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[email protected] BOLETIM DOS REGISTOS E DO NOTARIADO 3/2005 II Caderno: PARECERES DO CONSELHO TÉCNICO Sumário: Março/Abril de 2005 A carta do director-geral 2 Despachos do Director-Geral 4 - Reencadernações de documentos do notariado. - Actos de registo comercial sujeitos a inscrição no Ficheiro Central de Pessoas Colectivas (FCPC) por comunicação oficiosa das conservatórias do registo comercial. Desconformidade entre os dados do FCPC e os das fichas de registo – SIRCOM. - SIRP – SIRCOM – Inoperacionalidade dos sistemas informáticos – procedimentos excepcionais. - Definição de competências de conservadores e notários, respeitantes a matérias de gestão de recursos humanos relativas aos oficiais dos registos e do notariado que se encontram hierarquicamente na sua dependência. - Licença por maternidade – Remunerações. Aviso 7 Informações 7 Notícias 9 Orientações e Recomendações 12 Legislação 12 Avisos e Despachos 14 Jurisprudência 15 Pareceres dos Serviços Jurídicos 18 III Caderno: RECURSOS HUMANOS www.dgrn.mj.pt

DOS REGISTOS E DO NOTARIADO

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[email protected]

BOLETIMDOS REGISTOS E DO NOTARIADO

3/2005

II Caderno:

PARECERES DOCONSELHO TÉCNICO

Sumário:

Março/Abril de 2005

A carta do director-geral 2

Despachos do Director-Geral 4- Reencadernações de documentos do

notariado.- Actos de registo comercial sujeitos a inscrição

no Ficheiro Central de Pessoas Colectivas (FCPC)por comunicação oficiosa das conservatórias doregisto comercial. Desconformidade entre os dados do FCPC e os das fichas de registo – SIRCOM.

- SIRP – SIRCOM – Inoperacionalidade dos sistemas informáticos – procedimentos excepcionais.

- Definição de competências de conservadores enotários, respeitantes a matérias de gestão de recursoshumanos relativas aos oficiais dos registos e donotariado que se encontram hierarquicamente na sua dependência.

- Licença por maternidade – Remunerações.

Aviso 7

Informações 7

Notícias 9

Orientações e Recomendações 12

Legislação 12

Avisos e Despachos 14

Jurisprudência 15

Pareceres dos Serviços Jurídicos 18

III Caderno:

RECURSOS HUMANOS

www.dgrn.mj.pt

Page 2: DOS REGISTOS E DO NOTARIADO

N.º 3/2005 – Março/Abril 2005 2 A CARTA DO DIRECTOR-GERAL No âmbito da reforma do notariado já foram empossados, até ao momento, 156

notários. Com eles transitaram 224 oficiais tendo permanecido 569 que foram integrados

nos serviços externos (conservatórias). Os pedidos de tomada de posse adensaram-se no final do respectivo prazo levando

à mobilização, durante largo período de tempo, da quase totalidade dos recursos huma-nos da Direcção-Geral e de muitos outros dos serviços externos.

Só esta imprescindível e prestimosa colaboração e articulação permitiu responder, em tempo útil, a este pico de solicitações mas não sem prejuízo de tantas outras atribui-ções da DGRN.

Efectivamente, são inúmeros e complexos os procedimentos havidos no processo de transformação de cada cartório, demandando a prolação de infindáveis despachos, situação que emerge agravada pela impossibilidade de se efectuar, com êxito, a atempa-da planificação quer dos recursos humanos a afectar às conservatórias, quer das instala-ções dos cartórios públicos.

Acresce, ainda, a impossibilidade de se efectuar, com êxito, a atempada planifica-ção quer dos recursos humanos a afectar às conservatórias, quer das instalações dos cartórios públicos.

A bondade da solução encontrada pelo legislador nesta matéria permite que o notário, casuisticamente, à medida da conclusão do processo de transformação de cada cartório, só no momento em que comunica à Direcção-Geral a sede do cartório onde se propõe exercer funções com vista à tomada de posse, identifique os funcionários que consigo transitam para o novo regime do notariado.

É apenas a partir daí que se tem o exacto conhecimento do número de funcioná-rios a afectar e da consequente e eventual carência de instalações.

Porém, nem aqui chegados é possível efectuar uma gestão correcta e definitiva destes recursos, seja porque os oficiais do notariado durante o período transitório de dois anos, contados a partir da entrada em vigor do Estatuto do Notariado, podem aderir à privatização seja porque, a qualquer momento, os que aderiram ao regime privado podem, no prazo de cinco anos a contar do início de funções no novo regime, requerer o regresso ao serviço na Direcção-Geral.

Contudo, como sempre o afirmámos, importa converter esta dificuldade numa oportunidade.

E o momento é chegado. Vários factores se conjugam, agora, para a melhoria da eficácia e eficiência do

serviço nas conservatórias. Com a passagem, dentro em breve, dos auditores a adjuntos e, futuramente, a con-

servadores e a vinda dos oficiais do notariado, com a devida formação na área dos regis-tos, colmatadas ficam sentidas carências de recursos humanos.

Page 3: DOS REGISTOS E DO NOTARIADO

N.º 3/2005 – Março/Abril 2005 3 A informatização em curso, em muito sairá beneficiada, pela oportunidade de

constituição de equipas específicas de extractação sistemática dos registos para o supor-te informático.

Criadas ficam, ainda, condições para a reorganização dos serviços, adequando-os ao aumento da procura dos utentes.

Mas é forçoso ir mais longe. Seria esbanjador não tirar proveito de um conhecimento altamente qualificado e

custoso de obter, como é o dos notários e respectivos oficiais. Ao acréscimo de novos funcionários nas conservatórias há-de corresponder, por

isso, a atribuição a estas de novas funções e competências. A ampla e diversificada frente de serviços prestados pelas conservatórias aos

cidadãos agora enriquecida com novo saber, faz daquelas interlocutores privilegiados no contacto dos utentes com a administração, constituindo-se em pontos de acesso úni-co e integrado aos diversos serviços públicos para a obtenção de um determinado resul-tado.

Exemplo do que acabamos de referir é o projecto de constituição de “Empresa na hora” no qual as conservatórias irão desempenhar um papel preponderante e abrangente.

Podem e devem, assim, as conservatórias desempenhar uma importante função no programa de modernização da administração pública, afirmando-se como serviços públicos de referência, prestando serviços personalizados, integrados e desburocratiza-dos, em clara aproximação da administração aos cidadãos.

Porém este objectivo só será atingido se ele for assumido e partilhado por todos os funcionários dos registos: os que estão e os que venham a ser integrados.

É tempo de virar a página e ninguém deve permanecer refém de um passado sem retorno.

As divergências e interesses pessoais, pese embora legítimos, deverão sempre subordinar-se e ceder, perante o supremo interesse público de prestação de um serviço de qualidade ao utente que é oportuno e acessível.

Só a satisfação de tal interesse público, poderá constituir o pressuposto e a legiti-mação para reivindicações específicas e nunca o contrário.

Lisboa, 24 de Maio de 2005

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N.º 3/2005 – Março/Abril 2005 4

DESPACHO DO DIRECTOR-GERAL

Despacho nº 10/2005

Reencadernações de documentos do notariado

Considerando a necessidade de contenção de

despesas determino que os Senhores Notários, em matéria de encadernação de documentos, ficam unicamente autorizados a adjudicar a encadernação dos livros de escrituras e de testamentos, estando a encadernação ou reencadernação de qualquer outro tipo de documentos sujeita a prévia autorização desta Direcção-Geral, mediante pedido devida-mente fundamentado.

A autorização agora concedida não dispensa

a observância dos limites fixados no despacho ministerial de 16/5/86, publicado no BRN nº 13/86 de Junho, bem como o cumprimento da legislação relativa à realização de despesas públicas, a saber o Decreto-Lei nº 197/99, de 8/06.

03.03.2005, O director-geral, António Luís Pereira Figueiredo.

Despacho nº 11/2005

Actos de registo comercial sujeitos a inscrição

no Ficheiro Central de Pessoas Colectivas (FCPC) por comunicação oficiosa das conservatórias do registo comercial

Desconformidade entre os dados do FCPC e os das fichas de registo - SIRCOM Com a implementação da aplicação informá-

tica do registo comercial –SIRCOM- têm os servi-ços vindo a ser confrontados com um grande número de incoerências entre os dados constantes do FCPC e os dados constantes das fichas de regis-to, o que tem constituído um relevante constran-gimento ao sucesso do processo de informatização.

Da análise das incoerências detectadas con-clui-se que, na origem das mesmas estão, na maio-ria das situações, as duas causas que, de seguida, se identificam:

a) a não comunicação, pelas conservató-rias, dos actos que, nos termos das disposições conjugadas dos artigos 6º,7º,9º,10º e 11º do Dec. Lei nº 129/98, de 13 de Maio, estão sujeitos a ins-crição naquele ficheiro; e/ou

b) o desrespeito pelos sr.(s) notários e conservadores, na celebração das escrituras e rea-lização dos correspondentes actos de registo, da firma aprovada pelo RNPC e constante do certifi-cado de admissibilidade.

Não sendo desejável o agravamento das incoerências existentes entre a informação cons-tante do registo comercial e a informação inscrita no FCPC, recorda-se o seguinte:

● estão sujeitos a comunicação ao RNPC apesar de, relativamente aos mesmos, não se exigir a apresentação de certificado de admissibilidade da firma, os actos registrais de:

- redenominação do capital social, indepen-dentemente de a mesma ser ou não acompanhada de aumento de capital;

- alteração de firma social, na parte que res-peita apenas ao seu aditamento legal, decorrente de transformação ou de alteração do contrato como, por exemplo, transformação de sociedade por quo-tas em sociedade anónima ou vice versa, alteração de sociedade por quotas em sociedade unipessoal por quotas ou vice versa;

- declaração de insolvência transitada em julgado, uma vez que, por força do disposto no artigo 146º, nº 3 do Código das Sociedades Comerciais, à firma da sociedade deve ser aditada a menção “sociedade em liquidação” ou “ em liquidação”;

- deslocação de sede social dentro do mes-mo concelho;

- qualquer facto que determine o cancela-mento da matrícula.

● não devem ser oficiosamente introduzidas

alterações às firmas constantes dos certificados, ainda que tais alterações se cinjam à mera inclusão de sinais de pontuação (nomeadamente, virgulas), à diferente grafia de vocábulos, à menção de adi-tamentos legais por extenso ao invés da sua abre-

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N.º 3/2005 – Março/Abril 2005 5

viatura ou mesmo à substituição da partícula de ligação “e” por “&” ou vice-versa. Na verdade, se, no âmbito da qualificação, tais elementos se mos-trarem relevantes - e não for caso de recusa - deverá então obstar-se à feitura do acto em termos definitivos devendo antes diligenciar-se junto dos interessados para que promovam a rectificação do certificado ou da escritura, consoante a sua opção.

30.03.2005, O director-geral, António Luís

Pereira Figueiredo.

Despacho nº 12/2005

SIRP – SIRCOM - Inoperacionalidade dos

sistemas informáticos – procedimentos excepcionais.

Tendo-se suscitado dúvidas sobre as medidas

a adoptar, na recepção dos pedidos de registo, em caso de inoperacionalidade dos sistemas informáti-cos, designadamente por falha de energia eléctrica e/ou paragem do sistema central, determino os seguintes procedimentos excepcionais a observar pelos serviços externos afectados:

1.º Que se proceda à reabertura do Livro

Diário em suporte de papel para efeitos de lança-mento das apresentações, por ordem sequencial e por referência à última anotada informaticamente nesse dia.

No referido Livro deverá ser aposta a men-ção da sua reabertura por inoperacionalidade do sistema informático.

Assim, cautelarmente, devem as conservató-rias informatizadas continuar a dispor de Livros Diários, de modelo oficial.

2.º Que aos apresentantes sejam entregues as

senhas de apresentação que integram os modelos de impresso- requisição.

3.º Que, reposta a operacionalidade dos sis-

temas informáticos, as apresentações anotadas no

Livro Diário manual sejam recuperadas para os referidos sistemas, mantendo a ordem que lhes coube em papel.

Como consequência desta recuperação, deve ser encerrado o Livro Diário, com a menção de haver sido reposto o sistema informático, bem como da data em que ocorreu a recuperação.

4.º Os demais pedidos efectuados aos servi-

ços deverão ser recebidos e recuperados para os sistemas informáticos logo que os mesmos se encontrem operacionais.

30.03.2005, O director-geral, António Luís

Pereira Figueiredo.

Despacho nº 13/2005

Definição de competências de conservadores e notários, respeitantes a matérias de gestão de recursos humanos relativas aos oficiais dos registos e do notariado que se encontram

hierarquicamente na sua dependência. Nos termos do disposto no art.º 21º n.º 1 alí-

nea a) do Dec.-Lei n.º 519-F2/79, de 29.12, os con-servadores e notários são expressamente qualifica-dos como pessoal dirigente, competindo-lhes a concessão de licenças e de justificação de faltas, no que respeita aos ajudantes e escriturários que se lhes encontram hierarquicamente subordinados, conforme se estabelece pela conjugação dos arts.º 94º n.º 2 e 90º do Dec. Reg. n.º 55/80, de 8 de Outubro.

Tem sido prática ao longo de vários anos, serem os serviços centrais, e, nomeadamente, o seu Director-Geral a tutelar e autorizar sistematica-mente determinadas situações de gestão de pes-soal.

Tendo em vista uma melhor e mais eficaz gestão de recursos humanos, a nível quer dos ser-

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viços centrais, quer dos serviços externos, no sen-tido de uma descentralização e desburocratização do serviço, visando uma maior eficácia dos servi-ços centrais na resposta a situações mais prementes e de maior complexidade, e após estudo realizado pela Divisão de Administração de Recursos Humanos, nada parece obstar a que determinadas situações sejam autorizadas pelos senhores conser-vadores e notários, como superiores hierárquicos directos dos seus funcionários.

