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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA DIFICULDADES SISTÉMICAS E OPERACIONAIS NO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO Por: Francisco Paulo Bottino Orientador Prof. Dr. WILLIAM ROCHA Rio de Janeiro 2018 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · Este trabalho mostrará como é importante o direito aduaneiro e seu conhecimento especifico em uma empresa e sua essencialidade

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

DIFICULDADES SISTÉMICAS E

OPERACIONAIS NO COMÉRCIO

EXTERIOR BRASILEIRO

Por: Francisco Paulo Bottino

Orientador

Prof. Dr. WILLIAM ROCHA

Rio de Janeiro

2018 DOCUMENTO P

ROTEGID

O PELA

LEID

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EITO A

UTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

DIFICULDADES SISTÉMICAS E

OPERACIONAIS NO COMÉRCIO

EXTERIOR BRASILEIRO

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso

de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Direito Aduaneiro.

Por: Francisco Paulo Bottino

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DEDICATÓRIA

Este projeto dedica-se ao meu pai, minha

mãe, minha tia Francisca Vieira de Sousa

e amigos verdadeiros.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos grandes mestres que tive a oportunidade

de trabalhar, aos colegas que fiz durante este tempo

neste curso, a todos os professores pelos ensinamentos

me fazendo uma pessoa melhor e com mais

conhecimento e sabedoria.

E por último agradeço também a todos aqueles que

acreditaram e acreditam em mim para que consiga ajudar

a formar pessoas melhores.

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RESUMO

O objetivo deste estudo é expandir o conhecimento sobre a temática do

Comércio Exterior Brasileiro, focando no direito aduaneiro e suas

problemáticas sistêmicas, com seus elevados custos indevidos que alguns

órgãos abusivamente insistem em cobrar dos importadores e exportadores,

colocando o direito aduaneiro como principal ferramenta para se evitar tais

cobranças, com um ganho em escala favorável.

Um bom planejamento tributários, sistema de controle adequado,

interação organizacional e estratégico entre os setores, além de um bom

convívio com os intervenientes e anuentes é fundamental para que tais

empresas saibam melhor os reais custos operacionais no comércio exterior,

suas melhores opções de desembaraço e armazenagem, os benefícios através

de acordos internacionais no qual o Brasil é signatário, evitando erros graxos

como estamos habituados e ver frequentemente no mercado por total fata de

conhecimento

Tais problemas acabam prejudicando a todos, incluindo governo,

empresas, colaboradores, empresários, tornando o mercado instável, gerando

medo e impedindo uma arrecadação tributária mais justa e equiparada a real

situação do importador ou exportador, afastando diversas empresas no

segmento e deixando o Brasil menos competitivo.

Este trabalho mostrará como é importante o direito aduaneiro e seu

conhecimento especifico em uma empresa e sua essencialidade para o

sucesso de toda a organização, onde o profissional precisa conhecer a

natureza humana, jurídica, operacional, comercial e financeira muito bem,

conduzi-las de forma ágil e correta.

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METODOLOGIA

Com as constantes falhas, problemas e reclamações quanto a custo

elevado nas importações brasileiras que observamos, partimos do pressuposto

que o principal objetivo deste trabalho seria identificar s principais

problemáticas e soluções no Brasil, estabelecendo os parâmetros para aqueles

que serão considerados mais eficazes.

Optou-se por autores que participaram e tem a teoria de pesquisas

sobre os atributos, as práticas, os comportamentos, obtendo resultados

eficazes neste século que se inicia, em um ambiente organizacional em

constante mudança e conflito.

O presente trabalho é uma pesquisa bibliográfica a respeito do

assunto, baseado em artigos científicos, livros técnicos, revistas focadas nos

assuntos, experiência pessoal e sites, além de uma entrevista com um

especialista na área de custos portuários, apontando as principais falhas, os

custos elevados de nosso país, prejudicando toda a cadeia produtiva e

viabilidade para uma melhor operacionalização.

A entrevista foi escolhida devido à alta dependência do transporte

marítimo nas transações comerciais do Brasil e do mundo e sua fragilidade

para o atual sistema de custos no Comércio Exterior Brasileiro.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 01

CAPÍTULO I - Demurrage – Termo Abusivo 04

1.1 – Conhecimento de Transporte Marítimo 05 1.2 – Pratica Desleal 07 CAPÍTULO II - Omissão de Porto 12

2.1 – Causas e Consequências 13

2.1.1 – Importação 13

2.1.2 – Exportação 14

2.2 – Obrigatoriedade do Armador 14

2.3 – Problemas: Fiscalização e Retaliação 15 CAPÍTULO III – Multas no Siscomex Carga 17

CONCLUSÃO 27

ANEXOS 30

ENTREVISTA - REGULAMENTO PORTUARIO 31

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

BIBLIOGRAFIA CITADA 41

ÍNDICE 44

FOLHA DE AVALIAÇÃO 45

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INTRODUÇÃO

No Brasil é notório que o processo de gestão das operações de

importação e exportação é complexo demais com empecilhos governamentais,

falta de estrutura, custos extremamente fora de competitividade, etc. Um dos

maiores desafios que os gestores enfrentam atualmente estão relacionados

aos processos de integração, a complexidade das alterações normativas que

no Brasil chegam em média há 3 alterações por dia útil, de acordo com a

Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

Portanto existem uma gama enorme de desafios que não serão

mencionados neste trabalho como por exemplo as regras internas em

diferentes países, a mudança de exigências junto a instituições públicas locais

e a necessidade de lidar com processos antiquados, além da burocracia que

inevitavelmente, é um complicador do comércio exterior, com processos que

consomem mais tempo e recursos com documentação e licenciamento de

importação. Estes processos também são vistos como atividades que criam os

maiores riscos de multas ou elevados custos operacionais.

Muitas empresas que não tem consciência da importância do comércio

exterior não usam sistemas adequados para controle, ou não tem experiência

prévia nem orçamento organizado dentro da empresa para suprir os tributos

altíssimos e as taxas que envolvem tais operações. Muitos não usam um

sistema específico, pois a existência de múltiplos sistemas de gestão

empresarial (ERP, na sigla em inglês) não são integrados com o de comércio

exterior, dificultando e colocando em risco outros departamentos como

comercial, RH e financeiro, considerado os mais frágeis dentro de uma

empresa.

Outro empecilho detectado é no que diz respeito aos Acordos de Livre

Comércio (FTAs), apenas 6% informaram usar mais de 10 dos acordos

disponíveis em seus países; 9% utilizam de 6 a 9 FTAs; 24% utilizam entre 3 e

5; e 36%, até 2. Um quarto dos entrevistados revelou não usar nenhum FTA, e

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ainda, 82% afirmaram não utilizar todo o potencial dos FTAs por total

desconhecimento. Portanto concluímos que as empresas estão pagando mais

do que o necessário em tarifas e impostos e, como consequência, perdendo

em competitividade no mercado internacional, e não usufruindo como

deveriam de todos os benefícios.

Foram mencionados a complexidade das regras de origem (39%); os

desafios para obtenção de documentação dos fornecedores de matéria-prima

(24%); falta de conhecimento da equipe interna (42%); alterações ao projeto

de lei de origem de material e de sourcing (16%); falta de equipe focada no

cumprimento regulatório dos FTAs (19%); e benefícios não compensam os

riscos e os esforços a serem implementados (12%).

Outro ponto curioso e fundamental nas operações é que a Receita

Federal do Brasil (RFB) permite que os importadores e exportadores no Brasil

tenham benefícios de suspensão ou isenção de tributos, na entrada ou na

saída de mercadorias do território brasileiro, através de alguns Regimes

Aduaneiros Especiais, porém muitos sequer sabem como usa-los e que

existem tais benefícios como e o caso do drawback, admissão temporária,

transito aduaneiro, dentre outros.

Uma das razoes de muitos importadores e exportadores não terem

noção de como funciona e de tais benéficos no comércio exterior brasileiro é o

medo das penalidades e o risco de sanções regulatórias, gerando um impacto

no aumento do custo na operação, pois multas absurdas como veremos neste

trabalho são impostas ao interveniente ou ao importador e exportador sem

nenhuma base legal ou razão de ser.

No capítulo I abordaremos a demurrage e seus prejuízos aos

importadores brasileiros, com taxas cobradas muitas vezes de forma errônea e

abusiva com a finalidade de angariar renda para os intervenientes marítimos.

Acreditamos que estas taxas são pertinentes, para não prejudicar

também a programação dos intervenientes marítimos em outras operações em

que há necessidade dos cofres metálicos, porém o que se questiona é o valor

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muitas vezes extremamente alto e a forma que a cobrança e feita, não dando

chance do importador se defender e se capitalizar.

No capitulo II, veremos um tema muito pouco mencionado nos artigos

publicados ou livros técnicos e que tem prejudicado seriamente os

importadores e exportadores brasileiros por falta de infraestrutura e apoio do

governo brasileiro no trânsito marítimo. A omissão de porto nos parece um dos

maiores problemas de respeitabilidade no comércio exterior brasileiro com

seus pontos deficitários e extremamente sensíveis.

No capítulo III, veremos uma das diversas multas especificas que

nossa Receita Federal Brasileira (RFB) impôs no valor de R$ 5.000,00 (cinco

mil reais) para intervenientes que não declarem no prazo estipulado as

embarcações que chegam ao Brasil via marítima, multa esta descabida e

penaliza consequentemente aos importadores totalmente, não dando chance

de defesa aos mesmos.

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CAPÍTULO I

DEMURRAGE: TERMO ABUSIVO

Desde os primórdios da civilização a via marítima foi amplamente

utilizada pelos mercadores de todo o mundo a partir do oitavo milênio A.C que

se tem registro na comercialização de mercadorias entre o Oriente e o

Ocidente, basicamente transportadas em tonéis de madeira que, por sua

resistência e fácil manuseio, facilitavam o transporte das cargas na época.

Em 1945 com a Revolução Industrial e o acentuado crescimento do

comércio entre as nações, houve uma profunda reestruturação no transporte

marítimo com o advento de diversos tipos de embarcações como os navios

porta contêineres, Ro-Ro, tanques, dentre outros advindo estruturas maiores,

mais modernas e com o melhor aproveitamento dos espaços, sem as

limitações de peso antes vigentes.

Por outro lado com a modernização das embarcações e o avanço da

industrialização e consequentemente produção de cargas manufaturadas das

mais diversas dimensões e pesos, já era impossível continuar com ao

embarques em toneis, exigindo que uma unidade padrão fosse unificada para

facilitar a redução de custos, e aumentar a segurança e manuseio, surgindo a

caixa metálica padronizada que recebeu o nome de container, unidade ou

cofre de carga em 1950, após muitas controvérsias por conta da existência de

dimensões bem variadas e não uniformes.

