk (1989) destaca que
A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)
O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes
demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os
limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos
visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o
conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base
para a experiecircncia esteacutetica
No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em
formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila
vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos
mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras
manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de
proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de
preocupaccedilatildeo
As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo
objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo
Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou
[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
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Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do
graf ismo infantil em
(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao
simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se
totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao
que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas
(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel
perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior
elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que
identif icam os objetos representados
(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo
mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no
entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume
(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem
plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo
e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho
Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do
graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as
idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em
uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique
atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da
crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento
(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em
a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo
respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e
o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser
materiais resistentes grandes e grossos
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
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A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
RESUMO
Esta monograf ia aborda o tema do graf ismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a importacircncia de se trabalhar com o luacutedico de forma a motivar o processo evolut ivo na infacircncia O desenho se apresenta como uma importante ferramenta para a interaccedilatildeo do aluno sendo o professor responsaacutevel por dar o devido cuidado as diversas etapas do graf ismo que tambeacutem satildeo abordadas no estudo em questatildeo A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica eacute fundamental ao desenvolvimento infantil por trabalhar com a imaginaccedilatildeo auxil iando a crianccedila a se relacionar com ela com outros e com o ambiente em que vive Atraveacutes da arte criativa do graf ismo a crianccedila expressa seu universo revelando o seu conhecimento do mundo Simultaneamente se datildeo outras manifestaccedilotildees que possibil itam que ela caminhe pelo imaginaacuterio engrandecendo o seu processo de aprendizagem O estudo reuacutene bibliograf ia pertinente e pretende se aliar a tantos outros que primam pela excelecircncia da educaccedilatildeo atraveacutes de ferramentas criativas e de avaliaccedilotildees mais contextualizadas Palavras chave Graf ismo Educaccedilatildeo Desenho Crianccedila
METODOLOGIA
A Metodologia adotada buscou a exploraccedilatildeo do tema com fontes
bibl iograacutef icas contidas em l ivros publicaccedilotildees revistas especializadas
artigos e sites eletrocircnicos
A bibl iograf ia baacutesica foi composta de livros sugeridos pelo
orientador e dos principais autores que abordam o tema Foram uacuteteis
alguns trabalhos acadecircmicos realizados durante o curso de graduaccedilatildeo
e a proacutepria experiecircncia da autora Os textos disponibil izados pelo curso
foram tambeacutem objeto de anaacutelise
Apoacutes levantamento dos conteuacutedos a serem analisados no
presente trabalho foram cumpridas as seguintes etapas
bull Elaborada a primeira redaccedilatildeo da monograf ia
bull Anaacutelise do conteuacutedo redigido e submetida a avaliaccedilatildeo da
orientadora
bull Redaccedilatildeo definit iva da monograf ia
bull Formataccedilatildeo e arte f inal do conteuacutedo
bull Revisatildeo geral da monograf ia
bull Entrega do trabalho na UCAM
Esta metodologia foi rigorosamente observada e os resultados
aparecem no texto f inal que compreende a presente monograf ia
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtilde0 9
CAPIacuteTULO I - A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO 11
11- As Etapas do Graf ismo e o Desenvolvimento Infantil 15
CAPIacuteTULO II - A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA
INFANTIL 20
21- O graf ismo como exerciacutecio de autonomia 22
22- A relaccedilatildeo entre o graf ismo e a escrita 25
CAPIacuteTULO III - A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO GRAFISMO 28
31- Sobre a Aprendizagem Infantil 28
32- Recursos pedagoacutegicos direcionados ao Graf ismo Infantil 29
33- Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do graf ismo 30
34- Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Graf ismo 32
35- A evoluccedilatildeo do graf ismo para Piaget 35
CONCLUSAtildeO 40
REFEREcircNCIAS 41
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 43
9
INTRODUCcedilAtildeO
Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como
negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos
da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de
atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio
aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao
sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos
Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo
do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do
desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira
espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila
Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se
expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como
desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma
ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como
motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do
autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em
trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover
maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto
O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a
forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a
realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que
promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive
Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser
considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo
O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no
desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a
escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo
apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem
exemplos que revelam as etapas do graf ismo
10
Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a
educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute
fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e
ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir
a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo
entre o aluno e o professor
11
CAPIacuteTULO I
A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a
crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos
modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade
que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou
qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia
da crianccedila se expressa Wallon af irma
A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)
Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo
paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com
surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o
momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto
eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem
expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo
graacutef ico-plaacutest ica
A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente
e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade
expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias
que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e
o que estaacute representado no papel
Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas
e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto
desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e
compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos
rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil
12
O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e
sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se
torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O
ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo
a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma
O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)
De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da
realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis
que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho
e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de
acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de
mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma
diferente pelo ldquoart istardquo
Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu
universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas
vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de
emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente
tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos
Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes
Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de
elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de
que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave
crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo
protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as
histoacuterias do cot idiano por meio das imagens
13
O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba
por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente
Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da
exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de
mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade
A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas
vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua
identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila
consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O
desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o
desenvolvimento do indiviacuteduo
Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona
outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade
indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do
imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda
natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer
correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo
Para Lowenfeld e Brittain
( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)
O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade
Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa
com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos
objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem
sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de
transmissatildeo de ideias
14
O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e
projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo
do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a
vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A
accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja
necessariamente condicionado por estiacutemulos externos
Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo
desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)
Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)
Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com
a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis
de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir
modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria
tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e
consequumlentemente a sua produccedilatildeo
Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que
podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo
desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a
impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O
caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute
potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos
sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado
diferenciado
15
A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que
suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser
respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico
da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando
no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil
O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a
f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a
compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como
primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e
as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e
seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica
Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise
do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o
educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da
representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o
educando
Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de
perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido
sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma
avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para
interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de
perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos
seus educandos
11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no
proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem
com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o
estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a
probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas
jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade
16
O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos
ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia
a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de
se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l
Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a
expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que
possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e
vir Derdyk (1989) destaca que
A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)
O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes
demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os
limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos
visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o
conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base
para a experiecircncia esteacutetica
No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em
formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila
vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos
mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras
manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de
proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de
preocupaccedilatildeo
As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo
objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo
Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou
[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
17
Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do
graf ismo infantil em
(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao
simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se
totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao
que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas
(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel
perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior
elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que
identif icam os objetos representados
(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo
mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no
entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume
(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem
plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo
e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho
Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do
graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as
idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em
uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique
atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da
crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento
(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em
a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo
respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e
o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser
materiais resistentes grandes e grossos
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
METODOLOGIA
A Metodologia adotada buscou a exploraccedilatildeo do tema com fontes
bibl iograacutef icas contidas em l ivros publicaccedilotildees revistas especializadas
artigos e sites eletrocircnicos
A bibl iograf ia baacutesica foi composta de livros sugeridos pelo
orientador e dos principais autores que abordam o tema Foram uacuteteis
alguns trabalhos acadecircmicos realizados durante o curso de graduaccedilatildeo
e a proacutepria experiecircncia da autora Os textos disponibil izados pelo curso
foram tambeacutem objeto de anaacutelise
Apoacutes levantamento dos conteuacutedos a serem analisados no
presente trabalho foram cumpridas as seguintes etapas
bull Elaborada a primeira redaccedilatildeo da monograf ia
bull Anaacutelise do conteuacutedo redigido e submetida a avaliaccedilatildeo da
orientadora
bull Redaccedilatildeo definit iva da monograf ia
bull Formataccedilatildeo e arte f inal do conteuacutedo
bull Revisatildeo geral da monograf ia
bull Entrega do trabalho na UCAM
Esta metodologia foi rigorosamente observada e os resultados
aparecem no texto f inal que compreende a presente monograf ia
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtilde0 9
CAPIacuteTULO I - A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO 11
11- As Etapas do Graf ismo e o Desenvolvimento Infantil 15
CAPIacuteTULO II - A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA
INFANTIL 20
21- O graf ismo como exerciacutecio de autonomia 22
22- A relaccedilatildeo entre o graf ismo e a escrita 25
CAPIacuteTULO III - A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO GRAFISMO 28
31- Sobre a Aprendizagem Infantil 28
32- Recursos pedagoacutegicos direcionados ao Graf ismo Infantil 29
33- Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do graf ismo 30
34- Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Graf ismo 32
35- A evoluccedilatildeo do graf ismo para Piaget 35
CONCLUSAtildeO 40
REFEREcircNCIAS 41
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 43
9
INTRODUCcedilAtildeO
Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como
negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos
da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de
atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio
aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao
sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos
Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo
do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do
desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira
espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila
Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se
expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como
desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma
ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como
motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do
autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em
trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover
maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto
O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a
forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a
realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que
promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive
Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser
considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo
O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no
desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a
escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo
apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem
exemplos que revelam as etapas do graf ismo
10
Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a
educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute
fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e
ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir
a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo
entre o aluno e o professor
11
CAPIacuteTULO I
A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a
crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos
modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade
que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou
qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia
da crianccedila se expressa Wallon af irma
A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)
Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo
paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com
surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o
momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto
eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem
expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo
graacutef ico-plaacutest ica
A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente
e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade
expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias
que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e
o que estaacute representado no papel
Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas
e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto
desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e
compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos
rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil
12
O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e
sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se
torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O
ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo
a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma
O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)
De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da
realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis
que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho
e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de
acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de
mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma
diferente pelo ldquoart istardquo
Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu
universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas
vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de
emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente
tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos
Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes
Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de
elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de
que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave
crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo
protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as
histoacuterias do cot idiano por meio das imagens
13
O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba
por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente
Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da
exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de
mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade
A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas
vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua
identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila
consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O
desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o
desenvolvimento do indiviacuteduo
Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona
outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade
indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do
imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda
natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer
correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo
Para Lowenfeld e Brittain
( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)
O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade
Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa
com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos
objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem
sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de
transmissatildeo de ideias
14
O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e
projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo
do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a
vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A
accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja
necessariamente condicionado por estiacutemulos externos
Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo
desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)
Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)
Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com
a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis
de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir
modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria
tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e
consequumlentemente a sua produccedilatildeo
Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que
podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo
desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a
impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O
caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute
potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos
sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado
diferenciado
15
A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que
suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser
respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico
da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando
no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil
O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a
f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a
compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como
primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e
as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e
seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica
Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise
do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o
educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da
representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o
educando
Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de
perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido
sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma
avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para
interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de
perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos
seus educandos
11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no
proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem
com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o
estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a
probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas
jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade
16
O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos
ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia
a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de
se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l
Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a
expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que
possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e
vir Derdyk (1989) destaca que
A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)
O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes
demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os
limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos
visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o
conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base
para a experiecircncia esteacutetica
No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em
formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila
vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos
mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras
manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de
proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de
preocupaccedilatildeo
As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo
objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo
Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou
[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
17
Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do
graf ismo infantil em
(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao
simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se
totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao
que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas
(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel
perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior
elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que
identif icam os objetos representados
(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo
mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no
entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume
(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem
plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo
e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho
Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do
graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as
idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em
uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique
atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da
crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento
(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em
a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo
respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e
o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser
materiais resistentes grandes e grossos
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtilde0 9
CAPIacuteTULO I - A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO 11
11- As Etapas do Graf ismo e o Desenvolvimento Infantil 15
CAPIacuteTULO II - A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA
INFANTIL 20
21- O graf ismo como exerciacutecio de autonomia 22
22- A relaccedilatildeo entre o graf ismo e a escrita 25
CAPIacuteTULO III - A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO GRAFISMO 28
31- Sobre a Aprendizagem Infantil 28
32- Recursos pedagoacutegicos direcionados ao Graf ismo Infantil 29
33- Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do graf ismo 30
34- Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Graf ismo 32
35- A evoluccedilatildeo do graf ismo para Piaget 35
CONCLUSAtildeO 40
REFEREcircNCIAS 41
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 43
9
INTRODUCcedilAtildeO
Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como
negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos
da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de
atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio
aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao
sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos
Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo
do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do
desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira
espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila
Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se
expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como
desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma
ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como
motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do
autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em
trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover
maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto
O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a
forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a
realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que
promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive
Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser
considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo
O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no
desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a
escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo
apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem
exemplos que revelam as etapas do graf ismo
10
Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a
educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute
fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e
ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir
a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo
entre o aluno e o professor
11
CAPIacuteTULO I
A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a
crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos
modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade
que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou
qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia
da crianccedila se expressa Wallon af irma
A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)
Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo
paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com
surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o
momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto
eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem
expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo
graacutef ico-plaacutest ica
A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente
e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade
expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias
que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e
o que estaacute representado no papel
Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas
e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto
desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e
compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos
rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil
12
O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e
sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se
torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O
ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo
a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma
O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)
De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da
realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis
que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho
e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de
acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de
mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma
diferente pelo ldquoart istardquo
Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu
universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas
vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de
emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente
tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos
Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes
Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de
elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de
que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave
crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo
protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as
histoacuterias do cot idiano por meio das imagens
13
O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba
por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente
Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da
exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de
mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade
A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas
vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua
identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila
consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O
desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o
desenvolvimento do indiviacuteduo
Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona
outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade
indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do
imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda
natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer
correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo
Para Lowenfeld e Brittain
( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)
O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade
Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa
com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos
objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem
sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de
transmissatildeo de ideias
14
O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e
projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo
do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a
vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A
accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja
necessariamente condicionado por estiacutemulos externos
Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo
desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)
Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)
Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com
a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis
de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir
modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria
tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e
consequumlentemente a sua produccedilatildeo
Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que
podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo
desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a
impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O
caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute
potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos
sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado
diferenciado
15
A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que
suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser
respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico
da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando
no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil
O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a
f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a
compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como
primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e
as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e
seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica
Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise
do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o
educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da
representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o
educando
Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de
perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido
sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma
avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para
interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de
perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos
seus educandos
11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no
proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem
com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o
estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a
probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas
jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade
16
O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos
ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia
a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de
se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l
Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a
expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que
possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e
vir Derdyk (1989) destaca que
A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)
O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes
demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os
limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos
visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o
conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base
para a experiecircncia esteacutetica
No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em
formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila
vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos
mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras
manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de
proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de
preocupaccedilatildeo
As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo
objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo
Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou
[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
17
Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do
graf ismo infantil em
(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao
simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se
totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao
que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas
(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel
perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior
elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que
identif icam os objetos representados
(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo
mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no
entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume
(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem
plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo
e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho
Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do
graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as
idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em
uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique
atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da
crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento
(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em
a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo
respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e
o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser
materiais resistentes grandes e grossos
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
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VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
9
INTRODUCcedilAtildeO
Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como
negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos
da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de
atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio
aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao
sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos
Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo
do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do
desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira
espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila
Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se
expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como
desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma
ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como
motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do
autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em
trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover
maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto
O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a
forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a
realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que
promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive
Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser
considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo
O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no
desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a
escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo
apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem
exemplos que revelam as etapas do graf ismo
10
Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a
educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute
fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e
ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir
a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo
entre o aluno e o professor
11
CAPIacuteTULO I
A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a
crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos
modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade
que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou
qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia
da crianccedila se expressa Wallon af irma
A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)
Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo
paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com
surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o
momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto
eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem
expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo
graacutef ico-plaacutest ica
A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente
e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade
expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias
que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e
o que estaacute representado no papel
Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas
e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto
desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e
compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos
rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil
12
O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e
sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se
torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O
ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo
a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma
O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)
De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da
realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis
que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho
e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de
acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de
mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma
diferente pelo ldquoart istardquo
Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu
universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas
vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de
emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente
tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos
Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes
Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de
elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de
que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave
crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo
protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as
histoacuterias do cot idiano por meio das imagens
