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 DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA ANO LECTIVO 2007-2008 RITA RESENDE SOARES 1/50

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DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA 

ANO LECTIVO 2007-2008

RITA RESENDE SOARES

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1. GÉNESE DAS COMUNIDADES EUROPEIAS E DA UNIÃO EUROPEIA.

Devido à evidente fragilidade dos Estados europeus após as duas guerras mundiais e

à necessidade de defenderem uma "sociedade aberta" do ataque dos seus inimigos

(o poder militar alemão e, principalmente, o soviético), os Estados ocidentais

organizaram-se de modo a poderem fazer face aos desafios de uma reconstrução

económica, social, política, militar…

- assim, da necessidade de uma atmosfera de refundação das estruturas

políticas e económicas europeias surgiu a Declaração de Schuman de 1950

que propunha colocar o conjunto da produção franco-alemã do carvão e doaço (fundamental para qualquer futuro esforço de guerra ou prossecução de

objectivos económicos) sob o controlo de uma Alta Autoridade comum, numa

organização aberta à participação de outros países da Europa.

- a ideia solucionava várias das questões com que a Europa se defrontava pois

reorganizava a siderurgia europeia, estabelecia uma cooperação que evitava

o reacender de novos conflitos, e coloca a cooperação num nível para lá do

das fórmulas tradicionais → resolviam-se assim os problemas económicos,

 políticos e de unificação europeia, respectivamente.- a proposta teve um eco imediato e favorável nas capitais europeias: estava

posto em engrenagem o movimento de unificação e integração europeia.

 

ADESÃO PAÍS OU ESTADO-MEMBRO DESIGNAÇÃO

1973 Reino Unido, Dinamarca e Irlanda“Europa dos

9”

1981 Grécia“Europa dos

10”

1986 Espanha e Portugal“Europa dos

12”

1995 Suécia, Áustria e Finlândia“Europa dos

15”

2004

2 Estados mediterrâneos: Malta e Chipre

8 Estados do Leste Europeu: República Checa,

Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Letónia, Lituânia, Hungria

e Polónia

“Europa dos

25”

2007 Bulgária e Roménia

“Europa dos

27”

2. DOS TRATADOS ORIGINAIS AO TRATADO DE NICE.

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INTRODUÇÃO – PROCESSO DE INTEGRAÇÃO EUROPEIA

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1) PERÍODO DE IMPLANTAÇÃO --------------------------------------------------------------------------------

O Tratado de Paris de 1951/52 teve uma vigência de 50 anos e foi um tratado-regra –

regulava detalhadamente um certo sector da actividade económica, neste caso o

carvão e o aço:

- instituiu a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço – CECA, com o intuito

de superar as crises políticas e económicas derivadas das guerras e a criar

uma identidade europeia.

- os países signatários foram: Bélgica, Holanda, Luxemburgo (BENELUX)

França, Itália, Alemanha.

Os   Tratados de Roma 1957/58 eram dois tratados-quadro – regulavam certos

aspectos detalhadamente e para outros assentavam apenas princípios fundamentais:

- o primeiro deles um tratado sectorial (visava apenas o sector da economia

relacionado com a energia atómica) e instituía a Comunidade Europeia da

Energia Atómica – CEEA ou EURATOM.

- o segundo era um tratado geral (visava o âmbito geral da economia

europeia) e instituía a Comunidade Económica Europeia – CEE, apenas CE

desde 92, fundando o Mercado Comum e a União Aduaneira.

2) PERÍODO DE ALARGAMENTO, APROFUNDAMENTO E ACABAMENTO -----------------------------

Alargamentos: em 1973 – RU, Irlanda, Dinamarca; em 1981 – Grécia; em 1986 –

Portugal e Espanha.

3) PERÍODO DE SEDIMENTAÇÃO -----------------------------------------------------------------------------

 

O Acto Único Europeu de 1986 foi a primeira reforma global e unitária dos Tratados

comunitários: 1) inseriu modificações nos tratados ao nível dos procedimentos dedecisão e do plano institucional, 2) criou novas políticas comunitárias,

nomeadamente nos domínios do ambiente e investigação tecnológica.

4) PERÍODO DE EVOLUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------------

O Tratado de Maastricht ou da União Europeia de 1992/93 veio alterar os tratados

comunitários (concebeu processo de co-decisão e Estatuto Cidadania Europeia – que

fez a CEE passar apenas a CE por já não ter um carácter meramente económico) e

criar a União Europeia – compromisso político que instituía uma estrutura externa e

paralela às comunidades europeias que, por não ter personalidade jurídica, se apoia

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nelas para actuar no mundo jurídico, e que assenta num esquema de

intergovernamentalidade (ao contrário da CE, inscrita num modelo de integração). A

UE funda-se em três pilares:

1) Comunidades Europeias (antiga CECA, CEEA e CE): cria uma Comissão para

elas uma vez que, por lhe faltar personalidade jurídica, a elas tem de apelar.

2) Política Externa de Segurança Comum – PESC.

3) Cooperação no domínio da justiça e assuntos internos – CJAI, que desde 97

passou a Cooperação Policial e Judiciária – COPOJUP, que tem um âmbito

menos vago, mais específico, logo maior eficácia.

Alargamento em 1995 – Áustria, Finlândia, Suécia.

5) PERÍODO DE DIFERENCIAÇÃO ----------------------------------------------------------------------------

O Tratado de Amesterdão de 1995/99 surgiu na perspectiva de novos alargamentos e

veio também:

- integrar no quadro institucional da UE o Acordo e a Convenção de Schengen

(de 1985 e 1990, respectivamente) que haviam sido celebrados à margem do

direito comunitário por certos Estados Europeus para assegurar a livre

circulação de pessoas e bens sem fiscalização fronteiriça, estabelecendo

regras comuns para políticas de vistos e asilo,

- referenciar um conjunto de direitos fundamentais (art. 6º TUE),

- desenvolver as cooperações reforçadas,

- alterar os tratados anteriores, cujas normas se haviam tornado obsoletas e

caducas por força do evoluir da sociedade e do alargamento da comunidade

(ex: no combate à criminalidade no âmbito da PESC e COPOJUP).

5) PERÍODO DE ALARGAMENTO ------------------------------------------------------------------------------

O Tratado de Nice de 2001/2003 veio preparar as instituições para a adesão de 10

novos Estados e introduzir alguns aprofundamentos e aperfeiçoamentos necessários.

O Projecto de Tratado de uma Constituição Europeia foi aprovado em 2003 mas não

ratificado pois se chegou a acordo quanto à perda de poder de votos dos países mais

pequenos no Conselho, referência das raízes cristãs da Europa, primado do dto da

UE.

Alargamento em 2004 – Hungria, Polónia, República Checa, Eslovénia, Eslováquia,

Estónia, Letónia, Lituânia, Malta, Chipre; e em 2007 – Bulgária e Roménia.

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3. O TRATADO DE LISBOA.

O Tratado de Lisboa de 2007/2009 divide-se em dois tratados:- Tratado da UE, que lida com o acréscimo de personalidade jurídica da UE.

- Tratado de Funcionamento da UE, que equivale no fundo às normas do TCE

que continuam em vigor.

Principais objectivos do Tratado de Lisboa:

- reforçar a eficácia de actuação das instituições comunitárias; bem como

reforçar a eficiência no processo de tomada de decisão e dar resposta(também) ao processo de alargamento;

- dar coerência externa à acção da Comunidade;

- aproximar a Europa dos cidadãos;

- reforçar a democraticidade no quadro comunitário.

Principais críticas tecidas ao Tratado:

- é essencialmente semelhante à Constituição Europeia, pelo que se esta foi

rejeitada não valerá a pena ratificar ao Tratado de Lisboa → não é verdade, as

inovações e alterações estão à vista, e o maior reparo que se fazia à

Constituição (alargar completamente o âmbito da UE) foi superado pois já não

se alarga, apenas se aceleram e desempatam os processos decisórios.

- a soberania dos EM é diminuída pela nova personalidade jurídica e

representação externa da UE → não existe aqui uma verdadeira alteração pois

a Comissão e as Comunidades já possuíam estas características, a única

diferença é que são transferidos para a UE.

- a soberania dos EM é transferida para a UE com o processo de co-decisão e

a maioria qualificada → apenas se houver ratificação, isto é, só com o aval dos

Estados Memebros

- UE ganha poder militar → aplica-se exactamente o mesmo contra-argumento

acima referido.

- EURATOM → as regras já estavam em vigor, o Tratado mantêm o status quo

e as soluções vigentes.

Principais novidades introduzidas pelo Tratado de Lisboa:

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1) Personalidade jurídica da UE → as comunidades europeias desaparecem,

fundem-se e aliam-se à a UE e esta ganha personalidade jurídica.

2) Fusão dos 3 pilares → PESC, COPOJUP e Comunidades fundem-se, e as

competências passam a concentrar-se integralmente na UE.

3) Dupla maioria passa a ser o sistema de votação regra → a maioria qualificada

(205º/2) é substituída pela dupla maioria que exige a aprovação por 55% dos E-

Membros da União, por 15 membros, e que esses 15 membros correspondam a

65% da população da União.

4) Acréscimo de poderes do Parlamento Europeu → o procedimento de consulta é

substituído pelo de co-decisão como a regra, PE ganha poderes orçamentais e

elege o Presidente da Comissão

5) Presidência do Conselho por 2 anos e meio → a presidência que neste

momento é exercida por todos os Estados-Membros numa rotatividade de seismeses passará a ser exercida por uma figura que desempenha mandatos de dois

anos e meio.

6)  Alto Representante da União → cria-se esta figura com poderes nos Negócios

Estrangeiros e na Política de Segurança, apresentando semelhanças a um MNE.

7) Direito de iniciativa dos cidadãos → podem apresentar propostas legislativas

se reunirem um milhão de assinaturas correspondentes a um nº significativo de

EM.

8) Cláusula de retirada → a possibilidade de um Estado sair da UE mediante

negociações + um parecer do PE + deliberação por maioria qualificada no

Conselho passa agora a ser contemplada, e não se afasta a possibilidade de o

Estado voltar à UE, depois de repetido o processo de adesão.

9) Parlamentos Nacionais podem fiscalizar o princípio da subsidiariedade e

participar no processo de revisão dos tratados e artigo 48º.

10) Inserção da Carta dos Direitos Fundamentais nos Tratados → passa a ser uma

norma comunitária, com força vinculativa e passível de fiscalização judicial pelos

 Tribunais Comunitários. Quanto a esta Carta:

- foi adoptada a 7 de Dezembro de 2000; e tem como destinatários os EM e

as Instituições Comunitárias,

- o seu valor não é consensual, há quem defenda que é um acto político e

quem o encare como um acto jurídico, mas decididamente não é vinculativa.

- é composta por sete capítulos: (1) dignidade da pessoa humana – direito à

vida, à integridade, (2) liberdades – direito de constituir família, liberdade de

pensamento, (3) igualdade – de género, religiosa, cultural, (4) solidariedade –acesso ao emprego, protecção dos jovens no trabalho, (5) cidadania, (6)

 justiça – direito à acção e a um tribunal imparcial, (7) disposições gerais.

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As Comunidades Europeias (CE e CEEA) são associações de Estados que

correspondem em larga medida ao conceito de organizações internacionais

intergovernamentais.

- são associações permanentes de Estados soberanos, constituídas por

  Tratados Internacionais de tipo clássico com o intuito de prosseguirem

objectivos comuns dos seus membros, através de órgãos próprios habilitados

para tal, mas em conformidade com as regras de Direito Internacional.

- cabe a estes órgãos representativos das Comunidades Europeias, as

Instituições Comunitárias, exprimir a vontade destas organizações

internacionais, no âmbito das respectivas competências e em conformidade

com o Direito Comunitário.

Inicialmente, cada comunidade Europeia tinha um Conselho próprio e a sua própria

Comissão, sendo os órgãos comuns a Assembleia e o Tribunal de Justiça.

Actualmente e em consequência da fusão das instituições comunitárias ocorrida por

força do  Tratado de Bruxelas de 1965 (art. 1º e 3º TUE) e da própria evolução

institucional comunitária (acompanhada pela revisão dos Tratados Comunitários), as

Comunidades Europeias são compostas pelos seguintes órgãos de:

1. direcção política – aos quais cabe fazer as opções e tomar as grandes

decisões sobre a evolução do processo de integração europeia:

1.1. Conselho Europeu,

1.2. Conselho Da União Europeia,

1.3. Parlamento Europeu.

2. direcção, decisão e execução – aos quais incumbe definir as orientações,adoptar os actos de carácter normativo, realizar as acções necessárias e

tomar as medidas adequadas à boa aplicação dos tratados:

2.1. Parlamento Europeu,

2.2. Conselho Da União Europeia,

2.3. Comissão Das Comunidades Europeias.

3. controlo…

3.1. orçamental e político da actividade europeia: Parlamento Europeu,

3.2. jurisdicional: TJCE e Tribunal de Primeira Instância

3.3. financeiro: Tribunal De Contas.

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PARTE I – QUADRO INSTITUCIONAL DAS CE E DA UE

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4. auxiliares, consultivos, administrativos e de apoio financeiro.

