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DOSAGEM DE CONCRETO PELOS MÉTODOS DE EMPACOTAMENTO
COMPRESSÍVEL E AÏTCIN-FAURY MODIFICADO
Alex Sandro Malaquias da Silva
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM
ENGENHARIA CIVIL.
Aprovada por:
________________________________________________Prof. Eduardo de Moraes Rego Fairbairn, Dr.Ing.
________________________________________________Prof. Romildo Dias Toledo Filho, D.Sc.
________________________________________________Eng. Marcos Martinez Silvoso, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Jean Marie Désir, D.Sc.
________________________________________________Eng. Walton Pacelli de Andrade
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ii
SILVA, ALEX SANDRO MALAQUIAS DA
Dosagem de concreto pelos Métodos de
Empacotamento Compressível e Aïtcin-Faury
Modificado [Rio de Janeiro] 2004.
XXII, 124 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.,
Engenharia Civil, 2004)
Tese - Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Dosagem de Concreto
2. Método de Empacotamento Compressível
3. Método de Aïtcin-Faury Modificado
I. COPPE/UFRJ II. Título (série)
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iii
Agradecimentos
Agradeço, inicialmente a este ser supremo, que tenho a liberdade de chamá-lo de
amigo. Nossa relação vem se transformando no decorrer de minha vida. Primeiro
acreditava que existia apenas para realizar meus sonhos. Nosso! Como tinha sonhos!
Como nem todos eles foram realizados, existiram momentos que comecei a duvidar de
sua existência. Mas com toda sua sabedoria ele mostrou-me que nem todos os meus
sonhos eram realmente o melhor para mim. Deu-me muito mais que eu imaginava. A
ele agradeço a esta dissertação, a minha vida. A você meu Deus, meu muito obrigado.
À minha família, meus amados pais, Antônio e Irene pela confiança, apoio e
incentivo.
Aos meus professores e orientadores Dudu e Romildo. Diferentes personalidades
que possuem em comum o entusiasmo e a crença na inovação. Sou a prova destas
qualidades. Vocês acreditaram que eu, um profissional com perfil diferenciado, fosse
capaz de realizar esta dissertação.
Aos grandes amigos que aqui fiz que serão lembrados sempre com muito
carinho: em especial, Reila, Luciana, Henri, Sidiclei e ao Guilherme, pela convivência,
ajuda, atenção e troca de experiências durante todo o trabalho; de modo também
singular a Carolina, Emílio, Eduardo, Fernanda, Eliene, Alex Estrada, Hisashi, Sidney,
Miguel, Wendel, Vinícios, Jardel, Marcos, Marcos Silvoso e Manuel por toda atenção e
colaboração.
A tia Vitalina, Luzia e Graça, pela solidariedade neste caminho.
A toda equipe de profissionais: aos técnicos do Laboratório de Estruturas da
COPPE/UFRJ, em especial, Santiago e José Maria, pelo auxilio na produção dos
concretos; à professora Ana Catarina do Laboratório de Materiais de Construção Civil
da UFRJ, pela ajuda nas etapas iniciais do trabalho de caracterização dos materiais e
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iv
Resumo da Tese apresenta da à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
DOSAGEM DE CONCRETO PELOS MÉTODOS DE EMPACOTAMENTO
COMPRESSÍVEL E AÏTCIN-FAURY MODIFICADO
Alex Sandro Malaquias da Silva
Março/2004
Orientadores: Eduardo de Moraes Rego Fairbairn
Romildo Dias Tolêdo Filho
Programa: Engenharia Civil
O objetivo desta dissertação é realizar a dosagem de concreto de resistência
normal e de alto desempenho utilizando o Modelo de Empacotamento Compressível
(MEC) desenvolvido na França pelo Laboratoire Central des Ponts et Chausses (LCPC)
e o Método de Aïtcin-Faury Modificado (MAFM) que está sendo desenvolvido pelo
Laboratório de Estruturas e Materiais do Programa de Engenharia Civil da
COPPE/UFRJ (LABEST-COPPE/UFRJ) para a dosagem de Concreto de Alto
Desempenho (CAD). A dissertação apresenta os fundamentos teóricos destes dois
métodos e verifica sua precisão através de um programa experimental que abrange a
dosagem de concretos com resistência à compressão, após 28 dias de cura úmida,
variando de 30 a 85 MPa. Além do comportamento tensão-deformação, as seguintes
propriedades foram determinadas para os concretos dosados segundo o MEC e MAFM:
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v
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
equirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
USE OF THE COMPRESSIBLE PACKING MODEL AND AÏTCIN-FAURY
MODIFIED METHOD FOR THE MIX-DESIGN OF CONCRETE
Alex Sandro Malaquias da Silva
March/2004
Advisor: Eduardo de Moraes Rego Fairbairn
Romildo Dias Toledo Filho
Department: Civil Engineering
The main objective of this thesis is the study of concrete mix design using the
Compressive Packing Model (CPM), developed in France by the Laboratoire Central
des Ponts et Chaussées (LCPC), and the Modified Aïtcin-Faury Method that is being
developed by LABEST-COPPE/UFRJ to the mix design of high performance concrete.
The thesis presents the theoretical fundaments of these two methods and verifies its
accuracy by means of an experimental program which concerns the mix design of
concretes with compressive strength varying from 30 to 85 MPa after 28 days of cure.
Besides the compressive stress-strain behaviour, it was determined the following
properties of the concretes: Abrams cone slump, specific gravity, immersion and
capillarity water absorption. The results indicated that both methods are accurate tools
that can be used by the engineer to mix high performance concretes.
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SUMÁRIO
Lista de figuras................................................................................................... ix
Lista de tabelas.................................................................................................. xii
Lista de símbolos.............................................................................................. xiv
1 Introdução................................................................................................... 1
1.1 Importância e objetivos da pesquisa............................................................. 11.2 Estrutura da tese ........................................................................................... 5
2 Método de Aïtcin-Faury modificado......................................................... 6
2.1 Procedimento................................................................................................ 7
3 Modelo de empacotamento compressível ............................................... 17
3.1 Cálculo da compacidade............................................................................. 183.1.1 Definições iniciais e notações..................................................................... 193.1.2 Primeiro módulo do MEC: O modelo de empacotamento virtual.............. 22
3.1.2.1 Mistura binária.................................................................................... 223.1.2.2 Mistura polidispersa composta de N classes monodispersas.............. 303.1.2.3 Mistura polidispersa composta por M materiais, sendo cada materialcorrespondente a uma mistura polidispersa de N classes ................................... 31
3.1.3 Segundo módulo do MEC: O empacotamento real.................................... 323.1.4 Operacionalização do MEC........................................................................ 343.2 Correlações entre o MEC e as propriedades do concreto nos estados frescoe endurecido................................................................................................................ 37
3.2.1 Fundamentos de reologia............................................................................ 373.2.1.1 Caracterização dos fluidos.................................................................. 383.2.1.2 Propriedades dependentes do tempo................................................... 39
3.2.2 Comportamento reológico do concreto ...................................................... 403.2.2.1 Modelo de Herschel-Bulkley.............................................................. 403 2 2 2 Modelo de Bingham 40
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vii
4 Métodos experimentais ............................................................................ 61
4.1 Caracterização de materiais constituintes................................................... 614.1.1 Ensaios peculiares ao MEC – Determinação da compacidade................... 61
4.1.1.1 Ensaio de demanda de água (K=6,7).................................................. 614.1.1.2 Ensaio de vibração + compressão (K=9)............................................ 64
4.1.2 Distribuição granulométrica ....................................................................... 694.1.3 Massa específica......................................................................................... 694.1.4 Absorção de água ....................................................................................... 694.1.5 Compatibilidade entre o cimento e o superplastificante............................. 70
4.1.6 Ensaios mecânicos no agregado graúdo ..................................................... 704.2 Elaboração dos concretos ........................................................................... 704.3 Caracterização dos concretos...................................................................... 714.3.1 Concreto fresco........................................................................................... 714.3.2 Concreto endurecido................................................................................... 71
4.3.2.1 Ensaios de resistência à compressão em diversas idades ................... 714.3.2.2 Absorção de água por imersão............................................................ 744.3.2.3 Absorção por capilaridade.................................................................. 76
5 Caracterização dos materiais .................................................................. 78
5.1 Cimento ...................................................................................................... 785.1.1 Composição química .................................................................................. 795.1.2 Características físicas e mecânicas............................................................. 795.1.3 Granulometria............................................................................................. 80
5.1.4 Compacidade.............................................................................................. 815.2 Sílica ativa .................................................................................................. 815.2.1 Composição química .................................................................................. 815.2.2 Características físicas ................................................................................. 825.2.3 Granulometria............................................................................................. 825.2.4 Compacidade.............................................................................................. 835.3 Superplastificante ....................................................................................... 835.4 Agregado miúdo ......................................................................................... 83
5.4.1 Granulometria............................................................................................. 835.4.2 Principais características físicas ................................................................. 855.4.3 Compacidade.............................................................................................. 855.5 Agregado graúdo ........................................................................................ 865.5.1 Granulometria............................................................................................. 865 5 2 Principais características físicas 88
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viii
7 Apresentação e análise dos resultados.................................................. 100
7.1 Trabalhabilidade medida pelo abatimento................................................ 1007.2 Resistência à compressão ......................................................................... 1027.3 Módulo de elasticidade (Curvas tensão-deformação) .............................. 1047.4 Propriedades físicas dos concretos ........................................................... 1077.5 Evolução da absorção de água dos concretos MEC ................................. 1097.6 Comparações entre os concretos de dosagens utilizadas.......................... 110
8 Considerações finais ............................................................................... 112
9 Referências bibliográficas...................................................................... 113
ANEXO 1 ................................................................................................................. 117ANEXO 2 ................................................................................................................. 123ANEXO 3 ................................................................................................................. 124
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ix
Lista de figuras
Figura 2.1 – Determinação das percentagens de areia + material cimentante e
brita................................................................................................................................. 10
Figura 2.2 – Resistência à compressão versus relação água/material cimentante.