13
O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba
por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente
Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da
exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de
mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade
A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas
vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua
identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila
consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O
desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o
desenvolvimento do indiviacuteduo
Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona
outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade
indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do
imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda
natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer
correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo
Para Lowenfeld e Brittain
( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)
O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade
Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa
com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos
objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem
sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de
transmissatildeo de ideias
14
O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e
projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo
do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a
vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A
accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja
necessariamente condicionado por estiacutemulos externos
Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo
desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)
Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)
Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com
a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis
de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir
modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria
tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e
consequumlentemente a sua produccedilatildeo
Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que
podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo
desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a
impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O
caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute
potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos
sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado
diferenciado
15
A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que
suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser
respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico
da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando
no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil
O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a
f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a
compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como
primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e
as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e
seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica
Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise
do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o
educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da
representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o
educando
Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de
perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido
sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma
avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para
interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de
perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos
seus educandos
11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no
proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem
com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o
estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a
probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas
jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade
16
O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos
ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia
a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de
se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l
Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a
expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que
possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e
vir Derdyk (1989) destaca que
A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)
O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes
demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os
limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos
visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o
conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base
para a experiecircncia esteacutetica
No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em
formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila
vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos
mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras
manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de
proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de
preocupaccedilatildeo
As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo
objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo
Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou
[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
17
Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do
graf ismo infantil em
(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao
simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se
totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao
que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas
(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel
perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior
elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que
identif icam os objetos representados
(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo
mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no
entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume
(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem
plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo
e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho
Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do
graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as
idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em
uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique
atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da
crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento
(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em
a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo
respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e
o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser
materiais resistentes grandes e grossos
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
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Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a
educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute
fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e
ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir
a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo
entre o aluno e o professor
11
CAPIacuteTULO I
A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a
crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos
modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade
que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou
qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia
da crianccedila se expressa Wallon af irma
A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)
Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo
paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com
surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o
momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto
eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem
expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo
graacutef ico-plaacutest ica
A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente
e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade
expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias
que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e
o que estaacute representado no papel
Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas
e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto
desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e
compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos
rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil
12
O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e
sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se
torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O
ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo
a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma
O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)
De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da
realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis
que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho
e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de
acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de
mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma
diferente pelo ldquoart istardquo
Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu
universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas
vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de
emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente
tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos
Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes
Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de
elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de
que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave
crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo
protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as
histoacuterias do cot idiano por meio das imagens
13
O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba
por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente
Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da
exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de
mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade
A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas
vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua
identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila
consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O
desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o
desenvolvimento do indiviacuteduo
Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona
outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade
indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do
imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda
natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer
correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo
Para Lowenfeld e Brittain
( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)
O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade
Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa
com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos
objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem
sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de
transmissatildeo de ideias
14
O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e
projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo
do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a
vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A
accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja
necessariamente condicionado por estiacutemulos externos
Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo
desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)
Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)
Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com
a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis
de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir
modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria
tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e
consequumlentemente a sua produccedilatildeo
Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que
podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo
desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a
impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O
caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute
potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos
sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado
diferenciado
15
A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que
suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser
respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico
da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando
no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil
O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a
f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a
compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como
primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e
as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e
seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica
Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise
do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o
educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da
representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o
educando
Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de
perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido
sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma
avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para
interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de
perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos
seus educandos
11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no
proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem
com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o
estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a
probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas
jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade
16
O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos
ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia
a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de
se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l
Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a
expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que
possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e
vir Derdyk (1989) destaca que
A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)
O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes
demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os
limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos
visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o
conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base
para a experiecircncia esteacutetica
No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em
formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila
vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos
mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras
manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de
proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de
preocupaccedilatildeo
As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo
objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo
Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou
[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
17
Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do
graf ismo infantil em
(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao
simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se
totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao
que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas
(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel
perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior
elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que
