Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    1/37

      17

    EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA:uma prática educativa mediadora e mediatizada

    Oreste Preti 

    1.0 - Introdução 

    As transformações produzidas durante estes últimos anos no Brasil são o reflexo daaceleração no ritmo das mudanças que vêm ocorrendo, sobretudo a partir da década de 50,

    nos países do chamado primeiro mundo, e que estão gerando um modelo de sociedade emque a formação é posta como fator estratégico do desenvolvimento, da produtividade e dacompetitividade. Assim, para os governos e agentes sociais, as políticas relacionadas coma qualificação dos recursos humanos merecem o máximo de interesse e prioridade e os processos formativos devem caracterizar-se por sua continuidade, permanente atualizaçãoe renovação em seus conteúdos. E isso deve atingir o maior número possível de pessoasadultas e ao longo de toda sua vida.

    Por outro lado, existe uma crescente demanda social de formação, devido àsexigências de níveis mais elevados de formação, aos avanços tecnológicos, à insuficiênciade qualificação e às novas tendências demográficas. A diminuição da natalidade,constatada também no Brasil nesta última década (IBGE, 1991), a entrada cada vez mais

    significativa de mulheres no mundo do trabalho, o intenso processo migratório de mão-de-obra do campo em direção aos grandes núcleos urbanos e de regiões menos desenvolvidas para as mais industrializadas, a aposentadoria de uma parcela qualificada da mão-de-obra,especialmente em alguns setores como o da educação, diante das mudanças nas regras daaposentadoria, vêm modificando o mercado de trabalho. Torna-se cada vez mais urgente enecessário proporcionar formação a esses novos grupos para que tenham acesso àsqualificações e conhecimentos requeridos.

    As mudanças tecnológicas da informação também fazem com que grande parte dasqualificações fiquem defasadas, a um ritmo cada vez mais rápido, diante dos aparatos deinformação que operam em tempo real. Por outro lado, existe uma interdependência maiorentre os conhecimentos e a vida econômica.

    Estudos recentes têm comprovado que o crescimento econômico e acompetitividade das economias mais avançadas dependem primordialmente da capacidade para inovar nos produtos e nos processos, e que esta capacidade está baseada num elevadonível de conhecimentos profissionais dos trabalhadores (MEC/CIDEAD, 1995:10).

     Na atualidade, existe um nível de desemprego e uma insuficiência de qualificações.Há uma divergência entre as capacidades exigidas nos novos trabalhos e os conhecimentosque dispõe o conjunto dos trabalhadores. Por isso, torna-se imperativo aumentar o nível de

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    2/37

     18

    formação dos jovens que chegam ao mercado do trabalho e, ao mesmo tempo, atualizar emelhorar as qualificações da mão-de-obra existente mediante uma educação e umaformação contínua e permanente.

    Em 1972, a UNESCO, ao traçar algumas diretrizes para o ensino, afirmava que

    “a educação deve ter por finalidade não apenas formar as pessoas visando uma profissão determinada, mas sobretudo

    colocá-las em condições de se adaptar a diferentes tarefas e

    de se aperfeiçoar continuamente, uma vez que as formas de

     produção e as condições de trabalho evoluem: ela deve

    tender, assim, a facilitar as reconversões profissionais”

    (UNESCO, 1972)

    Portanto, a crescente demanda por educação, devida não somente à expansão populacional como sobretudo às lutas das classes trabalhadoras por acesso à educação, ao

    saber socialmente produzido, concomitantemente com a evolução dos conhecimentoscientíficos e tecnológicos está exigindo mudanças a nível da função e da estrutura daescola e da universidade.

    Os atuais sistemas educativos formais, porém, têm-se apresentados incapazes deatender às necessidades massivas, diversificadas e dinâmicas de educação e formação deadultos. Por outro lado, o aumento de atendimento instrucional e as mudanças nos aspectos pedagógicos e tecnológicos implicariam o conseqüente aumento de custos, sobretudo nosníveis médio e superior.

    Como atender às demandas crescentes por formação e atualização deconhecimentos e práticas profissionais, diante da situação de crise financeira queatravessam os países em desenvolvimento, como o nosso, com reflexo imediato nas

    instituições de ensino superior? O século XX encontrou na Educação a Distância /EAD uma alternativa, uma

    opção às exigências sociais e pedagógicas, contando com o apoio dos avanços das novastecnologias da informação e da comunicação. A EAD passou a ocupar uma posiçãoinstrumental estratégica para satisfazer as amplas e diversificadas necessidades dequalificação das pessoas adultas. 

    2.0 - A EAD no contexto mundial e no Brasil

    Experiências educativas a distância já existiram no final do século XVIIIº, sedesenvolveram com êxito a partir da segunda metade do séc. XIX, para qualificação e

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    3/37

      19

    especialização de mão-de-obra face às novas demandas da nascente industrialização, damecanização e divisão dos processo de trabalho. Alcançaram uma rápida expansão no séc.XX, sobretudo a nível de estudos superiores. Porém, é a partir da década de 60 e 70, “nummomento de expansão econômica e de entusiasmo dos governos em relação à educação”

    (MEDIANO, 1988:46) e devido aos graves problemas enfrentados pelo sistema formal de

    educação (monopolista, fechado, ritualista, expulsador e de exclusão), ao processo dedemocratização da sociedade e ao desenvolvimento das técnicas de comunicação, que sevem caminhando, de maneira mais rápida e expansiva, para novas formas, abertas, deeducação:

    “Em mais de 80 países do mundo o ensino a distância vem

    sendo empregado em todos os níveis educativos, desde o

     primeiro grau até a pós-graduação, assim como também

    na educação permanente” (LISSEANU, 1988: 70).

     Na Europa, são oferecidos mais de 700 programa de diferentes níveis, nos maisvariados campos do saber. Segundo o Conselho Internacional de Ensino a Distância/CIED, em 1988, mais de 10 milhões de estudantes acompanhavam seus cursos a Distância(apud KAYE, 1988:57) e, em nível superior e de pós-graduação, essa formação éreconhecida legal e socialmente (IBAÑEZ, 1989). A Universidad Nacional de Educacióna Distancia /UNED, na Espanha, oferece 200 cursos, em nível superior, a mais de 140.000estudantes matriculados em 1995. A universidade de Hagen (Alemanha) e a OpenUniversity são reconhecidas internacionalmente e caracterizadas pela excelência de seuscursos. Nos países socialistas do Leste europeu desenvolveu-se uma política coerente paraassegurar a formação dos trabalhadores. Somente na Rússia, 2.500.000 estudantes (mais dametade dos inscritos nas universidades) estudavam a distância antes da ruptura do bloco

    socialista.O Parlamento Europeu reconheceu a importância da EAD para a Comunidade

    Européia ao adotar uma  Resolução sobre as Universidades Abertas  (10/07/87) e aodesenvolver diversos programas comunitários, a partir de 1991, utilizando a modalidade daEAD. É o caso dos programas Sócrates,  Leonardo da Vinci  e  ADAPT   (do Fundo SocialEuropeu).

     Na China, a televisão cultural universitária, desde 1977, oferece cursos a distância,enquanto na África os programas educativos a distância ainda são incipientes, face àslimitações de recursos econômicos. A Austrália, por outro lado, é o país que maisdesenvolve programas a distância integrados com as universidades presenciais.

     Na América Latina há países tomando a iniciativa de consolidação einstitucionalização de programas de EAD, como a Universidad Nacional Abierta deVenezuela, a Universidad Estatal a Distancia de Costa Rica e o Sistema de EducaciónAbierto y a Distancia de Colombia1. No Brasil, a EAD começa a ser posta como umaalternativa já “possível e viável” para solucionar a “falta” de instrução e educação damaioria da população adulta e trabalhadora.

    1 Cerca de 60% da população estudantil é da Colômbia atendida pelo sistema de EAD (Ver. Horizonte: una mirada a la distancia. Ano I, nº 1, marzo 1996 - Universidad del Quindío - Colômbia) 

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    4/37

     20

    Porém, a expansão quantitativa (mais alunos e mais instituições) foi sempreacompanhada pela busca do incremento qualitativo. Existe toda uma gama variada deestudos e pesquisas sobre as experiências de EAD no mundo que vêm apontando ser estauma modalidade de educação eficaz para atender não somente à população que, emboranão o seja legalmente, na prática é excluída do ensino presencial, como também a todos os

    cidadãos que em algum momento de sua vida ativa necessitam de formações distintas ou pretendem ter acesso a uma educação continuada e permanente. A EAD, pois, ofereceserviços educativos aos quais não tiveram acesso diversos setores ou grupos da população, por inúmeros motivos, tais como: localização geográfica ou situação social, falta de ofertade determinados níveis ou cursos na região onde moram ou ainda questões pessoaisfamiliares ou econômicas, que impossibilitavam o acesso ou continuidade do processoeducativo.

    A educação a distância é, pois, uma modalidade não-tradicional, típica da eraindustrial e tecnológica, cobrindo distintas formas de ensino-aprendizagem, dispondo demétodos, técnicas e recursos, postos à disposição da sociedade. A maioria de seus alunosapresenta características particulares, tais como: são adultos inseridos no mercado de

    trabalho, residem em locais distantes dos núcleos de ensino, não conseguiram aprovaçãoem cursos regulares, são bastante heterogêneos e com pouco tempo para estudar no ensino presencial. Esses estudantes buscam essa modalidade porque nela encontram facilidade para planejar seus programas de estudo e avaliar o progresso realizado, e até mesmo porque preferem estudar a sós do que em classes numerosas.

