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Dp privatização

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Page 1: Dp   privatização

17 de fevereiro de 2000

ECONOMIA

Celpe será vendida hoje para grupo da Espanha

Saulo Moreira enviado Especial

RIO - Na contramão de todas as expectativas, a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) deve ser vendida

hoje pelo preço mínimo de R$ 1,78 bilhão. Não haverá o tão esperado ágio porque a UtiliCorp United desistiu de

disputar a energética pernambucana. A multinacional norte-americana informou ontem, em São Paulo, que não vai

participar do leilão por considerar o preço da Celpe muito alto. Com isso, apenas a espanhola Iberdrola, dona da

Cosern (RN) e da Coelba (BA), vai disputar a Celpe. A Iberdrola entrará consorciada com o BB Invest, fundo de

investimento do Banco do Brasil e com a Previ, caixa de Previdência dos funcionários do BB.

O vice-governador Mendonça Filho, coordenador da privatização da Celpe, disse ontem que não estava

decepcionado, que o Governo do Estado fez a sua parte e que já esperava a saída da UtiliCorp. "Teve parceiro da

UtiliCorp que achava que o preço mínimo era de R$ 1,6 bilhão, abaixo do que se determinou". Sobre a razão de

apenas uma empresa no leilão, amenizou: "Isso mostra que ovalor da Celpe foi bem calculado. Não será uma

empresa de Pernambuco que vai conseguir monopolizar as atenções do setor elétrico mundial".

Estratégia de venda da energética frustra preço

Privatização foi adiada de novembro para fevereiro a pedido da UtiliCorp

RIO - Segunda maior empresa de distribuição de energia dos Estados Unidos, a UtiliCorp foi a principal responsável

pelo adiamento do leilão da Celpe, que inicialmente deveria ter sido realizado em novembro passado. Por causa de

uma solicitação dos norte-americanos, o Governo e o BNDES decidiram transferir a privatização para fevereiro

deste ano. "Mas ao pedir o adiamento, eles não estavam se comprometendo a participar do leilão", esclareceu

Mendonça Filho. Desde que teve início o processo de privatização da Celpe, dez grandes multinacionais

demonstraram interesse.

Na reta final, entretanto, apenas a Iberdrola e UtiliCorp entrariam. No dia do leilão, a Celpe será ofertada apenas aos

espanhóis. "A responsabilidade do Governo é fomentar a competição. Isso foi feito", respondeu o vice-governador,

que, fazendo um balanço de todo o processo de venda da Celpe o considerou como "um sucesso". Ele também disse

que a vitória certa da Iberdrola não iria representar um monopólio dos espanhóis no Nordeste. A legislaçãodo setor

elétrico brasileiro não permite que um mesmo grupo controle mais que 35% do mercado regional.

A notícia da desistência da UtiliCorp foi dada no final da tarde de ontem, minutos antes de se encerrar o prazo para

que os interessados depositassem as garantias financeiras à Câmara de Liquidação e Custódia (CLC) da Bolsa do

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Rio. Três representantes da corretora Brascan e dois do Banco do Brasil entregaram envelopes com as garantias.

Todos representavam o consórcio liderado pela Iberdrola.

Ao vender a Celpe pelo preço mínimo, o Governo estará garantindo recursos para investimento de apenas R$ 1,330

bilhão. Isso porque, R$ 100 milhões serão pagos à Eletrobras, que adiantou esse volume de recursos no ano passado,

R$ 150 milhões serão utilizados no acerto de contas entre Celpe e Compesa e R$ 200 milhões, no mínimo, irão para

o Funape.

EUFORIA - A notícia da saída da UtiliCorp do páreo terminou tirando a euforia do Governo ao saber que a Justiça

indeferiu o pedido de liminar movido pelo Sindicato dos Urbanitários. O governador Jarbas Vasconcelos que daria

uma entrevista coletiva ontem às 19 horas sobre a esperada vitória judiciária do Governo se recolheu e entregou a

atribuição à Mendonça Filho, que, naturalmente, falou quase que exclusivamente da desistência dos norte-

americanos.

No despacho sobre a ação movida pelos Urbanitários, o juiz Augusto Guilherme Diefenthaeler, da 15ªVara Federal,

afirma que a medida proposta pelo sindicato não se tornará ineficaz com a realização do leilão da Celpe. "Como é

sabido, o ato de desestatização é precedido de procedimentos contábeis diversos e inclusive de auditorias (...) ",

sentenciou o juiz. Com isso, estava negado o pedido de liminar contra a realização do leilão.

O sindicato moveu a ação com base em quatro pontos: o não cumprimento do prazo da audiência pública, a fixação

do preço mínimo (o sindicato achava que estava baixo), mudanças no edital de privatização e um passivo de R$ 87

milhões, que, segundo o sindicato, a Celpe tem junto à Fundação Celpos. Diante dadecisão do juiz carioca, a tropa

de choque do Governo e do BNDES nem precisou entrar em ação. (S.M.)