A maioria dos países passaram a adotar, a partir de 1968, como

padrão, as especificações e dimensões propostas pela International Standards

Organization (ISO), embora em alguns poucos países ainda adotem as

dimensões American Standards Association (ASA). Com a modernização da

estrutura marítimo e seus equipamentos forma criados uma gama enorme dos

mais diversos tipos de contêineres com a finalidade de se adequarem as mais

variadas necessidades de cargas como os equipamentos (refrigerados

(reeferes), cargas secas (dry), ventiladas (ventila), cargas líquidas (tank), teto

aberto (open top), aéreos, flutuantes dentre outros.

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A propriedade e o uso dos contêineres pode ser própria, de armadores

(donos do navio), empresas arrendadoras ou locadoras de contêineres,

agentes de Carga, NVOCC ou consolidadores, podendo ser usado em

diversos meios de transporte como o marítimo, aéreo, ferroviário ou até

rodoviário.

Neste caso específico vamos comentar a respeito dos containers

propriedade dos armadores ou arrendado, ou seja, um dos intervenientes que

o consignatário indicado pelo embarcador para retirada do contêiner após a

conclusão do transporte, devendo devolvê-lo no prazo estipulado, sob pena de

incorrer no pagamento de sobre estadia (demurrage), devido ao atraso na

devolução do equipamento.

1.1 CONHECIMENTO DE TRANSPORTE MARÍTIMO

O conhecimento de transporte marítimo, como contrato, faz lei entre as

partes (Pacta Sun Servanda) obrigando-as ao cumprimento de suas

obrigações conforme a inserção do princípio da função social do contrato

trazida pelo novo Código Civil de 2002, sendo construído nos moldes da nova

realidade social, para resguardar os interesses coletivos, em detrimento da

vontade individual.

Este princípio é imprescindível, pois obriga as partes a cumprir o

acordo firmado, acrescentando assim maior credibilidade e segurança aos

negócios, sendo o magistrado de suma importância para a aplicabilidade da

norma, com a interpretação do caso concreto, utilizando os princípios da

proporcionalidade e razoabilidade de modo a alcançar o equilíbrio entre as

partes e assim fazer justiça imparcial.

Como não temos nenhuma lei especifica de previsibilidade sobre a

demurrage no Brasil, já que até hoje não foi regulamento por nenhuma lei, o

artigo 4º da Lei de introdução ao Código Civil preleciona que o Costumes (Lex

Mercatória) e Princípios são fontes subsidiárias ao julgador, o qual deve ser

aplicado em caso de omissão de lei, como no caso, tendo a realidade social,

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ultrapassando a atividade legislativa criadora do direito positivo, pois este é um

mero referencial para a aplicação de justiça no sentido formal do termo, o que

significa dizer, ao rigor desse entendimento, que a licitude de sua cobrança

não mais depende de expressa previsão, dispensando a necessidade de

expressa contratação.

Não deixemos de lembrar que o Princípio da Equidade, onde o juiz tem

como base a consciência e percepção de justiça, não precisando estar preso a

regras do direito positivo e métodos preestabelecidos de interpretação, são de

fundamental importância nestas analises.

Portanto a equidade poderá ser aplicada como meio supletivo de

integração das normas que segundo Délio Maranhão (2004) se ressalta da

seguinte forma:

Levar o juiz em conta na aplicação da lei, as circunstâncias ao caso concreto, ajustar a lei a espécie, aplica-la humanamente, decidir enfim com equidade, dentro dos limites da norma é função legitima do julgador.

Também constatamos que não se aplica a Lei 8.078/1990, pois faz-se

necessária a existência de relação de consumo entre as partes, ou seja, a

presença de um prestador/fornecedor de serviços/produtos e de um

consumidor, nos termos dos conceitos do art. 2º e 3º, do CPDC.

Em regra, a figura do consumidor não se encontra presente nos casos

de sobre-estadia de contêineres, pois o consignatário/importador normalmente

revela pessoa jurídica, que tem por objeto social o comércio exterior de

mercadorias, ou que está importando para o fim de fomentar o seu próprio

negócio, tendo uma relação de insumo, vez que o consignatário/importador

utiliza o serviço de transporte marítimo como instrumento de seu próprio

negócio.

No entanto, como a legislação permite em casos específicos que a

pessoa física tenha o Radar que nada mais é do que a análise documental e

estrutural para permissão do uso do sistema e sua habilitação no comercio

exterior brasileiro, entendemos que aplicabilidade do CDC (Código do

Consumidor) é cabível.

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1.2 PRATICA DESLEAL

A utilização de containers no Brasil está regulada pela lei que regula o

transporte multimodal, lei 9.611/98 nos seguintes termos:

Art. 24. Para os efeitos desta Lei, considera-se unidade de carga qualquer equipamento adequado à unitização de mercadorias a serem transportadas, sujeitas a movimentação de forma indivisível em todas as modalidades de transporte utilizadas no percurso. Parágrafo único.A unidade de carga, seus acessórios e equipamentos não constituem embalagem e são partes integrantes do todo.

O termo demurrage de contêiner deriva de um contrato de transporte

marítimo conhecido como conhecimento de Embarque ou Bill of Lading, o qual

envolve o embarcador, o transportador marítimo e o consignatário

(importador).

Para se compreender melhor esta cobrança é preciso entender como

funciona os contratos de transporte multimodal: os contratantes (armador e

afretador) estabelecem preços, prazos e duração da operação de carga e

descarga, ou seja, quando o navio chega ao porto, há um período acordado

entre eles para a retirada da mercadoria do navio e devolução dos contêineres

aos armadores.

Quando há atraso nesta devolução, o armador cobra uma espécie de

diária pelo uso do depósito de carga. Este prejuízo é compensado com o

pagamento de uma indenização por dia ou hora de atraso. Ou seja, o

demurrage ou sobreestadia. Para obrigar o usuário a devolver o contêiner, os

armadores estabeleceram um free time – período de estadia livre sem

cobrança da diária – que leva em consideração o tempo de desembaraço

aduaneiro necessário para liberação da unidade de carga pela alfândega.

Esses valores não são fixos e levam em conta a média do custo diário

que os armadores têm com equipamentos, somados às perdas que alegam

sofrer pela retenção do contêiner no porto a fim de justificar o valor da

cobrança abusiva de sobre estadia. Para eles, o contêiner é considerado como

equipamento ou acessório do navio transportador, e sua utilização integra o

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próprio contrato de transporte, como previsto no conhecimento de embarque

Bill of Lading (BL), conforme alguns precedentes equivocados de tribunais, já

que navio é uma coisa móvel e contêineres não são acessórios.

O free time se refere ao período livre para utilização do contêiner pelo

recebedor/consignatário, durante o qual não há incidência de demurrage, que

em regra, varia de 2 (dois) a 7 (sete) dias, contratado entre as partes.

No entanto a prática vemos este período ser estendido de 30 há 60

dias, dependendo dos seguintes fatores:

• Fluxo Comercial entre o país de exportação X importação: Países

como Índia e China, onde o fluxo comercial é bastante alto em função da

maioria das manufaturas serem produzidas naqueles países tendem a ter

um valor mais flexível e maior de free time;

• Longo período que pode levar o desembaraço da mercadoria,

podendo chegar a ser superior há 15 dias onde, incluem-se uma extensa

burocracia com horários e dias de funcionamento e reajustes na tabela de

armazenamento, situações adversas, como greves ou roubos de carga, ou

seja, o importador nacional acaba sendo prejudicado e, obrigado, em

alguns casos, a contestar valores absurdos cobrados por uma sobre

estadia involuntária.

• A Taxa do dólar em função da instabilidade do Brasil neste

momento em que vemos uma crise ética-moral se estender do âmbito dos

entes federativos a iniciativa privada;

• Negociação mais agressiva entre a quantidade de containers

negociados por um curto espaço de tempo nos embarques na origem para

um mesmo importador/consignatário;

No entanto, muitos prestadores de serviços acabam fazendo com o

que a demurrage seja um mecanismo de faturamento, muitas vezes maior do

que a própria operação de importação, já que, muitos influenciados pela má-fé

e pela oportunidade de arrecadar de forma ilícita e imoral.

Essa indústria de rede do armador estrangeiro e do seu agente ou

NVOCC (armador sem navio), possibilita condutas oportunistas e cobrança de

preços extorsivos, o que se agrava quando não há regulação eficaz pela Antaq

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(Agência Nacional de Transportes Aquaviários), sendo a ineficiência da

Agência Reguladora e da Autoridade Portuária, que alguns armadores

transformam a demurrage, que deveria ser de valor inferior ao frete, em valor

exorbitante, sendo muito maior do que o frete e do contêiner.

Com esta atitude o prejuízo ao cliente final e levando a uma possível

recuperação judicial, ocasionando demissão em massa de seus colaboradores,

infringindo princípios básicos do Direto Aduaneiro como o da função social da

empresa, do princípio do bem comum ou interesse geral, além disso, o

prestador de serviço usa de forma a pressionar a cobrança ao

importador/consignatário a assinatura de um termo de responsabilidade e

devolução do contêiner com preço pré-determinados em dólar, o que é vedado

em nossa legislação brasileira.

Portanto, diante de uma greve sazonal de um órgão interveniente, ou

de uma dispare do dólar a carga pode não ser desembaraçada, e depois de

vários meses, o importador é citado para pagar valor abusivo, tendo o armador

demandando ao importador sem qualquer documento que comprove os

valores da demurrage, bem como contrato reconhecendo tais valores,

passíveis de impugnação no Judiciário.

Muitas vezes os próprios tribunais acatam valores abusivos na

cobrança de demurrage em função do total desconhecimento da aplicabilidade

da lei, falta de parâmetros razoáveis.

Segundo o Dr. J. Haroldo (2002), no caso de tarifa de armazenagem,

por exemplo,

Abusivo é cobrar acima do índice de reajuste autorizado pela Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários - órgão do governo que regula os serviços públicos nos portos e navios) responsável pela pré-fixação dos preços e fiscalização dos serviços. Cobrança abusiva constitui crime de usura, contra a ordem econômica e economia popular, que deve ser coibida pela polícia federal e pelos tribunais porque viola os princípios republicanos e da ordem econômica.

