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Melão Fitossanidade Frutas do Brasil, 25 DOENÇAS , VIROTICAS - TECNOLOGIA NO MANEJO DE CONTROLE INTRODUÇÃO A irrigação e as condições climáti- cas do Submédio do Vale do São Fran- cisco são extremamente favoráveis ao cultivo de cucurbitáceas, propiciando aumento na produção e na qualidade de frutos. O melão, cultura de exportação, destaca-se entre as cucurbitáceas cultiva- das, como uma das mais importantes para a região. Entretanto, essas mesmas condi- ções são também favoráveis ao surgimento de problemas fitossanitários, principalmen- te, aqueles relacionados a insetos como vetores de vírus. A ocorrência de alta tem- peratura e baixa umidade relativa do ar, principalmente no segundo semestre do ano, são propícias ao aparecimento de po- pulações de pragas em campo. As viroses são um dos principais problemas que afe- tam o melão nessa região, podendo causar perdas significativas na produção. Em le- vantamento de doenças realizado na cultu- ra do melão, no período de 1998 a 1999, as viroses foram detectadas em mais de 30% das amostras analisadas (Lima et al., 2000). Já forma relatados cerca de 50 vírus que infectam plantas da família Cucurbita- ceae. Entretanto, apenas 25 infectam na- turalmente espécies desta família. No Bra- sil, até 1991, apenas sete viroses tinham sido relatadas em cucurbitáceas: • mancha-anelar-do-mamoeiro, estirpe me- lancia ("Papaya ringspot virus" - type Water- melon, PRSV-w), mosaico-da- melancia 2 ("Watermelon mosaic virus 2" - WMV-2) , Mirtes Freitas Lima mosaico-do-pepino ("Cucumber mosaic virus" - CMV'), mosaico-da-abóbora ("Squash mo- saic virus" - SqMV), mosaico-amarelo-da- abobrinha-de-moita ("Zucchini yellow mosaic virus" - ZYMV), vírus-da-clorose-letal-da- abobrinha ("Zucchini lethal ch/orotic virus" - ZLCV) (Kurosawa & Pavan, 1997) e uma estirpe do vírus-do-vira -cabeça -do- tomatei- ro ("Tomato spotted wilt virus" - TSWV). Entre esses vírus, PRSV -W, CMV, ZYMV, SqMV e WMV-2 são os mais prejudiciais para espécies dessa família. MOSAICO-DA-MELANCIA ("Papaya ringspot virus" - PRSV-W) O PRSV -W é o vírus de maior ocorrência e que mais danos econômi- cos causa às cucurbitáceas cultivadas no Brasil, podendo ser limitante à pro- dução, principalmente, quando a infec- ção ocorre nos estádios iniciais de de- senvolvimento da cultura. O PRSV-W possui ampla distribuição em cucurbi- táceas em todo o mundo, sendo mais comum em áreas tropicais e subtropi- cais. Ocasionalmente, podem ocorrer epidemias em regiões temperadas. Entre os vírus que atacam as cucurbitá- ceas, este foi o mais caracterizado no Brasil, até o momento. Alguns relatos indicam que o PRSV-W é o mais comum em plantios comerciais de melão do Submédio do Vale do São Francisco.

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Melão Fitossanidade Frutas do Brasil, 25

DOENÇAS,VIROTICAS -TECNOLOGIA NOMANEJO DECONTROLE

INTRODUÇÃO

A irrigação e as condições climáti-cas do Submédio do Vale do São Fran-cisco são extremamente favoráveis aocultivo de cucurbitáceas, propiciandoaumento na produção e na qualidade defrutos. O melão, cultura de exportação,destaca-se entre as cucurbitáceas cultiva-das, como uma das mais importantes paraa região. Entretanto, essas mesmas condi-ções são também favoráveis ao surgimentode problemas fitossanitários, principalmen-te, aqueles relacionados a insetos comovetores de vírus. A ocorrência de alta tem-peratura e baixa umidade relativa do ar,principalmente no segundo semestre doano, são propícias ao aparecimento de po-pulações de pragas em campo. As virosessão um dos principais problemas que afe-tam o melão nessa região, podendo causarperdas significativas na produção. Em le-vantamento de doenças realizado na cultu-ra do melão, no período de 1998 a 1999, asviroses foram detectadas em mais de 30%das amostras analisadas (Lima et al., 2000).

