9
 PRO ESSO IVIL 10 A Sentença e a Coisa Julgada A Sentença Noções Gerais Conceito: A sentença é o ato final do processo, pelo qual o juiz dá cumprimento à obrigação jurisdicional do Estado. A sentença definitiva resolve a lide. Requisitos da Sentença: O art. 458 do Código de Processo Civil traz os requisitos essenciais da sentença: a) relatório: é a expos ição, que o juiz faz, de tod os os fatos e razões de direito que as partes alegaram, e da história relevante do processo;  b) motivação: consideração das questões suscitadas e fundamentação da convicção em face do material de conhecimento encontrado antes, durante e depois da instrução; c) dispositivo: é a conclusão, em que o juiz enfatiza sua decisão.  Art. 458. São requisitos essenciais da sentença:  I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;  II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;  III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes Ihe submeterem. ! Sentença nula: é a sentença que não tem relatório, fundamentação e dispositivo. www.concursosjuridicos.com.br pág. 1 !  Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.

DPC 10 - A Sentença e a Coisa Julgada

Embed Size (px)

Citation preview

5/11/2018 DPC 10 - A Sentença e a Coisa Julgada - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/dpc-10-a-sentenca-e-a-coisa-julgada 1/8

 

PROCESSO CIVIL

10 A Sentença e

a Coisa Julgada

A Sentença

Noções Gerais

Conceito:A sentença é o ato final do processo, pelo qual o juiz dá cumprimento à obrigação jurisdicional doEstado. A sentença definitiva resolve a lide.

Requisitos da Sentença:O art. 458 do Código de Processo Civil traz os requisitos essenciais da sentença:

a) relatório: é a exposição, que o juiz faz, de todos os fatos e razões de direito que as partesalegaram, e da história relevante do processo;

 b) motivação: consideração das questões suscitadas e fundamentação da convicção em face domaterial de conhecimento encontrado antes, durante e depois da instrução;

c) dispositivo: é a conclusão, em que o juiz enfatiza sua decisão.

 Art. 458. São requisitos essenciais da sentença:

 I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem

como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;

 II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;

 III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes Ihe submeterem.

! Sentença nula: é a sentença que não tem relatório, fundamentação e dispositivo. 

www.concursosjuridicos.com.br  pág. 1 

 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.

5/11/2018 DPC 10 - A Sentença e a Coisa Julgada - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/dpc-10-a-sentenca-e-a-coisa-julgada 2/8

 

Espécies e Efeitos da Sentença

Noções Iniciais:A sentença pode ser:

a) terminativa: extingue o processo sem julgamento do mérito e pode ser mais concisa (art.459);

 b) definitiva (ou de mérito): extingue o processo com julgamento do mérito.

 Art. 459. O juiz proferirá a sentença, acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, o pedido  formulado pelo autor. Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito, o juizdecidirá em forma concisa.

  Parágrafo único. Quando o autor tiver formulado pedido certo, é vedado ao juiz proferir  sentença ilíquida.

Extinção do Processo Sem Julgamento de Mérito:Extingue-se o processo sem julgamento de mérito no caso de:

a) indeferimento da petição inicial;  b) abandono do processo;c) falta de pressuposto processual ou condição da ação;d) desistência;e) outro fato que por lei acarrete essa conseqüência (art. 267).

Extinção do Processo Com Julgamento de Mérito:O processo se extingue com julgamento do mérito quando a sentença acolher ou rejeitar o pedido doautor, pronunciar a decadência ou a prescrição, as partes transigirem, o réu reconhecer a procedênciado pedido ou o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação (art. 269). As sentençasdefinitivas ou de mérito, conforme as ações em que são proferidas, podem ser meramente

declaratórias, condenatórias ou constitutivas.

1) Sentenças Meramente Declaratórias: São aquelas que simplesmente declaram a existência ou inexistência de uma relação jurídica, ou,excepcionalmente, da autenticidade ou falsidade de documento. Funda-se no art. 4º do Código deProcesso Civil. O efeito dessa sentença é meramente declaratório, satisfazendo dessa forma, a

 pretensão do autor e retroage à época em que se formou a relação jurídica, ou em que se verificou asituação jurídica declarada. É, pois, efeito ex tunc.