O projeto do novo Código Comercial não proíbe cobrança de sobre

estadia de contêineres, mas trouxe um princípio de mitigação dos danos, pelo

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qual os empresários, seus agentes e preposto devem agir com boa-fé, ética,

probidade, lealdade e cooperação na execução dos contratos para redução

dos custos na exploração de serviços marítimos e portuários. E se entrar em

vigor, na parte que trata do Comércio Marítimo, o transportador poderá pedir

busca e apreensão dos contêineres, decorridos o prazo para devolução, caso

em que não caberá cobrança de sobre estadia sem previsão em contrato

regido pelo direito das obrigações e locação de coisas.

Nesse sentido, se o aluguel do contêiner arbitrado for manifestamente

excessivo, poderá o juiz reduzi-lo, com base nos usos e costume do lugar ou

aplicar o Código de Defesa do Consumidor quando cabível, por se tratar de

cobrança excessiva e onerosa que fere a ordem pública, no entanto pelo total

desconhecimento do comércio exterior e do direito aduaneiro por parte de

muitos magistrados e juristas, vemos inacreditáveis valores e situações de

cobrança desta taxa sendo legitimada pelos tribunais do brasil de forma

abusiva e sem conhecimento de causa.

O prazo prescricional é igualmente questão recorrente nos litígios

judiciais envolvendo tais cobranças, sendo fixado em 10 (dez) anos, como

previsto no art. 205, CCB (Código Civil Brasileiro), considerando a inexistência

de regramento específico sobre a matéria e a necessidade de se interpretar

estritamente as normas referentes à prescrição, por se tratarem de normas

restritivas de direito.

Podemos dar inúmeras definições para motivação. Uma delas, de

Berelson & Steiner (1964), é a seguinte:

Motivação é um estado interno que dá energia, torna ativo ou move o organismo, dirigindo ou canalizando o comportamento em direção a objetivos” (p.89). Outra, mais diretamente relacionada com a motivação no trabalho, conforme Heckhausen, diz que:

Motivação é o empenho de aumentar ou manter tão alto quanto possível a capacidade de um indivíduo, a fim de que este possa alcançar excelência na execução das atividades das quais dependam o sucesso ou o fracasso da organização a que pertence (HECKHAUSEN, 1967, p.32)

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CAPÍTULO II

OMISSAO DE PORTO

Desde os primórdios da civilização a via marítima foi amplamente

utilizada, os egípcios navegavam tanto no rio como no mar, e exploravam o

mar vermelho entre o terceiro e segundo milênio, mil anos antes da Guerra de

Tróia, embora pela longevidade e perigos ainda não descobertos em mar

aberto, muitos conservavam a costa a vista e ancoravam a noite, reduzindo

assim os incidentes marítimos naquela época.

O mar era usado para correntes imigratória de uma localidade a outra,

além de transitarem mercadorias de um local a outro, basicamente

transportadas em tonéis de madeira que, por sua resistência e fácil manuseio,

facilitavam o transporte das cargas na época.

Em 1945 com a Revolução Industrial e o acentuado crescimento do

comércio entre as nações, houve uma profunda reestruturação no transporte

marítimo com o advento de diversos tipos de embarcações como navios mais

velozes, invenções das hélices, cascos de aço, turbinas propulsoras e o

combustível a diesel elaborada por Rudolf Diesel, eliminando caleiras e fornos,

e consequentemente aumentando a capacidade de velocidade e agilidade de

transporte da época.

Como podemos perceber o transporte marítimo veio se modernizando

durante todos estes anos a passos largos, dominando de certa forma a

dependência deste modal, além de ser de fundamental importância para a

atividade econômica diante das vantagens bastante significativas como por

exemplo permitir deslocar cargas de maior tamanho e em maior quantidade,

custos menores em comparação com outro modal e custo de frete menor,

além de termos no planeta aproximadamente 70% coberto por agua,

facilitando seu deslocamento.

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2.1 CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

Observa-se que atualmente um dos maiores problemas no transporte

marítimo que por sinal não vem sendo muito divulgado, por inúmeras razoes,

principalmente o medo de retaliação por parte dos armadores aos

importadores/exportadores é a omissão de porto que ocorre quando um navio

deixa de atracar em um porto no qual estava agendada a sua entrada devido

as “péssimas condições” climáticas que impediram as operações de entrada e

saída do porto, apelidada de “barra fechada”, deixando de descarregar ou

carregar cargas de suma importância no comercio exterior, levando-as para o

primeiro porto de sua conveniência, acarretando um problema grave nas mãos

dos importadores e exportadores que terão prejuízos tais como exemplificamos

abaixo:

2.1.1 Importação.

• Alteração documental no Conhecimento de Carga marítimo, dentre

outros dependendo da operação realizada;

• Empresa parada caso dependam dos produtos para manufatura;

• Atraso no pagamento ao exportador, pois já que a mercadoria não

atracou, o exportador não consegue entregar seu produto e consequentemente

não recebe pela venda, dependendo da forma acordada de pagamento

internacional;

• Imagem arranhada no exterior devido ao atraso no pagamento

internacional;

• Falta de Estoque para atender ao mercado interno;

• Quebra de contrato e/ou pagamento de multas no mercado interno;

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2.1.2 Exportação.

• Pagamento armazenagem extra;

• Mudança de terminal por falta de espaço ou programação de outro navio

que atracará em pouco tempo;

• Taxas extras para movimentação no terminal;

• Prejuízo a imagem do exportador por não entregar no prazo

determinado;

• Cancelamento dos futuros pedidos e/ou do contrato em andamento.

• Não cumprimento de prazos de entrega pactuado com os compradores

no exterior;

2.2 OBRIGATORIEDADE DO ARMADOR

O conhecimento de transporte marítimo, como contrato, faz lei entre as

partes (Pacta Sun Servanda) obrigando-as ao cumprimento de suas

obrigações conforme a inserção do princípio da função social do contrato

trazida pelo novo Código Civil de 2002, sendo construído nos moldes da nova

realidade social, para resguardar os interesses coletivos, em detrimento da

vontade individual.

Este princípio é imprescindível, pois obriga as partes a cumprir o

acordo firmado, acrescentando assim maior credibilidade e segurança aos

negócios, sendo o magistrado de suma importância para a aplicabilidade da

norma, com a interpretação do caso concreto, utilizando os princípios da

proporcionalidade e razoabilidade de modo a alcançar o equilíbrio entre as

partes e assim fazer justiça imparcial.

Não deixemos de lembrar que o Princípio da Equidade, onde o juiz tem

como base a consciência e percepção de justiça, não precisando estar preso a

regras do direito positivo e métodos preestabelecidos de interpretação, são de

fundamental importância nestas analises.

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Portanto a equidade poderá ser aplicada como meio supletivo de

integração das normas que segundo Délio Maranhão (2004) se ressalta da

seguinte forma:

Levar o juiz em conta na aplicação da lei, as circunstâncias ao caso concreto, ajustar a lei a espécie, aplica-la humanamente, decidir enfim com equidade, dentro dos limites da norma é função legitima do

julgador.

Também constatamos que não se aplica a Lei 8.078/1990, pois faz-se

necessária a existência de relação de consumo entre as partes. Ou seja, a

presença de um prestador/fornecedor de serviços/produtos e de um

consumidor, nos termos dos conceitos do art. 2º e 3º, do CPDC.

Todos estes princípios, acreditamos ser de fundamental importância

para que não omissão de porto a responsabilidade integral da entrega no

prazo seja do armador ou em solidariedade do agente de carga que tiver

firmado o contrato de transporte, ou qualquer que tenha se responsabilize por

tal operação, em virtude de não prejudicar as operações muitas vezes de nível

elevado financeiramente para o importador ou exportador.

2.3 PRINCIPAIS PROBLEMAS: FISCALIZAÇÃO E RETALIAÇÃO

Os armadores afirmam que os atrasos são decorrentes de problemas

da infraestrutura portuária brasileira, que sabemos e muito aquém do que

poderíamos imaginar, porém é de notório saber que o abuso no aumentaram

do tamanho de suas embarcações, a falta de respeito para obterem maiores

ganhos em escala, além da falta de informação proativa do agente de cargo ou

do armador para com o importador/exportador agrava ainda mais o problema.

Muitas vezes a omissão de porto só e confirmada no dia em que a

operação estaria para ser feita, prejudicando os clientes, digo

importador/exportador de forma devastadora, até porque dependendo do

tamanho ou número de containers na embarcação, o prejuízo ser tão

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significativo que poderá ocasionar demissões, aumento de preços ao cliente

final ou até um futuro processo de falência ou recuperação judicial oficial.

Portanto, as autoridades portuárias, principalmente a ANTAQ,

deveriam proteger de melhor forma ou dar a devida importância ao tema pouco

divulgado na mídia, fiscalizando de forma mais consistente, punindo os

armadores com multas altas ou investindo em melhoras continuas para este

problema não ocorra nos terminais, prejudicando toda a cadeia produtiva da

empresa, até porque nossa imagem no exterior fica bastante deteriorada.

Sabemos que o estado brasileiro no quesito fiscalização é bastante

ineficiente, não tendo consciência e competência para administrar o bem

público de forma ética e moral, e consequentemente acaba construindo uma

relação péssima de credibilidade com a sociedade, só tendo eficiência a

fiscalização aquilo que é de seu interesse, ou para fins arrecadatórios ou de

corrupção sem o devido respeito ao contribuinte, como vemos em diversos

casos de ampla vinculação nos telejornais do país.

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CAPÍTULO III

MULTAS NO SISCOMEX CARGA

Temos visto inúmeras multas abusivas serem aplicadas a agentes de

carga indevidamente e sem nenhum embasamento legal, ainda mais neste

contexto de crise no país nos parece que o viés arrecadatório do governo e a

abusividade dos fiscais federais vem incitando a aplicação de inúmeras multas

baseado no descumprimento da obrigação acessória prevista no Art. 37, do

Decreto- Lei nº 37, de 1966, o que por consequência resultaria na aplicação da

multa prevista no Art. 107, IV, “e” do mesmo dispositivo legal.

Porém notemos que a responsabilização do agente marítimo pela

multa prevista no Art. 107, IV, “e” do Decreto-Lei nº 37/66 é totalmente

descabida, posto que não se enquadra dentre os sujeitos passiveis de punição,

já que, a ocorrência da responsabilidade pessoal tributária do agente marítimo

que atua na qualidade de mandatário do sujeito passivo da obrigação

acessória (o transportador), seria preciso comprovado um proceder doloso,

fraudulento, imbuído de manifesta má-fé, em obediência ao Art. 137 do Código

Tributário Nacional (CTN).

O que se nota é que existe uma confusão conceitual no judiciário e no

segmento fiscalista muito grande entre o agente marítimo e agente de cargas,

que por sinal são bem diferentes pois o agente de carga atua no Siscomex-

Carga em nome próprio, registrando as informações relacionadas às

operações por ele próprio executadas (consolidação e desconsolidação de

cargas), enquanto o agente marítimo atua no Siscomex-Carga na condição de

mandatário do transportador, ou seja, não atua em nome próprio, até porque a

lei não impõe a ele nenhum dever por incrível que pareça.