Assim, determino poderem os senhores con-servadores e notários autorizar e/ou justificar:

• Férias dos seus funcionários; • Faltas por doença, devendo, no entanto, e

nos termos do disposto no art.º 36º do Dec.-Lei n.º 100/99, de 31.3, estas faltas serem sempre remetidas à Direcção-Geral, para efeitos de submissão à Junta Médica da ADSE, e posterior controle por estes serviços;

• Faltas relativas a assistência a familiares, realização de consultas médicas próprias ou de familiares, tratamento ambulatório e exames complementares de diagnóstico;

• Faltas por maternidade, paternidade, adopção, gravidez de risco e consultas pré-natais;

• Faltas por trabalhador-estudante; • Todas as faltas elencadas no art.º 21º do

Dec.-Lei n.º 100/99, de 31.3, à excepção das constantes das alíneas h) (faltas por doença prolongada ou incapacitante, previstas no seu art.º 49º), al. i) (acidente em serviço), al. j) (faltas para reabilita-ção profissional), al. p) (faltas como bol-seiro ou equiparado) e al. v) (faltas por deslocação para a periferia);

• Licenças parental e especial para assis-tência a filho ou adoptado, previstas, res-pectivamente, nos art.ºs 43º n.ºs 1 e 2 do Código de Trabalho, conjugado com o art.º 76º do seu Regulamento, e nos art.ºs 43º n.ºs 3 e 4 do Código de Trabalho, conjuga-do com o art.º 77º do respectivo Regula-mento;

Do que ficou enunciado, excluem-se as situações das conservatórias e dos cartórios nota-riais, que, por qualquer motivo, não tenham titular e em que se encontrem ajudantes em substituição legal. Nestes casos, todas as ausências verificadas devem, pelos mesmos, ser comunicadas à Direcção de Serviços de Recursos Humanos desta Direcção-Geral para análise e eventual justificação e/ou autorização.

Situações que não podem ser autorizadas pelos conservadores e notários:

Para além das licenças já referidas e constan-

tes do art.º 73º do Dec.-Lei n.º 100/99, de 31.3, não podem os senhores conservadores e notários autorizar as seguintes situações:

• Regime de trabalho a meio tempo; • Jornada contínua; • Prestação de trabalho em regime de

semana de quatro dias. 15.04.2005, O director-geral, António Luís

Pereira Figueiredo.

Despacho nº 14/2005

Licença por maternidade Remunerações

Nos termos das disposições contidas no

Código do Trabalho, aprovado pela Lei nº 99/2003, de 27 de Agosto, e sua regulamentação – Lei nº 35/2004, de 29 de Julho –, designadamente no nº 1 do artigo 68º desta última Lei, “a traba-lhadora pode optar por uma licença por maternidade superior em 25% à prevista no nº 1 do artigo 35º do Código do Trabalho…”;

Para além das formalidades a que haja lugar, designadamente a forma e prazo de comunicação e a altura em que tal licença pode ser gozada, impor-ta realçar que apenas o período previsto no nº 1 do

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artigo 35º do Código do Trabalho é remunerado, de acordo com o artigo 107º, nº 1, da Lei 35/2004;

Neste sentido, foi publicado o Decreto-Lei nº 77/2005, de 13 de Abril, o qual refere expressa-mente (artigo 2º, nº 1) que a licença a que se refere o artigo 35º do Código do Trabalho “…é conside-rada para todos os efeitos legais como prestação efectiva de trabalho, designadamente para efeitos do direito à remuneração por inteiro, de antigui-dade e de abono de subsídio de refeição”;

Porém, no nº 2 do mesmo artigo e Diploma Legal, é ressalvado que “os trabalhadores que efectuem a opção prevista no nº 1 do artigo 68º da Lei 35/2004, têm direito a 80% da remuneração por inteiro referida na primeira parte do número anterior”;

Quer isto dizer que quem optar pelo acrés-cimo da licença por maternidade receberá no período dos 150 dias por que durará essa licença, o mesmo que receberia se não optasse pelo acrésci-mo;

De referir que como o período de licença por maternidade, independentemente da sua duração (120 ou 150 dias), conta para todos os efeitos, designadamente de aposentação e de pensão de sobrevivência, deverão ser mantidos os descontos pela totalidade, ou seja quem opte pelo acréscimo do período de maternidade mantém os descontos para a Caixa Geral de Aposentações, Montepio dos Servidores do Estado e Serviços Sociais do Minis-tério da Justiça sobre os 100% do vencimento ape-sar de receber apenas 80% do mesmo, para evitar que esse período não seja contado;

Igualmente, no que se refere ao subsídio de refeição, não há lugar ao seu pagamento no perío-do que exceder os 120 dias consagrados no nº 1 do artigo 35º do Código do Trabalho.

Para qualquer esclarecimento adicional deve-rá ser contactada a Divisão de Processamento de Remunerações.

22.04.2005, O director-geral, António Luís

Pereira Figueiredo.

AVISO

Loja do Cidadão de Lisboa, Restauradores

Requisição de Conservador(a)/Notário(a)

Recebem-se até ao dia 8 de Julho, na Direcção-Geral dos Registos e do Notariado, fax nº 21 795 13 53, requerimentos de Conservadores e Notários interessados em exercer, em regime de requisição e pelo período de um ano, funções de orientação e supervisionamento dos Serviços da Direcção Geral dos Registos e do Notariado na Loja do Cidadão de Lisboa, Restauradores - Gabi-nete de Certidões, Gabinete de Apoio ao Registo Automóvel e Serviços de Identificação Civil.

Os Conservadores/Notários requisitados têm direito à remuneração que aufeririam se estivessem na repartição de origem, sendo-lhes sempre asse-gurada, como mínimo, uma participação emolu-mentar calculada sobre uma receita mensal líquida de 12.469,95 €, 74.819,68 € ou de 99.759,58 €, consoante se trate de conservador/notário de 3ª, 2ª ou 1ª classes, pessoal ou do lugar conforme mais favorável.

É particularmente ponderada a experiência em serviço intermediário de registo automóvel e de pedido de bilhete de identidade.

__________

INFORMAÇÕES

DSRH

Licença para férias Conservadores e Notários

Por despacho de 01.03.2005, do director-

geral, foram autorizados os dias de férias constan-tes da lista em anexo.

Agradece-se aos senhores conservadores e notários que tenham intenção de reclamar do número de dias autorizados, que o façam no prazo

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máximo de 10 dias a contar da data da recepção do presente Boletim.

A publicação da referida lista não prejudica o cumprimento do estabelecido no nº 3 do artº 60º do Decreto-Regulamentar nº 55/80, de 8 de Outu-bro.

Ajudas de custo e formação profissional

Prescreve-se no artigo 1.º, n.º 1, do Decreto-Lei n.º 106/98, de 24 de Abril, sobre ajudas de custo e direito a transporte nas deslocações em território nacional, que “Os funcionários e agentes da administração central, regional e local e dos institutos públicos, nas modalidades de serviços públicos personalizados e de fundos públicos, quando deslocados do seu domicílio necessário por motivo de serviço público, têm direito ao abono de ajudas de custo e de transporte, conforme as tabe-las em vigor (…)”.

Considerando a obrigação legal de, pelos

serviços e organismos da Administração Pública serem preparados planos de formação e/ou de fre-quência de acções de formação (vide artigo 21.º, n.º 2, do Decreto-Lei n.º 50/98, de 11 de Março);

Considerando-se, igualmente, a obrigatorie-

dade de frequência, por funcionários, agentes e candidatos sujeitos a um processo de recrutamento e selecção, das acções de formação profissional para que, nessa sequência, forem designados (vide artigo 4.º, n.º 2, do mesmo diploma), e tendo-se presente que tal frequência, correspondendo ao interesse do serviço, é reputada como prestação de serviço;

Considerando-se, por fim, e em contraponto,

que a auto-formação é, nos termos legais, finan-ciada pelo próprio formando (vide artigo 24.º, n.º 3, ainda do Decreto-Lei n.º 50/98);

Dever-se-á entender que apenas nos casos

em que a frequência de formação profissional (observada a tipologia para o efeito prevista no

artigo 14.º do diploma em questão), se prefigure obrigatória - ou seja, nos casos, em que, enquan-to tal, se encontre contemplada no plano de formação, devidamente orçamentado, preparado pelo Centro de Formação dos Registos e do Nota-riado (CFRN) - cumpre assegurar, em razão das inerentes deslocações, e conquanto ultrapassados os limites mínimos, espaciais e temporais, para tanto legalmente consignados, o processamento de ajudas de custo e de subsídios de transporte.

DSJ

Estatística No mês de Fevereiro encontravam-se para

apreciação na DSJ 1715 processos, de recursos e consultas, repartidos pelos vários núcleos, tendo sido apreciados, durante esse mesmo mês, 345 processos, conforme ilustra o quadro infra.

PROC. PENDENTES CONSULTAS RECURSOS Núcleo do Registo Civil 123 2 Núcleo do Registo Predial, Comercial e Bens Móveis 206 221

Núcleo das Impugnações de conta - - - 1025

Núcleo do Notariado 66 - - - Gabinete da Direcção de Serviços (gds) 72 - - -

TOTAL 467 1248

PROC. APRECIADOS CONSULTAS RECURSOS

Núcleo do Registo Civil 50 - - - Núcleo do Registo Predial, Comercial e Bens Móveis 32 35

Núcleo das Impugnações de conta - - - 139

Núcleo do Notariado 27 - - - Gabinete da Direcção de Serviços (gds) 62 - - -

TOTAL 171 174

Page 9: DOS REGISTOS E DO NOTARIADO

N.º 3/2005 – Março/Abril 2005 9

No mês de Março encontravam-se para apre-ciação na DSJ 1976 processos, de recursos e con-sultas, repartidos pelos vários núcleos, tendo sido apreciados, durante esse mesmo mês, 567 proces-sos, conforme ilustra o quadro infra.

PROC. PENDENTES CONSULTAS RECURSOS Núcleo do Registo Civil 187 2 Núcleo do Registo Predial, Comercial e Bens Móveis 328 227

Núcleo das Impugnações de conta - - - 1030

Núcleo do Notariado 123 - - - Gabinete da Direcção de Serviços (gds) 79 - - -

TOTAL 717 1259

PROC. APRECIADOS CONSULTAS RECURSOS

Núcleo do Registo Civil 118 1 Núcleo do Registo Predial, Comercial e Bens Móveis 144 39

Núcleo das Impugnações de conta - - - 133

Núcleo do Notariado 58 - - - Gabinete da Direcção de Serviços (gds) 74 - - -

TOTAL 394 173

DSFA

Emolumentos pessoais dos funcionários que ficam afectos às conservatórias em virtude do

processo de privatização do notariado – - Esclarecimento

Por despacho do Senhor Director-Geral, de

03.03.2005, publica-se a seguinte informação: “Em cumprimento do despacho de 3/03/05, e

considerando as dúvidas suscitadas sobre a matéria acima referida face ao teor do despacho do direc-tor-geral dos registos e do notariado nº 8/2005 de 22/02/05, anexo ao BRN nº 1/2005 que se apensa,

esclarece-se que a menção ao Cofre dos Conserva-dores, Notários e Funcionários de Justiça reporta- -se às componentes remuneração base e de exercí-cio (artº 66 do Decreto-Lei nº 519-F2/79, de 29/12), sendo os emolumentos pessoais cobrados aos utentes, e só estes, distribuídos por todos os funcionários que passam a integrar a Conservató-ria, isto é pelos funcionários existentes na Conser-vatória e aqueles que lhe foram afectos em virtude do processo de privatização.”

DGEI

Alteração de morada e números de telefone Lexmark Portugal

Informam-se os Senhores Conservadores e

Notários que a firma Lexmark Portugal mudou de instalações, pelo que passou a ter os seguintes con-tactos:

Morada: Alameda Fernão Lopes, nº 16 A 8º andar 1495-136 Algés Telefone Geral – 214 200 360 Telefone Dpto. Técnico – 214 200 387 Fax Geral – 214 109 213 Fax Dpto. Técnico – 214 109 220

__________

NOTÍCIAS

CONSELHO TÉCNICO

SECÇÃO TÉCNICO-JURÍDICA

Subsecção do registo predial

Na sessão de 23 de Fevereiro de 2005 foram apreciados os processos R.P.74/2003 DSJ-CT, R.P. 160/2003 DSJ-CT, R.P. 350/2003 DSJ-CT.

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N.º 3/2005 – Março/Abril 2005 10

Na sessão de 30 de Março de 2005 foram apreciados os processos R.P.141/2004 DSJ.CT e C.P 31/2004 DSJ.CT.