1. CONSELHO EUROPEU. (arts. 4º e 13º TUE)

É um órgão de direcção política da UE com SEDE em Bruxelas. Assegura a unidade,

coerência e eficácia da acção da União, actuando no quadro comunitário como: meio

de concertação política, órgão de decisão e instância de apelo.

O Conselho Europeu teve a sua ORIGEM à margem das comunidades pois não estava

previsto nos tratados iniciais:

- surgiu inspirado nas conferências diplomáticas que reuniam Chefes de Estado

para discutir assuntos com interesse para as CE's (ex: na Conferência de Haia

ponderou-se a adesão do RU),

- estas cimeiras ganham um carácter permanente na Cimeira de Paris de 1974,

passando a reunir-se periodicamente como um "Conselho da Comunidade a títulode cooperação política".

- este Conselho foi formalmente inserido na estrutura institucional das

comunidades por força do Acto Único Europeu,

- e a sua definição foi precisada no artigo 4º do Tratado de Maastricht,

É COMPOSTO  pelos Chefes de Estado ou de Governo dos Estados-Membros e pelo

Presidente da Comissão, assistidos pelos MNE dos E-M e por um Comissário (4º TUE).

O seu FUNCIONAMENTO desenrola-se:

- mediante reuniões que ocorrem pelo menos duas vezes por ano,

- sob a presidência do mesmo E-M que exerce a presidência do Conselho da UE,

com mandatos de 6 meses. O Presidente pode convocar reuniões extraordinárias,

orientar os trabalhos do Conselho Europeu, agir como porta-voz dos E-Membros.

A propósito da NATUREZA  deste Conselho Europeu, discute-se se este deve ser

considerado uma instituição comunitária, surgindo duas correntes:

- não é, porque as instituições comunitárias vêm referidas no artigo 7º, dondeeste não consta – será antes um órgão da UE porque figura no artigo 4º. 

- pode ser considerado um órgão atípico das comunidades porque embora não

venha previsto no TCE, a UE funda-se nas comunidades (art. 1º) e é dotada de

um quadro institucional único (art. 3º). 

Este órgão não tem COMPETÊNCIA para emitir actos legislativos, mas:

- tem um  papel propulsor pois define os princípios e orientações gerais, bem

como as estratégias comuns a executar pela União nos domínios em que os E-M

tenham interesses em comum, decidindo por unanimidade – artigo 4º e 13º TUE.

- pode funcionar como instância de recurso – na medida em que se lhe podem

dirigir as questões que não são resolvidas consensualmente no Conselho da UE.

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2. CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. (art. 202º TCE)

Este órgão de direcção política da UE e de direcção, decisão e execução,

encarregado de representar os interesses dos E-Membros, tem SEDE  em Bruxelas

(embora realize reuniões no Luxemburgo nos meses de Abril, Junho e Outubro).

A ORIGEM do Conselho da UE (anterior Conselho de Ministros) deu-se com a fusão do

Conselho da CE e do Conselho da CEEA, realizada pelo Tratado de Bruxelas de 1965.

É COMPOSTO pelos Ministros dos 27 E-Membros responsáveis pela pasta que é objecto

de discussão no seio do Conselho – 203º. Os ministros são auxiliados:

- pela Presidência, que exerce funções de carácter administrativo-funcional, e é

assegurada por uma rotatividade de 6 meses entre os E-Membros (203º e 204º)

- por um Secretariado-Geral, encarregue dos assuntos burocráticos, e constituído

por várias direcções-gerais,

- e pelo Comité de Representantes Permanentes, que prepara as reuniões e

assuntos a discutir (COREPER - 207º). Este subdivide-se em:

… COREPER I – embaixadores-representantes permanentes, encarregues de

assuntos políticos,

… COREPER II – representantes permanentes adjuntos, encarregues de

assuntos técnicos.

O FUNCIONAMENTO do Conselho da União Europeia:

- rege-se pelos princípios de 1) auto-organização: adopta o seu próprio

regulamento interno, e 2) colegialidade: exige-se a presença dos vários Ministros

para se discutirem os assuntos e procederem à votação nos termos do tratado,

normalmente por escrito (embora o debate e a votação possam ser

excepcionalmente dispensados nas matérias para as quais o COREPER já obteve

consenso).

- e segue o regime de deliberação previsto no artigo 205º TCE, existindo váriasmodalidades que o próprio Tratado escolherá para cada matéria:

- maioria simples (maioria absoluta): cada Estado tem um voto e atende-se à

mera pluralidade dos votos – regra supletiva.

- maioria qualificada: cada Estado tem um certo número de votos, e para a

decisão ser adoptada exigem-se 255 votos em 345.

- unanimidade: não se exige que todos os votos sejam positivos, podem existir

abstenções, a decisão só não é aprovada se algum Estado exercer o seu

direito de veto – pouco frequente.

- dupla maioria: a decisão adoptada por maioria qualificada deverá

corresponder a 62% da população total da União – não é o Tratado que prevê

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esta modalidade, são os E-M que a podem pedir para além da maioria

qualificada.

 Tem uma NATUREZA híbrida e mista:

- é intergovernamental porque representa os interesses dos vários Estados

(visível quando adopta decisões por unanimidade)

- é comunitária porque defende o interesse comunitário (visível quando decidepor maioria).

As suas competências COMPETÊNCIAS exercem-se a vários níveis:

1. poderes de decisão:

1.1. competências legislativas: é o órgão legislativo por excelência (porque o

Parlamento só legisla no processo de co-decisão) – (249º e 251º TCE)

1.2. competências de execução: pode utilizá-las por si ou delegá-las na

Comissão como é normal.2. poderes de coordenação das políticas económicas – 202º TCE.

3. poderes em matéria de relações externas:

3.1. assina tratados internacionais que vinculam a CE (300º TCE).

3.2. recebe os projectos de Tratado (48º TUE)

3.3. recebe pedidos de adesão de novos Estados (49º TUE)

4. constatação da violação dos princípios democráticos fundamentais da UE por 

 parte dos Estados-Membros (6º TUE) e respectiva sanção do E-M infractor,

suspendendo o seu direito de voto no seio do Conselho (7º TUE). Esta sanção só

pode ser aplicada depois de se verificarem três pressupostos:

- risco de violação do artigo 6º TUE (7º/1)

- violação efectiva, grave e persistente, do artigo 6º TUE (7º/2)

- aplicação da sanção da suspensão do voto (7º/3) – há quem critique esta

suspensão o sugerindo que a aplicação de sanções pecuniárias seria melhor.

5. domínio orçamental – 272º TCE.

3. COMISSÃO EUROPEIA. (211º TCE)

A Comissão, com SEDE em Bruxelas, é o órgão executivo por excelência (apesar do

Conselho e as autoridades nacionais também executarem o direito comunitário) e a

guardiã dos tratados.

 Teve ORIGEM na Alta Autoridade da CECA:

- o Tratado de Roma tinha criado uma Comissão para a CEE e outra para a CECA,- o Tratado de Fusão uniu estas Comissões numa só,

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- o Tratado de Maastricht transformou-a numa Instituição da União Europeia,

atribuindo-lhe a função de guardiã dos Tratados.

A Comissão é COMPOSTA por 27  comissários 1 nacionais dos E-Membros e

independentes dos governos (213º) que exercem mandatos de 5 anos renováveis

que podem ser terminados por morte ou demissão (201º e 213-216º). OsComissários:

- têm pastas pelas quais assumem responsabilidade, auxiliado por uma

secretaria.

- são designados de harmonia com o artigo 214º, num processo de cinco fases:

Conselho designa o Presidente, o Parlamento aprova, Conselho aprova a lista dos

restantes comissários, Parlamento aprova com o voto de investidura, Conselho

nomeia-os por maioria qualificada. Gozam assim de uma dupla legitimidade

democrática por serem designados pelo Conselho e aprovados pelo Parlamento,

dependendo deste último na sua génese, funcionamento e extinção (v. ponto 4 –

PE).

- podem cessar as suas funções de modo colectivo (moção de censura do PE) ou

individual (substituição por morte ou expiração do mandato / demissão voluntária

/ demissão compulsiva derivada de uma sanção do TJ ou de um pedido do

Presidente).

O seu FUNCIONAMENTO observa:

- a auto-organização e o tipo colegial,- a deliberação por maioria simples (218 e 219º).

- uma estrutura hierárquica, encimada pelo Presidente (seguindo-se as Direcções-

Gerais e a Secretaria-Geral) que tem poderes mais latos: designa e demite os

comissários, participa em reuniões do Conselho Europeu, define a orientação

política da Comissão (217º).

A sua NATUREZA é a de uma verdadeira instituição comunitária, defendendo o

interesse comunitário.

A Comissão assume COMPETÊNCIAS:

a) no âmbito da CE – artigo 211º.

1. iniciativa legislativa – 192º, 208º e 250º. É o poder mais importante da

Comissão, que pode assim apresentar propostas ao Conselho e ao Parlamento por

sua iniciativa própria ou a pedido destes (192º ou 208º). A proposta pode ser

alterada a todo o tempo até ao Conselho deliberar, mas este só a pode alterar

votando por unanimidade (250º). Se a Comissão recusar um pedido por:

1  O número de comissários irá reduzir para 18 em 2014 através de um sistema de rotaçãoparitária entre os E-M. 

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a) a instituição que o pede não ter competência legislativa → esta recusa será

válida, porque a instituição não poderia vir a adoptar o acto;

b) por a proposta ser inconveniente, desadequada ou inoportuna (ou se nem

se pronunciar) → poderá ser levada ao TJ pela instituição (A.O. 232º ou R.A.

232º).

[Excepções a este poder: 88º, 210º, 250º]

2. poderes de decisão próprios (que são diferentes de competências legislativas)

no que toca a: livre circulação de trabalhadores (39º/3, d), transportes (75º/4 e

76º), concorrência (81º/3) e auxílios públicos (88º).

3.  poderes consultivos: na Política Económica Monetária (104º/5) e no Comité

Económico-Social (209º e 259º).

4. poderes de execução:

4.1. matéria de concorrência (81º e 82º),

4.2. políticas comuns,

4.3. fundos comunitários (147º),

4.4. orçamento comunitário (274º e 275º).

5. poderes de controlo – 226-232º e 284º.

5.1. fiscaliza e sanciona os particulares = empresas: 226-232º e 284º.

5.2. fiscaliza os Estados-Membros e as Instituições: fiscaliza e, se verificar

violações, indica-os para o TJCE interpondo um Recurso para Anulação ou uma

Acção por Omissão contra as Instituições ou intentando uma Acção por

Incumprimento contra os Estados-Membros (226º, 228º),

6. poderes em matéria de relações externas:

6.1. representa a CE no exterior (282º),

6.2. negoceia tratados internacionais (300º),

6.3. assegura a ligação da CE a organizações internacionais (302º),

6.4. assiste a Presidência do Conselho (18º TUE).

b) no âmbito da UE:

1.  poderes de iniciativa e consulta: na revisão dos tratados comunitários (48º

 TUE) e na adesão de novos Estados (49º TUE).

2. participação nos processos de cooperação reforçada – PESC e COPOJUP (27º e

40ºA do TUE).

ACÇÃO POR OMISSÃO

232º

RECURSO DE ANULAÇÃO

230º

A. POR INCUMPRIMENTO

226º

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OBJ: uma omissão, quandohá dever de actuar.

OBJ: um acto inválidocomunitário.

OBJ: uma acção/omissão deum EM que viola o direitocomunitário.

LA: as instituições e E-M(TJCE), particulares (TPI).

LA: as instituições e E-M,particulares por vezes.

LA: a Comissão, por vezesum outro E-M (227º/1).

LP: as instituições. LP: as instituições. LP: o Estado-Membro.

4. PARLAMENTO EUROPEU. (189º TCE)

É um órgão de direcção política da UE e também de direcção, decisão e execução

com SEDE em Estrasburgo (por vezes as comissões parlamentares reúnem em

Bruxelas).

A sua ORIGEM remonta à Assembleia Comum do Tratado de Paris e à Assembleia dos

 Tratados de Roma que referiam uma Assembleia, até que finalmente em 1962 se

auto-designou Parlamento Europeu.

O Parlamento Europeu é COMPOSTO por 736 deputados com mandatos de 5 anos,

existindo 1 Presidente e 14 Vice-Presidentes. Os deputados:

- organizam-se em grupos políticos e não segundo a sua nacionalidade,

- funcionam em plenário ou em comissões parlamentares,

- eram tradicionalmente eleitos pelas Assembleias Nacionais, mas desde 1976

passaram a ser eleitos por sufrágio directo e universal – não existe um processoeleitoral uniforme, cada Estado tem o seu, e o número de deputados que cada

um elege está estabelecido no artigo 190º/2 – Portugal elege 22, Malta 5,

Alemanha 99.

O FUNCIONAMENTO deste órgão:

- pauta-se pela auto-organização  (199º) e pela regra da colegialidade,

deliberando pela maioria absoluta dos votos expressos (198º). 

- consiste numa sessão anual (contínua), podendo reunir-se em sessão

extraordinária, e reservando-se à Comissão a possibilidade de assistir às

reuniões.

O Parlamento Europeu foi pensado para ter uma NATUREZA essencialmente política,

dando pareceres e assumindo competências políticas, mas agora tem a natureza de

uma verdadeira instituição comunitária e exerce também competências legislativas,

representando o interesse dos povos dos Estados-Membros da UE (189º). 