........................................................................................................................................ 10
Figura 2.3 – Curvas reais e curva de referência.................................................. 15
Figura 3.1 – Arranjo de cubos – compacidade virtual = 100% [19]................... 18
Figura 3.2 – Arranjo de esferas do tipo CFC – compacidade virtual = 74% [19]
........................................................................................................................................ 18
Figura 3.3 – Classe granular dominante [19]...................................................... 20
Figura 3.4 – Mistura polidispersa, examinada em diversas escalas, sem classe
dominante [12]................................................................................................................ 21
Figura 3.5 – Grãos de classe 1 dominante. ......................................................... 22
Figura 3.6 – Grãos de classe 2 dominante. ......................................................... 23
Figura 3.7 – Evolução da compacidade virtual em função da proporção de grãos
finos para uma mistura binária sem interação. ............................................................... 25
Figura 3.8 – Efeito de afastamento..................................................................... 26
Figura 3.9 –Efeito de parede............................................................................... 26
Figura 3.10 –Evolução da compacidade virtual de uma mistura binária de esferas
variando a interação entre as partículas......................................................................... 28
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x
Figura 3.14 - Curvas de compacidade real para diversos valores do índice de
compactação K ................................................................................................................ 35
Figura 3.15- Valores de compacidades experimentais e obtidos pelo MEC [19].
........................................................................................................................................ 36
Figura 3.16 - Comportamento de fluidos: 1 - newtonianos; 2 - de Bingham; 3 -
pseudoplástico; 4 - pseudoplástico com tensão de escoamento; 5 - dilatante; 6 - dilatante
com tensão de escoamento [22]...................................................................................... 38
Figura 3.17 – Gráfico de tensão versus deformação.......................................... 41
Figura 3.18 - Contribuição sólida e líquida para a resistência ao cisalhamento. 41
Figura 3.19 - Suspensão de grãos: (a) sem trabalhabilidade; (b) com
trabalhabilidade. ............................................................................................................. 42
Figura 3.20 - Comparação teórica entre os modelos de viscosidade plástica [19].
........................................................................................................................................ 43
Figura 3.21 - Viscosidade plástica de pastas, argamassas e concretos[19]. ....... 44
Figura 3.22 - Segregação da classe i na mistura................................................. 49Figura 3.23 - Diagrama de preenchimento e potencial de segregação. ............. 49
Figura 3.24 - Máxima espessura da pasta em uma mistura granular seca.......... 52
Figura 3.25 – Sistemas granulares considerados na modelagem do concreto.... 56
Figura 4.1- Fases do empacotamento durante o ensaio de demanda de água: (a)estado de empacotamento seco; (b) estado de empacotamento pendular; (c) estado de
empacotamento funicular; (d) estado de empacotamento capilar [32]........................... 62
Figura 4.2 - Fases do empacotamento do cimento ao longo do ensaio de
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xi
Figura 4.7 - Corpo de prova capeado com Sikadur 31. ...................................... 72
Figura 4.8 – Máquina universal Shimadzu ......................................................... 73
Figura 4.9 – Corpo de prova instrumentado. ...................................................... 73
Figura 4.10 – Corpos de prova durante o ensaio de absorção por capilaridade. 77
Figura 5.1 – Distribuição granulométrica do cimento CPIII-40 [6]. .................. 80
Figura 5.2 – Distribuição granulométrica da sílica ativa.[6] .............................. 82
Figura 5.3 – Distribuição granulométrica da areia. ............................................ 84
Figura 5.4 – Classes dos agregados miúdos ....................................................... 85
Figura 5.5 – Distribuição granulométrica da brita 0........................................... 87
Figura 5.6 – Classes dos agregados graúdos ...................................................... 89
Figura 6.1 – Etapas de armazenamento das propriedades dos constituintes. ..... 92
Figura 6.2 – Calibração dos parâmetros p, q e Kp.............................................. 93
Figura 6.3 – Dosagem através da intervenção do usuário. ................................. 94
Figura 6.4 – Diagrama de preenchimento ideal.................................................. 96
Figura 6.5 – Diagramas de preenchimento do MEC30, MEC50, MEC65,
MEC75 e MEC85 para abatimento maior a 150 mm. .................................................... 98
Figura 7.1 – Comparação entre abatimentos previstos e experimentais........... 101
Figura 7.2 – Comparação entre resistências à compressão previstas eexperimentais................................................................................................................ 103
Figura 7.3 – Curvas tensão versus deformação típicas..................................... 104
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Lista de tabelas
Tabela 2.1 – Parâmetros da Curva de Faury (A, B).............................................. 8
Tabela 2.2 – Parâmetros da Curva de Faury ( K, k). .......................................... 11
Tabela 2.3 – Volume de vazios (Vvazios).......................................................... 11
Tabela 2.4 – Quantidade de água em função do ponto de saturação.................. 12
Tabela 2.5 – Comparação da curva real com a curva teórica de referência. ..... 14
Tabela 3.1 – Dimensões dos agregados arredondados[12]................................ 37
Tabela 3.2 - Valores sugeridos das constantes cB1B e cB2B por diversos autores.
........................................................................................................................................ 43Tabela 3.3 – Ordens de grandeza de colocabilidade........................................... 47
Tabela 3.4 – Tamanhos de peneiras para as classes consideradas no diagrama de
preenchimento do concreto............................................................................................. 50
Tabela 3.5 – Sistemas granulares........................................................................ 56
Tabela 5.1 – Composição química do cimento CPIII-40. .................................. 79
Tabela 5.2 – Características físicas e mecânicas do cimento CPIII-40. ............. 80
Tabela 5.3 – Características químicas da sílica ativa. ........................................ 81
Tabela 5.4 – Características físicas da sílica ativa.............................................. 82
Tabela 5.5 - Características do superplastificante. ............................................. 83
Tabela 5.6 – Características do agregado miúdo................................................ 84
T b l 5 7 C t í ti fí i d i 85
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xiii
Tabela 6.3 – Dosagens das misturas obtidas pelo programa BetonlabPro2. ...... 95
Tabela 6.4 – Dosagem do CAD para 1 mP3P
de concreto, utilizando o MEC... 97
Tabela 6.5 – Dosagem do CAD para 1 mP3P de concreto, utilizando MAFM. . 99
Tabela 7.1 – Abatimento dos concretos MAFM. ............................................. 100
Tabela 7.2 – Abatimento dos concretos MEC.................................................. 100
Tabela 7.3 – Comparação entre os concretos MAFM50, MEC50 e MEC50(II)....................................................................................................................................... 101
Tabela 7.4 – Resistências à compressão dos concretos MAFM aos 28 dias. ... 102
Tabela 7.5 – Resistências à compressão dos concretos MEC aos 28 dias.(1ª
tentativa laboratorial).................................................................................................... 102
Tabela 7.6 – Resistências à compressão dos concretos MEC aos 28 dias (2ª
tentativa laboratorial).................................................................................................... 103
Tabela 7.7 – Propriedades mecânicas, utilizando MEC-1ª tentativa laboratorial.
...................................................................................................................................... 105
Tabela 7.8 – Propriedades mecânicas, utilizando MEC- 2ª tentativa laboratorial.
...................................................................................................................................... 105
Tabela 7.9 – Módulos de elasticidade previstos e obtidos para os concretos
MEC. ............................................................................................................................ 106
Tabela 7.10 – Propriedades físicas dos concretos MAFM. .............................. 107
Tabela 7.11 – Propriedades físicas dos concretos MEC (1ª tentativa laboratorial).
...................................................................................................................................... 108
T b l 7 12 P i d d fí i d t MEC (2ª t t ti l b t i l)
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Lista de símbolos
Símbolos latinos
aVolume de ar aprisionado descrito em percentual do volume total do
concreto
A Parâmetro dependente da consistência e da rugosidade da superficiedos agregados
a/c Relação água/cimento
ia Coeficiente relacionado com a dimensão dos grãos (com id em mm,
correspondendo ao valor médio acumulado de 50%)
a/mc Relação água/material cimentanteA1 Agregados miúdos da classe 1
A2 Agregados miúdos da classe 2
A3 Agregados miúdos da classe 3
A4 Agregados miúdos da classe 4
A5 Agregados miúdos da classe 5A6 Agregados miúdos da classe 6
A7 Agregados miúdos da classe 7
A8 Agregados miúdos da classe 8
A9 Agregados miúdos da classe 9
( ) Abs imersão Absorção de água por imersãocapilaridade Abs Absorção de água por capilaridade
transversal Área Área da seção transversal
Coeficiente do efeito de afastamento que os grãos de classe j exercem
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B4 Agregados graúdos da classe 4
ib
Coeficiente associado ao cimento como dependente do percentual de
aditivos químicos na mistura (uma vez que o efeito do dispersante atua
sobre as partículas do cimento).