Em 1 de Abril de 2005 encontravam-se pen-dentes os seguintes processos: R.P.121/2004 DSJ-CT – Conversão de arresto em penhora – Fusão. Relator: Dr.ª Raquel Alexandre R.P. 126/2004 DSJ.CT – Destaque – Parcela de prédio inserido em parte no perímetro urbano e noutra em espaço rural – Exigibilidade ou não de licença camarária. Relator: Dr.ª Eugénia Moreira R.P.122/2003 DSJ.CT – Penhora de direito de usu-fruto – Forma que deve revestir. Relator: Dr.ª Raquel Alexandre R.P. 51/2004 DSJ.CT – Decisão judicial – Regis-to. Relator: Dr. João Bastos. R.P. 314/2004 DSJ.CT – Registo de aquisição – Sucessão – Declaração notarial de direito sucessó-rio e deferimento da herança subscrita por notário holandês – Testamento. Relator: Dr.ª Eugénia Moreira. R.P. 235/2004 DSJ.CT – Registo de aquisição – Transacção judicial. Relator: Dr. João Bastos. R.P. 55/2004 DSJ.CT – Registo de acção de exe-cução específica requerido sobre a descrição gené-rica de prédio em propriedade horizontal. Relator: Dr. João Bastos. R.P. 217/2004 DSJ.CT – Hipoteca judicial – Inter-pretação de cláusula. Relator: ----- R.P. 241/2004 DSJ.CT – Distrate de justificação – Legitimidade. Relator: -----

C.P. 11/2004 DSJ.CT – Usufruto constituído a favor de ambos os cônjuges por reserva em doação de bem comum ao casal – Menção relativa à forma de extinção. Relator: -----

Subsecções do notariado e do registo predial Em 1 de Abril de 2005 encontravam-se pendentes os seguintes processos: C.N. 21/2001 DSJ-CT – Modificação da proprie-dade horizontal. Relator: Dr.ª Olga Barreto. C.N. 38/2001 DSJ-CT – Renovação de escritura de doação nula. Relator: Dr. Carvalho Botelho. R.P. 18/2004 DSJ.CT – Doações a herdeiros legi-timários de bem próprio de um dos cônjuges – Reserva de usufruto – Partilha em vida. Relator: Dr. Luís Nobre R.P. 57/2004 DSJ.CT – AUGI – Registo de alvará de loteamento – Hipotecas incidentes sobre quotas indivisas. Relator: Dr.ª Eugénia Moreira. R.P. 33/2003 DSJ.CT – Registo de aquisição - Jus-tificação notarial - Justificante casado no regime da comunhão de adquiridos – Início da posse na constância da casamento – Natureza do bem. Relator: Dr.ª Eugénia Moreira.

Subsecção do notariado

Em 1 de Abril de 2005 encontravam-se pen-dentes os seguintes processos:

C.N.41/2000 DSJ-CT – Assinatura a rogo em livranças de garantia em branco - Reconhecimento notarial. Relator: Dr. Sales Leitão.

Page 11: DOS REGISTOS E DO NOTARIADO

N.º 3/2005 – Março/Abril 2005 11

C.N. 72/2000 DSJ-CT – Preenchimento de livrança em branco – Autorização irrevogável. Relator: Dr. Sales Leitão. C.N. 15/2001 DSJ-CT - Mútuo com hipoteca - Aplicabilidade do artigo 19º, nº 3, alínea b), da TEN. Relator: Dr.ª Olga Barreto. C.N. 19/2001 DSJ-CT – Sociedades de revisores oficiais de contas – Alteração do pacto social. Relator: Dr.ª Olga Barreto. C.N.18/2002 DSJ-CT – Misericórdias – Actos de alienação ou oneração. Relator: Dr. Sales Leitão. C.N. 86/2004 DSJ.CT – Averbamentos a testamen-tos. Relator: Dr. César Gomes. C.N. 34/2004 DSJ.CT – Extravio de folhas soltas de escrituras – Processo de reforma. Relator: Dr. César Gomes.

Subsecção do registo comercial e de bens móveis

Na sessão de 23 de Fevereiro de 2005 foi apreciado o Pº R.Co. 29/2003 DSJ-CT. Em 1 de Abril encontravam-se pendentes os seguintes processos: R.Co. 51/2004 DSJ.CT – Usufruto sobre quota –Documento particular – Documento particular. Relator: Dr. João Bastos. R.Co. 12/2005 DSJ.CT – Constituição de empresa intermunicipal de capitais maioritariamente públi-cos – Sua registabilidade.

Relator: Dr. Ascenso Maia. Subsecções do registo comercial e de bens

móveis e do registo predial Na sessão de 30 de Março de 2005 foi apreciado o Pº R.Bm. 4/2004 DSJ-CT.

Subsecção do registo civil Na sessão de 3 de Março de 2005 foi apre-ciado o Pº C.C. 61/2000 DSJ-CT. Em 1 de Abril de 2005 encontravam-se pendentes os seguintes processos:

C.C. 39/2000 DSJ-CT – Celebração de casamento em dia de tolerância de ponto – Cobrança de emo-lumento pessoal. Relator: Dr.ª Odete Jacinto. C.C. 53/2000 DSJ-CT – Prazos do Código do Registo Civil e sua articulação com o Código de Processo Civil e o Código Civil. Relator: Dr.ª Odete Jacinto. C.C. 97/2004 DSJ.CT – Assento de óbito – Estado civil ignorado – Sentença estrangeira não revista e confirmada. Relator: Dr.ª Filomena Rocha C.C. 68/2004 DSJ.CT – Viabilidade da menção do estado civil ignorado do progenitor no assento de nascimento do filho. Relator: Dr.ª Filomena Mocica.

__________

Page 12: DOS REGISTOS E DO NOTARIADO

N.º 3/2005 – Março/Abril 2005 12

ORIENTAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

Constituição em propriedade horizontal de prédio construído para transmissão em fracções

autónomas, com exibição do projecto de construção.

Nos termos do disposto no nº 2 do artº 59º do

Código do Notariado, quando o prédio a constituir em propriedade horizontal tiver sido construído para transmissão em fracções autónomas, o docu-mento comprovativo de que as fracções autónomas satisfazem os requisitos legais [emitido pela câma-ra municipal, e exigido pelo nº 1 do mesmo arti-go], pode ser substituído pela exibição do respecti-vo projecto de construção e posteriores projectos de alteração aprovados pela câmara.

Exibido projecto de construção, memória

descritiva incluída, ao notário incumbe assegurar-se da conformidade do projecto com a descrição que do prédio é feita no registo predial e na inscri-ção matricial, bem como da verificação dos requi-sitos legais para constituição da propriedade hori-zontal.

Parecer exarado no Pº 687.DSJ.GDS/2004

Perda do direito ao uso da firma destacada por sentença judicial - Registo

A decisão judicial transitada em julgado, que determine o cancelamento duma firma social duma sociedade deve ser reflectida em termos tabulares, em registo comercial, através dum aver-bamento à matrícula onde fique a constar apenas e tão-somente o seguinte: declarada a perda do direi-to ao uso da firma, por sentença transitada em jul-gado. De igual modo se deve proceder, e com as devidas adaptações, sempre que seja o RNPC a declarar a perda do direito ao uso da firma, nos termos do artigo 60º do Regime do Registo Nacio-

nal de Pessoas Colectivas aprovado pelo DL 129/98 de 13/05.

LEGISLAÇÃO

Fevereiro 2005

Portaria nº 149/2005 D.R. nº 27/2005, I-B, de 8 de Fevereiro

Cria a 9ª Conservatória do Registo Predial de

Lisboa, de 1ª classe.

Portaria nº 130/2005 D.R. nº 23/2005, I-B, de 2 de Fevereiro

Aprova o novo horário de funcionamento

dos cartórios notariais.

Portaria nº 182/2005

D.R. nº 32/2005, I-B, de 15 de Fevereiro

Altera o conceito de beneficiário do subsis-tema de assistência na doença dos militares (ADM), que está definido no Decreto-Lei n.º 585/73, de 6 de Novembro, regulamentado pela Portaria n.º 67/75, de 4 de Fevereiro

Portaria nº 183/2005 D.R. nº 32/2005, I-B, de 15 de Fevereiro

Fixa os montantes das prestações por encar-

gos familiares, bem como das prestações que visam a protecção das crianças e jovens com defi-ciência e ou em situação de dependência.

Portaria nº 184/2005 D.R. nº 32/2005, I-B, de 15 de Fevereiro

Page 13: DOS REGISTOS E DO NOTARIADO

N.º 3/2005 – Março/Abril 2005 13

Aprova o modelo de selo branco, como sím-bolo de fé pública, a usar pelo notário no exercício das suas funções.

Declaração de Rectificação n.º 6/2005 D.R. nº 34/2005, I-A, de 17 de Fevereiro

De ter sido rectificado o Decreto-Lei

n.º 2/2005, do Ministério da Justiça, que aprova o Regime Jurídico das Sociedades Anónimas Euro-peias, publicado no Diário da República, 1.ª série, n.º 2, de 4 de Janeiro de 2005.

Decreto-Lei nº 35/2005

D.R. nº 34/2005, I-A, de 17 de Fevereiro

Transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 2003/51/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 18 de Junho, que altera as Directivas n.os 78/660/CEE, 83/349/CEE, 86/635/CEE e 91/674/CEE, do Conselho, relativas às contas anuais e às contas consolidadas de certas formas de sociedades, bancos e outras instituições financeiras e empresas de seguros.

Declaração de Rectificação nº 7/2005

D.R. nº 35/2005, I-A, de 18 de Fevereiro

De ter sido rectificado o Decreto-Lei n.º 19/2005, do Ministério da Justiça, que altera os artigos 35.º, 141.º e 171.º do Código das Socieda-des Comerciais, publicado no Diário da República, 1.ª série, n.º 12, de 18 de Janeiro de 2005.

Decreto-Lei n.º 41/2005 D.R. nº 35/2005, I-A, de 18 de Fevereiro

Altera o Decreto-Lei n.º 206/2001, de 27 de

Julho, que estabelece as regras do exercício da actividade das agências funerárias.

Declaração de Rectificação nº 8/2005 D.R. nº 37/2005, I-A, de 22 de Fevereiro

De ter sido rectificado o Decreto-Lei n.º 13/2005, do Ministério das Finanças e da Administração Pública, com a segunda alteração ao regime jurídico dos fundos de investimento imobiliário, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 60/2002, de 20 de Março.

Decreto-Lei n.º 44/2005 D.R. nº 38/2005, I-A, de 23 de Fevereiro

Altera o Código da Estrada, aprovado pelo

Decreto-Lei n.º 114/94, de 3 de Maio.

Portaria n.º 205/2005 D.R. nº 36/2005, I-B, de 21 de Fevereiro

Aprova os estatutos da UMIC - Agência para

a Sociedade do Conhecimento, I. P.

Março 2005

Decreto-Lei n.º 54/2005 D.R. nº 44/2005, I-A, de 3 de Março

Aprova o Regulamento do Número e Chapa

de Matrícula dos Automóveis, Seus Reboques, Motociclos, Triciclos e Quadriciclos de Cilindrada Superior a 50 cm3.

Portaria nº 242/2005 D.R. nº 47/2005, I-B, de 8 de Março

Altera a Portaria n.º 19/2003, de 11 de Janei-

ro, que aprova a Tabela de Emolumentos Consula-res a cobrar pelos serviços externos do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Portaria nº 243/2005 D.R. nº 47/2005, I-B, de 8 de Março

Page 14: DOS REGISTOS E DO NOTARIADO

N.º 3/2005 – Março/Abril 2005 14

Cria a 3.ª Conservatória do Registo Predial do Porto, de 1ª classe.

Decreto-Lei n.º 65/2005 D.R. nº 52/2005, I-A, de 15 de Março

Altera o Decreto-Lei n.º 44/2004, de 3 de

Março, que estabelece um regime especial e transi-tório de registo de prédios situados no município do Corvo, bem como dos direitos e ónus ou encar-gos sobre eles incidentes, estendendo o mesmo regime aos prédios situados nos municípios de Lajes das Flores e de Santa Cruz das Flores.

Decreto-Lei n.º 66/2005 D.R. nº 52/2005, I-A, de 15 de Março

Regula a transmissão e recepção por telecó-

pia e por via electrónica de documentos com valor de certidão respeitantes aos arquivos dos serviços dos registos e do notariado ou destinados à instru-ção dos respectivos actos ou processos ou a arqui-vo nos mesmos serviços, revogando o Decreto-Lei n.º 461/99, de 5 de Novembro.

Portaria nº 265/2005 D.R. nº 54/2005, I-B, de 17 de Março

Aprova o modelo de cartão de identificação

dos administradores da insolvência.

Decreto n.º 8/2005 D.R. nº 58/2005, I-B, de 23 de Março

Concede ao município de Tomar o direito de

preferência nas transmissões a título oneroso, entre particulares, dos terrenos ou edifícios situados na zona da área crítica de recuperação e reconversão urbanística do núcleo histórico de Tomar.

Portaria nº 288/2005 D.R. nº 56/2005, I-B, de 21 de Março

Altera a Portaria n.º 1085-A/2004, de 31 de Agosto, que fixa os critérios de prova e de aprecia-ção da insuficiência económica para a concessão da protecção jurídica.

Decreto-Lei nº 74-A/2005 D.R. nº 59/2005, I-A, 1º Suplemento, de 24

de Março

Interpreta o Decreto-Lei n.º 44/2005, de 23 de Fevereiro, que altera o Código da Estrada, apro-vado pelo Decreto-Lei n.º 114/94, de 3 de Maio.

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AVISOS E DESPACHOS

Fevereiro 2005

Despacho conjunto nº 126/2005

D.R. nº 31/2005, II, de 14 de Fevereiro Aprova a lista do património imobiliário edi-

ficado próprio do IGAPHE, que reverte para o domínio privado do Estado.

Despacho nº 3387/2005 D.R. nº 33/2005, II, de 16 de Fevereiro Sanciona promoções de escriturários à cate-

goria superior.

Março 2005

Despacho nº 4749/2005

D.R. nº 46/2005, II, de 7 de Março

Page 15: DOS REGISTOS E DO NOTARIADO

N.º 3/2005 – Março/Abril 2005 15

Licença sem vencimento para os oficiais do notariado caso transitem para o novo regime de notariado.

Despacho nº 5031/2005 D.R. nº 48/2005, II, de 9 de Março

Regime de prevenção e repressão do bran-

queamento de vantagens de proveniência ilícita - entidades de mediação imobiliária e entidades similares – deveres – IGAE fiscalização.