Na prática os agentes de carga oferecem no mercado o serviço de

transporte, fazendo ora uma abordagem comercial ora operacional,

aproximando-se dos importadores e dos exportadores através do contrato de

compra e venda de frete internacional conforme o incoterm solicitado que

impacta direto no custo da operação e consequentemente no preço final do

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frete e por tal motivo acredita-se que ele por representar o transportador

diretamente acaba se passando pelo próprio contratualmente falando, o que

não e verdade como veremos a seguir, pois ele apenas é um mero agenciador

de carga e só.

Portanto o agente marítimo é mero prestador de serviços, em regra

empresa de pequeno ou médio porte, e não tem absolutamente nenhuma

vinculação com os negócios da empresa transportadora.

Paulo Henrique Cremoneze (2012), especialista em Direito Aduaneiro,

assim define a figura do agente marítimo:

O agente marítimo é representante do transportador marítimo e/ou, conforme o caso, do Armador. A Agência Marítima, a rigor, não é parte da relação jurídica de transporte, sendo, apenas, mandatária do transportador (CREMONEZE, 2012, p. 55)

Na melhor descrição de Ripert (1922):

Os agentes terrestres são estabelecidos nos portos onde os navios fazem escala ou terminam a expedição marítima. Os estabelecimentos que eles dirigem são chamados na prática comercial agências marítimas. O consignatário de navios é um mandatário comercial. A jurisprudência unânime vê um mandato no contrato de agenciamento de navio (RIPERT,1922-1923, p. 742)

O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que o agente

marítimo, figura específica do direito náutico, atua como mandatário mercantil

do armador, pois o mesmo recebe poderes para, em nome do armador,

praticar atos e administrar seus interesses, em terra, de forma onerosa e no

interesse deste (art. 653 do Código Civil), então sua natureza jurídica da

relação entre o agente marítimo e o armador é de mandato mercantil. Logo a

o mandatário, quando age nos limites do mandato, não tem responsabilidade

pelos danos causados a terceiros, não atuando em seu próprio nome, e sim

em nome e por conta do mandante. Portanto, mesmo que o mandatário aja em

desconformidade com o mandato, causando danos pela exacerbação de seus

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poderes, sejam eles fraudulentos ou culposos, ainda assim será o mandante

quem responder perante os terceiros lesados, resguardando-se, neste caso

específico, o direito de regresso do mandante contra o mandatário (Superior

Tribunal de Justiça, Recurso Especial nº 1448120-SP, Relator Ministro Ricardo

Villas Bôas Cueva, julgado em 03.02.2015).

Vemos que assim a doutrina e a jurisprudência seguem no sentido de

caracterizar o agente marítimo como mandatário do transportador. O

mandatário, não atua em nome próprio, mas em nome e por conta do

mandante. Esta conclusão pode ser extraída da própria legislação infralegal

expedida pela Receita Federal, senão, vejamos (Instrução Normativa nº

800/2007):

Art. 4o A empresa de navegação é representada no País por agência de navegação, também denominada agência marítima. § 1o Entende-se por agência de navegação a pessoa jurídica nacional que represente a empresa de navegação em um ou mais portos no País (BRASIL, 2007, p. 1).

O Superior Tribunal de Justiça, com base nessa premissa de que o

agente marítimo é mero mandatário, não admite a responsabilização de tal

personagem por inobservância de dever que a lei impôs ao transportador,

autônoma e independente, sendo este apenas um mero prestador de serviço,

auxiliar da navegação.

Fica claro que o agente marítimo não é o afretador do navio, não é

importador, não é exportador, não manuseia a carga, não executa o transporte,

nem muito menos tem poder de ingerência sobre a navegação, atividade que

afeta exclusivamente ao transportador, razão pela qual não pode ser

responsabilizado por atos praticados no exercício de seu mandato, nem pelos

atos do seu cliente. Antes, exerce atividade estritamente mandatária e, como

mandatário, fala e age em nome e por conta do transportador (mandante),

sendo a empresa de navegação quem irá contrair obrigações e adquirir

direitos, como se pessoalmente tivesse tomado parte na prestação de

informações aos sistemas informatizados da Receita Federal, notadamente o

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Siscomex-Carga. Logo fica claro que a obrigação é assessoria e não principal

de prestar informações à Secretaria da Receita Federal sobre as operações

que cada personagem realizar está prevista no Art. 37 do Decreto-Lei nº 37, de

1966:

Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado.

§ 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas (BRASIL, 1966b, p.1).

Em nenhum momento, a lei menciona a figura do agente de marítimo

como sujeito passivo da obrigação assessória. A infração ao supracitado

dispositivo está prevista no Art. 107, IV, do Decreto-Lei nº 37, de 1966, caso

contrário feriríamos um dos princípios mais importantes Vulneração ao

princípio da legalidade, pois não estando o agente marítimo arrolado no

enquadramento legal utilizado pela autoridade alfandegária (Art.107, IV, “e”),

não pode ser responsabilizado ou apenado, em face do princípio da

legalidade. Em âmbito Administrativo deve imperar o princípio da legalidade

estrita.

Em relação ao princípio da legalidade, Maria Sylvia Zanella Di Pietro

(2009) ensina que:

Este princípio, juntamente com o de controle da Administração pelo Poder Judiciário, nasceu com o Estado de Direito e constituiu uma das principais garantias de respeito aos direitos individuais. Isto porque a lei, ao mesmo tempo em que os define, estabelece também os limites da atuação administrativa que tenha por objeto a restrição ao exercício de tais direitos em benefício da coletividade

No direito positivo brasileiro, esse postulado, além de referido no artigo 37, está contido no artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal que, repetindo preceito de constituições anteriores, estabelece que ‘ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei’. Em decorrência disso, a Administração Pública não pode, por simples ato administrativo, conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações aos atos administrativos, para tanto, ela depende de lei (ZANELLA DI PIETRO, 2009, p.63-64).

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Portanto fica claro que equiparar o agente marítimo à condição do

transportador é totalmente descabida, desrespeitando o ordenamento jurídico,

e violando a previsão legal expressamente e extrapolando os limites

determinados pelo legislador, não podendo o agente marítimo arcar com as

multas decorrentes de obrigações impostas às atividades exercidas por outros

personagens que atuam no ambiente portuário. Devemos lembrar que a lei

exige que as obrigações sejam cumpridas pelo transportador, agente de carga

e operador portuário, sempre dependendo a situação, porém nunca pelo

agente marítimo.

A jurisprudência segue no sentido de não admitir a responsabilização

do agente marítimo com base no Art. 107, IV, “e” do Decreto-Lei nº 37, de

1966, conforme abaixo:

TRIBUTÁRIO.ADUANEIRO.MERCADORIATRANSPORTADA.SISCOMEX.DECRETO-LEINº37/66.MULTA. AGENTEMARÍTIMO.RESPONSABILIDADETRIBUTÁRIA.INOCORRÊNCIA.PRINCÍPIODALEGALIDADE.HONORÁRIOS.

1. Nos termos do art. 107, IV, e, do Decreto-Lei nº 37/66, a empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso porta a porta, e o agente de carga sujeitam-se ao pagamento de multa na hipótese de omitirem-se no dever de prestar informação sobre o veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute.

2. A imposição de penalidades, tanto no âmbito administrativo como no âmbito tributário, deve observar o princípio da legalidade. Visto que o agente marítimo não se encontra dentre os sujeitos arrolados no citado dispositivo legal, não subsiste o auto de infração que aplicou a penalidade de multa à empresa.

3. O agente marítimo, quando no exercício exclusivo das atribuições próprias, não é considerado responsável tributário, nem se equipara ao transportador para efeitos do Decreto-Lei n.º 37 de 1966 (Súmula 192 do TFR).

4. A assinatura de termo de responsabilidade pelo pagamento dos tributos não torna o agente marítimo sujeito passivo da obrigação tributária, sob pena de afronta ao princípio da legalidade.

5. Honorários advocatícios fixados em conformidade com o disposto no art. 20, § 4º do CPC (Tribunal Regional Federal da 4º Região, Apelação Cível nº5001890-54.2012.404.7101/RS, Relator Ivori Luis da Silva Scheffer, julgado em 01.07.2015).

ADMINISTRATIVO. DECRETO-LEI Nº 37/66. MULTA. AGENTE MARÍTIMO. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.

1. Nos termos do art. 107, IV, e, do Decreto-Lei nº 37/66, a empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de

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transporte internacional expresso porta a porta, e o agente de carga sujeitam-se ao pagamento de multa na hipótese de omitirem-se no dever de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute. 2. A imposição de penalidades, tanto no âmbito administrativo como no âmbito tributário, deve observar o princípio da legalidade. Visto que o agente marítimo não se encontra dentre os sujeitos arrolados no citado dispositivo legal, não subsiste o auto de infração que aplicou a penalidade de multa à empresa apelada (Tribunal Regional Federal da 4º Região, Apelação Cível nº 5002847 77.2011.404.7008/PR, Relatora Marga Inge Barth Tessler, julgado em 18.09.2013)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS EXECUÇÃO FISCAL. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA. AGÊNCIA MARÍTIMA. RESPONSABILIDADE. DECRETO- LEI Nº 37/66. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.

1. O agente marítimo, sempre em nome do armador ou do comandante, opera para que as atividades fluam de modo rápido e eficaz nos terminais portuários. Todavia, a imposição de penalidades, tanto no âmbito administrativo como no âmbito tributário, deve observar o princípio da legalidade 2. O agente marítimo não está arrolado no art. 107, IV, e, do Decreto-Lei 37/66, que prevê a aplicação de multa à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso porta-a-porta, ou ao agente de carga, na hipótese de não prestarem informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute. 3. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de excluir a responsabilidade do agente marítimo por infração administrativa decorrente da inobservância de dever que não lhe foi imposto por lei (Tribunal Regional Federal da 4º Região, Apelação Cível nº 5000437-75.2013.404.7008/PR, Relator Nicolau Konkel Júnior, julgado em 12.03.2014).

AGRAVO LEGAL. TRIBUTÁRIO. SISCOMEX. RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR. AGENTE MARÍTIMO. SÚMULA Nº 192, DO EXTINTO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS.