TCE aprova edital de privatização

Rosa Falcão Da equipe do DIARIO

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) aprovou ontem por 4 votos a favor e duas abstenções, o edital de

privatização da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe). Com a decisão, o Governo Estadual tem o aval do

órgão técnico de fiscalização das contas públicas para vender a estatal hoje. Mas foi adiado para a próxima semana,

a decisão do TCE sobre a legalidade do empréstimo de R$ 100 milhões que o Governo fez junto à Eletrobras, dando

como garantia parte das ações da Celpe. O conselheiro Carlos Porto pediu para estudar o processo.

A sessão do pleno do TCE que aprovou o edital de venda da Celpe foi rápida. O conselheiro Fernando Correia

tentou adiar o julgamento. Correia tem dúvidas das etapas do processo de privatização anteriores ao edital. Ele não

obteve sucesso. O relator dos dois processos (editais de privatização e de contratação dos consultores), conselheiro-

substituto Marcos Nóbrega, votou favorável a aprovação. Foi seguido pelos conselheiros Carlos Porto, Romeu da

Fonte e Carlos Maurício (substituto). Fernando Correia e Roldão Joaquim se abstiveram de votar.

Houve uma ressalva do relator quanto ao edital de contratação do BNDES. Isso porque não foi apresentado pelo

Governo, o detalhamento das despesas com a contratação das consultorias encarregadas de fixar o preço mínimo da

Celpe. Por isso, Nóbrega, que substitui o conselheiro Rui Lins, está determinando que o TCE instaure uma auditoria

para avaliar a legalidade dos contratos. Ele recomenda que o TCE acompanhe as próximas etapas da privatização da

Celpe e a destinação dos recursos da venda da estatal.

O secretário de Governo, Dorany Sampaio, acompanhou atentamente a sessão do TCE. Aliviado, ao final ele

comunicou a decisão ao governador Jarbas Vasconcelos. Ele qualificou a decisão do Tribunal de "caráter técnico",

argumentando que a politização deve ser evitada nos assuntos de Estado, como é o caso do leilão da Celpe.

O secretário geral do PSB, Dilton da Conti, que comandou a privatização da Celpe no Governo Arraes, disse que a

decisão do TCEdeve ser respeitada. Ele concorda que o aval do TCE facilita a realização do leilão da Celpe.

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Pensionistas querem comprar ações

Associação dos Aposentados da estatal avalia possibilidade de viúvas adquirirem papéis da companhia

Catarina Lucrécia Da equipe do DIARIO

Depois do impasse com a equipe do ex-governador Miguel Arraes e com os sindicalistas, contrários a privatização

da Celpe, o Governo de Pernambuco enfrenta a revolta das viúvas. São esposas de ex-funcionários da energética,

falecidos antes do dia 31 de dezembro de 1998, e que estão impedidas de participar da compra de 10% das ações

ordinárias da empresa reservadas aos empregados. A advogada da Associação dos Aposentados da Celpe, Lúcia

Albuquerque, avalia se existe condições de reverter a situação na Justiça. O prazo para compra de ações termina no

dia 25 de fevereiro.

De acordo com o edital de venda da Celpe, estão habilitados a comprar as ações todos os empregados da estatal cujo

contrato encontrava-se em vigor em 31 de dezembro de 1998 e os aposentados da empresa. As mulheres, que

ficaram viúvas antes dessa data, foram automaticamente excluídas.

A publicitária Ester Câmara é uma das 800 viúvas que tinha interesse nas ações, mas não pode comprar. O marido

dela, Amaro Coutinho da Câmara, trabalhou trinta anos na Celpe. Quando faleceu, há 15 anos, vítima de uma ataque

cardíaco fulminante, exercia uma chefia de departamento, como administrador. "Enfrentamos muitas dificuldades",

diz. "Eu tinha o maior interesse em comprar as ações, ia colocar o dinheiro na poupança".

O presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas da Celpe, Jessé Pereira, já alertou a presidência da

Celpe para o impasse. Mas é taxativo. Como as regras estão estabelecidas no edital, a previsão, entretanto, é de que

há pouca coisa a fazer.

RENTABILIDADE - A decepção das viúvas não é por acaso. Quem comprar as ações da Celpe estará fazendo um

bom negócio. Funcionários e aposentados terão a chance de comprar os papéis por um preço subsidiado (financiado

pelo BNDES) e depois de catorze meses revender ao grupo que arrematar a energética no leilão.

Na hora da compra pelos funcionários, o lote de mil ações custará R$ 9,73, calculado pelo valor patrimonial da

Celpe. Quando os novos donos da companhia forem recomprar os papéis, em maiode 2001, pagarão pelo mesmo

lote de mil ações, R$ 31,35. Tirando as perdas com juros cobrados pelo BNDES, a taxa de performance das

corretoras e o Imposto de Renda, a operação vai garantir, em média, R$ 18 mil para cada um dos funcionários da

Celpe apto a participar da compra das ações.

