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Durval Muniz de Albuquerque Júnior: um "experimento" foucaultiano que deu certo? Paraibano, filho de Campina Grande e de um pai “macho” e uma mãe paulista. Também é professor de História e aluno da vida! Ensina história e cidadania a partir de sua “filiação” ao pensamento foucaultiano. Tem “carteirinha” e tudo mais (...). Parece ser um “paulista”, mas dizem que ele é “paraibano”. Ele não se diz e nem “fala”, mas gosta do “falo” e se apresenta como um “texto” em constante (des) construção. Não é um “vulcão” em erupção, mas pode fazer de um “formigueiro” uma cadeira. Admirado por dezenas de centenas e criticado por dezenas de “colegas”! Parece fazer o bem sem olhar a quem. O “mau-costume” (?) que dizem e falam ter, tem produzido bons historiadores (as).

Durval muniz de albuquerque júnior

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Durval Muniz de Albuquerque Júnior: um "experimento" foucaultiano que deu certo?

• Paraibano, filho de Campina Grande e de um pai “macho” e uma mãe paulista. Também é professor de História e aluno da vida!

• Ensina história e cidadania a partir de sua “filiação” ao pensamento foucaultiano. Tem “carteirinha” e tudo mais (...).

• Parece ser um “paulista”, mas dizem que ele é “paraibano”. Ele não se diz e nem “fala”, mas gosta do “falo” e se apresenta como um “texto” em constante (des) construção. Não é um “vulcão” em erupção, mas pode fazer de um “formigueiro” uma cadeira.

• Admirado por dezenas de centenas e criticado por dezenas de “colegas”! Parece fazer o bem sem olhar a quem. O “mau-costume” (?) que dizem e falam ter, tem produzido bons historiadores (as).

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DURVALINO......• É o autor; mas o que é um autor?-, da “invenção do Nordeste” e de

“Nordestino- uma invenção do falo” e coautor de tantas vidas “infames” marginalizadas na historiografia e na vida.

• Por que, então, falar dele? Falar desse “niilista de cátedra”?• Ele é uma “biografia” quase possível, mas ele sabe História como

“poucos”. Sabe ensinar História como pouquíssimos. Conhece a vida assim como é a relação entre a sensibilidade e a “pele”. Acredita que a História serve a vida, dessa forma, transforma o ensino e o aprendizado da História numa “verdade” atrativa e consequente. Não “faz” e nem “cria” alunos (as), produz vidas, forma historiadores (as) aptos para os “ossos” do ofício.

• “Falar” dele é, ao mesmo tempo, aprender um pouco de Nietzsche, de Foucault, De Certeau, de Thompson, de Marx, de Freud, de nós mesmos (...). Se ler é desatar “nós”, ele é o cara!

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Durval Muniz: uma biografia (im) possível.

• Segundo Durval Muniz: “(...) o gesto biográfico faz parte da estratégia de memorização dos sujeitos, de sua constituição a serviço de interesses de um dado momento (...)”.

• Sendo uma prática do saber e do poder, a biografia visa criar no Ocidente, um indivíduo que se resume numa tentativa de reduzir uma vida a alguns de seus traços, de suas marcas, desconhecendo o quanto esta excede a qualquer escrita, embora, esta, muitas vezes, como nos diz Durval Muniz, também possa salvar vidas de seu total esquecimento.

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DURVALINDO.....• Quantos em um só são os “Durvais” que sejam possíveis mostrar?• O filho de um “paraibano” e uma mãe paulista? O Durval natural de Campina

Grande e, portanto, campinense torcedor do “treze”? O “canceriano” nascido no dia 22/06/61? O “camponês” que limpou mato, plantou e colheu milho, feijão e algodão, alem de ter “tangido” boi? O filho do “fazendeiro” dona da fazenda Nossa Senhora Aparecida ou o filho da mãe “professora” que lhe alfabetizou? O casado com uma mulher ou o apaixonado por homens? O Durval sensível que “psicosomatiza” os anseios diversos do (s) outro (s) sabendo, entendendo, ensinando e vivendo com as alteridades humanas? O aluno do “Padre Inácio” ou o residente da “Liberdade”, em Campina Grande? O Durval “urbano” ou o “rural”? Aprendiz do “José Américo de Almeida” (atual Colégio Estadual da Prata) ou o “fiel cristão” da Igreja de Bodocongó? O Durval do ano de 1978 atingido por uma “forrageira” ou o Durval “aberto” a novas descobertas? O Durval aluno da URNE e UEPB ou professor do Curso Campinense? Militante dos movimentos sociais estudantis ou locutor do “Lula”? Aquele que abandonou a Igreja ou o que “acolheu” Marx? Quem é o “verdadeiro” Durval- O da UEPB? O da UNICAMP? O da UFPB (atual UFCG), o da UFPE ou o da UFRN?