3. A apelada não pode ser responsabilizada pela obrigação de registrar os dados pertinentes ao embarque da mercadoria, devido à sua condição de agente marítimo, em exercício exclusive de suas atividades próprias. 4. A responsabilidade é exclusivamente do transportador, não podendo ser transferida para a apelada, mesmo que houvesse assumido obrigações e assinado termo de responsabilidade, pois não pode ser equiparada ao transportador, de acordo com a Súmula nº 192 do extinto Tribunal Federal de Recursos, aplicável na espécie: O agente marítimo, quando no exercício exclusivo das atribuições próprias, não é considerado responsável tributário, nem se equipara ao transportador para efeitos do Decreto-Lei nº 37, de 1966 (Tribunal Regional Federal da 3º Região, Apelação Cível nº 1998166, Relatora Consuelo Yoshida, julgado em 26.02.2015)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ADUANEIRO. AUTO DE INFRAÇÃO. AGENTE MARÍTIMO. RESPONSABILIDADE AFASTADA. RECURSO DESPROVIDO.

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1. Consolidada a jurisprudência no sentido de que não pode ser equiparado o agente marítimo ao transportador para os efeitos do Decreto-lei 37/1966, sendo que, no caso, a infração apurada e a multa aplicada à autora estão fundadas exatamente em tal diploma legal, mais especificamente no seu artigo 107, IV, ‘c'. 2. Evidencia-se a perfeição subsunção da espécie ao teor da Súmula 192/TFR, que tem sido aplicada, reiteradamente, pela jurisprudência dos Tribunais, inclusive do Superior Tribunal de Justiça e desta Corte. 3. Caso em que é manifestamente infundada a alegação de que se deve aplicar isonomia ou razoabilidade, pois para fins punitivos é ilícito reconhecer a existência de infração e infrator, por analogia e contra disposição legal expressa, em atentado ao princípio da legalidade e da segurança jurídica. 4. Agravo inominado desprovido (Tribunal Regional Federal da 3ºRegião, Apelação Cível nº 1853516, Relator Carlos Multa, julgado em 09.04.2015)

TRIBUTÁRIO E ADUANEIRO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. AGENTE MARÍTIMO. SÚMULA 192/TFR.

1. A área de atuação da Autora compreende a prestação de serviço à empresa do ramo de transportes marítimos, representando-as como mandatária, perante as autoridades portuárias, sanitárias, alfandegárias, entre outras, sem, contudo, confundir-se com a mesma. 2. O agente marítimo apenas presta o serviço de intermediação de contratos comerciais entre os navios e terceiros, não possuindo qualquer vinculação com os negócios da empresa transportadora, em sendo assim, não pode responder em seu próprio nome pelas obrigações, tributárias da empresa que agencia. 3. A Súmula nº 192 do extinto E.TFR corrobora esse entendimento: " O agente marítimo, quando no exercício exclusivo das atribuições próprias, não é considerado responsável tributário, nem se equipara ao transportador para os efeitos do Decreto-lei nº 37, de 1966." (G.N.)

Da análise sistemática do inciso II do Parágrafo Único do art. 121 do

CTN com o seu art.128, conclui-se que o legislador ordinário só poderá eleger

como responsável tributário pessoa que tenha algum vínculo com o fato

gerador do tributo, o que não ocorre no presente caso.

3. Correta a sentença que julgou procedente o pedido e decretou a nulidade dos autos de infração. Apelação e Remessa necessária improvidas (Tribunal Regional Federal da 5º Região, Apelação Cível nº 12870/PE, Relator Geraldo Apoliano, julgado em 28.02.2013).

O agente desconsolidador de carga atua no Siscomex-Carga

registrando apenas as informações relacionadas aos conhecimentos

agregados (B/L HOUSE-BILL OF LADING), sendo responsável por

desenvolver melhores soluções para os usuários do transporte de carga em

qualquer modal (aéreo – marítimo – terrestre), minimizando os custos do frete,

cuidando da coleta e/ou entrega na origem e no destino, atendendo o cliente

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exportador ou importador, resguardando o mesmo de todos as cuidando

existentes no processo logístico, e tendo uma melhor eficácia no tempo de

consolidação e desconsolidação de carga sob os seus cuidados.

Paulo Henrique Cremoneze (2012) define com muita propriedade as

funções dos agentes de carga:

As operações de exportação e importação reclamam a cada dia soluções rápidas e dinâmicas e, por essa razão, muitas empresas têm se valido dos serviços de agentes de cargas, com vistas a facilitar o comércio internacional mercadorias, reduzindo os custos com o transporte (seja aéreo, marítimo ou terrestre).

Essas empresas disponibilizam seus serviços com vistas a minimizar os custos com frete, otimizar rotas, disponibilizar serviços de consolidação de cargas, auxílio burocrático e documental e outras facilidades para aqueles que se vale de seus serviços. Pode-se afirmar que o agente de cargas é um facilitador de transporte e a tendência mundial é que esse tipo de atividade ganhe a cada dia mais espaço no mercado internacional.

Suas operações são, a rigor, porta a porta (door to door), livrando o contratante de seus serviços dos incômodos e trabalhos operacionais, legais e logísticos provenientes de uma operação de comércio exterior. Assim, o agente de cargas providencia tudo o que for necessário para a transferência de carga entre dois pontos do planeta, apresentando ao seu cliente os resultados.

O agente de cargas costuma operar também como despachante e comissário de despachos, realizando todos os trâmites necessários para a entrada e/ou saída da mercadoria pelas fronteiras nacionais.

O agente de carga, entre outras atividades, pode prestar assistência administrativa a importadores e exportadores, inclusive no que diz respeito ao acondicionamento de cargas, à providência de embalagens que garantam o transporte seguro de mercadorias, à orientação sobre documentos e à observância da legislação dos países de origem e destino das mercadorias.

Contudo sua principal importância no mercado internacional está na negociação dos fretes: sempre são obtidos menores preços para os importadores e para os exportadores, o que redunda em economia e lucratividade (CREMONEZE, 2012, p. 77).

Podemos observar que em nenhum momento, a lei menciona a figura

do agente de marítimo como sujeito passivo da obrigação assessória, portanto

a multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) arbitrariamente imposto aos agentes

de carga não e devida de forma alguma, prejudicando em demasia o comercio

exterior brasileiro e causando uma instabilidade jurídica e econômica nas

operações.

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Art. 107. Aplicam-se ainda as seguintes multas: [...]

IV - de R$ 5.000,00 (cinco mi reais):

[...]

e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso porta-a-porta, ou ao agente de carga; e f) por deixar de prestar informação sobre carga armazenada, ou sob sua responsabilidade, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada ao depositário ou ao operador portuário (BRASIL, 1966b, p.1).

Em nenhum momento, a lei dispõe ser possível penalizar o agente

marítimo, pois sabe-se que conforme nossa legislação, são passíveis de

punições as figuras a seguir:

1. Empresa de transporte internacional;

2. Prestadora de serviços de transporte internacional expresso porta-a-porta;

3. Agente de carga;

4. Operador portuário.

O agente marítimo não se equipara ao transportador, sendo dois

personagens distintos: aquele, mandatário, este, mandante. Este entendimento

ficou cristalizado através da Súmula nº 192 (BRASIL, 1985) do extinto, mas

sempre egrégio Tribunal Federal de Recursos.

O agente marítimo não presta serviços de transporte expresso porta-a-

porta. Quem realiza tal atribuição são as empresas conhecidas como TNT,

DHL, UPS, FEDEX, entre outras, não se confundindo com o agente de carga,

nem com o operador portuário, sendo este último, pessoa jurídica pré-

qualificada para exercer as atividades de movimentação de passageiros ou

movimentação e armazenagem de mercadorias, destinadas ou provenientes

de transporte aquaviário, dentro da área do porto organizado, consonante

inteligência do Art. 2º, XIII, da Lei nº 12.815/2013 (Lei dos Portos).

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CONCLUSÃO

O cenário econômico e político atual tem apresentado grandes

desafios mundiais e principalmente no Brasil, onde àqueles que estão atuando

no comércio exterior, pelas dificuldades referentes a burocracias, infraestrutura

portuária, custos de tributos e programas de incentivo mal oferecidos pelo

governo. Com as contas negativas, déficit público batendo recordes,

ocasionada pelo péssimo governo dos últimos 10 (dez) anos, o mesmo

aumenta os esforços para recuperar o caixa a partir de uma estratégia

baseada na criação e aumento de impostos, como ocorre na reforma fiscal,

impactando fortemente na importações e exportações e fazendo o Brasil

acumular saldos comerciais negativos desde 2014 até os tempos atuais.

No caso das importações, os resultados das medidas adotadas

puderam ser vistos no encarecimento de empréstimos, muitas vezes

necessários nesta movimentação, devido ao aumento da alíquota de pins e

cofins de 9,25% para 11,75%, da taxa Selic (juros) e da taxação sobre lucros

dos bancos.

Outro ponto negativo para as importações é desvalorização do câmbio,

pois as reservas internacionais do país se esgotaram, impossibilitando a

manutenção do câmbio em patamares menores e obrigando o governo a

elevar o valor do dólar para estimular as exportações e aumentar a

arrecadação com a entrada de divisas, porém, com as importações mais

restritas o investimento em produtividade fica prejudicado.

Ao contrário do que o raciocínio acima nos leva concluir, as

exportações também sofrem alguns efeitos negativos. De acordo com o Fundo

Monetário Internacional, os custos para exportação brasileiros estão entre um

dos mais caros do mundo. Dos 138 exportadores analisados, o Brasil está em

63º lugar, com um custo 21% maior do que de países no sul da Ásia e 55% do

que em países da África Subaariana.

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O Brasil precisaria enfrentar, além destes desafios, outra série de

dificuldades como estagnação econômica, desindustrialização, acordos

plurilaterais, isolacionismo comercial para não sofrer futuramente as

consequências e não ficar isolado. No que se refere as empresas que atuam

no comércio exterior, resta fazer uso extensivo de planejamento e de gestão

para manter e elevar suas atividades. Apesar das dificuldades de acesso, o

mercado internacional permanece como solução.

Concluímos que estas medidas que os importadores e exportadores

são vítimas constantemente acarreta um prejuízo latente em toda a cadeia

produtiva, prejudicando em larga escala os gargalos de transportes marítimo e

da infraestrutura logística como um todo e considerando que se trata de uma

praxe há muito consolidada, não sendo justo que os usuários, ainda nos dias

atuais com todo arcabouço tecnológico e de comunicação aleguem o

desconhecimento acerca da cobrança pelo atraso na devolução dos

contêineres.

Sendo essenciais para a realização dos transportes, na falta destes, os

armadores precisam alterar a sua delicada logística e incorporar novos

equipamentos para atender a demanda, além de reestruturar toda uma gama

logística até em outros países para suprir a demanda deslocando containers

vazios de outros portos ou do mesmo país.