0c Constante empírica
bijB Coeficiente do efeito de parede que os grãos de classe j exercem sobre
os grãos de classe i c Teor Ótimo saturação Superplastificante
1c e 2c Constantes que dependem do efeito dos aditivos químicos sobre a
partícula do cimento
C Compacidade experimental da mistura.
C1 Curva real nº 1C2 Curva real nº 2
C3 Curva real nº 3
C4 Curva real nº 4
aguaC Consumo de água
cC Consumo de cimento
( )eqc t Quantidade equivalente do cimento em uma idade (t )
saC Consumo de sílica ativa
sup sC Consumo de Sólidos do superplastificante
mcC Consumo material cimentanteCBrita Composição centesimal da brita nos sólidos
CAreia Composição centesimal da areia nos sólidosCA Quantidade de agregados graúdos
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D Máxima dimensão do agregado (mm)
c D Diâmetro interno do cilindro
DMC Dimensão Máxima Característica
max D Dimensão máxima do agregado graúdo, menor abertura de malha que
deixa passar 95% ou mais do material
miudo D −max Dimensão máxima do agregado miúdo
min D Dimensão mínima do agregado graúdo
DXAbertura da malha da peneira (menor delas) que passa 100% do
agregado miúdo
DYAbertura da malha da peneira (maior delas) que retém 100% do
agregado graúdo.
E Módulo de elasticidade do concreto( ) E t Módulo de elasticidade do concreto em uma idade (t )
( )m E t Módulo de elasticidade da matriz em uma idade (t )
g E Módulo de elasticidade do agregado
m E
Módulo de elasticidade da matriz
FA Quantidade de agregados miúdos (kg/m3)
c f Resistência à compressão do concreto
g fc Resistência à compressão do agregado
cp f Resistência à compressão de pastas de cimento aos 28 dias
( )m fc t Resistência à compressão da matriz em uma idade (t )
( )c f t Resistência à compressão do concreto em uma idade (t )
j fi Massa de fíler calcário por volume unitário do concreto
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k Parâmetro dependente do grau de consistência que se pretende.
K Parâmetro dependente da rugosidade da superfície dos agregados
K' (conf) Colocabilidade do concreto confinadoK'(não conf) Colocabilidade do concreto não confinadoK* índice de compactação para um determinado processo de lançamento
` K Índice de compactação do concreto sem ar (Colocabilidade)
i K Contribuição da fração i para o índice de compactação da mistura
K Índice de compactação para a mistura.
C K Contribuição da fração do cimento para o índice de compactação da
mistura.
K'f Contribuição dos agregados miúdos
g K Constante de ajuste
K'gg Contribuição dos agregados graúdos
wk Coeficiente do efeito de parede e armadura no recipiente
, ( ) p K i t Coeficiente do efeito pozolânico na idade (t )
'i K
Contribuição da classe i para o índice de compactação da mistura ( sem
ar)i K Contribuição da classe i para o índice de compactação da mistura
'c K Contribuição do cimento na colocabilidade
' g K Contribuição do agregado graúdo na colocabilidade
LCPC Laboratoire Central des Ponts et Chaussées
real m Massa específica real
saturadam Massa específica da amostra saturada
sec am Massa específica da amostra seca
M Nú d t i i
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água durante um período de tempo especificado
o H M 2 Massa de água ao atingir o ponto de saturação
s M Massa do material seco
seco M Massa imersa da amostra seca a temperatura ambiente
T Massa total da mistura granular seca
MAFM Método de Aïtcin Faury Modificado
MAFM 75 Concreto dosado pelo MAFM com resistência à compressãoespecificada como sendo de 75 MPa
MAFM50Concreto dosado pelo MAFM com resistência à compressãoespecificada como sendo de 50 MPa
MAreia Massa da areia
MBrita Massa da brita
1me Massa específica do material 1
2me Massa específica do material 2
MEC Modelo de Empacotamento Compressível
MEC30Concreto dosado pelo MEC com resistência à compressão especificadacomo sendo de 30 MPa
MEC50
Concreto dosado pelo MEC com resistência à compressão especificada
como sendo de 50 MPa
MEC50(II)Concreto dosado pelo MEC com resistência à compressão especificadacomo sendo de 50 MPa – 2ª tentativa laboratorial
MEC65Concreto dosado pelo MEC com resistência à compressão especificada
como sendo de 65 MPa
MEC65(II)Concreto dosado pelo MEC com resistência à compressão especificadacomo sendo de 65 MPa - 2ª tentativa laboratorial
MEC75 Concreto dosado pelo MEC com resistência à compressão especificadacomo sendo de 75 MPa
MEC85Concreto dosado pelo MEC com resistência à compressão especificadacomo sendo de 85 MPa
MEP Máxima Espessura da Pasta
Mf i Mód l d fi d i
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PCimento Percentagem dos Sólidos do cimento
PSilica Percentagem dos Sólidos da sílica ativa
PBrita Percentagem dos Sólidos da brita
p Constante dada de acordo com o tipo dos agregados (adimensional)
pBk B Fração volumétrica do material k
pH Potencial de hidrogenio pl massa de extrato seco de plastificante no concreto (kg/m3)
i pz Massa de pozolana por volume unitário do concreto
q Constante dada de acordo com o tipo dos agregados
R Redução do volume de água
28 Rc Resistência à compressão do cimento aos 28 dias
t Rc Resistência à compressão do cimento na idade (t )
R05Agregados arredondados com diâmetros compreendidos entre 0,50 e0,63 mm
R1Agregados arredondados com diâmetros compreendidos entre 1,00 e1,25 mm
R2Agregados arredondados com diâmetros compreendidos entre 2,00 e2,50 mm
R4Agregados arredondados com diâmetros compreendidos entre 4,00 e5,00 mm
R8Agregados arredondados com diâmetros compreendidos entre 8,00 e10,00 mm
s Teor de Sólidos Superplastificante
S Potencial de segregação
, j FI S Superfície acumulada de fíler calcário
pS Dosagem de aditivos químicos na mistura
* pS Ponto de saturação de aditivos químicos
S A sílica ativa
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materiais ligantes e água.
S6
Sistema concreto endurecido constituído de agregados e pasta de
cimento endurecida.Si Proporção deste volume segregado
SL Abatimento do tronco do cone de Abrams
sp Massa de extrato seco de superplastificante
SSS Superfície saturada seca
3C At Porcentagem de aluminato tricálcio na composição de Bogue docimento
Vsmist Volume de sólidos da mistura
Vvazios Volume de vazios
wV Volume de água do superplastificante
cV Volume de cimento
saV Volume de sílica ativa
liqV Volume Líquido do superplastificante
sup sV Volume de sólidos do superplastificante
agreg V Volume de agregados para 1 dmP
3
da Mistura
pV Volume perturbado (em um volume unitário total da mistura)
areiaWh Umidade natural areia
britaW Absorção de Água da brita
areiaWh Taxa de umidade da areia
x
Média geométrica entre as distâncias em abscissas tomadas desde o ponto 0,0065 até as aberturas de peneiras que correspondem ao limitesuperior do agregado mais fino e ao limite inferior do agregadoimediatamente mais grosso
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Símbolos gregos
Φ Volume de sólido (volume total menos o volume de água livre)
*φ
Máxima concentração real de sólido que a mistura poderia alcançar, isto é, a
compacidade obtida com o protocolo de empacotamento correspondente ao
índice de empacotamento 9= K
ΦBiB Volume real ocupado pelas partículas i.
ΦBiB/ΦP*
PBiB Taxa de preenchimento da classe i (concentração normalizada de sólidos)
ΦP*
PBiB Volume máximo que as partículas i podem ocupar, dada a presença de outras
partículas
i β Compacidade virtual da classe i tomada individualmente.
_
i β Compacidade virtual da classe i tomada individualmente, incluindo os efeitos
de parede e molde/armadura
β BkjB Compacidade virtual da classe j que é parte do material k tomada
individualmente
1aε Deformação axial igual a 0,000050
2aε Deformação axial produzida pela tensão 2cσ
2l ε Deformação lateral a meia altura do corpo de prova produzida pela tensão 2cσ
1l ε Deformação lateral a meia altura do corpo de prova produzida pela tensão 1cσ
B
a
ε B
Deformação axial na tensão de pico
φ Volume de sólido da mistura em um volume unitário (compacidade da mistura)
γ Compacidade virtual da mistura.
γ •
Gradiente (taxa) de deformação
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xxii
)i( γ Compacidade virtual da mistura sendo a classe i a classe dominante.