Já forma relatados cerca de 50 vírusque infectam plantas da família Cucurbita-ceae. Entretanto, apenas 25 infectam na-turalmente espécies desta família. No Bra-sil, até 1991, apenas sete viroses tinhamsido relatadas em cucurbitáceas:• mancha-anelar-do-mamoeiro, estirpe me-lancia ("Papaya ringspot virus" - type Water-melon, PRSV-w), mosaico-da- melancia 2("Watermelon mosaic virus 2" - WMV-2) ,

Mirtes Freitas Lima

mosaico-do-pepino ("Cucumber mosaic virus"- CMV'), mosaico-da-abóbora ("Squash mo-saic virus" - SqMV), mosaico-amarelo-da-abobrinha-de-moita ("Zucchini yellow mosaicvirus" - ZYMV), vírus-da-clorose-letal-da-abobrinha ("Zucchini lethal ch/orotic virus" -ZLCV) (Kurosawa & Pavan, 1997) e umaestirpe do vírus-do-vira -cabeça -do- tomatei-ro ("Tomato spotted wilt virus" - TSWV).Entre esses vírus, PRSV -W, CMV, ZYMV,SqMV e WMV-2 são os mais prejudiciaispara espécies dessa família.

MOSAICO-DA-MELANCIA("Papaya ringspot virus" -PRSV-W)

O PRSV -W é o vírus de maiorocorrência e que mais danos econômi-cos causa às cucurbitáceas cultivadasno Brasil, podendo ser limitante à pro-dução, principalmente, quando a infec-ção ocorre nos estádios iniciais de de-senvolvimento da cultura. O PRSV-Wpossui ampla distribuição em cucurbi-táceas em todo o mundo, sendo maiscomum em áreas tropicais e subtropi-cais. Ocasionalmente, podem ocorrerepidemias em regiões temperadas.Entre os vírus que atacam as cucurbitá-ceas, este foi o mais caracterizado noBrasil, até o momento. Alguns relatosindicam que o PRSV-W é o mais comumem plantios comerciais de melão doSubmédio do Vale do São Francisco.

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Frutas do Brasil, 25

Sintomas

Folhas de plantas infectadas exi-bem, inicialmente, amarelecimento entreas nervuras e, mais tarde, mosaico severoe malformação. Em folhas apicais, ocorreredução do limbo foliar, ficando estas re-duzidas às nervuras principais. Em plantasinfectadas, observa-se uma acentuada re-dução no crescimento; os frutos, freqüente-mente, são deformados e apresentam mu-dança de coloração. Quando a infecçãoocorre no início do ciclo da cultura, podehaver perda total da produção.

Agente causal e transmissão

o vírus está classificado como umaestirpe do vírus do mosaico-do-mamoeiro("Papqya ringspot m'rus"- type watermelon).Pertence ao grupo Potyvirus, família Poti-viridae, apresentando partículas alonga-das e flexuosas, que medem 780 nm e umafita simples de RNA. O PRSV-W induz aformação de inclusões citoplasmáticas eamarfas do tipo "cata-vento" em célulasinfectadas. O círculo de hospedeiros dovírus é restrito à família Cucurbitaceae, einfecta cerca de 40 espécies em 11 gêneros(Zitter et al., 1996). Experimentalmente,alguns isolados podem causar infecçãolocalizada em espécies da família Cheno-podiaceae (Kurosawa & Pavan, 1997).Abóbora, melão, melancia e pepino são ascucurbitáceas de maior importância eco-nômica, afetadas pelo vírus.

A transmissão por insetos vetores éa principal forma de disseminação dovírus em campo. O PRSV-W é transmi-tido de maneira não persistente por maisde 24 espécies de pulgões em 15 gêneros,destacando-se os gêneros Aphis e Myzus.A alta eficiência na transmissão do víruspor pulgões, propicia a disseminação davirose dentro do plantio, sem necessida-de da presença de um grande número deles.O PRSV-W é transmitido mecanicamentepor meio do extrato de plantas infectadas.

Melão Fitossanidade

ão há evidências de que seja transmitidovia sementes. Sua sobrevivência se dá emcucurbitáceas selvagens, na ausência dasespécies cultivadas (Zitter et al., 1996).