 Tem várias COMPETÊNCIAS: 

1. poderes de controlo: exerce controlo político sobre …

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- a Comissão – na sua génese pois realiza uma investidura aprovando os

comissários e presidente (214º), no seu funcionamento pois fiscaliza a sua

acção através do relatório anual e das questões colocadas aos comissários

(200º e 197º), e na sua extinção com moções de censura (201º)

- outras instituições comunitárias – cria comissões de inquérito temporárias

que fiscalizam as infracções do dto comunitária ou a sua má aplicação (193º)

e recorre às vias contenciosas com legitimidade activa para interpor RA (230º)

e AO (232º), sendo um recorrente privilegiado que não tem de provar o seu

interesse (antes de Nice era só um recorrente semi-privilegiado),

2.  poderes legislativos: não é um órgão legislativo por excelência pois só pode

legislar em conjunto com o Conselho – processo de co-decisão (251º, quando há

remissão).

3. poderes consultivos : verificam-se em quatro planos:

- CE: projectos de actos legislativos (249º),

- UE: âmbito da PESC e COPOJUP (21º e 39º),

- parecer favorável vinculativo (7º TUE),

- adesão de novos Estados-Membros (4º TUE).

4. poder de nomear o Provedor de Justiça (195º)

5. direito de petição: recebe as petições dirigidas por qualquer cidadão ou pessoa

colectiva da União sobre questões de direito comunitário (194º). 

5. PROCEDIMENTOS DE DECISÃO.

5.1. PROCEDIMENTOS DE DECISÃO NA CE.

 

a) PROCEDIMENTO DE CONSULTA OU COMUM (identifica-se pela letra da lei ≈ 250º)

É o   procedimento regra, que quase todos os actos seguem. A expressão que o

designa é doutrinal, não há uma norma que o defina, pelo que se identifica pela letrada lei – embora o professor Mota Campos sugira que o artigo 250º serve como norma

base porque refere o primeiro passo. É um processo caracterizado por três

momentos:

1) Proposta da Comissão, apresentada por iniciativa própria ou a pedido do P.E.

ou do Conselho (192º, 208º). Esta proposta só pode ser alterada pelo Conselho

por unanimidade (250º).

2) Parecer obrigatório do Parlamento, sob pena de nulidade do acto por falta de

formalidades essenciais (230º). Podem também ser pedidos pareceres

facultativos de outros órgãos e instituições (262º).

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* se o parecer que se exige do Parlamento for um  parecer favorável, já não

estaremos perante um caso de procedimento de consulta mas de

"procedimento de parecer favorável".

3) Decisão do Conselho por maioria simples/qualificada ou por unanimidade. Se o

acto for adoptado em seguida tem de ser fundamentado (253º) e notificado ou

publicado (254º): quando devida, a notificação é condição de eficácia, e a

publicação é condição de validade.

Exemplo: Cidadania - 22º, Agricultura - 37º, LPS - 52º, Concorrência - 83º e 89º,

Fiscal - 93º, Aproximação de Legislação - 94º, Política Monetária - 107º, Política de

Emprego - 128º, Política Comercial Comum 130º, e Cláusula de Poderes Necessários -

308º.

b) PROCEDIMENTO DE CO-DECISÃO (251º)

O procedimento de co-decisão vem explicitado no artigo 251º, para o qual são

remetidas várias matérias – só se utiliza quando existe uma remissão explícita.

Passos deste procedimento:

1) A Comissão apresenta proposta ao PE e ao Conselho,

2) Após o parecer do Parlamento Europeu,

3) O Conselho, através de maioria qualificada:

- aprova as emendas do Parlamento, se houver, ou aprova simplesmente a

proposta → ACTO DEFINITIVAMENTE ADOPTADO.

- adopta uma posição comum com maioria qualificada.

3) O Parlamento, tendo sido informado das razões do Conselho que o levaram

àquela decisão e da posição da Comissão, num prazo de três meses:

- adopta posição comum ou não se pronuncia →A. DEFINITIVAMENTE ADOPTADO

- rejeita posição comum com maioria absoluta → ACTO NÃO ADOPTADO.

- altera posição comum com maioria absoluta e envia este textoao Conselho e

à Comissão, que emitirá um parecer sobre as emendas

4) O Conselho, num prazo de três meses,

- aprova as emendas por maioria qualificada se tiver recebido um parecer

positivo da Comissão; ou por unanimidade se tiver sido negativo → ACTO

DEFINITIVAMENTE ADOPTADO.

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- não aprova as emendas, e tem então seis semanas para convocar o Comité

de Conciliação (que reúne os membros do Conselho e igual número de

representantes do PE).

5) O Comité tem 6 semanas para aprovar um projecto comum, por maioria

qualificada dos membros Conselho e por maioria dos representantes do PE:- se o Comité não aprovar um projecto comum → ACTO DEFINITIVAMENTE NÃO

ADOPTADO.

- se o Comité aprovar um projecto comum, este é enviado para o Parlamento

e para o Conselho, que têm 6 semanas para adoptar o projecto (maioria

qualificada no Conselho, maioria absoluta no Parlamento) → ACTO

DEFINITIVAMENTE ADOPTADO se chegarem a acordo / ou DEFINITIVAMENTE NÃO

ADOPTADO se não chegarem a acordo.

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1ª FASE

2ª FASE

3ª FASE

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Proposta da Css ao PE e ao Conselho Parecer do PE

O Conselho adopta, por maioria qualificada, uma posição comum

A posição comum do Conselho é transmitida ao PE, que é plenamente informado das razões que

levaram o Conselho a adoptá-la e bem assim da posição da Comissão

No prazo de 3 meses após a transmissão da posição comum do Conselho, o PE pode

Aprovar a posição comumdo Conselho ou não se

pronunciar sobre ela

Indicar, por maioria absoluta dos seusmembros, que tenciona rejeitar a posição

comum e informa imediatamente oConselho da sua intenção

Propor emendas à posiçãocomum do Conselho,

enviando o texto alterado aoConselho e à Css.

O Conselho adopta o actoem causa, de acordo com

a sua posição comum

O Conselho pode convocar uma reuniãodo Comité de Conciliação para

esclarecer a sua posição

O PE pode, por maioriaabsoluta dos seusmembros, confirmar arejeição da posiçãocomum do Conselho. Oacto não é adoptado.

O PE pode, por maioria dos seusmembros, propor emendas à posiçãocomum do Conselho, enviando o texto

alterado ao Conselho e à Css.

A Comissão dará parecer sobre as emendaspropostas pelo PE

O Conselho pode, no prazo de 3 meses após a recepção das propostas de emendas do PE

Deliberando por maioriaqualificada em relação às

emendas a que a Css. tenhadado parecer favorável e por unanimidade em relação àsemendas a que a Css. tenha

dado parecer negativo, aprovar todas as emendas propostaspelo PE, modificando nessaconformidade a sua posição

comum e adoptando o acto em

causa

Não adoptar o acto em causa. Neste caso:

O Presidente do Conselho, de acordo com o Presidente do PE, convocasem demora o Comité de Conciliação

O Comité, com a participação da Comissão, que toma todas as iniciativasnecessárias para aproximar os pontos de vista, tenta chegar a acordo sobreuma proposta comum, deliberando por maioria qualificada dos membros doConselho ou dos seus representantes e por maioria dos representantes do

Parlamento Europeu. No prazo de 6 meses, o Comité pode:

Não aprovar um projecto comumAprovar um projecto comum

Considera-se que o acto proposto não foi adoptado. No entanto:

O Conselho pode, por maioriaqualificada, conformar a posição comuma que havia chegado antes do início doprocesso de conciliação, eventualmentecorrigido em consonância com emendaspropostas pelo PE, e decorrido o prazo

de 6 semanas, adoptar o acto emquestão – Mas:

Nesse prazo de 6 semanas,o PE pode, deliberando por maioria absoluta, rejeitar o

texto do Conselho,impedindo assim que o acto

seja adoptado.

O PE e o Conselho disporãode um prazo de 6 semanas

para adoptar ao acto em causa – por maioria dos votos

expressos no PE e por maioriaqualificada no Conselho

Se uma das Instituições nãoaprovar o acto proposto,

considera-se que este não foiadoptado

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Da análise desta tramitação processual podemos retirar várias conclusões:

- o acto legislativo é adoptado em conjunto pelo Parlamento e pelo Conselho.

- o Parlamento tem poder para bloquear a decisão, com maioria absoluta, num

momento inicial e no momento final na aprovação do projecto pelo Comité.

- Permite-se ao Conselho alterar a proposta da Comissão por maioria qualificada,

sem ter de respeitar a unanimidade do artigo 250º TCE.

Exemplos de casos: LCT - 42º, Direito de Estabelecimento - 44º, Aproximação de

Legislação - 95º, Educação e Formação Profissional - 149º, Cultura - 151º, Saúde

Pública - 152º, Coesão Económica e Social - 166º, Ambiente - 175º.

c) PROCEDIMENTO DE PARECER FAVORÁVEL

É o procedimento aplicado nas matérias mais importantes e sensíveis,

caracterizando-se pela necessidade de um parecer favorável do PE como requisitopara a adopção do acto. O Parlamento é consultado nos termos do artigo 192º TCE,

mas o valor da consulta varia em função do resultado – se o parecer for:

- negativo ou ausente → o órgão decisor NÃO PODE ADOPTAR o acto, porque o

Parlamento exerceu direito de veto.

- favorável → o órgão decisor PODE ADOPTAR  o acto, não estando, contudo,

obrigado, porque este parecer não vincula positivamente (se perder

interesse…)

d) PROCEDIMENTO DE COOPERAÇÃO (252º)

É utilizado no âmbito da União Económica e Monetária. Exemplos de casos onde se

aplica este procedimento: 99º, 102º, 103º.

 

e) PROCEDIMENTO INTERNACIONAL (300º)

É o processo para adoptar convenções internacionais que vinculam a CE. Passos:

1) Recomendação da Comissão ao Conselho para a celebração da convenção.

2) Autorização do Conselho na abertura de negociações.

3) Condução das negociações pela Comissão, com um possível pedido de parecer 

ao Parlamento ou ao TJCE (330º/3 e 300º/6).

4) Deliberação/assinatura dos Tratados pelo Conselho por maioria qualificada,

excepto nos casos previstos no Tratado.

f) PROCEDIMENTO DE COMITOLOGIA

São os procedimentos seguidos pela comissão quando exerce competências

executivas delegadas pelo Conselho.

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g) PROCEDIMENTO DE REVISÃO DOS TRATADOS (48º TUE)

e) PROCESSO ORÇAMENTAL (272º)

É o procedimento seguido na elaboração do orçamento comunitário – despesas e

receitas. As despesas podem ser despesas obrigatórias (DO - despesas correntes da

UE) ou não obrigatórias (DNO - despesas com as políticas comunitárias) – as

primeiras são da competência do Conselho, as segundas são do Parlamento Europeu.

Passos:

1) Cada instituição faz uma previsão das receitas e despesas (1-Junho).

2) Comissão elabora o ante-projecto e comunica-o ao Conselho (1-Setembro).

3) Conselho elabora um projecto por maioria qualificada e envia ao PE (5-

Outubro).

4) O Parlamento faz uma leitura e, em 45 dias, pode:

- aprovar o projecto de forma expressa ou tácita → ORÇAMENTO APROVADO,

- propor modificações das DO por maioria absoluta dos votos expressos,

- alterar as DO por maioria dos membros do PE.

5) O projecto é devolvido ao Conselho que, em 15 dias, pode:

- aprovar as alterações e modificações → ORÇAMENTO APROVADO,

- decidir definitivamente sobre as DO,

- modificar as alterações das DNO por maioria qualificada.

6) O projecto volta ao Parlamento que, em 15 dias, pode:

- não deliberar → ORÇAMENTO APROVADO. 

- rejeitar o orçamento na globalidade, pela maioria dos membros e dois terços

dos votos expressos → ORÇAMENTO NÃO APROVADO. 

- decidir definitivamente sobre DNO com maioria absoluta dos membros e

três quintos dos votos expressos → ORÇAMENTO APROVADO. 

5.2. PROCEDIMENTOS DE DECISÃO NA UE.

 

a) PESC (22º TUE – mais precisamente 21º a 24º)

Visando o princípio da cooperação leal entre a UE e os Estados-Membros, a PESC

actua sob duas formas: as acções comuns (14º) e as  posições comuns (15º). O

Conselho é o órgão central da formação da vontade da PESC, enquanto que o

Conselho Europeu define princípios gerais e estratégias comuns. Assim, o processo

de decisão é o seguinte:

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1) Proposta (da Comissão, EM ou Presidência) ao Conselho (22º/1) 

2) Pedido de parecer ao Parlamento Europeu, ou simples informação da decisão

de acto legislativo (21º).

3) Decisão do Conselho:

- por unanimidade para adopção de actos principais – os que não dependemde um acto anterior (23º/1). Este artigo abre portas à possibilidade de um E-M

não aplicar a decisão no seu território sem ter de bloquear o processo de

decisão, através da figura da "abstenção construtiva", referindo que: 1)

reconhece que a decisão é obrigatória, 2) mas não a aplicará no seu território,

3) embora tão pouco vá adoptar medidas que ponham em causa essa

decisão.