Despacho nº 5283/2005 D.R. nº 50/2005, II, de 11 de Março

Composição do Conselho do Notariado.

Despacho nº 5407/2005 D.R. nº 51/2005, II, de 14 de Março

Composição da Comissão Instaladora da

Ordem dos Notários.

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JURISPRUDÊNCIA

Supremo Tribunal de Justiça

Acórdão proferido no Processo nº 3410/04-7, em 13/01/2005

Acordam no Supremo Tribunal de Justiça:

I - Relatório 1º O Tribunal de Família e Menores de … no

processo instaurado por iniciativa de Ana MCNSC regulou o exercício do poder paternal dos seus

quatro filhos, João, Pedro, Carlos e Rui, tendo fixado a prestação alimentar a pagar pelo requeri-do, pai, Jorge ACSC, em 25.000$00 para cada menor.

2º Entretanto veio o dito Jorge AC requerer a

alteração da prestação de alimentos invocando, designadamente, a maioridade do filho Pedro e o facto de este ter deixado de residir com a mãe para passar a morar com ele, requerente.

3º Por despacho de 11/07/2002, o Exmo. Juiz

declarou o Tribunal materialmente incompetente para a apreciação do pedido com o fundamento de que, com a entrada em vigor (em 01/01/2002) do Decreto-Lei n.º 272/01, a competência do Tribunal de Família e Menores só surge (como sucessiva) relativamente à da Conservatória do Registo Civil, se for deduzida oposição (art.s 8º e 9º deste diplo-ma).

4º Em consequência do, assim, decidido, o

requerente Jorge ACSC solicitou à … Conservató-ria do Registo Civil de … a cessação da prestação alimentar ao seu filho Pedro, que alargou também ao filho João por igualmente ter atingido a maiori-dade.

5º Mas a Sra. Conservadora entendeu, do

mesmo modo, que não competia à C.R.C. a apre-ciação do requerimento em causa por virtude de, por um lado, o incidente de alteração ou cessação de alimentos correr por apenso ao processo de regulação do poder paternal e, por outro, a resi-dência do requerente não pertencer à área da … Conservatória (arts. 5º, n.º 2 e 6º, n.º 1, alínea a), do Decreto-Lei nº 272/01), despacho de 17/01/03.

6º Em consequência pretende o Jorge AC

que ocorra a resolução do conflito negativo de jurisdição, determinando-se qual a entidade com-petente para conhecer da alteração da regulação do poder paternal no tocante à prestação de alimentos dos filhos Pedro e João.

7º Apenas respondeu (à notificação a que

alude a art. 118º do Código de Processo Civil) a Exma. Conservadora que reafirmou o conteúdo do seu despacho.

Page 16: DOS REGISTOS E DO NOTARIADO

N.º 3/2005 – Março/Abril 2005 16

8º Nas alegações apresentadas (ao abrigo do

disposto no art. 120º do Código de Processo Civil) o requerente conclui no sentido de o presente con-flito negativo ser resolvido atribuindo-se a compe-tência para conhecer da alteração da prestação ali-mentar em causa ao … Juízo - … Secção - do Tri-bunal de Família e Menores de …, pelo facto de esta alteração constituir um incidente, a correr por apenso ao processo de regulação do poder pater-nal, nos termos do estabelecido no art. 5º, nº 2 do Decreto-Lei nº 272/01, de 13/10.

9º O Exmo. Procurador-Geral Adjunto, no

douto Parecer que emitiu, suscitou a questão pré-via da incompetência deste Supremo Tribunal de Jus- tiça para decidir do conflito de jurisdição por entender que cabe ao Tribunal dos Conflitos solu-cioná-lo.

10º Colhidos os vistos legais, cumpre apre-

ciar e decidir. II - Fundamentação a) De facto A matéria de facto relevante é a que consta

do relatório supra. b) De direito 1º A questão decidenda consiste em saber

qual das entidades em conflito é competente para conhecer do pedido formulado pelo requerente, de alteração do modo de prestação dos alimentos devidos aos seus filhos Pedro e João, que, entre-tanto, atingiram a maioridade.

2º Apreciemos, primeiro a questão prévia. Uma vez que concordamos inteiramente com

a decisão proferida sobre a mesma questão no con-flito de jurisdição nº 3409/04, desta Secção, relata-do pelo Sr. Conselheiro Salvador da Costa, repro-duz-se, com a devida vénia, o que aí se escreveu:

- “Há conflito negativo de jurisdição quando duas ou mais autoridades, pertencentes a diversas actividades do Estado, ou dois ou mais Tribunais, integrados em ordens jurisdicionais diferentes declinam o poder de conhecer da mesma questão,

em decisões transitadas em julgado (art. 115º do Código de Processo Civil);

Os conflitos de jurisdição são resolvidos pelo Supremo Tribunal de Justiça ou pelo Tribunal dos Conflitos conforme os casos, sendo o processo a seguir no julgamento por este último tribunal o estabelecido na respectiva legislação (art. 116º desse Código);

Compete às secções do Supremo Tribunal de Justiça, segundo a sua especialização conhecer dos conflitos de jurisdição cuja apreciação não perten-ça ao Tribunal dos Conflitos (art. 36º, alínea d) da L.O.F.T.J. (aprovado pela Lei nº 3/99, de 13/01).

Decorrentemente, a competência do Supre-mo Tribunal de Justiça para conhecer do conflito de jurisdição é residual, isto é, só funciona se para o efeito, não for competente o Tribunal dos Confli-tos.

….O Tribunal dos Conflitos foi criado pelo Decreto nº 19243, de 16/01/31, com a competência para dirimir conflitos positivos ou negativos de jurisdição e de competência entre as autoridades administrativas e judiciais (art. 59º).

Criado o Supremo Tribunal Administrativo pelo Decreto nº 23185, de 30/10/33, que substituiu o Supremo Conselho da Administração Pública, passou o Tribunal dos Conflitos a ser integrado por 6 Juízes conselheiros, 3 do S.T.J. e 3 do S.T.A, presidido pelo presidente deste, S.T.A. (art. 17º).

A referida composição do Tribunal dos Con-flitos releva implicitamente que esteja em causa, no quadro do conflito jurisdicional envolvente, matéria ou objecto de litígio, passível de resolução por tribunais da ordem judicial ou da ordem admi-nistrativa.

No quadro da interpretação actualista a que se reporta a parte final do nº 1 do art. 9º do Código Civil, tendo em conta o regime legal decorrente do Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais, a expressão “autoridades administrativas” a que se refere o art. 59º do Decreto nº 19243, significa as autoridades jurisdicionais da ordem administrativa e fiscal.

A interpretação do citado normativo, no sen-tido de a competência do Tribunal dos Conflitos também abranger os conflitos negativos de jurisdi-ção de outras autoridades administrativas e jurisdi-cionais, importava delimitá-la em função de maté-

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N.º 3/2005 – Março/Abril 2005 17

rias em relação às quais as últimas não tivessem competência, em algum grau, para o respectivo conhecimento.

Ora, no caso vertente, as conservatórias do Registo Civil exercem competências em matérias respeitantes a processos de jurisdição voluntária concernentes a relações familiares mas em termos de elas deverem remetê-los aos tribunais da ordem judicial sempre que haja oposição de qualquer interessado (arts. 5º e 8º do Decreto-Lei nº 272/01,de 13/10).

Ademais, das decisões do conservador cabe recurso para o Tribunal de 1ª instância competente em razão da matéria, no âmbito da circunscrição a que pertença a conservatória (art. 10º deste diplo-ma).

Decorrentemente, não tem o conflito em cau-sa qualquer conexão com o objecto da competên-cia material dos tribunais da ordem administrativa ou de autoridade administrativa no quadro da sua competência administrativa propriamente dita.

Por isso, o conflito em análise não se enqua-dra na competência do Tribunal dos Conflitos e, consequentemente, inscreve-se na competência material do Supremo Tribunal de Justiça”.

Improcede, assim, a invocada questão prévia. 3º Conheçamos, então, a questão colocada

nestes autos. - A competência do Tribunal em razão da

matéria afere-se pelo pedido formulado pelo autor. Pretende aqui o requerente a alteração da

regulação do poder paternal na parte respeitante à prestação alimentar devida aos seus filhos Pedro e João, já de maioridade.

Resulta do disposto no art. 1880º do Código Civil que se no momento em que atingir a maiori-dade o filho não houver completado a sua forma-ção profissional, manter-se-á a obrigação de pres-tação de alimentos por parte dos pais.

De acordo com o preceituado no art. 82º, nº 1, alínea e) da L.O.F.T.J. (aprovado pela Lei nº 3/99 de 13/01) compete aos tribunais de família fixar os alimentos devidos a menores e aos filhos maiores ou emancipados, a que se refere o art. 1880º do Código Civil.

Com a entrada em vigor (em 01/01/2002) do

Decreto-Lei nº 272/01, de 13/10, e ao abrigo do prescrito nos seus artºs. 5º, nº 1, alínea a) e 6º, nº 1, alínea a), passou a competir à conservatória do Registo Civil da área da residência do requerido a fixação dos alimentos aos filhos maiores ou eman-cipados (e a apreciação de outros pedidos).

Ressalvam-se no nº 2 daquele art. 5º as pre-tensões relativas, nomeadamente, às prestações alimentares que constituam incidente ou depen-dência de acção pendente, circunstâncias em que continuam a ser tramitadas nos termos previstos no Código de Processo Civil.

Por outro lado, estabelecem os artºs. 82º, nº 2, alínea f) da L.O.F.T.J. e 96º, nº 1 do Código de Processo Civil que ao Tribunal competente para a acção cabe conhecer dos incidentes nela levanta-dos.

É manifesto que a alteração e/ou a cessação

dos alimentos constituem incidentes do processo que os fixou e face ao estipulado no art. 1412º do Código de Processo Civil, correu por apenso.

4º Vejamos O requerimento apresentado por apenso ao

respectivo processo (nº 6873-A/88, da … Secção do … Juízo do Tribunal de Família e Menores de …) por parte do Jorge AC, visa a alteração da regulação do poder paternal no tocante ao modo de prestação dos alimentos aos filhos Pedro e João (estudantes que, entretanto, atingiram a maiorida-de), pela entrega directa da pensão aos mesmos.

Esta pretensão enquadra-se nas excepções à competência das conservatórias do Registo Civil, previstas no nº 2 do art. 5º do Decreto-Lei nº 272/01 de 13/10 uma vez que claramente consti-tui um “incidente de alteração dos alimentos”, na acção de regulação do poder paternal.

- Note-se que caberá igualmente ao tribunal judicial de 1ª instância o julgamento e decisão dos processos em que tenha havido oposição ao pedido de alimentos: art.s 8º e 9º do mesmo diploma.

Assim sendo, compete ao 1º Juízo do Tribu-nal de Família e Menores de … a competência material para o conhecimento do incidente, em causa.

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N.º 3/2005 – Março/Abril 2005 18

III - Decisão Atento o exposto, acorda-se em resolver o

conflito de jurisdição a que os autos se reportam, declarando-se caber ao … Juízo - … Secção - do Tribunal de Família e Menores de … o conheci-mento do pedido de alteração à forma de pagamen-to da prestação de alimentos aos filhos Pedro e João, do requerente.

Sem custas. Lisboa, 13 de Janeiro de 2005

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PARECERES DOS SERVIÇOS

JURÍDICOS

Parecer proferido no processo Nº CC 21/2004 DSJ

Divórcio – Conferência – Falta não justificada

de ambos os requerentes – Orientação publicada no BRN º 11/2004.

DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO PROBLEMA:

Foi publicada no BRN n.° 11/2004 a seguinte orientação:

" Falta não justificada de ambos os

requerentes à conferência de divórcio. Não se realizando a conferência, a que se

refere o artigo 14° do Decreto-Lei nº 272/2001, de 13 de Outubro, por falta não justificada de ambos os requerentes, o processo de divórcio por mútuo consentimento aguardará que estes requeiram a designação de nova data - artigos 19° do \referido Decreto-Lei e 1422°, n.° 2 do Código de Processo Civil.

Dispõem as partes de um ano para o fazer. Caso os interessados não requeiram a marcação de nova data, a instância considera-se interrompida. Com efeito, o artigo 285° do Código de Processo Civil determina a interrupção da

instância quando o processo estiver parado por mais de um ano por negligência das partes.

Em consequência, deve o conservador proferir despacho de arquivamento, dele notificando as partes. Prática esta seguida nos tribunais judiciais e sufragada no Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 12.01.1999, publicado no BMJ de Outubro de 1999. "

Este último parágrafo suscitou dúvidas ao

Senhor Conservador da Conservatória do Registo Civil de ..., o qual submeteu à apreciação destes serviços a presente consulta.

Em resumo, alega o consulente que, e em

primeiro lugar, o artigo 285° do Código de Processo Civil (CPC), ao determinar a interrupção da instância não determina o arquivamento imediato dos autos.

Entende que o arquivamento só pode ocorrer na sequência de um despacho que declare extinta a instância, porque não lhe parece possível que "...um processo seja ‘arquivado' enquanto a instância ainda não tenha sido declarada ‘extinta'...

... De tudo resulta que a orientação sufragada por V. Exa, para além de, salvo o devido respeito, ser dificilmente sustentável, em rigorosos termos jurídico-processuais, prejudica potencialmente os requerentes, porquanto estes se, por exemplo, um ano e meio após a interrupção, pretenderem requerer a marcação da conferência, não podem fazê-lo, porquanto o processo já foi (indevidamente) arquivado - o que os obriga ao pagamento de emolumentos referentes ao novo processo, a novas certidões, a selos de acordo, etc. . .. ".