Governo vai criar outra conta

A etapa que será mais disputada depois da venda da Celpe é a briga das instituições financeiras para ter a conta

especial dos recursos da privatização. Afinal, não é todo dia que um banco ganha uma conta gorda de no mínimo R$

1,78 bilhão. O governador Jarbas Vasconcelos decidiu criar uma conta específica para controlar melhor o dinheiro

da Celpe. A saída dos recursos dessa conta sairá através da rubrica Fundo de Desenvolvimento de Pernambuco. O

Governo ainda não bateu o martelo sobre o banco onde depositará esses recursos.

Deve escolher o banco que oferecer melhores condições de mercado para aplicar o dinheiro da venda da estatal. A

idéia de criar uma conta específica, segundo o secretário de Planejamento, José Arlindo Soares, é não misturar o

dinheiro da Celpe com a conta única do Estado. Ou seja, separar o dinheiro que o Governo gasta com o custeio da

máquina e a folha salarial, dos recursos que vão para os investimentos.

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Arlindo explicou que a criação do fundo foi uma forma de dar transparência à aplicação dos recursos. Várias ações

previstas no Plano Plurianual de Ações do Governo, prevê recursos da venda da Celpe. Para que esses recursos

saiam da conta especial deve ser utilizada a rubrica do Fundo de Desenvolvimento.

O Fundo foi criado através da lei estadual nº 11.733, de dezembro de 99. Na verdade o objetivo é controlar a saída

do dinheiro da Celpe da conta especial. É um fundo de natureza contábil, mas não é financeiro. Ontem o DIARIO

procurou o vice-governador Mendonça Filho para falar sobre a escolha do banco onde ficará depositado o dinheiro

do leilão da Celpe. Através da sua assessoria, o vice-governador disse que a prioridade agora é o leilão da Celpe e

depois a escolha do banco. (R.F.)

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18 de fevereiro de 2000

ECONOMIA

Espanhóis são donos da Celpe

Iberdrola, único inscrito no leilão, compra estatal de energia pelo preço mínimo de R$ 1,78 bilhão

Saulo Moreira Enviado Especial

RIO - Num leilão marcado pela desmotivação, a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) foi vendida ontem

exatamente pelo preço mínimo determinado pelo Governo do Estado: R$ 1,78 bilhão. Na próxima quarta-feira, o

consórcio formado pela espanhola Iberdrola, Previ e BB Banco Investimento S.A paga a primeira parcela de 40% do

valor da venda e assume a ex-estatal pernambucana. Em cinco anos, eles planejam investir R$ 790 milhões na

empresa. O pregão foi aberto na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro às 10h02. Sete minutos depois, o governador

Jarbas Vasconcelos, o vice Mendonça Filho e o presidente do BNDES, Andrea Calabi, bateram o martelo e posaram

para a clássica fotografia. Estava privatizado o maior ativo do Estado de Pernambuco, objeto constante de disputas

políticas, jurídicas e ideológicas.

A Celpe foi vendida sem ágio porque apenas o consórcio liderado pela Iberdrola participou da disputa. Um dia antes

do leilão, a norte-americana UtiliCorp saiu do páreo por considerar o preço mínimo da energética muito alto. Sem

concorrente, o caminho estava livre para os executivos da corretora Brascan (que representou o consórcio vencedor)

entregar o envelope com a proposta de preço.

Lida a proposta, o consórcio foi declarado vencedor. Enquanto os executivos da multinacional espanhola sorriam de

satisfação, o governador Jarbas Vasconcelos era cumprimentado pelos deputados pernambucanos que

compareceram ao leilão. A emoção e a euforia aguardadas até o início desta semana deram lugar a uma sensação

apenas de "dever cumprido".

Assim que a Celpe foi privatizada, o governador subiu ao segundo andar da Bolsa do Rio e concedeu uma entrevista

coletiva. Logo de início, justificou seu nervosismo durante o pregão: "As pessoas diziam que eu estava inquieto.

Claro que eu estava, afinal eu não estou vendendo uma bodega. Estou vendendo a maior ativo de Pernambuco".

Mais uma vez, Jarbas Vasconcelos disse que não há nenhum sentimento de frustração porque a empresa não teve

mais que um concorrente. "Se eu tivesse o mínimo de dúvida sobre o preço mínimo da empresa eu não a colocaria à

venda". Questionado sobre as aplicações que fará com os recursos provenientes da venda, Jarbas afirmou que "será

possível ao Estado dar um salto à frente em busca do equilíbrio financeiro". Ele também destacou que pretende

corrigir as distorções previdenciárias do Estado aportando - no mínimo - R$ 200 milhões para o caixa do Funape.