Controle

o controle de viroses, as medidas aserem adotadas devem ser preventivas, paraevitar ou reduzir a infecção, minimizando oseu 'efeito na produção e na qualidade dosfrutos. Assim, um conjunto de medidas deveser adotado no controle dessas doenças comoparte de um manejo integrado:

• A utilização de inseticidas no controlede pulgões-vetores, pode limitar a disse-minação do vírus a partir dos focos primá-rios de infecção. Entretanto, devido à altaeficiência de transmissão desse vírus porpulgões, de maneira não persistente e aosistema de cultivo de melão que se faz em,plantios sucessivos em áreas adjacentes, ocombate dessa virose, por meio do contro-le do vetor pode ser pouco eficiente, mes-mo com a utilização de inseticidas sistêmi-cos, pois, em geral, os vírus são inoculadosna hospedeira antes que os inseticidaspossam ter algum efeito no seu vetar.• A utilização de óleo mineral, em pulve-rização, pode reduzir a incidência da viro-se em campo, devido à possível interferên-cia do produto na retenção de partículas dePotyvirus pelos pulgões, o que pode res-tringir a aquisição e a transmissão do víruspelo vetor (Wang & Pirone, 1996).• A cobertura do solo com material repe-lente (casca de arroz e plástico prateado),no início do ciclo da cultura, pode retardara disseminação do vírus, devido ao efeitorepelente do material sobre os afídeos. En-tretanto, o alto custo dessa medida podelimitar a sua utilização em grandes áreas.• Deve-se evitar o estabelecimento denovos plantios próximos de campos maisvelhos de cucurbitáceas e que estejaminfectados com o vírus.

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• A eliminação de plantas daninhas dentroe próximo à área cultivada (pois os pulgõessão polífagos e podem sobreviver em hos-pedeiras que circundam a cultura) e a des-truição de restos de cultura logo após acolheita são também medidas que podemreduzir a incidência da virose nos camposde cultivo.• No plantio de novas áreas, evitar culti-vos sequenciados, principalmente na dire-ção do vento e em áreas próximas.• O plantio de variedades resistentes outolerantes é outra medida preventiva.Os híbridos AF-522 e Nice são citados emliteratura como tolerantes ao vírus. O melão'Eldorado 300', híbrido originário do cru-zamento entre a linhagem W-6 (resistente)e a cv. Amarelo (suscetível ao PRSV-W),desenvolvido pela Embrapa Hortaliças e aEmbrapa Serni-Árido, possuía tolerânciaao PRSV-W. Entretanto, devido à condu-ção inadequada de campos para produçãode sementes e ao reaproveitamento desementes de cultivos anteriores, entre ou-tros, a variedade foi perdendo as suascaracterís ticas originais.

MOSAICO-DA-MELANCIA 11("Wotermelon moscíc virus-t!" -WMV-II)

O primeiro relato do WMV-2 foi emabóbora na Flórida. O vírus pode ser en-contrado em espécies de cucurbitáceas emtodo o mundo, sendo mais comum emregiões temperadas. Entretanto, pode ocor-rer em áreas tropicais.

No Brasil, o WMV-2 foi detectado nopepino, em 1988, e no melão, no Submé-dio do Vale do São Francisco e Vale doAssu-RN, em 1990. No Estado de SãoPaulo, o WMV-2 foi relatado infectandoabobrinha-de-moita em Campinas-SP, em1995. A ocorrência desse vírus em plantiosde cucurbitáceas no país tem sido relativa-mente baixa.

Frutas do Brasil, 25

Sintomas

Os sintomas variam consideravelmen-te, dependendo da cultivar, estirpe do ví-rus e dos fatores ambientais. O vírus causamosaico, embolhamento, anéis cloróticose malformação em folhas e além de reduzira qualidade e a produção de frutos.

Agente causal e transmissão

O WMV-2 pertence ao grupo dosPotyvirus, família Potiviridae, e apresen-ta partículas alongadas e flexuosas, com760 nm de comprimento, e uma fita sim-ples de RNA. O WMV-2 e o PRSV-Wapresentam, em termos gerais, caracterís-ticas estruturais e morfológicas similares.Entretanto, esses dois vírus são sorologi-camente distintos. O seu círculo de hospe-deiros compreende membros das famíliasCu-curbitaceae, Legurrúnosae, Euphorbiaceae eChenopodiaceae (Kurosawa & Pavan, 1997).