Quanto ao teor do acórdão do Supremo

Tribunal de Justiça, referido na orientação, entende que o mesmo não acolhe a tese subjacente àquela. E reproduz a conclusão VI daquele acórdão para reafirmar a sua posição.

Note-se que aquela conclusão se reporta à

desnecessidade de despacho a declarar a deserção. Finda solicitando ao Exmo. Director-Geral

autorização para não seguir a referida orientação. Cumpre informar:

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Em primeiro lugar há que esclarecer o

Senhor Conservador consulente de que as "Orientações/Recomendações" da Direcção-Geral são, como o próprio nome indica, simples e, porque não dizê-lo, úteis guias no exercício da actividade desenvolvida nos serviços externos. Actividade essa tantas vezes solitária.

Acresce que os conservadores do registo civil gozam de autonomia funcional e só em sede de interposição de recurso hierárquico se pode esta Direcção-Geral pronunciar com carácter vinculativo.

Posto isto, ao consulente cabe decidir se segue ou não as orientações emanadas destes serviços, não necessitando de qualquer autorização.

Passemos então à análise da orientação, ora,

em crise. Como é consabido, pelo Decreto-Lei

n.° 272/2001, de 13 de Outubro, foram cometidas às conservatórias do registo civil novas competências, anteriormente da exclusiva competência dos tribunais judiciais, e ainda a exclusividade em matéria de divórcio por mútuo consentimento (até aí compartilhada com os tribunais).

Ora, a experiência dos tribunais nestas matérias não pode ser ignorada e tem sido de preciosa ajuda nos serviços externos.

A prática seguida nos tribunais desde longa data tem sido de, nestes casos, proferir despacho a declarar a interrupção da instância e a ordenar o arquivamento do processo, sem que tal signifique que o processo se encontra findo em rigorosos termos jurídicos-processuais, ou que os interessados não possam vir requerer a marcação de nova data, nem significa tão pouco que tenham que ocorrer novos pagamentos.

Com efeito, e como se pode ler no artigo 126°, nº 1, al. c), da Lei n.° 3/99, de 13 de Janeiro (Lei de Organização e Funcionamento dos Tribunais Judiciais - LOFTJ) para os simples efeitos de arquivo o processo encontra-se findo quando se verifique a interrupção da instância.

Igual normativo se encontrava nas anteriores leis.

E é precisamente por se determinar o arquivamento, no despacho em que se declara a interrupção da instância, que se torna desnecessário proferir despacho a declarar a deserção da instância, sendo este um dos sentidos que nos parece ser possível extrair da conclusão VI do referido acórdão.

De acordo com a organização própria dos tribunais, ao determinar-se o arquivamento, o processo sai do espaço "secção de processos", onde aqueles se movimentam, para ingressar no espaço "arquivo", cuja organização é da competência da secção central (artigos 16°, n.° 1, al. a) e 17°, n.° 1, al. n) e n.° 2 al. a), do Decreto-Lei n.° 186-A/99, de 31 de Maio, diploma que regulamenta a LOFTJ).

O processo declarado interrompido fica no arquivo a aguardar o decurso do prazo de deserção ou a prática de algum acto que determine a retoma do seu movimento.

Acontece que a distinção entre espaço arquivo e secretaria, bem como a gestão de um espaço e doutro, não é tão clara nas conservatórias do registo civil. Parece-nos que tal situação é que terá suscitado as dúvidas do colega.

Com a referida orientação o que se pretendeu foi manifestar essa distinção de espaços e funções.

Declarado interrompido o processo, este deixa de estar a cargo do secretário nomeado no processo e é devidamente guardado no respectivo maço, no espaço arquivo.

Note-se que todos os processos que se encontram na conservatória, independentemente da sua fase em termos processuais, se consideram nela arquivados (veja-se o artigo 34° do Código do Registo Civil).

Quanto muito estaríamos perante um "pleonasmo", uma repetição desnecessária, no sentido em que se determina uma acção (arquivamento) que já decorre da organização própria das conservatórias do registo civil.

Relacionado com esta consulta, está também

um ofício da Senhora Conservadora do Registo Civil de ..., no qual solicita o envio de cópia do processo que deu origem àquela orientação. Nada mais adianta, porém, presumimos que também a esta se suscitam dúvidas.

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Assim parece-nos curial clarificar a referida orientação sob pena de a mesma não servir os objectivos de guia útil que lhe deviam ser inerentes.

Face ao exposto parece ser de extrair as seguintes:

Conclusões

I - Não se realizando a conferência, a que se refere o artigo 14° do Decreto-Lei n.° 272/2001, de 13 de Outubro, por falta não justificada de ambos os requerentes, o processo de divórcio por mútuo consentimento aguardará que estes requeiram a designação de nova data - artigos 19° do referido Decreto-Lei e 1422°, n.° 2, do Código de Processo Civil; II - Quando o processo estiver parado por mais de um ano por negligência das partes, a instância considera-se interrompida (artigo 285° do Código de Processo Civil); III - Em consequência, deve o conservador proferir despacho a declarar interrompida a instância, dele notificando as partes, ficando o processo a aguardar no respectivo arquivo da conservatória, que seja praticado algum acto que determine a retoma do seu movimento ou o decurso do prazo de deserção; IV - Desta forma, e tendo decorrido o prazo de deserção, não há necessidade de despacho a declará-la, prática seguida nos tribunais judiciais e sufragada no Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 12.01.1999, publicado no BMJ de Outubro de 1999.

Este parecer mereceu despacho do Exmo. Senhor Subdirector-Geral dos Serviços Jurídicos que a seguir se transcreve:

“As “Orientações/Recomendações” do BRN são para cumprir já que emanadas da DGRN não

se tratando apenas de guias de actividade. Assim concordo, mas exceptuando o acima referido.”

Sobre este parecer recaiu despacho de con-cordância do Exmo. Director-Geral, de 11.04.2005.

Parecer proferido no processo Nº CC 34/2005 DSJ

Processo de divórcio por mútuo consentimento

– acompanhamento por advogado em conferência de divórcio.

DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO PROBLEMA:

A Conservadora do Registo Civil de … soli-citou informação, no sentido de saber se a orienta-ção que pretende fixar na sua Conservatória, se poderá considerar correcta no que diz respeito à apresentação dos processos de divórcio por mútuo consentimento nas conservatórias e à verificação da identidade dos requerentes.

Considera a consulente que, se são os pró-prios requerentes a organizar todo o processo, ela-borando o requerimento inicial e os acordos, ou se os mesmos requerem à conservatória a feitura do referido requerimento, a verificação da identidade é feita pelos serviços através da exibição dos res-pectivos bilhetes de identidade.

Se, porventura o processo é apresentado por advogado munido de procuração com poderes gerais forenses, aí não há lugar à verificação da identidade dos requerentes.

É, ainda, prática da referida Conservatória, requerer ao advogado procuração com poderes gerais forenses, para acompanhar o ou os reque-rentes, a pedido destes, na conferência de divórcio, apesar de não ter tido intervenção no processo, no âmbito do exercício de mandato forense.

Face ao exposto, solicita o Serviço de Audi-toria e Inspecção a apreciação da matéria supra referida, e se for esse o entendimento, ratificar a

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sua apreciação, tendo em vista a uniformização de procedimentos nos serviços.

CUMPRE ANALISAR: Nos termos dos artigos 271º, nº 1 do Código

do Registo Civil e artigo 1419º, nº 1 do Código de Processo Civil, o requerimento de divórcio por mútuo consentimento pode ser assinado por ambos os cônjuges ou pelos seus procuradores.

O referido requerimento pode ser entregue pessoalmente pelos próprios, por terceiro ou ser enviado pelo correio.

Em qualquer uma destas três situações, há que reconhecer a assinatura dos requerentes, nos termos da lei, tal como dispõe o artigo 224º, nº 1, in fine, do Código do Registo Civil.

Uma vez que, o citado artigo não determina, de forma especificada, qual o tipo de reconheci-mento a fazer, remetendo genericamente para “os termos da Lei”, é de aplicar a estas situações o artigo 31º, nº 2 do D.L. nº 135/99, de 22 de Abril, segundo o qual: “A exigência em disposição legal de reconhecimento por semelhança ou sem deter-minação de espécie considera-se substituída pela indicação feita pelo signatário, do número, data e entidade emitente do respectivo bilhete de identi-dade ou documento equivalente, emitido pela auto-ridade competente de um dos países da União Europeia ou do passaporte”.

Deste modo, o signatário, deverá ele mesmo, indicar o número, a data e a entidade emitente do respectivo bilhete de identidade.

A verificação da identidade dos requerentes far-se-á, à posteriori, em sede de conferência de divórcio.

Outra questão aflorada na presente informa-ção pelo SAI (não pela Conservadora), que merece alguma atenção tem a ver com a afirmação profe-rida pelos mencionados serviços, segundo a qual “Se o processo é apresentado pelo advogado cons-tituído, o requerimento deve ser assinado por este e os acordos assinados pelos requerentes”.

Tal afirmação tem o seu cabimento se esti-vermos perante uma procuração com meros pode-res gerais forenses.

Há, pois, que analisar a amplitude dos pode-res que podem ser conferidos, por procuração, pelas partes, no processo de divórcio por mútuo consentimento, ao seu advogado.

Da análise do artigo 62º do Estatuto da Ordem dos Advogados, considera-se mandato forense: “a) O mandato judicial para ser exercido em qualquer tribunal, incluindo os tribunais ou comissões arbitrais e os julgados de paz;

b) O exercício do mandato com representa-ção com poderes para negociar a constituição, alte-ração ou extinção de relações jurídicas;

c) O exercício de qualquer mandato com representação em procedimentos administrativos, incluindo tributários, perante quaisquer pessoas colectivas públicas ou respectivos órgãos ou servi-ços, ainda que se suscitem ou discutam apenas questões de facto.”

Da alínea b) resulta claro que, o mandato forense pode consistir no exercício do mandato com representação com poderes de negociar a constituição, alteração ou extinção de relações jurídicas.

Por relação jurídica entende-se, em sentido amplo, toda a relação da vida social relevante para o direito, isto é, produtiva de efeitos jurídicos; em sentido restrito, como a relação da vida social dis-ciplinada pelo direito, mediante atribuição a uma pessoa de um direito subjectivo e a imposição a outra pessoa de um dever jurídico ou de uma sujei-ção.

No caso dos acordos a que as partes chegam relativamente às questões do exercício do poder paternal, pensão de alimentos e atribuição da casa de morada de família, também tem sido entendi-mento que os mesmos constituem verdadeiras rela-ções jurídicas.

Como tal, a sua constituição, modificação ou extinção pode ser negociada pelo advogado no âmbito do exercício do mandato forense, se esses poderes forem especialmente previstos na procura-ção subscrita pelas partes.

Podemos entender, como pouco compatível, a amplitude dessa procuração com poderes para elaborar os referidos acordos, assim como alterar os seus termos, com a natureza dos mesmos acor-dos.

Afinal, estes acordos têm por objecto, prima- cialmente, a regulamentação de interesses imate-riais e não económicos.

Estes acordos consubstanciam o consenso dos cônjuges, sobre questões importantes e que

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visam acautelar os seus interesses e o dos seus filhos.

Porém, legalmente, não se pode afastar a hipótese de o interessado ter mandatado o seu advogado, com poderes tão amplos como os já referidos.

Quanto à terceira questão colocada, relativa à possibilidade ou não do advogado, sem se encon-trar munido de procuração com poderes gerais forenses, poder assistir à conferência, a pedido das partes, sem intervir na mesma, há que ter em conta o seguinte.

O processo de divórcio por mútuo consenti-mento, pela sua natureza, integra-se nos processos de jurisdição voluntária, onde se assiste à existên-cia de um interesse fundamental tutelado pelo Direito, que ao Conservador cumpre regular nos termos mais convenientes.

Na jurisdição voluntária há, não a decisão de uma controvérsia entre as partes, mas uma activi-dade de assistência e de fiscalização em relação a actos realizados por particulares, sendo a interven-ção requerida pela parte interessada.

Assim, no divórcio por mútuo consentimen-to, compete aos cônjuges, no pleno uso da sua liberdade de actuação, declarar e apresentar os elementos necessários para que o processo seja instaurado, instruído e decidido na conservatória do registo civil – artigos 271º e 272º, nº 1 do Códi-go de Registo Civil e artigo 14º, nºs 1 e 2 do D.L. nº 272/2001, de 13 de Outubro.

Decidindo, deste modo, se intervêm, por si, ou por intermédio de advogado devidamente man-datado, no processo de divórcio por mútuo consen-timento.

Sendo certo que, nos termos do artigo 1409º do Código de Processo Civil, não é obrigatória a constituição de advogado, salvo na fase de recurso, disposição legal aplicável por força do artigo 9º, nº 2 do D.L. nº 272/2001, de 13 de Outubro.

Se os requerentes optarem pela intervenção de advogado no processo de divórcio por mútuo consentimento, a mesma pode revestir a forma de mera consulta jurídica, de exercício de um manda-to forense ou de simples acompanhamento, tendo em conta a definição de actos próprios dos advo-gados, dada pelo artigo 1º nºs 4 a 9, da Lei 49/2004, de 24 de Agosto.

Ora, face ao conteúdo dos preceitos legais referidos, constata-se que, o advogado só necessi-tará de mandato forense se estiver a praticar actos no âmbito do exercício desse mesmo mandato (artigo 1º, nº 5, alínea a), da Lei 49/2004), situação em que o advogado tem intervenção no processo, assinando o requerimento inicial, ou até os respec-tivos acordos se para o efeito tiver sido devida-mente mandatado, como já foi referido anterior-mente.