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DUDU....

• Uma “coisa” é certa: todo e qualquer procedimento biográfico faz parte do processo de internalização da própria ideia de “eu” no Ocidente, a ideia de que temos uma verdade interior, uma essência, um segredo que pode ser apanhado, flagrado aos poucos, em cada atitude nossa, em cada marca que deixamos no mundo. Como diria Michel Foucault a biografia ou a autobiografia

• (...) é uma escavação ao infinito, onde jamais se chegará a uma imagem definitiva do biografado. Será sempre possível, como o discurso médico e o discurso jurídico fizeram com Riviére, esculpir novas figuras de sujeito e atribuir-lhes o mesmo nome.

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Vamos deixar de “preliminares” e vamos aos fatos ou seria aos “Durvais”?

• Nasceu em Campina Grande, Paraíba, em 22 de junho de 1961, embora seu pai o tenha registrado como tendo nascido a 20 do mesmo mês. Viveu até os 14 anos na fazenda Nossa Senhora Aparecida, município de Boqueirão, região do cariri paraibano, onde correu atrás de vacas e cabras, onde limpou mato, plantou e colheu milho, feijão e algodão. Aí também estudou até o antigo quarto ano primário, tendo sido ensinado por sua mãe, todas as tardes, na sala de jantar de sua casa.

• Tendo feito o exame de admissão ao ginásio em 1971, passou a viajar todas as noites, em jeep de um vizinho, para a cidade de Boqueirão, onde no Colégio Comercial Padre Inácio fez até a oitava série. Em 1976, muda-se, com a mãe e os irmãos, da fazenda para a cidade de Campina Grande, onde passa a residir no bairro da Liberdade e cursar o antigo curso científico, no Colégio Estadual José Américo de Almeida, conhecido como Estadual da Prata.

• Participa de grupos de jovens católicos, da pastoral da juventude, vai à missa todo domingo e canta no coral da igreja do bairro de Bodocongó. Em dezembro de 1978, um ano antes de concluir o científico, tem a sua mão amputada por uma máquina forrageira, ao passar o final do ano na fazenda de seu pai.

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DURVALÁLÁ• Neste mesmo período fica sabendo que o desejo que sente é chamado de

homossexualidade.• Aprovado no Vestibular de 1979 ingressa no curso de Estudos Sociais, da então

Universidade Regional do Nordeste, hoje Universidade Estadual da Paraíba. No ano seguinte, com a criação do curso de Licenciatura Plena em História, faz a opção por este curso, que conclui em julho de 1982. Tendo ingressado na Universidade em 1979, neste mesmo ano é convidado para dar aulas no Curso Campinense, o maior cursinho pré-vestibular da cidade.

• Enquanto cursa a graduação ensina em outros colégios da cidade, como: NESA, Alfredo Dantas, Rui Barbosa, Regina Coeli e CPUC. Ministra aulas de História Geral e do Brasil, para alunos de sétima e oitava série do primeiro grau e de primeira a terceira série do segundo grau, além de aulas para alunos do supletivo de primeiro e segundo graus e do pré-vestibular. Participa do movimento estudantil, é eleito secretário do DCE e representante estudantil junto ao CONSUNI.

• Tendo-se tornado marxista, abandona a Igreja, ajuda na fundação e se torna militante do Partido dos Trabalhadores. É locutor do primeiro comício de Lula em Campina Grande, em 1982.

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MEU REI...• Tendo concluído a graduação, faz seleção para o Mestrado em História

Social do Trabalho na Universidade Estadual de Campinas, para a linha de pesquisa Capitalismo e Agricultura, apresentando um projeto que visava estudar os conflitos pela terra ocorridos nas localidades de Alagamar e Piacas, no agreste paraibano. Aprovado, vai para Campinas, onde passa viver com um tio materno. Ai cursa disciplinas ministradas pelos professores Maria Silvia de Carvalho Franco, Ítalo Tronca, Héctor Bruit e Nazareth Baudel Wanderley. Faz os créditos em 1983 e no primeiro semestre de 1984, retorna a Campina Grande, onde, em novembro é aprovado em concurso público de provas e títulos para ocupar a vaga de Professor Auxiliar do Departamento de Sociologia e Antropologia, da Universidade Federal da Paraíba, Campus II, na área de História Geral e do Brasil. Ministra disciplinas como: História dos Movimentos Sociais, História Antiga Oriental, História Econômica Geral, História Econômica do Brasil, História do Brasil III, História do Brasil IV, História da Paraíba II, Métodos e Técnicas de Pesquisa e História do Nordeste.