- por maioria qualificada para actos secundários – os que dependem de um

acto anterior (23º/2). Os Estados-Membros podem impedir a decisão fazendo

uso do "travão de emergência", ao invocar interesses fundamentais da

política nacional, caso em que a questão passa para o Conselho Europeu e

tem de ser adoptada por unanimidade.

NOTA: as convenções internacionais  (24º) são negociadas pela Presidência do

Conselho assistida pela Comissão, e assinadas pelo Conselho (diferente da CE em

que são assinadas pela Comissão).

 

b) COPOJUP (34º, 39º, 35º)

1) Iniciativa do processo pela Comissão ou Estados-Membros (34º/2)

2) Parecer do Parlamento, necessário ou não (39º)

3) Decisão do Conselho (34º/2). 

 

c) COOPERAÇÕES REFORÇADAS (43º TUE, 11º e 27º)

São criadas pelos Estados-Membros da UE que querem avançar mais rapidamente no

processo de integração económica (ex: EURO), caso se verifiquem os requisitos

gerais:

- prossecução de objectivos comunitários (43º, a)

- respeito pelos tratados e acervo comunitário (43º, b e c)

- adesão de pelo menos 8 Estados-Membros (43º, g)

- abertura a todos os outros Estados-Membros (43º, j)

- utilização de último recurso (43º-A)… outros requisitos específicos: CE: 11º, PESC: 27º-A, COPOJUP: 40º.

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1) Estado apresenta pedido à Comissão,

2) a Comissão ou E-M apresentam proposta ao Conselho,

3) Parlamento é consultado e dá o seu parecer,

4) Conselho decide.

NOTA – Esquema a seguir na resolução de casos práticos sobre procedimentos:

1. identificar o processo em causa: encontrar a política comunitária certa, encontrar

a norma relevante dentro dessa política, referir o procedimento que a norma invoca.

2. enunciar a designação doutrinal e jurisprudencial em causa e explicar.

3. analisar todos os passos do processo, procurando o vício do mesmo, o trâmite

processual em falta (proposta, parecer votação…) e não ficar parar se o encontrar –

há que analisar a totalidade do procedimento.

4. não esquecer de indicar as instituições envolvidas no procedimento e ascompetências que estão a exercer.

6. OS TRIBUNAIS COMUNITÁRIOS.

6.1. TJCE, TPI, TRIBUNAL DA FUNÇÃO PÚBLICA, TRIBUNAL DE CONTAS.

É de salientar que o direito comunitário é aplicado em primeira linha pelos Tribunaisnacionais – 90% é aplicado por eles porque as normas em geral têm efeito directo,

podendo ser invocadas nos tribunais nacionais, que são assim os tribunais comuns.

Não há recurso dos tribunais nacionais para tribunais comunitários, existe apenas um

mecanismo de cooperação – o reenvio prejudicial.

 

a) O TRIBUNAL DE JUSTIÇA (220º, 221º e 223º TCE)

O Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias, SEDIADO no Luxemburgo, é umverdadeiro tribunal – a instituição suprema do direito comunitário – e um órgão de

controlo jurisdicional, a par do TPI, mas sendo de última instância.

A sua ORIGEM  prende-se com a criação das Comunidades que fizeram nascer um

novo ordenamento jurídico – o comunitário – porque para existir uma comunidade de

direito, este tem de ser aplicado e interpretado com uniformidade e eficácia, o que

tornou indispensável instituir uma jurisdição especializada para o fazer, para além

dos tribunais nacionais.

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É COMPOSTO por 27 juízes e 8 advogados gerais que exercem mandatos de 6 anos e

são alvo de uma designação política pois são nomeados de por comum acordo dos

Governos dos Estados-Membros (220-245º).

- estes advogados gerais não representam as partes, são membros

independentes do Tribunal, encarregues de auxiliar através do estudo do caso, da

exposição dos factos e da sugestão de uma solução jurídica para o caso – aschamadas "conclusões do advogado geral" que, embora não sendo vinculativas,

muitas vezes são seguidas pelo tribunal (especialmente em função do prestígio

do próprio advogado).

- estas "conclusões" são publicadas na colectânea da jurisprudência a seguir ao

acórdão e revelam a sua importância a dois níveis: constituem a única doutrina

comunitária reconhecida, e suprem a inexistência de voto de vencido no seio do

 Tribunal – 222º.

No que ao FUNCIONAMENTO do TJCE concerne, podemos referir que:

- este se organiza em secções ou em plenário,

- que delibera por maioria, embora as decisões figurem como unânimes – o que

se justifica pelo facto de a jurisprudência ser fonte de direito (tem de manter a

aparência de unidade e coerência) e pela necessidade de garantir a

independência dos juízes (evitando que sejam pressionados pelos governos dos

EM, que os designam, quando estiverem por exemplo em jogo Acções por

Incumprimento).

 Tem NATUREZA de jurisdição permanente, independente, imparcial e obrigatória, que:

- exerce o poder judicial através da aplicação de decisões de Direito (≠ equidade)

- garante a boa aplicação do direito comunitário, através da sua interpretação,

definição do seu alcance, e apreciação da validade de actos comunitários,

- desempenha um papel fundamental no processo de integração europeia pois

cria, através dos seus acórdãos e jurisprudência, princípios fundamentais do

direito comunitário (efeito directo, primado do direito comunitário).

Este órgão exerce COMPETÊNCIAS:

1. consultivas: quanto à conformidade de convenções internacionais (300º/6).

2. cooperação judiciária: através do reenvio prejudicial, um mecanismo de

cooperação entre Tribunais nacionais e o TJCE quando os primeiros, ao julgar um

processo nacional que envolve a aplicação de normas comunitárias, remeter as

suas dúvidas sobre a interpretação ou validade da norma ao TJ, suspendendo o

processo até obter uma resposta e prosseguindo-o em seguida (234º).

3. contencionsas: para apreciar A.I., R.A. ou A.O. (226º e ss) e também no âmbitoda COPOJUP (35º TUE, competência prejudicial, contenciosa e para resolução de

litígios). (46º TUE?)

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4. sancionatórias: se já tiver condenado previamente um E-Membro por violação

de uma norma do direito comunitário (226º) e este não tiver cumprido o acórdão,

o TJCE pode avançar para uma segunda acção por incumprimento, com a

consequência da aplicação de uma sanção pecuniária compulsória por cada dia

de atraso no cumprimento do primeiro acórdão (228º). 

5. cláusula compromissória: os E-Membros atribuem competência ao TJ para

dirimir futuros conflitos que surjam entre eles, relativos ao direito comunitário

(239º). 

b) O TRIBUNAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA (224º, 225º TCE)

O Tribunal de Primeira Instância, SEDIADO em Luxemburgo, é outro órgão de controlo

 jurisdicional, mas este de primeira instância.

A sua ORIGEM, em finais de '80 com o Acto Único Europeu, foi motivada pela

necessidade de aliviar a carga do TJCE e auxiliá-lo na protecção dos particulares.

É COMPOSTO  por 27 juízes designados pelos Governos dos E-M que exercem

mandatos de 6 anos.

FUNCIONA colegial ou por secções, ocasionalmente por juiz singular. Do TPI há recurso

para o TJCE nas questões de direito (a matéria de facto não volta a ser apreciada).

Inicialmente as suas COMPETÊNCIAS  só abrangiam a resolução de questões de

concorrência e do funcionalismo público comunitário. Actualmente tem competências

mais amplas:

- pode decidir RA e AO intentadas pelos particulares contra as instituições e as

intentadas pelos Estados contra certas instituições.

- decide recursos relativos às marcas comunitárias (propriedade intelectual) e

recursos interpostos a partir do Tribunal da Função Pública Europeia (apenas

quanto às questões de direito).

- prevê-se no artigo 225º a possibilidade de ser um dos sujeitos do reenvio

 prejudicial mas esta hipótese carece de concretização.

c) O TRIBUNAL DA FUNÇÃO PÚBLICA DA UE (p. 344 dos Anexos do TN)

O Tribunal da Função Pública, é a única câmara jurisdicional existente – Tribunal de

primeira instância especializada. Está SEDIADO em Luxemburgo.

Na sua ORIGEM esteve a decisão do Conselho de o criar em 2004 como um anexo ao

 Tratado de Nice, para aliviar o TPI.

É COMPOSTO por 7 juízes com mandatos de 6 anos (art. 2º).

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O seu FUNCIONAMENTO é definido pela própria câmara jurisdicional, de acordo com TJ

e após aprovação do parlamento. Excepcionalmente pode ter recurso para o TPI e TJ.

 Tem COMPETÊNCIA para a resolução de litígios relativos aos funcionários comunitários.

d) O TRIBUNAL DE CONTAS (246º TCE)

Com SEDE em Luxemburgo, foi CRIADO em '70 como um órgão de controlo financeiro.

É COMPOSTO por 27 juízes com mandatos de 6 anos. FUNCIONA em secção ou plenário.

Não tem COMPETÊNCIA   jurisdicional pois não resolve litígios, apenas procede à

fiscalização da regularidade e da legalidade do orçamento comunitário (receitas e

despesas das instituições). É frequentemente alvo de críticas porque não aplica

sanções, o seu controlo é feito à posteriori e recorre a sondagens propícias aincertezas que conduzem a erros, o que afecta a sua eficácia.

6.2. COOPERAÇÃO JUDICIÁRIA – O REENVIO PREJUDICIAL. (artigo 234º)

O reenvio aplica-se quando um tribunal nacional está a julgar um litígio nacional que

envolve a aplicação de normas comunitárias e, por nutrir dúvidas quanto à

interpretação ou validade das mesmas, suspendo o processo nacional e reenvia para

um Tribunal Comunitário, que esclarece a dúvida para que depois se retome o

processo nacional. Tem a duração aproximada de 20 a 24 meses.

Os OBJECTIVOS do reenvio prejudicial são (artigos 225º e 68º do TCE, e 35º TUE):

- garantir 1) a boa administração da justiça e 2) a uniformidade da interpretação e

aplicação do direito comunitário – se as dúvidas forem sempre esclarecidas pelos

  T.Comunitários diminuem-se as interpretações divergentes e as correntes

 jurisprudenciais contraditórias.

- proteger os particulares – que necessitam de protecção pela sua simples

qualidade de recorrentes ordinários.

Os SUJEITOS do reenvio prejudicial são:

- como receptor do reenvio: o TJ e teoricamente o TPI, em casos excepcionais

(225º).

- como emissor: os "órgãos jurisdicionais nacionais", um conceito comunitário que

vem fixado nos Ac. Vassen Gobbels e Ac. DORSCH e é definido por cincorequisitos obrigatórios e cumulativos e a um sexto que desde DORSCH já não é

essencial:

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1. ter origem legal (criado por lei)

2. ser independente e imparcial

3. ter carácter permanente

4. ter jurisdição obrigatória (uma competência imposta às partes)

5. aplicar decisões em Direito (e não de equidade)6. observar o princípio do contraditório (princípio processual segundo o qual

têm de ser ouvidas ambas as partes em litígio)

* logo, embora quase todos os tribunais nacionais se integrem na categoria de

OJN, nem todos se enquadram (como os tribunais arbitrais ou de funções

meramente administrativas) e chegam até a enquadrar-se alguns órgãos que

não são verdadeiros tribunais (como o Immigration Adjudicator Inglês que

resolve litígios sobre a LCT, ou a Comissão Sobre Assuntos Rurais Finlandesa

que decidi a atribuição de subsídios a actividades rurais).

O OBJECTO do reenvio prejudicial é uma questão de direito comunitário que suscite

dúvidas…

- quanto à sua interpretação – passível de incidir sobre direito comunitário

originário ou derivado.

- quanto à sua validade – apenas passível de incidir sobre o direito derivado.

O reenvio pode ter duas MODALIDADES:

1) reenvio facultativo – regra geral: o OJN só reenvia se entender que se verificam

dois requisitos, gozando assim de grande discricionariedade nesta avaliação:

a) a dúvida do juiz quanto à interpretação ou validade da norma,

b) a pertinência e relevância dessa dúvida na resolução do litígio concreto.

2) reenvio obrigatório – excepcional: pode verificar-se em duas situações,

contempladas:

a) no artigo 234º: quando da decisão do OJN não há recurso interno – posição

que suscita uma divergência doutrinal quanto ao significado de recurso

interno:

- posição de Mota Campos – só os Tribunais Superiores têm obrigação

de reenviar. Se a impossibilidade de recurso interno derivar do facto da

alçada não ter sido atingida num tribunal inferior, não há obrigação de

recorrer para o TComunitário porque este não deve ser sobrecarregado

com as "bagatelas jurídicas" que os tribunais inferiores julgam.- posição de Fausto Quadros, e da Regente – todos os tribunais

nacionais têm a obrigação de reenviar caso não haja possibilidade de

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recurso interno, porque se existe uma dúvida quando ao direito

comunitário esta tem de ser esclarecida para garantir a uniformidade,

sendo sempre relevante e nunca uma "bagatela jurídica".

b) no Ac. Foto-Frost: quando o OJN tiver dúvidas quando à validade do direito

comunitário e se inclinar para a sua invalidade – posição que suscita:

- apoio: porque apenas assim se garante 1) a uniformidade na

aplicação do direito, e 2) a coerência do sistema, reservando ao TJ a

competência para apreciar a validade do direito comunitário.