Viscosidade do fluido
Viscosidade plástica
ν Coeficiente de Poisson
π Porosidade
ρ Densidade específica do concreto fresco
s ρ
Densidade do material
2cσ Tensão de compressão correspondente a 40% da carga última
1cσ tensão de compressão correspondente a deformação axial, 1aε , de 0,000050
τ Tensão cisalhante aplicada
0τ Tensão inicial de escoamento
cυ Volume de cimento presente em um volume unitário de pasta
wυ Volume de água presente em um volume unitário de pasta
ar υ Volume de ar aprisionado presente em um volume unitário de pasta
Coeficiente de Poisson
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1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Importância e objetivos da pesquisa
A tecnologia do concreto, influenciada por crescentes exigências do mercado,
vem passando por várias transformações nas últimas décadas. O desenvolvimento de
métodos de dosagem de concreto capazes de serem utilizados universalmente está
englobado nestas exigências.
Procurando fazer face a esta demanda, surge no meio técnico o Modelo de
Empacotamento Compressível (MEC) que é um modelo que possui fundamentos
científicos, diferenciando-se dos métodos principalmente empíricos até então existentes.Paralelamente, vem sendo desenvolvido no Programa de Engenharia
Civil/COPPE/UFRJ o Método de Aïtcin-Faury Modificado (MAFM) que é um método
que pode ser utilizado para a dosagem de concreto de alto desempenho (CAD).
A dosagem do concreto pode ser definida como sendo o proporcionamento
adequado dos materiais (cimento, água, agregados, e eventuais aditivos químicos eminerais) de maneira que o produto resultante dessa mistura atenda a alguns requisitos
nos estados fresco e endurecido [1].
No estado fresco a mistura deve apresentar trabalhabilidade adequada para que,
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2
preparação. A rigor, os procedimentos de dosagem não correspondiam a modelos, pois
na realidade os procedimentos eram puramente empíricos, baseados na utilização de
traços que já haviam sido utilizados com relativo sucesso.
Com o passar do tempo, as técnicas de cálculo estrutural e construção civil
experimentaram notáveis progressos, havendo a necessidade do desenvolvimento de
metodologias de dosagens mais precisas, baseadas em leis científicas e em ensaios
experimentais que pudessem garantir ao concreto as características exigidas pelos
projetistas e construtores.
Atualmente, tem ocorrido um renovado interesse na dosagem dos concretos,
devido às limitações dos métodos que vinham sendo utilizados, que consistiam
basicamente em dosar uma mistura de cimento, água e agregados, para que fossem
atingidos o abatimento e a resistência à compressão aos 28 dias especificados.
Porém, esta não é mais a realidade. Devido à utilização de superplastificante, as
relações água/cimento ou água/material cimentante foram reduzidas. Os concretos
modernos contêm, muito freqüentemente, um ou mais materiais cimentantes
suplementares que estão, em alguns casos, substituindo uma quantidade significativa de
cimento. O uso da sílica ativa, presente algumas vezes na mistura, modifica as
propriedades do concreto tanto no estado fresco, quanto no endurecido. E o abatimento
pode ser ajustado pelo uso do superplastificante no lugar de água sem alterar a relação
água/cimento e a relação água/material cimentante.
Em função dessas modificações, alguns pesquisadores vêm procurando
desenvolver procedimentos sistematizados de aplicação geral à dosagem de CAD.
Contudo, atualmente são poucos os métodos de dosagem disponíveis que podem dosar
de forma generalizada esse tipo de concreto.
A tentativa de utilizar os procedimentos de dosagem de concretos normais para o
CAD não obteve sucesso visto as diferenças entre estes materiais Dentro as
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3
Não será mais vantajoso selecionar agregados graúdos maiores, para
reduzir a quantidade de água de mistura necessária para se chegar a determinado
abatimento. Devido a considerações relativas ao lançamento e à resistência se fará
vantajoso utilizar agregados graúdos menores;
Os agregados miúdos deverão ser de rio para evitar excessiva demanda de
água;
O conteúdo de água dependerá da efetividade do superplastificante com o
cimento escolhido e da dosagem do aditivo que pode ser adicionado sem provocar
efeitos negativos na pega. O conteúdo final usualmente selecionado será aquele que
dará uma retenção de abatimento adequada às condições de canteiro;
Visto que o fator de espaçamento de bolhas de ar incorporado é o
parâmetro mais relevante quando se projeta um CAD resistente ao congelamento-
degelo, os valores de ar incorporado sugeridos não mais serão apropriados para se fazer
um CAD;
As tradicionais curvas expressando a relação água/cimento e resistência
(obtidas a partir de testes em concretos sem aditivos químicos e minerais, produzindo
misturas muito densas para o ramo de baixa relação água/cimento) não têm mais
validade;
O teor de agregado graúdo não será mais influenciado pelo módulo de
finura do agregado miúdo. A dosagem é tão rica em pasta que, sempre que possível,
será melhor usar um agregado miúdo mais grosso.
Diferentemente do concreto convencional, o CAD pode ter diversas
características que precisam ser atendidas simultaneamente, como a permeabilidade
reduzida e a durabilidade elevada, o módulo de elasticidade alto, fissuração reduzida,
pouca deformação lenta, resistência elevada e trabalhabilidade alta e duradoura.
Partindo se das características mais significativas dos numerosos componentes
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pequenas variações no conteúdo de água da mistura ou ao tipo de agregado empregado,
ou ainda, ao tipo e quantidade de adições minerais empregadas. Como estes fatores
podem influir sobre as características das propriedades mecânicas dos CAD, fazem-se
necessários procedimentos de dosagem adaptados especialmente às suas características
intrínsecas.
Além disso, ainda que as características microestruturais necessárias para obter
um CAD sejam conhecidas, não é fácil conseguir uma combinação perfeita de cimentos,
agregados, água e aditivos, devido ao fato de que sua dosagem requer uma série de
ajustes. A maioria dos procedimentos de dosagem, por conseqüência, se efetua a partir
de numerosos ensaios de laboratório e as proporções resultantes são aplicáveis
exclusivamente aos materiais empregados.
Diversos métodos têm sido propostos para calcular as proporções do CAD,
devido às limitações dos métodos convencionais. Entre eles, podem-se citar os métodos
de Nawy [3], de Gutiérrez e Cánovas [4] e de Aïtcin [5].
O Método de Nawy fundamenta-se no critério do volume absoluto, onde o
volume de agregado miúdo é obtido pela subtração dos volumes conhecidos de todos os
outros constituintes do volume total e o teor de agregado graúdo é função da sua
dimensão máxima característica. A quantidade de água é aumentada ou há um
acréscimo de superplastificante até que o abatimento requerido seja alcançado. A
quantidade dos outros materiais é então recalculada.
Como vantagem deste método cita-se a rapidez de obtenção do traço e a
possibilidade da utilização de aditivos, e como desvantagem tem-se o alto consumo de
cimento e o fato dos ajustes serem feitos com base no abatimento.
No Método de Gutiérrez e Cánovas, a curva relação água/cimento x resistência é
estabelecida através de um programa experimental, a partir do tipo de cimento e do tipo
de agregado levando em consideração a dosagem de sílica ativa O conteúdo de água é
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Procurando focalizar a revisão bibliográfica nos métodos que serão utilizados
nesta dissertação, Método de Aïtcin-Faury Modificado e Método de Empacotamento
Compressível serão detalhados nos capítulos a seguir.
1.2 Estrutura da tese
Esta dissertação é estruturada em oito capítulos, cujo conteúdo é resumido a
seguir:O Capítulo 1 realizada uma introdução do trabalho, onde se relata a importância
da pesquisa, seus objetivos e a estrutura da dissertação.
O Capítulo 2 descreve o Método de Aitcin-Faury Modificado (MAFM), sua
origem, suas limitações e o procedimento para sua aplicação.
O Capítulo 3 apresenta o Método de Empacotamento Compressível (MEC), seusfundamentos teóricos, as correlações com as propriedades do concreto e o procedimento
para a aplicação deste método.
O Capítulo 4 relata os métodos experimentais utilizados para a caracterização
dos materiais, elaboração e caracterização dos concretos.
O Capítulo 5 apresenta a caracterização dos materiais utilizados na pesquisa,inclusive os dados fornecidos pelos fabricantes ou adquiridos por outros trabalhos
acadêmicos.
O Capítulo 6 apresenta as dosagens utilizadas para a realização deste trabalho,
assim como os comentários pertinentes.
O Capítulo 7 apresenta os resultados obtidos no presente trabalho. É importanteenfatizar que como o enfoque da dissertação é a o estudo da dosagem utilizando o MEC
e o MAFM, uma considerável parte da análise já foi realizada no Capítulo 6.
O Capítulo 8 apresenta as considerações finais da dissertação.
6
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6
2 MÉTODO DE AÏTCIN-FAURY MODIFICADO
O Programa de Engenharia Civil da COPPE, procurando suprir as várias
limitações dos métodos existentes para a produção do CAD, desenvolveu um novo
método chamado de Método de Aïtcin-Faury Modificado (MAFM). Este método por ter
como base o método de Aïtcin, foi inicialmente chamado de Método de AïtcinModificado ( [5] e [6]).
Apesar do método de Aïtcin ser excelente para a dosagem do CAD, ele possui
algumas limitações que foram eliminadas neste novo método.
O primeiro fator limitante se refere à relação a/mc e resistência. Visto que o
método do Aïtcin exibe uma larga faixa de valores de resistência versus a/mc, sem,contudo mencionar o tipo de aditivo mineral e a porcentagem utilizada. Como a sílica é
o aditivo mais usado e seu teor gira em torno de 10% da massa de cimento, foi buscado
na literatura, curvas resistência versus a/mc com esta característica, obtendo-se uma
curva média a ser utilizada no método proposto.
O segundo fator limitante se refere ao teor de agregado graúdo, que é definidoem função da forma do agregado. Na tentativa de minimizar esta limitação foram
utilizados os passos do Método de Faury para a definição da quantidade de agregados
em função da granulometria de referência, que conduz a um máximo de compacidade.
7
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7
2.1 ProcedimentoPara a realização de dosagem utilizando o MAFM as seguintes propriedades dos
materiais são necessárias:
1 - Cimento: Massa específica ( cγ )
2 - Sílica Ativa: Teor em massa (a) e Massa específica ( saγ )
3 - Agregados:
Areia: Massa Específica ( areiaγ ), Umidade natural ( areiaWh ), Absorção até a
condição saturada superfície seca, SSS ( areiaWabs ), Curva Granulométrica.
Brita: Massa Específica ( britaγ ), Absorção ( britaW ), Curva Granulométrica.
4 - Superplastificante: Teor Ótimo - saturação (c), Teor de Sólidos (s) e MassaEspecífica ( supγ ).
5 - Água: Massa Específica ( aguaγ ).
O procedimento para a elaboração do CAD utilizando este método deve respeitar
a seguinte seqüência:
1) Identificação do processo de produção do agregado: processado
artificialmente (britado) ou processado pela natureza (rolado);
2) Determinação da Dimensão máxima ( max D ) e mínima ( min D ) do agregado
graúdo e dimensão máxima do agregado miúdo ( miudo D −max );
max D - menor abertura de malha que deixa passar 95% ou mais do material (ou
usar procedimento sugerido no item 6).
8
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8
4) Determinar as Dimensões do corpo de prova. Informar altura (h) e diâmetro
do corpo de prova (d).
4.1) Determinação do raio médio
De posse das dimensões do corpo de prova e da máxima dimensão do agregado,
calcula-se o raio médio. O raio médio de um molde é a relação entre o volume a se
preencher de concreto e a respectiva área de superficial de contato (excluir a face
superior)
Superficie
VolumeR =
(1)
4.2) Parâmetros da Curva de Faury (A, B), obtidos através da Tabela 2.1:
Tabela 2.1 – Parâmetros da Curva de Faury (A, B).
Valores de AConsistênciado
concreto
Meios deCompactaçãosatisfatórios Areia: Rolada
Pedra: RoladaRoladaBritada
BritadaBritada
ValoresdeB
Exemplosde
concretagem
Muito Fluida Peso próprio ≥32 ≥34 ≥38 2 a 2,5 Submersa
Fluida Apiloamento 30 a 32 32 a 34 36 a 38 2 Bomba
MoleVibração fraca
28 a 30 30 a 32 34 a 36 2 Comuns
Plástica Vibração média 26 a 28 28 a 30 32 a 34 1,5 Pré-moldadosFundações
Seca Vibração forte 24 a 26 26 a 28 30 a 32 1 a 1,5Pavimentos
Formas
Deslizantes
Terra ÚmidaVibração forteE compressão
22 a 24 24 a 26 28 a 30 1 Estacas frankiManilha
9
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9
passam nas peneiras e o eixo das abscissas, a abertura das peneiras. Um dos segmentos
de reta liga o ponto correspondente à dimensão 0,0065 mm até o ponto da ordenada
2 DY , correspondente à dimensão D/2. O segundo segmento de reta liga o ponto
correspondente a D/2 ao ponto correspondente a D (dimensão máxima do agregado).
A ordenada do ponto D/2 é calculada pela fórmula:
75,01752
−++=
D
R B
D AY D (2)
onde: 2 DY - ordenada no ponto de abscissa D/2; A - parâmetro dependente da
consistência e da rugosidade da superfície dos agregados (tabela acima); B - parâmetro
dependente do meio de colocação do concreto, que é compatível com a consistência
(Tabela 2.1); D - máxima dimensão do agregado, expressa em mm e R - raio médio do
molde onde se colocará o concreto.
5) Traçar as curvas granulométricas dos agregados graúdo e miúdo;
6) Calcular a percentagem dos componentes da mistura (agregados e cimento);
Traçada a curva de referência e as curvas granulométricas dos agregadosinteressados (Figura 2.1), as percentagens dos agregados são determinadas através da
interseção da reta vertical tracejada com a curva de referência. Este ponto limita a
percentagem de areia + material cimentante e brita.
Esta reta vertical é estabelecida nas posições entre cada duas curvas
granulométricas de forma a compensarem as superposições, através da médiageométrica entre as distâncias em abscissas tomadas desde o ponto 0,0065 até as
aberturas de peneiras que correspondem ao limite superior do agregado mais fino e ao
limite inferior do agregado imediatamente mais grosso, ou seja:
10
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10
0.01 0.1 1 10 100
Malha da peneira (mm)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
M a t e r i a l q u e p a s s
a ( % )
Brita
Média Geométrica (x)
DX - Areia
DY - Brita
Limite: Areia + Material Cimentantee Brita
Areia
Curva de Referência
Figura 2.1 – Determinação das percentagens de areia + material cimentante e brita.
7) Definir a resistência à compressão (f Bc) para abatimento de 200 mm para obter
a relação água/material cimentante (a/mc) através da curva da abaixo:
40
60
80
100
120
140
R e s i s t ê n c i a ( M P a )
Aitcin (Mínimo)
Aitcin (Médio)
Aitcin (Máximo)
Média - 10% S.A.
DY
DX
X
11
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8) Calcular o volume de água + ar;
8.1) Parâmetros da Curva de Faury ( K, k) obtidos através da Tabela 2.2:
Tabela 2.2 – Parâmetros da Curva de Faury ( K, k).
Valores de KConsistência
do
concreto
Meios decompactação
satisfatóriosAreia: RoladaPedra: Rolada
RoladaBritada
BritadaBritada
Valoresde
k
Muito Fluida Peso próprio ≥0,3900,405 a0,360 ≥0,460 0,004
Fluida Apiloamento 0,370 a 0,3900,385 a0,405
0,430 a0,460 0,004
MoleVibração fraca
0,350 a 0,3700,370 a0,400
0,400 a0,430 0,003
PlásticaVibração média
0,330 a 0,3500,365 a0,385
0,370 a0,400 0,003
Seca Vibração forte 0,250 a 0,3300,330 a0,350
0,350 a0,370
0,003
Terra ÚmidaVibração fortee compressão ≤0,250 ≤0,330 ≤0,350 0,002
Fonte: VASCONCELOS [9].
8.2) Calcular o Volume de vazios (Vvazios)
Tabela 2.3 – Volume de vazios (Vvazios).
Máxima dimensãodo agregado (mm)
Volume de vaziosno concreto (l/mP3P)
9,5 30
12,7 25
12
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8.3)Determinar o volume de água + vazios (I):
A determinação do volume de água e vazios é dada pela seguinte expressão:
5
K k I= +
R/D-0,75D
(4)
Onde: I - volume unitário de água + vazios; K - parâmetro dependente da
rugosidade da superfície dos agregados (Tabela 2) e k - parâmetro dependente do grau
de consistência que se pretende.
vazioságua V I V −= (5)
9) Calcular o consumo e volume do material cimentante (cimento e sílica)
9.1) Redução do volume de água (R)
Com a adição de superplastificante há uma redução no volume de água, baseada
na Tabela 2.4.
Tabela 2.4 – Quantidade de água em função do ponto de saturação.
Ponto de saturação 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 PercentagemQuantidade de água 120 a 125 125 a 135 135 a 145 145 a 155 155 a 165 l/mP3P
Assim, para cada 0,2% de sólidos do superplastificante, há uma retirada de 10
l/mP3P de água.
9.2) Consumo de água ( aguaC ) e material cimentante ( mcC )
aguaagua
RV C
γ
−=
mca
C C aguamc =
(6)
13
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9.4) Consumo ( saC ) e volume de sílica ( saV )
mc sa C aC .= sa
sa sa
C
V γ =
(8)
10) Contribuição do superplastificante;
10.1) Consumo de Sólidos ( sup sC )
c s C cC .sup = (9)
10.2) Volume Líquido ( liqV )
sup
sup
.γ s
C V s
liq =
(10)
10.3) Volume de água ( wV )
)1.(. sup sV V liqw −= γ (11)
10.4) Volume de Sólidos ( sup sV )
wliq s V V V −=sup (12)
11) Percentagem dos componentes da mistura nos sólidos
11.1) Volume de sólidos da mistura (Vsmist )
vaziosagua smist V V V −−= 1000 (13)
14
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determinada no item 6 PBrita =
12) Módulos de finura e ajustamento das percentagens dos agregados
12.1) Módulo de finura dos agregados
Areia (MFareia): obtém-se da curva granulométrica
Brita (MFbrita): obtém-se da curva granulométrica
12.2) Módulo de finura da curva de referência (MFM)
Obtido pelo gráfico da curva de referência definida no item 4.3.
12.3) Módulo de finura da mistura (MFm)
MFbritaxPbritaMFareiaxPareiaMFm
)CimentanteMaterial(AgregadosMisturaMFm
+=
+=
(17)
12.4) Ajustamento da percentagem dos agregados
É necessário quando o valor entre o módulo de finura da mistura e da curva de
referência difere em mais de 2 centésimos.
MFMMFMMFmAjuste −= (18)
Obs: Se MFm for superior a MFM tem-se um aumento no teor de finos (areia).
13) Comparação da curva real com a curva teórica de referência
Tabela 2.5 – Comparação da curva real com a curva teórica de referência.
Brita AreiaCimento Sílica
Peneira %que
% Curva Real
CurvaTeórica
15
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0.01 0.1 1 10 100
Malha da peneira (mm)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
M a t e r i a l q u e p a s s a ( % )
Areia
Brita
Curva de ReferênciaCurva Teórica
Figura 2.3 – Curvas reais e curva de referência.
14) Composição do concreto em Kg/mP
3P
;
14.1) Percentagem dos Agregados nos Componentes Sólidos (PAS)
Psilica Pcimento PAS −−= %100 (19)
14.2)Composição Centesimal dos Agregados nos sólidos:
PAS
PbritaCBrita =
(20)
PAS
PareiaCAreia =
(21)
15) Massa dos componentes por metro cúbico de concreto;
15.1) Volume de Agregados para 1 dmP3P da Mistura:
16
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Obs: As massas de brita e de areia estão na condição SSS.
16) Correção da água;
O agregado graúdo a ser utilizado na mistura está totalmente seco, e irá absorver
água. Determina-se a quantidade exata de água, pela sua taxa de absorção ( britaW ).
O agregado miúdo a ser utilizado na mistura apresenta uma certa umidade.
Portanto, é necessária que seja calculada a quantidade de água que ele levará
consigo, o que é feito através de sua taxa de umidade ( areiaWh ).
O aditivo também incorpora uma quantidade de água na mistura que deverá ser
levada em consideração.
Assim, tem-se uma nova quantidade de água a ser adicionada na mistura.
16.1) Correções
Contribuiçãoareia=Mareia x ( areiaWabs - areiaWh )
Absorção da Brita= Mbrita x britaW
Água do superplastificante: Vw=Vliq x supγ x (1-s)
Cagua=Cagua + Contribuiçãoareia + Absorção da brita + Vw
17) Correção da massa dos componentes por metro cúbico de concreto;
Para uma certa quantidade de massa de sólidos de superplastificante na mistura,
é necessário que haja uma redução dos agregados.
A Massa de Brita será diminuída de (Cssup/ supγ ) xCbritax britaγ A Massa de Areia será diminuída de (Cssup/ supγ ) xCareiax britaγ
17
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3 MODELO DE EMPACOTAMENTO COMPRESSÍVEL
Segundo DE LARRARD ([11] e [12]), a dosagem de um concreto é
primeiramente um problema de empacotamento. Os métodos existentes comprovam esta
declaração de uma forma implícita, seja pela medida dos parâmetros de empacotamento
de alguns componentes (método de ACI 211), seja por uma aproximação de uma curvagranulométrica “ideal” que é assumida levar ao empacotamento máximo com os
materiais reais (método de Faury [9]). É notável que todos os autores propõem curvas
diferentes (ou famílias de curvas), o que levanta dúvidas quanto à solidez de seus
métodos. Com base em mais de uma década de estudo de sua equipe, DE LARRARD
conseguiu construir uma teoria que soluciona a questão de empacotamento de misturassecas em todos componentes utilizados na dosagem do concreto. Estes estudos levaram
ao desenvolvimento do MEC que é uma versão aprimorada dos diversos modelos de
empacotamento desenvolvidos pelo Laboratoire Central des Ponts et Chaussées
(LCPC).
O MEC se sobressai dos demais modelos devido aos seguintes fatores: O desenvolvimento deste método segue os princípios científicos, ou seja, é
fundamentado em uma observação dos fenômenos, levantamento de hipóteses,
estabelecimento de modelos matemáticos que representam os fenômenos e nas
18
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Nos itens a seguir encontra-se uma revisão do MEC. Inicialmente é apresentada
a teoria que fundamenta o cálculo da compacidade de uma mistura granular (item 3.1) e
em seguida as correlações entre os parâmetros estabelecidos pelo MEC às propriedades
do concreto nos estados fresco e endurecido.
O texto que se segue é baseado no livro de DE LARRARD [12], no relatório
COPPETEC/PETROBRÁS [18] e no seminário de doutorado de FORMAGINI [19].
3.1 Cálculo da compacidade
O MEC pode ser entendido como sendo um modelo construído em dois
módulos.
No primeiro módulo é estabelecida uma álgebra que deduz as relações para o
empacotamento virtual. Define-se empacotamento virtual como sendo aquele obtidoquando se arranjam as partículas uma a uma correspondendo a um arranjo geométrico
ideal. Por exemplo, caso tenham-se partículas cúbicas idênticas consegue-se a
compactação máxima, ou compacidade virtual de 100%, arranjando os cubos um a um,
face a face (Figura 3.1), e caso tenham-se partículas esféricas correspondendo a um
arranjo cúbico de face centrada (CFC) consegue-se, uma compactação, ou compacidadevirtual de 74%, já que não é conhecido, nos dias de hoje, nenhum arranjo de esferas que
permita uma compacidade maior que aquela atingida no arranjo CFC (Figura 3.2).
Figura 3.1 – Arranjo de cubos – compacidade virtual = 100% [19]
19
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As propriedades e as equações assim estabelecidas dentro do quadro do
empacotamento virtual seriam aquelas intrínsecas às formas geométricas das partículas.
À álgebra estabelecida neste primeiro momento chama-se de Modelo de
Empacotamento Virtual ou Modelo de Empacotamento Linear , que foi o modelo
inicialmente estabelecido por STOVALL et al [13] e DE LARRARD e BUIL [14].
No segundo módulo, são estabelecidas as relações (principalmente físicas e
experimentais) que ligam as propriedades virtuais (geométricas) às propriedades reais
da mistura granular submetida a um procedimento de empacotamento. Por exemplo,
tomando-se um recipiente com um grande número de partículas cúbicas, não se
consegue nunca, através de um processo real de compactação, obter a compactação
máxima de 100% correspondendo ao arranjo virtual, o mesmo ocorrendo com as
partículas esféricas que não chegariam a uma compactação de 74%. O MEC relaciona
então o empacotamento virtual (que pode ser obtido através das equações do Modelo deEmpacotamento Virtual) ao empacotamento real caracterizado por um parâmetro
intrínseco ao procedimento real de empacotamento adotado, que é o chamado índice de
compactação ( K ). O modelo assim estruturado é chamado de Modelo de
Empacotamento Compressível (MEC) - apresentado formalmente por DE LARRARD
[12] e SEDRAN [15], em 1999.Serão apresentados nos itens a seguir, os elementos teóricos que permitem a
compreensão do MEC.
3.1.1 Definições iniciais e notações
Uma classe granular i é, por definição, um conjunto de grãos unidimensionais
de diâmetro id (no sentido da peneira). Por convenção tomar-se-á:
20
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A compacidade virtual , denominada γ , é a compacidade máxima que pode ser
atingida arranjando, da melhor forma possível, o empacotamento grão a grão, conforme
foi descrito no item anterior. Na prática, ao contrário, os grãos se posicionam com uma
certa desordem. Desta forma a compacidade experimental (real) C é sempre inferior à
compacidade virtual.
A compacidade virtual da classe i tomada individualmente é chamada de β BiB, e
tem o mesmo significado da compacidade virtual, γ , acima definida, determinada para
uma classe granular de apenas um diâmetro (classe mono-tamanho). O parâmetro β BiB
caracteriza, dentro do quadro do MEC, a propriedade que uma determinada classe de
grãos tem de empacotar mais ou menos que outras classes de grãos. Assim, o parâmetro
β BiB para grãos cúbicos mono-tamanho valeria 100% e o parâmetro β BiB para grãos esféricos
mono-tamanho valeria 74% (item 3.1 , Figura 3.1, Figura 3.2)
Outro conceito importante para a elaboração do MEC é o de classe de grãos
dominante. Diz-se que a classe granular i é dominante se esta classe assegurar a
continuidade sólida do corpo granular, como mostrado na Figura 3.3.
classedominante
Figura 3.3 – Classe granular dominante [19]
Neste ponto pode-se então introduzir o conceito de que haverá sempre, ao menos
uma classe dominante, já que se não existisse uma classe dominante, ocorreria o caso de
21
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N
N
N
N
Figura 3.4 – Mistura polidispersa, examinada em diversas escalas, sem classe
dominante [12]
No Quadro 1 são apresentadas as principais notações do MEC.
Quadro 1 – Notações do MEC
N Número de classes granulares da mistura.
id Diâmetro médio da classe i .
i
β Compacidade virtual da classe i tomada individualmente.
i y Proporção em volume da classe i na mistura.