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JÚNIOR...• Na UNICAMP entrara em contato com o pensamento de Michel Foucault

e com a nova história, que mudaram sua forma de pensar seu ofício e, inclusive, seu tema de Dissertação. Em 1988, sob a orientação do professor Robert Andrew Slenes, defende a Dissertação intitulada: Falas de Astúcia e de Angústia: a seca no imaginário nordestino (de problema à solução), 1877-1922, aprovada pela banca composta pelo orientador e pelas professoras Maria Stella Brescianni e Izabel Marson.

• Uma vez Mestre, passa a fazer parte do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Rural, ministrando disciplinas e orientando suas primeiras dissertações. Com a criação do Departamento de História e Geografia passa a integrar seu corpo docente. Em 1990 retorna a UNICAMP para cursar o Doutorado em História Social do Trabalho, apresentando um projeto para estudar o papel dos nordestinos na formação da classe operária brasileira. Cursa disciplinas com os professores Alcir Lenharo - que se tornaria seu co-orientador, dada a viagem de estudos empreendida pelo orientador, professor Robert Slenes - Margareth Rago e Edgar de Decca.

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PROFESSOR...• Em 1994 defende a tese intitulada O Engenho Anti-Moderno: a invenção do Nordeste e

outras artes, perante a banca composta pelos professores Alcir Lenharo, Edgar de Decca, Margareth Rago, Luis Carlos Dantas e Celso Favaretto, sendo aprovada com distinção e louvor.

• A tese após ser escolhida a melhor sobre o Norte e Nordeste, na área de história, ao concorrer ao prêmio Nelson Chaves da Fundação Joaquim Nabuco, foi publicada, em 1999, pelas editoras Cortez e Massangana como o livro A Invenção do Nordeste e outras artes, já em sua terceira edição.

• Após a defesa da tese passa a colaborar com o Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco, onde ministra disciplinas e orienta dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado. Passa a ministrar as disciplinas: Introdução ao Estudo da História, Teoria da História e Historiografia Brasileira, na graduação. Em 1996, torna-se pesquisador do CNPq, já tendo desenvolvido sob seu patrocínio dois projetos de pesquisa, estando hoje como pesquisador nível 1C. Um deles resultou em seu segundo livro: Nordestino: uma invenção do falo – uma história do gênero masculino (Nordeste, 1920-1940), publicado pela editora Catavento.

• Entre os anos de 1997 e 2000 foi Vice-Diretor do Centro de Humanidades da Universidade Federal da Paraíba. Em 2001 faz estágio de pós-doutoramento na área de Educação, na Universidade de Barcelona, Espanha, sendo recebido pelo professor Jorge Larrosa.

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FESSOR....• Em 2002, com a criação da Universidade Federal de Campina Grande

passou a fazer parte de seus quadros até sua redistribuição para os quadros da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na qual fez concurso, para a área de Teoria e Metodologia da História, no ano de 2004. Orientou até o momento 29 monografias de conclusão de curso de graduação, 26 dissertações de Mestrado e 9 teses de Doutorado. Tem vários artigos e capítulos de livros publicados sobre temas como: teoria da história, história dos espaços, história das relações de gênero, história da cultura, história regional. Em abril deste ano fez concurso de provas e títulos para a categoria de Professor Titular do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sendo examinado pela banca composta pelos professores Ângela de Castro Gomes (UFRJ), Gisafran Nazareno Jucá (UECE) e Ilza Leão (UFRN), sendo aprovado. É atualmente professor do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e seu Coordenador.

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2. Durval Muniz de Albuquerque e Durval Muniz de Albuquerque Júnior: “(...) por me ensinar, ao longo dos anos, as dores e as delícias de ser homem no Nordeste”.;

• Ser homem no Nordeste, dentro ou fora dele é, entre outros elementos constitutivos da masculinidade nessa região, não dar “mole” para a mulher. Em outras palavras pode ser também: cabra-macho, sim senhor!; Ser que nem lampião foi (não seriam “Lampiões”?); “Eurocentrismo” e “Egocentrismo” perdem é “feio” para o “Falocentrismo” condição de identidade regional e sexual assim fala Durval Muniz, na busca da desencarnação do “falo” encarnado.

• Não foi “à toa” que ele descobriu no que era ser homem no Nordeste, “ensinado” por seu pai, todas as dores e todas as delícias de ser homem dentro e fora dessa região.