    A eficácia da Educação a Distância está, hoje, inegavelmente comprovada,o que não significa falta de questionamentos e estudos contínuos sobre essa modalidade.Há uma significativa produção internacional que aponta aspectos positivos e negativosreferentes ao sistema. O importante é que se conceba a Educação a Distância como umsistema que pode possibilitar atendimento de qualidade, acesso ao ensino de 3o grau, alémde se constituir em forma de democratização do saber. Em muitos países já ganhou seu

    espaço de atuação, reconhecida pela sua qualidade e inovações metodológicas econsiderada como a educação do futuro, da sociedade mediatizada pelos processosinformativos.

     No Brasil, com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923, porum grupo de membros da Academia Brasileira de Ciências, doada posteriormente, em1936, ao Ministério da Educação e Saúde, BORDENAVE (1987) localiza as raízes daEducação a Distância, da Teleducação. Porém, será somente na década de 60 que elatomará vulto e expressão significativa, visto que em 1965 começou a funcionar umaComissão para Estudos e Planejamento da Radiodifusão Educativa que acabou criando,em 1972, o Programa Nacional de Teleducação (PRONTEL), com o objetivo de integrartodas as atividades educativas dos meios de comunicação com a Política Nacional deEducação. Posteriormente, em 1972, o governo federal criaria a Fundação CentroBrasileiro de Televisão Educativa que, em 1981, passaria a se denomiar FUNTEVE e queviria fortalecer o Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa (SINREAD) colocando noar programas educativos, em parceria com diversas rádio educativas e canais de Televisão.

    Paralelamente ao caminho percorrido pelo governo federal, encontramosinstituições privadas ou governos estaduais ousando projetos educativos próprios,

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    5/37

      21

    utilizando-se da modalidade de Educação a Distância. Vejamos alguns, que tiveramsignificado histórico particular quanto à modalidade.2 

    • Em 1956, a diocese de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte, tendo como referência

    a experiência da Rádio Sutalenza (Colômbia) iniciou o  Movimento de Educação de Base  (MEB), "o maior sistema de educação a distância não formal até agoradesenvolvido no Brasil" (BORDENAVE, 1987:57).

    • Em 1967, o governo do Estado do Maranhão, na tentativa de resolver os graves problemas educacionais diagnosticados, decidiu utilizar a TV Educativa e através do Centro Educativo do Maranhão, em 1969, começou a emitir programas, em circuitofechado, para alunos das 5ª a 8º séries.

    • A TVE do Ceará, nesta mesma época, também desenvolveria o programa TV Escolar , para atender a alunos da 5ª a 6ª séries das regiões mais interioranas, onde estas séries

    terminais do 1º grau inexistiam.

    • O Estado da Bahia, em 1969, negando-se a participar do projeto nacional MINERVA,fundou o  Instituto de Radiodifusão do Estado da Bahia  (IRDEB), que passaria aoferecer, até 1977, uma variedade de programas (pré-escolar, 1º e 2º graus e formaçãode professores), aproveitando-se da experiência dos MEBs.

    • A Fundação Brasileira de Educação (FUBRAE), em acordo com o MEC, criou, em1965, o Centro de Ensino Técnico de Brasília (CETEB), com a finalidade de formar etreinar recursos humanos. Mas somente a partir de 1973 é que passaria oferecer seuscursos utilizando-se da modalidade a Distância.

    • A FUBRAE também criou o Centro Educacional de Niterói (CEN), que atuaria maisno Estado do Rio de Janeiro, oferecendo cursos a nível de 1º e 2º graus a alunos fora dafaixa etária regular para frequentar tais cursos.

    • A Fundação Padre Anchieta, uma organização criada em 1967 e mantida pelo Governodo Estado de S. Paulo, deu início, em 1969, a atividades educativas e culturais junto a populações faveladas e a diversos tipos de coletividades organizadas e, ainda, asecretarias municipais de educação, utilizando-se de repetidoras para atingir milhões dehabitantes.

    • Em 1967, a Fundação Educacional Padre Landall de Moura, uma instituição privadainstalada na cidade de Porto Alegre, também iniciou programas de educação de adultos,através de teleducação multimeios. Destacou-se o Programa de Teleextensão Rural,desenvolvido na Amazônia, em parceria com a EMATER.

    2  Um retrospecto da EAD no Brasil está no artigo de Kátia M. ALONSO A Educação a Distância no Brasil: a busca de

    identidade, nesta mesma obra. 

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    6/37

     22

    • Em 1978, a Fundação Padre Anchieta (TV Cultura) e a Fundação Roberto Marinho (TVGlobo) lançaram o Telecurso de 2º Grau, combinando programas televisivos commaterial impresso vendido nas bancas de jornais.

    • A Associação Brasileira de Tecnologia Educacional, fundada em 1971 com o nome de

    Associação Brasileira de Teleducação, também vem dando sua contribuição na difusãodo significado e da importância da Educação a Distância no país, organizandoSeminários Brasileiros e publicando a revista Tecnologia Educacional.

    Durante a ditadura militar o Governo Federal iria implementar programas, a nívelnacional, para atender a demandas emergenciais. Vejamos sumariamente:

    • O Projeto Minerva, composto por diversos cursos (Capacitação Ginasial, MadurezaGinasial, Curso Supletivo de Iº Grau) transmitidos, desde 1970, em cadeia nacional poremissoras de rádio.

    • O Curso  João da Silva, com formato de telenovela, voltado para o ensino das quatro primeiras séries e que se desdobraria no Projeto Conquista, também com formato detelenovela, voltado para as últimas séries do 1º grau. Foi uma inovação pioneira noBrasil e no mundo. (BORDENAVE, 1987:64)

    • O Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) também acabou utilizando, emcaráter experimental, a partir de 1979, os recursos da TVE para emitir 60 programas emforma de teleaula dramatizada, com duração de 20 minutos cada um e eram apoiados por material impresso.

    • O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em 1973, iniciou, em caráterexperimental no estado do Rio Grande do Norte, o Projeto SACI  (Sistema Avançado deComunicações Interdisciplinares) com o objetivo de estabelecer um sistema nacional deteleducação via satélite. Voltado para as primeiras três séries do 1º grau foi, porém,logo abandonado.

    • O Programa LOGOS  que, em 13 anos de existência (1977 a 1991), atendeu a cerca de50.000 professores, qualificando aproximadamente 35.000 em 17 estados brasileiros.Em 1990 foi desativado e substituído pelo Programa de Valorização do Magistério quecomeçou a funcionar somente em 1992, seguindo o mesmo formato do Logos eatendendo a professores desde sua formação para as séries iniciais até à formação

    específica para o Magistério.

    • POSGRAD  (Pós-graduação Tutorial a Distância), implantado em caráter experimental(1979-83) pela Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Ensino Superior(CAPES-MEC), mas administrado pela Associação Brasileira de TecnologiaEducacional (ABT). Seus resultados foram positivos, mas o MEC, sem explicações plausíveis, não daria continuidade.

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    7/37

      23

    • A Universidade de Brasília, através de seu Centro de Educação a Distância (CEAD),vem desde 1980 oferecendo cursos de educação continuada.

    • Mais recentemente os Programas Um Salto para o Futuro, uma iniciativa do governofederal em parceria com a Fundação Roquette Pinto (1991) e o Telecurso 2000, em

     parceria com a Fundação Roberto Marinho (1995).

    • E aqui em nosso Estado, a Universidade Federal de Mato Grosso / UFMT, através do Núcleo de Educação Aberta e a Distância do Instituto de Educação, a partir de 1995, fazsua “iniciação” na EAD com dois programas: o curso de  Licenciatura Plena em Educação Básica: 1ª a 4ª séries do 1º grau, dirigido a quase 10.000 professores queatuam nas primeiras quatro séries do 1º grau da rede pública sem qualificação deterceiro grau e o curso de Especialização para a Formação de Orientadores Acadêmicos (tutores) em EAD.

    A idéia de institucionalização das estruturas organizacionais vem se fazendo presente nas discussões sobre a EAD no país. Em 1986 houve a iniciativa de se criar umacomissão de especialistas do MEC e Conselho Federal de Educação, para a viabilização de propostas em torno da Universidade Aberta. Esta comissão foi coordenada peloconselheiro Arnaldo Niskier e produziu um documento denominado  Ensino a Distânciauma opção - proposta do Conselho Federal de Educação, onde a modalidade é tida comouma alternativa viável à democratização das oportunidades educacionais no país,compreendendo a democratização como acesso, permanência e qualidade de ensino.

    Apesar de resultados quantitativos “aparentemente” positivos de muitos programasimplementados nestes últimos 20 anos, a maioria deles foi desativada com as mudanças degovernos que não deram continuidade e estabilidade aos programas iniciados. Sua

    ineficácia, porém, se deveu muito à desatualização dos materiais didáticos, à falta de umatendimento sistematizado aos alunos, ao não desenvolvimento de sistemas de avaliaçãoda formação oferecida e à não consideração das diferenças regionais, por serem, quasesempre, impostos de cima para baixo.

    Existe também uma não credibilidade quanto ao produto desta modalidade, quantoa sua seriedade, a sua eficiência e eficácia, diante do entendimento de que nos países doterceiro mundo não existe uma “cultura de autodidatismo”. Há um certo "pré-conceito"difuso em relação a EAD. Resistências e não compreensão clara e exata do que sejaEducação a Distância são encontradas no seio das próprias universidades.