O vírus é eficientemente transmitidopor mais de 20 espécies de pulgões, demaneira não persistente. No Brasil, a trans-missão é feita por Myzus persicae, Aphisgos!)lpii e Uroleucon ambro.riae, que adquiremo vírus retendo-o por poucas horas.O WMV-2 é transmitido mecanicamentepelo extrato de plantas infectadas. Não háevidências de sua transmissão pela semente.

Controle

Adotar as mesmas medidas de contro-le gerais recomendadas para o PRSV-W.

MOSAICO-DO-PEPINO("Cucumber mosoic virus"CMV)

O CMV é de ocorrência generali-zada em áreas cultivadas com cucurbitá-ceas em todo o mundo, principalmente

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em re-giões temperadas, onde a doença émais severa. O CMV foi caracterizado hámais de 70 anos e, ainda hoje, é conside-rado um dos vírus mais destrutivos decucurbitáceas (Zitter et al., 1996).

o Brasil, o CMV infecta diferentes cul-turas economicamente importantes. En-tretanto, devido à sua baixa ocorrênciaem regiões produtoras do país, não possuigrande importância. Todas as cucurbitá-ceas são suscetíveis a esse vírus.

Sintomas

O vírus causa severo enfezamentonos estádios iniciais de desenvolvimentoda planta. Nas folhas, observam-se redu-ção do tamanho, mosqueado, mosaico,enrolamento e malformação. As plantasapresentam internódios curtos, resultandoem uma roseta. Plantas gravemente infec-tadas podem apresentar anomalias nas flo-res que exibem pétalas esverdeadas, frutosdeformados, em geral descoloridos e detamanho reduzido, imprestáveis para ocomércio. Em frutos gravemente afeta-dos, a produção de sementes é insignifi-cante. No caso de infecção tardia, o desen-volvimento da planta pode não ser afeta-do; entretanto, os frutos podem resultar debaixa qualidade e deformados.

Agente causal e transmissão

O CMV pertence ao grupo Cucu-movirus e apresenta partículas isornétri-cas de 29 nm de diâmetro. O vírus possuium amplo círculo de hospedeiros e infec-ta cerca de 800 espécies de plantas, per-tencentes a 8S famílias, entre as quaisCruciferae, Solanaceae, Compositae, Le-guminosae e Cucurbitaceae (Zitter et al.,1996; Franckie et al., 1979). Entre asculturas conhecidas, além das cucurbitá-ceas, o CMV ataca cenoura, aipo, alface,cebola, pimentão, espinafre e tomate,

Melão Fitossanidade

plantas ornamentais como gerânio, petú-nia e lírio e plantas semi-lenhosas comobanana e maracujá (Zitter et al., 1996).A importância dessas plantas como reser-vatório de vírus aumenta, quando sãoconsideradas a ocorrência de infecçãolatente e a multiplicação de vetores emvárias dessas hospedeiras. Muitas estirpesdesse vírus são conhecidas.

O vírus é transmitido mecanicamente,pela semente e por pulgões, de maneira nãopersistente. Mais de 60 espécies de pulgõestransmitem o CMV, sendo Aphis gos!)pii eMyzus persicae as espécies mais importantes(Kurosawa & Pavan, 1997). Geralmente, ovírus é adquirido pelo pulgão-vetor apósum minuto de alimentação em planta infec-tada e o inseto perde a habilidade de trans-mitir o vírus 2 horas depois.

Controle

As medidas de controle gerais reco-mendadas para o controle de PRSV -Wpodem, também, ser utilizadas para o con-trole de CMV.

MOSAICO-AMARELO-DA-ABOBRINHA-DE-MOITA("Zucchini yellowmosaic vírus" - ZYMV)

Esse vírus foi isolado na Itália em1973 e descrito em 1981. o momento,esse vírus é considerado uma das principaisdoenças economicamente importantes dascucurbitáceas, na maioria das regiões pro-dutoras do mundo. No Brasil, o vírus foirelatado em 1992 nos Estados de São Pauloe Santa Catarina, em melancia e pepino,respectivamente. A doença possui grandeimportância econômica para a cultura domelão. Graves perdas já foram relatadasnessa cultura nos Estados Unidos, na Aus-trália e em países da Europa e da África.