Os novos controladores da Celpe pagarão os R$ 1,78 bilhão em três parcelas. Desembolsada a primeira parte na

próxima semana, eles terão seis meses para honrar a segunda parcela, de 30%, e mais seis meses para pagar os

outros 30%. Para liquidar a operação, o consórcio vencedor poderia tomar um empréstimo de 50% do valor da

venda junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ontem, o presidente da Previ,

Luiz Tarquinio Sardinha, adiantou que o consórcio não vai recorrer ao financiamento.

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Iberdrola vai investir R$ 300 mi em térmica

Empresa planeja aplicar outros R$ 400 mi em linhas de transmissão

RIO - Os novos donos da energética pernambucana já têm traçado o plano de investimentos na Celpe. Os R$ 790

milhões anunciados ontem serão aplicados da seguinte forma: nos próximos cinco anos, R$ 400 milhões serão

empregados na extensão de linhas de transmissão de energia elétrica, R$ 90 milhões serão destinados à

modernização da empresa e R$ 300 milhões serão utilizados na implantação de usina termelétrica.

Os aportes financeiros serão realizados pela Guaraniana, holding formada pelo consórcio que arrematou a

distribuidora de energia de Pernambuco. Para cumprir o programa de investimentos, eles deverão contar com

financiamentos do BNDES. Grande parte dos investimentos será realizada não apenas pela necessidade de a Celpe

privada aumentar sua participação de mercado como também em função de obrigações contratuais.

A Celpe atualmente tem 79,1 mil quilômetros de linhas de distribuição. Pernambuco hoje tem 70% de sua área rural

eletrificada. É o maior índice do Nordeste. Os novos controladores da Celpe terão de investir 2% da receita líquida

até 2005 para levar eletricidade às propriedades rurais. Hoje, são 110 mil propriedades no Estado que não contam

com os serviços da Celpe.

Os investimentos na construção de uma usina termelétrica também são contratuais. Caso não implante uma térmica

em Pernambuco até dezembro de 2002, a holding Guaraniana pagará uma multa de R$ 40 milhões. "Temos o

interesse de aumentar nossa participação no mercado do Nordeste", disse o diretor geral da Iberdrola, o espanhol

Eduardo López, sinalizando que a empresa realmente vai implantar a usina. Sobre possíveis demissões na Celpe,

López afirmou que a cultura da Iberdrola nunca foi baseada em "demissões traumáticas".

A energética pernambucana tem hoje 3.077 funcionários. Destes, quinhentos estão saindo da empresa através de um

Plano de Demissão Incentivada (PDV). Segundo ele, ainda não há nomes definidos para a direção da Celpe. Mas já

é certo que a presidência da ex-estatal será ocupada por alguém indicado pela Iberdrola. O comandodo conselho de

administração ficará com algum executivo da Previ. Os nomes só serão conhecidos na próxima quarta-feira, quando

a Celpe realiza uma assembléia geral extraordinária. (S.M)

Coletiva esquenta com discussão

Na falta de manifestações políticas e disputas entre consórcios, um bate-boca inusitado e nervoso roubou cena da

privatização da Celpe. Durante a coletiva com o Governo de Pernambuco, dezenas de jornalistas brasileiros e

espanhóis questionavam os entrevistados quando o repórter da TV Bandeirantes Fábio Panuzzio perguntou ao

presidente do BNDES sobre a tentativa frustrada do ex-governador Miguel Arraes de vender a Celpe em 98. Durante

sua pergunta, o jornalista lembrou que, naquela época, antes da maxidesvalorização do real, a Celpe era estimada em

US$ 2 bilhões enquanto que ontem, seu valor correspondeu a cerca de US$ 1 bilhão.

Assim que o repórter concluiu a pergunta, o vice-governador Mendonça Filho pediu para responder. Visivelmente

exaltado, Mendonça Filho disparou logo de início: "Considero uma falta de ética utilizar o poderio da mídia para

enganar a opinião pública". Ninguém entendeu nada e o vice continuou: "A TV Bandeirantes teve seu interesse

contrariado porque não conseguiu assinar um contratocom o Governo de Pernambuco. Vocês têm a mídia para

entrar na casa das pessoas, mas eu não tenho o rabo preso", falou em voz alta, socando a mesa e com os olhos

esbugalhados. O repórter retrucou: "O senhor não está habituado a ser criticado". Durante o bate-boca, Mendonça

Filho não foi claro, mas conseguiu despertar a curiosidade de todos os presentes.