    O que se percebe é uma grande diversidade de propostas, cujo sentido é deresponder a problemas específicos. Esta forma de se pensar a EAD tem excluídosistematicamente a idéia de criação de sistemas de EAD em caráter permanente que pudessem atender a projetos e programas diferenciados. Ou seja, para cada um dos projetos e programas são criados "estruturas" organizacionais que não subsistem à revisãoou à finalização das propostas de formação. Este é um problema que poderá ser"solucionado" à medida em que instituições "assumam" a coordenação e odesenvolvimento de propostas.

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    8/37

     24

     Neste momento existem duas propostas concretas quanto a utilização da EAD noâmbito das Universidades. A primeira se refere à nova Lei de Diretrizes e Bases queincentiva a criação de sistemas cuja base seja o ensino individualizado. A segunda proposta diz respeito ao Consórcio Interuniversitário de Educação Continuada e a Distância / BRASILEAD, que vem se consolidando, desde novembro de 1993, quando da

    assinatura do Convênio entre o MEC e as Universidades Públicas Brasileiras, com oobjetivo de implantar um sistema público de EAD.Há hoje consenso entre as universidades brasileiras quanto à necessidade de criação

    de alternativas de atendimento a um contingente expressivo da população que ainda nãotem acesso ao ensino de 3º grau. Novas formas devem ser pensadas e implementadasurgentemente, conforme as possibilidades e demandas regionais, expandindo sua ação e buscando uma maior atuação sem que isto acarrete perda de qualidade.

    3.0 - Educação a Distância 

    Mas o que é  Educação a Distância? O que caracteriza e diferencia estamodalidade de outras? Como ela se estrutura e funciona?

    3.1 - Conceitos e características

    Diversas são as denominações e as conceptualizações que encontramosrelacionadas com essa modalidade. Fala-se, freqüentemente, em Ensino a Distância eEducação a Distância como se fossem sinônimos, expressando um processo de ensino-aprendizagem.  Ensino  representa instrução, socialização de informação, aprendizagem,etc., enquanto Educação é “estratégia básica de formação humana, aprender a aprender,

    saber pensar, criar, inovar, construir conhecimento, participar, etc.” (MAROTO, 1995).É nesta segunda acepção que pretendemos discutir o significado e as dimensões queabarcam a EAD.

    A situação sócio-econômico-cultural dos países da América Latina, marcada pelasdesigualdades sociais, contrasta com as mudanças tecnológicas e as exigências dequalificação no mundo de trabalho. Por exemplo, frente ao aumento de usuários dos meiosde comunicação cresce, paradoxalmente, o número de analfabetos, acentua-se a“desigualdade” entre os que têm formação muito especializada e os que se encontram cadavez mais desqualificados para atender às exigências da sociedade atual.

    A EAD, enquanto prática educativa, deve considerar esta realidade ecomprometer-se com os processos de libertação do homem em direção a uma sociedademais justa, solidária e igualitária. Enquanto prática mediatizada, deve fazer recurso àtecnologia, entendida como “um processo lógico de planejamento, como um modo de pensar os currículos, os métodos, os procedimentos, a avaliação, os meios, na busca de

    tornar possível o ato educativo” (MAROTO, 1995). Exige-se, pois, uma organização deapoio institucional e uma  mediação pedagógica que garantam as condições necessáriasà efetivação do ato educativo.

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    9/37

      25

    Para Lorenzo GARCÍA ARETIO (1995), a EAD distingue-se da modalidade deensino presencial por ser “um sistema tecnológico de comunicação bidirecional que podeser massivo e que substitue a interação pessoal na sala de aula entre professor e aluno

    como meio preferencial de ensino pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos

    didáticos e o apoio de uma organização e tutoria que propiciam uma aprendizagem

    independente e flexível”. São, pois, elementos constitutivos da Educação a Distância:

    * a “distância” física professor-aluno: a presença física do professor ou do autor, isto é dointerlocutor, da pessoa com quem o estudante vai dialogar não é necessária e indispensável para que se dê a aprendizagem. Ela se dá de outra maneira, “virtualmente”;* de  estudo individualizado e independente: reconhece-se a capacidade do estudante deconstruir seu caminho, seu conhecimento por ele mesmo, de se tornar autodidata, ator eautor de suas práticas e reflexões;* um  processo de ensino-aprendizagem mediatizado: a EAD deve oferecer suportes e

    estruturar um sistema que viabilizem e incentivem a autônomia dos estudantes nos processos de aprendizagem. E isso acontece “predominantemente através do tratamentodado aos conteúdos e formas de expressão mediatizados pelos materiais didáticos, meiostecnológicos, sistema de tutoria e de avaliação” (MAROTO, 1995);* o uso de tecnologias: os recursos técnicos de comunicação, que hoje têm alcançado umavanço espetacular (correio, rádio, TV, audiocassette, hipermídia interativa, Internet), permitem romper com as barreiras das distâncias, das dificuldades de acesso à educação edos problemas de aprendizagem por parte dos alunos que estudam individualmente, masnão isolados e sozinhos. Oferecem possibilidades de se estimular e motivar o estudante, dearmazenamento e divulgação de dados, de acesso às informações mais distantes e comuma rapidez incrível;

    * a comunicação bidirecional: o estudante não é mero receptor de informações, demensagens; apesar da distância, busca-se estabelecer relações dialogais, criativas, críticase participativas.

    A essência, pois, da EAD é a relação educativa entre o estudante e o professor quenão é direta, mas “mediada e mediata” (SEBASTIÁN RAMOS, 1990:22), pois se vale demeios diversos e diferentes da explicação e a relação cara a cara, que se realiza emmomentos e lugares diferentes da presencial, fazendo uso de uma organização de apoio.

    São suas características:

    * a abertura: uma diversidade e amplitude de oferta de cursos, com a eliminação do maiornúmero de barreira e requisitos de acesso, atendendo a uma população numerosa edispersa, com níveis e estilos de aprendizagem diferenciados, para atender à complexidadeda sociedade moderna;* a flexibilidade: de espaço, de assistência e tempo, de ritmos de aprendizagem, comdistintos itinerários formativos que permitam diferentes entradas e saídas e a combinação

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    10/37

     26

    trabalho/estudo/família, favorecendo, assim, a permanência em seu entorno familiar elaboral;* a adaptação: atendendo às características psicopedagógicas de alunos que são adultos;* a eficácia: o estudante, estimulado a se tornar sujeito de sua aprendizagem, a aplicar oque está apreendendo e a se autoavaliar, recebe um suporte pedagógico, administrativo,

    cognitivo e afetivo, através da integração dos meios e uma comunicação bidirecional;* a formação permanente: há uma grande demanda, no campo profissional e pessoal, paradar continuidade à formação recebida “formalmente” e adquirir novas atitudes, valores,interesses, etc.* a economia: evita o deslocamento, o abandono do local de trabalho, a formação de pequenas turmas e permite uma economia de escala.

    A EAD é, pois, uma alternativa pedagógica de grande alcance e que deve utilizar eincorporar as novas tecnologias como meio para alcançar os objetivos das práticaseducativas implementadas, tendo sempre em vista as concepções de homem e sociedade

    assumidas e considerando as necessidades das populações a que se pretende servir.A EAD coloca-se, então, como um conjunto de métodos, técnicas e recursos, postos à disposição de populações estudantis dotadas de um mínimo de maturidade e demotivação suficiente, para que, em regime de auto-aprendizagem, possam adquirirconhecimentos ou qualificações a qualquer nível. A EAD cobre distintas formas de ensino-aprendizagem em todos os níveis que não tenha a continua supervisão imediata de professores presentes com seus alunos na sala de aula, mas que, no entanto, se beneficiamdo planejamento, guia, acompanhamento e avaliação de uma organização educacional.

    A Educação a Distância, porém, não deve ser simplesmente confundida com oinstrumental, com as tecnologias a que recorre. Deve ser compreendida como umaprática educativa situada e mediatizada, uma modalidade de se fazer educação, de se

    democratizar o conhecimento.  É, portanto, uma alternativa pedagógica  que se colocahoje ao educador que tem uma prática fundamentada em uma racionalidade ética, solidáriae compromissada com as mudanças sociais.

    3.2 - Componentes da organização do sistema em EAD 

    Pensar na formação do profissional, do trabalhador para atender às novas formasde organização do trabalho no atual processo de globalização da economia, pensar fazê-larecorrendo a uma nova modalidade de educação é pensar também em novo tipo deeducador   que vai atuar a distância. Formados em sistemas educativos convencionais,devemos ser preparados para desempenhar funções outras dentro do sistema de EAD.

    “/ / espera-se do professor uma atuação técnica, ligada ao desenho dos

    cursos e a sua avaliação; uma atividade orientadora, capaz de

    estimular, motivar e ajudar o aluno, além de estimulá-lo à

    responsabilidade e à autonomia; um comportamento facilitador do êxito

    e não meramente controlador e sancionador da aprendizagem

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    11/37

      27

    alcançada, e a utilização eficaz de todos os meios para a informação e o

    ensino” (SEBASTIÁN RAMOS, 1990:31).

    Para tal, este “novo educador” deverá conhecer as características, necessidades edemandas do alunado, formar-se nas técnicas específicas do modelo a distância,desenvolver atitudes orientadoras e de respeito à personalidade dos estudantes e dar-seconta de que sua função é formar alunos adultos para uma realidade cultural e técnica emconstante transformação. E isso só será possível se toda a equipe envolvida no processo deEAD reconhecer suas limitações, estiver aberta ao diálogo e disposta a construircaminhos, reconhecendo falhas e desvios. O trabalho cooperativo, portanto, será a base daconstrução deste novo educador e da consolidação dos trabalhos e experiências em EAD.