- críticas: porque 1) o TJ está a onerar os tribunais nacionais,

sobrecarregando-os e desacelerando o processo jurisdicional, 2) este

ónus não tem qualquer apoio no texto do artigo 234º. Ainda assim, o

Foto-Frost é a jurisprudência que se aplica até hoje.

* NOTA: o incumprimento da obrigação do reenvio jurisdicional por parte de

um OJN é imputado ao Estado-Membro que sofre, como SANÇÃO, uma Acção

por Incumprimento imputada nos termos do artigo 226º.

Contudo, há que notar que o Ac. Cilfit reconhece três excepções à

obrigatoriedade do reenvio fixada no artigo 234º, de forma que este não é

obrigatório se:

- a questão não for pertinente, por não ser relevante para a resolução

do litígio.- existir um acórdão interpretativo anterior, por neste caso a dúvida já

ter sido esclarecida.

- a norma não suscitar quaisquer dúvidas – "teoria do acto claro" – uma

hipótese que confere grande margem aos tribunais, pelo que o TJ

aconselha os mesmos a aplicar esta solução com cuidado, e apenas

depois de verificar se a norma nunca originou interpretações

divergentes (o que é um limite colocado ao uso desta excepção).

Os EFEITOS do acórdão do TJ quando à questão apreciada a título prejudicial:

- temporais: por norma os efeitos são retroactivos; mas em situações melindrosas

o TJ pode decidir que os efeitos sejam meramente prospectivos.

- materiais: teoricamente os efeitos seriam apenas inter partes, reflectindo-se no

caso concreto; mas por força da jurisprudência Cilfit os efeitos acabam por ser

erga omnes pois os acórdãos interpretativos funcionam como precedentes,

reflectindo-se nas futuras obrigações de reenvio dos OJNs.

… quanto à interpretação: vincula o OJN que enviou aquela questão, mas não

decide na sua vez, a decisão continua a pertencer ao OJN.

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… quanto à validade: se o TJ considerar o acto comunitário inválido, vincula os

tribunais nacionais e ao mesmo tempo obriga a instituição autora do acto a

alterá-lo; se o TJ considerar o acto válido, fá-lo com base num certo

fundamento, o que não implica que mais tarde não possa voltar a apreciar

esse mesmo acto com base num fundamento diferente.

NOTA – Esquema a seguir na resolução de casos práticos sobre o reenvio:

1) noção e objectivos do reenvio, 2) sujeitos, 3) objecto, 4) modalidades, 5) efeitos do

reenvio → 6) sanção por incumprimento da obrigação de reenviar.

7. ÓRGÃOS DA POLÍTICA MONETÁRIA E ÓRGÃOS COMPLEMENTARES.

1. Órgãos Consultivos – dão pareceres ao Conselho, Parlamento e Comissão nos

processos decisórios:

1.1. Comité Económico Social – 257º a 262º. 

1.2. Comité das Regiões – 263º a 265º. 

2. Órgãos Financeiros: 

2.1. Banco Europeu do Investimento: tem personalidade jurídica, os seus

membros são os Estados, os seus objectivos são facilitar o investimento,

conceder empréstimos, valorizar as regiões e as empresas – 266º, 267º.

2.2. Banco Central Europeu: tem pj, é constituído por um Conselho e uma

Comissão Executiva, tem competências de decisão e consulta – 105º a 115º. 

3. Provedor de Justiça – 195º: exerce as suas funções com total independência:

- recebendo as queixas apresentadas por qualquer cidadão da UE ou outra

pessoa domiciliada num EM, relativamente a casos de má administração na

actuação das Instituições ou Organismos Comunitários (excepção feita ao TJ e

 TPI),

- procedendo aos inquéritos que julgue justificados e …

… se concluir pela legitimidade e veracidade da queixa, apresente o assunto

ao Instituto, esperando 3 meses para receber deste as suas razões. Em

seguida formula um relatório que envia ao Instituto e ao PE, não deixando de

informar o queixoso do resultado do inquérito realizado.

… se não comprovar os motivos da queixa, arquiva-a.

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4. Fundos administrados pela Comissão 

4.1. FSE: para oportunidades de emprego, melhorar a qualidade de vida dos

trabalhadores – 146º e ss. 

4.2. FEDER: parara harmonizar o desenvolvimento das vários regiões da

comunidade – 160º e 161º. 

5. Órgãos no domínio da COPOJUP – 29º TUE.

5.1. EUROPOL.

5.2. EUROJUST.

1. FONTES DE DIREITO COMUNITÁRIO.

1.1. DIREITO ORIGINÁRIO E DERIVADO.

a) O DIREITO COMUNITÁRIO ORIGINÁRIO (OU PRIMÁRIO).

O direito originário é o direito constituído pelas normas dos tratados iniciais e todas

as normas que alteram os tratados iniciais. Assume duas funções essenciais pois:

- é o  parâmetro de validade do direito derivado, ao qual é hierarquicamente

superior e com o qual se funde,

- é a base do princípio das competências atribuídas, segundo o qual as

Comunidades só podem intervir para realizar os objectivos definidos nos tratados,

adoptando que tenham fundamento jurídico numa norma dos mesmos.

Uma questão recorrente neste campo é o da integração das lacunas, isto é, como

solucionar as omissões que por vezes se encontram nestes tratados? Existem quatro

soluções possíveis:

a) aplicação analógica – uma vez que os vários Tratados visam os mesmos

interesses e objectivos (a integração europeia) há uma unidade de sentido entre

eles que permite que para resolver uma lacuna num tratado se aplique

analogicamente a norma de outro Tratado.

- exemplo: em tempos, para suprir as lacunas do Tratado da CECA aplicaram-

se analogicamente normas do TCE.

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PARTE II – FONTES E PRINCÍPIOS DA ORDEM JURÍDICACOMUNITÁRIA

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- problema: contra esta solução invoca-se o princípio da autonomia e da

independência dos Tratados (artigos 47º TUE e 305º TCE)

b) princípio das competências implícitas – este princípio estabelece que os órgãos

e instituições devem dispor de todas as competências necessárias à realização

dos objectivos comunitários, quer essas competências estejam expressamente

previstas em normas comunitários ou resultem implicitamente delas.

- exemplo: no AC. AETR  (Acórdão Europeu de Transportes Rodoviários) este

princípio foi pela primeira vez reconhecido, quando o TJ declarou que a

Comissão tinha competências explícitas para regular o domínio dos

transportes na CE e competências implícitas para regular essa matéria fora da

CE.

- problema: é um desvio do princípio das competências atribuídas (5º e 7º

 TCE)

c) cláusula dos poderes necessários – segundo o artigo 308º TCE, quando uma

acção comunitária for necessária para realizar um objectivo comunitário e não

constar dos tratados, o Conselho pode adoptar as medidas necessárias e

adequadas, seguindo o procedimento de consulta e deliberando por unanimidade.

O artigo é assim um fundamento jurídico para actos autónomos e

complementares do Conselho.

- exemplo: o Conselho utilizou o artigo 308º para adoptar o Regulamento

4064/89 sobre o controlo da concentração de empresas, pois nos tratados não

se especificava um mecanismo de controlo para tal.

- problema: uma vez que este artigo corre o risco de levar à revisão informal

dos tratados, foram estabelecidos dois limites: (1) o acervo comunitário tem

de ser respeitado, (2) não se pode operar um salto qualitativo no processo de

integração europeia – se for esse o objectivo deve utilizar-se o artigo 48º, que

o permite.

d) revisão formal dos tratados – é o processo previsto no artigo 48º TUE eutilizado em caso de alterações profundas dos Tratados, que se desenrola em

cinco etapas:

1. iniciativa da Comissão ou dos EM,

2. consulta de parecer favorável do PE (e do Banco Centeal se for uma alteração

institucional no domínio monetário, ou da Comissão se não tiver dado a iniciativa)

3. convocação pela Presidência do Conselho de Conferências Inter-

Governamentais onde se reúnem representantes dos Estados Membros,

4. aprovação de comum acordo da alteração ao tratado,5. ratificação do novo tratado através de (1) referendo ou (2) aprovação

parlamentar.

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- problema: é um processo moroso porque carece da ratificação em todos os

EM, e suscita divisões doutrinais sobre a possibilidade da revisão dos tratados

poder ser feita pelos processos de DIPúblico, através da celebração de

tratados internacionais, e fora do contexto do artigo 48º – Mota Campos (e a

Cadeira) considera que os Tratados podem ser alterados sem o mecanismo do

artigo 48º, Gorjão-Henriques defende que só vale o processo do artigo.

A outra questão no âmbito do direito originário é a da relação entre os

 T.Comunitários e outros Tratados Internacionais. Neste aspecto temos de analisar

duas hipóteses:

- se o TI for incompatível e anterior ao TC → prevalece o TC, e os tratados

anteriores têm de ser renegociados (= alterados) ou denunciados (= extintos),

nos termos do artigo 307º TCE. 

- se o TI for incompatível e posterior ao TC → os EM não podem celebrar o TI, por

força do artigo 10º TCE que estabelece o princípio da cooperação leal e exige o

respeito pelo direito comunitário.

b) O DIREITO COMUNITÁRIO DERIVADO. 

O direito derivado é o direito constituído pelos conjunto dos actos comunitários

adoptados pelas instituições para a realização dos objectivos comunitários. Está

condicionado por duas circunstâncias pois:

- tem de se fundar no direito originário (numa norma de um tratado).

- tem de respeitar o direito originário (porque lhe é hierarquicamente

subordinado).

 

 

NO ÂMBITO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS – TCE .

Existem dois tipos de actos à partida não vinculativos, previstos no 249º, 5ºparágrafo:

a) recomendações – sugestões do Conselho/Comissão dirigidas às outras Inst./EM

para que adoptem certas medidas com vista à realização dos objectivos

comunitários.

b) pareceres – opiniões das Instituições sobre os mais variados assuntos,

proferidos no contexto de um processo de decisão (os pareceres podem ser de

certa forma vinculativos sempre que forem "pareceres favoráveis").

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Existem três tipos de actos vinculativos que constam do artigo 249º. Devem cumprir

os pressupostos previstos no TCE, isto é, devem ser fundamentados e publicitados de

harmonia com os artigos 253º e 254º. Se forem notificados produzem efeitos a partir

da data da notificação, se forem publicados entram em vigor finda a vacatio legis de

20 dias, ou outra data especificamente fixada.

a) regulamentos – previstos no 249º, 2º parágrafo, são o equivalente às leis do

direito nacional, e visam uniformizar a legislação dos EM. Características:

- carácter geral e abstracto: visam situações abstractas e a generalidade dos

destinatários indeterminados.

- obrigatoriedade de todos os seus elementos: têm de ser aplicar de forma

simultânea e uniforme em todos os EM, que não os podem alterar.

- aplicabilidade directa: não carecem de um acto interno de recepção no

ordenamento territorial; basta que sejam adoptados pelo órgão comunitáriocompetente de harmonia com o direito comunitário, fundamentados,

publicadas no JOCE, e entrarão em vigor finda a vacatio legis.

* "regulamentos de base": fruto do exercício de uma competência

legislativa.

"regulamentos de execução": fruto de uma competência executiva que

vem desenvolver os regulamentos de base e a sua aplicação, estando

subordinados aos primeiros.

b) decisões – previstas no 249º, 4º parágrafo, são como actos administrativos.

- ausência de carácter geral e abstracto: visa situações concretas e

destinatários determinados, que podem ser os EM ou particulares.

- obrigatoriedade de todos os seus elementos: impõem os objectivos a atingir

e os respectivos meios de execução.

- notificação: têm de ser notificadas aos seus destinatários (ou publicadas se

forem adoptadas num processo de co-decisão).

c) directivas – previstas no 249º, 3º parágrafo, são actos suis generis e sem

paralelo no direito nacional, e visam harmonizar e aproximar as legislações

nacionais em torno de uma base comum definida no plano comunitário, pelo que

surgem em domínios nos quais os EM mantêm a sua competência legislativa :

- ausência de carácter geral e abstracto: dirigem-se a certos e determinados

EM.

- obrigatoriedade apenas do resultado: fixam um objectivo geral a atingir

pelos Estados, e deixam-lhes a liberdade quanto aos meios e formas paraalcançar esses objectivos

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* embora existam directivas que escapam a esta noção: são as "directivas

detalhadas", que são claras precisas e incondicionais, e dispensam

medidas de execução pois não há que interpretá-las para procurar

soluções.

- transposição: após serem fundamentadas e notificadas (ou publicadas:

quando se dirigem a todos os EM ou são adoptadas pelo processo de co-

decisão) necessitam obrigatoriamente de um acto de recepção interna que,

de acordo com o AC. COMISSÃO/ITÁLIA pode ser feita por qualquer acto excepto

um acto administrativo (no nosso caso: 112º CRP – L, DL, DLR), e deve ocorrer

num prazo fixado pela própria directiva, caso contrário dá-se um

incumprimento da obrigação de transposição que tem consequências:

1) no plano comunitário, entre os EM e a Comunidade: desencadeia-se

uma Acção por Incumprimento (artigos 226º a 228º). 