Desde setembro de 1999 a TV Bandeirantes negociava com a Celpe o aluguel de seus postes para instalação de

fibras óticas que seriam utilizadas nas transmissões de uma TV a cabo. A Bandeirantes solicitava que o preço

cobrado fosse o praticado no mercado. No entanto, os entendimentos não prosperaram, apesar da intensificação das

negociações nas duas semanas que antecederam o leilão da empresa. (S.M)

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Iberdrola passa a ter 33% do mercado

Legislação limita percentual a 35%, o que frustra maior possibilidade de investimentos no Nordeste

RIO - Ao arrematar a Celpe, a holding Guaraniana (liderada pela Iberdrola) praticamente encerrará sua participação

de energia elétrica no Nordeste. Isso porque a legislação do setor elétrico brasileiro limita a participação de um

grupo empresarial neste setor a no máximo 35% do mercado. Contando com a Celpe, a Iberdrola atingirá 33,5%. A

multinacional espanhola controla hoje a Cosern, do Rio Grande do Norte, e Coelba, da Bahia. Ao limitar a

participação de uma empresa no mercado regional, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) quer evitar o

monopólio do mercado.

Desde que a Iberdrola anunciou seu interesse na Celpe, uma preocupação tomou conta de vários setores de

Pernambuco. A questão era: será que Pernambuco se tornará apenas uma espécie de filial da Coelba? Ontem, o

diretor geral da Iberdrola negou esta possibilidade e disse que a filosofia da empresa é realizar suas operações onde

houver maior eficiência. Questionado sobre onde seria o centro de decisões do grupo Iberdrola no Nordeste,

Eduardo López fez mistério: "Do ponto de vista geográfico, Pernambuco fica mais no centro, mas por outros

aspectos talvez seja Salvador o mais adequado".

Eduardo López fez questão de ressaltar a economia de escala como uma vantagem comparativa da Iberdrola.

"Quando você compra uma coisa em larga escala, compra mais barato". Ele se refere aos negócios que a partir de

agora serão realizados em conjunto pelas três distribuidoras nordestinas.

UTILICORP - Esta vantagem comparativa, inclusive, foi um dos fatores apontados ontem para justificar a saída da

norte-americana UtiliCorp na reta final do processo. Segundo o presidente do BNDES, Andrea Calabi, às vezes,

potenciais investidores percebem que não terão vantagem no processo de competição. Ele também destacou outro

fator: "Muitas vezes, investidores estrangeiros se mobilizam para participar de negócios em outros lugares do

mundo". A UtiliCorp não tem participação em nenhum negócio no Brasil.

A Iberdrola está presente em sete países da América Latina e participa dagestão de 30 empresas na América do Sul.

Tem cerca de 15 milhões de clientes fora da Espanha. No Brasil, participa das distribuidoras de gás Riogás e CEG,

ambas do Rio de Janeiro, e da empresa de telefonia fixa CRT, do Rio Grande do Sul. É uma das donas da Tele Leste

Celular (companhia de telefonia móvel da Bahia). (S.M. e C.L.)

Ações valorizam 3.49%

Catarina Lucrécia Da equipe do DIARIO

A venda da Celpe deixou os pequenos acionistas eufóricos. As ações da companhia foram negociadas, ontem, na

Bolsa de Valores de São Paulo com uma alta de 3.49% em relação a quarta-feira. O lote de mil ações foi vendido R$

8,90, contra os R$ 8,60 do dia anterior. À tarde, chegou a oscilar até R$ 9,00 com valorização de 4.65%. A alta das

ações é atribuída às declarações dos novos controladores da energética - a Iberdrola - , após o leilão, de que a

empresa fará uma oferta de compra dos papéis da companhia que ainda estão nas mãos dos investidores

minoritários. Isso significa 7 bilhões, 941 milhões e 108 mil ações, equivalente a 11% do volume total. A Iberdrola

tenta, dessa forma, fechar o capital, sinaliza investimento na empresa e um retorno ao mercado com ações mais

valorizadas.

Se a Iberdrola adotar o mesmo sistema para atrair os papéis aplicado na Coelba, da Bahia, quando o preço das ações

foi calculado com base no valor patrimonial, os acionistas da Celpe devem sair lucrando. Melhor não vender

agora.Elas podem até se valorizar mais ainda.

Page 8: Dp   privatização

Fernando Bastos, proprietário da corretora Codepe, do Rio de Janeiro, faz as contas. O lote de mil ações, segundo

ele, deverá ser negociado por R$ 9,60. Uma cotação até melhor do que a registrada ontem. Mantido esse preço, a

Iberdrola terá que desembolsar R$ 76 milhões para se tornar dona absoluta da Celpe. Muito pouco, na avaliação de

Bastos, para a empresa que pagou ontem R$ 31,40 pelo lote de mil ações pelo controle da Celpe.

Se os acionistas derem um pouquinho mais de sorte, a Iberdrola pode até resolver pagar um prêmio para evitar

indecisões. E no lugar de pagar R$ 9,60 pelo lote, pode desembolsar até R$ 12,00. O ágio que a empresa deixou de

pagar ao Governo de Pernambuco - por ser o único concorrente - pode ser usado, em parte, para deixar os

minoritários satisfeitos.

A Iberdrola levou dois anos para lançar sua oferta para os acionistas da Coelba. A contar da privatização, em 1997.

A expectativa, no caso da Celpe, é que não demore tanto. Os funcionários daCelpe que estão se inscrevendo para

comprar ações têm outra alternativa. Recorrer às antecipações que estão sendo oferecidas pelos clubes de

investimentos.

Grupo é alvo de críticas

A Iberdrola, que lidera o consórcio que arrematou a Celpe - é alvo de críticas no Rio Grande do Norte, onde controla

a Cosern, e também na Bahia, onde detém o controle da Coelba. O Sindicato dos Eletricitários, tanto de um quanto

de outro estado, avalia que houve queda da qualidade do serviço no período pós privatização. Reflexo de demissões

e, principalmente, da terceirização de serviços.

A Coelba, vendida por R$ 1,7 bilhão no dia 31 julho de 1997, saiu do vermelho depois que passou para as mãos da

iniciativa privada. Saltou de um débito de R$ 250 milhões, para um situação superavitária de R$ 192 milhões no

final de 1998. Um resultado importante. Ainda assim, os espanhóis permanecem na mira dos sindicalista. E também

dos consumidores. Neste caso, por um motivo compreensível. O reajuste de tarifas.

O consumidor baiano, segundo o sindicato, amargou um reajuste médio de 35% na conta de energia desde o período

da privatização até agora. O último, de 11%, foi anunciado em junho do ano passado.

No Rio Grande do Norte, a lamentação se repete: reajuste tarifário, segundo o sindicato, de 30% desde a época da

privatização, em novembro de 1997, até agora.

A Iberdrola também encontrou antipatia ao combater o roubo de energia, nas operações para erradicar as ligações

clandestina. Mas foi principalmente graças a isso que conseguiu elevar o número de usuários na Bahia, de 2,1

milhões para 2,5 milhões. Em Pernambuco, ninguém espere que haverá tolerância. Na conta de empresário, afinal,

não há lugar para prejuízo. (C.L.)

Sindicato está pessimista

Enxugamento e desemprego. Essa é a expectativa do Sindicato dos Urbanitários para o destino dos funcionários da

Celpe após a compra da estatal pela Iberdrola. Tem razão de ser. A política da empresa espanhola à frente das

companhias energéticas da Bahia (Coelba) e do Rio Grande do Norte (Cosern) após a privatização foi de redução de

quadros. Os sindicalistas acham que com a Celpe pode ser ainda pior. A Iberdrola poderá optar por ter uma estrutura

enxuta aqui. Com a justificativa de que já está instalada em outros Estados nordestinos.

É por isso que os sindicalistas temem pela demissão dos funcionários. Hoje a Celpe tem um quadro com 3.070

eletricitários. Pelos cálculos feitos pelo vice-presidente do Sindicato dos Urbanitários, André Ricardo Monteiro,

deve ser reduzido para 1.100 empregados nos próximos dois anos. Ele se baseia na política adotada pela Iberdrola na

Coelba e na Cosern. A proporção é de 1 empregado para 1.000 clientes.

Page 9: Dp   privatização

A Coelba tinha 7.000 empregados antes da privatização e hoje opera com3.400. Enquanto a Cosern foi comprada

com 2.100 funcionários e hoje só possui 800. Pelas contas dos sindicalistas, como a Celpe tem 3.070 eletricitários e

possui hoje 1,9 milhão de clientes, deverá demitir cerca de 1.970 até o final de 2002.

Outra preocupação dos urbanitários é com a qualidade dos serviços prestados à população. Explicando melhor. Ao

reduzir quadros a Iberdrola diminui o número de técnicos para as áreas essenciais de atendimento. André Monteiro

prevê maior número de interrupções do fornecimento de energia elétrica e tempo maior para atendimento à

população.

Ele cobra do Governo do Estado o funcionamento da agência reguladora para o setor de energia elétrica. Um órgão

que fiscalize a atuação da empresa privada na gerência do serviço. Argumenta que o modelo de agência proposto

engloba todos os serviços públicos que vão ser privatizados. "Desse jeito a agência vai ser capenga". Isso porque a

agência que será criada vai fiscalizar os serviços de energia elétrica e água.

A preocupação dos sindicalistas com a prestação dos serviços à população reflete o que vem ocorrendo com as

empresas estatais que passam à iniciativa privada. Exemplos não faltam dos apagões no Rio de Janeiro e na Bahia.

(R.F.)

Ex-governadores avaliam venda

Rosa Falcão Da equipe do DIARIO

Eles tiveram a chance de vender a Celpe e não conseguiram por contingências políticas. Hoje consumada a

privatização da estatal, o ex-governador Joaquim Francisco, aliado do governador Jarbas Vasconcelos, vê com bons

olhos os recursos da Celpe e aposta na retomada do desenvolvimento do Estado. Enquanto o ex-governador Miguel

Arraes, principal opositor ao Governo, acha que o Estado perdeu US$ 1 bilhão. Isso porque a Celpe deixou de ser

vendida em 98 e não houve competição no leilão.

Arraes acha que em 98 as condições eram mais favoráveis. Cita a paridade do real frente ao dólar, puxando o preço

da estatal para US$ 2,1 bilhões. Com a desvalorização cambial, o real caiu para metade do dólar, o que representou

uma redução no preço final da empresa de cerca de US$ 1 bilhão. Indaga porque o preço mínimo avaliado pelo

BNDES para a venda em 98 era superior em mais de R$ 300 milhões do que o valor fixado agora. Acha que após

vender o maior patrimônio, Pernambuco fica sem outra opção de financiamento dos seus projetos estratégicos, e

dependente da União, "historicamente tão madrasta dos pernambucanos".

Mesmo em lados opostos, em pelo menos um ponto os dois - Arraes e Joaquim - convergem. Joaquim concorda que

o preço da venda da Celpe não foi o ideal. Ele apostava num ágio de até 20%. Mas acredita que o processo foi legal,

a concorrência estável, e que o Governo fez "um negócio razoável". Isso porque apenas uma empresa disputou o

leilão. Mas acha que o adiamento da venda traria maiores prejuízos para o Estado. Joaquim acha que a venda da

Celpe é um "divisor de águas" para Pernambuco do ponto de vista econômico e político.

Não é o que pensa o deputado federal Eduardo Campos, neto de Arraes. Ele propôs o adiamento do leilão por falta

de concorrência. Acha que faltou bom senso e responsabilidade ao governador Jarbas Vasconcelos. E que o processo

de privatização não está esgotado, pois há a suspeita de uma composição entre a Iberdrola e a UtiliCorp. Na mesma

linha vai o deputado federal Fernando Ferro (PT), que está propondo uma auditoria do Tribunal de Contas da União

(TCU) para esclarecer a saída do grupo norte-americano do leilão.

O senador José Jorge (PFL), aliado de Jarbas, rebate as acusações da oposição. "O leilão foi feito de forma explícita

e legal". Ele desafiou a oposição apresentar provas da falta de lisura no processo. Quanto as acusações da oposição

de que os recursos serão utilizados com fins eleitorais, o senador rebate: "Eles estão preocupados que o Governo

faça com o dinheiro o mesmo que eles fizeram com os precatórios".

Page 10: Dp   privatização

Atenção voltada aos recursos

Terminada a batalha da venda da Celpe os olhos de Pernambuco se voltam agora para os recursos da privatização.

Uma bagatela de R$ 1,78 bilhão que entra no cofre do Tesouro estadual. O difícil será controlar a chave do cofre. O

próprio governador Jarbas Vasconcelos já admitiu uma vez que "é uma tentação". Por isso vai separar os recursos da

privatização. O formato de um fundo de desenvolvimento foi sugerido pelos economistas do Pacto 21. Um conselho

criado pelo Governo que reúne os vários segmentos sociais e econômicos. Há algumas prioridades do governador

para aplicação dos recursos, mas os conselheiros do pacto estão encaminhando suas propostas.

Como os representantes do setor de informática, que sugerem o estímulo ao financiamento de grandes empresas que

consolidem o pólo de informática. Ou seja, utilizar parte dos recursos da Celpe para criar parcerias com investidores

privados e atrair capital de risco para as empresas de tecnologia do Estado. Uma forma de garantir que os doutores

em informática fiquem em Pernambuco. Muitos emigram para os Estados Unidos por falta de mercado. Essa é a

opinião do professor Sílvio Meira, diretor do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar).

O economista Josué Mussalém, que também integra o grupo de notáveis do Pacto 21, acha importante a aplicação de

recursos no Fundo de Aposentadoria de Pernambuco (Funape). São R$ 200 milhões que vão financiar a previdência

estadual do futuro. Com o fundo o dinheiro será aplicado financeiramente. Já o restante dos recursos serão

multiplicados com o fundo de desenvolvimento. "O Governo vai alavancar contrapartidas para novos

investimentos".

Para o presidente do Conselho Nacional do Sebrae, Pio Guerra, foi correto o governador destinar recursos para

sanear a previdência estadual através do Funape. "Preserva a governabilidade do Estado". Afinal de contas é uma

das metas do ajuste fiscal. Ele considera transparente a atitude do Governo, que vai criar uma conta específica para

os recursos da Celpe.

Já o diretor do Grupo Votorantim, Eduardo Maciel, acha importante o Governo destinar os recursos para os projetos

estruturais do Estado. (R.F.)

