7
DOENÇAS DA BOCA NEOPLASIA DA CAVIDADE ORAL, FARINGE E LARINGE O paciente pode apresentar desnutrição, por dificuldade de alimentar- se, devido obstrução, infecção e ulceração oral ou alcoolismo coexistente, freqüentemente associado a estes tumores. As deficiências nutricionais podem ser complexadas pelo tratamento o qual normalmente envolve ressecção cirúrgica, radio ou quimioterapia. Tratamento : Após cirurgia, inicialmente o suporte nutricional é fornecido através de sonda de alimentação ou por nutrição parenteral. Se a alimentação oral for possível após a cirurgia, a dieta deve ser líquida ou pastosa, freqüentes e com volume reduzido, de preferência com mais carboidratos complexos que simples. TONSILECTOMIA É a remoção das tonsilas (tecido linfático e parte do sistema imunológico). Este procedimento é muito utilizado para diminuir infecções recorrentes de ouvido e sinusites. Tratamento : Os alimentos muito frios e pouco amiláceos (líquida sem espessante) trazem maior conforto ao paciente e oferecem maior proteção contra o sangramento na área cirúrgica. Durante as primeiras 24h, os alimentos melhor aceitos são: bebidas lácteas, gemadas, sorvetes e suco de frutas não-ácidas. No 2 o dia, os líquidos mornos e alimentos pastosos podem ser iniciados e cautelosamente substituídos por alimentos quentes. Uma dieta normal pode ser oferecida dentro de 3 a 5 dias. DOENÇAS DO ESÔFAGO Os distúrbios do esôfago são causados pela obstrução, inflamação ou distúrbio do mecanismo de deglutição gerando o que chamamos de disfagia, ou seja, dificuldade de deglutição. Os principais distúrbios esofágicos são: 1) ACALÁSIA OU CARDIOPLASMA Distúrbio da motilidade do esôfago devido à diminuição da inervação da musculatura esofágica resultando em do relaxamento e da abertura do EEI (esfíncter esofágico inferior). Sintomas : disfagia, vômitos e perda de peso Tratamento : - dilatação do EEI; - cirurgia; - dietas líquidas espessadas ou por SNE ou ostomias. 2) ESOFAGITE Ocorre no esôfago inferior como resultado do efeito irritante do refluxo do ácido gástrico na mucosa esofagiana, Pode ser de 2 tipos: Aguda: causada pela ingestão de agente irritante (ex: soda cáustica, água sanitária, ...), inflamação viral ou intubação (ex: pacientes em UTI).

DOENÇAS DO ESÔFAGO

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: DOENÇAS DO ESÔFAGO

DOENÇAS DA BOCA

NEOPLASIA DA CAVIDADE ORAL, FARINGE E LARINGE O paciente pode apresentar desnutrição, por dificuldade de alimentar-se, devido obstrução, infecção e ulceração oral ou alcoolismo coexistente, freqüentemente associado a estes tumores. As deficiências nutricionais podem ser complexadas pelo tratamento o qual normalmente envolve ressecção cirúrgica, radio ou quimioterapia. Tratamento: Após cirurgia, inicialmente o suporte nutricional é fornecido através de sonda de alimentação ou por nutrição parenteral. Se a alimentação oral for possível após a cirurgia, a dieta deve ser líquida ou pastosa, freqüentes e com volume reduzido, de preferência com mais carboidratos complexos que simples.

TONSILECTOMIAÉ a remoção das tonsilas (tecido linfático e parte do sistema imunológico). Este

procedimento é muito utilizado para diminuir infecções recorrentes de ouvido e sinusites.Tratamento: Os alimentos muito frios e pouco amiláceos (líquida sem espessante) trazem maior conforto ao paciente e oferecem maior proteção contra o sangramento na área cirúrgica. Durante as primeiras 24h, os alimentos melhor aceitos são: bebidas lácteas, gemadas, sorvetes e suco de frutas não-ácidas. No 2o dia, os líquidos mornos e alimentos pastosos podem ser iniciados e cautelosamente substituídos por alimentos quentes. Uma dieta normal pode ser oferecida dentro de 3 a 5 dias.

DOENÇAS DO ESÔFAGO

Os distúrbios do esôfago são causados pela obstrução, inflamação ou distúrbio do mecanismo de deglutição gerando o que chamamos de disfagia, ou seja, dificuldade de deglutição.Os principais distúrbios esofágicos são:

1) ACALÁSIA OU CARDIOPLASMA Distúrbio da motilidade do esôfago devido à diminuição da inervação da

musculatura esofágica resultando em do relaxamento e da abertura do EEI (esfíncter esofágico inferior).Sintomas: disfagia, vômitos e perda de pesoTratamento: - dilatação do EEI; - cirurgia; - dietas líquidas espessadas ou por SNE ou ostomias.