2) no plano nacional, entre o EM e os particulares:

- caso se trate de uma directiva detalhada que seja clara, precisa e

incondicional, e se esta consagrar direitos para os particulares – Efeito

Directo Vertical: os particulares que dela beneficiam podem invocá-la

contra o Estado num tribunal nacional. (AC. VAN DUYN e AC. RATTI)

- caso a não transposição atempada da directiva tenha causado danos

aos particulares – Responsabilidade Patrimonial do Estado por violação

do direito comunitário: os particulares podem pedir uma indemnizaçãoao EM. (AC. FRANCOVICH e AC. KOBLER)

N

 

O ÂMBITO DA UNIÃO EUROPEIA – TUE .

No âmbito da PESC temos três actos típicos:

a) estratégia comum (13º TUE) – acto do Conselho Europeu que fixa os princípios

gerais a seguir pelos EM em determinados assuntos (ex: estratégia comum da

União para a zona do mediterrâneo; 2000/458/PESC – JO L183/11).

b) posição comum (15º) – acto do Conselho da UE que consiste numa declaração

dos princípios comuns que devem a reger a actuação dos diferentes EM em

certos assuntos (ex: posição comum sobre a energia nuclear; 2000/297/PESC – JO

L97/1)

c) acção comum (14º) – acto do Conselho da UE que para além da declaração de

princípios envolve uma acção concreta (ex: criação de um instituto europeu para

a realização de certos objectivos comunitário; 2001/554/PESC – JO L288/54).

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No âmbito da COPOJUP temos um acto típico:

a) decisão-quadro (34º TUE) – acto semelhante à figura da directiva comunitária,

com a diferença fundamental de não produzir efeitos directos.

1.3. FONTES EXTERNAS.

As fontes convencionais são os Tratados Internacionais, que são superiores ao direito

derivado mas inferiores ao direito originário. Aqui contam-se as Convenções

celebradas:

- entre EM com vista à realização dos objectivos do artigo 293º TCE (como o de

evitar a dupla tributação, garantindo o reconhecimento mútuo das sociedades),

- pela CE com terceiros Estados nos termos do artigo 300º e ss. TCE.

As fontes auxiliares são duas:

- Jurisprudência dos Tribunais Comunitários, que tem um papel essencial porque

os acórdãos interpretam o direito comunitário, fixam o seu alcance e estabelecem

princípios fundamentais do ordenamento jurídico comunitário.

- Doutrina que resulta das conclusões do Advogado Geral, menos importante.

As fontes espontâneas são duas:

- Costume, pouco importante e quase inexistente (diz-se que o Ac. Luxemburgo

era um costume, tal como o facto dos grandes Estados terem 2 comissários).

- Princípios Gerais do Direito (liberdade, democracia…) orientam o direito

originário.

2. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ORDEM JURÍDICA COMUNITÁRIA.

2.1. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA – o direito comunitário é autónomo em relação ao

direito nacional e ao direito internacional em dois planos:

- quanto às suas fontes, pois tem fontes próprias e um modo de produção

legislativa distinta, com órgãos e procedimentos específicos.

- quanto à aplicação das suas normas, que reúne certas especificidades quando

aos seus meios de realização e garantia (primado, efeito directo, etc.)

2.2. PRINCÍPIO DAS COMPETÊNCIAS ATRIBUÍDAS (5º/1 e 7º TCE) – os órgãos e as

instituições comunitárias apenas dispõem das competências que lhes são atribuídas

pelos EM e constam dos Tratados, não podendo criar as suas próprias competências.

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2.3. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA (255º TCE e 1º TUE) – os actos comunitários

devem ser adoptados de forma próxima dos cidadãos e os seus documentos devem-

lhes ser disponibilizados sempre que solicitados; para democratizar as instituições e

proteger os particulares. Porém, este princípio não é absoluto e pode ser limitado

por:

- razões de interesse público (para proteger segredos militares ou de defesa dos

EM)

- razões de natureza privada (por segredos industriais ou comerciais das

empresas)

- razoes de eficácia e celeridade do processo de decisão comunitário.

2.4. PRINCÍPIO DA COMUNIDADE DE DIREITO (6º TUE) – a actuação dos órgãos e

instituições está subordinado ao direito comunitário, controlado pelos tribunais; para

(1) garantir a legalidade da actuação comunitária e (2) proteger os direitos dosparticulares.

2.5. PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO INSTITUCIONAL – as instituições devem respeitar

não só as suas próprias competências como as competências dos outros institutos

(visão dinâmica das competências comunitárias ≠ visão estática do pr. das comp.

atribuídas)

2.6. PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE (5º/2 TCE) – no domínio das competênciasconcorrentes entre a Comunidade e os EM, esta só actua subsidiariamente, se os

objectivos comunitários não puderem ser devidamente realizados pelos EM.

2.7. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE (5º/3 TCE) – os órgãos comunitários

devem usar os meios necessários e adequados aos objectivos visados, e os menos

restritivos, guiando-se pelos critérios da necessidade e da proibição do excesso.

2.8. PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE NA APLICAÇÃO DO DC – o direito comunitáriodeve ser aplicado com o mesmo sentido e alcance em todos os EM (reenvio

prejudicial).

2.9. PRINCÍPIO DA EFECTIVIDADE (10º TCE) – os objectivos comunitários devem ser

realizados, pelo que devem ter eficácia e efeito útil. Para isso há quatro

subprincípios:

a) O PRIMADO (AC COSTA/ENEL e AC SIMMENTHAL, inspirados no 10º TCE) – em caso de

contradição (= existência de uma norma contrário, sem ser necessária a suaaplicação) o direito comunitário prevalece sobre o direito nacional, ainda que tal

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implique a desaplicação de normas nacionais não obstante a sua dignidade formal;

para garantir a plena eficácia do direito comunitário.

- consequências que advêm deste princípio:

(1) imediata: os tribunais nacionais não podem aplicar uma norma contrária ao

direito comunitário (princípio da inaplicabilidade da NNacional contrária à NC),(2) mediata: o legislador deve revogar a NNacional contrária à NComunitária.

- argumentos que justificam este princípio:

(1) garante a eficácia e o efeito útil do direito comunitário,

(2) garante a unificação e uniformização na aplicação do direito comunitário,

(3) e decorre da própria adopção da ordem jurídica comunitária pois quando

os Estados a criaram aceitaram cumprir o direito comunitário – se não o

fizerem violam o artigo 10º e não protegem os direitos que esta OJ asseguraaos Estados e aos particulares.

- alcance deste princípio em dois planos:

(1) na relação do direito comunitário com o direito nacional infra-

constitucional: é consensual que o comunitário prevalece, em caso de

contradição.

(2) na relação do direito comunitário com o direito nacional constitucional:

quanto ao direito originário é simples porque os EM, ao ratificarem os

tratados, verificaram que não havia contradição ou chegaram até a alterar a

sua constituição; quanto ao direito derivado existem as soluções …

… legislativas: algumas constituições como as dos Países Baixos afirmam

que todo o direito comunitário prevalece sobre o direito nacional.

… jurisprudenciais: em caso de conflito é o TJ que decide, e segue o

princípio de que o direito comunitário prevalece sobre o nacional,

incluindo o constitucional.

… doutrinais: divergência entre Jorge Miranda: em caso de conflito a C.prevalece e a fiscalização cabe ao TC / e Mota Campos e a Cadeira: o

direito comunitário prevalece sobre a Constituição senão os EM poderiam

fugir às obrigações comunitárias o que poria em causa a eficácia, se bem

que as contradições não devem ser frequentes porque o direito derivado

se funda no originário, cujos objectivos são semelhantes aos do direito

constitucional.

b) O EFEITO DIRECTO (AC. VAN GEND EN LOOS inspirado no 10º TCE) – possibilidade de

os particulares invocarem em jurisdições nacionais certos direitos com base em

disposições comunitárias, contra o Estado (efeito directo vertical) ou contra outros

particulares (efeito directo horizontal), para garantir a eficácia do direito comunitário.

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No direito originário, o efeito directo das normas é hoje um ponto assente:

a) o efeito directo vertical foi criado com o AC. VAN GEND EN LOOS que determinou

que uma norma podia ser invocada contra o Estado caso se preenchessem dois

requisitos: (1) a norma ser clara e precisa no sentido de atribuir direitos aos

particulares e (2) a norma ser incondicional no sentido de dispensar medidas de

execução quer comunitárias quer nacionais.

b) o efeito directo horizontal também foi mais tarde permitido pelo  TJ, por

exemplo nas normas de defesa da concorrência que podem ser invocadas entre

empresas.

No direito derivado, o efeito directo dos regulamentos e decisões é pacífico, mas o

das directivas é controverso pois embora seja necessário garantir a sua eficácia (sãoa fonte mais importante do DD e com frequência não são transpostas) à partida não

são actos claros, precisos e incondicionais visto que Estado tem "liberdade quanto à

forma e aos meios" – embora esta seja cada vez mais ilusória visto que o 112º/9

reduz o leque formal desta liberdade pois exige a transposição por acto legislativo (o

que faz pouco sentido para regras técnicas ou administrativas) e as directivas

detalhadas excluem a discricionariedade deixada aos Estados. Assim, para as

directivas:

a) o efeito directo vertical é alvo de argumentos desfavoráveis – como asdirectivas são actos incompletos que só se concretizam com a transposição têm

de ser transpostas para criar efeitos – e favoráveis – as directivas detalhadas são

actos completos; e há tantos casos de incumprimento que tem de haver um

mecanismo para assegurar a sua produção de efeitos senão não existe eficácia

no DC. Mas:

… este efeito existe quando se verificam os requisitos expressos no AC. VAN

DUYN segundo o qual (1) a directiva tem de ser clara, precisa e incondicional, e

no AC. RATTI que exige que (2) o prazo de transposição para a directiva tenha

expirado.

… mais tarde o AC. COMISSÃO/BÉLGICA  acrescentou que é sempre necessária a

transposição, mesmo que já não seja atempada e já exista efeito directo

(porque este é apenas uma garantia mínima e de recurso dos direitos dos

particulares) e o AC. INTER-ENVIRONNEMENT WALLONIE proibiu os EM de, durante o

prazo de transposição, adoptar medidas que ponham em causa os objectivos

da directiva.

… para cumprir dois objectivos: sancionar o Estado que não transpôs adirectiva e proteger os particulares (porque há um efeito de exclusão das NN

de conteúdo oposto ao da directiva, e um efeito de substituição dessas pelas

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da directiva que atribuem um direito não consagrado no direito nacional) e

garantir o efeito útil.

b) o efeito directo horizontal é alvo de argumentos desfavoráveis – o destinatário

das directivas é o EM e não os particulares, que não estão obrigados a cumpri-las;

e muitas vezes nem podem porque não houve publicidade, apenas uma

notificação feita ao EM; além de que o EF.D.H. da directiva a equipararia a umregulamento – e favoráveis – os particulares têm de ser protegidos e não podem

ser penalizados por um incumprimento do Estado; é preciso conferir um efeito útil

à directa; pois sem este efeito criar-se-ia uma distinção entre os trabalhadores do

sector privado que não podiam invocar a directiva contra a entidade patronal

privada que é equiparada a um particular, e os trabalhadores do sector público

que podem porque a entidade patronal pública é englobada no conceito amplo de

Estado; e poderiam até criar-se distorções ao nível das condições de concorrência

que seriam atentatórias do funcionamento do mercado comum.

… assim, este efeito foi negado no AC. MARSHALL e continua a ser negado como

se pode confirmar em outros acórdãos como o Faccini Dori.

… contudo, não deixaram de se procurar soluções alternativas para não

deixar os particulares sem protecção:

- no AC. FOSTER  formulou-se um conceito mais alargado de Estado – o

Estado abrange todos os poderes (executivo, legislativo, judicial) e as

empresas públicas, pelo que se pode usar o EF.D.V. de forma mais

ampla.- nos AC. VAN COLSON e KAMANN  e. MARLEASING criou-se o  princípio da

interpretação conforme. (v. alínea c)

- nos ACÓRDÃOS FRANCOVICH, DILLENKOFER e KÖBLER enunciou-se o princípio

da responsabilidade patrimonial do Estado. (v. alínea d)

c) o efeito directo invertido (= o Estado invocar, contra um particular, uma

obrigação decorrente de uma directiva que o particular não observou) foi proibido

no AC. PRETORE DI SALÓ pois se o EF.H. é negado este também o é por maioria derazão;

≠ é a hipótese que o AC. RATTI  proibiu (= o Estado que não transpôs a directiva no

prazo invocar, contra um particular que seguiu as disposições da directiva, as

normas nacionais), pois seria um abuso de direito o Estado poder invocar o seu

próprio incumprimento contra um particular, se o objectivo do EF.D. é protegê-los.