identif icam os objetos representados
(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo
mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no
entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume
(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem
plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo
e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho
Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do
graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as
idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em
uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique
atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da
crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento
(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em
a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo
respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e
o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser
materiais resistentes grandes e grossos
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
11
CAPIacuteTULO I
A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a
crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos
modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade
que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou
qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia
da crianccedila se expressa Wallon af irma
A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)
Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo
paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com
surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o
momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto
eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem
expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo
graacutef ico-plaacutest ica
A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente
e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade
expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias
que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e
o que estaacute representado no papel
Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas
e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto
desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e
compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos
rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil
12
O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e
sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se
torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O
ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo
a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma
O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)
De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da
realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis
que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho
e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de
acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de
mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma
diferente pelo ldquoart istardquo
Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu
universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas
vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de
emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente
tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos
Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes
Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de
elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de
que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave
crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo
protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as
histoacuterias do cot idiano por meio das imagens
13
O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba
por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente
Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da
exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de
mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade
A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas
vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua
identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila
consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O
desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o
desenvolvimento do indiviacuteduo
Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona
outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade
indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do
imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda
natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer
correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo
Para Lowenfeld e Brittain
( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)
O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade
Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa
com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos
objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem
sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de
transmissatildeo de ideias
14
O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e
projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo
do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a
vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A
accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja
necessariamente condicionado por estiacutemulos externos
Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo
desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)
Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)
Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com
a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis
de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir
modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria
tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e
consequumlentemente a sua produccedilatildeo
Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que
podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo
desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a
impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O
caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute
potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos
sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado
diferenciado
15
A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que
suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser
respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico
da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando
no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil
O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a
f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a
compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como
primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e
as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e
seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica
Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise
do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o
educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da
representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o
educando
Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de
perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido
sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma
avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para
interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de
perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos
seus educandos
11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no
proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem
com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o
estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a
probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas
jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade
16
O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos
ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia
a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de
se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l
Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a
expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que
possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e
vir Derdyk (1989) destaca que
A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)
O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes
demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os
limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos
visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o
conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base
para a experiecircncia esteacutetica
No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em
formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila
vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos
mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras
manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de
proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de
preocupaccedilatildeo
As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo
objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo
Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou
[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
17
Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do
graf ismo infantil em
(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao
simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se
totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao
que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas
(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel
perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior
elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que
identif icam os objetos representados
(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo
mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no
entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume
(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem
plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo
e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho
Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do
graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as
idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em
uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique
atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da
crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento
(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em
a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo
respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e
o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser
materiais resistentes grandes e grossos
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
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LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
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42
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Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
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Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
12
O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e
sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se
torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O
ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo
a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma
O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)
De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da
realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis
que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho
e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de
acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de
mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma
diferente pelo ldquoart istardquo
Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu
universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas
vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de
emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente
tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos
Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes
Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de
elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de
que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave
crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo
protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as
histoacuterias do cot idiano por meio das imagens
13
O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba
por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente
Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da
exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de
mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade
A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas
vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua
identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila
consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O
desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o
desenvolvimento do indiviacuteduo
Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona
outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade
indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do
imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda
natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer
correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo
Para Lowenfeld e Brittain
( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)
O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade
Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa
com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos
objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem
sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de
transmissatildeo de ideias
14
O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e
projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo
do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a
vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A
accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja
necessariamente condicionado por estiacutemulos externos
Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo
desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)
Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)
Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com
a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis
de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir
modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria
tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e
consequumlentemente a sua produccedilatildeo
Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que
podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo
desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a
impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O
caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute
potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos
sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado
diferenciado
15
A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que
suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser
respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico
da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando
no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil
O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a
f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a
compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como
primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e
as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e
seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica
Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise
do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o
educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da
representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o
educando
Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de
perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido
sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma
avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para
interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de
perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos
seus educandos
11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no
proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem
com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o
estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a
probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas
jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade
16
O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos
ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia
a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de
se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l
Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a
expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que
possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e
vir Derdyk (1989) destaca que
A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)
O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes
demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os
limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos
visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o
conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base
para a experiecircncia esteacutetica
No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em
formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila
vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos
mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras
manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de
proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de
preocupaccedilatildeo
As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo
objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo
Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou
[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
17
Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do
graf ismo infantil em
(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao
simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se
totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao
que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas
(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel
perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior
elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que
identif icam os objetos representados
(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo
mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no
entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume
(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem
plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo
e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho
Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do
graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as
idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em
uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique
atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da
crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento
(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em
a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo
respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e
o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser
materiais resistentes grandes e grossos
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
13
O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba
por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente
Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da
exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de
mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade
A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas
vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua
identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila
consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O
desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o
desenvolvimento do indiviacuteduo
Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona
outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade
indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do
imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda
natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer
correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo
Para Lowenfeld e Brittain
( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)
O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade
Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa
com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos
objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem
sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de
transmissatildeo de ideias
14
O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e
projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo
do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a
vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A
accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja
necessariamente condicionado por estiacutemulos externos
Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo
desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)
Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)
Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com
a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis
de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir
modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria
tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e
consequumlentemente a sua produccedilatildeo
Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que
podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo
desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a
impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O
caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute
potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos
sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado
diferenciado
15
A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que
suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser
respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico
da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando
no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil
O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a
f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a
compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como
primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e
as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e
seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica
Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise
do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o
educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da
representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o
educando
Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de
perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido
sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma
avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para
interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de
perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos
seus educandos
11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no
proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem
com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o
estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a
probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas
jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade
16
O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos
ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia
a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de
se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l
Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a
expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que
possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e
vir Derdyk (1989) destaca que
A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)
O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes
demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os
limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos
visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o
conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base
para a experiecircncia esteacutetica
No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em
formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila
vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos
mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras
manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de
proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de
preocupaccedilatildeo
As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo
objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo
Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou
[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
17
Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do
graf ismo infantil em
(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao
simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se
totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao
que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas
(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel
perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior
elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que
identif icam os objetos representados
(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo
mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no
entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume
(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem
plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo
e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho
Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do
graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as
idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em
uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique
atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da
crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento
(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em
a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo
respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e
o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser
materiais resistentes grandes e grossos
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
14
O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e
projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo
do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a
vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A
accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja
necessariamente condicionado por estiacutemulos externos
Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo
desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)
Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)
Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com
a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis
de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir
modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria
tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e
consequumlentemente a sua produccedilatildeo
Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que
podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo
desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a
impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O
caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute
potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos
sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado
diferenciado
15
A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que
suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser
respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico
da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando
no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil
O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a
f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a
compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como
primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e
as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e
seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica
Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise
do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o
educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da
representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o
educando
Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de
perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido
sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma
avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para
interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de
perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos
seus educandos
11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no
proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem
com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o
estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a
probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas
jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade
16
O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos
ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia
a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de
se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l
Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a
expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que
possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e
vir Derdyk (1989) destaca que
A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)
O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes
demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os
limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos
visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o
conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base
para a experiecircncia esteacutetica
No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em
formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila
vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos
mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras
manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de
proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de
preocupaccedilatildeo
As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo
objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo
Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou
[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
17
Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do
graf ismo infantil em
(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao
simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se
totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao
que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas
(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel
perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior
elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que
identif icam os objetos representados
(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo
mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no
entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume
(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem
plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo
e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho
Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do
graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as
idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em
uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique
atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da
crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento
(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em
a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo
respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e
o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser
materiais resistentes grandes e grossos
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