Apesar de sabermos que o custo brasil é altíssimo e

consequentemente a demora no desembaraço de um container pode demorar

em até 20 dias, além da constância de greves da Receita Federal do Brasil

(RFB) anualmente, não justifica o prestador de serviços do container abusar na

cobrança do valor ou comercializá-lo como fonte de renda indireta ou até direta

gerando altos lucros e prejudicando o importador em sua cadeia logística,

levando o risco a extinção da empresa deste, por não poder cumprir suas

obrigações financeiras por causa da voluma monta que atualmente é possível

vermos em juízos e sentenças e recursos espalhadas pelo país.

Neste aspecto, é comum verificar também casos de importadores que

não liberam suas cargas com seus respectivos contêineres que os

acondicionam aguardando uma melhor cotação da moeda estrangeira que lhe

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permita auferir menores prejuízos, ou por falta de recursos momentâneos para

pagamentos de impostos ou mesmo de espaço em seus armazéns para

recebimento de grandes volumes de insumos importados.

Portanto, todos estes riscos são inerentes à atividade desenvolvida

pelos embarcadores e importadores, não sendo razoável que tal ônus seja

transferido ao transportador marítimo nem ao importador de forma ultrajante e

abusiva.

Dessa forma, acreditamos que se existissem órgãos reguladores para

delimitar tais cobranças de valores abusivos e se na mesma proporção tais

magistrados seguissem os princípios pertinentes ou recorressem a

profissionais através de um comitê ou peritos especialistas no Comércio

Exterior ou em Direito Aduaneiro, sendo consultados anteriormente ao abuso

de tais decisões, teríamos um equilíbrio operacional muito melhor, fazendo

com o Brasil crescesse de forma ordenada e sustentável, acabando com o

receio de muitos em adentrar no segmento de importação e exportação pela

dependência de decisões alheias ao não bem comum social.

Podemos concluir que a omissão nos portos é um problema constante

pouco divulgado na mídia e que tem sido o principal “Calcanhar de Aquiles”

para muitos no comércio exterior, principalmente para quem tem grande

quantidade de cargas navegando e precisa cumprir prazos e contratos

acordados no Brasil e no exterior.

Entendemos também que o armador assumi todos os riscos quanto as

despesas de cargas que deixam para trás, bem como, de eventuais perdas e

danos que os exportadores/importadores venham a sofrer por conta do atraso

no embarque ou na entrega, já que assina um contrato de transporte com

prazo determinado, não podendo se estender tanto a este a seu bel prazer.

Como termos um custo brasil muito alto, e consequentemente um

tempo na demora do desembaraço de mercadorias significante (em medias até

20 dias uteis ou mais dependendo da ocasião), mesmos com todo o esforço do

MDIC (Ministérios de Desenvolvimento e Comércio Exterior) e da Receita

Federal do Brasil (RFB), em tentar eletronicamente (Siscomex) uma agilidade

no desembarco/averbação de uma carga no porto, este problema não deveria

sequer existir sem uma solução apropriada perante as autoridades portuárias,

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ou em existindo, pelo menos uma maior importância deveria ser dada a estes

pontos relevantes operacionalmente, não justificando o armador abusar desta

confiança e nem quebrar o contrato de transporte unilateralmente em prol de

seus próprios interesses, prejudicando outrem em sua cadeia logística,

levando até o risco a extinção da empresa.

Um dos fatores que mais vemos o empresariado em dificuldades e

abordamos em nosso trabalho como de supra importância é o planejamento

tributário é a possibilidade de redução de custos nas importações, tendo em

vista os tributos sujeitos ao princípio da não-cumulatividade como o IPI, ICMS,

COFINS e PIS/PASEP, cujos impostos são recuperados na venda,

repassando-se o ônus ao consumidor final.

Muitas vezes, quando há um volume de importações expressivo, a

empresa leva alguns meses sem recolher tributos, embora efetue vendas

normalmente, pois ainda está realizando a recuperação dos tributos recolhidos

na compra, via importação.

É necessário e aconselhável que a empresa tome a decisão de efetuar

as importações ainda no início do exercício fiscal, pois a depender do regime

de tributação escolhido, fará ou não jus ao crédito da COFINS e PIS, que

somente as empresas optantes pelo lucro real têm direito ao crédito decorrente

das compras, quer no mercado interno, que no externo. O que não ocorre no

regime de tributação simplificada destinada a pequenas e médias empresas

optantes do Simples Nacional e as optantes do Lucro Presumido.

Porém, o empresário tem que tomar bastante cuidado e avaliar a

opção pelo Lucro Real deverá ter todas as despesas comprovadas na

apuração do Imposto de Renda (IR) e da Contribuição Social sobre o Lucro

Líquido, enquanto que na tributação pelo Lucro Presumido a margem de lucro

é presumida de acordo com o ramo de atividade da empresa, não há

necessidade de comprovação das despesas. Por isso, é necessário avaliar o

volume de importações e avaliar o custo benefício da possibilidade de

recuperação do PIS e da COFINS, que somente é realizado no Lucro Real,

sendo necessário no planejamento tributário que se faça um estudo

comparativo do lucro a ser auferido pelos dois regimes de tributação,

lembrando-se que a opção é realizada no início do ano fiscal e não poderá ser

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alterada durante aquele exercício. A avaliação equivocada dessa opção

poderá comprometer a competitividade da empresa e até a sua sobrevivência

do mercado. Isso para as empresas que poderão optar, pois, as grandes

empresas somente podem apurar seus lucros pelo Lucro Real, mas, essas

empresas, geralmente, não estão sujeitas à sazonalidade de mercados.

No planejamento tributário também é recomendável estudar a

localização da empresa, de forma a maximizar os benefícios permitidos por lei,

além de entender melhor o fator logístico inserido no contexto. Caso a

empresa tenha suas operações de venda, na sua maioria, para a região norte

e nordeste, onde a alíquota interestadual do ICMS é de 7%, tem-se que,

embora a tributação na saída seja pelo preço de venda, ainda restará crédito a

compensar, pois, a diferença entre as alíquotas é de 11%.

Logo, é fundamental que as empresas estejam atentas para esses

fatores pela influência dos tributos no preço final das mercadorias, por serem

repassados aos consumidores finais, podem fazer com que a empresa perca

competividade no mercado.

Para um planejamento tributário eficiente é necessário que todos os

aspectos tributários sejam considerados: a alíquota nas importações, o regime

de apuração dos lucros, os incentivos fiscais, a localização geográfica em

relação aos portos e aeroportos e o mercado consumidor, a política de

aproveitamento de créditos dos tributos da União e de cada Estado e atenção

especial para as constantes alterações da legislação tributária.

As empresas importadoras já descobriram que geralmente os tributos

são mais representativos no custo, juntamente com o fator logístico, somado

ao seguro e despesas aeroportuárias o que leva os empreendedores do Brasil

a optarem por adquirir mercadorias e insumos no mercado internacional.

Devido a esses fatores, o planejamento tributário é necessário, pois é

capaz de fornecer aos empresários subsídios para a tomada decisão como

local de instalação da empresa, porto a ser utilizado, até qual produto deverá

ser importado e quando, possibilitando uma importação eficiente, com o

máximo de benefícios legais, possibilitando maior competividade e

maximização dos lucros, através do estudo da tributação incidente sobre as

importações.

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O planejamento tributário exige acompanhamento rigoroso

acompanhamento em que serão realizadas as aferições sobre a efetiva

lucratividade do negócio, isto é, medir o custo-benefício. Pois, os benefícios

fiscais exigem o cumprimento de obrigações acessórias que temam tempo e

conhecimento técnico específico.

No que tange a ótica do empresário, não se avalia as necessidade do

país que, na medida em passa a permitir a entrada facilitada de produtos para

os quais existam fabricantes internos, em condições similares de qualidade,

isso pode fazer com que os consumidores brasileiros passem a adquirir o

produto importado, no caso de ser mais barato, o que pode causar problemas

para os fabricantes nacionais, ocasionando desemprego e pobreza.

Conforme tratado neste trabalho, não existe milagre no mundo

empresarial, para restabelecer o equilíbrio, o Estado tem o poder-dever de

interferir no volume das importações, sempre que for necessário, alterando a

legislação tributária pertinente, de modo a desestimular a concorrência desleal

entre os produtos nacionais e importados, mas o “bom” empresário, por outro

lado, estará sempre buscando maior lucratividade sem incorrer em infração

tributária, via planejamento tributário.

Em um país onde a maior parte do tempo se compactua com o

“jeitinho brasileiro”, sendo motivo de orgulho para muitos de nossa nação, o

individualismo, e o egocentrismo fazem com que tais leis não sejam cumpridas

e nossa cultura continue em decadência ou transição, apontando ao mundo

um país onde as leis são extremamente ineficientes e que ainda vivemos a

época dos antigos feudos.

Dessa forma, acreditamos que se existissem órgãos reguladores para

fiscalizar melhor tais atitudes abusivas e se seguissem tais princípios acima

descriminados em nossa constituição federal (CF), teríamos provavelmente um

melhor equilíbrio operacional, fazendo com o Brasil cresça de forma ordenada

e sustentável, acabado com o receio de muitos em adentrar no segmento de

importação/exportação pela dependência de decisões alheias ao bem comum

social.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Entrevistas;

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ANEXO 1

ENTREVISTA

Regulação Portuária Brasileira

Passados mais de dezesseis anos da criação da Agência Nacional dos

Transportes Aquaviários (Antaq), para regular o transporte aquaviário e a

atividade portuária, e proteger o interesse público; muito se discute sobre a

eficiência desta agência reguladora no universo portuário. Não há pesquisa da

satisfação dos que usam e operam o transporte aquaviário no longo curso, as

queixas são muitas, vindas de diversos segmentos “regulados” pelo órgão e,

inclusive, um grande volume de denúncias ao MPF, ao TCU e ao Cade, pelo

não cumprimento da Constituição e do marco legal.

Buscando entender essa “regulação espetáculo” da Antaq a Revista

Portuária – Economia & Negócios ouviu o advogado Osvaldo Agripino de

Castro Júnior, hoje uma das maiores autoridades do país no assunto. Agripino

é sócio do Agripino & Ferreira AC, professor do Mestrado e Doutorado em

Ciência Jurídica da Univali e do Mestrado em Engenharia dos Transportes da

UFSC e professor convidado do International Maritime Law Institute (IMO,

ONU). É doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina

(UFSC), bacharel em Ciências Náuticas pelo Centro de Instrução Almirante

Graça Aranha, visiting scholar na Stanford Law School e senior fellow do

Mossavar-Rahmani Center for Business and Government, da Harvard

University

Revista Portuária: Economia & Negócios: Professor, como o senhor vê o

setor portuário e de transporte marítimo no Brasil? Ele proporciona preços

competitivos para os importadores e exportado- res brasileiros?