• A experiência de ser masculino na Paraíba, no Nordeste e no Brasil sendo filho de seu “Durval”, lhe trouxe a experiência do sujeito da história marginalizado, incompreendido, combatido e vigiado. Violência e masculinidade são elementos constitutivos das experiências acima citadas: uma experiência do filho, sujeito e habitante das “dores” e das “delícias” de “Júnior”, de ser paraibano. De ser nordestino e de estar à margem da história.

• A descoberta da homossexualidade para Durval Júnior foi à descoberta da (im) possibilidade de fazer história em vez de continuar a sofrê-la? Vai depender onde ele “pisa”, mas seu pensamento e sua escrita devem ser livres, parafraseando Michel Foucault eu diria: existe uma moral de estado civil que rege nossos papéis, mas que ela nos deixe livres, ao menos, na hora de pensar, falar e escrever.

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MESTRE....• Fiz muitas festas em minha casa em Campina Grande, onde dividia a mesma com

outros colegas estudantes da graduação de História da UFPB e alunos (as) de Durval Muniz. Ele estava sempre presente, nunca sozinho, às vezes “pluralmente” acompanhado e vivendo diversas manifestações abertas e declaradas de homo-afetividades. Seu (s) namorado (s) causavam “invejas” em muitas das suas alunas e “curiosidades” em muitos dos seus alunos e seus colegas professores também presentes nas festas, pareciam estarem acostumados, mas não se esqueciam de “biografá-lo” (...).

• Sobre isso Durval Muniz diz: “(...) o nome do biografado é quase sempre um nome de morte, de alguém que já não pode contestar as imagens que dele se construiu; mas a morte é a única possibilidade desta imagem se estabilizar, quando um sujeito absoluto é apresentado no lugar de um sujeito possível”.

• A(s) vida (s) e a “erótica” de Durval Muniz de Albuquerque Júnior ou o “sujeito-autor” e as suas obras não podem e nem devem ser a busca de um “centro”, de uma “determinação” histórica porque o “Durval” é apenas “parte” de um “todo” chamado “Durvais”, traço dos traços que lhe compõe e que lhe dar o direito e a vontade de ter várias máscaras que são apenas “detalhes” que, assim como as “paralelas”, só se encontram no infinito. Ele não tem nenhuma ânsia pelo divã. Durval é sujeito da subjetivação e não da objetivação.

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3. Durval: uma estética da existência?

• A verdade para Durval não era para ser descoberta ou revelada, mas vivida e praticada. Segundo ele:

• Foucault sugere uma vida de autoria de si mesmo que é, ao mesmo tempo, uma forma de resistência às tecnologias modernas de produção da subjetividade do indivíduo e uma arte da conduta centrada na coincidência daquilo que o indivíduo faz com aquilo que diz: procura não só dizer verdadeiro, mas ser verdadeiro enquanto sujeito de um saber e um poder sobre si próprio. Cuidar de si, ter controle sobre si, escrever a si é fazer da vida uma obra de arte, obra que exige permanente cumprimento. Viver o que pensa e o que diz, isso exige enfrentar criticamente as regras, os costumes que lhes são impostos.

• Durval Muniz faz da vida sua inspiração. Faz da história dos costumes uma opção teórico-metodológica fértil e inspiradora para combater a obediência a um código moral e promover o exercício da atividade de historiador e da História para servir a vida.

• Foucault parece desejar que se faça dele uma leitura, que é a que este texto busca fazer, ou seja, ele quer se oferecer ao olhar dos outros não como lei verdadeira a ser obedecida, mas, antes, como exemplo de autenticidade, capaz de inspirar quem, ao decidir das leis suscetíveis de prescrever a vida, reencontre as palavras com que escrever um modo de estar consigo mesmo e com os outros.

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DOUTOR....• Eu, Tatiana, Ana Lúcia, Carlos Cavalcante, Rodrigo e Viviane

Ceballos além, obviamente, de tantos (as) outros (as) alunos (as) do curso de História da UFPB, campus II em Campina Grande, Paraíba, temos certeza que o que Durval queria em suas aulas e orientação de pesquisas em história dos Costumes era usar o seu pensamento para fazer história, história dos costumes.

• O aprendizado de História com ele tinha e acredito que ainda hoje tem um “eixo” de discussão que passava pela cidadania, que ensinava a ser cidadão além de ser historiador (a). Saber, poder e querer se colocar no lugar do outro, ter a amizade como metodologia (ensinada a ele por Alcir Lenharo), respeitar e ser respeitado, compreender e ser compreendido parecia, muitas vezes, aulas de como ser um “franciscano”. De “santo” ele não tem nada, mas de amigo e professor ele tem demais.

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4. Durval Muniz: o professor e amigo- a História a serviço da vida!