*iΦ Teor em volume máximo da classe i em presença das outras classes.
iΦ Teor em volume da classe i .
)i( γ Compacidade virtual da mistura sendo a classe i a classe dominante.
γ Compacidade virtual da mistura.
C Compacidade experimental da mistura.
π Porosidade: C−= 1π
22
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3.1.2 Primeiro módulo do MEC: O modelo de empacotamento virtual
3.1.2.1 Mistura binária
Considerando, inicialmente, uma mistura de duas classes granulares de
diâmetros respectivos 1d e 2d . Por definição, 1 e 2Φ são os volumes parciais de cada
classe em um volume unitário enquanto 1 y e 2 y são as proporções em volume:
21
11
Φ Φ
Φ
+= y 21
22
Φ Φ
Φ
+= y (27)
A compacidade (virtual) do empacotamento (γ ) é dada por:
21Φ γ += (28)
onde os volumes parciais 1Φ e 2Φ correspondem ao volume de sólidos ocupado por
cada classe em um volume unitário da mistura. Seguindo as relações acima, tem-se que:121 =+ y y (29)
3.1.2.1.1 Mistura binária sem interação entre as partículas
A mistura é dita sem interação se 1 2d d ≫ . Isto significa que o empacotamento de
uma das classes de grãos não é perturbado pela presença da outra classe, como é o caso
dos efeitos de afastamento e de parede que serão vistos adiante.
Podem ser distinguidos dois casos:
a) Os grãos maiores (classe 1) são dominantes (Figura 3.5): os grãos da classe 1
bloqueiam o volume e os grãos da classe 2 chacoalham no espaço vazio deixado pelos
grãos da classe 1.
23
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b) Os grãos menores (classe 2) são dominantes (Figura 3.6): os grãos da classe 2
bloqueiam o espaço vazio deixado pelos grãos da classe 1 que, por sua vez, flutuam
dentro da massa de grãos da classe 2.
Figura 3.6 – Grãos de classe 2 dominante.O conceito de classe de grão dominante é aqui novamente explicitado. Assim, no
exemplo da Figura 3.5 as duas faces externas da massa granular podem ser conectadas
apenas através de grãos de classe 1 que são os dominantes. Semelhantemente, no caso
mostrado na Figura 3.6, pode-se ligar um lado a outro da massa granular apenas através
dos grãos de classe 2, que são os dominantes.O caso a), representado pela Figura 3.5, representa uma mistura binária sem
interação, em que a classe com maior diâmetro é dominante. Neste caso seus grãos
preenchem o volume disponível como se nenhum grão fino estivesse presente. A
contribuição da classe 1 é então constante e igual a 1 β e a contribuição da classe 2 é
igual a 2φ , que pode variar livremente, de acordo com a definição do usuário, entre zeroe um valor a partir do qual a classe 1 deixa de ser dominante. Sabendo-se que
2122 Φ Φ Φ += y e que γ Φ Φ =+ 21 , pode-se então escrever:
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grãos de classe 1 (dominantes) ocupam o espaço máximo possível no volume unitário,
enquanto que os grãos de classe 2 ocupam um espaço que poderia ser ainda maior se
dispusessem de mais grãos desta classe (daí a imagem de que os grãos de classe 2
chacoalham no espaço deixado pelos grãos de classe 1). O conceito de empacotamento
virtual (correspondendo a um ideal geométrico de compactação) estaria então neste
caso mais ligado aos grãos dominantes de classe 1 (estendendo-se conseqüentemente ao
empacotamento total da mistura )1(γ γ = ) enquanto que os grãos de classe 2 não
estariam enquadrados neste conceito.
O caso b), indicado na Figura 3.6, representa uma mistura binária sem interação,
em que a classe com menor diâmetro é dominante. O cálculo da compacidade virtual
)2(γ γ = corresponde ao fenômeno físico de que, enquanto a classe 1 é dominante, ao
aumentar o volume dos grãos de classe 2, chegará um momento em que estes grãos
(classe 2) ocuparão todo o espaço possível de ser ocupado nos vazios deixados pela
classe 1, correspondendo ao máximo empacotamento da mistura binária. A partir deste
ponto, a equação (32) não pode mais ser aplicada já que a hipótese física traduzida pela
equação (30) não mais se confirma, visto que os grãos de classe 2 não mais chacoalham
no espaço poroso deixado pelos grãos de classe 1. Desse modo, a partir deste ponto, a
classe dos grãos menores passa a ser dominante na mistura. Então, se continuar
aumentando o volume dos grãos menores, a tendência é que todo o espaço seja ocupado
por estes grãos de classe 2, e por conseqüência a tendência da compactação virtual
)2(γ γ = será de diminuir até atingir o valor de 2 β quando só existirem partículas da
classe 2. Sabendo-se que
( )2111 Φ Φ Φ += y e que γ Φ Φ =+
21
, as seguintes equações
podem então ser escritas:
( )12*2 1 Φ β Φ −=
(33)
( )βΦΦ * 1 (34)
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γ(2)γ ( 1 )
grão fino
dominante
g r ã o g r a ú d o d o m i n a n t e
γ= ΜΙΝ (γ(1),γ (2) )
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1Fração Volumétrica (y2)
0.6
0.7
0.8
0.9
1
0.6
0.7
0.8
0.9
1
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
γ
0.205
21 1 y y −= ). O máximo valor de γ ocorre quando todos os espaços vazios da classe 1
são preenchidos pelos grãos da classe 2. A partir deste ponto, qualquer incremento de
grãos finos irá gerar um afastamento dos grãos maiores para que os grãos finos possam
ser acomodados. Portanto, a partir do ponto de compacidade máxima, a compacidade
virtual irá diminuir com o aumento do volume da classe 2 na mistura até atingir o valor
de sua compacidade virtual individual 2 β , quando existirem apenas grãos de classe 2.
Figura 3.7 – Evolução da compacidade virtual em função da proporção de grãos
finos para uma mistura binária sem interação.
A Figura 3.7 também indica que a mistura binária apresenta uma compacidade
virtual máxima para a fração volumétrica de 205,02 = y , que é o ponto onde existe a
mudança de dominância entre as classes 1 e 2. Assim, a equação (32) será válida apenas
para 205,00 2 ≤≤ y e a equação (35) será válida apenas para 1205,0 2 ≤≤ y .
26
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3.1.2.1.2 Mistura binária com interação entre as partículas: efeitos de afastamento e
de parede.
Considerando agora que 21 d d ≥ mas que 2d não é tão pequeno em relação a 1d .
Devem-se então considerar dois tipos de interação que as classes exercem entre si:
a) Efeito de afastamento. Se um grão da classe 2 é inserido em um
empacotamento de grãos da classe 1 (que são, neste caso, dominantes), ele provoca
localmente um afastamento destes grãos grossos porque ele não é mais tão pequeno que
possa colocar-se no espaço deixado disponível (veja Figura 3.8). Tal fenômeno é
denominado efeito de afastamento da classe 2 sobre a classe 1.
efeito deafastamento
d1
d2
d1
+d2
(a) (b)
=
Figura 3.8 – Efeito de afastamento.
b) Efeito de parede. Similarmente, se um grão da classe 1 está inserido em um
empacotamento de grãos finos (que são, neste caso, dominantes), ele provoca um
aumento de vazios na vizinhança da sua superfície (veja Figura 3.9). Tudo se passa
então como se os grãos da classe 2 conservassem sua compacidade própria em presença
dos grãos da classe 1, mas dispusessem de um volume reduzido para serem
empacotados.
27
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Levando-se em conta os efeitos de afastamento e de parede, as equações (32) e
(35) podem ser reescritas como:
22112
1)1(
)1(1 ya
O AFASTAMENT DE EFEITO
43421 β β
β γ
−−=
(37)
112212
2)2(
])11(1[1 yb
PAREDE DE EFEITO
4 4 34 4 21 β β β
β γ
−+−−=
(38)
Assim como no caso da mistura sem interação pode-se escrever:
)2()1( ,γ γ γ MIN = (39)
No caso de efeito de afastamento (equação (37)), foi introduzido o coeficiente
aB12B que corresponde ao efeito de afastamento que os grãos de classe 2 exercem sobre os
grãos de classe 1, enquanto que no caso do efeito de parede (equação (38)), foiintroduzido o coeficiente bB21B que corresponde ao efeito de parede que os grãos de classe
1 exercem sobre os grãos de classe 2.
O coeficiente aB12B varia entre aB12B=0 (quando 21 d d >>> e considera-se que não
existe interação por efeito de afastamento) e aB12B=1 (quando 21 d d = e considera-se que
existe interação total por efeito de afastamento).
O coeficiente bB21B varia entre bB21B=0 (quando 21 d d >>> e considera-se que não
existe interação por efeito de parede) e bB21B=1 (quando 21 d d = e considera-se que existe
interação total por efeito de parede).
A Figura 3.10 mostra três casos de evolução da compacidade virtual em misturas
binárias de grãos esféricos com 74,021 == β β para 10 2 ≤≤ y , a fim de enfatizar a
influência dos efeitos de afastamento e de parede no empacotamento. Primeiramente, é
mostrada, na curva superior, a variação da compacidade de uma mistura sem os efeitos
28
0 0 2 0 4 0 6 0 8 1
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0 0.2 0.4 0.6 0.8 1Fração Volumétrica y2
0.6
0.7
0.8
0.9
1
0.6
0.7
0.8
0.9
1
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
sem interação
i n t e r a ç ã o total
interação parcial
d 1 = d 2 → a 12=b21=1
d1>>d2 → a12=b21=0
d1>d 2 → a12=b 21=0.5
γ
Figura 3.10 –Evolução da compacidade virtual de uma mistura binária de esferas
variando a interação entre as partículas.
Na Figura 3.10 a máxima compacidade mostra-se definida para os casos sem e
com interação parcial. Os ramos ascendentes das curvas são dominados pelo efeito de
afastamento exercido pelos grãos da classe 2 sobre os grãos da classe 1. No ponto de
máxima compacidade, o efeito de afastamento iguala-se ao efeito de parede. A partir
deste ponto, os ramos descendentes são marcados pelo efeito de parede dos grãos da
classe 1 exercido sobre os grãos da classe 2. Na reta representando a interação total
( 12112 == ba ), os efeitos de parede e de afastamento correspondem ao mesmo efeito
físico.
A Figura 3.10 indica claramente que os efeitos de afastamento e de parede estão
correlacionados à inclinação da função )( 2 yγ em 02 = y e 12 = y , respectivamente.
29
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11
11
1
122
21
2
−
∂∂
−−
= =
β
β y
y
e
b
(41)
Desta maneira, a partir da realização de ensaios de compactação em misturas
binárias, e com a aplicação das fórmulas (40) e (41), podem-se determinar os
coeficientes aB12 Be bB21B, já que as curvas reais e virtuais ( ) )(1 22 y ye φ −= têm
aproximadamente a mesma forma para yB2B=0 e yB2B=1 conforme será visto a seguir.Uma forma alternativa para a determinação dos coeficientes de interação aB12B e
bB21B, em função dos diâmetros dos grãos, que conduz a uma razoável aproximação, é
representada pelas seguintes equações:
( ) 02.111 i jij d d a −−=
(42)
( ) 50.111 jiij d d b −−= (43)
Um outro exemplo de evolução da interação entre partículas com diferentes
compacidades virtuais individuais ( β B1B = 0,6 e β B2B = 0,7) é mostrado na Figura 3.11.
Pode-se notar que, para as misturas com interação total (partículas diferentes mas comigual granulometria), não existe um pico para a compacidade máxima, sendo o máximo
da compacidade dado pela composição que tem 100% dos grãos com a maior
compacidade virtual individual (no caso da Figura 3.11, yB2B= 1). Este fato corresponde à
constatação de que a mistura de partículas do tipo 1 não contribui para o aumento da
compacidade de partículas do tipo 2. De uma forma geral, pode-se considerar que emmisturas de grãos com granulometrias similares, a compacidade máxima é obtida
quando se toma 100% dos grãos que têm melhor compactação individual.
30
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efeito de
arede
efeito deafastamento
0.5
0.55
0.6
0.65
0.7
0.75
0.8
0.85
0.9
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
a12=b21=0
a12=b21=0.5
a12=b21=1
y2
γ
Figura 3.11 – Evolução da compacidade virtual de uma mistura binária de grãos com
coeficientes e β diferentes.
3.1.2.2 Mistura polidispersa composta de N classes monodispersas
Considera-se agora o caso geral com interações para uma mistura de N classes
granulares tais que N ii d d d d d ≥≥≥≥≥≥ + .......... 121 . Imagina-se que a classe i seja a
classe dominante. Esta classe sofre o efeito de parede das classes de agregados mais
graúdos e o efeito de afastamento das classes de agregados mais finos, conforme é
esquematizado na Figura 3.12.
31
1≤ j ≤ N id d i t l d i t é btid l li ã d ã
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para 1≤ j ≤ N e a compacidade virtual da mistura é obtida pela generalização da equação
(39):
( ))(1i
N i MIN γ γ
≤≤=
(45)
3.1.2.3 Mistura polidispersa composta por M materiais, sendo cada material
correspondente a uma mistura polidispersa de N classes
Neste item é introduzido o formalismo para o cálculo da compacidade virtual de
uma mistura de M materiais, cada material composto por N classes granulares. A
particularidade deste caso é que o teor de cada classe não pode variar no interior do
material ao qual ela pertence; a variação da fração volumétrica de uma classe
pertencente a um dado material só se dará se for variado o teor deste material como um
todo. Dentro do quadro deste formalismo os materiais devem ser compostos pelas
mesmas classes granulares (do ponto de vista da granulometria) mesmo que algumas
classes tenham fração volumétrica zero em alguns materiais. Neste caso, chamando-se
de pBk B a fração volumétrica do material k , e de yBkjB a fração volumétrica da classe j no
interior do material k , sendo que deve ser enfatizado que a seguinte relação deve ser
respeitada:
11 1
=∑∑= =
M
k
N
jkjk y p
(46)
A compacidade virtual γ P(i)P da mistura granular, se a classe i é a classe
dominante, é então dada pela expressão:
∑=
= M
k kik
i
p1
)( 1
δ
γ
(47)
32
3 1 3 Segundo módulo do MEC: O empacotamento real
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3.1.3 Segundo módulo do MEC: O empacotamento real
O formalismo correspondente ao empacotamento virtual descrito no item 3.1.3
aplica-se somente, por definição, às compacidades virtuais e não pode ser diretamente
utilizado para a predição das compacidades experimentais. Por exemplo, pode ser
notado, observando-se a Figura 3.10 e a Figura 3.11, que as curvas teóricas de
compacidade virtual γ( yB2B) apresentam um valor ótimo que corresponde geralmente a um
bico da curva, enquanto que as curvas experimentais C ( yB2B) apresentam neste ponto uma
tangente horizontal, conforme pode ser visto nas curvas experimentais mostradas na
Figura 3.13.
Figura 3.13 – Curvas experimentais de compactação para misturas binárias [12].
A compacidade virtual, γ , descreve apenas as características geométricas do
material. Já a compacidade experimental ( )γ
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procedimentos experimentais ( β BiB), seja ainda pelo Modelo de Empacotamento Virtual
(ver item 3.1.3) representado sinteticamente pela fórmula (44) (γ P(i)P).
Os valores de K para os diversos tipos de protocolos de empacotamento [12] são
apresentados no Quadro 2.
Quadro 2 – valores do índice de compactação K [12]
Empacotamento seco Empacotamento
molhado
Empacotamento
virtual
Tipo simplescolocação
Apiloamento vibração vibração+compressão
de 10 kPa
demanda de água
K 4.1 4.5 4.75 9 6.7 infinito
Conhecendo-se os valores de K para os diversos protocolos de empacotamento,a equação (49) pode ser usada para a determinação experimental da compacidade virtual
de empacotamento β de uma determinada classe granular. Para tal, realiza-se um
ensaio para a determinação da compacidade real (C ), submetendo-se a classe granular
ao protocolo de empacotamento (com K conhecido) e inverte-se a equação (49),
obtendo-se então a expressão:
C K
K +=
1 β
(50)
A realização de ensaios para a determinação da compacidade experimental C
deve seguir protocolos bem estabelecidos para que exista reprodutibilidade dos valores
determinados. Os protocolos experimentais utilizados têm sido aqueles correspondentesao ensaio de demanda de água ( K =6,7) para misturas granulares pulverulentas com
d 100 µm.
Estes ensaios são descritos no Capítulo 4
34
Se o valor do índice de compactação K não é conhecido para um determinado
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Se o valor do índice de compactação K não é conhecido para um determinado
protocolo de empacotamento, dois procedimentos podem ser seguidos para a sua
determinação.O primeiro procedimento, de simples compreensão, consiste em submeter uma
mistura monodispersa de grãos cujo parâmetro β é conhecido de antemão (por exemplo
grãos esféricos com 74.0= β ) ao protocolo de empacotamento determinando a
compacidade experimental C . Pode-se determinar o valor de K aplicando-se
diretamente a equação (50). Este procedimento, apesar de simples, tem sua aplicação
limitada, já que é difícil de se dispor de misturas granulares de partículas esféricas
monodispersas.
O segundo procedimento para determinação de K consiste em uma análise
inversa efetuada sobre os resultados experimentais de compactação obtidos a partir de
diversas proporções de uma mistura binária sem interação. Tais misturas são
compactadas seguindo o protocolo do ensaio de forma a que curvas experimentais como
aquelas mostradas na Figura 3.13 possam ser determinadas. A análise inversa consiste
em estimar um valor inicial de ini K K = e com o emprego da fórmula (46) calcular os
valores de β B1B e β B2B para as compactações )0( 2 = yC e )1( 2 = yC que correspondem às
misturas monodispersas de grãos de classe 1 e classe 2 respectivamente. Com estes
valores determinados pode-se resolver a equação implícita (49) e calcular os valores de
compactação obtidos pelo MEC a partir de um valor tentativa tent K K = , ou seja,
calcular ),( 2 ten