    Mas, a partir dos caminhos percorridos por instituições, que há décadas vêmdesenvolvendo programas a distância, pontos de referências e parâmetros podem serextraídos e utilizados por quem vai “ousar” nesta modalidade.

    A EAD, pois, faz recurso a suportes administrativo, pedagógico, cognitivo,

    metacognitivo, afetivo e motivacional

    3

      que propiciam um clima de auto-aprendizagem(aliás, ninguém aprende por nós!) e oferecem um ensino de qualidade. São suportes queinteragem, se influenciam reciprocamente e se completam, dando ao processo ensino-aprendizagem o senso e a direção na formação do cursista como cidadão que atua nosmais diferentes campos onde se situa (profissional, familiar, social, religioso, etc.).

    Para que uma universidade ofereça um saber atualizado (filtrando o mais válidodas recentes produções científicas), dando prioridade aos conhecimentos instrumentais(“aprender a aprender”), visando uma educação permanente do cidadão e estandocompromissada com o meio circundante, torna-se necessária uma organização, em EAD,que atente e atenda a todos os componentes:

    O aluno: que é um adulto que irá aprender a distância;Os professores especialistas: cada um responsável por seu curso ou disciplina, àdisposição de alunos e tutores;Os tutores:  que poderão ser ou não especialistas daquela disciplina ou área deconhecimento, com a função de acompanhar e apoiar os estudantes em sua caminhada;O material didático: o elo de diálogo do estudante com o autor, com o professor , comsuas experiências, com sua vida mediando seu processo de aprendizagem;  O Centro de Educação a Distância \ CEAD: composto por uma equipe de especialistas emEAD, Tecnologia Educacional, Comunicação e Multimídia, para oferecer todos ossuportes necessários ao funcionamento do sistema de EAD.

    Para tal, teve estar presente constantemente: 

     A comunicação: que deverá ser bidirecional, com diferentes modalidades e vias de acesso.A comunicação multimídia, com diversos meio e linguagens, exige, como qualqueraprendizagem, uma implicação consciente do aluno, uma intencionalidade, uma atitude

    3 A respeito disso ver o texto de PRETI, O e ARRUDA, Maricília C. C. Licenciatura Plena em Educação Básica ... nesta obra, na pág. 

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    12/37

     28

    adequada, as destrezas e conhecimentos prévios necessários, etc. Os materiais utilizadostambém devem estar adequados aos interesses, necessidades e nível dos alunos. Estacapacidade de adaptação aos interesses dos alunos é uma das caracterísitcas dos recursosmultimeios interativos bem desenhados. Ainda que a comunicação multimídia favoreça aaprendizagem, ela não a garante. A comunicação multimídia se produz entre o mediador

    (professor, orientador acadêmico, tutor, autor) e o aluno com a ajuda dos diversos meios ediversas linguagens, embora seu principal meio seja ainda a escrita. É necessário que omediador conheça as novas tecnologias para direcionar sua utilização e aplicabilidade emseu trabalho diário, junto aos seus alunos.

     A estrutura organizativa, composta por: concepção e produção de materiais didáticos,distribuição dos mesmos, direção da comunicação, condução do processo de aprendizageme de avaliação, centros ou unidades de apoio.

    A organização de um sistema de Educação à Distância é mais complexa, às vezes,que um sistema tradicional presencial, visto que exige não só a preparação de materialdidático específico, mas também a integração de "multi-meios" e a presença de

    especialistas nesta modalidade. O sistema de acompanhamento e avaliação do alunorequer, também, um tratamento especial. Isso significa um atendimento de expressivaqualidade. Apesar das dificuldades na organização desse sistema, os resultados jáconhecidos de experiências realizadas incentivam aqueles, que ainda não o desenvolvem, afazê-lo.

    Através da figura nº 1, talvez, seja mais fácil visualizar como esses componentes seinterrelacionam dentro de um sistema de EAD.

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    13/37

      29

    INSTITUIÇÃOFunções 

    Concepção do curso Professores/Especialistas  Elaboração do material didático 

    Acompanhamento e Avaliação Pesquisa 

    CEAD  A L U N O S  Material Didático 

     Do sistema: Concepção/Produção Planejamento Acompanhamento Tutores Administração Avaliação e Pesquisa 

    Suportes ao aluno  Funções: Pedagógico  Didática Cognitivo  Orientadora Metacognitivo  Avaliadora  Afetivo  AdministradoraMotivacional

    Social Figura 01 - Componentes da ação educativa em EAD 

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    14/37

     30

    A EAD, portanto, como modalidade, pressupõe a otimização e intensificação nãosó do atendimento aos alunos, mas também dos recursos disponíveis para ampliação deofertas de vagas, sem que isto represente a instalacão de grandes estruturas físicas e

    organizacionais. Esta otimização de recursos humanos e financeiros, com a conseqüenterelação baixa de custos-benefícios, talvez seja o aspecto que mais interessa aadministradores e governantes e faça com que apoiem experiências em Educação aDistância.

     No entanto, não deverá ser pensada como algo à parte da organização de ensino, énecessário que se compreenda que Educação a Distância é educação permanente, contínuae que, dada a sua característica, se faz imprescindível a organização de um sistema queofereça ao aluno as condições para que o mesmo efetue sua formação.

    4.0 - Estrutura e Organização de cursos em EAD

    Os cursos, tanto a nível de graduação, pós-graduação lato sensu e/ou stricto sensucomo cursos de aperfeiçoamento, reciclagem, etc. podem ser oferecidos à comunidadeutilizando-se a modalidade de EAD.

    Como fazer isto? Que critérios utilizar e quais os passos a serem seguidos?

    4.1 - Definição dos cursos

    Inicialmente, a instituição, através de seus departamentos, centros, faculdades ouinstitutos tem que se colocar algumas questões básicas: quais são as reais necessidadessentidas na região ou no estado no sentido de formação de profissionais em diferentesáreas? Para que oferecer cursos formativos /profissionais? Qual a função da instituição junto ao seu entorno?

    Esta problematização deverá ser posta a nível da direção da instituição e dasdiferentes equipes que coordenam cursos de graduação e pós-graduação. Uma comissãocomposta por representantes destes setores, a partir de pesquisas de mercado, dediagnóstico e de solicitações advindas externamente, analisará e decidirá que cursosoferecer.

    Mencionaremos aqui, alguns aspectos a serem considerados neste processo dedefinições.

    A - “Clientela”

    Através de um diagnóstico junto a empresas, a entidades de classes organizadas, acentros educativos, a secretarias e órgãos públicos e à comunidade poderão ser detectadas

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    15/37

      31

    áreas onde urge uma atuação da instituição a distância no sentido de qualificar profissionalmente contingentes expressivos de trabalhadores que atuam sem a devida preparação ou com uma qualificação deficiente.

    B - Viabilidade econômica e significância social

    Para que esta modalidade se viabilize economicamente e faça sentido socialmente éimportante oferecer cursos em áreas onde há potencialmente uma grande demanda e umaaceitação expressiva. Que sejam, portanto, cursos com uma certa significância eviabilidade.

    C - Perfil dos candidatos 

    O diagnóstico permitirá, além de identificar qual a “clientela” a ser atingida, definir

    o perfil profissional de referência do candidato, para que este possa ter, posteriormente,uma ação e intervenção em seu respectivo campo de trabalho que atenda tanto a seusinteresses particulares como aos de sua instituição ou empresa e às necessidades sociais doseu entorno.

    D - Princípios de abordagem

    Os cursos a serem propostos para desenvolvimento do formação do profissionalterão que considerar duas dimensões:

    -  dimensão epistemológica: relativa ao desenvolvimento do pensamento científico, para que o profissional possa lançar mão de um “esquema conceitual” (paradigmático),entendido como uma lógica reconstituída ou maneira de ver, decifrar e analisar a realidadena qual está inserido e sobre a qual sua ação interfere;

    - dimensão profissionalizante: relativa à compreensão de sua ação educativa no seioda comunidade onde atua, estabelecendo relações e interrelações entre os diferentes camposdo saber-fazer, desenvolvendo nele habilidades para o desempenho de sua prática.

    Os cursos deverão, pois, primar por oferecer uma formação téorica e prática sólida,no sentido de colocar no mercado especialistas preparados, cuja atuação seja percebida ereconhecida.

    E - Indicação de elementos curriculares 

    Os cursos desenvolverão conteúdos ligados às respectivas áreas de formação, mastendo como como pressuposto a indissociabilidade da relação teoria-prática dosfundamentos, princípios e pressupostos epistemológicos, educativos e ético-políticosimplicados em seu campo de trabalho profissional.

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    16/37

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    17/37

      33

    ALUNO 

    • Matrícula• Orientação inicial (manual do estudante / contato com o tutor / Seminário) •

    Aquisição do material didático

    Processo de Aprendizagem 

    SUPORTE

    * Materiais impressos Material 

    * Fitas, audio, vídeo, CD room 

    * Presencial Tutoria  * a Distância 

    * Auto-avaliação * Atividades 

    Avaliação * Avaliação Formal * Seminários * Ficha de Acompanhamento 

    Meios de * Telefone, Fax, Correio Comunicação * Tele-conferência,

    * Internet 

    Superação das Etapas Estabelecidas

    * Mudança de Atitudes * Novas Habilitações * Impacto no sistema/Instituição 

    Prática Transformada e Transformadora 

    Trabalho Conclusivo 

    Figura 2 : Percurso do Aluno PRETI e SATO, 1996  

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    18/37

     34

    4.3 - Organização

    As coordenações dos respectivos cursos ou institutos, contando com orientação doCentro de EAD, desenvolverão atividades de diagnóstico das necessidades e demandasreais existentes na região, para propor a implantação de cursos, utilizando a modalidade deEAD. Toda a discussão referente a concepção curricular dos mesmos se dará, porém, nosrespectivos Departamentos, em consonância com as políticas e diretrizes da Instituição.