• Minha matrícula na UFPB era 3197-0. Minha primeira aula foi na sala BD-204, com o Professor Josemir Camilo na disciplina “Pré-História”, mas a primeira aula de “Introdução aos Estudos Históricos” com Durval Muniz de Albuquerque Júnior foi como uma “flecha” que atingira o coração. Daquele dia em diante, sem o demérito a nenhum (a) outro (a) professor (a) do curso de História em Campina Grande, minha vida seria marcada pelo pensamento desse mestre, orientador e amigo.

• Lembro que nessa primeira aula, um aluno do curso “pregaria” o primeiro “trote” aos “feras” da História. O nome dele é Gilson, que entrou na sala de aula como se fosse o “professor” da disciplina e acreditamos, mas logo em seguida entrou Durval e descobríamos o trote.

• Foi meu professor de outras tantas disciplinas, mas assim como a “Introdução aos Estudos Históricos”, a disciplina “Teorias da História” foi outro grande momento em que eu tive certeza que ele queria mesmo era usar seu pensamento para fazer história, a dele e a nossa, pois entendíamos que “usar o pensamento” é se tornar “autor” de sua própria história.

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AMIGO......• Nas reuniões de orientação de pesquisa do grupo de estudo sobre a história dos

costumes voltada para a invenção do Nordeste e do nordestino os bons momentos se reproduziam e se multiplicavam em aprendizado e amizade. Descobríamos não só o conhecimento histórico ou a importância da pesquisa para nossa formação, mas “descobríamos” outros “Durvais”: o que um dia foi casado com uma mulher; o sujeito sensível e humano; o “enciclopédico” professor que nos deixava vislumbrado e ali, nessas reuniões em que, entre outros, estavam presentes eu, Tatiana de Lima Siqueira, Ana Lúcia Gonçalves Rosa, Carlos José Cavalcante, Rodrigo Ceballos e Viviane Gomes Ceballos, percebíamos que o fato de sermos, além de alunos (as) também orientandos (as) de Durval Muniz, todos os demais alunos (as) e professores (as) nos “olhava” e “biografavam-nos” de forma diferenciada me parecia até, que tínhamos a obrigação de saber mais, de sermos ou nos tornarmos os “melhores” alunos (as) do curso. Acho até que já, bem antes de nós, era um “costume” ver os alunos (as) e orientandos (as) de Durval desse modo.

• Os costumes dariam identidade a um povo, a uma classe social, a um grupo. É no seu estudo que deveria se buscar a definição do um e do outro. Para além dos costumes relativos a espaços, tempos e povos diferentes deveria se buscar os costumes generalizáveis, universalizáveis, como aqueles que dispõem sobre a verdade, a moralidade, a justiça e o bem.

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DURVAL

• As reflexões e os ensinamentos propostos por Durval a nós eram muito mais em relação à ética do que a moral. Se a ética devia ser praticada a moral devia ser relativizada.

• Na “História dos Costumes” que participei como pesquisador além de ter participado como cidadão que aprendia que as estéticas de existências fazem parte das relações de alteridades em que devemos nos reconhecer como espécie e não como “estranhos”. Aprendia que não era mais possível dormir com a hipocrisia e acordar com o falso moralismo.

• Se a História serve a vida, o Durval serviu a mim.• Qualquer saber sobre os costumes, principalmente o histórico, deve ser

expressão desta comunidade crítica, ou seja, deve abrir para nós a possibilidade de interromper, rejeitar ou inverter as formas socialmente aceitas, dadas e tacitamente aceitas como verdadeiras, justas, normais, evidentes, boas. Deve por em suspeição nossos costumes, mostrar a possibilidade de serem diferentes do que são, á medida que já foram diferentes algum dia.

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DURVAL MUNIZ...• O professor orientador, mestre e amigo Durval Muniz nos ensinavam a “somar”

para agregar, mas através de sua base teórico-metodológica de alicerce foucaultiano, nos ensinava que “subtrair” das instituições de saber e de poder que anseiam “corpos dóceis”, era uma excelente tática de sobrevivência e de estética de existência. Não teria emergido da “subtração” os diversos movimentos individuais e coletivos de resistências em nossa sociedade?

• É possível lutar contra a dominação, a repressão e a opressão representadas por certos “padrões de pensamento e de comportamento”. No entanto, não se pode ficar imune ao poder, “escapar” das de poder. Você faz parte dela: é a “clausura” do poder, mas você pode “pautar” sua vida e seu pensamento por uma “estética” tanto da vida como do pensamento!