2) Sentenças Condenatórias: São as que, além de declarar o direito, impõe também ao réu uma obrigação, como a condenação ao

 pagamento de uma indenização por perdas e danos.

3) Sentenças Constitutivas: São as que, além de declarar o direito, criam, modificam ou extinguem uma relação jurídica, como narenovatória de aluguel ou no divórcio.

Sentença Conforme a Natureza do Pedido:A sentença não pode decidir:

a) além do que foi pedido (“ultra petita”); b) aquém do que foi pedido (“infra ou citra petita”);c) fora da questão proposta na inicial (“extra petita”).

www.concursosjuridicos.com.br  pág. 2 

 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.

5/11/2018 DPC 10 - A Sentença e a Coisa Julgada - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/dpc-10-a-sentenca-e-a-coisa-julgada 3/8

 

  Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida,bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que Ihe foidemandado.

 Parágrafo único. A sentença deve ser certa, ainda quando decida relação jurídica condicional.

Obrigações de Fazer e Não Fazer:

 Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juizconcederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

 § 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou seimpossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente

 § 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287)

 § 3o

Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia,citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, emdecisão fundamentada.

 § 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária aoréu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.

 § 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente,  poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como aimposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas,desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força

 policial.

!  O § 5º foi introduzido pela Lei 10.444/2002 que incluiu a possibilidade de o juiz impor de ofício ou a requerimento do credor, multa por tempo de atraso o que não constavado dispositivo anterior. A mesma Lei acrescentou o § 6º.

 §6º - O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.

  Art. 461-A – Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz ao conceder a tutelaespecífica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.

  § 1º - Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor aindividualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, este aentregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.

  § 2º - Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ouimóvel.

 § 3º - Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1º a 6º do art. 461.

www.concursosjuridicos.com.br  pág. 3 

 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.

5/11/2018 DPC 10 - A Sentença e a Coisa Julgada - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/dpc-10-a-sentenca-e-a-coisa-julgada 4/8

 

Influência no Julgamento da Lide:

 Art. 462. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivodo direito influir no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou arequerimento da parte, no momento de proferir a sentença.

Publicação e Alteração:A sentença, como os atos processuais em geral, é ato público. Deverá ser dada à publicidade por meio da publicação. Enquanto não publicada não produzirá os efeitos que lhe são próprios. Depois da

 publicação da sentença, o juiz não pode mais alterá-la, salvo no caso de inexatidões materiais ou errode cálculo. Também poderá haver alteração no caso de embargos de declaração, oferecidos por umadas partes, para esclarecer obscuridade, dúvida ou contradição, ou quando foi omitido ponto sobreque deveria pronunciar-se a sentença.

  Art. 463. Ao publicar a sentença de mérito, o juiz cumpre e acaba o ofício jurisdicional, só podendo alterá-la:

 I - para Ihe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou Ihe retificar erros de cálculo;

 II - por meio de embargos de declaração.

Título de Hipoteca Judiciária:

  Art. 466. A sentença que condenar o réu no pagamento de uma prestação, consistente emdinheiro ou em coisa, valerá como título constitutivo de hipoteca judiciária, cuja inscrição seráordenada pelo juiz na forma prescrita na Lei de Registros Públicos.

 Parágrafo único. A sentença condenatória produz a hipoteca judiciária:

 I - embora a condenação seja genérica;

 II - pendente arresto de bens do devedor;

 III - ainda quando o credor possa promover a execução provisória da sentença. 

A Coisa Julgada

Noções Gerais

Conceito:Coisa julgada é a qualidade que a sentença adquire, de ser imutável, depois que dela não couber maisrecurso (art. 5°, XXXVI, Constituição Federal; art. 6°, § 3°, LICC). A coisa julgada pode ser formalou material.

www.concursosjuridicos.com.br  pág. 4 

 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.

5/11/2018 DPC 10 - A Sentença e a Coisa Julgada - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/dpc-10-a-sentenca-e-a-coisa-julgada 5/8

 

  Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário.