    Para a implementação e implantação desses cursos, os Departamentos recorrerão àassessoria do Centro para discussão de sua viabilidade e a forma como serão oferecidos. OCentro dará todo o suporte típico do sistema em EAD que se compõe de diferentes subs-sistemas intercalados: a concepção, a produção e a avaliação.

    4.3.1 - Centro de EAD

    O Centro de EAD, numa instituição que atua presencialmente, poderá estar ligadoa este ou aquele órgão da instituição e, à medida que for consolidando sua atuação e seexpandindo, vir a ser um Instituto ou uma Fundação. O importante é que goze de autonomiaadministrativa e financeira para poder implementar uma política de EAD e consolidar seus projetos, sem atrelamentos a interesses particulares.

    É interessante contar com uma organização administrativa, constituída por equipesde: Coordenação Geral, Administrativa, Pedagógica, de Professores/Especialistas eSecretaria (Fig. 03):

    ) Coordenação Geral - responsável por integrar as diversas atividades internas eexternas, no sentido de articular e viabilizar uma política institucional em EAD e definiroperações e tomada de decisões para alcançar os objetivos fundamentais dos cursos.Também deverá estabelecer contatos com profissionais e instituições que atuam comEAD no Brasil e exterior, divulgar junto aos meios de comunicação cursos e eventosrelacionados com EAD na sua região como promover e organizar eventos em EAD noEstado.

    ) Coordenação Administrativa - responsável pelas atividades estratégicas e operacionais,transformando planos gerais em procedimentos e métodos de trabalho, alocando recursosdisponíveis para o desenvolvimento e funcionamento dos cursos. Será também

    responsável pela impressão e distribuição do material didático e de todos os aspectos burocráticos relacionados ao percurso acadêmico dos cursistas.

    )  Equipe Pedagógica - composta, inicialmente, por especialistas em Educação aDistância, Tecnologia Educacional, Comunicação e Multimídia, para:

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    19/37

      35

    • coordenar os subsistemas de concepção, produção e avaliação dos cursos nos processosde ensino-aprendizagem como desenvolver pesquisas que permitam um conhecimentoda realidade dos cursos e que auxiliem na retroalimentação dos mesmos;

    •  junto aos demais setores da Instituição relacionados com o sistema de EAD e autores dosmateriais didáticos, promover discussões pedagógicas para que em todas as ações a

    serem desenvolvidas se tenha presente a função educativa dos cursos oferecidos;• responsabilizar-se pela formação e acompanhamento dos Tutores;•  propiciar e dinamizar uma comunicação interativa do Centro de EAD com os tutores, os

     professores-especialistas e os cursistas;• cuidar da produção de software que dê suporte eficiente aos cursos, possibilitando criar

     banco de dados;• assessorar os professores-especialistas na escolha do material didático ou aos autores na

     produção ou compilação de materiais didáticos para os cursos.

    )  Equipe de professores-especialistas 

    Ao propor um curso, o departamento responsável pelo oferecimento do mesmo formaráuma equipe de Especialistas na área de conhecimento, composta por um professor de cadauma das disciplinas do curso e que terão a responsabilidade da escolha ou produção domaterial didático. O professor-especialista receberá assessoria da Equipe Pedagógica no processo de concepção e produção do material didático. Caberá ao especialista da disciplinaassessorar e acompanhar o trabalho dos tutores, quando do oferecimento da mesma, eavaliar o processo ensino-aprendizagem dos alunos em parceria com os tutores.Designados pelos respectivos departamentos, de acordo com sua disponibilidade e suascompetências, ou contratados exclusivamente para elaboração do material didático eacompanhamento de sua disciplina no curso, os professores especialistas ficarão ligadosdiretamente ao Centro de EAD, durante o oferecimento de sua disciplina, para que esteviabilize um trabalho integrado com uma base epistemológica comum. Para tal seráfundamental criar uma rede interativa para que a Coordenação do Centro possa, a distância,manter contatos frequentes com os especialistas e promover debates entre eles.

    ) Secretaria - responsável por desempenhar as funções relativas ao recebimentoexpedição e arquivo de correspondências relativos ao curso, organizar e manteratualizado o arquivo relativo ao curso, executar todos os trabalhos de datilografia edigitação necessários ao curso. 

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    20/37

     36

    I N S T I T U I Ç Ã O

    D I R E Ç Ã O

    Departamentos

    C E N T R O SecretariaE A D 

     Especialistas em EAD 

    Coord. Adm. Coord. Geral Equipe Pedag.  Tecnologia Ed. 

    Comunicação Multimídia 

    Prof./Especialistas Tutores 

    Figura 03 - Organograma do Centro de EAD / CEAD 

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    21/37

      37

    4.4 - Meios Técnicos

    Um dos problemas que a Educação a Distância enfrenta é o isolamento físico e

    geográfico do aluno e do tutor. Para estabelecer um contato mais próximo, facilitando o processo ensino-aprendizagem e viabilizando uma prática educativa situada e mediatizada,recorre-se a vários meios: material didático e as mais diferentes tecnologias decomunicação.

    a - quanto à produção do material didático 

    Segundo IBAÑEZ (1990) e SEBASTIÁN RAMOS (1990), apesar da tecnologia decomunicações à disposição hoje no mundo, a maior parte dos cursos de Educação aDistância utiliza o material impresso como principal via de comunicação e de estudo emseus cursos, pois é a ele que o aluno dedica mais tempo e o material escrito ainda supera

    em muito os demais meios na Educação a Distância. Por isso, na fase inicial de um curso, poderá ser privilegiado o material escrito como recurso didático.Em parceria com os respectivos departamentos, a que os cursos

    epistemologicamente estão ligados, serão programados encontros para uma discussão preliminar sobre os conteúdos a serem trabalhados no curso, no sentido de se dar sequência,unidade e bases conceptuais comuns, definindo a direção teórico-metodológica do curso eestabelecer parâmetros de acompanhamento e avaliação.

    A Coordenação do Centro, em seguida, discutirá com os professores-especialistas omaterial didático a ser utilizado nas respectivas disciplinas. Porém, passará a estimulá-los a produzirem material didático específico para o curso e para a modalidade. Serão dadas,então, orientações técnicas quanto à produção do material para que atenda às peculiaridades

    do aluno adulto que estuda sem a presença física do professor.Os professores-especialistas poderão escrever, na sua disciplina, um texto (que

    chamaremos aqui de Fascículo  - de no máximo 80 páginas) onde sejam apresentados osconteúdos mais significativos e relacionados com a prática dos cursistas e sejam propostasatividades a serem desenvolvidas no sentido dos cursistas se auto-avaliarem nacompreensão dos conhecimentos aí apresentados e refletirem sobre suas ações nasrespectivas instituições e/ou comunidades. Este material impresso deverá ser adequado àEAD do ponto de vista dos conteúdos, da linguagem, da estrutura do texto, da formatação,etc., viabilizando uma relação bidirecional, um diálogo entre o cursista e o sistemaorganizado para atendê-lo.

    Outra alternativa, muito utilizada em universidades a Distância, como a Télé-

    université du Québéc, no Canadá, é escolher uma obra já publicada que, no entender doespecialista, dá conta, perfeitamente, dos conteúdos e da linha teórica definidos para aqueladisciplina. Caberá, então, ao professor-especialista, elaborar um Guia Didático, que servirá para orientar o cursista sobre o uso da obra escolhida e seu percurso, propondo-lhemomentos de reflexão, de auto-avaliação e atividades práticas.

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    22/37

     38

    MATERIALDIDÁTICO

    MaterialImpresso

    MaterialAudio-visual

    Fascículo

    GuiaDidáticoAudio

    Vídeo um/disciplina

     auto-avaliação

     atividades

     livrotextoadotado

     guiadoaluno

     jáexistente,com

    guiadeorientação

     produzidopelos

    professores

     

    Figura 04 - Materiais DidáticosPRETI e SATO, 1996  

    O professor especialista poderá recorrer a outros materiais didáticoscomplementares, como fitas K7 (onde gravar algumas falas que considera fundamentais ou para apresentação da disciplina ou para atendimento individual em casos muitoespecíficos) ou fitas de vídeo já produzidas para enriquecimento de temas ou aspectos dadisciplina e de atividades complementares. Deverá, aqui também, redigir um pequeno guiasobre o tema da fita para que o cursista tenha clareza quanto aos objetivos a seremalcançados e que aspectos analisar.

     Na figura 04, são apontadas as diferentes e variadas possibilidades que o professorespecialista poderá utilizar na produção do material didático em EAD.

    b - quanto ao meios de comunicação

    A EAD é uma alternativa pedagógica de grande alcance e que deve utilizar eincorporar as novas tecnologias como meio para alcançar os objetivos das práticaseducativas implementadas, tendo sempre em vista as concepções de homem e sociedadeassumidas e considerando as necessidades das populações a que se pretende servir.