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19 de fevereiro de 2000

ECONOMIA

Bancos disputam dinheiro da Celpe

Jarbas Vasconcelos deve decidir esta semana onde vai colocar os recursos provenientes da venda da estatal

Rosa Falcão Da equipe do DIARIO

A guerra dos bancos para administrar os recursos da privatização da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe)

vai esquentar na próxima semana. Prazo para o governador Jarbas Vasconcelos "bater o martelo", decidindo onde

vai colocar o dinheiro da venda da estatal. A maioria dos bancos já enviou proposta à Secretaria da Fazenda,

oferecendo taxas de remuneração para a aplicação. Como se trata de um volume alto, R$ 1,33 bilhão - descontadas

as antecipações -, a expectativa do mercado é de que o Governo Estadual pulverize a aplicação em quatro ou cinco

bancos. Daí a disputa pela maior fatia dos recursos.

O secretário da Fazenda Jorge Jatobá está em linha direta com os bancos. Sondando as melhores propostas. Vai

levar em consideração três condições básicas: segurança, liquidez e rentabilidade. Quem ainda não se colocou na

disputa não deve perder tempo. Jatobá espera levar as alternativas ao governador na próxima semana. Até porque a

primeira parcela de 40% da venda da Celpe deve ser depositado pela Iberdrola até a próxima quarta-feira. O

restante, 60%, será dividido em duas parcelas de 30% e pagos de seis em seis meses.

Na guerra para atrair os recursos da Celpe estão envolvidos bancos públicos e privados, grandes e pequenos. A

maioria deles partiu na frente. Desde a época de fixação do preço mínimo da estatal. Segundo informações do

mercado, o Governo Estadual já sinalizou a opção de colocar mais de um banco para administrar o dinheiro. A

lógica é simples. Como se trata de uma quantia elevada, o risco da centralização da aplicação é alto. Se por acaso a

instituição financeira quebrar, o Governo fica no prejuízo.

Além de avaliar a segurança da aplicação, outro fator determinante na escolha das instituições financeiras é a taxa de

administração cobrada por cada banco. Ou seja, quanto o Governo vai gastar para administrar o dinheiro da Celpe.

Essa taxa poderá variar de 0,5% a 1% ao ano. Já a rentabilidade do fundo não deverá ultrapassar uma taxa de 15%

ao ano.

Os analistas de mercado recomendam nesse caso, quea aplicação não deverá ter muita agressividade. Isso porque se

trata de um fundo de investimento e não deve ser exposto aos riscos. Por isso a taxa de remuneração deverá ser

moderada. Como a taxa de administração é relativamente baixa, a rentabilidade do investimento deverá cobrir muito

bem os custos.

Funape terá R$ 200 milhões

Parte do dinheiro da Celpe que vai ser colocado no Fundo de Aposentadoria e Pensão de Pernambuco (Funape)

também está assanhando os bancos públicos e privados. Não é para menos. O governador Jarbas Vasconcelos já

decidiu que vai destinar R$ 200 milhões para capitalizar o fundo previdenciário. Cerca da 18 instituições financeiras

já fizeram proposta ao Governo para gerenciar os recursos do Funape. Entre eles estão no páreo: Caixa Econômica

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Federal, Banco do Brasil e ABN Amro Bank. A tendência é pulverizar a aplicação dos recursos, para ter melhor

remuneração e diminuir os riscos.

Nesse caso, a lei complementar nº 28, que rege os novos regimes previdenciários dos estados e municípios, exige

uma licitação para a escolha do gestor financeiro dos fundos de previdência. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) está

cuidando dos preparativos da licitação. Mas o secretário de Administração e Reforma do Estado, Maurício Romão,

já está em contato com as instituições financeiras estudando as propostas. Na próxima terça-feira Romão recebe

representantes da BB Previdência, do Banco do Brasil.

Eles tem experiência no Amapá e estão em negociação para gerir os fundos de aposentadorias de mais 7 Estados.

Em Pernambuco, a BB Previdência está fazendo a modelagem dos fundos previdenciários de Olinda e Jaboatão.

"Nosso preço é bastante competitivo porque esse é o nosso negócio", disse Ivan Diniz, presidente do BB

Previdência. Ele não revela as taxas de administração que vão ser negociadas com o Governo Estadual. Segue a

máxima de que "o segredo é a alma do negócio".

Mas a Caixa Econômica Federal partiu na frente do BB. Desde o início do ano passado que sinalizou ao Governo o

interesse de administrar o Funape (passivo) e o Funafin (ativo). Segundo Aubiergio Barros, gerente de mercado da

CEF no Recife, foi apresentado um modelo de gestão para Pernambuco, levando em consideração a radiografia das

contas públicas do Estado.

A CEF cobra uma taxa de administração que varia entre 0,5% e 5% ao ano. Atualmente a CEF administra os fundos

de previdência dos estados de Sergipe e Rio Grande do Sul e do município do Cabo. O ABN foi procurado para falar

sobre o assunto, mas até o fechamento da edição a Assessoria de Comunicação não retornou o contato.

Na próxima segunda-feira a Comissão de Desestatização se reúne com o vice-governador Mendonça Filho para

definir o cronograma de implantação do Funape. Condição fundamental para os fundos previdenciários saírem do

papel e passarem a existir de fato. (R.F.)