Assim, dado que, “são também actos pró-prios dos advogados todos aqueles que resultem do exercício do direito dos cidadãos a fazer-se acom-panhar por advogado perante qualquer autoridade” – Artigo 1º, nº 9 da mencionada Lei 49/2004 (sub-linhado nosso), os mesmos, desde que tenham ins-crição em vigor, não poderão ser impedidos de praticar esse acto próprio da sua actividade (artigo 64º do Estatuto da Ordem dos Advogados).

É este um direito constitucionalmente consa-grado no artigo 20º, nº 2 da Constituição da Repu-blica Portuguesa: “Todos têm direito, nos termos da Lei, à informação e consultas jurídicas, ao patrocínio judiciário e a fazer-se acompanhar por advogado perante qualquer autoridade” - (subli-nhado nosso).

E, tratando-se de um preceito constitucional relativo a direitos fundamentais, este é directamen-te aplicável e vincula as entidades públicas e pri-vadas (artigo 18º, nº 1 da Constituição da Repúbli-ca Portuguesa).

Além de que, “o mandato judicial, a repre-sentação e a assistência por advogado são sempre admissíveis e não podem ser impedidos perante qualquer jurisdição, autoridade ou entidade pública e privada, nomeadamente para defesa de direitos, patrocínio de relações jurídicas controvertidas, composição de interesses ou em processos de mera averiguação, ainda que administrativa, oficiosa ou de qualquer outra natureza “ – artigo 61º, nº 3 do Estatuto da Ordem do Advogados (Lei nº 15/2005, de 26 de Janeiro).

Ratifica-se, assim, o entendimento do SAI. Qualquer cidadão é livre de se fazer acom-

panhar em actos e diligências que requeiram aconselhamento jurídico.

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O direito do cidadão de se fazer acompanhar por advogado, em qualquer acto ou diligência, é uma garantia do Estado de Direito.

Reafirmando ainda a ideia veiculada pelo SAI de que, a qualidade de advogado deve sempre ser aferida pela exibição da respectiva cédula pro-fissional, uma vez que só os licenciados em Direito com inscrição na Ordem dos Advogados, podem praticar actos próprios dos advogados, segundo o disposto no artigo 1º, nº 1 da já citada Lei 49/2004.

Na verdade, o advogado ou advogado esta-giário, no exercício das respectivas funções, supra referidas, deve obrigatoriamente fazer prova da sua inscrição através de cédula profissional válida (artigo 180º, nº 3, do Estatuto da Ordem dos Advogados).

Face ao exposto parece ser de extrair as seguintes

Conclusões I - Nos termos dos artigos 271º, nº 1 do Código de Registo Civil e 1419º, nº 1 do Código de Pro-cesso Civil, o requerimento de divórcio por mútuo consentimento pode ser assinado por ambos os cônjuges ou pelos seus procuradores. II - O requerimento pode ser entregue pessoal-mente pelos próprios, por terceiro ou ser envia-do pelo correio.

III - Em qualquer destas três hipóteses assina-ladas, tem de ser reconhecida a assinatura dos requerentes, nos termos da Lei – artigo 224º, nº 1, in fine do Código do Registo Civil. IV - Perante a falta de especificação quanto ao tipo de reconhecimento a fazer, aplicar-se-á o disposto no artigo 31º, nº 2 do D.L. nº 135/99, de 22 de Abril, sendo o signatário a indicar, o número, a data e a entidade emitente do bilhete de identidade. V - Os advogados e advogados estagiários com inscrição em vigor não podem ser impedidos por qualquer autoridade pública ou privada, de

praticar actos próprios da advocacia (artigo 64º do Estatuto da Ordem dos Advogados). VI - Sendo também actos próprios dos advoga-dos todos aqueles que resultem do exercício do direito dos cidadãos a fazer-se acompanhar por advogado perante qualquer autoridade (artigo 1º, nº 9 da Lei nº 49/2004, de 24 de Agosto e artigo 20º, nº 2 da Constituição da República Portuguesa). VII - Deste modo, tendo em conta que estamos perante um direito constitucionalmente consa-grado, ao advogado não pode ser vedada a pos-sibilidade de acompanhar os requerentes, a pedido destes, na conferência de divórcio, por não se encontrar munido de procuração com poderes forenses.

Sobre este parecer recaiu despacho de con-cordância do Exmo. Director-Geral, de 11.04.2005.

Parecer proferido no processo

Nº RP 225/2004 DSJ Rectificação da área da descrição – Pressupos-tos do mecanismo de correcção da área quando haja simples erro de medição – Identidade do prédio – Processo de rectificação de registo –

Indeferimento liminar do pedido – Impossibili-dade de apreciação em sede de recurso

hierárquico.

1. Euclides FC recorre hierarquicamente do

despacho do senhor conservador da … Conserva-tória do Registo Predial de … que indeferiu limi-narmente, nos termos do artigo 127º, nº 1, do CRP, o pedido de rectificação da descrição n.º 02718/19710703, da freguesia de … .

Este pedido, a que coube a ap. 22 de 2004/05/06, visava a alteração da área da descrição

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– que menciona 280 m2 - para 445 m2. No reque-rimento que apresentou, o ora recorrente requereu a “alteração à área do prédio”, afirmando que o mesmo se acha inscrito na matriz sob o artigo 2840, da freguesia de …, e juntou, para além de fotocópia do respectivo documento matricial, uma planta topográfica, assinada, segundo alega, pelos actuais proprietários confinantes (além dele pró-prio, a norte, a sociedade “…”, a sul e a poente, que declara que a área do prédio é a constante da referida inscrição matricial).

O prédio nº 2718 da freguesia de … (corres-pondente ao anterior nº 60560, do livro B-156), actualmente da área de competência da … Conser-vatória do Registo Predial de …, é, de acordo com a respectiva descrição predial, um prédio rústico, constituído por lote de terreno para construção, sito na …, com a área total de 280 m2, omisso na matriz, e que confronta a norte com Euclides FC, a sul com Rui AB, a nascente com caminho e a poente com herdeiros de António MC.

Por despacho de 24.06.2004, o senhor con-servador indeferiu liminarmente o pedido de recti-ficação, em termos que aqui se dão por integral-mente reproduzidos.

Inconformado, interpôs o recorrente a pre-sente impugnação hierárquica, em termos que aqui se dão igualmente por reproduzidos.

No despacho que então proferiu, o senhor conservador ordenou a remessa do processo a esta Direcção-Geral, dada a inexistência de disposição que permita ao conservador admitir ou não o recurso, muito embora entenda que do despacho de indeferimento liminar emitido em processo de rec-tificação somente cabe recurso para o tribunal de 1ª instância, conforme preceituam os artigos 127º, nº 2, e 131º, nº 1, do CRP.

2. Expostas as posições em confronto, cum-pre informar.

No seu requerimento, o ora recorrente não

explicita a causa da alegada alteração de área do seu prédio, mas fez acompanhar o seu pedido de uma planta, conforme previsto no artigo 30º, nº 2,

do CRP1, donde podemos concluir que invoca erro de medição, ainda que de forma implícita.

Apesar disso, o senhor conservador recorrido entendeu que estava perante um pedido de rectifi-cação da descrição nos termos dos artigos 120º e seguintes do CRP, normas aplicáveis ao processo de rectificação.

Ora, a questão que se poderá colocar é a de saber se o pedido em causa configura um pedido de alteração da descrição, nos termos do artigo 30º do CRP, ou antes um pedido de rectificação, nos termos dos artigos 120º e seguintes do CRP.

Como tem sido entendido por esta Direcção-Geral, com o artigo 30º do CRP pretendeu o legis-lador simplificar a rectificação da área da descri-ção, sem o recurso ao processo especial de rectifi-cação previsto no artigo 120º e segs., muito embo-ra este possa ser sempre utilizado pelos interessa-dos e deva até sê-lo se não se puder utilizar o pro-cesso facilitado previsto naquele artigo.

No parecer emitido no Pº 49/92 R.P. 42 dis-tingue-se, a propósito, o que é o averbamento de alteração da área, que poderá ser feito quando for viável a utilização da faculdade prevista no nº 2 do artigo 30º do CRP e o que se considera ser a “recti-ficação do registo”, como processo especial regu-lado nos artigos 120º e segs. do CRP:

“É certo que, neste último caso, a decisão favorável terá como consequência a feitura de um averbamento (…). Porém, é óbvio que se trata de hipótese distinta da do averbamento de alteração, previsto como acto de registo nos artºs 88º e segs. do CRP.

Temos ainda que a rectificação do registo, quando não é oficiosa, deve ser pedida por meio de

1 Estatui o artigo 30º, nº 1, do CRP, que “nos títulos respei-tantes a factos sujeitos a registo, a identificação dos prédios não pode ser feita em contradição com a inscrição na matriz, nos termos do artigo 28º, nem com a respectiva descrição, salvo se, quanto a esta, os interessados esclarecerem que a divergência resulta de alteração superveniente ou que, tra-tando-se de matriz não cadastral, provém de simples erro de medição”. E o nº 2 deste artigo, na redacção introduzida pelo Dec.- Lei nº 533/99, de 11 de Dezembro, dispõe que “No caso do erro previsto na última parte do número anterior, devem os inte-ressados juntar a planta do prédio e declaração assinada por todos os proprietários confinantes de que não houve altera-ções na configuração do prédio”. 2 Publicado no BRN nº 5/2002, II Caderno.

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requerimento – como se fez no caso dos autos – ao passo que o averbamento de actualização tê-lo-á de ser através de impresso próprio (artº 41º do CRP).”3

Ora, no nosso caso, parece-nos que o interes-sado veio requerer uma rectificação de registo, e não simplesmente requisitar uma alteração da área constante da descrição devido a erro de medição4.

O recurso ao meio alternativo previsto no artigo 30º do CRP pressupõe que a divergência resulte apenas de erro de medição, e só assim se justifica. Conforme se escreveu na informação prestada no Pº. R.P. 118/99 DSJ, “Meio alternativo quer apenas dizer que pode ser junta planta para rectificar erro na área constante da descrição se designadamente questões fundamentais não forem

3 No caso em apreciação no presente recurso, o ora recorren-te utilizou também o requerimento e não o impresso-requisição. Note-se, todavia, que, como foi dito na orienta-ção/recomendação publicada no BRN nº 3/2004, pág. 18, “a requisição de registos pode constituir o requerimento inicial da rectificação, conquanto o pedido de rectificação aí esteja expresso”. 4 Desde logo porque já anteriormente, por duas vezes, solici-tou a rectificação da área da descrição no mesmo sentido. Segundo elementos constantes dos autos, e que foram por esta Direcção de Serviços solicitados à … Conservatória do Registo Predial de …a, o prédio foi descrito como lote de terreno para construção com a área de 280 m2 com base na escritura pública de 30/04/1968, lavrada a fls. 12 do livro B 6 do … Cartório da Secretaria Notarial de …, que titulou o registo de aquisição a favor de José JSS. Este vendeu o pré-dio ao ora recorrente e actual titular inscrito do prédio, Euclides FC, por escritura de 17/04/1974, exarada a fls. 43 vº do livro C-73 do … Cartório da Secretaria Notarial de …. Em 3 de Outubro de 2003, pela ap. 35, requereu o ora recor-rente na Conservatória de … (…) a rectificação da área de 280 m2 para 445 m2, alegando que as divergências de áreas resultam de não ter medido o terreno quando o comprou, e que o prédio é o que está inscrito na matriz sob o artigo 2840 da freguesia de … (que tem de área 445 m2). Este pedido foi liminarmente indeferido por despacho proferido nos termos do artigo 127º, nº 1, do CRP. Posteriormente, em 5/11/2003, pela ap. 64, o ora recorrente apresenta novo pedido de recti-ficação da área. Este pedido foi objecto de um novo despa-cho de indeferimento liminar, nos termos da citada disposi-ção legal, no qual se argumenta que não são invocadas razões que justifiquem a divergência de área, que a descrição predial identifica, desde a sua abertura, um prédio com 280 m2, e que na escritura de compra por parte do ora recorrente se declara que o prédio se destina a arredondamento do logradouro de prédio urbano que ali possui, tudo razões que levam a que não colha a invocação de erro de medição, con-siderando, assim, que é notória a improcedência do pedido.

levantadas na pretendida alteração, (...) como sejam a identidade do prédio ou a necessidade de rectificar o(s) título(s) se a área errada daí pro-vier”.

Convém a este propósito lembrar que por força do princípio da fé pública que o enforma (artigo 7º do CRP), o registo “não pode deixar de reflectir a realidade predial sobre que incidem as relações jurídicas que perspectiva publicitar” e “Daí que lhe não seja indiferente que a divergência de áreas decorra de erro de medição ou, antes, de alterações supervenientes à sua declaração no registo. No primeiro caso, há que rectificar o erro, ainda que pela forma desburocratizada prevista no artigo 30º (…). No segundo, a alteração só pode ingressar nas tábuas quando acompanhada da pro-va e registo dos factos jurídicos supervenientes que motivaram, procedendo-se simultaneamente às desanexações que implicam” (cfr. parecer emitido no Pº 106/96 R.P. 45).

No parecer acabado de citar, defende-se tam-bém que a coincidência entre titular inscrito e pro-prietário confinante (tal qual ocorre no caso ver-tente com o recorrente Euclides FC) obsta a que o reconhecimento que faz ao subscrever a planta, por não recair sobre facto que lhe seja desfavorável, já que é ele próprio parte interessada, tenha qualquer valor probatório (vd. artigos 352º e 361º do Códi-go Civil).

Pelo que também por aqui “não se mostra-riam pois verificados os requisitos necessários para corrigir a área do prédio nos termos permitidos no artigo 30º do CRP”.

3. Assentamos, portanto, que o pedido em

causa foi um pedido de rectificação. Ora, assim sendo, o indeferimento liminar da

rectificação não pode ser apreciada no presente processo de recurso hierárquico.

Conforme dispõe o n.º 2 do artigo 140º do Cód. Reg. Predial, “a recusa de rectificação de registos só pode ser apreciada no processo próprio regulado neste Código”.

O processo próprio é o processo da rectifi-cação de registos, cuja tramitação consta dos arti-gos 120º a 132º-D daquele Código, e ainda, subsi-

5 Publicado no BRN nº 7/97, II Caderno.

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diariamente e com as necessárias adaptações, do Código de Processo Civil.

E, como preceitua o nº 1 do artigo 131º, «Qualquer interessado e o Ministério Público podem recorrer da decisão6 do conservador para o tribunal de 1ª instância competente na área de cir-cunscrição a que pertence a conservatória em que pende o processo», no prazo previsto no artigo 685º do Código do Processo Civil (nº 2 do mesmo artigo).

O órgão competente para apreciar, em sede de recurso, o despacho de indeferimento emitido em processo de rectificação é, assim, o tribunal de 1ª instância com competência na área de circuns-crição a que pertence a conservatória em que pen-de o processo.

Pelo exposto, deverá o presente recurso hie-rárquico ser indeferido por não ser este o meio próprio para conhecer da recusa da rectificação7 8. 6 De indeferimento, liminar ou no termo da instrução do processo (cf. artigos 127º e 130º. nº 6 do Cód. Reg. Predial). 7 Este entendimento, que decorre da lei, tem sido reafirmado em vários pareceres do Conselho Técnico, v.g., entre muitos, no Pº 9/96 R.P.4 e no Pº R.P.72/97, publicados, respectiva-mente, nos BRN de Outubro de 1996 e de Janeiro de 1998. Também no Pº. 81/96 R.P.4 se concluiu que “A decisão do conservador que denegue a rectificação do registo (...) só pode ser apreciada em sede de rectificação judicial, pelo que para tanto não é o meio próprio o recurso hierárquico para o Director-Geral – artºs 127º e 140º, n.º 2, do C.R.P.”. E, como se afirmou no parecer proferido no Pº 7/96 R.P. 4, “Por isso, em sede de recurso hierárquico, nem sequer se deve entrar no “fundo da questão” que respeite a uma rectificação de regis-to, já que, como sempre se tem decidido, nesse caso há antes lugar ao indeferimento liminar do recurso (cfr., por todos, Proc. n.º 34/87 - R.P.3, in “Pareceres do Conselho Técnico”, I, p. 133 Apesar de emitidos antes das alterações introduzidas no processo de rectificação pelo D.L. nº 273/2001, de 13.10, a doutrina dos indicados pareceres mantém-se, com as devidas adaptações, inteiramente válida. 8 Sem embargo de o recurso dever ser indeferido, e sem pretendermos entrar na apreciação do seu mérito, julgamos que o ora recorrente não cuidou, em nenhum dos pedidos de rectificação que apresentou, de esclarecer nem comprovar cabalmente o alegado erro de medição, o que poderá passar, a nosso ver, pelo esclarecimento da situação do seu prédio confinante (a cujo logradouro se destinou ampliar), de modo a afastar a possibilidade de uma desanexação/anexação enca-potada, designadamente pela comprovação de que a área de 445 m2 que pretende que o prédio nº 2718/Santa Clara sem-pre teve não foi obtida à custa da área do (também seu) pré-dio confinante. Esta comprovação de que a área do prédio é, efectivamente como alega, a de 445 m2 poderá, eventual-

Convém, todavia, salientar que, não forman-do as decisões do conservador caso julgado em sentido próprio, o interessado poderá novamente requerer a rectificação, em requerimento dirigido ao conservador no qual “especifica a causa de pedir e a identidade das pessoas nele interessadas”, acompanhado da junção da prova documental e dos restantes meios de prova (cfr. artigo 123º do CRP)9.

Este parecer mereceu despacho do Exmo. Senhor Subdirector-Geral dos Serviços Jurídicos que a seguir se transcreve:

“Concordo. Contudo deverá alertar-se o

senhor conservador de que a sua função visa tam-bém realizar a justiça preventiva, evitando litígios, perdas de tempo e gastos dispensáveis, libertando os tribunais de querelas inúteis. Na verdade, se há possibilidade de efectuar o registo, embora juntan-do prova complementar, como claramente se refere no despacho de indeferimento, deveria ter-se aber-to a respectiva instrução (v. artºs. 123, 127 e 128 do CRP), já que não há improcedência manifesta. Esta verifica-se quando, claramente, não há qual-quer possibilidade de satisfazer aquele pedido. Só que neste caso essa possibilidade existe.”

Sobre este parecer recaiu despacho de con-

cordância do Exmo. Director-Geral, de 11.04.2005. mente, ser obtida não só através de documentos (títulos aqui-sitivos de ambos os prédios, documentos matriciais, …), como mediante o oferecimento de outros meios de prova (testemunhal, pericial). A decisão competirá, todavia, e sem-pre, ao respectivo conservador. 9 E não sendo caso de o pedido se prefigurar como manifes-tamente improcedente, o conservador notifica o interessado para pagar os emolumentos devidos pela instrução e decisão do processo (cfr. artigo 128º do CRP) e, efectuado esse pagamento, ordena, ou por ter sido requerido, ou oficiosa-mente, as diligências e a produção de prova que se mostrem necessárias, antes de proferir a decisão a que alude o nº 6 do artigo 130º do CRP. Em qualquer caso, como preceitua o artigo 126º do CRP, «Quando a rectificação não seja de efectuar nos termos dos artigo 124º ou 125º, é averbada ao respectivo registo a pendência da rectificação, com referên-cia à anotação no Diário do requerimento inicial ou à data em que tiver sido levantado o auto de verificação da inexac-tidão, consoante os casos» (que será cancelado oficiosamente mediante decisão definitiva que indefira a rectificação ou declare findo o processo – cfr nº 4 do artigo 126º).

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Parecer proferido no processo Nº R.Co. 58/00 DSJ

Sociedade Comercial por Quotas - Desig-

nação de revisor oficial de contas, nos termos do artigo 262º, nº 2, C.S.C. – Sua sujeição a registo

RELATÓRIO

..., Lda., matriculada na ... Secção da Conservatória do Registo Comercial do ... sob o n° 18804/700623, substituiu por outro o seu revisor oficial de contas (ROC), designado nos termos do art° 262° 2 CSC, e requereu os respectivos registos da renúncia e de nomeação (aps. 78/000804). Aquele registo foi recusado por não se mostrar inscrita a designação do substituído; este foi efectuado provisoriamente por dúvidas "por falta de indicação do fiscal suplente (cfr. art° 413° CSC (...))" (despacho de 25-08-00).

Reclamou a ..., Lda. por intermédio do Sr. Advogado que tinha requerido os registos, mas só quanto à provisoriedade, visto, embora tecendo observações discordantes, aceitar a recusa (ap. 01/000912). Entende que o ROC, no caso do art° 262° 2, não é órgão da sociedade e que o seu contrato não prevê órgão de fiscalização, pelo que: - o que nomeou não está sequer enquadrado no art° 3° m) CRC; - não é exigível a designação de fiscal único suplente, pois não é aplicável o artº 413° CSC. Termina surpreendentemente, mas na linha da sua argumentação, pois afirma que pediu o registo com dúvidas a respeito de ter de o fazer: “requer a V. Exa, que na impossibilidade de serem levantadas as dúvidas relativas à ap. n° 8 de 04/08/2000, seja a mesma também recusada".

A qualificação foi sustentada em despacho de 15-09-00. Entende-se, em resumo, que o ROC, contrariamente ao alegado, é órgão da sociedade, isto com base em diferentes passagens das legislações comunitária e nacional a respeito das habilitações profissionais e perfil da figura "ROC" (“e vários outros diplomas poderíamos

citar confirmando que indubitavelmente se trata de profissionais que exercem a sua actividade como membros do Conselho Fiscal ou como Fiscais únicos" - todos os sublinhados são dos respectivos originais). Como tal, a sua designação está sujeita a registo e é profissional que deve ser substituído por outro com a mesma qualificação. E termina: "resta, pois, à sociedade, se quiser fazer o registo da designação do ROC, nomear um seu suplente, conforme o n° 2 do art° 413° CSC, aplicável a todas as sociedades por quotas que tenham designado ROC, por a tal estarem obrigadas - caso da reclamante - (Cfr. n° 2 do art° 262º CSC), ou por o contrato da sociedade, voluntária e optativamente, o haver previsto".

Continuou inconformada a ..., Lda. que, novamente pela mão do mesmo Sr. Advogado, interpôs o presente recurso hierárquico (ap. 05/001013). Entende haver "alguma confusão quanto a duas realidades" que são distintas - o Fiscal único, enquanto órgão social e Revisor Oficial de Contas, profissional qualificado, com determinadas atribuições, incluindo a de fiscalização". O facto de serem designados para exercerem funções de fiscalização não significa que os ROC’s são necessariamente fiscais únicos, sob pena de diversos textos legais serem absurdos, por completamente inúteis, caso do art° 262° 5 CSC e outros que indica. Assim, considera "patente a existência de dois regimes de fiscalização aplicáveis à sociedade por quotas: um, nos termos do n° 1 do art° 262°, pelo qual os sócios poderão ter contratualmente estabelecido a obrigação de existência de um órgão de fiscalização, conselho fiscal ou fiscal único, sendo aplicáveis as normas que a esse respeito estão estabelecidas na lei para as sociedade anónimas, incluindo a obrigação de nomeação de suplente; outro, nos termos do n° 2 do mencionado art° 262°, para as sociedades que, não tendo órgão de fiscalização, hajam ultrapassado durante dois exercícios consecutivos, dois dos três limites enunciados - aqui deverão os sócios proceder à designação de Revisor Oficial de Contas, entidade independente obrigada a proceder à fiscalização da sociedade, mas que não integrará um órgão social, por o mesmo não

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existir". E conclui: "E se dúvidas subsistem quanto à obrigação de registo de alteração do Revisor Oficial de Contas designado nos termos do n°s do art° 262°, não nos restarão dúvidas quanto à não obrigatoriedade de designação de Revisor Oficial de Contas suplente, por não se encontrar consignada na lei tal obrigação. Termos em que se solicita a revisão do despacho de 25-08-2000 (...) no sentido de: 1. Ser considerado recusado o registo apresentado no diário sob o n° 8 de 04/08/2000, por não ser devido, com a inerente restituição dos elementos pagos; 2. Assim não se entendendo, serem removidas as dúvidas (...) por não ser obrigatória a designação de suplente, dado não ser aplicável, ao caso em apreço, o regime estabelecido para o órgão de fiscalização".

Em meu entender nada obsta ao

conhecimento do recurso.

FUNDAMENTAÇÃO

1. Primeira questão: Pode ser recusado, depois de efectuado,

ainda que provisoriamente, um registo pedido? Compreendendo, embora, a posição da

recorrente, que pediu o registo sem a convicção de ser devido, pela "jurisprudência das cautelas", a verdade é que os recursos se destinam a modificar decisões desfavoráveis (CPC art°s 678° 1, 680° 1, 682° 1 e 684° 2; CRC art° 98°). A qualificação recorrida, uma vez que satisfez a pretensão de fazer o registo pedido, como só foi desfavorável na medida em que o registo não foi efectuado definitivamente, nos termos requeridos, só nesta medida é recorrível . A atitude que caberia à posição da recorrente seria a desistência (CRC art°s 53° e 48° 1 c)), mas a feitura do registo tornou-a impossível. Depois de efectuada, enquanto não for removida das tábuas por averbamento de cancelamento ou anotação de caducidade, a inscrição de facto não sujeito a registo manter-se-à como acto inútil, desprovido de efeitos. Está lá, mas é como se não estivesse

(cfr. CRC artºs 13° 1 e 14° 1 - os factos sujeitos a registo, etc.). Não pode proceder, assim, a meu ver, o pedido principal do recurso.

2. Segunda questão: É órgão duma sociedade comercial por

quotas (spq) o ROC que a lei impõe que designe para proceder à revisão legal, quando se verificarem excedidos, durante 2 anos consecutivos, 2 dos 3 limites que o artº 262° 2 CSC indica, relativos ao total do balanço, ao total das vendas líquidas e outros proveitos, e número de trabalhadores?

A natureza ideal das sociedades implica que na sua estrutura interna existam entidades incumbidas de formar, exteriorizar e executar a respectiva vontade e de controlar criticamente essas actuações, no interesse da sociedade, dos sócios, com especial relevo para as minorias, e de terceiros, credores, trabalhadores, eventuais futuros sócios (sócios, administração e fiscalização). São os seus órgãos, cuja existência, características e funções devem ser objecto de previsão contratual, com respeito pelas normas imperativas (artº 9° 3 CSC).

As spq tendem a ser mais sociedades de poucas pessoas, em que todas se conhecem e se podem controlar reciprocamente, e em que os capital e volume dos interesse envolvidos não atingem valores significativos. Assim, ao contrário das anónimas, justifica-se que, como regra, sejam dispensadas de órgão específico de fiscalização, tornando o seu funcionamento menos pesado e dispendioso (CSC art°s 9º, 199º e 272º g).

Mas devendo poder instituí-lo no seu contrato as que assim o entenderem, o que mormente poderá interessar àquelas que se desviem significativamente do estereótipo indicado.