Coisa Julgada Formal:

A coisa julgada formal consiste no fenômeno da imutabilidade da sentença pela preclusão dos prazos para recursos.

Coisa Julgada Material:Coisa julgada material é a eficácia, que torna a sentença de mérito imutável e indiscutível, não maissujeita a recurso ordinário ou extraordinário. Alcança a parte dispositiva da sentença. A coisa julgadamaterial projeta sua força para o exterior do processo em que foi proferida a sentença de mérito,

 proibindo que a matéria já julgada seja novamente discutida em outros processos, por já se achar aquestão julgada em definitivo.

  Na extinção do processo sem julgamento do mérito, há coisa julgada formal e nãomaterial, vez que, dentro do processo, não havendo mais recurso, a sentença se tornainalterável, podendo todavia, a questão ser reaberta em outro processo.

 Art. 468. A sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limites da lidee das questões decididas.

Partes da Sentença que Não Fazem Coisa Julgada: Não fazem coisa julgada (art. 469):

a) a motivação ou a fundamentação da sentença de mérito (a parte dispositiva faz); b) a apreciação de questão prejudicial salvo no caso de declaratória incidental (art. 469 e 470).

Sentenças que Não Fazem Coisa Julgada:

Salvo as sentenças definitivas, ou de mérito, os demais atos decisórios, mesmo classificados comosentença, não produzem coisa julgada, tais como:

a) sentenças terminativas: as sentenças que extinguem o processo sem julgamento do mérito; b) as sentenças proferidas em processo de jurisdição voluntária ou graciosa;c) as sentenças proferidas em processo cautelar;d) as decisões interlocutórias;e) os despachos de mero expediente.

 Art. 469. Não fazem coisa julgada:

 I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença;

 II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;

 III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo.

 Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte o requerer (arts. 5o e 325), o juiz for competente em razão da matéria e constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide.

 Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo:

 

www.concursosjuridicos.com.br  pág. 5 

 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.

5/11/2018 DPC 10 - A Sentença e a Coisa Julgada - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/dpc-10-a-sentenca-e-a-coisa-julgada 6/8

 

  I - se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato oude direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;

 II - nos demais casos prescritos em lei.

 Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgadaem relação a terceiros.

 Art. 473. É defeso à parte discutir, no curso do processo, as questões já decididas, a cujorespeito se operou a preclusão.

 Art. 474. Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e repelidas todasas alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do pedido. 

www.concursosjuridicos.com.br  pág. 6 

 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.

5/11/2018 DPC 10 - A Sentença e a Coisa Julgada - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/dpc-10-a-sentenca-e-a-coisa-julgada 7/8

 

 

Questões de Concursos

01 - (Ministério Público/SP – 82) A sentença que julga improcedente a demanda é( ) a) mandamental.( ) b) constitutiva.( ) c) condenatória.( ) d) declaratória negativa.( ) e) constitutiva negativa.

02 - (Ministério Público/SP – 82) A sentença que julga improcedente a demanda é( ) a) A coisa julgada material atinge toda a sentença.( ) b) Somente a parte dispositiva da sentença é alcançada pela coisa julgada material.( ) c) A fundamentação, requisito essencial, por sua relevância à determinação do

dispositivo da sentença, também se recobre da qualidade da res judicata.( ) d) A qualidade da coisa julgada alcança todas as questões prejudiciais decididas

incidentalmente no processo.( ) e) A verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença, faz coisa julgada.

www.concursosjuridicos.com.br  pág. 7 

 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.

5/11/2018 DPC 10 - A Sentença e a Coisa Julgada - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/dpc-10-a-sentenca-e-a-coisa-julgada 8/8

 

 

Gabarito

01.D 02.B 

Bibliografia

• Primeiras Linhas de Direito Processual Civil

Santos, Moacyr AmaralEditora Saraiva

• Resumo de Processo Civil

Maximilianus Cláudio Américo Führer Malheiros

• A Nova Reforma Processual

Flávio Cheim Jorge, Fredie Didier Jr., Marcelo Abelha RodriguesEditora Saraiva, 2002

www.concursosjuridicos.com.br  pág. 8 

 Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.