2) ESOFAGITE Ocorre no esôfago inferior como resultado do efeito irritante do refluxo do ácido

gástrico na mucosa esofagiana,Pode ser de 2 tipos:

Aguda: causada pela ingestão de agente irritante (ex: soda cáustica, água sanitária, ...), inflamação viral ou intubação (ex: pacientes em UTI).

Crônica: é um resultado do refluxo gastroesofágico (RGE) recorrente devido a presença de hérnia de hiato, pressão reduzida o EEI, vômitos recorrentes, aumento da pressão abdominal (decorrente de constipação crônica, obesidade, gravidez, ..), uso contínuo de aspirina, infecção pelo helicobacter pilori, uso de anticoncepcionais, ...

Sintomas: azia ou pirose, hematêmese.Tratamento: uso de fármacos (betanecol e metoclopramida ( pressão do EEI), cimetidina ( HCl); cirurgia (fundoaplicação) e tratamento nutricional

Terapia Nutricional Metas: 1- previnir a irritação da mucosa gástrica inflamada na fase aguda (para isso nesta fase o mais indicado é uma dieta líquida)

2- previnir o RGE (existem alimentos que interferem na motilidade do EEI são eles:

Page 2: DOENÇAS DO ESÔFAGO

alimentos ricos em proteínas pressão e motilidade do EEI, logo RGE alimentos ricos em gorduras CCK pressão e motilidade do EEI, logo RGE chocolate contém teobromina e cafeína pressão e motilidade do EEI, logo RGE café, mate, álcool e fumo pressão e motilidade do EEI, logo RGE hortelã e menta (chamados de carminativos), pimenta e outros condimentos pressão e motilidade do EEI, logo RGE

3- diminuir a capacidade de irritação ou acidez do suco gástrico (logo devemos evitar condimentos, alimentos crus, frutas ácidas, aumentar o fracionamento das refeições, ...)OBS: Existem outros cuidados que devem ser levados em consideração para evitar o RGE, são eles:

- Evitar deitar-se logo após as refeições, - Evitar alimentar-se com roupas que apertem o abdômen- Evitar comer 2 a 3h antes de dormir- Perder peso, em caso de excesso de peso.- Durante a fase de sangramento deixar o paciente em dieta zero. Quando o sangramento começa a diminuir administra-se uma dieta líquida bem gelada à base de leite e creme de leite ou sorvete, pois estes alimentos são considerados tampões (a gordura do creme de leite ou do sorvete faz com que o alimento fique mais tempo no estômago, coisa que o leite puro não conseguiria).

OBS: Características da dieta: hiperprotéica, normo a hipolipídica, normo a hipohídrica (cuidado com os caldos de carne, por causa da purina).

3) HÉRNIA DE HIATO Bolsa na extremidade inferior do esôfago.

Sintomas: desconforto após refeições pesadas, dificuldade de respiração ao se deitar ou curvar-se sobre si mesmo, esofagite e presença ou não de RGE.Tratamento: O mesmo utilizado para esofagite. Consistência branda a pastosa

4) DIVERTÍCULOS Bolsas salientes formadas por uma ou mais camadas na parede esofágica.

Geralmente ocorrem quando há alguma anormalia motora no esôfago.Tratamento: dieta branda ou pastosa e remoção dos divertículos por meio cirúrgico

5) VARIZES ESOFAGIANAS São causadas por insuficiência hepática gerada por cirrose ou obstrução biliar

prolongada.Tratamento: esclerose (secar as varizes com substâncias que cauterizam e queimam) e tratamento nutricional.

Cuidados Nutricionais- Evitar refeições muito quentes e qualquer alimento que cause atrito, por isso o mais indicado é uma dieta pastosa ou líquida

5) NEOPLASIA ESOFAGIANA São causadas por insuficiência hepática gerada por cirrose ou obstrução biliar

prolongada.Tratamento: esclerose (secar as varizes com substâncias que cauterizam e queimam) e terapia nutricional enteral por SNE ou ostomias ou parenteral, em casos mais evoluídos.

DOENÇAS DO ESTÔMAGO

1) GASTRITEPode ser de 3 tipos:

Aguda: inflamação repentina do estômago resultante da ingestão de alimentos deteriorados (toxina estafilocócica); ingestão excessiva de condimentos, sal e

Page 3: DOENÇAS DO ESÔFAGO

bebidas alcoólicas; traumas, cirurgias, queimadura e radioterapia; doses excessivas de aspirina ou antiinflmatórios.Sintomas: dor epigástrica, dispepsia (indigestão),náusea, vômitos, anorexia, dor de

cabeça, hemorragia.Tratamento: eliminar o agente causador; promover o esvaziamento gástrico através

de indutores de vômitos, lavagem ou ambos. Cuidados NutricionaisDurante a fase de sangramento e dor intensa após fazer a lavagem gástrica (via

SNG) com água gelada convém deixar o paciente submetido ao soro e em dieta zero, por 24 ou 48h. Após esta fase pode-se administrar uma dieta líquida ou pastosa, conforme aceitação do paciente, mas evitando alimentos com temperaturas muito elevadas e irritantes gástricos (café, chocolate, pimenta, condimentos, ...).

Crônica: é um resultado de lesões gástricas orgânicas, tais como úlcera ou câncer. Pode ser causada por infecção antral com Heleicobacter pilori ou estar indiretamente relacionada à doenças como tuberculose, insuficiência cardíaca e nefrite.Sintomas: dor epigástrica, náusea, vômitos, plenitude pós-prandial, eructação

(arroto). Cuidados NutricionaisA dieta deve ser adequada em calorias e nutrientes, com fracionamento e volume

e consistência macia (branda/pastosa/líquida), evitando alimentos crus e condimentados. Deve-se evitar tomar líquidos junto com as refeições.

EVITAR TAMBÉM:

1. BEBIDAS ALCOÓLICAS, já que o álcool é um grande irritante para o aparelho digestivo.

2. CAFÉ PRETO puro, em grandes quantidades ou pequenas quantidades repetidas (copinhos, cafezinhos). Um pouco de café “pingado” no leite não costuma causar maiores problemas. O mesmo vale para o CHÁ PRETO. Os demais chás, bem fraquinhos e com pouco açúcar ou adoçante não costumam causar problemas.

3. LEITE pode ser consumido normalmente, sem abusos. O leite em excesso é prejudicial para estes problemas digestivos pois aumenta a secreção ácida do estômago.

4. ÁCIDOS de um modo geral: COCA-COLA, LIMÃO PURO (caipirinhas), LARANJAS AZEDAS, VINAGRE, entre outros. Para temperar saladas, se achar indispensável, usar vinagre bem diluído em água.

5. CONDIMENTOS e CONDIMENTADOS, como as PIMENTAS (de quaisquer tipos: vermelha, verde, do reino, etc), as MOSTARDAS (preta e amarela), os PICKLES ou outros vegetais enlatados de tempero forte, MASSAS DE TOMATE

6. GORDURAS, em geral, frituras, milanesas, molhos, maioneses, costumam facilitar as AZIAS por abrirem a boca do estômago. Devem ser usadas sem abuso. O mesmo vale para os CHOCOLATES (em barra, bombons, Nescau®, etc), principalmente para quem tem “boca do estômago aberta” - hérnia de hiato).

PREFERIR:- Recomendação importante:Não ficar por mais de 3 horas sem se alimentar- ALIMENTOS FITOTERÁPICOS: Chá de Melissa (Camomila); Gengibre, Espinheira Santa, Gel da Aloe Vera (Babosa:função antibacterecida, antiinflamatória, inibidora da dor e regeneradora da mucosa estomacal (tecido conjuntivo)) com Própolis- FRUTAS: Banana, Maracujá (fruta com semente), Mamão

Page 4: DOENÇAS DO ESÔFAGO

Atrópica: gastrite resultante da atrofia e diminuição das células parietais levando a redução de HCl e fator intrínseco, podendo levar a um quadro de anemia por carência de vitamina B12.

Sintomas: os mesmos dos demais tipos de gastrite. Cuidados NutricionaisA dieta deve ser rica em alimentos altamente protéicos, a fim de estimular a

gastrina e tentar aumentar a secreção de HCl e ricos em vitamina B12.

2) GASTRECTOMIAS Cuidados NutricionaisApós a cirurgia a dieta deve ser zero até que a função do TGI retorne. Logo em

seguida, a dieta vai evoluindo de consistência e volume (líquida de prova/líquida/pastosa/branda (+ no 5o ao 7o dia pós-operatório)) conforme aceitação do paciente. Caso não seja possível a alimentação via oral opta-se por uma SNE ou a jejunostomia (se a cirurgia exigir um período mais longo de cicatrização), ou até mesmo a NPT.

Conseqüências das gastrectomias Síndrome de Dumping

Alguns pacientes que sofreram gastrectomia total ou parcial podem desenvolver uma intolerância a rápida presença de alimentos diretamente no jejuno. Esta intolerância pode caracterizar-se pela presença de distensão abdominal, taquicardia, calor, fraqueza, desmaio e suor frio e diarréia hiperosmolar dentro de 15’ após a alimentação. Cuidados Nutricionais

- evitar alimentos ricos em carboidratos simples e nutrientes muito hidrolizados, pois são hiperosmolares,

- aumentar a ingestão de proteínas (1,5 a 2,0g/Kg/peso ou cerca de 20% do VET), mas cuidado com a oferta de leite, pois este alimento pode não ser tolerado e gordura ( exceto em casos de esteatorréia e dislipidemias, onde devemos priorizar a oferta de TCM) e de carboidratos complexos, principalmente fibras solúveis, a fim de retardar o esvaziamento gástrico

- infundir a dieta enteral bem lentamente e a dieta por via oral deve ser em pequenos volumes. Evitar tomar líquidos junto com as refeições.

Hipoglicemia alimentarOs sintomas como fraqueza, náusea, fome, ansiedade e tremores podem ocorrer 1

a 2h após a refeição em pacientes gastrectomizados. A hipoglicemia é causada pela rápida digestão e absorção do alimento jogado no duodeno, pois a glicose entra rapidamente na corrente sanguínea levando a uma superprodução de insulina. Cuidados Nutricionais: evitar alimentos ricos em carboidratos simples e realizar

refeições mais freqüentes e com volume reduzido. EsteatorréiaMá absorção de gorduras decorrente da insuficiência pancreática que pode ocorrer em

casos de gastrectomia por Billroth II. Anemia por carência de vitamina B12Pois a gastrectomia reduz ou elimina a produção do fator intrínseco de Castle,

necessário à absorção da vitamina B12.

3) NEOPLASIA DO ESTÔMAGOA etiologia ainda é desconhecida, mas há forte associação de infecção crônica por H.

pilori com Ca de estômago. Sintomas: acloridria ou aquilia gástrica (ausência de HCl), perda de apetite e emagrecimento. Tratamento: gastrectomia parcial ou total.

Page 5: DOENÇAS DO ESÔFAGO

ÚLCERAS GÁSTRICAS E DUODENAIS

Úlcera é o nome que se dá a uma lesão erosiva da mucosa gástrica ou intestinal (duodeno). Freqüentemente, ambos os tipos são agrupados com o termo úlcera péptica.

Úlceras gástricasAs úlceras gástricas ocorrem com menor freqüência e mais provavelmente estão

associadas à malignidade e mortalidade. Elas são causadas principalmente pela infecção antral por H. pilori que deixa a mucosa gástrica vulnerável à ulcerações. Mas outros fatores também estão associados como: uso excessivo de aspirina e outros antiinflamatórios. Nestas úlceras a produção de HCl é normal a reduzida.

Úlceras duodenaisÚlceras duodenais são mais comuns que as gástricas. Entre as causas para este tipo

de úlcera temos: fatores que aumentam a secreção gástrica (ex: refeições hiperprotéicas), fatores que promovem um rápido esvaziamento gástrico e aqueles que reduzem a capacidade do duodeno de lhe dar com uma carga ácida.

Esta úlcera provoca uma maior secreção de HCl por aumentar o no de céls parietais que estimuladas pela gastrina, acetilcolina e histamina produzem mais HCl exibindo uma resposta ácida mais prolongada a uma refeição. Entretanto há pessoas com úlcera duodenal que apresentam secreção de HCl normal. Além disso à redução na secreção de bicarbonato.

Sintomas: dor epigástrica, peso e distensão abdominal, azia, RGE (mais comum na duodenal), náusea. Em casos de úlcera perfurada pode ocorrer: hematêmese, melena, anemia, sudorese e hipotensão.

Tratamento Terapia farmacológica: Terapia farmacológica: uso de antiácidos (hidróxido de alumínio, carbonato de

cálcio) 1 a 3h após as refeições; bloqueadores H2 (cimetidina (Tagamet), ranitidina); cicatrizantes anti-secretórios (Omeprazol); antibióticos (tetracilcina, metronidazol).

Terapia nutricional:Terapia nutricional:Sendo o tratamento para ambos essencialmente o mesmo, os cuidados nutricionais

são abordados em conjunto. Alimentos proibidos:- Frutas ácidas (laranja, abacaxi, limão, morango, damasco, pêssego, cereja, kiwi)- Temperos (vinagre, pimenta, molho inglês, massa de tomate, molhos industrializados, katchup, mostarda, caldos concentrados, molho tártaro, picles)- Doces concentrados- Bebidas alcoólicas e gasosas, café, chá preto, mate e chocolate- Vegetais crus- Lingüiça, salsicha , patês, mortadela, presunto, bacon, carne de porco, carnes gordas, alimentos enlatados e em conservaOBS: Os alimentos protéicos tamponam a secreção gástrica temporariamente, pois assim que eles atingem o antro eles estimulam a secreção de gastrina que por sua vez é mediadora da secreção de HCl. A gordura também inibe a secreção gástrica. Recomendação importante:Não ficar por mais de 3 horas sem se alimentar