Osvaldo Agripino de Castro Júnior: Eu atuo no setor desde 1981 e, como

advogado – com clientes de todos os perfis, do Brasil e do exterior –nunca vi

um paradoxo como o que temos hoje. Persistem muitos abusos por parcela

dos prestadores de serviços, mesmo diante de um marco legal que dá poderes

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para a Agência Nacional dos Transportes Aquaviários (Antaq) fazer o que

precisa ser feito para equilibrar os interesses dos playeres Há sem dúvidas, um

grande potencial de crescimento, mas, dentre outras medidas, é preciso

descentralizar a gestão portuária, incluir o armador estrangeiro na regulação

via outorga de autorização, combater a corrupção sistêmica, a ineficiência e

aumentar a eficácia regulatória impondo critérios bem delineados de

modicidade para preços e tarifas do setor. A liberdade de preços não implica

na permissão para que se pratiquem valores abusivos. Não é possível que a

Antaq permita que um TUP em Santa Catarina aumente 800 o preço da

armazenagem pelo período de dez dias na importação entre 2011 e 2018,

enquanto o IGP-M para o período foi de 47,2. Tampouco que um agente

intermediário consiga, com a chancela do Poder Judiciário a condenação de

um importador na importância de R$ 1,1 milhão pela demurrage de três

contêineres, cuja carga vale R$ 39 mil e o frete pago foi R$ 14 mil. O valor é 79

vezes superior ao do frete e quase trinta vezes ao da carga. É um péssimo

ambiente de negócios, pernicioso.

RPEN: Dá para dizer que a regulação no Brasil é ineficiente?

OACJ: O grau de letalidade da fuga regulatória do Estado brasileiro é enorme.

Empresas pequenas e médias estão deixando de operar no comércio exterior

devido aos custos logísticos. As grandes empresas vêm sofrendo muito. Aliás,

a regulação setorial independente, que deveria ser exercida pela Antaq –

criada em 2001 para resolver os problemas de sua competência, no cenário de

modernização do Estado brasileiro promovido na virada para o século XXI –

tem permitido excessos por parte de terminais, de transportadores marítimos e

de seus agentes intermediários, em que pese todo o marketing acerca da

competitividade promovida pela agência.

Segundo o relatório Doing Business Project 2017, do Banco Mundial, o

custo para importar um contêiner no Brasil é cerca de US$ 2,5 mil. No nosso

vizinho Chile esse valor é de US$ 750. O Brasil, apesar da pequena

movimentação de contêineres, se comparada a de outros países

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desenvolvidos, é o que tem a maior quantidade de ações de cobrança de

demurrage e as maiores cifras.

Para termos uma noção de onde estamos, o indicador de qualidade

dos portos do Banco Mundial, em pesquisa feita junto aos executivos de 133

países acerca dos portos no mundo, classificou o Brasil com nota 2,7, numa

escala que vai de 1 até 7, sendo esta uma nota para um país com portos

desenvolvidos e eficientes.

Países da América do Sul, como Paraguai (3,1), Argentina (3,8),

Colômbia (3,6), Peru (3,6) e Chile (4,9) tiveram notas bem melhores. A

Holanda teve nota 6,8. Em qualidade de infraestrutura portuária, o Global

Competitiveness Report 2017-2018, do Fórum Econômico Mundial, colocou o

Brasil em 106º lugar.

RPEN: Então qual é o papel da Antaq na regulação da atividade portuária

hoje?

OACJ: A Antaq é uma agência de Estado e não do governo federal. Portanto,

tem um papel fundamental no desenvolvimento do setor no longo prazo. Mas

infelizmente opera num sistema político viciado por práticas não republicanas,

o que implica em atecnia nos três poderes da República, ressalvadas virtuosas

exceções que lutam contra toda essa degradação.

Estes poderes poderiam compreender e fiscalizar melhor as atividades

das agências. A Antaq tem um corpo de servidores qualificados, que precisa

“mostrar os dentes” aos que atentam contra o equilíbrio do setor regulado. Ela

deve dar eficácia ao marco regulatório e assistir mais os intervenientes no

mercado, especialmente usuários (e não somente com poucas empresas).

Precisa interagir mais com o Cade para auxiliar na defesa da concorrência,

bem como com agências reguladoras de outros países e com o Ministério

Público Federal e dos estados. da Antaq. É possível cobrar, mas somente

aqueles serviços permitidos e conceituados pela agência.

Além disso, é importante trazer o usuário para o ambiente da agência

e desenvolver uma política de defesa da concorrência, com ênfase na

modicidade e na previsibilidade dos preços do setor.

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RPEN: É comum ouvir no meio portuário que a Agência, que teria a função de

um órgão regulador, desempenha um papel meramente punitivo. O senhor

concorda com isso? Por que?

OACJ: Não. A propósito, alguém conhece alguma punição a algum pres- tador

de serviço, que tenha tido efeito simbólico, ou seja, de inibir con- duta abusiva

de outros players? Eu desconheço, e olhe que acompanho a atuação da

agência desde a sua gênese. Tendo ido inclusive aos Estados Unidos estudar,

em meu pós-doutoramento há dez anos, o desempenho das agências

americanas, para comparar com as nacionais nossas. Eu sei que o regulador

deve ter um caráter pedagógico, mas o problema é que sem rigor no ensino

não há assimilação, e o abuso continua.

A Antaq exerce ou deveria exercer função normativa, fiscalizatória,

punitiva, adjudicatória (resolução de conflitos no setor regulado), redistributiva

e dialógica, o que só pode ser feito com o poder dissuasório sobre todos da

cadeia, inclusive os usuários, afinal, os excessos existem de todos os lados.

Tenho, em meu escritório de advocacia, por exemplo, cliente terminal

portuário não verticalizado sendo prejudicado por terminais verticalizados e

agentes intermediários lesados por armadores estrangeiros, para não falar das

mazelas enfrentadas pelos usuários.

RPEN: Esse papel punitivo abrange todos os entes envolvidos na atividade

portuária ou é restrito a alguns setores? Quais são os mais atingidos?

OACJ: Não, esse papel é restrito a alguns setores. Ao contrário, a Antaq

exerce muito pouco o seu poder punitivo e, quando o faz, não atinge o principal

agente da cadeia de transporte marítimo internacional, que é o transportador

marítimo estrangeiro.

Com este player fora da regulação, o risco da operação de transporte

marítimo é transferido totalmente para os terminais portuários, agentes

intermediários, despachantes aduaneiros e usuários que continuarão sendo

prejudicados. Aprendi, depois de anos estudando o tema, que não há poder

regulatório eficaz sem poder dissuasório.

Com 17 anos de idade, a Antaq precisa “mostrar os dentes”. É preciso

que ela, de fato, puna quem causa as externalidades negativas, divulgue os

maus prestadores de serviços, e realize eventos para difusão das suas

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normas. Na regulação, quem reclama do regulador é quem não quer

regulação. Regular implica contrariar interesses. Quando do meu pós-

doutorado nos Estados Unidos, pude ver que lá não existe regulador

“bonzinho”.

É importante que todos conheçam o papel da Antaq, da Autoridade

Portuária, da SEP, do Conit, do MT e do Cade, bem como suas possibilidades.

Inclusive, escrevi um livro sobre esse tema, em 2015, fruto de muita dedicação

ao assunto, chamado Direito Portuário e Nova Regulação, cuja 2ª edição está

no prelo.

RPEN: No caso dos armadores, como é feita essa regulação?

OACJ: Ela inexiste, mas paradoxalmente, os armadores brasileiros (EBNs)

sofrem regulação da Antaq. Só podem operar mediante outorga de

autorização, com capital integralizado e devem seguir uma série de exigências.

Além disso, deve cumprir os deveres da Resolução Normativa nº18/2017,

enquanto o transportador estrangeiro opera livre de sequer um simples

cadastro.

O ex-ministro Joaquim Barbosa, como advogado, contribuiu com um

parecer em processo no qual meu escritório atuou na defesa de usuários e

despachantes aduaneiros junto ao TCU e MPF. Ele entendeu, com a fineza de

raciocínio que lhe é peculiar, que a Antaq comete uma inconstitucionalidade

por omissão ao não regular o armador estrangeiro, violando a isonomia que

deve ocorrer entre a empresa estrangeira de navegação e a EBN,

prejudicando o interesse público que deve ser a prioridade da agência.

É um parecer de singular lucidez, tendo sido ademais publicado em

coletânea do distinto jurista, pela editora Almedina no ano passado, sob o título

Pareceres Jurídicos – Volume I. Recomendo fortemente a leitura aos

interessados.

RPEN: Se a regulação da Antaq não se estende aos armadores estrangeiros,

quais são os abusos cometidos por eles?

OACJ: Citarei alguns, como os danos aos terminais portuários não

verticalizados, concorrência desleal, omissões de porto, demurrage de

contêiner com preço abusivo, cobrança de diversos serviços sem autorização

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(porque não há norma da Antaq identificando quais podem ser cobrados),

overbooking, cobrança de taxa de câmbio acima da taxa oficial (crime contra a

economia popular). Eu poderia mencionar, ainda, os problemas causados pela

edição de normas, sem estudo técnico, como a Análise de Impacto

Regulatório, a Resolução Normativa n. 1/2015, que trata do afretamento de

embarcações estrangeiras. Isto tem causado vários problemas, como medidas

judiciais de empresas prejudicadas como a Posidonia contra a Antaq, que não

observou pareceres do Cade, do TCU e da Secretaria de Acompanhamento

Econômico, e criou limites que a legislação não exige, o que chamamos de

“barreiras de entrada” num mercado cartelizado.

RPEN: Teoricamente a Antaq teria que “garantir a movimentação de pessoas e

bens, em cumprimento a padrões de eficiência, segurança, conforto,

regularidade, pontualidade e modicidade nos fretes e tarifas.” Isso acontece?

OACJ: Infelizmente não, apesar do esforço exercido desde a gestão do diretor

geral Mario Povia. Há vários problemas. A palavra modicidade, por exemplo,

não existe como política pública na Antaq. Desconheço condenação por abuso

de preços. Ela se recusa a criar critérios para identificar o que é módico nas

tarifas e preços cobrados pelos regulados. Tem tenta- do, inocuamente, fazer

uma regulação ex post, depois da consumação do abuso, e não ex ante, como

deveria ser.