É o que preceitua o art° 262° 1, ao referir que o contrato pode determinar a existência de conse lho f i sca l . E os seguintes n°s 2 e 3 voltam a aludir a conselho fiscal (o mesmo se passa com os n° 5 e 6, mas nestes mais no sentido funcional ). O que quer isto dizer - que nas spq a fiscalização, quando determinada no contrato, terá de ser necessariamente exercida por conselho

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fiscal, não o podendo ser por fiscal único? Obviamente que não. Esta leitura já não fazia sentido antes do DL 257/96, de 31-12, que alterou o CSC, pois se então a fiscalização das anónimas com capital inferior a 20.000 contos podia ser entregue a um fiscal único (primitiva redacção do art° 413° 4), o mesmo devia suceder por maioria de razão com as spq. Com a alteração do regime regra da fiscalização das sociedades anónimas, para passar a ser confiada ao órgão - fiscal único, a que procedeu o DL 257/96, ao mesmo tempo que manteve a redacção do art° 262° 1 e 2, então é que tal leitura é de todo impossível. Ou seja, esses n°s 1, 2 e 3 tomam a espécie, conselho fiscal, pelo género, órgão de fiscalização.

Desta forma, para além dos outros aspectos que para aqui não interessam, é como se este n° 1 se expressasse assim: - o contrato, se determinar que a sociedade terá órgão de fiscalização, dirá se esta é exercida pelo orgão fiscal único ou pelo órgão conselho fiscal; - se for exercida por fiscal único, este terá de ser ROC (designação que, por comodidade, abrange tambem as sociedades de revisores oficias de contas), e haverá um suplente igualmente ROC; - se for exercida por conselho fiscal, um membro efectivo deste e um suplente terão de ser igualmente ROC (art°s 413° 1 e 2 e 414° 1).

O n° 2 do art° 262°, por seu turno, é como se se expressasse assim: se o contrato não determinar órgão de fiscalização (fiscal único ou conselho fiscal), a sociedade deve designar um ROC, etc. E o mesmo se diga, mutatis mutandis, relativamente ao n° 3 do mesmo art°.

É, assim, manifesto que este n° 2 não pretendeu conferir ao ROC a qualidade de órgão da sociedade, fiscal único. Se assim não fosse, com efeito, muito mal se teria exprimido o legislador ao, no mesmo preceito, contrapor conselho fiscal (isto é, órgão de fiscalização) a ROC, e não a fiscal único, ao usar designações diferentes se quisesse referir no fundo à mesma entidade - órgão de fiscalização. A intenção da lei teve de ser outra: atendendo ao volume dos interesses envolvidos, entendeu necessária a existência de fiscalização das contas por perito independente, para protecção de terceiros, mas sem lhe conferir a qualidade de órgão.

Dito doutro modo: cada spq é livre de decidir que não precisa de ter órgão de fiscalização, mas esta faculdade não deve constituir um risco para os interesses de terceiros, pelo que, em dadas condições objectivas, as spq têm de submeter as suas contas à revisão legal.

3. A matéria da fiscalização das sociedades

anónimas no CComercial foi revista pelo DL 49.381, de 15-11-69, consagrando soluções, na parte que interessa, que o CSC praticamente decalcou: ao art° 1° do DL correspondeu o art° 413° (redacção original) do CSC; e aos art°s 10°, 11° e 12° - também aplicáveis às spq com conselho fiscal, nos termos do art° 47° 2, todos do DL - corresponderam no CSC os art°s 420º, 421° e 422°. Assim, o ROC, cujo estatuto o DL remetia para diploma a publicar, surgiu como elemento necessário do conselho fiscal, ou como fiscal único, sendo também obrigatoriamente ROC um dos suplentes do órgão de fiscalização.

O DL 1/72, de 3-1, foi esse estatuto, mas nele as funções do ROC constavam em termos muito genéricos dos art°s 1° e 2°: exercer a revisão da contabilidade, funções de membro de órgãos de fiscalização e consultadoria.

Seguiu-se-lhe o DL 519-L2/79, de 29-12. Aí, artº 3° 3 e 4, já se preceituava consistir a revisão legal de empresas na fiscalização das contas e da gestão, bem como do cumprimento das disposições legais e estatutárias, e se atribuía aos ROC's o complexo de poderes e deveres próprios dos órgãos de fiscalização, quando estes não existissem. Isto é, o ROC desenquadrado de órgão estatutário de fiscalização, não deixava de ter todas as competências deste. Embora o não fosse formalmente, por falta de previsão no contrato, funcionalmente o ROC mal se destrinçava de órgão de fiscalização.

O DL 519-L2/79 foi substituido pelo DL 422-A/93, de 30-12, que manteve o exposto quanto á revisão e atribuições (art°s 36° 2 e 3 e 38° 1), o mesmo vindo a acontecer no Estatuto da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, actual diploma sobre a matéria (DL 487/99, de 16-11, art°s 43° 2 e 3 e 47° 1).

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O n° 2 do art° 262°, por outro lado, foi

novidade no nosso direito, constituindo transposição do disposto na 4a Directiva do Conselho (n° 78/660/CEE), de 25-7-78, relativa às contas anuais de certas formas de sociedades (disposições combinadas dos art°s 51º 1 e 2, 11º e 12°). À data da publicação do CSC, já estava em vigor há muito o DL 519L2/7979, e portanto o legislador dificilmente não se teria apercebido do carácter substantivo de órgão de fiscalização que o ROC tinha, nas suas funções de revisão, mesmo quando não assumisse estatutariamente esse carácter. Porque não preceituou então, no artº 262° 2, que as spq sem órgão de fiscalização devem, nas circunstâncias que indica, designar um fiscal único, e preferiu utilizar a expressão "designar um revisor oficial de contas para proceder à revisão legal “?

Porque os órgãos (não as pessoas que em cada momento os integram) são elementos estruturais da sociedade, são a sua coluna vertebral jurídica, têm estabilidade institucional. Não é isso que sucede ao ROC encarregado da revisão legal, cuja necessidade se põe conforme a sociedade atinge/deixa de atingir os limites referidos. Por isso os órgãos têm de constar do contrato e qualquer alteração nesse âmbito tem de ser levada ao contrato; e, diferentemente, a sociedade não é obrigada a proceder a qualquer alteração contratual conforme tenha de designar ou possa dispensar o ROC, em função dos mesmos limites.

As normas respeitantes à designação, às incompatibilidades e ao exame e relatório do ROC (art° 262° 4 a 6) só têm justificação se o legislador não considerar o ROC abrangido na remissão do art° 262° 1, por não ser órgão.

4. Até aqui o problema tem estado a ser

examinado no campo das spq. Mas fora deste também é possível encontrar outros subsídios interpretativos importantes. Assim, na regulamentação das sociedades anónimas, há a considerar os art°s 278° 1 b) e 446° CSC, em que o revisor oficial de contas é expressamente

indicado como elemento estrutural da fiscalização, ou seja, órgão da sociedade a fazer constar do contrato, dotado de suplente por força da remissão para o art° 414°. O contraste entre esta maneira do legislador se exprimir e a que adoptou no art° 262 confirma plenamente o que já era patente tendo apenas em conta esta última disposição.

O art° 43° do Estatuto da Ordem dos ROC, nos n°s 1 e 2, a propósito da forma como actua o ROC no exercício da revisão legal, assenta na dicotomia que temos estado a afirmar: - empresas que têm órgão interno de fiscalização, em que engloba o fiscal único e o órgão revisor oficial de contas (que acabamos de ver no artº 278° 1 b), para as sociedades anónimas); - empresas sem órgão interno de fiscalização, justamente a situação das spq quando lhes seja aplicável o art° 262° 2.

5. Terceira questão É obrigatória a designação de ROC

suplente, pela spq? Não há, como se disse, nas disposições do

CSC que lhe respeitam uma remissão genérica para o disposto sobre o conselho fiscal, à semelhança, por exemplo, do art° 413° 5 CSC, redacção original (ver tambem a redacção actual), e do próprio art° 262° 1, o que significa que do regime legal do órgão de fiscalização só se aplicam ao ROC as matérias objecto de disposição expressa. Como nenhuma existe a acolher a figura do ROC suplente, conclui-se não ser obrigatória a designação deste.

O legislador terá entendido que as razões

que justificam conjunturalmente a imposição de uma entidade com autênticas competências de fiscalização não são tão fortes que imponham também que, na vigência da conjuntura e na medida do possível, se deva evitar situações transitórias de falta de fiscalização por ROC, uma vez que a imposição de suplente se justifica para entrar imediata e automaticamente em funções quando falta o efectivo. Terá entendido, portanto,

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que as situações de cessação de funções dum ROC não são de tão premente resolução que não possam esperar pela activação do processo normal de designação doutro ROC efectivo (artº 262° 4). Isto com a indubitável economia para a sociedade (assegurar a disponibilidade de um ROC suplente tem custos), a que o legislador tambem não terá sido insensível. O que não significa que as spq que o queiram não possam designar tambem um ROC suplente, para aproveitar as referidas vantagens de rapidez de entrada em funções, e para dispensar uma nova deliberação. Não são é obrigadas a fazê-lo.

Uma razão histórica, no sentido apontado,

tambem me parece de considerar. O CComercial não previa suplentes do conselho fiscal das sociedades anónimas (art° 175°), o que valia tambem para as spq (Lei de 11-04-1901, artº 33°). O referido DL 49.381, instituiu o ROC suplente do órgão de fiscalização (art° 1° 3), mas dispensou-o na disposição de extensão desse regime às spq (art° 47° 2). Também os ante-projectos de diplomas sobre spq de Vaz Serra (art 100° 7) e de Raúl Ventura (art° 75° 3) não consideravam obrigatória a designação de suplente do órgão de fiscalização (Raúl Ventura, "Sociedades por Quotas", 3° vol., 1ª ed., p. 205 e 206). O afastamento, assim, pelo CSC da tendência que encontrou de inexistência de fiscal ROC suplente nas spq. ao tratar do órgão estatutário de fiscalização (art° 262° 1), e o não afastamento dessa tendência, no mesmo art°, ao estabelecer a disciplina respeitante ao ROC, revelam seguramente que não se quis impor o suplente deste, que se consagraram soluções diferentes onde as diferenças das situações (ser/não ser órgão) o justificam.

6. Quarta questão: Está sujeita a registo a designação de ROC,

nos termos do art° 262º 2? O nosso direito não conhecia o registo da

designação da fiscalização - cfr. Ccom. art° 49°; Lei de 1901 art° 45°; DL 42.644, de 14-11-59 art° 3°. O que se compreende, se atentarmos que a fiscalização "fala" para dentro da sociedade. O

CRC veio sujeitar a registo, no artº 3º m) - "a designação e cessação de funções, por qualquer causa que não seja o decurso do tempo, dos membros dos órgãos de (...) fiscalização das sociedades (...)” - transpondo o que determinava o art° 2° da 1 a directiva do Conselho (n° 68/151/CEE, de 9-3-68):"1. Os Estados-membros tomarão as medidas necessárias para que a publicidade obrigatória relativa às sociedades abranja, pelo menos, os seguintes actos e indicações: (...) d) a nomeação e cessação de funções, assim como a identidade das pessoas que, na qualidade de órgão legalmente previsto ou de membros de tal órgão: (...) ii) participam (...) na fiscalização da sociedade (...).

A formulação - "na qualidade de órgão” - é elucidativa de que a directiva não pretendeu abranger a fiscalização não institucional (por exemplo, a realizada por auditores externos). Por outro lado é de afastar o cabimento de aqui fazer qualquer interpretação extensiva do termo - órgão -, para abranger entidades ou tarefas equivalentes por quem não é ou não integra órgão de fiscalização, como o ROC sub judice, visto se estar perante um mínimo - "abranja, pelo menos" -, a respeitar pelos legisladores nacionais, livres de o ultrapassar, se assim o entenderem. Opinião favorável à interpretação extensiva, se existiu, tomou-se insustentável face à referida 4ª directiva e depois à 8ª directiva do Conselho (n° 84/253/CEE, de 10-4-84), esta relativa à aprovação das pessoas encarregadas da fiscalização legal dos documentos contabilísticos. Com efeito, estes documentos não vieram, relativamente aos ROC designados para proceder à revisão quando a sociedade ultrapasse os referidos limites, nem a chamar-lhes ou equipará-los a órgãos, nem a sujeitar a sua designação a simples publicidade, em ampliação do rol do art° 2° da 1ª directiva. Diga-se, por último, que Raúl Ventura no estudo a que procedeu sobre a 1ª directiva indica apenas como sujeitos a publicidade os órgãos legalmente impostos às sociedades e outros que a lei autorize os estatutos a criar (Documentação e Direito Comparado, 1980/2, p. 110; meus os itálicos).

Obviamente ciente de tudo isto, o nosso legislador interno redigiu como redigiu a al. m)

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do art° 3° CRC, - publicado em 3-12-86, já na vigência do CSC, ou seja, decalcou a 1ª directiva, não aproveitando a faculdade de ir mais além, como esta lhe permitia, do que resultou ser esta alínea tambem insusceptível de interpretação extensiva no aspecto considerado.

7. Quinta questão: Se a nomeação do ROC não é acto sujeito a

registo, o que fazer com o registo provisório efectuado?

Não tendo sido deduzida oportunamente essa causa de recusa do registo (CRC art° 48° 1 c), só há uma coisa a fazer: convertê-lo, uma vez que improcede a dúvida invocada - não ter sido designado ROC suplente.

Termos em que sou de parecer que, dando provimento ao pedido subsidiário formulado no recurso, deve este ser deferido e ordenar-se a conversão do registo.

Conclusões I - Não é órgão da sociedade comercial por quotas cujo contrato de sociedade não prevê a existência de órgão de fiscalização, o revisor oficial de contas que ela designe em cumprimento do art° 262º 2 do Código das Sociedades Comerciais. II - A designação de revisor oficial de contas nos referidos termos não é facto sujeito a registo.

Sobre este parecer recaiu despacho de con-cordância do Exmo. Director-Geral, de 31.01.2001.