• Vivemos numa sociedade com formas de poder muito fortes, mas nós vivemos também, ao mesmo tempo, com muitas estratégias de SUBTRAÇÃO desse controle. Por exemplo, existem na sociedade em que vivemos um contingente grande, grupos de pessoas, indivíduos que buscam e vivem de forma diferente, tem uma forma de pensar diferente e que procuram construir comunidades que buscam viver e pensar formas de comportamentos que sejam ALTERNATIVOS (movimento estudantil; movimento dos negros; dos gays; das lésbicas etc).

• Os homens por serem “livres” não estão totalmente subordinados pelo poder e isso possibilita que ele possa consequentemente a essa “liberdade”, realizar uma vida autônoma, bonita e plena de sentidos para eles mesmos.

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5. O “sujeito”, uma questão central: tanto para Foucault assim como, para Durval

• A vida e a filosofia foucaultiana se confundem. Um pensamento transversal que atravessa: a Filosofia; a História; a Sociologia; a Psiquiatria; o Direito entre outros.

• Meu objetivo será mostrar-lhes como ás práticas sociais podem chegar a engendrar domínios de saber que não somente fazem aparecer novos objetos, novos conceitos, novas técnicas, mas também fazer nascer formas totalmente novas de sujeitos de conhecimento. O próprio sujeito de conhecimento tem uma história, a relação do sujeito com o objeto, ou, mais claramente, a verdade tem uma história.

• A vida e a teoria da história praticada por Durval Muniz se confundem, com a vida e a filosofia de Michel Foucault:

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NORDESTINO......• Liguemos a televisão. Um “careca do ABC”, de aproximadamente 1,65m de altura, olha fixo para

a câmera e dispara: “Você já viu um nordestino com 1,80m de altura e inteligente?”. O que ele se considerava, obviamente. Mudemos de canal. Em cidade nordestina, a pretexto de cobrir as festas juninas, dois humoristas procuram insistentemente por alguém que tivesse visto o cangaceiro Antônio Silvino; aproximam-se de um velho e à queima-roupa perguntam: “Antônio Silvino era cabra macho mesmo?”. Continuemos assistindo, pois é um programa de humor. Na feira da cidade ressurge Antônio Conselheiro, com um aspecto enlouquecido, vocifera uma pregação desencontrada, vestido com um roupão branco e trazendo um enorme bordão de madeira, com que ameaça as pessoas. Esquecidos da cidade e da festa que vieram cobrir, procuram ceguinhas cantadoras de embolada e uma procissão em louvor a Santo Antônio. Termina o programa com Lampião e Maria Bonita, no Rio de Janeiro, atirando para todo lado, para acabar com a imoralidade na praia e porque é bom ver gente cair. Mudemos outra vez de canal. A novela das oito horas é mais uma vez sobre o “Nordeste”, pois lá está presentes o coronel, muitos tiros e tocaias, o padre, a cidadezinha do interior e todos os personagens falam “nordestino”, uma língua formada por um sotaque postiço e acentuado e um conjunto de expressões pouco usuais, saídas do português arcaico, de uma determinada linguagem local ou de dicionários de expressões folclóricas, de preferência. Mudemos de canal, à procura do noticiário. Está havendo seca no Nordeste. Que bom, temos a terra gretada para mostrar, a caatinga seca com seus espinhos e crianças brincando com ossinhos, como se fossem bois, chorando de fome, dá até para o repórter chorar também e quem sabe promover mais uma campanha eletrônica de solidariedade.

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NORDESTE...• Influenciado pela “arquegenealogia foucaultiana” Durval Muniz se propôs, na

época do mestrado na UNICAMP, a mapear os enunciados, os temas, as estratégias e os conceitos que deram forma ao “discurso da seca” enquanto, já no doutorado emergiu o tema sobre o “Nordeste”, como ele afirma: “Inspirado por Michel Foucault (...), escrevi a tese que viria a se transformar no livro ‘A invenção do Nordeste e outras artes’”.

• Na graduação em História, ainda em Campina Grande, os professores (as) que maior influencia exerceram sobre a vida e pensamento de Durval foram: Martha Lúcia Ribeiro (que fora sua professora de História no ensino médio e o fizera se apaixonar pela disciplina e desejar se especializar em História); A professora Josefa Gomes de Almeida e Silva, a professora Eliete Queiróz Gurjão e o professor Waldomiro Cavalcanti que, segundo Durval “tinham o materialismo histórico, nas suas diferentes leituras, como pressuposto das análises que faziam do passado e do ensino que nos ministravam”.

• Vivíamos os anos finais da ditadura militar, pois cursei á graduação entre os anos de 1979 e 1982, não dispúnhamos de uma boa biblioteca e muito menos de muitos títulos inspirados no pensamento marxista. Fiz toda a graduação sem conseguir ler o próprio Marx, pois seus livros não circulavam ou meus professores ainda temiam o seu uso.