Assim, convém reter que a teoria do efeito directo é uma doutrina fixada pelo

tribunal para resolver situações patológicas de violação do direito comunitário, pelo

que tem um:

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- alcance limitado: as disposições da directiva só podem ser invocadas pelos

particulares contra o Estado (efeito directo vertical),

- alcance condicionado: as disposições só podem ser invocadas se estiverem

reunidas certas condições (a disposição ser clara e precisa e incondicial, e o prazo

para a transposição ter decorrido integralmente).

c) A INTERPRETAÇÃO CONFORME (AC. VAN COLSON KAMAMN  e MARLEASING, 10º)  – a

interpretação do direito nacional deve ser feita em conformidade com as directivas

comunitárias (independentemente de as suas disposições terem ou não efeito

directo) pelo que quando uma norma nacional for ambígua e conferir uma margem

de apreciação ao tribunal nacional, esteve deverá interpretar e aplicar a norma de

acordo com as exigências do direito comunitário.

- contudo, este princípio tem três limites no caso das directivas:

(1) não se pode aplicar se não existir uma lei nacional que possa ser

interpretada de acordo com o direito comunitário,

(2) a lei nacional tem de ser obscura e lacunosa, contendo uma ambiguidade

que permita várias interpretações (pois se for claramente contraditória aplica-

se o princípio do primado) e nenhuma interpretação pode ser contra legem.

(3) como tem de respeitar os princípios de segurança jurídica e da não

retroactividade, designadamente no contexto penal, só pode desencadear

responsabilidade se existir uma lei nacional de transposição anterior, de

acordo com a qual se possa interpretar.

d) A RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL DO ESTADO (AC.FRANCOVICH,  DILLENKOFER  e

KÖBLER, 10º TCE)  – se um particular sofrer prejuízos devido à violação do direito

comunitário por parte do Estado, pode responsabilizar patrimonial e directamente

esse EM pelos danos, no plano nacional 2. Este princípio é accionável mediante a

verificação de certos requisitos, cuja formulação foi evoluindo em vários acórdãos:

- no AC. FRANCOVICH o TJ fixou três requisitos:

(1) o resultado prescrito pela directiva atribui direitos aos particulares,

(2) os conteúdo desses direitos poder ser identificado com base na directiva,

(3) há um nexo de causalidade entre a violação e o prejuízo sofrido.

- estes requisitos evoluem noutros acórdãos em que a violação não era a

obrigação de transposição da directiva mas omissões/acções do Estado

desconformes ao DC, como no AC. DILLENKOFFER, British Telecommunications,

Brasserie du Pêcheur, …:

(1) a regra de direito violada tinha por objectivo atribuir direitos aos

particulares: mais amplo pois aqui é qualquer norma, dantes era uma

directiva.

2 logo é mais favorável que a figura da A.I., para a qual o particular não tem legitimidadeactiva.

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(2) a violação é suficientemente caracterizada (é uma violação grave e

manifesta que constitui um erro indesculpável por parte do Estado).

(3) há um nexo de causalidade entre a violação e os prejuízos sofridos.

- o AC. KOBLER veio introduzir mais uma modificação ao estabelecer que a violação

do direito comunitário por parte dos tribunais nacionais também é susceptível de

desencadear esta responsabilidade conquanto que se verifiquem os requisitos

mínimos referidos (na sequência do Ac. Foster segundo o qual tribunais =

Estado).

Os pressupostos da responsabilidade patrimonial do Estado são estes, mas note-se

que podem têm contudo duas medidas em situações diferentes:

(1) nas situações em que o legislador nacional não dispõe de um amplo poder de

apreciação porque a obrigação que lhe é imposta é taxativa,

(2) nas situações em que o EM actua num domínio em que dispõe de um amplo

 poder de apreciação, comparável ao das instituições – aqui os pressupostos são

alinhados pelas condições de responsabilidade extracontratual das instituições

comunitárias, fixadas no artigo 288º, o que num sentido essencial e genérico faz

sentido pois seria politicamente perverso que a medida da responsabilidade do

Estado fosse mais exigente que o das Instituições, especialmente quando a

competência legislativa do Estado tendia a diminuir e a das Instituições a

aumentar. Contudo, em certos casos a total convergência de soluções entre EM e

Instituições pode não ser aconselhável – uma vez que a jurisprudência à luz do

288º é extremamente restritiva, faria mais sentido criar uma jurisprudência maisflexível relativamente à responsabilidade dos EM, e assim mais tuteladora do

particular, pela qual seria alinhada a responsabilidade das instituições

comunitárias.

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1. O MERCADO ÚNICO E AS QUATRO LIBERDADES.

O Mercado Interno (ou Comum) é um dos objectivos da CE desde 1957, já assente no

 Tratado de Roma. Considera-se generalizadamente que a sua plena realização não

 pode assentar apenas na eliminação dos entraves à livre circulação das mercadorias,

uma vez que a liberalização das trocas intracomunitárias, desacompanhada de

outras medidas de fundo, iria por em causa o "desenvolvimento harmonioso,

equilibrado e sustentável das actividades económicas em toda a comunidade" (artigo

2º TCE), o que no fundo resultaria na imposição da superioridade dos países com um

aparelho de produção mais eficiente aos parceiros menos evoluídos, acentuando asassimetrias de desenvolvimento; e não solucionaria a necessidade de mão-de-obra

de que estes países mais desenvolvidos sofrem. Neste sentido exige-se que:

- a mão de obra se possa deslocar das regiões mais atrasadas para as mais

desenvolvidas economicamente (livre circulação de trabalhadores, assalariados),

- os empresários se possam deslocar para as regiões onde recursos humanos

mais abundantes estejam disponíveis, em termos que lhes permitam:

(1) instalar no país da sua escolha as unidades produtivas necessárias para a

produção e comercialização de bens ou prestação de serviços (direito de

estabelecimento) e, eventualmente,

(2) fazer-se acompanhar dos seus colaboradores mais directos, de quadros

nacionais de bom nível ou de operários especializados e capazes (livre

 prestação de serviços, dos profissionais independentes).

- os capitais disponíveis na Comunidade possam livremente afluir onde para eles

se encontre melhor aplicação e rentabilidade (livre circulação dos capitais), para

que:

(1) o trabalhador migrante possa transferir livremente para o seu país aseconomias que consiga realizar,

(2) o empresários estabelecido possa movimentar os capitais para realizar o

investimento produtivo visado e repatriar mais tarde os seus lucros.

(3) o profissional independente possa transferir a remuneração dos serviços

que prestou.

Caracteriza-se por ser um mercado onde é garantida:

- a defesa da concorrência comunitária,- a livre circulação de factores produtivos: mercadorias, serviços, trabalho e

capitais. A estas quatro liberdades essenciais foi acrescentada a livre circulação

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PARTE III – O SISTEMA DE SCHENGEN E A LIVRE CIRCULAÇÃO DEPESSOAS.

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de pessoas, uma liberdade mais ampla do que a livre circulação de

trabalhadores.

2. A LIVRE CIRCULAÇÃO DE PESSOAS.

A livre circulação de pessoas foi desenvolvida com o Acervo de Schengen e com a

Cidadania Europeia, aqui analisados:

2.1. O ACERVO DE SCHENGEN.

O Acervo de Schengen – composto por um acordo e uma convenção – foi

formalmente introduzido no quadro institucional da UE com  Tratado de Amesterdão

de 1997/99. Estes diplomas visavam a livre circulação de pessoas, suprimindo os

controlos das fronteiras terrestres, aéreas e marítimas (ainda que estas pudessem

ser repostas excepcionalmente – ex: euro 2004) nos países signatários – a maioriados países da UE e ainda outros, como a Islândia ou a Noruega. Para este efeito,

foram adoptadas várias medidas:

- abolição dos controlos nas fronteiras comuns e estabelecimento de uma

fronteira comum com Estados terceiros.

- harmonização das condições de entrada, de vistos e de pedidos de asilo.

- partição dos cidadãos nos portos e aeroportos, consoante pertencessem ou não

ao espaço schengen.

- reconhecimento de um direito de vigilância e perseguição transfronteiriça à

polícia.

- configuração de um sistema de extradição mais célere.

- criação do SIS (Sistema de Informação Schengen), disponível para

representantes da polícia, da justiça e da diplomacia. O SIS funda-se no reenvio

de dados dos sistemas nacionais para um sistema central, constituindo uma base

de dados informatizada sobre:

- determinadas categorias de indivíduos: (a) indivíduos de países terceiros não

admissíveis, (b) indivíduos procurados para efeitos de extradição, (c) pessoasdesaparecidas.

- certas categorias de bens: veículos e objectos procurados, extraviados ou

roubados.

2.2. A CIDADANIA DA UNIÃO. (artigo 17º a 32º TCE + Directiva 2004/38)

A cidadania europeia (2º TUE) reconhecida a qualquer indivíduo nacional de um dos

27 Estados Membros, é uma cidadania complementar da nacional, que não a

substitui, apenas lhe acresce um complexo de direitos – e supostamente também

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deveres, de acordo com o artigo 17º TCE, embora na realidade só se consagrem

direitos (uma das críticas assacadas à cidadania europeia).

No CONTEÚDO da cidadania europeia listam-se os direitos de:

1) circular e residir nos territórios dos E-Membros (18º TCE) – a entrada no país

depende apenas da apresentação do BI e do passaporte; mas quanto à residênciaexistem interpretações divergentes sobre o significado do artigo 18º em ligação

com a Directiva (outra das críticas tecidas):

  para Gorjão-Henriques: o direito de residência é automático pois o artigo

pode ter efeitos directos e não é limitado pelo direito derivado — qualquer

cidadão pode residir num Estado da UE sem quaisquer restrições.

  para as Instituições: o direito de residência não é automático pois o artigo

tem de ser aplicado conjuntamente com as condições fixadas no direito

derivado — qualquer cidadão pode residir sem restrições até 3 meses, depoissó se …

–  preencherem uma das categorias alternativas da directiva: (1) ser

trabalhador, (2) ser estudante, (3) ser auto-suficiente, capaz de

observar dois requisitos materiais: possuir seguro de doença adequada

no EM de acolhimento + recursos suficientes para não representar um

encargo, ou (4) ser "membro da família" de um destes indivíduos

cidadãos, podendo ter a nacionalidade de um Estado terceiro (7º da D.)

– observarem os requisitos formais que são sempre exigidos (emissãode um cartão de residência aos familiares que não tenham a

nacionalidade de nenhum EM) e outros que podem vir a ser exigidos (o

registo junto das autoridades competentes) (8º e 9º da D.)

2) votar e ser eleito nas eleições europeias e municipais (19º) 

3) protecção diplomática e consular (20º) nos países onde não estiver

representado.

4) dirigir uma petição ao Parlamento Europeu (21º)

5) apresentar queixa ao Provedor de Justiça (21º)

6) questionar as instituições e órgãos comunitários e obter resposta (21º) - direito

de pedir documentação às instituições: princípio da transparência (v. 255º)

Podem ser fixadas RESTRIÇÕES  ao direito de circular e residir por razões de ordem

pública, segurança pública ou saúde pública – mas estas são excepções, não

condições prévias ao exercício do direito de livre circulação (39º/3 TCE + 27º a 29º

da D.).

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- saúde pública: razão invocada devido a doenças epidémicas definidas pela OMS,

ou doenças infecciosas ou parasitárias contagiosas previamente referidas pelo

Estado em disposições de protecção dos seus nacionais.

- se tiver dúvidas o E. pode exigir um exame médico gratuito e não rotineiro

(= aleatório e indiscriminado) num prazo de 3 meses da data de entrada do

residente, porque passados estes 3 os residentes já não podem ser expulsos.

- segurança pública e ordem pública: razões invocadas (1) de harmonia com o

princípio da proporcionalidade, (2) devido a um comportamento pessoal do

indivíduo, (3) que represente uma ameaça real, actual e suficientemente grave

para afectar um interesse fundamental da sociedade.

- se tiver dúvidas cujo esclarecimento considere indispensável, o Estado de

acolhimento pode pedir ao Estado de origem informações sobre os

antecedentes penais do indivíduo (sem carácter de rotina), esperando uma

resposta em 2 meses.

- a excepção de ordem pública deve ser interpretada restritivamente, sem ser

desviada da sua função própria, pelo que não servem de justificação para

invocar esta razão: (1) um interesse económico do Estado, (2) um motivo de

prevenção geral ou de dissuasão individual, (3) a existência de condenações

penais anteriores, (4) a omissão das formalidades administrativas relativas ao

acesso, deslocação ou permanência dos estrangeiros.

… contudo, as pessoas vítimas de uma decisão desfavorável têm ao seu dispor

garantias processuais adequadas a assegurar a sua defesa contra os

comportamentos do Estado territorial contrários ao direito comunitário (31º da

D.): 

- é-lhes garantido o acesso às vias judicias ou administrativas do Estado de

Acolhimento para impugnar a decisão, permitindo que se examine a

legalidade da decisão e se certifique que esta não é desproporcional.

- normalmente, se a impugnação for acompanhada de um pedido de medida

provisória para suspender a execução da decisão, o indivíduo não pode ser

afastado enquanto não for tomada uma decisão sobre a medida provisória.

- e, mesmo que os Estados possam recusar a presença da pessoa no seu

território durante a impugnação, não podem impedir que esta apresente

pessoalmente a sua defesa, por regra.

3. CASOS REGULADOS NO TRATADO DE ROMA.

3.1. A LIVRE CIRCULAÇÃO DE TRABALHADORES. (artigo 39º e ss. TCE)

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Esta liberdade, como resulta da letra do artigo 39º:

- visa actividades económicas dependentes,

- dirige-se (1) aos nacionais de um Estado-Membro,

(2) que sejam trabalhadores assalariados (por conta de outrem),

(3) e que pretendam desenvolver a sua actividade no território de outro

EM, numa situação de transposição de fronteira (contacto com +de1

OJ).