Cito, dentre muitos casos, somente para ilustrar esse grave problema,

recente decisão da Superintendência de Regulação, em que sustentou que

não poderia intervir dando critérios para arbitrar uma cobrança de demurrage

de contêineres de mais de um milhão de reais, porque o STJ já tinha o

entendimento sobre a matéria que anuía com tal descalabro. Ora, o que o

referido tribunal entende de critérios para demurrage? O Judiciário, com todo o

respeito que lhe compete, não tem condição técnica para decidir sobre o tema.

Em outra oportunidade, a mesma superintendência sancionou

cobrança de meio milhão de reais por 305 dias de armazenagem de dois

contêineres no mesmo TUP que aumentou os preços 800 em sete anos. Um

absurdo. Afinal, qual é a função da Antaq?

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RPEN: O que precisa ser mudado?

OACJ: Não há explicação monocausal para resolver os problemas causados

por tantas externalidades negativas decorrentes da nossa inaptidão em termos

de cultura regulatória e déficit de maritimidade, especialmente dos próprios

regulados.

É preciso reduzir as assimetrias de informação entre usuários e

prestadores de serviços, fazer com que aqueles que pagam a conta no final o

consumidor, na prateleira do supermercado conheçam as possibilidades e os

limites do marco regulatório e o que a Antaq pode fazer, bem como se

organizem para exigirem dos políticos e da agência os seus direitos. Sem isto,

nunca haverá equilíbrio.

RPEN: Quais as falhas na regulação da Antaq? O senhor pode relacioná-las?

OACJ: São muitas. Não vou tratar de questões institucionais, como o não

funcionamento do Conselho Nacional de Integração de Políticas de

Transportes, o Conit, dentre outras, mas a principal é a falta de regulação

econômica. Isso faz com que haja o aumento de cobranças de todos os tipos,

sem conhecimento da Antaq, como o THC2 e dezenas de “surcharges”. É

preciso identificar e determinar por Resolução quais serviços devem ser

cobrados, para acabar a proliferação de preços cobrados.

É urgente o registro e acompanhamento das tarifas e preços no setor.

Não é possível que o usuário seja surpreendido com cobranças sem previsão

em norma regulação via outorga de autorização, combater a corrupção

sistêmica, a ineficiência e aumentar a eficácia regulatória impondo critérios

bem delineados de modicidade para preços e tarifas do setor.

A liberdade de preços não implica na permissão para que se pratiquem

valores abusivos. Não é possível que a Antaq permita que em Santa Catarina

aumente o preço da armazenagem pelo período de dez dias na importação

entre 2011 e 2018, enquanto o IGP-M para o período foi de 47,2. Tampouco

que um agente intermediário consiga, com a chancela do Poder Judiciário a

condenação de um importador na importância de R$ 1,1 milhão pela

demurrage de três contêineres, cuja carga vale R$ 39 mil e o frete pago foi R$

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14 mil. O valor é 79 vezes superior ao do frete e quase trinta vezes ao da

carga. É um péssimo ambiente de negócios, pernicioso.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

AMARAL, Antônio Carlos Rodrigues. Direito do Comércio Internacional:

Aspectos Fundamentais. 1ª Edição. São Paulo: Ed. Aduaneiras, 2006.

ARAUJO, Renata, Alcione de Faria Villela de. Coletânea de Direito Aduaneiro.

1ª Edição. Rio de Janeiro: Editora IOB, 2016.

Constituição da República Federativa do Brasil. Serie Legislação Brasileira,

Editora Saraiva, 1988.

CREMONEZE, Paulo Henrique. Prática de Direito Marítimo. 2ed. São Paulo:

Quartier Latin, 2012.

FARO, Ricardo; FARO, Fátima. Curso de Comércio Exterior. 1ª Edição. São

Paulo: Ed. Atlas, 2007.

LUDOVICO, Nelson. Logística Internacional. Ed. Saraiva. 3ª Edição. São

Paulo: 2012.

LUZ, Rodrigo. Comércio Internacional e Legislação Aduaneira. 5ª Edição. São

Paulo: Ed. Campus, 2012.

MARTINS, Eliane M. Octaviano. Curso de Direito Marítimo. 2ª Edição. São

Paulo: Editora Aduaneiras, 2005.

MARTINS, Eliane M. Octaviano. Curso de Direito Marítimo. V.1, 3 Edição.

Barueri: Manole, 2008.

MEIRA, Liziane Angelotti. Tributos sobre o Comércio Exterior. 3ª edição. São

Paulo: Ed. Saraiva, 2012.

RAPHAEL, Leandro. Direito Marítimo. 09ª Edição. São Paulo: Editora

Aduaneiras, 2003.

ROCHA, Paulo Cesar Alves. Regulamento Aduaneiro. 19ª Edição. São Paulo:

Editora Saraiva, 2016.

SILVA, Marco Antônio da Silva. Comércio Exterior– Estratégia para atuação

em. São Paulo: Ed. Senac, 2013.

ZANELLA Di Pietro, Maria Sylvia. Direito Administrativo. 22ed. São Paulo:

Atlas, 2009COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário

Brasileiro. 12 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012

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BIBLIOGRAFIA CITADA

1 - BRASIL. Superior Tribunal da Justiça (STJ). Recurso Especial nº

1.448.120. Recorrente: Unimar Agenciamentos Marítimos LTDA. Recorrido:

Royal e Sunalliance Seguros Brasil S/A. de 23 de fevereiro de 2015a. Relator:

Ministro Ricardo Villas Boas Cuerva. São Paulo. Disponível em:

<http://www.jusbrasil.com.br/diarios/documentos/168629314/andamento-do-

processo-n-1448120-sp-do-dia-23-02-2015-do-stj>. Acesso em: 20 maio. 2018.

2 - BRASIL. Decreto-lei nº 37, de 19 de novembro de 1966b. Dispõe sobre o

imposto da importação, reorganiza os serviços aduaneiros e dá outras

providências.

Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/Del0037.htm>. Acesso em: 28

ago. 2015.

3 - BRASIL. Código Tributário Nacional (CTN) - Lei 5172/66 | Lei nº 5.172,

de 25 de outubro de 1966a.

Disponível em:

<http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/91647/codigo-tributario

nacional-lei-5172-66#art-137>. Acesso em: 05 Jun. 2018.

4 - BRASIL. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). Acórdão nº

3102 -000.791, de 27 de outubro de 2010b. Contribuinte: Wilson Sons Agência

Marítima LTDA. Relator: Ricardo Paula Rosa.

5 - BRASIL. Superior Tribunal da Justiça (STJ). Recurso Especial nº

1.134.195. Recorrente: Fazenda Nacional. Recorrido: Odfjell Westfal-Larsen

Tankers A/S e bCO. de 12 de agosto de 2010a. Relator: Ministro Luiz Fux. São

Paulo.

Disponível em: <http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/15665520/peticao-de-

recurso- especial-resp-1134195 >. Acesso em: 04 Maio. 2018.

6 - BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (STJ). Recurso Especial nº

1.002.811. Recorrente: Alca Atacadista de Alimentos LTDA. Recorrido: Maersk

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do Brasil LTDA. De 7 de agosto de 2008a. Relator: Ministro Humberto Gomes

de Barros. São Paulo.

Disponível em: <http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/851577/recurso-

especial-resp-1002811-sp-2006-0268194-5> Acesso em: 23 Jun. 2018.

7 - BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (STJ). Agravo Regimental no

Recurso Especial nº 113180 RJ 2009/0058609-0 de 25 de janeiro de 2013a.

Relator: Ministro Sérgio Kukina. Órgão Julgador: T1 – Primeira Turma.

Disponível:<http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23324920/agravo-

regimental-no- recurso-especial-agrg-no-resp-1131180-rj-2009-0058609-0-stj>.

Acesso em: 08 Jul 2018.

8 - BRASIL. Tribunal Federal de Recursos (TRF). Súmula nº 192, de 25 de

dezembro de 1985. O agente marítimo, quando no exercício exclusivo das

atribuições próprias, não é considerado responsável tributário, nem se

equipara ao transportador para efeitos do Decreto-Lei nº 37 de 1966.

Disponível: http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/75/TFR/192.htm

Acesso em: 04 Maio. 2018.

9 - BRASIL. Tribunal Regional Federal (TRF) da 3º Região. Agravo Legal em

Apelação Cível nº 0017851-12.2013.4.03.6100/SP, de 06 de março de 2015c.

Relatora: Desembargadora Federal Consuelo Yoshida. Apelante: União

Federal. Agravada: Decisão de Folhas.

Disponível em: < http://www.jusbrasil.com.br/diarios/87259167/trf-3-judicial-i-

06-03-2015-pg-1152>.

Acesso em: 7 Jun de 2018.

10 - BRASIL. Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região Apelação Cível

5004959320144047218 SC 5000495-93.2014.404.7218, de 18 de agosto de

2015d. Relator: Cláudia Maria Dadico. Órgão Julgador: Segunda Turma.

Disponível em<>.

Acesso em: 07 de Jun. 2018.

11- BRASIL. Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região. Apelação Cível nº

347545, de 26 de agosto de 2009. Relator: Desembargador Federal Francisco

Barro Dias. Órgão Julgador: Segunda Turma. Disponível em:

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<http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=APRESENTA%C3%87%

C3%83O+DAS+GFIPS>.

Acesso em: 07 Jun 2018.

12- BRASIL. Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região. Apelação Cível nº

381194, de 12 de dezembro de 2007. Relator: Desembargador Federal

Frederico Pinto de Azevedo. Órgão Julgador: Terceira Turma.

Disponível:<http://trf5.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/274184/apelacao-civel-ac-

381194- pe-20058300004562-5 >.

Acesso em: 07 Jun. 2018.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

DEDICATÓRIA 3

AGRADECIMENTO 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

(DEMURRAGE:TERMO ABUSIVO) 11

1.1 – Conhecimento de Transporte Marítimo 12

1.2 – Pratica Desleal 15

CAPÍTULO II

(OMISSÃO DE PORTO) 20

2.1 – Causas e Consequências 21

2.1.1 – Importação 21

2.1.2 – Exportação 22

2.2 – Obrigatoriedade do Armador 22

2.3 – Principais Problemas – Fiscal e Retaliação 23

CAPÍTULO III

(MULTAS NO SISCOMEX CARGA) 22

CONCLUSÃO 35

ANEXOS 31

ENTREVISTA 32

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40

BIBLIOGRAFIA CITADA 42

ÍNDICE 45

FOLHA DE AVALIACAO 46

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: AVM

Título da Monografia: Dificuldades Sistêmicas e Operacionais no

Comércio Exterior Brasileiro

Autor: Francisco Paulo Bottino

Data da entrega:

Avaliado por: William Rocha Conceito: