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Doutor Bezerra de Menezes, o medico dos pobres

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Matéria da revista “Meu sonho não tem fim” sobre o “grande sonhador” Bezerra de Menezes.

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seus melhores alunos.

Em 1851, mesmo ano da morte de seu pai, mudou-se para o Rio de Janeiro, ministrando aulas de Filosofia e Mate-mática, para custear seus estudos uni-versitários. Doutorou-se em 1856 pela

Faculdade de Medi-cina, como prati-cante interno do Hospital da Santa Casa de Misericór-dia, onde sempre se classificava com a nota máxima. Nesta fase de sua vida

ainda usava seu nome completo, que abreviaria anos mais tarde e com o qual, tornaria-se extremamente famoso nos meios acadêmicos, médicos e políticos de sua época.

Atuou durante anos como cirurgião-tenente no Corpo de Saúde do Exército, largando, posteriormente, essa posição devido a sua entrada na vida pública.

Bezerra de Menezes possuía também uma famosa clínica médica, com uma ampla clientela rica. Tudo o que recebia da classe abastada no seu renomado

consultório, gastava com os mais po-bres, não só clinicando gratuitamente, como dando à eles, tudo de que necessi-tassem. Todo este trabalho, em favor dos mais humildes e desamparados, era anônimo, o que não impediu que todos aqueles que conheciam muito bem o seu trabalho, o apelidassem carinhosa-mente de “o médico dos pobres”.

Em uma ocasião, ao atender uma mu-lher carente, prescreveu-lhe os remédios e entregou-lhe a receita ao que esta res-pondeu que não tinha dinheiro nem para dar o que comer aos seus filhos, quanto mais comprar remédios. Ele procurou nos bolsos e nada encontrou, olhou em volta e nada viu, reparou então em seu querido anel de formatura e deu-o, sem pestanejar.

Esse trabalho comunitário, em prol dos mais necessitados, levou a população do bairro carioca de São Cristóvão a pedir que ele representasse a comunida-de na Câmara Municipal. Ele aceitou o pedido e tornou-se vereador eleito pelo Partido Liberal. Bezerra de Menezes pediu baixa do Exército e durante vinte anos (de 1860 a 1880) foi eleito verea-

Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, nasceu no município de Freguesia do Riacho do Sangue, Ceará, em 29 de agosto de 1831. Oriundo de uma tradi-cional família de políticos do sul do país, foi criado por seus pais, Antônio Bezerra de Menezes, tenente-coronel da Guarda Nacional e Fabiana de Jesus Maria Bezerra, dentro de rígidos princí-pios religiosos e disciplina militar.

Aos sete anos aprendeu a ler, escrever e a fazer contas. Aos onze, em virtude da transferência de sua família para o Rio Grande do Norte, matriculou-se na aula pública de latinidade que funcionava no município de Serra do Martins e após dois anos dedicados ao estudo do latim, já possuía condições de ministrar estes conhecimentos, vindo a substituir ocasi-onalmente seu professor. Mais tarde, ao retornar ao Ceará, freqüentou o Liceu em Fortaleza, sendo considerado um de

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www.abrigobezmenezes.org.br

O Abrigo Bezerra de Mene-zes ampara, gratuitamente, mais de duzentos idosos, dá assistên-cia à centenas de famílias caren-tes, dentre outras atividades.

BRASIL

Doutor Bezerra de Menezes, o médico dos pobres

Dr. Bezerra de Menezes, uma mão estendida durante toda sua vida aos mais necessitados.

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Dr. Bezerra de Menezes

Divulgação

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“Quanto mais auxiliardes aos outros, mais amplo auxílio

recebereis do Senhor”.

Bezerra de Menezes

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Pare, por favor!

Um jovem e bem sucedido executivo, dirigia rapidamente pela vizinhança o seu novo carro. Observando crianças entre os carros estacionados, diminuiu um pou-co a velocidade, quando, de repente, um tijolo espatifou-se na porta de seu carro. Ele freou bruscamente, deu ré e saltou do carro, pegando bruscamente uma cri-ança e empurrando-a contra um veículo estacionado, gritando:

- Por que isso? Quem é você? Que besteira está fazendo? Este é um carro novo e caro, aquele tijolo vai me custar muito dinheiro. Você tem noção do que fez?

- Por favor, senhor, me desculpe, eu não sabia mais o que fazer! Ninguém estava disposto a parar e me atender.

Neste momento, lágrimas corriam do rosto do garoto, enquanto apontava na dire-ção dos carros estacionados.

- Meu irmão é paralítico e na descida ele caiu de sua cadeira de rodas e eu não consigo levantá-lo sozinho.

Soluçando, o menino perguntou ao executivo:

- O senhor poderia me ajudar? Ele está machucado e é muito pesado para mim.

Movido internamente, muito além das palavras, o jovem motorista, engolindo sua surpresa, dirigiu-se ao jovenzinho, colocando-o em sua cadeira de rodas. Tirou seu lenço, limpou as feridas e arranhões, verificando se tudo estava bem.

“Obrigado e que Deus possa abençoá-lo”, disse a criança à ele.

O jovem então viu o menino se distanciar, empurrando o irmão para casa.

Foi um longo e lento caminho de volta ao seu carro e a sua casa.

Ele jamais consertou a porta. Deixou assim, para lembrá-lo de não ir tão rápido pela vida, que alguém tivesse que atirar um tijolo para obter sua atenção.

“A maior de todas as doenças atuais é o sentimento que a pessoa tem de ser indesejada e relegada ao esquecimento. O maior de todos os males é a falta de amor e a terrível indiferença para com o nosso semelhante”. - Madre Teresa

serem recusados, de modo que deixa-vam dinheiro para auxiliá-lo debaixo de seu travesseiro, desde grandes notas até pequenos tostões.

Morreu em 11 de abril de 1900, na po-breza, porém, amado pelo seu povo.

Seu nome é muito reconhecido ainda hoje e evoca a lembrança de seu passa-do rico, não em ouro, mas em lições de caridade e devoção à fé abraçada.

deu-lhe tudo, percorreu os bolsos e deu até as moedas que possuía. Não esperou agradecimentos e foi embora, só então percebeu que não tinha dinheiro nem para o bonde, de modo que foi obrigado a pedir à seus amigos a passagem.

Seu espírito de desprendimento não o permitiu acumular bens materiais e foi em meio a grandes dificuldades finan-ceiras, que foi vítima de um acidente vascular cerebral. Durante seis meses recebeu visitas todos os dias, apenas um de cada vez, que nada diziam, para que ele não tivesse que responder. Todos sabiam da penúria em que vivia em decorrência do derrame, no entanto, tinham medo de oferecer-lhe ajuda e

dor, deputado geral e indicado para o Senado, chegando a ocupar por várias vezes as funções de presidente interino da Câmara Municipal da Corte, efeti-vando-se em julho de 1878, cargo que corresponderia ao de prefeito do Rio de Janeiro nos dias atuais.

Jamais obteve favores do governo para suas candidaturas à cargos públicos e como político, era adorado pelo povo, principalmente, nas camadas mais po-bres da população.

Em agosto de 1886, declarou sua ade-são ao espiritismo, tornando-se posteri-ormente, devido a seu espírito extrema-mente pacífico e conciliador, presidente da Federação Espírita Brasileira e é até hoje, um dos maiores nomes e difusor da doutrina espírita no país.

Como político e jornalista, Bezerra de Menezes, sempre defendeu, entre outras causas, a emancipação dos escravos. Durante a campanha abolicionista, com espírito prudente e ponderado, escreveu “A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extinguí-la sem danos para a Nação” e também sobre os problemas de sua terra, no estudo “Breves considerações sobre as secas do Norte”. Nesse período lançou o jor-nal A Reforma, de orientação liberal.

Foi o construtor da Estrada de Ferro Macaé-Campos, que o tornou muito rico, mas acabou falindo, não só por dar tudo que tinha para os mais pobres, como também pela completa falta de apoio do Governo Imperial, que não liberou os recursos necessários para o desenvolvimento de sua ferrovia.

Certo dia, quando comandava a empre-sa de trens, ao findar o expediente, um conhecido chegou até ele dizendo que seu filho havia morrido, não deixou ele continuar, chamou a um canto, tirou a carteira e nem olhou o quanto tinha,

www.andreluiz.org.br

As Casas André Luiz têm, dentre suas diversas ações sociais realizadas a mais de 50 anos, destaque para o trabalho assis-tencial gratuito à crianças que necessi-tam de cuidados especiais.