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    23/37

      39

    Equipe Pedagógicae Administratuva 

    Eq. Especialistas Tutores 

    Alunos

    Figura 05 - Sub-sistema de Comunicação

    A EAD caracteriza-se pela utilização simultânea de meios. A entrega do materialrelativa ao curso será realizada via correio, diretamente ao cursista. Este poderá tambémutilizar este meio para se comunicar com seu tutor ou com o professor-especialista. Porém,o trabalho de tutoria a distância será realizado, preferencialmente, utilizando-se o telefone,o fax , o correio ou o correio eletrônico. O computador poderá ser utilizado também paraintercâmbio entre o Centro e os tutores quer do ponto de vista pedagógico quer do ponto de

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    24/37

     40

    vista administrativo. Os dados relativos ao percurso do cursista, bem como das informaçõesde adequações do material, das atividades de tutoria, das avaliações, etc. serão todos“armazenados”, através de um soft específico, criando-se, assim um Banco de Dados muitoútil para funções informativas, de análise e de investigação científica.

    O fundamental, porém, não é estar usando este ou aquele meio de comunicação, mas

    que seja estabelecida, efetivada e dinamizada uma rede interativa constante e contínua queviabilize o diálogo entre todos os componentes envolvidos no processo educativo (Fig. 05).

    4.5 - A tutoria

     No sistema de EAD, o tutor tem um papel fundamental, pois, é através dele que segarante a interrelação personalizada e contínua do cursista no sistema e se viabiliza umaarticulação entre os elementos do processo, necessária à consecução dos objetivos propostos. Por isso, cada instituição busca construir seu modelo tutorial que atenda àsespecificidades regionais e aos programas e cursos propostos, incorporando as novas

    tecnologias. Mas, o que caracteriza e diferencia a figura do tutor nas universidades adistância é fundamentalmente a concepção manifestada quanto à sua função dentro dosistema de EAD. Nas práticas implementadas aparentemente não são percebidas grandesdiferenças, pois, na estrutura do sistema, a tutoria é posta nas instâncias de mediação entre oestudante, o material didático e o professor, na busca de uma comunicação cada vez maisativa e personalizada, respeitando-se a autonomia da aprendizagem.

    O que tentaremos expor aqui é uma concepção de tutoria, baseada nas experiênciasda Universidad Nacional de Educación a Distancia / UNED, da Espanha, da Télé-universitédu Québèc, do Canadá / Téluq e do Núcleo de Educação Aberta e a Distância (NEAD) daUniversidade Federal de Mato Grosso.

    O sub-sistema de tutoria, muito mais que uma fórmula de enquadramento e de

    assistência ao estudante, deve ser visto como educação individualizada, cooperativa e“uma abordagem pedagógica centrada sobre o ato de aprender que põe à disposição do

    estudante-adulto recursos que lhe permitem alcançar os objetivos do curso totalmente

    desenvolvendo a autonomia em sua caminhada de aprendizagem” (DESLISE e outros,1985).

    A autonomia é algo que se adquire gradualmente, nos diferentes níveis dedesenvolvimento. O tutor, respeitando a autonomia da aprendizagem de cada cursista,estará constantemente orientando, dirigindo e supervisionando o processo de ensino-aprendizagem dos cursistas. É através dele, também, que se garantirá a efetivação daavaliação do curso em todos os níveis.

    “Tendo um conhecimento de base do conteúdo, é um

     facilitador que ajuda o estudante a compreender os

    objetivos do curso, um observador que reflete e um

    conselheiro sobre os métodos de trabalho, um

     psicólogo que é capaz de compreender as questões e

    as dificuldades do aprendiz e de ajudá-lo a responder

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    25/37

      41

    de maneira adequada e, finalmente, um especialista

    em avaliação formativa” (DION, 1985).

    E a essas podemos ainda acrescentar algumas tarefas administrativas que a instituição exige

    dele. Para preencher adequadamente seu papel, portanto, o tutor deve possuir previamenteum certo número de qualidades, de capacidades ou aptidões. Isso devido à importância e à posição que ocupa dentro de um sistema que compreende a EAD como sendo uma práticaeducativa, situada e mediatizada.

    A participação do tutor no curso se dará em três momentos:

    a - na fase de planejamento: o tutor participa e discute com o professor-especialistaos conteúdos a serem trabalhados no curso, o material didático a ser utilizado e o sistema deacompanhamento e avaliação dos alunos. Junto à equipe pedagógica do Centro receberá

    uma formação específica sobre a modalidade de EAD e conhecerá em detalhes todo osistema que dará suporte ao cursista e serão definidas suas funções e competências;

    b - na fase de desenvolvimento do curso: o tutor tem a função primordial deestimular, motivar e orientar o cursista em acreditar em sua capacidade de organizar suaatividade acadêmica e de auto-aprendizagem (funções orientadora e motivadora). O tutor, pois, deverá dar-lhe os suportes metacognitivo, afetivo e motivacional necessários parasuperar os problemas que o aluno for encontrando ligados à sua compreensão e adapataçãoa esta modalidade de ensino para que não desanime e abandone o curso.Deverá também estar à disposição dos cursistas para tirar dúvidas quanto ao conteúdo dadisciplina (função didática). Por isso um dos critérios de seleção será sua qualificação e

    competência profissional naquela área do conhecimento.

     Nesta fase a tutoria pode se dar de duas formas (Fig. 06):

    - a distância: o cursista, individualmente, entrará em contato com o tutor, através demeios de comunicação estabelecidos, nos horários definidos anteriormente; ou em pequenos grupos de estudo, poderá formular algumas questões ou dúvidas e solicitar aotutor que os esclareça utilizando-se de um sistema interativo de comunicação;

    - presencialmente: o cursista, individualmente ou em pequenos grupos, seencontrará no Centro com o seu tutor muito mais para discutir e avaliar seu processo deaprendizagem, apresentar os resultados de suas leituras, atividades e trabalhos propostosnos materiais didáticos do que somente para tirar dúvidas.

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    26/37

     42

    TUTORIA

    Presencial  ADistância

    Individual Coletiva TelefoneFAX,correspondência Telemática

     

    Figura 06 - Sub-sistema de tutoriaPRETI e SATO, 1996  

    É importante que se estimule e fomente a organização dos estudantes em pequenosgrupos para estudarem e desenvolverem as atividades solicitadas. Isso motiva muito mais oestudante, facilita a compreensão dos conteúdos ao discuti-los com os colegas, contribue nasuperação de dificuldades e faz com que vença melhor os momentos de desânimo. No

    curso de Licenciatura em Educação Básica, que está sendo desenvolvido pelo NEAD/UFMT, na região norte de Mato Grosso, os próprios estudantes formaram grupos deestudo e criaram a figura do monitor, isto é, do colega que “melhor entende o conteúdo”, para coordenar o grupo nas discussões do material didático. O trabalho cooperativo, portanto, permite uma interação maior entre os próprios estudantes e com o tutor, fazendocom que avancem e cheguem mais longe do que sozinhos, evitando também criar umacerta “dependência” do tutor. É um momento onde exercitam a exposição, a verbalização, aorganização de seus pensamentos e aprendem a trabalhar coletivamente. O que é de sumaimportância para uma prática educativa no contexto onde atuam.

    Ao final do curso, poderá promover seminários onde os alunos poderão expor seustrabalhos ou discutir temas educativos de atualidade relacionados com seu trabalho docente,

    convidando os professores/especialsitas do curso a participarem. O contato direto com os professores, com os autores dos materiais didáticos tem-se evidenciado motivador para oestudante continuar no curso.

    Caberá também ao tutor avaliar o estudante e informar ao professor/especialistasobre a necessidade de textos complementares de apoio, não previstos pelo materialdidático, quando detectadas dificuldades de aprendizagem.

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    27/37

      43

    c - na  fase posterior ao desenvolvimento do curso: o tutor fará um breve relato,avaliando a disciplina (quanto ao material escrito, à modalidade, à participação do professor/especialista, ao tipo de avaliações realizadas, etc.) bem como o sistema posto àdisposição para dar suporte ao processo de ensino-aprendizagem.

    Contratado em regime parcial de trabalho ou de dedicação exclusiva, juntamentecom a coordenação do Centro, definirá seu horário de atendimento. Poderá ser à noite ouem fins de semana, cumprindo a carga horária estabelecida e não tendo mais do que 30alunos sob sua orientação. O tempo de contratação variará de acordo com as necessidadesimpostas pelas disciplinas, visando o atendimento aos alunos.

    O tutor, em síntese, constitui um elemento dinâmico e essencial no processo ensino-aprendizagem, oferecendo aos estudantes os suportes cognitivo, metacognitivo,motivacional, afetivo e social para que estes apresentem um desempenho satisfatório aolongo do curso. Deverá, pois, ter participação ativa em todo o processo. Por isso, éimportante que se estabeleça uma vinculação dialogal e um trabalho de  parceria  entre o

    tutor, o professor/especialista e a equipe pedagógica. Isso valorizará a figura do tutor,garantirá a qualidade do ensino oferecido e servirá de “exemplo” aos alunos ao ver ser posto em prática o processo pedagógico e educativo “intencionalmente” proposto nodesenho curricular do curso.

    O tutor vem se revelando, na experiência do Núcleo de Educação Aberta e aDistância da UFMT, como sendo a figura chave, “a vertente humana da Educação a Distância”  e “o lado humano do processo de ensino-aprendizagem”  (SERRANO,1994:68,95), não simplesmente porque facilita a a compreensão do aluno em relação aomaterial didático tornando mais acessível o processo ensino-aprendizagem, mas porque, ao promover a comunicação e o diálogo, supera as limitações da ausência do professor-educador, rompe com o possível isolamento do estudante e introduz a “perspectivahumanizadora” num processo mediado pelo meios tecnológicos.

    A formação do tutor, portanto, nos aspectos acadêmico e profissional, é uma dastarefas mais importantes e que tem que receber uma atenção e carinho especial por parte daequipe pedagógica na consolidação de qualquer proposta educativa através da modalidadede EAD. Catalina Martínez Mediano (1988), ao fazer um estudo da “prática tutorial naUNED”, sugere a “profissionalização” do tutor, propondo sua incorporação aoDepartamento que oferece a disciplina que está tutorizando, sua formação permanente e suaremuneração digna e adequada à sua dedicação.

    4.6 - Os processos avaliativos

    Um dos pontos de maior relevância e de maiores cuidados na EAD é o que dizrespeito aos processos avaliativos, pois é a partir deles que será possível se fazer as devidasadequações tanto nos processos de ensino-aprendizagem quanto no sistema e namodalidade. Permitirão um constante “feedback” dos encaminhamentos dados  antes de

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    28/37

     44

    iniciado o curso e das decisões tomadas ao longo do mesmo, viabilizando, assim, umaadequação constante de possíveis pontos percebidos como “problemáticos”.

    A avaliação poderá dar-se em diferentes níveis4:

    a -  Avaliação da aprendizagem: o cursista será avaliado quanto ao seu desempenho aolongo de cada disciplina e do curso como um todo. O tutor, através de uma ficha individual,acompanhará o desempenho de cada cursista colocado sob sua orientação, verificando onível de dificuldades, sua participação nas entrevistas individuais e nos encontros grupais, aapresentação das atividades  previstas ou sugeridas no material didático. Outro indicadorque comporá essa avaliação será fornecido pela avaliação escrita presencial ou pelotrabalho conclusivo da disciplina que poderá ser solicitado ao cursista como síntese dosconteúdos trabalhados naquela disciplina e fazendo a ponte com sua prática profissional ecom a realidade em que está inserido. Este trabalho será julgado pelo tutor e o professorespecialista. As formas avaliativas dos processos de aprendizagem deverão ser definidasnas propostas curriculares dos cursos, atendendo às especificidades de cada disciplina e da

    modalidade de EAD.

     b -  Avaliação do material didático: o tutor irá armazenando informações sobre os tipos eníveis de dificuldades que os cursistas irão apresentar ao manusearem o material escrito eao utilizarem o complementar. O próprio aluno, ao final da disciplina, avaliará o material,através de um questionário. Essas informações fornecerão ao professor-especialista ummapeamento dos aspectos problemáticos existentes no material que o ajudarão a adequá-lomelhor ao tipo de aluno matriculado no curso e poder, assim, oferecer um atendimento cadavez mais eficiente àqueles alunos que apresentarem maiores problemas noacompanhamento da disciplina.

    c - Avaliação da modalidade: tanto o tutor como o cursista irão fornecendo dados, ao longodo curso, (informalmente ou quando da aplicação de instrumentos a serem elaborados pelaEquipe Pedagógica) que auxiliarão a rever constantemente o sistema de EAD proposto emseus subsistemas: administrativo e pedagógico.

    d -  Avaliação da tutoria: ao final de cada disciplina, quando da avaliação da mesma, ocursista fará, no mesmo questionário, uma avaliação do sistema de tutorização adotado.Uma outra fonte que fornecerá à coordenação do Centro elementos de avaliação de cadatutor é o próprio percurso do cursista, na ficha individual, que apontará as dificuldadesmanifestadas e como foram atendidas pelo tutor.

    e - Avaliação do curso: as avaliações anteriores estabelecerão uma “rede” de informaçõessuficientes e úteis à avaliação processual do curso. Porém, o que deve ser enfatizado eavaliado é em que sentido o curso está modificando a prática dos alunos em seusrespectivos campos de atuação e qual o impacto ou reflexos disso nas suas instituições,

    4 Concepção elaborada e proposta para o NEAD por : ALONSO, K. M. e outros, 1993: 61-70.Sobre avaliaçào em EAD ver o artigo de Maria Lúcia C. Neder, nesta mesma obra. 

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    29/37

      45

    empresas e locais de trabalho. Pois, o objetivo principal do curso é provocar mudanças(cognitivas e da práxis).

    5. 0 - Os custos

    Os estabelecimentos de Formação a Distância tem uma estrutura de custos muitodiferente dos estabelecimentos educativos tradicionais. Pois nestes, a atividade de ensino propriamente dita se apoia geralmente somente no professor e se desenvolve em doismomentos: a preparação do curso e a sala de aula. E é a remuneração do pessoal docenteque constitui o principal componente dos custos de ensino. A massa salarial do pessoaldocente depende do número de docentes e de suas características (formação e tempo deserviço).

     Num sistema de EAD, a atividade de educar implica a produção e difusão dosinstrumentos didáticos. Isto é, a atividade do professor deve ser “materializada”. Por isso,

    os custos relativos à produção de material didático e de apoio são consideráveis.Porém, a diferença nos custos variáveis e fixos é sentida à medida que aumenta o

    número de estudantes no curso (economia de escala). Na EAD há uma amortização doscustos fixos e, por conseguinte, a busca de um “ponto umbral” de rentabilidade é alcançadomaximizando-se o “custo-eficiência” das funções pedagógicas de concepção e produção domaterial didático.

    Os custos variáveis provêm de gastos relativos às funções de apoio pedagógico aosestudantes e de tutoria, assim como à gestão logística de atividades de aprendizagem(admissão, contrato dos tutores, divulgação do material, etc.). Dificilmente os custosvariáveis em EAD alcançam o mesmo nível que os do ensino tradicional.

    A maior parte dos custos fixos depende em grande medida das somas destinadas à

    concepção e produção de documentos mediatizados, assim como ao estabelecimento dainfra-estrutura destinada à sua difusão. Por outro lado, os custos variáveis - que evoluem emfunção do número de estudantes - são relativamente mínimos para a grande maioria doscursos em EAD.

    A determinação do ponto de rentabilidade consiste em encontrar o valor N naseguinte equação:

    (RM x N) = CFT + (CVM x N)

    CFTou seja N = --------------

    RM - CVM

    donde: N: número de estudantesRM: custos (médios) de matrícula e documentação por estudanteCVM: custos variáveis médios por estudanteCFT: custos fixos

    (Fonte: R. Brulotte, 1995)

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    30/37

     46

    Custos Varáveis FT+ Custos Fixos

    Custos Variáveis EAD+ Custos Fixos

    Custos Fixos EAD

    Custos Fixos FT

    nº de alunos matriculados

    Umbral Crítico

    Figura 07 - Comparação entre os custos fixos e variáveis en Formação Tradicional (FT) e EADsgundo Rumble, G.. - “Economics and cost structures”, apud : KAYE, 1985:76

    Fica claro então que a rentabilidade de um curso em EAD está associado ao númerode alunos matriculados. Há um investimento inicial na formação de recursos humanos queatuarão no Centro e na montagem da estrutura de apoio ao estudante (computadores, fax,telefone, soft, produção de material didático), mas que se tornará rentável à medida em queos cursos vão se expandindo, com o aumento de matrículas e novos cursos vão sendooferecidos.

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    31/37

      47

    Considerações finais

     Neste texto buscamos tratar de diferentes aspectos que envolvem um sistema de

    EAD, tentando enfatizar tantos os aspectos conceituais como operacionais do mesmo.Tomamos como base uma vasta bibliografia internacional e como ponto de referência, paraexplicitar e refletir esta modalidade educativa, a experiência que o Núcleo de EducaçãoAberta e a Distância, do Instituto de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso,vem desenvolvendo na formação dos professores que tuam nas primeiras quatro séries do 1ºgrau na rede pública de ensino em Mato Grosso, utilizando-se da modalidade de EAD.

    Queremos aqui reforçar, como fechamento, alguns pontos abordados ao longo dotexto.

    O sistema em EAD deve ser visto não como algo “supletivo”, que corre paralelo aosistema regular de educação, mas sim como parte integrante do mesmo, inspirado em

     princípios, valores e práticas, solidamente fundamentado nas atuais teorias científicas daeducação e da comunicação. E mais ainda, a EAD, diante das limitações e falhas dosistema educacional vigente, deve ser compreendida como educação permanente econtínua, pelas suas próprias características e objetivos, pois busca dar respostas maisimediatas à demanda premente de uma parcela significativa da população historicamenteexcluídas dos serviços oferecidos pelo sistema educacional tradicional. Coloca-se comouma inovação, como algo capaz de gerar novas possibilidades de acesso aoconhecimento, à cultura e à tecnologia. 

    Esta modalidade, por ser mediada pelos meios de comunicação, tem levado muitoseducadores a confundi-la como um sistema informativo, com pouca profundidade.

    Outros pensam imediatamente em um sistema complexo de multimeios e ficamsurpresos diante da existência de programas de EAD que utilizam o material escritocomo recurso didático básico e praticam a tutoria “cara a cara”. Não há dúvida, comoafirma Georges Luckás, de que “a educação é o mais poderoso meio que a humanidade possui para garantir sua própria sobrevivência e que a tecnologia está influenciando-a”.Por isso, a EAD olha positivamente os novos caminhos da tecnologia em comunicação, posicionando-se criticamente para usá-los de maneira tal que respondam às demandaslocais e atendam às condições de vida de seus alunos. 

    Todos os componentes de um sistema em EAD são importantes para a implementação eeficácia do mesmo, porém, devemos destacar que a preparação de recursos humanos e aelaboração dos materiais didáticos devem merecer prioridade e dispensar atençõesespeciais. 

    A formação dos tutores, no caso do curso de Licenciatura Plena em Educação Básica eem outras experiências analisadas, tem se evidenciado como sendo o elemento dinâmicoe humanizador que estimula a autonomia do aluno em seu processo ensino-aprendizagem e garante seu desempenho no curso. Por isso, é de relevane importância

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    32/37

     48

    definir bem o sistema de tutoria a ser adotado e oferecer uma formação contínua aostutores. 

    A elaboração do material didático é um processo único e particular. A equipe, emborainicialmente possa utilizar-se de materiais produzidos por outras instituições, deverá aos

     poucos tentar seu próprio caminho e experienciar a riqueza desse processo. A bibliografia existente sobre o assunto pode servir de pista e fazer com que se evitem percursos que tornem mais complexa e difícil a concepção, produção e utilização domaterial didático. 

    A Educação a Distância, assim, poderá oferecer à população uma educação acessível,flexível e de qualidade que atenda às suas necessidades e expectativas, fortalecendo a possibilidade da educação promover o crescimento pessoal de seus alunos e provocarmudanças no seu entorno familiar, profissional e social.Porém, devemos estar atentos para que, na implantação em nossas economias “periféricas”

    do modelo neo-liberal, com uma ideologia de substrato conservador e que castiga aeconomia nacional, o sistema de Educação a Distância não seja utilizado para “massificar”o ensino com o propósito de formar um novo tipo de trabalhador que atenda à nova divisãode mercado no processo internacional de produção.

    BIBLIOGRAFIA

    ALONSO, K. Morosov; NEDER, Maria L. Cavalli e PRETI, Oreste. Licenciatura Plena em EducaçãoBásica: 1ª a 4ª séries do 1º grau, através da modalidade de Educação a Distância.   Cuiabá:IE/UFMT, 1993.

    ARRUDA, Maricília C. C. de e PRETI, Oreste. Proposta de Política em Educação a Distância.  Cáceres -MT, Iº Congresso da UNEMAT, abril de 1996.

    BRULOTTE, R. Aspectos económicos de la Formación a Distancia. Formación a Distancia - 2e Cycle -Documento de Referencia. Sainte-Foy: Télé-université du Québec, s/n.

    DESLISE, R. e outros.  Le tutorat comme formule de support à l’apprentissage à la Télé-université.  (document de travail), mars 1985.

    DION, Jean-Marc. L’encadrement - Ateleir 10: L’étudiant. Télé-université du Québec, 1985 (mimeo)GARCÍA ARETIO, Lorenzo. Educación a distancia hoy.  Madrid: UNED, 1995 (Colección  Educación

    Permanente).GUTIÉRREZ PEREZ, Francisco y PRIETO CASTILLO, Daniel. La mediación pedagógica: apuntes para

    una educación a distancia alternativa.  S. José, Costa Rica: Rádio Nederland Training Center,División de RNI, 1991.

    KAYE, Anthony. Les enjeux organisationnels. HENRI, France e KAYE, A . Le savoir à domicile.Pedagogie et problématique de la Formation à Distance.Sainte-Foy: Université du Québec, 1985.

     _____________. La Enseñanza a distancia: situación actual. Perspectiva - vol. XVIII, nº I, 1988.IBAÑEZ, Ricardo Marin. El material impreso en las Universidades a Distancia. 1990 (mimeo)LISSEANU, Doina Popa. Un reto mundial: la educación a Distancia. Madrid: ICE-UNED, 1988.

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    33/37

      49

    MAROTO, Maria Lutgarda Mata. Educação a Distância: aspectos conceituais. CEAD, ano 2, nº 08 - jul/set.1995. SENAI-DR/Rio de Janeiro.

    MARTINS, Onilza B. A Educação Superior a Distância e a democratização do saber.  Petrópolis:Vozes,1991.

    MEDIANO, Catalina Marínez. Los sistemas de Educación Superior a Distancia. La practica tutorial en laUNED.  Madrid: UNED, 1988.

    PRETI, Oreste e ARRUDA, Maricília C. C. de. Licenciatura Plena em Educação Básica: 1ª a 4ª séries do1º grau, através da modalidade de Educação a Distância: uma alternativa social e pedagógica.  Cuiabá: NEA/UFMT, 1995 (mimeo).

    PRETI, Oreste e SATO, Michéle. Educação Ambiental a Distância. Cuiabá: UFMT, 1996 (Documento base para o Workshop “Saúde e Ambiente no Contexto da Educação a Distância - Projeto EISA).

    SENASTIÁN RAMOS, Araceli. Las funciones docentes del profesor de la UNED: programación yevaluación. Madrid: ICE/UNED, 1990.

    SERRANO, Gloria Pérez. El profesor-tutor. Perspectiva humana de la Educación a Distancia. RevistaIberoamericana de Educación Superior a Distancia, VI (2), feb. 1994:67-95.

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    34/37

     50

    ANEXOS

    I - GUIA PARA ELABORAÇÃO DE UMA PROPOSTA DE CURSO ATRAVÉS DA EAD5 

    A - INFORMAÇÕES GERAIS

    1.0 - Identificação do curso 

    1.1- Título1.2 - Departamento ofertante1.3 - Natureza do curso1.4 - Pré-requisitos exigidos1.5 - Clientela1.6 - Particularidades para inscrição1.7 - Carga horária1.8 - Duração do curso

    2.0 - Resumo da proposta 

    2.1 -Principais características pedagógicas e de suporte tecnológico e mediatizado;2.2 - Resumo orçamentário dos custos diretos para seu desenvolvimento.

    B - APRESENTAÇÃO DO CURSO

    3.0 - Histórico e contexto 

    (apresentar os motivos e a importância do curso dentro do panorama da realidade social e educacionaldo estado ou do país. Importância de se realizar um diagnóstico e fazer uma projeção)

    4.0 - Fim e objetivos gerais 

    5.0 - Clientela 

    (colocar informações quantitativas e qualitativas: clientela potencial a ser atendida, pertenças a que tipode grupo social e profissional, necessidades individuais ou coletivas a que o curso poderá responder)

    6.0 - Descrição do conteúdo 

    6.1 - apresentação(indicar as disciplinas e temas a serem contemplados, a abordagem ou orientação teórica);

    6.2 - Plano de curso(apresentar a estrutura curricular e as ementas de cada uma das disciplinas do curso);6.3 - Bibliografia básica a ser utlizada pelos alunos

    7.0 - Apoio logístico 

    7.1 - Percurso ensino-aprendizagem(indicar a natureza da aprendizagem visada e os meios que se pretende utilizar);

    5 Adaptação de: Guide d’elaboration d’un dossier de presentation de cours.  Télé-université du Quebec, fev. 1991.

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    35/37

      51

    7.2 - Modelo de apoio / fórmula de enquadramento (especificar como se dará a intervenção junto aosalunos no sentido de apoiá-los em seu processo de aprendizagem: a natureza, os meios, a frequência, omomento);

    7.3 - Perfil dos tutores ou de quem irá prestar este apoio e suas tarefas;•  perfil: nível de formação, área de formação, experiência profissional, tarefas particulares, lugar de

    trabalho, exigências ou aptidões particulares;•

    tarefas: número de horas de trabalho, correção ou não das avaliações, animação (de que tipo:oficina, por telefone, seminário, grupos de trabalho, etc.), explicitação dos conteúdos a dominar;7.4 - Escolha dos meios técnicos e descrição do material pedagógico• Estabelecer uma lista dos elementos que compõem o material do curso, indicando a natureza e

    amplitude (ver quadro 01);• Para manuais de base, documentos audiovisuais e informáticos, justificar seja a produção original

    como a utlização de material já escrito;7.5 - Percurso do estudanteDefinir as etapas do percurso do estudante;7.6 - Avaliação do estudanteIndicar a natureza dos instrumentos e critérios de avaliação. Mostrar como a escolha dosinstrumentos está em função dos objetivos e do conteúdo. Se houver trabalhos em equipe caracterizarsua natureza e limitações.

    8.0 - Avaliação do material do curso 

    Especificar quais os procedimentos a serem seguidos para avaliar o material antes de ser utilizado nocurso e durante o mesmo.

    9.0 - Plano de execução

    9.1 - Recursos humanos internos (Identificar estes recursos, suas tarefas, o tempo exigido)9.2 - Recursos humanos externos ( Identificar quais seriam, suas funções, suas tarefas, tempo e

    competências exigidas.9.3 - Calendário de execução (Incluir as etapas de aprovação do dossier às diferentes estâncias de

    análise e aprovação, de concepção e produção do material.9.4 - Orçamento

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    36/37

     52

    I I- GUIA PARA ELABORAÇÃO DE UMA PROPOSTA DE CURSO ATRAVÉS DA EAD(resumido)

    1. 0 - Diagnóstico

    2.0 - Definição do curso•  para que•  para quando

    3.0 - Descrição do perfil profissional• entrada (de Alunos e dos professores que irão atuar no curso)• saída (conhecimentos, interesses, necessidades tanto a nível pessoal como para atender à

    demanda do mercado de trabalho)

    4.0 - População/Clientela• características sociais, econômicas, geográficas•  para que atingi-la

    5.0 - Elementos Curriculares• Curso orientado ( conteúdos teóricos e práticos, metodologias)• Meios técnicos e econômicos

    6.0 - Tutoria

    7.0 - Organização• tomada de decisões• distribuição do trabalho•  programa de trabalho• Sistema de comunicação

    8.0 - Cronograma

    9.0 - Orçamento

    III - ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DE UM CURSO

    1. Dossier preliminar2. Dossier de apresentação3. Objetivos pedagógicos - Plano de curso4. Concepção do material5. Revisão linguística

    6. Formação dos Tutores7. Pré-teste8. Revisão e correção9. Concepção gráfica10. Produção11. Difusão12. Implementação13. Avaliação

  • 8/18/2019 Ead_pratica_educativa - Oreste Preti

    37/37