15
A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que
suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser
respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico
da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando
no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil
O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a
f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a
compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como
primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e
as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e
seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica
Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise
do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o
educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da
representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o
educando
Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de
perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido
sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma
avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para
interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de
perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos
seus educandos
11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no
proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem
com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o
estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a
probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas
jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade
16
O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos
ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia
a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de
se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l
Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a
expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que
possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e
vir Derdyk (1989) destaca que
A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)
O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes
demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os
limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos
visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o
conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base
para a experiecircncia esteacutetica
No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em
formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila
vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos
mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras
manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de
proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de
preocupaccedilatildeo
As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo
objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo
Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou
[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
17
Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do
graf ismo infantil em
(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao
simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se
totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao
que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas
(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel
perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior
elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que
identif icam os objetos representados
(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo
mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no
entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume
(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem
plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo
e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho
Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do
graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as
idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em
uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique
atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da
crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento
(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em
a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo
respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e
o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser
materiais resistentes grandes e grossos
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
16
O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos
ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia
a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de
se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l
Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a
expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que
possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e
vir Derdyk (1989) destaca que
A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)
O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes
demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os
limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos
visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o
conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base
para a experiecircncia esteacutetica
No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em
formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila
vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos
mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras
manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de
proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de
preocupaccedilatildeo
As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo
objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo
Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou
[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
17
Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do
graf ismo infantil em
(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao
simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se
totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao
que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas
(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel
perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior
elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que
identif icam os objetos representados
(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo
mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no
entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume
(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem
plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo
e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho
Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do
graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as
idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em
uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique
atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da
crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento
(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em
a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo
respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e
o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser
materiais resistentes grandes e grossos
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
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OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
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SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
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Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
17
Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do
graf ismo infantil em
(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao
simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se
totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao
que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas
(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel
perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior
elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que
identif icam os objetos representados
(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo
mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no
entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume
(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem
plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo
e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho
Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do
graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as
idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em
uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique
atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da
crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento
(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em
a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo
respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e
o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser
materiais resistentes grandes e grossos
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
18
b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem
contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares
tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos
movimentos da matildeo
c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos
Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil
se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo
narrados
(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por
um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em
a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo
grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na
vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a
essas f iguras
b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho
Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for
desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da
f igura desenhada
c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma
aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel
mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD
1954 p39)
A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora
dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira
como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos
desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da
crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
19
A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores
a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que
questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma
ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila
Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito
em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos
desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute
na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta
do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
20
CAPIacuteTULO II
A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da
identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos
Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual
emocional e perceptivo
[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)
A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996
estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil
seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas
de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a
seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas
anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil
A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser
descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador
da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus
alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber
seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de
acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele
compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas
fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a
oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias
artiacutest icas
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
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SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
21
Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de
que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira
independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo
relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde
mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas
informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute
util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com
outras crianccedilas e com os adultos que a cercam
Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das
crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que
educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e
ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala
de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da
sensibil idade plaacutestica
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o
perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um
berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional
O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
22
O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em
consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica
afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo
social
O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica
pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas
acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente
a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo
a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes
21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de
experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de
expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees
graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia
O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)
Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no
Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em
1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no
acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia
de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um
continuado exerciacutecio de autonomia
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
23
Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de
expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo
para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da
educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre
jogo e aprendizado
No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo
oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso
de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos
adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo
documento
Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)
Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da
crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo
de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar
as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e
social conforme se viu anteriormente
A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila
alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um
poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa
tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde
a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo
dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados
[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
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CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
24
Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio
com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se
apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e
imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de
leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura
pintura e instalaccedilotildees)
Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas
teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os
alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo
acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus
companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees
estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico
A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante
para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute
possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de
fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e
outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta
com mais seguranccedila
Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio
infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos
de colorir feitos por adultos pois
Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
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Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
25
Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil
estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com
que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees
Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )
As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas
como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa
parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como
verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em
uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l
expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como
te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma
f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea
22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais
rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva
da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta
jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos
representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus
fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e
com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os
ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
26
In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de
representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da
cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como
est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples
representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de
t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade
motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se
fazem presentes
A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira
escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus
desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas
de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se
unem para comunicar algo
Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas
modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e
expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um
uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco
que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um
mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido
A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar
uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a
necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou
cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades
que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico
A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de
dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de
forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila
ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da
situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e
suplemento da mensagem
27
Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
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PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
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FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
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Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma
de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se
transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade
fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem
Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na
crianccedila estaacute neste deslocamento
Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a
l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que
[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)
O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa
fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo
registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no
desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode
ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser
dominado
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CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
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Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
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De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
28
CAPIacuteTULO III
A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
DO GRAFISMO
31 Sobre a Aprendizagem Infanti l
De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de
forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe
ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das
trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de
educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada
um
Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)
Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a
vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos
diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os
estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo
de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma
pessoa para outra
O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
29
Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no
vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social
O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)
Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade
inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento
cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender
As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo
enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o
desenvolvimento da crianccedila
Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em
educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para
levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a
valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano
entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande
intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna
extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior
expressatildeo dos sentimentos e desejos
32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l
Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho
funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira
o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva
a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica
Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural
o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos
processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
30
crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a
maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade
Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as
produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que
este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e
que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos
afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste
processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo
psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos
processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de
representaccedilatildeo do desenho
33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas
(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees
plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do
graf ismo tais como os relacionados a seguir
mdash O desenho espontacircneo
Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando
revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo
mdash O desenho da histoacuter ia
Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua
imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de
viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais
mdash A histoacuter ia do desenho
Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo
da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
31
mdash O desenho de vivecircncia
Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as
crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada
experiecircncia
mdash O desenho de observaccedilatildeo
Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma
imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia
graacutef ico-plaacutest ica
mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo
A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas
oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste
trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia
espontacircneo e de histoacuteria
mdash O diaacute logo graacutef ico
Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em
conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-
plaacutest ica conjunta
mdash O desenho de memoacuteria
Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as
crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-
plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
32
34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs
desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma
crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a
observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial
FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
33
Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um
extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade
motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica
FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
34
De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe
qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute
qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho
FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005
Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute
apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o
ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
35
35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que
corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional
entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que
elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila
humana
Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho
infant i l classif icam-se
mdash Garatuja Desordenada
Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se
percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos
aleatoriamente por novos traccedilados
FIGURA 4 Garatuja Desordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 32)
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
36
mdashGaratuja Ordenada
Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute
maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas
sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e
longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute
expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se
conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar
desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como
sendo outro
FIGURA 5 Garatuja Ordenada
FONTE JAPIASSU (2001 p 35)
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
37
mdash Preacute-Esquematismo
O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo
existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm
ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se
correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da
crianccedila
FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 39)
mdashEsquematismo
Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10
anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a
descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito
da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees
e o uso de siacutembolos
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
38
Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a
lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato
motor
FIGURA 7 Esquemat ismo
FONTE JAPIASSU (2001 p 41)
mdash Realismo
O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo
f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem
maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior
r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores
detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam
dist inguir o sexo
mdashPseudo Natural ismo
Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-
se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade
proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas
f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior
objet ividade e realismo
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
39
Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima
elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme
esquema abaixo
FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
41
REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml
httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html
httpwwwportalmecorgbr
43
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
40
CONCLUSAtildeO
Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave
educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos
educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo
infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma
at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior
uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais
O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo
infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do
aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do
crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da
cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado
a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da
evoluccedilatildeo da cr ianccedila
Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior
conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o
desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica
na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e
anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto
Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para
maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do
graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado
Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a
tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta
forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que
requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees
da atual idade
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REFEREcircNCIAS
DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989
HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978
SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998
42
WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo
Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971
Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
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HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993
JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001
LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977
LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954
LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969
OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982
OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002
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SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002
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Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
Sites Consultados
httpwwweducacaoonlineprobr
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Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010
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