O conceito de trabalho é comunitário e vem definido no AC. LEVIN, segundo o qual o

trabalho:

(1) tem de ser real e efectivo, e não apenas marginal ou acessório,

(2) embora possa ser a tempo parcial e ter uma remuneração inferior ao salário

mínimo.

* ficam assim excluídos os trabalhos marginais e acessórios, insignificantes, etambém os trabalhos de reintegração social (dos presos, dos toxicodependentes).

Os BENEFICIÁRIOS desta liberdade são:

a) trabalhadores assalariados – é um conceito comunitário definido no AC. LAWRIE-

BLUM que fixa três requisitos cumulativos: (1) que seja desenvolvida uma

actividade laboral, (2) sob direcção e por conta de outrem, (3) mediante

remuneração.

b) familiares dos trabalhadores – já não têm de ser nacionais de um Estado

Membro, e estão abrangidos: (1) o cônjuge, ou o parceiro com quem o

trabalhador tiver contraído legalmente uma parceria que seja reconhecida no E.

Acolhimento como equiparável ao casamento (2) os ascendentes do trabalhador

ou do cônjuge - pais e sogros, (3) os descendentes menores de 21 anos, ou os

maiores de 21 que estejam a cargo do trabalhador (= cujo sustento seja

assegurado por ele, ainda que não lhes assista um direito a alimentos).

c) casos especiais – (1) os cidadãos europeus abrangidos pela Directiva 2004/38,

bem como  (2) as categorias de indivíduos definidas no AC. ANTONISSEN: os

estudantes, os reformados, e os que procuram emprego por um prazo de 3

meses.

Porém, estão EXCLUÍDOS desta liberdade e do princípio da não discriminação:

- empregos na Administração Pública – segundo o AC. LAWRIE-BLUM, são empregosque (1) envolvem o exercício de poderes públicos, (2) visam realizar os interesses

gerais da comunidade. Não é relevante a qualificação do trabalhador (como

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operário, empregado ou funcionário) nem a natureza do vínculo que o liga ao

organismo estatal (de direito privado ou público) – apenas interessa a natureza

da actividade exercida, e caso recaia nesta categoria, não existe livre acesso

para ela.

- são exemplos: empregos nos Ministérios, na Magistratura, Diplomacia,

Forças Armadas, Polícia, Bancos Centrais; nos serviços de fiscalização de

obras e de actividades económicas; nas funções de direcção e consultadoria

do Estado relativas a questões científicas e técnicas.

- não são exemplos: os Serviços no Sector Público (como professores ou

médicos), as Empresas Publicas (de gás, electricidade, água…), etc.

O CONTEÚDO da livre circulação de trabalhadores abrange: (39º/3)

1) direito de circular: entrar e sair de qualquer EM mediante apresentação de BI

ou passaporte, sem necessidade de obtenção de visto.

2) direito de residir para exercer uma actividade laboral: a partir de 3 meses

adquire-se um cartão de residência válido por 5 anos, concedido mediante

apresentação do BI + passaporte + prova documental do estatuto de

trabalhador, de cônjuge, de estudante… e o direito de permanecer no EM após a

ter exercido.

3) direito de aceder ao trabalho, e de o exercer em igualdade de condições comos nacionais desse outro EM, pois neste domínio vigora o essencial princípio da

não discriminação e da igualdade de tratamento  (12º TCE) que implica que nas

condições de emprego e trabalho não se façam distinções – assim exige-se

paridade na remuneração, na fruição de regalias fiscais e sociais (admissão em

cursos de ensino conforme o art. 12º do Regulamento 1612/68 e acesso a

subsídios, bolsas de estudo, etc.) e no direito de participação na vida sindical (8º

do Reg.). Mas note-se:

- este pr. não coincide com o pr. do tratamento nacional: as disposições que

os EM impõem aos seus nacionais são da sua própria competência, o DC

apenas regula as disposições que os EM impõem aos estrangeiros – que assim

podem até ser mais favoráveis que as dos nacionais ("descriminações às

avessas").

- e a supressão das medidas discriminatórias não é total pois um EM pode

afastar um operador económico comunitário por razoes de ordem, segurança

ao saúde pública – algo que não pode fazer aos seus nacionais.

4) direito ao regime de segurança social e às suas prestações – quatro princípios:

a) plena igualdade de tratamento no que respeita às prestações sociais.

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b) totalização: no interesse do beneficiário serão somados os descontos dos

vários períodos em que o trabalhador esteve sucessivamente ao abrigo dos

diversos sistemas nacionais de segurança nacional – para obviar a que este

fique sem as suas prestações por nunca ter chegado a decorrer o período que

a respectiva legislação exigia para assegurar o direito a determinada

prestação.

c)  pro-ratização, ou repartição pro rata temporis: feita a totalização, as

prestações a que o trabalhador tem direito ficarão a cargo dos diversos

sistemas nacionais de segurança social, em função do tempo em que o

beneficiário para elas descontou – ver o exemplo da página 10.

d) domicílio: cada sistema tem a obrigação de remessa das prestações para o

Estado-Membro em que o beneficiário resida – pelo menos nas prestações em

numerário, porque as prestações em natureza (cuidados médicos,

medicamentosos, hospitalares) são asseguradas no país de residência comose o beneficiário estivesse coberto pelo sistema local de segurança social.

Contudo, podem ser apostas RESTRIÇÕES a esta liberdade, quando se trate de:

a) razões de ordem, segurança e saúde pública – 39º/3 do TCE e 27º– 29º da D.

b) situações internas ou nacionalidades de terceiros Estados – (letra do 39º/2)

c) exigências de conhecimentos linguísticos que o Estado imponha a certas

profissões – como para professor de dança, segundo o AC. GROENER. 

d) empregos na Administração Pública – (39º/4)

Mas uma vez que existem actividades que apenas podem ser exercidas se o

trabalhador possuir um diploma reconhecido no E.A., foi necessária a adopção da

Directiva 2005/36 relativa ao reconhecimento das qualificações profissionais, que

institui:

1) um regime geral de reconhecimento para profissões regulamentares,

semelhante ao regime das anteriores Directivas 89/48 e 92/5, determina que:

- o E.A. deve ter em conta os diplomas emitido pelo E.O. correspondam (1) a

uma formação de nível pós-secundário de 1 ano e (2) a uma formação de

nível superior ou universitário de 3 anos; não podendo exigir ao trabalhador

que repita o curso no E. Acolhimento. (Considerando nº 14)

- no caso de ausência de harmonização entre os cursos, pelo facto da

duração/matérias serem inconciliavelmente diferentes, o E.A. pode exigir

medidas de compensação proporcionadas, como provas de aptidão ou um

estágio de adaptação. (Considerando nº 15)

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2) um regime de reconhecimento automático para as antigas directivas sectoriais

que regulavam certas profissões (médicos, dentistas, enfermeiros, farmacêuticos,

veterinários e arquitectos):

- existe um acordo sobre o nível de formação mínima, pelo que o E.A. deve

reconhecer automaticamente estas qualificações quando se verifique esse

mínimo (Considerando nº 19)

3) um regime de reconhecimento específico para as directivas especiais ainda

hoje em vigor para o exercício da advocacia:

- subsistem as disposições da Directiva 98/5 (Considerando nº 42)

* a Directiva 2005/36 devia ter sido transposta até 20 Outubro 2007, mas

Portugal não transpôs e sofre neste momento uma Acção por Incumprimento.

NOTA – esquema de resolução de casos práticos sobre a LCT:

1) dizer o artigo e referir as situações que visa e a quem se dirige,

2) explicar a noção de trabalho, os beneficiários,  a exclusão dos empregos da

Administração pública, o conteúdo e as restrições.

3.2. O DIREITO DE ESTABELECIMENTO. (art. 43º ss. TCE)

Esta liberdade, como resulta da letra do artigo 43º:

- visa actividades económicas independentes de carácter duradouro, que se

prolongam no tempo (actividades industriais, comerciais, agrícolas, de

prestação…)

- dirige-se (1) aos nacionais de um Estado-Membro,

(2) que sejam trabalhadores independentes (sem salário)

(3) e que pretendam desenvolver a sua actividade no território de outro

Estado-Membro, numa situação de transposição de fronteira por parte

do titular do direito de estabelecimento. 

Os BENEFICIÁRIOS desta liberdade são:

a) pessoas singulares – os cidadãos da UE que:

- possuam o vínculo político da nacionalidade de um EM

- desempenhem uma actividade independente remunerada.

b) pessoas colectivas de fim lucrativo – as sociedades que:

- sejam constituídas segundo a legislação de um EM – fixado no artigo 48º,

- tenham a sua sede social num dos EM – artigo 48º,

- possuam um vínculo económico com a UE, porque realizam uma actividade

económica num dos EM – fixado pelo Conselho.

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No caso das pessoas colectivas podemos ainda falar num ESTABELECIMENTO:

- principal: quando é criada uma nova empresa na UE, designada empresa-mãe.

- secundário: quando já existe uma empresa-mãe na UE e é criada uma filial ou

uma sucursal noutro EM.

No CONTEÚDO do direito de estabelecimento aplica-se mutatis mutandis o da LCT, não

deixando de notar que a noção de estabelecimento, segundo o artigo 43º,

corresponde:

- ao acesso às actividades não assalariadas e ao seu exercício,

- à constituição e gestão de sociedades,

- à criação de agências, sucursais ou filiais de empresas já constituídas noutro

EM.

As RESTRIÇÕES a esta liberdade são:

- razões de ordem, segurança ou saúde pública (46º)

- actividades ligadas ao exercício da autoridade pública (45º/1)

- actividades definidas pelo Conselho, deliberando por maioria qualificada, sob

proposta da Comissão (45º/2)

3.3. A LIVRE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. (art. 49º ss.; e o 55º remete para o

DE)

Esta liberdade, como resulta da letra do artigo 49º:

- visa actividades económicas independentes de carácter temporário, que não se

prolongam no tempo (activ. industriais, comerciais, artesanais, profissões

liberais…)

- dirige-se (1) aos nacionais de um Estado-Membro,

(2) que sejam trabalhadores independentes (sem salário)

(3) e que pretendam desenvolver a sua actividade no território de outroEstado-Membro, numa situação de transposição de fronteira por parte

do prestador de serviços, do destinatário do serviço, ou do próprio

serviço.

A NOÇÃO DE SERVIÇOS  está fixada no artigo 50º, e é ampla – abrange quaisquer 

 prestações realizadas mediante remuneração (contanto que essa remuneração não

constitua salário) que não estejam abarcadas pela livre circulação de mercadorias,

capitais e pessoas.

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- pode assim referir-se a uma actividade industrial, comercial, artesanal, às

profissões liberais ou até ao turismo e às viagens de negócio ou de estudos (pois

os destinatários usufruem de serviços de alojamento, restauração, transportes…).

- note-se que a noção de serviços abarca:

a) a prestação activa – a deslocação do prestador de serviços no espaço

comunitário (ex: o advogado desloca-se de encontro ao cliente).b) a prestação passiva – o destinatário dos serviços desloca-se no espaço

comunitário (ex: o cliente desloca-se de encontro ao advogado).

c) a deslocação do objecto material do próprio serviço, sem exigir a do

prestador ou do destinatário (ex: o parecer desloca-se do advogado para o

cliente).

Os BENEFICIÁRIOS  são a) p. singulares ou b) p. colectivas de fim lucrativo que

possuam:

- o vinculo político da nacionalidade de um EM.

- o vínculo territorial resultante do prévio estabelecimento num EM.

O CONTEÚDO e as RESTRIÇÕES do DE aplicam-se mutatis mutandis à LPS, por força do

artigo 55º que remete para o DE.

Assim se verifica que a LPS é residual e subsidiária em relação ao DE, e que existem

dois critérios de distinção entre um e outro:

- o critério da presença – é duradoura no DE e temporária na LPS. No DE oindivíduo está estavelmente instalado no EM onde vai prestar regularmente os

seus serviços a clientes indeterminados; e na LPS o indivíduo está instalado num

EM diferente daquele onde vai prestar esporadicamente os seus serviços a

clientes determinados.

- a transposição da fronteira – tem de ser realizada pelo próprio indivíduo no DE,

mas pode ser realizada pelo indivíduo, pelo destinatário, ou pelo serviço na LPS.

 

NOTA – exemplo de uma operação de pró-ratização:

Se um indivíduo, num total de 36 anos, esteve …

… 6 anos no Estado A, sabendo que se tivesse estado os 36 mereceria 60 $.

… 12 anos no Estado B, sabendo que se tivesse estado os 36 mereceria 120

$.

… 18 anos no Estado C, sabendo que se tivesse estado os 36 mereceria 90 $.

Então o cálculo de repartição pro rata temporis seria o seguinte:… no Estado A (36 / 6) = 10

… no Estado B (36 /12) = 40

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… no Estado C (36 / 18) = 45

 Total da prestação a receber = 95 $, que lhe devem ser pagos por cada sistema

nacional no país e no local do seu domicílio.

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