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FOUCAULT• Formação e militância política estudantil desenvolvida nesse período que o distanciava da

formação “básica” da família, ou seja: Durval ficava distante da formação cristã e católica que tivera na sua família.

• Quando concluiu a graduação, sob a incredulidade de seus familiares, segundo Durval “notadamente daqueles que viviam em São Paulo” ele resolveu,

• ...cursar o mestrado na Universidade Estadual de Campinas, ainda sob o impacto da leitura de Edgar de Decca e de outros historiadores que fizeram pós-graduação naquela universidade ou nela ensinavam como: Margareth Rago, Amnéris Maroni, Cristina Heblin, Maria Stella Brescianni, Alcir Lenharo, Maria Clementina Pereira da Cunha. A INICAMP, que ainda hoje é uma universidade que produz uma historiografia de grande qualidade, foi decisiva em minha formação e em minha vida. Ali conheci grandes intelectuais e grandes amigos, ali conheci novas maneiras de escrever e de abordar a História. Ali, nas aulas do professor Hector Bruit, vim finalmente a ler a obra de Marx, a ler todo “O Capital”. Nas aulas do professor Ítalo Tronca conheci, ainda através de fotocópias bastantes apagadas, a obra de Edward Palmer Thompson, que ainda não haviam sido traduzidas no país e a obra de Michel Foucault que me atraiu imediatamente, pela beleza do estilo, pelo inusitado dos temas que tratava, pela forma desconcertante como demonstrava as nossas mais arraigadas certezas, pela erudição com que tratava cada tema, pela forma nova de praticar o ofício de historiador.

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6. Durval Muniz “advogando” a favor de Guimarães Rosa: no combate á intolerância.

• Durval pertence a uma tradição teórica e filosófica que, na contemporaneidade, põe em questão e tenta superar as famosas “dicotomias’,, as categorias antitéticas, os pares de opostos que dividiram o pensamento metafísico ocidental.

• • Advogo que precisamos aprender a pensar o terceiro termo, o chamado terceiro excluído,

a que Guimarães Rosa deu lugar na bela imagem do rio, este lugar do meio, do entre, este lugar da relação entre aqueles polos que parecem opostos. Creio que precisamos superar o comodismo de pensar por oposição e divisão, por antagonismos binários, criando artificialmente campos separados, que não mantém relações entre si e não se deixam atravessar pelo outro. Esse tipo de pensamento tende a levar á exclusão e a ver o outro como o inimigo a ser exterminado por não ter nenhuma parte comigo, por ser absolutamente estranho. Creio que política e eticamente este tipo de lógica tende a levar á intolerância e ao desrespeito àquele que é visto como inimigo. Pensar o terceiro termo, pensar o que se passa entre, no meio, pensar as misturas, as aproximações, as contaminações do que parece apartado, distante e disjunto é estar atento para o quanto do outro forma a mim e está naquilo que chamamos de si mesmo. Prefiro pensar com Michel Serres que tudo é mestiço, com Guimarães que tudo é misturado, até o demo tendo parte com o divino e até Deus tendo parte com o diabo.

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CERTEAU...• Conhecemos Durval Muniz a dezesseis anos, podemos afirmar que o próprio se viu e se sentiu como um “terceiro

excluído” em que viveu com o “peso’ artificial dos campos separados, marcado pelo pensamento da exclusão, sendo filho de um “nordestino” e de uma paulista, seu “parto” deve ter sido difícil já que foi tema e objeto dos domínios dos saberes enquanto filho, habitante e sujeito de um espaço de saber e objeto de poder.

• Sentiu na pele toda a vilania moral do pensamento, como diria Foucault: “a obrigação de pensar ‘em comum’ com os outros, o domínio do poder pedagógico(...), eis toda a vilania moral do pensamento”.

• Aprendeu que o valor de uma teoria só pode ser medido pela produtividade que essa teoria tem. Ele provou e aprovou! O pensamento foucaultiano, ele descobriu na academia e na vida, que tem que ser usado da mesma forma que se usa uma “caixa de ferramentas”. Teve e tem a certeza que aprender, e foi Foucault e a vida que lhe ensinaram, é um trabalho de “criação”, de produtividade, de tirar sentido daquilo que precisa ser interpretado. Se Foucault é um “leque que respira”, Durval Muniz faz do ar que respira sua teoria, sua metodologia, sua (in) disciplina.

• Na fabricação histórica do sujeito, encontrou na subjetivação sujeitos variados em si mesmo, e no “nordestino” descobriu o significado de ser um texto em constante (des) construção na encarnação do “falo”. Parafraseando Maria Izilda Matos, Durval tem o desejo muito próprio dos historiadores de fazer “reviver” o passado, de aproximar a história vivida e a percepção histórica do vivido.

• O seu nome de autor parecia, assim como Foucault, ao contrário do que ele próprio pense talvez, se tornou o seu próprio nome.

• Assim como Foucault, Durval parece desejar que se faça dele uma leitura, sua produção é uma “oferta” aos olhares dos outros, não como lei verdadeira a ser obedecida, mas, antes, como disse o próprio sobre os “maus-costumes de Foucault”, como exemplo de autenticidade, capaz de inspirar quem, ao decidir das leis suscetíveis de prescrever a vida, reencontre as palavras com que escrever um modo de estar consigo mesmo e com os outros.

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UMA BRECHA ENTRE O DIZER E O FAZER..

• Deixarei a “palavra final” com o biografado: o que você tem a dizer sobre Foucault?

• Seu pensamento continua sendo fundamental na construção de minha historiografia e de minha história, na escrita de mim mesmo, dos meus costumes e “maus-costumes”. E faz parte dos meus “maus-costumes”, lançar o seu pensamento como arma para a construção e desconstrução de novos objetos historiográficos, como os costumes...

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Referências bibliográficas• Durval Muniz de Albuquerque Júnior é doutor em História pela Universidade Estadual de Campinas e professor titular da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, além de colaborador da Universidade• Federal de Pernambuco e atual presidente da Associação Nacional de História (Anpuh). Publicou diversos livros, como o clássico A

invenção do Nordeste e outras artes e o mais recente Nos destinos de fronteira: história, espaços e identidade regional.• Sobre ele consultar: http://www.cchla.ufrn.br/ppgh/docentes/durval/pessoal/biografia.htm; acesso em 28 de abril de 2013; ás

23:20hs.• ALBUEQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. Os “maus costumes” de Foucault.

www.cchla.ufrn.br/ppgh/docentes/durval/artigos/maus_costumes.pdf acesso em 20/03/13; 12:35hs• FOUCAULT, Michel. O que é um autor?Lisboa:VEGA, 1992, PP.09-19• Dedicatória presente no livro: ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. Nordestino: uma invenção do falo- uma história do gênero

masculino (Nordeste- 1920-1940). Maceió: CATAVENTO, 2003; • ALBUEQUERQUE JÚNIOR, op.cit,p.05• ALBUEQUERQUE JÚNIOR, op.cit,p.07;• ALBUEQUERQUE JÚNIOR, op.cit. p.07;• ALBUEQUERQUE JÚNIOR, op.cit.p.10• ALBUEQUERQUE JÚNIOR, op.cit,p.11• FOUCAULT, Michel.A verdade e as formas jurídicas.Rio de janeiro: NAU EDITORA;2002;p.08• ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. A invenção do Nordeste e outras artes.Recife:FJN,Ed.MASSANGANA;São

Paulo:CORTEZ,2001,p. 19-20.• Na terceira margem do rio. Entrevista com Durval Muniz de Albuquerque Júnior in:Revista de História,2,1

(2010),p.148;www.revistahistoria.ufba.br/2010_1/e01pdf• Na terceira margem do rio. Op.cit. p.146• Na terceira margem do rio. Op.cit.p.147• Na terceira margem do rio. Op.cit. p.148-149• Prefácio do livro Nordestino; uma invenção do falo- Uma história do gênero masculino (Nordeste-

1920/1940).Maceió:CATAVENTO,2003; de autoria de Durval Muniz de Albuquerque Júnior.• ALBUEQUERQUE JÚNIOR, op.cit. p.7; • ALBUEQUERQUE JÚNIOR, op.cit. p.18;

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Mas afinal para que serve a história?

• A história tem a importante função de desnaturalizar o tempo presente, de fazê-lo diferir em relação ao passado e ao futuro, no mesmo momento que torna perceptível como estas temporalidades se encontram, como elas só existem emaranhadas, articuladas em cada instante que passa, em cada evento que ocorre. A história serve para que se perceba o presente como devir, como parte de um processo marcado pelas rupturas e descontinuidades, mas também por continuidades e permanências. (...) a história serve para produzir subjetividades humanas, serve para humanizar, serve para construir e edificar pessoas, serve para lapidar e esmerilhar espíritos, serve para fazer de um animal um erudito, um sábio, um ser não apenas formado mas informado, de um ser sensível fazer um ser sensibilizado.

• (Durval Muniz de Albuquerque Júnior).

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