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Melão Fitossanidade

Sintomas

o vírus causa, inicialmente, clarea-mento de nervuras e, mais tarde, mosaico-amarelo severo, malformação e reduçãodo limbo foliar. As plantas tornam-se ra-quíticas, com acentuada redução no de-senvolvimento. Plantas infectadas podemnão produzir frutos e, quando produzem,estes são bastantes deformados, podendoapresentar rachaduras e alteração de cor,ficando inutilizados para a comercializa-ção. A produção de sementes é reduzi-da, sendo freqüentemente deformadas.Há relatos de perdas de até 94% na produ-ção de melão 'Cantaloupe', quando a in-fecção das plantas ocorre no início do ciclo(Blua & Perring, 1989). As perdas serãomenores se a infecção ocorrer após a pro-dução dos primeiros frutos.

Agente causal e transmissão

o vírus pertence ao grupo dos Po-tyvirus, família Potiviridae. É constituídode partículas alongadas, flexuosas, quemedem cerca de 750 nm de comprimento.

A disseminação do ZYMV é feitapor pulgões de maneira não persistente,principalmente por espécies dos gênerosAphis e Myzus. O vírus é transmitidomecanicamente, porém no caso do me-lão isto não ocorre por meio de semen-tes. Entre os hospedeiros experimen-tais desse vírus, estão incluídos mem-bros de onze famílias de dicotiledôneas.Todavia, a infecção natural é verificadacom mais freqüência as cucurbitáceas,com mais de 20 espécies suscetíveis aovírus (Desbiez & Lecoq, 1997).

Controle

As medidas gerais recomendadas parao controle de PRSV-W são recomendadas,também, para o controle desse vírus.

Frutas do Brasil, 25

MOSAICO-DA-ABÓBORA("5quash mosoic vitus" - SqMV)

O primeiro relato mundial do vírusdo mosaico-da-abóbora foi feito em 1916e o de sua disseminação pela semente, em1934. O SqMV ocorre em vários países,nos quais sementes infectadas constituemo meio mais efetivo de disseminação alongas e curtas distâncias. Esse vírus pos-sui menor importância quando compara-do ao PRSV-W, CMV e WMV-2, prova-velmente, por não apresentar ampla disse-minação no campo, como as viroses trans-mitidas por afídeos. No Brasil, o vírus jáfoi encontrado em São Paulo, no DistritoFederal e em estados das Regiões Norte eNordeste. A doença causa sérios danospara a cultura do melão.

Sintomas

Os sintomas em plantas infectadassão variáveis. Ocorrem clareamento emanchas cloróticas em folhas novas, mo-saico severo com formação de bolhas eprojeções irregulares nas margens de fo-lhas devido ao retardamento no desen-,volvimento dos tecidos entre as nervuras.As plantas apresentam, freqüentem ente,enfezamento, produzindo frutos man-chados ou muito deformados. A infecçãoprovoca o retardamento na maturaçãodos frutos e uma acentuada redução nonúmero de frutos por planta. Folhas no-vas de plantas infectadas podem apresen-tar pouco ou nenhum sintoma, com ocrescimento da planta, dificultando a di-agnose da doença algum tempo após ainoculação do vírus.

Agente causal e transmissão

O vírus pertence ao grupo Comovi-rus, família Comoviridae, e possui partícu-las isométricas de 30 nm de diâmetro.

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o SqMV é transmitido por coleópte-ros, com relação do tipo persistente.As espécies constatadas como vetoras deSqMV são: Diabrotica bivittula, D. speciosa eEpilachma cacica.

Essas espécies adquirem o vírus apóscerca de 5 minutos de alimentação, reten-do-o por até 20 dias. O vírus não se multi-plica no vetor; entretanto, este pode serrecuperado no fluido de regurgitação, nasfezes e na hemolinfa do inseto (Zitter et al.,1996). O SqMV é transmitido por sementesa uma taxa de cerca de 10%, apesar de seestimar que na cultura do melão, a dissemi-nação do SqMV ocorra, quase que exclusi-vamente, por meio de sementes contamina-das. Entretanto, o estabelecimento da

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virose em plantas no campo depende dapresença de insetos vetores e de condiçõesclimáticas favoráveis à sua multiplicação.

O círculo de hospedeiros naturais dovírus restringe-se, principalmente, às espé-cies de curcubitáceas, podendo, entretanto,infectar, também, alguns membros das fa-mílias Chenopodiaceae, Leguminosae,Umbelliferae e Hydrophyllaceae (Zitter etal., 1996; Kurosawa & Pavan, 1997).

Co.ntrole

• Utilizar sementes livres de vírus.• A disseminação do vírus no campo podeser reduzida pela aplicação de inseticidaspara controlar os vetores.